RECREAÇÃO E LAZER: SUA IMPORTÂNCIA NO RESGATE DE...

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE EDUCAÇÃO FÍSICA CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA MURILO RAMON DA CRUZ RECREAÇÃO E LAZER: SUA IMPORTÂNCIA NO RESGATE DE VALORES HUMANOS NA TERCEIRA IDADE PROJETO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURITIBA 2016

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

MURILO RAMON DA CRUZ

RECREAÇÃO E LAZER: SUA IMPORTÂNCIA NO RESGATE DE

VALORES HUMANOS NA TERCEIRA IDADE

PROJETO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA

2016

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MURILO RAMON DA CRUZ

.

RECREAÇÃO E LAZER: SUA IMPORTÂNCIA NO RESGATE DE

VALORES HUMANOS NA TERCEIRA IDADE

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação, apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, do curso de Bacharelado em Educação Física, do Departamento Acadêmico de Educação Física – DAEFI – da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Educação Física.

Orientador: Prof. Ms. Carlos Eduardo da Costa Schneider

CURITIBA

2016

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus, pela vida, por sempre iluminar o meu

caminho e me guiar às escolhas certas.

Aos meus pais, Ademir Cruz e Luciane Rossi, por todo o apoio ao longo

dessa jornada. Obrigado pelo amor, carinho, confiança e paciência.

Aos meus irmãos, em especial ao Juan Pablo, por sua ajuda e paciência.

À minha namorada, Eloisa Yamada, pelo seu amor, carinho, auxílio,

motivação e compreensão durante essa fase da minha vida.

Aos meus avós, pelo seu apoio e por suas dicas para melhoria da minha

pesquisa.

Agradeço a todos os professores do Departamento de Educação Física

(DAEFI) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) pelos

ensinamentos e dedicação oferecidos, em especial ao professor Carlos Eduardo da

Costa Schneider, pelos momentos de aprendizado na orientação deste trabalho.

Aos entrevistados que me receberam e participaram da entrevista para a

realização desse trabalho e, a Rosecler Vendruscolo, coordenadora do Projeto Sem

Fronteiras (UFPR), que permitiu o meu contato com os participantes do mesmo.

Gostaria de registrar também o meu reconhecimento à professora Ana Paula

Cabral Bonin, que deu todo o suporte inicial para este trabalho existir.

Por fim, gostaria de agradecer todas aquelas pessoas que não foram citadas

nos parágrafos anteriores, mas saibam que todas foram fundamentais para a

superação deste desafio em minha vida.

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RESUMO

CRUZ, Murilo Ramon da. Recreação e Lazer: sua importância no resgate de

valores humanos na terceira idade. 2016. 87 f. Trabalho de Conclusão de Curso

(Graduação) – Curso de Bacharelado em Educação Física. Universidade

Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2016.

As atividades recreativas são um importante instrumento de desenvolvimento social

e introspectivo. Ao longo de sua vida o indivíduo desenvolve, através de suas

vivências, os seus valores humanos. Esta pesquisa, de cunho qualitativo, objetiva

verificar a capacidade e a importância da recreação quanto ao resgate de valores

humanos em membros da terceira idade, através da comparação entre indivíduos

não-participantes e indivíduos participantes de atividades recreativas no Projeto Sem

Fronteiras da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. O levantamento de

dados foi realizado através de entrevistas individuais semi-estruturadas baseadas

em um questionário previamente elaborado. Então, foi realizada uma Análise de

Conteúdo (contemplando técnicas como Síntese da Análise de Conteúdo, Análise

Explicativa de Conteúdo e Análise Estruturadora de Conteúdo), sendo que os dados

resultantes foram categorizados e escalonados de acordo com os seguintes valores

humanos: amizade, cooperação, amor, otimismo e tolerância. Os resultados do

estudo convergiram com a ideia de que a recreação tem sim papel relevante na

formação do indivíduo e no resgate de valores humanos na terceira idade. Os

entrevistados também mostraram ser fontes de informação e experiência

extremamente ricas e relevantes para realização de estudos voltados a essa faixa

etária.

Palavras-chave: Lazer. Recreação. Terceira idade. Valores humanos.

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ABSTRACT

CRUZ, Murilo Ramon da. Recreation and Leisure: its importance in the recovery

of human values on older adults. 2016. 87 f. Completion of Course Work

(Graduation) – Course of Bachelor of Physical Education. Federal Technological

University of Paraná. Curitiba, 2016.

Recreational activities are an important tool for social and introspective development.

Throughout life the person develops human values through experiences. This

research, of qualitative nature, has the objective of verifying the capacity and the

importance of recreation in the recovery of human values on older adults, by

comparing non-participating individuals and participating individuals of recreational

activities in the Sem Fronteiras project from Federal University of Paraná, in Curitiba.

The data collection was conducted through semi-structured interviews based on a

previously prepared questionnaire. Afterwards, a Content Analysis was performed

covering techniques such as Synthesis of Content Analysis, Explanatory Analysis of

Content and Structuring Analysis of Content. The resulting data was categorized and

arranged in accordance with the following human values: friendship, cooperation,

love, optimism and tolerance. The study results converge with the idea that

recreation does play an important role at the formation of the person and in the

recovery of human values on older adults. The survey respondents also proved to be

great sources of information and rich experience that can be relevant for studies

aiming this age group.

Keywords: Leisure. Recreation. Older adults. Human Values.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - Idosos com 60 anos ou mais .................................................................13

FIGURA 2 - Expectativa de vida ao nascer no Brasil ................................................13

FIGURA 3 - Percentual da população com 65 anos ou mais ....................................14

FIGURA 4 - Relação entre Lazer e Recreação ........................................................18

QUADRO 1 - Exemplos de valores humanos ...........................................................27

QUADRO 2 - Conceitos dos valores humanos .........................................................28

QUADRO 3 - Escala de Percepção de Valores ........................................................35

QUADRO 4 - Amizade Questão 1 .............................................................................36

QUADRO 5 - Amizade Questão 2 .............................................................................38

QUADRO 6 - Cooperação Questão 3 .......................................................................41

QUADRO 7 - Cooperação Questão 4 .......................................................................42

QUADRO 8 - Amor Questão 5 ..................................................................................44

QUADRO 9 - Amor Questão 6 ..................................................................................46

QUADRO 10 - Otimismo Questão 7 ..........................................................................49

QUADRO 11 - Otimismo Questão 8 ..........................................................................51

QUADRO 12 - Tolerância Questão 9 ........................................................................54

QUADRO 13 - Tolerância Questão 10 ......................................................................56

QUADRO 14 - Valores Humanos Questão 11.1 .......................................................58

QUADRO 15 - Valores Humanos Questão 11.2 .......................................................60

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Índice na Escala de Percepção de Valores (IEPV) – Amizade ............36

TABELA 2 - Índice na Escala de Percepção de Valores (IEPV) – Cooperação .......40

TABELA 3 - Índice na Escala de Percepção de Valores (IEPV) – Amor ...................44

TABELA 4 - Índice na Escala de Percepção de Valores (IEPV) – Otimismo ............48

TABELA 5 - Índice na Escala de Percepção de Valores (IEPV) – Tolerância ..........54

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LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E ACRÔNIMOS

CED Centro de Educação Física e Desporto

DEF Departamento de Educação Física

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IEPV Índice na Escala de Percepção de Valores

NP Não-Participantes

ONU Organização das Nações Unidas

P Participantes

PNAD Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio

SESC Serviço Social do Comércio

SNC Sistema Nervoso Central

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFPR Universidade Federal do Paraná

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................9

1.1 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................10

1.2 QUESTÃO DE PESQUISA ..................................................................................10

1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................10

1.3.1 Objetivo Geral ...................................................................................................10

1.3.2 Objetivos Específicos .......................................................................................11

2 REFERENCIAL TEÓRICO .....................................................................................12

2.1 TERCEIRA IDADE ..............................................................................................12

2.2 RECREAÇÃO E LAZER ......................................................................................15

2.2.1 Recreação e Lazer na terceira idade ...............................................................20

2.3 VALORES HUMANOS ........................................................................................22

2.3.1 Valores humanos e a socialização da terceira idade .......................................24

2.3.2 Exemplos de valores humanos ........................................................................26

2.4 PROJETO SEM FRONTEIRAS ...........................................................................28

3 METODOLOGIA DE PESQUISA ...........................................................................30

3.1 TIPO DE ESTUDO ..............................................................................................30

3.2 POPULAÇÃO ......................................................................................................30

3.2.1 Critérios de Inclusão .........................................................................................31

3.2.2 Critérios de Exclusão ........................................................................................31

3.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS ............................................................31

3.3.1 Instrumentos .....................................................................................................31

3.3.2 Procedimentos ..................................................................................................32

3.4 RISCOS E BENEFÍCIOS .....................................................................................33

3.5 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA .................................................................33

3.6 ANÁLISE DOS DADOS

.......................................................................................333

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...........................................................................35

4.1 AMIZADE .............................................................................................................36

4.2 COOPERAÇÃO ...................................................................................................40

4.3 AMOR ..................................................................................................................44

4.4 OTIMISMO ..........................................................................................................48

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4.5 TOLERÂNCIA ......................................................................................................54

4.6 RESGATE DE VALORES HUMANOS ................................................................58

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................64

6 PARECER DO AUTOR ..........................................................................................66

REFERÊNCIAS .........................................................................................................67

APÊNDICES ..............................................................................................................72

APÊNDICE 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .................................72

APÊNDICE 2 – Ficha de Documentação ..................................................................75

APÊNDICE 3 – Guia de Entrevista Para Participantes .............................................77

APÊNDICE 4 – Guia de Entrevista Para Não-participantes ......................................80

ANEXOS ...................................................................................................................83

ANEXO 1 – Termo de Concordância da Instituição Co-Participante ........................83

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1 INTRODUÇÃO

Segundo Dumazedier (1976), o lazer é um conjunto de ocupações às quais o

indivíduo pode entregar-se livremente, seja para repousar, seja para divertir-se,

recrear-se e entreter-se, ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação,

sua participação social voluntária ou então, sua livre capacidade criadora. No

aspecto recreacional, é fundamental que as práticas sejam espontâneas, divertidas

e desenvolvam a criatividade, ou seja, as pessoas buscam participar individual e

coletivamente em ações que melhorem a qualidade de vida, bem como, para

satisfazer suas necessidades de ordem física ou mental, cuja realização lhe

proporciona prazer (LIMA, 2007; TOSETI, 1997).

De acordo com Toseti (1997), a recreação é muito importante para o ser

humano, não apenas para a criança. Todos nós, ao longo de nossas vidas,

necessitamos vivenciar momentos de lazer, inclusive nas idades mais avançadas.

Na cidade de Curitiba, por exemplo, existem diferentes atividades direcionadas para

a terceira idade como academias ao ar livre, grupos de convivência e projetos

específicos em igrejas, associações e universidades.

Com o passar dos anos os seres humanos apresentam, além das mudanças

físicas, mudanças também em sua personalidade. Essa transformação pode

influenciar no desenvolvimento ou na perda de valores humanos do indivíduo.

Na opinião de Schwartz (2006, p. 58), valores humanos são conceituados

como “Metas desejáveis e transituacionais, que variam em importância, servem

como princípios na vida de uma pessoa [...]”. Dessa forma, dentre os valores

humanos existentes, serão apresentados neste estudo: amizade, cooperação, amor,

otimismo e tolerância.

Com base nos fundamentos apresentados, o presente estudo buscará por

meio de testes com duas populações de terceira idade, uma delas participante de

atividades recreativas e outra não-participante, verificar se existem reais diferenças

nos valores humanos presentes nesses indivíduos.

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1.1 JUSTIFICATIVA

De acordo com uma pesquisa apresentada em 2010 pela Organização das

Nações Unidas (ONU), a expectativa é que as pessoas com 65 anos ou mais

representem 23% da população brasileira em 2050. Este aumento demandará ainda

mais políticas e ações específicas para essa faixa etária. Sendo assim, é importante

fornecer embasamento para melhor orientar tais intervenções.

As atividades recreativas podem gerar benefícios importantes à terceira

idade. Lorda e Sanchez (2004) expõem que a atividade físico-recreativa é uma das

intervenções de saúde mais significativas na vida das pessoas de idade avançada,

gerando benefícios como: maior auto-eficácia, melhorias no sono, relaxamento

muscular, entre outros.

Após realização de um levantamento acerca da temática em questão, não

foram encontrados na bibliografia acadêmica brasileira, estudos conclusivos que

relacionem a importância das atividades recreativas quanto ao resgate e despertar

de valores humanos para a terceira idade. Portanto, justifica-se a realização deste

estudo, a fim de preencher tal lacuna, bem como, difundir a prática recreativa junto à

terceira idade e incentivar novos projetos recreacionais específicos.

1.2 QUESTÃO DE PESQUISA

Qual a importância das atividades recreativas no resgate e despertar de

valores humanos na terceira idade?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Verificar a importância das atividades recreativas quanto ao resgate e

despertar de valores humanos na terceira idade.

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1.3.2 Objetivos Específicos

Identificar os valores de maior relevância junto à população pesquisada;

Difundir a prática recreativa junto à população não-participante;

Incentivar novos projetos para a terceira idade.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 TERCEIRA IDADE

A velhice é um processo natural, lento, gradual e irreversível, a qual todos os

seres vivos estão sujeitos. Durante o envelhecimento são observadas mudanças

físicas, psicológicas e inclusive sociais (BRITO; LITVOC, 2004).

Do ponto de vista fisiológico, o envelhecimento acarreta, por exemplo, na

redução da frequência cardíaca em repouso, aumento do colesterol, aumento na

resistência vascular e consequente elevação da pressão arterial (DE VITTA, 2000).

É significativa também a redução da massa muscular, a diminuição da elasticidade

dos tendões e dos ligamentos (DE VITTA, 2000).

De acordo com Cançado e Horta (2002) o sistema biológico mais afetado na

fase final da vida é o Sistema Nervoso Central (SNC), sendo este responsável por

controlar funções biológicas e psíquicas. O fato do SNC não possuir capacidade

reparadora, leva à redução do número de neurônios e conduz a sintomas como

redução na velocidade cognitiva e redução nos reflexos, por exemplo.

É importante perceber também que o envelhecimento cronológico não é

equivalente ao envelhecimento biológico (MATSUDO; MATSUDO; BARROS NETO,

2001), ainda sim, conforme a lei 8.842/94 e o Decreto 1948/96, são considerados

idosos no Brasil as pessoas acima de 60 anos, enquanto que em países mais

desenvolvidos, com melhor qualidade de vida, são considerados idosos os

indivíduos com mais de 65 anos (MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2004).

