Qualidade de vida

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1 FACULDADE DA ALDEIA DE CARAPICUIBA TISSIANE CRISTINA CASTRO DE BRITO QUALIDADE DE VIDA DO PROFESSOR

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Como melhorar a qualidade de vida do professor

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FACULDADE DA ALDEIA DE CARAPICUIBA

TISSIANE CRISTINA CASTRO DE BRITOQUALIDADE DE VIDA DO PROFESSORCAMPOS DO JORDO2010FACULDADE DA ALDEIA DE CARAPICUIBA

TISSIANE CRISTINA CASTRO DE BRITO

QUALIDADE DE VIDA DO PROFESSORMonografia apresentada como exigncia do curso de Ps-Graduao para obteno do ttulo de Especialista em Docncia do Ensino Superior, sob orientao do Professor Dr. Joo Tomaz de Oliveira.

CAMPOS DO JORDO2010

ff

QUALIDADE DE VIDA DO PROFESSOR

TISSIANE CRISTINA CASTRO DE BRITO

APROVADA EM __/__/____

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. ____________________________

Prof. Dr. JOO TOMAZ DE OLIVEIRA

Prof. Ms.____________________________

EPGRAFE

Quando as coisas vo erradas no pense que todos os seus esforos tm sido em vo. Talvez tudo foi para melhor: por isso, sorria... E experimente outra vez.Prof. Marcelo Pereira de Souza

DEDICATRIA

Eu dedico esse trabalho para Deus que me deu vida, energia, inteligncia e f, aos que utilizaro as tcnicas citadas para alvio do estresse do dia a dia e a quem est lendo esta dedicatria.

AGRADECIMENTOS

Eu agradeo a todos que me auxiliaram nessa tarefa, aos meus colegas de sala, ao meu marido, minha me, meu irmo, e a todos que acreditaram no meu trabalho de unir o lado pedaggico e o lado teraputico da questo do estresse .RESUMO

A presente monografia Qualidade de vida do professor, centra-se na anlise do grau de estresse que esto expostos os professores. Inicialmente tenta-se localizar na Histria da Educao mudanas que podem ter contribudo para essa gradual queda da qualidade de vida do professor. O objetivo principal dessa anlise compreender os fatores que ocasionaram esse estresse, e a partir de ento expor solues para que no afete a qualidade do ensino. Para tanto foram realizadas pesquisas bibliogrficas e leituras interpretativas de diferentes realidades culturais, para aproximar a teoria e a prtica nas possveis solues do problema. Professores deram seus depoimentos para melhor visualizao do estresse e a partir da tambm podemos verificar sintomas que os professores sentem no dia a dia e, finalmente solues para alvio desses sintomas. ABSTRACT

This monografy Quality of life of the teacher, cetra is in the degree of stress that teachers are exposed. Initially tries to locate in the history of education changes that may have contributed to the gradual decrease in quality of life of teachers. The main purpose of analysis is to understand the factors that ocasin this stress, and from then exposed to solutions that affect the quality of both studies were carried out ensino. This bibliographic readings and interprets it from different cultural realities, to bring theory and practice in possible solutions of problems. Teachers gave his testimony to visualization of stress and henceforth we can also check symptoms that the teachers feel on a daily basis, and ultimately solutions to alleviate such symptoms.SUMRIO

Introduo11

Captulo I- O valor do professor no decorrer da histria e depoimentos de professores13

Captulo II- Fatores que afetam a qualidade de vida19

Captulo III- Sintomas que professores apresentam e a Sndrome de Burnout23

Captulo IV- Solues para melhora da qualidade de vida26

Concluso42

Referncias bibliogrficas43

SUMRIO DE FIGURASFigura 128

Figura 228

Figura 329

Figura 429

Figura 530

Figura 630

Figura 731

Figura 831

Figura 932

Figura 1032

Figura 1133

Figura 1233

Figura 1334

Figura 1434

Figura 1535

Figura 1635

Figura 1736

Figura 1837

Figura 1938

Figura 2039

Figura 2140

Figura 2241

INTRODUO

Como professora e terapeuta pude pessoalmente vivenciar lados diferentes no que se trata de qualidade de vida. O professor est pouco preocupado com essa qualidade, por isso senti a necessidade de analisar a situao e apresentar maneiras de soluo para esse problema.Embora atualmente, a questo da qualidade de vida tem sido muito discutida, principalmente no que se trata de profissionais que lidam diretamente com pessoas; em relao sade se fala muito de preveno e no mais somente de reabilitao e recuperao. Estudos tm mostrado que a profisso do professor uma das que mais sofrem com o estresse e outras sndromes decorrentes da qualidade de vida e do trabalho, portanto o professor no tem conscincia de que est vivendo esse estresse dirio, no se preocupando com a preveno e somente quando os problemas j esto instalados e graves se preocupa em resolv-los.

