Publicação Científica - PCH´s do Rio Juruena

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Esta Publicação Científica apresenta para vocês o resultado das pesquisas arqueológicas e históricas desenvolvidas na área de oito Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) localizadas no vale do rio Juruena, Estado do Mato Grosso.

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INDICE

Apresentação 08

Introdução 12

Paisagens Culturais do rio Juruena e História Indígena 14

História Regional 38

Rondon e sua comissão 50

As técnicas para a floresta 58

Apetrechos para uma expedição 62

O deslocamento na selva 64

E a história continua: o médio vale do rio Juruena Hoje 85

Agradecimentos 89

Bibliografia 90

Ficha Técnica 107

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Cerrado, vegetação típica da região.

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Vista da área de instalação da Ponte da PCH Parecis margem esquerda.

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Apresentação

O rio Juruena pertence à bacia Amazônica, constituindo, junto com o rio Teles Pires, um dos formadores do rio Tapajós. Ao longo de seu percurso foram construídas 8 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), a saber: PCH Telegráfica, PCH Rondon, PCH Parecis, PCH Ilha Comprida, PCH Segredo, PCH Sapezal, PCH Cidezal e PCH Divisa, esta última localizada no rio Formiga, tributário do Juruena.

Responsáveis pela construção e operação destas usinas, as empresas Juruena Participações e Investimentos Ltda. e Maggi Energia desenvolveram os programas ambientais e socioeconômicos em atendimento à legislação brasileira. Neste contexto foi realizado, entre 2007 e 2014, o Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico, Histórico e Cultural de cada empreendimento, sob a responsabilidade da empresa Documento Ecologia e Cultura, contemplando todas as etapas do licenciamento cultural (diagnóstico, prospecção e resgate).

Este Programa tem como principal diretriz o desenvolvimento de uma Ciência Aplicada, que une a realização de pesquisas científicas com o envolvimento das comunidades locais, levando a um tratamento integrado dos resultados e estabelecendo uma relação de complementaridade entre Ciência e Tradição. Para isso, o Programa está baseado no cruzamento de duas linhas teóricas e conceituais: a Arqueologia Pública e Colaborativa, no que se refere ao envolvimento da comunidade, e a Arqueologia das Paisagens Culturais, em relação à prática da pesquisa e geração de conhecimento científico.

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Os trabalhos, desenvolvidos nos 8 segmentos do rio Juruena onde as PCHs se localizam, incluíram levantamentos e escavações arqueológicas, pesquisas históricas e registros dos patrimônios culturais existentes. Neste último caso, é considerado o cadastro de saberes, práticas e conhecimentos tradicionais ligados à identidade e à memória das comunidades locais. Em paralelo às pesquisas, diferentes atividades de envolvimento da comunidade e de educação patrimonial foram realizadas com as populações da região, incluindo oficinas culturais, palestras e exposições. O trabalho se apoiou, ainda, na promoção de ações inclusivas com a utilização de plataformas multimídia como blogs, twitter, skype, ferramentas do Google Earth e do Google Maps. As modelagens dos cenários das áreas de pesquisas foram disponibilizadas, ainda, no ambiente Arqueo@Parque (plataforma de Gestão do Conhecimento que fornece ferramentas de acesso aos estudos do Programa), além de exposições dos acervos no Museu Virtual, oferecendo maior integração e divulgação dos conhecimentos.

Foram privilegiadas, sempre, medidas que valorizem os saberes locais, identificando vocações culturais e buscando o necessário equilíbrio com o desenvolvimento humano, ambiental e econômico, através de ações que harmonizem esses fundamentos e empregue o Patrimônio Cultural como vetor para a melhoria na qualidade de vida das populações.

O Programa tem, como meta final, contribuir para o fortalecimento da herança cultural da comunidade, em especial, na valorização de sua diversidade.

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Esquipe de pesquisadores em percorrimento de terreno.

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Introdução

A história do rio Juruena não se resume somente às suas características topográficas, de vegetação e do meio ambiente que envolvem os 1.240 km de extensão de suas águas. Mas, sobretudo, a história levada por esse rio é composta por um conjunto de tradições, mitologias e das relações humanas construídas pelas populações que habitaram e ainda vivem nas imediações de seu curso.

Neste contexto, são chamados “Patrimônios Culturais” a totalidade de valores responsáveis pela elaboração da identidade de uma sociedade. Preservar e valorizar as peculiaridades desses saberes, junto com as comunidades das regiões contempladas pelo Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico e Histórico Cultural, na construção das 8 PCHs aqui tratadas, é o objetivo desse livro.

As atividades realizadas seguem o princípio sustentável do conhecimento: expandir, para as gerações atuais e futuras, o conceito de patrimônio cultural, divulgando e valorizando a história e a cultura do vale do rio Juruena. As pesquisas e estudos realizados, cujos resultados estão presentes nesta publicação, reconstroem a ocupação humana presente nas localidades e, com isso, relembram às comunidades regionais as raízes de sua ancestralidade. O patrimônio cultural representa mais do que as heranças de uma sociedade: ele contribui também para a formação de identidades sociais. Por isso, sua conservação é de interesse tanto do poder público quanto da própria comunidade.

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As comunidades contempladas pelo Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico e Histórico Cultural das 8 PCHS construídas no vale do Juruena passam por uma acelerada transformação, mas possuem um olhar também voltado aos modos de vida de seu passado, desenvolvidos durante milênios nos vales dos rios amazônicos.

Há pelo menos 25 mil anos o rio Juruena atraiu diferentes sociedades humanas que ali interagiram por meio de sua “sabedoria ambiental”. Um mundo de povos e costumes, existente no curso de suas águas, atravessando o Planalto Central Brasileiro rumo ao coração da Amazônia, e que vão além das fronteiras territoriais.

É justamente essa a história que passaremos a contar.

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Detalhe de vegetação de cerrado.

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Paisagens Culturais do rio Juruena e História IndígenaA bacia do rio Juruena se insere em porções do meio-norte do Estado de Mato Grosso. Esse rio, em conjunto com o Teles Pires, são formadores da bacia do rio Tapajós que, por sua vez, deságua no rio Amazonas na altura da cidade de Santarém. A cabeceira do rio Juruena está bem próxima da Chapada dos Paresís, e sua foz, na barra com o rio Tapajós, nas proximidades da Serra do Cachimbo.

Geologicamente, a região se insere na bacia sedimentar do Amazonas. Por fazer parte da Chapada e do Planalto dos Parecis, o local se caracteriza por grandes trechos de areais, com altitudes situadas entre 300 e 800 metros (s.n.m.).

