R.David-Religião e Magia_Egito

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5/14/2018 R.David-ReligioeMagia_Egito-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/rdavid-religiao-e-magiaegito 1/32 ROSALIE DAVID . . Religião e Magia no ANTIGO EGITO T r ad u ção Angel a Mac hado

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Recortes do livro de Rosalie David "Religião e magia no Antigo Egito" das questões relativas à moralidade.

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ROSALIE DAVID

. .

Relig ião e M ag ia noANTIGO EG ITO

Tradução

Angela Machado

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A Ascensão do Culto Solar

ÉTICA E SABEDOR IA PESSOA IS

A maior parte da literatura do Antigo Império está ligada à mitologia e aos

rituais realizados para o rei e os deuses. Entretanto, uma fonte imp rtante

fornece esclarecimentos sobre o código de comportamento e os yalores

éticos e morais que prevaleciam no período. Esse gênero é muitas vezes

chamado de""Textos de Sabedoria", embora os egípcios os chamassem de

"Instru ões sobre ~~.:..do~a". Eles acreditavam que esse código tinha sido

autorizado pelos deuses, e embora os manuscritos verdadeiros tivessem

sido escritos em uma data posterior, alguns deles obviamente preservaram

as ideias que eram usuais no Antigo Império, em uma época em q 'á era Ireconhecido ue os atos terrenos de uma pessoa exerceriam profunda----- - - ----- -- -influência na sua ca acidade de atíneir a imortalidade._____ ~ __ b- __ _

As Instruções forneceram um grupo de regras para conduzir os rela-

cionamentos pessoais. Eram um código de ensinamentos que estabeleceu

um padrão de comportamento aceitável para os jovens, e utilizado como

modelo para gerações sucessivas de meninos na idade escolar copiarem.

Na verdade, foram muitas vezes os Exercícios dos Estudantes de períodos

posteriores que preservaram os textos. Eles exemplificaram os valores da

hierarquia centralizada do Antigo Império ao enfatizar a importância do

equilíbrio e da ordem, e fornecendo lições de boas maneiras e conduta,

como também estabelecendo um modelo de estilo e expressão líterários+?

Os trabalhos geralmente consistiam em um discurso de um homem

sábio (o rei ou o vizir) a seu filho ou a alunos, dando conselhos sobre

como melhorar na vida, já que se acreditava que a realização pessoal

traria o contentamento. A maioria dos textos foi composta no Antigo e

Médio Impérios e forneceu um código de comportamento par

meninos ue se tornariam funcionários do estado. Eles apresentavam um

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Religião e Magia no Antigo Egito

Outro aspecto interessante nos textos de Amarna é a similaridade

que podemos observar entre as ideias encontradas no Grande Hino a

Aton e o Salmo 104 na Bíblia. Isso pode ser um exemplo de um emprés-~

imo direto ou indireto entre as duas fontes, ou indica possivelmente que• •

existe uma tradição comum da qual ambos os textos extraíram os seus.conceitos. Aqui está uma seleção de passagens que mostra uma associação

particularmente íntima de ideias:

Tuproduzes feno para os animais e plantas para uso dos homens; tu fazessair o

pão do seio da terra.

(Salmos 104:14)

Seus raios sustentam todos o campos; quando seu brilho é forte, eles vivem e

crescem para você. Vocêmarca as estações para nutrir tudo aquilo gue fez.

(Hino a Aton)

Espalhaste as trevas, e fez-se a noite; é então gue se põem em movimento todos

os animais da selva.Os leõezinhos rugem em busca da presa e pedem a Deus o

sustento.

(Salmos 104:20-21)

Todos os leões saem da toca, e todas as serpentes mordem. A escuridão paira, e

a terra está silenciosa enguanto o criador repousa em seu horizonte.

(Hino a Aton)

Desponta o sol, e reúnem-se, e vão esconder-se nos seus covis. Sai o homem

para a sua obra e para os seus trabalhos até a noite.

(Salmos 104:22-23)

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A Heresia de Amarna

A terra se ilumina quando você surge no horizonte [...] as Duas Terras fazem a

festa. Despertas, levantam-se, pois você está sobre elas [...]. Toda a terra busca o

seu trabalho.

(Hino a Aton),Eis o mar tão grande e espaçoso; nele existem incontáveis peixes, animais

pequenos e grandes. Por ele transitam os navios, e esse monstro que formaste

para brincar entre as suas ondas.

(Salmos 104:25)6)

Navios transitam para o norte e também para o sul. Todas as rotas se abrem

quando você surge. O peixe no rio pula diante da sua face, seus raios estão no

meio do mar.

(Hino aAton)

ATON E O MONOTE íSMO

A natureza monoteísta do atonismo tem sido identifica da como o único

aspecto original e revolucionário do culto. Esse é o primeiro registro na

história em que "o divino se tornou um, o henoteÍsmo foi transferido

para o monoteísmo".29 Nesse culto, os adoradores não podiam mais voltar

aos animais sagrados, às estátuas de culto ou aos homens mortos deificados

em busca de assistência para se aproximarem do deus; o~-

diário era o rei, que ensinou a doutrina para o seu povo. Nos primeiros~anos do seu reinado, Akhenaton tinha escolhido Aton como deus supremo,

mas ainda retinha outras deidades solares - Rá, Harakhte e Shu - junto

com o seu deus. Em um exemplo, Harakhte e Aton até se combinaram

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t Q ) ' Religião e Magia no Antigo Egito

pode-se entender que seus atos conduzem a uma conclusão lógica: levar

adiante as mudanças iniciadas por Tuthmósis IV e Amenhotep lI!na ten-

tativa de refrear o poder de Amon-Rá.

Akhenaton certamente clamou por uma relação única om Aton.