Segundo a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD) realizada em

2011 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na comparação entre

2009 e 2011, o grupo dos idosos brasileiros aumentou 7,6%, ou seja, 1,8 milhão de

pessoas a mais do que os 21,7 milhões de pessoas registrados na primeira pesquisa

(Figura 1). No estado do Paraná o mesmo levantamento registrou, em 2009, um total

de 1.214.000 de habitantes com mais de 60 anos, enquanto em 2011 o número

computado foi de 1.299.000, um aumento de 0,6% em apenas dois anos.

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Figura 1 - Idosos com 60 anos ou mais

Fonte: PNAD/IBGE (2012)

O número total de idosos na população está diretamente relacionado à

expectativa de vida. Conforme dados do IBGE, a expectativa de vida ao nascer em

2012 era de 74,6 anos de idade, sendo que em 1980 este número era de 62,6 anos

(Figura 2), o que representa um crescimento de 16%.

Figura 2 - Expectativa de vida ao nascer no Brasil

Fonte: IBGE (2012)

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Acerca do tamanho absoluto da população idosa, de acordo com uma

pesquisa apresentada em 2010 pela Organização das Nações Unidas (ONU), a

expectativa é que as pessoas com 65 anos ou mais, que hoje compõem 7% da

população do Brasil, representem 23% em 2050. Tal crescimento acelerado tornará

as proporções equivalentes às registradas, por exemplo, nos Estados Unidos que de

acordo com a projeção contarão com 22% de representantes nessa faixa etária

(Figura 3).

Figura 3 - Percentual da população com 65 anos ou mais

Fonte: Organização das Nações Unidas (2010) – divisão de população

Os dados estatísticos trabalham com o conceito de idoso baseando-se

apenas em sua idade. É importante entender que o termo terceira idade, por sua

vez, não é limitado apenas pelos anos de vida do indivíduo, de acordo com Piraí e

Negreiros (2007) o termo é norteado pelo conceito de sociedade produtiva: a

primeira etapa compreendendo a fase de preparação, a segunda de produtividade e

a terceira de aposentadoria. De acordo com Benedetti, Petrosky e Gonçalvez (2012),

o termo “terceira idade” surgiu por volta de 1960, com o objetivo de dar uma

identidade mais positiva à população idosa, assim como para diminuir os

preconceitos sociais relativos à velhice, mostrando um idoso mais dinâmico e

sociável; preocupado com o lazer e querendo envelhecer com qualidade de vida.

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Já o termo “terceira idade”, foi empregado pela primeira vez no Brasil pelo

Serviço Social do Comércio (SESC) de São Paulo, quando foram criadas, em 1977,

as “Escolas abertas para a Terceira Idade”, um projeto que tinha como objetivo

fornecer cursos e oficinas, visando a atualização de informações e o

desenvolvimento de novas habilidades na população daquela época.

Lorda e Sanchez (2001), afirmam que a sociedade considera o idoso pouco

importante. Segundo os autores, ser velho significa ser incapaz, ser problema, vêm

associado à senilidade, à dependência, à perda de status social e impotência, enfim,

o idoso é uma pessoa que incomoda e atrapalha as outras. Mas isto já foi diferente.

Na antiguidade, a cultura de um povo era geralmente transmitida de pai para filho,

de geração para geração por meio da oralidade, sendo que os mais velhos tinham

participação importante nas decisões do coletivo e, muitas vezes, eram os

responsáveis por armazenar as histórias, crenças e costumes de uma sociedade

(FREITAS; COSTA, 2011).

Diante desta imagem tão negativa ditada pela sociedade atual, a

desvalorização do idoso acarreta na diminuição de sua participação no meio social,

gerando sentimentos de inutilidade, solidão e invalidez, que por sua vez, podem

colaborar no desenvolvimento de problemas fisiológicos e psicológicos.

Como foi anteriormente apresentado, os membros da terceira idade compõem

um grupo em expansão e de representatividade crescente. Associado a este

crescimento, haverá também proporcional aumento na demanda por “espaço social”

e por políticas públicas adequadas a essa população.

Os evidentes desafios relacionados à terceira idade brasileira, levaram à

criação do Estatuto do Idoso (BRASIL, 2003). Trata-se de um mecanismo legal que

tem como objetivo garantir direitos exclusivos ao idoso, visando sua maior

integração e participação social.

2.2 RECREAÇÃO E LAZER

De acordo com Gomes (2008), na língua portuguesa, foi o termo latino licere

que deu origem a palavra lazer, com o significado de algo lícito, permitido [...].

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No Brasil, a produção científica sobre lazer emerge a partir da década de

1970 com o desenvolvimento de pesquisas e projetos específicos, embora trabalhos

anteriores tenham importância significativa para o desenvolvimento do conhecimento

na área. Em termos gerais, a literatura científica nacional foi influenciada por

questões internacionais e, principalmente, pela presença de Joffre Dumazedier em

seminários internos promovidos pelo Serviço Social do Comércio (SESC), tornando-

o um dos autores de maior influência na concepção brasileira de lazer. Para

Dumazedier (1976), o lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode

entregar-se livremente; para repousar, divertir-se, entreter-se, recrear-se, ou

também, para obter informação, desenvolver sua formação, sua participação social

voluntária e até mesmo sua capacidade criadora.

Para Requixa (1980), o lazer pode ser entendido como uma ocupação

espontânea, escolhida pelo indivíduo que a vivencia e cujos valores proporcionam

condições de recuperação psicossomática (bem-estar) e de desenvolvimento

pessoal e social.

Boullón (2004) entende que o conceito de lazer parte da ideia do tempo livre

após realização de suas obrigações, ou seja, trata-se de um período em que o

indivíduo tem plena liberdade para fazer, ou não, o que simplesmente desejar.

Elias e Dunning (1992) foram os responsáveis por modernizar a perspectiva e

o posicionamento do lazer nas sociedades contemporâneas, afastando-se do

conceito rígido de que quando o indivíduo não está trabalhando, ele estaria em seu

momento de lazer. Os autores trabalham com um entendimento mais flexível, que

coloca o lazer dentro de um espaço de tempo chamado de "espectro do tempo livre"

(ELIAS; DUNNING, 1992, p.145). Dentro do espectro as atividades são classificadas

de acordo com seu grau de rotina, conforme descrito abaixo:

1. atividades rotineiras como: higiene pessoal, alimentação, tempo dedicado

aos familiares, tarefas domésticas, entre outras;

2. atividades de formação pessoal e autodesenvolvimento como: trabalho

social e voluntário, hobbies, atividades religiosas, participações em grupos e

associações;

3. atividades de lazer como: encontros sociais formais ou informais, jogos e

atividades lúdicas e artísticas; atividades esporádicas prazerosas e

multifuncionais (viagens, jantares em restaurantes, caminhadas, entre outras).

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Assim, para Elias e Dunning a função do lazer é servir de oposição às

atividades rotineiras praticadas pelo indivíduo, gerando prazer e auto-satisfação.

Já na opinião de Cavallari e Zacharias (2009), o lazer é o estado de espírito

em que o ser humano se coloca, instintivamente (não intencionalmente), dentro do

seu tempo livre, em busca do lúdico (diversão, alegria, entretenimento).

Uma questão que também apresenta divergências entre os autores da área, é

quanto à finalidade (objetivo) do lazer. Para os autores Dumazedier, Boullón,

Cavallari e Zacharias, o lazer tem como principal finalidade o bem-estar de seu

praticante, enquanto para os pesquisadores Marcellino e Requixa, visa a

transformação pessoal e social. Em ideia similar, as opiniões de Dieckert e Gaelzer,

colocam o tema como um mecanismo de socialização. Já a obra de Marcuse,

caracteriza o lazer como um instrumento gerador de falsa auto-satisfação para

alienação social das massas.

O lazer como instrumento de auto-satisfação é algo natural ao ser humano. O

homem pré-histórico já praticava atividades voltadas ao seu lazer como, por

exemplo: pinturas rupestres, celebrações, recreações e manufaturas (GUERRA,

1988). Já o conceito contemporâneo de tempo de lazer foi bastante influenciado

pelos períodos da Revolução Industrial e da Segunda Guerra Mundial. Porque

superados estes momentos, a classe trabalhadora conseguiu reduzir sua jornada de

trabalho e, consequentemente, viu seu tempo livre aumentar, podendo então,

dedicar maior tempo para prática de outras ocupações, entre elas a recreação

(CAVALLARI; ZACHARIAS, 2009).

A partir do momento que uma pessoa passa a concretizar essa vontade chamada lazer, ela está tendo sua recreação. Devemos observar que a recreação não é a atividade, mas sim o fato de estar se concretizando esse anseio. Recreação é uma circunstância, uma atitude. (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2009, p. 14).

O termo recreação provém do latim recreatio, recreationem e, conforme

esclarecem Marinho et al. (1955), representa recreio (divertimento, entretenimento),

derivando do vocábulo recreare, com o sentido de reproduzir, restabelecer,

recuperar.

Segundo a obra de Santini (1993), a recreação está contida no lazer (Figura

4). As atividades, sejam elas físicas ou mentais, são provenientes de uma

motivação pessoal e intrínseca, que colabora para o equilíbrio e a restauração do

organismo.

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Figura 4 - Relação entre Lazer e Recreação

Fonte: O autor (2016)

De acordo com Lima (2007), a recreação pode ser entendida como toda

atividade espontânea, divertida e criadora na qual os praticantes buscam

participação, individual ou coletiva, em ações que venham a promover a

autosatisfação, de ordem física ou mental, e cuja realização proporcione-lhe

prazer.

Desta maneira, “a recreação é o fato, o momento, ou a circunstância que o

indivíduo escolhe espontânea e deliberadamente, através do qual ele satisfaz (sacia)

seus anseios voltados ao seu lazer.” (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2009, p. 15).

De acordo com a obra de Cavallari e Zacharias (2009), para que o praticante

desenvolva a recreação com a maior plenitude possível, os autores propõem cinco

características fundamentais:

1 – A recreação deve ser encarada pelo praticante como um fim em si mesma, sem que se espere benefícios ou resultados específicos. A pessoa que busca sua recreação nunca terá outro objetivo com sua prática que não apenas o fato de se recrear. Há um total descompromisso e uma total gratuidade. Não busca qualquer tipo de retorno. 2 – A recreação deve ser escolhida livremente e praticada espontaneamente, segundo os interesses de cada um. Cada pessoa terá oportunidade de opção quanto àquilo que pretenda fazer em função de sua recreação e, se preferir, ainda optar por não tê-la naquele ou em qualquer outro momento. Uma pessoa não pode forçar outra à prática da recreação; pode apenas sugerir ou motivar. Ninguém recreia ninguém. Os profissionais de recreação apenas criam circunstâncias propícias para que cada pessoa se recreie. 3 – A prática da recreação busca levar o praticante a estados psicológicos positivos. A recreação tem caráter hedonístico; está sempre ligada ao prazer; recreação busca o prazer. É necessário tomar-se cuidado com a prática de determinadas atividades lúdicas que durante seu desenrolar poderão desviar-se e acarretar no praticante sensações indesejadas e negativas.

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4 – A recreação deve ser de natureza a propiciar à pessoa o exercício da criatividade. Na medida em que se ofereça estimulação, essa criatividade deve ser plenamente desenvolvida. O momento da prática da recreação é propício ao desenvolvimento da criatividade, pois de acordo com as características anteriores, notamos que não existe cobrança. É o momento de ser criativo, pois não há nada a perder, nem mesmo tempo, porque é lúdico passar-se o tempo, não importando como. A importância da criatividade para a pessoa é enorme, pois engrandece a personalidade e prepara para uma condição melhor de vida. O trabalho será muito melhor e apresentará resultados muito mais satisfatórios se desenvolvido desde a infância. 5 – Nas características de organização da sociedade nos níveis econômicos, sociais, políticos e culturais em geral, a recreação de cada grupo é escolhida de acordo com os interesses comuns dos participantes. Pessoas com as mesmas características têm uma tendência natural de se procurarem e se agruparem. Seu comportamento é semelhante. Essas pessoas formam os chamados grupos de iguais. Cada grupo de iguais, de acordo com suas características, busca um determinado tipo de recreação. (CAVALLARI; ZACHARIAS, 2009, p. 16-17).

Assim, a pessoa que busca a sua recreação a faz por livre e própria vontade,

de forma descompromissada, gratuita, objetivando o simples fato de recrear-se,

sendo cada um livre para optar em participar ou não de atividades recreativas eleitas

ao seu gosto. A recreação não pode ser imposta, o papel dos profissionais de

recreação é apenas criar situações propícias para que cada pessoa se recreie.

A recreação também está diretamente ligada ao prazer proporcionado ao

indivíduo que a pratica e ao desenvolvimento da criatividade. É preciso atenção

especial com a prática de algumas atividades lúdicas que, durante seu

desenvolvimento, possam levar a sensações negativas, constrangimentos ou

cobranças.

Quanto às formas de classificação das atividades recreativas, Guerra (1988)

divide-as em duas partes, de acordo com cada perspectiva: Recreação Ativa e

Recreação Passiva.

A Recreação Ativa está relacionada às atividades motoras, que exigem maior

esforço físico, como os jogos infantis e esportes em geral; às atividades intelectuais,

onde a mente é mais utilizada, como xadrez e quebra-cabeça; às atividades

artísticas ou criadoras, como pintura, desenho, carpintaria, escultura, teatro e

música; às atividades de risco, onde o praticante coloca à prova sua integridade,

como paraquedismo, mergulho profundo e vôo livre (GUERRA, 1988). Portanto, a

Recreação Ativa pode ser entendida como aquela na qual o participante é o

protagonista principal da atividade.

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A Recreação Passiva está relacionada às atividades sensoriais, pois, trata-se

de uma participação interativa com a atividade, como torcer no estádio; às atividades

transcendentais, àquelas que se confundem com o ócio pela participação de

espectador, como ver pinturas no museu, contemplar o pôr-do-sol, relaxamento

tranqüilizante (GUERRA, 1988). Portanto, a Recreação Passiva pode ser entendida

como aquela na qual o participante não é protagonista principal da atividade, mas

que ainda assim, desfruta do seu momento recreativo.

É importante observar que as pessoas tendem a se aproximar de indivíduos

semelhantes, formando grupos que apresentam características, faixa etária e gostos

similares e, geralmente, por conseqüência buscam um mesmo tipo de recreação. É

trabalho do recreador colaborar na formação desses grupos.

2.2.1 Recreação e Lazer na terceira idade

De acordo com Marquez (2009), assim como a expectativa de vida mundial é

crescente, é cada vez maior também a demanda por intervenções que garantam a

melhoria na qualidade de vida dos cidadãos.