No contato entre estas duas formações ocorrem inclinadas escarpas onde os desníveis atingem de 30 a 50 metros.A bacia do rio Juruena oferece latossolos que vão da coloração vermelho escuro até uma cor amarelada, incluindo a cobertura de areias quartzosas vinculadas aos sedimentos arenosos do Grupo Parecis. Essas areias predominam nos vales, vertentes e áreas mais profundas. Seus solos são minerais, bem drenados, friáveis e pouco consolidados, resultando em solos pobres em nutrientes. São, portanto, de alta suscetibilidade aos processos erosivos.

Como resultado dessa composição pedológica e geológica, o relevo assume contornos suaves, ondulados, com extensas áreas planas conhecidas como “chapadões”, onde as atividades agropastoris ganham espaço atualmente, sobre a vegetação nativa de cerrado e matas.

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Nos trechos onde a composição arbórea está mais preservada, é possível ter uma melhor percepção da composição florística original. No interior dessas terras há predominância da vegetação de cerrado, existindo, contudo, grandes variações de tamanho e adensamento entre os exemplares. Pode-se dizer, de uma maneira geral, que nas porções mais baixas e úmidas, próximas aos rios, ocorre uma floresta de estatura mais elevada: são os trechos de Mata de Galeria. Nestas parcelas nasce uma vegetação vigorosa, de grande porte, com caules espessos e copas repletas de folhas verdes. O principal fator, aqui, é o solo sempre úmido e fértil existente junto às margens dos córregos e rios. Devido à quantidade e diversidade das espécies presentes, acabam formando verdadeiras “ilhas” em meio ao cerrado que cinge a região. À medida que nos afastamos dos fundos de vale, a vegetação também se transforma. Passamos a ter, cada vez mais, uma composição florística típica de cerrado: muitas árvores de pequeno porte e arbustos, além de uma vegetação rasteira composta por gramíneas. Seu aspecto fisionômico passa a ser xeromorfo, isto é, com árvores de caule bastante resistente ao fogo e à falta de água. Os troncos assumem um formato tortuoso e a altura das árvores se torna mais baixa, com aproximadamente 10 metros.

Nos trechos mais altos, ocupados pelas chapadas com latossolo fértil, a vegetação original já foi quase totalmente retirada, sendo substituída pelo plantio de soja, milho, algodão e pastagens. A vegetação nativa resiste somente nos trechos pouco férteis, de areias quartzosas e nas escarpas e vertentes inclinadas junto ao rio Juruena. Ali, apesar das queimadas ocasionais e da extração seletiva de árvores, a preservação e a recomposição do ambiente assumem contornos mais favoráveis. Muitas destas áreas foram incluídas nas parcelas de preservação permanente das fazendas, constituindo refúgios seguros para uma fauna ainda abundante.

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O clima enquadra-se no tropical quente e úmido, com duas estações definidas: a chuvosa e a seca. O período das maiores precipitações compreende os meses de setembro a abril, quando a umidade relativa do ar é acentuada. Já no período seco, entre os meses de maio a agosto, a umidade relativa do ar cai cerca de 20%. Entretanto, a temperatura média anual da região gira entre 24ºC e 35ºC. Descrevemos as principais características que configuram o ambiente atual do vale do Juruena. Mas nem sempre foi assim. Quando os primeiros grupos humanos chegaram na região, há cerca de 25 mil anos, o clima era mais frio e seco. Neste ambiente, também viviam animais hoje já extintos. Nas proximidades da Chapada dos Parecis, pesquisas arqueológicas obtiveram as datas mais antigas da ocupação humana no Estado do Mato Grosso: 25 mil anos para um sítio arqueológico na Serra das Araras, e 19.400 anos para a ocupação no vale do rio Guaporé. Estas duas estimativas foram obtidas em sítios arqueológicos localizados em abrigos rochosos e entradas de cavernas, lugares muito aproveitados por estes grupos humanos, formados por bandos pouco numerosos. Os vestígios relacionados a essas ocupações são raros, e se resumem a materiais em pedra lascada, onde um tipo específico de raspador ovalado era um instrumento característico utilizado por essas populações (também conhecido como “lesma”). Este instrumental em pedra foi classificado, na Arqueologia Brasileira, como pertencente à tradição Itaparica. Nestes sítios podem ocorrer também instrumentos em ossos e restos de fogueiras.

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Artefato arqueológico em pedra lascada (“lesma”), típico da tradição Itaparica.

A presença de artefatos do tipo “lesma” e bifaces no sítio Rondon 3, além do acervo lítico lascado do sítio Cidezal 3, indicam para este cenário a presença de grupos caçadores-coletores.

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Lasca em arenito silicificado presente no sítio Rondon 6.

Material lítico lascado coletado no sítio Ilha Comprida 1.

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Lasca no perfil Jusante da sondagem 20 a uma profundidade de z= 1,20cm

Lasca detectada na sondagem 20 a uma profundidade de z = 1,10 cm, Sítio Juruena 05.

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Artefato lítico lascado coletado nas pesquisas do programa, Sítio Juruena 05.

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Aproximadamente há 8.500 anos, todavia, a região central do Brasil começou a apresentar uma ocupação mais intensiva de grupos caçadores-coletores, os quais se adaptaram às transformações ambientais ocorridas durante o chamado Período Altitermal, estendendo-se até 4.500 anos atrás. Grandes alternâncias entre períodos mais secos e períodos mais úmidos foram modificando o meio ambiente daquela época, promovendo uma elevação na temperatura e na pluviosidade da região. Tais acontecimentos levaram a uma expansão das vegetações de cerrado e de mata. Sendo assim, a partir deste período de transição, teriam surgido grupos caçadores-coletores com características distintas aos dos grupos anteriores. Essas populações passaram a ocupar, preferencialmente, abrigos rochosos localizados em regiões de relevo íngreme.

Já os instrumentos em pedra utilizados por essa “nova” população apresentam significativas variações, indicando que as modificações na paisagem teriam também promovido mudanças no sistema de abastecimento dos grupos. A este novo quadro de artefatos em pedra os arqueólogos denominam tradição Serranópolis.

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Prospecções arqueológicas no sítio Rondon 5, tipo oficina lítica.

Lasca em arenito silicificado retirada das margens do rio Juruena (sítios arqueológicos Rondon 6 e Ilha Comprida 1).

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Ao longo das margens do rio Juruena e, também, nas partes mais rasas que durante as cheias permanecem submersas, ocorrem blocos e matacões de arenito silicificado, largamente aproveitados pelos grupos indígenas que habitaram a região. Foram ali identificados diversos sítios arqueológicos classificados como “oficinas líticas”, ou seja, lugares onde eram obtidas as pedras para a elaboração dos instrumentos. Assim, o rio Juruena foi utilizado pelas populações indígenas não apenas por seus recursos aquáticos e pesqueiros, mas também como fonte de matéria prima.