Como o deus não tinha imagens de culto e aparecia somente no céu,

representado pelo símbolo do disco solar, a deidade não era visível ara

todos na terra; então era necessário para ele fazer contato com a humani-..--dade através de um inte"rmediário .o r '. 4 Ao avaliar se Akhenaton

r -estava buscando um compromisso religioso pessoal ou a sua própria

ambição política, ou se ele era mentalmente perturbado, devemos consi-

derar o curso de sua ação. Na verdade, ele parece ter adotado uma abor-

dagem bem-ordenada, seguindo um esquema cuidadosamente planejado

que envolveu a mudança da capital para Amarna, fechando todos os

outros templos e mudando o seu nome e o seu compromisso de fidelidade

f

. para honrar a Aton. Não existe uma evidência concreta de que estivesse

1

simplesmente desenvolvendo as suas próprias crenças religiosas e

colocando-as em prática, independente de qualquer implicação política.Contudo, ele pôs uma ênfase sem precedentes na divindade do faraó e

tomou uma atitude única ao tornar o deus e o rei iguais. Ambos eram então~ - -

deuses criadores, mas somente Akhenaton era acessível à humanidade, que,

portanto, não tinha escolha senão acessar a deidade por intermédio do

rei. Outra nova característica do culto foi a falta de contraste fortes que

sempre tinham formado a parte essencial das crenças tradicionais: não

havia agora o conflito simbólico entre as forças cósmicas da ordem e do

caos,75 nem a luta entre a vida e a morte ou entre o bem e o mal. Para os

egípcios, os conceitos tradicionais e bem e m- eram enca sulados na

Confissão egativa, que o morto era chamado a recitar no seu Dia do------.::::.--. ~ . --- ----Julgamento. Em vários aspectos, estes eram similares ao ez M a-

. .. ..--

mentos bíblicos, categorizando o assassinato, o roubo e o adultério como

--lguns dos "males" da sociedade. Também, nos Textos de Sabedoria,

-

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_---,..-- Heresia de Amarna

podemos obter outra visão da ideia egípcia do que constitui uma "boa" I~ "má" ~ssoa: cobiçar as posses do outro, perder o controle efalar mal (

das pessoas eram todos vistos como t;raços indesejáveis de caráter.

Oatonismo negou a própria existência das trevas e do mal. Ao enfa-

. .tizar a imortalidade e a indestrutibilidade do rei e dispens~r as crenças e

os bens funerários comuns e o culto mortuário, ele tent~ obliterar até a

realidade da IYlOrtedeixando de enfatizar os medos comuns a toda a

humanidade. Voltou-se somente ara a vida, a ordem e o bem. Akhenaton----~retirou com sucesso a camada do meio da religião - a multiplicidade dos

deuses 76 -, por isso não havia rival para Aton ou para a nova fé, e as

crenças antigas foram "substituídas por uma fé quase simplista no

positivo"."? Contudo, o povo ainda sentia claramente a necessidade do

conforto previamente oferecido pelos deuses tradicionais, e, até nas casas

em Amarna, centro do atonismo, as pessoas guardavam amuIetos dessas

deidades para obter a proteção mágica para os membros da sua família e

estatuetas divinas como foco para as suas orações.

Talvez os motivos de Akhenaton não possam ser separados e catego- ~

rizados nem como "religiosos" nem como "políticos"; estes são termos

modernos que tentamos impor sobre uma civilização antiga que não dife-

renciava entre o sagrado e o secular. O rei era provavelmente acionado

pelas considerações políticas e religiosas, e pode ter combinado a sua ins-

piração pessoal com o pragmatismo político. Mas, finalmente, o culto '~

estava destinado a não vingar porque não tratava dos medos e incertezas

mais básicos do povo, comuns a toda a humanidade; ao negar a própria

existência do mal e da morte, o atonismo não poderia esperar fornecer

conforto ou inspiração para os egípcios.

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o Retorno à Orto

em data posterior (talvezno Terceiro Período Intermediário) para acomodar

um grande sepultamento coletivo. Existem mais evidências de esqueletos e

foram descobertos vários sarcófagos, cofres de papiro e esteiras de junco

para sepultamento. o todo, foram encontrados 75 1epultamentos,

incluindo os de várias crianças. Estes e outros restos de esqueletos encon-

trados nas tumbas fornecem uma base para estudos antropológicos que

contribuirão para estudos futuros sobre a biologia da população da antiga

Mênfis.s? Outras pesquisas que estão sendo realizadas nas inscrições e

cenas encontradas nas tumbas, a extensa coleção de cerâmica e os sarcó-

fagos também fornecerão novas informações sobre os residentes de

Saqqara durante o período.

TEXTOS DO NOVO IMPÉR IO

Os Livros Funerários

_"esse período, uma adição importante para os preparativos funerários

oram os "livros" de encantamento~ que auxiliavam a passagem do

Imorto. 3 I A compilação do mais famoso, Livro dos Mort s, foi iniciada

no princípio do ovo Império, mas a sequência completa de encanta-

mentos foi estabelecida bem depois, na XXVI Dina~a.

Essencialmente o Livro dos Mortos fornecia ..:ncantamentos para

egurar a ressurreição do r:;orto e a sua segurança no outro mundo, mas- encantamentos também representavam os atos ritualísticos realizados

--pultamento e n<?.S~lto~ortuário s~sequ~nte, e relatam também o

" do ul amento. Os textos fornecem UPl guia ao morto para facilitar a

trada no submundo e detalhes do que ele encontraria lá. Os encanta-

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Religião e Magia no Antigo Egito

cenas que acompanhavam as inscrições) em alguns sarcófagos da XI

Dinastia, mas no início da XVIII Dinastia os textos estavam sendo escritos

em rol p.apiUl.

Dispostos em capítulos, os encantamentos continuaram a ser ~com-

panhados por vinhetas, que, por volta da XIX Dinastia, tinham se ejcpan-

dido para ocupar a maior parte do papiro, com a redução correspondente

do texto. Considerado um trabalho de autoria divina, o Livro dos Mortos

leraatribuído a Thoth, o deus da escrita. Esses rolos, produzidos em massa

e encontrados já prontos, estavam amplamente disponíveis, e havia

'iversões feitas sob encomenda ou já prontas, nas quais eram adicionados o

I nome e os títulos do comprador. O texto era escrito em hieróglifos

cursivos no rolo, O que oferecia uma opç~ais ac.:ssível do que um

sa~cófago pintado. Era colocado dentro do sarcófago ou junto da múmia,

ou em um nicho na parede da tumba, ou em uma figura oca de madeira

de Osíris ou de Ptah-Sokar-Osíris.

O Livro dos Mortos fornecia ao morto um meio de desafiar a morte;

realçava a necessidade de ossuir valores morais elevados, que estão listados~ --na Confissão Ne ativa, mas se um indivíduo não os tinha, outros encan-

tamentos apresentavam alternativas mágicas. Contudo, não está claro se a

opção da magia era considerada um método verdadeiramente eficaz se odono não preenchesse os padrões morais requeridos. Existem outros

livros funerários com um propósito similar e que são derivados do Livro

dos Mortos.

Métodos tradicionais de datação dos papiros funerários do Novo Reino

incluíram comparações de vinhetas com cenas encontradas nas tumbas

tebanas utilizando a análise de estilos de cabelo e vestuário das figuras.

