Público 2016-07-01
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Quase ninguém chumba por causa dos examesno ensino básicoEm dez anos, menos de 2% dos alunos tiveram negativa a Matemáticano 9.º ano por causa do exame. Relatório técnico que acompanha parecer do CNE sublinha baixo impacto dos exames nas notas fi nais Portugal, 10/11
Deputados não resolveram problema. Eventual solução tem de passar pelo Orçamento ou por uma orientação do Governo p20
Hugo Soares critica Costa por não ter divulgado ainda nomeações na Internet. Governo promete fazê-lo e com salários líquidos p16
Subsídio de férias no Estado vai depender do corte salarial
PSD sublinha que PS fez 154 nomeações em apenas 41 dias
AMEAÇA NUCLEARONU PREPARA NOVAS SANÇÕES À COREIA DO NORTEDestaque, 2 a 5 e Editorial
AFP
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QUI 7 JAN 2016EDIÇÃO LISBOA
Ano XXVI | n.º 9396 | 1,20€ | Directora: Bárbara Reis | Adjuntos: Nuno Pacheco, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora Internacional e de Parcerias: Simone Duarte | Directora Criativa: Sónia Matos
ISNN:0872-1548
HOJE Almanaque Português 7.º vol. CineRevista (1917) Por + 6,90€
1925-2016PIERRE BOULEZ, O MÚSICO ABSOLUTAMENTE MODERNODestaque, 6 a 9DDDe tttstaque, 6666 a 9999
Norte-coreanos celebram em Pyongyang o anúncio oficial do sucesso do teste da primeira bomba de hidrogénio
*Previsão. Os prémios atribuídos de valor superior a €5.000 estão sujeitos a imposto do selo, à taxa legal de 20%, nos termos da legislação em vigor. Linha Direta Jogos 808 203 377 (das 8h às 24h).
É proibida a venda de jogo a menores de 18 anosA criar excêntricos de um dia para o outro
Aposta esta sexta
d l erior a €€5 000 estão sujj iteitos a imposto ddo selo à taxa legl al de 20% nos termos dad legi l ãslação em vigor LiLinha Direta JogosJ 808 2i
2 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
AMEAÇA NUCLEAR
ONU prepara novas sanções à Coreia do Norte
A notícia de que a Coreia do
Norte detonara a primeira
bomba de hidrogénio na
sua história apanhou on-
tem o mundo de surpresa.
A ser verdade, signifi caria
que o país conseguira a tecnologia
para construir a versão mais sofi stica-
da e destruidora da bomba nuclear,
ao contrário do que se pensava. Mas
o pequeno terramoto provocado no
local de testes, demasiado pequeno
para ser o de uma destruidora bom-
ba H, acabou por trair o regime.
O mundo está agora convencido
de que Pyongyang fez um novo tes-
te nuclear, o quarto na sua história,
mas que não o fez com uma bomba
de fusão, como afi rmou na madru-
gada de ontem. A dois dias do seu
aniversário — fará 33 ou 32 anos, não
se sabe ao certo —, o líder norte-core-
ano, Kim Jong-un, surgiu a escrever
uma nota em papel em que ordenava
o teste ao novo armamento. “Que o
mundo encare, olhando de baixo,
o forte, auto-sufi ciente Estado com
armamento nuclear.”
O discurso triunfal teve pouco
impacto no Conselho de Segurança
das Nações Unidas, que respondeu
à mais recente demonstração de po-
der nuclear da Coreia do Norte como
fez com as sucessivas violações do
regime ao longo da última década:
anunciando que estão a ser prepa-
radas “mais extensas e signifi cativas
sanções” contra o país.
A Coreia do Sul já defendera esta
via antes da reunião de emergência
do Conselho de Segurança. “É uma
provocação grave para a nossa se-
gurança, ameaça a sobrevivência
e o futuro da nossa nação e desa-
fi a ainda mais a paz e estabilidade
do mundo”, afi rmou a Presidente,
Geun-hye, horas depois do teste nu-
clear. Os Estados Unidos reiteraram
que “não vão tolerar uma Coreia do
Norte nuclear”, o Japão fez o mesmo
e até os aliados tradicionais de Pyon-
gyang, China e Rússia, condenaram
o regime.
As recriminações foram duras.
Resta saber se as novas sanções
também o serão. Muitos duvidam da
efi cácia que novas medidas podem
ter sobre o programa nuclear norte-
coreano. A ONU responde cada vez
com mais agressividade sempre que
o regime viola a resolução de segu-
rança que o impede de testar e usar
tecnologia balística e nuclear. Mas
desde que as sanções começaram,
em 2006, a Coreia do Norte conse-
guiu reduziu o tamanho e detonar
três bombas nucleares, enviar um
satélite para o espaço e, há menos de
um ano, anunciou ter disparado um
míssil de um submarino submerso.
A tecnologia é duvidosa — a Coreia
do Sul diz que o míssil lançado de
debaixo de água voou pouco mais
de cem metros antes de se despe-
nhar no mar. Em todo o caso, a li-
derança de Kim Jong-un continua
a investir no seu arsenal mais peri-
goso e é pouco provável que novas
sanções a travem. A alternativa seria
retomar as negociações multilaterais
interrompidas em 2012. Para o fazer,
contudo, Washington exige que o re-
gime destrua o arsenal nuclear que
já construiu.
Bomba H ou A?Mas o pequeno Estado olha para
os seus mísseis como a melhor ga-
rantia de contenção do Ocidente. É
por essa razão que Andrei Lankov,
investigador russo e especialista na
Coreia do Norte, escreve no Guar-
dian que o mais provável é que novas
sanções sejam inúteis. “A liderança
de topo pode perder o champanhe,
mas, na sua perspectiva, isso é um
pequeno preço a pagar para fugirem
aos destinos de Khadafi e Saddam
Hussein.”
mais de três centenas de pequenas
estações de análise espalhadas pe-
lo mundo. Capturam ruídos de bai-
xa frequência, actividade sísmica e
materiais radioactivos na atmosfera.
As partículas demoram vários dias a
libertar-se, já que os testes nucleares
se fazem no subsolo, a centenas de
metros de profundidade.
O Japão enviou ontem três aero-
naves de análise de partículas para
um local próximo do centro de testes
nuclear norte-coreano — os Estados
Unidos têm um avião também, se-
gundo informações não ofi ciais. A
análise a este material é a maneira
mais exacta de se detectar que tipo
de explosivo foi detonado e a única
forma de detectar se há traços de hi-
drogénio na bomba. Mas é também
a menos viável. No segundo teste
nuclear norte-coreano, em 2009,
por exemplo, não se encontraram
quaisquer vestígios.
Consumo internoExiste uma terceira opção. Alguns
especialistas em armamento nuclear
sugerem a hipótese de o regime ter
usado pequenos vestígios de hidro-
génio na arma. Os norte-coreanos
obteriam assim aquilo que é designa-
do como uma “arma de fi ssão inten-
sifi cada”, mesmo que a diferença de
Kim Jong-un quer mostrar ao país que é um líder forte nas vésperas do congresso do partido. Mundo acredita que regime detonou apenas pequena bomba nuclear
Félix RibeiroO teste nuclear em Punggye-ri, no
Leste do país, provocou um abalo sís-
mico muito longe daquele que seria
de esperar de uma bomba de hidro-
génio. O tremor de 5,1 pontos na es-
cala de Richter sugere que a explosão
teve uma potência de cerca de seis
quilotoneladas, como calcula a co-
missão parlamentar de informação
da Coreia do Sul. É comparável com
o abalo de 5 pontos provocado pela
bomba de 2013 e que se calcula que
não ultrapassou as sete toneladas —
ou seja, sete mil toneladas de TNT.
A bomba largada pelos EUA em
Hiroxima teve uma potência de 15
quilotoneladas, mais do que o dobro
de cada um dos dois últimos testes
norte-coreanos. A primeira bomba
H foi vertiginosamente mais pode-
rosa: 15 megatoneladas; ou seja, mil
vezes mais potente do que Hiroxima.
“É altamente provável que, em vez
de uma explosão termonuclear, a
referência a uma bomba de hidro-
génio seja desinformação por parte
do regime norte-coreano”, explica
Karl Dewey, analista na consultora
de defesa IHS Jane’s.
Uma análise aprofundada e de-
fi nitiva pode demorar semanas ou
até nem ser possível. A organização
internacional que se dedica a acabar
com testes nucleares (CTBTO) tem
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | DESTAQUE | 3
energia, neste caso, pareça ter sido
menosprezável.
“Porque é, de facto, hidrogénio,
poderiam afi rmar que se trata de
uma bomba de hidrogénio”, explica
à Reuters Joe Cirincione, especialista
em armamento nuclear. “Mas não é
uma bomba de fusão verdadeira, ca-
paz de gerar as enormes energias de
várias megatoneladas que este tipo
de bombas provoca.”
Kim Jong-un precisa de mostrar
algo ao país e reforçar a sua imagem
como um líder capaz, mesmo que
isso ponha em risco a aliança chi-
nesa. O jovem líder teve já de lidar
com oposição no interior do regime
— algo que se tornou evidente quan-
do admitiu ter executado o seu tio e
antigo mentor — e tem ainda provas
por dar no desempenho económico
do país. Pela frente há o primeiro
congresso do Partido dos Trabalha-
dores Coreano em 36 anos e a me-
lhor oportunidade para se exibir.
Toshimitsu Shigemura, especialis-
ta em assuntos norte-coreanos em
Tóquio, explica-o ao Washington
Post. “Kim Jong-un precisa de gran-
des resultados antes do congresso do
partido, em Maio. O seu pai não tes-
tou uma bomba de hidrogénio, mas
agora ele pode dizer que o fez. É um
resultado muito bom para ele.”
JUNG YEON-JE/AFPExplosão provocou um abalo sísmico que sugere não estar em causa uma verdadeira bomba de hidrogénio
No tabuleiro de Kim Jong-un a China parece valer cada vez menos
No dia de Ano Novo, Kim
Jong-un fez o seu discurso
anual, usando os óculos
de massa preta e hastes
grossas que o tornam
ainda mais parecido com
o avô e fundador da nação, Kim Il-
sung. Quem procurasse nas suas
palavras os indícios de que estaria
a ser preparado um ensaio nuclear
difi cilmente os encontraria.
É verdade que o líder norte-co-
reano declarou que o país estava
pronto para a guerra, caso fosse
provocado por “invasores” estran-
geiros e “provocadores”. “Se nos
tocarem ainda que levemente, não
seremos piedosos”, avisou. Mas na-
da disse sobre armas atómicas ou
mísseis balísticos, ao contrário do
que acontecera poucas semanas
antes. A interpretação feita no dia 1
de Janeiro pela agência Associated
Press era a de que o discurso procu-
rou evitar referências que irritassem
a China, o seu mais poderoso parcei-
ro, e destinou-se sobretudo a dourar
a imagem do líder junto da elite da
Coreia do Norte.
Foi com um tom solene que on-
tem a televisão estatal anunciou a
detonação “muito bem sucedida”
de uma bomba de hidrogénio. A
notícia gerou reacções fi rmes em
vários pontos do mundo – além de
cepticismo por parte de vários espe-
cialistas — e terá deixado o Governo
chinês particularmente inquieto, até
porque não recebeu qualquer aviso
prévio de que este ensaio ia acon-
tecer. Chineses que habitam perto
da fronteira com o país vizinho, em
zonas como Jilin, onde se sentiu o
abalo sísmico provocado pelo en-
saio, foram transferidos para outras
áreas, avançou a televisão chinesa.
Das várias interpretações que se
podem agora fazer é seguro dizer
volvido uma bomba de hidrogénio.
A reacção da China foi imediatamen-
te visível: uma girl’s band norte-co-
reana, a Moranbong Band, que se
preparava para actuar em Pequim,
foi obrigada a voltar para casa horas
antes do concerto começar.
As raparigas da Moranbong Band
foram directamente escolhidas pelo
próprio Kim Jong-un para fazer fren-
te às populares bandas de K-pop do
Sul. Com as suas minissaias e saltos
altos, bateria e guitarras eléctricas,
distinguem-se radicalmente dos ha-
bituais instrumentos (muito conser-
vadores) de propaganda do regime.
Mas em vez de subirem ao palco, pa-
ra um concerto organizado só para
convidados, as raparigas, vestidas
com casacos e chapéus militares,
apanharam o avião da Air Koryo de
volta a casa.
Há um ano, num tom impaciente,
o general chinês na reforma Wang
Hongguang escrevia no Global Ti-
mes: “Se a Coreia do Norte tem de
se afundar, nem a China a salvará.”
O jornal Le Monde, que ontem re-
cordou essa citação, refere ainda
que “as extravagâncias do terceiro
elemento da dinastia Kim são vistas
como um fardo, numa altura em que
o desenvolvimento das ambições
estratégicas de Pequim, nomeada-
mente no mar da China, provocam
fricções com os seus vizinhos asiáti-
cos. E adianta que, apesar de a Chi-
na tentar aplicar reformas econó-
Francisca Gorjão Henriques
micas na Coreia do Norte seguindo
o modelo do seu próprio processo,
“Pyongyang tem-nas recebido como
um desvio. O regime de Pyongyang,
mais nacionalista do que socialista,
desconfi a da infl uência chinesa na
sua economia”.
A confi rmar-se que o regime norte-
coreano conseguiu detonar a bomba
de hidrogénio, não é de excluir que
os países da região — em particular,
o Japão e a Coreia do Sul — procu-
rem aumentar também as suas ca-
pacidades militares, com ajuda dos
Estados Unidos, algo que está longe
de ser bem recebido por Pequim. “A
China será muito sensível quanto a
movimentos do Japão ou da Coreia
do Sul que visem melhorar os seus
mísseis de defesa”, comentou à Reu-
ters Zhang Baohui, especialista em
segurança nuclear da Lingnan Uni-
versity, em Hong Kong. “A Coreia do
Norte apresenta [o teste] como uma
questão de Estado, mas os estrategos
chineses vêem-no como uma jogada
contra a China para limitar o seu po-
der de dissuasão nuclear.”
É por isso que, para Xuan Dongri,
director do Centro de Estudos do
Nordeste Asiático da Universidade
de Yanbian, no Nordeste chinês, o
ensaio de ontem “pretendia enviar
uma mensagem forte à China. A Co-
reia do Norte quer mais ajuda da
China”, cita o Washington Post.
Há anos que o programa de armas
nucleares da Coreia do Norte é usa-
do para legitimar internamente o
regime — já era assim quando Kim
Jong-il, pai do actual líder, estava no
poder. As conversações a seis (duas
Coreias, EUA, Japão, Rússia e China)
para pôr um fi m ao programa falha-
ram em 2009, com algumas acusa-
ções lançadas a Pequim de que não
tinha exercido toda a sua infl uência
junto de Pyongyang. Agora, Hua, a
porta-voz do Ministério dos Negó-
cios Estrangeiros, voltou a referi-las
como sendo “a única forma efi caz
e prática de resolver o problema da
Coreia do Norte”.
Resta saber o que será pior na
opinião de Xi Jinping: ter uma im-
previsível potência nuclear ao seu
lado, ou apanhar com as ondas de
choque de um colapso do regime
de Pyongyang.
Apesar de tudo, continua a ser para Pequim que todos se viram, quando se trata de conter as ambições nucleares de Pyongyang
que a infl uência de Pequim junto
da Coreia do Norte, um dos países
mais isolados do mundo, está en-
fraquecida.
A porta-voz do Ministério chinês
dos Negócios Estrangeiros, Hua
Chunying, manifestou a “firme
oposição” ao ensaio e exortou Pyon-
gyang “a retomar o seu compromis-
so de desnuclearização e a abster-
se de todas as acções que possam
agravar a situação”, cita a AFP. Além
disso, o embaixador norte-coreano
em Pequim foi convocado para ou-
vir um “protesto solene”.
O Governo chinês tem sido dos
poucos aliados com que a Coreia do
Norte pode contar: é o seu princi-
pal parceiro comercial, fornecedor
de petróleo e gás e de metade da
assistência estrangeira que recebe.
Mas os últimos anos foram difíceis
para as relações entre ambos, de tal
forma que, até agora, Kim não se en-
controu com o Presidente chinês, Xi
Jinping, que tomou posse em 2013
— e que num gesto bastante simbó-
lico visitou a Coreia do Sul, arqui-
inimigo do Norte, em 2014.
O clima seria brevemente desanu-
viado em Outubro passado, quando
o Governo chinês enviou um alto re-
presentante a uma parada militar
em Pyongyang com uma missiva di-
rigida a Kim apresentando “os me-
lhores cumprimentos” de Xi. Mas
dois dias depois, a Coreia do Norte
estava a declarar que tinha desen-
KCNA KCNA / REUTERS
Extravagâncias de Kim Jong-un também são um fardo para Pequim
Se a Coreia do Norte tem de se afundar, nem a China a salvaráWang HongguangGeneral chinês na reforma, há um ano, no Global Times
4 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
AMEAÇA NUCLEAR
Fonte: Reuters
Primeiros testes da Coreia do Norte foram em 1998
E.U.A. Rússia Outros países
AUSTRÁLIA
OCEANOPACÍFICO
OCEANOÍNDICO
OCEANOATLÂNTICO
EUA
ARGÉLIA
RÚSSIA
CHINA
JAPÃOHiroxima
Nagasáqui
Atol de Enewetak44 testes
Atol de Bikini23 testes
Nevada928 testes
Em 1961 a Rússia detona a mais poderosa arma nuclear a nível mundial com 50 megatoneladas
Taechon
Yongjo-ri
Pyongsong
Seul
Musudan-ri
Punggye-ri
Chonma-sanKumho-chigu
Zona desmilitarizada
Linha limitedo Norte
Tongchang-ri
PakchonUniversidade de QuimicaIndustrial Hamhyung
Kanggye Korea National Defence College
PyongyangUniversidade Kim Il Sung Universidade de Tecnologia KimchaekMCG-20 Cyclotron
Yongbyon
Local de testes
ReactorInvestigação edesenvolvimentoReprocessamentoEnriquecimentode urânio
Local de lançamentode misseis
50 km
COREIA DO NORTE
COREIA DO SUL
Local do teste
Explosões nucleares desde 1945Teste nuclear na Coreia do Norte
Cronologia de uma escalada
Dezembro 1985A Coreia do Norte adere ao tratado de não-proliferação nuclear (TNP)
Fevereiro 1993A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) pede para inspeccionar locais suspeitos de resíduos nucleares
Junho 1994Retira-se da AIEA
Agosto 1998Lança um míssil Taepodong 1 por cima do Japão
Janeiro 2003Retira-se do TNP
Fevereiro 2005Anuncia que o paísproduziu armasnucleares
Julho 2006Testa o disparo de mísseis balísticos, incluindo um teste falhado de um Taepodong 2
9 de Outubro 2006Realiza o primeiro testenuclear subterrâneo
Fevereiro 2007Concorda em desactivar as instalações nuclearesem troca de ajudainternacional
Abril 2009Lançamento, aparentementefracassado, do míssil Unha 2
Novembro 2010Revela a peritos internacionais um local de enriquecimento de urânio
25 de Maio 2009Realiza o segundo teste nuclear subterrâneo
Abril 2012Tentativa falhada de lançar o Unha 3 (sucedâneo do Taepodong 2)
Dezembro 2012 Lança, com sucesso, o Unha 3, conseguindo colocar um satélite em órbita
12 de Fevereiro 2013Realiza o terceiro teste nuclear subterrâneo
Setembro 2015Reinicia o reactor nuclear de Yongbyon
Maio 2015Afirma ter testado o primeiro míssil balístico lançado por um submarino, mas os peritos internacionais duvidam do sucesso da operação
6 de Janeiro 2016Anuncia que realizou um teste com umabomba de hidrogénio
Kim il-Sung 1948-1994
Francisco Lopes
Kim Jong-Il 1994-2011
Kim Jong-Un 2011 - presente
Numa bomba de hidrogénio,
uma grande parte da sua
energia é obtida através da
fusão dos núcleos dos seus
átomos — reacções que
imitam o que se passa no
interior das estrelas, como o nosso
Sol, onde os átomos de hidrogénio
se fundem, dando origem a átomos
de hélio e libertando gigantescas
quantidades de energia.
Mas para que os átomos de hi-
drogénio se fundam nesta bomba,
também conhecida como bomba H
ou bomba termonuclear, primeiro
tem de haver um outro tipo de reac-
ções nucleares. Mais exactamente,
reacções de fi ssão nuclear, ou ci-
são nuclear. Neste caso, o núcleo
dos átomos (de urânio e plutónio)
é partido, em vez de fundido, e é
a energia libertada nestas primei-
ras reacções nucleares que permite
depois desencadear as reacções de
fusão dos núcleos de hidrogénio.
Resumindo, primeiro há reacções
de fi ssão nuclear e em seguida de
fusão nuclear.
O resultado é uma bomba nucle-
ar muito mais poderosa do que as
bombas unicamente de fi ssão nu-
clear, como aquelas que foram lan-
çadas pelos Estados Unidos sobre
as cidades japonesas de Hiroxima
e Nagasáqui em 1945.
Os principais pais da bomba de
hidrogénio são Edward Teller e Sta-
nislaw Ulam, que a desenvolveram
para os Estados Unidos. O primeiro
teste ocorreu em 1952, no atol de
Eniwetok, nas ilhas Marshall, no
oceano Pacífi co. O atol de Eniwe-
tok fi cou totalmente destruído. Mi-
ke, como foi baptizada a primeira
bomba H, tinha uma potência gi-
gantesca: mais de dez milhões de
toneladas de TNT. Ora uma bomba
de hidrogénio com esta potência
liberta 800 vezes mais energia do
que a bomba lançada sobre Hiro-
xima.
Três anos depois do dos Estados
Unidos, a União Soviética fez o seu
primeiro teste, com sucesso, de
uma bomba de hidrogénio.
O que é uma bomba de hidrogénio
Teresa Firmino
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | DESTAQUE | 5
Os candidatos republicanos
à Presidência dos Estados
Unidos responsabilizam o
“fracasso” da política ex-
terna do Presidente Barack
Obama pelas novas activi-
dades nucleares da Coreia do Norte,
que anunciou ter testado a sua pri-
meira bomba de hidrogénio. Donald
Trump, na liderança das sondagens
para a nomeação republicana, exigiu
à China que controle o seu aliado,
ameaçando Pequim com repercus-
sões comerciais.
Trump afi rmou que os EUA não
estão a fazer o sufi ciente para levar
a China a assumir o peso que tem
nas acções da Coreia do Norte. “Te-
mos ali este louco que provavelmen-
Republicanos culpam Obama e Clinton pelo teste norte-coreano
te usaria” armas nucleares, disse à
televisão Fox News. “Ninguém es-
tá sequer a falar com eles, esse é o
problema, e ninguém está a discutir
com a China. A China tem contro-
lo absoluto, acreditem no que digo
(...) Se eles não resolverem a situa-
ção, nós devemos tornar o comércio
com a China muito difícil”, defen-
deu Trump. “A China consegue o que
quiser dos norte-coreanos”, insistiu.
“Sem a China, eles não comiam.”
Rand Paul, senador do Kentu-
cky, também defendeu que é pre-
ciso pressionar a China e levantou
a possibilidade de agravar as sanções
contra a o país de Kim Jong-un. Criti-
cou o acordo nuclear negociado pela
Casa Branca com o Irão e defendeu
que é preciso “não cometer os mes-
mos erros”.
Outros candidatos às eleições de
Novembro apontaram o dedo a Oba-
ma e à resposta norte-americana às
crises no Médio Oriente. “Se este
teste for confi rmado, será apenas
o último exemplo da política exter-
na fracassada de Obama e Clinton”,
afi rmou num comunicado o senador
Marco Rubio, da Florida. Hillary Clin-
ton, a principal candidata democra-
ta às presidenciais, foi secretária de
Estado de Obama entre 2009 e 2013.
“Eu tenho passado esta campanha
a avisar que a Coreia do Norte é lide-
rada por um lunático que tem expan-
dido o seu arsenal nuclear enquanto
o Presidente assiste, indiferente”,
disse ainda Rubio, enquanto Chris
Christie acusou Obama e Clinton
de terem respondido com fraqueza
aos anteriores testes nucleares dos
norte-coreanos.
“No fundo, eles nunca agiram com
força sufi ciente em nenhuma parte
do mundo”, afi rmou o governador
do estado de Nova Jérsia. “Este é só
mais um exemplo — somem ao Irão,
à Síria, à Crimeia e à Ucrânia. Isto é
o que nos traz uma liderança ame-
ricana fraca.”
Quase as mesmas palavras foram
escolhidas pelo candidato Jeb Bush,
que escreveu no Twitter que este tes-
te “mostra os riscos da continuação
da política externa displicente de
Obama e Clinton”.
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Trump critica inércia da China
A China consegue o que quiser dos norte-coreanos. Sem a China, eles não comiamDonald TrumpCandidato à Presidência dos EUA
emirates.pt
Dois voos diários à saída de Lisboa para o Dubai
*Aplicam-se os termos e condições. Taxas de aeroporto e de combustível incluídas. Reservas até 18 de janeiro de 2016. Tarifas de ida e volta por passageiro, válidas para partidas de Lisboa, Porto e Faro. Vendas de 5 a 18 de janeiro de 2016. Viagens de 15 de janeiro a 30 de novembro de 2016 (exclui os periodos de 17 de março a 2 de abril e de 15 de julho a 3 de setembro de 2016 em Classe Executiva e em Classe Económica) Mínimo de estadia: 3 dias, máximo de estadia: 1 mês. Para mais tarifas e termos e condições, visite emirates.pt, contacte o seu Agente de Viagens, ou o Departamento de Reservas da Emirates através do número 213 665 533.
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6 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
PIERRE BOULEZ (1925-2016)
Morreu o músico absolutamente moderno
Dirigia sem batuta. Dizia
que não precisava
porque os dedos das
mãos correspondiam
a dez batutas. A
originalidade de dirigir
com as mãos, referida nos
obituários, serve para ilustrar a
vida do compositor francês Pierre
Boulez, intensamente dedicada a
encontrar um novo lugar para a
música erudita contemporânea.
O compositor e maestro francês
Pierre Boulez morreu na terça-
feira à noite aos 90 anos. Boulez
nasceu em Montbrison, na França,
e morreu em Baden-Baden, na
Alemanha, onde vivia desde os
anos 60.
A sua morte foi anunciada
ontem pela família através de
um comunicado divulgado pela
Philharmonie de Paris, a nova casa
musical de Paris em cuja abertura
esteve envolvido: “Para todos
aqueles que lhe foram próximos
e que puderam apreciar a sua
energia criativa, a sua exigência
artística, a sua disponibilidade
e generosidade, a sua presença
permanecerá viva e intensa.”
No ano passado, quando fez
90 anos, a Cité de la Musique, em
Paris, dedicou-lhe uma exposição
simplesmente intitulada Pierre
Boulez, que traçava a biografi a
deste nome fundamental
da cena musical da segunda
metade do século XX. Foi na
Cité de la Musique, aliás, que
Boulez fundou, nos anos 1970,
o Ensemble Intercontemporain,
uma referência da música
de vanguarda. Nessa altura,
criou também, para o Centro
Pompidou, o IRCAM (Instituto
de Pesquisa e Coordenação de
Música e Acústica), também
especialmente dedicado à criação
musical erudita contemporânea.
“Pierre Boulez não deixou de
compor, de pensar a música e
de trabalhar para a sua inscrição
na cidade e na vida quotidiana”,
notava a Cité de la Musique
no anúncio da exposição de
aniversário.
A sua vida foi dedicada à difusão
da música contemporânea, à
evolução do seu público e da
criação, escreve-se no site do
Serviço de Música da Fundação
Gulbenkian. Boulez era uma
visita frequente em Portugal,
especialmente na Gulbenkian,
onde esteve cinco vezes com o
Ensemble Intercontemporain.
Mas dirigiu também no
Porto, em 2001, a Orquestra
de Paris e o (seu) Ensemble
Intercontemporain no concerto
que abriu o ciclo Grandes
Orquestras da Capital Europeia
da Cultura — e onde interpretou
obras de Schönberg e Béla
Bartók. Nesse ano, Jorge Sampaio,
então Presidente da República,
entregou-lhe a Grã-Cruz da Ordem
de Santiago.
“Inteligência fulgurante”António Jorge Pacheco, director
artístico da Casa da Música,
guarda no seu gabinete uma
fotografi a que regista a situação
em que, no dia 22 de Abril de
2010, participou com Pierre
Boulez num debate na Cité de la
Musique, em Paris.
Nessa altura, e desde o ano
anterior, mantinha já uma relação
de grande proximidade com
o compositor que conhecera
pessoalmente no Porto em 2001,
aquando do citado concerto
no Coliseu. “Era um homem
de enorme simpatia com
uma inteligência fulgurante”,
diz Pacheco, lamentando o
desaparecimento daquele que
considera “uma das grandes
fi guras da cultura europeia da
século XX”, e que “marca o fi m
de uma época na história da
música”. Como escreve o jornal
Le Monde no seu obituário, o
desaparecimento de Boulez “põe
verdadeiramente fi m ao século
XX musical vanguardista que ele
contribuiu notavelmente para
moldar com outros compositores
nascidos nos anos 20”, como
Bruno Maderna (1920-1973),
Luigi Nono (1924-1990), Luciano
Berio (1925-2003), Karlheinz
Stockhausen (1928-2007), György
Ligeti (1923-2006) e ainda Henri
Pousseur (1929-2009).
“Além de ser um compositor e
um maestro genial, Pierre Boulez
foi um pensador, que deixou uma
obra também importantíssima nos
livros que escreveu”.
Tocar no mundo inteiroApesar de se mover no mundo
restrito da música erudita, Pierre
Boulez conseguiu a proeza,
como escreve o jornal francês
Libération, de ser conhecido e
tocar no mundo inteiro, sendo
“considerado como uma das
personalidades mais infl uentes do
mundo musical”. O jornal lembra
o teórico e pedagogo “de grande
clareza” que “defendeu sem
descanso o lugar da música nova
nas programações dos concertos e
encorajou a criação musical mais
exigente”.
Como maestro, esteve à frente
da Orquestra de Cleveland (1967-
1972), da Orquestra Sinfónica da
BBC (1971-1975) e da Orquestra
Filarmónica de Nova Iorque (1971-
1977). É célebre a sua participação
na produção do Anel do Centenário
no Festival de Bayreuth (1976-
1980), ao lado de Patrice Chéreau.
Compositor e maestro francês, um dos nomes mais infl uentes da música erudita contemporânea, morreu aos 90 anos. Desapareceu o último dos visionários da escola de Darmstadt, “o último dos verdadeiramente modernistas da segunda metade do século XX”
ObituárioIsabel Salema,Lucinda Canelase Sérgio C. Andrade
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | DESTAQUE | 7
Este “enfant terrible”, que se
exilou na Alemanha em 1966 por
causa da atitude conservadora do
mundo musical francês, explicou
numa entrevista ao PÚBLICO, feita
por Augusto M. Seabra em 2000,
qual era o “papel” do músico,
palavra que preferia a “dever”: “O
que para mim é importante é que
um músico entre nas instituições e
que, se não estiver satisfeito com
elas, lute pela sua transformação,
crie novas instituições ou
modifi que as existentes.”
Só em 1976 aceita regressar a
França para fundar o Ensemble
Intercontemporain, o primeiro
agrupamento francês dedicado à
música contemporânea fi nanciado
em grande parte pelo Estado.
Naquela entrevista falou
também do acto de compor e
porque gostava de usar conceitos
como “espiral” para explicar essa
experiência, além da “ideia” que
está sempre na origem. A palavra
“espiral” era evocada para dizer
que uma obra “se pode acabar
ou não” e, porque “ela é aberta,
pode-se continuar”.
A propósito da sua obra Pli
DIETER NAGL/AFPO compositor e maestro francês Pierre Boulez morreu terça-feira à noite aos 90 anos, em Baden-Baden, na Alemanha
segunda metade do século XX.
E porquê? Porque ele conseguiu
reunir, logo no pós-guerra, as
várias tendências dispersas da
primeira metade, fazendo uma
súmula coerente. “Deve-se a
Boulez uma síntese extraordinária
da heterogeneidade modernista
do início do século XX — [Igor]
Stravinsky, [Maurice] Ravel,
[Claude] Debussy. O seu
estruturalismo é exactamente isso
— uma síntese sólida e fundadora”,
defende o compositor português,
actual director artístico da
Orquestra Metropolitana de
Lisboa.
Quando Pierre Boulez
começou a trabalhar, argumenta
Pedro Amaral, a música
contemporânea, nomeadamente
o estruturalismo, estava arredada
do circuito profi ssional. O que o
compositor vem fazer, e muito
graças ao seu trabalho como
dinamizador cultural, enquanto
fundador de orquestras e de
centros de investigação (o famoso
IRCAM), é impô-la a muitas
das estruturas de produção de
relevo a nível internacional.
“Boulez institucionalizou a
contemporaneidade musical,
profi ssionalizou-a. Só ele
conseguiu fazê-lo e esse é
um dos seus contributos
extraordinários.”
Dividindo a sua actividade
entre a composição, com
“obras emblemáticas” como Le
Marteau sans Maître, peça de
1954 a partir da poesia de René
Char, a produção teórica, com
destaque para Penser la Musique
Aujourd’hui, de 1963, a carreira
de maestro e a de organizador da
vida musical, Pierre Boulez teve
um “percurso preenchidíssimo”
e assistiu ainda à concretização
de um sonho — a inauguração da
casa da Filarmónica de Paris, há
precisamente um ano.
Se tivesse de escolher apenas
uma entre as suas composições,
Pedro Amaral destacaria, muito
provavelmente, a “obra-prima”
Pli selon Pli: “Escolho-a pela sua
qualidade inquestionável mas
também porque ela tem um
espelho na teoria em Penser la
Musique Aujourd’hui. As duas são,
aliás, o espelho uma da outra,
e estão intimamente ligadas a
Darmstadt.”
Pedro Amaral refere-se à cidade
alemã onde se reuniam, nos anos
1950 e 60, jovens compositores
como Boulez, Stockhausen, Luigi
Nono e Luciano Berio formando
um núcleo que fi caria conhecido
como a escola de Darmstadt. Além
de Pli selon Pli, e da obra de 1954
que o lançou como compositor, o
director artístico da Metropolitana
salienta ainda Répons, obra dos
anos 1980 (1981-1988) também
com várias versões, em que o
compositor francês “põe a parte
electrónica e a informática a
interagir em tempo real com a
orquestra”, e Notations, peça da
década de 1990 e em que Boulez
faz uma viagem ao passado: “Ele
pega em obras muito breves,
que criou quando tinha 18 ou 19
anos, e faz a sua recomposição
para grande orquestra. É neste
processo que nos mostra como
se pode levar ao limite a arte da
escrita, como se pode, com muito
pouco, fazer imenso.”
António Jorge Pacheco lembra
que Boulez foi inúmeras vezes
“acusado de sectarismo e de secar
tudo à sua volta”. É uma ideia que
diz não corresponder à realidade.
“Ele foi sempre um espírito aberto
e atento, tendo apoiado os jovens
compositores mesmo quando
seguiam estéticas diferentes das
suas”, nota. E cita, como exemplo,
o facto de ter gravado em disco
uma peça de Frank Zappa.
Ainda a ilustrar o facto de
Boulez ter trabalhado e dirigido
“um reportório muito vasto”,
António Jorge Pacheco recorda
que o maestro lhe confi denciou,
num dos seus encontros, que lhe
faltava apenas “dirigir o Verdi
dos últimos anos”. “Mas agora
já é demasiado tarde para isso”,
lamentou.
Em 2009, quando era o
responsável directo pelo Remix
Ensemble, António Jorge
Pacheco convidou Boulez a
assistir a um concerto desta
formação portuense de música
contemporânea no Centro
Pompidou, numa altura em que
já projectava a apresentação de
uma retrospectiva da obra do
compositor francês na Casa da
Música. No fi nal do concerto em
Paris, o maestro surpreendeu-o
com esta declaração: não só
quereria dirigir o Remix, quando
regressasse ao Porto, como faria
nesta cidade a estreia mundial de
nova versão da sua peça Répons,
que entretanto iria concluir. “Foi
uma ‘prenda’ inesperada”, diz
Pacheco.
O projecto da retrospectiva
avançou, e Pierre Boulez deveria
vir ao Porto para inaugurar o
Ano França (2012), em que seria
o artista associado na Casa da
Música. Mas a doença impediu a
concretização dessa sua vontade.
A sua obra foi apresentada, ao
longo do ano, pelo Remix e pela
Orquestra Sinfónica do Porto,
mas o maestro e compositor não
chegaria a regressar à cidade onde
estivera em 2001, altura em que
conheceu a maqueta que Rem
Koolhaas projectara para a Casa
da Música, e cuja construção
foi acompanhando à distância,
adianta Pacheco.
Pedro Amaral, o maestro da
Metropolitana, não tem dúvidas
de que, caso não tivesse cegado,
Pierre Boulez teria criado até ao
fi m: “O drama de Boulez é que
ele nunca dirigiu de cor, nunca
compôs sem olhar para o papel,
sem que esse exercício de criação
passasse pela escrita.”
Com a morte do compositor,
diz Pedro Amaral, desaparece o
último dos visionários da escola
de Darmstadt, “o último dos
verdadeiramente modernistas da
segunda metade do século XX”.
selon Pli (Portrait de Mallarmé),
que disse ter trabalhado em plena
utopia, explicou exactamente
o que entendia por “espiral”
aplicado à composição: “Houve
várias obras que senti estarem
incompletas. Há obras que me
forçam a ir mais longe. [...] Senti
que não a podia ainda concretizar
pelo meu próprio gesto de chefe
de orquestra à época, que era
preciso um tempo e condições
de realização que não estavam
reunidas, e por isso revi a obra.
Eu não penso que uma obra
esteja ‘acabada’, ela está sempre
‘inacabada’, mas há um momento
em que sinto que está ‘closed’.”
Boulez começou a trabalhar
nesta obra para voz de soprano
e orquesta em 1957, tendo feito
várias versões até 1990.
Um antes e depois de BoulezPara o músico Pedro Amaral,
que estudou aprofundadamente
a sua obra, a propósito da tese
que dedicou a Stockhausen,
amigo do compositor francês,
há simplesmente um antes e um
depois de Boulez na música da
8 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
“Eu não penso demasiado
no meu lugar na
história” — Pierre Boulez
dizia-me. “Seja como for,
um belo dia você morre
e há um musicólogo que
vem inscrevê-lo na história. Você
passa a fazer parte dela e não é
certo que, em vida, conseguisse
antecipar exactamente que lugar
lhe estava destinado.”
Num homem que tanto
pensou o seu passado próximo,
a herança que pôde receber
dos antecessores, não era
surpreendente esta recusa
em descodifi car o seu próprio
papel: cada compositor cria
a sua genealogia, cada nova
era reinterpreta o passado e
reescreve-o à luz da sua própria
lógica. E hoje, no luto por Pierre
Boulez, cabe-nos refl ectir sobre
o que já é passado e deitar-lhe
um primeiro olhar retrospectivo:
quem foi Pierre Boulez? Qual foi,
afi nal, o seu papel na história? Que
obra nos deixa?
Boulez nasceu em Montbrison,
entre guerras, em Março de
1925. Em jovem, anteviu duas
vias possíveis para o seu futuro
profi ssional: a música e as ciências
exactas. Como todas as grandes
escolhas que iriam marcar a sua
vida, também esta, inicial, foi
rápida e defi nitiva: “Desde os 17
anos que me vi mestre do meu
destino, mestre, pelo menos,
da minha escolha de assumir a
música como função principal da
minha existência”.
Ao contrário da maior parte
dos músicos, no entanto, esta
escolha viria a desdobrar-se numa
pluralidade de caminhos, numa
multiplicidade de facetas tão
diversas quanto complementares:
compositor, foi um dos mais
determinantes da segunda metade
do século XX; teórico, deixou-
nos os mais importantes escritos
sobre estética e técnica musical
desde o pós-Segunda Guerra
Mundial; maestro, reinterpretou
todo o legado da primeira metade
do século XX e de uma parte do
romantismo germânico, frente
às mais importantes orquestras
mundiais; organizador, criou
instituições que alteraram
profundamente o panorama
musical contemporâneo a nível
internacional.
Como compositor, a
preocupação fundamental de
Boulez nos seus primeiros anos
foi, justamente, compreender
o seu passado próximo, fi ltrar
infl uências, criar uma genealogia,
inventar uma história de que fosse
herdeiro e que, de certo modo,
justifi casse a sua própria obra.
Não foi tarefa fácil: o seu passado
próximo era extraordinariamente
plural e heterogéneo, de uma
riqueza quase única em toda a
história da música — esquecemo-
nos facilmente de que escassos
14 anos separam a morte de
Mahler do nascimento de Boulez,
e que quase todos os grandes
vultos da primeira metade do
século XX — Stravinsky, Bartók,
Schönberg, Webern, Varèse,
Messiaen — estavam ainda em
plena actividade quando Boulez
escreveu as suas primeiras
obras (Notations, 1945; Sonatina
para Flauta e Piano, Primeira
Sonata e Le Visage Nuptial, 1946).
Que via seguir, no seio deste
labirinto de convergências e
divergências, nesta encruzilhada
de personalidades e de percursos,
de espólios, de obras mais ou
menos cataclísmicas, mais ou
menos condicionantes? O génio
de Boulez foi o de conseguir uma
síntese “cartesiana”, guiada por
uma dúvida metódica, do que lhe
parecia essencial no seu passado
próximo: a Stravinsky vai buscar o
pensamento rítmico, a Schönberg
a dimensão harmónica liberta da
tonalidade, a Webern a sintaxe
dodecafónica, a Debussy a raiz
de uma reinvenção da forma e
do timbre. “A existência cria a
essência”, escreverá num famoso
artigo de juventude. E é partindo
desta leitura da história, como
dado existencial, que irá fundar a
sua linguagem — o “serialismo” — e
a sua obra como compositor.
Obra que irá atravessar
paisagens muito diversas. As
primeiras três décadas serão
profundamente marcadas pela
presença da poesia: de René
Opinião Pedro Amaral
PIERRE BOULEZ (1925-2016)
Até sempre, Pierre!
Char em Le Visage Nuptial (1946),
Le Soleil des Eaux (1948) e Le
Marteau sans Maître (1954); de
Stéphane Mallarmé em Pli selon
Pli (1957-62) mas desde logo na
própria concepção da Terceira
Sonata para Piano (1957); e de E.
E. Cummings em Cummings ist
der Dichter (1970). A dimensão
poética será, aliás, a única base
concreta, extramusical, numa obra
praticamente fundada naquilo
a que se chama “música pura”,
onde a especulação da escrita e da
arquitectónica musical, elevada
ao seu expoente máximo, se torna
uma fi nalidade em si mesma.
Para piano, instrumento de
aprendizagem que marcou a
sua juventude, Boulez deixa
um conjunto de três sonatas
(1946, 1948, 1957) e diversas
pequenas peças; multiplicando
as possibilidades polifónicas do
instrumento escreve ainda os dois
Livros de Structures para dois
pianos; exponenciando a paleta
tímbrica e o virtuosismo técnico,
vai mais longe e coroa a sua obra
pianística com Sur Incises (1996)
para três pianos, três harpas e três
percussões, obra representativa do
género tipicamente bouleziano da
música para “ensemble”: música de
câmara, se pensarmos no limitado
número de intervenientes, mas
necessariamente dirigida por um
maestro. Nesta categoria inscreve-
se uma grande parte da sua obra:
do já evocado Le Marteau sans
Maître a Dérive II (1988), passando
por Polyphonie X (1951), Éclat
(1966), ...explosante/fi xe... (1991) e
Domaines (1968), entre outras.