A profisso do professor nas ltimas dcadas vem sofrendo uma desvalorizao e uma presso que refletem no cenrio do magistrio atual (Ferreira, 1998).

Acompanhando todo o processo educacional, poltico e social verificamos que diversos fatores colaboraram com a queda da qualidade de vida do professor. O professor tem que estar o tempo todo se adaptando a novos padres, novas propostas, novas realidades dentre outras. Por isso a importncia de acompanhar o dia a dia do professor e apresentar solues para melhorar esse estresse dirio a qual est sujeito.A pesquisa abordar primeiramente o papel do professor na histria, entendendo a partir da momentos em que a qualidade de vida, a desvalorizao e a presso foram acontecendo gradativamente.

Depois sero abordados os fatores que afetaram a qualidade de vida, os sintomas que os professores costumam apresentar e a sndrome que afeta mais os professores do que outras classes profissionais. Por fim, maneiras prticas e simples de prevenir a somatizao e diminuir o estresse dirio, impedindo que ele afete diretamente o sistema nervoso e o fsico, acarretando doenas psicossomticas. O intuito do trabalho ter de maneira fcil e ao alcance das mos idias para aliviar o estresse.

I- VALOR DO PROFESSOR NO DECORRER DA HISTRIAAo longo da histria a educao passou por grandes transformaes e por conseqncia o papel do professor tambm foi se modificando nesse percurso. As modificaes foram desde a metodologia at a forma de transmisso e assimilao do conhecimento (Costa, 2010).Nas sociedades tribais a educao era transmitida de pai para filho com as vivncias dirias. Porm havia na tribo algum respeitado que transmitia os conhecimentos tradicionais que deveriam ser seguidos. Normalmente chamado de paj ele era de muito poder e respeito.

Na antiguidade oriental a educao era restrita para a pequena elite, o restante era excludo e restrito educao familiar. Portanto o professor lidava com a homogeneidade e grupos bem pequenos de alunos, o que no acontece nos dias de hoje.

Na Grcia se buscava a formao integral de corpo e esprito, o professor era mais um instrutor fsico que orientava exerccios, competies de corrida, salto e arremessos. Porm as mulheres no participavam disso, pois ficavam em casa.Na Idade Mdia a educao fica a cargo do clero, pregando uma viso teocentrista do homem como criatura divina. Portanto a Igreja trazia a educao a seu favor.

No Renascimento, o Humanismo esfora-se para superar o teocentrismo, enfatizando a individualidade do homem. Da comea a ascendncia do homem e decadncia da Igreja.

Nos anos posteriores o grande embate da educao focou-se em situaes de universalizao do acesso, incluso, qualidade entre outros. nesse momento que a qualidade to buscada se perde, pois a qualidade de vida do professor passou a no existir mais, diante de tantas mudanas. Foram feitos discursos de melhora de qualidade do ensino, mas no se discutia a qualidade de vida do professor, essa passou a se tornar mais relevante quando j estava perdida.

De acordo com Garcia et al., (2003), as caractersticas do trabalho docente de 1980 eram o controle de sala de aula, a instruo dos educandos, a especializao em seus respectivos contedos disciplinares, a conquista de direito como profissionais de estarem engajados na elaborao de polticas educacionais, nas discusses sobre determinao dos currculos e prticas escolares.

Na dcada de 90, aconteceu um movimento inverso e muitas das conquistas dos docentes foram perdidas, tem se retirado do professor do cerne do debate sobre currculos e sobre a elaborao da poltica educacional.

