RAVL - NÚMERO 1 - DEZEMBRO DE 2015

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R A V L REVISTA DA A V L Número 1 - Dezembro 2015

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Este é o primeiro número da Revista da AVL, criada para divulgar as ações da Academia, seus membros e o cenário literário da região.

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R A V LREVISTA DA A V L

Número 1 - Dezembro 2015

Revista da AVL Número 1 – Dezembro 2015

Revista da Academia Volta-redondense de Letras

R A V L

Editor: Vicente Melo

Co-editores: Aline Reis José Huguenin

Revisão: Aline Reis Arte gráfica: José Huguenin

Academia Volta-redondense de Letras

Patrono: Manoel Bandeira

Presidente: Mércia Christani

Vice-presidente: Vicente Melo

Presidente do Conselho Deliberativo: Eldo Costa

Conheça a AVL emwww.avl.org.br

Ano I – Número 1Dezembro de 2015

Distribuição eletrônica gratuitaPlataforma ISSUU

Editorial …. 3 nasce a Revista da AVL

Notícias Literárias.......4 Veja resumo dos principais fatos literários do ano

Um pouco de história...10 Após 61 anos, muita história para contar Nossa Língua.....11Está por dentro do novoacordo ortográfico?

Crônicas....12 histórias do dia-a-dia

Autores da casa....13conheça o trabalhos dosAcadêmicos da AVL

Resenhas...15 o que você tem lido?

Artigos....20informação e reflexãosobre fatos literários ehistóricos Coisa nossa....22 Textos literários, de

todo lado, de todo tipo

Sumário

Revista da AVL - Número 1 – Dezembro 2015

EDITORIALVicente Melo*

* Jornalista, vice-presidente da AVL Editor da RAVL 3

Com o tempo a experiência é ampliada, ganha corpo e passa a exigir a

aplicabilidade que lhe confira o sentido. Assim vem ocorrendo com a nossa AVL

– Academia Volta-redondense de Letras, resultante da ação concreta de vários

acadêmicos que vem disponibilizando as suas produções literárias e que, por

estarem aglutinados na instituição, podem organizar o desdobramento profícuo

do conjunto dessa obra.

Os livros editados, os artigos publicados, as crônicas veiculadas e

demais gêneros e estilos de manifestação literária que tiveram a sua

aplicabilidade em espaço específico, de acordo com os objetivos imediatos de

seus autores, podem agora receber uma atenção analítica. O objetivo agora é

mais que a comunicação e/ou deleite, é a oportunidade da releitura

contextualizada aos signos contemporâneos de nossa cultura.

Implica, entre outras acepções, inscrever o conteúdo literário produzido

hoje em nossa região, aos processos de análises conjunturais, no sentido de

conhecer os olhares, histórias, experiências e as circunstâncias que,

verdadeiramente emanam dessa obra. Desse contexto podemos vislumbrar os

caminhos apontados, os obstáculos e os sonhos que fomentam, para aperfeiçoar

o nosso percurso.

A iniciativa da revista é, também, a oportunidade de ampliar a difusão

da obra dos acadêmicos para um grande público, de revisitar os autores e

melhorar a aderência da práxis literária em um espaço mais amplo e fértil. A

disponibilização on line certamente vai ao encontro do leitor interessado e,

para a AVL, é parte primordial de seu papel a consecução desse pleito, por

amparar os seus objetivos mais intrínsecos.

Vislumbrando caminhos

Revista da AVL - Número 1 – Dezembro 2015

Notícias Literárias

Março de 2015 -Entrega do Título de Utilidade Pública Municipal à AVL

A Academia Volta-redondense de Letras recebeu, no dia 30 de Março, o título de Utilidade Pública Municipal. O projeto de Lei, de autoria do Vereador Walmir Vitor, foi aprovado pela Câmara Municipal reconhecendo a instituição como sendo de utilidade pública, uma vez que preserva e estimula a literatura da cidade, um patrimônio cultural do município. A Lei Municipal 5.057 foi promulgada pelo Prefeito Antônio Francisco Neto em 26 de Maio de 2014. A cerimônia de entrega do título, realizada na Câmara Municipal, contou com a presença da Presidente Mércia Christani, o Vice-Presidente Ronaldo João Gori e o Secretário Vicente Melo.

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Jornalista e Editor-chefe do portal Olho VivoCláudio Alcântara na apresentação do prêmio

Da esquerda para direita: Ronaldo João Gori, Vereador Walmir Vitor, Mércia Christani e Vicente Melo

Fevereiro 2015

- Entrega do Prêmio Olho Vivo

Mais uma vez o Portal Olho Vivo destacou a produção artística da região com a entrega do Prêmio Olho Vivo, no Teatro Gacemss. Este prêmio, já esperado pela classe artística, consegue, primeiramente, divulgar vários trabalhos na fase de voto popular, onde 10 indicados de cada uma das categorias concorrem a 3 vagas de finalistas. Os finalistas são julgados por um júri de alto nível para cada categoria. O resultado é divulgado em um evento de gala. A literatura, certamente, está presente nesta festa por meio das categorias Livro do Ano e Poeta do Ano. A cerimônia de entrega do Prêmio Olho Vivo foi comandada pelo Editor-Chefe do Portal Olho Vivo, o acadêmico Cláudio Alcântara, com apresentação do colunista Bravo. Para conhecer mais sobre o Prêmio Olho Vivo visite o portal www.olhovivoca.com.br

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Notícias Literárias

Da esquerda para direita: José Huguenin, Aline Reis e Jean Carlos Gomes

Abril 2015

- Posse de três novos acadêmicosNo dia 18 de abril de 2015, no GACEMSS II, tomaram posse na AVL três novos acadêmicos: José Huguenin passou a ocupar a cadeira 17, cuja patronesse é Dora Araújo; Aline Reis ocupa a cadeira 18, cuja patronesse é Eny Pinheiro e o poeta Jean Carlos Gomes ocupa a cadeira 29, tendo como patrono o também poeta Jair Gomes da Silva. A cerimônia foi marcante, iniciada com encenação do poema “A chaminé”, da acadêmica Nelita Teixeira, pela Cia. Arte em Cena, com direção da acadêmica Stael de Oliveira. Após a posse, uma festiva confraternização celebrou a chegada dos novos acadêmicos.