Contudo, os detalhes mostrados nas vinhetas podem não representar o

padrão contemporâneo, e uma nova busca de critério de datação ampla

tentou incorporar elementos históricos, linguísticos e iconográficos.32

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o Retorno à Ortodoxia

Ensinamento Ético e Moral

o sistema egípcio de educação não está claramente definido em nenhuma

das inscrições, porém a Literatura de Sabedoria e outros textos fornecem

alguma informação sobre o conteúdo moral e ético da instrução na escola.

A Literatura de Sabedoria

As Instruções de Sabedoria, com ostas pela rimeira vez no Anti O e

:\I1édio1m érios, continuaram a desempenhar um papel importante na

educação. Embora esses primeiros textos ainda fossem copiados pelos alu-

nos na escola, foram também introduzi das novas composições. Contudo,

apesar de os primeiros exemplos terem sido utilizados para instruir os

filhos da aristocracia (que poderiam even tualmen te assumir posições

elevadas no governo) sobre a maneira como deveriam se com ortar ao lidar1 A

com essoas sobre as uais teriam autoridade, esses acréscimos feitos

durante o Novo Império destinavam-se aos filhos das classes médias

emergentes. . . . . - - - - -

Um novo texto importante - ,/ Instrução de A l"2 :/ foi quase cer-

tamente composto no ~ Império.33 Ele reteve o50nceito tradicional

de um home~ mais velho (aqui o escriba Any, empregado no palácio da, ~

rainha Nefertari) dando conselhos a um jovem. Entretanto, a tradição dos

primeiros textos em que um rei ou vizir instrui os futuros líderes do país

é agora substituída por uma situação na qual um funcionário menor se

dirige ao próprio filho. Assim, no lu ar dos valores arist crá . os, são os

'alores da classe média, como honestidade e humildade, que são agora-- - ,romovidos.

Outro Texto de Sabedoria - a Instru ão de Arnenemop - foi pro-

-elmente composto no período Raméssida.ê+ É de grande interesse por

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Religião e Magia no Antigo Egito

material ainda fosse o resultado esperado de uma vida correta, agora a

essoa i~ não era necessariamente aquela que conseguia uma posição

de poder, mas a que é humilde no seu relacionamento com os deuses e

-- -om os homens. A honestidade, mais do que a riqueza e a posição, é alta-, . -----

mente considerada, e, não obstante o comportamento social c rreto- - - - - - - - - - - - - - -

tenha sido uma vez necessário para proporcionar um avanço pessoal, as

qualidades individuais, como ersistência, auto controle e g.~za, são

a ora encora·a_das. O o conceito mais signific~tivo foi, contudo, a

crença de que somente um deus é perfeito, um estado no qual nenhum

homem pode esperar igualar, e, dado o abismo entre deuses e homens,

era esperado que os seres humanos mostrassem humildade diante dos--

euses. O texto, mais próximo em estilo e conteúdo da literatura hebraica

do que qualquer outro escrito egípcio, tem sido es ecialmente com arado

aos~}:>ítulos.22 e 23 do L~o dos ProvéE!>iosda Bíblia. Durante o período

Raméssida (a data sugerida da sua composição), a influência e ' cia

s~re os hebreus atingiu provavelmente o seu ápice, e os escritos egíp-

cios podem ~on~.Q.o direta ou indir ta~e ~ a es dos

rovérbios. Alguns exemplos de Amenemope e dos Provérbios demons-

tram a similaridade dos textos:

ão tenhas amizade com o homem colérico, nem andes com o furioso para não

suceder que aprendas as suas veredas e dês à tua alma ocasião de ruína.

(Provérbios 22:24-5)

ão force a ti saudar o homem em fúria,

Pois então causarás danos ao teu próprio coração;

Não diga "saudações" falsamente a ele

Enquanto houver terror em teu ventre.J>

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o Retorno à Ortodoxia

· lai vale o bom nome do que as muitas riquezas; a boa reputação é mais esti-

mável do que a prata e o ouro.

(Provérbios 22: 1)

. .· pobreza é melhor na mão de deus

Do que a riqueza no depósito;

pão é melhor com um coração feliz

Do que a riqueza com a afronta.36

(Amenemope, capo6)

· .ão toques nos limites antigos e não entres no campo dos órfãos.

(Provérbios 23: 10)

· .ão movas os marcos nos limites dos campos,

• 'em desvies a posição da corda de medição.

· .ão sejasganancioso por um côvado de terra

_'em ultrapasses os limites de uma viúva37

(Amenemope, capo6)

Exercícios dos Estudantes

Outro gênero importante que surgiu no fim do ovo Império é o chamado

"Exercicios ao "Estudàfí " que sobreviveu em numerosos papiros~-

~tr~s. 38l::stessurgiram do sistema escolar: compostos pelos profes-

sores, eles incluíam três temas principais, nos quais (i) o mestre dava ao

aluno bons conselhos e encorajamento para trabalha~ejeitar...:> prazer

excessivo; (ii) a profissão de escriba era louvada e exaltada acima das

-utras; e (iii) o aluno louvava o seu mestre e o agradecia pelo seu conselho,

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Religião e Magia no Antigo Egito

Ieram considerados um grupo eparado e privilegiado em uma sociedade

cujo conhecimento da leitura e da escrita conferia superioridade a eles.

O treinamento das classes profissionais era realizado em dois níveis.

Após a educação elementar na escola, onde o menino aprendia "a ler, a

escrever e a compreender e apreciar a literatura, ele era filiadç a um

centro de administração onde continuava o seu treinamento como fun-

cionário júnior, recebendo supervisão pessoal e instrução de um escriba

sênior,

Uma parte importante dessa educação era o dever do aluno de copiar

várias composições, como os Textos de Sabedoria e as chamadas Cartas-

Modelo. Isso não somente capacitava o aluno a adquirir habilidade de lei-

(

tura, escrita e compreensão da gramática, da composição e do vocabulário,

como também fornecia· ru ã sobre os valores morais e éticos

considerados desejáveis.

Parece que somente os meninos que aspiravam ao sacerdócio e suas

profissões associadas, ou ao serviço civil, recebiam uma educação acadê-

mica. Esta era fornecida em várias escolas: ~sco~s nos...E.alácios, onde as

crianças escolhidas recebiam o ensino junto com a prole real, geralmente

Pintura em tumba mostra escribas escrevendo em papiros. Eles carregavam penas extras,

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Religião e Magia no Antigo Egito

com clemência e retidão, e enfatizavam a importância da gentileza, da.-----. ~ -moderação e do bom julgamento. Mas no Novo Império os Textos de

- - - - ~ - - - - - 'Sabedoria foram mais amplamente utilizados para o treinamento

de jovens da classe média, e foram os Exercícios dos Estudantes qu~ sobre-

viveram. Adicionalmente nessa época foram compostos novos text;0s, que

incluíram ideias diferentes que almejavam diretamente as classes médias,

e a autoria do texto não foi mais atribuída ao rei ou vizir, mas a um fun-

cionário menor dirigindo-se ao próprio filho.