Se a música para ensemble
nasce de um determinado
contexto histórico no seio do
qual a modernidade musical não
tinha um acesso fácil a meios
mais avultados, destinando-se
inicialmente a um determinado
tipo de sala, um determinado
formato instrumental e até
um determinado público,
particularmente esclarecido; a
música orquestral, essa, destina-
se aos mais amplos meios e às
mais importantes instituições da
vida musical. Obras como Rituel in
Memoriam Bruno Maderna (1974)
e Notations pour Orchestre entram
hoje no repertório das mais
importantes orquestras mundiais;
e uma criação como Répons, para
seis solistas, ensemble instrumental
e electrónica em tempo real,
só é possível como fruto de um
cruzamento fértil entre duas
grandes instituições: um instituto
dedicado à pesquisa tecnológica
na sua aplicação à criação musical
e um ensemble de grandes solistas
dedicado à criação e interpretação
da música contemporânea.
O Ircam (Instituto de Pesquisa
e Coordenação Acústica/Música)
e o Ensemble Intercontemporain
correspondem, justamente, a
estas instituições. A primeira,
fundada por Boulez em 1969, a
convite do Presidente Georges
Pompidou, é um veículo essencial
no estudo e desenvolvimento dos
meios tecnológicos aplicados à
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | DESTAQUE | 9
Trajectória de um compositor radical
Os primeiros anos de Pierre
Boulez foram marcados pela
música e pela matemática,
dois domínios para os
quais apresentava aptidões
precoces. As expectativas do
pai, um engenheiro ligado à indústria
do aço na região de Lyon, em relação
ao futuro profi ssional do jovem Pierre
orientavam-se para o campo da
Engenharia, mas quando chegou a
Paris em 1942 preferiu trocar a Escola
Politécnica pelo Conservatório.
Os estudos anteriores de piano
mostraram-se insufi cientes no exame
de entrada, mas no domínio da teo-
ria musical e da composição rapida-
mente começou a brilhar e três anos
depois obteve o primeiro prémio na
famosa classe harmonia de Olivier
Messiaen, na qual dava provas de ex-
cepcionais habilidades no domínio
da análise musical. Boulez estudou
contraponto como aluno particular
de Andrée Vaurabourg, casada com
o compositor Arthur Honegger, e
quando René Leibowitz (1913-1972),
antigo aluno de Schoenberg, come-
çou a introduzir a música dodeca-
fónica em França, não hesitou em
recorrer aos seus ensinamentos.
Desde cedo, Pierre Boulez perse-
guiu a utopia de uma linguagem mu-
sical objectiva, baseada numa con-
cepção rigorosa e numa estrutura
conscientemente ordenada de rela-
ções internas. A lógica e a clareza que
procurava na composição transpare-
ciam igualmente da sua arte como
maestro, onde os mínimos detalhes
eram controlados e depurados com
extrema precisão. Considerando que
os compositores dos inícios do século
XX não tinham levado até às últimas
consequências o abandono da tonali-
dade — “tinham-se colado aos princí-
pios do passado ao nível da estrutura
musical e da expressão, em vez de
terem aproveitado a oportunidade
para repensar a música a partir de
novos princípios” — resolve tomar
como sua essa tarefa.
A necessidade histórica do uso
da atonalidade e o corte com o neo-
classicismo foram premissas que to-
maram forma logo nas composições
iniciais (Notations, Sonatina para
Flauta, Primeira Sonata para Piano,
Le Visage Nuptial), mas as primeiras
obras que fi zeram a reputação de
Boulez como compositor foram Le
Soleil des Eaux (1947) e a monumen-
tal Sonata para Piano n.º2 (1948).
A primeira interpretação desta úl-
tima obra em Darmstadt, em 1952,
por Yvonne Loriod, foi um aconte-
cimento. Boulez explicou mais tar-
de as suas intenções: “Foi provavel-
mente a tentativa da 2.ª Escola de
Viena para reviver antigas formas
que me fez querer destruí-las: tentei
destruir as bases da forma-sonata no
primeiro andamento; desintegrar o
andamento lento através do uso de
um tropo, assim como a forma repe-
titiva do scherzo através do recurso
a variações. Finalmente, no último
andamento tentei demolir os princí-
pios do género da fuga e do cânone.”
Estimulado pelas últimas criações
de Webern e pelos Quatre Études de
Rythme (1949-50) de Messiaen, Bou-
lez dedicou-se a desenvolver as téc-
nicas do serialismo integral, ou se-
ja, a ideia de que a série de 12 sons
aplicada às notas se deveria estender
Cristina Fernandes
Frank Zappa com Boulez em 1984
aos restantes parâmetros musicais,
nomeadamente ao timbre, à duração
e à intensidade. O auge da aplicação
do serialismo integral deu-se com
Structures I (1952) para dois pianos,
neste caso dedicando uma série aos
“modos de ataque” do som pelos in-
térpretes em vez de aos timbres.
Outra das suas obras signifi cati-
vas dos anos 50 foi Le Marteau sans
Maître (1953-5), baseada na poesia
de René Char e destinada uma voz
de contralto e a seis instrumentistas:
fl auta alto, xilomarimba, vibrafone,
percussão, guitarra e viola. O fascí-
nio pelo seu exótico colorido instru-
mental, que emerge da concepção
relativamente estática do discurso,
contribuiu para uma ampla aceitação
junto do público que, fora dos circui-
tos especializados, considerava a sua
obra de difícil e complexa audição.
O conceito de “obra aberta” foi
outro caminho explorado por Bou-
lez nessa época com destaque para
a Sonata para Piano n.º 3, iniciada
em 1956. Entre as peças marcantes
das décadas seguintes encontram-se
Pli selon Pli — “Portrait de Mallarmé”,
para soprano e orquestra (1957-1962;
1984); Eclat para 15 instrumentos de
1965, convertida em Eclat-Multiples
em 1970); ...explosante-fi xe... de 1971,
revista e incorporada em Mémoriale
em 1985; Rituel in Memoriam Bruno
Maderna (1975); Messagesquisse, pa-
ra violoncelo solo e seis violoncelos
(1976); Notations (1978); e Répons
(1981-84), primeira obra de peso com
recurso aos meios tecnológicos dis-
ponibilizados pelo Ircam, projecto
que mais uma vez aspirava a criar
uma nova linguagem musical de ba-
se racional.
A tenacidade com que Boulez de-
fendia as suas ideias vanguardistas
no campo da composição nos anos
50 e 60 e a sua postura irredutível
ligada à ideia de progresso na história
da música — que manteve inicialmen-
te nas escolhas dos repertórios como
maestro — foram-se diluindo nas últi-
mas fases do seu percurso artístico,
mas o peso do seu legado e da sua
personalidade permanecem como
peças-chave dos múltiplos percursos
coexistentes na História da Música
do século XX. Crítica de música
O seu legado e a sua personalidade permanecem como peças-chave dos percursos coexistentes na música do século XX
MIGUEL MEDINA/AFP
música, sendo hoje uma referência
mundial e constituindo um
modelo a partir do qual foram
criados muitos outros institutos no
plano internacional. O Ensemble
Intercontemporain, fundado por
Boulez em 1976, é uma orquestra
de 31 solistas de elevadíssimo nível
técnico individual, consagrada à
criação e interpretação da música
contemporânea.
Estas e outras instituições
criadas ou impulsionadas por
Boulez são a face mais visível do
grande organizador dos meios
musicais que foi Boulez. Foram
também elas que, de certo modo,
permitiram à contemporaneidade
musical “institucionalizar-
se”, tornar-se parte do mundo
profi ssional e, assim, chegar
ao grande público melómano
que, hoje, numa grande sala de
concerto de qualquer grande
cidade europeia, pode ouvir, lado
a lado, uma obra de referência
do repertório orquestral e uma
criação contemporânea — como
sucede na programação da
Philharmonie de Paris, um dos
grandes projectos pelos quais
Boulez pugnou incansavelmente,
ao longo de anos, até o ver
realizado já no fi nal da sua vida.
Boulez o organizador deu um
contributo essencial à música do
seu tempo, do mesmo modo que
o fez Boulez o maestro. Director
musical de grandes orquestras
na Europa e nos Estados Unidos,
maestro convidado das mais
importantes formações mundiais,
cabeça de cartaz das mais insignes
editoras discográfi cas, Boulez
levou sempre consigo a defesa
intransigente da modernidade,
não apenas no repertório que
escolheu dirigir, mas também
na forma de (re)interpretar a
música do passado, em particular
a grande tradição orquestral das
últimas décadas do século XIX
e das primeiras do século XX.
Todo o seu olhar para o passado
partia da sua óptica de compositor
em permanente diálogo consigo
mesmo, em permanente
procura, em permanente utopia
— “tentando ver por detrás de
um espelho inexistente para
surpreender a razão”, como
escreverá na sua última e
extraordinária carta a John Cage.
E não deixa de ser extraordinário
como Boulez conseguiu conciliar
na sua existência utopia e
realismo, sonho e realização, obra
artística e obra institucional.
Entre as duas, porventura,
surge a obra de Boulez pensador,
Boulez o teórico que, entre muitos
escritos incontornáveis, nos deixa
o último (até hoje) grande tratado
de composição e poética musical,
Penser la Musique Aujourd’hui,
escrito no início dos anos 60, na
cidade alemã de Darmstadt, em
cujos cursos de Verão se reuniam,
na época, os jovens compositores
da vanguarda musical, e onde
Boulez, Stockhausen e Maderna,
entre outros, surpreendiam com
as suas imparáveis pesquisas na
reorganização da linguagem, com
os seus permanentes avanços
técnicos, com as suas novas e
surpreendentes criações.
“Um belo dia você morre (...) e
passa a fazer parte da história.”
Até sempre, Pierre!
Compositor, professor da Universidade de Évora e director artístico da Orquestra Metropolitana de Lisboa
10 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
Quase ninguém chumba por haver exames no ensino básico
Qual o impacto dos exames do en-
sino básico nas notas fi nais dos alu-
nos? Pequeno. Pouca gente leva para
casa uma nota negativa no fi nal do
ano por causa das provas nacionais.
Este é um ponto central no relatório
técnico que acompanha a proposta
de parecer que o Conselho Nacional
de Educação (CNE) debate hoje so-
bre os projectos de lei que acabam
com os exames do 1.º ciclo (do PCP
e do BE). Mas o documento do CNE
vai mais longe: avalia as consequên-
cias dos testes nacionais também nos
2.º e 3.º ciclos. Exemplo: nos últimos
dez anos de exames no 9.º ano (com
estes a valerem 30% da nota fi nal),
apenas 1,9% dos alunos avaliados ti-
veram negativa a Matemática por cul-
pa da prova nacional. Em Português,
o impacto foi ainda menor: 0,4%.
Em 2005, quando o exame do 9.º
se estreou valendo, a título excep-
cional, só 25% da classifi cação fi nal,
ninguém teve negativa por causa do
exame, nem a Português nem a Ma-
temática. Quem acabou estas duas
“cadeiras” com 2 valores ou menos
(numa escala que vai até 5) já se ti-
nha apresentado à prova nacional
com uma classifi cação interna ne-
gativa (“classifi cação interna” é a de-
signação dada às notas dadas pelos
professores pelo trabalho desenvol-
vido ao longo do ano, ao passo que
as notas dos exames são a “classifi -
cação externa”).
Conclui o CNE: “Dos 892.276
alunos que realizaram o exame de
Matemática entre 2006 e 2015, no
9.º ano, 843.538 (94,5%) obtiveram
classifi cação fi nal igual à classifi ca-
ção interna, não tendo havido qual-
quer efeito do resultado obtido no
exame”.
Nos 4.º e 6.º anos, o impacto é
igualmente reduzido. Desde 2014,
com os exames do 4.º ano a vale-
rem também 30% da nota fi nal, só
697 alunos (0,4% dos mais 195 mil
que prestaram provas a Português)
acabaram por ter uma classifi cação
fi nal negativa nessa disciplina por
causa do exame. Na Matemática, a
prova nacional foi responsável por
1,4% dos alunos do 4.º ano avalia-
dos acabarem o ano com negativa.
No 6.º ano, as percentagens foram
de 0,2% para Português e de 1,6%
para Matemática.
Ao PÚBLICO, o presidente do CNE,
David Justino, não quis adiantar qual
o sentido da proposta de parecer que
será hoje debatido pelos conselhei-
ros (o CNE é um órgão independen-
te, com funções consultivas, sendo o
presidente eleito pela Assembleia da
República). Diz apenas que os dados
mostram um impacto residual das
provas nacionais.
O mote do parecer foram os pro-
jectos de lei do BE e do PCP, que
põem fi m aos exames nacionais do
1.º ciclo do ensino básico e que já
foram votados na generalidade. En-
contram-se agora para apreciação na
Comissão Parlamentar de Educação
e Ciência. O PCP também apresen-
tou um projecto para acabar com os
exames do 6.º ano, lembra Justino.
E o ministro da Educação anunciou
nesta segunda-feira que o Governo
se prepara para apresentar, “ao lon-
go desta semana”, um novo modelo
de avaliação dos alunos e do sistema
— uma proposta concreta e formal
ainda não chegou ao CNE. Certo é
que o assunto não podia estar mais
na ordem do dia.
O relatório técnico do CNE fornece
um conjunto de informações sobre o
histórico dos pareceres e recomen-
dações dos conselheiros — lembra-
se, por exemplo, a Recomendação
n.º 2/2015, onde se destacava “a ex-
cessiva preocupação pela avaliação
sumativa e pelos resultados da ava-
liação externa no actual quadro do
sistema educativo sem existir a cor-
respondente preocupação quanto à
dimensão formativa da avaliação”.
Recomendava então o CNE ao execu-
tivo que se reavaliasse “a adequação
das provas fi nais de 4.º e 6.º anos
aos objectivos de aprendizagem dos
ciclos que encerram”.
Nesta quarta-feira, contactado pe-
lo PÚBLICO, o gabinete de comuni-
cação do Ministério da Educação
fez saber apenas que “tem vindo
a desenhar o modelo integrado de
avaliação e aferição para o ensino
básico” e que já foram “auscultados
encarregados de educação, profes-
sores, directores de escolas e agrupa-
mentos, associações de professores,
especialistas em Ciências da Educa-
Ministro da Educação vai apresentar, “ao longo desta semana”, um novo modelo de avaliação dos alunos
No últimos dez anos, menos de 2% dos alunos tiveram negativa a Matemática no 9.º ano por culpa do exame nacional
EducaçãoAndreia Sanchese Clara Viana
Só três países da OCDE com provas nacionais no 1.º e 2.º ciclo
Dos 39 países que forneceram informação à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico (OCDE) sobre a avaliação externa, só em três existiam, no ano lectivo passado, exames nacionais no 1.º e 2.º ciclo. Portugal era um deles. Estava acompanhado pela Bélgica francófona e pelos Estados Unidos. Os dados constam do Education at Glance 2015, o relatório anual onde a OCDE avalia o estado da educação, e são citados pelo CNE no seu relatório.
A distinção de partida é esta: há exames nacionais que contam para a nota final dos alunos, e que têm peso na sua
progressão; e há provas de aferição, utilizadas geralmente como meio de diagnóstico do que os alunos sabem ou não, mas que não contam para a nota final. Ambos são testes padronizados e aplicados a nível nacional.
No ano lectivo passado, os exames eram prática corrente no secundário na maioria dos países da OCDE (31), mas a sua expressão reduzia-se drasticamente nos ciclos de escolaridade anteriores: três países, como já referido, tinham exames no 1.º e 2.º ciclo; e 14 no 3.º ciclo, uma lista onde Portugal também marca presença. Nestes níveis, na maioria dos estados da OCDE, o mais comum é a realização de provas de aferição
(32 países fazem-nas nos 1.º e 2.º ciclos e 28 no 3.º ciclo).
Na segunda-feira, o ministro da Educação Tiago Brandão Rodrigues anunciou que pretende que haja “uma solução integrada de avaliação e aferição”. As provas de aferição poderão voltar ao 4.º e ao 6.º ano, como já aconteceu no passado. Contactado pelo PÚBLICO, João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional da Educação, defende a avaliação aferida “mas recorda que nos moldes em que ela foi feita antes e haver exames”, não contando para a nota final, “houve muitas queixas de que não era levada suficientemente a sério pelos alunos”.
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | PORTUGAL | 11
ção e as instituições que serão res-
ponsáveis pela implementação do
modelo”. Acrescenta: “Grande parte
destes actores integra o CNE e, na
ronda de auscultações, também ao
presidente do CNE foram apresenta-
das várias modalidades e resoluções
possíveis, para ouvir a sua opinião.”
Em que data haverá uma proposta
não é dito.
Jorge Ascenção, presidente da
Confederação Nacional das Asso-
ciações de Pais, que integra o CNE,
espera “que não se caia no extre-
mo de não haver avaliação até ao
9.º ano”, diz que é preciso avaliar
antes com sentido preventivo, para
garantir que se detectam as princi-
pais difi culdades dos alunos desde
cedo e que elas são corrigidas, mas
acha que as provas ou os exames não
devem servir para chumbar alunos.
“É preciso que haja uma avaliação
externa e independente: se se chama
exames ou provas de aferição isso é
o que menos importa.”
RITA FRANÇA
PAULO PIMENTA
Concerto na Queima da Fitas foi em Maio do ano passado
O anterior vice-presidente da Federa-
ção Académica do Porto (FAP), Paulo
Santos, que deixou a instituição no
passado mês de Outubro, foi acusado
há dias no âmbito do processo co-
nhecido como Operação Fénix, de um
crime de exercício ilícito da activida-
de de segurança privada, o mesmo
imputado ao presidente da SAD do
FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Cos-
ta (ver caixa), e ao director-geral da
mesma, Antero Henrique.
Em causa está o facto de, em Maio
de 2015, o então vice-presidente da
FAP ter recorrido aos serviços de
acompanhamento e protecção pesso-
al da empresa SPDE — a que garantiu a
segurança no Estádio do Dragão e cuja
actividade está no centro deste pro-
cesso — alegadamente sabendo que a
fi rma não estava habilitada a prestar
esses serviços, por falta de alvará.
Esse conhecimento, que terá que
ser provado em tribunal, é que torna
a contratação daqueles serviços um
crime, incorrendo o dirigente estu-
dantil com 26 anos, numa pena de
prisão até quatro anos ou numa pena
de multa até 480 dias.
A protecção pessoal destinava-se
ao cantor Anselmo Ralph, que a 6 de
Maio passado, esteve no Porto para
dar um concerto integrado nos feste-
jos da Queima das Fitas da cidade.
Segundo o Ministério Público, o
contrato que a FAP assinou com a
SPDE previa expressamente “estar
aquela sociedade autorizada a pres-
tar acompanhamento pessoal e servi-
ços de segurança pessoal”, tal como
aconteceu com o contrato assinado
com o FC Porto.
Contudo, a contratação deste ser-
viço específi co, lê-se na acusação, foi
feita pelo telefone por Paulo Santos
que contactou Jorge Sousa, braço-di-
reito do dono da SPDE, Eduardo Silva
— ambos presos preventivamente — a
pedir-lhe para fazerem a segurança
ao cantor Anselmo Ralph. Este ligou
ao patrão a dar-lhe conhecimento do
pedido, tendo este concordado em
fazê-lo. Na conversa, Jorge Sousa re-
feriu que Paulo Santos estava com
o produtor do cantor e não queria
“fi car mal”. “Aí, o arguido Eduardo
Silva, brincando com a situação, dis-
Ex-vice da Federação Académica do Porto acusado de recorrer a segurança ilegal
ções com essa empresa”, acrescenta.
Questionado sobre se a FAP man-
tém o contrato com aquela socie-
dade, com sede em Matosinhos, o
dirigente diz que, nesta fase, estão a
ser renegociados os contratos, não
estando ainda o processo fechado.
Já Patrícia Almeida, responsável
pela comunicação do Grupo Chiado,
que agencia o cantor Anselmo Ralph,
confi rma que nos contratos que fa-
zem o responsável pela organização
do espectáculo, neste caso a FAP, fi ca
obrigada a garantir a segurança do
evento. “Quem contratam e como o
fazem não fi ca estipulado”, esclarece
Patrícia Almeida.
No passado sábado, o DCIAP acu-
sou 57 arguidos da prática de crimes
de associação criminosa, exercício
ilícito da actividade de segurança pri-
vada, extorsão, coacção, ofensa à in-
tegridade física qualifi cada, ofensas
à integridade física grave agravadas
pelo resultado, favorecimento pesso-
al, tráfi co e detenção de arma proi-
bida. Vários arguidos já anunciaram
que vão pedir a abertura de instru-
ção, o que signifi ca que um juiz terá
que validar ou arquivar as acusações
do Ministério Público.
se a Jorge Sousa para dizer a Paulo
Santos para perguntar ao produtor
do cantor se o ‘segurança do Pinto
da Costa’ chegava para ele”, lê-se na
acusação.
Os procuradores João Centeno e
Filomena Rosado, do Departamento
Central de Investigação e Acção Pe-
nal (DCIAP), afi rmam que “nenhum
dos arguidos” que prestou os servi-
ços “estava vinculado a entidade com
alvará para a prestação desses servi-
ços, bem como não eram detentores
de cartão profi ssional de vigilante de
protecção e acompanhamento pes-
soal”.
Contactado através de email, Paulo
Santos não respondeu às perguntas
do PÚBLICO. Já o actual presidente
da FAP, Daniel Freitas — que integra-
va a mesma direcção que o ex-vice-
presidente agora acusado —, disse-
se surpreendido com este processo,
garantindo que a associação desco-
nhecia que a SPDE não tinha alvará
para prestar serviços de protecção
pessoal. “Ninguém está à espera de
contratar um serviço ilegal”, afi r-
ma, sublinhando que a SPDE pres-
tava serviços à FAP há vários anos.
“Sempre tivemos as melhores rela-
Operação Fénix Mariana Oliveira
Contratação de protecção pessoal do cantor Anselmo Ralph, num concerto na Queima das Fitas do Porto, está na base da acusação
A Operação Fénix, que investiga graves suspeitas sobre o responsável pela segurança pessoal
de Pinto da Costa, não é o primeiro caso em que a justiça aponta o dedo ao presidente do Futebol Clube do Porto. Mas até hoje nenhum desses casos obrigou o dirigente desportivo, que tem sempre negado qualquer ligação a práticas ilícitas, a sentar-se no banco dos réus. Tal como na Operação Fénix, também o mundo dos negócios da noite era central no processo Noite Branca, onde se destacava Bruno Pidá, condenado condenado a 23 anos de prisão por homicídio. Pinto da Costa sempre garantiu não conhecer este membro dos Super Dragões, embora existam imagens que o mostram ao lado do presidente do FCP, a garantir a sua segurança. Depois há o universo do caso Apito Dourado, cujas escutas, embora não tenham sido validadas pela justiça como prova, continuam a fazer as delícias de quem as ouve.
As suspeitas do Ministério Público iam no sentido de o FC Porto recompensar os árbitros que ajudavam o clube com “fruta para dormir” e “café com leite”, ou, numa linguagem mais prosaica, de lhes fornecer prostitutas. Embora Pinto da Costa tenha sido acusado de corrupção desportiva pela procuradora Maria José Morgado, o caso também acabou por não dar em nada, apesar das graves imputações publicadas em livro por Carolina Salgado, a antiga companheira do dirigente. Em 2008, o Estado foi condenado a indemnizar Pinto da Costa em 20 mil euros, mas no ano seguinte o Supremo revoga essa decisão. Em causa estava o facto de em Dezembro de 2004 o líder dos dragões ter-se apresentado voluntariamente em tribunal para prestar declarações, mas ter recebido ordem de detenção já no interior do edifício.
Muita parra e pouca uva
12 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
GUILHERME MARQUES
PCP culpa anterior Governo por falta de resposta dos hospitais
As recentes mortes nos hospitais
por alegada falta de resposta dos
serviços levaram o PCP a responsa-
bilizar a anterior maioria PSD-CDS
pelo desinvestimento no Serviço
Nacional de Saúde (SNS). O caso da
morte de um jovem por ruptura de
aneurisma no Hospital de S. José,
em Lisboa, veio a lume nas decla-
rações políticas, na Assembleia da
República, mas o PSD considerou
que os comunistas estavam a fazer
um “aproveitamento político” de
uma “tragédia”.
O deputado João Ramos sustentou
que a morte do jovem em S. José se
deveu à falta de profi ssionais, “por-
que o anterior Governo cortou no va-
lor pago nas horas de qualidade e de
prevenção”. E citou outros casos de
doentes que terão morrido por falta
de assistência nos hospitais nas últi-
mas semanas. A culpa é do anterior
Governo, apontou. “Durante quatro
anos, o Governo PSD-CDS entendeu
que o SNS deveria ser emagrecido.
Foram anos de subfi nanciamento e
desmantelamento do SNS, de desin-
vestimento e de desvalorização dos
profi ssionais”, afi rmou, embora ad-
mitisse que “o caminho começou a
ser trilhado antes”.
Em resposta, o social-democrata
Miguel Santos criticou a bancada co-
munista por optar por uma “política
primitiva”. “Está a utilizar a desgra-
ça alheia para, com base em consi-
derações não apuradas, fazer este
aproveitamento político. Decorre
um inquérito, pelo seu Governo [PS,
com apoio de BE, PCP, PEV], com
vista ao apuramento das circunstân-
cias ocorridas”, apontou o deputado
do PSD. O social-democrata viria a
ter resposta à sua crítica por parte
da bancada bloquista. “Foram as po-
líticas que provocaram ruptura nes-
tes serviços, reduzindo orçamento
atrás de orçamento. Os hospitais es-
tão no limite da sua capacidade de
resposta. Quem lançou o anátema
foi quem os colocou neste limite de
resposta”, afi rmou Moisés Ferreira
do BE.
Depois de João Ramos assumir
que o PCP “está a contribuir para a
mudança de políticas”, ouviu-se o
deputado socialista sustentar que
com o novo Governo se abre um
novo período de esperança. O de-
putado listou as medidas tomadas
“em um mês e meio” pelo executi-
vo de António Costa: reduziu taxas
moderadoras, prometeu introduzir
mais consultas de especialidade nos
centros de saúde. Pelo Partido Eco-
logista Os Verdes José Luís Ferreira
concordou com a responsabilização
do anterior Governo pelo estado a
que a Saúde chegou. “A acção do Go-
verno PSD-CDS baseou-se nos cortes
cegos, encerramento de serviços,
preocupação com os interesses pri-
vados e em empurrar os custos para
o utente”, disse.
Ministro no ParlamentoO ministro da Saúde e os dirigen-
tes demissionários na sequência da
morte de um jovem após a ruptura
de um aneurisma no hospital de S.
José (Lisboa) vão ser ouvidos no Par-
lamento, a pedido do PS e do PCP. O
requerimento do PCP foi aprovado
na Comissão Parlamentar de Saúde,
com as abstenções do PSD e do CDS,
disse à Lusa fonte do grupo parla-
mentar comunista, acrescentando
que o Bloco de Esquerda não estava
presente.
No requerimento pede-se a audi-
ção urgente do ministro da Saúde,
Adalberto Campos Fernandes, e dos
vários dirigentes demissionários — o
presidente da Administração Regio-
nal de Saúde de Lisboa e dos presi-
dentes dos conselhos de adminis-
tração dos centros hospitalares de
Lisboa Norte e de Lisboa Central,
que inclui o S. José. Em causa está
a morte de David Duarte, que deu
entrada no Hospital de S. José numa
sexta-feira a necessitar de “uma in-
tervenção da área da neurocirugia”,
tendo acabado por não ser opera-
do porque a equipa especializada
“encontrava-se em situação de pre-
venção”.
O PCP lamenta que, “apesar de
esta situação ser conhecida das vá-
rias entidades”, só depois da mor-
te do rapaz é que os responsáveis
“apresentaram a demissão”. Para
os comunistas, “esta situação não se
desliga do desinvestimento no SNS”
e da “retracção da sua capacidade de
resposta”. O requerimento foi assim
justifi cado com a “gravidade da situ-
ação, que contraria todo o discurso
propagandístico do anterior executi-
vo quanto à capacidade de resposta
do SNS”. com Lusa
Problemas na resposta dos hospitais levaram a troca de acusações ontem na Assembleia da República
PSD acusa comunistas de “aproveitamento político” de “tragédias”. Ministro vai ser ouvido na Comissão Parlamentar de Saúde a propósito da morte de um jovem por ruptura de aneurisma no S. José
SaúdeSofia Rodrigues
Hospital de Setúbal investiga morte de mulher na urgência
Maria do Rosário Silva, de 47 anos, terá sido vítima de derrame cerebral
O Hospital de S. Bernardo, em Setúbal, abriu um “processo de averiguações” às circunstâncias em que
morreu uma mulher de 47 anos que terá sofrido um derrame cerebral e que faleceu no hospital horas depois de ter dado entrada no serviço de urgências pelo próprio pé. A investigação do caso foi confirmada ontem ao PÚBLICO por fonte do Gabinete de Comunicação do Hospital de S. Bernardo que adiantou desconhecer quanto tempo poderá demorar o procedimento.
Segundo a família, Maria do Rosário Silva, mãe de dois menores de 9 e 15 anos, deslocou-se às urgências do Hospital de Setúbal no dia 28 de Dezembro passado, devido a fortes dores de cabeça, e acabou por morrer horas depois, já na madrugada de dia 29,
alegadamente devido a uma hemorragia cerebral. Paulo Silva, irmão da falecida, explicou ao PÚBLICO que a família suspeita de que a doente foi mal diagnosticada, porque já tinha recorrido ao mesmo serviço de urgências uma primeira vez, 15 dias antes, pela mesma razão de intensas dores de cabeça, e que foi medicada com antibiótico para problemas nos ouvidos.
“A família tem intenção de recorrer aos tribunais e espera informação do hospital sobre o primeiro diagnóstico, que não detectou qualquer problema, e sobre o que se passou no dia 28, porque também não sabemos os tratamentos que foram feitos, o que é que lhe deram, para resultar na morte da minha irmã”. O irmão acrescenta que a família pretende levar o caso “até às últimas consequências” por considerar que se trata de
“uma questão de planeamento e organização” dos meios hospitalares. “O hospital não tem condições na área da neurologia. À minha irmã não foi feito qualquer exame que pudesse diagnosticar o seu problema, nem uma ressonância magnética nem uma TAC [tomografia axial computorizada]”, afirma Paulo Silva.
O hospital de Setúbal tem serviço de neurologia, embora não disponha de neurocirurgia, especialidade que, nesta zona do país, é assegurada pelo Hospital Garcia de Orta, em Almada. Neste caso, o diagnóstico de Rosário Silva foi enviado ao Hospital Garcia de Orta, mas, quando a resposta chegou a Setúbal, a doente já estava em morte cerebral. Suspeita-se de uma ruptura do aneurisma. Francisco Alves Rito
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | PORTUGAL | 13
Uma mulher com cerca de 50 anos,
doente oncológica e desempregada,
terá envenenado o fi lho de 11 e ter-
se-á suicidado, igualmente através
da ingestão de um produto tóxico.
Os dois corpos foram encontrados
na madrugada de ontem, no sítio do
Lombo de São João, Ponta do Sol, na
Madeira, por um familiar que alertou
as autoridades.
Mãe e fi lho foram encontrados pe-
las 2h30 na casa onde viviam com
outra filha, já maior, e o marido
desta. Aos dois depararam-se-lhes
as vítimas, deitadas na cama; e aler-
taram as autoridades. Quando os
Bombeiros Voluntários da Ribeira
Brava chegaram ao local, a cerca de
25 quilómetros a oeste do Funchal,
encontraram a mulher e a criança
sem vida e vários manuscritos a des-
crever o desespero em que a mulher
vivia e a justifi car o sucedido.
São estes textos, em conjunto com
as investigações preliminares das
autoridades, que levam a crer que
a mulher terá feito com que o fi lho
ingerisse um produto tóxico, tendo
feito o mesmo. “Ainda não é claro
se o menor foi forçado pela mãe a
ingerir o veneno, se foi simplesmente
convencido ou enganado”, explica
uma fonte da Polícia Judiciária, que
está a investigar o caso.
A mulher, segundo o PÚBLICO
apurou, era doente oncológica e es-
tava desempregada, razões que terão
motivado a tragédia, que está a cho-
car a população daquela pequena vi-
la na costa sul da Madeira, que conta
com menos de dez mil habitantes. O
último companheiro da mulher (que
não era o pai dos três fi lhos) também
se tinha suicidado há cerca de um
mês — igualmente através da ingestão
de um produto tóxico.
Além do menino, que completava
12 anos no próximo fi m-de-semana,
a mulher tinha mais dois fi lhos: a jo-
vem que encontrou os corpos e outro
rapaz, também maior de idade, que
vive fora do país, mas que estava na
Madeira de férias.
Bastante doente, com difi culdades
de locomoção e enfraquecida pelos
tratamentos contra o cancro, a mu-
lher é descrita pelos vizinhos como
Mulher doente terá envenenado filho de 11 anos
sendo muito próxima do fi lho. “Eram
muito amigos, ela não falava muito
na rua, mas via-se que gostavam mui-
to um do outro”, comentou uma vi-
zinha, ainda incrédula com o que
aconteceu na pequena casa de dois
andares, numa zona montanhosa.
Família e vizinhos não conseguem
encontrar explicações para a tragé-
dia e adiantam que nada fazia prever
tal acto. Mauro Paulino, psicólogo fo-
rense, diz ao PÚBLICO que este caso
pode enquadrar-se no chamado “ho-
micídio por compaixão”, tendo em
conta a situação em que a mulher se
encontrava. “É uma situação típica
em casos de doenças terminais, em
que a pessoa não consegue vislum-
brar uma saída e convence-se que
com a sua morte o outro fi cará a so-
frer e, por isso, matá-lo será a única
forma de acabar com esse sofrimen-
to”, explica Mauro Paulino. O “homi-
cídio por compaixão”, acrescenta, é
um conceito teórico, estudado pela
psicologia clínica, que poderá servir
para encontrar uma explicação.
Mas na vizinhança ninguém com-
preende. “Era um menino alegre,
respeitador, que adorava jogar à bola
por aqui”, comenta outra vizinha. A
criança, que jogava futebol no clube
da terra, era também próxima da ir-
mã mais velha. O pai dos três irmãos
saiu de casa há quatro anos. Os vizi-
nhos desconhecem o seu paradeiro
desde essa altura.
Este não é um caso inédito. Em
Janeiro de 2013, uma mulher de 40
anos envenenou fatalmente os dois
fi lhos, um de 12 anos e outro de 11,
recusando-se a aceitar uma decisão
do Tribunal de Família e Menores de
Cascais, que entregou a guarda dos
dois menores ao pai. com Mariana Oliveira
Madeira Márcio Berenguer
Mulher tinha cancroe estava desempregada e ter-se-á suicidado após envenenar o filho, na vila da Ponta do Sol
Caso está a chocar residentes na Ponta do Sol, na Madeira
Para já, os enfermeiros do serviço vão fazer horas extraordinárias
A Unidade de Alcoologia de Lisboa,
com uma capacidade de internamen-
to de 25 camas, está a acolher apenas
dez doentes e quando estes tiverem
alta não vai aceitar mais pessoas. Em
causa está a falta de profi ssionais de
enfermagem. O serviço chegou a
contar com mais de dez enfermeiros,
mas está desde fi nal de 2015 a funcio-
nar com apenas cinco, pelo que só
consegue continuar a assegurar as
consultas externas. A tutela garan-
te que está a decorrer um concurso
para substituir os dois últimos enfer-
meiros que saíram, mas o aumento
para sete profi ssionais não permitirá
dar resposta aos 25 casos e a lista de
espera está a aumentar.
O risco de encerramento da parte
de internamento motivou uma pe-
tição online por parte de utentes e
familiares desta unidade, encabe-
çada por Pedro Múrias, tratado nes-
ta unidade há cerca de 12 anos. “É
um serviço público, gratuito para os
utentes e de grande qualidade, que
valoriza a dignidade das pessoas e
lhes dá ferramentas para a vida”,
afi rma ao PÚBLICO. Na petição, os
subscritores lamentam que a unida-
de “pareça ter o seu fi m anunciado,
pela falta de enfermeiros, técnicos e
auxiliares”. “Estamos a falar de um
trabalho de décadas, com resultados
práticos”, lê-se na argumentação,
que elogia também o método de
Falta de enfermeiros compromete futuro da Unidade de Alcoologia de Lisboa
trabalho desta instituição, precisa-
mente por promover a “integração
da família no tratamento” e ensinar
os doentes a serem um “membro útil
da sociedade”.
A psiquiatra Ana Croca, directora
clínica da instituição, explicou que
só poderia falar mediante autoriza-
ção da tutela e remeteu explicações
para a Administração Regional de
Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (AR-
SLVT). Em 2015 saíram três enfermei-
ros, dois dos quais em Novembro. O
ano acabou por fechar com um total
de 274 internamentos, quando no
passado ultrapassava os 300. Nes-
te momento há mais de 60 pessoas
à espera de uma vaga e a demora
situava-se nos quatro meses, quando
não costumava ultrapassar 30 dias.
Questionado pelo PÚBLICO, o Mi-
nistério da Saúde respondeu que “a
ARSLVT se reuniu com os responsá-
veis do SICAD [Serviço de Interven-
ção nos Comportamentos Aditivos e
nas Dependências] e fi cou acertado
que, no imediato, o internamento na
Unidade de Alcoologia continuará
a ser assegurado pelos enfermeiros
do serviço em horas extraordiná-
rias”. Segundo a mesma fonte, “o
concurso que está a decorrer para
a contratação de enfermeiros vai ser
entretanto encerrado e no prazo de
15 dias dois desses enfermeiros deve-
rão ser colocados no Serviço”. Na re-
alidade este concurso foi aberto em
2013 e, portanto, pretendia suprir
necessidades anteriores. A ARSLVT
não esclareceu se há planos concre-
tos, por exemplo, para integrar esta
unidade de internamento no Serviço
de Alcoologia do Centro Hospitalar
Psiquiátrico de Lisboa (Hospital Jú-
lio de Matos), que funciona no mes-
mo recinto — o Parque da Saúde de
Lisboa.
MIGUEL NOGUEIRA
Saúde Romana Borja-Santos
Serviço já teve dez enfermeiros, mas está reduzido a cinco. Tutela diz que vai abrir concurso para dois profissionais
A Polícia Judiciária está a investigar
o caso de uma mulher encontrada
decapitada em sua casa ontem pe-
las autoridades, que iam avisá-la da
morte do companheiro. Tudo acon-
teceu em Santa Marinha do Zêzere,
no concelho de Baião.
Com 64 anos, o homem tinha si-
do encontrado morto às 7h50, na
praia junto ao porto de Leixões,
no concelho de Matosinhos, pela
Polícia Marítima, indicou fonte da
GNR do Porto. “As autoridades ten-
taram contactar a senhora para a
avisar da morte do companheiro e,
como não conseguiram, decidiram
deslocar-se a sua casa. Chegando
lá, a GNR encontrou a mulher, de
56 anos, já cadáver, na sala. Por ha-
ver indícios de homicídio, o caso
foi entregue à Polícia Judiciária”,
resumiu a GNR.
Outra fonte da GNR informou que
foi pelas 13h15 que os guardas en-
contraram a mulher decapitada na
sua residência. Suspeita-se de que
tenha sido o companheiro, ele pró-
prio um militar da GNR aposentado,
a decapitar a mulher, que tinha 56
anos, uma vez que existiam denún-
cias de violência doméstica contra
ele. O homem não estaria, porém,
sujeito a nenhuma medida de afas-
tamento coercivo da companheira,
como a pulseira electrónica, uma
vez que essas denúncias já seriam
antigas.
A confi rmar-se ter sido o com-
panheiro, este será o primeiro ho-
micídio de 2016 num contexto de
violência doméstica. Em 2015 re-
gistaram-se pelo menos 29 mortes
de mulheres, a grande maioria das
quais perpetradas pelos maridos ou
companheiros. O facto de se tratar
de um número muito inferior ao de
2014, ano em que foram assassina-
das 44 mulheres, não sossega quem
tem vindo a estudar o fenómeno.
“Não se pode falar ainda numa ten-
dência de descida dos homicídios
por violência doméstica, uma vez
que os números têm oscilado muito
de ano para ano, para cima e para
baixo. Já houve anos com apenas 22
mortes”, descreve Elisabete Brasil,
do Observatório de Mulheres Assas-
sinadas da União de Mulheres Alter-
nativa e Resposta. PÚBLICO/Lusa
GNR encontra mulher decapitada
Crime
Autoridades encontraram a mulher morta em casa quando iam avisá-la da morte do marido
14 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
A actualidade internacional, com o
anúncio de Pyongyang de que teria
feito detonar a sua primeira bomba
de hidrogénio, acabou por motivar a
pergunta: “A Coreia do Norte é uma
ditadura ou uma democracia?” A
questão foi lançada pelo jornalista
João Adelino Faria, no debate de
ontem na RTP, aos dois candidatos
de esquerda que tinha à sua frente.
Marisa Matias, apoiada pelo BE, res-
pondeu prontamente: “Considero a
Coreia do Norte uma ditadura.” Já o
candidato Edgar Silva, apoiado pelo
PCP, repetiu a pergunta, contornou-a
e só no fi m acaba por concordar que
a democracia não é um “privilégio”
daquele país.
Embora o teor das respostas tam-
bém tivesse sido diferente — Marisa
Matias foi mais clara e directa ao ma-
nifestar a sua discordância relativa-
mente ao regime ofi cialmente socia-
lista, de partido único e com graves
violações dos direitos humanos da
Coreia do Norte —, o que saltou à
vista foi a forma como o comunista
tentou contornar a questão.
O ex-padre católico começou por
defender que um Presidente da Re-
pública deve ter com todos os países
relações de cooperação, independen-
temente da avaliação “subjectiva”
que faz desses mesmos Estados. A
seguir, reconheceu que há em vários
países do mundo “insufi ciente res-
peito pelos direitos humanos”.
João Adelino Faria insistiu: “Não
respondeu à minha pergunta.” É
uma democracia? “Não vejo que se-
ja um privilégio da Coreia do Nor-
te”, respondeu. De seguida, disse a
Marisa Matias: “Não diga que é uma
democracia avançada.” Mas a can-
didata tinha a resposta pronta: “Eu
considero a Coreia do Norte uma di-
tadura que ataca o seu povo.”
Ambos concordam com políticas
de desarmamento, de cooperação e
de paz, mas Edgar Silva tentou ata-
car a eurodeputada, dizendo que o
Parlamento Europeu votou favora-
velmente a intervenção militar na
Líbia. Marisa Matias aconselhou o
adversário a consultar as actas: “Vo-
tei contra.”
Com sucessivos debates televisi-
vos, há temas que se repetem e o
Orçamento Rectifi cativo é um deles.
Num frente-a-frente com a candida-
ta Maria Belém, Marisa Matias tinha
dito que não “assinaria de cruz” um
orçamento que serve para os contri-
buintes pagarem “desvarios fi nan-
ceiros” e que devolveria o debate à
Assembleia da República (AR). Num
outro debate, também com Maria de
Belém, Edgar Silva justifi cou a pos-
sibilidade de viabilizar aquele orça-
mento com o “sentido de responsabi-
lidade” de um chefe de Estado.
Ora, ontem, Edgar Silva admitiu
que não colocaria de parte a hipótese
do veto político e de devolver aquele
orçamento à AR. Para o comunista,
em causa está a “injustiça clamorosa”
de obrigar os contribuintes a “despe-
jar mais dinheiro na falência de um
banco”. Porém, questionou: “Numa
situação extrema, que poderes tinha
o Presidente senão, em última instân-
cia, viabilizar este orçamento? De-
mitia-se ou dissolvia a Assembleia?”,
questionou, invocando novamente o
“sentido de responsabilidade”.