Maio 2015 - 2a Bienal do Livro de Volta Redonda

Realizada de 7 a 10 de Maio, pelo Instituto Dagaz, a 2a Bienal do livro de Volta Redonda aconteceu no Condomínio Cultural do bairro Volta Grande III. O Evento foi repleto de atividades, como recitais de poesia, palestras mesas-redondas, danças, apresentações musicais, promovendo grande integração social. A 2a Bienal contou com a curadoria da acadêmica Regina Vilarinhos. Este é um evento importante que irá crescer ainda mais e contribuirá para o crescimento cultural da cidade e região. A AVL é parceira do Instituto Dagaz nesta iniciativa.

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- Lançamento do portal da AVLNo dia 18 de abril, durante a cerimônia de posse, também foi lançado o Portal AVL, um sítio internet que será a principal plataforma de comunicação entre a instituição e sociedade. Nele estão disponíveis informações sobre a academia, os acadêmicos, documentos históricos e imagens históricas. Também são divulgados textos literários e acadêmicos, como poesias, contos, crônicas e artigos. O portal AVL tem um canal direto de comunicação (Fale Conosco) e oferece um serviço informativo. O internauta que cadastrar-se recebe as notícias publicadas no portal automaticamente. Visite www.avl.org.br

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Notícias Literárias

Outubro 2015- Prêmio Luz e Poesia

Foi divulgado no dia 13 de outubro o resultado do Prêmio Luz e Poesia para estudantes, parceria da AVL com a UFF. Este projeto foi uma ação alusiva ao Ano Internacional da Luz, promovido pela UNESCO. Estudantes foram estimulados a pensar e a escrever poesias sobre a luz. Os poemas selecionados e textos de autores convidados compõem a Antologia Luz e Poesia, um e-Book que pode ser baixado gratuitamente no Portal AVL. Estão publicados na RAVL dois poemas que ganharam destaque das comissões julgadoras. Veja o resultado em www.avl.org.br

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Junho 2015- Eleição para a Presidência da AVLNo dia 7 de junho ocorreu a assembleia para eleição do presidente e vice-presidente da AVL para o triênio 2015-2016-2017. Chapa única, a Presidente, acadêmica Mércia Christani foi reeleita, tendo agora como companheiro de chapa o acadêmico Vicente Melo. Na assembleia de eleição a presidente destacou que o grande legado do primeiro mandato foram as questões administrativas resolvidas que permitiram, por exemplo, a obtenção do CNPJ da instituição. Com o CNPJ foi possível obter o domínio .org para o Portal da AVL, o cadastro na agência brasileira de ISBN. O novo mandato será dedicado a execução de projetos para promover a produção literária.

Setembro 2015 - Sarau de Poesia da AVL

Realizado em 30 de Setembro, no Teatro Gacemss II, o Sarau de Poesia da AVL promoveu intenso encontro de amantes da poesia. Poetas, estudantes, leitores, puderam deleitar-se com versos consagrados na literatura brasileira e também conhecer o trabalho de poetas e poetisas da cidade e região.

Ano internacional da luz

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Notícias LiteráriasNovembro - Festival de Teatro Arte em CenaDe 14 a 22 de novembro Volta Redonda foi presenteada com o XVI Festival de Teatro Arte em Cena, realizado pela Cia. Teatral Arte em Cena, que tem a direção da Acadêmica Stael de Oliveira.

O festival apresentou 11 produções baseadas nas obras do dramaturgo William Shakespeare, um dos nomes mais importantes da dramaturgia e literatura mundial, homenageado da 16a edição do evento. As produções são assinadas pela Acadêmica Stael de Oliveira e Nei Rafael.

A interpretação ficou por conta de alunos do Cia. Teatral Arte em Cena, que em 2015 completa 25 anos de fundação, e também por atores profissionais. O evento fez parte das comemorações pelos 25 anos da companhia teatral.

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Notícias LiteráriasNotícias Literárias

Lançamento de livros até novembro de 2015

Se você lançou ou vai lançar um livro, envie as informações para [email protected], o livro poderá ser divulgado no próximo número

- Habeas Corpus – Elyane de Lacerdda

- A parede & outros contos – José Huguenin

- Antologia Máscaras – Orgs. Asséde Paiva & Ronaldo Gori

- Adão, feito de terra – José Adal P. de Souza

- I Coletânea Viagem pela escrita – Org. Jean Carlos Gomes

- Poemas ao longo – Josemir Tadeu de Souza

- Teogênese ou Teomorfose – João Morcef

- Kingwang 1 – João Morcef

- Falar: arte, prática e autonomia - Raphael Haussman

- O homem que fugiu para a lua II - Ivani Egalon

- A pedra lunar - Alcimare Dalbone

- Crédito  de carbono - Marcos Machado

- Para sempre Pietra - Ana Carolina Moura Groetaers

- Salada ou farofa - Felix Diniz

- Palavras que tecem poemas - Elizabeth Carolina

- Cozinha da Thina - Thina Izidoro

- Aprender é possível - Fabiola Mara

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O que vem por aí...O que vem por aí...