Para sabermos o que acontece atualmente com a qualidade de vida dos professores nada melhor do que saber diretamente dos profissionais como esto vivenciando suas rotinas. Seguem alguns depoimentos de professores de cidades e nveis de ensino diferentes, para que se possa inteirar da situao presente de vida dos professores.Depoimentos de professoresProfessora do ensino mdio aposentada

Eu aposentei h uns dez anos e h cinco anos fao tratamentos para uma doena mental, tomo remdios antidepressivos h quinze anos e agora tambm tomo remdios para memria e para a rea do crebro que foi atingida, a cabea est a cada dia pior. Engordei cinquenta quilos por causa dos medicamentos e isso acarretou diversas outras doenas, colesterol, triglicerdeos, gastrite, lcera, queda de cabelo quase total, por isso uso chapu todo o tempo. No incio da doena mental procurei centro esprita, igreja, benzedores, videntes, astrlogos dentre outros. At resolver conviver com a doena e os remdios que me impedem de ter vida social por causa dos seus efeitos colaterais.

Professora da Educao InfantilEu levo uma vida de qualidade porque leciono somente um perodo e tiro o resto do tempo para minha vida pessoal. Fao exerccios fsicos e caminhada todos os dias, mas tenho conscincia que a minoria dos professores podem ter uma rotina assim.

Professor do Ensino Fundamental e MdioEu trabalho no perodo da manh e da tarde e noite levo para casa provas, atividades, caderneta para fazer, corrigir ou elaborar. A esposa e filhos reclamam da minha ausncia total na vida familiar, pois aos finais de semana quero ficar sozinho, dormir, me trancar no quarto. J fui em mdicos, terapeutas, psiclogos e foi diagnosticado uma depresso. Encontro dificuldades pra dar aula, tenho alunos agressivos que fazem parte de gangs e ameaam os professores se no fizerem o que eles querem. Muitos alunos so usurios de drogas e j trabalham vendendo drogas nas proximidades da escola. Tenho crises de choro quando acordo e penso em ir pra escola, enfrentar tudo de novo. Professora de Ensino Fundamental

O maior entrave na minha vida profissional no so os alunos, mas sim os pais de alunos que so muito ausentes da vida escolar dos filhos e muitas vezes questionam a respeito da eficincia de prticas escolares necessrias para o aprendizado. Em relao especificamente a qualidade de vida, considero que embora enfrente todas as dificuldades do dia a dia, tenho tempo de me cuidar e cuidar da minha sade. Considero boa minha qualidade de vida Professora da Educao Infantil, Ensino Fundamental e Escola da Famlia A minha maior dificuldade administrar o tempo, pois a minha carga horria completa e ainda trabalho na escola da famlia, que funciona aos finais de semana e feriados. No tenho tempo para conviver com familiares e no tenho vida social nenhuma, minha vida ir da escola pra casa e da casa pra escola. Portanto preciso disso pra poder sobreviver, pagar aluguel, gua, luz etc.. Imagino como deve ser ter uma famlia com filhos pra sustentar, pois moro sozinha e acho difcil.

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Professora de Ensino FundamentalO que acho que atrapalha mais nossa vida profissional a administrao que manda fazer coisas que no condizem com a realidade dos alunos. So atitudes descabidas que temos que tomar para no contrariar as ordens que vem de cima. Tirando esses fatores administrativos no tenho problemas com alunos, pais de alunos e colegas de trabalho em geral.

Professor de Ensino Fundamental e MdioEu trabalhei em escolas estaduais, particulares e municipais. Inicialmente tinha uma viso bem otimista, mas com o passar dos anos essa viso foi se modificando a cada momento que se passava algum fato na minha vida profissional. Tive que me afastar das escolas porque estava apresentando alguns problemas de ordem mental. Fui trabalhar em biblioteca e apresento atualmente o Transtorno Obsessivo Compulsivo, fao vrias vezes a mesma coisa, ao fechar a biblioteca volto na porta muitas vezes para verificar, mesmo sabendo que est fechada, algo maior que a vontade. O nico conselho que posso dar para os professores que percebam e admitam quando estiverem trabalhando alm de suas foras e procure alternativas antes que algo se instale.