Não é possível saber, especificamente, se os acervos constituem vestígios da ocupação de grupos caçadores-coletores ou de grupos ceramistas da tradição Uru. As indústrias líticas presentes em ambos os contextos não se diferem. Contudo, a estimativa mais provável é de que ambos os grupos tenham se aproveitado destes recursos no rio Juruena.

Passado o Período Altitermal, as condições ambientais se definiram como mais próximas às atuais, e as ocupações de grupos caçadores-coletores se estenderam até por volta de 2 mil anos atrás. A partir daí, o cenário arqueológico do Brasil Centro-Oeste adquire mudanças significativas. Neste período, tem início a ocupação de grupos associados à transição entre populações com uma economia de caça, coleta e manejo para uma agricultura incipiente.

Seus vestígios ocorrem em sítios a céu aberto e em abrigos rochosos, tendo como características o aparecimento de uma indústria cerâmica com vasilhas de pequenas dimensões e formas simples, sem decoração. As datações disponíveis vão de 2.400 a 800 anos atrás. Restos de vegetais cultivados indicam o consumo de milho, amendoim, feijão, cabaça, algodão, fumo e cucurbitáceas, além da caça, da pesca e da coleta. Seus sítios são relacionados à tradição Una.

Já por volta do século VIII de nossa era, outros grupos ceramistas também iniciaram a ocupação da área, sendo arqueologicamente classificados na tradição Uru. Suas aldeias apresentam uma estrutura anular com diâmetro médio de 150 metros, podendo abrigar mais de mil pessoas. Há, ainda, variações formais: podem ser circulares ou lineares, com fileiras duplas de casas se estendendo na margem de rios por até 630 metros. Raramente têm três anéis concêntricos, sendo que algumas revelam vestígios em meio à praça central, talvez correspondendo à chamada “casa dos homens”, presente em contextos indígenas atuais (como os Bororo).

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O fato de os sítios se localizarem predominantemente em áreas de cerrado e apresentarem assadores de cerâmica fez com que se inferisse uma subsistência apoiada na mandioca tóxica, com origem amazônica. Todavia, o processo de formação destes grupos relacionados à tradição Uru certamente envolve uma série de contatos culturais mantidos com grupos caçadores-coletores locais.

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Abertura de sondagens no sítio arqueológico Cidezal 1.

Escavações arqueológicas no sítio Parecis 1.

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Escavações arqueológicas, sítio Cidezal 1.

Pesquisador efetuando análise de perfil estratigráfico.

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Documentação de escavações e peneiramento do solo, sítio arqueológico Cidezal 3.

Panorâmica de escavações, sítio arqueológico Juruena 6.

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Análises estratigráficas, sítio arqueológico Juruena 6.

Pesquisas arqueológicas no sítio Segredo 1.

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A indústria cerâmica se caracteriza pela presença de tigelas rasas com bases planas e com pedestal, contornos infletidos e bordas reforçadas. Ocorrem, ainda, jarros e assadores, estes últimos utilizados no processamento da mandioca amarga. O antiplástico é constituído por diferentes tipos de cariapé, obtido através da queima da casca de determinados tipos de árvore. Em geral, ocorrem poucos elementos decorativos (apêndices, faixas aplicadas, incisão ponteada ou engobo vermelho). As pesquisas arqueológicas realizadas nos empreendimentos hidrelétricos do rio Juruena e Formiga identificaram diversos destes sítios, conforme citados nas legendas das fotos. Além destes, foram também cadastrados os sítios Segredo 2, 3, 4 e 5.

Fragmento de vasilha cerâmica identificado no sítio arqueológico Rondon 4, com detalhe para as espículas e cariapé misturadas à massa para garantir sua plasticidade, características da tradição Uru.

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Resto de massa de argila utilizada na confecção de vasilhas, sítio arqueológico Parecis 2.

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A indústria lítica é novamente pouco representada, com características de lâminas polidas de machado, percutores, mãos de pilão, recipientes e fusos que indicam a fiação do algodão. Aparecem raros machados semi-lunares e uma indústria de lascas sem trabalhos secundários (retoques).

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Em diversos blocos rochosos presentes nas margens do rio Juruena são encontradas bacias de polimento, ou seja, sulcos formados durante o polimento de artefatos em pedra como lâminas de machado, cunhas e mãos de pilão (acima à esquerda, sítio arqueológico Rondon 7 e, à direita, sítio arqueológico Rondon 8. Abaixo, sítio Segredo 1).

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As características apresentadas por estes sítios sugerem uma hierarquização entre eles e indicam a formação de comunidades com maior complexidade social e política. Sítios da tradição Uru ocorrem na região pelo menos até o século XVII, e seus ocupantes certamente constituem os antepassados de grupos etnograficamente reconhecidos e descritos pelo colonizador europeu.

* * *

Em síntese, a ocupação humana da região Centro-Oeste brasileira (e, em especial, no Estado do Mato Grosso) se deu, de forma contínua, desde pelo menos há 25 mil anos, compreendendo grupos humanos diversos e com padrões culturais bastante distintos. Embora apresentem significativa variedade cultural, estes diferentes grupos indígenas certamente tiveram o rio Juruena como referencial geográfico e social do território, posto que todos eles viveram às suas margens ou às margens de seus afluentes.

É notável, por outro lado, que os sítios arqueológicos identificados nas áreas das 8 PCHs investigadas indicam uma ocupação pouco intensa, com sítios dispersos e com pequenas áreas de ocorrência, restritas na maior parte das vezes ao aproveitamento de praias e áreas de afloramentos rochosos. Colinas pouco extensas próximas ao rio (aliás, bastante raras) abrigam pequenos sítios cerâmicos, por vezes enterrados, sugerindo tratarem-se de acampamentos ou áreas de atividades específicas.

Assim, na época da chegada do europeu, a área se encontrava densamente povoada por grupos indígenas culturalmente diversos, dando início a uma sequência de fenômenos ligados ao contato com o colonizador branco. Certamente estes diferentes grupos deixaram vestígios de suas ocupações, durante os séculos históricos, e que hoje constituem sítios arqueológicos a serem pesquisados, integrando o vasto patrimônio arqueológico presente na região.

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Prospecções arqueológicas no rio Juruena.

Prospecções arqueológicas no vale do rio Juruena.

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Paisagens Culturais do rio Juruena

História Regional

Serra dos Parecis, Rio Formiga. Fonte: Album Gráphico do Estado do Matto Grosso, 1919.