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Dezembro de 2015 - I Seminário Literário da AVLSerá realizado em 18 de Dezembro, a partir das 17h, no teatro Gacemss II, o I Seminário Literário da AVL, que discutirá a literatura em geral, com ênfase na literatura regional.

- Lançamento da Antologia da AVLHaverá lançamento da Antologia da AVL, edição especial de dez anos de fundação. Será no dia 18 de Dezembro de 2015, durante o I Seminário Literário da AVL.

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2016- Prêmio Maria José Maldonado de Literatura

Será realizado o primeiro premio literário de abrangência nacional promovido pela AVL

- I Encontro Sul Fluminense de Escritores

A AVL promoverá este encontro de escritores para fomentar a integração, divulgação da literatura, troca de experiência e envolvimento popular.

Informações completas em www.avl.org.br

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Um pouco de históriaUm pouco de históriaRonaldo João Gori * Que Volta Redonda é essa?

* Escritor, membro fundador da Cadeira Número 3 da AVL 10

A área adquirida para a construção da usina e da Vila Siderúrgica localizava-se na

fazenda Santa Cecília, limitada pelas fazendas São Lucas do Brandão, Guarda Mor da Volta

Redonda e seguida da fazenda Volta Grande.

A área federal tinha seu limite no rio Brandão que corre do sudeste para noroeste

e desaguava em pequeno vão junto à atual ponte Dr. Murilo Cezar dos Santos e, na confluência

com o rio Paraíba, formava um grande remanso de forma redonda que qualificava a “função” do

Guarda Mor. Tal remanso era circundado por um alagadiço conhecido como “Barreiro”

O Aero Clube foi construído em terras da Marinha em frente ao remanso e possuía

um deque onde um Marujo mantinha uma lancha tipo voadeira sempre pronta para atender aviões que

aterrizassem no remanso, em caso de indisponibilidade da pista principal. Em maior quantidade

naquela época, as águas do Paraíba passavam sob o alpendre do Aero Clube. Afinal, não havia

ainda nem mesmo a represa do Funil.

Logo a “volta redonda” sumiu com o aterramento do “Barrão” que se tornou

Aterrado, deixando a identidade de “volta redonda” com a Volta Grande e, mais tarde, com a

curva do rio que hoje está estilizada em pedras de pavimento pela cidade, que mais retrata a

atual tecnologia siderúrgica, o “vaso LD com a lança de oxigênio”.

Afinal, qual foi a volta redonda que identificou originalmente o Arraial de Santo

Antônio, 8º Subdistrito de Barra Mansa, considerando que vigia Decreto do Presidente Getúlio

Vargas retirando o nome dos santos dos nomes das cidades, em observância ao laicismo?

Sabe-se que a história é contava pelos vencedores, mas como nesse caso não havia

conflito envolvendo tal particularidade, pode-se entender que prevaleceu o que não foi

descaracterizado e, portanto, sempre demonstrado e repetido através do tempo, a curva do Rio

Paraíba do Sul.

Enquanto isso, Volta Redonda vai perdendo, cada dia mais, a identidade construída

a partir da realização de seu próprio sonho, a partir do sonho de brasileiros com a estatura de

Macedo Soares, que fez ecoar por todo o planeta a obra que alterou definitivamente o caminho do

país: Cidade do Aço.

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Nossa LínguaNossa LínguaLúcia Maria de Assis *

* Professora Língua Portuguesa – UFF Doutora em Língua portuguesa pela USP-SP11

Caro leitor,Você faz alguma idéia (ou será ideia) do que muda em nossa língua com o Novo Acordo Ortográfico? Você já se deparou com alguma dúvida no seu dia-a-dia (ou será dia a dia) em relação a como escrever essa ou aquela palavra? E mais, você imagina há quanto tempo esse tal acordo foi assinado e quando ele passa a ser obrigatório? É sobre isso que vamos falar.O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi negociado e assinado em 1990 pelos países que compõem a lusofonia: Brasil, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Portugal, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e, por último, Timor Leste. A ideia inicial foi aproximar a grafia do português nesses países onde o idioma é a língua oficial: Com isso, seria mais fácil padronizar a integração comercial e obter benefícios também para outros segmentos, como a facilitação do intercâmbio científico e a distribuição de obras literárias. Além disso, o acordo objetiva fortalecer política, cultural e economicamente a identidade dos países lusófonos perante os povos de outras línguas.Depois de muitos adiamentos, finalmente, em 1º de janeiro de 2016 o novo acordo ortográfico passará a valer em definitivo. Por isso, é preciso que estejamos atentos às mudanças e que apliquemos cada uma delas em nossa escrita diária. Vamos, então, a partir de agora, usar esta coluna para apresentar a você, caro leitor, um pouco do que muda no nosso cotidiano da escrita com o Novo Acordo Ortográfico. Hoje, falaremos do trema e dos ditongos.1- O trema (¨) será abolido. Então, a partir de agora, passe a escrever “linguiça” e “liquidificador”, mas, por favor, não se esqueça de que o acordo é ortográfico, o que muda é a maneira de escrever e não a de falar. Por isso, vamos continuar pronunciando o som da letra “U” nessas palavras. Exceção: nas palavras estrangeiras e nos nomes próprios permanece o uso de trema, como em Bündchen ou Müller.2-Os ditongos abertos tônicos ÉI e ÓI perdem o acento agudo quando caem na penúltima sílaba (portanto, de palavras paroxítonas):

idéia – passa a ideia geléia – passa a geleiadiarréico – passa a diarreico tramóia - passa a tramoia apóia – passa a apoia debilóide – passa a debiloide

O mesmo não ocorre com anéis e anzóis em que os ditongos recaem na última sílaba, em palavras oxítonas. Portanto, continuam acentuados.

