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RECONHECENDO E MODIFICANDO O LIXO ESCOLAR

Autora: Anastácia Terezinha dos Santos1 Orientadora: Profª Drª. Carla Luciane Blum Vestena2

RESUMO

A evolução da tecnologia acarretou amplitude na exploração dos recursos naturais, que aliada à industrialização e à mecanização da agricultura gerou desequilíbrio ambiental e social. Os problemas ambientais são reflexos dos desajustes sociais, econômicos e políticos de uma sociedade que só quer lucro. Iniciaram-se movimentos que refletiram a preocupação da população com efeitos negativos provocados pelo desenvolvimento econômico. A solução para a crise ambiental estaria ligada a uma nova visão de mundo. A consciência incorpora valores de união e solidariedade, de cooperação e equilíbrio dinâmico. A educação tem o papel de socializar os indivíduos, levando-os a conhecer o global e a agir na singularidade. Diante desse contexto, almeja-se neste estudo sensibilizar a comunidade escolar sobre o destino adequado do lixo, da conservação e cuidados com a escola, tendo em vista a melhoria da qualidade de vida. Para isso desenvolveram-se atividades diversas que propiciaram mais conhecimento sobre o meio ambiente, como também, refletir sobre as questões ambientais locais. A estratégia metodológica adotada foi intervenção junto a um grupo de professores de uma escola pública de Ensino Fundamental e Médio, no município de Palmital-PR. Os resultados alcançados foram considerados bons pela época em que houve a implementação, final de ano.

Palavras-chave: reciclagem; lixo; ambiente escolar; cooperação. ABSTRACT

The evolution of technology led to the amplitude exploitation of natural resources, which combined with the industrialization and mechanization of agriculture led to social and environmental imbalance. Environmental problems are reflections of social misfits, economic and political society that just wants a profit. Began movements which reflected the concern of the population with negative effects caused by economic development. The solution to the environmental crisis would be linked to a new world view. Consciousness embodies values of unity and solidarity, cooperation and dynamic balance. Education's role is to socialize individuals, leading them to know and act on the global uniqueness. In this context, this study aims to sensitize the school community about the disposal of trash, conserving and caring school, with a view to improving the quality of life. For that developed several activities that have led to more knowledge about the environment, but also reflect on local environmental issues. The strategy adopted was to intervene with a group of teachers from a public school elementary and secondary education in the city of Palmital / PR. The results were considered good due to the time when there was an implementation, in the end of the year. Keywords: recycling, garbage, school environment, cooperation. 1 Especialista em Didática pela Universidade de Marília-Unimar. Pedagogia do Colégio Estadual João Cavalli da Costa – EFM, no município de Palmital-PR. Email: [email protected] 2 Doutora em Educação pela Unesp Marília-SP. Professora do Departamento de Pedagogia da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro. Email: [email protected]

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1 Introdução

A Educação Ambiental, de acordo com a Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999,

é um elemento constitucional e constante da educação Nacional, devendo estar

presente em todos os níveis e modalidades do procedimento educacional formal e

não-formal.

Mesmo diante da legalização da Educação Ambiental enquanto tem

institucionalizado, presenciamos no âmbito escolar ações de desrespeito ambiental.

Este fato tem sido presenciado na escola em que atuamos como docente e

Pedagoga. O lixo produzido pelos alunos dessa escola fica espalhado, embora a

escola possua locais adequados para o destino do lixo.

O lixo muitas vezes é descartado inadequadamente fora e dentro do colégio

por alunos de determinados grupos sociais, tais como aqueles que têm menos poder

aquisitivo e que como os pais trabalham durante todo o dia, não adquiriram bons

hábitos de higiene.

A prática da Educação Ambiental, quando descontextualizada do espaço

vivido do aluno, não promove a construção de conceitos e a reflexão, pela

superficialização do trabalho com o tema e a não-experiencialização necessária.

Bortolozzi Filho (2000) integrou a questão ambiental e o sistema educacional

detectando potencial disponível no entorno de escolas públicas. Nota-se

desinteresse em relação ao meio ambiente onde se vive, encarando certas atitudes

e situações como naturais, concluídas, abolidas, completas. Ecologistas,

ambientalistas e geógrafos têm uma visão preocupada com o espaço e a qualidade

de vida do homem onde está inserido.

Considerando a Educação Ambiental um processo contínuo e cíclico, o

método utilizado pelo Programa de Educação Ambiental para desenvolver os

projetos e os cursos capacitação de professores conjuga os princípios gerais

básicos da Educação Ambiental (Smith, apud Sato, 1995).

A Carta Magna do Brasil, de 1988, segundo Brasil (2004), estabelece em seu

artigo 225: “Todos têm direito ao meio ambiente equilibrado, bem de uso comum do

povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e a

coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras

gerações”.

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Maia (2000, p. 10) afirma que “a educação, sendo um processo que envolve o

homem e a sociedade, muda no tempo e no espaço. E, num tempo tão mutável

como o de hoje, a educação encontra desafios e deve apresentar propostas novas e

criativas”.

Nos últimos séculos, a evolução da tecnologia acarretou maior intensidade

na exploração dos recursos naturais, que aliada à industrialização e a mecanização

da agricultura geraram desequilíbrio ambiental e social em nível planetário. [...] a educação ambiental propicia o aumento de conhecimentos, mudança de valores e aperfeiçoamento de habilidades, condições básicas para estimular maior integração e harmonia dos indivíduos com o meio ambiente (PÁDUA; TABANEZ, 1998).

A globalização dos problemas ambientais são reflexos dos desajustes

sociais, econômicos e políticos de uma sociedade que visa o lucro acima de tudo.