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História Regional

A chegada do colonizador português no Brasil, iniciou a interiorização desses colonos na região, no final do século XVI. As bandeiras paulistas de André Leão e Nicolau Barreto, explorando o vale do Paraíba do Sul e as terras além da Serra de Mantiqueira, inauguraram, na última década daquele século, o fenômeno Bandeirante. Entre os anos de 1600 e 1620, diversas bandeiras partiram do planalto de Piratininga em direção ao ocidente colonial, buscando duas mercadorias muito valorizadas no comércio mercantilista: os metais preciosos e os cativos indígenas. Dessa forma, o início do século XVII é também o momento em que ocorreram os primeiros contatos interétnicos entre colonos europeus e as etnias orientais do atual Estado do Mato Grosso

Porém, a partir de 1670, o bandeirismo de apresamento mostrou forte tendência ao declínio como atividade econômica. A reorganização do tráfico negreiro após a expulsão dos holandeses do nordeste brasileiro, o esgotamento dos “estoques” de índios “domesticados” pelas missões, a resistência e a retirada dos sobreviventes para regiões mais ermas, progressivamente inviabilizaram a ação bandeirante de apresamento nos padrões da economia colonial.

A crise do bandeirismo de apresamento não foi, todavia, um fato isolado: ela estava inserida na primeira crise geral do sistema colonial português. A economia mercantilista lusa saiu profundamente enfraquecida da União Ibérica. As guerras pela restauração, a forte concorrência estrangeira e o anacronismo do modelo econômico, em resumo, provocaram o esvaziamento monetário do Império Português. Em função disso, a dinastia bragantina estimulou a prospecção de metais preciosos no interior do Brasil. O setor Bandeirante facilmente adaptou-se à nova realidade.

Em 1693, os paulistas descobriram ouro em Minas Gerais, mas foram expulsos em 1709, no episódio da Guerra dos Emboabas. Dez anos depois a esse episódio, estavam inaugurando o garimpo cuiabano. Em 1717, Paschoal Moreira Cabral alcançou um afluente do rio Cuiabá, denominado Coxipó, em busca de índios. Não obteve sucesso, mas descobriu ouro na região, acelerando seu povoamento. Um ano depois, o bandeirante Antonio Pires de Campos explorou o rio Cuiabá, descobrindo suas minas e fez cativos os índios Coxiponé. No ano de 1723, houve o primeiro contato com os indígenas do grupo Pareci (PRICE, 1976; COSTA, 2002).

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A expansão territorial e demográfica provocada pela mineração, em Mato Grosso, transformou essa região em um promissor mercado colonial. Passadas as dificuldades dos primeiros anos de desbravamento, o processo de urbanização e administração foi organizado com a visita de Rodrigo Cezar de Menezes, Capitão-General e Governador da Capitania de São Paulo, em 1726, a Cuiabá. Lévi-Strauss (1996: 193) relata que:

“por volta de 1720 os exploradores paulistas, chamados ‘bandeirantes’, chegavam pela primeira vez à região; a alguns quilômetros do local atual (da cidade de Cuiabá), instalaram um pequeno posto e colonos. A região era habitada pelos índios Cuxipó, entre os quais alguns aceitaram trabalhar nas derrubadas. Certo dia um colono – Miguel Sutil, o bem chamado – mandou alguns índios à procura de mel selvagem. Voltaram na mesma noite, com as mãos cheias de pepitas de ouro colhidas na superfície. Sem mais tardar, Sutil e um companheiro chamado Barbudo seguiram os indígenas ao local de sua coleta: lá estava o ouro, por todo lado. Em um mês recolheram cinco toneladas de pepitas”.

Porém, já em 1731, com as lavras esgotadas e a dura política do fisco, Cuiabá assiste a uma debandada para as recém-descobertas minas de São Francisco Xavier, conhecidas como as “minas de Mato Grosso”, uma comparação entre a mata da região e os descampados das cercanias de Cuiabá. Seis anos depois, 1.500 pessoas deixam Cuiabá e se dirigem para a região ocupada por vários grupos indígenas, entre eles, os Pareci e os Nambikwara.

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É compreensível que tal deslocamento tenha provocado certa apreensão, visto que a própria Cuiabá (criada há pouco mais de 20 anos, em 1716, e elevada à vila somente em 1727, com o título de Vila Real do Senhor Bom Jesus do Cuiabá) não apresentava população numericamente significativa. Em 1734, um grupo de sertanistas, provavelmente dentre os quais os irmãos Fernando e Artur Pais de Barros, cruzam a serra dos Parecis e descobrem nesta região, nas cabeceiras de rios da bacia amazônica, minas de ouro. Estes rios certamente são os que compõem o conjunto de afluentes do Tapajós, podendo ser, portanto, o Sacre ou o Papagaio. Visto a precariedade dos levantamentos geográficos nesta região (que somente teve um acréscimo sistemático de conhecimento com as incursões e mapeamentos do exército brasileiro a partir do final do século XIX) é possível também que as cabeceiras de rios nas quais foram encontradas as minas sejam de rios da bacia platina, e não da amazônica, uma vez que é no complexo Chapada/Serra dos Parecis que ocorre a divisão das duas bacias hidrográficas.

Pouco tempo depois, em 1736, uma expedição partindo da vila de Cuiabá penetrou no território dos Pareci e Nambikwara e notou enfaticamente a transição da vegetação na região (justamente na passagem do domínio do cerrado para o da floresta amazônica), graças à elevação da estatura da flora, ao aumento da densidade da vegetação e da umidade, o que lhe valeu o batismo de “Mato Grosso” (BRUNO, 1967, pg.30).

Aproximadamente dez anos depois, em 1746, a bandeira de João de Souza Azevedo desceu pelo rio Paraguai e seguiu, posteriormente, pelo rio Sepotuba. Esta iniciativa provavelmente deve ter ocorrido nas bordas da Chapada dos Parecis. Do Sepotuba entraram pelo Sumidouro e dali para o Tapajós. A ocupação destas regiões pelos colonizadores portugueses e em seus primeiros tempos deve ser vista da forma como o definiu Afonso de E. Taunay:

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“Os habitantes dos arraiais eram ambulantes. Largavam uma casa, levantavam outra e deixavam demolir todas quando acabava o ouro. [...] Da noite para o dia surgiam arraiais no deserto, com quatro e cinco mil homens brancos arrastando atrás de si milhares de cativos. Sobrevinha o desengano da miragem e os locais passavam novamente a deserto.” (TAUNAY, apud BRUNO, 1967, pg.35)

Por outro lado, o período que vai do século XVII a meados do século XVIII foi marcado pelo interesse de Portugal na expansão das fronteiras coloniais, até então estipuladas pelo Tratado de Tordesilhas, de 1494. Com a assinatura, em 1750, do Tratado de Madri (retificado pelo Tratado de El Pardo de 1761 e, novamente, pelo de San Ildefonso de 1777), que redefinia as fronteiras coloniais de Portugal e Espanha nas Américas, Portugal passa a intensificar a ocupação do interior brasileiro, buscando áreas estratégicas que produzissem riquezas para o equilíbrio das contas da Coroa. Conforme determinavam as Ordens Régias, as terras entre Cuiabá e Vila Bela deveriam ser povoadas para configurá-las enquanto ocupação lusitana, garantindo suas fronteiras.