Ficamos por aqui, mas isso é só o começo. Em nosso próximo encontro trataremos do emprego do hífen. Enquanto isso, não se esqueça de que, a partir de agora, você deverá estar mais atento, pois no seu dia a dia (e não mais dia-a-dia) novas regras ortográficas estarão em vigor. Para ajudá-lo faça uma constante consulta ao VOLP – Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (http://www.academia.org.br), publicado pela Academia Brasileira de Letras.

Como vai o Acordo Ortográfico?

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CrônicasCrônicasGisele Wolkoff *

* Professora Língua Portuguesa – UFF Mestre em Literatura pela USP-SP

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Na “feira das palavras”, há quem queira sempre o mesmo: parágrafos perfeitos, com orações refeitas em sintaxe normativa para, depois de umas tantas páginas, reclamar feito gente cansada da vida! Na “feira das palavras”, há também vogais incertas, consoantes desfeitas e acentos sem sentido. Prefiro escolher todas as vogais saborosas com as consoantes mais engordativas e a minha gramática sempre me alerta que preciso cuidar disso: a dieta sem tantos acentos, com sentenças refeitas feito café requentado (o maior dos pecados a quem curte um bom café!) e as sílabas maltrapilhas entre as linhas e vogais que, para além de “darem jeito” as redações “coerentes” e “coesas”, façam “par decente” com as consoantes que sempre soam o mesmo por serem isso: mar e ar e fogo de vagar e terra de es-treme(ce)r e dia de luto quase sem fim e noite de São João sem fogão...e rimas feias feito música sertaneja que beiram o óbvio de que tanto nos distanciamos – o amor...!

Na “feira das palavras”, bom mesmo é pagar barato, mesmo que o barato custe caro, porque enunciar é metonímia do viver, ou seja, dizer é uma maneira de viver menor – ainda que não desviver... Quem vai à “feira de palavras”, deve apanhar a vogal mais ácida que com a consoante mais palatável torne a sílaba bem vibrante, a fazer valer qualquer que seja a sentença, como picante pimenta – sim, há pimentas quase não picantes, com pena! Depois, em momento oportuno, fecha-se a tampa do carrinho, o topo da sacola, e se parte para a semana, à espera do novo momento-feira, como quem vira a página, cria novo capítulo ou encerra um livro e dá início a outro, como os dias cujas manhãs são este sempre novo receber das horas do sol e do movimento da terra a nos lembrar que estamos em rotação, que somos móveis e frágeis perante o “mundo, mundo, vasto mundo...”. Na “feira das palavras”, como bem diz Victor Cohen em “Poesia infinda”, há o fonema e a grafia para a tristeza e, também, sons para as canções da alegria – de que, igualmente, com frequência demais nos esquecemos...

Assim, para os fonemas e grafias da tristeza, feito fruto maduro a transbordar pelas bordas das bancas nas feiras extensas, de cidade grande, vale nos lembrarmos dos versos de Ana Luísa Amaral, “...Ide buscar fósforos,//queimai o caderno...”(no livro “Vozes”(2011: 52). E acrescento: fazei nova estória, com a cara do sol...

Fim do semestre:queimar cadernos...

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Nelita Teixeira  

Professora e Pedagoga Pós-Graduada em Formação de Docência Superior,cumpriu a sua vocação de educadora até a aposentadoria. Sua dedicação e amor ao próximo, a natureza e demais circunstâncias da existência, estão devidamente substanciados em sua poesia. Ali temos a percepção de que o seu paraíso não é transcendente ou distante, porque está ao seu alcance, quando celebra e incentiva a vida através dos feitos, do trabalho e do progresso daqueles que estão próximos. Para Maria José Bulhões Maldonado, “Nelita Teixeira trabalha para a ascensão humana” e sobre ela Márcio Marinho Nogueira escreveu: “Amor, cidadania, alegria, assim ela vive e se torna poesia”. Ocupa a cadeira nº 14 da AVL e é membro da ABL-Academia Barra-mansense de Letras. Publicou: “Volta Redonda. Seu Povo, Sua História, Seu Espaço” (1991), “Volta Redonda - dentro do enfoque construtivista” (1994), “Meu Amor Perfeito” (2008) e participou de diversas coletâneas de contos e poesias do Grebal-BM, GLAN-VR, Poeart Editora e outros.

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 Luiza Pettersen Marconi

 Dedicou-se a zelar pela beleza da vida, literalmente, enquanto executiva de cosméticos, mas também como mãe, avó e amiga, ao trabalhar a indução da paz profunda em busca de revigorar a felicidade de viver, inaugurando um novo instante a cada passo, a cada olhar. Faz de sua existência um exemplo de altruísmo ao dedicar-se a colher com fartura o sumo puro da vivência e distribuí-lo generosamente. “Ficou sábia na arte de viver”, segundo Mércia Christani. “Em sua poesia entrega a vida como um mimo para o deleite do leitor”, segundo Vicente Melo. Publicou “Peregrinação da Memória” (2000), “Ser Sedento de Ser” (2007), Anjo da Goiabeira” (2010), Vida em Trânsito” (2011) e “Janelas Descerradas” (2015) e participou de diversas coletâneas. É membro da AVL – cadeira 13 e participa também do GLAN-VR, GREBAL-BM.

