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ISSN 1413-4098 outubro, 1996 CIRCULAR TÉCNICA Níl 09 CUIDADOS COM O BEZERRO RECÉM-NASCIDO EM REBANHOS LEITEIROS Márcia Cristina de Sena Oliveira Gilson Pereira de Oliveira São Garfos,SP 1996

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ISSN 1413-4098outubro, 1996CIRCULAR TÉCNICA Níl 09

CUIDADOS COM O BEZERRO

RECÉM-NASCIDO EM REBANHOS LEITEIROS

Márcia Cristina de Sena OliveiraGilson Pereira de Oliveira

São Garfos, SP

1996

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EMBRAPA-PECUÁRIA SUDESTE. Circular Técnica, N" 09

Exemplares desta publicação podem ser solicitados à:

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Caixa Postal 33913560-970 São Carlos, SP

Tiragem: 2.000 exemplares

Comitê de Publicações:Presidente: Edison Beno PottMembros: André Luiz Monteiro Novo

Armando Andrade RodriguesCarlos Roberto de Souza PainoSonia Borges de Alencar

Editoração Eletrônica: Maria Cristina CampanelliFotos: Carlos Roberto de Souza Paino

ÁREA DE INFORMAÇÃO - EDITORAÇÃO

OLIVEIRA, M.C. de S.,' OLIVEIRA, G.P. de. Cuidados com o bezerrorecém-nascido em rebanhos leiteiros. São Carlos: EMBRAPA-CPPSE, 1996.28p. (EMBRAPA-CPPSE. C;,cular Técnica, 9).

1. Bezerro - Profilaxia - Cuidados.I. OLIVEIRA, Gilson Pereira de. 11. EMBRAPA. Centro de Pesquisa de Pecuáriado Sudeste. /li. Título. I\/: Série.

CDD: 636.2

@EMBRAPA-1996

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APRESENTA çà O

A EMBRAPA - Pecuária Sudeste com a presente publicação,oferece aos produtores de leite recomendações técnicas parabezerros recém-nascidos. Enfoca cuidados necessários para seobter um animal sadio, livre dos problemas comuns que afetama saúde dos bezerros, com a utilização de técnicas adequadasde manejo e sanidade.

Externamos nossos agradecimentos à TORTUGA -Companhia Zootécnica Agrária, pela parceria no patrocínio destapublicação, que por certo irá trazer importante contribuição paraos produtores envolvidos com a pecuária leiteira.

Aliomar Gabriel da SilvaChefe Geral do CPPSE

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SUMÁRIO

Introdução 8O sistema de criação de bezerros 9Cuidados antes do parto 10A cura do umbigo 10A importância do colostro 12Principais doenças dos bezerros-prevenção 14Diarréia neonatal , 14

Diagnóstico da desidratação e acidose metabólicaem bezerros com diarréia 16Hidratação por via oral 17Hidratação por via parenteral 20Doenças respiratórias 21Parasitoses ~ 23

Endoparasitose 24Desmama 27Referências bibliográficas 28

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II CUIDADOS COM O BEZERRO RECÉM-NASCIDO EM REBANHOS LEITEIROS II

Márcia Cristina de Se na Oliveira 1Gilson Pereira de Oliveira 1

INTRODUÇÃO

A obtenção de baixas taxas de morbidade e mortalidade nacriação de bezerros é fator essencial para o sucesso de todosistema de produção de leite. Nas primeiras semanas de vida,os bezerros necessitam de maiores cuidados e proteção devidoà sua elevada susceptibilidade às infecções. O manejo deve serorientado, a fim de se manter um bom estado nutricional eprofilaxia de todas as doenças de ocorrência comum norebanho. Assim, haverá redução nos custos de produção e daspossíveis seqüelas nos animais adultos, que se refletem nopotencial produtivo do rebanho.

f Pesquisador(a) da EMBRAPA, Centro de Pesquisa de Pecuária do

Sudeste (CPPSE), Caixa Postaf339, CEP 13560-970 São Carfos, SP.