Em entrevista, Alexandre Kalache chama a atenção para a grande diferença

do fenômeno do envelhecimento nos países em desenvolvimento e o processo

ocorrido nas nações desenvolvidas:

Os países desenvolvidos enriqueceram e depois envelheceram. Nós, como todos os países pobres, estamos envelhecendo antes de enriquecer. Eles tiveram recursos e tempo. A França levou 115 anos para dobrar de 7% para 14% a proporção de idosos na população. O Brasil vai fazer o mesmo em 19 anos. Uma geração. Eles levaram seis. (FÉLIX apud FÉLIX, 2007, p. 3).

De acordo com Martins (2002), com o passar das décadas, as próximas

gerações de países como o Brasil, terão de enfrentar a seguinte perspectiva:

Relativo declínio da população ativa e envelhecimento da mão-de-obra;

Pressão sobre os regimes de pensão e finanças públicas;

Aumento da demanda por atividades voltadas a essa população que

repentinamente se tornou inativa, gerando sentimentos de inutilidade, rejeição

ou afastamento.

A maior parcela dos idosos brasileiros não acessa, ou não busca, os espaços

de lazer, desconhecendo a importância e os benefícios que este pode lhe oferecer

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(RODRIGUES, 2002). Lorda e Sanchez (2004) expõem um dos modelos teóricos

mais proeminentes de adaptação à idade avançada: a teoria de atividade de

Havighurt, a qual enfatiza que para alcançar uma velhice saudável, é importante a

participação ativa em atividades sociais e comunitárias. Sendo assim, maximizar o

acesso é fundamental, uma vez que mediante experiências lúdicas e recreativas, o

idoso poderá vir a tomar gosto por aquilo que efetivamente vivencia.

Segundo Ferreira (2007), a atividade física praticada sob a forma de

recreação tende a ser mais facilmente aceita pelo idoso. O autor também reforça

que, conforme a adaptação, podem ser inseridos exercícios físicos com o intuito de

melhorar a adesão por parte do indivíduo, bem como, melhorar o seu bem-estar.

O idoso também valoriza as atividades em grupo, segundo Cavallari e

Zacharias (2009), ele tem necessidade de se sentir integrado socialmente. A

recreação desenvolvida em grupo, na opinião de Okuma (1998), faz o idoso sentir-

se valorizado, o faz criar amizades, lidar melhor com eventos negativos e sentir-se

atuante em um grupo.

Conforme aponta Barbosa (2000), as atividades recreativas para idosos

devem ser adaptadas, a fim de respeitar as características próprias desta faixa etária

(jogos, gincanas, ginástica, danças, entre outras). Benedetti (1999) também afirma

que a recreação, previamente adaptada, pode ser aplicada àqueles idosos que

apresentem limitações físicas.

Pylro e Rossetti (2005) declaram que as atividades recreativas podem ser

consideradas uma necessidade de qualquer pessoa em qualquer idade, pois além

de prazerosas, também colaboram para uma melhor aprendizagem, facilitam a

socialização e a comunicação, além de contribuir no desenvolvimento pessoal,

cultural e social.

Piraí e Negreiros (2007) reforçam que a prática de atividades físicas é

reconhecida pela comunidade científica como um dos mais poderosos agentes

promotores de saúde e qualidade de vida. Na publicação “O poder da atividade

física”, os autores relatam que a atividade física regular além de melhorar a

disposição física e mental, também retarda o envelhecimento e previne doenças

degenerativas.

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Se partirmos da premissa de que a recreação é uma alternativa de adaptação às mudanças e perdas sociais da velhice, devemos analisar o que a mesma palavra nos sugere. A recriação, particularmente na velhice, pode significar criar novamente, motivar, estabelecerem-se novas metas, novos interesses e estilos de vida, e pode considerar-se como um processo terapêutico de restauração. Trata-se primordialmente de melhorar a qualidade de vida nesta etapa do ciclo vital, fazendo-a agradável e produtiva. (LORDA; SANCHEZ, 2004, p. 58).

Lorda e Sanchez (2004) também corroboram que a atividade físico-recreativa

é uma das intervenções de saúde mais significativas na vida das pessoas de idade

avançada, gerando benefícios como: maior auto-eficácia, melhorias no sono,

relaxamento muscular, entre outros. Do ponto de vista psicológico a participação em

programas recreativos possibilita ganhos em satisfação de vida, auto-conceito, auto-

suficiência e auto-estima. No campo social, tais atividades promovem maior

integração social e desenvolvimento de espírito comunitário, a fim de suprir as

necessidades sócio-afetivas geradas durante o processo de envelhecimento.

2.3 VALORES HUMANOS

O termo “valor” possui diferentes significados e aplicações. De acordo com o

dicionário Luft (2000), o termo valor pode ser entendido como: representação de

dinheiro, validade de algo, significado de algo, esforço ou qualidade. O conceito que

mais se aproxima do contexto da presente pesquisa é o de qualidade. Em sua obra,

“Valores Humanos Básicos: uma visão geral”, Schwartz (2006) reuniu algumas

interpretações comumente referenciadas, sendo um valor entendido como:

1) uma crença no contexto social;

2) algo que pertence a fins desejáveis ou a formas de comportamento

desejáveis;

3) metas que transcendem situações específicas;

4) aquilo que guia a seleção ou avaliação de comportamento, pessoas e

acontecimentos.

Existem ainda outras abordagens acerca do termo, tal como para Rokeach

(1973, p. 25), que diz que valores humanos “São crenças duradouras que guiam e

determinam atitudes em função de objetos e situações, apresentação do „eu‟,

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avaliações, julgamentos, justificações, comparações de si com outros e tentativas de

influenciar outros”. Gouveia (2008) também apresenta seus requisitos para que algo

seja considerado um valor humano, admitindo as seguintes características para

definição do termo:

1) são conceitos ou categorias sobre estados desejáveis de existência;

2) transcendem situações específicas;

3) assumem diferentes graus de importância;

4) guiam a seleção ou avaliação de comportamentos e eventos;

5) representam cognitivamente as necessidades humanas.

Sendo assim, valores podem ser entendidos como crenças compostas por

componentes afetivos, cognitivos, sociais e comportamentais presentes em uma

população. É importante perceber, que para os autores Schwartz e Gouveia, os

valores são transituacionais, ou seja, a pessoa não muda suas prioridades de

valores em função de situações ou convivências específicas, sendo que na opinião

de Rokeach os valores priorizados podem sim sofrer influência pela situação

imediata ou convivência específica.

Acerca do aprendizado de valores humanos, de acordo com a obra de Lewis

(2001), as crianças pequenas não tem a noção de certo ou errado, elas obedecem

por medo das conseqüências ou para agradar os pais, o raciocínio ou discurso ético

ainda não tem muita influência. A partir dos sete anos de idade, a criança já possui

uma consciência moral básica. A criança obedece não apenas pela motivação de

agradar pais e professores, ela obedece porque isso é correto e lhe traz felicidade

pessoal.

Ainda segundo Lewis (2001), aproximadamente a partir dos onze anos de

idade a consciência moral está mais desenvolvida, permitindo aos pais e

professores um diálogo mais sólido sobre valores, tornando o jovem mais preparado

para identificar as motivações por trás dos atos.

Marques (2001) elenca quatro maneiras em que valores podem ser

assimilados, principalmente pelas crianças:

1) Vivendo em um ambiente onde determinados valores são apreciados;

2) Aprendendo pelo exemplo, ou seja, observando sua prática em pessoas que

de alguma maneira nos causam impacto;

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3) Aprendendo por recusa, numa espécie de reação contra os valores

desprezíveis. Por exemplo, como quando desprezamos ou recusamos a

desonestidade, assimilamos a honestidade;

4) Aprendendo pela razão e cognição, mediante processos lógicos e discursivos.

Segundo Rokeach (1973), a aprendizagem de valores é diretamente

influenciada pelos círculos sociais e culturais com que o indivíduo tem contato

durante o decorrer de sua vida, principalmente antes de tornar-se um adulto. Sendo

assim, pode-se concluir que os valores pessoais refletem as características sócio-

culturais locais, entre características desejadas e indesejadas, ainda que incluam

influências de metas individuais e coletivas.

Ainda de acordo com Rokeach (1973), os valores humanos são absorvidos

separadamente e, são dilemas sociais como ser honesto ou obter sucesso e

priorizar a amizade ou obter reconhecimento que colocarão a hierarquia (escala) de

valores do indivíduo à prova, moldando assim a ordem e as prioridades dos valores

na pessoa.

2.3.1 Valores humanos e a socialização na terceira idade

Partindo do princípio de que os valores são aprendidos de maneira individual,

é importante perceber que, com o passar do tempo, a recorrência das situações

mencionadas na seção anterior, é um dos fatores responsáveis por sedimentar a

constância em tomadas de decisão, formando assim uma personalidade. Durante

sua maturação e desenvolvimento, o indivíduo aprende a integrar seus valores,

anteriormente isolados, em um sistema hierarquicamente organizado. Neste

sistema, os valores desenvolvidos são ordenados em importância relativa a

outros valores. Essa hierarquização permite ao indivíduo estabelecer um padrão

de preferências que confere estabilidade em suas respostas perante as situações

que a vida lhe apresenta (ROKEACH, 1973).

A socialização não se restringe apenas às etapas iniciais do desenvolvimento

humano (MORAGAS, 1991). A convivência social e os costumes éticos e morais do

meio em que o indivíduo está inserido, são também responsáveis por moldar a

hierarquia de valores com o passar dos anos. A socialização é um processo

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constante, fazendo com que os sujeitos se adaptem às novas condições que lhes

são impostas ou propostas.

Mesmo assim, de acordo com Scortegagna e Oliveira (2012), a socialização e

os respectivos costumes éticos e morais não fazem com que os indivíduos idosos se

desprendam de todos os seus valores, porém, essas pessoas estão inclusas no

processo, agregando alguns aspectos à sua conduta através da adaptação social.

Ainda na opinião de Scortegagna e Oliveira (2012), os idosos também podem sentir

dificuldade em socializar-se com os mais jovens, por muitas vezes não conseguem

aceitar o comportamento ou os valores destes grupos.

O próprio status e papel social delegado ao idoso pela sociedade também é

influenciado pelos costumes e ações provenientes naquela respectiva cultura, bem

como no contexto histórico no qual está inserido. Silva (2003, p. 96) compactua

deste ponto de vista quando afirma que: “O estatuto da velhice é imposto ao ser

humano pela sociedade à qual pertence, sendo influenciado pelos valores culturais,

sociais, econômicos e psicológicos de uma sociedade que determina o papel e o

status que o velho terá”.

Para Castro (2001), os mais velhos necessitam de um espaço social que

propicie a renovação do seu próprio eu, bem como, dos seus próprios valores. As

atividades educacionais e recreativas apresentam-se como importantes ferramentas

de valorização e autoconhecimento humano (SCORTEGAGNA; OLIVEIRA, 2012).

É necessário que os mais velhos passem a ser enxergados na forma de um

novo agente social, capaz de desenvolver atividades e exercer novos papéis, assim

como afirma Camarano (2004, p. 257-258): “Gradualmente, a visão de idosos como

um subgrupo populacional vulnerável e dependente foi sendo substituída pela de um

segmento populacional ativo e atuante que deve ser incorporado na busca do bem-

estar de toda a sociedade”.

Neste contexto, é importante compreendermos que “[...] o homem é um ser de

relações e não só de contatos, não apenas está no mundo, mas com o mundo”

(SCORTEGAGNA; OLIVEIRA, 2012, p. 10).

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2.3.2 Exemplos de valores humanos

Em sua obra “Educação em Valores Humanos”, originalmente de 1997, o líder

educacional indiano Sathya Sai Baba (2010, p.III) afirma que “Os Valores Humanos

não são passíveis de serem obtidos de um texto e nem fornecidos por qualquer

companhia, não podem ser presenteados por amigos e nem comprados [...]”. Nesta

mesma obra, o autor apresenta uma lista que agrupa os principais valores humanos:

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VALOR Verdade Ação correta Paz Amor Não violência

SUBVALOR

Honestidade

Integridade

Otimismo

Igualdade

Veracidade

Razão

Autoconhecimento

Intuição

Síntese

Higiene

Coragem

Interrelacionamento

Dever

Ética

Gratidão

Vida saudável

Prestatividade

Iniciativa

Liderança

Perseverança

Uso apropriado do

tempo

Respeito

Responsabilidade

Sacrifício

Autosuficiência

Simplicidade

Atenção

Calma

Concentração

Contentamento

Dignidade

Disciplina

Constância

Metas

Felicidade

Honestidade

Humildade

Paciência

Reflexão

Satisfação

Auto-aceitação

Autoconfiança

Compreensão

Cuidado

Compaixão

Dedicação

Amizade

Perdão

Generosidade

Alegria

Paciência

Compartilhamento

Sinceridade

Simpatia

Tolerância

Psicológico:

Compaixão

Consideração

Cooperação

Perdão

Atenção aos outros

Lealdade

Social:

Apreciação de outras

culturas e religiões

Irmandade

Cidadania

Igualdade

Liberdade

Respeito ao espaço

alheio

Justiça Social-Unidade

Quadro 1 - Exemplos de valores humanos

Fonte: BABA (2010)

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Dentre os valores humanos listados anteriormente, alguns apresentam maior

relevância quanto ao escopo desta pesquisa. Baseando-se na obra de Sathya Sai

Baba, podemos conceituá-los da seguinte maneira:

VALOR CONCEITO

AMIZADE “companheirismo e afeto entre pessoas ou instituições.”

COOPERAÇÃO “prestar sua contribuição visando atingir um objetivo coletivo.”

AMOR “mais que uma atração ou afeição, é o puro altruísmo, uma

forma de energia que cada indivíduo transmite e recebe.”

OTIMISMO “ver o lado luminoso das coisas.”

TOLERÂNCIA “ter paciência com os outros.”

Quadro 2 - Conceitos dos valores humanos

Fonte: BABA (2010)

2.4 PROJETO SEM FRONTEIRAS

O Projeto Sem Fronteiras é um projeto de caráter educacional e recreacional.

Foi criado em 1999, pela então Professora Doutora Simone Rechia, no

Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Em

sua obra, a atual coordenadora Rosecler Vendruscolo, descreve os objetivos e

atividades contempladas pelo projeto.