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Autores da casaAutores da casa

Autores da casaAutores da casa

Giovana Damaceno

Jean Carlos Gomes

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Jornalista, especialista em sociologia, a ocupante da cadeira 10 da AVL atua no campo da comunicação. É uma observadora crítica e sensível do cotidiano, o que faz dela uma esplêndida cronista. Giovana escreve em seu blog http://www.giovanadamaceno.com/, falando de diversos assuntos e crônicas marcantes podem ser lidas neste endereço, como o texto “Rotina cruel”. Tem publicado três livros. “Mania de escrever” (2010), onde reúne crônicas publicadas em diversos meios entre 2007 e 2009. “Depois da chuva, o recomeço”(2012), outra seleção de crônicas escritas entre 2010 e 2012 e “Do lado esquerdo do peito”(2013), um relato comovente de sua luta e vitória sobre um câncer de mama. Mas quem espera um texto triste, surpreende-se como o bom humor e força com que a escritora aborda o tema. Conheça mais sobre a obra da escritora em sem blog e no site da AVL.

Poeta, colunista e editor, ocupante da cadeira 29 da AVL, Jean Carlos Gomes é destacado representante da escola de poesia volta-redondense. O autor publicou “Bolhas de Sabão – Sonetos e Poemas”, livro em parceria com Pedro Viana Filho. Em 2009 publica seu primeiro livro solo, “Cardápio Poético”, que reúne variedades deliciosas de poesias. É colunista do portal cultural Olho Vivo, onde divulga literatura. Fundador e editor da Poeart Editora, Jean Carlos promove concursos nacionais e publicou mais 20 antologias poéticas, dando oportunidade para escritores da região mostrarem seus trabalhos. É neste espírito que a Editora publicou as obras solos “Olhares do cotidiano” de Ernani Mazza e “Poemas ao longo” de Josemir Tadeu de Souza. Conheça mais sobre a obra do poeta e no site da AVL.

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O que você tem lido?Mande a resenha de seu livro favorito para [email protected]. Ela pode ser selecionada para publicação no próximo número.

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Com a febre do café e a grande oferta da mão de obra escrava, surgiram as grandes fazendas como Santa Teresa, Do Inferno, São Tiago, União e Boa Vista, Cachoeira, Jararaca, Bom Jardim, Belmonte, Bom Retiro, São João Batista, Cedro, Três Poços, Santa Rita, Volta Redonda (ou Guarda-Mor), Brandão, Ponte Alta e Santa Cecília.

A narrativa de J.B. de Athayde é uma inquieta busca do caminho do progresso. Assim, a campanha para a construção de uma ponte sobre o rio, as dezenas de barcos que trafegavam entre Resende e Barra do Piraí, a origem do povoado de Santo Antônio da Volta Redonda, para receber os tropeiros, o sonho da estrada de ferro, a força do comércio e o milagre do café impulsionavam o lugar, quando chegou a grande indústria siderúrgica e redesenhou a história.

O livro, publicado em 1965, passa pela emancipação de Volta Redonda, da qual o autor participou ativamente e nos conta a história até o início dos anos 60, incluindo os feitos dos primeiros administradores com riqueza de detalhes.

Pelo Acadêmico Vicente Melo, jornalista e escritor

"Volta Redonda através de 220 anos de história – J.B. de Athayde

Levantar 220 anos da história de um município que comemorava a sua primeira década, é obra de um espírito determinado e apaixonado pela história, como deixou fartamente comprovado em sua vasta obra sobre diversas cidades fluminenses.

José Botelho de Athayde ou J.B. de Athayde, como assinava seus livros e artigos nos tantos jornais de escreveu e fundou em nossa região, buscou a pré-história institucional de Volta Redonda e identificou os primeiros ocupantes da região em 1744. Tendo à frente dos aventureiros o paulista Simão da Cunha Gago, que logo denominou o lugar, que para os puris era “Timburibá”, de N. S. da Conceição de Campo Alegre da Paraíba Nova.

Anos depois as terras foram divididas em sesmarias aos favorecidos da Corte que, com a ajuda do Vice-Rei que dividiu o território em nove distritos e criou uma força de segurança, dizimaram os puris e coroados e transformaram o vale médio do paraíba em um vale de riquezas.

Os ciclos do ouro e do café determinaram ocupações, desmembramentos e progresso na região. Assim surgiram os curatos, aldeias e vilas nos três distritos: “Bananal (compreendendo Barra Mansa e Volta Redonda), Quinze Ilhas (incluindo Rademaker e Pinheiral) e Rio Piraí a baixo (compreendendo Vargem Alegre e Barra do Piraí)”.

ResenhasResenhas

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O Dom do Crime

Marco Lucchesi

Romance – (2013) 160 páginas. Primeiro romance do imortal da Academia Brasileira de Letras, o poeta e professor Marco Lucchesi, a história transcorre a partir de uma notícia real de crime no Rio de Janeiro de Machado de Assis. O assassinato de uma mulher pelo ciumento marido, que foi noticiado na imprensa carioca é evocado por um narrador-autor criado por Lucchesi. Seguindo conselhos médicos para escrever suas memórias este narrador deixa para o futuro uma história deste crime que ele aparentemente esteve perto.