Os textos egípcios são geralmente anônimos, porém as Instruções

são atribuídas a autores particulares, embora isso seja provavelmente um

artifício para emprestar a eles uma autoridade, e não um reflexo qualquer

da identidade verdadeira do autor. A primeira Instru ão existente é atri-

buída ao P0!fip~Hardedef, um homem sábio e famoso do Antigo

Império, mas a Instru ão d{P:ai:~te ,e a mais conhecida. Ptah-hotep,

vizir do rei Isesi, da V Dinastia, recebeu o crédito dessa autoria, e sabe-se--que esse homem existiu; há também uma tumba bem conhecida de um

funcionário chamado Ptah-hotep em Saqqara. Em outra Instrução, o vizir

é encarregado pelo rei Huni, da Ill Dinastia, do treinamento e aconselha-

mento do príncipe Kagernni.50

Os conselhos práticos dos textos se referem a assuntos como o~m-portamento correto com os superiores, pares e subalternos, e a necessi----- --- - - - --

dade de ser cauteloso nas alavras e rudente nas amizades. Esperava-se--que os alunos se com ortassem bemnas ~ ue visitavam ou em que se

hospedavam e que mostrassem as verdadeiras qualidades de liderança ao-

tratar com gentileza a uelas pessoas de classe inferior que buscassem sua

--juda quando eles se tornassem funcionários. Os jovens eram aconse-

Ilhados a se casar cedo, respeitar as esposas e se precaver contra amizades

impróprias com mulheres de outras famílias. Eram aconselhados a como

criar seus filhos:

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o Retorno à Ortodoxia

numerosa, e~olas do governo especializadas no treinamento de futuros

funcionários para departamentos particulares e escolas dos templos,

onde, em alguns casos, podiam receber o treinamento médico.

Evidências arqueológicas indicaram que uma vez.existiu uma escola

do templo no Ramesseum, em Tebas, onde, entre as pilhas de refugo, foi

descoberto um grande número de cacos com inscrições. Atirados ali pelos

alunos após terem terminado os seus exercícios de escrita, os cacos mos-

tram inscrições que indicam que eles copiavam repetidas vezes as~--- ~

mesmas passagens, as quais podiam expressar os sentimentos morais que

os professores desejavam em particular que os alunos estudassem e se

lembrassem.

o ÊXOD039

Foi sugerido que o período Raméssida foi a época em que os eventos Issociados ao Êxodo bíblico podem ter ocorrido. Na verdade, nos registros

egípcios não existe uma referência sobrevivente tanto da permanência dos

hebreus no Egito quanto do Êxodo, mas o assunto acendeu debates aca-lorados e controvérsias.

No relato bíblico,40 José, filho de Jacó, foi vendido como escravo por

seus meios-irmãos, que tinham inveja dele. Enviado para o Egito, ele

chegou à casa de um rico egípcio, Potifar, que veio a respeitá-lo e o fez seu

supervisor. Contudo, devido a mentiras proferidas pela esposa de Potifar,José caiu em desgraça e foi enviado para a prisão. Mas a sua capacidade de

interpretar sonhos chamou a atenção do faraó, e ele finalmente foi liber-

tado para decifrar um sonho deste.

Finalmente, ele ganhou prestígio e dinheiro, e até se tornou vizir; pôde

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Religião e Magia no Antigo Egito

permaneceram por cerca de 430 anos até que o último faraó os forçou a

trabalhar como operários, fazendo tijolos para as cidades de Pitom e

Ramsés. Segundo a Bíblía+' como filho de escravos hebreus vivendo no

Egito naquela época, Moisés foi resgatado na margem do Nilo PO( uma

princesa egípcia e levado ao palácio como um príncipe. Finalmen e, ele

conduziu os hebreus para fora do Egito. Eles provavelmente viviam em

locais de construção próximos do Delta, onde trabalhavam, e sua rota do

Êxodo deve ter se iniciado nessa área. Apesar da tentativa sem sucesso

do faraó de recapturá-los, eles conseguiram escapar e alcançar o Sinai,

onde Moisés recebeu os Dez Mandamentos, antes de, finalmente, chegar

ao seu destino, na Terra Prometida.

Tentativas para descobrir qualquer evidência arqueológica ou literária

\

contemporânea falharam até então. Talvez isso não seja um fato surpreen-

dente, pois uma sublevação de uma pequena parte de sua força de trabalho

não teria tido um grande significado para os egípcios; além disso, ~

regi~históricos são uase invariavelmente rQpagandi1tas e re istram

somente seus sucessos. Tem havido, porém, várias tentativas dos estudio-

sos para fixar a época do Êxodo dentro da cronologia egípcia e identificar

o faraó que estava ligado a esse conflito. ~

Segundo um dos primeiros historiadores, Josefo, os, hicsos foram- = - - -identificados como a "tribo de Israel" (ver P: 240); e e afirmou que a sua

conquista do Egito, no Segundo Período Intermediário, foi o evento que~coincidiu com a chegada da família de José. Reivindica também que o

Êxodo deve ser equiparado à ex ulsão dos regentes hicsos pelos tebanos-----da XVII Dinastia (c . 1550 ~C.), mas isso parece uma interpretação bem

l'--'----'-"--J'-Cr.;:..o_v•...-,el, pois enquanto os hicsos eram expulsos do país, os

hebreus envidavam todos os esforços para partir.

É possível que José e seus arentes tenham entrado no Egito em

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o Retorno à Ortodoxia

hicsos (c . 1650 a.C}, entre os grupos de povos semitas que estavam che----gando e se estabelecendo no Delta oriental e no Alto Egito; existem evi-

dências na literatura egípcia de que vários desses povos provavelmente se

tornaram servos em casas egípcias. No Novo Império (c. 1450 a.C.)\

outros estrangeiros chegaram ao Egito, tanto como prisi~neiros de guerra

(alguns dos quais se tornaram empregados nos templos e nas constru-

ções) como mercadores e mensageiros da corte real.

Te havido tentativas para identificar José com Yuya, o so o de- - - - - -

Amenhote III e situar o Êxodo no fim do período de Amarna.v?

Contudo, a descrição dos eventos fornecida na Bíblia parece se ajustar

mais intimamente às condições conhecidas como existentes no período

Raméssida. Os hebreus odem ter feito arte de um balha-----.dores íiín eran tes chamados "Apiru" (Habiru nos textos cuneiformes), que

:: , -viveram no Delta por vários anos, mas ue na é oca foram obri ados a Irealizar trabalhos forçados nos locais de construção.

