Raça e História - Uma janela para a evolucao da humanidade
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1 Antropologia da Imagem – “Raça e História – Uma janela para a evolução da Humanidade”
Curso:Curso:Curso:Curso: Educação e Comunicação Multimédia Pós-Laboral
Ano:Ano:Ano:Ano: 1º Ano – 2º Semestre; Turma:Turma:Turma:Turma: 1ECMPL
Disciplina:Disciplina:Disciplina:Disciplina: Antropologia da Imagem
Docente: Docente: Docente: Docente: João Maia Carmo
DiscenteDiscenteDiscenteDiscentessss:::: Carmen Almeida – nº 110236002
DataDataDataData:::: 8 de Junho de 2012
Ano Lectivo:Ano Lectivo:Ano Lectivo:Ano Lectivo: 2011/2012
2 Antropologia da Imagem – “Raça e História – Uma janela para a evolução da Humanidade”
3 Antropologia da Imagem – “Raça e História – Uma janela para a evolução da Humanidade”
ÍndiceÍndiceÍndiceÍndice
Página
Índice 3
Introdução 4
Capítulo I
Resumo do texto “Raça e História” 5
1.1 – Raça, Cultura, Povo e Etnia 6
Capítulo II
Apreciação Crítica 10
Conclusão 12
Bibliografia 13
4 Antropologia da Imagem – “Raça e História – Uma janela para a evolução da Humanidade”
IIIIntroduçãontroduçãontroduçãontrodução
Este trabalho responde à proposta efectuada pelo professor José Maia Carmo no
âmbito da disciplina de Antropologia da Imagem.
Durante o trabalho pretendo fazer uma análise pessoal ao texto “Raça e História”
de Claude Lévi-Strauss. Este texto, tendo sido encomendado pela UNESCO em 1952,
tem como objectivo propiciar um novo ciclo de relações entre o Velho e o Novo Mundo
(Pós-Colonial). O autor tem o intuito de inutilizar o conceito de “raça” e substitui-lo
pelo conceito de etnia, promovendo o argumento da cultura.
O autor ao longo do texto vai colocando inúmeras questões que nos levam a
reflectir e a ponderar se os nossos actos estão correctos, se a nossa visão do mundo e
das coisas não deveria ser diferente em algum(ns) aspecto(s)/momento(s).
O meu trabalho vai ser desenvolvido em duas partes. Na primeira parte tentarei
fazer um resumo do texto original realçando os inúmeros conceitos que nos vão
aparecendo. Na segunda parte pretendo fazer uma abordagem crítica e pessoal à leitura
e estudo do texto tendo em conta o meu conhecimento e o meio em que estou inserida.
5 Antropologia da Imagem – “Raça e História – Uma janela para a evolução da Humanidade”
Capítulo ICapítulo ICapítulo ICapítulo I
Resumo do texto “Raça e História”
Claude Lévi- Strauss, antropólogo, etnólogo e filósofo francês, em 1952,
escreveu o texto “Raça e História”, que viria a mudar a visão dos seus leitores
relativamente a alguns pré – conceitos, tais como a noção de raça, povo, cultura e etnia.