Ele tem por objetivos capacitar teórica e metodologicamente futuros profissionais para a atuação adequada na área do envelhecimento e da velhice; proporcionar aos idosos um espaço de atualização cultural, de integração inter e intra-gerações e de estímulo à auto-estima e ao autoconhecimento. O eixo norteador do trabalho é a manutenção da autonomia física e social do idoso. No nível social, o projeto visa mudanças culturais nas concepções negativas vigentes sobre a velhice, uma vez que auxilia a população mais jovem rever sua visão sobre a velhice e possibilita aos idosos reavaliar sua experiência de envelhecimento e o seu papel na sociedade. A proposta compreende aulas de atividades corporais como ginásticas, caminhadas, jogos, esportes, danças, musculação, hidroginástica, entre outros. Estas atividades são alternadas com palestras e dinâmicas de grupo com o propósito de estimular o autoconhecimento, a auto-estima e a cultura geral. (SOUZA; VENDRUSCOLO, 2010, p. 97).

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Em 2015, o projeto contava com 120 participantes, sendo 41 pela manhã e 79

no período da tarde. As atividades do Projeto Sem Fronteiras ocorrem nas terças e

quintas, das 09:00 às 11h00 e das 14h00 às 16h00, no Centro de Educação Física e

Desporto (CED) e no Departamento de Educação Física (DEF) da Universidade

Federal do Paraná. O tempo das atividades é dividido em dois momentos, sendo o

primeiro direcionado às atividades recreativas (alongamento, ginástica, jogos

lúdicos, esportes, dinâmicas, entre outros) e o segundo destinado para a realização

de exercícios resistidos (musculação).

O projeto em questão foi escolhido porque suas atividades contemplam o

lazer, também na forma de atividades recreacionais. De acordo com a obra de

Vendruscolo, os idosos não participam do projeto apenas por motivos físicos e de

saúde, mas também pelos aspectos sociais, psicológicos e afetivos, indicando que

valores humanos estão sendo desenvolvidos.

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3 METODOLOGIA DE PESQUISA

3.1 TIPO DE ESTUDO

De acordo com Thomas e Nelson (2002, p. 323), “a pesquisa qualitativa

busca compreender o significado para os participantes de uma experiência em um

ambiente específico e de que maneira os componentes combinam-se para formar

um todo”.

Afim de verificar a capacidade de resgate de valores por meio da recreação e

lazer, será realizada uma Análise de Conteúdo baseada em uma pesquisa

qualitativa (FLICK, 2009).

Bardin (2009), define o método de análise de conteúdo como um conjunto de

técnicas para análise de comunicações que, por sua vez, utiliza procedimentos

sistemáticos e objetivos na descrição de conteúdo. Ainda segundo Bauer (2000

apud FLICK, 2009, p. 291), “a análise qualitativa de conteúdo é um dos

procedimentos clássicos para analisar o material textual, não importando qual a

origem desse material – que pode variar desde produtos da mídia até dados de

entrevista”.

Com relação ao delineamento, os sujeitos foram estudados em um momento

único, caracterizando um estudo transversal.

3.2 POPULAÇÃO

Segundo Thomas e Nelson (2002), para obtenção dos dados em pauta é

necessário que seja selecionada uma população específica, ou seja, aquela

população que o pesquisador acredita poder fornecer as informações desejadas.

Foram selecionados 20 indivíduos com idade de 60 a 85 anos, de forma

intencional, de ambos os sexos, sendo 10 participantes do Projeto Sem Fronteiras

da UFPR e 10 não-participantes do projeto residentes no bairro Guabirotuba. Sendo

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que, os entrevistados participantes foram numerados de E1 a E10 e os entrevistados

não-participantes foram numerados de E11 a E20.

3.2.1 Critérios de Inclusão

Seguem descritas as características necessárias para que o indivíduo fosse

elegível:

a) Idade entre 60 e 85 anos;

b) Participar do Projeto Sem Fronteiras ou residir no bairro Guabirotuba sem que

haja participação em projetos de recreação;

c) Assinar voluntariamente o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

3.2.2 Critérios de Exclusão

Seguem descritas as características que excluíram indivíduos:

a) Estar doente ou sob algum tratamento que afete significativamente a avaliação;

b) Participar de outro programa de atividades recreativas para terceira idade.

3.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS

Seguem descritos a seguir os instrumentos e procedimentos utilizados para

levantamento dos dados.

3.3.1 Instrumentos

De acordo com Goetz e LeCompte (1984) apud Thomas e Nelson (2002, p.

325), “as fontes mais comuns de coleta de dados em pesquisa qualitativa são as

entrevistas, observações e instrumentos projetados pelo pesquisador.”

No presente estudo, o principal instrumento para levantamento dos dados foi

uma entrevista individual baseada em um questionário previamente elaborado

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(entrevista semi-estruturada), composto de perguntas abertas, que norteou o

procedimento.

A fim de garantir a fidedignidade e confiabilidade das informações, durante a

entrevista foi utilizado um gravador (Motorola MOTO G XT1033), na forma de

“medida não-intrusiva” (WEBB; CAMPBELL; SCHWARTZ; SECHREST, 1966).

Flick (2009) ressalta que é produtiva a utilização de fichas de documentação

durante o processo de coleta de dados, desta maneira tais documentos foram

utilizados.

Em caráter complementar, se necessário, foram elaborados relatórios a partir

dos “diários de campo” resultantes do período de acompanhamento do Projeto Sem

Fronteiras da UFPR, nos quais foram analisados a interação dos indivíduos com o

grupo.

3.3.2 Procedimentos

Um entrevistador foi responsável por obter as respostas para o questionário

em paralelo às atividades do Programa Sem Fronteiras, o entrevistado foi

selecionado intencionalmente pelo entrevistador durante sua participação. Enquanto

para os não-participantes, foram realizadas entrevistas no período da manhã e tarde

em residências do bairro Guabirotuba (Curitiba/PR). O entrevistador foi responsável

por efetuar o preenchimento da ficha de documentação e gravação. As entrevistas

tiveram duração de 30 minutos aproximadamente.

Flick (2009) explica que nem todos os procedimentos de entrevista podem ser

mapeados:

Os critérios sugeridos por Merton e Kendall (1946) para a condução da entrevista reúnem alguns objetivos que não podem ser combinados em cada situação (por exemplo, especificidade e profundidade versus espectro). O preenchimento desses critérios não pode ser concretizado com antecedência (por exemplo, no planejamento do guia de entrevista). Até que ponto eles são realmente cumpridos em uma entrevista real depende, em grande parte, da situação real da entrevista e da forma como ela ocorre. Esses critérios destacam as decisões que os entrevistadores devem tomar e as prioridades necessárias que devem estabelecer [...] (FLICK, 2009, p. 146).

Sendo assim, foi responsabilidade do entrevistador tomar medidas que

garantam o ambiente menos intrusivo possível, bem como, a seleção de indivíduos

que estivessem menos sujeitos a fatores intervenientes.

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3.4 RISCOS E BENEFÍCIOS

Quanto aos riscos de constrangimentos, durante a entrevista, não foi

necessário ao entrevistado responder questões em que não estivesse confortável

para responder. Além disso, a entrevista foi realizada de forma individual para

minimizar tal risco.

O principal benefício para a comunidade científica foi a sedimentação da

importância da recreação para o resgate e desenvolvimento de valores humanos na

terceira idade, possibilitando também a criação de novos programas quem visem

trabalhar valores específicos, não só na terceira idade, mas naqueles que virão a

integrar este grupo no futuro.

Ao participar da entrevista, os sujeitos puderam aprofundar seu

autoconhecimento, podendo assim, refletir acerca da temática em questão. Já os

sujeitos não-participantes de atividades recreativas, puderam ter o interesse por

atividades despertado.

3.5 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA

Baseado nas preocupações éticas e metodológicas discutidas nas Diretrizes e

Normas Regulamentadoras da pesquisa envolvendo Seres Humanos (Resolução

466/12), o presente estudo teve o seu projeto de pesquisa encaminhado ao Comitê

de Ética em Pesquisa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (CEP –

UTFPR), o qual foi aprovado sob número do parecer: 1.017.389 em 09 de abril de

2015.

3.6 ANÁLISE DOS DADOS

De acordo com Bardin (2009), a análise de conteúdo é organizada em três

fases:

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34

Pré-análise;

A exploração do material;

O tratamento dos resultados: a inferência e a interpretação.

No presente estudo, foram contempladas as seguintes técnicas de análise

qualitativa de conteúdo (FLICK, 2009, p. 292):

Síntese da Análise de Conteúdo;

Análise Explicativa de Conteúdo;

Análise Estruturadora de Conteúdo.

Foi utilizada, quando houve necessidade, a síntese de análise de conteúdo.

De acordo com Flick (2009) é o parafraseamento do material obtido a fim de

condensar, resumir trechos e sintetizar o conteúdo bruto em um nível maior de

abstração.

Foi utilizada a análise explicativa de conteúdo para esclarecer e precisar o

significado de uma expressão ou conceito mencionado no material. Flick (2009)

declara que a análise explicativa do conteúdo trabalha na direção de esclarecer

trechos difusos, ambíguos ou contraditórios, utilizando conceitos de diferentes

dicionários e definições gramaticais, analisando-os no contexto da pesquisa.

Foi então realizada uma análise estruturadora de conteúdo, baseada nos

valores humanos em questão. De acordo com Flick (2009, p. 293), “a análise

estruturadora de conteúdo busca tipos ou estruturas formais no material. A

estruturação ocorre no nível formal, de caráter tipificador e escalonado, ou relativo

ao conteúdo.” Desta forma, os valores foram escalonados (classificados) e então,

categorizados em graus (por exemplo: Alto = 3; Médio = 2; Baixo = 1; Nenhum = 0).

Segundo Flick (2009), o próximo passo consiste na formulação de regras para

codificação, que são utilizadas para buscar, no material obtido, trechos nos quais

possam ser encontrados enunciados acerca do valor em questão.

O produto da análise estruturada foi importante para fornecer embasamento

quantificado que pôde ser utilizado nas conclusões deste estudo.

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35

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após as transcrições das entrevistas, os dados resultantes de cada

participante foram categorizados em uma escala baseada no nível de percepção dos

valores humanos observados pelo entrevistador e analista, por meio de um índice,

denominado Índice na Escala de Percepção de Valores (IEPV).

Em seguida, os dados foram estruturados e agrupados por valor humano,

possibilitando a quantificação baseada nas sínteses. Tal quantificação possibilitou:

A contagem das respostas por entrevistado;

O cálculo do percentual da resposta dentro do total de entrevistados;

O cálculo do IEPV médio em cada síntese.

Algumas perguntas do questionário também contam com perguntas

complementares que tem como objetivo ajudar na identificação de valores humanos

no entrevistado, influenciando na percepção de valores.

O Índice na Escala de Percepção de Valores encontra-se representado na

tabela abaixo:

ESCALA DE PERCEPÇÃO DE VALORES IEPV

ALTO: O indivíduo claramente apresenta o valor em questão 3

MÉDIO: O indivíduo apresenta traços do valor em situações específicas 2

BAIXO: O indivíduo quase não apresenta traços do valor em questão 1

NENHUM: O indivíduo não demonstra o valor ou não foi possível identificar 0

Quadro 3 – Escala de Percepção de Valores

Fonte: O autor (2016)

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36

4.1 AMIZADE

Abaixo segue o Índice na Escala de Percepção de Valores identificado pelo

entrevistador para as perguntas do valor amizade.

Tabela 1 – Índice na Escala de Percepção de Valores (IEPV) – AMIZADE

PARTICIPANTES DO PROJETO (P)

Entrevistado E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10

IEPV 2 3 3 1 3 3 3 3 3 2

NÃO-PARTICIPANTES DO PROJETO (NP)

Entrevistado E11 E12 E13 E14 E15 E16 E17 E18 E19 E20

IEPV 3 1 2 2 3 3 3 1 3 3

Fonte: O autor (2016)

A primeira questão tem como objetivo obter a perspectiva do indivíduo sobre

a amizade e o que ele considera mais importante dentro deste valor. Também busca

verificar o quanto o indivíduo está aberto a novas amizades.

1) O que você acha que é mais importante em uma amizade?

Você se considera uma pessoa amistosa, com facilidade para fazer novos amigos?

Grupo Síntese das respostas dos entrevistados N°E Entrevistados (%)

Média IEPV

P

A sinceridade e honestidade são muito

importantes

E1,E3,

E10

30% 2,33

O mais importante é a socialização, interação

com as pessoas

E2,E4,

E5

30% 2,33

Colaboração e o companheirismo E6 10% 3

Respeito e o cuidado para com o outro E7 10% 3

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37

P Considero a confiança fundamental E8,E9 20% 3

NP

A sinceridade entre os amigos é o mais

importante

E11,E12,

E14,E17

40% 2,25

Respeito e o cuidado para com o outro E13 10% 2

A cooperação mútua entre as pessoas e a

interação

E15 10% 3

Confiança é o mais importante E16,E18 20% 2

Considero a fidelidade e o companheirismo E19,E20 20% 3

Quadro 4 – Amizade Questão 1

Fonte: O autor (2016)

Analisando os dados apresentados na tabela 5, é possível concluir que para

os entrevistados participantes do projeto Sem Fronteiras, as características mais

importantes em uma amizade são a sinceridade e a honestidade (30%) e a

socialização e a interação entre as pessoas (30%). Em ambos, o Índice na Escala

de Percepção de Valores (IEPV) foi de 2,33, indicando um nível de presença do

valor amizade médio/alto nos entrevistados em questão.

No grupo dos indivíduos não-participantes do projeto, a sinceridade

novamente figura como a característica mais importante (40%), contando também

com indicadores IEPV médio/alto (2,25).

A segunda questão, para os participantes e não-participantes do projeto, tem

como objetivo verificar a opinião do indivíduo sobre o potencial das atividades

recreativas no desenvolvimento de novas amizades.

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2) Você acha que as atividades recreativas do projeto ajudaram-no a fazer novas

amizades? Você costuma encontrar seus amigos fora do ambiente e horário em que

ocorre o projeto?

Grupo Síntese das respostas dos entrevistados N°E Entrevistados (%)

Média IEPV

P

Sim, ajudaram. Mas não costumo encontrá-los

fora do projeto

E1,E3,

E5

30% 2,66

Sim, ajudaram e encontro alguns fora do

projeto

E2,E4,

E6,E7,

E8,E9,

E10

70%

2,57

2) Você tem encontrado seus amigos com freqüência? Você acredita que a participação

em projetos voltados para a terceira idade, que envolvam recreação e lazer, poderiam

ajudá-lo(a) a fazer novas amizades?