Na época raméssida, os números da "tribo de Israel" devem ter cres-

cido muito desde a sua chegada ao Egito, e os regentes egípcios podem ter

começado a receá-los como uma ameaça. Além de forçá-los a produzir os

tijolos de barro das cidades reais do Delta, o faraó baixou um decreto real

que exigia a matança de todos os recém-nascidos do sexo masculino, e foi

para que seu fllho escapasse desse destino que os pais de Moisés o escon-

deram entre os juncos.

Segundo a Bíblia, quando Moisés chegou à idade adulta, testemunhou

o maus-tratos recebidos por um trabalhador hebreu determinados por

um supervisor egípcio, e por isso o matou. Em seguida, foi forçado a fugir

para o exílio, no deserto, onde teve o seu primeiro encontro com Deus,

que falou com ele a partir de uma sarça ardente, dizendo que ele tinha

sido escolhido para retornar ao Egito, livrar o seu povo da escravidão e

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Religião e Magia no Antigo Egito

Pintura em tumba ilustra alguns

estágios na produção de tijolos de

barro. Vê-se um supervisor portando

um bastão de açoite.

A recusa do faraó em apoiar a partida dos hebreus resultou em uma

série de desastres (inundação do Nilo, devastação das plantações, doenças,

pragas e, finalmente, a morte do primogênito egípcio), e por isso elefinalmente concordou com a saída deles. Moisés então conduziu seu

povo, provavelmente pela rota que passava ao sul e depois a leste, para

Succoth, antes de ir para o norte novamente, rumando para os lagos

Amargos.43 esse ponto, porém, o faraó mudou novamente de ideia e

enviou uma força policial em carruagens para cercá-Ios e forçá-los a

retomar para o Delta. o ,"mar Verm~' da Bíblia (que era provavel-

mente o ::"Mar2.0s Sar~s"), um forte vento separou as águas, permi-

tindo que os hebreus as atravessassem, mas depois elas voltaram, aprisio-

nando e afogando as tropas egípcias que estavam no seu encalço.

(

Vários dos detalhes bíblicos coincidem com as informações sobre o

período Raméssida, que devem ter deriva outras fontes. Muitos

estrangeiros mantinham posições de destaque na corte da época, e Moisé

teria sido prontamente aceito nos níveis mais altos da sociedade. A sua

educação como um príncipe egípcio o teria preparado muito bem para

o seu papel posterior como líder e dispensado r da lei. As condições de

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condições (conhecidas de outras fontes) em outros locais do Novo,- ---- -

Impéri~, e os nomes bíblicos das cidades que eles estavam construindo

- Ramsés e Pitom - são fortes indicativos do período Raméssida.

Outras fontes também registram que os regentes raméssidas da XIXDinastia introduziram medidas rígidas contra o povo que vivia nas fron-

teiras do Egito.

Contudo, alguns estudiosos sugeriram uma data saíta/persa para o

Êxodo.f+ ou concordaram que o Êxodo não aconteceu como evento histó-

rico, mas que seja talvez uma história folclórica cananita da expulsão.t- ou

até que o relato bíblico seja uma compilação de vários eventos históricos Ique talvez tenham ocorrido durante uma extensão considerável de tempo.

-m seu estudo erudito sobre Moisés e o monoteísmo, Ass n

explorou o Significado de Moisés como uma figura da lembra~ mais do ~

que da história. O mesmo trabalho examina também a teoria de que

Moisés foi realmente um sacerdote egípcio que conduziu um grupo de

eguidores para fora do seu país e revelou a eles a verdade oculta da sua

própria religião egípcia: de que havia uma única força suprema de todas

as coisas. Esse grande conhecimento pode ter sido passado somente para

353

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Religião e Magia no Antigo Egito

os iniciados do clero egípcio após um longo período de instrução e pre-

paração, mas nunca antes tinha sido acessível para as massas porque o

estado precisava manter o controle sobre elas, assegurando que a sua

crença continuaria tanto no politeísmo (incluindo a própria divin~ade do

rei) quanto na vida após a morte, dependente do comportamento forreto

neste mundo. Mas, segundo essa possível reconstrução de eventos, as pre-

\

missas e / cias sobre o monoteísmo foram reveladas pela primeira vez a

um grupo de não iniciados, quando Moisés dirigiu os seus seguidores no

deserto do Sinai.

Mesmo que aceitemos que o Êxodo tenha ocorrido na XIX Dinastia,

Ia i~o faraó ermanece incerta. Originalmente foi proposto que

as perseguições podem ter acontecido sob Ramsés II e Merneptah, e

que este último foi o faraó do Êxodo, mas evidências descobertas em

1896 lançaram uma dúvida considerável sobre a teoria. Uma estela (agora

conhecida como~ela d e IS~, usurpada por Mer neptah de

Amenhotep Il l e erigida em seu templo de culto real em Tebas, foi inscrita

com um relato da guerra líbia de Merneptah. Trata-se da única referência

a Israel sobrevivente nos textos e / cios, e prova que Israel já estava

estabelecido como uma entidade oeo áfica e terra natal em meados do

reinado de Merneptah, Se Merneptah foi realmente o faraó associado à

história do Êxodo, então Israel não podia já estar estabelecido, de modo

que parece mais provável que as perseguições e o Êxodo tenham ocorrido

no reinado do seu predecessor, Ramsés 1 1 . Entretanto, somente futuras

~escavações poderão revelar evidências mais conclusivas sobre tais eventos.

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Oriente e Ocidente: Conflito e Cooperação no Egito Greco-Ro a "

A CHEGADA DO CR IST IANISMO

Os egípcios adotaram ansiosos o cristianismo desde o século I d.e. A reli-

-----ião foi introduzida através da cidade de Alexandria, tendo sido levada de

- - - -erusalém por amigos e parentes da comunidade judaica alexandrina.V

O cristianismo, que promoveu alguns conceitos que já eram familiares

para os egípcios em sua antiga religião, foi prontamente aceito pelos

pobres, com a sua mensagem de desapego pelos bens mundanos e apoio

mútuo. Contudo, as pessoas ricas a princípio se agarraram às suas velhascrenças, e os governantes romanos consideraram o cristianismo um

movimento subversivo, já que ele se recusava a reconhecer a divindade do

imperador.

Os romanos realizaram uma perseguição sistemática aos cristãos no

Egito, mas isso somente encorajava as massas a abraçar a nova fé como um

sinal do seu antagonismo ao estado romano, e, no fim do século II d.e.,

a comunidades cristãs em Alexandria e no Baixo Egito floresciam.