Lévi-Strauss vai contra a
ideia de existirem diferenças
psicológicas e de aptidões entre os
diferentes grupos étnicos humanos
(“raças” biológicas) e, por outro
lado, realça a grande diversidade
cultural - diferenças entre as
sociedades humanas. Esta
abordagem tem como finalidade
impedir que os preconceitos
racistas sejam apenas retirados da
base biológica, permanecendo no
âmbito sócio-cultural
“Isto porque seria inútil conseguir que o homem do povo renuncie a atribuir
um significado intelectual ou moral ao fato de ter a pele negra ou branca, o
cabelo liso ou crespo, para ficar em silêncio diante de outra questão à qual a
experiência prova que ele se agarra imediatamente. Se não existem aptidões
raciais inatas, como explicar que a civilização desenvolvida pelo homem branco
tenha cumprido os imensos progressos que conhecemos ao passo que as dos
povos de cor tenham ficado para trás, umas a meio caminho, outras atingidas por
um atraso que se conta em milhares ou dezenas de anos?” (Lévi-trauss, 1970,
pág. 2)
Imagem 1 - Diversidade Cultural
6 Antropologia da Imagem – “Raça e História – Uma janela para a evolução da Humanidade”
1.1 1.1 1.1 1.1 –––– Raça,Raça,Raça,Raça, CulturaCulturaCulturaCultura, Povo e Etnia, Povo e Etnia, Povo e Etnia, Povo e Etnia
A questão central do texto reporta o leitor para a noção de raça humana, ou seja,
que existem variadas raças entre os humanos. Esta questão é extremamente criticada
pelo autor, uma vez que este afirma que é um conceito erróneo pois, biologicamente,
todos os seres humanos possuem a mesma constituição, a mesma estrutura genética.
Assim sendo, Lévi-Strauss direcciona uma crítica acesa às teorias evolucionistas,
especialmente ao darwinismo biológico e ainda afirma que a noção de superioridade
racial só foi criada para justificar formas e ideais de dominação.
Segundo o autor o conceito de “raças” não deve assentar em diferenças
fenotípicas, pois estas diferenças contabilizam-se em unidades, enquanto que as culturas
exigem uma contagem que ascende aos milhares.
“Existem muito mais culturas humanas do que raças humanas, pois enquanto
umas se contam aos milhares, outras contam-se às unidades.” (Lévi-Strauss,
1970, pág. 1)
A desigualdade das raças foi um
artifício usado para justificar teorias e
ideologias. A diversidade intelectual, estética
ou social não tem qualquer relação de causa e
efeito no plano biológico.
Lévi-Strauss vai propor que a
classificação dos humanos se baseie na etnia.
Tendo em conta o conceito de etnia pode
dizer-se que é, segundo Zimberg (2011):
“Povo que se identifica pelas suas
tradições culturais, políticas, religiosas e
sociais em geral. A etnia pode ser
classificada, sobretudo como o conjunto
de determinadas tradições culturais de
determinado povo.”
Imagem 2 - Diversidade Étnica
7 Antropologia da Imagem – “Raça e História – Uma janela para a evolução da Humanidade”
Quanto à cultura, Lévi-Strauss afirma que todas as culturas se encontram em
constante desenvolvimento e esse desenvolvimento é constantemente fomentando e
acrescido devido ao contacto com outras culturas.
“Consequentemente, a diversidade de culturas humanas não nos deve convidar
a uma observação fragmentadora ou fragmentada. Ela é menos função do
isolamento dos grupos que das relações que as unem.” (Lévi-Strauss,1970, pág. 3)
Também nos indica que não existem culturas totalmente isoladas pois, em determinado
momento, estabelecem contacto com outras etnias que permitem o progresso, o que nos
reporta para o conceito de alteridade que se traduz no:
“Momento em que determinadas etnias estabelecem contacto pela primeira vez
e que percepcionam a existência de outras culturas, para além das suas. O que as
faz perceber que existem diferenças entre si.”
Ocasionalmente estas diferenças podem traduzir-se numa grande incompreensão
o que gera uma visão etnocêntrica do mundo. Pode então compreender-se como
etnocentrismo:
“Acto de um determinado grupo étnico ou de um membro isolado, de determinar
que a sua cultura é superior e correcta. Deste modo existe um julgamento, das
demais, fundamentado numa análise unilateral.”