A prosperidade do sertão mato-grossense acaba exigindo uma atenção cada vez maior de Portugal, fato que se consolida em 1748, com a sua elevação à condição de Capitania do Mato Grosso e, em 1752, com a inauguração da primeira capital, denominada Vila Bela da Santíssima Trindade.

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Rio Juruena. Fonte: Album Gráphico do Estado do Matto Grosso, 1919.

O “Ciclo do Ouro” esgotou-se no final do século XVIII. A crise atingiu também o comércio cuiabano e afetou intensamente o movimento monçoeiro, reduzindo drasticamente o número de comboios fluviais. Na primeira década do século XIX, a economia mercantilista portuguesa aprofundou sua crise, refletindo, em verdade, a crise do sistema colonial (NOVAIS, 1983). As atividades econômicas coloniais entraram em profunda recessão. Em Mato Grosso, bem como nas Minas Gerais, iniciou-se um processo dramático de interrupção de uma atividade econômica que, durante muito tempo, havia sido a razão de ser destas regiões e, agora, entrando em franco declínio, obrigava a uma reformulação do modo de vida destas sociedades. Em casos extremos, como em diversas regiões do Mato Grosso, mal se produzia para a subsistência.

A partir de 1830, a economia brasileira, impulsionada pela ascensão da atividade cafeeira, recupera-se aceleradamente. A fronteira agropastoril expande-se para o oeste. A valorização fundiária das férteis terras do triângulo mineiro empurrou a pecuária extensiva, aí instalada, para além dos rios Paranaíba e Paraná, alcançando inicialmente o sul do Mato Grosso e, depois, expandindo-se para as demais regiões.

Por outro lado, o fim da Guerra do Paraguai, em 1870, foi fator preponderante na intensificação do mercado regional do Mato Grosso. Por volta de 1884, se inicia a extração da borracha na província, o que, durante algum tempo, garantiu um renascimento econômico da região. As bacias hidrográficas constituíram fator pincipal para a exploração do látex e da poaia no rio Tapajós, sendo escoados através da bacia da Prata. Parece ser ainda nesta década de 1890 que as incursões de colonos brancos na chapada deixam de ser esporádicas e voltadas à busca de riquezas minerais para serem mais frequentes e dedicadas ao extrativismo vegetal.

É na década de 1890 que o Brasil vive o seu boom da borracha, protagonizado pelo extremo norte (FAUSTO, 2003: pg. 291 a 293). A borracha chega rapidamente a ocupar o segundo lugar na pauta de exportações da república, com 25,7% das exportações de produtos agrícolas entre 1898 e 1910, perdendo somente para o café, que representou no mesmo período 52,7% das exportações.

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Impulsionada pela demanda de matéria prima, sobretudo para pneus, a extração da borracha desceu das matas da região acreana chegando à Chapada dos Parecis. Na região amazônica, a borracha produziu uma verdadeira “belle époque” na floresta com o apogeu da produção entre 1898 e 1910, entrando, a partir de então, em decadência até entrar em verdadeiro colapso em meados dos anos de 1920 (FAUSTO, 2003: pg. 291 a 293).

Já a extração da borracha no Mato Grosso sempre possuiu um aspecto marginal no painel nacional. Contudo, apesar da crise e decadência da produção da borracha natural no Brasil, extraiu-se látex das seringueiras na região da Chapada dos Parecis até início dos anos de 1990.

Contemporânea à extração da borracha ocorreu a busca da poaia. Poaia, ou ipecacuanha (Psychotria ipecacuanha), é uma planta nativa da região da qual se extraíam as raízes para o uso medicinal (expectorante). Alternando o trabalho nas seringas ao roçado de subsistência, os Pareci conseguiram estabelecer certa autonomia que foi fortalecida com a extração da poaia, uma das chamadas “drogas do sertão”.

A poaia e a borracha, produtos da floresta, eram obtidas não só para serem trocados por bens industrializados, mas também para serem comercializadas no mercado regional, cujos centros eram as cidades de Cuiabá, Cáceres e Diamantino.

No século XX as frentes de expansão passaram a conjugar os interesses políticos (defesa das fronteiras) e ideológicos (positivista, evolucionista, religioso) aos interesses econômicos. Nesse momento se destacam três movimentos específicos na região da Chapada dos Parecis: a comissão Rondon, as missões religiosas e a ocupação atual.

Rio Papagaio. FONTE: Album Gráphico do Estado do Matto Grosso, 1919.

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As ações de missionárias se fizeram presentes na região da Chapada dos Parecis pelo menos desde o final do século XIX. Neste período, patrocinado pelo Banco Rio Mato Grosso, o missionário salesiano Nicolau Badariotti penetrou na região da Chapada dos Parecis (BADARIOTTI,1898) a fim de estabelecer missões religiosas de sua ordem. A associação entre o capital privado e os salesianos tinha como objetivo unir a capacidade pacificadora dos missionários com o capital necessário para as expedições e, a um só tempo, desbravar regiões passíveis de serem exploradas economicamente pela empresa (OLIVEIRA, 2004).

Posteriormente, no início da década de 1930, outras missões católicas e protestantes iniciaram seus trabalhos junto aos indígenas da região. Em 1929, foi criada a Prelazia de Diamantino, de caráter missionário jesuítico, destinada à educação de garimpeiros, seringueiros, posseiros e, principalmente, de índios.

“Em 1933 uma missão protestante foi se instalar perto do posto de Juruena. Parece que as relações logo se azedaram, pois os indígenas ficaram descontentes com os presentes – insuficientes, comenta-se – com os quais os missionários retribuíram sua ajuda na construção da casa e na plantação da horta. Meses mais tarde, um índio febril apresentou-se à missão e recebeu, à vista de todos, dois comprimidos de aspirina, que engoliu. Depois disso foi tomar um banho de rio, teve uma congestão e morreu. Como os Nambiquara são exímios envenenadores, concluíram que o companheiro fora assassinado: houve um ataque de represálias, quando os seis membros da missão foram massacrados, inclusive uma criança de dois anos. Só uma mulher foi encontrada viva por uma expedição de socorro vinda de Cuiabá. Seu relato, tal como me repetiram, coincide exatamente com o que me fizeram os autores do ataque (...)” (LÉVI-STRAUSS, 1996: 247).

Em 1939, três padres jesuítas se instalam perto do posto do Juruena, a uns cinquenta quilômetros de Utiariti (LÉVI-STRAUSS, 1996: 258). O posto da Missão funcionou até 1945, entre os povos da etnia Nambikwara, transferindo-se neste ano para a estação telegráfica Utiariti, que já gozava de certas facilidades de estrutura e de acesso deixadas por Rondon. No ano seguinte, Utiariti torna-se um Centro Educacional sob a direção da Missão Anchieta. Funcionando em regime de internato, caracterizou-se por ser estritamente catequético e conversor de valores e costumes. Estudavam no internato índios das etnias Irantxe, Rikbatsã, Pareci e Nambikwara, entre outros.