Professora de Ensino Mdio

Me formei h um ano e sempre achei muito bonito falar que tinha como profisso professor. Sempre achei que deveria ser gratificante para os professores ver a evoluo dos alunos, que deveriam ver os professores como um modelo, um exemplo. Agora na escola como professor, vi que a realidade degradante, alunos que no se interessam pelos estudos, esto na escola porque obrigatrio e fazem parte de uma estatstica simplesmente. s vezes esto na escola somente para fazer trfico de drogas. Do outro lado professores desmotivados e que no se importam nem um pouco com didtica, contedo, pedagogia nem similares, no tm mais vergonha de afirmar que esto l pelo salrio. E como tirar a razo desses professores? Os alunos fingem que aprendem, os professores fingem que do aula e a direo exige notas boas para que os alunos saiam logo da escola e a escola tenha uma boa mdia de notas pra que no seja questionada pelo aprendizado dos alunos. E assim o erro vem de todas as partes, e ningum consegue ir contra a correnteza sem afetar diretamente sua sade e at estado mental.Podemos identificar nos depoimentos vrios fatores desencadeadores da queda da qualidade de vida dos professores que de maneira informal e descontrada nos contam os seus ntimos problemas.

Agora a partir dos depoimentos e da pesquisa bibliogrfica realizada vamos identificar fatores que afetam a qualidade de vida do professor e consequentemente possveis solues para o problema. II- FATORES QUE AFETAM A QUALIDADE DE VIDAPodemos verificar que o papel do professor no decorrer da histria foi sofrendo modificaes e se torna importante destacar os fatores que levaram a essa decadncia de qualidade de vida no trabalho do professor. Antigamente os professores realmente poderiam ter mais eficincia, pois os problemas eram muito menores a nvel educacional e institucional. Os alunos traziam menos problemas para a escola, as famlias eram mais estruturadas e cumpriam sua funo real, hoje sendo transferido para a escola responsabilidades que nem competem a ela.

Alguns fatores estressantes e estressores se aplicam bem ao trabalho dos docentes, tais como:

_ a precariedade de recursos didticos, - as normas e procedimentos administrativos inadequados e com excessivas funes burocrticas atribudas ao docente,- interrupes durante as aulas,- nmero de turmas,

- carga horria semanal,

- presso da direo da escola,

- falta de tempo para realizar tarefas,

-condies fsicas deficitrias das instalaes - muito esforo fsico no trabalho,

- tomada de decises no trabalho,

- pouca liberdade de tomar decises no trabalho,

- pouca liberdade para decidir como fazer o trabalho,

- trabalhar em vrias escolas, em bairros diferentes e distantes,

- o salrio insuficiente- dentre outras (Perez, 1992).Tambm houve transformaes nas prprias organizaes e em suas relaes, quando surgem novas formas tais como:

- autnomo,- o temporrio,- o trabalho terceirizado,- relaes essas que substituem as relaes tradicionais de emprego. Estas modificaes trazem em seu interior a exigncia de redefinies das relaes do trabalho e novos conflitos que procuram legitimar novas formas de representatividade dos trabalhadores e do prprio trabalho que tero seu impacto na profisso docente (Costa, 2002).

Esse impacto exige que o professor se qualifique e atualize constantemente, no intuito de atender as demandas profissionais

Outro fator importante o momento em que houve a obrigatoriedade de freqentar a escola, as salas se tornaram numerosas e o ensino passou a no ser mais para uma classe elitizada.Alm das salas super numerosas, a escola recebe alunos de diferentes meios sociais e culturais, e deve haver adequao de todas as suas metodologias diante dessa heterogeneidade de alunos.

A pea da engrenagem que sofre diretamente essa heterogeneidade o professor, que teve que se adaptar a realidades, pr conhecimentos, culturas e interesses diferentes dos alunos que recebem no sistema escolar.

A partir desse momento, o professor precisou se adaptar a nova realidade e sofrer o que chamamos de estresse, porque houve a quebra da homeostase e efeito prolongado do estressor (Lipp, 2002).

O estresse um processo que ocorre em quatro fases:- fase de alerta, onde acontece o confronto com o agente estressor, ocasionando a quebra da homeostase, considerada a fase positiva do estresse;

-fase de resistncia, quando o organismo procura se adaptar para restabelecer a homeostase, com ao prolongada do estressor;

- fase da quase exausto, onde acontece o incio do processo de adoecimento nos rgos mais vulnerveis a cada pessoa;

- fase de exausto, onde se no acontecer o alvio o estresse atinge sua fase final, atingindo o plano biolgico, fsico e psicolgico.

Quando a pessoa aprende a manejar o estresse, ou seja, alternar estar em alerta e sair dele, isso considerado ideal, no causando danos ao organismo (Barona, 2003).