“Repúdio a outras formas culturais – morais,
religiosas, sociais e estéticas – mais afastadas
daquelas com as quais nos identificamos.” (Lévi-
Strauss, 1970, pág. 4)
O Etnocentrismo é um tema com grande
destaque no texto de Lévi-Strauss. Aqui é comum a
associação do outro com a idéia do bárbaro, do
selvagem. Nós somos a “gente”, o “povo”, os
“homens”. O “outro” fica fora dessa qualificação. Imagem 3 – Povo cherokee
8 Antropologia da Imagem – “Raça e História – Uma janela para a evolução da Humanidade”
Exemplos:
� Ianomâmis – “nossa gente”;
� Cherokees – “povo real” ou
“principal”;
� Mapuches – “homens da terra”;
� Bantu – “pessoas”, é o plural de
muntu.
Exemplos do “outro”:
� Caiapó - significa "como um
macaco". Os seus inimigos dão-lhes
esta designação porque se pintavam
de negro para guerrear.
Autodenominam-se mebemgokrê,
ou “povo do buraco d'água”, devido
a ser uma referência à lenda que diz
que eles vieram do céu e ao cair
avistaram imensos rios;
� Navajo - (“campo grande”).
Denominam-se de Dineh, que
significa “povo da terra santa”;
� Esquimós - (significa “comedores de
carne crua”) . Autoentitulam-se de
Inuit (“o povo”) ou inuik (“pessoa”)
É daqui que partem as teorias evolucionistas e comportamentos dominadores, tal
como os regimes impostos por toda a Europa sobre o Continente Africano.
Com o desenrolar do texto, Lévi-Strauss, demonstra-nos que tem de existir uma
postura relativista para que possa existir progresso nas sociedades. Sendo que o
relativismo se traduz no:
Imagem 4 – Povo Navajo, Caiapó, Esquimó.
9 Antropologia da Imagem – “Raça e História – Uma janela para a evolução da Humanidade”
“acto de respeitar o comportamento e os conceitos étnicos de cada um, não
tentando interferir ou julgar de acordo com o seu próprio ponto de vista a ética
neles presente.” (Zimberg, 2011)
Por fim, Lévi-Strauss conclui que a igualdade cultural é desmesuradamente
contraditória, uma vez que cada etnia tem de preservar a sua originalidade cultural a fim
de manter a sua evolução. Esta originalidade assenta na forma como determinada
cultura resolve os seus problemas utilizando: a sua linguagem própria, as suas técnicas,
as suas artes, os seus conhecimentos científicos, etc. Esta evolução não depende
necessariamente de descobertas tecnológicas (escrita, metalurgia, medicina, formas de
cultivo, etc.) uma vez que estas descobertas só acontecem por necessidade e contacto
intercultural, ou seja, não se relacionando necessariamente com os avanços
tecnológicos, desenrolando-se de uma forma constante e não estacionária.
10 Antropologia da Imagem – “Raça e História – Uma janela para a evolução da Humanidade”
Capítulo ICapítulo ICapítulo ICapítulo IIIIIIIII
Apreciação Crítica
Após a leitura e análise minuciosa do texto “Raça e História” de Lévi-Staruss,
pode dizer-se que a humanidade ainda tem um longo percurso a percorrer a fim de
deitar por terra algumas lacunas que se encontram incrustadas na sua natureza.
Apesar do autor estabelecer um princípio/uma meta do que deveria ser a
humanidade e o seu comportamento perante o outro e a diferença, a cultura ocidental
ainda se encontra firmemente enraizada a velhos hábitos e costumes que permitem
algumas injustiças, diferenciações e descriminação. Ainda permanece uma cultura
marcada pelo preconceito(1), pelo estereótipo(2), pelo racismo(3), pela desigualdade e pela
descriminação(4).
Visto que a cultura ocidental ainda se encontra manchada por todos estes pré-
conceitos é de difícil assimilação vários dos conceitos que Lévi-Strauss nos apresenta.
As pessoas encontram-se demasiado entorpecidas por tudo o que a cultura, os costumes
e o estereótipo lhes propõem, não deixando margem para um pensamento mais aberto.