Na esfera global, Fritzsons & Mantovani (2004, p. 1-7), dizem que: A degradação dos recursos naturais é bastante antiga, porém o marco da preocupação da natureza se iniciou oficialmente com os denominados “Clubes de Roma”. O primeiro data de 1968, quando um grupo de 30 indivíduos de vários países e de diferentes formações, dentre eles: pedagogos, economistas, biólogos, e outros se reuniram para discutir um assunto de enorme abrangência: a crise da humanidade. O primeiro relatório produzido foi denominado The limits to growth. Neste relatório consta o que poderia acontecer se os hábitos atuais não fossem mudados e se denunciou a obsessão da sociedade com o crescimento. A este relatório, seguiram-se outros e graças os esforços do Clube de Roma, a consciência internacional sobre o problema quanto ao meio ambiente se expandiu rapidamente.

Apesar desse contexto conflituoso, a Educação Ambiental começou a tomar

forma em nível global somente na década de 1970, com a conferência promovida

pela Organização das Nações Unidas - ONU, sobre o meio ambiente humano, na

cidade de Estocolmo (Suécia), vindo a se estruturar por vários trabalhos e

documentos gerados em função da problemática ambiental.

Outras três conferências foram organizadas pela Unesco ao longo de duas

décadas: a conferência de Belgrado em 1975, a conferência de Tbilisi em 1977 e a

conferência de Moscou em 1987, as quais traçaram os objetivos e os princípios da

Educação Ambiental. Também foi a conferência do Rio de Janeiro, ocorrida em

1992, comumente conhecida por RIO 92 ou ECO 92, realizada com o intuito de

elaborar estratégias e medidas, e promover o desenvolvimento sustentável no

respeito do meio ambiente.

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Lembrar Capra (1996, p. 43) que a palavra-chave para a crise ambiental

estaria ligada a “uma visão holística e ecológica”. Assim, “o indivíduo não é somente

uma parte, mas é também natureza se percebendo consciente”.

Ao se referir ao conhecido lema “agir localmente e pensar globalmente”

Guimarães (2000) destaca a relação entre esses aspectos ressalvando que esse

agir e pensar não são separados e que supera a separação entre o local e o global,

entre o indivíduo e a natureza, alcançando uma consciência planetária de que ser

humano/natureza torna a cidadania planetária.

Pode-se conceber que a Educação Ambiental deve estar em inacabável

edificação, no qual as pessoas, em intercâmbio social com todos do planeta

refazem, integram, complexificam e organizam as noções sobre Educação

Ambiental de tal forma que isso modifique ações e re-estruture com qualidade a

influência mútua no planeta.

Na conferência de Tbilisi, em 1977, formulou-se o objetivo geral da educação

ambiental, que consiste em permitir ao ser humano compreender a natureza

complexa do meio ambiente como resultado de seus aspectos biológicos, físicos,

sociais e culturais, inserir-se nele de maneiras conscientes, que permitam a

utilização reflexiva e prudentes das possibilidades e recursos do universo, para

satisfação das necessidades materiais e espirituais, presentes e futuras da

humanidade (DIAS, 2000).

Observou-se a importância do processo educativo e da vivência integrada do

indivíduo à coletividade, da natureza que o circunda e a integração dos

conhecimentos de forma holística.

A reciclagem é para Brasil e Santos (2004, p. 70):

Um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os detritos e reutilizá-los no ciclo de produção que saíram. É o resultado de uma série de atividades, pelas quais matérias que se tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados, coletados, separados e processados para serem usados como matéria prima na manufatura de novos produtos. (...). O vocábulo surgiu na década de 1970, quando as preocupações ambientais passaram a ser tratadas com maior rigor.

Ainda o maior problema encontrado nas escolas é o descarte inadequado

dos resíduos sólidos, principalmente o lixo.

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Segundo Rodrigues (2009), reciclagem “é um termo originalmente utilizado

para indicar a reutilização de um polímero no mesmo processo em que, por alguma

razão foi rejeitado”.

É o retorno da matéria-prima ao ciclo de produção. “Surgiu na década de

1970, quando as preocupações ambientais passaram a ser tratadas com maior rigor

especialmente após o primeiro choque do petróleo, quando houve importância

estratégica” (PALACIOS, 2009).

Os principais fatores de incentivo à reciclagem, além dos econômicos, são: a

preservação de recursos naturais (matéria-prima, energia e água), a minimização da

poluição e a diminuição da quantidade de lixo que vai para os aterros. Dentre estes,

certamente o último é o que tem tido maior peso nos países que adotam medidas

preventivas.

A incineração (queima do lixo) é a alternativa menos aceitável. Provoca

graves problemas de poluição atmosférica e exige investimentos de grande porte

para a construção de incineradoras. A compostagem é uma maneira fácil e barata

de tratar o lixo orgânico (detritos de cozinha, restos de poda e fragmentos de

árvores). A reciclagem é vista pelos governos e defensores da causa ambiental

como solução para o lixo inorgânico. Com ela é possível reduzir o consumo de

matérias-primas, o volume de lixo e a poluição. É a forma mais racional de

eliminação de resíduos, pois o material usado volta para o ciclo de produção o que

soluciona o problema de superlotação nos aterros sanitários. Ainda sobre o assunto,

o autor opina que os benefícios da reciclagem são de cunho: econômicos;

ambientais e sociais (MEIRA, 2002).

A separação do lixo residencial, de locais públicos e outros evitam a poluição

e impedem que a sucata se misture aos restos de alimentos, facilitando assim seu

reaproveitamento pelas indústrias e impede que os detritos sejam despejados em

terrenos baldios vindo a prejudicar o meio ambiente e gerar graves problemas.