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Qualquer sistema de criação de bezerros deve ter comopreocupação fundamental a higiene. A limpeza diária, amanutenção do ambiente seco e bem ventilado sãoimprescindíveis. Os utensílios como mamadeiras e baldes paraaleitamento devem ser cuidadosamente lavados, porque sendoo leite um ótimo meio de cultura, esses objetos estarão sempresujeitos a carrear um grande número de microrganismos.

Os cochos devem ser limpos diariamente, o que prevenirá adeterioração e fermentação da ração. O animal deve serprotegido de todas as condições estressantes, como o frio e ocalor excessivos e das correntes de ar (vento). O abrigo deveproteger contra chuvas e o sol forte da tarde. O bezerro devereceber leite, ração, feno e capim fresco de boa qualidade.

Utensílios utilizados para o manejo de bezerros

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Cuidados antes do parto

Existe uma série de medidas que devem ser tomadas antesdo parto, para garantir a saúde do recém-nascido. No oitavomês de gestação, as vacas devem ser vacinadas contra diversasdoenças a fim de aumentar os níveis de anticorpos no colostro.Essas vacinas devem ser aplicadas seguindo-se a indicaçãoespecífica para o rebanho das principais doenças prevalentesna região (colibacilose, salmonelose, pausterelose, etc.). Osanticorpos do colostro ajudarão na adaptação dos bezerrosrecém-nascidos ao seu novo ambiente.

A cura do umbigo

Após o nascimento, o bezerro deve ter seu cordão umbilicalrapidamente desinfetado. Para esse fim, deve ser usada umasolução alcóolica de iodo, que irá desinfetar e desidratar oumbigo. A solução deve'seraplicada dentro do cordão umbilicalcom auxílio de uma seringa estéril.

Logo após, deve-se banhar completamente o cordão por foracom a mesma solução, mantendo aberto o canal para perfeitadrenagem de qualquer líquido aí retido. Somente amarrar ocordão em casos de hemorragias profusas. Essa operação deveser repetida por cerca de 2 vezes ao dia, até sua completadesidratação e queda. Esse procedimento simples impede aentrada e multiplicação de microrganismos que produzemuma doença muito comum em bezerros: a onfaloflebite,comumente referida como "inflamação do umbigo". A

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onfaloflebite produz várias seqüelas no animal, porquedissemina microrganismos através da circulação, levando àformação de focos infecciosos em diversos órgãos. Conformeo órgão afetado, podem ocorrer pneumonias, artrites, abscessoshepáticos, renais, cardíacos, etc. A solução alcóolica de iodopode ser preparada facilmente na fazenda.

Aplicação de solução alcoólica de iodo, com a utilização de seringa descartável (sem agulha)

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sem
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.Fórmula (solução alcóolica) para desinfecção doumbigo

-

Iodo metálico 5 glodeto de potássio 5 gÁlcool etílico 100 ml

Misturar, dissolvendo bem e manter em frasco âmbar, emlugar protegido do sol.

A importância do colostro

O colostro é a secreção da glândula mamária produzida noperíodo imediato após o parto. É uma secreção viscosa, ricaem minerais, vitaminas, proteínas e, além do seu valor nutritivo,

tem efeito laxativo e imunológico (CHURCH 1974). O colostro é

responsável pela eliminação do mecônio, que são as primeirasfezes do recém-nascido.

O seu efeito imunológico é devido ao seu alto teor em

anticorpos, que são absorvidos integralmente pelo intestino dobezerro. Os anticorpos são proteínas de alto peso molecular,

que fazem parte de um complexo sistema de defesa que

combate agentes infecciosos de natureza variada, denominado

"sistema imunológico".

Nos bovinos, não há transferência de anticorpos da vaca para

o bezerro durante a gestação. Por nascerem praticamente

isentos de anticorpos, eles dependem do colostro para adquirir

resistência às doenças perinatais. Esses anticorpos maternos

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são absorvidos integralmente peI05... ntestino nas primeirasdoze horas de vida e permanecerão na circulação sangüíneaaté ao redordo:4° mês, quando os bezerros já serão capazes deproduzir seus próprios anticorpos (BUSH & STALEV; 1980).Nessa fase, os anticorpos passivos (absorvidos via colostro) vãosendo eliminados e trocados por anticorpos produzidos peloanimal.