Na opinio de Vaz Serra (2005), ningum est livre do stress (pg. 29). Nesse sentido, clarifica que o indivduo sente-se em estresse quando est perante um acontecimento que para si significativo e o qual no controla ou no tem aptides suficientes para enfrent-lo.

Nesse mbito, o modelo de estresse proposto por Vaz Serra (1999), procura apresentar uma sntese clara e atual do processo de estresse e tem sido objeto de estudo o modo como as pessoas lidam com as situaes adversas indutoras ao estresse no quadro das organizaes pela importncia que assume no campo do trabalho. Isso est sendo denominado de coping. o interesse pelas diversas formas de adaptao das pessoas a circunstncias adversas, assim como pelos seus esforos para lidar com situaes indutoras de estresse. Coping a capacidade de a pessoa lidar com o estresse, um fenmeno adaptativo que contribui para a sua sobrevivncia e para um adequado desempenho das suas atividades em diversas vertentes da vida.

Vaz Serra (1999),considera que o estresse s se verifica perante situaes de tenso desencadeadoras de experincias estressantes, sendo que tais situaes podem ser acontecimentos incomodativos do dia a dia. Desse modo, avaliao dos acontecimentos por parte do indivduo d-lhe a percepo de ter ou no recursos suficientes para lidar com a problemtica, pois se as exigncias colocadas pela situao forem superiores aos recursos disponveis no indivduo, ento este sente que no tem capacidade de controle e pode entrar em estresse.

Alm do trabalho realizado dentro da sala de aula, o professor tem trabalhos que so realizados em intervalos e at na sua prpria casa, como elaborar e corrigir provas, elaborar e corrigir trabalhos e assim por diante. Essa jornada faz com que o professor se sinta sobrecarregado, a raiva e a frustrao se instalam e interferem desfavoravelmente na sade fsica e mental dos mesmos.

Outro fator estressante nas escolas so a violncia e a falta de interesse, ocasionando a sensao da ameaa e perda de controle por parte dos professores, funcionando como agente estressor. Dessa forma, a insatisfao e a falta de perspectiva de crescimento desestimula os professores que passam a ver a escola e suas atividades como um fardo pesado sem gratificaes pessoais, ocasionando queda de desempenho, frustrao, alterao de humor e outras conseqncias fsicas e mentais.

Outros fatores que so a grande causa do estresse dos professores esto a falta de recursos, a falta de tempo, reunies em excesso, nmero muito grande de alunos por sala de aula, falta de assistncia, falta de apoio e pais hostis.

Outros fatores de estresse do professor:

- polticas inadequadas na escola para casos de indisciplina;

- atitude e comportamentos de administradores, diretores, coordenadores, supervisores e outros;

- avaliao dos administradores e supervisores;

- atitudes e comportamentos de outros professores e profissionais;

- carga de trabalho excessiva;

- oportunidade de carreira pouco interessantes;

- baixo status da profisso;

- falta de reconhecimento;

- alunos indisciplinados e com problemas comportamentais;- pais hostis e ausentes.

III- SINTOMAS QUE PROFESSORES APRESENTAM E SNDROME DE BURNOUTConhecemos os fatores que contriburam para a queda da qualidade de vida do professor e agora vamos abordar os sintomas que afetam esse profissional, inclusive uma Sndrome a qual afeta mais os professores do que outros profissionais que lidam diretamente com pessoas.

O trabalho ocupa uma posio de destaque na vida das pessoas e lhes oferece uma posio social, um status, alm de ser fonte de subsistncia. O trabalho em certos aspectos, cofere ao indivduo uma fonte de prazer, quando este satisfatrio e realizador.

Na atualidade o ritmo de trabalho tem sido intenso e desenfreado exigindo jornadas de trabalho muito grandes, nveis altos de ateno e muita presso sobre os trabalhadores, em relao ao domnio de novas tecnologias, o que gera ansiedade, chegando muitas vezes at o esgotamento, que chamado mais especificamente de Sndrome de Burnout (Lipp, 2002).

Sndrome de Burnout um distrbio psquico de carter depressivo, precedido de esgotamento fsico e mental intenso, que est ligado vida profissional.