A crise ambiental não é crise ecológica, mas crise da razão. Os problemas ambientais são, fundamentalmente, problemas do conhecimento. Daí podem ser derivadas fortes implicações para toda e qualquer política ambiental – que deve passar por uma política do conhecimento -, e também para a educação. Aprender a complexidade ambiental não constitui um problema de aprendizagem do meio, e sim de compreensão do conhecimento sobre o meio (LEFF, 2001, p. 217).

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Notou-se que reciclagem pode ser dinamizada com ações integradas e

consolidar-se como uma atividade promissora, cujos benefícios serão amplos para a

sociedade e para a formação de cidadãos mais responsáveis quanto à necessidade

de uma melhor qualidade ambiental.

No processo interdisciplinar não se ensina nem se aprende: vive-se, exerce-se. A responsabilidade individual é a marca do projeto interdisciplinar, mas essa responsabilidade está imbuída do envolvimento – envolvimento esse que diz respeito ao projeto em si, às pessoas e às instituições a ele pertencentes (FAZENDA, 2005, p. 17).

A responsabilidade pela melhoria do processo de reciclagem deve ser

compartilhada pela sociedade para que possamos não somente dar um destino aos

resíduos gerados, mas também garantir a todos melhor qualidade de vida. Portanto,

é muito preocupante o controle e o tratamento que devem ser dados ao lixo em todo

o mundo, pois se sabe que mesmo com todas as ações voltadas à destinação e o

devido tratamento em relação ao lixo, ainda tem muito por se fazer.

Leff (2001, p. 254) afirma: “A problemática ambiental, como sintoma da crise

de civilização da modernidade, coloca a necessidade de criar uma consciência a

respeito de suas causas e suas vias de resolução”.

A preservação do ambiente natural é de extrema relevância, pois a natureza

nos proporciona a condição do conforto por seus recursos, que sem os quais o

homem não consegue subsistir.

Neste artigo pretende-se apresentar as reflexões advindas do projeto de

intervenção pedagógica a fim de atender às exigências do curso PDE, expondo os

pontos de avanço presenciados com a implementação e as dificuldades desse

projeto. Além disso, busca-se ampliar o nível de conhecimento sobre os problemas

ambientais locais, articulando-os com os problemas globais e desenvolver o senso

crítico para promover mudanças de atitudes nos cuidados com o meio.

2. Metodologia

Foi realizado um trabalho de sensibilização e orientação dos cuidados

básicos que se devem ter com o ambiente onde se vive e com o destino do lixo

produzido no ambiente escolar de um Colégio Estadual, pertencente ao Núcleo

Regional de Educação do município de Pitanga-PR, para que fosse dado um destino

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adequado ao lixo produzido durante o período em que se permanece na escola.

Buscou-se discutir, por meio do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE)

do Governo do Estado do Paraná, novas alternativas metodológicas para os estudos

em Educação Ambiental, que, apesar de incorporada na educação formal como

conteúdo obrigatório em diversas disciplinas, não têm cumprido suas funções de

orientação preventiva quanto à preservação do ambiente onde se está na maior

parte do dia.

A proposta foi de elaborar um material didático-pedagógico (caderno de

Educação Ambiental - CEA) voltado às questões ambientais: Os resíduos urbanos,

também conhecidos como lixo doméstico, são aqueles gerados nas residências, no

comércio, nas escolas ou em outras atividades desenvolvidas nas cidades. Incluem-

se neles os resíduos dos logradouros públicos, como ruas e praças, denominado lixo

de varrição ou públicos. Nestes resíduos encontram-se: papel, papelão, vidro, latas,

plásticos, trapos, folhas, galhos e terra, restos de alimentos, madeira e todos os

outros detritos apresentados à coleta nas portas das casas, escolas, praças ou

lançados nas ruas.

Utilizando-se desse material para a instrumentalização das intervenções junto

a nove pessoas da comunidade escolar que foram convidados a participarem

livremente da atividade dentre outros.

A proposta de intervenção compreendeu 20h, realizada no período da noite,

como no quadro abaixo:

DATAS ATIVIDADES OBJETIVOS

06/08/2011 (4h)

apresentações necessárias e aplicação de questionário inicial; leitura da Resolução Conama n° 275 de 25 de abril de 2001; explicações. Avaliação das atitudes quanto o lixo escolar e a legislação vigente; passeio pelo local e observações com perguntas e respostas.

levantar as concepções dos participantes sobre o tema a fim de compará-las com suas ideias ao final das atividades; explicar o motivo do projeto para que os mesmos ficassem cientes do processo do qual fariam parte; avaliar se as atitudes tomadas com o lixo estão conforme estabelecido por Lei por meio de questionamentos; realizar um passeio pela escola para observar os locais dos coletores de lixo, se a escola está limpa, quais as atitudes das pessoas em relação ao lixo, e outros; retomar o assunto do lixo escolar, discutindo sobre ele.

20/08/2011 (4h)

audição de música; confecção de desenhos; debate; leitura de textos sobre: resíduo sólido; compostagem; aterro sanitário; chorume; lixão

ouvir a música ‘Xote Ecológico’ (Anexo 1) e debate; ampliar conhecimentos científicos a partir da discussão dos problemas locais;

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Quadro 1 – Proposta de Intervenção no Colégio Estadual Fonte: A Autora

Esperou-se com a atividade de intervenção implantar novos métodos de

abordagem da educação ambiental na escola, com a finalidade de produzir material

didático-pedagógico sobre o tema estudado.