É muito importante que os recém-nascidos mamem ocolostro o mais rápido possível e em boa quantidade. Quandoo bezerro pode permanecer com a mãe nas primeiras 24 horaspós-parto, o fenômeno da absorção de anticorpos do colostro éfavorecido, devido a ondas peristálticas do intestino delgado,produzidas pelo estímulo da mamada.

Após as primeiras doze horas, a capacidade de absorção deanticorpos no intestino vai sendo gradativamente reduzida, atécessar completamente. Desse modo, para melhor absorção ocolostro deve ser administrado ao bezerro o mais rápidopossível. Esse alimento deve ser oferecido em volume nuncainferior a 2 litros, devendo-se forçar a ingestão em intervalosde 4 horas, nas primeiras 12 horas de vida.

O volume poderá ser duplicado ou triplicado, dependendodo apetite do animal. Após este período as mamadas deverãoser contínuas em intervalos de 8-10 horas, usando sempre ocolostro integral até o 3Q dia de vida.

O bezerro recém-nascido não deve ingerir nenhum alimentoou mesmo água, antes do colostro. Essa recomendação sefundamenta na elevada permeabilidade do intestino delgadodo bezerro recém-nascido, que o torna também muitovulnerável a infecções intestinais, antes da ingestão do colostro.

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A manutenção de um "banco de colostro" é desejável e muitoútil a fim de garantir a imunização de bezerros que não puderamingerir esse alimento da "vaca mãe".

O melhor método de conservação é o congelamento. Paradescongelar, todo o cuidado deve ser tomado para que atemperatura não ultrapasse os 37Q C. Temperaturas altasprovocam a desnaturação térmica das proteínas. Como osanticorpos são de natureza protéica, o aquecimento provoca asua desnaturação e conseqüente perda da atividade imunizante.

O colostro excedente poderá ser aproveitado também noaleitamento de bezerros mais velhos, em substituição ao leiteintegral. Para esse fim, ele deve ser diluído na proporção deduas partes de colostro para uma parte de água.

Principais doenças dos bezerros - prevenção

Diarréia Neonatal

Entre as doenças que acometem os bezerros nas primeirassemanas de vida, as diarréias têm papel de destaque (NA YLOR,1987). Portanto, a sua prevenção deve ser prioridade na criação.As diarréias são de natureza "multicausal", isto é, sãoprovocadas por microrganismos de natureza variada:protozoários, bactérias e vírus, principalmente.

Como o leite é o principal alimento do bezerro, ele deve sermanipulado com cuidado. As medidas de higiene devem serobservadas, para que esse alimento tão importante para orecém-nascido não se transforme em um veículo para

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microrganismos patogênicos. Os vasilhames devem ser limposcuidadosamente, o leite deve ser fresco e proveniente de vacassadias. O leite deve ser oferecido em quantidade compatívelcom o peso do bezerro e quando for utilizado o colostroexcedente deve-se diluir em água de boa qualidademicrobiológica. O volume diário de 4 litros, dividido em 2 vezesaté o desmame tem sido utilizado com bons resultados. Se oanimal apresentar diarréia, ou seja, fezes líquidas e comfreqüência de eliminação aumentada, a primeira providência érepor água e eletrólitos perdidos.

Aleitamento com a utilização de mamadeira

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A terapêutica causal é limitada devido à dificuldade emestabelecer rapidamente o diagnóstico e também porque amedicação oral pode ter reflexos negativos na função intestinal(OOLL, 1993). Daí a grande importância das medidas profiláticase, principalmente, da adequada ingestão do colostro. Aadministração de soro previne as seqüelas mais graves dadiarréia: a desidratação e a acidose metabólica que são asprincipais causas de morte em animais diarréicos (GROVE-WHITE & WHITE, 1993).

Diagnóstico da desidrataçãoe acidose metabólica em bezerros

com diarréia

Desde a verificação dos primeiros sintomas, o bezerro comdiarréia deve receber soro que reponha a água e os principaiseletrólitos perdidos: sódio, potássio, cloro e bicarbonato(KASARI, 1980). Nos casos avançados, a verificação do grau dedesidratação é muito importante. A desidratação pode seravaliada através de um simples exame clínico (redução daturgidez da pele, posição do globo ocular) ou de laboratório(hematócrito). A acidose metabólica é um quadro clínicofreqüente em bezerros com manifestação extrema de diarréia,e ocorre devido à perda contínua do íon bicarbonato pelointestino.