NP

Sim, encontro. Sim, acredito que os projetos de

recreação são importantes para novas

amizades

E11,E15,

E16,E17,

E19,E20

60%

3

Não, porque são poucas as oportunidades para

encontrá-los. Sim, acredito que os projetos são

ótimos neste sentido

E13,E14

20%

2

Às vezes encontro. Acho que um projeto como

este pode ajudar

E18 10% 1

Não muito. Acredito que não, há outras formas

de fazer amizades

E12 10% 1

Quadro 5 – Amizade Questão 2

Fonte: O autor (2016)

Analisando os dados apresentados na tabela 6, é possível concluir que para

os entrevistados participantes do projeto Sem Fronteiras, todos os indivíduos

concordam que a recreação tem papel relevante quanto ao desenvolvimento de

novas amizades, sendo que 70% destes expandiram suas amizades oriundas do

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39

projeto para outros ambientes. O grupo apresentou também um elevado Índice na

Escala de Percepção de Valores (IEPV).

No grupo dos indivíduos não-participantes do projeto, 60% dos entrevistados

encontram seus amigos com freqüência e apresentam IEPV alto (3), indicando que o

valor amizade está bastante presente em seu dia-a-dia. Analisando as fichas de

documentação observou-se que estes mesmos 60% declararam-se frequentadores

de igrejas, enquanto os outros entrevistados não-participantes do projeto não

compartilhavam do mesmo hábito. Outra constatação relevante, é que como neste

caso cada entrevistado está presente em apenas uma síntese (sem repetição), é

possível notar que 90% dos entrevistados em questão entendem que os projetos de

recreação são meios eficientes para o desenvolvimento de novas amizades.

Os participantes do projeto em sua maioria claramente apresentam IEPV

médio/alto para o valor amizade e fica nítido que em alguns casos a participação no

projeto foi crucial para que a amizade estivesse mais presente e de maneira

periódica em seu dia-a-dia. Tal constatação vai de encontro com a ideia de Castro

(2001), de que os mais velhos necessitam de um espaço social que propicie a

renovação do seu próprio eu e dos seus próprios valores. A importância do espaço

para desenvolvimento do valor amizade na terceira idade fica clara, por exemplo, na

afirmação do Entrevistado 9 (E9) “É ótimo, esse relacionamento que eles têm entre

as pessoas aqui do grupo [...] faz muita diferença na vida da gente [...] esse projeto

aqui é a nossa vida [...] Amigos-irmãos, como se fosse uma família...”

Os indivíduos não-participantes também apresentaram índices positivos para

o valor amizade, dando a entender que, por vontade própria ou não, acabam

buscando atividades que envolvam interação com outros membros da terceira idade,

como por exemplo, as igrejas. Isso também fica claro em afirmações como:

Entrevistado 13 (E13) – “Isso daí (o projeto) eu não conhecia [...] eu gostaria

muito de participar de um projeto desses.”

Entrevistado 11 (E11) – “Cada vez que a gente participa de um grupo diferente,

você no mínimo conhece uma pessoa diferente e aquela pessoa acaba sendo

seu amigo depois.”

Outro ponto de grande similaridade entre participantes e não-participantes foi a

opinião sobre a válida capacidade de projetos que envolvam recreação em fomentar

amizades. Ficando evidenciado em afirmações como:

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Entrevistado 2 (E2) – “Nossa, é muito bom [...] a gente já sai daqui, já vai jogar

bingo, já fazemos outros passeios diferentes, a gente faz visita uma pra outra [...]

a gente já vai formando outro grupo com essas pessoas.”

Entrevistado 19 (E19) – “Eu acho que ajuda porque ali você faz amizades, além

da atividade física [...] Tanto na dança, como em uma brincadeira, você acaba se

divertindo. Você faz uma higiene mental.”

4.2 COOPERAÇÃO

Abaixo segue o Índice na Escala de Percepção de Valores identificado pelo

entrevistador para as perguntas do valor cooperação.

Tabela 2 – Índice na Escala de Percepção de Valores (IEPV) – COOPERAÇÃO

PARTICIPANTES DO PROJETO (P)

Entrevistado E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10

IEPV 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

NÃO-PARTICIPANTES DO PROJETO (NP)

Entrevistado E11 E12 E13 E14 E15 E16 E17 E18 E19 E20

IEPV 3 2 3 3 3 3 3 3 3 3

Fonte: O autor (2016)

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41

A terceira questão tem como objetivo verificar o quanto o entrevistado

acredita que a cooperação é mais importante que sua individualidade.

3) Para muitos “a vida não é competição, é cooperação”.

Você concorda com essa frase? Por quê?

Grupo Síntese das respostas dos entrevistados N°E Entrevistados (%)

Média IEPV

P

Sim. Acredito que as pessoas devem se

ajudar ao invés de competir entre elas.

E1, E2,

E3, E4,

E5, E6,

E7, E8,

E9, E10

100%

3

NP

Sim. Acredito que as pessoas devem se

ajudar ao invés de competir entre elas.

E11, E12,

E15, E16,

E17, E19

60%

2,83

Concordo. É preciso socializar, cooperar. E13, E14,

E18, E20

40% 3

Quadro 6 – Cooperação Questão 3

Fonte: O autor (2016)

Analisando os dados apresentados na tabela 8, é possível concluir que para

os entrevistados participantes do projeto Sem Fronteiras, está clara a noção sobre a

importância da cooperação sobre a competitividade, ainda que, por vezes, sejam

submetidos a situações competitivas. Quanto ao Índice na Escala de Percepção de

Valores (IEPV) foi de 3, indicando um alto nível de presença do valor cooperação

nos entrevistados em questão.

No grupo dos indivíduos não-participantes do projeto, a cooperação também

figura claramente sobre a ideia de competitividade, visto que as respostas foram

similares. O alto índice de escala de percepção de valores vai de encontro com esta

mesma perspectiva.

A quarta questão, para os participantes e não-participantes do projeto, tem

como objetivo verificar a opinião do entrevistado acerca da capacidade das

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atividades recreativas quanto ao desenvolvimento da cooperação, bem como extrair

o nível de cooperação do indivíduo.

4) Você acha que as atividades recreativas do projeto incentivam a cooperação entre os

participantes? Hoje, você se considera uma pessoa mais cooperativa do que antes de

entrar no projeto? Por quê?

Grupo Síntese das respostas dos entrevistados N°E Entrevistados (%)

Média IEPV

P

Sim, acredito que as atividades desenvolvam

a cooperação. Sempre fui uma pessoa

cooperativa.

E1, E6,

E8

30%

3

Sim, sem dúvida. É verdade, o projeto tornou-

me mais cooperativo.

E2, E3,

E4, E5,

E7, E9,

E10

70%

3

4) Você se considera uma pessoa cooperativa? Você acha que atividades recreativas

(brincadeiras, gincanas, jogos lúdicos, oficinas, dança, passeios) ajudam a desenvolver a

cooperação entre as pessoas? Por quê?

NP

Considero-me uma pessoa cooperativa.

Acredito que sim, geralmente são atividades

que trabalham a cooperação.

E11, E13,

E15, E16,

E17, E18,

E20

70%

3

Sim, acredito que sou. Sem dúvida, além da

cooperação entendo que tais atividades

desenvolvam a qualidade de vida de maneira

geral.

E14, E19

20%

3

Sempre que possível procuro cooperar, mas

acredito que essas atividades não são

essenciais.

E12

10%

2

Quadro 7 – Cooperação Questão 4

Fonte: O autor (2016)

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43

Analisando os dados apresentados na tabela 9, é possível concluir que para

os entrevistados participantes do projeto Sem Fronteiras, todos os indivíduos

concordam que a recreação tem papel importante quanto ao desenvolvimento da

cooperação, sendo que 70% destes perceberam seu desenvolvimento quanto ao

valor cooperação. O grupo apresentou um elevado valor (3) no Índice na Escala de

Percepção de Valores (IEPV).

No grupo dos indivíduos não-participantes do projeto, 90% dos entrevistados

acreditam que as atividades recreativas contribuem para o desenvolvimento da

cooperação. Estes, apresentam IEPV alto (3), indicando presença do valor

cooperação.

Tanto os participantes do projeto quanto os não-participantes apresentaram

elevados indicadores e opiniões que refletem a presença da cooperação como valor.

Em alguns casos, é possível perceber que a participação no projeto foi relevante

para que a cooperação estivesse mais presente e de maneira periódica em seu dia-

a-dia, como por exemplo, nas afirmações dos entrevistados abaixo:

Entrevistado 3 (E3) – “[...] me ajudou muito nessa parte. Eu era uma pessoa

muito fechada, muito no meu „mundinho‟. E isso daqui me fez abrir a cabeça

para outras coisas, para novas amizades, novas conversas [...]”

Entrevistado 5 (E5) – “Porque a gente aprendeu, durante todo esse tempo,

aprendeu a conviver com várias pessoas. Cada um tem um jeito de ser, e a

gente com tudo isso aprende.”

Entrevistado 7 (E7) – “[...] a gente sempre tem que estar colaborando com as

pessoas, ajudando. Se a pessoa não consegue levantar, você dá a mão para ela

levantar.”

Os indivíduos não-participantes também apresentaram índices bastante

positivos para o valor cooperação. Isso também fica claro em afirmações como:

Entrevistado 17 (E17) - “Porque você tem a chance também de se doar ao outro

[...], ter mais alegria e ter um meio bom de compartilhar, por meio de

brincadeiras, de tudo.”

Entrevistado 19 (E19) – “Eu acho que ajuda porque ali você faz amizades, [...].

Tanto na dança, como em uma brincadeira, você acaba se divertindo. Você faz

uma higiene mental.”

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44

4.3 AMOR

Abaixo segue o Índice na Escala de Percepção de Valores identificado pelo

entrevistador para as perguntas do valor amor.

Tabela 3 – Índice na Escala de Percepção de Valores (IEPV) – AMOR

PARTICIPANTES DO PROJETO (P)

Entrevistado E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10

IEPV 2 3 3 3 3 3 3 3 2 2

NÃO-PARTICIPANTES DO PROJETO (NP)

Entrevistado E11 E12 E13 E14 E15 E16 E17 E18 E19 E20

IEPV 2 3 3 3 3 3 3 2 3 1

Fonte: O autor (2016)

A quinta questão tem como objetivo verificar a opinião do indivíduo sobre

relacionamentos afetivos na terceira idade e sua opinião sobre o amor nesses

relacionamentos.

5) Você acha que o companheirismo basta, ou é necessário algo mais nos

relacionamentos afetivos na terceira idade? Por quê?

Grupo Síntese das respostas dos entrevistados N°E Entrevistados (%)

Média IEPV

P

Acho que o companheirismo é muito

importante em um relacionamento afetivo.

E1, E3,

E4

30% 2,66

Acho que o companheirismo é importante,

principalmente no círculo familiar.

E2, E8 20% 3

O companheirismo é fundamental, mas o

amor é essencial.

E5, E6,

E7, E9,

E10

50%

2,60

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45

NP

O companheirismo é importante, mas sozinho

não basta, o amor é essencial.

E11 10% 2

O amor e o caráter são mais importantes que

o companheirismo.

E12 10% 3

Acho que o companheirismo é muito

importante em um relacionamento afetivo.

E13, E14,

E17, E18,

E19

50%

2,80

Acho que o companheirismo é importante,

principalmente no círculo familiar.

E15, E16 20% 3

Viver a dois não é fácil, é necessário mais que

companheirismo.

E20 10% 1

Quadro 8 – Amor Questão 5

Fonte: O autor (2016)

Analisando os dados apresentados na tabela 11, percebe-se que para os

participantes do projeto Sem Fronteiras, é unanimidade entre os entrevistados que o

companheirismo é fundamental em um relacionamento afetivo. Além disso, metade

dos entrevistados mencionaram que o amor é também parte primordial na

construção e na manutenção de um relacionamento afetivo na terceira idade.

Quanto ao Índice na Escala de Percepção de Valores (IEPV), os valores foram altos,

indicando presença evidente do valor amor.

Já no grupo dos indivíduos não-participantes do projeto, apenas dois

entrevistados (20%) mencionaram diretamente o amor, sendo que, a maioria dos

entrevistados (80%) consideram o companheirismo importante. Quanto ao IEPV,

70% destes entrevistados apresentaram IEPV com valor 3, indicando também forte

presença do valor amor.

A sexta questão, para os participantes e não-participantes do projeto, tem

como objetivo verificar a opinião do indivíduo participante acerca do amor em sua

forma altruísta, bem como obter o parecer do entrevistado participante do projeto

sobre o “amor” na prática das atividades recreativas.

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6) Existe uma frase muito conhecida: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Você acha

que conseguiu praticar isso durante sua vida (ajudar as pessoas, colocar-se no lugar

delas)? E, principalmente nas atividades recreativas realizadas no projeto, você tem

conseguido seguir esse conselho? Como?

Grupo Síntese das respostas dos entrevistados N°E Entrevistados (%)

Média IEPV

P

Durante a vida inteira não, mas aqui no projeto

costumo ajudar os outros.

E1, E10 20% 2

Sim, sempre tento ajudar as pessoas.

E2, E3,

E4, E5,

E6, E7

60%

3

Amar ao próximo não é tão simples quanto

parece, mas sempre tento ajudar as pessoas

à minha volta.

E8, E9

20%

2,50

6) Existe uma frase muito conhecida: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Você acha

que conseguiu praticar isso durante sua vida (ajudar as pessoas, colocar-se no lugar

delas)? Especialmente nos dias de hoje, você tem conseguido seguir esse conselho?

Como?

NP

Amar ao próximo não é tão simples quanto

parece, procuro ajudar em casos específicos.

E11, E18,

E20

30% 1,66

Sim, procuro imaginar-me na situação do meu

próximo e sempre procuro ajudá-lo.

E12 10% 3

Sim, sempre tento ajudar as pessoas.

E13, E15,

E16, E17,

E19

50%

3

Amar a si próprio é o primeiro passo para

poder ajudar os outros, e na medida do

possível tenho conseguido ajudar as pessoas.

E14

10%

3

Quadro 9 – Amor Questão 6

Fonte: O autor (2016)

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47

Analisando os dados apresentados na tabela 12 , é possível concluir que para

os entrevistados participantes do projeto Sem Fronteiras, ajudar ao próximo é sim

importante e todos afirmam que buscam praticá-lo nos dias atuais. Sendo que 60%

dos entrevistados afirmam ter observado tal atitude durante a vida, inclusive dentro

do projeto. Quanto ao IEPV, identifica-se um índice médio/alto, reforçando a

presença do valor amor no grupo.

No grupo dos indivíduos não-participantes do projeto, 50% dos entrevistados

também disseram que ajudar ao próximo é importante e que costumam praticá-lo

nos dias atuais. É válido notar que 30% dos entrevistados (com um IEPV

relativamente médio/baixo 1,66) relataram ter dificuldades em colocar o amor ao

próximo em prática, expressando-o somente em situações específicas, em função

de fatores como: insegurança, medo, frustrações passadas e falta de interesse.