Buscaram-se soluções práticas, eficazes e duradouras nas aulas que têm por

objetivo minimizar a grave situação que se encontra hoje o ambiente escolar, onde

se observam ações e atitudes desagradáveis dos estudantes, no final dos intervalos

demonstrando falta de responsabilidade ambiental ao jogar em qualquer lugar os

restos das atividades escolares, considerados pelos geradores como inúteis,

indesejáveis ou descartáveis.

3 Implementação no colégio: intervenções pedagógicas junto a professores

Inicialmente, a primeira proposta do CEA foi levantar as concepções dos

participantes sobre o tema a fim de compará-las às suas ideias ao final das

e tipos de lixo: reciclável, não-reciclável, lixo tóxico: materiais para jardinagem e animais, materiais para pinturas, materiais automotivos e outros.

17/09/2011 (4h)

reflexão com o documentário 'Lixo Extraordinário' e explanação sobre João Jardim, codiretor do filme que acompanhou; demonstrar como há pessoas que podem readquirir a autoestima

os afazeres do artista através da arte; provocadas reflexões sobre a complexidade da vida dos catadores plástico Vik Muniz, no Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro, um dos grandes aterros sanitários do mundo e dos catadores de lixo.

22/10/2011 (4h)

bate-papo sobre a transformação do plástico em petróleo; leitura em grupo do texto “Esgoto, petróleo e metais pesados ameaçam águas”; apresentação do documentário, “Ilha das Flores”; comentários sobre o documentário “À Margem do Lixo”.

promover a sensibilização das pessoas para a importância de se fazer parte do processo de conscientização ambiental como a sensibilidade e amor pela natureza, senso de responsabilidade na preservação do meio ambiente e o respeito por todas as formas de vida.

26/11/2011 (4h)

confecção de objetos recicláveis e exposição; confraternização.

confeccionar objetos diversos reciclados e expô-los; o objetivo da confraternização é que as relações formadas no ambiente do grupo de estudo se tornem mais humanas com interação entre colegas.

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atividades. Foi explicado aos alunos o motivo do projeto para que ficassem cientes

do processo do qual fariam parte e definiu-se que palavra lixo é proveniente do latim

lix, que significa cinza ou lixívia, ou do verbo lixare, que significa polir, desbastar,

arrancar o supérfluo. Pediu-se então que representassem papéis de jornalistas

preocupados com a saúde pública e com o bem-estar dos cidadãos de sua cidade.

Guimarães (2000, p. 31) delibera sobre a Educação Ambiental no sentido de

que ela marca as transformações da sociedade em direção a novos paradigmas de

justiça social e qualidade ambiental. Com isso, esperou-se a promoção do interesse

e da motivação da equipe com relação ao conteúdo e às atividades propostas.

Segundo Coll (1998), a preocupação contemporânea com os conteúdos

desfaz o caráter monolítico dos pontos de vistas anteriores, tradicional ou

cognitivista. Na percepção tradicional, a comunicação dos conteúdos e a

acumulação de informação se mantinham no centro do debate educativo e tinham

um papel categórico nas orientações. Em seguida, a seriedade dos conteúdos foi

tornada mínima por uma compreensão de educação associada a uma concepção

cognitivista e construtivista da aprendizagem. As propostas curriculares centradas

nessa percepção conferiam ao aluno um papel determinante na aprendizagem e

davam valor à criatividade e para descobertas. Hoje em dia, os entendimentos que

aparecem nas propostas curriculares mostram que os conteúdos possuem um papel

crucial na educação escolar. Ao enxergar a escola como um dos ambientes mais

contíguos do aluno, considera-se que a abrangência das questões ambientais e das

atitudes em relação a elas se dará por meio da própria sucessão dos dias e do

convívio com os demais na escola.

O foco da implementação foi principalmente o problema ambiental da

atualidade, usando fotos selecionadas antecipadamente e figuras diversas coladas

em uma cartolina. Mostraram-se imagens e questionou-se:

1 - O que está acontecendo?

Prof. 1 – “O lixo está espalhado nos intervalos e após as aulas. Não se deve

apenas perceber o que acontece, mas sim atuar como um multiplicador das

informações da sua percepção e das suas descobertas”.

2 - Que local é este?

AGT 1 – “O pátio do Colégio Estadual depois do recreio e das aulas”.

3 - Por que será que estes fenômenos estão acontecendo no local?

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Prof. 2 – “Por descuido da parte de alguns alunos com o meio ambiente e

talvez por não se conectarem com as informações repassadas pelos meios de

comunicação atualmente, pelos pais e pelos educadores”.

4 - Como as pessoas devem interferir no ambiente?

Prof. 3 – “A comunidade escolar deve estar pronta para promover ações que

causem o desenvolvimento dos educandos para o exercício da cidadania, repetidas

vezes, em todas as áreas de estudo”.

As respostas foram valorizadas e ajudaram os participantes a ampliar suas

percepções sobre o ambiente.

Após a introdução do tema, realizou-se um passeio pela escola para observar

os locais dos coletores de lixo, se a escola estava limpa, quais as atitudes das

pessoas em relação ao lixo, e outros. Na volta à sala, conversou-se a respeito do

percurso realizado, partindo das percepções do grupo especialmente em relação

aos cuidados com a higiene na escola.

Retomou-se o assunto do lixo escolar, discutindo o assunto a partir das

perguntas:

5 - Quem produz o lixo na escola?

AGT. 2 – “Na maioria os educandos, mas também as demais pessoas da

comunidade escolar”.

6 - Onde se localizam os coletores de lixo na nossa escola?