Marisa Matias manteve que devol-
veria o debate à AR, num “primeiro
momento”. E, confrontada com os
poderes do chefe de Estado, esclare-
ceu saber “muito bem” que, se a AR
se pronunciasse num determinado
sentido, teria de o promulgar. Em-
bora em tese coloque a hipótese de
a decisão da AR ser outra.
A candidata entende que é “pre-
ciso uma Presidente que se bata
pelo país, que o defenda em todos
os momentos, mesmo os mais difí-
ceis”, e que “a posição da maioria e
do Governo” era a da integração do
Banif na Caixa Geral de Depósitos, o
que “seria uma mensagem forte para
Bruxelas da Presidente”.
TAP 100% estatalDurante o dia, Edgar Silva foi à sede
da TAP defender que o negócio de
privatização da empresa seja rever-
tido e que a empresa de aviação per-
maneça 100% estatal, mesmo que is-
so não seja o cenário defendido pelo
Governo do PS, partido com o qual o
PCP, que apoia o candidato, tem um
acordo político. O candidato a Belém,
que se reuniu com os representantes
dos trabalhadores da TAP, disse no
fi nal aos jornalistas ser um “impera-
tivo nacional” defender a empresa
como propriedade pública”. “Para
a prestação do serviço público, e co-
mo instrumento de coesão social e
unidade nacional, como vector do
desenvolvimento, só podemos fi car
devidamente salvaguardados quan-
do estiver garantida a propriedade
totalmente pública da TAP.”
Sobre o facto de o Governo PS
admitir a venda de apenas 49% da
companhia, Edgar Silva recorreu a
casos passados: “Temos memória
do que aconteceu em processos de
privatização parcial noutros secto-
res, como o energético ou da Cim-
por. Embora começando por uma
cedência parcial da propriedade
pública, avançou-se depois para o
desmantelamento” da natureza pú-
blica das empresas.
Por isso, apenas 51% de participa-
ção pública não chega e “100% se-
ria o ideal”. Apesar desta posição,
Edgar Silva não prevê colisão com o
Governo. Até porque, vinca, “ainda
está tudo em aberto”. Nem conside-
ra que seja mais oneroso para o país
reverter o processo: “Nada será pior
para o interesse nacional e nunca se-
rá mais oneroso para Portugal do que
Edgar Silva e Marisa Matias: o frente-a-frente mostrou diferenças relevantes entre os dois candidatos mais à e
Marisa Matias acabaria por promulgar o Orçamento Rectificativo
Coreia do Norte é uma ditadura? Marisa responde “sim”, Edgar hesita
Sobre o Orçamento Rectifi cativo, a candidata do BE esclareceu que sabe “muito bem” que, se a AR insistisse, teria de o promulgar. Edgar Silva, afi nal, também não excluía o veto
DANIEL ROCHA
Presidenciais Maria João Lopes
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | PORTUGAL | 15
o rumo da privatização que estava a
ser imposta” pela direita.”
Mas quando questionado pelo PÚ-
BLICO sobre o que fará concretamen-
te se, caso seja eleito, o Governo PS
reverter o negócio, Edgar Silva disse
que tudo fará para defender que es-
te sector se mantenha público. “De-
pois, se o Governo e a Assembleia da
República assumirem decisões que
vão noutro sentido, terei o dever de
respeitar a decisão de outros órgãos
de soberania”.
Edgar Silva mostrou-se também
preocupado com as questões labo-
rais na transportadora onde os tra-
balhadores se queixam de “inten-
sifi cação de formas de exploração
laboral, subcontratação a empresas
de trabalho temporário e situações
de precarização que estão a atingir o
limite do intolerável”, factores que,
na opinião do candidato, “degradam
a qualidade do serviço e atentam
contra princípios e direitos funda-
mentais da Constituição”.
esquerda
Sampaio da Nóvoa visitou o Comando Conjunto para as Operações Militares
Santarém foi o distrito escolhido por Maria de Belém Roseira para arrancar domingo
a campanha oficial das presidenciais, que será “simples, modesta e de proximidade”, sem ataques aos adversários e centrada no contacto com as populações. “Vou deixar de falar dos outros candidatos, senão centralizam toda a atenção naquilo que eu digo sobre eles”, afirmou a candidata presidencial, em conversa informal ontem ao almoço com os jornalistas.
Com o mandatário para a juventude da sua candidatura ao lado — o presidente da Associação Académica de Coimbra, Bruno Matias —, Maria de Belém Roseira revelou alguns pormenores da sua campanha. Depois de uma primeira semana a atravessar o país de norte a sul pelo litoral, na segunda semana a caravana deverá percorrer o interior do país — “até porque o compromisso com o interior é um dos pilares da campanha” .
Apesar de Maria de Belém Roseira garantir que, “ao contrário de outros candidatos”, não tomou iniciativa de insistir junto de ninguém para a apoiar e que a sua candidatura é “suprapartidária”, ao longo das próximas duas semanas deverão surgir a seu lado personalidades, nomeadamente do PS. “Vão aparecer, como vão aparecer outras pessoas, porque aparecem como pessoas e não como cargos”, sustentou.
Questionada se terá o apoio do antigo primeiro-ministro António Guterres, Maria de Belém Roseira garantiu não saber, tal como assegurou nunca ter falado com Seguro sobre a sua candidatura. A candidata falou ainda sobre as críticas e acusações que tem sido alvo: “Conheço o percurso que as mulheres têm de fazer para serem respeitadas (...), já ando nisto há muitos anos”, desabafou. Lusa
Belém já não fala de outros candidatos
À chegada, Sampaio da Nóvoa vinha
com pressa, já em ritmo de campa-
nha. Desceu, à chuva, do seu carro
e cumprimentou o general Pinto Ra-
malho, ex-chefe do Estado-Maior do
Exército, que vinha acompanhá-lo,
como apoiante, a esta visita ao co-
mando operacional das Forças Ar-
madas portuguesas. Com o candi-
dato viajavam outros militares, seus
apoiantes: o almirante Melo Gomes
e o general Luís Araújo, ex-chefe do
Estado-Maior da Força Aérea.
Vinham todos para um briefi ng,
reservado, sobre as missões do Co-
mando Conjunto para as Operações
Militares, no Reduto Gomes Freire,
em Oeiras, nas antigas instalações
do Comando Conjunto de Lisboa da
NATO. Entrou por uma porta com
uma inscrição em inglês que garan-
tia um “nível de alerta de segurança
A+”. E lá fi cou cerca de uma hora,
a ouvir os responsáveis deste órgão
do Estado-Maior General das Forças
Armadas.
Todas as explicações que ouviu
Nóvoa critica “falta de clareza” de Marcelo em véspera de debate
eram “reservadas”, o que impediu
a presença dos jornalistas ali pre-
sentes. Mas, à saída, Nóvoa, acom-
panhado pelos seus apoiantes e
pelo mandatário nacional, Correia
de Campos, classifi cou de “muito
importante” a reunião. O candida-
to garante que as “Forças Armadas
são um pilar central da nossa sobe-
rania” e que exercer a função de
“comandante supremo” é uma das
funções principais do Presidente da
República, para a qual se tem vindo
a preparar.
Lembrando que existem cerca de
dois mil militares portugueses en-
volvidos em missões fora do país, a
“assegurar a paz e a segurança em
muitos pontos do mundo”, Nóvoa
agradeceu ao chefe do Estado-Maior
das Forças Armadas as informações
que recebeu.
O candidato voltou a afi rmar que,
entre as suas “primeiras preocupa-
ções”, está também assegurar “a co-
operação institucional e a garantia
de estabilidade” política. Por estar
ali, em terreno militar, Nóvoa evi-
tou comentar a actualidade políti-
ca desta fase fi nal da pré-campanha
das presidenciais. Remeteu para o
primeiro-ministro, António Costa,
qualquer avaliação sobre o grau de
cooperação que os vários candida-
tos asseguram com o Governo. Mas
voltou a elogiar a solução governati-
va actual: “Sinto-me muito confor-
tável com este novo tempo.”
Mas a chuva continuava a cair e
as declarações abreviaram-se ainda
mais. A próxima pergunta era sobre
a polémica das declarações de Mar-
celo Rebelo de Sousa sobre o chum-
bo pelo Tribunal Constitucional do
primeiro Orçamento de Passos Coe-
lho, apontada pela candidata Marisa
Matias no frente-a-frente com o seu
rival. Nóvoa começou por não que-
rer responder — “terei oportunidade
de discutir com Marcelo Rebelo de
Sousa no debate” de hoje à noite.
Mas acabou por criticar a “duplici-
dade” das posições assumidas pelo
candidato, agora e enquanto era
comentador residente na TV. Para
Nóvoa, algumas das afi rmações de
Marcelo “dizem uma coisa e o seu
contrário”. E é essa “falta de clare-
za”, que critica, que, na sua opinião,
constitui “um problema”.
Paulo Pena
“Conheço o percurso que as mulheres têm de fazer para serem respeitadas”Maria de Belém
NUNO FERREIRA SANTOS
NUNO FERREIRA SANTOS
16 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
PSD critica Governo por não divulgar nomeações para o Estado
NUNO FERREIRA SANTOS
Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do PS, acusou a direita de ter deixado o país “na bancarrota social”
O vice-presidente da bancada do
PSD, Hugo Soares, acusou ontem o
Governo PS de violar a lei ao não di-
vulgar na Internet as nomeações (154
em 41 dias, contabilizou) feitas pelo
executivo. No período de declarações
políticas, o PS justifi cou com uma no-
va política as exonerações no Institu-
to de Emprego e Formação Profi ssio-
nal (IEFP). O Governo veio, ao fi nal
da tarde, esclarecer que pretende
cumprir a lei, que não prevê prazo
para a publicação das nomeações.
Segundo uma nota da presidência do
Conselho de Ministros, será disponi-
bilizada a informação sobre o valor
do vencimento bruto e líquido, e o
link para o respectivo despacho.
À esquerda, BE e PCP foram suaves
com os socialistas e o Bloco de Es-
querda até saudou os despedimentos
dos dirigentes naquele instituto.
Hugo Soares (PSD) começou por
criticar o excesso de nomeações pa-
ra o Estado em “pouco tempo”, mas
apontou sobretudo a falta de trans-
parência. “O Governo esqueceu-se foi
de nomear o assessor com a compe-
tência de publicar as nomeações na
sua própria página electrónica. Uma
exigência da lei”, gracejou. “Este é um
Governo sem pudor a nomear. Mas
com muita vergonha em divulgar”,
acrescentou, apontando ainda como
um exemplo de tentativa de partida-
rização da administração pública a
exoneração de todos os “dirigentes
de topo” no IEFP (ver pág. 23)
Pelo PS, João Galamba ignorou a
divulgação das nomeações, mas con-
testou o ataque em torno do cliente-
lismo. “Não venha aqui armado em
virgem como deputado do partido
que despartidarizou a administração
pública, quando o que aconteceu foi
o contrário em todo o lado”, disse o
socialista, justifi cando o varrimento
no IEFP com uma “nova política” a
ser adoptada e com o “malabarismo”
feito com os números para agradar
ao anterior Governo PSD-CDS.
O Bloco de Esquerda foi também
prudente, mas foi mais longe ao sau-
dar a exoneração dos dirigentes do
IEFP, que contrataram 900 forma-
dores a recibo verde. Terem sido
“despedidos (...) [foi] um serviço
ao país”, disse Pedro Filipe Soares,
líder da bancada bloquista, que se
cial-democrata do “medo” sobre o
que aí vem. “Existiram sacrifícios nos
últimos quatro anos, isso deveu-se à
política do PS e que a senhora depu-
tada veio aqui dizer que estão prepa-
rados para repetir. Tenham medo,
muito medo, o pior é depois a factura
que temos de pagar. Foi uma festa. Só
espero que os custos que temos de
pagar sejam menores do que os de
2011”, atirou Carlos Abreu Amorim.
O social-democrata não fi cou sem
resposta. “Os senhores deixaram
Portugal na bancarrota social. Foi a
festa da pobreza e do desemprego”,
disse Ana Catarina Mendes, receben-
do palmas da bancada bloquista. “O
medo foi o que os senhores instala-
ram na sociedade portuguesa nos
últimos quatro anos”, rematou.
Se o BE esteve em harmonia com
o PS quanto às políticas de recupera-
ção do rendimento, já sobre o siste-
ma fi nanceiro as opiniões divergem.
A declaração política da deputada
Mariana Mortágua centrou-se no Ba-
nif, para rejeitar qualquer tentação
de privatizar a Caixa Geral de Depósi-
tos imposta por Bruxelas no momen-
to em que o banco público precisar
de ser recapitalizado. “Nesse dia,
como agora, a resposta do Bloco de
Esquerda será um redondo e rotun-
do não”, afi rmou.
Quanto ao Banif, a deputada atirou
as responsabilidades para o anterior
Governo PSD-CDS. A bancada social-
democrata já tinha assumido uma
posição, logo de manhã, ao anteci-
par-se ao PS e à esquerda e marcar
para dia 22 o debate de uma proposta
de criação da comissão parlamen-
tar de inquérito. Uma iniciativa que
poderá convergir num texto único
caso outras propostas venham a ser
apresentadas. O PS, o BE e o PCP
estavam a trabalhar num projecto
comum mas sem pressas.
Nas primeiras declarações políticas do ano, a direita começou ao ataque. PS fala num “tempo novo” da nova maioria de esquerda, mas sem receber apoio entusiástico das bancadas à sua esquerda
ParlamentoSofia Rodrigues
chamou, na sua declaração política,
a vice-presidente da bancada do PS
Ana Catarina Mendes. A dirigente
socialista enumerou algumas das
medidas já aprovadas pelo Governo
na área da protecção social e do de-
sagravamento da carga fi scal.
“O tempo novo”À esquerda, recebeu um tímido
apoio. O PCP, através de Paula San-
tos, partilhou a ideia de uma pers-
pectiva optimista para 2016 com as
medidas já aprovadas. E repetiu:
“Estamos num novo tempo, estare-
mos cá para defender e lutar pelos
trabalhadores e pelo nosso povo.” Já
Mariana Mortágua (BE) conteve-se
no entusiasmo pelo novo Governo,
focando-se mais nas consequências
das políticas do Governo PSD-CDS.
O PSD voltou a perguntar pela fac-
tura que os portugueses poderão vir
a pagar, repescando o discurso so-
assumiu contra a existência da Cre-
sap (comissão independente para as
colocações na administração públi-
ca). A sua existência, defendeu, não
impediu “nomeação atrás de nome-
ação, ora saía o bilhete ao PSD ora
saía ao CDS”.
Pelo PCP, António Filipe lembrou
que também o anterior Governo fez
muitas nomeações, mesmo quando
sabia que ia “cair”. “Não venham cá
falar de nomeações. Não andamos
aqui à procura de lugares”, susten-
tou. Para Hugo Soares, a posição do
PCP e do BE revela que não sabem
se “são do Governo ou da oposição”.
O social-democrata diz ainda que o
PS quer que as nomeações voltem a
ser como antes de 2011: “Com base
ou no cartão de militante do PCP, do
BE ou dos partidários do PS.”
As posições das bancadas mais à
esquerda refl ectem uma atitude mais
prudente. O “tempo novo”, como lhe
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | PORTUGAL | 17
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Se as tradições políticas já não são o
que eram, ainda há hábitos que se
mantêm. Como ouvir cantar as Ja-
neiras e formular votos para o novo
ano no Dia de Reis. Ontem, os dois
primeiros-ministros da legislatura
repetiram esta tradição com pers-
pectivas diferentes para 2016.
“Neste Dia de Reis celebramos a es-
perança que o ano novo traz, mas
também aquilo que é o dever de so-
lidariedade e da partilha. A partilha
deve ser encarada como a razão de
ser pela qual estamos no mundo e
pela qual devemos todos os dias tra-
Passos Coelho espera ver a economia a crescer, António Costa fala em esperança
balhar em prol dos que mais neces-
sitam. É com base na partilha que
podemos, em conjunto, reforçar a
esperança que temos de ter no futu-
ro”, declarou o primeiro-ministro na
residência ofi cial de S. Bento.
Numa mensagem mais política, An-
tónio Costa disse depois de que do
lado do Governo “há confi ança, de-
terminação e muita vontade de que a
esperança possa crescer no país e ser
partilhada por todos”. “Sabemos que
o mundo não se torna cor-de-rosa de
um dia para o outro, mas também
sabemos que é com as nossas mãos,
com a nossa inteligência que pode-
mos construir um mundo com mais
esperança”, referiu.
Na sede do PSD, Passos Coelho
apontou noutra direcção, ao dizer
esperar que o ano de 2016 seja bem
aproveitado e que a proposta de Or-
çamento a apresentar pelo Governo
do PS não defraude a expectativa de
maior crescimento económico. O ex-
Partidos
Primeiro-ministro e líder do PSD ouviram cantar as Janeiras e fizeram votos com perspectivas diferentes para 2016
novo, com um governo novo que de-
verá, dentro de algum tempo, apre-
sentar o Orçamento para este ano.
Esperemos que esse Orçamento, que
já teve várias datas anunciadas para
apresentação, não defraude a expec-
tativa dos portugueses”, prosseguiu.
“O Orçamento, como todos sabem,
é essencial à actividade de um go-
verno. E, num país onde as contas
públicas têm um peso tão grande,
é muito importante que os recursos
possam ser bem gastos, que as prio-
ridades possam ser bem defi nidas e
que, de certa maneira, nós possamos
olhar para o futuro pensando que ele
não nos obrigará a repetir os erros do
passado”, concluiu.
Passos espera que se tenha “apren-
dido o sufi ciente com a experiência
de maus gastos e que obrigam duran-
te tantos anos a grande disciplina” e
que se faça uma gestão orçamental
evitando “que novos problemas ve-
nham a ocorrer no futuro”. Lusa
Breve
Cumprimentos de Ano Novo
PR recorda 10 anos de cooperação “correcta e leal” com ParlamentoCavaco Silva recordou ontem os 10 anos de relacionamento “muito intenso” que manteve com o Parlamento, mas em que foi sempre possível desenvolver uma cooperação institucional “perfeitamente correcta e leal”. Na apresentação de cumprimentos de Ano Novo, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, frisou que, “mesmo nos momentos mais tensos” do ponto de vista político, “houve sempre uma claríssima cordialidade entre todos”.
primeiro-ministro disse esperar que,
“com contas mais em ordem, com
uma economia a crescer mais, com
o emprego que pode ser gerado por
esse crescimento” seja possível ao
longo deste ano aumentar o comba-
te às desigualdades. “Esse é o meu
grande voto para 2016”, declarou.
Mas começara por falar do passa-
do: “2016 é um ano importante no
nosso país, é um ano que se sucede
a anos que foram difíceis, embora
necessários à recuperação quer da
nossa economia, quer da nossa con-
fi ança e da nossa auto-estima. Temos
todos ainda razoavelmente presen-
te o esforço que tivemos colectiva-
mente de fazer para que o país hoje
possa olhar para o futuro com mais
confi ança”, disse. Em seguida, afi r-
mou que espera “que o ano de 2016
seja bem aproveitado, na sequência
desses anos de esforço que foi de-
senvolvido”.
“Nós temos agora um ciclo político
18 | LOCAL | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
São Brás de Alportel na vanguarda das políticas de acessibilidade
MELANIE MAPS
São Brás de Alportel é um concelho da beira-serra, mas é aquele que no Algarve mais apostou em tornar-se acessível a todos
O aumento do fl uxo de turistas pode
depender também da capacidade
das câmaras municipais de porem
em prática as normas que ditam as
regras de acessibilidades para to-
dos. A mensagem foi deixada pela
secretária de Estado da Inclusão das
Pessoas com Defi ciência, Ana Sofi a
Antunes, ontem, em São Brás de Al-
portel — um concelho algarvio sem
praia que inaugurou uma rede de
passeios acessíveis com cinco qui-
lómetros. As políticas de inclusão,
disse, não se devem fi car apenas
pela remoção das barreiras físicas,
é igualmente necessário “derrubar
as barreiras da mentalidade”. A le-
gislação existe, mas não é cumprida
nem fi scalizada.
A secretária de Estado, presiden-
te da Associação de Cegos e Am-
blíopes de Portugal e responsável
pelo plano de acessibilidade pedo-
nal de Lisboa de 2010, considera
que o problema das acessibilidades
em Portugal não reside na falta de
regulamentos. “Temos boa legis-
lação, há muita coisa que poderia
estar a ser bem feita e não está”,
sublinhou. Dois aspectos relevantes
para a mudança das mentalidades:
“Formação dos técnicos municipais
e sensibilização.”
O Algarve é um exemplo do quan-
to ainda falta percorrer para cum-
prir as normas de “inclusão” em
matéria de acessibilidades. Basta
lembrar as difi culdades em circular
pelos passeios esburacados e lancis
quase intransponíveis para cadeiras
de rodas e carrinhos de bebés, até
em zonas de hotéis de cinco estre-
las. Ana Sofi a Antunes — citando
o caso de Lisboa, que conhece de
perto — lembrou que o sector tu-
rístico é “uma das áreas que muito
benefi cia com o trabalho feito em
matéria de acessibilidades”.
São Brás de Alportel é um con-
celho da beira-serra, apenas com
uma freguesia, mas é aquele que no
Algarve mais apostou em tornar-se
acessível a todos. O processo, dis-
se o presidente da câmara, Vítor
Guerreiro, começou há 11 anos,
“mas ainda há muito por fazer”,
admitiu.
Do conjunto de trabalhos realiza-
dos na vila algarvia, o autarca lem-
No que toca a soluções para me-
lhorar as acessibilidades, a secre-
tária de Estado não fugiu a uma
questão que tem gerado muito de-
bate em Lisboa: a calçada à portu-
guesa, diz Ana Sofi a Antunes, é um
pavimento bonito, “mas, quando
está degradado, muito facilmente
potencia as quedas e as lesões —
para além de ser caro, em termos
de construção e manutenção”. Por
conseguinte, defendeu soluções al-
ternativas que passam por “conju-
gar a calçada com outras soluções
que sejam mais amigas do peão”.
Além da formação e da sensibili-
zação para que as políticas de aces-
sibilidades entrem no quotidiano, a
governante chama a atenção para
a parte menos simpática: “A partir
de determinado momento, face a
comportamentos reiterados, temos
de começar a fi scalizar.”
Ana Sofi a Antunes registou com
agrado a mudança de mentalidades
que se verifi cou no país, em maté-
ria de acessibilidades, nos últimos
15 ou 20 anos; todavia, pensa que
ainda há muito a percorrer para
corrigir erros e evitar que se re-
pitam. Tudo o que é obra feita de
novo, sublinhou, “não custa mais
pelo facto de ser acessível; corri-
gir aquilo que é mal feito, isso sim,
custa dinheiro que, efectivamente
poderia ser poupado”.
No quadro dos novos fundos co-
munitários, através do programa
“Territórios Inclusivos [antes de-
signado por Rampa], afi rmou, vai
ser dada prioridade à “execução de
obra que é aquilo que até agora não
tem sido possível fazer”. O Decreto-
Lei 163/2006 é o instrumento que
serve de “guia de acessibilidade e
mobilidade para todos” na apre-
ciação e aprovação dos projectos
públicos e privados.
Circular em segurança por um passeio com carrinho de bebé ou atravessar uma rua com uma cadeira de rodas é ainda um exercício difícil nas vilas e cidades portuguesas
AlgarveIdálio Revez
algumas melhorias e Vilamoura
requalifi cou a zona envolvente à
marinha. Por isso, o presidente
da Comunidade Intermunicipal
do Algarve — Amal, Jorge Botelho,
destacou a obra de São Brás de Al-
portel como sendo um acto “extre-
mamente simbólico” em contraste
com o que se passa no resto da re-
gião, incluindo Tavira, o concelho
a que preside.
“Amigo do peão”A governante, depois de percor-
rer um troço da rede pedonal até
à Avenida da Liberdade, lembrou
que não é a praia o que mais atrai
os turistas nesta época do ano. “Há
muitas outras belezas naturais que
querem ver”, enfatizou. Nesse con-
texto, a obra inaugurada, disse,
representa uma mais-valia por ser
de um território que é “amigo do
peão”.
brou que a construção de lombas
“não agradou muito aos automo-
bilistas, mas é uma questão de se
habituarem”, observou. As lombas,
explicou, têm muito mais impor-
tância do que obrigar a reduzir a
velocidade — funcionam como pas-
sadeiras acessíveis.
A governante aproveitou a oca-
sião para apelar aos autarcas que
vejam “estas imagens [São Brás de
Alportel] e possam entusiasmar-se”
de forma a repetir o exemplo.
Por pressão dos operadores turís-
ticos e da opinião pública estrangei-
ra, a Região de Turismo do Algarve
chegou a encomendar um plano de
acção de acessibilidades para re-
gião, tomando como referência o
trabalho realizado em Lisboa. O
que se seguiu foram apenas inter-
venções avulsas nalguns concelhos.
Dois exemplos: Albufeira, no âmbi-
to do programa Polis, introduziu
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | LOCAL | 19
WILSON PEREIRA/PSML
A recuperação do gabinete da rainha custou 35 mil euros
A recuperação do gabinete da rai-
nha D. Amélia, no Palácio Nacional
da Pena, em Sintra, foi terminada
em Dezembro de 2015 e o espaço
já se encontra aberto ao público.
A recuperação esteve a cargo da
Parques de Sintra — empresa que
gere o parque e o Palácio da Pena
— e envolveu um investimento de
35 mil euros, feito inteiramente
pela empresa. A requalifi cação do
espaço foi desenvolvida ao longo
dos últimos quatro anos.
Para além do mobiliário e das
peças decorativas, foi restaurada a
pintura mural e renovada a instala-
ção eléctrica. Também o pavimento
foi alvo de uma limpeza profunda
e posterior estabilização.
Segundo o director do Palácio
Nacional da Pena, António Nunes
Pereira, citado em comunicado, “o
gabinete da rainha D. Amélia apre-
senta-se como um testemunho das
diferentes gerações que no palácio
deixaram a sua herança, manten-
do, no entanto, como fi gura tute-
lar a rainha D. Amélia, cujo 150.º
aniversário se celebrou em 2015 e
que fi cou assinalado com esta re-
cuperação”.
Segundo o comunicado, “a reor-
ganização do gabinete pretende ser
uma síntese de três épocas determi-
Recuperado gabinete da rainha D. Amélia no Palácio da Pena
ge com a designação de “Sala da Se-
nhora Condessa”. A partir de 1890,
a sala passa a ser conhecida como
“Gabinete de Trabalho da Rainha
Senhora D. Amélia”, tendo também
sido conhecido como “Sala de Estar
da Família Real”.
Apesar de o espaço ter estado
em manutenção durante cerca de
dois anos — os restantes correspon-
deram a uma fase de estudo —, os
percursos de visita do palácio não
foram afectados.
O investimento de 35 mil euros
foi feito pela empresa Parques de
Sintra, que, não recorrendo ao Or-
çamento do Estado, assegurou a
recuperação através das receitas
de bilheteiras, lojas, cafetarias e
aluguer de espaços para eventos.
Texto editado por Ana Fernan-des
nantes para o Palácio Nacional da
Pena”: o período de habitação de D.
Fernando II, entre 1860 até 1890; o
período de 1890 a 1910, que corres-
pondeu à ocupação dos aposentos
pela rainha D. Amélia; e, por fi m,
o período da Primeira República,
justifi cada pela pintura mural no
compartimento. Neste mural de
1917, da autoria de Eugénio Cotrim,
foi utilizada uma técnica de pintura
chamada trompe-l’oeil, que confere
tridimensionalidade à obra.
Este compartimento agora res-
taurado serviu diversas funções
ao longo do período de ocupação
doméstica do Palácio Nacional da
Pena. Num documento de 1866, o
espaço aparece referenciado como
“Sala de Música”; num inventário
de D. Fernando II, elaborado 20
anos depois, o mesmo espaço sur-
PatrimónioCláudia Carvalho Silva
O projecto, que celebrou o 150.º aniversário da rainha, envolveu a recuperação do espaço, do mobiliário e das peças decorativas
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O presidente da Câmara de Gaia, Edu-
ardo Vítor Rodrigues, avançou com
uma queixa-crime contra um desco-
nhecido que na tarde de terça-feira
lhe telefonou, identifi cando-se como
o ministro adjunto Eduardo Cabrita e
pedindo-lhe um emprego “com bom
salário” na empresa municipal Águas
de Gaia. Além da queixa-crime, en-
tregue ontem ao Ministério Público,
o autarca socialista ordenou já uma
auditoria às telecomunicações da câ-
mara para identifi car a origem dos
contactos que recebeu e que o falso
ministro disse estar a fazer em nome
do primeiro-ministro, António Costa.
O caso foi revelado pelo próprio
Eduardo Vítor Rodrigues, na sua pá-
gina do Facebook, já depois de a quei-
xa-crime ter sido entregue. Irónico, o
autarca classifi ca o telefonema como
“burla” e refere: “Só percebi que a
fi gura não queria ser bombeiro nem
animador, queria ir para as Águas de
Gaia e com bom salário!”. Na queixa,
a que o PÚBLICO teve acesso, descre-
ve-se como alguém que se identifi cou
como chefe de gabinete do ministro
ligou para o telefone fi xo da Casa da
Presidência, em Gaia, indicando à se-
cretária do socialista que ligava do ga-
binete do ministro e pedindo-lhe que
passasse a chamada ao presidente.
O presidente ainda falou com o
suposto chefe de gabinete antes de
Presidente da Câmara de Gaia faz queixa de falso ministro que lhe queria meter “uma cunha”
BurlaPatrícia Carvalho
Autarca apresentou uma queixa-crime contra incertos junto do Ministério Público
o telefonema ser passado ao “minis-
tro”. De acordo com a queixa-crime,
o homem disse estar a falar em nome
de António Costa, que queria arran-
jar um emprego para um amigo. O
documento refere que o presidente
da câmara fi cou “incrédulo” com o
teor da conversa, mas que, “com o
intuito de tentar apurar mais dados”,
foi dizendo que não havia dinheiro
para contratar, mas que, mal hou-
vesse condições fi nanceiras, seriam
abertos concursos, como determina
a lei. Eduardo Vítor pediu ainda que
o interlocutor lhe enviasse um email,
com os dados necessários, ainda que,
segundo a queixa-crime, estivesse
convicto que tal não iria acontecer.
Mas, minutos depois, chegava ao
seu email uma mensagem, enviada
de uma morada electrónica da Sapo
e com um curriculum vitae da pes-
soa que, supostamente, precisava
de emprego, com a indicação que
“o Dr. António Costa pediu máximo
sigilo” sobre o assunto. Perante isto,
Eduardo Vítor Rodrigues contactou
o suposto ministro, perguntando-lhe
porque não usara uma morada insti-
tucional. Para “protecção de ambos”,
foi a resposta que obteve.
O presidente da câmara decidiu,
então, contactar Eduardo Cabrita,
cujo número de telemóvel tinha e
confi rmou que não tinha sido ele o
autor da chamada.
Quanto ao homem que, suposta-
mente, precisava de emprego, garan-
te desconhecer completamente o ca-
so. Ao PÚBLICO, disse que já tomara
conhecimento do uso do seu nome
e que iria apresentar uma queixa na
polícia. Além disso, garantiu, alguns
dos factos que constam do CV “não
correspondem à verdade”.
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2016 2.ª edição
20 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
FILIPE FARINHA / STILLS
Subsídio de férias no Estado vai depender do corte salarial em vigor
Há trabalhadores do Estado que não recebem o subsídio de férias no fim do mês de Junho
Os deputados do PS tinham prome-
tido esclarecer a forma como será
pago o subsídio de férias aos traba-
lhadores do Estado, para evitar que
quem recebe esta prestação no iní-
cio do ano fi que prejudicado. Mas o
diploma que extingue os cortes sa-
lariais ao longo de 2016, publicado
na semana passada, nada diz sobre
o assunto. Conclusão: o valor do sub-
sídio de férias fi cará dependente do
corte salarial que estiver em vigor no
mês em que for pago.
Questionado sobre como pretende
resolver o problema, o Ministério das
Finanças remeteu inicialmente para
a lei geral do trabalho em funções
públicas, que prevê que o pagamen-
to do subsídio de férias seja feito em
Junho. Esta norma é aplicada à gene-
ralidade dos funcionários públicos.
Mas os trabalhadores das empresas
públicas, que estão igualmente su-
jeitos aos cortes salariais, recebem
este subsídio em alturas diferentes
do ano (antes do período de férias,
em alguns casos) ao abrigo de contra-
tos colectivos específi cos. Após um
novo pedido de esclarecimento do
PÚBLICO, fonte ofi cial acabou por
adiantar que “a questão está a ser
estudada”.
Em 2016, a redução que é aplica-
da aos salários acima dos 1500 euros
varia ao longo do ano, o que acaba-
rá por também infl uenciar o corte
aplicado ao subsídio. No primeiro
trimestre, o corte oscila entre 2,1%
e 6%, no segundo entre 1,4% e 4%,
no terceiro trimestre entre 0,7% e 2%
e a partir de Outubro desaparecem
completamente.
Se a lei for aplicada como até ago-
ra, o subsídio de férias fi ca sujeito à
mesma redução que é aplicada aos
salários no mês em que é pago. Ora,
quem receber o subsídio nos primei-
ros meses, como acontece em algu-
mas empresas públicas, terá um cor-
te maior do que os trabalhadores que
o receberem em Junho.
O assunto já tinha sido colocado
em cima da mesa em Novembro do
ano passado. Na altura, o deputado
socialista Fernando Rocha Andrade
(que agora é secretário de Estado
dos Assuntos Fiscais) garantiu que
o subsídio de férias seria calculado
com base na remuneração média
anual de 2016, já tendo em conta a
reversão gradual dos cortes salariais,
para evitar que os funcionários que
o recebem nos primeiros meses do
ano fi quem prejudicados. A questão,
adiantava, seria esclarecida duran-
te a discussão do projecto de lei na
especialidade, para “evitar que haja
diferenças entre os que recebem [o
subsídio] em Janeiro e os que rece-
bem em Outubro”. Isso acabou por
não acontecer e agora não se sabe
como é que o problema vai ser re-
solvido.
Porém, confi rmou o PÚBLICO jun-
to de vários deputados, o tema aca-
bou por não ser abordado durante
a discussão do diploma. E a Lei 159-
A/2015, publicada a 30 de Dezem-
bro e que explicita a forma como os
cortes salariais aplicados aos traba-
lhadores do Estado desaparecerão
ao longo de 2016, nada diz sobre o
subsídio de férias.
João Paulo Correia, deputado do
PS e um dos coordenadores do grupo
parlamentar, lembra que a solução
defendida pelo PS é que o subsídio
deve ser pago tendo como referência
a média da remuneração anual. Mas
cabe agora ao Governo resolver a si-
tuação seja na Lei do Orçamento do
Estado — repondo posteriormente
os valor cortados —, seja através de
um regulamento específi co. Também
Joana Mortágua, deputada do Bloco
de Esquerda responsável pela área
da administração pública, diz que a
solução do problema está agora no
âmbito do Governo.
Ambos os deputados confi rmam
que o tema acabou por não ser abor-
dado no debate na especialidade, que
acabou por se fazer no plenário, em
vez de ser na comissão parlamentar
competente.
Já o subsídio de Natal dos traba-
lhadores do Estado continuará a ser
pago em duodécimos, estando su-
jeito à taxa de redução aplicada em
cada trimestre aos salários. Situação
semelhante acontece com os pensio-
nistas que recebem o subsídio de fé-
rias em Junho ou Julho e o de Natal
em duodécimos. Tanto no caso da
função pública como no dos pensio-
nistas, esta forma de pagamento é
obrigatória. No privado, o Governo
decidiu manter a possibilidade de os
trabalhadores optarem por receber
metade de cada um dos subsídios em
duodécimos ou os dois subsídios por
inteiro.
Deputados não resolveram o problema. Eventual solução tem de passar pelo Orçamento do Estado ou por uma orientação do Governo para evitar que quem recebe o subsídio no início do ano fi que prejudicado
EstadoRaquel Martins
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | ECONOMIA | 21
A deterioração das expectativas de
crescimento do globo e a cada vez
mais fraca capacidade de entendi-
mento entre os grandes produtores
mundiais contribuíram para o pro-
longamento da queda dos preços
do petróleo nos mercados no dia
de ontem, colocando a cotação do
Brent no seu valor mais baixo des-
de 2004.
De acordo com os dados publi-
cados pela Reuters, o barril de
Brent — a medida mais usada para
o petróleo do mar do Norte — viu o
seu preço cair mais 2%, para 34,4
dólares (valor que se registava nos
mercados pelas 19h). É necessário
recuar 11 anos para encontrar um
valor tão baixo.
São duas as explicações que es-
tão a ser dadas para o acentuar da
queda de ontem.
Uma delas prolonga-se já por
várias semanas e está a associada
aos riscos que a economia mundial
enfrenta este ano. Em particular,
acentuam-se os sinais de fragilidade
das economias emergentes que nos
últimos anos têm sido o principal
motor do crescimento global, refor-
çando o peso que têm como consu-
midores de combustíveis.
A semana abriu com novos in-
dicadores negativos da produção
industrial chinesa e com a queda
acentuada dos principais índices
dos mercados accionistas do gigan-
te asiático.
A segunda explicação está do la-
do dos produtores. Se, no passa-
do, um confl ito político grave en-
tre dois grandes produtores como
Preço do petróleo nos valores mínimos dos últimos 11 anos
a Arábia Saudita e o Irão conduziria
normalmente a uma subida do pre-
ço do petróleo, na actual conjuntu-
ra o efeito está a ser precisamente
o contrário.
Ano e meio a descerA razão está no facto de nos merca-
dos haver a convicção de que a úni-
ca forma de os preços voltarem a
subir seria a existência de um acor-
do entre os países produtores para
um corte nos níveis de extracção do
petróleo. A ruptura nas relações di-
plomáticas entre a Arábia Saudita e
o Irão, que poderá envolver outros
países do Médio Oriente, torna ain-
da mais difícil que isso aconteça.
Neste momento, nos mercados, a
expectativa é a de que nenhum dos
países produtores queira abdicar
da sua quota de produção, algo que
continuará a contribuir para um va-
lor baixo no preço do petróleo.
A queda de preços tem vindo a
ocorrer quase sem interrupções
desde Junho de 2014, quando o bar-
ril de Brent era transaccionado por
um valor próximo dos 105 dólares,
cerca de três vezes mais do que o
preço actual.
ConjunturaSérgio Aníbal
Impossibilidade de um entendimento entre Arábia Saudita e Irão para o corte na produção está a influenciar os mercados
Aplicações do Estado
Fonte: UTAO PÚBLICO
Em milhões de euros
0
2000
4000
6000
8000
10.000
12.000
Depósitos em instituições de crédito
Depósitos no Banco de Portugal
Set .Jun.Mar. 15201420132012201120102009
11.462
3323
Apesar de se viver num cenário em
que as taxas de juro de depósito do
Banco Central Europeu (e portanto
também do Banco de Portugal) es-
tão em terreno negativo, o Estado
português tem vindo cada vez mais
a escolher o banco central como o
destino privilegiado das aplicações
que faz com a sua avultada almofada
fi nanceira.
De acordo com os dados publica-
dos pelo Governo em Diário da Re-
pública e divulgados ontem numa
nota da Unidade Técnica de Apoio
Orçamental (UTAO) da Assembleia
da República, mais de dois terços
do excedente de tesouraria do Es-
tado está neste momento colocado
em depósitos no Banco de Portugal,
que atingiram no fi nal de Setembro o
valor mais alto de que há registo.
Nesse momento, estes depósitos
eram de 11.462 milhões de euros,
um valor que representa 70% do to-
tal das disponibilidades e aplicações
do Tesouro português, situadas em
16.381 milhões de euros no mesmo
período.
Existem duas explicações para este
recorde. Uma é o facto de a almofada
fi nanceira acumulada pelo Estado
português se manter, desde a che-
gada da troika a Portugal em 2011,
a níveis historicamente elevados. O
total das aplicações do Estado não
passava, no fi nal de 2010, de 2621 mi-
lhões de euros, mas em 2011, com a
chegada dos empréstimos dos par-
ceiros da zona euro e do FMI, esse
valor disparou para mais de 13.000
milhões de euros. Agora, já sem no-
vos empréstimos da troika, Portugal
Depósitos do Estadoa juros negativos bateram recorde em Setembro
isso signifi caria que, ao ano, o Estado
pagaria 35 milhões ao banco central
para ter aí o seu dinheiro.
Este resultado torna-se mais pre-
ocupante se se pensar que, para
acumular esta almofada fi nanceira,
o Estado português tem necessaria-
mente de se endividar. A taxa de ju-
ro média actualmente suportada na
dívida pública portuguesa situa-se
actualmente em 3%.
Nos últimos meses de 2015, e mui-
to especialmente em Dezembro, o
cenário nos excedentes de tesouraria
do Estado português deverão ter so-
frido alterações. A injecção de capital
que teve de ser efectuada no Banif
num montante de 2,2 mil milhões
de euros foi concretizada através
da utilização de parte da almofada
fi nanceira do Estado. E não foi pos-
sível, até ao fi nal do ano, reabastecer,
através de novas emissões de dívida,
esta almofada.
Em declarações ao PÚBLICO, Cris-
tina Casalinho, a presidente da agên-
cia que gere a tesouraria do Estado,
afi rma que os depósitos do Estado
“deverão ser reforçados de modo a
cumprir-se o objectivo de cerca de
50% de pré-fi nanciamento das ne-
cessidades de fi nanciamento do ano
seguinte no fi nal de 2016.”
tem optado, como uma espécie de
seguro contra uma nova situação de
pressão nos mercados, por manter
uma almofada fi nanceira confortá-
vel, que em Setembro chegava aos 16
mil milhões de euros, um valor seme-
lhante ao já registado em 2013.
Outra explicação, contudo, vem
das opções relativamente à forma co-
mo são aplicados estes excedentes de
tesouraria, que têm vindo a mudar
ao longo dos últimos anos. Em 2011, a
maior parte das aplicações estava em
depósitos a prazo em instituições de
crédito, mas a partir de 2014 os depó-
sitos no Banco de Portugal passaram
a ser a aplicação preferida.
A razão desta escolha estará cer-
tamente relacionada com a ausên-
cia de risco nas aplicações feitas no
banco central, já que em termos de
rentabilidade, mesmo num cenário
generalizado de taxas de juro baixas,
a opção é das menos lucrativas.