Esse íon faz parte de um importante sistema de equilíbrioácido-básico do sangue (HASKINS, 1977). A identificação daacidose metabólica apresenta dificuldades consideráveis tanto

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a campo como no laboratório. Uma indicação de acidose é oanimal que, após reidratação, permanece em estado de letargia(DOLL, 1993).

Hidratação por via oral

Nas diarréias neonatais dos bezerros, a perda de fluídos temsido normalmente subestimada. Durante um processo diarréicoprofuso, a taxa de eliminação de líquidos varia entre 4 e 7 litrosdiários. Os animais devem receber esse volume de soro alémdo volume diário de leite, tão logo se inicie a diarréia.

O leite não deve ser eliminado da dieta dos bezerros, porqueuma simples solução de eletrálitos não contém todas assubstâncias necessárias ao seu desenvolvimento normal. Asobservações de pesquisadores têm mostrado que o leite não

.Administração de soro hidratante por via oral, mediante estimulo com a mão para a mamada

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tem efeitos negativos no grau e nem na progressão da diarréia,quando administrado na quantidade correspondente a 10% dopeso do animal (DOLL, 1993).

Várias fórmulas de soro oral estão disponíveis e devem seroferecidas em baldes ou mamadeiras, tomando-se todas asprecauções para evitar aspiração.

Fórmula 1Cloreto de sódio 113,6 9Cloreto de potássio ~ 50,3 9Bicarbonato de sódio 108,9 9Glicose 535,1 9Glicina 223,0 9

Misturar muito bem e para cada 1000 ml (1Iitro) d'águaadicionar 38,2 9 da mistura.

Fórmula 2Cloreto de sódio 117,0 9Cloreto de potássio 150,0 9Bicarbonato de sódio 108,9 9Fosfato de potássio 135,0 9

Misturar muito bem, e para cada 1000 ml d'água adicionar5,7 9 da mistura e 50 9 de glicose. O uso da glicose é opcional,podendo ser eliminado. Só é imprescindível quando o animalnão consegue se alimentar. Durante o tratamento, o bezerrodeve ser estimulado a se alimentar recebendo leite e ração, fenoe capim à vontade. Quando possível, uma boa opção é

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administrar o leite fermentado com bactérias láticas. Podem serutilizadas as culturas de "iogurte" (Streptococcus thermophiluse Lactobacillus bulgaricus), assim como preparados liofilizadospara produção de queijos (fermento lático).

Esse alimento é rico em nutrientes e propicia oestabelecimento de uma flora bacteriana específica no tratodigestivo. Essa flora fermentativa inibe a proliferação demicrorganismos patogênicos. Em casos graves, em que há orisco de generalização da doença ou produção de enterotoxinaspor agentes bacterianos, devem ser utilizados antibióticos delargo espectro, por via parenteral.

Bezerro mamando corretamente o soro hidradante após o estímulo manual

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Fórmula 3 (correção da acidose metabólica por via oral)Bicarbonato de sódio 10,0 gGlicose 10,0 g

Dissolver em 1 litro de água e administrar 1,5 litros, três vezesao dia.

Fórmula 4 (correção da acidose metabólica por via oral)Bicarbonato de sódio 13 g

Dissolver em 1 litro de água e administrar 1 litro 2 a 4 vezesao dia.

Hidratação por via parenteral

A hidratação por via parenteral é necessária a fim decompensar déficit pronunciado, com perda contínua de água eeletrólitos. Quando o animal apresentar sinais de desidrataçãograve como redução da turgidez da pele, afundamento do globoocular e acidose metabólica deve ser submetido rapidamente àterapia com soros hidratantes e alcalinizantes por viaendovenosa (GROUTIDES & MICHELL, 1990).

O volume de soro a ser aplicado deve ser calculado de acordocom o peso do animal e grau de desidratação. Um soroalcalinizante disponível no mercado é o Ringer com lactato. Elepode ser utilizado quando não forem possíveis as preparaçõesendovenosas com bicarbonato de sódio.