Esta história mostra, sobretudo, paralelos com o clássico Dom Casmurro, de Machado de Assis. Será que Machado teria se inspirado nesta notícia policial (ele trabalhava na imprensa) para criar seus mais marcantes personagens, Bentinho e Capitu? A grande diferença, contudo, é que tudo se passa com as cortinas abertas, enquanto em Dom Casmurro, tudo é mistério, os ângulos de observação de Bentinho são sempre atrasados, como se estivesse vendo Capitu virando uma esquina. Em Dom do Crime, o narrador mostra uma estado de espírito de uma esposa que muito bem pode sser a visão do autor sobre a eterna dúvida de culpa ou inocência de Capitu. A história permeia ficção e realidade com com a inspiração, erudição e arte do poeta de “Sphera”. Impossível não se prender nesta narrativa instigante.

Pelo Acadêmico José Huguenin, físico, poeta e escritor.

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"Vermelho amargo" (2011) é obra que coloco em pauta. Com apenas 65 páginas, o livro não é para ser lido num piscar de olhos, uma vez que o narrador apresenta-nos seu amor: um amor angustiado, que observa as translúcidas camadas de um único tomate fatiado para o almoço da família. No início, fatias tão finas que é possível ver a montanha de arroz na qual o tomate descansa antes de ser desmanchado pelas garfadas do pequeno jovem com fome... e observador.

Muito prazer, Bartolomeu!

Quem não conhece o trabalho de Bartolomeu Campos de Queirós perde muitos fios da meada literária. Sua escrita em prosa é pura poesia. Vale ressaltar a carga de mineirice que o escritor carrega.Penso, com isso, que sua observação do prosaico torna-se mais fina, mais elegante aos olhos sensíveis. Nascido em Papagaio/MG, infelizmente nos deixou em Jan/2012.

Como em toda família, os filhos unem-se a filhos de outrem em busca de formarem suas próprias famílias. E as camadas de cada tomate vão se tornando menos translúcidas: a família passa a ser diminuta.

A narrativa concentra metáforas carregadas da memória afetiva do menino-narrador. O que se percebe é uma família presente, mas em outras horas, reduzida e resignada às ausências amorosas do próprio lar.

Gabriel Villela diz que "Bartolomeu comanda a sua escrita com mãos apolíneas e cérebro dionisíaco, produzindo uma fábula delicada... como arame farpado".

"Vermelho amargo" reserva a elegância da arte literária, incitando-nos à reflexão do que perpassa aos nossos olhos, cotidianamente. Finas camadas do que, em geral, não damos a menor importância ao que atua como coadjuvante em nossas vidas.

Boa leitura, leitores!

Pela Acadêmica Aline Reis, professora de Literatura e Português, especialista em Literatura Infantojuvenil, Literaturas de língua portuguesa: Brasil, Portugal, África e Mestre em Literatura Brasileira. Atua como mediadora literária na CLIM – Ciranda Literária de Macaé.

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A maçã no escuro

Clarice Lispector, em sua introspecção, nos leva a entender o conflito de Martim, um homem que após cometer um crime, foge e refugia-se em uma fazenda, onde trabalha muito e cumpre ordens de uma mulher autoritária, sem questionar; ele passa a olhar e observar a natureza , o homem, a vida em suas profundezas.

O amor já não lhe basta; há uma necessidade vital em entender além das emoções, das ações, do ser humano.

Há um mistério religioso guardado em seus princípios, onde são mencionadas passagens da própria Bíblia!

A vida e a morte caminham lado a lado, e nesse caminhar se atropelam e se misturam; Onde a vida e a morte caminham simultaneamente, o que a autora deixa transparecer durante todo o romance, que nos surpreende a cada palavra, a cada linha, a cada página.

Martim é denunciado e um desespero o inflama. Volta a se questionar a respeito do "certo" e do "errado", da esperança, do amor, da vida, da morte.

O desespero interior caracteriza a obra da autora, sempre nos proporcionando grandes estímulos , para vivermos em constante dança, movimento e indagação, na incessante procura do seu "eu."

Pela Acadêmica Elyane de Lacerdda, professora de português, escritora e poetiza.

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Um jornal pra não existirMais recente obra de Umberto Eco expõe as várias facetas do mau jornalismo

Ele afirma que não foi intenção escrever um tratado jornalístico e, afinal, não se trata mesmo disso, nem de um manual de comunicação do tipo “Como não fazer”. O escritor e ensaísta Umberto Eco conta “uma história sobre os limites da informação, sobre como funciona uma máquina de denegrir, e não tanto sobre o trabalho de informar”.