Prof. 4 – “Em diversas partes das salas de aula, demais dependências e

principalmente no pátio do colégio”.

7 - Como os auxiliares de limpeza coletam o lixo da escola, onde é

depositado o lixo?

AGT 3 – “Nos horários de limpeza estipulados pela administração”.

8 - Quem são as pessoas responsáveis pela coleta do lixo na escola?

Prof. 5 - Os auxiliares de limpeza.

9 - Como o lixo é transportado pelo serviço público da prefeitura?

AGT. 2 – “Com o caminhão da Prefeitura que coleta o lixo quase diariamente”.

10 - Quanto pesa, aproximadamente, o lixo coletado em um dia na escola?

AGT 1 – “Não sabemos responder e pesquisaremos”.

11 - Quanto será o peso do lixo em uma semana?

Prof. 2 – “Também não sabemos responder e pesquisaremos”.

12 - Para onde é levado o lixo: aterro sanitário ou lixão?

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Prof.1– “Os dois lugares”.

Aproveitou-se a ocasião para explicar que o lixo pode ser separado em 5

grupos: papel, vidro, metal, plástico e orgânico e que há diferentes tipos de lixeiras

onde devemos jogar o lixo.

Em seguida, foi proferida a leitura da Resolução Conama n° 275 de 25 de

abril 2001. Porque se espera que a Educação Ambiental seja compreendida como

uma atividade prioritária no colégio, e com isso se estenda aos demais colégios da

região.

Dando continuidade às atividades realizadas, no segundo encontro ouviu-se a

música Xote Ecológico (Anexo 1), seguindo a observação de Oliveira et al (2002, p.

77): “a música pode ser utilizada com a finalidade de pensar processos de

transformação social, bem como elemento fundamental na elaboração de conceitos

fundamentais para área do conhecimento focalizado”.

Solicitou-se para levar o participante a um interesse maior sobre o conceito

de meio ambiente que organizassem perguntas que levantassem as diversas faces

do problema a partir dela. Para lembrar os autores, fez-se um bate-papo sobre as

músicas com o tema em destaque e entregou-se a gravura abaixo a todos os

participantes colocando-se o vídeo com Luiz Gonzaga cantando. Percebemos que

os participantes puderam relaxar, ouvirem e interpretarem o texto individual e

alegremente, porque com a técnica os participantes descontraíram-se. A

interpretação desta canção permitiu uma sensibilização para a problemática sócio-

ambiental decorrente das ações humanas na natureza.

Desenhou-se durante a audição da música, e depois os participantes

expuseram seus trabalhos. Notou-se que os trabalhos levaram a uma reflexão mais

ampla, demonstrando isso por meio de ambientes diferentes: ruas, escolas, casas,

hospitais, locais de lazer e outros. Enxergou-se a interdependência com o meio

ambiente por onde quer que vá.

O desafio presente na sociedade atual é agenciar uma Educação Ambiental

crítica e inovadora, uma educação que permita a busca de modificação social. O seu

ponto de vista deve ser extenso e incluir o homem, a natureza e o universo,

apreendendo que os recursos naturais se consumem e que um dos principais

culpados por isso tem sido o homem (TRISTÃO, 2008).

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Os jornalistas fictícios expuseram as suas opiniões sobre a técnica utilizada e

sugeriram formar grupos de estudos com os alunos do colégio, dirigindo o

aperfeiçoamento dos conhecimentos arrolados à educação ambiental.

Também foi solicitado que a equipe pedagógica acompanhe individualmente

os alunos com maiores dificuldades de aceitação das normas de mudança com

relação ao ambiente e também que estimule os presidentes de turmas para que

realizem trabalhos de educação ambiental de modo cada vez mais positivo. O

problema deve ser levantado junto com os alunos observando-se a realidade local.

Foram lidos e trabalhados textos sobre o lixo (todo resíduo sólido proveniente

de atividades humanas ou mesmo de processos naturais); compostagem (processo

biológico de decomposição da matéria orgânica contida em restos de origem animal

ou vegetal); aterro sanitário (com o trator, o lixo é empurrado, espalhado e

amassado sobre o solo, sendo posteriormente coberto por uma camada de areia);

chorume (líquido malcheiroso e escuro produzido a partir da composição da matéria

orgânica contida no lixo); lixão (locais onde os lixos são depositados, em grande

quantidade, sobre a superfície do solo e a céu aberto) e tipos de lixo: reciclável, não-

reciclável, lixo tóxico: materiais para jardinagem e animais, materiais para pinturas,

materiais automotivos e outros.

Assistiu-se o documentário 'Lixo Extraordinário' e houve explanação sobre

João Jardim, codiretor do filme que acompanhou os afazeres do artista plástico Vik

Muniz, no Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro, um dos grandes aterros

sanitários do mundo e dos catadores de lixo. O filme mexeu com o emocional dos

participantes quando demonstrou como essas pessoas podem readquirir a

autoestima por meio da arte. Foram provocadas reflexões sobre a complexidade da

vida. O Brasil é desigual e excludente e milhares vivem sem dignidade humana

nenhuma. Indicado ao Prêmio de Melhor Documentário do Oscar 2011, o filme

abordou tema atual e apresentou visões imprevistas sobre a realidade de muitos

seres humanos. O filme levou em 2010 o prêmio de melhor documentário da

International Documentary Association (EUA). Venceu também como melhor

documentário do Festival de Berlim. Depois disso, foram discutidas com os

professores possíveis atitudes para a preservação ambiental a serem realizadas

com alunos. Estudou-se como fazer como fazer uma composteira doméstica.