A dedicao exagerada atividade profissional uma caracterstica marcante da Sndrome, mas no a nica. O que tem incio com satisfao e prazer, termina quando esse desempenho no reconhecido, da o desejo de se afirmar torna-se obstinao e compulso.Burnout vem da expresso em ingls to burn out, ou seja, consumir-se ( Ballone, 2005).A Sndrome em professores conhecida como uma exausto fsica e emocional que comea com um sentimento de desconforto pouco a pouco aumenta medida que a vontade de lecionar gradualmente diminui. Sintomaticamente, a Burnout geralmente se reconhece pela ausncia de alguns fatores motivacionais: energia,alegria, entusiasmo, satisfao, interesse, vontade, sonhos para a vida, idias, concentrao, autoconfiana e humor.

So muitos os sintomas que levam o professor a adquirir a Sndrome de Burnout, alm dos emocionais citados vamos enumerar alguns sintomas fsicos:- fortes dores de cabea;

-tonturas;

- tremores;

- falta de ar;

- oscilaes de humor;

- distrbio do sono;

- dificuldade de concentrao;

- problemas digestivos;

- depresso;

- esgotamento;

- ansiedade;

- irritabilidade;

- fadiga;

- dores no corpo;

- crises de choro;

- baixa auto estima;

- angstia;

- alergias;

- problemas com as cordas vocais.

A Sndrome de Burnout definida por alguns autores como uma das conseqncias mais marcantes do estresse profissional, e se caracteriza por exausto emocional, avaliao negativa de si mesmo, depresso e insensibilidade com relao a quase tudo e todos.

Essa Sndrome se refere ao estresse ocupacional com predileo aos profissionais que mantm relao constante e direta com outras pessoas, principalmente quando essa atividade considerada de ajuda como mdicos, enfermeiros, professores... (Chanlat, 1990, pg 120).

So doze os estgios da Sdrome de burnout:

1- Necessidade de se afirmar;

2- Dedicao intensificada;

3- Descaso com as necessidades pessoais ( comer, dormir, sair com amigos, famlia), tudo perde o sentido;

4- Recalque de conflitos ( percebe que no est bem mas no admite);

5- Reinterpretao dos valores ( o que antes tinha valor agora j no tem mais);

6- Negao de problemas ( cinismo e agresso so sintomas mais evidentes);

7- Recolhimento;

8- Mudanas evidentes de comportamentos;

9- Despersonalizao;

10- Vazio interior;

11- Depresso

12- Colapso fsico e mental

Quando se chega nesse estgio considerado emergncia e precisa urgente de ajuda mdica.

IV-SOLUES PARA MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA DO PROFESSOR

Diante de tantos sintomas, parece impossvel evit-los, porm a preveno muito mais fcil do que imaginamos. Com simples mudanas no dia a dia j se torna mais fcil cuidar da sade, mas falta conscincia, at mesmo para quem j sofreu com os sintomas do estresse.

As estratgias que podem ser utilizadas pelos professores para lidar com o estresse dirio so (Tavares, 2007):

- realizar atividades de relaxamento;

- praticar atividades fsicas;

- organizar o tempo e decidir quais so as prioridades;

- no ter medo de expor suas fragilidades;

- manter uma dieta balanceada;

- discutir os problemas com colegas de profisso;

- no ser perfeccionista;

- investir em lazer e vida social;

- tirar o dia de folga;

- procurar ajuda mdica ou terapias alternativas;

- tentar organizar uma rotina equilibrada;

- manter sempre os mesmos horrios;

- fazer aquecimento vocal antes e depois das aulas;

- manter a qualidade do trabalho;

- ter carreira bem sucedida no mundo acadmico;

- beber regularmente gua em temperatura ambiente e pequenos goles;

- articular bem as palavras;

- evitar o contato direto com o p de giz;

- evitar caf, bebidas gasosas e o cigarro;

- evitar consumir derivados de leite em excesso, pois engrossam a saliva;

- evitar concorrer com rudos;

- evitar pigarrear, causando atrito coma as cordas vocais;

- evitar roupas que apertem a regio do pescoo;

- na hora de acordar espreguiar e fazer alongamentos;

- comer alimentos pobres em gordura;

- aumentar fibras na dieta;

- aumentar o consumo de peixes;

- consumir alho e frutas ricas em vitamina A e E;

- acupuntura, massagens e terapias;

- exerccios posturais.

