Quem são Álvaro de Campos e Bernardo Soares? · “eu”,a dor de pensar e o conflito entre a...
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Quem são Álvaro de Campos e Bernardo Soares? (Autoria de Fernando Pessoa)
Trabalho realizado por:- Mafalda Matias, 9º
Vídeo de Álvaro Campos
Introdução• Álvaro de Campos é um dos
heterónimos do poeta português
Fernando Pessoa.
• Além de Álvaro de Campos, foi Alberto
Caeiro, Ricardo Reis e Bernardo Soares.
Tendo sido “plural”, como se definiu,
Fernando Pessoa criou personalidades e
elaborou com minúcia os respetivos
dados biográficos, ideias e convicções
de cada personagem.
• Álvaro de Campos é um dos mais
importantes.Álvaro de CamposÁlvaro de Campos-caricatura
Biografia• Álvaro de Campos foi o mais versátil e emotivo de todos
os heterónimos de Fernando Pessoa. Foi criado em 1915,
no entanto, nasceu em Tavira, no extremo sul de Portugal,
a 15 de outubro de 1890, às 13:30 da tarde. Passou a sua
adolescência na África do Sul. Posteriormente foi para
Glasglow, estudar engenharia, primeiro mecânica, e
depois naval. Contudo, não exerceu a profissão por não
poder suportar viver confinado em escritórios. Teve uma
educação de Liceu comum, qualificada de “vulgar”,
pelo próprio Fernando Pessoa. Durante a sua fase adulta,
foi para Oriente, mas trabalhou em Londres. Voltou para
Lisboa em 1926, desapontado. Faleceu a 30 de
novembro de 1935, em Lisboa (data que corresponde à
morte de Fernando António Nogueira Pessoa).
Características, Personalidade e Ideologias• O próprio Fernando considera que Álvaro
de Campos se encontra no “extremo
oposto, inteiramente oposto, a Ricardo
Reis”. Era um engenheiro de educação
inglesa e origem portuguesa, mas sempre
com a sensação de ser um estrangeiro em
qualquer parte do mundo. Álvaro de
Campos é o “filho indisciplinado da
sensação e para ele a sensação é tudo. O
sensacionismo faz da sensação, a
realidade da vida e a base da arte. O EU
do poeta tenta integrar e unificar tudo o
que tem ou teve existência ou
possibilidade de existir.
Alberto Caeiro
Ricardo Reis
• Fisicamente era um senhor alto,
com certa de 1,75m de altura, um
pouco curvado (quase marreca),
magro, moreno, de pele clara e
usava monóculo ou óculos. Tinha
cabelo liso e virado para o lado e
bigode, mas não tinha barba.
Vestia-se sempre de forma formal,
incluindo com uma chapéu (a sua
imagem é conhecido pelo típico
chapéu), todavia o seu estilo
dependia da fase da escrita em
que se encontrava.
Características, Personalidade e Ideologias
Poesia visual
A sua escrita• Marcas Temáticas
– Civilização mecânica e industrial;
– Atitude escandalosa;
– Sadismo e masoquismo;
– Cansaço existencial e frustração;
– Solidão e isolamento;
– Explosão sentimental e emocional;
– Melancolia pela infância perdida.
• Marcas Formais
– Versos longos;
– Anáforas, metáforas, onomatopeias, aliterações, assonâncias e recursos expressivos
em geral;
– Versos livres;
– Pontuação expressiva;
– Ordenação caótica das palavras;
– Universo simbólico;
– Versos formados apenas com verbos;
Assinatura de Álvaro Campos
Fases da Escrita- 1ª• 1ª Fase - Decadentista
• Nesta fase o poeta exprime o tédio, o cansaço e a
necessidade de novas sensações (“Opiário”).
Também o decadentismo surge como uma atitude
estética finissecular (relativa ao fim do século) que
exprime o tédio, o enfado, a náusea, o cansaço, o
abatimento e a necessidade de novas sensações.
Esta fase expressa-se como a falta de um sentido
para a vida e a necessidade de fuga à monotonia.
Tudo isto com preciosismo, símbolos e imagens. Esta
fase apresenta-se marcada pelo Romantismo e
pelo Simbolismo.
• 2ª Fase – Futurista/Sensacionista
• Esta fase foi bastante marcada pela influência de Walt
Whitman e de Marinetti (Manifesto Futurista). Nela, Álvaro
de Campos celebra o triunfo da máquina e da
civilização moderna. Sente-se nos poemas uma atração
quase erótica pelas máquinas, símbolo da vida moderna.
Campos apresenta a beleza dos “maquinismos em fúria”
e da força da máquina por oposição à beleza
tradicionalmente concebida. Exalta o progresso técnico,
essa “nova revelação metálica e dinâmica de Deus”.
Fases da Escrita- 2ª“Ode triunfal”
• A “Ode Triunfal” ou a “Ode Marítima” são
exemplos desta intensidade e totalização das
sensações. A par da paixão pela máquina, há
a náusea provocada pela poluição física e
moral da vida moderna. O futurismo, nesta
fase, é visível no elogio da civilização industrial,
na rutura com o subjetivismo da lírica
tradicional e na transgressão e mudança da
moral estabelecida. Quanto ao Sensacionismo,
este revela-se na vivência em excesso das
sensações, no masoquismo e na expressão do
poeta como “cantor lúcido do mundo
moderno”.
