Quanto vale nosso cordeiro?

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Esta semana recebi um e-mail de um cliente e amigo (Luiz Carlos Costa, da Comagrivel) que motivado pelo livro do Zebu que será lançado esse ano com a pergunta: “Quanto Vale o Zebu e quanto ele valerá em 2050?”. Este questionamento absolutamente intrigante e estimulante, o fez mandar outra pergunta para nós (eu e mais algumas pessoas de seu relacionamento): “Quanto valerá um cordeiro Dorper em 2050?”. Escrevi uma resposta buscando enriquecer a discussão sobre o assunto e recebi algumas manifestações positivas sobre o texto. Então resolvi publicar para envolver um número maior de criadores e amigos em torno da discussão e desenvolvermos nosso setor que passa por um momento de oportunidade única. A partir da excelente pergunta de nosso amigo Luiz e sua “provocação” para discutirmos o posicionamento de nosso produto, ovino, diante da demanda eminente de alimentos para os próximos 40 anos. Mas antes acho que cabe outra pergunta: “Quanto vale um cordeiro hoje?”. Temos uma demanda enorme por carne de cordeiro, seja Dorper ou de qualquer outra raça e nós não conseguimos supri-la e muito pouco ampliar a nossa produção. O Zebu que você muito bem usou como trampolim para essas perguntas, se posicionou anos atrás como raça mãe do rebanho bovino nacional e hoje a associação é uma potencia e as raças Zebuínas responsáveis por mais de 80% das matrizes de campo no país.

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“Quanto vale um cordeiro hoje?”. Temos uma demanda enorme por carne de cordeiro, seja Dorper ou de qualquer outra raça e nós não conseguimos supri-la e muito pouco ampliar a nossa produção. O Zebu que você muito bem usou como trampolim para essas perguntas, se posicionou anos atrás como raça mãe do rebanho bovino nacional e hoje a associação é uma potencia e as raças Zebuínas responsáveis por mais de 80% das matrizes de campo no país.

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Page 1: Quanto vale nosso cordeiro?

Esta semana recebi um e-mail de um cliente e amigo (Luiz Carlos Costa, da Comagrivel) que motivado

pelo livro do Zebu que será lançado esse ano com a pergunta: “Quanto Vale o Zebu e quanto ele valerá

em 2050?”. Este questionamento absolutamente intrigante e estimulante, o fez mandar outra pergunta

para nós (eu e mais algumas pessoas de seu relacionamento): “Quanto valerá um cordeiro Dorper em 2050?”. Escrevi uma resposta buscando enriquecer a discussão sobre o assunto e recebi algumas

manifestações positivas sobre o texto. Então resolvi publicar para envolver um número maior de

criadores e amigos em torno da discussão e desenvolvermos nosso setor que passa por um momento de

oportunidade única.

A partir da excelente pergunta de nosso amigo Luiz e sua “provocação” para discutirmos o

posicionamento de nosso produto, ovino, diante da demanda eminente de alimentos para os próximos

40 anos. Mas antes acho que cabe outra pergunta: “Quanto vale um cordeiro hoje?”. Temos uma

demanda enorme por carne de cordeiro, seja Dorper ou de qualquer outra raça e nós não conseguimos

supri-la e muito pouco ampliar a nossa produção. O Zebu que você muito bem usou como trampolim

para essas perguntas, se posicionou anos atrás como raça mãe do rebanho bovino nacional e hoje a

associação é uma potencia e as raças Zebuínas responsáveis por mais de 80% das matrizes de campo no

país.

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Comparando o potencial produtivo, por área, dos bovinos com os ovinos e utilizando o gancho da

escassez de alimentos, aumento da população e diminuição (ou estagnação) das áreas de agricultura e

principalmente da pecuária, temos diante de nossos olhos uma oportunidade ímpar para os ovinos.

Nossa cadeia é curta de nove a doze meses temos um ciclo completo de produção (estação de monta,

gestação e abate). Já os bovinos, em condições normais são 4 anos de ciclo.

Costumo brincar nos comparativos que faço: Se inseminamos uma vaca e uma ovelha no mesmo dia, e

ambas emprenharem, no dia que o bezerro nascer, poderemos comer o cordeiro para comemorar.

Agora falando sério, com um ciclo médio de 10 meses (ovinos) X 48 meses (bovinos), teremos ao final de

um ciclo do boi gordo 4,8 ciclos de cordeiros. Um boi gordo precisará de 1 ha a sua disposição para ser

abatido com 16@, enquanto na mesma área podemos terminar 12 cordeiros ou mais por ciclo.

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Ou seja, ao final dos 4,8 ciclos são 57,6 cordeiros de aproximadamente 20 Kg de carcaça limpa, que são

1152 Kg de carne na mesma área e no mesmo período que produzimos 240 Kg de carne bovina. Com os

preços médios de São Paulo hoje: Um boi gordo de 16@ vale R$ 1536,00 (R$96,00/@ Araçatuba-SP em

22/01), já o cordeiro vale em média a R$ 10,00/Kg ( FZEA/ESALQ , 22/01) o que renderia R$ 11520,00 no

mesmo período e na mesma área. Fiz umas contas rápidas que podem sofrer variações de acordo com a

região ou com o sistema de produção, mas com certeza não fugirão muito disso. Isso também sem

considerar na ovinocultura o uso de tecnologias que podem nos tornar muito mais eficiente, nos ciclos

de produção, na reprodução, taxa de lotação, terminação, etc. Ou seja, esses números ainda têm muito

para melhorar.

Melhor momento e melhores perspectivas que essas para irmos para o campo produzir carne de

cordeiro, não há. Temos 200 milhões de habitantes que consomem 140 mil ton. de cordeiro por ano,

disso 60% é de origem importada, não produzimos e não ganhamos por isso e tem alguém ganhando em

nosso lugar. É hora de partir para o campo produzir e mostrar quanto vale o nosso cordeiro!

Edson Ramos Siqueira

Gerente de Produto Caprinos e Ovinos

[email protected]