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Com o Concílio Vaticano II de 1966, são determinadas novas diretrizes sobre a relação entre a igreja católica e as populações indígenas, no sentido de serem desenvolvidas atividades que respeitassem os valores culturais dos índios. Porém, é importante enfatizar a condição de que tais valores não deveriam se “chocar” com àqueles promovidos pelos católicos.

Sendo assim, a Missão passa a ter uma preocupação maior com a etnologia e a linguística. Nessa época, acontece também o contato dos índios da região do Mato Grosso com missões protestantes de orientação linguística como o South American Indian Mission (SAM) e o Summer Institute of Linguistics (SIL).

O internato é extinto em 1968. Um ano depois, em 1969, foi criada a OPAN (Operação Anchieta). Entre os Pareci, a também chamada “Missão Anchieta” foi atuante até o final dos anos 1970, prestando serviço na área de saúde e efetivando parcerias. Em 1974, criam uma cantina reembolsável, denominada “cooperativa”, e de 1975 a 1978 implementam um projeto de lavoura mecanizada de rizicultura, financiado pela instituição espanhola chamada “Pão para o Mundo”.

Por muito tempo, essas missões prestaram assistência aos índios, mas também impuseram sua religião e consolidaram sua posição enquanto interlocutores entre os índios e a sociedade envolvente.

Foi no final dos anos 1960 que a FUNAI decretou a delimitação da Reserva Pareci, com 556.000 hectares (Decreto no. 63.368 de 08/10/1968). Nessa época, a FUNAI ocupava o papel de interventora em questões que envolviam exclusivamente a posse de terra. A assistência geral ainda estava a cargo das missões (desde os anos 1940) através de um convênio formado entre MIA, FUNAI e UFMT.Desta forma, os anos de 1970 se caracterizaram por uma época de muita tensão no que concerne à disputa do território, quando se iniciou o período de ocupação sistemática das frentes de expansão agrícola da sociedade nacional.

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Já em tempos da República as iniciativas para a colonização da região da Chapada dos Parecis foram tomadas pelo governo mato-grossense. A Diretoria de Terras e Obras Públicas, criada em 1902, foi a primeira a tomar medidas legais para a ocupação além da Serra de Tapirapuã. Entretanto, a ação ocorre somente após 1946, com sua substituição pelo Departamento de Terras e Colonização, e também pela Comissão de Planejamento da Produção (que, juntos, formavam o Serviços Estaduais de Terra e Colonização).

Dois anos depois da criação desse departamento é criada a segunda instituição (a Comissão de Planejamento da Produção) a fim de regulamentar as atividades do Banco Agrícola do Mato Grosso.

Para além da criação de órgãos responsáveis pela distribuição da terra, pela colonização, pela produção e pelo financiamento desta, há uma questão maior e subjacente, relacionada a um plano de ocupação da região. O governo de Getúlio Vargas promoveu uma reformulação profunda do estado nacional brasileiro. Entre estas transformações estava a da inserção da ideia de ocupação sistemática e especializada do território brasileiro: nas grandes áreas urbanizadas residiriam os núcleos industriais, as grandes indústrias de base; já nas regiões mais distantes – de integração difícil – residiriam os polos de produção agrícola e pecuária.

Este é o sentido que move não só a criação destes diversos órgãos, bem como a ação de autarquias com ações determinadas, com missões muito específicas, como foi o caso da Fundação Brasil Central, incumbida de ocupar sistemática e produtivamente – dentro de uma visão estratégica de ocupação e integração do território tido como “vazio” – e seu braço ativo e de vanguarda, a expedição Roncador Xingu, de 1943.

É necessário acrescentar que, desde o início dos anos 1950, os chamados “picadeiros” (homens especializados em entrar nas matas da região, com a tarefa de demarcar as futuras glebas para o assentamento dos colonos) transitavam pela região das bordas da Chapada dos Parecis. Curiosamente, estes homens aproveitavam o rastro das antas ao passarem pelo meio das matas para subirem as encostas da Chapada dos Parecis, na serra de Tapirapuã. Um destes trilheiros tornou-se o caminho que deu origem à rodovia MT 358, no trecho que liga ao topo da Chapada.

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Rio Juruena. Fonte: Album Gráphico do Estado do Matto Grosso, 1919. Serra dos Paresís: Rio Formigas. Fonte: Album Gráphico do Estado do Matto Grosso, 1919.

A abertura desta estrada, no início dos anos de 1960 (embora asfaltada somente nos anos de 1980), marcou um novo alavancamento das atividades colonizadoras na região. Como seria de se esperar, nesta área de fronteira agrícola a violência grassou a região. A disputa pela legalização e posse efetiva do espaço descambou, em determinadas circunstâncias, para a violência. Parte significativa dos conflitos era gerada pelo que passou a ser conhecido como beliches fundiários, em outras palavras, tratavam-se da sobreposição de documentação de propriedade, em posse de mais de um proprietário. A migração para o centro-oeste brasileiro, entre os anos de 1950 e 1970, foi profundamente incentivada não somente pelas ações governamentais através de diversas facilidades oferecidas por órgãos fomentadores, linhas de crédito etc., bem como a execução de uma propaganda maciça que seduzia proprietários rurais com promessa de terras infinitas, baratas (chegando a custas de até mil vezes a menos do que a mesma proporção em regiões de agricultura antiga como em São Paulo e Paraná) e férteis.

Parte da tarefa de comercializar as terras devolutas no centro-oeste foi repassada para as chamadas “colonizadoras”, empresas geralmente do sul do país que compravam extensos lotes de terras do governo para, depois, loteá-las. Na maioria dos casos, o loteamento era oferecido a compradores de uma mesma região de origem, quando não de uma mesma colônia de imigrantes. No período compreendido entre os anos de 1978 a 1980, a região contou com incentivos dos governos estadual e federal, que concederam crédito rural para a incorporação do cerrado ao processo produtivo. Da mesma forma, se expandiu a pecuária, com incentivos da SUDAM (Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia).

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Rondon e sua comissão

Candido Mariano da Silva Rondon era descendente de índios Guató, Terena e Bororó. Nasceu no Mato Grosso em 1865, em pleno segundo reinado brasileiro. Órfão prematuramente, completou seus primeiros estudos na própria província do Mato Grosso e, de lá, se transferiu para o Rio de Janeiro a fim de cursar a Escola Militar da Praia Vermelha, formadora de parte do oficialato do exército brasileiro (DIACON, 2006).