Neste momento, a taxa de juro
de depósito do BCE encontra-se em
-0,30%, isto é, quem coloca as suas
aplicações no banco central, em vez
de receber juro, tem de pagá-los. Se
a taxa de juro aplicada nos depósitos
do Estado for de -0,30% e tomando
como referência os 11.462 milhões de
euros aplicados no fi nal de Setembro,
Finanças públicasSérgio Aníbal
Cerca de 70% da almofada financeira do Estado é colocada no Banco de Portugal, que aplica taxas de juro negativas
Brent está no seu valor mais baixo desde 2004
sabe mais em www.universia.pt
GANHA CONVITES para a antestreia com a
22 | MUNDO | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
Bolsas
PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2015
PSI-20 -0,98 5164,26 211577867 5197,90 5199,71 5115,13 -1,50 7,61ALTRI -0,94 4,63 390469 4,63 4,64 4,52 0,11 86,39BPI 1,53 1,13 6080794 1,12 1,15 1,10 -3,05 10,14BCP -3 0,05 183194391 0,05 0,05 0,05 -1,57 -26,18CTT CORREIOS -2,76 8,44 569143 8,72 8,72 8,41 -1,42 5,28EDP -0,47 3,17 7176634 3,18 3,22 3,15 -1,09 -1,40EDP RENOVÁVEIS -0,03 7,24 345564 7,24 7,25 7,14 3,33 33,94GALP ENERGIA -2,24 9,83 1508633 10,06 10,06 9,64 -7,41 16,59IMPRESA 1,23 0,49 74249 0,48 0,50 0,47 3,40 -37,56J. MARTINS -1,1 11,72 1275342 11,79 11,83 11,47 -0,13 45,01MOTA-ENGIL -4,76 1,78 668798 1,85 1,87 1,76 -2,25 -33,03NOS 0 7,10 363538 7,12 7,12 7,01 -2,53 35,60PHAROL -1,15 0,26 6026211 0,26 0,26 0,25 -8,77 -70,25PORTUCEL 0,4 3,54 354870 3,53 3,55 3,50 0,03 14,88REN -0,6 2,83 746975 2,84 2,85 2,77 3,19 17,58SEMAPA 0,79 12,71 48305 12,65 12,72 12,47 0,60 34,24TEIXEIRA DUARTE -5,1 0,30 47098 0,31 0,31 0,30 -13,02 -58,09SONAE 0,66 1,06 2706853 1,06 1,07 1,05 1,63 3,91
O DIA NOS MERCADOS
Acções
Divisas Valor por euro
Diário de bolsa
Dinheiro, activos e dívida
Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares
MercadoriasPetróleoOuro
ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos
Taxas de juroEuribor 3 mesesEuribor 6 meses
Euribor 6 meses
Portugal PSI20
Últimos 3 meses
Últimos 3 meses
Obrigações 10 anos
Mais Transaccionadas Volume
Variação
Variação
Melhores
Piores
Últimos 3 meses
Últimos 3 meses
Europa Euro Stoxx 50
BCP 183.194.391EDP 7.176.634BPI 6.080.794Pharol 6.026.211Sonae 2.706.853
BPI 1,53%Impresa 1,23%Semapa 0,79%
Teixeira Duarte -5,10%Mota-engil -4,76%BCP -3%
Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço
2,00
2,25
2,50
2,75
3,00
1,07530,7353127,544,32161,0861
-0,133%-0,041%
34,751091,11
0,084%2,526%
PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones
Variação dos índices face à sessão anterior
3000
3200
3400
3600
3800
4700
4950
5200
5450
5700
-0,06
-0,03
0,00
0,03
0,06
-0,98%-1,22%-1,47%
Receber chamadas em roaming vai
ser 77% mais barato este ano, ou
seja, menos 3,86 cêntimos por mi-
nuto a partir de 30 de Abril, segun-
do as novas regras defi nidas pela
Comissão Europeia.
Em comunicado, a Autoridade
Nacional de Comunicações (Ana-
com) informa que o preço das cha-
madas recebidas em roaming (servi-
ço pago que permite utilizar o equi-
pamento móvel no estrangeiro) vai
reduzir-se em 77%, passando dos
actuais cinco cêntimos por minuto
para 1,14 cêntimos por minuto.
O preço das chamadas feitas em
roaming passará a ser aquele que é
praticado no país de origem do con-
sumidor, acrescido de uma sobreta-
xa de cinco cêntimos, exactamente
a mesma regra que vigorará para
o tráfego de dados (preço domés-
tico acrescido de cinco cêntimos
por megabyte).
No caso dos SMS enviados, o pre-
ço destas mensagens também será
igual ao que é praticado no mer-
cado doméstico, mas acrescido
de uma sobretaxa de apenas dois
cêntimos.
Estes preços estarão em vigor en-
tre 30 de Abril de 2016 e 15 de Junho
de 2017, data a partir da qual não
será cobrada qualquer taxa adicio-
nal, para além do preço retalhista
doméstico, a um cliente que em
qualquer Estado-membro da União
Europeia faça ou receba chamadas
em roaming, envie SMS ou utilize
serviços de dados.
Contudo, acrescenta a Anacom, o
organismo que regula o sector das
telecomunicações, o regulamento
permite que os operadores apliquem
a chamada política de utilização res-
ponsável, segundo a qual, quando
o roaming ultrapassar os limites da
mesma, poderá ser cobrada uma pe-
quena taxa, não superior ao limite
máximo das tarifas grossistas que os
operadores pagam pela utilização
das redes de outros países da UE.
A Comissão Europeia, com apoio
do BEREC (Body of European Re-
gulators of Electronic Communica-
tions), terá de defi nir os limites de
utilização responsável até ao dia 15
de Dezembro de 2016.
Preço das chamadas em roaming cai 77%
Telecomunicações
A partir de Junho de 2017, não serão cobradas taxas adicionais pelas telecomunicações dentro do espaço da UE
Linha entre a região autónoma e o continente tinha sete candidatos
O Governo Regional da Madeira
quer que a linha de transporte ma-
rítimo entre a região autónoma e o
continente seja enquadrada como
serviço de interesse público nacio-
nal, de forma a garantir a atribuição
de indemnizações compensatórias
aos armadores que assegurarem o
serviço.
O presidente do executivo madei-
rense, Miguel Albuquerque, enviou
no início desta semana uma carta ao
primeiro-ministro, António Costa,
no sentido de alterar o quadro legal,
depois de o concurso internacional
para a atribuição da linha ferry ter
terminado sem que nenhum dos se-
te armadores inicialmente interes-
sados avançasse com uma proposta
concreta.
O secretário regional da Economia,
Turismo e Cultura, Eduardo Jesus,
explicou ontem de manhã, em confe-
rência de imprensa no Funchal, que
os sete armadores que analisaram o
caderno de encargos e o pacote de
incentivos dados pelo governo ma-
deirense para o restabelecimento da
linha condicionaram a operação de
atribuição de indemnizações com-
pensatórias.
Eduardo Jesus acrescentou que a
sazonalidade do negócio — a maio-
ria dos passageiros viajava nos meses
de Verão — e o facto de o mercado
ser pequeno foram os argumentos
utilizados pelos armadores para
Linha marítima da Madeira sem interessados
não concretizarem uma proposta.
O pacote de incentivos dado pe-
la região incluía redução nas taxas
portuárias, com a isenção total no
primeiro ano, a escolha por parte dos
armadores dos portos de origem e
de destino, subsídio à mobilidade
dos passageiros, a exemplo do que
acontece nas ligações aéreas, apoios
à importação de matérias-primas e
80 mil euros para uma campanha pu-
blicitária no mercado nacional.
Nada disto convenceu os sete ar-
madores — Transiular, ENM (ambos
portugueses), Hellenic Shipping
(Grécia), FRS (Alemanha), Grandi
Navi Veloci (Itália), Naviera Armas
(Espanha) e Matrix Marine (Chipre)
—, que só avançam com a garantia de
indemnizações compensatórias.
O secretário regional, que não
quantifi cou o valor pretendido pelos
armadores, diz que o processo segue
agora para uma nova fase, que passa
por “reclamar” junto do Governo o
interesse público de uma linha que
foi operada entre 2008 e 2012 pelo
armador espanhol Naviera Armas. A
ligação feita por ferry, que transpor-
tava passageiros e carga-rodada, fazia
o triângulo Madeira, Canárias e Por-
timão, e terminou de forma abrupta
com o armador a pedir mais apoios
ao executivo da região.
O restabelecimento da linha foi um
dos compromissos de Albuquerque,
e a consulta pública internacional
começou em Julho do ano passado,
dois meses depois de ter sido eleito,
envolvendo o governo regional e a
Secretaria de Estado dos Transpor-
tes. Foi depois constituído um grupo
de trabalho na Madeira, que nego-
ciou directamente com os armadores
interessados. O processo deveria ter
fi cado concluído no fi nal de Novem-
bro, mas os armadores solicitaram a
prorrogação do prazo.
ADRIANO MIRANDA
Transportes Márcio Berenguer
Governo madeirense quer que Lisboa altere o quadro legal, para que o serviço passe a ser qualificado de interesse público nacional
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | ECONOMIA | 23
NUNO FERREIRA SANTOS
Jorge Gaspar, afastado do cargo de presidente, fica agora em regime de substituição
O Ministério do Trabalho e da Segu-
rança Social decidiu afastar, na se-
mana passada, o conselho directivo
do Instituto do Emprego e Forma-
ção Profi ssional (IEFP), os delega-
dos e subdelegados regionais e dois
directores de departamento.
A decisão, noticiada pelo Jornal
de Notícias, foi confi rmada por fonte
ofi cial do Ministério do Trabalho e
Segurança Social.
Em causa estão 14 dirigentes que
tinham sido nomeados pelo ante-
rior Governo, na sequência dos
concursos realizados pela Comissão
para o Recrutamento e Selecção da
Administração Pública (Cresap).
Agora, o ministério justifi ca a dis-
solução do conselho directivo do
instituto, que era liderado por Jorge
Gaspar e por dois vogais, assim co-
mo a cessação das comissões de ser-
viço dos delegados e subdelegados
regionais, com uma “nova orienta-
ção de valorização das políticas pú-
blicas activas de promoção de em-
Governo nomeia novos dirigentes do IEFP esta semana
prego e de combate à precariedade”.
O estatuto do pessoal dirigente
prevê várias razões para a cessação
da comissão de serviço, nomeada-
mente a “necessidade de imprimir
nova orientação à gestão dos ser-
viços”. Este terá sido, de resto, o
motivo invocado pelo Governo para
tomar a decisão.
No caso de Jorge Gaspar, o presi-
dente do IEFP afastado do cargo na
semana passada, é intenção do mi-
nistro Vieira da Silva nomeá-lo em
regime de substituição. Os outros
cargos que fi caram vagos serão ocu-
pados por novos nomes, também
em regime de substituição.
O processo, adiantou ao PÚBLICO
fonte ofi cial do Ministério do Traba-
lho, será concluído esta semana.
Questionada sobre quando se-
rá dada indicação à Cresap para a
abertura dos concursos, a tutela de
Vieira da Silva não respondeu.
A dança de cadeiras nos organis-
mos públicos acompanha, geral-
mente, os ciclos políticos e as mu-
danças de governo. Mas o anterior
primeiro-ministro, Pedro Passos Co-
elho, alterou as regras de nomeação
de dirigentes de topo e entregou o
processo a uma comissão indepen-
dente — a Cresap. Contudo, dado
que a Cresap envia uma lista de
três nomes ao membro do Governo
que depois escolhe, muitas vezes a
decisão fi nal recaiu sobre pessoas
próximas dos partidos que estavam
no poder.
No caso da Segurança Social,
por exemplo, todos os dirigentes
escolhidos pelo anterior Governo
tinham ligações ao PSD e ao CDS-
PP. O processo foi muito criticado
pelo PS quando estava na oposição
e António Costa, actual primeiro-
ministro, chegou mesmo a defender
uma avaliação a estes processos.
Os trabalhadores do IEFP fi caram
a saber da cessação das comissões
de serviço, que deviam durar cinco
anos, através de um email que lhes
foi enviado pelo presidente, Jorge
Gaspar, no dia 30 de Novembro. O
PÚBLICO tentou contactar o diri-
gente, mas não foi possível. O res-
ponsável já tinha estado à frente do
instituto em regime de substituição
durante quase um ano, entre 2013
e 2014, antes do concurso da Cre-
sap que acabou por confi rmar o seu
nome como presidente.
A Comissão de Trabalhadores do
instituto já manifestou a sua estra-
nheza relativamente a esta deci-
são. “Estranhamos a decapitação
do IEFP de um dia para o outro,
esperamos que a situação se escla-
reça e normalize rapidamente e
desejamos que esta acção abrupta
indicie vontade de efectivas melho-
rias”, refere num email enviado, na
segunda-feira, aos trabalhadores do
instituto.
EstadoRaquel Martins
Ministério do Trabalho afastou conselho directivo, delegados e subdelegados regionais e dois directores de departamento
Há mais de 636 mildesempregados
Fonte: INE
* Estatística provisória
Milhares
600
650
700
750
Nov.* 2015Nov.
636,9
Taxa dedesemprego
12,4%
A taxa de desemprego em Novembro
manteve-se em 12,4% da população
activa, segundo a estimativa provi-
sória publicada ontem pelo Instituto
Nacional de Estatística (INE). Se se
confi rmarem estes dados quando
houver uma estimativa defi nitiva, a
taxa fi cará inalterada em relação ao
nível de desemprego de Outubro.
É o terceiro mês consecutivo em
que a taxa está nos 12,4%. Depois
de ter estabilizado em 12,3%, o de-
semprego subiu uma décima em
Setembro, mantendo-se neste valor
nos dois meses seguintes. Em No-
vembro havia 636,9 mil pessoas con-
tabilizadas nas estatísticas ofi ciais
como desempregadas, mais 3000
indivíduos do que no mês anterior.
O aumento não foi sufi ciente para
alterar a taxa.
O nível de desemprego aumentou
1,1% entre os homens (mais 3,4 mil),
com a taxa a passar de 12,1% para
12,2%. Entre as mulheres manteve-se
praticamente inalterada, aumentan-
do uma décima, de 12,6% para 12,7%.
Entre os jovens também se registou
um agravamento. Neste caso, a subi-
da foi mais expressiva, de 3,7% (equi-
valente a 4,4 mil pessoas), levando
a taxa de desemprego da população
dos 15 aos 24 anos para os 33,4%.
Assim, dos 636,9 mil desempre-
gados, 319,6 mil são homens e 317,3
mil são mulheres. E há 123,5 mil jo-
vens contabilizados pelo INE como
Taxa de desemprego estabiliza e está em 12,4% pelo terceiro mês consecutivo
estando fora do mercado de traba-
lho. Nesta faixa etária, o desemprego
tem vindo a aumentar nos últimos
meses. Depois de ter estado abaixo
dos 32% em Junho, Julho e Agosto, a
taxa escalou para este patamar em
Setembro e Outubro. Ao subir agora
para 33,4%, está acima dos valores
de Novembro do ano anterior.
Em Novembro, aumentaram as
novas inscrições no Instituto de Em-
prego e Formação Profi ssional (IEFP)
por parte de pessoas que estão fora
do mercado laboral. O fi m de con-
tratos a prazo foi a principal razão
(abrangeu cerca de metade destes
casos). Aos centros de emprego che-
garam 64.695 novos registos, mais
3% do que no período homólogo.
Com isso, passaram a estar ali ins-
critos 550,2 mil desempregados.
Estatísticas provisóriasA estimativa provisória do INE para
a população empregada é de 4,48
milhões de pessoas, mantendo-se
“praticamente inalterada” em re-
lação a Outubro, refere o INE. A
taxa de emprego dos homens é de
61,4%, enquanto a das mulheres está
em 53,8%. Aumentou na população
masculina (0,2 pontos percentuais)
e diminuiu na mesma proporção na
população feminina.
As estatísticas mensais do INE
referem-se a trimestres móveis, em
que há um mês de referência (neste
caso, Novembro) que corresponde
sempre ao mês central desse trimes-
tre (Outubro, Novembro e Dezem-
bro).
Os valores relativos a Outubro já
são defi nitivos. A taxa de desempre-
go não sofreu alterações, mas a do
emprego foi revista ligeiramente em
alta, em 0,1 pontos, passando para
57,5%. As estatísticas de Novembro
são ainda provisórias, sendo conhe-
cido um valor defi nitivo no próximo
mês, ao mesmo tempo em que o INE
já divulgará uma primeira estimativa
para o mês de Dezembro.
Nos números mensais não são di-
vulgadas estatísticas sobre a popula-
ção activa e inactiva. Só com a publi-
cação das estatísticas trimestrais há
informação mais completa que per-
mite avaliar algumas tendências.
A estimativa de desemprego tri-
mestral mais recente é a do período
de Julho a Setembro (terceiro trimes-
tre), quando a taxa tinha estabiliza-
do em 11,9%. A estimativa trimestral
tem pressupostos diferentes das es-
timativas mensais — consideram o
universo da população com 15 e mais
anos e os valores não são previamen-
te ajustados da sazonalidade.
Mercado de trabalhoPedro Crisóstomo
Nível de desemprego em Novembro manteve-se igual ao de Outubro e Setembro. Desemprego jovem aumentou para 33,4%
24 | MUNDO | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
Vaticano acusa Charlie Hebdo de “não respeitar crentes de todas as religiões”
Para homenagear os seus mortos, o jornal satírico volta a apontar o dedo à fé. O Deus da nova capa “não ajuda ao apaziguamento” tão necessário, defende líder religioso francês
BENOIT TESSIER/REUTERS
O editorial do último número do Charlie faz uma defesa aguerrida do secularismo e denuncia “os fanáticos brutalizados pelo Corão”
A antecipar a chegada às bancas da
edição do Charlie Hebdo que assinala
um ano do atentado que dizimou a
sua redacção, o jornal do Vaticano
acusou o semanário satírico francês
de incentivar “um mundo que não
quer admitir a existência ou res-
peitar os crentes da fé em Deus,
independentemente da sua reli-
gião”. “Um ano depois, o assassino
continua à solta”, lê-se na capa do
Charlie de ontem, por cima de uma
imagem de um Deus barbudo com
pintas de sangue e uma Kalashnikov
às costas.
“O episódio não é uma novida-
de: atrás da bandeira enganadora
de uma laicidade sem compromis-
sos, a revista volta a esquecer aquilo
que tantos dirigentes religiosos de
todas as pertenças não cessam de
repetir para rejeitar a violência em
nome da religião: utilizar Deus para
justifi car o ódio é uma verdadeira
blasfémia, como disse várias vezes
o Papa Francisco”, escreve na sua
edição de terça-feira o Osservatore
Romano.
O jornal do Vaticano também cita
o presidente do Conselho Francês
do Culto Muçulmano, Anouar Kbibe-
ch, que defende que a caricatura da
capa do Charlie “fere todos os cren-
tes das diferentes religiões”. “Global-
mente, precisamos de sinais de apa-
ziguamento, de concórdia. Esta cari-
catura não ajuda num momento em
que precisamos de nos encontrar
lado a lado. É preciso respeitar a li-
berdade de expressão dos jornalistas
mas também a liberdade de expres-
são dos crentes”, insiste Kbibech.
A capa desta edição especial do
Charlie, com uma tiragem de um mi-
lhão de exemplares, já era conhe-
cida. O objectivo é homenagear os
mortos, como explicou o cartoonista
e actual director Laurent Sourisseau
(Riss). Responsável pela capa, Riss
escreve ainda o editorial, onde faz
uma defesa aguerrida do secularis-
mo e denuncia “os fanáticos brutali-
zados pelo Corão” e outros, de dife-
rentes religiões, que gostavam de ter
visto a morte do semanário por “ter
a coragem de rir das religiões”.
Foi a 7 de Janeiro que os irmãos
Cherif e Saïd Kouachi irromperam
armados pela primeira reunião de
dentemente da religião”, lê-se no co-
mentário do Osservatore Romano.
Um ano conturbadoAo choque de 7 de Janeiro seguiu-se
um ano conturbado para um jornal
que ameaçava falir (vendia menos
de 30 mil exemplares) e que ago-
ra se estabilizou nos 100 mil e tem
um fundo de 20 milhões de euros
graças às vendas depois do atenta-
do — a primeira edição vendeu 7,5
milhões em todo o mundo. Na capa,
assinada pelo principal cartoonis-
ta do jornal, Renald Luzier (Luz),
Maomé aparecia com um cartaz
onde se lia “Je Suis Charlie” (Eu Sou
Charlie), o slogan adoptado um
pouco por todo o mundo em soli-
dariedade com as vítimas, debai-
xo da frase “tudo está perdoado”.
Em Maio, Luz anunciou que aban-
donaria o jornal em breve, explican-
do que continuar seria “um peso
demasiado pesado para carregar
sozinho” e dizendo-se “esgotado”.
“Para mim, fechar cada nova edição
tornou-se uma tortura, porque ne-
nhum dos meus colegas está aqui
comigo”, afi rmou o homem que es-
capou ao ataque por se ter atrasado
para a reunião de edição.
Riss chegou a afi rmar, em Julho,
que o jornal não voltaria a publicar
caricaturas do profeta dos muçul-
manos. “Fizemos o nosso trabalho.
Defendemos o direito à caricatura”,
afi rmou numa entrevista à revista
alemã Stern. “É estranho, espera-se
que exerçamos uma liberdade de ex-
pressão que mais ninguém se atreve
a exercer”, disse então. A decisão já
terá sido revista. “Se a actualidade
nos levar a desenhar Maomé, é isso
que faremos”, garante agora Eric
Portheault, o director fi nanceiro.
“Está fora de questão a autocensura,
isso signifi caria que eles venceram.”
FrançaSofia Lorena
edição do ano, matando oito mem-
bros da redacção, incluindo Stépha-
ne Charbonnier (Charb), Bernard Ve-
lhac (Tignous) e os veteranos Jean Ca-
but (Cabu) e Georges Wolinski, num
ataque que fez um total de 12 mor-
tos. Riss fi cou ferido com gravidade.
O atentado, reivindicado pela Al-
Qaeda da Península Arábica, seguiu-
se a inúmeras ameaças aos membros
da redacção, principalmente Charb,
que estava na publicação desde 1992
e era director desde 2009.
Ameaças e uma bombaA republicação dos controver-
sos cartoons de Maomé feitos pelo
jornal dinamarquês Jyllands-Posten,
em 2006, já obrigara alguns dos jor-
nalistas a terem protecção policial,
e em 2011 a redacção foi destruída
com uma bomba incendiária, depois
de uma edição lançada com o nome
Charia Hebdo — um trocadinho com
sharia, a lei islâmica — e apresentada
como obra de Maomé.
Uma semana depois do atentado
de há um ano, o Papa condenou os
assassínios cometidos em nome de
Deus, descrevendo-os como “um
absurdo”, mas também defendeu
que “cada religião tem a sua digni-
dade”, que “há limites” nos insultos
aos crentes. “Se um bom amigo fala
mal da minha mãe, pode esperar um
soco, e isso é normal. Não podemos
provocar, não podemos insultar a fé
das outras pessoas, não podemos fa-
zer pouco disso”, disse Francisco.
Ora é precisamente isso que o Va-
ticano continua a acusar o semaná-
rio satírico de fazer. “Na escolha do
Charlie Hebdo há um paradoxo triste
de um mundo que é cada mais sensí-
vel ao politicamente correcto, quase
até ao ridículo, mas que ao mesmo
tempo não quer admitir ou respeitar
a fé dos crentes em Deus, indepen-
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | MUNDO | 25
Horas depois de o líder trabalhista
britânico ter anunciado uma remo-
delação no “governo-sombra” para
afi rmar a sua autoridade, as divisões
no partido voltaram a falar mais alto.
Três membros da equipa demitiram-
se em protesto contra o afastamen-
to das vozes mais críticas a Jeremy
Corbyn.
A remodelação é pequena em
dimensão, mas grande em signifi -
cado. Corbyn, o veterano activista
de esquerda eleito após a derrota
do Labour nas legislativas de Maio,
afastou o porta-voz para as questões
europeias. Pat McFadden foi acusado
de “grave deslealdade” por, escreve
a imprensa, ter alinhado com os con-
servadores nas críticas ao pacifi smo
do líder trabalhista no debate parla-
mentar que se seguiu aos atentados
de Paris. A mesma justifi cação foi
avançada para a saída do “ministro-
sombra” da Cultura, Michael Dugher,
que será substituído na pasta pela até
aqui porta-voz para a Defesa, Maria
Eagle. A deputada é defensora da
renovação da frota de submarinos
nuclear Trident, que será votada este
ano no Parlamento, e Corbyn quis
para o lugar a aliada Emily Thornber-
ry, que como ele se opõe ferozmente
ao projecto governamental.
De fora das mexidas fi cou Hillary
Benn, porta-voz para os Negócios Es-
trangeiros, que ganhou estatuto de
principal rival interno de Corbyn de-
pois do discurso em que defendeu,
contra a opinião do líder sentado ao
seu lado, o início dos ataques aéreos
britânicos contra o Estado Islâmico
na Síria. A demissão de Benn arris-
cava provocar o êxodo dos centristas
do “governo-sombra”, mas só terá
fi cado depois de aceitar que, quando
estiver em desacordo com Corbyn,
terá de assumir a sua posição a partir
das bancadas no Parlamento reser-
vadas aos deputados sem funções de
liderança.
Ressalvas que não bastaram a Ke-
van Jones, porta-voz para as Forças
Armadas, que se demitiu em solida-
riedade com Benn, nem aos depu-
tados Jonathan Reynolds e Stephen
Doughty, que repudiaram as acusa-
ções feitas a McFadden, “castigado
pela sua honestidade”.
Corbyn tenta travar divisões no Labour
Reino UnidoAna Fonseca Pereira
Três membros da equipa demitem-se em protesto contra afastamento de críticos do actual líder
“Raqqa está a ser silenciosamente
massacrada” (RBSS) é o nome do gru-
po nascido na oposição ao regime de
Bashar al-Assad e que ganhou visibili-
dade internacional quando a cidade
do Nordeste da Síria foi tomada pe-
los jihadistas, no fi nal de 2013. Dois
anos depois, as atrocidades continu-
am sem fi m à vista mas são cada vez
menos silenciosas. A última vítima
conhecida é Ruqia Hassan, activista
de 30 anos, executada pelo Estado
Islâmico em Setembro, acusada de
espionagem.
A morte foi anunciada pelo colec-
tivo, que nos últimos meses perdeu
três activistas às mãos do Estado Islâ-
mico, que o repudiou como “Inimigo
de Deus”. Segundo o grupo, Hassan
foi morta em Setembro, semanas de-
pois de ter sido presa (algures entre
o fi nal de Julho e Agosto), mas só há
poucos dias os carrascos informaram
a família da sua execução.
Para os activistas, o longo silêncio
do EI, que faz das execuções públicas
a sua forma preferida de propaganda
e intimidação, tem uma explicação:
nestes três meses os jihadistas manti-
veram activa a conta de Facebook da
jovem para recolher informações so-
bre as pessoas com quem ela se man-
tinha em contacto, tanto em Raqqa
como fora da Síria. “Queriam encur-
ralar os amigos que comunicam com
ela”, contou ao jornal britânico The
Independent um activista do grupo
que se identifi ca com o pseudónimo
de Tim Ramadan. Ainda na última
semana, acrescentou, a conta estava
a ser usada para enviar mensagens a
alguns dos seus contactos, garantin-
do que ela estava viva.
Hassan não fazia parte do RBSS —
reconhecido em 2015 com o prémio
de Liberdade de Imprensa do Comi-
té para a Protecção dos Jornalistas
— mas o fundador do grupo, Abu Mo-
As vozes dissidentes de Raqqa estão a desaparecer às mãos do Estado Islâmico
hammed, republicou aquela que terá
sido a última mensagem escrita pe-
la jovem. “Estou em Raqqa e recebi
ameaças de morte. Quando o ISIS me
prender e matar, não haverá proble-
ma. Eles podem cortar-me a cabeça,
mas eu tenho dignidade e isso é me-
lhor do que viver em humilhação.” A
sua última entrada no Facebook data
da mesma altura, 21 de Julho, num
post em que, com o seu humor ne-
gro, denunciava uma nova proibição
dos jihadistas sobre o uso de redes
móveis. “Podem cortar a Internet à
vontade. Os nossos pombos-correios
não se vão queixar.”
De etnia curda, nascida em 1985,
Ruqia Hassan estudou fi losofi a na
Universidade de Alepo antes da guer-
ra, altura em que aderiu à oposição
ao regime de Assad. Quando o Estado
Islâmico conquistou Raqqa, fazendo
da cidade a sua capital, a jovem recu-
sou fugir. As redes sociais passaram
a ser a sua porta para o mundo, a
fuga às práticas e costumes medie-
vais impostos pelos jihadistas, e sob
o pseudónimo de Nissan Ibrahim ou-
sava escrever sobre o seu quotidia-
no, a repressão do Estado Islâmico,
ou o medo causado pelos bombar-
deamentos aéreos, recorda o jornal
Guardian. Pouco antes de ser detida
foi posta sob vigilância, acusada de
manter contacto com os “traidores”
do Exército Livre da Síria.
A notícia da sua morte foi conhe-
cida pouco mais de uma semana
depois de Naji Jerf, jornalista e reali-
zador sírio, ter sido morto a tiro em
pleno dia numa rua de Ganziatep,
cidade turca na fronteira com a Síria.
Jerf, director de um semanário inde-
pendente na Síria, tinha acabado de
estrear um documentário sobre atro-
cidades cometidas pelo EI em Ale-
po e nas regiões vizinhas, tendo sido
ameaçado de morte pelos jihadistas.
Dois meses antes, Ibrahim Abd al-
Qader, jornalista e um dos fundado-
res do RBSS foi morto a tiro noutra
cidade fronteiriça da Turquia.
Crimes que punem a dissensão,
mas que são sinal também da preo-
cupação da liderança da cúpula do
Estado Islâmico com a própria se-
gurança, depois de vários dos seus
cabecilhas terem sido mortos em
ataques aéreos recentes, sugerindo
que a coligação dispõe agora de uma
melhor rede de informadores, quer
em Raqqa, quer em Mossul, a gran-
de cidade do Norte do Iraque onde
estarão muitos dos dirigentes do EI.
Ainda no domingo, o grupo divul-
gou imagens da execução de cinco
homens, acusados de espionagem a
favor do Reino Unido.
SíriaAna Fonseca Pereira
Ruqia Hassan, activista de 30 anos, estava desaparecida há meio ano. Terá sido executada em Setembro
“Merkel: Onde estás? O que dizes? Isto amedronta-nos!”
Cerca de 3000 manifestantes, sobre-
tudo mulheres, reuniram-se na noite
de terça-feira na praça em frente da
catedral da cidade alemã de Colónia
para reivindicarem uma acção polí-
tica para responsabilizar os autores
dos ataques em massa a dezenas de
mulheres na noite de Ano Novo perto
daquele local.
“Merkel: Onde estás? O que dizes?
Isto amedronta-nos!”, dizia um car-
taz. A chanceler alemã terá conver-
sado com a presidente da câmara da
cidade, Henriette Reker, na terça-fei-
ra, dia em que Reker se reuniu de
emergência com as autoridades po-
liciais. De acordo com a BBC, Angela
Merkel condenou os “repugnantes
ataques e assédios” e afi rmou que os
responsáveis deveriam ser “localiza-
dos e julgados o mais rápido possível,
independentemente da sua origem
ou passado”.
Segundo o chefe da polícia local,
Wolfgang Albers, a investigação es-
tá em curso e já foram identifi cados
três suspeitos, embora não tenham
sido feitas detenções. “Os ofi ciais no
local apenas identifi caram os crimi-
nosos como homens, na sua maio-
ria jovens entre os 18 e os 35 anos, e
aparentemente de origem árabe ou
norte-africana.”
A chanceler alemã volta a estar
debaixo de fogo pela política de
portas abertas ao acolhimento de
Protestos em Colónia contra ataques a mulheres
refugiados, e terá ainda ontem reu-
nido em Munique com os membros
do seu partido para esclarecer qual
o rumo do Governo na questão dos
refugiados.
“Se os culpados das agressões [em
Colónia] forem refugiados ou emi-
grantes com pedido de asilo, será o
fi m imediato da sua estada na Ale-
manha”, declarou Andreas Scheuer,
secretário-geral da CDU, o partido
conservador de Merkel, que aumenta
agora a pressão para que a chanceler
limite a entrada dos migrantes que
diariamente chegam às fronteiras
alemãs.
Segundo a AFP, o número de de-
núncias de assaltos e ataques na noite
de Ano Novo em Colónia subiu para
mais de uma centena, e há registo de
ataques semelhantes em Hamburgo e
Estugarda, embora numa menor es-
cala. Em Colónia foram cerca de mil
os homens que, em vários grupos,
atacaram mulheres que circulavam
na zona da catedral. Agora, os habi-
tantes da cidade pedem respostas.
“De onde vêm mil pessoas assim
de repente? Dizem que são mil norte-
africanos, mas que não são migrantes
à procura de asilo, então de onde vie-
ram?”, questiona uma residente em
entrevista à BBC. As críticas também
chegaram da parte da facção popu-
lista alemã: “A Alemanha já está su-
fi cientemente colorida e aberta ao
mundo para si, Merkel?”, questionou
Frauke Petry, do Alternativa pela Ale-
manha, que nos últimos meses subiu
nas sondagens para as próximas re-
gionais de Março.
Reker apelou para que as pessoas
evitassem conclusões precipitadas:
“É completamente impróprio ligar
um grupo que parece ser do Norte
de África aos refugiados.” Texto edi-tado por Joana Amado
WOLFGANG RATTAY/REUTERS
AlemanhaInês Moreira Cabral
Número de denúncias aumentou para mais de cem. Merkel debaixo de fogo por causa do acolhimento de refugiados
Ruqia Hassan ousava escrever sobre a repressão do Estado Islâmico ou o medo causado pelas bombas
26 | CIÊNCIA | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
Estetoscópio
Dois séculos depois, é tempo de tomar o pulso a um ícone da medicina
O estetoscópio encontra-se numa encruzilhada. Talvez mais do que nunca, nos seus 200 anos de história, esta ubíqua ferramenta da medicina está no centro de um debate acerca do que deve ser a prática médica
Nos últimos anos, os
sons que o estetos-
cópio transmite ao
médico, vindos do
coração, dos pul-
mões, dos vasos
sanguíneos e dos
intestinos dos seus
doentes, têm sido
digitalizados, am-
plifi cados, fi ltrados e gravados. Há
quatro meses, a Food and Drug
Administration [FDA, a agência fe-
deral norte-americana de controlo
dos medicamentos] aprovou o uso
de um estetoscópio que, através de
uma app de telemóvel, consegue
reproduzir esses sons com fi deli-
dade a milhares de quilómetros
de distância e enviá-los directa-
mente para um registo médico
electrónico.
Já há algoritmos capazes de ana-
lisar os indícios recolhidos por um
estetoscópio e de propor um pos-
sível diagnóstico. Mas a questão
de saber se tudo isto representa um
renascimento do potencial do este-
toscópio como ferramenta de diag-
nóstico ou o último estertor de um
dispositivo obsoleto tem sido o tema
de discussão acesa em cardiologia.
O uso generalizado de ecocar-
diogramas e o desenvolvimento de
aparelhos de ecografi a que cabem
no bolso estão a pôr em causa o facto
de os médicos continuarem a andar
com auriculares e um tubo de bor-
racha à volta do pescoço.
“O estetoscópio morreu”, diz Jagat
Narula, cardiologista e vice-reitora da
Escola de Medicina Icahn no Hospital
Monte Sinai de Nova Iorque. “A era
do estetoscópio acabou.”
William Reid Thompson, profes-
sor associado de Pediatria na Escola
de Medicina da Universidade Johns
Hopkins (EUA), discorda. “Ainda não
chegámos ao ponto, e falta provavel-
mente muito tempo para lá chegar-
mos”, em que ouvir os sons do corpo
possa ser substituído por imagens.
“Isso ainda é valioso”, acrescenta.
Uma coisa em que ambas as partes
concordam, contudo, é em dizer que
viam os investigadores na revista Ar-
chives of Internal Medicine.
Isso não foi certamente o que o
médico francês René Laennec te-
rá vislumbrado em 1816, quando,
incomodado por ter de encostar
o ouvido ao peito de uma mulher
para ouvir o seu coração, enrolou
várias folhas de papel, formando
um tubo para amplifi car o som. A
seguir, Laennec inventou o estetos-
cópio, sendo hoje considerado o pai
da auscultação.
Em 2016, este dispositivo continua
a ser um dos poucos instrumentos
que os profi ssionais dos cuidados de
saúde usam para determinar a natu-
reza de um problema quando não o
conseguem visualizar directamen-
te. Os médicos “são as pessoas mais
conservadoras do mundo”, diz Sanjiv
Kaul, director da Divisão de Medicina
Cardiovascular da Universidade de
Saúde e Ciência do Oregon (EUA).
“Quando aprendem uma coisa, não
querem aprender outra.”
Claro que o estetoscópio também é
um ícone. Porém, o seu valor é mais
do que simbólico. Encurta a distân-
cia física entre o médico e o doente.
Obriga ao contacto humano.
A lista dos males médicos hoje
mais frequentes é em parte respon-
sável pelo declínio do estetoscópio. E
a carga de trabalho do pessoal hospi-
talar faz com que os clínicos passem
muito menos tempo com os doentes.
Isso implica menos tempo para os
examinar, em particular com a aju-
da do estetoscópio. Muitos médicos
também se queixam de que as exi-
gências da manutenção de registos
médicos electrónicos têm feito dimi-
nuir ainda mais o tempo que dedi-
cam aos doentes.
“As rondas médicas são só gráfi cos
e folhas de computador impressas.
É horrível. Faz-me estremecer”, diz
John Criley, professor emérito de Me-
dicina e de Ciências Radiológicas na
Escola de Medicina David Geff en da
Universidade da Califórnia.
Há décadas que se tornou mais fá-
cil enviar um doente cardíaco fazer
um ecocardiograma. E esse exame
de imagiologia, cada vez mais sofi sti-
cado, tem demonstrado ser mais fi el
do que a interpretação através de um
Lenny Bernsteinos médicos não sabem usar muito
bem o estetoscópio — e que esta situ-
ação já dura há muito tempo.
Em 1997, uma equipa de cientistas
analisou a capacidade de 453 médi-
cos em formação e de 88 estudan-
tes de Medicina interpretarem a in-
formação obtida pelo estetoscópio.
Segundo esse estudo, “tanto os for-
mandos de Medicina Interna como
os de Medicina Geral apresentavam
uma taxa preocupantemente baixa
na identifi cação de 12 eventos cardí-
acos importantes e frequentes”.
Dezanove anos mais tarde, outra
equipa tentou determinar quando é
que os médicos param de progredir
nas suas capacidades de “ausculta-
ção” — a arte de ouvir o corpo para
detectar doenças. Resposta: após o
terceiro ano do curso de Medicina.
Ainda pior: essa competência “po-
de vir a declinar ao longo dos anos
de prática clínica, o que tem impli-
cações importantes para a tomada
de decisão médica, para a segurança
dos doentes, para a gestão económi-
ca dos cuidados de saúde e para o
futuro da educação médica”, escre-
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | CIÊNCIA | 27
estetoscópio de tum-tuns, cliques,
galopes e sopros produzidos pelo
coração humano.
Alguns médicos fazem notar com
tristeza que, por outro lado, os for-
necedores e os hospitais podem exi-
gir um pagamento adicional por um
ecocardiograma, ao passo que um
exame do peito com um estetoscópio
não lhes dá lucro nenhum.
Estamos perante um círculo vicio-
so, uma vez que os jovens médicos
têm agora menos mentores capazes
de lhes transmitir a boa prática da
auscultação. Por isso, num esforço
destinando a contrariar esta situa-
ção, Thompson, Criley e mais um pu-
nhado de peritos dão aulas especiais
aos jovens internos.
Numa dessas sessões, no fi m de
Dezembro, no Centro Pediátrico da
Universidade Johns Hopkins, dois
jovens médicos e um estudante de
Medicina em visita da Síria ouviram
com atenção os sons de um coração
gravados através de estetoscópios
especiais que recebiam sinais infra-
vermelhos de um computador [simu-
lando, portanto, um coração]. O “do-
ente” assim auscultado era um atleta
adolescente que tinha de repente de-
senvolvido difi culdades em aguentar
o ritmo do campo de futebol. Teria
ele um problema cardíaco?
Os três formandos sugeriram que
esse era efectivamente o caso — tal-
vez um buraco na parede que separa
as duas câmaras superiores do cora-
ção? A doença, conhecida como de-
fi ciência do septo atrial, era de facto
a resposta certa. “Pensem na impor-
tância do que acabaram de fazer”,
disse Thompson ao trio. “Sem outra
ajuda nem tecnologia para além do
vosso estetoscópio... vocês disseram:
‘Acho que ele tem uma defi ciência do
septo atrial’.”
Thompson coligiu milhares de sons
cardíacos e criou o MurmurLab.org,
onde qualquer pessoa pode aprender
a ouvir os sons do coração. E já este
mês inaugurará o site MurmurQuiz.
org, que permitirá a profi ssionais,
estudantes e a qualquer um testar
as suas capacidades na interpretação
do signifi cado desses sons.
No entanto, algumas faculdades de
Medicina escolheram uma aborda-
diçar o tempo dos estudantes”, diz
Narula. “O que me impede de ter um
ecocardiógrafo na mão, se ele for tão
pequeno como um estetoscópio?”
Por enquanto, estes ecocardiógra-
fos de bolso são sobretudo utilizados
nos serviços de urgência dos hospi-
tais, onde a rapidez é crucial. A sua
qualidade, diz Thompson, ainda não
é sufi cientemente boa para serem
usados de forma rotineira noutras
circunstâncias clínicas.
Todavia, um estudo publicado em
2014 na revista Journal of American
Cardiovascular Imaging sugere que
a fi abilidade destes instrumentos
electrónicos portáteis é, no mínimo,
superior à do exame físico. Os cardio-
logistas que os usavam conseguiram
identifi car correctamente 82% dos
doentes com anomalias cardíacas,
enquanto os cardiologistas que re-
corriam à auscultação apenas apa-
nharam 47% das anomalias.
“Chegou a hora de descartarmos o
impreciso, embora icónico, estetos-
cópio e de nos juntarmos ao resto da
humanidade nesta revolução tecno-
lógica”, escreveu na altura Kaul, um
dos autores do estudo, num edito-
rial [na revista Echo Research and
Practice].
Há também quem pergunte o
que se poderá perder quando os
médicos pararem de encostar es-
se disco, tantas vezes frio, à pele
dos doentes. Num ensaio publi-
cado no mês passado na revista
New England Journal of Medicine,
Elazer Edelman — um médico que
dá aulas na Escola de Medicina da
Universidade de Harvard e no
Instituto de Tecnologia do Massa-
chusetts — fazia notar que o exame
estetoscópico é uma oportunidade
para criar um laço entre o médico
e o doente.
“A relação entre o doente e o mé-
dico (...) é diferente de qualquer
outra relação entre duas pessoas
não relacionadas entre si”, salien-
tou Edelman numa entrevista. “Ao
distanciarmo-nos cada vez mais,
estamos a deteriorar ou rasgar es-
se elo. Não é possível confi ar em
alguém que não nos quer tocar.”
Exclusivo The Washington Post/PÚBLICO
FERNANDO VELUDO/NFACTOS
Esta história remonta a 1816, quando o médico francês René Laennec enrolou folhas de papel para ouvir o coração de uma mulher
gem diferente. Desde 2012 que o Hos-
pital Monte Sinai começou a fornecer
aos seus estudantes dispositivos de
ecografi a, pouco maiores do que um
telemóvel, mas que conseguem gerar
imagens em tempo real do coração
mesmo à cabeceira do doente. Várias
outras faculdades deverão juntar-se à
experiência no próximo Outono.
Os especialistas concordam em
dizer que o estetoscópio continua a
ser valioso para ouvir os pulmões e
os intestinos. Mas no que respeita ao
sistema cardiovascular, “a ausculta-
ção é supérfl ua. Estamos a desper-
28 | CULTURA | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
Jeff rey Tambor, um “aliado orgulhoso da comunidade transgénero”
Os genitais e a biologia são destino?
Foi assim que Laverne Cox, a pri-
meira mulher transgénero a ser capa
da Time, pôs o tema numa revista
que proclamava em manchete ter-se
atingido nos últimos anos um pon-
to de viragem na visibilidade desta
comunidade. E se ela é actriz secun-
dária em Orange is the New Black,
Jeff rey Tambor é actor principal na
agridoce Transparent, que hoje re-
gressa ao canal TV Séries e que pela
primeira vez põe uma personagem
transgénero (Maura Pfeff erman), no
centro de uma comédia. “Orgulho-
me tanto de ser um aliado da co-
munidade transgénero”, diz o actor
norte-americano por telefone.