Também foi destaque a reciclagem de vidro feita em Palmital. Os

participantes sugeriram e demonstraram o que pode ser feito em equipes. O trabalho

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foi muito produtivo. O vidro recolhido é triturado antes de ser enviado (em volume

menor) para uma empresa de São Paulo. “Este material é 100% reciclável, só que

não tem indústrias aqui no Paraná que propiciassem a venda. Então conseguimos

mandar para São Paulo”, contou o Presidente da Aprenarp, Ronald Ludke, na

entrevista ao jornal “Correio do Povo”, de 15/04/09.

No quarto encontro tratou sobre o processo de transformação do plástico em

petróleo, que acontece a temperaturas que vão de 300 e 400º em um reator sem

pressão. O calor rompe as cadeias de moléculas da matéria plástica e os gases que

se desenvolvem nesse processo são condensados, esfriados e derretidos e

transformados em combustível.

Foram lidos diversos textos sobre o tema, dentre eles, sobre a Wastech,

empresa baiana especializada em tratamento de resíduos, tem companhia,

denominada Novaenergia, que atua na transformação de lixo plástico em petróleo. A

RJCP Equity, empresa de investimento em capital de risco é sócia minoritária no

projeto. São reciclados sacolas e filmes. Fica em Salvador e está apta a processar

450 toneladas de lixo por dia, o que equivale a um sexto do total de resíduos

gerados hoje diariamente na cidade. O petróleo produzido e refinado pode ser

vendido em forma de nafta, óleo combustível e diesel.

Também foi debatido o texto “Esgoto, petróleo e metais pesados ameaçam

águas”, de Alice Dantas Brites, Professora de Biologia ( Anexo 2).

Foi apresentado o documentário, “Ilha das flores”, escrito e dirigido pelo

cineasta Jorge Furtado, em 1989, foi produção da Casa de Cinema de Porto Alegre,

já de conhecimento de muitos, mas que sempre leva à reflexão. A ideia foi apontar o

contrassenso da circunstância: pessoas que, numa linha graduada de preferência,

se acham após os suínos. Indivíduos de todas as idades que, num tempo apurado

de 5 min, têm no alimento dos porcos sua comida diária.

Surgiram igualmente comentários sobre o documentário “À Margem do Lixo”

(2008) que seguiu a rotina dos catadores de papel e materiais recicláveis em São

Paulo. Na cidade, o filme mostra a articulação política da classe, de maneira

especial em torno do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis

(MNCR), e o valor deles no cuidado com o meio ambiente.

4 Resultados da implementação

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Foram participantes (15% dos convidados) denominados: Professor 1;

Professor 2; Professor 3; Professor 4; Professor 5; Agente Educacional 1; Agente

Educacional 2; Agente Educacional 3. Houve comparecimento de 80% dos

participantes em todos os cinco encontros de estudo. Em alguns mais e noutros

menos.Talvez isso tenha sido pela época do curso, final do ano, quando os

professores e demais funcionários ficam bem sobrecarregados com a finalização

burocrática do ano letivo.

Reconheceram que o desenvolvimento sustentável envolve uma nova atitude

da comunidade escolar com a natureza, assim sendo, uma modificação do modelo

do grupo e da comunidade em geral.

Foi necessário promover o debate entre docentes que, seguramente desejam

trabalhar sobre o lixo e o meio ambiente, porém têm dúvidas sobre o assunto. Uma

configuração interessante de troca de conhecimento tem sido o Grupo de Trabalho

em Rede – GTR, promovido pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE

2008 até hoje, juntamente com a Secretaria de Educação do Estado do Paraná –

SEED.

Sendo tutora de um grupo de professores, cujo tema é “Reconhecendo e

modificando o lixo escolar”, sendo uma experiência fascinante que admite, além da

aprendizagem, um debate sobre o tema.

A recomendação dos valores que a escola deve agenciar, mostradas por

Vanzan (2000), quando avisa que estas relações estão fundamentadas em

princípios que procuram o resgate de valores que hoje, em grande parte da

sociedade, estão perdidos. Estes valores são apreciados como um modo de conduta

escolhido de forma particular e social em relação a outro. As preferências por

determinada maneira de ser são pegas por meio dos processos de socialização,

porque no relacionamento interpessoal os valores são afrontados, aprendem a

conviver e são explicados em uma relação intersubjetiva impregnada de denotações.

A partir disto se estrutura e organiza e se configura uma escala de valores: o decoro,

o livre-arbítrio, o amor, a paz, a coexistência, a integridade, a liberdade e a

tolerância. Serão assim, conseguidos pelos discentes à medida que o ambiente

escolar tiver fundamento nos valores citados, em que os docentes sejam

explicitadores em modo de ser e fizer disso a prática educacional.

Tais atividades nos comprovam que estamos ‘retirando as pedras do

caminho’. Ao mesmo tempo por meio do PDE e do GTR foi plausível propalar o

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projeto de intervenção pedagógica nas escolas e obter comentários, sugestões e

críticas de outros professores. Há muito ainda a ser feito, mas o extraordinário é que

os primeiros passos estão sendo dados.

Tratar sobre o meio ambiente é fundamental, por isso precisamos nos dispor

cada vez mais, ler muito, participar de cursos e palestras e especialmente da

permuta de experimentos práticos, acompanhados de sugestões para

melhoramento.

Poder-se-á cada vez mais oferecer aos educandos a qualidade em nossas

aulas, pois eles fazem jus a elas e são os que nos impulsionam.

O destaque foi uma exposição feita com produtos reciclados pelos

participantes, com muita criatividade e baseados na frase acima.