O estado nutricional reflete o grau em que as necessidades fisiolgicas de nutrientes esto sendo ou no atendidas. As necessidades dos nutrientes dependero de fatores como estresse, infeces, traumas, crescimento, gravidez, manuteno de peso.

Sero abordados mais especificamente terapias, atividades posturais que podem ser realizadas pra evitar que o estresse da vida diria afete a sade do professor. Antes dessa abordagem sero citadas algumas maneiras da instituio evitar que os problemas do estresse se instalem:

- dar tempo aos professores para que eles colaborem ou conversem;

- prover mais elogios aos professores, reforar suas prticas e respeitar seu trabalho;

- dar mais assistncia;

- prover os professores com mais oportunidades para saber mais sobre alunos com comportamentos irregulares e tambm sobre as opes de programa para o curso;

- envolver os professores nas tomadas de decises da escola e melhorar a comunicao com a escola.

A postura uma forma prpria de linguagem em que o fator emocional um elemento importante para definio e a forma como o corpo se expressa e o que faz, segundo suas emoes.Os exerccios podem ser incorporados no dia a dia do professor inclusive durante a aula, eles relaxam a mente, alongam a musculatura e proporcionam serenidade e concentrao.

Algumas sugestes de exerccios posturais especiais para professores:

Em p com os dedos das mos entrelaados, elevar as palmas das mos. (1)

Flexionar o tronco sobre as coxas, segurando a ponta dos ps. (2)

Flexionar o tronco a frente at formar um ngulo de 90 graus entre o tronco e as coxas. (3)

Afastar os ps aproximadamente 30 cm flexionar o tronco frente e colocar a cabea entre os joelhos com as palmas das mos no solo. (4)

Em p com os ps unidos, flexionar o tronco frente. (5)

Com uma perna semi flexionada e a outra estendida a frente, flexionar o tronco sobre a coxa e segurar a ponta do p. (6)

Afastar as pernas e flexionar o tronco frente e segurar a perna de um dos lados e depois do outro. (7)

Agachar com os ps unidos, mos nos joelhos sem desencostar os calcanhares do solo. (8)

Em p, flexionar uma perna e segurar um dos ps com as duas mos. (9)

Em p com as palmas das mos para fora, cruzar os braos e entrelaar osdedos das mos. (10)Colocar um brao flexionado atrs da cabea e com a outra mo forar em pouco. (11)

Flexo lateral do pescoo, levando a orelha na direo do ombro. (12)

Entrelaar as mos atrs e abrir o ombro. (13)

Extenso do pescoo, forando o queixo para trs. (14)

Flexo do pescoo, forando o queixo na direo do peito. (15)

Rotao do pescoo, forando o queixo na direo do ombro. (16)

Alongar o brao estendido na frente do corpo, com a ajuda da outra mo. (17)

Os exerccios devem ser feitos dentro das limitaes de cada um, e progressivamente melhorando a cada dia. Podem ser feitos diariamente antes da jornada de trabalho, durante a jornada para evitar doenas geradas por esforos repetitivos ou depois da jornada para efeito de relaxamento.

Algumas sugestes de terapias que podem ser feitas para melhora da qualidade de vida ( Ulrich,1980) :

Massagens relaxantes e teraputicasAs massagens proporcionam bem estar e relaxamento, fazendo com que atue no fsico e tambm no psicolgico, aliviando os sintomas de estresse, evitando que haja a somatizao dos problemas gerando as doenas fsicas.A massagem teraputica est sendo indicada por mdicos para complementar tratamentos mdicos tradicionais. Tambm muito indicadas pra preveno de doenas.

Alguns benefcios da massagem:

- proporciona um estado de melhora da sade fsica e mental,

- reduz os batimentos cardacos, - reduz a presso sangunea,

- aumenta a circulao e o fluxo linftico,

- reduz as tenses e espasmos musculares,

- aumenta a amplitude dos movimentos,

- ajuda a aliviar as dores

- dentre outros. (18)

AcupunturaA acupuntura atua na causa dos problemas emocionais, desbloqueando os meridianos do corpo, que do vida ao organismo, inserindo agulhas para equilbrio do corpo e mente. uma tcnica chinesa milenar que visa o equilbrio do ser, melhorando o indivduo como um todo e no provoca efeitos colaterais. uma tcnica preventiva e curativa, portanto tendo um campo de atuao psicofsico.