Rondon fez do exército sua vida, sua profissão de fé, e se manteve fiel aos governos de farda, não importando qual tenha sido a circunstância, diferentemente de muitos contemporâneos seus. Essa fidelidade ao exército garantiu sua sobrevivência às diversas transformações políticas pelas quais passou o Brasil ao longo de sua vida: nascido e tendo iniciado sua carreira durante o império, Rondon adentrou na República de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto já de farda. Ganhou notoriedade durante os governos civis da República Velha (ou do Café com Leite), com a tomada do poder por Getúlio Vargas na Revolução de 1930. Garantiu sua presença no cenário nacional, já tornado um herói. Vargas atravessou praticamente duas décadas e meia (de 1930 a 1954) como a figura política mais influente no cenário brasileiro. Foi substituído pelo General Dutra e retornou eleito. Candido Rondon continuou sendo a figura do imaginário nacional ligada ao desbravamento dos sertões e às políticas indigenistas.

Quando faleceu, em 1958, Rondon havia sido indicado há poucos anos pelo governo brasileiro, no governo democrático de Juscelino Kubitschek, para o Prêmio Nobel da Paz. Assim, nas primeiras décadas do século XX, Rondon foi uma das figuras mais emblemáticas das políticas de ocupação dos sertões brasileiros, da união nacional e da agregação de suas populações dispersas. Foi herói civilizador da República Velha.

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A Comissão Rondon possuía um caráter político (de defesa e da interligação de pontos principais das fronteiras de Bolívia e Paraguai com o Rio de Janeiro), um caráter ideológico, além daquele propriamente econômico. Destinava-se a implantar uma linha telegráfica que ligasse Cuiabá até o Santo Antonio do Madeira, no ponto inicial de construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré. O objetivo era estratégico: ocupar definitivamente territórios, realizando o reconhecimento geográfico, botânico e mineralógico da área, além de documentar as populações indígenas que lá existissem. Estas populações ficariam, então, “sob os cuidados” da Comissão (ROBERTO, 1987:3-4).

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O grande desafio da Comissão Rondon era conseguir estabelecer um tipo de relacionamento com os grupos nativos que não colocasse em xeque a instalação e o pleno funcionamento das linhas telegráficas, um dos motivos pelo qual acabou sendo ele mesmo o principal mentor da criação do SPILTN (Serviço de Proteção ao Índio e Localização de Trabalhadores Nacionais) em 1910, posteriormente transformado em SPI (criado em 1918). Como muitas das ações da recém-instaurada República Federativa do Brasil, o SPILTN tinha como objetivo incluir as sociedades indígenas na sociedade nacional e transformar seus integrantes em trabalhadores. O território de Campo Novo dos Parecis foi trabalhado em duas direções pelos serviços de linha telegráfica: uma para oeste, rumando para Utiariti e Juruena; e outra para leste, em busca de Capanema e Ponte de Pedra (Revista de Divulgação do Município 2002: 03). Assim, em 1907, a Comissão Rondon entrou em contato com os Pareci e com tribos identificadas como sendo Nambikwara (PRICE, 1976b, 1983).

A Comissão Rondon inaugurou um novo cenário na história do contato com grupos indígenas no Mato Grosso e, particularmente, com os Pareci, população mais diretamente envolvida na instalação e conservação das linhas do telégrafo (ROBERTO, 1987:4). Aldeias inteiras migraram atraídas pelas linhas telegráficas.

Todavia, esse contato levou a epidemias e a uma drástica diminuição demográfica, invasões de seringueiros e poaieiros, ataques por tribos inimigas, fazendo com que os sobreviventes gravitassem cada vez mais pela proteção e assistência de Rondon, no entorno das estações telegráficas. Com as epidemias, muitos órfãos se agregaram e cresceram vinculados à manutenção do telégrafo (ROBERTO, 1987:4). Com isto, a história dessa etnia acabou por se misturar, se confundir, em época recente, com a história das linhas telegráficas de Rondon. Lévi-Strauss (1996: 257), que conheceu região, resume que:

“a população da linha soma uma centena de pessoas: de um lado, os índios Paresís, outrora recrutados ali mesmo pela comissão telegráfica e instruídos pelo exército para a manutenção do fio e o manejo dos aparelhos (sem que por isso tenham deixado de caçar com arco e flecha); de outro lado, os brasileiros, atraídos no passado para essas regiões novas com a esperança de encontrarem, fosse um Eldorado, fosse um novo Far West”.

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Coronel Rondon e índios Pareci. Fonte: Album Graphico do Estado do Matto Grosso, 1919.

Casa do cacique Pareci. Fonte: Album Graphico do Estado do Matto Grosso, 1919.

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Rondon e seus homens ocupavam-se em derrubar a mata, instalar postes telegráficos, esticar fios e, entre essas coisas, lutar cotidianamente contra a endêmica malária.

As atividades de Cândido Rondon havia se concentrado na implantação da linha telegráfica que tinha como objetivo principal interligar o centro-oeste e o norte do país às capitais dos estados e à capital federal. Objetivo principal, mas não o único. Diga-se, a bem da verdade, que muito rapidamente o que era objetivo principal passou a segundo e terceiro planos devido a uma sequência de eventos de ordem técnica, política, ideológica.

Conforme indicado anteriormente, desde 1892 Rondon chefiava uma equipe ocupada em instalar a rede de linhas telegráficas, primeiro ligando Araguaia à Cuiabá, e desta até Goiás, trabalho executado até 1898. Dois anos após o término dessa etapa iniciou uma segunda, ligando Cuiabá a Corumbá, dando conta das comunicações na fronteira com a Bolívia. Em 1907, finalmente, iniciou o último e mais terrível trecho da linha, ligando Cuiabá a Santo Antonio do Madeira, tarefa concluída somente em 1914 a custos financeiros e humanos inimagináveis à época da concepção do projeto.

Ocorre que, em termos técnicos, a telegrafia por ondas de rádio avançava a passos largos, enquanto a manutenção na rede a cabo e de seus postos de comunicação era precária. O uso regular da mesma também era muito discutível, pois, como ocorreu no posto Utiariti, havia unidades que passavam anos recebendo menos de uma dezena de mensagens, e quase todas de uso da própria equipe. Com isso a assertiva do governo republicano de que a linha telegráfica serviria como uma via de desenvolvimento e unificação nacional caia por terra e se tornava insustentável na medida em que os trabalhos chegavam ao seu término.

Rancho de instalação da linha. Fonte: Album Graphico do Estado do Matto Grosso, 1919.

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Na década de 1910, nos anos finais da instalação da linha, quase nenhum núcleo novo de colonização havia surgido em função da linha, e a geografia humana do centro norte do Brasil continuava tal como fora no século XIX (DIACON, 2006). As margens da linha telegráfica continuavam a ser ocupadas por seringueiros dispersos, garimpeiros ocasionais e povos indígenas.