Gravura 1- Árvore de Natal

Fonte: A autora do texto

Na época das reuniões de confraternização de final de ano foi utilizada a

árvore de Natal que os participantes criaram.

Grande maioria dos participantes mostrou concordar com conceitos voltados

para a compreensão mais moderna da relação do homem com o ambiente,

fundamentada na conscientização sustentável, sobre a óptica da relação sociedade

e natureza.

Conclusão

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Pela análise das fontes, observou-se que a confrontação do ideal com o

concreto surge quando o aluno confronta as suas proposições de solução com a

condição e os obstáculos reais, usando-se o que já se sabe sobre a realidade, como

auxílio para se encontrar soluções inovadoras.

O descobrimento, a informação na ação grupal, as propostas singulares, o

empreendimento torna os aprendizes verdadeiros atores no palco da aprendizagem.

A realização e promoção da divulgação junto aos alunos de mudanças de atitudes

positivas nos diversos setores da escola em questão com relação à educação

ambiental precisam existir.

A escola é o espaço social e o local onde o aluno dará sequência ao seu

processo de socialização. O que nela se faz se diz e se valoriza representa um

exemplo daquilo que a sociedade deseja e aprova. Comportamentos

ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida

escolar, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis.

Considerando a importância da temática ambiental e a visão integrada do

mundo, no tempo e no espaço, a escola deverá oferecer meios efetivos para que

cada aluno compreenda os fenômenos naturais, as ações humanas e sua

consequência para consigo, para sua própria espécie, para os outros seres vivos e o

ambiente. É fundamental que cada aluno desenvolva as suas potencialidades e

adote posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos, colaborando para a

construção de uma sociedade socialmente justa, em um ambiente saudável.

Com os conteúdos ambientais sendo apresentado nas disciplinas do currículo

e contextualizados pela realidade ajudará o aluno a perceber a correlação dos fatos

e a ter uma visão holística, ou seja, integral do mundo em que vive. Para isso, a

Educação Ambiental deve ser abordada de forma sistemática e transversal, em

todos os níveis de ensino, assegurando a presença da dimensão ambiental de forma

interdisciplinar nos currículos das diversas disciplinas e das atividades escolares.

A fundamentação teórica/prática dos projetos ocorrerá por intermédio do

estudo de temas geradores que englobam palestras, oficinas e saídas a campo.

Esse processo oferece subsídios aos professores para atuarem de maneira a

englobar toda a comunidade escolar e do bairro na coleta de dados para resgatar a

história da área para, enfim, conhecer seu meio e levantar os problemas ambientais.

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Os conteúdos trabalhados foram necessários para o entendimento dos

problemas e, a partir da coleta de dados, a elaboração de pequenos projetos de

intervenção.

Este modelo educacional somente será duradouro a partir de um ponto de

vista da soma de docentes e discentes, em que a interdisciplinaridade se faça

presente; as disciplinas se identificando com a proposta da Educação Ambiental,

agindo em colaboração na procura de recursos para a problemática escolar. A

preocupação geral foi com o desperdício do lixo que há no ambiente escolar e que

pode ser reciclado pelos próprios alunos na própria escola.

Referências BRASIL, A. M; SANTOS, F. Equilíbrio ambiental e resíduos na sociedade moderna. São Paulo: FAARTE Editora, 2004.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Meio Ambiente/Saúde. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, 1989.128p.

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Anexo 1- XOTE ECOLÓGICO (Aguinaldo Batista e Luiz Gonzaga) Não posso respirar

Não posso mais nadar

A terra está morrendo não dá mais pra plantar

E se plantar não nasce e se nascer não dá

da boa é difícil de encontrar.

Cadê a flor que estava ali?

E o peixe que é do mar?

Poluição comeu!

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O verde onde é que está?

Poluição comeu,

Nem Chico Mendes sobreviveu!3

Anexo 2 -Poluição das águas de esgoto, petróleo e metais pesados ameaçam águas.

Alice Dantas Brites

Segundo convenções internacionais, a poluição dos oceanos é a introdução, pelo homem, de

substâncias que provoquem, direta ou indiretamente, danos à vida marinha, ameacem a saúde

humana ou comprometam a atividade pesqueira. Os principais poluentes do meio marinho são o

esgoto doméstico, petróleo e seus derivados, metais pesados, substâncias organocloradas e o lixo.

O termo poluição é utilizado para designar a introdução de qualquer substância que normalmente não

existe no ecossistema e à qual os organismos não estão adaptados. Essas substâncias, chamadas

de poluentes, provocam a degradação física e química do ambiente.

Esgoto doméstico

O despejo de esgoto não tratado no mar provoca o aumento da matéria orgânica presente na

água, levando a uma elevação na quantidade de nutrientes disponíveis. Esse processo é conhecido

como eutrofização. O aumento na concentração de nutrientes permite o crescimento rápido e intenso

de microalgas marinhas. Após certo tempo, essas algas morrem e são degradadas por bactérias

decompositoras.

O processo de decomposição das algas consome o oxigênio dissolvido na água, reduzindo

sua disponibilidade para os organismos marinhos. Além disso, a grande quantidade de algas torna a

água do mar turva, prejudicando a fotossíntese e reduzindo ainda mais o teor de oxigênio na água.

Outro problema gerado pelo despejo de esgoto é a possibilidade de contaminação da água do mar

por microrganismos patogênicos, muitas vezes presentes nas fezes humanas, que podem causar

doenças como a hepatite e a cólera. A fim de evitar esses problemas, medidas de saneamento

básico, como a fiscalização dos emissores e o tratamento do esgoto doméstico, devem ser adotadas.