Outra constatação interessante foi exposta pelo Entrevistado 14 (E14) “[...]

amando a si próprio você já está fazendo um bem para as outras pessoas. Se você

não se gostar, não se amar, você não vai respeitar ninguém, você não vai amar

ninguém.”. Tal afirmação reforça a ideia de que para praticar o amor com aqueles à

sua volta é necessário primeiramente desenvolver o autoconhecimento, para que

então o indivíduo seja capaz de colocar-se no papel do outro, compreendendo

melhor as necessidades alheias. O Entrevistado 5 (E5) mostra vivenciar quando

afirma “[...] cooperando com tudo, amizade, gratidão, sempre procurando entender

as pessoas [...]”, indo de encontro com a ideia de que “[...] o homem é um ser de

relações e não só de contatos, não apenas está no mundo, mas com o mundo”

(SCORTEGAGNA; OLIVEIRA, 2012, p. 10).

Muitos dos entrevistados, de ambos os grupos, também evidenciaram que

consideram importante ter um companheiro na terceira idade, ficando claro em

afirmações como:

Entrevistado 7 (E7) – “Ele (o companheiro) é assim, uma pessoa boa, mas é

aquela pessoa que não me acompanha na maioria das atividades.”

Entrevistado 8 (E8) – “Se a pessoa está sozinha, não tem um companheiro, ela

se isola... fica muito triste. Então acho que tem que ter esse companheirismo, ter

alguém para dividir os momentos, principalmente no final da vida que as coisas

são mais difíceis, [...] você tem com quem compartilhar, coisas boas e coisas

ruins.”

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48

Entrevistado 10 (E10) – “É importante ter um amor, alguém para compartilhar.

[...] eu sinto MUITA falta dele.”

Entrevistado 13 (E13) – “Nem que você não tenha um amor. Mas um

companheirismo nessa idade é ótimo, porque você tem alguém pra conversar

pelo menos.”

Entrevistado 17 (E17) – “Eu acho muito importante a gente viver junto com

alguém [...]. Você tem que ser companheiro!”

Entrevistado 18 (E18) – “Eu acredito que uma esposa é uma companhia

necessária.”

Tais depoimentos deixam claro que os entrevistados estão em contato com o

companheirismo ou sentem falta dele. O companheirismo, por sua vez, assemelha-

se aos subvalores do valor amor, apresentados na tabela de Sathya Sai Baba

(Tabela 1).

De maneira geral, verificando as respostas dos participantes do projeto, pode-

se interpretar que após ingressarem no programa, a maioria destes passou a

preocupar-se mais com aqueles à sua volta.

4.4 OTIMISMO

Abaixo segue o Índice na Escala de Percepção de Valores identificado pelo

entrevistador para as perguntas do valor otimismo.

Tabela 4 – Índice na Escala de Percepção de Valores (IEPV) – OTIMISMO

PARTICIPANTES DO PROJETO (P)

Entrevistado E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10

IEPV 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2

NÃO-PARTICIPANTES DO PROJETO (NP)

Entrevistado E11 E12 E13 E14 E15 E16 E17 E18 E19 E20

IEPV 3 2 3 3 3 3 3 2 3 3

Fonte: O autor (2016)

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49

A sétima questão tem como objetivo verificar a perspectiva do indivíduo

quanto ao otimismo, no que diz respeito a sua felicidade.

7) A luta pela felicidade (ser feliz) é normalmente vista pelas pessoas como a meta mais

importante na vida. Você concorda? Mas na sua opinião, o que é ser feliz? Você

acredita que nunca é tarde para ser feliz?

Grupo Síntese das respostas dos entrevistados N°E Entrevistados (%)

Média IEPV

P

Sim, concordo. Acredito que nunca é tarde.

Ser feliz é estar em harmonia com tudo e

todos.

E1, E4,

E9

30% 3

Sim, concordo. Acredito que nunca é tarde.

Ser feliz é ter familiares e amigos próximos.

E2, E5,

E7, E8

40% 3

Sim, concordo. Acredito que nunca é tarde.

Ser feliz é ter união, respeito e amor em casa

e com os outros.

E3

10%

3

Sim, concordo. Acredito que nunca é tarde,

mas depende muito da pessoa querer ser

feliz. Felicidade é ter uma boa relação com a

família, fazer o que gosta e ter saúde.

E10

10%

2

Não necessariamente é a meta mais

importante da vida. Ser feliz passa por abrir

mão para ajudar ao próximo, ter um bom dia,

fazer amigos e respeitar o espaço do outro.

E6

10%

3

NP

Sim, concordo. Acredito que nunca é tarde.

Ser feliz é ter a consciência tranquila, não é

sobre o “ter”, mas sim, sobre o “ser”.

E11

10%

3

Sim, concordo. Acredito que nunca é tarde.

Ser feliz é ter saúde e ter familiares e amigos

próximos.

E13, E15,

E16, E17,

E18

50%

2,8

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50

NP

Concordo em partes, é importante pensar nos

outros antes de tudo, para que a sua

felicidade não traga infelicidade aos demais.

Ser feliz é cumprir os seus deveres como

“pessoa humana”.

E12

10%

2

Concordo em partes, pois para mim a

felicidade é experimentada em momentos

junto de minha família e amigos. Ser feliz é

estar bem com as pessoas a sua volta.

E14

10%

3

Concordo em partes, pois considero mais

importante trazer felicidade aos outros. Para

mim a felicidade não é um estado, são

momentos.

E19, E20

20%

3

Quadro 10 – Otimismo Questão 7

Fonte: O autor (2016)

Analisando os dados apresentados na tabela 14, é possível perceber que no

grupo dos participantes do Projeto Sem Fronteiras, 40% acreditam que ser feliz é ter

familiares e amigos por perto, sendo que 50% dos entrevistados não-participantes

compartilham do mesmo ponto de vista.

Outra constatação relevante é que 100% dos entrevistados, de ambos os

grupos, concordaram com a afirmação genérica de que nunca é tarde para ser feliz.

Por se tratarem de questões bastante abrangentes e genéricas, é notória a

diversidade nas respostas obtidas, enriquecendo o material base para o presente

estudo.

A oitava questão, para os participantes e não-participantes do projeto, tem

como objetivo verificar a opinião do entrevistado acerca das atividades recreativas

quanto ao desenvolvimento do otimismo.

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8) Você acha que as atividades recreativas e de lazer (brincadeiras, gincanas, jogos

lúdicos, oficinas, dança, passeios) realizadas no projeto podem torná-lo(a) uma pessoa

mais otimista? Por quê?

Grupo Síntese das respostas dos entrevistados N°E Entrevistados (%)

Média IEPV

P

Sim. Acredito que essas atividades são

importantes, pois contribuem para o nosso

desenvolvimento.

E1, E3,

E8

30%

3

Sim, sem dúvida. Depois que entrei no projeto

tornei-me uma pessoa mais positiva,

considero o ambiente muito bom.

E2, E4,

E5, E6,

E9, E10

60%

2,83

Sim, com certeza. No projeto as pessoas

trocam conhecimentos, aprendizados e

praticam a colaboração.

E7

10%

3

8) Você se considera uma pessoa otimista? Você acredita que as atividades recreativas e

de lazer (brincadeiras, gincanas, jogos lúdicos, oficinas, dança, passeios) podem tornar a

pessoa mais otimista? Por quê?

NP

Sim, acredito que podem. Pois a convivência

com outras pessoas influencia no

comportamento humano.

E11, E13

20%

3

Sim, devem ajudar bastante. Essas atividades

são boas para afastar pensamentos negativos.

E12, E14,

E19

30% 2,66

Sim. Acredito que, principalmente pelo contato

com outras pessoas nas atividades, você

torna-se mais ativo e positivo.

E15, E17,

E18, E20

40%

2,75

Não sei dizer, nunca participei. Mas creio que

atividades, que proporcionam o contato entre

as pessoas, podem torná-las mais positivas.

E16

10%

3

Quadro 11 – Otimismo Questão 8

Fonte: O autor (2016)

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52

Analisando os dados apresentados na tabela 15, dentre os participantes do

Projeto Sem Fronteiras, todos (100%) acreditam que as atividades recreativas e de

lazer contribuem para estimular o otimismo nas pessoas. Sendo que, 60% destes

indivíduos afirmam que se tornaram pessoas mais positivas após aderirem ao

projeto e consideram o ambiente muito bom.

Quanto aos não-participantes do projeto, 40% acreditam que as atividades

recreativas são capazes de tornar as pessoas mais ativas e positivas (otimistas) e

30% crêem que essas atividades são boas para afastar pensamentos negativos.

Acerca do Índice na Escala de Percepção de Valores (IEPV), tanto os

indivíduos participantes quanto os não-participantes, em ambas as questões do

valor otimismo (questões 7 e 8), apresentaram o valor do IEPV relativamente alto

(>2,5).

Durante a análise das entrevistas, ficou evidenciado que tanto os

participantes quanto os não-participantes vêem com bons olhos os projetos

recreativos com relação ao estímulo do otimismo, mesmo aqueles com pouco

conhecimento sobre o tema. Tal fato pode indicar uma alta receptividade para

atividades similares.

Tratando-se do IEPV, os participantes do projeto apresentaram indicativos de

que o valor otimismo está claramente presente em suas vidas. Isso fica evidenciado

em afirmações como:

Entrevistado 2 (E2) – “[...] eu me sinto muito bem. Sempre pensando positivo,

pensando em fazer as coisas certas. Nem sempre a gente faz tudo certo, mas a

gente tenta, né?”

Entrevistado 4 (E4) – “Porque passear é bom, vir aqui é muito bom! Estar aqui é

muito prazeroso, estar fazendo essas atividades [...]. É tudo de bom isso daqui.”

Os não-participantes também apresentaram bons níveis de IEPV. Podendo

ser notado em afirmações como:

Entrevistado 14 (E14) – “[...] Eu sou otimista, bem otimista [...] Hoje, está sendo

melhor que ontem. E amanhã, será melhor que hoje [...] Eu acredito em quem

está me iluminando (Deus), não só à mim...”

Entrevistado 15 (E15) – “[...] você vai começar a adquirir confiança nas pessoas

[...]. Você torna-se mais ativo e positivo.”

É interessante ressaltar, que alguns entrevistados mencionaram casos de

depressão e desânimo de terceiros ou deles próprios, sendo que o projeto

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recreativo aparece como fator importante na recuperação dessas pessoas,

enquanto os não-participantes também sinalizaram entendimento de que as

atividades recreativas podem ajudar em tais casos. Isso fica exemplificado em

respostas como:

Entrevistado 2 (E2) – “[...] eu estava muito pra baixo. [...] o seu João, ele perdeu

uma filha. Daí a gente falava: „Vamos seu João no projeto, o projeto é bom, com

o projeto o senhor vai melhorar‟. [...] Então quem estava para baixo era eu, e ele

veio [..] e me fez voltar ao projeto.”

Entrevistado 10 (E10) – “[...] Como é o meu caso, eu to sozinha em casa, fico

„pra baixo‟ (desanimada). Eu estava caindo em depressão antes de voltar aqui.

[...] Então eu acho que „isso daqui‟ (o projeto) ajuda muito, muito mesmo!”

Entrevistado 11 (E11) – “[...] já vi pessoas que estavam chateadas, tristes, de

baixo astral e, de repente participando de um grupo ela aflora, sabe?”

Entrevistado 19 (E19) – “[...] vejo muitas pessoas que falam em depressão.

Depressão o que é? É falta de atividade, não está usando a cabeça para uma

coisa boa.”

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4.5 TOLERÂNCIA

Abaixo segue o Índice na Escala de Percepção de Valores identificado pelo

entrevistador para as perguntas do valor tolerância.

Tabela 5 – Índice na Escala de Percepção de Valores (IEPV) – TOLERÂNCIA

PARTICIPANTES DO PROJETO (P)

Entrevistado E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10

IEPV 3 3 3 3 3 3 2 3 2 2

NÃO-PARTICIPANTES DO PROJETO (NP)

Entrevistado E11 E12 E13 E14 E15 E16 E17 E18 E19 E20

IEPV 2 2 3 1 2 1 3 1 3 1

Fonte: O autor (2016)

A nona questão tem como objetivo obter a opinião do entrevistado quanto à

sua própria tolerância, a partir da perspectiva e experiência do mesmo.

9) De modo geral, você se considera uma pessoa paciente ou impaciente? Você sempre

foi assim ou na sua juventude era diferente? Por quê?

Grupo Síntese das respostas dos entrevistados N°E Entrevistados (%)

Média IEPV

P

Sim, hoje me considero paciente. Na

juventude já fui mais impaciente.

E1, E4 20% 3

Sim, acho que sou paciente. Eu sempre fui

tranquilo (a), normalmente eu tento relevar a

situação.

E2, E3,

E5, E6,

E8

50%

3

Hoje me considero relativamente paciente. No

passado, eu era mais ou menos paciente,

dependendo da situação.

E7, E9

20%

2

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55

P Me considero impaciente, mas o projeto tem

me ajudado a ser mais tolerante.

E10 10% 2

NP

Sim, sempre fui paciente. E17, E19 20% 3

Sim, hoje me considero paciente. Na

juventude já fui mais impaciente.

E13 10% 3

Hoje me considero relativamente paciente. No

passado, eu era mais ou menos paciente,

dependendo da situação.

E12, E15

20%

2

Hoje me considero relativamente paciente. Na

minha juventude eu era mais impaciente.

E11 10% 2

Me considero impaciente. Sempre fui assim,

intolerante.

E14, E16,

E18

30% 1

Hoje sou bem mais impaciente do que quando

era jovem.

E20 10% 1

Quadro 12 – Tolerância Questão 9

Fonte: O autor (2016)

Analisando os dados apresentados na tabela 17, é possível verificar que os

participantes do Projeto Sem Fronteiras, em geral, apresentam bons indicadores

quanto a presença do valor tolerância, representado pelo alto IEPV médio (2,7).

Sendo que, 90% deste grupo apresentou declarações positivas quanto a prática de

tolerância/paciência.

Já no grupo dos indivíduos não-participantes do projeto, destaca-se o IEPV

médio de 1,9, um valor bastante baixo quando comparado aos mesmos índices

obtidos pelos participantes do projeto. Sendo que, os 40% dos não-participantes

declararam-se impacientes/intolerantes, somados aos 30% que declararam-se

relativamente tolerantes, pode ser entendido como uma menor presença do valor

tolerância nesses entrevistados.

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A décima questão, para os participantes e não-participantes do projeto, tem

como objetivo verificar a opinião do entrevistado sobre a capacidade das atividades

recreativas quanto ao desenvolvimento da tolerância.