Dentre os tratamentos mais conhecidos temos:

- artrose e artrite,

- dores na coluna,

- citica,

- tendinites,

- asma,

- alergias,

- enxaqueca e dores de cabea fortes,

- gastrites e problemas digestivos,

- irregularidades ,menstruais,

- resfriados, gripes e sinusites,

- seqelas de acidente vascular cerebral,

- estresses, depresso e outros distrbios emocionais.(19)

Exerccios de relaxamento e meditaoOs exerccios de relaxamento podem ser feitos em vivncias ou individualmente. uma forma de livrar a mente de pensamentos tumultuados e preocupaes. Na meditao o pensamento direcionado com o intuito de no pensar repetidamente nas atividades dirias. A meditao atua diretamente no sistema nervoso, alterando as estruturas neuronais do crebro, estimulando emoes e pensamentos positivos.

A meditao e o relaxamento podem ser feitos em qualquer lugar tranqilo, sozinho ou com grupos, direcionados ou no.

A sua prtica diria tem efeitos excepcionais sobre o sistema nervoso e o estado emocional de quem a pratica. (20)

Cromoterapia a prtica da utilizao das cores no tratamento de doenas. Tem o objetivo de harmonizar o corpo desde o fsico at os nveis mais sutis. Reflexologia podalUma tcnica muito utilizada quando algumas patologias j esto instaladas, partindo do princpio que nos ps temos todos os pontos de ligao com outras reas do corpo atravs de impulsos cerebrais nervosos.

No desenho verificamos os pontos nos ps e respectivos rgos a que correspondem. (21)

Florais de BachUm mdico e pesquisador criou essncias de flores para cada tipo de problema e pessoa. So trinta e oito essncias de plantas que ajudam a reequilibrar o estado emocional.ReikiO Reiki uma tcnica vibracional utilizada para reequilbrio dos chacras, que so canais energticos do corpo.

O aplicador coloca as mos sobre cada um dos canais de energia do corpo e faz uma canalizao de energias. (22)

Podemos verificar que existem muitos meios de combate ao estresse, desde uma simples caminhada at terapias embasadas em conhecimentos sistematicamente organizados e milenares que tm unicamente essa funo.O mais importante que o profissional esteja preocupado com si mesmo e com o perfeito funcionamento do seu organismo, para que no sofra com conseqncias, sejam elas fsicas, emocionais ou at mentais, como pudemos verificar nos depoimentos dados pelos professores no incio do trabalho. CONCLUSO

Conclui-se que o estresse dos professores relaciona-se estreitamente com as condies desmotivadoras no trabalho, o que afeta, na maioria dos casos, o desempenho do profissional. A ausncia de fatores motivacionais acarreta o estresse do profissional.

Para que o professor enfrente esses aspectos desmotivadores sem que isso afete seu estado fsico, deve estar atento ao seu estilo de vida.Segundo Tavares estilo de vida : conjunto de hbitos e comportamentos aprendidos e adotados durante toda a vida, capazes de influenciar as condies de bem-estar e o nvel de integrao pessoal como meio familiar, ambiental e social (27).

Pode-se dizer dessa forma que o estilo de vida pode refletir positivamente sobre os aspectos e as condies de sade e bem-estar.

Portanto a preocupao com o estilo de vida essencial para preveno dos problemas decorrentes do estresse dirio, evitando-se tambm que essa somatizao de problemas gere algum problema fsico ou mental, chegando at a ser a Sndrome de Bournout.

Com mudanas de comportamentos dirias e simples pode-se evitar esse estresse, evitando que ele atinja nveis mais graves. Cada um deve adequar sua disponibilidade de tempo para que possa tomar essas atitudes diferentes no decorrer da vida.Alm da responsabilidade do professor compete s escolas como instituies cumprirem o papel de proporcionar ao professor um ambiente acolhedor e saudvel, organizando formas de convivncia e descontrao.

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FICHA CATALOGRFICA

BRITO, TISSIANE CRISTINA CASTRO DE

Qualidade de vida do professor

Orientao: Dr. JOO TOMAZ DE OLIVEIRA. Carapicuba. 2010

Pginas: 43

FACULDADE DA ALDEIA DE CARAPICUBA

Monografia apresentada como exigncia do curso de Ps-Graduao para obteno do ttulo de Especialista em Docncia do Ensino Superior.