Jeff rey Tambor não soçobra, por-
tanto, sob o peso da representação
de uma comunidade que viveu em
2015 um dos seus grandes anos, se
não o seu ano maior. Considerado
um dos melhores actores de com-
posição a trabalhar actualmente,
foi Oscar e George Bluth em Arres-
ted Development — De Mal a Pior e
com Transparent, que se estreou
em Fevereiro de 2014, venceu os
seus primeiros Emmy e Globo de
Ouro de Melhor Actor de Comé-
dia. Transparent ganhou também o
primeiro Globo de Ouro para uma
série de um serviço de streaming
para a Amazon, no mesmo ano em
que, com Orange is the New Black,
o serviço concorrente Netfl ix teve
também direito a prémios da Guilda
dos Actores e diversas nomeações.
Transparent conta a história de
uma família com três fi lhos solip-
sistas e um pai que se afi rma como
“moppa” — a aglutinação de mom e
pappa, do inglês para mamã e papá
— depois de se ter debatido com uma
identidade de homem atribuída à
nascença quando, na verdade, se
identifi cava como mulher. É, no fun-
do, uma história sobre “o que acon-
tece numa família quando essas coi-
sas mudam”, explica Tambor numa
entrevista telefónica com jornalis-
tas de Portugal e da Bélgica poucos
dias depois da estreia norte-ame-
ricana desta segunda temporada.
Jill Soloway, criadora da série e ar-
gumentista de títulos de culto como
Sete Palmos de Terra, considera que
Transparent é mais do que um pro-
grama. É “parte de um movimento”.
Tambor concorda que a série teve
um enorme impacto: “Comparo-a
a uma seta que foi disparada para
um zeitgeist já existente e que ex-
plodiu com o movimento em si, o
que é muito bom porque o mundo
precisa de mudança. Somos parte
da mudança.” Responde ao PÚBLI-
CO sobre os objectivos de Soloway,
contar histórias sobre “fl uidez de
género, representação de género
e transição de género”, e sublinha
que o que Transparent faz é sobre-
tudo gerar conversas. Param-no em
todo o lado, nos aeroportos ou no
teatro, para falar não só do que é
ser transgénero, mas também sobre
famílias. “É uma altura emocionan-
te”, diz sobre o papel pelo qual está
tão grato porque o enriqueceu como
pessoa — e sobre um momento que
durará já desde 2012, ano em que o
vice-presidente dos EUA, Joe Biden,
considerou que os direitos transgé-
nero são “o tema de direitos civis do
nosso tempo”.
Olhando à volta, ou passando com
o dedo no comando à distância ou
nas teclas do computador, vê-se a
história de Caitlyn Jenner, que o
mundo conhecia como Bruce Jen-
ner, atleta olímpico norte-america-
no e patriarca do clã da reality TV
Kardashian, na série I am Cait (canal
E!). O zapping pode levar-nos ainda
à experiência da adolescente Jazz
Jennings, cuja transição de menino
para menina é acompanhada em
I am Jazz (canal TLC). Nos últimos
anos soubemos também que uma
metade dos irmãos Wachowski de
Matrix se identifi ca como a realiza-
dora Lana Wachowski ou que a acti-
vista e denunciante militar Chelsea
Manning já não queria ser conheci-
da como Bradley.
A popular série juvenil Glee aco-
lheu a história da personagem Wa-
de “Unique” Adams (FoxLife); no
cinema, este é o ano para ver Eddie
Redmayne como Einar, mas a des-
cobrir-se como Lili, em A Rapariga
A personagem de Maura deu a Jeffrey Tambor o Emmy e o Globo de Ouro de Melhor Actor de Comédia
Transparent regressa hoje ao TV Séries. É a segunda temporada da comédia que pela primeira vez põe um transgénero ao centro — o protagonista defende que “o mundo precisa de mudança”
TelevisãoJoana Amaral Cardoso
é servida ao público com um toque
de ironia e com a ajuda de actores
como Josh Charles ou de consultores
como a escritora e activista Jennifer
Finney Boylan, que contribuiu pa-
ra a construção da personagem de
Maura — a história, por seu turno,
vem da experiência de Soloway com
o pai, que fez a sua transição já de-
pois da meia-idade.
“A comédia, para mim, tem zigues
e zagues. Jill Soloway é uma mestra
nisto. A comédia dela às vezes faz-
nos rir em funerais e chorar quan-
do alguém passa o pão à mesa. A
verdadeira comédia tem essa mis-
tura, não é só uma quantidade de
gargalhadas — é quantidade de mo-
vimentos”, refl ecte Tambor sobre
a sua família fi ccional e sobre a sua
própria educação. Evoca Tchékhov,
diz seguir as “migalhas deixadas pe-
la escrita brilhante” dos argumen-
tistas e fala sobre Maura, retratada
sem clichés, interpretada com hu-
manidade. “É como uma amiga: é
da minha idade, também usa óculos
para ler, também tem artrite no jo-
elho e tem um maravilhoso sentido
de humor, muito seco. E também
me parece uma adolescente que está
a descobrir a vida — como se vestir,
como fazer compras, quem são os
seus amigos, com quem falar, como
se maquilhar, como viver sozinha,
se voltará a amar ou a ser amada. É
interessante ser Maura hoje.”
Na sua entrevista à Time em Abril
de 2014, Laverne Cox, bela e exube-
rante, frisava que “não há uma só
história trans. O que é preciso per-
ceber é que nem toda a gente que
nasce sente que a sua identidade de
género está alinhada com o que lhe é
atribuído à nascença, com base nos
seus genitais.” As pessoas “querem
acreditar que a biologia e os genitais
são como o destino!”, defende a ac-
triz. Mas “há cada vez mais pessoas
transgénero que querem avançar e
dizer ‘Isto é o que sou’”.
Ainda assim, contesta-se, me-
Dinamarquesa, ou About Ray, em
que Elle Fanning quer viver como
o rapaz Ray. A BBC2 programou es-
te ano Boy Meets Girl, uma série so-
bre transição de género no país que
mais respeita os direitos de lésbicas,
gays, bissexuais e transgénero e in-
tersexuais segundo o ranking Rain-
bow Europe elaborado anualmente
pela ILGA-Europa. (Portugal é, em
49 países, o décimo na lista relativa
a 2014.)
“Nas minhas conversas com as
pessoas, no que leio, o tema da série
está na boca de toda a gente e todos
estão muito cientes da mudança não
só na questão da liberdade e da fl ui-
dez de género”, explica Jeff rey Tam-
bor. “Sempre achei que a comédia
faz isso, que a interpretação, a pala-
vra escrita... as histórias são muito
importantes, curam, investigam”,
afi rma, valorizando a representa-
ção mediática das questões de géne-
ro e em particular da comunidade
transgénero. Que, em Transparent,
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | CULTURA | 29
lhoradas que estão a diversidade
e a qualidade das representações
das pessoas transgénero na fi cção,
e neste caso na dominante produção
anglo-saxónica, 2015 foi o ano em
que o homicídio de pessoas trans-
género atingiu um recorde históri-
co: 21 mortes até Novembro de 2015
nos EUA, nenhuma das quais julga-
da como crime de ódio, segundo a
Human Rights Campaign.
É um tempo Transparent, em que
são celebrados manequins transgé-
nero na moda — Lea T é um dos ros-
tos da marca de cosmética Redken
e Andreja Pejic tornou-se em 2015
a primeira mulher transgénero na
Vogue americana —, mas em que há
também quem peça perspectiva. Vi-
sibilidade (ainda) não é tudo. “Tal
como o racismo difi cilmente acabou
com a eleição de Obama, a transfo-
bia não vai desaparecer em breve”,
avisava no New Republic Eric Sasson,
autor do livro sobre identidade gay
Margins of Tolerance.
SONY PICTURES TELEVISION INC.
NUNO FERREIRA SANTOS
Ruínas estreia-se em Lisboa numa altura em que a Europa tenta integrar um milhão de refugiados
A dramaturga Lynn Nottage quis
“alertar para um drama que não es-
tava a receber a atenção devida” e
assim nasceu a peça Ruined, baseada
em testemunhos de refugiadas da
República Democrática do Congo
violadas por militares e rebeldes.
António Pires apaixonou-se pelo tex-
to quando o leu, em 2010 ou 2011.
Aconteceu só agora conseguir ence-
ná-lo (a estreia é hoje no S. Luiz, em
Lisboa) e, “de repente, a peça tem
uma actualidade extrema”.
Tudo se passa no bordel gerido pe-
la Mamã Nani (Zia Soares), que aco-
lhe mulheres recusadas pelas suas
comunidades e não fecha a porta a
combatentes de nenhum dos lados.
Salima (Elizabeh Pinard) recorda o
momento em que foi raptada, tinha
o marido ido comprar a panela nova
que ela tanto pedira. “Finalmente,
naquele dia, o diabo do homem havia
de ir comprá-la. Uma panela nova.”
Nottage estava obcecada com a
guerra do Congo e com a falta de
informação sobre as mulheres que
a viviam. “Havia notícias, poucas, e
eram mais estatísticas, não havia tes-
temunhos”, diz ao PÚBLICO, numa
conversa por Skype. “Na altura, que-
ria adaptar o texto Mãe Coragem, de
[Bertolt] Brecht, falei com a [ence-
nadora] Kate Whoriskey e perguntei-
lhe se queria ir comigo ao Congo”,
recorda.
Whoriskey aceitou o desafio e
encenou a versão que se estreou no
início de 2009, em Nova Iorque. O
sucesso foi tanto que se adiou nove
vezes o fi m da carreira e o texto ga-
nhou o Pulitzer de Dramaturgia no
mesmo ano.
A viagem aconteceu em 2004. “Fo-
mos para o Uganda, mas era muito
difícil passar a fronteira e decidimos
entrevistar congolesas que estavam
em fuga da guerra. No início, pensá-
mos que só uma ou duas iam querer
falar. Mas muitas sentiam necessida-
de de contar o que lhes tinha acon-
tecido e todas, de todas as idades,
tinham sido violadas”, diz Nottage.
Brecht ficou pelo caminho.
“Quis abordar o tema do ponto
de vista do género, dar-lhe uma
voz de mulher”, explica a autora.
“O teatro consegue devolver a identidade a quem foge de uma guerra”
Teatro Griot, que nasceu para incen-
tivar africanos e afro-descendentes a
contarem as suas histórias. Precisava
de actores negros e já tinha traba-
lhado com eles no Teatro do Bairro,
onde é um dos responsáveis. “Para o
coro fi z um casting e apareceu imen-
sa gente. Nem tinha como lhes pagar
ordenados a tempo inteiro”, conta.
“Mas todos quiseram fi car, sinto que
toda a gente sabe que está a fazer
alguma coisa especial.”
Iniciar outra conversaRuínas estreia-se em Lisboa quando
o mundo enfrenta a maior crise de
refugiados desde a II Guerra Mundial
e a Europa tenta fazer frente ao mi-
lhão de pessoas que aqui chegaram
em 2015, a maioria sírios. “As pesso-
as falam muito, mas as conversas são
sobre os passaportes, os números,
por onde vêm, se têm roupa”, diz o
encenador. “O que a peça faz é dar
Ruined, Ruínas na adaptação por-
tuguesa, é um musical. “A música
é muito importante no Congo, é o
que une as pessoas”, diz Nottage. Ao
mesmo tempo, “pode ser uma for-
ma escondida de passar mensagens
fortes”. O mesmo acontece com o
riso, e há muito humor aqui. “Mui-
tas vezes, depois de uma gargalha-
da, as pessoas param para pensar”,
afi rma. “Eu tinha uma urgência e o
humor ajuda a mostrar a humani-
dade. Normalmente, pensa-se que
a guerra é guerra, guerra e guerra,
mas as pessoas continuam a viver, e
também se riem.”
Pires viveu uma guerra e esse foi
um dos motivos para trabalhar este
texto. “Saí de Angola com a minha
família quando já tinha começado
a guerra civil. Tinha oito anos, mas
lembro-me de algumas coisas”, diz.
“E sei que muitas pessoas em Por-
tugal passaram pelo mesmo.” Daí a
decisão de fazer música original —
composta por Filipe Raposo e com
letras de Kalaf — e de “limpar a peça
de algumas referências muito especí-
fi cas àquele confl ito”. Por um lado,
Pires quis dar “um tom lusófono” à
peça e, assim, “aproximar as pessoas
das histórias”. Por outro, quis “que
esta pudesse ser uma guerra qual-
quer”. Os confl itos “têm particula-
ridades, mas o horror e o disparate
são sempre os mesmos”.
Para escolher o elenco, chamou o
MusicalSofia Lorena
Ruínas, o musical de Lynn Nottage que hoje chega ao S. Luiz, parte das histórias reais de refugiadas congolesas
caras a estas pessoas, devolver iden-
tidade a quem fugiu da guerra.”
Por tudo isto, a peça teve de ser
mais do que uma peça. Há uma ex-
posição entre o Teatro do Bairro e o
S. Luiz com os retratos de seis das en-
trevistadas por Nottage, fotografadas
pelo seu marido, o documentarista e
fotógrafo Tony Gerber. E umas horas
antes da estreia desta noite, a partir
das 18h30, há um debate no Teatro
do Bairro que junta Gerber, a euro-
deputada Ana Gomes, a historiado-
ra Irene Pimentel, o psiquiatra João
Redondo e membros de associações
que trabalham com refugiados. Às
21h começa a peça, que Pires acredita
poder “contribuir para iniciar outra
conversa, levar as pessoas a questio-
narem as suas perspectivas”.
Nottage alcançou mais do que
esperava. “Fomos à ONU testemu-
nhar numa comissão sobre a violên-
cia contra as mulheres no Congo e
no Sudão, depois estivemos com
refugiados no Parlamento britâ-
nico”, lembra. Antes, a produção
conseguiu levar o secretário-geral
da ONU, Ban Ki-moon, a assistir à
peça com 24 membros da organi-
zação. “No fim, um funcionário
disse-me: ‘Sabes, passei anos a ver
esta violência todos os dias e ho-
je foi a primeira vez que chorei.’
Ele tinha erguido uma capa para
aguentar, mas fi nalmente estava a
sentir. E eu só pensava: ‘Consegui.’”
“Entrevistámos congolesas que estavam em fuga da guerra. Todas, de todas as idades, tinham sido violadas”, diz Lynn Nottage
30 | CULTURA | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
Cartoon de Florence Cestac, a única vencedora do Grande Prémio
A polémica estalou ontem em Fran-
ça, após o anúncio da lista dos 30
autores nomeados para a 43.ª edi-
ção do Grande Prémio do Festival
Internacional de Banda Desenhada
(FIBD) de Angoulême, que decorre
de 18 a 31 deste mês. E já teve conse-
quências. O facto de não surgir ne-
nhuma mulher entre os escolhidos
pelo comité designado pela direcção
do festival motivou em cadeia acu-
sações de sexismo e discriminação,
e houve até dez autores que deci-
diram recusar integrar a lista, num
gesto de solidariedade. A própria
ministra da Cultura, Fleur Pellerin,
entrou em cena a considerar a situ-
ação “anormal”.
Pressionada por esta polémica,
a direcção do festival decidiu justi-
fi car-se num comunicado sugesti-
vamente intitulado O festival de An-
goulême ama as mulheres... mas não
pode refazer a história (da banda de-
senhada). No fi nal, anuncia que irá
acrescentar mulheres à lista dos 30
nomeados para o Grande Prémio.
Num texto em que reforça a po-
sição já anteriormente manifes-
tada pelo delegado-geral Franck
Bondoux, o festival explica que o
Grande Prémio visa “coroar um au-
tor (ou autora) pelo conjunto da sua
obra e pela sua contribuição para a
evolução da banda desenhada”. E
nota que, nesta perspectiva históri-
ca, é “objectivamente mais rápido
contar as autoras (quase pelos dedos
de uma só mão) do que os autores”.
A direcção do festival lembra tam-
bém toda a sua vasta programação,
que tanto nas secções ofi ciais como
nas iniciativas paralelas dá grande
atenção à BD no feminino.
O boicoteHoras antes, logo após a divulgação
da lista, o francês Riad Sattouf, já du-
as vezes premiado com o principal
galardão do festival, em 2010 (com
o terceiro volume de Pascal Brutal)
e no ano passado (com o primeiro
volume de O Árabe do Futuro, já edi-
tado em Portugal), foi o primeiro a
reagir: “Descobri que estava na lista
dos nomeados para o Grande Pré-
mio do FIBD. Isso deu-me imenso
Acusado de sexismo, o festival de Angoulême assegura que “ama as mulheres”
através do blogue do Colectivo das
Criadoras de BD contra o Sexismo,
que reúne perto de duas centenas
de artistas: “Manifestamo-nos con-
tra esta discriminação evidente, esta
negação total da nossa representa-
tividade num medium que cada vez
conta com mais mulheres.” E ape-
laram mesmo ao boicote ao festival,
cujo grande prémio se recusarão a
votar, através de uma mensagem no
Twitter em que lançaram a palavra
de ordem #WomenDoBD.
Também a ministra de Cultura,
Fleur Pellerin, veio lamentar a se-
lecção do FIBD, considerando “bas-
tante anormal”, segundo a AFP, que
nela não surja nenhuma mulher. Em
declarações à France Info, Pellerin
disse-se afectada “enquanto mulher
e enquanto ministra”. “Falamos da
BD como podíamos falar de música
clássica, de direcção de orquestra,
de muitas outras coisas; a cultura
deve ser exemplar em matéria de
paridade, de representar a diversi-
dade”, acrescentou.
Questionado pelos jornais Le Mon-
de e Libération, Franck Bondoux re-
alçou o facto de o Grande Prémio ser
a consagração do conjunto de uma
obra. “Quando olhamos para o pal-
prazer. Mas acontece que só contém
homens. Isso irrita-me, porque há
muitas grandes artistas que mere-
ceriam estar nessa lista”, reagiu Sat-
touf no Facebook, acrescentando
preferir dar o seu lugar a autoras
como Rumiko Takahashi, Julie Dou-
cet, Anouk Ricard, Marjane Satrapi
ou Catherine Meurisse.
O também francês Joann Sfar
associou-se imediatamente ao pro-
testo: “Apoio a mil por cento a ini-
ciativa de Riad. Nenhum autor pode
desejar fi gurar numa lista exclusi-
vamente masculina. Isso passaria
uma mensagem desastrosa a uma
profi ssão que em todo o lado se
feminiza. Naturalmente peço que
o meu nome seja retirado da lista
dos nomeados.” O norte-americano
Daniel Clowes foi o terceiro a ade-
rir “voluntariamente ao boicote”,
recusando a inclusão do seu nome
na lista de candidatos a um prémio
que considerou fi car “esvaziado de
sentido”. Ao longo do dia, mais sete
autores se juntaram, num imparável
efeito dominó: Etienne Davodeau,
Christophe Blain, François Bourge-
on, Pierre Christin, Charles Burns,
Chris Ware e Milo Manara.
Por seu lado, as autoras reagiram
Banda desenhada Sérgio C. Andrade
Ausência de autoras entre os nomeados para o Grande Prémio motivou um boicote em cadeia — e a direcção vai rever a lista
marés, constatamos que os artistas
que o compõem testemunham uma
certa maturidade e uma certa idade.
Infelizmente, há poucas mulheres
na história da BD. É uma realidade.
Se formos ao Louvre, também en-
contraremos poucas artistas”, disse,
acrescentando que não está na ca-
beça da direcção do FIBD “instaurar
quotas”.
Estas declarações motivaram a
réplica do Colectivo das Criadoras
de BD contra o Sexismo, que, atra-
vés de Joanna Schiff er, classifi cou a
argumentação como “falaciosa — é
a serpente a morder a cauda”. “As
mulheres estão presentes há mui-
to tempo na BD. O problema é que
elas não conseguem chegar à meta,
[porque] não apostam nelas.” A au-
tora compara o mundo da BD aos
restantes meios artísticos e cultu-
rais, “onde os homens se escolhem
entre eles”.
42 anos, uma mulherA história de 42 anos do Festival de
Angoulême, criado em 1974, mostra,
de facto, uma presença ínfi ma da
mulher tanto nos programas como
nos palmarés. Apenas uma autora
ganhou o Grande Prémio, em 2000:
Florence Cestac, que ontem mesmo
reagiu à lista com um cartoon mor-
daz. No ano passado, a única mulher
a integrar a lista dos 26 nomeados
foi a franco-iraniana Marjane Sa-
trapi, a criadora de Persépolis, que
na edição de 2014 também entrara
na lista, ao lado da britânica Posy
Simmonds.
Em 1983, a assinalar a décima
edição, o FIBD de Angoulême dis-
tinguiu Claire Brétécher com “um
prémio especial do décimo aniver-
sário”. É muito pouco, em termos
quantitativos. E mesmo se um re-
latório recente da Associação de
Críticos e Jornalistas da BD diz que
as autoras mulheres representam
apenas 12,4% dos profi ssionais exis-
tentes em França, estas consideram
continuar a ser menosprezadas pe-
los critérios da direcção do festival
num ano — 2015 — em que foram
publicados “excelentes álbuns as-
sinados por mulheres”, reivindica
Chatal Montellier, presidente da
associação Artemisa, que se ocupa
precisamente da defesa e da promo-
ção da BD no feminino. Entre eles,
diz, estão títulos como Piano Orien-
tal, de Zeina Abirached (Casterman);
California Dreamin, de Pénélope Ba-
gieu (Gallimard); Glen Gould, une vie
à contretemps, de Sandrine Revel
(Dargaud); ou Fatherland, de Nina
Bunjevac (Ici même).
Apesar da popularidade à escala pla-
netária, muito por causa de séries
como House of Cards ou Orange Is
the New Black, o Netfl ix estava até
agora em pouco mais de 60 países —
em Portugal chegou em Outubro. O
cenário mudou ontem, dia em que o
serviço de streaming passou a estar
disponível em quase todo o mun-
do, salvo excepções como China ou
Coreia do Norte. “É a revolução da
televisão. Acabou a espera”, anun-
ciou Reed Hastings, CEO do Netfl ix,
na abertura do CES — Consumer Ele-
tronics Show, em Las Vegas.
“Estamos a assistir ao nascimento
de um novo canal global de televi-
são pela Internet”, disse Hastings,
anunciando que o Netfl ix está agora
em mais 130 países, naquela que é a
maior expansão da empresa.
O CEO contou como ao longo des-
te ano lhe perguntaram, em muitos
dos países por onde passou, quando
é que o serviço ali estaria disponível.
“Nós ouvimos, aprendemos e me-
lhoramos”, disse, explicando que
mais idiomas foram acrescentados
aos 71 já existentes, nomeadamente
árabe, coreano, chinês simplifi cado
e chinês tradicional.
Apesar de agora disponibilizar
legendagem e dobragem em chi-
nês, ainda não é desta que o Netfl ix
chegará à China. Mas a vontade de
entrar neste mercado fi cou explíci-
ta — a empresa tem encontrado al-
guns entraves no país e continua a
procurar opções que lhe permitam
fornecer o serviço. “A China é um
mercado muito grande. Leva tempo,
estamos a trabalhar com o Governo,
é preciso permissão específi ca”, dis-
se depois Hastings em conferência
de imprensa. A Coreia do Norte, a
Síria e a região da Crimeia continu-
arão também a não ter Netfl ix, devi-
do a restrições impostas a empresas
americanas pelo Governo dos Esta-
dos Unidos, esclareceu.
Antes do grande anúncio, subiu
também ao palco Ted Sarandos,
responsável pelos conteúdos do Ne-
tfl ix, para apresentar as novidades
do novo ano. Nada que não se sou-
besse já: novos, apenas os trailers
para algumas das novas séries como
The Crown, a primeira produção do
Netfl ix fi lmada no Reino Unido.
“Queremos fi car cada vez mais
locais, queremos levar as histórias
locais para o mundo, como fi zemos
com Narcos ou Clube de Cuervos”,
disse Sarandos.
Netflix já está em quase todo o mundo
TecnologiaCláudia Lima Carvalho
COLECÇÃO INÉDITA JORNAL PORTUGUÊS:REVISTA MENSAL DE ACTUALIDADES
Vol. 5 - Jornal Português 75-95 (Abril 1948 - Abril 1951)Abrangendo o período entre 1948 a 1951, o último disco regista várias notícias sobre a renovação das ligações ferroviárias
e a inauguração de duas barragens. Os tempos do pós-guerra reflectem-se na série de notícias sobre o acolhimento
de crianças austríacas ou na visita do General Eisenhower. Dois números especiais cobrem a Festa dos Tabuleiros
em Tomar e o 2º Congresso Internacional das Capitais do Mundo. Mas o grande destaque deste disco vai para os três
números inteiramente dedicados à visita de Francisco Franco. A última notícia do Jornal Português regista uma visita
de Salazar às obras da ponte sobre o Tejo.
DE ABRIL DE 1948 A ABRIL DE 1951,ESTAS ERAM AS NOTÍCIAS.Redescubra as actualidades do Portugal do Estado Novo.
SÁBADO, 9 JAN. COM O PÚBLICO
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Insolvência de “José Casimiro Miranda Roldão e Lídia Maria Nicolau Faria”
Processo n.º 20632/15.1T8LSB na Comarca de Lisboa,Barreiro - Inst. Central - 2.ª Sec. Comércio - J3 de Barreiro
Por determinação do Exmo. Administrador de Insolvência proceder-se-á à venda através de proposta por carta fechada, dos bens que a seguir se identifi cam:Verba UM: Fracção autónoma designada pela letra “A”, correspondente ao R/C Dt.º do prédio urbano sito na Urbanização Quinta de Matos Lote 1, Pinhal Novo, descrito na Conservatória do Registo Predial de Palmela com o n.º 3122 inscrito na matriz da Freguesia de Pinhal Novo sob o artigo 7185, com o valor-base de € 88.235,30.REGULAMENTO:1 - Serão consideradas as propostas de valor não inferior a 85% do supra-indicado, recebidas, em envelope fechado, até às 17 horas do dia 19 de Janeiro de 2016.2 - A abertura das propostas será efectuada imediatamente após a hora indi-cada no número anterior.3 - Os envelopes contendo as propostas deverão ter a indicação na frente “Proposta de compra por carta fechada - Insolvência de José Casimiro Miran-da Roldão e Lídia Maria Nicolau Faria - Proc. 20632/15.1T8LSB”, deverão ser acompanhadas de um cheque/caução de 5% do valor proposto, à ordem da massa insolvente, e ser enviadas para o Administrador de Insolvência:
Dr. Pedro Ortins de Bettencourt, Praceta Aldegalega, n.º 21, R/C Esq.º
2870-239 Montijo4 - As propostas deverão conter: nome ou denominação do proponente; mora-da; número de contribuinte; representante, em caso de pessoa colectiva, indi-cação de telefone e/ou email de contacto e valor oferecido por extenso. 5 - Os imóveis serão vendidos no estado físico e jurídico em que se encontram, livres de ónus e encargos, sendo da responsabilidade do comprador todos os custos relacionados com a venda. 6 - A aceitação ou não aceitação da proposta será comunicada ao proponente de maior valor no prazo máximo de 30 dias após a abertura de propostas.7 - A escritura notarial será efectuada em data e hora a avisar ao comprador com a antecedência mínima de 15 dias.8 - Se não for possível realizar a escritura na data fi xada, por razões inerentes ao comprador, este perderá o sinal já entregue e atrás referido.9 - Se por motivos alheios à vontade do Administrador de Insolvência, nome-adamente exercício do direito de remissão ou de preferência, decisão de Co-missão de Credores ou decisão judicial, a venda for considerada sem efeito, as quantias recebidas serão devolvidas em singelo.Esclarecimentos adicionais poderão ser prestados pelo Administrador de Insol-vência, através do endereço de correio electrónico: [email protected]úblico, 07/01/2016
INSOLVÊNCIA DE“PAULO MANUEL TEIXEIRA DE
QUEIROZ MOURA DOS SANTOS”Comarca de Lisboa - Lisboa
Instância Central - 1.ª Secção Comércio - J4Proc. n.º 20177/15.0T8LSB
Conforme deliberado pela Assembleia de Credores, vai a Exma. Sra. Administradora da Insolvência, no supra-identifi -cado processo de insolvência, proceder à venda nos termos abaixo indicados, do seguinte imóvel no estado físico e jurí-dico em que se encontra:1 - Fracção autónoma designada pelas letras “BD”, cor-respondente ao rés-do-chão direito, destinada a habita-ção do prédio urbano em regime de propriedade horizon-tal, sito na Rua Sam Levy (Quinta de Sto António), 1-A, 1-B e 1-C, n.º 1, freguesia de Belém, concelho de Lisboa, descrito na Conservatória do Registo Predial de Lisboa sob o n.º 614 da freguesia de Ajuda e inscrito na matriz da freguesia de Belém sob o art.º 39.º;Valor mínimo: €218.000,00Qualquer interessado que pretenda visitar o identifi cado pré-dio, poderá contactar, para o efeito, a Sra. Administradora da Insolvência, telf. 21 446 70 77/8. As propostas deverão ser formuladas por escrito, em carta registada dirigida a “In-solvência de PAULO MANUEL TEIXEIRA DE QUEIROZ MOURA DOS SANTOS”, Rua Quinta das Palmeiras, n.º 28, 2780-145 Oeiras, até ao dia 18 de Janeiro de 2016 e deverão conter a identifi cação completa do proponente, acompanhadas de fotocópias do bilhete de identidade, car-tão de contribuinte fi scal e/ou certidão comercial da empre-sa, bem como cheque caução no valor de 10% da proposta efectuada.A Exma. Sra. Administradora da Insolvência e o credor hipo-tecário, no dia 19 de Janeiro de 2016, pelas 16 horas e na indicada morada, apreciarão as ofertas apresentadas, reser-vando-se o direito de não aceitar as propostas recebidas que não atinjam o indicado valor mínimo. Caso existam propos-tas de igual valor será aberta licitação entre os proponentes.
Público, 07/01/2016
COMPROPRÉDIO EM
LISBOABAIXA POMBALINA OU ZONAS HISTÓRICAS
TEL. 917 302 237ANÍBAL VILA
Mensagens
ALICIA SENSUAL -Venha deliciar-se c/calordo meu corpo.Mass. prof. Ap. luxo.Telm.: 920 338 741
AS CEREJINHASMeiguinhas e gostosi-nhas. Perfeitas. Espaçoacolhedor + hotéis.Telm.: 964 001 787
MIME-SE NESTENATAL!Presenteie-se!www.tantricmoments.ptTelfs: 924 425 094 213 545 249
INFO: 210 111 010
CENTRO COMERCIAL COLOMBOAVENIDA DAS ÍNDIAS (PISO 0, JUNTO À PRAÇA CENTRAL)HORÁRIO: 2.ª FEIRA – DOMINGO: 10H – 24H
AvisoEncontram-se abertos procedimentos concursais comuns para constituição de vínculo de emprego público, na modalidade de contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado com vista ao preenchimento de dez postos de trabalho das carreiras/categorias de Técnico Superior e Assistente Técnico (m/f) do Mapa de Pessoal da Câmara Municipal do Porto:Ref.ª A - para dois postos de trabalho da carreira/categoria de Assistente Técnico (m/f) 12.º Ano de Escolaridade ou de curso que lhe seja equiparado, para o Departamento Municipal de Desenvolvimento Social;Ref.ª B - para oito postos de trabalho da carreira/categoria de Técnico Superior (m/f) Licenciatura em Direito, Ciências Sociais ou áreas afi ns, sem possibilidade de substituição do nível habilitacional por formação ou experiência profi ssional, para o Departamento Municipal de Desenvolvimento Social.Âmbito do recrutamento: trabalhadores detentores de vínculo de emprego público por tempo indeterminado (cfr. art.º 30.º, n.º 3 da LTFP)A formalização de candidaturas deverá ser feita até 2016-01-19, nos termos precisos do aviso n.º 71-D/2016, publicado no 2.º Suplemento do Diário da República n.º 2, 2.ª Série, de 05-01-2016.Poderá obter informações adicionais em http://balcaovirtual.cm-porto.pt/PT/cidadaos/guiatematico/edu_emp/emp_at_prof/empregonaautarquia/procedimentosconcursaisadecorrer/Paginas/procedimentosconcursaisadecorrer.aspx.
Porto, 06 de janeiro de 2016
A Diretora de Departamento Municipal de Recursos HumanosSónia Cerqueira
32 PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016CLASSIFICADOSTel. 21 011 10 10/20 Fax 21 011 10 30De seg a sex das 09H às 19HSábado 11H às 17H
Edif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte,1350-352 Lisboa
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NOTIFICAÇÃOProcesso de contraordenação
n.º 57/2010Ao abrigo do disposto no artigo 411.º, n.º 2, parte fi nal, do Código dos Valores Mobiliários (CVM), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 486/99, de 13 de novembro, notifi ca-se Rogério Paulo Dias Seixas, titular do NIF 222.764.295, e com as últimas moradas conhecidas na Rua dos Ciprestes, n. º 66, 1.º Esquerdo, Charneca de Caparica e, também, na Rua Alexandre Cabral, n.º 4, 3.º Direito, Charneca de Caparica, da decisão de condenação em coima de € 7.500 proferida, em processo sumaríssimo, no processo de contraordenação n.º 57/2010, pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, por violação do artigo 292.º do CVM (publicidade a serviços de intermediação fi nanceira por entidade que não intermediário fi nanceiro ou agente vinculado), o que constitui uma contraordenação menos grave, punível com coima de € 2.500 a € 500.000, nos termos conjugados dos artigos 400.º, alínea a) e 388.º, n.º 1, alínea c) ambos do CVM.
A conduta do arguido consistiu, enquanto gerente da sociedade CMBN - Currency Markets Broker National, Lda., na promoção e publicitação do serviço de receção e execução de ordens por conta de outrem em instrumentos fi nanceiros (corretagem) numa página na internet, entre maio e julho de 2010.
Esta notifi cação através de anúncio é efetuada por não ter sido possível notifi car o Arguido por via postal, bem como através das autoridades policiais.
Informa-se o arguido que, nos termos do artigo 414.º, n.ºs 4 e 5 do CVM, lhe assiste o direito de recusar esta decisão, no prazo de cinco dias, e que a recusa ou silêncio do arguido neste prazo, o requerimento de qualquer diligência complementar ou o não pagamento da coima no prazo de dez dias sobre esta notifi cação, determinam o imediato prosseguimento do processo de contraordenação, fi cando sem efeito esta decisão. Informa-se ainda que poderá consultar e ter acesso a cópia da decisão nas instalações da CMVM.
Mais se informa que, nos termos do artigo 406.º, n.º 2 do CVM, “o produto das coimas e do benefício económico apreendido nos processos de contraordenação reverte integralmente para o Sistema de Indemnização aos Investidores”, criado pelo Decreto-Lei n.º 222/99, de 22 de junho, “independentemente da fase em que se torne defi nitiva ou transite em julgado a decisão condenatória”.
O Conselho de Administraçãoda Comissão do Mercado de Valores Mobiliários
Público, 07/01/2016
CARTA FECHADAINSOLVÊNCIA DE JORGE MANUEL BAPTISTA FROIS
Tribunal Judicial da Comarca de Santarém- Instância Central de Santarém
- Secção do Comércio - J2 - Proc. 833/09.2TBALR
Por determinação do Exmo. Sr. Dr. Administrador da Insolvência, vamos proceder à venda extrajudicial, com apresentação de propostas em car-ta fechada, do bem a seguir identifi cado:
BEM IMÓVELVerba 1: Fracção autónoma designada pela letra “J” do prédio urbano sito na Rua de São José, Bloco D, n.º 54, Fazendas de Almeirim, Almei-rim, destinado a estacionamento coberto no R/C, descrito na CRP de Almeirim sob a fi cha n.º 23 e inscrito na respectiva matriz sob o art.º 4455.º. Valor mínimo: 3.952,00€.
REGULAMENTO1. Os interessados deverão remeter sob pena de anulação as propos-
tas em carta fechada até ao dia 15.01.2016 e dirigidas à Leiloeira do Lena.
2. As propostas terão de conter: Identifi cação do proponente (nome ou denominação social, morada, n.º contribuinte, telefone, fax e email); valor oferecido por extenso e o envelope no exterior deve identifi car o nome e processo.
3. A proposta tem de vir acompanhada de cheque de 20% de sinal, valor da nossa comissão e o respectivo IVA.
4. A adjudicação será feita à proposta de maior valor e após parecer favorável do Administrador da Insolvência.
5. As propostas serão abertas no dia 20.01.2016 às 14h30m na sede da Leiloeira do Lena, Urb. Planalto, Lote 36 r/c Dt.º, Leiria e desde que exista mais do que um proponente, com propostas válidas de igual valor, os mesmos estão convidados a comparecer pessoalmente ou representados no dia da abertura das propostas acima indicado para licitarem entre si.
6. O imóvel é vendido no estado físico e jurídico em que se encontra.7. Será pago como sinal 20% no acto da adjudicação do imóvel e os
restantes 80% no dia da escritura.8. Ao valor da venda é acrescido a comissão de 5% para e respectivo
IVA referente aos serviços prestados pela Leiloeira do Lena, pagos com a adjudicação.
INFORMAÇÕES: tel: 244 822 230 / fax: 244 822 170 Rua do Vale Sepal Lote 36, r/c Dt.º
Urb. Planalto 2415-395 LEIRIASiga-nos no facebook
E-mail: [email protected] Site: www.leiloeiradolena.com
TRIBUNAL DE COMARCA DE LISBOAInst. Central - 1.ª Sec. Comércio Lisboa - J4
Processo: 1404/13.4TYLSBInsolvência de Pessoa Coletiva
Insolvente: Sociedade de Construções Rotacasa, Lda.Administrador Judicial: Dr. José Augusto Machado Ribeiro Gonçalves
ANÚNCIO(VENDA MEDIANTE PROPOSTAS EM CARTA FECHADA)
José Augusto Machado Ribeiro Gonçalves, nomeado administrador judicial no âmbito do processo supramencionado:FAZ SABER que foi designado o dia 20 de janeiro de 2016, pelas 15.30 horas, para a abertura de propostas em carta fechada que sejam entregues até esse momento, no seu domicílio profi ssional, sito na Avenida D. João II, Lote 1.06.2.5B, Parque das Nações, 1990-095 Lisboa, pelos interessados na compra das seguintes verbas:LOURES - CAMARATEVERBA SETE: Fração autónoma designada pela letra “D”, destinada a ha-bitação, sita na Quinta da Areeira, Lote 31, correspondente ao 1.º andar es-querdo, com um arrumo com a letra D e um lugar de estacionamento com a letra D, ambos na cave, do prédio urbano descrito na 2.ª Conservatória do Registo Predial de Loures sob o n.º 3407, freguesia de Camarate e inscrito na Matriz sob o artigo 7613 da U.F. de Camarate, Unhos e Apelação (anterior 5116 de Camarate), com um valor-base de venda de € 112.747,05.PALMELA - QUINTA DO ANJOVERBA VINTE E UM: Prédio urbano, composto por lote de terreno para cons-trução urbana, com área de 811,6m2, sito na Rua José Zeferino de Matos, Casal do Monte - Cabanas, Lote n.º 28, descrito na Conservatória do Registo Predial de Palmela sob o n.º 3300, freguesia de Quinta do Anjo e inscrito na Matriz sob o artigo 7937, com um valor-base de venda de € 81.200,00.MAÇÃO - CARDIGOSVERBA VINTE E TRÊS: Prédio rústico, sito em Cale Caneleiro, com área total de 440m2, composto por terra de cultura arvense, descrito na Conser-vatória do Registo Predial de Mação sob o n.º 641, freguesia de Cardigos e inscrito na Matriz sob o artigo 64, Secção C, com um valor-base de venda de € 220,00.As propostas em carta fechada deverão conter a indicação do processo de insolvência, o número da verba a licitar, devendo delas constar o nome, morada, fotocópia do documento de identifi cação civil e fotocópia do cartão de contribuinte do proponente. Os proponentes devem ainda juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado / bancário à ordem da Massa Insolvente de Sociedade de Construções Rotacasa, Lda., no montante cor-respondente a 20% do valor da proposta, ou garantia bancária do mesmo valor.As propostas deverão ser efetuadas por valor igual ou superior a 85% do valor-base de venda.Nota: O bem poderá ser visto no local, no dia 13 de janeiro de 2016 das 9.30 às 10.30 horas, mediante marcação prévia a estabelecer com o escritório do administrador judicial.Informações adicionais poderão ser obtidas junto do escritório do admi-nistrador judicial, via email [email protected], telefone 234371181 ou fax 234371188.Público, 07/01/2016 - 2.ª Pub.
Insolvência de “Cristina Del CármenLourenço Gata Gonçalves”
Processo n.º 4039/15.3T8LSB na Comarca de Lisboa,Inst. Central - 1.ª Sec. Comércio - J2 de Lisboa
Por determinação do Exmo. Administrador de Insolvência proceder-se-á à venda por negociação particular, dos bens que a seguir se identifi cam e que constam do respectivo auto de arrolamento e apreensão:Verba Um: Fracção autónoma designada pelas letras “EB” correspondente à loja 4, destinada a comércio, do prédio ur-bano sito na Rua Pinheiro Borges, n.º 22 a 22-C, descrito na Conservatória do Registo Predial de Amadora sob o n.º 30 e inscrito na matriz da freguesia de Alfragide sob o artigo 329, com o valor-base de € 16.762,00.Verba Dois: Fracção autónoma designada pelas letras “EZ” correspondente à loja 21, destinada a comércio, do prédio ur-bano sito na Rua Pinheiro Borges, n.º 22 a 22-C, descrito na Conservatória do Registo Predial de Amadora sob o n.º 30 e inscrito na matriz da freguesia de Alfragide sob o artigo 329, com o valor-base de € 11.177,10.Os interessados deverão manifestar por escrito o seu interes-se com indicação de nome ou denominação do proponente/interessado; morada; número de contribuinte; representante, em caso de pessoa colectiva, indicação de telefone e/ou email de contacto e valor oferecido por extenso, se for o caso, até às 17 horas do dia 19 de Janeiro de 2016, a qual deverá ser enviada para o Administrador de Insolvência:
Dr. Pedro Ortins de Bettencourt, Praceta Aldegalega, n.º 21, R/C Esq.º
2870-239 MontijoO imóvel será vendido no estado físico e jurídico em que se encontra, livres de ónus e encargos, sendo da responsabilida-de do comprador todos os custos relacionados com a venda. A escritura notarial será efectuada em data e hora a avisar ao comprador c/ a antecedência mínima de 15 dias.Esclarecimentos adicionais poderão ser prestados pelo Ad-ministrador de Insolvência, através do endereço de correio electrónico: [email protected]úblico, 07/01/2016
Insolvência de“Manuel Moreira Alves Monteiro”
Processo n.º 13344/13.2T2SNT no Juízo de Comércio de Sintra do Tribunal de Comarca da Grande Lisboa - Noroeste
Por determinação do Exmo. Administrador de Insolvência proceder-se-á à ven-da através de proposta por carta fechada, do bem que a seguir se identifi ca:Verba Única: Fracção autónoma designada pela letra “BD” do prédio urbano sito na Avenida Luís de Camões n.º 14, Santo António dos Cavaleiros, descrito na Conservatória do Registo Predial de Loures com o n.º 144, inscrito na matriz da freguesia de Santo António dos Cavaleiros sob o artigo 494, com o valor-base de € 57.058,82.REGULAMENTO:1 - Serão consideradas as propostas de valor não inferior a 85% do supra-indicado, recebidas, em envelope fechado, até às 17 horas do dia 19 de Janeiro de 2016.2 - A abertura das propostas será efectuada imediatamente após a hora indi-cada no número anterior.3 - Os envelopes contendo as propostas deverão ter a indicação na frente “Proposta de compra por carta fechada - Insolvência de Manuel Moreira Alves Monteiro - Proc. 13344/13.2T2SNT”, deverão ser acompanhadas de um che-que/caução de 5% do valor proposto e ser enviadas para o Administrador de Insolvência:
Dr. Pedro Ortins de Bettencourt, Praceta Aldegalega, n.º 21, R/C Esq.º
2870-239 Montijo4 - As propostas deverão conter: nome ou denominação do proponente; mora-da; número de contribuinte; representante, em caso de pessoa colectiva, indi-cação de telefone e/ou email de contacto e valor oferecido por extenso. 5 - Os imóveis serão vendidos no estado físico e jurídico em que se encontram, livres de ónus e encargos, sendo da responsabilidade do comprador todos os custos relacionados com a venda. 6 - A aceitação ou não aceitação da proposta será comunicada ao proponente de maior valor no prazo máximo de 30 dias após a abertura de propostas.7 - A escritura notarial será efectuada em data e hora a avisar ao comprador com a antecedência mínima de 15 dias.8 - Se não for possível realizar a escritura na data fi xada, por razões inerentes ao comprador, este perderá o sinal já entregue e atrás referido.9 - Se por motivos alheios à vontade do Administrador de Insolvência, nome-adamente exercício do direito de remissão ou de preferência, decisão de Co-missão de Credores ou decisão judicial, a venda for considerada sem efeito, as quantias recebidas serão devolvidas em singelo.Esclarecimentos adicionais poderão ser prestados pelo Administrador de Insol-vência, através do endereço de correio electrónico: [email protected]úblico, 07/01/2016
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O Despertar da Força M12. 12h40, 13h25, 15h45, 17h50, 20h40, 23h50, 00h10; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 12h50, 15h40, 18h50 (2D), 21h35, 00h15 (3D); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 20h50, 23h55; Hotel Transylvania 2 M6. 13h15, 15h45, 18h15 (V.Port./2D); Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h20, 15h55, 18h30 (V.Port./2D); Só Podiam Ser Irmãs M12. 20h55, 23h45; Solace: Premonições M12. 13h15, 16h05, 21h50, 00h20; Um Presente do Passado M16. 18h55; 007 Spectre M12. 21h55; A Viagem de Arlo M6. 13h25, 16h05 (V.Port./2D); O Leão da Estrela M12. 12h40, 15h25, 18h05, 21h15, 23h55; Diário de Uma Criada de Quarto M12. 19h; Amor Impossível M12. 18h35, 21h30, 00h25; 99 Casas M12. 13h30, 16h20, 21h25, 00h10; Heidi M6. 13h35, 16h10, 18h50 (V.Port./2D)
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99 CasasDe Ramin Bahrani. Com Andrew Garfield, Michael Shannon, Laura Dern, Clancy Brown. EUA. 2014. 112m. Drama. M12. Recentemente desempregado
e a atravessar um momento
difícil, Dennis Nash vive com o
fi lho pequeno e a mãe. Um dia
é-lhe anunciado que foi alvo
de penhora e que tem apenas
algumas horas para abandonar
a casa onde vive. Rick Carver,
o responsável pelo despejo, é
um homem implacável que fez
fortuna no negócio de penhoras.