10) Você acredita que as atividades recreativas e de lazer realizadas no projeto

contribuem para que você seja mais tolerante? Por quê?

Grupo Síntese das respostas dos entrevistados N°E Entrevistados (%)

Média IEPV

P

Sim, acredito que de certa maneira contribuem

para que eu seja mais paciente.

E1 10% 3

Sim, por se tratarem de atividades em grupo

acredito que contribuem.

E2, E7,

E8, E9

40% 2,75

Sim, desenvolvem nosso aprendizado e

tolerância.

E3, E4 20% 3

Sim, o contato com outras pessoas, o

companheirismo, a amizade, tudo isso nos

ajuda a nos sentirmos mais felizes.

E5, E6,

E10

30%

2,33

10) Você acha que a participação em atividades recreativas (brincadeiras, gincanas, jogos

lúdicos, oficinas, dança, passeios) pode tornar as pessoas mais tolerantes? Por quê?

NP

Acho que sim, por se tratarem de atividades

em grupo acredito que contribuem.

E11, E13,

E15, E17,

E19

50%

2,6

Acredito que sim, pois são atividades que

exercitam não somente a parte física, mas

também a mente.

E12, E16

20%

1,5

Em partes sim, depende da individualidade de

cada um.

E14, E18 20% 1

Acredito que sim, sempre que você está

envolvido em atividades lúdicas pode tornar-

E20

10%

1

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se mais paciente.

Quadro 13 – Tolerância Questão 10

Fonte: O autor (2016)

Analisando os dados apresentados na tabela 18, concluí-se que para todos os

participantes do Projeto Sem Fronteiras as atividades recreativas têm sim

capacidade de desenvolver a tolerância. O grupo apresentou também um alto IEPV

médio (2,7).

No grupo dos indivíduos não-participantes, mesmo apresentando IEPV baixo

(1,6) para o valor tolerância, todos também mostraram confiar na ideia de que as

atividades recreativas tem capacidade de desenvolver a tolerância nas pessoas.

É importante ressaltar que alguns dos entrevistados não-participantes,

claramente, apresentaram baixos índices para o valor em questão. Podendo ser

exemplificado em afirmações como:

Entrevistado 14 (E14) – “[...] Sabe por quê? Porque não tolero pessoas

ignorantes e arrogantes. É o que sinto... Não tolero!”

Entrevistado 16 (E16) – “Eu não tenho muita paciência. Não sei, se faz parte da

idade, [...] nunca tive muita paciência em esperar [...] eu sempre fui assim.”

Entrevistado 18 (E18) – “Aaah, impaciente. Porque eu perco a paciência por

qualquer coisa [...]. Sempre, sempre fui assim.”

Analisando ambos os grupos de entrevistados, é interessante notar que 90%

(40% - Participantes e 50% - Não-Participantes) acreditam que por se tratar de

atividades em grupo e que envolvem o relacionamento com diferentes pessoas, o

valor tolerância é estimulado. Podendo ser evidenciado por afirmações como:

Entrevistado 2 (E2) – “Acho que a gente aprende a conviver mais com pessoas

com a idade da gente. [...] porque em grupo grande sempre tem alguma coisa

que você não gosta, mas procuro relevar.”

Entrevistado 5 (E5) – “Porque já basta você vir, a gente ri, a gente conversa e

tudo isso faz você se sentir mais feliz. O companheirismo, a amizade, tudo!”

Entrevistado 6 (E6) – “[...] Foi ao projeto, [...] encontrar a turma, relaxar um

pouco, se exercitar e tudo... Isso aí ajuda pra você depois chegar em casa e ficar

mais calma, mais paciente.”

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Entrevistado 17 (E17) – “[...] se você participa com alguém, tudo fica bonito. [...]

Além de ter os professores que te instruem também tem aquelas pessoas que te

passam aquele humor gostoso, aquela convivência maravilhosa para você.”

4.6 RESGATE DE VALORES HUMANOS

A última questão tem como objetivo verificar qual a opinião do entrevistado

quanto às atividades recreativas para a terceira idade, bem como sua capacidade de

despertar ou resgatar valores humanos. Para facilitar a interpretação das respostas,

as sínteses explicativas da questão onze (11) foram divididas em duas tabelas,

conforme abaixo:

11.1) Na sua opinião, as atividades recreativas para crianças (jogos, brincadeiras, gincanas, oficinas, passeios) são importantes para formar um melhor adulto?

Grupo Síntese das respostas dos entrevistados N°E Entrevistados (%)

P

Sim. Acredito que essas atividades são

importantes em todas as fases da vida.

E1 10%

Sim. Consigo perceber a importância nas

crianças que participam dessas atividades.

E2, E4 20%

Sim. Acredito que as brincadeiras são muito boas

para a formação das crianças. Hoje, eles estão

muito distraídos por outras coisas.

E3, E5,

E6, E7,

E10

50%

Sim. Acredito que essas atividades contribuem

no desenvolvimento e formação da personalidade

da criança para viver em conjunto com as outras

pessoas.

E8, E9

20%

NP Sim. Consigo perceber a importância nas

crianças que participam dessas atividades.

E11, E13,

E15, E16

40%

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59

NP

Sim. Acredito que essas atividades contribuem

no desenvolvimento e formação da personalidade

da criança, além de ser uma forma de gasto de

energia e diversão.

E12, E14,

E17, E20

40%

Sim. Acredito que essas atividades contribuem

no desenvolvimento motor e cognitivo.

E18 10%

Sim. Acredito que as brincadeiras são muito boas

para a formação das crianças. Hoje, eles estão

muito distraídos por outras coisas, como com a

tecnologia.

E19

10%

Quadro 14 – Valores Humanos Questão 11.1

Fonte: O autor (2016)

Analisando os dados apresentados na tabela 11.1, todos os entrevistados de

ambos os grupos concordam que as atividades recreativas para crianças são

importantes para formar um melhor adulto.

Entre os entrevistados participantes do projeto, a opinião mais relatada (50%)

foi de que as atividades recreativas são boas para a formação das crianças e que,

as mesmas, têm deixado essa participação em segundo plano em função do grande

número de distrações da vida moderna. Conforme afirmações como:

Entrevistado 3 (E3) – “Aquelas brincadeiras eram muito boas para a formação

das crianças. Hoje, eles estão muito aliados à tecnologia, é uma perdição da

infância, [...].”

Entrevistado 5 (E5) – “[...] eu acho que a criança tem que ter atividade, tem que

ter todos os meios de aprender, porque hoje em dia está difícil.”

Entrevistado 10 (E10) – “[...] o meu neto não quer mais saber de brincar. Ele

fazia natação, fazia judô, nada mais. Agora, só quer saber de computador,

celular. [...] Esses dias eu convidei ele [...] e ele disse: „Vovó eu fico nervoso

quando você me convida pra sair, porque eu quero ficar no computador‟.”

Esta mesma resposta também foi relatada por um entrevistado não-

participante do projeto:

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60

Entrevistado 19 (E19) – “Porque a criança, ela fica muito presa hoje em dia, no

computador e no celular. E ela acaba se isolando do mundo por causa da

tecnologia. Porém, quando a criança vai brincar, ela está interagindo, ela está

conhecendo pessoas diferentes, ela está aprendendo até a ser mais tolerante.”

Ainda no grupo dos entrevistados não praticantes de atividades recreativas,

cada um deles à sua maneira, disse enxergar valor nas atividades recreativas para

a criança. Foram mencionados benefícios como: desenvolvimeto motor e cognitivo,

formação da personalidade da criança, gasto de energia e diversão. Ficando

evidenciado em afirmações como:

Entrevistado 12 (E12) – “Ah, são importantes. Porque elas fazem as crianças

gastarem toda sua energia e se divertirem, além de aprender coisas que servem

para o futuro. Então, essas atividades são importantes para o desenvolvimento

da criança.”

Entrevistado 18 (E18) – “Sim, é importante. [...] Importante porque a criança

desenvolve a coordenação motora e o seu cgnitivo.”

Entrevistado 20 (E20) – “[...] se você ficar aquela pessoa enclausurada, que

você não brinca, que você não pratica esporte nenhum. [...] A pessoa tem que

ter atividade, tem se que interagir.”

11.2) E para a terceira idade, você acha que essas atividades são capazes de despertar ou resgatar o melhor do ser humano (despertar sentimentos como amor, amizade, cooperação, união...) ou você acha que essas atividades servem apenas como uma distração lúdica?

Grupo Síntese das respostas dos entrevistados N°E Entrevistados (%)

P

Sim, eu acredito que essas atividades são

capazes de despertar e resgatar. Inclusive sinto

muito falta das atividades nas férias do projeto.

E1, E3

20%

Sim, acredito que despertam o melhor do ser

humano. Sair de casa, participar das atividades

aqui e ter contato com outras pessoas é muito

bom.

E2, E4,

E5, E6,

E7, E8,

E10

70%

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61

P

Acredito que não seja apenas distração, é mais

do que isso. Ajudam a compreendermos melhor

um ao outro.

E9

10%

NP

Sim, são capazes de despertar o melhor do ser

humano. Estar em contato com outras pessoas é

muito importante.

E11, E13,

E15, E16,

E17

50%

Sim, são capazes de despertar o melhor do ser

humano. Também colaboram para a saúde

corporal e mental.

E12, E14,

E20

30%

Sim, são capazes de resgatar. Ao interagir com

outras pessoas você está trabalhando seu

emocional, melhorando a sua personalidade.

E19

10%

Acredito que depende da pessoa. Para alguns

podem despertar tais sentimentos, enquanto para

outros pode ser apenas um momento de

diversão/distração.

E18

10%

Quadro 15 – Valores Humanos Questão 11.2

Fonte: O autor (2016)

Observando os dados apresentados na tabela 11.2, percebe-se que 100%

dos participantes concordaram com a ideia de que as atividades são capazes de

despertar ou resgatar valores humanos. Ficou também evidenciado que a grande

maioria dos entrevistados (70%) dão grande importância ao fato de poder ou ter que

sair de casa e ter contato com outras pessoas dentro do projeto. Comprovado pelas

citações a seguir:

Entrevistado 1 (E1) – “[...] essas atividades também ajudam sim, porque você

forma um grupo. É diferente de você fazer tudo sozinho [...]”

Entrevistado 5 (E5) – “Porque a pessoa que vive solitária, ela tem que se expor,

tem que frequentar danças, projetos, tudo [...] Esses projetos fazem você ter

uma vida melhor.”

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62

Entrevistado 6 (E6) – “[...] eu não sei o que é sentar num sofá mais, eu não

tenho tempo, não tenho tempo de parar assim. Então, eu tiro por mim que é uma

grande melhora, faz muito bem mesmo.”

Outro fator destacável, é a menção à “saudade” das atividades no período de

férias do projeto. Evidenciadas em:

Entrevistado 1 (E1) – “Tem aqueles intervalos de férias, né? E daí o pessoal fica

só esperando ansioso o retorno.”

Entrevistado 3 (E3) – “Lógico, a amizade, a união que proporciona. Quando a

gente está de férias daqui a gente sente uma „falta danada‟, porque não tem

aquela convivência, né? Faz falta pra gente.”

Também é interessante destacar que alguns entrevistados expressaram

opiniões que vão de encontro ao resgate de valores humanos na terceira idade, por

exemplo:

Entrevistado 7 (E7) – “Porque você está interagindo com várias pessoas. [...]

Você vai colhendo alguma coisa, colhe um pouco de um, um pouco de outro e

através disso, você reúne tudo e monta o seu caráter, muda o seu caráter.”

Entrevistado 10 (E10) – “Eu acho que ajudam (as atividades), mas isso daí é

muito pessoal. Mas pra mim, acho que despertam. [...] sempre que eu venho

aqui eu converso com alguém, faço novas amizades [...], eu acho muito bom,

acho que resgata o melhor do ser humano.”

Para a maioria (90%) do grupo dos indivíduos não-participantes do projeto,

acreditam que as atividades recreativas contribuem no resgate e despertar dos

valores humanos, como por exemplo na seguinte resposta:

Entrevistado 12 (E12) – “[...] elas ajudam em tudo na pessoa dessa idade.

Ajudam na mente, na parte da saúde [...], e naquele espaço de tempo que a

pessoa poderia estar pensando numa coisa ruim [...]. Essas atividades são

capazes de despertar sentimentos de amor, amizade.”

Outro ponto de destaque é que 50% dos entevistados mencionaram também

a ideia apresentada anteriormente pelos entrevistados participantes, acerca da

importância do convívio social proporcionado por tais atividades recreativas.

Ilustrado por afirmações como:

Entrevistado 11 (E11) – “Porque através desses encontros você faz novos

amigos, começa a participar da vida deles, e eles começam a participar da sua.”

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63

Entrevistado 15 (E15) – “[...] Eu acho que ela é importante para não ficarem

isoladas, fechadas, se tornarem pessoas introvertidas.”

Entrevistado 19 (E19) – “Porque quando você está interagindo com outras

pessoas, você está trabalhando seu emocional, a sua personalidade acaba

melhorando.”

Portanto, fica clara a importância que os entrevistados dão ao convívio social

proporcionado pelo projeto que, claramente, atua sobre valores como: a amizade, a

cooperação, o amor, a união, o otimismo e a tolerância. Tal fato corrobora com Pylro

e Rossetti (2005), que declaram que as atividades recreativas podem ser

consideradas uma necessidade de qualquer pessoa em qualquer idade, pois além

de prazerosas, também colaboram para uma melhor aprendizagem, facilitam a

socialização e a comunicação, além de contribuir no desenvolvimento pessoal,

cultural e social.

Para Castro (2001), os mais velhos necessitam de um espaço social que

propicie a renovação do seu próprio eu, bem como, dos seus próprios valores. As

atividades educacionais e recreativas apresentam-se como importantes ferramentas

de valorização e autoconhecimento humano (SCORTEGAGNA; OLIVEIRA, 2012).

As declarações dos entrevistados reforçam a ideia de que, mesmo para os não-

participantes, os projetos de recreação voltados para a terceira idade podem ser

entendidos como um dos espaços mencionados por Castro.

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5 CONCLUSÃO

O presente estudo tornou possível obter uma visão de como os entrevistados

entendem a importância das atividades recreativas voltadas à terceira idade. Alguns

dos depoimentos revelaram que nos participantes do projeto, certos valores estavam

menos presentes em suas vidas antes de ingressarem no programa, indo de

encontro com a ideia de que as atividades recreativas tem papel válido no despertar

de valores humanos quando comparado aos indivíduos que não praticam tais

atividades.