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Preparo do soro hidratante para uso via oral

Doenças respiratórias

As broncopneumonias são uma importante causa demorbidade e mortalidade em bezerros leiteiros. Têm etiologiacomplexa. Vários vírus podem provocar lesão primária,proporcionando a invasão bacteriana.

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Microrganismos virais (parainfluenza 3, adenovírus,rhinovírus, reovírus e vírus sincicial respiratório) assim comomicoplasmas são relatados como capazes de lesar osmecanismos de defesa do trato respiratório, possibilitando aproliferação de bactérias patogênicas ou oportunistas comoPasteurella multocida, R hemolytica e Corynebacteriumpyogenes. Essas bactérias podem também causar pneumoniagrave na forma de infecção primária (OOLL, 1993).

Também na prevenção das doenças respiratórias, o colostrotem importância fundamental. As matrizes devem ser vacinadasno ao mês de gestação com a vacina contra a pasteurelose. Issofaz com que o bezerro absorva um grande volume de anticorposcontra a Pasteurella que é um dos principais agentes daspneumonias dos bezerros recém-nascidos (HOWARTH & REIS,1981). O animal deve ainda ser protegido de qualquer forma deestresse: alimentação incorreta, exposição prolongada ao vento,chuva, frio, etc.

Nas primeiras semanas de vida, é necessário que ostratadores adquiram o hábito de observar atentamente osbezerros para detectar o mais cedo possível qualquer processomórbido. É um procedimento muito indicado a medição diáriada temperatura re ta I. Ela pode dar a indicação mais precisa dequalquer problema e pode ser associada a outros sintomascomuns aos animais que adoecem nessa idade: inapetência,prostração, focinho seco, etc.

Quando doentes, os animais devem ser tratados o maisrápido possível. Esse tempo decorrido entre o aparecimentodos primeiros sintomas e o início do tratamento é muitoimportante para o sucesso da terapia. Os animais devem ser

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examinados individualmente pelo veterinário, sempre quepossível. Ele deve avaliar através da auscultação pulmonar, ograu de evolução da doença e prescrever a medicação adequada.Os antibióticos devem ser aplicados por via parenteral emdosagens e intervalos corretos. O ántibiótico de escolha deveser aplicado por no mínimo 5 dias em casos leves e até 7 diasem casos severos.

Em casos graves, quando o animal não consegue sealimentar adequadamente, ele deve receber soro glicosado evitaminas por via parenteral. Outras medicações de suportepodem ser incluídas como expectorantes, broncodilatadores,etc. O uso de corticosteróides deve ser evitado devido ao seuefeito imunodepressor.

Parasitoses

A parasitose é, por excelência, um dos maiores entraves àprodução, produtividade e reprodução de um rebanho bovino,devido à constante espoliação a que são submetidos os animais.

Tal fato se deve porque suas maiores agressões sãoressentidas dos primeiros dias de vida à idade púbere dosbovinos. Ao longo do tempo esse estresse provocado peloparasitismo vai se refletir como um dos responsáveis pelo baixodesfrute do rebanho nacional.

Dependendo do tipo de exploração e manejo na propriedade,os cuidados com as parasitoses têm que ser redobrados e sepossível programados, particularmente em se tratando de raçaseuropéias, as quais são muito mais suceptíveis.

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Endoparasitose

É a síndrome causada por aqueles vermes que se localizamno aparelho gastrointestinal e pulmonar dos bovinos. Algunsdeles podem estar presentes no animal desde o nascimento.Neste caso, são transportados pela via placentária durante odesenvolvimento fetal; são os ascarídios, conhecidos comolombriga. Sua presença forma verdadeiro novelo de vermes epode causar até obstrução intestinal.

Outros parasitas infectam o bezerro nos primeiros dias denascido através do colostro,. são os Strongyloides. No entanto,os maiores cuidados com os vermes devem ser tomados quandoos animais entram em pastejo permanente e, através dele,adquirem severas infestações verminóticas.

Estas infestações têm estreita relação com o ciclo vegetativodas pastagens e a flutuação de larvas nelas presentes, fatosestes de suma importância para o controle da doença (OLIVEIRA,1988). Esses aspectos interagem, proporcionando morbidade ealta mortalidade se não forem tomadas as medidas sanitáriasadequadas.