Ao perceber o seu desespero,
Carver propõe-lhe que trabalhe
para si. Esta proposta, apesar
da aversão que lhe causa - pois
obriga-o a despejar outras
famílias -, é a luz ao fundo do
túnel que precisava.
Foxfire - Raposas de FogoDe Laurent Cantet. Com Raven Adamson, Katie Coseni, Madeleine Bisson. CAN/FRA. 2012. 143m. Drama. Nova Iorque, década de 1950.
Várias raparigas decidem juntar-
se e criar um grupo a que dão
o nome de Foxfi re. Cada uma
delas possui uma tatuagem que
as identifi ca e as liga àquilo em
que acreditam. O que pretendem
é libertar-se da opressão de uma
sociedade machista que pouco
valoriza o sexo feminino. Assim,
de forma a marcar posição,
decidem usar de todos os
métodos para se vingarem das
humilhações sofridas nas mãos
dos homens...
HeidiDe Alain Gsponer. Com Anuk Steffen, Bruno Ganz, Katharina Schüttler, Jella Haase. ALE/SUI. 2015. 106m. M6. Após a morte dos pais, a pequena
Heidi vai viver para os Alpes com
o avô, um homem solitário e de
poucas palavras. Apesar de, a
princípio, se sentirem distantes e
de a energia típica de uma criança
vir alterar a paz a que o velho se
acostumou, depressa nasce entre
eles um entendimento profundo.
Até que um dia a tia decide
levá-la para a cidade, para que
faça companhia a uma menina
paraplégica confi nada a uma
cadeira de rodas. Porém, com
o passar do tempo, as saudades
tornam-se cada vez mais difíceis
de suportar...
JoyDe David O. Russell. Com Jennifer Lawrence, Bradley Cooper, Robert De Niro. EUA. 2015. 124m. Drama, Biografia. M12. Criativa e decidida, Joy esforça-
se por conciliar a difícil vida de
mãe solteira com a de inventora.
Um dia descobre algo inovador
que lhe abre as portas para o
sucesso. Porém, ao mesmo
tempo que ganha notoriedade
e se transforma numa das mais
bem-sucedidas empresárias dos
EUA, vê-se obrigada a enfrentar
a traição, a falsidade e a falta de
generosidade dos que lhe são
próximos.
Point Break - Caçadores de EmoçõesDe Ericson Core. Com Teresa Palmer, Luke Bracey, Édgar Ramírez. ALE/EUA/China. 2015. 113m. Thriller, Acção. M12. Utah é um jovem agente do FBI
cuja missão é infi ltrar-se num
grupo de surfi stas suspeito de
uma série de assaltos no Sul da
Califórnia (EUA). Mas depressa
se sente seduzido pelo líder
do grupo, Bodhi, um homem
generoso e totalmente viciado em
adrenalina, que está disposto a
tudo para estar bem com a vida
e sentir fortes emoções. Por seu
lado, Bodhi aprende a gostar dele,
integrando-o no grupo como um
dos seus.
99 Casas
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | 35
A s AS ESTRELAS DO PÚBLICO
JorgeMourinha
Luís M. Oliveira
Vasco Câmara
a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente
Coração de Cão mmmmm mmmmm mmmmm
Creed — O Legado de Rocky mmmmm mmmmm –Diário de uma Criada de Quarto mmmmm – –Foxfire - Raposas de Fogo – mmmmm mmmmm
Joy mmmmm – –Minha Mãe mmmmm mmmmm mmmmm
99 Casas – mmmmm mmmmm
45 Anos mmmmm mmmmm mmmmm
A Rapariga Dinamarquesa mmmmm mmmmm mmmmm
Star Wars: O Despertar da Força mmmmm mmmmm mmmmm
21h40; Creed: O Legado de Rocky M12. 19h, 21h35
Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingEN 9, Alcabideche. T. 16996Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h20 (V.Port./2D); A Rapariga Dinamarquesa M12. 15h50, 18h30, 21h10, 23h50; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 12h40, 15h10, 17h50 (2D), 21h30, 00h20 (3D); Creed: O Legado de Rocky M12. 12h25, 15h20, 18h10, 21h, 24h; Joy M12. 12h50, 15h30, 18h20, 21h20, 00h10; Star Wars: O Despertar da Força M12. 12h30, 15h40, 18h50, 22h; Hotel Transylvania 2 M6. 13h10, 16h, 18h40 (V.Port./2D); Só Podiam Ser Irmãs M12. 20h50, 23h40; Solace: Premonições M12. 21h05, 23h30; Heidi M6. 13h, 15h35, 18h (V.Port./2D) O Cinema da Villa - CascaisAvenida Dom Pedro I, Lote 1/2. T. 215887311Foxfire - Raposas de Fogo M14. 14h15, 18h50, 21h30; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 14h30, 17h (V.Port./2D); Joy M12. 14h10, 16h35, 19h15, 21h30; A Rapariga Dinamarquesa M12. 14h, 16h40, 19h, 21h40; Creed: O Legado de Rocky M12. 16h30, 19h20, 21h50
Carcavelos Atlântida-CineR. Dr. Manuel Arriaga, C. C. Carcavelos (Junto à Estação de CP). T. 214565653A Rapariga Dinamarquesa M12. 17h; 45 Anos M12. 15h; Joy M12. 15h30, 21h30; A Juventude M12. 17h; 45 Anos M12. 15h
Sintra Cinema City BelouraQuinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643Amor Impossível M12. 19h20; 007 Spectre M12. 18h45, 21h40; A Rapariga Dinamarquesa M12. 15h10, 19h30, 21h50; Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h40, 18h30, 21h20 (2D), 16h (3D); Point Break - Caçadores de Emoções M12. 15h25, 17h30, 19h35, 21h40 (2D), 22h (3D); A Ponte dos Espiões M12. 21h45; O Principezinho M6. 17h35 (V.Port./2D); No Coração do Mar M12. 19h10; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 15h30, 17h30 (V.Port./2D); Creed: O Legado de Rocky M12. 16h10, 21h45; Joy M12. 16h, 18h50, 21h30; Heidi M6. 15h20, 17h35, 19h40 (V.Port./2D); Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789O Despertar da Mente M12. 15h50, 21h20 (2D), 18h40 (3D); Joy M12. 16h, 18h30, 21h40; Creed: O Legado de Rocky M12. 15h30, 18h20, 21h25; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 15h40, 21h30 (2D), 15h40, 18h50 (3D); Hotel Transylvania 2 M6. 15h20, 17h25 (V.Port./2D); A Rapariga Dinamarquesa M12. 19h15, 21h45; A Viagem de Arlo M6. 17h; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 15h (V.Port./2D); Só Podiam Ser Irmãs M12. 19h10; Solace: Premonições M12. 21h50; Amor Impossível M12. 21h50; Heidi M6. 15h10, 17h20, 19h20 (V.Port./2D)
Leiria Cineplace - Leiria ShoppingCC Leiria Shopping, IC2. Point Break - Caçadores de Emoções M12. 14h, 19h (3D), 16h30, 21h30 (2D); A Viagem de Arlo M6. 16h20 (V.Port.); Star Wars: O
Despertar da Força M12. 15h40, 21h20 (2D), 12h50, 18h30 (3D); Só Podiam Ser Irmãs M12. 14h20, 19h20; Creed: O Legado de Rocky M12. 18h40, 21h30; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 15h30, 17h30, 19h30 (V.Port./2D); A Rapariga Dinamarquesa M12. 16h50, 21h50; Amor Impossível M12. 21h40; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 21h10; Hotel Transylvania 2 M6. 15h10, 17h10, 19h10 (V.Port./2D); Joy M12. 15h, 18h, 21h
Loures Cineplace - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003 - Centro Comercial Loures Shopping. Hotel Transylvania 2 M6. 15h10, 17h10, 19h10 (V.Port./2D); Amor Impossível M12. 21h10; Solace: Premonições M12. 14h40, 19h30; Creed: O Legado de Rocky M12. 16h50, 21h40; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 15h50, 17h50, 19h50 (V.Port./2D); Joy M12. 15h, 18h, 21h; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 14h, 19h (3D), 16h30, 21h30 (2D); O Leão da Estrela M12. 22h10; Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h40, 18h30, 21h20; Só Podiam Ser Irmãs M12. 21h50; Heidi M6. 15h10, 17h30, 19h50 (V.Port./2D)
Montijo Cinemas Nos Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996Hotel Transylvania 2 M6. 13h40, 16h, 18h10 (V.Port./2D); Star Wars: O Despertar da Força M12. 12h30, 15h30, 18h30, 21h30; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 13h, 15h50, 18h20 (2D), 21h20 (3D); O Leão da Estrela M12. 21h10; No Coração do Mar M12. 21h; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h10, 15h20, 18h (V.Port./2D); Creed: O Legado de Rocky M12. 12h50, 15h40, 18h40, 21h40; Joy M12. 13h20, 16h10, 18h50, 21h45
Odivelas Cinemas Nos Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h, 18h, 20h50; Joy M12. 15h30, 18h20, 21h10; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 15h50 (V.Port./2D); Point Break - Caçadores de Emoções M12. 15h40,
18h40, 21h20; O Leão da Estrela M12. 21h30; Hotel Transylvania 2 M6. 15h20, 18h30 (V.Port./2D); Creed: O Legado de Rocky M12. 18h10, 21h
Oeiras Cinemas Nos Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Hotel Transylvania 2 M6. 12h55, 15h15, 18h (V.Port./2D); Amor Impossível M12. 21h, 24h; A Rapariga Dinamarquesa M12. 12h35, 15h30, 18h20, 21h15, 00h05; Joy M12. 12h40, 15h40, 18h30, 21h20, 00h15; Star Wars: O Despertar da Força M12. 12h20, 15h20, 18h25, 21h30, 00h30; Creed: O Legado de Rocky M12. 13h30, 16h30, 21h, 00h10; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 13h, 16h, 18h45 (2D), 21h40, 00h25 (3D); O Leão da Estrela M12. 21h45, 00h20; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h15, 15h50, 18h10 (V.Port./2D)
Miraflores Cinemas Nos Dolce Vita MirafloresAv. das Túlipas. T. 707 CINEMAA Última Noitada M12. 21h20; Hotel Transylvania 2 M6. 15h20, 17h40 (V.Port./2D); Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h, 18h, 21h; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 15h10, 17h30 (V.Port./2D); Só Podiam Ser Irmãs M12. 21h10; Joy M12. 15h30, 18h30, 21h30
Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h40, 21h20 (2D), 18h30 (3D); Hotel Transylvania 2 M6. 15h10, 19h15 (V.Port./ 2D); Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h, 17h10 (V.Port./2D); Creed: O Legado de Rocky M12. 21h30; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 13h10, 18h20 (3D), 21h40, 00h15 (2D)
Torres Vedras Cinemas Nos Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h30, 18h30, 21h30; Joy M12. 15h40, 18h25, 21h15; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 21h; Hotel Transylvania 2 M6. 16h10, 18h15 (V.Port./2D); Creed: O Legado de
Rocky M12. 16h, 18h50, 21h45; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 16h20, 19h (2D), 21h40 (3D)
Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789Hotel Transylvania 2 M6. 14h50, 18h50 (V.Port./2D); Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 16h50 (V.Port./2D); Amor Impossível M12. 21h; A Rapariga Dinamarquesa M12. 15h40, 18h20, 21h15; O Leão da Estrela M12. 21h45; Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h40, 21h10 (2D), 18h20 (3D); Heidi M6. 15h, 17h15, 19h30 (V.Port./2D); Creed: O Legado de Rocky M12. 15h50, 18h30, 21h20; Joy M12. 16h, 18h40, 21h30
Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446Foxfire - Raposas de Fogo M14. 18h
Seixal Cineplace - SeixalQta. Nova do Rio Judeu. Hotel Transylvania 2 M6. 15h50, 17h50, 19h50 (V.Port./2D); Um Presente do Passado M16. 21h50; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 14h, 19h (3D), 16h30, 21h30 (2D); No Coração do Mar M12. 16h20; A Viagem de Arlo M6. 15h30, 17h40 (V.Port./2D); Star Wars: O Despertar da Força M12. 15h40, 18h30, 21h20; Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 15h10, 17h10, 19h10 (V.Port./2D); Solace: Premonições M12. 19h50, 22h; Creed: O Legado de Rocky M12. 18h50, 21h40; Amor Impossível M12. 21h10; Joy M12. 15h, 18h, 21h
Faro Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Snoopy e Charlie Brown: Peanuts - O Filme M6. 13h20, 15h50, 18h10 (V.Port./2D); A Rapariga Dinamarquesa M12. 21h, 23h40; Creed: O Legado de Rocky M12. 12h40, 15h30, 18h25, 21h20, 00h05; Star Wars: O Despertar da Força M12. 12h30, 15h20, 18h15, 21h10, 24h; Joy M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h30, 00h15; Point Break - Caçadores de Emoções M12. 13h10, 16h, 18h40 (2D), 21h40, 00h10 (3D)
TEATROLisboaA BarracaLargo de Santos, 2. T. 213965360 Clarabóia Comp.: A Barraca. Enc. Maria do Céu Guerra. De 10/12 a 28/2. 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 16h e 21h30. Dom às 16h. Casino LisboaParque das Nações. T. 218929000 Três é Demais De 7/1 a 31/1. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/16. Duração: 90m. Teatro AbertoPraça de Espanha. T. 213880089 Boas Pessoas De David Lindsay-Abaire. Enc. Marta Dias. De 17/12 a 28/2. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/12. Teatro Armando CortezEstrada da Pontinha, 7. T. 217110890 Cinderela De Charles Perrault. Comp.: TIL - Teatro Infantil de Lisboa. Enc. Fernando Gomes. A partir de 17/10. Sáb e Dom às 15h.
3ª a 6ª às 11h e 14h30 (para escolas). M/3. Teatro da ComunaPraça de Espanha. T. 217221770 Depois o Silêncio De Arne Lygre. Enc. Álvaro Correia. De 6/1 a 17/1. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/16. Teatro da LuzLargo da Luz. T. 217120600 Auto da Barca do Inferno De Gil Vicente. Comp.: Companhia da Esquina. Enc. Sérgio Moura Afonso. De 1/1 a 30/6. 2ª a 6ª às 11h e 14h (para escolas). Ulisses De Homero (a partir). Comp.: Musgo Produção Cultural. Enc. Mário Trigo. De 1/10 a 30/6. 2ª a 6ª às 11h e 14h (para escolas). M/6. Duração: 60m. Teatro da PolitécnicaRua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 Quarteto Comp.: Heiner Müller. Enc. Jorge Silva Melo. De 6/1 a 13/2. 3ª e 4ª às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h. Teatro da TrindadeLargo da Trindade, 7A. T. 213420000 Na Ponta da Língua Com Salvador Martinha. Até 16/1. 5ª a Sáb às 21h30. M/16. Teatro Maria VitóriaAv. da Liberdade (Parq. Mayer). T. 213461740 Revista Quer... É Parque Mayer! De Mário Raínho, Flávio Gil. Enc. Mário Raínho. Coreog. José Carlos Mascarenhas. A partir de 29/10. 5ª e 6ª às 21h30. Sáb e Dom às 16h30 e 21h30. M/12. Teatro Municipal São LuizR. António Maria Cardoso, 38. T. 213257650 Ruínas De Lynn Nottage. Enc. António Pires. Mús. Kalaf. De 6/1 a 16/1. 3ª a Sáb às 21h. Dom às 17h30 (na Sala Principal). M/16. Teatro PoliteamaR. Portas de Santo Antão, 109. T. 213405700 A República das Bananas De Filipe La Féria. Maestro Mário Rui, Telmo Lopes. Enc. Filipe La Féria. A partir de 30/9. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 17h e 21h30. Dom às 17h. Teatro Tivoli BBVAAvenida da Liberdade, 182. T. 213572025 Plaza Suite Enc. Adriano Luz. De 7/1 a 17/1. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/12. Teatro TurimEstrada de Benfica, 723A. T. 217606666 Ramboia Enc. Paulo Barbosa. Coreog. Ruben Saints. Até 16/1. 5ª a Sáb às 21h30. . Teatro-Estúdio Mário ViegasLargo do Picadeiro. T. 213257650 Matei Por Amor De Nuno Gil. Enc. Nuno Gil. Coreog. Vera Mantero. Até 10/1. Todos os dias às 21h.
EstorilCasino EstorilAvenida Dr. Stlanley Ho. T. 214667700 O Meu Vizinho é Judeu Enc. Beatriz Batarda. Até 31/1. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/12.
EXPOSIÇÕESLisboa3 + 1 Arte ContemporâneaRua António Maria Cardoso, 31. T. 210170765 Banhados pela luz brilhante do pôr do sol De Carlos Noronha Feio. De 13/11 a 16/1. 3ª a 6ª das 14h às 20h. Sáb das 11h às 16h. Pintura, Desenho. A MontraCalçada da Estrela, 132. T. 213954401 Coda De Vasco Futscher. De 5/12 a 17/1. Todos os dias 24h. Instalação, Outros. Arquivo FotográficoRua da Palma, 246. T. 218844060 Mi.nús.cu.lo De Eduardo Portugal. De 25/9 a 23/1. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Fotografia.
A pianista Joana Gama assinala os 150 anos do nascimento de Erik Satie com um recital onde interpreta obras do compositor francês e de autores como John Cage, Carlos Marecos, Arvo Pärt, John Adams ou Alexander Scriabin, que com ele partilham o interesse pela “desformalização” da música. O encontro, transmitido em directo pela Antena 2, está marcado para hoje, às 19h, na Sala Luís de Freitas Branco do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, com bilhetes a 5€.
Por SatieEDUARDO BRITO
36 | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
Fading, pintura de Paiva Raposo no Centro Cultural Palácio do Egipto
DR
SAIRBaginski Galeria/ProjectosR. Capitão Leitão, 51/53. T. 213970719 Perseguindo o Invisível De Lúcia Prancha. De 18/11 a 8/1. 3ª a Sáb das 14h às 20h. Desenho, Fotografia, Vídeo, Outros. Biblioteca Municipal de São LázaroRua do Saco, 1. T. 218852672 Presépios de Natal De 7/12 a 7/1. 3ª a 6ª das 11h às 19h. 2ª das 11h às 13h e das 14h às 19h. Sáb das 11h às 18h. Objectos. Cristina Guerra - Contemporary ArtR. Santo António à Estrela, 33. T. 213959559 Captura Transitória De Diogo Pimentão. De 20/11 a 9/1. 3ª a 6ª das 12h às 20h. Sáb das 15h às 20h. Escultura, Desenho. Edifício TransBoavistaRua da Boavista, 84. T. 213433259 Geração 2015. Proyectos de arte Fundación Montemadrid De vários autores. De 19/11 a 17/1. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Vídeo, Fotografia, Escultura, Pintura, Desenho. I stood up and... never sat down again De vários autores. De 19/11 a 17/1. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Outros. Pierre Larauza, Cazenga vs Luanda De 19/11 a 17/1. 4ª a Sáb das 14h às 19h. Fotografia. Fundação Arpad Szenes - Vieira da SilvaPraça das Amoreiras, 56. T. 213880044 No Atelier De Teresa Magalhães. De 30/9 a 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura, Desenho. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 Calouste S. Gulbenkian e o Gosto Inglês De 27/11 a 28/3. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Pintura. D. Manuel II e os livros de Camões De 13/11 a 15/2. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Documental, Objectos. Os Magos do Oriente. Miniaturas da Colecção Calouste Gulbenkian De 2/12 a 1/2. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Objectos. Wentworth-Fitzwilliam. Uma Colecção Inglesa De Philip de Laszlo, Sir Joshua Reynolds, Sir Anton van Dyck, entre outros. De 27/11 a 28/3. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Pintura. Galeria Av. da ÍndiaAvenida da Índia, 170. T. 218170847 Retornar - Traços de Memória De 4/11 a 28/2. 3ª a 6ª das 10h às 13h e das 14h às 18h. Sáb e Dom das 14h às 18h. Fotografia, Outros.
Évora
Fundação Eugénio de AlmeidaPáteo de São Miguel. T. 266748300 Ah, Finalmente, Natureza De Gabriela Albergaria. De 19/9 a 10/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Instalação, Desenho. Departamento dos Futuros Abandonados De Joachim Koester. De 19/9 a 10/1. 3ª a Dom das 10h às 19h. Instalação, Vídeo. Micro-eventos ou a Possibilidade de nos Equivocarmos De Nicolás Paris. De 18/4 a 1/4. 3ª a Dom das 10h às 18h. Outros. Prece Geral De Daniel Blaufuks. De 7/11 a 10/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Fotografia.
OeirasCentro Cultural Palácio do EgiptoRua Álvaro António dos Santos. T. 214408781 Fading De Paiva Raposo. De 11/12 a 17/1. 3ª a Dom das 12h às 18h. Pintura.
Vila Nova da BarquinhaVila Nova da Barquinha Parque de Escultura Contemporânea Almourol De Ângela Ferreira, Alberto Carneiro, Cristina Ataíde, Carlos Nogueira, Fernanda Fragateiro, Joana Vasconcelos, José Pedro Croft, Pedro Cabrita Reis, Rui Chafes, Zulmiro Carvalho, Xana. A partir de 6/7. Todos os dias. Escultura.
MÚSICALisboaCasino LisboaParque das Nações. T. 218929000 The Peakles Hoje às 21h (Arena Lounge). Centro Cultural de BelémPraça do Império. T. 213612400 Joana Gama . Hoje às 19h. Satie.150: 150 anos do nascimento de Erik Satie. Hot Clube de PortugalPraça da Alegria, 48. T. 213619740 João Barradas De 7/1 a 9/1. 5ª a Sáb às 22h30 e 24h. Directions.
Lux FrágilAv. Infante D. Henrique - Armazém A (Cais da Pedra a Santa Apolónia). T. 218820890 C.R.E.A.M.: DJ Glue + DJ Ride + Stereossauro + Holly Hoje às 23h45. Sabotage ClubRua de São Paulo, 16. T. 213470235 Lucky Lupe + Rick Montalvor + KDM + David Polido Hoje às 22h30. Teatro IbéricoRua de Xabregas, 54. T. 218682531 Pepito Enc. Laureano Carreira. Até 17/1. 5ª a Sáb às 21h30 (dias 7, 8, 9 e 15). Dom às 17h .
EstorilCasino EstorilAvenida Dr. Stlanley Ho. T. 214667700 Bárbara Lagido Quarteto Hoje às 22h30
OuriqueCine-Teatro Sousa TellesOurique. T. 286512794 Orquestra Clássica do Sul Hoje às 21h. Concerto de Reis - Lendas e Personagens.
DANÇAAmadoraCentro Comercial Alegro AlfragideAv. dos Cavaleiros. T. 217125403 A Branca de Neve no Gelo Enc. João A. Guimarães. De 20/11 a 10/1. Todos os dias (vários horários).
CIRCOLisboaLisboa Circo Chen De 27/11 a 17/1. Todos os dias (vários horários, na Avenida da Índia). Parque das NaçõesRecinto da Expo 98. Circo Victor Hugo Cardinali De 27/11 a 10/1. Todos os dias (vários horários).
SAIRGaleria BangbangRua Dr. Almeida Amaral, 30B. T. 213148018 Selected Stories De Catarina Lira Pereira. De 21/11 a 9/1. 3ª a Sáb das 12h30 às 20h. Pintura. Selected Stories De Catarina Lira Pereira. De 4/12 a 16/1. 3ª a Sáb das 12h30 às 20h. Outros. Galeria Belo-GalstererR. Castilho 71, RC, Esq. T. 213815891 Dangerous Looking-Back De Mel O’Callaghan. De 26/11 a 30/1. 3ª a 6ª das 12h às 19h. Sáb das 14h às 19h. Vídeo, Fotografia. Scriptorium De Ramiro Guerreiro. De 26/11 a 30/1. 3ª a 6ª das 12h às 19h. Sáb das 14h às 19h. Instalação. Galeria das SalgadeirasRua da Atalaia nºs 12 a 16. T. 213460881 Das sombras e do nevoeiro De Joanna Latka. De 21/11 a 9/1. 3ª a Sáb das 15h às 21h. Desenho, Obra Gráfica. Galeria Filomena SoaresRua da Manutenção, 80. T. 218624122 A Última Carta ao Pai Natal De Igor Jesus. De 26/11 a 16/1. 3ª a Sáb das 10h às 20h. Instalação, Vídeo, Escultura, Fotografia. Galeria João Esteves de OliveiraRua Ivens, 38. T. 213259940 Página Sagrada De Álvaro Siza. De 12/11 a 7/1. 3ª a 6ª das 11h às 19h30. Sáb das 11h às 13h30 e das 15h às 19h30. 2ª das 15h às 19h30. Desenho. Galeria MillenniumRua Augusta, nº84. Within Light. Inside Glass De vários autores. De 16/9 a 9/1. 2ª a Sáb das 10h às 18h. Objectos, Instalação. Galeria São MamedeRua da Escola Politécnica, 167. T. 213973255 O Gesto e o Espaço De Gonzalez Bravo. De 26/11 a 20/1. 2ª a 6ª das 11h às 20h. Sáb das 11h às 19h. Pintura. Palácio Nacional da AjudaLargo da Ajuda. T. 213637095 Tirée par... a Rainha D. Amélia e a Fotografia De 30/9 a 20/1. 2ª, 3ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h (última entrada às 17h30). Fotografia, Documental. Vera Cortês - Agência de ArteAvenida 24 de Julho, 54 - 1ºE. T. 213950177 Wilderness De Nuno da Luz. De 20/11 a 16/1. 3ª a Sáb das 14h às 19h. Instalação, Outros.
AlgésCentro de Arte Manuel de Brito - Palácio dos AnjosAlameda Hermano Patrone . T. 214111400 Os Artistas do KWY na Colecção Manuel de Brito De Lourdes Castro, entre outros. De 24/9 a 24/3. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb e Dom das 12h às 18h. Pintura, Outros.
AlmadaCasa da Cerca - Centro de Arte ContemporâneaRua da Cerca (Almada Velha). T. 212724950 Espaços [Públicos] De Inês Lobo. De 17/10 a 31/1. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb e Dom das 13h às 18h. Arquitectura, Fotografia. Viagem Desenhada De Ricardo Cabral. De 26/9 a 10/1. 3ª a 6ª das 10h às 18h. Sáb e Dom das 13h às 18h. Ilustração, Banda Desenhada.
AmadoraBiblioteca Municipal Fernando Piteira SantosAv. Conde Castro Guimarães. T. 214369054 As Viagens Portuguesas e o Encontro de Civilizações De 16/3 a 29/1. 3ª a 6ª das 10h às 19h e das 20h às 00h. 2ª e Sáb das 10h às 18h e das 20h às 00h. Documental. BD Facebook - A culpa é do like De vários autores. De 26/11 a 31/3. 2ª e Sáb das 10h às 18h e das 20h às 00h. 3ª a 6ª das 10h às 19h e das 20h às 00h. BD, Ilustração, Desenho.
EstorilGaleria de Arte do Casino do EstorilPç José Teodoro dos Santos. T. 214667700 XXIX Salão de Outono De António Joaquim, entre outros. De 21/11 a 15/1. Todos os dias das 15h às 00h. Pintura.
FARMÁCIAS LisboaServiço PermanenteAscenso (Encarnação) - Praça do Norte, 11 - A - Tel. 218511216 Latina - Avenida António A Aguiar, 17-A - Tel. 213542312 Líbia (Alvalade) - Avenida da Igreja, 4 B - C - Tel. 218491681 Restelo (Restelo) - R. Duarte Pacheco Pereira, 11 - C - Tel. 213031650 Silmar (Hosp. S.José - Desterro) - Rua de São Lazaro, 128 - Tel. 218852829 Camões (Encarnação) - Praça Luis de Camões, 22-24 - Tel. 213473589
Outras LocalidadesServiço PermanenteAbrantes - Duarte Ferreira (Rossio ao Sul do Tejo) Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal - Alcacerense Alcanena - Correia Pinto Alcobaça - Magalhães Alcochete - Cavaquinha , Póvoas (Samouco) Alenquer - Varela Aljustrel - Pereira Almada - Vale Fetal, Galeno Almeirim - Barreto do Carmo Almodôvar - Ramos Alpiarça - Gameiro Alter do Chão - Alter , Portugal (Chança)
Alvaiázere - Ferreira da Gama , Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Jardim, Nunes, Remédios Ansião - Medeiros (Avelar) , Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista , Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva , Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Fidalguinhos Batalha - Ferraz , Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Silveira Suc. Belmonte - Costa , Central (Caria) Benavente - Miguens Bombarral - Hipodermia Borba - Carvalho Cortes Cadaval - Central , Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)) Caldas da Rainha - Rainha Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Central do Cartaxo Cascais - Alvide (Alvide) , Artur Brandão (Parede), Primavera (Parede) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Progresso Castelo de Vide
- Freixedas Castro Verde - Alentejana Chamusca - Joaquim Maria Cabeça Constância - Baptista, Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Almeida Covilhã - Crespo Crato - Misericórdia Cuba - Da Misericórdia Elvas - Moutta Entroncamento - António Lucas Estremoz - Carapeta Irmão Évora - Avó Faro - Helena Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Graciosa , Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda) , Correia Suc. Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Avenida Gavião - Gavião Golegã - Salgado Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova) , Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - Vieira Santos (Estombar) Lagos - Telo Loulé - Miguel Calçada , Pinheiro, Paula (Salir) Loures - Nacional , Rocha Santos Lourinhã - Marteleirense , Ribamar (Ribamar) Mação - Catarino Mafra - Barros (Igreja Nova) , Falcão (Vila Franca do Rosário) Marinha Grande - Moderna Marvão - Roque Pinto
Mértola - Pancada Moita - Aliança (Baixa da Banheira) Monchique - Higya Monforte - Jardim Montijo - Higiene Mora - Canelas Pais (Cabeção) , Falcão, Central (Pavia) Moura - Nataniel Pedro Mourão - Central Nazaré - Silvério , Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos) , Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Sena Belo , Aniceto Ferronha (Urb. Bons Dias - Odivelas) Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros) , Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Nobre Sousa Ourique - Nova (Garvão) , Ouriquense Palmela - de Palmela Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Central Pombal - Vilhena Ponte de Sor - Matos Fernandes Portalegre - Elvas Portel - Fialho Portimão - Rosa Nunes Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda , Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo - Xavier da Cunha Reguengos de Monsaraz - Martins Rio Maior - Central Salvaterra de Magos - Martins Santarém - Vitorino Santiago do Cacém - Barradas
São Brás de Alportel - São Brás Sardoal - Passarinho Serpa - Serpa Jardim Sertã - Lima da Silva , Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - de Santana (Santana) Setúbal - Costa , Monte Belo Silves - Guerreiro Sines - Atlântico , Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Clotilde Dias, Rodrigues Rato, Simões Lopes (Queluz) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano) , Andrade Tavira - Félix Franco Tomar - Central Torres Novas - Lima Torres Vedras - Simões Vendas Novas - Ribeiro Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Madragoa , Central de Alverca (Alverca), Roldão Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) , Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António - Pombalina Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha Alvito - Baronia Ansião - Moniz Nogueira Montemor-o-Novo - Sepúlveda Oeiras - Nova de Carnaxide (Carnaxide) Ourém - Avenida Redondo - Alentejo Seixal - Pinhal de Frades
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | 37
RTP 16.30 Bom Dia Portugal 10.00 A Praça - Directo 13.00 Jornal da Tarde 14.11 Os Nossos Dias 14.53 Agora Nós - Directo 18.00 Portugal em Directo 19.09 O Preço Certo 20.00 Telejornal 20.42 Debates Presidenciais 2016 21.18 Factura da Sorte 21.29 The Big Picture 22.28 Charlie: Hebdo: Três Dias Que Chocaram Paris 23.26 Terapia 00.03 Automobilismo: Rali Dakar 2016 00.24 Dexter 1.22 Ainda Bem Que Vieste! 2.04 Os Nossos Dias
RTP 207.00 Zig Zag 11.34 Tarbossauro, o Rei do Cretácico 12.23 O Mentalista 13.08 Viagem às Profundezas 14.00 Sociedade Civil - Vila Real 15.07 A Fé dos Homens 15.39 Euronews 16.09 Zig Zag 20.28 Cougar Town 21.00 Jornal 2 - Directo 21.47 Página 2 22.02 Revolução 22.50 Super Diva - Ópera para Todos - Hansel e Gretel - Engelbert Humperdink 23.34 Death of a Stasi Man 00.27 Rockefeller 30 00.50 No Ar - Moullinex (Luis Clara Gomes) 1.17 Olhar o Mundo 2.00 Universidade Aberta 2.22 Um Crime, Um Castigo 3.17 Sociedade Civil - Natal: Consumo e Gastronomia 4.21 Euronews
SIC6.15 Violetta 7.00 Edição da Manhã 08.30 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.15 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.45 Dancin Days 16.00 Grande Tarde 18.35 Babilónia 20.00 Jornal da Noite 21.40 Coração d´Ouro 22.50 Poderosas 23.55 A Regra do Jogo 1.00 Ray Donovan 2.00 Cartaz Cultural 2.40 Podia Acabar o Mundo
TVI06.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.43 Mundo Meu 16.00 A Tarde é Sua 19.30 A Quinta - Diário 20.00 Jornal das 8 21.40 A Única Mulher 22.57 Santa Bárbara 23.55 A Quinta - Extra 00.56 Eureka 1.48 Autores 2.50 Fascínios 3.50 Sonhos Traídos
TVC19.05 A Mamã, os Rapazes e Eu! 10.30 Intruso Suspeito 11.55 Por Falar de Amor 13.50 Noite de Folga 15.30 A Felicidade Nunca Vem Só 17.20 À Noite No Museu: O Segredo do Faraó 19.00 Mil e Uma Maneiras de Bater as Botas 21.00 Próximo Plano 21.30 Paddington (V.O.) 23.05 Divergente 1.20 À Noite No Museu: O Segredo do Faraó 3.00 Mil e
Uma Maneiras de Bater as Botas 05.00 Paddington (V.O.)
FOX MOVIES9.10 Legalmente Loira 2 10.43 Profundo Azul 12.30 Os Fugitivos de Alcatraz 14.19 A Idade da Inocência 16.28 A Mulher do Viajante no Tempo 18.05 Giras e Terríveis 19.40 Dinheiro Vivo 21.15 O Regresso do Ninja Americano 22.43 Um Ninja Americano 00.16 Sin City - A Cidade do Pecado 2.23 Expiação 4.27 Os Cavaleiros do Asfalto
HOLLYWOOD9.20 Mentes Perigosas 10.55 Um Dia de Doidos 12.30 Ratatui (V.P.) 14.20 The Final Cut - A Última Memória 16.00 Sim! 17.45 Sinais 19.35 O Cume de Dante 21.30 Os Vingadores 23.55 Jovem Procura Companheira 1.50 RocknRolla: A Quadrilha 3.50 Hollywood News Feed 4.05 Perseguido Pelo Passado
AXN13.33 O Mentalista 14.23 Inesquecível 16.03 Investigação Criminal 17.49 O Mentalista 19.29 Inesquecível 21.17 C.S.I. 22.15 Como Defender Um Assassino 23.13 C.S.I. 01.01 Investigação Criminal 02.32 O Mentalista 03.59 C.S.I. Nova Iorque 5.27 Como Defender Um Assassino
AXN BLACK14.28 Fast Track - Velocidade Sem Limites 16.06 8mm 18.05 Os Filhos de Huang Shi 20.09 O Elo do Amor 22.00 Babel 00.17 Batalha em Seattle 1.52 Os Filhos de Huang Shi 3.54 O Elo do Amor 5.43 Babel
AXN WHITE14.16 Trocadas à Nascença 15.01 Pequenas Mentirosas 15.46 Radio 17.30 Família de Acolhimento 19.04 Gossip Girl 19.52 Doutora no Alabama 20.40 Criadas e Malvadas 21.30 Radio 23.16 Corrigindo Beethoven 00.57 Criadas e Malvadas 1.42 Gossip Girl 2.27 Doutora no Alabama 3.12 Descobrindo Nina 4.42 Trocadas à Nascença 5.27 Gossip Girl
FOX13.19 Sob Suspeita 14.05 Hawai Força Especial 15.45 Investigação Criminal: Los Angeles 17.25 Sob Suspeita
19.04 Investigação Criminal: Los Angeles 20.38 Hawai Força Especial 23.10 Scorpion 00.09 Investigação Criminal: Los Angeles 00.55 Hawai Força Especial 1.53 Sob Suspeita 3.25 Spartacus: A Vingança
FOX LIFE13.31 A Patologista 14.18 Secrets of the Summer House 15.48 A Patologista 17.22 The Surrogacy Trap 18.56 Rizzoli & Isles 19.39 A Patologista 21.27 Rizzoli & Isles 22.20 Code Black 23.07 Power 00.05 Ties That Bind 01.38 My Kitchen Rules 2.40 Em Contacto 4.22 Power 5.07 Scandal
DISNEY15.05 Aladdin 15.30 Aladdin 15.55 Gravity Falls 16.20 Os 7A 16.31 Os 7A 16.45 Galáxia Wander 17.10 Phineas e Ferb 17.20 Phineas e Ferb 17.35 Littlest Pet Shop 18.00 Violetta 19.20 Liv e Maddie 19.44 Austin & Ally 20.05 The Next Step 20.30 Violetta - A Viagem 22.14 O Meu Cão Tem um Blog 22.35 Randy Cunningham: Ninja Total 22.57 Rekkit Rabbit 23.20 Casper - O Fantasminha 23.45 Randy Cunningham: Ninja Total 00.10 Sabrina: Segredos de uma Bruxa 00.33 Casper - O Fantasminha
DISCOVERY17.30 Monstros do Rio: O Refúgio dos Gigantes 18.20 A Febre do Ouro - América do Sul 19.15 A Febre do Ouro - América do Sul 20.05 Overhaulin’ 21.00 Jóias sobre Rodas 22.55 Corridas Ilegais 23.50 Overhaulin’ 00.40 Jóias sobre Rodas 2.20 Mestres do Restauro 4.35 Perdido, Vendido
HISTÓRIA17.00 O Universo: Enigmas Ancestrais 17.43 Caça Tesouros 19.12 O Preço da História 2.17 Alienígenas 3.02 O Universo: Enigmas Ancestrais 3.47 Restauradores 4.29 Restauradores
ODISSEIA17.08 Rude Tube 17.34 Descobrindo os Macacos 18.23 Planeta Terra 19.14 Planeta Humano 20.03 Lugares Frenéticos 20.49 Rude Tube 22.30 Eco Warriors 23.15 Decifrando o Estado Islâmico 00.07 Rude Tube 1.49 Eco Warriors 2.34 Os Tontos Mais Loucos 3.00 Os Tontos Mais Loucos 3.28 Descobrindo os Macacos 4.18 Natureza Letal 360
FICAR
CINEMASim! [Yes Man]Hollywood, 16h00Carl Allen ( Jim Carrey) está preso
numa rotina de negatividade,
afastando-se dos amigos e do
mundo em geral. Tudo isso
muda quando, a contragosto,
participa num seminário de
auto-ajuda que acredita no poder
do “Sim”, no sentido de aceitar
novas experiências, mesmo que
relutantemente. Ao abraçar esta
nova perspectiva, a vida de Carl
transforma-se, especialmente
ao conhecer Allison (Zooey
Deschanel), mas falta-lhe
encontrar algum equilíbrio.
A Revista de Goldwyn [The Goldwyn Follies]TVC2, 22h00Foi o primeiro fi lme produzido
por Samuel Goldwyn com a
tecnologia Technicolor e o ú ltimo
com banda sonora de George
Gershwin. A Revista de Goldwyn
é um musical que segue todos
os câ nones do gé nero, sobre um
produtor que escolhe uma bela
mulher para ser a avaliadora dos
seus fi lmes, de forma a testá -
los e certifi car-se de que está a
corresponder aos desejos das
audiências.
DOCUMENTÁRIOS
Charlie Hebdo: Três Dias Que Chocaram Paris [Charlie Hebdo: Three Days That Shook Paris]RTP1, 22h28A 7 de Janeiro de 2015, dois
extremistas islâmicos armados
forçaram a entrada na redacção
da revista satírica francesa
Charlie Hebdo e abriram fogo,
tendo morto 12 pessoas e ferido
11. No dia em que se assinala a
passagem de um ano sobre o
acontecimento, ocorre a emissão
do documentário Charlie Hebdo:
Três Dias Que Chocaram Paris,
que narra não só a fatídica
história do massacre, mas
também o ambiente generalizado
de pânico que se viveu em Paris,
na altura.
Death of a Stasi ManRTP2, 23h34Estreia do docudrama Death of a
Stasi Man, sobre Werner Teske,
que foi o último cidadão a ser
executado na RDA (República
Democrática Alemã, Oriental) por
tentar fugir para a RFA (República
Federal da Alemanha, Ocidental).
Werner Teske era um brilhante
estudante de Economia, bem
como um comunista convicto.
Durante a sua estadia na
universidade, colaborou com a
Stasi, a polícia secreta da RDA. Em
1981, desiludido, decidiu desertar.
Como consequência, foi preso e
condenado à morte.