Finalmente, o i~perador Constantino ~ (filho de Santa Helena), primeiro

~overnante a apoiar o cristianismo, aca~::.::..co~ perse~ições ao

promulgar o seu Édito da Tolerância (311 d.C.}. Em wn édito posterior

}84 d.~~9-95 d.e.), batizado como cri:tão logo após sua

subida ao trono, declarou formalmente que o cristianismo era a religião, -- --

oncial do Império Romano. Ordenou também o fechamento de todos os

templos dedicados aos antigos deuses. Houve então grande perseguição

o heréticos e pagãos, e foi realizada uma destruição sistemática dos

mplos em todo o Egito, resultando em um abandono da antiga fé. No

entanto, o Templo de Ísis na ilha de Filae continuou a funcionar junto

om as igrejas cristãs, até ser fechado em c. 535 d.e., no reinado de

iniano, e, apesar da mudança oficial na religião, os antigos costumes

- breviveram. S3

)

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Religião e Magia no Antigo Egito

Com o estabelecimento do cristianismo, a natureza da posição ecle-

siástica do patriarca de Alexandria e da sua ampla influência sobre os

assuntos políticos e econômicos refletiu o papel que uma vez tinha sido

desempenhado pelo faraó.54 Alguns antigos ritos e ideias também foram

(

levados para o cristianismo egípcio, incluindo os cultos dos sa;tos, a

peregrinações, a interpretação de sonhos, os oráculos de cura e as tradições

funerárias.U A mumificação continuou em partes do Egito e da Núbia·

embora a evisceração tivesse sido descontinuada, a superfície do corpo

recebia uma camada de natrão e de outras substâncias para deixar a pele

macia e flexível. O corpo era elaboradamente vestido com roupas e calçado

bordados e enrolado em lençóis de linho. Os cristãos e í cios não

desaprovavam a preservação do corpo a ós a morte, e a prática sobreviveu- - - ----té entre os membros das comunidades moná~s.56 A mumificação

,........----

Icessou de ser praticada somente após a invasão árabe do Egito, em 641d.C., e a subsequente introdução do Islã.

Até o costume de manter os banquetes funerários na tumba sobreviv

ao início do cristianismo, embora tenha havido tentativas para suprimi-Ia.

Por exemplo, o Código Teodosiano dizia que as tumbas deviam ser

localizadas fora dos muros das cidades e proibia a celebração de refeições

funerárias dentro da necrópole.5"-Até hoje no Egito existem pelo men< -

duas ocasiões funerárias, cujas origens podem ser traçadas até a Antigui-. .. .• . . . . . ---dade. Em uma delas - conhecida como el-Arbeiyin -, a família do fale-

cido leva os alimentos até a sua sepultura e os presenteia aos pobres qu

se reúnem ali. Isso só pode acontecer em um período após quarenta di

da morte e lembra os antigos serviços de sepultamento egípciquando os parentes se reuniam na tumba para as cerimônias que culmi-

navam com o banquete funerário. Outro antigo costume é revivido com

visita anual contemporânea que muitas pessoas fazem à sepultura

família, levando alimentos especialmente preparados para a ocasião, co

os quais presenteiam os pobres.

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Oriente e Ocidente: Conflito e Cooperação no Esito Greco-Romano

A contribuição do templo egípcio ao cristiani m nunca foi muito

explorada, 58 embora tenha havido um estudo resumido da ossibilidade

de que o conceito da Trindade tenha sido transmitido do Antigo Egito.59

--Outras i eias foram filtradas da reli ião ~Rcia Eara o Antigo e o ovo. ,Testamentos, e, como afirma um autor,60 "Ainfluência da religião egípcia

,

na posteridade é sentida sobretudo por meio do cristianismo e seus

antecedentes". As associações foram também notadas entre os Textos de ISabedoria egípcios ~ivros bíbii~os dos Salmos e dos Pr~vérbios, e a

doutrina judaico-cristã da criação "por meio da pala~ m~tra paralelos

com os mitos da criação egípcios. Também a ideia de um "Dia do Julga-

mento" ocorre nas tradições egípcia e judaico-cristã, ao passo que o mito

de Osírisçcom a sua ênfase sobre a morte, renascimento e ressurreição,__ _ -

pode ter preparado a mente egípcia para uma pronta aceitação do cris-

tianismo. Foram também traçados elos entre o culto de Ísis e a mariolatria,

endo evidente que a religião egípcia influenciou o cristianismo não

omente por meio do Antigo e do ovo Testamentos, mas também pelas

tradições egípcias e helênicas de Alexandria, nas quais o cristianismo

firmou primeiro as suas raízes. Contudo, o desenvolvimento do cristia-

nismo no Egito foi mais lento do que é algumas vezes reconhecido, e o

desaparecimento do paganismo ocorreu durante um longo período, forne-

cendo a oportunidade para ambas as tradições influenciarem uma a outra.

Em termos de religião popular, vários costumes também sobrevi-

veram.õ! os tempos modernos, as antigas influências incluem elementos

diferentes, como a medicina popularé- e os festivais, nos quais as tradi-

ções faraônicas sobrevivem de forma reconhecível.O Hoje, o Festival de

ham el- essim celebra a chegada da primavera, quando as famílias par-

ticipam de passeios e se presenteiam com ovos coloridos. Isso perpetua

um antigo festival que marcava o renascimento da vegetação e a renovação

da vida. Da mesma maneira, no Festival d Awru el-Nil , quando a

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Religião e Magia no Antigo Egito

população do Egito moderno aproveita um feriado nacional e joga flores

no Nilo, ela está relembrando a antiga celebração da inundação, quando

solicitavam ao deus que concedesse uma inundação adequada e garantisse

a prosperidade para a terra e seus habitantes. ,\.

Por milhares de anos a religião do Antigo Egito supriu um povo sofisticado

e magnífico com ideias e instituições que os sustentou e aparentemente

supriram as suas necessidades espirituais. Hoje, é interessante observar

que alguns desses costumes sobreviveram como tradições nacionais;

porém, o mais importante é podermos reconhecer que as antigas delibe-

rações egípcias sobre a imortalidade, o monoteísmo, a ética e a moralidade

exerceram a sua marca indelével própria sobre as três grandes religiões: o

judaísmo, o cristianismo e o islamismo.

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A Ascensão do eu Ito Sola r

Se você mantiver seu respeito e formar uma família, e tiver um filho que agrade

a deus, se ele agir certo e seguir seu modelo, e ouvir suas instruções, e suas rea-

lizações forem boas na sua casa, busque tudo o que for bom para ele.