A obra em questão é “Número Zero”, último romance do autor, em que passeia pelas ‘picaretices’ praticadas dentro de um a redação de jornal, na pura e simples intenção de difamar, manipular, caluniar, chantagear e amedrontar adversários políticos. Um magnata da mídia cria um jornal imaginário, o Amanhã, para o qual é contratada uma equipe de jornalistas medíocres, comandados por um ghost writer cinquentão. Um detalhe especial: apenas ele e o ‘laranja’ do patrão, que conduz todo o trabalho, sabem que nunca haverá a edição de número 1. O sétimo romance de Eco é relativamente curto em comparação aos demais: são 240 páginas de narrativa, pela primeira vez ambientada na atualidade. O enredo se passa na Itália de 1992, em Milão, um ano peculiar para os italianos, por causa dos escândalos de corrupção que vieram à tona com a investigação “Mani Pulite” (Mãos Limpas), que detonou uma parte considerável da classe política local na época. Característica marcante das obras de Eco, a pesquisa aprofundada e detalhada não está de fora de “Número Zero”. Ele delineia a ficção sempre com um pano de fundo real. Um personagem, por exemplo, que serviu de inspiração para criar o dono do “Amanhã” é Carmine Pecorelli, que editava e enviava um boletim informativo a um grupo muito bem selecionado de gente poderosa, com ameaças sutis de divulgação de notícias que ninguém quer ver nas páginas dos jornais. Nessa obra, Umberto Eco revela práticas jornalísticas muito conhecidas e facilmente detectadas na mídia, principalmente nos dias de hoje, como acusação vaga e sem provas, a forçosa manchete em que se destaca a informação de interesse do dono do jornal ou de quem o patrocina e, ainda, um ensinamento singular do ‘laranja’ chefe da redação à equipe: como distorcer a verdade contando a verdade. Há também uma explicação de como colocar na boca do entrevistado a opinião do jornal, deixando muito claro de que forma se desenvolve e se consolida o controle da sociedade, expondo o comportamento parcial da mídia quando se trata – e sempre se trata – da própria conveniência.

Pela Acadêmica Giovana Damasceno, jornalista e escritora.

Outros críticos consideram “Número Zero” uma obra de menor valor, talvez pela velocidade do relato, pela narrativa facilitada a leitores menos acostumados com a densidade de seus textos anteriores ou até mesmo pelo desfecho, não tão complexo como os de obras como “O cemitério de Praga”, “O pêndulo de Foucault” ou o clássico “O nome da rosa”. No entanto vale, e muito, pela noção de realidade que um romance de ficção nos atira à face, justamente no momento em que somos atores em um cenário muito parecido com o da Itália de 92.

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ResenhasResenhas

Ettore Dalboni da Cunha *

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Valores positivos

Um dos grandes mestres que tive a honra de conhecer e com ele conviver, como seu aluno, de 1953 até 1960, quando me formei no curso ginasial, no novel Ginásio Municipal Getúlio Vargas, ainda situado na Rua quatro, nas dependências do Grupo Escolar Presidente Roosevelt.

O professor Klein – Sebastião Francisco Klein – foi um idealista. Um construtor de personalidades. Entusiasta e competente. Suas aulas eram sempre magníficas! Estudei com ele geografia. Naqueles idos dos anos 50 tinha uma perfeita visão do Brasil e do mundo através de suas aulas, que, muitas vezes as assistia após um dia de estafante faina, pois sempre trabalhei e estudei. Era um amigo, um conselheiro. Um puxador de orelhas. Sempre de maneira séria, alegre, cordial. Sempre o tive como um paradigma. Creio que muitos de seus alunos, também.

Mas, mesmo cansado, eu não perdia nada, ou quase nada, do que o ilustre e querido mestre falava, ensinava. Sempre o tenho em minhas lembranças como uma das pessoas que mais me ajudaram a romper as barreiras da ignorância e a superar os meus limites em busca do saber, algo que ainda hoje procuro. Tive a honra de lhe prestar uma singela homenagem, ainda em vida, quando eu era presidente da sociedade pró-melhoramentos do bairro Minerlândia onde tive, também, a honra de ser um dos seus primeiros moradores, com meus pais e irmãos.

Colocamos o seu nome - “ESCOLA PROF. FRANCISCO KLEIN”- na escola que a Sociedade Pró-Melhoramentos do Bairro Minerlândia organizou e pôs em funcionamento, embora de forma simples, precária. Depois o PLEP/VR construiu uma escola municipal, chamando-a: Grupo Escolar Municipal Bahia – uma das maiores do Município.

A primeira e única professora da ESCOLA PROF. FRANCISCO KLEIN “- foi minha querida tia Brasilina Vieira Dalboni - a quem homenageio, também - que ali trabalhou, por um bom período, como voluntária, sem nada receber em troca. Hoje a tia é, também, voluntária na APADEF – Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Físicos de Volta Redondos - que todos em Volta Redonda conhecem. Tenho muito orgulho de minha “Tia Brasa”, como a chamamos na intimidade, por idealismo, desprendimento e dedicação aos problemas do outro, da comunidade.

Ali, juntamente com outros queridos amigos e vizinhos, moradores no bairro Minerlândia, como Geraldo Galdino, Umberto Dalpra, Francisco Olímpio, João Lemos, Geraldo Vasques, Expedito de Oliveira, Assede de Paiva Oliveira, Sr. Lessa, Sr. Poligônio, Sebastião Pontes, Dona Luíza e tantos outros, criamos a já citada sociedade pro-melhoramentos, com a ajuda do Geraldo Silva, pessoa simples e amiga, que trabalhava como apontador nos serviços de pontos da CSN. Foi a primeira sociedade pro-melhoramentos ou de bairros de Volta Redonda.

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ArtigoArtigo

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O professor Klein lutou pela educação gratuita em Volta Redonda. Em 1952 fundou o Ginásio Volta Redonda, da Campanha de Educandários Gratuitos (CENG), juntamente com Sebastião de Paula Coutinho, Prof.ª Áurea Bastos, Prof. Wladir de Castro Ferraz e muitos outros, que funcionou no antigo Grupo Escolar Trajano de Medeiros, hoje Instituto de Educação Manoel Marinho. Ali eu fiz o curso de admissão ao ginásio, uma espécie de pré-vestibular para se ingressar no curso ginasial.