SÉRIE
Blunt TalkTVS, 22h30Walter Blunt (Patrick Stewart),
emigrante britânico que se
mudou para Los Angeles (EUA),
quer conquistar o mundo das
notícias na televisão por cabo
norte-americana. Enquanto pivot
do seu programa de informação,
Blunt Talk, Blunt oferece a sua
sabedoria no sentido de guiar
e mudar o estilo de vida dos
americanos. E se o seu sotaque
inglês traz à memória a imagem
de um homem conservador e
recatado, Walter Blunt revela-se
tudo menos isso. O jornalista
bebe de mais, consome drogas,
envolve-se com mulheres casadas,
e, mesmo assim, revela-se
irresistível.
ENTRETENIMENTO
Overhaulin’Discovery, 21h05A nova temporada do programa
de restauro de carros apresentado
pelo restaurador Chip Foose
estreia-se com um episódio que
conta a visita do actor Johnny
Depp. Depp vai deixar nas mãos
de Foose um Ford Mustang de
68 que pertence à sua esposa,
a actriz Amber Heard. Após ter
sido alvo de dois roubos, este
carro clássico apresenta-se em
mau estado e necessita de uma
intervenção profunda.
INFORMAÇÃO
Debates Presidenciais 2016RTP1, 20h42Os candidatos Maria de Belém,
Vitorino Silva, Cândido Ferreira
e Jorge Sequeira encontram-se
para um debate sobre as suas
propostas eleitorais.
No Ar, RTP2, 00h50
Os mais vistos da TVTerça-feira, 05
FONTE: CAEM
TVITVISICSIC
RTP1
16,313,212,811,010,3
Aud.% Share
32,327,225,422,822,1
RTP1
RTP2
SICTVI
Cabo
A Única Mulher IIJornal das 8Coraçao D'ouroJornal da NoiteTelejornal
14,5%1,6
17,825,5
30,4
No Ar, RTP2, 0
38 | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
JOGOSCRUZADAS 9396
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Viana do Castelo
Braga13º 16º
Porto15º 16º
Vila Real12º 14º
15º 16º
Bragança11º 13º
Guarda8º 11º
Penha Douradas6º 8º
Viseu11º 13º
Aveiro15º 18º
Coimbra14º 16º
Leiria15º 17º
Santarém14º 17º
Portalegre11º 12º
Lisboa15º 17º
Setúbal13º 18º Évora
11º 15º
Beja11º 16º
Castelo Branco12º 15º
Sines15º 17º
Sagres16º 18º
Faro15º 18º
Corvo
Graciosa
FaialPico
S. Jorge
S. Miguel
Porto Santo
Sta Maria
12º 15º
12º 16º
Flores
Terceira12º 16º
13º 19º
14º 20º
13º 17º
16º
18º
07h55
Nova
17h31
01h3010 Jan.
1-2m
3-4m
16º
3-4m
20º1-1,5m
19º 1,5-2,5m
13h12 2,901h31* 3,1
07h03 1,019h19 1,0
12h48 2,901h10* 3,1
06h31 1,118h43 1,0
4-5m
3-4m
4m
17º
16º
17º
12h47 3,001h07* 3,2
06h39 1,218h52 1,1
12h47 3,001h07* 3,2
06h39 1,218h52 1,1
Horizontais: 1. Porção de um todo. Referente à Arábia. 2. Que não tem fim. Cerúleo. 3. Substância escura que cer-tos moluscos cefalópodes, como o cho-co, produzem e que é empregada em pintura. Lugar de refúgio. 4. Autoridade Tributária e Aduaneira. Cada um dos ca-bos fixos na proa, que aguentam a mas-treação do navio para vante. 5. Redução das formas linguísticas “a” e “o” numa só. Juntei. Símbolo de miliampere. 6. Do lado norte. Conjunto de atuns. 7. Relativo aos campos cultivados. Atender. 8. Soberano. Estão em fogo. 9 – Prefixo (amigo). Forma que a Web uti-liza para especificação dos endereços na Internet (Uniform Resource Locator). Cálcio (s.q.). 10. Atmosfera. Contundido. 11. Casaco curto de abas. Adição.
Verticais: 1. Apanha na água (o peixe). Respirar com dificuldade. 2. Preposição que designa limite. Cada uma das abe-lhas de uma colmeia, dirigidas pela abe-lha-mestra. 3. Cabelo raro e delgado. Curral de ovelhas. 4. Mói. Prefixo (om-bro). 5. Eia! (interj.). Redução das formas linguísticas “em” e “ela” numa só. Prefixo que exprime a ideia de privação. 6. Interjeição que se emprega para excitar ou animar. Sulco na pele. 7. Elas. Latido. 8. Vestígio. Rolo cilíndrico de cera, que contém interiormente um pavio e que serve para dar luz (pl.). 9. Acidez do es-tômago. Termo. República Dominicana (domínio de Internet). 10. Sensação constante de fome. Preposição que indi-ca companhia. 11. Ligação (fig.). Grande artéria.
Depois do problema resolvido en-contre o título de uma obra de Sándor Márai (6 palavras).
Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Ente. MADURA. 2. Nuance. Ámen. 3. Glutona. Aca. 4. Ao. Reuma. AT. 5. Des. Brama. 6. CI. Ovo. Ma. 7. DUAS. Espada. 8. Ut. Aar. Eros. 9. Realidade. 10. Ali. Sevilha. 11. Roaz. Seroar.Verticais: 1. Engar. Durar. 2. Nulo. Cutelo. 3. Tau. Dia. Aia. 4. ENTRE. Sal. 5. Coeso. Ais. 6. Menu. VERDES. 7. Ambos. Ave. 8. Dá. Ar. Pedir. 9. UMA. Amarelo. 10. Recamado. Ha. 11. Anata. Aspar.Provérbio: Entre duas verdes, uma madura.
Oeste Norte Este Sul1♥ X passo 2STpasso 3ST Todos passam
Leilão: Equipas ou partida livre.
Carteio: Saída: J♥. Qual a melhor linha de jogo?Solução: Sul dispõe de seis vazas diretas, contando com a Dama de copas após a saída, mas não pode perder mais do que uma vez a mão e Oeste tem certamente os dois ases que faltam (ele abriu o leilão). Logo que Oeste faça um dos seus ases, ele abrirá o naipe de copas e Sul terá de ter as suas nove vazas prontas a encaixar.O naipe de paus poderá oferecer duas vazas, mas apenas duas e isso não é su-ficiente para cumprir. As espadas, apa-rentemente, também só podem oferecer duas vazas, mas é o naipe certo a explorar em primeiro lugar. Mas atenção! Não par-ta de Dama de espadas, apresente o 7 de espadas (técnica de contratempo): Oeste não poderá prender de Ás impunemente. - Se Oeste prender já de Ás, terá à sua dis-posição três vazas a espadas, as suficien-tes para garantir o contrato. - Se Oeste jogar pequena, o Valete de es-padas faz a vaza – e tem já sete vazas – vire agora a sua atenção para o naipe de paus, para ir buscar as duas vazas que faltam.
Dador: OesteVul: Ninguém
Problema 6566 Dificuldade: fácil
Problema 6567 Dificuldade: difícil
Solução do problema 6564
Solução do problema 6565
NORTE♠ KJ43♥ 95♦ AK93♣ KQ6
SUL♠ Q7♥ AQ63♦ Q1085♣ J54
OESTE♠ A62♥ KJ1084♦ 42♣ A87
ESTE♠ 10985♥ 72♦ J76♣ 10932
João Fanha/Pedro Morbey ([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
Considere o seguinte leilão:Oeste Norte Este Sul 1STpasso 2♣ passo 2♠
passo 3♣ passo ?
O que marcaria em Sul, com cada uma das seguintes mãos?1. ♠KJ54 ♥KQ10 ♦AQ3 ♣J63 2. ♠Q8542 ♥KJ6 ♦AQ5 ♣K63. ♠A1062 ♥AJ8 ♦AQ ♣Q862 4. ♠K1064 ♥J84 ♦AQ6 ♣AQ8
Respostas: 1. 3ST – Esta voz de 3 paus é natural e for-cing de partida. O respondente deve ter uma razão forte para mostrar o seu menor, seja por ter uma dúvida quanto a jogar 3ST (por ter um singleton ou uma chica-na no outro menor), seja por ter ambições de jogar um cheleme nesse menor. Com esta mão, sejam quais forem as intenções do parceiro, com uma boa defesa a ouros e uns paus pouco convidativos, 3ST é cer-tamente o melhor contrato.2. 3ST – Poderia, pois claro, sugerir a voz de 3 espadas para mostrar o naipe de cinco cartas. Contudo, não há qualquer garantia de que um eventual fit 5-3 a es-padas venha a produzir o melhor resulta-do. As espadas são más e esse naipe não deverá ser empregue para os 3ST. Se hou-vesse alguma falha no naipe de ouros en-tão 3ST seria arriscado e a voz de 3 espa-das seria a mais indicada.3. 4♣ – Apesar da distribuição regular, es-ta mão é excelente para os paus: máxima, três ases e um bom fit de quatro cartas. Se o parceiro tinha alguma esperança de cheleme então estamos lá.4. 3♦ – Comece por anunciar a boa para-gem a ouros. Se o parceiro estava ape-nas na dúvida quanto a jogar 3ST, então essa dúvida deixa de existir, mas se for o caso de querer jogar cheleme então es-tamos interessados em conversar mais um pouco.
MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt/tempo
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | DESPORTO | 39
Bruno César teve uma estreia particularmente feliz com a camisola do Sporting
FRANCISCO LEONG/AFP
Sporting goleia Vitória em Setúbal e é mais líder do campeonato
O Sporting respira saúde neste arran-
que de 2016 e, em apenas cinco dias,
transformou uma desvantagem de
um ponto para o FC Porto na Liga nu-
ma liderança isolada, a quatro pontos
de distância dos dois mais directos
oponentes na luta pelo título. Depois
do triunfo frente aos “dragões” em
Alvalade (2-0), os “leões” foram a
Setúbal golear o Vitória, por 6-0, no
resultado mais desnivelado da equi-
pa de Jesus esta temporada.
Frente a um conjunto sadino que
ocupava o quinto posto da classi-
fi cação e que tem no ataque a sua
principal arma, o Sporting não só
conseguiu anular à nascença qual-
quer iniciativa ofensiva do adversá-
rio, como foi particularmente efi caz
na fi nalização. Em apenas uma hora
de jogo construiu cinco golos e mais
fi caram pelo caminho antes de en-
cerrar a contabilidade já nos instan-
tes fi nais do encontro.
Bruno César foi a surpresa de Jor-
ge Jesus para a partida do Bonfi m e
o ex-jogador do Benfi ca e do Estoril
mostrou ser um reforço de peso nes-
ta reabertura de Inverno do mercado
de transferências. Desviado para o
lado esquerdo do meio-campo, o bra-
sileiro mostrou estar perfeitamen-
te integrado nas rotinas da equipa.
Logo aos 18’, assistiu Slimani para o
primeiro golo dos “leões”, antes de
marcar ele próprio aos 41’ e 60’.
Para além de Bruno César, os lisbo-
etas apresentaram o seu “onze” mais
utilizado, sem poupanças, assumin-
do as difi culdades que esperavam en-
contrar em Setúbal, onde apenas o
Benfi ca tinha vencido nesta época
(4-2). A atitude da equipa foi propor-
cional à responsabilidade e tornou
fácil o que poderia ser complicado.
A pressionar muito alto, logo na pri-
meira fase de construção do Vitória,
os “leões” dominaram o adversário
e controlaram toda a partida, sem
qualquer sobressalto.
Ao intervalo, a vantagem de 2-0 era
perfeitamente natural, mas o Spor-
ting queria mais e não baixou o ritmo
para a segunda metade. Aos 52’, na
melhor jogada colectiva do ataque
dos lisboetas, Bryan Ruiz, lançado
por João Mário na esquerda, cruzou
para a cabeça de Slimani, que bisou
no encontro e encerrou todas as es-
peranças dos sadinos.
O Vitória chegou a prometer uma
partida mais disputada, mas não con-
seguiu disfarçar as fraquezas, nome-
adamente no sector mais recuado. O
Sporting explorou essa intranquili-
dade e os golos foram surgindo com
naturalidade e até com nota artísti-
ca, como aconteceu no quarto (58’),
após um grande remate de João Má-
rio. A contagem foi encerrada, aos
85’, por Aquilani (entrara aos 77’).
Crónica de jogoPaulo Curado
“Leões” somam oito golos em 2016 e ainda não sofreram nenhum. Slimani e Bruno César bisaram no Bonfi m, numa partida em que os lisboetas alcançaram o resultado mais desnivelado da temporada
Vitória de Setúbal 0
Sporting 6Slimani, Bruno César 41’, Slimani 52’, João Mário 58’, Bruno César 60’ e Aquilani 85’
Positivo/Negativo
Jogo no Estádio do Bonfim, em Setúbal.
Assistência 8500 espectadores
V. Setúbal Lukas Raeder, Toni Gorupec (William, 46’), Frederico Venâncio, Fábio Pacheco, Nuno Pinto, André Horta, Dani, Paulo Tavares (Vasco Costa, 46’), Costinha, André Claro (Arnold, 63’) e Suk. Treinador Quim Machado.
Sporting Rui Patrício, João Pereira, Paulo Oliveira, Naldo, Jeff erson, João Mário, Adrien Silva (Aquilani, 77’), William Carvalho, Bruno César (Gelson Martins, 70’), Bryan Ruiz (Matheus Pereira, 76’) e Slimani. Treinador Jorge
Bruno CésarUma grande estreia de “leão” ao peito, abrilhantada com dois golos e uma assistência. Demonstrou grande empatia com os restantes companheiros e será mais uma solução para Jesus.
Islam SlimaniMarcou os dois golos do triunfo frente ao FC Porto e voltou a bisar no Bonfim. Soma 16 em todas as competições (12 na Liga), mais um do que em toda a época passada.
João MárioMais uma grande exibição do jovem médio e não apenas pelo grande golo que apontou.
V. SetúbalIniciou a partida com mais golos marcados do que o Sporting no campeonato, mas desta vez o seu ataque não teve oportunidades frente à melhor defesa da prova. Na realidade, acabou por ser um adversário dócil.
REACÇÕES
“Hoje não fomos a equipa que costumamos ser”
“Foi mais fácil do que pensávamos. [Sobre Rui Vitória] Continuo obcecado pelos meus grandes rivais, por isso é que já ganhamos três vezes ao Benfica. Como eu não o qualifico como treinador... Para ser treinador tem de se ser muito mais do que aquilo”
Quim Machado V. Setúbal
Jorge Jesus Sporting
40 | DESPORTO | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
O golo de Herrera não foi suficiente para garantir o triunfo ao FC Porto
MIGUEL RIOPA/AFP
Adeptos do FC Porto ofereceram trégua, jogadores não aproveitaram
Os adeptos tentaram ajudar e, du-
rante praticamente todo o jogo, não
se viram lenços brancos, nem se ou-
viram assobios para os jogadores,
mas o FC Porto de Julen Lopetegui
voltou a jogar à FC Porto de Julen
Lopetegui e os “dragões” voltaram
a ser medíocres. Num dia em que a
concorrência resolveu os seus pro-
blemas à meia-dúzia, os “azuis e
brancos” deixaram-se empatar em
casa por um Rio Ave que se apresen-
tou debilitado pela ausência de uma
mão-cheia de habituais titulares, e,
após mais um resultado negativo,
os portistas foram alcançados pelo
Benfi ca e estão a quatro pontos do
líder Sporting.
Nas horas seguintes à derrota do
FC Porto em Alvalade, que relegou
os “azuis e brancos” novamente
para a vice-liderança do campeona-
to, parecia inevitável que os adep-
tos portistas tornassem a recepção
ao Rio Ave hostil para Lopetegui e
companhia, mas a intervenção dos
Super Dragões mudou tudo. Depois
de, na véspera do jogo, ter apela-
do, através de um comunicado,
para que os portistas “nem por um
só minuto” deixassem “de apoiar a
equipa”, cerca de meia centena de
elementos da claque “azul branca”
recebeu com aplausos e cânticos de
incentivo o autocarro dos jogado-
res. Cumpria-se o apelo de Lope-
tegui, que tinha reclamado apoio
para os seus “jovens” atletas, mas
a resposta que veio do relvado não
ajudou à trégua e, depois de mais
um doloroso tiro no pé portista, pa-
rece inevitável que a contestação ao
treinador espanhol aumente e torne
tempestuosos os próximos dias para
os lados do Dragão.
Quatro dias depois de cair frente
ao Sporting, Lopetegui mexeu na
defesa (Marcano no lugar de Mai-
con) e meio-campo (um mês depois,
André André voltou a ser titular para
o campeonato). O sistema e a ideia
de jogo mantiveram-se, a prestação
também: o FC Porto voltou a ser
uma equipa previsível, sem inten-
sidade e fácil de anular.
Do outro lado, na ressaca de uma
surpreendente derrota caseira com
o “lanterna vermelha” Tondela, Pe-
dro Martins entrou no Dragão com
problemas para todos os gostos e
feitios para resolver. Para além de
atravessar o pior momento da épo-
ca no campeonato — cinco derrotas
nos últimos seis jogos —, o treinador
dos vila-condenses viu-se privado
de meia-dúzia de habituais titula-
res e foi obrigado a revolucionar o
“onze”: apenas Cássio, Edimar, Mar-
celo, Wakaso e Ukra mantiveram a
titularidade. Sem uma mão-cheia de
jogadores de peso na formação de
Vila do Conde, Martins promoveu o
baptismo a titular na prova de um
trio (Pedrinho, Krovinovic e Kizito)
e lançou ainda Roderick, que não
era utilizado no campeonato desde
Setembro. O cenário parecia pouco
animador, mas, com a ajuda do ad-
versário, Pedro Martins regressou
a Vila do Conde com motivos para
estar satisfeito.
Ao apoio inicial recebido por par-
te dos adeptos, os jogadores do FC
Porto responderam de forma posi-
tiva nos primeiros 20 minutos. Os
“dragões” até começaram bem e
empurraram os vila-condenses para
a sua área, e, depois de ameaçarem
por Marcano, marcaram aos 22’: um
remate de Herrera desviou num de-
fesa e traiu Cássio.
Para uma equipa que jogava sobre
brasas, o mais difícil parecia que es-
tava feito, mas estranhamente com
o golo reapareceu o lado mau do FC
Porto. Em desvantagem, o Rio Ave
assumiu o controlo, deixou os pri-
meiros avisos aos 26’ e 28’, e empa-
tou aos 33’: tal como no golo portis-
REACÇÕES
“Fizemos uma grande primeira parte, com muitas ocasiões, e depois encaixámos um golo. Na segunda parte não tivemos clareza nem tranquilidade para chegar à baliza. Eu tenho forças para continuar e começar a preparar o próximo jogo”
“Depois do último jogo, com castigos, lesões e problemas burocráticos, a entrega, a dedicação e a forma como os jogadores foram solidários é um facto fantástico. A reacção foi óptima, num jogo que poderia deixar marcas”
Julen LopeteguiFC Porto
Pedro MartinsRio Ave
Crónica de jogoDavid Andrade
Com o empate em casa com o Rio Ave (1-1), os “dragões” deixaram-se alcançar pelo Benfi ca, fi caram a quatro pontos do líder Sporting e a contestação ao treinador Julen Lopetegui saiu reforçada
FC Porto 1Herrera 22’
Rio Ave 1João Novais 33’
Positivo/Negativo
Estádio do Dragão, no PortoEspectadores 19.116
FC Porto Casillas, Maxi Pereira, Marcano, Martins Indi, Layún (Varela, 86’), Danilo a48’ (Rúben Neves, 64’), André André, Herrera, Jesús Corona (André Silva, 71’), Brahimi, Aboubakar. Treinador Julen Lopetegui
Rio Ave Cássio, Pedrinho, Marcelo, Roderick, Edimar, Wakaso a90+4’, João Novais (André Vilas Boas, 87’), Ukra (Lionn, 80’), Krovinovic (Zé Paulo, 61’), Kizito, Yazalde. Treinador Pedro Martins
Árbitro Rui Costa (AF Porto)
KrovinovicO jovem médio de 20 anos teve uma estreia prometedora a titular no campeonato. O sérvio mostrou ter uma técnica acima da média e não teve receio de rematar à baliza.
João NovaisTal como Krovinovic, João Novais aproveitou bem a oportunidade criada pelas muitas baixas nos vila-condenses. Foi feliz no golo que marcou, mas a sua exibição valeu pelo que fez durante os 87 minutos que esteve em campo.
Julen LopeteguiO destaque negativo podia recair sobre qualquer um dos 14 jogadores portistas que estiveram ontem em campo, mas depois de ver realizado o pedido de apoio aos adeptos, Lopetegui estava obrigado a retribuir de outra forma. A equipa voltou a mostrar um enorme vazio de ideias e o treinador espanhol é o principal responsável por isso.
ta, o remate de João Novais desviou
num adversário e Casillas foi buscar
a bola ao fundo da baliza. Mesmo
sem jogar bem, antes do intervalo
os “azuis e brancos” podiam ter re-
gressado à vantagem, mas o poste e
Cássio impediram que André André
marcasse.
A segunda parte foi a reprise de
um espectáculo tantas vezes visto
nos últimos tempos no Estádio do
Dragão. Muita posse de bola e uma
avalanche de cantos resultaram nu-
ma mão-cheia de nada e, com mais
ou menos difi culdade, o Rio Ave foi
resolvendo o problema, perante a
impaciência dos adeptos “azuis e
brancos”, que, após o apito fi nal
de Rui Costa, fi zeram regressar a
contestação a Lopetegui.
ns
ui
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | DESPORTO | 41
CLASSIFICAÇÃOLIGAJornada 16União da Madeira-Boavista 1-0Arouca-Estoril 1-0Tondela-Paços de Ferreira 0-2Moreirense-V. Guimarães 3-4Belenenses-Nacional 2-2Sp. Braga-Académica 3-0Benfica-Marítimo 6-0FC Porto-Rio Ave 1-1V. Setúbal-Sporting 0-6
J V E D M-S P1. Sporting 16 13 2 1 32-7 412. FC Porto 16 11 4 1 30-10 373. Benfica 16 12 1 3 41-10 374. Sp. Braga 16 8 5 3 23-8 295. Paços de Ferreira 16 7 4 5 23-17 256. Arouca 16 5 8 3 20-17 237. V. Setúbal 16 5 7 4 27-28 228. V. Guimarães 16 6 4 6 20-24 229. Rio Ave 16 6 4 6 25-24 2210. Marítimo 16 5 3 8 21-34 1811. Belenenses 16 4 6 6 20-34 1812. Moreirense 16 4 5 7 18-22 1713. Estoril 16 4 5 7 12-19 1714. Nacional 16 4 5 7 16-19 1715. União da Madeira 16 4 5 7 10-21 1716. Académica 16 3 4 9 14-30 1317. Boavista 16 2 4 10 9-22 1018. Tondela 16 2 2 12 9-25 8
Próxima jornada Estoril-Belenenses,Rio Ave-União da Madeira, V. Guimarães-Arouca,Académica-Tondela, Nacional-Benfica,Paços de Ferreira-V. Setúbal, Sporting-Sp. Braga,Boavista-FC Porto, Marítimo-Moreirense
II LIGAJornada 24Oriental-Oliveirense sábado, 15hSp. Braga B-Desp. Chaves sábado, 15hBenfica B-Olhanense sábado, 16h, BTV Portimonense-FC Porto B sábado, 20h30, SP-TVFeirense-Sporting B domingo, 11h15, SP-TVSp. Covilhã-Desp. Aves domingo, 15hMafra-Gil Vicente domingo, 15hSanta Clara-V. Guimarães B domingo, 15hFarense-Ac. Viseu domingo, 15hLeixões-Penafiel domingo, 15hFreamunde-Atlético domingo, 16hFamalicão-Varzim domingo, 16h
J V E D M-S P1. FC Porto B 23 15 4 4 52-27 492. Desp. Chaves 23 10 10 3 28-19 403. Freamunde 23 11 6 6 28-18 394. Feirense 23 10 9 4 27-21 395. Gil Vicente 23 10 7 6 29-21 376. Sp. Braga B 23 10 7 6 26-21 377. Portimonense 23 9 9 5 33-29 368. Sporting B 23 10 5 8 29-26 359. Famalicão 23 8 9 6 31-26 3310. Ac. Viseu 23 8 8 7 26-29 3211. Atlético 23 8 7 8 22-21 3112. Olhanense 23 9 4 10 22-26 3113. Desp. Aves 23 8 6 9 23-21 3014. V. Guimarães B 23 8 6 9 25-28 3015. Santa Clara 23 8 4 11 25-28 2816. Varzim 23 7 7 9 23-27 2817. Farense 23 7 6 10 24-27 2718. Benfica B 23 8 3 12 24-33 2719. Penafiel 23 6 8 9 23-29 2620. Sp. Covilhã 23 5 11 7 22-29 2621. Mafra 23 5 9 9 19-22 2422. Leixões 23 5 9 9 25-31 2423. Oriental 23 5 4 14 25-36 1924. Oliveirense 23 3 8 12 20-36 17
Próxima jornada V. Guimarães B-Oriental, Gil Vicente-Sp. Braga B, Olhanense-Famalicão,Oliveirense-Farense, Varzim-Freamunde,Sporting B-Mafra, Ac. Viseu-Portimonense,Atlético-Leixões, Desp. Aves-Feirense, Desportivo de Chaves-Sp. Covilhã, FC Porto B-Santa Clara, Penafiel-Benfica B,
MELHORES MARCADORESI Liga15 golos Jonas (Benfica) 12 golos Slimani (Sporting) 9 golos Suk (V. Setúbal), Bruno Moreira (Paços de Ferreira)8 golos Léo Bonatini (Estoril)II Liga11 golos Platiny (Feirense), André Silva (FC Porto B)10 golos Clemente (Santa Clara), Pires (Portimonense)
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Benfica recuperou a vocação goleadora e apanhou o FC Porto
É uma coincidência estatística reve-
ladora. O Benfi ca tem quatro jogos
no campeonato em que não marcou
qualquer golo e esses jogos (Arouca,
Sporting, FC Porto e União da Madei-
ra) resultaram em três derrotas e um
empate. Claro que qualquer equipa
precisa de marcar para ganhar, mas
os “encarnados” têm passado pela
Liga portuguesa com duas identi-
dades: uma de vocação goleadora
sem par, a outra de absoluta falta de
inspiração. Ontem, apresentou-se
na Luz a identidade que deixa Rui
Vitória mais feliz. O Benfi ca goleou
o Marítimo por 6-0 e vai-se manten-
do bem vivo na luta pelo título, até
porque benefi ciou da escorregadela
do FC Porto e alcançou os “dragões”
na segunda posição.
Numa jornada a meio da sema-
na, coisa rara na Liga portuguesa,
os “encarnados” voltaram a ter um
resultado gordo no campeonato —
igualaram a maior goleada da época,
um 6-0 ao Belenenses — e reforça-
ram o estatuto de melhor ataque (41
golos) naquele que foi o seu sétimo
jogo a ganhar por três ou mais de
FutebolMarco Vaza
“Encarnados” igualam melhor resultado da época com triunfo por 6-0 na Luz sobre o Marítimo
diferença. Ainda assim, os “encar-
nados” mostraram uma primeira
meia-hora de futebol pouco ligado
que ainda arrancou alguns (poucos)
assobios da Luz. Isto claro, antes dos
seis minutos que decidiram o jogo.
Depois, foram só aplausos.
Antes dos golos, duas referências
importantes. O internacional mar-
roquino Carcela González foi titular
PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP
Pizzi (com a bola na mão) marcou dois golos e foi uma das figuras do jogo
pela primeira vez no campeonato
porque Gaitán não estava disponí-
vel. O Marítimo, por seu lado, foi
obrigado a trocar de guarda-redes
aos 5’ por lesão do titular Salin. José
Sá entrou para o jogo, sem saber ain-
da o que iria acontecer, e até deu boa
impressão aos 13’, quando defendeu
um remate de Jiménez após passe
brilhante de Jonas. E também é justo
dizer que o Marítimo, enquanto o
jogo esteve a zeros, ainda assustou
Júlio César duas vezes, a mais peri-
gosa aos 20’, quando Dyego Sousa
não deu o melhor seguimento ao
passe de Edgar Costa.
Depois, as bolas começaram a en-
trar com enorme facilidade na baliza
do Marítimo. Os dois primeiros go-
los tiveram os mesmos protagonis-
tas com os mesmos papéis. Carcela
a criar e Pizzi a marcar, aos 29’ e
aos 34’. Aos 35’, Jiménez marcou na
recarga após um primeiro remate de
Jonas desviado por Sá.
Na segunda parte, a defesa ma-
deirense entrou em colapso total e
em três minutos fez dois penáltis, o
primeiro de João Diogo sobre Jonas,
o segundo de Raul Silva sobre Car-
cela. Ambos foram convertidos por
Jonas aos 51’ e 54’. E ainda faltava
Talisca voltar aos golos, algo que já
não fazia precisamente desde a tal
goleada ao Belenenses. Aos 69’, na
primeira vez que tocou na bola (ti-
nha acabado de entrar), fez uso do
seu pé esquerdo e deu mais cor ao
marcador.
Benfica 6Pizzi 29’, Pizzi 34’, Jiménez 35’, Jonas 51’ (g.p.), Jonas 54’ (g.p.), Talisca 69’
Marítimo 0
Positivo/Negativo
Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa.
Assistência 31.590 espectadores
Benfica Júlio César, André Almeida, Lisandro Lopez, Jardel, Eliseu, Fejsa, Pizzi, Renato Sanches (Gonçalo Guedes, 69’), Carcela, Jonas (Talisca, 68’) e Raúl Jimenez a51’ (Mitroglou, 76’). Treinador Rui Vitória.
Marítimo Salin (José Sá, 7’), João Diogo a49’ (Romário, 76’), Deyvison, Raul Silva a10’, Briguel, Fernando Ferreira a53’, Tiago Rodrigues a62’, Eber Bessa a37’, Marega (Xavier, 68’), Dyego Sousa a51’ e Edgar Costae a, N. Treinador Ivo Vieira.
Árbitro Fábio Veríssimo (Leiria)
CarcelaFez a sua estreia como titular no campeonato e deixou excelentes impressões. Foi ele que criou as jogadas dos dois primeiros golos e ainda sofreu o penálti do quinto. Foi mais que um digno substituto de Gaitán e provou que merece outras oportunidades.
PizziDepois de ter sido reconvertido com algum sucesso em médio-centro, aquele que é o jogador mais caro da história do Benfica (14 milhões) voltou nesta época à sua posição de origem e tem brilhado a grande altura. Frente ao Marítimo, teve mais uma noite de grande inspiração, ao marcar os dois primeiros golos do Benfica. MarítimoDuas boas jogadas quando ainda estava 0-0 e um desastre total depois disso. A defesa comprometeu e de que maneira, especialmente os laterais. O guarda-redes José Sá, que entrou aos 5’, acabou por ser o menos culpado.
REACÇÕES
“Sabíamos como poderíamos causar problemas [ao Marítimo]. Os jogadores interpretaram bemessa situação e desbloquearam o jogo”
“Em cinco minutos sofremos três golose a equipa foi-se abaixoem termos anímicos”
Rui VitóriaBenfica
Ivo VieiraMarítimo
42 | DESPORTO | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
Camp Nou assistiu ontem a uma grande noite de Messi
Dois golos e dois passes decisivos. Foi
este o contributo de Lionel Messi no
folgado triunfo, em Camp Nou, do
Barcelona sobre os rivais do Espanyol
por 4-1, na partida da primeira mão
dos oitavos-de-fi nal da Taça do Rei
disputada ontem. Poucos dias depois
de não ter ido além de um empate a
zero, num duelo a contar para o cam-
peonato, desta vez o campeão espa-
nhol não deu hipóteses e colocou-se
em vantagem na eliminatória.
Dispondo de um Iniesta a atraves-
sar um dos melhores períodos da sua
carreira e de um Neymar velocíssimo,
o Barcelona impôs-se com naturali-
dade a um adversário que terminaria
a partida com menos dois jogadores
em campo, após a expulsão Hernan
Pérez (72’) e Pape Diop (76’).
O Barcelona ainda apanhou um
susto quando viu o equatoriano Fe-
lipe Caicedo inaugurar o marcador,
concluindo um contra-ataque perfei-
to logo aos 9’. Mas bastaram quatro
minutos para que Messi igualasse
de novo o resultado, na conversão
de uma grande penalidade, bisando
pouco antes do intervalo, ao execu-
tar de forma exímia um livre.
Na segunda parte, o internacional
argentino continuou a mostrar clas-
se, assistindo primeiro Piqué (49’) e,
fi nalmente, Neymar, autor do último
golo dos “blaugrana”, a dois minutos
dos 90’.
O jogo serviu ainda para o Barce-
lona utilizar, pela primeira vez, dois
Messi de galadá uma ajudaao Barcelona
jogadores contratados durante o pas-
sado Verão mas que, devido ao cas-
tigo imposto ao clube pela FIFA, só
agora puderam ser utilizados: o turco
Arda Turan, titular, e o lateral catalão
Aleix Vidal, suplente utilizado.
Nos outros encontros da Taça do
Rei, o Sevilha também deu um passo
em frente na direcção aos “quartos”
da competição ao derrotar o Betis no
terreno dos rivais andaluzes por 2-0.
Os golos de Michael Krohn-Dehli (13’)
e Grzegorz Krychowiak (49’) fi xaram
o marcador, até porque Ruben Cas-
tro desperdiçou uma grande pena-
lidade ao minuto 81 para os homens
da casa.
Também bem encaminhado para
a fase seguinte da prova está o Valên-
cia, que goleou o Granada por 4-0.
Destaque para o hat-trick de Alvaro
Negredo, sendo que dois dos golos
foram de penálti.
Já o Atlético de Madrid não foi além
de uma igualdade a um golo no ter-
reno do Rayo Vallecano, enquanto
o Athletic Bilbau, fi nalista vencido
da edição do ano passado da Taça
do Rei, derrotou o Villarreal por 3-2,
recuperando de uma desvantagem
de 2-0.
Em Itália, o Inter manteve a lide-
rança isolada da Liga, após um difícil
triunfo por tangencial 1-0 na visita ao
Empoli, na 18.ª jornada.
Horas depois de a Fiorentina de
Paulo Sousa ter derrotado na Sicília
o Palermo por 3-1, o conjunto de Ro-
berto Mancini venceu o oitavo clas-
sifi cado, num jogo em que o lateral
Mário Rui foi titular. O Nápoles tam-
bém sofreu, mas derrotou o Torino
por 2-1, mantendo-se a um ponto do
Inter e ao lado da Fiorentina. Quem
se atrasou dos primeiros foi a Roma
ao empatar a três golos na visita ao
Chievo.
PAU BARRENA/AFP
Futebol internacional
Na Taça do Rei, os campeões espanhóis bateram o Espanyol de forma folgada. Atlético empata
O Sporting de Braga derrotou sem dificuldades a Académica, que se viu em inferioridade numérica desde o minuto 26 devido à expulsão de Nuno Piloto por acumulação de amarelos (uma decisão exagerada). Os bracarense começaram a construir a vantagem cedo, por intermédio de Hassan, que iria bisar já perto do final da partida. Pelo meio, Stojiljkovic também marcaria contra uma Académica que teve dois jogadores lesionados.
Sp. Braga 3Hassan 4’, Stojiljkovic 45’+2’, Hassan 85’
Académica 0
União da Madeira 1Toni Silva 55’
Boavista 0
Moreirense 3Rafael Martins 6’ (g.p.), Boateng 50’, Iuri Medeiros 68’
Vitória de Guimarães 4Ricardo Valente 8’, Henrique Dourado 19’, Luís Rocha 41’, Henrique Dourado 58’
Arouca 1David Simão 20’ (g.p.)
Estoril 0
Belenenses 2Kuka 52’, Tiago Caeiro 70’
Nacional 2Luís Aurélio 13’, Boubacar 61’
Tondela 0
Paços de Ferreira 2Bruno Moreira 26’, Diogo Jota 85’
Estádio Municipal, em Braga.
Assistência Cerca de 4000 espectadores
Sp. Braga Kritciuk, Baiano, Boly, André Pinto, Marcelo Goiano, Filipe Augusto (Mauro, 51’), Luiz Carlos, Alan, Pedro Santos a41’ (Rafa, 63’), Hassan e Stojiljkovic (Crislan, 69’). Treinador Paulo Fonseca.
Académica Pedro Trigueira, Aderlan, Iago, João Real, Qualembo, Leandro Silva, Nuno Piloto a13’ e 26’ a26’, Rui Pedro (Obiora, 35’, Gustavo, 41’), Nii Plange, Ivanildo e Gonçalo Paciência (Rafael Lopes, 57’). Treinador Filipe Gouveia.
Árbitro Nuno Almeida (Algarve)
Centro Desportiva da Madeira, na Ribeira Brava.
Assistência Cerca de 800 espectadores
U. Madeira André Moreira, Paulinho, Paulo Monteiro, Diego Galo, Joãozinho, Soares, Shehu, Breitner, Toni Silva (Rúben Andrade, 78’), Amilton e Jhonder Cadiz. Treinador Norton de Matos.
Boavista Gideão, Hackman a50’, Henrique a69’, Paulo Vinicius, Anderson Correia, Idrissa (Samu, 76’), Tengarrinha, Anderson Santos (Renato Santos, 71’), André Bukia (Uchebo, 64’), Luisinho e José Manuel. Treinador Erwin Sánchez.
Árbitro Luís Ferreira (Braga)
Estádio Com. Joaquim Almeida Freitas, em M. Cónegos.
Assistência 2520 espectadores
Moreirense Stefanovic, Sagna a22’, Marcelo Oliveira, Danielson, Evaldo, Palhinha, Filipe Gonçalves (Alons Shons, 63’), André Fontes (Boateng, 46’), Iuri Medeiros, Fati (Luís Carlos, 70’) e Rafael Martins a41’. Treinador Miguel Leal.
V. Guimarães Miguel Silva, Bruno Gaspar, João Afonso a5’, Pedrão, Luís Rocha, Cafú, Bouba Saré, Otávio (Josué, 87’), Licá (Xande Silva, 68’), Henrique Dourado e Ricardo Valente (Dalbert, 79’). Treinador Sérgio Conceição.
Árbitro Tiago Martins (Lisboa)
Estádio Municipal, em Arouca.
Assistência Cerca de 400 espectadores
Arouca Bracalli, Jaílson a30’, Velázquez, Hugo Basto, Lucas Lima, Nuno Coelho a34’, David Simão, Nuno Valente a80’, Artur a48’ (Adilson, 56’), Ivo Rodrigues a83’ (Nildo, 84’) e Maurides (Walter, 90’+3’). Treinador Lito Vidigal.
Estoril Kieszek, Anderson Luís a19’, Yohan Tavares, Diego Carlos a42’ e 58’ a58’, Mano, Esiti, Diogo Amado, Mattheus (Kakuba, 78’), Afonso Taira (Dieguinho, 71’), Gerso (Billal, 85’) e Léo Bonatini i a70’, J). Treinador Fabiano Soares.
Árbitro Artur Soares Dias (Porto)
Jogo no Estádio do Restelo, em Lisboa.
Assistência Cerca de 400 espectadores
Belenenses Ventura, André Geraldes, João Afonso (Rúben Pinto, 66’), Gonçalo Brandão, Filipe Ferreira, Ricardo Dias, André Sousa a58’ (Miguel Rosa, 66’), Fábio Sturgeon, Tiago Silva (Betinho, 83’), Kuca e Tiago Caeiro. Treinador Julio Velázquez.
Nacional Gottardi, João Aurélio, Miguel Rodrigues, Zainadine, Sequeira, Washington (Nenê Bonilha, 62’), Boubacar, Salvador Agra (Willyan, 54’), Luís Aurélio, Witi e Gustavo (Soares, 56’). Treinador Manuel Machado.
Árbitro Bruno Paixão (Setúbal)
Estádio João Cardoso, em Tondela.
Assistência 909 espectadores
Tondela Cláudio Ramos, Oto’o Zue, Bruno Nascimento, Tikito, Tinoco, Luís Alberto, Lucas Souza, Raphael Guzzo (Romário Baldé, 62’), Dolly Menga (Wagner, 54’), Nathan Júnior e Jhon Murillo (Piojo, 78’). Treinador Petit.
P. Ferreira Marafona, Marco Baixinho, Hélder Lopes, Romeu, Bruno Moreira a40’ (João Silva, 76’), Barnes (Edson Farias, 67’), João Góis, Diogo Jota, Ricardo, André Leal (Christian, 46’ a49’) e Pelé. Treinador Jorge Simão.
Árbitro Manuel Oliveira (Porto)
OUTROS JOGOS
“A expulsão limitou o nosso jogo. Enquanto estiveram onze para onze o Sp. Braga não foi melhor do que a Académica”Filipe Gouveia Académica
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | DESPORTO | 43
MARCOS BRINDICCI/REUTERS
Paulo Gonçalves: “Há muito Dakar pela frente”
À quarta etapa, um vencedor portu-
guês. Paulo Gonçalves (Honda), um
dos mais sérios candidatos ao triun-
fo no Dakar 2016, assumiu ontem a
liderança da prova entre as motos,
benefi ciando de uma penalização
imposta ao espanhol Joan Barreda
(Honda), que tinha sido o mais rápi-
do do dia. Foi o terceiro triunfo do
currículo do nortenho em etapas na
maior competição de todo-o-terreno
do planeta.
Numa etapa com partida de e
chegada a Jujuy, na Argentina, Bar-
reda cumpriu a “especial” de 429
quilómetros em 4h05m30s, ou seja,
foi 1m49s mais rápido do que Paulo
Gonçalves, enquanto o também por-
tuguês Ruben Faria (Husqvarna) foi
o terceiro, a 4m24s. Acontece que
o espanhol voltou a ser penalizado
por excesso de velocidade, tal como
acontecera na terça-feira, desta vez
em cinco minutos.
A vitória permitiria a Barreda vol-
tar à liderança, perdida na véspera
para o eslovaco Stefan Svitko (KTM),
mas a penalização teve como con-
sequência a cedência do comando
a Paulo Gonçalves e a queda para a
terceira posição.
Quarto classifi cado à partida para
esta tirada, o português lidera agora
o Dakar com 10h35m17s e 2m17s de
vantagem sobre o argentino Kevin
Benavides (Honda), o perseguidor
directo. “Foi um dia muito bom, saí
na frente e consegui permanecer na
frente até ao fi nal, sem cometer er-
ros, por isso estou muito satisfeito.
Esta é uma etapa-maratona, sem as-
sistência, e amanhã [hoje] será uma
etapa que obriga a atenção redobra-
da. Há muito Dakar pela frente e o
importante é manter um bom ritmo
e muita concentração”, reagiu Paulo
“Speedy” Gonçalves, citado pela sua
assessoria de imprensa.
Mas o piloto nascido em Espo-
sende há 36 anos não foi o único
português em destaque, já que Ru-
ben Faria também tirou partido do
castigo de Barreda para terminar
no segundo posto. Na geral, ocupa
a quinta posição, a dois segundos
apenas do quarto, Svitko, enquanto
Hélder Rodrigues (Yamaha) está é o
14.º, a 15m40s do líder.
“Speedy” Gonçalves acelera até ao comando do Dakar
Apesar do brilharete de Peterhan-
sel, o compatriota Sébastien Loeb
mantém o comando da geral, com
9h44m51s, surgindo o qatari Qatari
Nasser Al-Attiyah (Mini), a 11m09s,
no terceiro posto — o vencedor da
edição de 2015 terminou a tirada no
quarto lugar.