Lévi-Strauss tenta demonstrar-nos que para evoluirmos, para crescermos temos
de aceitar a diferença, aceitar que as culturas são diferentes, que as etnias são diferentes,
mas que não é por isso que nos devemos separar uns dos outros.
Antes pelo contrário, estas diferenças devem levar-nos a uma
união como forma de evolução.
Em suma a multiculturalidade, sendo o multiculturalismo:
“O reconhecimento das diferenças (de valores, de
costumes, etc.), da individualidade de cada um (indivíduos de
etnias diferentes), mas sempre em busca da igualdade de
direitos e deveres, perante a lei.”
(1) Preconceito – atitudes adversas ou hostis em relação a uma pessoa que pertence a um grupo, simplesmente porque pertence a esse grupo, presumindo-se assim que possui as características negativas atribuídas a esse grupo. Envolve um pré-juizo, regra geral negativo. (Carvalho, 2011, pág. 5) (2) Estereótipo - categoria favorável ou desfavorável que é partilhada por um grupo social ou cultural e que se refere a características pessoais, especialmente a traços de personalidade ou a comportamentos de um grupo de indivíduos. É uma super-generalização que se traduz em formas rígidas e esquemáticas de pensar que se generalizam. (Carvalho, 2011, pág. 2) (3) Racismo – discriminação de povos ou pessoas com base no preconceito da sua inferioridade. (Infopédia, 2003-2012) (4) Discriminação – comportamento que se caracteriza pelo tratamento de indivíduos ou grupos com base no desprezo e humilhação. Na base da discriminação está o preconceito. (Carvalho, 2011, pág.6)
Imagem 5 - Multiculturalidade
11 Antropologia da Imagem – “Raça e História – Uma janela para a evolução da Humanidade”
é uma mais valia para a humanidade, uma vez que nos leva ao encontro de novas
experiências, novas formas de ver o mundo e as coisas, permitindo-nos uma visão mais
flexível perante a diferença e perante o que à primeira vista não nos é familiar.
12 Antropologia da Imagem – “Raça e História – Uma janela para a evolução da Humanidade”
ConclusãoConclusãoConclusãoConclusão
Durante o trabalho deparei-me com algumas dificuldades, como a própria leitura
do texto integral que não é de fácil compreensão. Perante esta adversidade senti a
necessidade de fazer inúmeras pesquisas na Web a fim de alargar horizontes e perceber
exactamente aquilo que o texto tinha para me dizer
O autor ao longo do texto vai-nos bombardeando com questões que nos levam a
ponderar e a colocar alguns dos conceitos que tomamos como padrão em dúvida. Este
exercício mental é importante uma vez que, cada vez mais, nos cingimos ao pré-
estabelecido pela cultura e meio onde estamos inseridos. Os estereótipos, o racismo, a
descriminação e a desigualdade assumiram o nosso dia-a-dia e, por mais estranho que
pareça, passaram a fazer parte daquilo que temos como familiar.
O autor propõe-nos uma mudança radical no que toca ao nosso pensamento e à
forma como reagimos e aceitamos a diferença. Segundo a sua visão, só podemos evoluir
aceitando a diferença e integrando-a no nosso quotidiano. Cada vez mais devemos unir-
nos e aceitar o que nos é “estranho”.
Em suma, pode considerar-se, que o caminho do futuro, o caminho da evolução
é a multiculturalidade.
Apresentação disponível em:
http://prezi.com/s4oh0xlni4id/raca-e-historia-uma-janela-para-a-evolucao-da-
humanidade/?auth_key=c0b60a2154a4dbfe5df229126dab0dc8701d59cc
13 Antropologia da Imagem – “Raça e História – Uma janela para a evolução da Humanidade”
BibliografiaBibliografiaBibliografiaBibliografia
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http://www.slideshare.net/VitorCarvalho1/power-point-esteretipos-preconceitos-e-
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http://resumosparaestudos.blogspot.pt/2011/05/resenha-sobre-o-texto-raca-e-
historia.html