Derramamentos de petróleo

O petróleo pode ser liberado no mar de diversas formas: devido a acidentes durante o

percurso dos navios transportadores, durante a lavagem dos tanques dos navios, devido a acidentes

nos dutos que o conduzem às usinas de refinamento ou por causa de vazamentos nas estações de

3 PowerPoint com a música "Xote Ecológico". Acesso em 06/05/2011.

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extração.

Após um derramamento de petróleo, as primeiras horas são as mais críticas, pois é o período de

ação da fração volátil do petróleo, que é composta por substâncias extremamente tóxicas. As

substâncias voláteis formam uma espécie de bolha letal na atmosfera, que intoxica e mata todos os

organismos que respirarem esse ar contaminado.

Musse tóxica

Por outro lado, a fração solúvel do petróleo se alastra pelo mar, atingindo as praias e costões

rochosos e também descendo pela coluna d'água. A ação das ondas transforma o petróleo numa

espécie de espuma tóxica, chamada de "ponto de musse", que se espalha ainda mais facilmente pelo

ambiente.

A fração solúvel do petróleo causa sérios danos à biota marinha. Intoxica e mata os microrganismos

presentes no plâncton, gruda nos organismos marinhos, dificultando ou até mesmo impedindo suas

funções vitais, recobre os habitantes dos costões rochosos, como os crustáceos e os moluscos,

impedindo que eles se alimentem e realizem suas trocas gasosas.

As aves marinhas também podem ser afetadas, pois o petróleo pode grudar em suas penas,

impedindo-as de impermeabilizá-las e, às vezes, até mesmo de voar. Existem algumas bactérias

capazes de degradar o petróleo. A eficiência do uso de tais microrganismos para a limpeza de áreas

atingidas por derramamentos vem sendo estudada. No entanto, é muito melhor tomar atitudes que

evitem ou minimizem as ocorrências de acidentes durante o transporte e a produção do petróleo,

evitando ao máximo que esses desastres ecológicos ocorram.

Metais pesados

Certos processos industriais, entre as quais a produção de celulose e de tecidos e a

fabricação de tintas e solventes, geram metais pesados, tais como o mercúrio, o chumbo e o cádmio,

como resíduos. Caso a indústria não realize o tratamento adequado de seu esgoto, esses metais

serão lançados em rios, que acabam por desaguar no mar, contaminando-o.

Os metais pesados se acumulam no organismo e podem causar sérios problemas, como

disfunções do sistema nervoso e aumento na incidência de câncer, em animais marinhos e também

no homem. Assim, o esgoto industrial deve ser tratado antes de ser despejado em rios. Além disso,

os emissários industriais devem ser fiscalizados e monitorados para detectar possíveis descargas de

metais pesados.

Contaminação por organoclorados

Os organoclorados, também conhecidos como "poluentes orgânicos persistentes", ou

simplesmente POPs, pois não se degradam facilmente na natureza, são substâncias que se originam,

principalmente, na produção de pesticidas e plásticos.

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Os POPs não são solúveis em água. No entanto, são extremamente solúveis em lipídios. Por

isso, se acumulam na gordura dos animais, afetando toda a cadeia alimentar. Essas substâncias

podem causar sérios danos aos organismos, afetando seu sistema nervoso, circulatório, imunológico

e reprodutor. Um exemplo de organoclorado é o pesticida chamado de DDT. Nos anos 70, quando

seus efeitos nocivos ainda não eram conhecidos, ele foi amplamente utilizado no combate a pragas

agrícolas, chegando aos oceanos através da água das chuvas, carregado pelo ar e pelo acúmulo na

cadeia alimentar. Atualmente seu uso é proibido, porém, devido ao seu acúmulo nos organismos,

ainda podemos encontrá-lo nos oceanos e nos organismos marinhos.

Lixo

Todos os anos, centenas de toneladas de lixo chegam às praias de todo o mundo trazidas

pelo mar. Uma das principais fontes do lixo nos oceanos são as embarcações, tais como veleiros,

cargueiros ou navios turísticos, que despejam seu lixo diretamente no mar. Outra fonte de dejetos é a

descarga em rios próximos à zona costeira ou diretamente nas praias; a ação das correntes e das

ondas acaba por espalhar esse lixo pelo oceano.

O lixo jogado no mar representa uma séria ameaça aos organismos marinhos. Muitos

animais, como as tartarugas marinhas e os golfinhos, confundem pedaços de plástico ou vidro com

os seus alimentos, engolindo-os e morrendo sufocados. No Brasil, existe o registro do caso de um

filhote de baleia jubarte que morreu de inanição, após ingerir tampinhas de garrafas plásticas que

ficaram presas em sua garganta, impedindo a passagem do leite materno.

Medidas de proteção aos oceanos

Para evitar as agressões ao meio marinho, convenções internacionais determinam que todas as

embarcações devem manter os resíduos produzidos a bordo em recipientes, sendo proibido e

passível de multa o seu descarte no mar. No entanto, uma vez que não se pode identificar

precisamente a origem dos dejetos, a fiscalização dessas ações é extremamente difícil.

Como pudemos ver, existem diversas e perigosas fontes de poluição que ameaçam o ambiente

marinho. Para continuarmos a usufruir da enorme fonte de biodiversidade e recursos naturais que o

mar representa, precisamos repensar nossas atitudes. Assim, além de desenvolver técnicas de

recuperação de áreas degradadas, é fundamental a adoção de medidas de proteção que evitem

novas contaminações e danos ao ecossistema marinho4.

4 Fonte: ensinodematemtica.blogspot.com/2010/10/poluicao-das-aguas-esgoto-petroleo-e.html. Acessado em Acesso em 06/05/2011.