Fases da Escrita- 2ª (continuação)
“Ode marítima”
• 3ª Fase – Intimista/Pessimista
• A fase intimista é aquela em que, perante a incapacidade
das realizações, traz de volta o desalento. Nesta fase,
Campos sente-se vazio, um marginal, um incompreendido.
Sofre fechado em si mesmo, angustiado e cansado. Como
temáticas destacam-se: a solidão interior, a incapacidade
de amar, a descrença em relação a tudo, a nostalgia da
infância, a dor de ser lúcido, a estranheza e a perplexidade,
a oposição sonho/realidade – frustração, a dissolução do
“eu”, a dor de pensar e o conflito entre a realidade e o
poeta. O poema "Tabacaria", escrito em 1928 e publicado
em 1933, é a maior obra da última fase de Álvaro Campos,
apesar do “Estou Cansado” ser também característico.
Fases da Escrita- 3ª
Exemplos de poemas de Campos• Passagem das Horas, 1916
• Apontamento, 1929
• Tabacaria, 1929
• Magnificat, 1933
• Aniversário, 1930
• Lisbon Revisited, 1923
• Poema em Linha Reta
• Ode Triunfal
• Opiário
• Ode marítima
• Estou cansado
• Se te Queres
•Passando para Bernardo Soares…
BiografiaBernardo Soares é um ajudante de guarda-livros
que Fernando Pessoa encontra de vez em
quando em modestos restaurantes ou casas de
pastos da Baixa Lisboeta (onde Bernardo deu a
Pessoa o “Livro do Desassossego”). Escrevia partes
da sua prosa poética nos intervalos de tarefas
burocráticas. É considerado pelo seu criador
(Pessoa) como uma “personalidade literária”,
como “semi-heterónimo”, pois apesar da sua
personalidade não convergir totalmente com a
de Pessoa, há aspetos em comum entre os dois, e
com a seguinte expressão “Sou EU menos o
raciocínio e a afetividade”. Bernardo nasce e
falece na mesma altura que Fernando Pessoa.
• Bernardo Soares é o autor da obra “Livro do
Desassossego. Este semi-heterónimo é uma
personagem literária que revela Pessoa num
certo registo, apesar de algumas das suas
características contrastarem com a
personalidade deste escritor. É através desta
personagem, que Fernando confessa e
revela uma parte do seu ser, a do seu
quotidiano banal como correspondente
comercial. “O mundo exterior existe como
um ator num palco está lá e é outra coisa”-
Livro do Desassossego.
Características, Personalidade e Ideologias
Assinatura de Bernardo Soares
O Livro do Desassossego
• Fisicamente Bernardo Soares tinha 1,70 m de altura e
71kg de peso. De acordo com o prefácio do Livro
do Desassossego, Bernardo Soares era um homem
que “aparentava trinta anos, magro, mais alto que
baixo, curvado exageradamente quando sentado,
mas menos quando de pé, vestido com um certo
desleixo não inteiramente desleixado”. A sua face
era pálida e marcada por “aquele sofrimento que
nasce da indiferença que provém de ter sofrido
muito”. Soares conta-nos que a sua mãe faleceu
quando tinha um ano de vida e seu pai suicidou-se
quando tinha três. Foi acolhido por umas tias na
província, até que foi levado por um tio “para um
escritório de Lisboa”.
Características, Personalidade e Ideologias
A sua escrita…O Livro do Desassossego:
• Trata-se de um diário ou caderno de notas de um empregado de
escritório em Lisboa.
• Pessoa define-o como uma autobiografia sem factos onde a
instância da ficção se faz insignificante diante das dramáticas
reflexões.
Características da Escrita:
- Escrito em forma de fragmentos;
- Prosa fragmentária, crónica do quotidiano;
- Dramaticidade das reflexões humanas;
- Diversos fragmentos são investigações íntimas das sensações
provocadas pelo anonimato, pelo quotidiano de uma vida comum;
- Construção de si mesmo;
- Uma das obras fundadoras da ficção portuguesa no século XX.
Exemplos de poemas de Bernardo • Isto
• Aos deuses uma coisa se agradeça
• O coração, se pudesse pensar, pararia
• Loura a face que espia
• Noite Calma
• Luar
• Hesitação e Dúvida
• Orquestra Oculta
• Instrumento
• O Livro do Desassossego (Livro)
ConclusãoAo elaborar este trabalho, concluo que Fernando Pessoa cria toda uma
vida para cada um dos heterónimos, que, por vezes, apresenta pontos de
semelhança com a vida do próprio escritor, mas também contrasta com
a mesma. Ambos os lados do autor são revelados com este surgimento
dos heterónimos, todavia, apenas todos unidos completam a
personalidade de Pessoa, pelo que é essencial conhecê-los a todos.