Quando Volta Redonda, então 8º Distrito de Barra Mansa, foi emancipado tornando-se o Município de Volta Redonda, aos 17 de julho de 1954, o nosso emancipador e Prefeito eleito, Sávio Cotta de Almeida Gama, que, na campanha tinha prometido aos seus eleitores e ao povo de Volta Redonda, a criação de um ginásio gratuito, encampou o Ginásio Volta Redonda, fundado pelo Prof. Klein, criando o Ginásio Municipal Getúlio Vargas que, inicialmente funcionou na Rua Quatro, no Conforto, nas dependências do Grupo Escolar Presidente Roosevelt, até ser construída sua bela sede no bairro Laranjal, onde ainda hoje funciona, nomeando o Prof. Klein como seu primeiro diretor.

O Prof. Klein continuou como professor até se aposentar. Natural da cidade capixaba Domingos Martins, localidade de Santa Isabel, no Estado do Espírito Santo, nascido aos 22 de novembro de 1907, de uma família de trabalhadores rurais, estudou no Seminário de Sítio, Estado de Minas Gerais da Ordem do Verbo Divino, depois se transferiu para a Academia de Comércio de Juiz de Fora, da mesma congregação do Verbo Divino. Terminado seus estudos veio para Barra Mansa lecionar do Colégio Verbo Divino, onde trabalhou por muito tempo. Participou da fundação do curso normal do Ginásio N. S. do Amparo em Barra Mansa.

Casou-se com a professora Ana Santos 28/02/1938 na cidade capixaba de Vitória, tendo um filho, Antônio Francisco Klei, hoje residente na cidade de Resende, que deu três netos, hoje todos formados.

Em 1944 foi convidado pelo Clube dos Funcionários da CSN para criar o Instituto Macedo Soares e Silva, juntamente com a Professora Áurea Bastos Motta e Silva que foi mantido pelo clube por um bom tempo.

Depois o Colégio Macedo Soares passou a funcionar nas dependências da ETPC – Escola Técnica Pandiá Calógeras. Mais tarde o Macedo foi transferindo em comodato para a ordem dos padres Agostinianos. A CSN construiu, então, sede, onde é hoje, próximo ao Recreio dos Trabalhadores.

Gostaria de trazer esses poucos, porém importantes fatos relativos ao meu ilustre mestre Professor Klein e fazer um apelo às nossas autoridades municipais – ao Senhor Prefeito e aos Senhores Vereadores – que não se esqueçam de nossas raízes culturais e educacionais, pois nada, na vida e no mundo, subsiste se não estiver permanentemente conectado, ligado às suas bases, às suas origens.

Vamos homenagear aqueles nossos precursores que ajudaram a fazer a nossa história, como os professores Klein, Áurea Bastos, Wladir Ferraz e tantos outros para que as novas gerações os conheçam e os reverenciem como valores positivos de nossa sociedade para que sobre os quais, dos quais, com os quais possamos construir nosso presente mais feliz, superando os maus exemplos que, infelizmente, encontramos em todas as esquinas, em todos os lugares.

* Acadêmico Ettore Dalboni. Advogado, escritor.

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Textos literários Envie sua poesia ou conto de até uma página para [email protected] . Ele pode ser publicado no próximo número

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Neste primeiro número publicamos as poesias destacadas pelas comissões avaliadoras no Prêmio Luz e Poesia

Soneto de LuzLetícia Rodrigues Motta

Houve tempo indecifrável de vida inexistente

Um pequeno e vasto universo infindável

Que, pela voz divina, fez das trevas luz habitável

E houve noite, houve dia, houve sol resplandecente

Reluzente luz que fez a vida tão diferente

Natureza cautelosa que até hoje nos indaga

Desde o tempo sem vida encanta e consagra

Imensidão esplendorosa, perigosa e inocente

Tal luz, tal vida, tal metáfora condizente

Formosa criação de sons e cores diferentes

Enleado de razões, mitos e ciclos permanentes

Sigilo diferente de luz que nos fez gente

Domínio da razão do elemento radiante

Faces explícitas e ocultas, próximas e distantes

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Onde está tua luz, meu amor?Leandro Estevão de Mello

Meu amor, onde está a luz que tu resplandecias?

Esta, mais complexa do que uma onda ou partícula,

Fez nascer em meu peito uma paixão para toda vida

De tal forma que, quando ouvia seu choro e gemido, meu coração se

compadecia.

Ao olhar para o passado, vejo como eras formosa e pura

No seu colo, repousava as mais diversas espécies da fauna e flora

Em seus vales, corriam rios de águas cristalinas que, junto com aurora,

Exibiam um espetáculo pujante e lindo que deixavam suas rivais com

grande inveja.

Quando a lua e suas minúsculas companheiras iluminavam o teu límpido céu

Exalavam uma melodia com um doce sabor que expulsava todo fel

Exibindo assim uma divina cantilena

Que nem Beethoven com sua sonata conseguiria descrever essa belíssima

cena.

Porém, como o intenso brilho da luz do sol cega algumas criaturas

O brilho da luz de tua glória cegou de raiva, ciúmes e loucura

Uma de suas rivais, a antiga Europa

Que com leviandade enviou de seus domínios a venenosa e perigosa frota.

Os mares preocupados com um vindouro tormento

Tentaram resistir à frota marítima aliando-se aos fortes ventos

Mas a ardilosa que já tinha navegado e contornado a África

Suportou com ímpeto essa natural desgraça

E como um eclipse que ofusca a luz dos astros

Ela estava sedenta para ofuscar a tua luz, minha amada!

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