Alerta-se, com isso, que a verminose, quando associada aproblemas de baixa disponibilidade ou de qualidade deforragens, pode agravar ainda mais o desenvolvimento dosanimais. É que nas pastagens concentram-se as larvasinfectantes, que, ingeridas, irão se transformar em vermesadultos.

Dependendo do manejo dispensado ao rebanho como, porexemplo, pastejo de animais adultos e jovens em conjunto, asinfestações podem aumentar, pondo em risco aqueles de menor

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idade. Isto porque o grau de tolerância, ou seja, o fator de

resistência à carga parasitária difere de acordo com a faixa etária.Os mais jovens são mais susceptíveis, com isso ressentem muito

mais a espoliação verminótica.Numa sinopse do ciclo dos vermes, em geral destacamos:

os vermes localizados ao longo da porção gastro-intestinal

quando adultos, eliminam ovos. Esses seguem o trajeto da

massa fecal e são eliminados com as fezes caindo no chão. No

solo, dependendo dos fatores climáticos, eles eclodem dando

origem às larvas de 1Q estádio.

Daí em evolução passam para o ~ estádio e, finalmente, aof estádio, que são as larvas infestantes. Nesta fase, as larvas

saem do bolo fecal e, aproveitando-se da umidade nas folhas

das gramíneas, ascendem em sua haste e aguardam a ingestão

pelos bovinos. Dentro dos bovinos, elas completam o seu ciclo

parasitário, localizando-se na área de eleição do trato digestivo

até atingir a fase adulta, quando iniciam a postura (BORCHER7:

1975). O desenvolvimento dessas larvas nas pastagens, bemcomo a sua permanência por maior ou menor tempo, vai

depender de condições climáticas favoráveis.Em conseqüência da verminose adquirida, dependendo das

espécies predominantes, os animais podem desenvolver um

quadro sintoma lógico agudo, apresentando pelos eriçados,

inapetência, emagrecimento, fezes diarréicas escuras ousangüinolentas, muitas das vezes fétidas, desidratação, olhosfundos, edema submandibular, anemia e prostração.

Esta síndrome provoca no rebanho um quadro de morbidade

e, dependendo da época do ano reflete, o estado das pastagense a disponibilidade de forragens. O problema pode se agravar

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dando origem a alta mortalidade. Para que o criador não tenhamaiores prejuízos com a endoparasitose de seu rebanho, amelhor maneira é adequar ao seu manejo, de forma imperiosa,o hábito da desverminação de maneira prática e econômica. Adesverminação dos recém-nascidos tem como objetivo eliminarproblemas ocasionais.

Assim, podem ser eliminados os vermes adquiridos viaplacentária como Neoascaris vitulorum, ou via colostro como oStrongyloides papilosus, além de prevenir eventuaisparasitoses, que comprometam a saúde do bezerro. Essaprimeira aplicação deve ser feita até o 10° dia de nascido.

Bezerreiro cOm abrigos individuais

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É necessário verificar se nesse período há evidência debicheira, berne e carrapato, antes de iniciada a medicação. Éque, ocorrendo estes parasitos, dever-se-á aplicar umendectocida. Este, pertencente ao grupo das lactonasmacrocíclicas, englobam os grupos abamectina, ivermectina,moxidectin e doramectin, cuja ação se estende a endo eectoparasitos com o chamado "controle prolongado" (BULMANet aI., 1995).

Desta forma, os animais ficaram mais protegidos, inclusivesobre possíveis miíases que neste período de vida instalam-seno cordão umbilical. Daí por diante, adota-se a aplicação devermífugo a cada 50 dias até aos 8 meses de idade, podendoser por via oral ou injetável, de amplo espectro, dos gruposimidazotiazois ou benzimidazóis.

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Desmama

Ao serem desmamados, os bezerros permanecerm emcontato exclusivo com as pastagens; portanto, há o risco bemmaior das infecções com as larvas de vermes disponíveis naspastagens. Uma dosificação será importante para que não sejaaumentada a contaminação nas pastagens e, conseqüen-temente, a infestação nos animais.

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Cuidados com o bezerro recem-

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11613-1

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