(Instruções de Ptah-hotepj ê 1

Existem conselhos sobre a ganância e orientação sobre o comportamento

durante as refeições:

Se for convidado para uma refeição na mesa de alguém que é superior a você,

Tome o que ele lhe der como for colocado diante de você.

Não olhe para o que for colocado diante dele,

Mas olhe para o que estiver diante de você [...]

Não mostre sua aprovação antes que ele o cumprimente,

Fale somente após ele ter-lhe cumprimentado.

Ria quando ele rir.

Isso agradará O coração dele e o que você fizer será aceitáve I [...].

(Instruções de Ptah-hotepj=

A emoção mais destrutiva e mali~a é identificada como a cobiça:- ............---

Se você deseja que sua conduta seja boa, livrando-se de todo o mal, então esteja

atento à cobiça, que é uma doença incurável. É impossível ser companheiro dela:

torna o melhor amigo amargo, aliena o empregado confiável de seu mestre,

torna maligno tanto O pai quanto a mãe, junto com os irmãos da mãe, e divorcia

a esposa do homem [...].

(Instruções de Ptah-hotepj- '

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Religião e Magia no Antigo Egito

Libação

Oferenda líquida apresentada ao deus ou ao falecido como parte de um ritual

do templo ou funerário.

Lista de O ferendas

Inscrita na parede de uma tumba ou templo, incluía alimentos, roupas e outros

artigos presenteados ao morto ou aos deuses como parte dos cultos funerários

ou divinos.

Lista de Re is

Lista de regentes legítimos do Egito que foi colocada em um templo de modo

que os "Ancestrais Reais" (reis anteriores) pudessem receber um culto.

Lit eratura Pessim ista

Gênero literário que e:>..l)[essavadúvida e infelicidade a respeito das condições

contemporâneas.

Lit eratura de Sabedoria

Também conhecida como "Instruções de Sabedoria", o texto fornecia ensina-

mentos morais e éticos para os meninos das classes superior e média.

. • . . • . • . { ,

Livro dos M ortos - 1\;\ (l'll{) ~ , e\..V:7Um texto funerário do Novo Império que continha uma série de ~s

e instru ões ara capacitar o dono falecido a atingir a imortalidade. O Livro,.-------dos Portais e o Livro das Cavernas forneciam outros textos similares.--ÚVros Funerários

Textos funerários do ovo Império (por exemplo, o Livro dos Mortos) que

protegiam o dono falecido.

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Glossário

- plo de Culto

a Complexo de culto divino.)

ada . .uoyerno do estado realizado por sacerdotes ou ministros como representantes

o deuses.

Texto s da Constr ução

Inscrições murais no Templo de Edfu que relatam a mitologia da criação.

~Texto s das P irâm id es

Textos mágicos inscritos nas paredes internas de algumas pirâmides para auxiliar

o rei a atingir os céus.

Inscrições mágicas cuja intenção era destruir tanto os inimigos pessoais do

indivíduo como os do Egito.

, - - -Textos Funerário s

Fórmulas derivadas dos Textos das Pirâmides, eram inscritas nos caixões para~

fornecer assistência mágica ao dono para que este atingisse a imortalidade.

Triade

Grupo de três deuses geralmente constituído de pai, mãe e filho.

Tumba em Câmara

Um tipo de tumba encontrada no Egito greco-romano.

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Religião e Magia no Antigo Egito

Os textos aconselham como a cobiça deve ser evitada:

Não cobice em relação à partilha e não seja exigente com relação ao que lhe é

devido. Não seja cobiçoso em relação à sua família [...). •.

(Instruções de Ptah-hotepj-?

Uma Instrução que é bem diferente das outras é conhecida tanto como a

"Sátira sobre o Comércio", a "Instru ão de Duauf" ou a "Instru ão de- ---

l2:eti". Provavelmente composta em algum momento entre o Antigo e o

Médio Impérios, o texto é atribuído a um homem humilde chamado

Duauf, filho de Kheti. Duauf dá bons conselhos a seu filho, Pepi, que é

afortunado por receber a educação na "Escola de Livros", entre os filhos

dos magistrados. Duauf está preocupado que seu filho se saia bem na

escola e se torne um escriba ("homem letrado") para poder evitar a

durezas associadas aos vários comércios. O texto descreve como Duauf,

quando leva seu filho para a escola, enumera as várias dificuldades encon-

tradas no comércio e as compara à posição e às condições excelentes da

profissão de escriba. Para ser bem-sucedido como escriba, o aluno deve

trabalhar muito, e o texto louva as escolas e a educação de modo geral.

Por essa razão foi um modelo favorito para as gerações posteriores de alunos

copiarem e estudarem.

Os Textos de Sabedoria datam de pelo me bS 2 40~ combinam

tanto a didática quanto os conceitos contemplativos. O código de com-

portamento reflete os mais elevados padrões do Antigo Império e nos

possibilita identificar os atributos pessoais que eram considerados os mais

desejáveis. Estes incluíam a entileza com os su icantes, moderação em

todos os contratos, autoc mtrole, sabedoria e ca acidade de exercer um- - - - - ~bom julgamento. Dessa maneira, os egípcios buscavam estabelecer um alto

padrão de comportamento para os funcionários do estado.

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Religião e Magia no Antigo Egito

e interpretação das cenas murais e inscrições reais. Tiradas de vários a iros

-unerários (os chamados "Livros"), as cenas eram colocadas como

r:-

'as na tumba do rei para.ajudá-Io,a superar.os perigos q@!ldo assasse

do mundo dos vivos para o mundo dos m~rtos. Hoje, os estudiosos reco-

nhecem o significado religioso dessa decoração mural e revisaram suas

opiniões anteriores de que a arte real das tumbas era banal e não sofisti-

cada. O mais famoso entre esses textos o Livro dos Mortos.f que osegípcios chamavam de "Livro de Sair à Luz do Dia", enlatizava a ~~~

-renascimento diários do sol e continuava com a ideia dos Textos das

Pirâmides e dos Textos do Sarcófago fornecendo uma série de en~-

mentos ara assegqrar a ressurrei ão do falecido e a sua segurança no., .- - - . • . .

outro mundo. ~ "Livro de Amduat" ("O Outro Mundo") era particular-

mente importante porque ilustrava a jornada do deus-sol pelo submundo,

onde ele lutava contra demônios e males durante as 12 horas da noite.

O renascimento do sol a cada manhã simbolizava a renovação da criação

e a emergência do mundo inteiro do caos da noite.