Especificamente na amizade, foi verificado que existem sim diferenças quanto

à presença do valor. Os participantes do projeto têm a amizade mais presente em

seu cotidiano e conseguiram expandir e sedimentar seus círculos de amizade

participando do projeto, enquanto os entrevistados não-participantes também

apresentaram indicadores positivos, mas com círculos sociais mais restritos.

Na cooperação, a principal constatação foi que os participantes do projeto

evidenciaram que as atividades recreativas colaboraram sim para o desenvolvimento

de sua cooperação, os não-participantes do projeto mostraram-se pessoas

cooperativas e 90% dos entrevistados dizem acreditar que as atividades recreativas

podem desenvolver ainda mais sua cooperação.

Quanto ao valor amor, foi possível verificar que trata-se de um dos valores de

maior complexidade avaliativa, pois ambos os grupos, cada um a sua maneira,

apresentaram indicadores positivos quanto à presença do respectivo valor. O fato é

que os indivíduos participantes de atividades sociais periódicas têm um maior

número de oportunidades para exercitar a prática do amor e seus subvalores.

No otimismo, tanto participantes quanto não-participantes apresentaram

indicadores positivos neste valor. Ainda dentre os entrevistados participantes do

Projeto Sem Fronteiras foram encontrados casos onde realmente houve resgate do

valor em questão, principalmente em indivíduos que relataram quadros de

depressão e desânimo.

No valor tolerância, foram observadas diferenças entre indivíduos

participantes e não-participantes, sendo que o primeiro grupo apresentou melhores

indicadores para a presença do respectivo valor e relatos que reforçam a premissa

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de que as atividades recreativas são um válido mecanismo para desenvolvimento da

tolerância.

De maneira geral, a opinião dos entrevistados, de ambos os grupos, sobre a

importância das atividades recreativas no desenvolvimento de valores foi bastante

positiva, destacando-se a menção ao contato e convívio social (sair de casa,

conhecer pessoas diferentes) proporcionado pelas atividades. Tais opiniões

convergiram com a ideia de que a recreação tem sim papel relevante na formação

do indivíduo e no resgate de valores humanos.

A participação na pesquisa possibilitou aos entrevistados refletirem sobre seu

autoconhecimento, sua visão acerca de seus valores humanos e ressaltar a

importância e papel das atividades recreativas na terceira idade. Para os

entrevistados não-participantes a pesquisa também serviu para difundir a existência

dos programas recreativos voltados à população analisada, um dos objetivos

específicos desta pesquisa.

De acordo com a ONU (2010) a população brasileira encontra-se em

processo de envelhecimento, sendo que a perspectiva para 2050 é de que o país

conte com uma parcela populacional de 23% de membros na terceira idade. Tal

crescimento reforça a demanda por estudos como este, bem como, o

desenvolvimento de políticas adequadas que visem trabalhar valores específicos

para essa faixa etária.

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66

6 PARECER DO AUTOR

Após a realização da pesquisa, ficou claro que a recreação é realmente um

meio válido para o despertar de valores humanos na terceira idade. Ainda sobre esta

faixa etária, os entrevistados mostraram ser fontes de informação e experiência

extremamente ricas e relevantes.

Quanto à pesquisa qualitativa, a mesma mostrou-se bastante abrangente,

pavimentando caminhos para estudos posteriores, mais específicos, sobre cada um

dos valores humanos em questão.

O procedimento de análise dos dados também serviu para evidenciar

melhorias que poderiam ser aplicadas na metodologia utilizada neste estudo.

Como experiência, a realização deste trabalho foi gratificante, pois envolveu

diretamente a reflexão e o despertar do autoconhecimento, tanto para o autor quanto

para os entrevistados.

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APÊNDICE 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Titulo da pesquisa: Recreação e Lazer: sua importância no resgate de valores humanos na terceira idade Pesquisador: Murilo Ramon da Cruz, residente à Louis Esquier, 269 – Curitiba-PR. Orientadora: Profª M.Sc. Ana Paula Cabral Bonin Local de realização da pesquisa: Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR – Campus Sede/Ctba Endereço, telefone do local: Av. Sete de Setembro, 3165, bairro Rebouças, Curitiba - PR. Telefone: (41) 3310-4797. A) INFORMAÇÕES AO PARTICIPANTE

Apresentação da pesquisa Com o passar dos anos os seres humanos apresentam, além das mudanças físicas, mudanças também em sua personalidade. Essa transformação pode influenciar no desenvolvimento de valores humanos do indivíduo. Esta pesquisa, busca verificar a capacidade da recreação e do lazer quanto ao resgate de valores humanos quando aplicada a indivíduos da terceira idade.

Objetivo da pesquisa Comparar os valores humanos entre idosos praticantes e não-praticantes de

atividades lúdicas.

Participação na pesquisa Sua participação na pesquisa será na forma de respostas a uma entrevista

individual em um ambiente separado, não tendo nenhum custo financeiro com a sua participação ou ônus que possa advir, bem como nenhum ganho futuro com a pesquisa.

Confidencialidade Seus dados serão mantidos em sigilo, em arquivo de banco de dados de acesso

restrito ao pesquisador e protegido por senha.

Desconfortos, Riscos e Benefícios a) Desconfortos e/ou Riscos:

Embora toda pesquisa com seres humanos envolva algum risco, na participação desta pesquisa os riscos são minimizados, pois, a entrevista será realizada de forma individual em um ambiente separado dos demais participantes. Caso sinta-se constrangido com alguma questão, não será necessário respondê-la. b) Benefícios:

Ao participar da entrevista, você poderá aprofundar seu autoconhecimento, podendo assim, refletir acerca da temática em questão. Já o benefício para a comunidade científica é a sedimentação da importância da recreação para o resgate e desenvolvimento de valores humanos na terceira idade, possibilitando também a criação de novos programas quem visam trabalhar valores específicos, não só na terceira idade, mas naqueles que virão a integrar este grupo no futuro.

Critérios de inclusão e exclusão a) Inclusão: Participarão da pesquisa indivíduos que possuam idade entre 60 e 85 anos, onde serão selecionados 20 indivíduos de forma intencional de ambos os sexos, sendo 10 participantes do Projeto Sem Fronteiras da UFPR e 10 não-participantes do projeto residentes no bairro Guabirotuba. Todos deverão assinar voluntariamente o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

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b) Exclusão: Serão excluídos indivíduos que estejam doentes ou sob algum tratamento que afete significativamente a avaliação e indivíduos que participem de algum outro programa de atividades recreativas para a terceira idade.

Direito de sair da pesquisa e a esclarecimentos durante o processo Em qualquer momento você pode desistir de participar desta pesquisa,

permanecendo sem nenhuma obrigação com relação à mesma.

Ressarcimento ou indenização Não haverá nenhuma compensação financeira relativa à sua participação na

pesquisa. B) CONSENTIMENTO Eu, ________________________________________________________________, declaro ter conhecimento das informações contidas neste documento e ter recebido respostas claras às minhas questões a propósito da minha participação direta (ou indireta) na pesquisa e, adicionalmente, declaro ter compreendido o objetivo, a natureza, os riscos e benefícios deste estudo. Após reflexão e um tempo razoável, eu decidi, livre e voluntariamente, participar deste estudo. Estou consciente que posso deixar o projeto a qualquer momento, sem nenhum prejuízo. Nome completo:______________________________________________________ RG:_____________________ Data de Nascimento:___/___/___ Telefone:________ Endereço:___________________________________________________________ CEP: ___________________ Cidade:____________________ Estado: __________

Assinatura: ________________________________

Data: ___/___/______

Eu, MURILO RAMON DA CRUZ, declaro ter apresentado o estudo, explicado seus objetivos, natureza, riscos e benefícios e ter respondido da melhor forma possível às questões formuladas. Assinatura pesquisador: ________________________ MURILO RAMON DA CRUZ

Data: ______________________________

Nome completo:_________________________________________________

Para todas as questões relativas ao estudo ou para se retirar do mesmo, poderão se comunicar com MURILO RAMON DA CRUZ via e-mail: [email protected] ou telefone:(41) 8402-4714. Endereço do Comitê de Ética em Pesquisa para recurso ou reclamações do sujeito pesquisado: Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (CEP/UTFPR) REITORIA: Av. Sete de Setembro, 3165, Rebouças, CEP 80230-901, Curitiba-PR, telefone: 3310-4943, e-mail: [email protected]

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APÊNDICE 2

FICHA DE DOCUMENTAÇÃO

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FICHA DE DOCUMENTAÇÃO

Informações sobre a entrevista e o entrevistado

Data da entrevista: __/__/2015

Local da entrevista: __________________________________________________

Hora início: ______ Hora término: ______ Duração: ______

Entrevistador: ______________________________________________________

Nome: ____________________________________________________________

Identificador para o entrevistado: _______________________________________

Sexo do entrevistado: ( ) Feminino ( ) Masculino

Idade do entrevistado: ___ Telefone p/ contato: ______-______

Naturalidade: __________________ Bairro onde reside: ______________

Profissão do entrevistado: ____________________________ Desde: _______

Grau de escolaridade: ________________________________________________

Estado Civil: ___________ Número de filhos: __ Mora com quantas pessoas: __

Renda aproximada:

( ) Não possui ou inferior a R$500,00 ( ) De R$500,00 a R$1.500,00

( ) De R$1.501,00 a R$2.500,00 ( ) De R$2.501,00 a R$3.500,00

( ) Superior a R$3.501,00

Participante do Projeto Sem Fronteiras: ( ) Não ( ) Sim Desde: _______

Você pratica alguma (outra) atividade de lazer (corrida, academia, hidroginástica,

pilates, yoga, igreja, grupos de terceira idade ou religiosos, entre outras)?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Possui algum problema cardíaco, respiratório, locomotor ou outro?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Particularidades ocorridas na entrevista:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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APÊNDICE 3

GUIA DE ENTREVISTA PARA PARTICIPANTES DO PROJETO

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ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

GUIA DE ENTREVISTA PARA PARTICIPANTES DO PROJETO

1) O que você acha que é mais importante em uma amizade? Você se considera

uma pessoa amistosa, com facilidade para fazer novos amigos?

2) Você acha que as atividades recreativas do projeto ajudaram-no a fazer novas

amizades? Você costuma encontrar seus amigos fora do ambiente e horário em

que ocorre o projeto?

3) Para muitos “a vida não é competição, é cooperação”. Você concorda com essa

frase? Por quê?

4) Você acha que as atividades recreativas do projeto incentivam a cooperação

entre os participantes? Hoje, você se considera uma pessoa mais cooperativa do

que antes de entrar no projeto? Por quê?

5) Você acha que o companheirismo basta, ou é necessário algo mais nos

relacionamentos afetivos na terceira idade? Por quê?

6) Existe uma frase muito conhecida: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Você

acha que conseguiu praticar isso durante sua vida (ajudar as pessoas, colocar-

se no lugar delas)? E, principalmente nas atividades recreativas realizadas no

projeto, você tem conseguido seguir esse conselho? Como?

7) A luta pela felicidade (ser feliz) é normalmente vista pelas pessoas como a meta

mais importante na vida. Você concorda? Mas na sua opinião, o que é ser feliz?

Você acredita que nunca é tarde para ser feliz?

8) Você acha que as atividades recreativas e de lazer (brincadeiras, gincanas,

jogos lúdicos, oficinas, dança, passeios) realizadas no projeto podem torná-lo(a)

uma pessoa mais otimista? Por quê?

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9) De modo geral, você se considera uma pessoa paciente ou impaciente? Você

sempre foi assim ou na sua juventude era diferente? Por quê?

10) Você acredita que as atividades recreativas e de lazer realizadas no projeto

contribuem para que você seja mais tolerante? Por quê?

11) Na sua opinião, as atividades recreativas para crianças (jogos, brincadeiras,

gincanas, oficinas, passeios) são importantes para formar um melhor adulto? E

para a terceira idade, você acha que essas atividades são capazes de despertar

ou resgatar o melhor do ser humano (despertar sentimentos como amor,

amizade, cooperação, união...) ou você acha que essas atividades servem

apenas como uma distração lúdica?

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APÊNDICE 4

GUIA DE ENTREVISTA PARA NÃO-PARTICIPANTES DO PROJETO

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ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

GUIA DE ENTREVISTA PARA NÃO-PARTICIPANTES DO PROJETO

1) O que você acha que é mais importante em uma amizade? Você se considera

uma pessoa amistosa, com facilidade para fazer novos amigos?

2) Você tem encontrado seus amigos com freqüência? Você acredita que a

participação em projetos voltados para a terceira idade, que envolvam recreação e

lazer, poderiam ajudá-lo(a) a fazer novas amizades?

3) Para muitos “a vida não é competição, é cooperação”. Você concorda com essa

frase? Por quê?

4) Você se considera uma pessoa cooperativa? Você acha que atividades

recreativas (brincadeiras, gincanas, jogos lúdicos, oficinas, dança, passeios)

ajudam a desenvolver a cooperação entre as pessoas? Por quê?

5) Você acha que o companheirismo basta, ou é necessário algo mais nos

relacionamentos afetivos na terceira idade? Por quê?

6) Existe uma frase muito conhecida: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Você

acha que conseguiu praticar isso durante sua vida (ajudar as pessoas, colocar-

se no lugar delas)? Especialmente nos dias de hoje, você tem conseguido seguir

esse conselho? Como?

7) A luta pela felicidade (ser feliz) é normalmente vista pelas pessoas como a meta

mais importante na vida. Você concorda? Mas na sua opinião, o que é ser feliz?

Você acredita que nunca é tarde para ser feliz?

8) Você se considera uma pessoa otimista? Você acredita que as atividades

recreativas e de lazer (brincadeiras, gincanas, jogos lúdicos, oficinas, dança,

passeios) podem tornar a pessoa mais otimista? Por quê?

Page 85: RECREAÇÃO E LAZER: SUA IMPORTÂNCIA NO RESGATE DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · terceira idade e incentivar novos projetos recreacionais específicos.

9) De modo geral, você se considera uma pessoa paciente ou impaciente? Você

sempre foi assim ou na sua juventude era diferente? Por quê?

10) Você acha que a participação em atividades recreativas (brincadeiras, gincanas,

jogos lúdicos, oficinas, dança, passeios) pode tornar as pessoas mais

tolerantes? Por quê?

11) Na sua opinião, as atividades recreativas para crianças (jogos, brincadeiras,

gincanas, oficinas, passeios) são importantes para formar um melhor adulto? E

para a terceira idade, você acha que essas atividades são capazes de despertar

ou resgatar o melhor do ser humano (despertar sentimentos como amor,

amizade, cooperação, união...) ou você acha que essas atividades servem

apenas como uma distração lúdica?

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ANEXO 1

TERMO DE CONCORDÂNCIA DA INSTITUIÇÃO CO-PARTICIPANTE

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