Hoje, a 5.ª etapa da competição
— 642 quilómetros, com um sector
cronometrado de 327 — assinala a
entrada da 38.ª edição do rali na Bo-
lívia, ligando Jujuy a Uyuni, cidade
que foi a primeira no país a receber
uma ligação de caminhos-de-ferro
proveniente do Chile, em Novem-
bro de 1890.
Nos automóveis, o dia foi da Peu-
geot. Em 3h42m42s, Stéphane Pe-
terhansel conquistou a etapa, depois
de uma maratona de 630 quilóme-
tros, 429 dos quais cronometrados,
tendo sido seguido pelos compa-
nheiros de equipa Carlos Sainz (a
11s) e Sébastien Loeb (a 27s).
Dono de um palmarés intermi-
nável, Peterhansel alcançou a 66.ª
vitória numa etapa do Dakar, prova
que já conquistou por 11 vezes, seis
em motos e cinco em automóveis.
De resto, esse notável registo divi-
de-se em partes iguais (33 triunfos
em cada categoria) e constitui um
recorde.
Todo-o-terrenoNuno Sousa
Português tirou partido da penalização de Barreda. Peterhansel venceu a 66.ª etapa do currículo
Novak Djokovic e Rafael Nadal vão
fazendo o que lhes compete para,
em Doha, atingirem a tão desejada
fi nal na primeira semana da época.
Para já, ambos alcançaram os quar-
tos-de-fi nal do Qatar ExxonMobil
Open: Djokovic venceu Fernando
Verdasco (49.º), com um duplo 6-2;
Nadal ultrapassou o holandês Robin
Hasse (66.º), cedendo mais um jogo
que o rival.
“Estou muito contente com a for-
ma como comecei esta época, com
dois encontros em dois sets. Hoje
[ontem], foi mais difícil que a pri-
meira ronda, mas esperava isso, pois
Verdasco já foi do top 10, tem muitas
armas no seu jogo e pode criar muita
potência da sua direita. Quis tirar-
lhe tempo, então variei o jogo e servi
bem nos momentos importantes”,
explicou Djokovic. Segue-se o argen-
tino Leonardo Mayer (35.º).
Hora e meia depois do triunfo do
líder do ranking, Nadal selou a segun-
da vitória em Doha. “Joguei a um ní-
vel muito elevado diante de um bom
adversário. O meu serviço esteve um
pouco pior, mas estou contente com
a vitória e com o meu nível de ténis”,
disse o espanhol. O próximo adver-
sário do número cinco mundial é o
russo Andrey Kuznetsov (79.º).
Nos “quartos” de Doha está igual-
mente Tomas Berdych (6.º), após
afastar o bósnio Damir Dzumhur
(82.º), por 6-0, 6-4.
Em Brisbane, Kei Nishikori es-
treou-se sem problemas, ao vencer
o cazaque Mikhail Kukushkin (65.º),
por 6-3, 6-4. Mais tarde, o oitavo do
ranking voltou ao court, ao lado de
Grigor Dimitrov, para derrotar (4-6,
6-1 e 10/7) os campeões do Open dos
EUA, os franceses Pierre-Hugues Her-
bert e Nicolas Mahut.
O terceiro mais cotado na prova
australiana é Marin Cilic, que obte-
ve a terceira vitória em outros tantos
duelos com o promissor sul-coreano
Hyeon Chung (51.º), de 19 anos, com
números apertados: 7-5, 7-6 (7/3).
No Aircel Chennai Open, foi dia de
Stan Wawrinka (4.º) entrar em ac-
ção, frente ao russo Andrey Rublev
(185.º), e o bicampeão do torneio in-
diano justifi cou o estatuto de favori-
to, ganhando por 6-3, 6-2.
Djokovic e Nadal cada vez mais perto
TénisPedro Keul
Números um e cinco do ranking mundial já estão nos quartos-de-final do Qatar Open
CrónicaMiguel Barbosa
O Dakar entrou numa fase do
rali em que as especiais são
disputadas a grande altitude. A
etapa que ontem se disputou foi
toda ela realizada acima dos 3500
metros. A altitude é bastante
perigosa porque, fi sicamente,
pode mexer muito com os pilotos.
De qualquer forma, o modo
como cada um sente a altitude
varia muito. Eu, particularmente,
habituei-me a andar em altitude
e, por isso, não senti qualquer
problema. Estou certo de que
todas as equipas já vão preparadas
Os perigos da altitude
Piloto, campeão nacional de todo-o-terreno
para a altitude. Nas minhas
participações no Dakar as próprias
assistências usavam oxigénio,
nós usávamos oxigénio, porque o
esforço físico é muito maior.
Nestas ocasiões temos de ter
noção de que estamos mais
debilitados fi sicamente. Não
podemos fazer seja que tarefa
for com a mesma intensidade
que o faríamos numa situação
normal, porque o nosso corpo
não vai reagir da mesma forma.
Se não tivermos isso em atenção
podemos cair num estado de
exaustão física tal, que prejudique
o desempenho na prova. Há que
gerir essa questão. Em altitude
temos de ir parando, ir bebendo
água. Em especial não há grande
coisa a fazer, há somente que
estar atento e ir gerindo a
situação tendo em conta estas
condicionantes.
Este ano acho que vai ser
complicado, precisamente porque
os pilotos terão de cumprir muitas
etapas em altitude. E atenção
que a superação dos efeitos da
altitude não tem propriamente
que ver com preparação física.
Pode ser a pessoa mais bem
preparada fi sicamente, mas ter
difi culdade em lidar com altitude,
porque esta é uma condicionante
muito específi ca, que joga com
diversos factores. Por outro lado,
as próprias viaturas também
se ressentem. Em altura, os
carros costumam baixar a sua
performance e isso penaliza mais
uns que outros. Principalmente
os carros a gasolina, os que
não têm turbo, são muito mais
penalizados.
CLASSIFICAÇÃOMotos4.ª etapa1. Paulo Gonçalves (Honda) 4h07m19s2. Ruben Faria (Husqvarna) a 2m35s3. Kevin Benavides (Honda) a 2m37s4. Joan Barreda (Honda) a 3m11s5. Toby Price (KTM) a 4m01s(...)15. Hélder Rodrigues (Yamaha) a 7m34s31. Mário Patrão (KTM) a 14m50s50. Pedro Bianchi Prata (Honda) a 38m26s
Geral1. Paulo Gonçalves (Honda) 10h35m17s2. Kevin Benavides (Honda) a 2m17s3. Joan Barreda (Honda) a 3m03s4. Stefan Svitko (KTM) a 5m22s5. Ruben Faria (Husqvarna) a 5m24s(...)14. Hélder Rodrigues (Yamaha) a 14m51s29. Mário Patrão (KTM) a 36m21s55. Pedro Bianchi Prata (Honda) a 1h39m01s
Carros4.ª etapa1. Stéphane Peterhansel (Peugeot) 3h42m42s2. Carlos Sainz (Peugeot) a 11s3. Sébastien Loeb (Peugeot) a 27s4. Nasser Al-Attiyah (Mini) a 4m57s5. Cyril Desprès (Peugeot) a 5m44s(...)24. Carlos Sousa (Mitsubishi) a 20m56s
Geral1. Sébastien Loeb (Peugeot) 9h44m51s2. Stéphane Peterhansel (Peugeot) a 4m48s3. Nasser Al-Attiyah (Mini) a 11m09s4. Leeroy Poulter (Toyota) a 12m31s5. Carlos Sainz (Peugeot) a 13m04s(...)53. Carlos Sousa (Mitsubishi) a 2h39m33s
Próxima etapa (hoje)San Salvador de Jujuy-Uyuni642km (327km cronometrados)
44 | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
ESPAÇOPÚBLICO
EDITORIAL
CARTAS À DIRECTORA
O desafio de Kim e os temores a Oriente
Dar o peito às balas
Fazer explodir uma bomba à porta de um
amigo não será a melhor maneira de lhe
pedir ajuda, mas foi isso que a Coreia
do Norte fez neste início de 2016. O
amigo, neste caso, é a China, e a bomba
serviria para lhe enviar uma mensagem: mais
ajuda, por favor. Há algo de caricato nesta
encenação da ditadura norte-coreana, mas
o anúncio ofi cial, por Pyongyang, de que
teria feito detonar com êxito a sua primeira
bomba de hidrogénio (o que levará algum
tempo a provar, já que o sismo resultante
da explosão deixa dúvidas aos especialistas)
levantou um justo clamor internacional. Com
particular incidência no Japão e na Coreia
do Sul, vizinhos próximos, mas também na
“aliada” China, que reagiu com desagrado e
fi rmeza ao anúncio da explosão. A verdade
é que, desde 2012, ano em que acabaram as
Kim Jong-un não hesitará em sacrificar o seu próprio povo para perpetuar a ditadura que herdou
negociações para o desarmamento nuclear
da Coreia do Norte, esta não desistiu de
desafi ar o mundo, manifestando-se, por
várias vezes, pronta para “uma guerra”.
Ainda agora, no primeiro dia do ano,
enquanto na gigantesca praça de Pyongyang
desfi lavam milhares em poses belicistas,
Kim Jong-un voltou a ameaçar: “Se nos
tocarem, ainda que levemente, não seremos
piedosos.” Por isso, o regime fez acompanhar
o “feito” da explosão com uma série de
fotografi as ofi ciais mostrando cidadãos
e soldados a aplaudir, com expressões
de júbilo. Mais teatro, antecipando já as
consequências: a ONU decretará medidas
severas, o Japão e a Coreia do Sul tentarão
reforçar as defesas militares com o apoio dos
EUA e, perante tal quadro, a China acabará
por vir em auxílio da Coreia do Norte, o
“amigo” mais próximo. Isto é o que planeará
Pyongyang, que antes divulgara fotografi as
com Kim Jong-un em poses resolutas e
desafi adoras, acompanhado da habitual
trupe militar de cadernos em punho. Seja
mais um golpe de propaganda ou um xeque à
China, o certo é que Kim Jong-un não hesitará
em sacrifi car o seu próprio povo para
perpetuar a ditadura que herdou.
O PSD emancipou-se do CDS e
apresentou sozinho o projecto
para a criação de uma comissão de
inquérito ao caso Banif. Foi uma
boa iniciativa no reajustamento do
xadrez político saído das legislativas de
2015. A saída de Paulo Portas da liderança
centrista vai permitir que o regresso
dos sociais-democratas à sua autonomia
estratégica surja menos dramática aos olhos
de um eleitorado ainda mal recomposto do
“drama” pós-eleitoral. Mas se o momento
actual do CDS é especialmente propício
a essa emancipação, não terá sido isso o
factor decisivo desta iniciativa sobre o Banif.
Em causa está a necessidade de passar uma
mensagem de total tranquilidade sobre
um caso cujo desfecho se apresenta como
uma pesada e mal explicada herança de
um Governo cujo primeiro-ministro e a
titular das Finanças são fi guras de proa do
PSD. Esta proposta pretende mostrar que o
partido não só não tem medo como até dá
o peito às balas, acrescentando-lhe o apoio
à realização de uma auditoria externa.
Veremos como se saem.
E esta, hein?
Quem não se lembra de Bernardino
Soares, antigo deputado do PCP
na AR, questionado sobre o
regime da Coreia do Norte, ter dito
que se tratava de um país com a
democracia a funcionar em pleno.
Hoje, fi camos a saber que o actual
dirigente máximo daquela ditadura,
Kim Jong-un, o Grande Sucessor e
grande belicista, acaba de testar uma
bomba de hidrogénio que tem uma
capacidade de destruição milhares
de vezes superior ao das bombas
libertadas em Hiroxima e Nagasáqui,
em 1945. Estou a imaginar
Bernardino Soares, hoje autarca
da Câmara de Loures, questionado
sobre este assunto, a responder:
não estou a ver o mal que virá ao
mundo o uso do hidrogénio, pois a
cidade do Porto já tem autocarros
movidos a hidrogénio e os resultados
são de tal forma positivos que até eu
próprio estou a fazer estudos para
As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar
e eventualmente reduzir os textos
não solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: [email protected]
Contactos do provedor do Leitor
Email: [email protected]
Telefone: 210 111 000
os implantar na minha autarquia. E
esta, hein? Jorge Morais, Porto
Parabéns a Obama e ao PÚBLICO
É um prazer enorme ver um
Presidente a chorar por um boa
causa. É-o igualmente ver um jornal
noticiar o facto com o relevo de
quase toda a primeira página.
O primeiro é Barack Obama e
o segundo é o PÚBLICO e com
ambos me congratulo neste dia
6 de Janeiro. Na vida de todos
os tempos, mas talvez mais nos
contemporâneos, todos sabemos o
quão difícil é manter uma coerência
total na política e no existir, mas
há traços estruturantes no carácter
das pessoas que não devem vergar
e deixam marcas, boas ou más
consoante aquele também o é. No
caso de Barack Obama, deixando
o acordo nuclear com o Irão e
o diálogo com Cuba (por terem
também contornos políticos), há
que relevar duas atitudes no foro
interno, puramente humanísticas,
que marcam muito impressivamente
pela positiva o mandato que está
quase a terminar: os Medicare e
Medicaid, que trouxeram (irão
acabar com eles?) bens de saúde a
30 milhões de pessoas e a muitos
idosos e esta tentativa de proibir
(ou minorar, ao menos) a compra
livre de armas que tanta morte e
sofrimento tem trazido a cidadãos
norte-americanos. Esta última foi
a provocadora das lágrimas que
o “meu” jornal tão dignamente
retratou. Daqui digo singelamente
ao actual Presidente dos EUA:
seja bem-vindo ao “clube dos
abençoados chorões”, daqueles que
não têm medo de soltar as lágrimas
sem fi ltros, ao sabor do orgulho
que sentem em poder chorar com
verdade! E é nesta última que, a
liberdade também se enraíza...
Fernando Cardoso Rodrigues, Porto
Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores
ApeloO PÚBLICO às vezes está tão magro
que abre uma angústia de medo
que certos rumores de difi culdades
se transformem num fi m. Mas há
uma coisa que gostava de salientar
(...) nestes últimos domingos: As
reportagens de Portugal sobre
Rodas. São histórias verdadeiras
que nos dão esperança de que ainda
há responsáveis que de maneira
simples fazem sorrir muitas das
nossas gentes que lá longe vão
sobrevivendo. (...) Guardei as folhas
destas histórias verdadeiras e estou
ansiosa pelas próximas (...). Peço ao
PÚBLICO que não pare este tipo de
informação. Precisamos de saber
até para tentar que ao pé da nossa
porta os responsáveis copiem estes
exemplos e o nosso país, pouco a
pouco, se transforme num paraíso,
não só para os turistas mas para
todos os nossos fi lhos e netos.
Maria Clotilde Moreira, Algés
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | 45
BARTOON LUÍS AFONSO
Dois Estados: uma responsabilidade moral das Nações Unidas
Israel nasceu através de uma resolução
da Assembleia Geral da ONU 181
“Plano de Partilha”, aprovada em
1947. Só metade dessa resolução foi
implementada em 1948, quando um
Estado de “Israel” foi estabelecido. A
outra metade, que é o estabelecimento
do Estado da Palestina, ainda está à
espera de implementação até hoje.
Por outro lado, a aceitação de Israel
como um Estado-membro das Nações
Unidas, em 1949, deu-se com as condições
de este se comprometer na criação do
Estado da Palestina e no regresso de todos
os palestinianos que foram forçados a deixar
as suas casas, nas mãos de gangues sionistas,
durante a guerra de 1948, mais conhecida
por a Nakba palestiniana (catástrofe).
Como é evidente, os detalhes das
atrocidades nas mãos das forças de
ocupação israelita, contra os palestinianos
actualmente, tornaram-se bem
conhecidos e bem documentados, local
e internacionalmente. Todos os dias
civis palestinianos, incluindo crianças e
mulheres, são atacados, mortos a sangue-
frio e feridos pelas forças de ocupação
israelita, soldados e colonos terroristas.
Todos os dias, estão a ser detidos e
aprisionados civis palestinianos, são
implementadas medidas de punição
colectiva, tal como demolições de casas
que deixam famílias inteiras desabrigadas,
ao mesmo tempo que as restrições ao
movimento dos palestinianos os sufoca
ainda mais e desencadeia um impacto
negativo em todos os aspectos da sua vida
socioeconómica.
A Comunidade Internacional,
representada pelas Nações Unidas, apelou
em muitas ocasiões a Israel, o poder
ocupante, para congelar todas estas acções
desumanas e para abdicar de todas as suas
outras acções ilegais, como por exemplo
o roubo de mais terras palestinianas para
construir colonatos e transferir os seus
cidadãos para lá, no entanto sem sucesso.
A selectividade na aplicação do Direito
Internacional e as suas almofadas, no
caso das violações israelitas e na falta de
acções contra essas violações, concedeu,
consequentemente, a Israel um estatuto de
país acima do Direito Internacional e, como
resultado disso, anulou todas as resoluções
pertinentes da ONU.
Apesar de tudo o que foi mencionado,
a Comunidade
Internacional
adoptou a solução
de dois Estados
como uma solução,
internacionalmente
reconhecida, para
o confl ito israelo-
palestiniano de
quase 70 anos.
Neste contexto, o
estatuto da Palestina
foi actualizado para
o de um Estado
não-membro
da ONU. Israel,
desde a assinatura
dos Acordos
de Oslo, tem,
aparentemente,
aprovado esta
solução de
dois Estados
publicamente,
mas tem agido,
explicitamente,
contra a sua
implementação.
Todos nós ainda nos lembramos da
declaração de Netanyahu a este respeito
durante a sua campanha eleitoral, dizia que
não haveria nenhum Estado palestiniano
enquanto ele estivesse no cargo. Esta
declaração irresponsável mostra bem que
todos aqueles que colocaram Netanyahu no
poder (a maioria) são contra a solução de
dois Estados.
O vice-ministro da Defesa de Israel,
Eli Ben-Dahan, disse a 9 de Outubro
do passado ano que “os palestinianos
têm de entender que não terão um
Estado, e que Israel irá dominá-los.” De
acordo com o Centro de Jerusalém para
os Assuntos Públicos, 75% dos judeus
israelitas opõem-se a uma solução de dois
Estados, independentemente do que quer
que seja. O mesmo Eli Ben Dahan disse
em 2013, quando era vice-ministro dos
Serviços Religiosos: “Para mim, eles (os
palestinianos) são como animais, nem
sequer são seres humanos.” Dois anos
depois, Benjamin Netanyahu convidou
Dahan para ser vice-ministro da Defesa.
Em conclusão, está a fi car claro como
água que desde que Netanyahu assumiu
o seu cargo, em 1996, a liderança israelita
foi, constantemente, enganando o mundo,
fazendo todos os possíveis para encobrir
o seu lento assassínio da única solução
internacionalmente aceite para o confl ito
israelo-palestiniano — os dois Estados. O
resultado natural deste desafi o israelita
ao Direito Internacional é este terror na
região e fora dela. Localmente, o resultado
revela-se com a juventude palestiniana a
tomar a lei nas suas próprias mãos, pois
sentem que foram traídos pela Comunidade
Internacional e rejeitam, absolutamente,
viver sob um regime de apartheid no que é
chamado Israel.
A paz na Terra Santa, única garantia
possível da estabilidade na região, só será
alcançada através da implementação da
solução de dois Estados, com base nas
pertinentes Resoluções das Nações Unidas.
Embaixador da Palestina
A vida velha
Desde que perfi z 60 anos
tenho estado a acumular uma
lista de sinais seguros de ter
envelhecido. O primeiro é o
do TMN: o transeunte mais
novo. A minha mulher estava
com pressa e eu parei para
deixar passar um homem com
um bonsai nos braços. Ele
demorou-se na passadeira.
Desabafa a Maria João: “O sacana do velho
nunca mais se despacha!” Eu meço a olho
a idade do senhor: mesmo sendo pouco
generoso é mais novo do que eu. Terá,
quanto e quando muito (porque é sempre
muito), 58 anos. Se ele é velho, sendo menos
velho do que eu, eu sou velho de certeza.
Quando anuncio este descobrimento à
Maria João, ela sorri. O amor pela verdade é
uma coisa muito inteligente.
Outro sinal seguro é o respeito pelas
minhas opiniões. Quando se é novo, as nossas
opiniões não são ouvidas ou, caso sejam
ouvidas por um defeito de funcionamento,
são vigorosamente contestadas por serem
ignorantes. Chegando-se a uma idade
provecta — um adjectivo cujo signifi cado
tenciono desconhecer para além da minha
morte —, as nossas opiniões passam a ser
dolorosamente ouvidas e toleradas com o
mesmo espírito de fair play com que se aceita
a papeira e a chegada do Inverno.
A velhice é um estado de misericórdia. A
estupidez é não aproveitá-la, na ganância
deselegante de querer continuar a ser novo.
A velhice é a última novidade das nossas
vidas. Porque havemos de querer arruiná-
la, adiando-a como se toda a existência
dependesse de cada um de nós, se é essa a
beleza que nos escapa?
Miguel Esteves CardosoAinda ontem
SHARIF KARIM/REUTERS
Debate Israel e PalestinaHikmat Ajjuri
A paz na Terra Santa, única garantia possível da estabilidade na região, só será alcançada através da implementação da solução de dois Estados
46 | PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016
Augusto Santos Silva e as novas prioridades da política externa
Francisco Assis
1. Até há alguns anos atrás era
fácil estabelecer uma separação
nítida entre a política externa
e a política interna de cada
país. Mesmo nas grandes
potências, onde a dimensão
externa adquiria naturalmente
uma importância maior, era
possível manter essa distinção.
Com a internacionalização das
economias e o surgimento de entidades
políticas supranacionais, a realidade
tornou-se bastante diferente. Hoje em
dia, em países como Portugal, estas duas
vertentes são praticamente inextricáveis.
Por isso mesmo passaram a adquirir
grande relevância as opções fundamentais
estabelecidas por qualquer governo
em matéria de política externa. Ora, há
momentos especiais, com carácter quase
ritual, em que se publicitam essas mesmas
opções de modo a tornar claros os grandes
compromissos internacionais de um país.
No caso português, realiza-se todos os
anos um seminário diplomático que conta
com a presença dos nossos embaixadores
espalhados pelo mundo, de membros do
governo e de representantes da sociedade
civil. O ministro dos Negócios Estrangeiros
aproveita a ocasião para enunciar as
grandes prioridades da acção externa.
Quando muda a natureza do executivo,
cria-se uma natural expectativa em torno
desta declaração. Por razões óbvias, este
ano a expectativa era ainda maior.
O discurso proferido pelo ministro dos
Negócios Estrangeiros, Augusto Santos
Silva, merece, por isso, uma apreciação
atenta. Sem a pretensão de uma análise
exaustiva, procurarei salientar os aspectos
a meu ver mais relevantes da declaração
proferida. Desde logo há uma inferência
imediata a salientar: a reiteração absoluta
dos principais compromissos internacionais
assumidos ininterruptamente por Portugal
ao longo dos anos de vivência democrático-
constitucional. Estes consistem
fundamentalmente na valorização da
opção pela integração europeia, na adesão
à ideia da importância de uma relação
preferencial com os Estados Unidos da
América e na natural promoção de uma
ambição lusófona. Haverá talvez que
acrescentar ainda uma predilecção pela
noção de um país vocacionado para facilitar
o diálogo entre espaços culturais e políticos
historicamente muito diferenciados.
Esta linha de orientação tem o mérito de
inscrever as opções presentes num vasto
consenso preestabelecido, sem contudo
impedir uma reavaliação das mesmas
em função do contexto presente e das
perspectivas futuras.
Do meu ponto de vista, Augusto Santos
Silva tratou bem todos estes assuntos.
Na questão europeia, reafi rmou uma
vontade clara de participação empenhada
de Portugal no grupo dos países mais
orientados para o reforço da integração
institucional, o que não pode ter outro
signifi cado que não seja o da abertura a
um acréscimo de partilha de soberania
sempre que se criem as condições para que
tal suceda. Estando em curso um debate
em torno de uma substancial alteração do
modelo institucional da União Económica e
Monetária, é assim possível antecipar uma
atitude favorável do governo português
perante uma expectável evolução num
sentido mais federalista. Esta posição não
impede uma refl exão sobre a necessidade
de encontrar um
equilíbrio mais
justo entre as
preocupações
de ajustamento
orçamental e
o objectivo do
crescimento
económico, o que
Santos Silva faz de
forma manifesta,
deixando mesmo no
ar uma interrogação
sobre se a estratégia
do bom aluno
adoptada pelos
vários governos
portugueses nos
últimos 30 anos
deve ou não ser
considerada a mais
adequada. Neste
aspecto merece
especial destaque
o facto de o actual ministro dos Negócios
Estrangeiros não identifi car à risca tal
estratégia com o último governo, antes
a associando ao conjunto dos governos
das últimas três décadas, incluindo os
do Partido Socialista. Só isso estabelece
uma ruptura signifi cativa em relação a um
certo discurso de natureza estritamente
partidária até aqui prevalecente. A
própria referência que faz à política
austeritária remete sobretudo para um
plano europeu, sem imputação exclusiva
de responsabilidades a quem quer que
seja. Esta postura alarga a capacidade de
intervenção crítica do Estado português.
Há que reconhecer que nada no presente
circunstancialismo interno apontava para
tal posicionamento.
Ainda mais curiosa é a posição assumida
em relação à cooperação transatlântica
com os Estados Unidos. Numa altura em
que por toda a Europa a extrema-esquerda
e a extrema-direita antiamericanas,
profundamente proteccionistas, apregoam
a importância de impedir a concretização
do acordo comercial entre a UE e os EUA,
reveste-se de excepcional signifi cado a
vontade enunciada de reforçar a ligação
transatlântica e de valorizar o referido
acordo. Aliás, esta atitude é tão mais
relevante quanto alguns sectores do próprio
Partido Socialista Europeu começam a
decair para uma atitude receosa em relação
a um entendimento com os EUA. Ora, a
garantia de que o governo socialista se
vai empenhar, no contexto do Conselho
Europeu, na defesa da importância deste
tratado, pode reforçar a capacidade de
promoção dos nossos próprios interesses
nacionais. A questão, contudo, sobreleva
O que Santos Silva disse em matéria de política externa tem reflexos imediatos na vida política interna
Eurodeputado (PS). Escreve à quinta-feira
em muito o quadro puramente nacional, já
que tem que ver com o tema fundamental
da estratégia de integração da União
Europeia no mundo globalizado. Num outro
plano, o ministro dos Negócio Estrangeiros
reafi rma a vocação atlântica no domínio
político-militar, propugnando uma maior
valorização da componente sul-americana
e africana no âmbito da nossa participação
na NATO. Ainda que esta aliança — militar,
como o próprio nome indica — tenha como
palco principal de actuação o Atlântico
Norte, não podemos ignorar a importância
crescente que têm vindo a assumir aquelas
regiões no domínio da segurança colectiva.
No que diz respeito à lusofonia e às
ligações mais vastas com outros países
do Hemisfério Sul, percebe-se uma nítida
vontade de prosseguir um caminho já
adoptado, reforçando mesmo os meios
necessários à sua plena concretização. Se
tivermos em conta o papel que Portugal
poderá desempenhar no desbloqueamento
dos entraves que têm impedido a
celebração de um acordo de associação
entre a UE e os países do Mercosul,
perceberemos de imediato a importância
de uma atitude desta natureza. Há muito a
fazer neste domínio. Por último, esperemos
que seja possível levar a cabo uma política
séria de valorização da língua portuguesa, o
que pressupõe uma disponibilidade para a
promoção de investimentos avultados mas
imprescindíveis.
Ao afi rmar o que afi rmou, Augusto
Santos Silva, que não é propriamente uma
fi gura subalterna ou periférica no governo,
contribuiu decisivamente para a defi nição
da identidade programática do actual
executivo. Tudo o que ele disse em matéria
de política externa tem refl exos imediatos
na nossa vida política interna. Quais sejam
esses refl exos é assunto em que não quero
de momento entrar. Ficará para outras
ocasiões. Uma coisa é certa: o governo dá
sinais de não renegar em nada a história
do PS em questões fundamentais como as
atrás analisadas. Isso só pode ser motivo de
satisfação e de aplauso.
2. O que se está a passar na Venezuela
demonstra infelizmente como o
“chavismo”, sob a liderança de Maduro,
degenerou em absoluto num projecto
político antiliberal e antidemocrático. A
forma como o Presidente da República
e os seus apaniguados estão a tratar o
Parlamento recém-eleito deve suscitar
atitudes de repulsa por parte dos
parlamentares de todos os países
democráticos. Seria incompreensível
que a Assembleia da República não se
pronunciasse sobre este assunto. Vai com
certeza fazê-lo sem se deixar subordinar aos
apelos de uma realpolitik inspirada na pura
salvaguarda de interesses económicos.
DANIEL ROCHA
PÚBLICO, QUI 7 JAN 2016 | INICIATIVAS | 47
AGENDA DA COLECÇÃO
12 de Dezembro1.º VolumeJornal Português 1-17 (Março 1938 – Junho 1940)
19 de Dezembro2.º VolumeJornal Português 18-33 (Julho 1940 – Agosto 1942)
26 de Dezembro3.º VolumeJornal Português 34-54 (Novembro 1942 – Dezembro 1945)
2 de Janeiro4.º VolumeJornal Português 55-74 (Abril 1946 – Março 1948)
9 de Janeiro5.º VolumeJornal Português 75-95 (Abril 1948 – Abril 1951)
O Jornal Português foi o principal instrumento de propaganda cinematográfica produ-zido pelo Estado Novo entre 1938 e 1951. Para além de ser um documento importante para a história da ditadura salazarista, é também um registo incontornável da história de Portugal na década de 1940. Em conjunto com a Cinemateca, o PÚBLICO lança agora a colecção Jornal Português: Revista Mensal de Actualidades, que compila, pela primeira vez em DVD, todos os números deste jornal de actualidades. Esta edição inédita é com-posta por cinco volumes, que incluem 5 DVD com mais de 16 horas de imagens, uma hora de material inédito, som original recuperado, legendas em Português e Inglês e um livro ilustrado. Todos os sábados com o PÚBLICO por mais 4,95 euros.
O imaginário do nacionalismo
português moderno formou-se ao
longo do século que antecedeu o
Estado Novo. Quer isto dizer que o
regime, antes de ser o encenador
da nação, foi em grande medida
ele próprio a criatura política desse
processo. Mais do que a história
da ascensão ao poder por parte de
António de Oliveira Salazar, aquilo
a que hoje chamamos salazarismo
deve assim ser entendido como
a materialização de uma cultura
política nacionalista. Muitos dos
temas do imaginário salazarista
sobreviveram para além de Salazar
porque, precisamente, já existiam
antes dele: a sujeição do presente
ao intemporal, seja uma certa
idealização histórica do passado,
a narrativa dos evangelhos ou os
ritmos cíclicos da temporalidade
rural; uma inclinação para
identifi car Portugal com esse
mesmo mundo campestre e o povo
português com o campesinato;
ou a consequente redução da
sociedade às suas parcelas mais
pequenas, do município à aldeia,
do bairro à família.
Mais do que a doutrina presente
nestas imagens familiares, o
que verdadeiramente conta na
formação do salazarismo é o
modo como se banalizaram:
ao fazer coincidir a nação
com o seu passado, com a sua
espiritualidade ou com o que nela
parecia imutável, o nacionalismo
subtraiu Portugal a qualquer tipo
de transformação histórica ou
mudança social. Mas também aqui,
as grandes linhas do discurso já
estavam escritas antes do Estado
Novo e da criação do Secretariado
de Propaganda Nacional (SPN).
De facto, pode mesmo dizer-se
que o êxito de todo o processo
de materialização dos ideais do
nacionalismo na cultura política
do salazarismo se deveu a um
compromisso de enorme efi cácia
entre uma geração de escritores
neo-românticos que, desde
fi nais do século XIX, vinham
sistematizando a imagem do
Portugal nacionalista, e os jovens
modernistas dos anos 20 e 30 que
lhe deram forma audiovisual.
A Exposição do Mundo
Português de 1940 foi o exemplo
acabado dessa articulação:
idealizada e dirigida por infl uentes
escritores e intelectuais como
Augusto de Castro e Júlio Dantas,
foi depois em parte executada
pelos artistas (arquitectos,
desenhadores, cineastas) do
SPN. O resultado foi exemplar. A
monumentalidade dos edifícios e
da encenação paisagística, ou seja,
os elementos de grandiosidade
política e sofi sticação técnica
que fi zeram a propaganda dos
fascismos, é posta ao serviço do
mundo de coisas pequenas que
era o Portugal do salazarismo.
Mas se este acontecimento e as
suas imagens mostram bem as
potencialidades da propaganda
na banalização do nacionalismo,
são também reveladores dos seus
limites. É que um acontecimento
grandioso não é coisa que se
mostre todos os dias, e fora
do espaço e do tempo de uma
exposição pensada para encenar a
vida portuguesa, é difícil imaginar
como a intemporalidade e as
permanências do nacionalismo
poderiam constituir matéria
fílmica.
É nestas condições que devemos
ver, hoje, o Jornal Português
( JP), pois este não só incide
exclusivamente sobre aquilo que
pertence à esfera do nacionalismo
navios à água ou a passagem de
um contratorpedeiro pelo Tejo
— onde há planos que exploram
o movimento das máquinas (à
maneira do cinema modernista
dos anos 20), a imagem é
convencional e ilustrativa. A
própria falta de espectacularidade
das cerimónias ofi ciais deixa
pouca margem aos aspectos
visuais. Neste contexto, o sentido
nestes fi lmes é defi nido pelos
elementos sonoros, a começar
pela narração que, sobretudo
nos primeiros anos, insiste nos
recursos estilísticos do neo-
-romantismo, mas também pela
música, sinfónica ou folclórica,
sempre impositiva.
Mas pode também ser que a
efi cácia destas imagens resida
precisamente na sua falta de
autonomia. Um dos aspectos mais
interessantes dos últimos fi lmes
do JP é a insistência no potencial
turístico do país. A C.P. organiza
‘circuitos turísticos’, a instalação
da via dupla na Linha de Sintra
é justifi cada pelas exigências do
turismo (difi cilmente o motivo
para tal investimento) e a própria
visita de Franco (que mereceu três
edições do jornal) parece servir
como pretexto para mostrar os
monumentos mais notáveis. Nesta
defi nição do Portugal turístico,
ou melhor, nesta redução do
país à sua paisagem, é visível um
aspecto decisivo do processo
de formação do imaginário do
nacionalismo. Da etnografi a
oitocentista ao monumental Guia
de Portugal organizado nos anos
20 por dezenas de intelectuais,
o nacionalismo elaborou uma
verdadeira sistematização, ou
classifi cação, de Portugal e
dos Portugueses. Num mundo
tão estável e ordenado, até as
inaugurações de infra-estruturas
e indústrias (com que também
se mostrou a modernização
do país no pós-guerra) fi cavam
irremediavelmente enquadradas
numa ordem por natureza
imutável.
Portugal como paisagem
(uma ideia de Portugal de onde
está ausente a sociedade), como
se limita aos momentos mais
controláveis, os acontecimentos
ofi ciais ou festivos. Longe de lhe
retirar o seu interesse, porém, é
possível sugerir que estes limites
nos ajudam a reconstituir a
constelação de meios onde se
pode situar o jornal. Ao deixarmos
os silêncios da propaganda falar
(assumindo que a propaganda
esconde tanto quanto mostra),
podemos identifi car, pela negativa,
todo um quotidiano informativo
e de entretenimento que não se
limita ao país do nacionalismo
nem muito menos à agenda ofi cial
do regime. Um mundo de jornais
diários, de actualidades e fi lmes de
fi cção de outros países, de canções
noutras línguas ouvidas pela
rádio, um mundo onde, apesar
da censura, a sociedade aparece
como uma realidade plural,
onde os horizontes de leitores,
espectadores e ouvintes se alargam
muito para além das fronteiras
nacionais e onde a própria vida
não se reduz ao que era controlável
pelo Estado.
À luz desta constelação de
indústrias de informação e de
entretenimento massifi cadas,
o impacto do JP sai, à partida,
enfraquecido. Desde logo, pelo
modo como quase todos os
elementos dos fi lmes parecem
concorrer para submeter as
imagens à narrativa mais literária
do nacionalismo. À excepção de
alguns episódios com elementos
tecnológicos – o lançamento de Historiador
OpiniãoLuís Trindade
ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA
269e4c10-67af-4367-b303-ec0e11cae31e
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ESCRITO NA PEDRA
“Não ter temor da morte é não temer-se ameaças”Pierre Corneille (1606-1684), dramaturgo francês
QUI 7 JAN 2016
Ferramenta da Medicina no centro de debate sobre o que deve ser a prática médica p26
Jornal satírico acusado de “não respeitar crentes de todas as religiões” p24
FC Porto empatou com Rio Ave e aumenta contestação ao treinador p39 a 41
O estetoscópio, ícone da Medicina, faz dois séculos
Capa de ontem do Charlie não agradou ao Vaticano
Sporting e Benfica goleiam e Lopetegui em maus lençóis
Totoloto
8 12 15 43 47 1
3.800.000€1.º Prémio
Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: António Lobo Xavier, Cláudia Azevedo, Cristina Soares E-mail [email protected] Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial 210111006; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Praça do Coronel Pacheco, nº 2, 4050-453 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade, Distribuição 226151011 Madeira Telef.: 934250100; Fax: 707100049 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €50.000,00. Detentor de 100% de capital: Sonaecom, SGPS, S.A. Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA, Estrada Consiglieri Pedroso, 90, Queluz de Baixo, 2730-053 Barcarena. Telf.: 214345400 Distribuição Urbanos Press – Rua 1.º de Maio, Centro Empresarial da Granja, Junqueira, 2625-717 Vialonga, Telef.: 211544200 Assinaturas 808200095 Tiragem média total de Dezembro 32.431 exemplares Membro da APCT – Associação Portuguesa do Controlo de Tiragem
SOBE E DESCE
Paulo Gonçalves
O piloto português passou desde ontem a liderar o Dakar na
vertente motos, beneficiando da penalização atribuída ao espanhol Barreda, que perdeu a vitória na etapa para Paulo Gonçalves. Portugal fez a dobradinha na quarta etapa, com Ruben Faria a ser segundo e a subir ao quinto lugar da classificação. Destaque ainda para Stéphane Peterhansel, que ganhou a etapa nos carros, alcançando a sua 66.ª vitória em etapas da prova todo-o-terreno. (Pág. 43)
Bruno César
Não podia ter corrido melhor a Bruno César a estreia no Sporting.
O jogador que o Sporting foi buscar ao Estoril, e que já
passou pelo Benfica, apontou dois dos cinco golos que o líder do campeonato marcou em Setúbal.
Sabendo da goleada do Benfica ao Marítimo, o Sporting respondeu à pressão que daí advinha com outra goleada de igual tamanho, onde Slimani também apontou dois golos, e aumentou a distância para o segundo classificado. (Pág. 39)
Rui Vitória
O Benfica está num bom momento e ontem, apesar do início difícil da
partida, por culpa do Marítimo, impôs uma goleada à mesma equipa que não há muitos dias foi vencer o FC Porto no Dragão para a Taça da Liga. Pizzi, que se tornou no jogador mais caro na história do clube — o Benfica acabou de comprar os restantes 50% do passe ao Atlético de Madrid — “agradeceu” o investimento com dois golos. (Pág. 41)
Julen Lopetegui
O treinador mais pressionado do momento precisava
muito de uma vitória e de uma boa exibição da sua equipa. Mas no dia em que os rivais ganharam ambos por 6-0, o FC Porto, a jogar perante o seu público, não foi além de um empate que não é mais do que achas para a contestação que o seu treinador tem sofrido nos últimos dias. O FC Porto divide agora o segundo lugar com o Benfica e Lopetegui vai continuar a não ter descanso. (Pág. 40)Jornalista
O RESPEITINHO NÃO É BONITO
A passeata de Marcelo
Eu percebo a frustração
dos adversários de
Marcelo: pensavam que
se tinham inscrito para
uma corrida presidencial
de primeiro mandato e
estão a descobrir que entraram
numa corrida de segundo.
É como se os portugueses
considerassem que Marcelo já
exerceu o seu primeiro mandato
e respectiva “magistratura de
infl uência” aos domingos à
noite na televisão, reservando-
lhe o tratamento consensual
que é próprio oferecer aos
presidentes reeleitos. Não é uma
má interpretação: entre Marcelo
e Cavaco, há dúvidas legítimas
sobre qual deles mais infl uenciou,
nos últimos anos, o rumo do
país. Resta-nos, portanto,
aguardar pacientemente que seja
entronizado em Belém, após uma
passeata que só por hábito, fastio
e simpatia podemos classifi car
como campanha eleitoral.
Por muito que lhe apontemos
contradições, traições e avarias,
não há volta a dar: Marcelo tem
qualidades únicas e é difícil
não gostar dele. Esteja de férias
no iate de Ricardo Salgado ou
a comer febras na Festa do
João Miguel Tavares
Avante!, é sempre o mesmo
Marcelo, é sempre divertido, é
sempre inteligente e é sempre
genuinamente simpático.
Se eu não quisesse votar em
Marcelo, penso que a minha
mão direita o faria por mim.
A idade fez-lhe bem, a barba
mefi stofélica esfumou-se, ganhou
ar de avô bonacheirão e parece
menos cínico e manobrista
do que antigamente. Vamos
ser optimistas e admitir que
está mesmo menos cínico e
manobrista do que antigamente —
mais equilibrado, mais ponderado
e menos dado à intriga. É certo
que teve alguns comentários
lamentáveis durante a queda do
BES, mas Marcelo é como o Blob,
uma massa gelatinosa que absorve
tudo à sua volta.
A velha piada de Groucho Marx
— “Estes são os meus princípios,
e se não gostarem, bom, eu tenho
outros” — aplica-se na perfeição às
opiniões de Marcelo: foi tão longa
e tão marcante a sua carreira
de comentador que sobre toda
a gente ele já disse bem e mal,
já elogiou e já criticou, e sobre
cada assunto já disse tudo e o seu
contrário. Foi curioso ouvir Marisa
Matias afi rmar no debate entre
ambos: “Acho que é incompatível
ter todas as posições.” Mas não se
trata bem de ter todas as posições.
Marcelo não tem todas as posições
ao mesmo tempo — tem apenas
uma de cada vez e utiliza aquela
que em cada momento lhe dá
mais jeito.
E o que lhe deu mais jeito
durante toda a campanha
eleitoral foi uma postura
que cruza o rigor mortis
com a hiperactividade — o
que só mostra o quanto
consegue ser criativo. Marcelo
anda há meses a fi ngir-se de
morto, mas é um morto que fala
muito, que não pára de aparecer,
de debater. A forma que arranjou
para não dizer nada é não se
calar, é lutar pela igualdade das
candidaturas, é disponibilizar-
se para dezenas de debates,
com todos os candidatos e, se
necessário, com os seus animais
domésticos. É uma deserção
por excesso, até ao ponto de os
debates se transformarem numa
espécie de sarampo televisivo,
que infecta todos os canais, mas
dos quais não temos qualquer
interesse em nos aproximarmos.
A multiplicação de confrontos,
conjugada com o prodígio de a
sua candidatura ao centro ter,
ainda assim, nove candidatos à
esquerda, foi a estratégia perfeita.
Eu ainda me dei ao trabalho
de assistir ao debate a dez na
Antena 1 e só faltou Marcelo levar
um livro para se entreter entre
intervenções. Mas está bem assim.
Basta ver como PS, PSD e CDS
desertaram destas eleições. Está
toda a gente feliz por não se estar
a passar nada, não é? Parabéns,
senhor Presidente.
Um “lugar elevado de ondese avista um horizonte largo”
TODOS OS SÁBADOS
20 miradouros de Portugal na Fugas até Fevereiro20 miradouros de Portugal na Fugas até Fevereiro
SÁBADO Forte de Paimogo • Lourinhã
269E4C10-67AF-4367-B303-EC0E11CAE31E