Em uma área próxima, conhecida atualmente como "Vale....das~

Rainhas", foram construídas tumbas para algumas rainhas da XIX e XX

-inastia e também para outros membros reais, particularmente algumas

princesas do período de Ramsés. Na verdade, na XVIII Dinastia não havia

uma área específica reservada para O sepultamento das rainhas, e suas

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Religião e Império

A maioria das tumbas continha cenas murais representando a produção de alimentos (como

aqui) para assegurar um suprimento perpétuo para o dono morto.

tumbas foram espalhadas por toda a necrópole. Muitas tumbas no Vale

das Rainhas não foram terminadas nem decoradas, mas nas cenas e ins-

crições que sobreviveram, o tema principal é a relação entre o morto e os

deuses e a conclusão bem-sucedida da jornada final para o reino dos mor-

tos. Foram descobertas e es das ali ais de setenta tumbas, a maisfamosa pertencendo Nefertari, rainha favorita de Ramsés li. Esta con-

----tém cenas que se encontram entre os mais refmados exemplos da arte

egípcia nas tumbas, e a restauração recente possibilita agora aos visitantes

verem parte da beleza e grandiosidade originais.

Também foram encontradas na área tumbas não reais de vários corte-

sãos e funcionários do Novo Império. Elas estão espalhadas em vários

locais e representam o período entre a VI Dinastia e o Período Greco-

Romano, embora cerca de quinhentas datem do Novo Império.S!

Embora exista uma variação considerável no planejamento e na cons-

trução das tumbas durante esse tempo, um plano básico já tinha surgido

no Novo Império. A típica tumba particular tebana da XVIII Dinastia

consistia em um átrio retangular aberto, por trás do qual ficava uma capela

em forma de T invertido cortada no lado da colina. Na parte dos fundos

da capela, ou em um dos cantos do átrio, um poço escondido descia para

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Religião e Magia no Antigo Egito

bens funerários. Algumas vezes as paredes eram decoradas com in crições

dos livros funerários, mas geralmente elas surgiam somente nas paredes

da capela de oferendas.

A capela, onde a família ou o sacerdote apresentava as oferendas para"\

o falecido, foi uma inovação introduzida no início da XVIII Dinastia, mas

era o desenvolvimento de uma disposição encontrada nos pórticos das

tumbas do Médio Império. Consistia em uma entrada transversa e de uma

passagem que corria longitudinalmente do centro da sala para dentro da

lateral da montanha.J? Um pequeno santuário ficava localizado na extre-

midade dessa passagem, que continha um nicho onde, na Antiguidade,

eram colocadas as estátuas do dono e de sua esposa. Algumas vezes havia

também uma "porta falsa" através da qual o espírito do dono poderia pas-

sar para ganhar acesso às oferendas de alimentos.

Longe de apresentar um mundo de escuridão, as tumbas egípcias sur-

{

preendiam os visitantes com pinturas nas quais as cores são muitas vezes

. tão brilhantes e vivas como quando foram feitas pela primeira vez sobre as

paredes. O assunto das cenas murais em cada capela de tumba também

demonstra uma crença em uma pós-vida, que espelha a existência diária

do dono, mas que excluía as doenças e os perigos associados ao mundo

dos vivos. Essas cenas seriam ativadas na cerimônia do sepultamento com

a realização de ritos mágicos para que pudessem agir e ser utilizadas pelo

dono no outro mundo. Embora realmente houvesse alguns exemplos de

J

relevos esculpidos nas tumbas tebanas reais e não reais, a edra local era

de bai ualidade e, or isso, a maioria das cenas era intada e não escul-

ida. As paredes eram cobertas com reboco e estuque de lama, e depois

aplicada a pintura. Certas cenas ocorrem em locais particulares dentro da

tumba. Algumas ilustram as atividades diárias, a profissão ou ocupação do

dono, sua devoção aos deuses, esportes e recreação, a família e as ativida-

des sociais, enquanto outras registram os preparativos realizados para o

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Religião e Império

seu funeral e a própria cerimônia fúnebre. Portanto, essas cenas conti-

nuaram com os temas comuns encontrados nas tumbas do Antigo e

Médio Impérios, mas também refletem muitas vezes as influências cos-

mopolitas do Novo Império, mostrando, por exemplo, os mensageiros

estrangeiros da Síria e das Ilhas Egeias trazendo tributos para o Egito.

Embora várias dessas tumbas ainda continuem a ser estudadas, uma série

de copistas modernos, incluind~urton, Ha , Wilkinson, Carter e

N,..ormane Nina dLGaris"pa~s, registrou essas cenas, preservando com

frequência as informações que têm sido subsequentemente danificadas

ou destruídas.õô

Os bens funerários encontrados nas tumbas do ovo Império mos-

tram que algumas categorias do Médio Império ainda permaneceram:

estas incluem vasos canó icos, estátuas do dono e ~~a esposa, modelos

de barcos e servos e os ushabtis. Os sepultamentos do Novo Império pos-

suíam também uma profusão de roupas, joias, perfumes e cosméticos,

jogos, móveis, cerâmicas e outros artigos de uso diário. Junto com as

cenas murais, tais objetos fornecem uma visão do estilo de vida opulento~ -

de uma sociedade rica e sofisticada. O funeral e o sepultamento do

morto, retratados nas cenas murais, também podem ser reconstituídos.

Após o corpo ser mumificado na loja do embalsamador, a família o trans-

portava da margem oriental, onde vivia a maioria das pessoas, para a

necrópole, na margem ocidental. A procissão então percorria o caminho

até a tumba; os bens funerários eram transportados por carregadores, e

carpideiras profIssional acompanhavam o grupo .:Contratadas especifica-

mente para a função, elas são mostradas com vestidos !asgados e cabelos

~alinhad~, esfr~gando ó em suas frontes e lamentando o falecido.

Quando a procissão chegava à tumba, a múmia era colocada de pé na

entrada, e o sacerdote sem realizava a cerimônia da ''Abertura da Boca" no

corpo e em todas as figuras inanimadas na tumba a fim de trazê-Ias à vida

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V t

o

Religião e Magia no Antigo Egito

para serem usadas pelo dono falecido. Uma vez a múmia colocada na

tumba, essa "volta ao lar" era celebrada pelo serviço funerário, queincluía a recitação de hinos e cantos, muitas vezes acompanhados por um

harpista. Finalmente, a família partilhava uma refeição funerária na

tumba, da qual se acreditava que o falecido participava. Em ocasiõe sub-I sequentes, as pessoas visitariam a tumba e partilhariam as refeições come-

I

morativas com seus parentes mortos, um costume que tem continuado

nos tempos modernos. 54

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