Enquanto isso, no escritório carioca da Comissão das Linhas Telegráficas, os funcionários buscavam garantir o aporte de recursos financeiros, logísticos e humanos que possibilitassem a conclusão e manutenção das obras, tarefa que se tornou gradualmente mais difícil à medida que os resultados previstos não vinham.

Efetivamente, o que sustentou as obras das linhas telegráficas até seu término não foi sua funcionalidade, sua utilidade ou sua eficácia enquanto meio de comunicação, mas o papel que a figura da Comissão e, especialmente, de Rondon passou a ter na propaganda republicana. Rondon se adequava plenamente ao ideal republicano dos primeiros anos do século XX, ainda profundamente influenciado pelo positivismo.

A crença no progresso, na integração dos povos e na evolução positiva dos indivíduos estava encarnada nos atos de Rondon – ele próprio um positivista de primeira hora, graças à influência de seu professor Benjamin Constant, na Escola Militar – e também no discurso republicano até o final dos anos de 1900. Desbravar o sertão, abrir estradas, fomentar o surgimento de núcleos colonizadores, “pacificar” índios, enfim, levar o progresso e a nação a cada canto do território. Estes fatores garantiram o aporte de verbas até o final para a Comissão das Linhas Telegráficas.

Coronel Rondon com oficiais da C.L.T.E. Fonte: Album Graphico do Estado do Matto Grosso, 1919.

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As técnicas para a florestaO exército brasileiro, embora tenha tido seu gérmen no antigo exército colonial português, se moldou ao longo dos séculos às especificidades do território americano. Apesar de ter herdado a estrutura, a hierarquia, a burocracia, no universo das práticas, técnicas e táticas o exército brasileiro soube aproveitar as peculiaridades do que passou a ser conhecida como “guerra brasílica”.Em termos muito gerais, a guerra brasílica era a utilização das táticas de combate empregadas pelos povos indígenas na América, sobretudo pelos povos das regiões litorâneas, os quais muito rapidamente entraram em choque com os colonizadores ou que aderiram integral ou parcialmente à empresa colonial.Os dois principais focos de desenvolvimento de técnicas de combate apropriadas dos indígenas e reinterpretadas foram o planalto paulista e a região da zona da mata pernambucana, por conta, diga-se de passagem, de situações absolutamente diversas.No caso paulista a guerra brasílica resultou como mescla da experiência dos colonizadores portugueses com as técnicas dos povos tupis habitantes do planalto paulista. Diferentemente do combate formal, no planalto paulista, a guerra brasílica se tornou, antes de tudo, uma técnica para o embate e captura de grupos indígenas destinados ao trabalho compulsório (MONTEIRO, 1995, HOLANDA, 1995). Num segundo momento as bandeiras paulistas, verdadeiros batalhões de mamelucos, passaram a ser empregadas também na repressão de quilombolas, grupos indígenas hostis e outras situações de conflito nas quais os grupos adversários – sejam eles indígenas ou escravos fugidos – possuíam vantagens táticas diante das escassas tropas regulares lusitanas (PUNTONI, 2002). Domingos Jorge Velho, bandeirante paulista, foi recrutado com sua tropa de índios e mamelucos para darem cabo do complexo de quilombos da Serra da Barriga, Palmares, e depois no enfrentamento de grupos indígenas no sertão nordestino. Sua vantagem militar residia muito mais nas táticas e técnicas do que no número ou no armamento em si.

A segunda grande circunstância na qual a guerra brasílica demonstrou superioridade às tropas regulares foi justamente na Guerra de Restauração em Pernambuco em meados do século XVII.

Um dos saltos do rio.

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Diante da impotência portuguesa, ocupada com a restauração de sua própria independência frente à Espanha, e depois com os cofres esvaziados, a resistência e expulsão dos holandeses na América Portuguesa restaram como tarefa dos homens da terra.

Em linhas gerais a guerra brasílica se valia da larga experiência dos povos nativos nas andanças pelos sertões, das técnicas de marcha pela floresta, do deslocamento rápido por entre os capões de mato e pela mata fechada, da adaptabilidade aos mais diversos terrenos, do uso extremado do elemento surpresa através da velocidade e dos grupos pequenos, além da óbvia necessidade diminuta de reabastecimento a partir de um centro de operações.

Enquanto as tropas regulares se comportavam melhor em terrenos abertos, com formações regulares dos batalhões, as tropas nativas formadas por mamelucos, mulatos, indígenas, negros e colonos portugueses conseguiam se adaptar a quase qualquer terreno e evitavam o enfrentamento direto em áreas descampadas. Constantemente as tropas regulares careciam de alimentos provenientes da Europa ou dos centros (farinha branca, carnes verdes, aguardente etc.), coisas que em situação de conflito, claramente, sofriam pelo abastecimento precário (MELLO, 1998: 322-385). As tropas nativas conseguiam sobreviver durante longos períodos se alimentando de caça, pesca, frutos nativos, farinhas de mandioca ou de milho, sem passar pelo processo de desnutrição das tropas regulares de origem europeia. Seu grau de autossuficiência era realmente espantoso, o que lhe proporcionava uma autonomia significativa nas táticas de ataque surpresa e fuga pelas matas.

Além do mais, a habilidade na navegação pelos interiores inóspitos era infinitamente maior entre os nativos. Em suma, a guerra brasílica, para as florestas americanas, era muito superior à guerra clássica, e foi um dos pilares fundadores do conceito de guerrilha e guerra na selva.

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Esse corolário de experiências foi parcialmente incorporado ao exército brasileiro, embora, com a independência, tenha prevalecido no conjunto do organismo a linha de pensamento portuguesa regular. Na maioria dos embates durante os dois reinados as tropas das regiões capitais se comportaram de modo bastante tradicional. Contudo, as divisões do exército provenientes ou sediadas nas regiões sertanejas do Brasil continuaram a usar largamente as técnicas da guerra brasílica.Em verdade, as técnicas usadas para a guerra eram de uso bastante flexível e diverso. Serviam tanto para os embates militares quanto para as lides de exploração, patrulhamento, desbravamento de áreas inóspitas. Investia-se muito mais na autonomia do homem, na velocidade e em sua capacidade de adaptação a situações inesperadas do que na logística, na regularidade do envio de suprimentos, no apoio central. A guerra brasílica, advinda da experiência dos povos nativos e acrescida de elementos e técnicas portuguesas, deu origem a uma verdadeira escola do sertanismo no Brasil.

Rondon e seus homens, a grande maioria originária do Brasil Central como ele próprio (MILLARD, 2007: 142 e seguintes), pertenciam a essa tradição do sertanismo no Brasil, acentuado ainda mais pelo fato de boa parte deles ser de ascendência indígena ou se conviver com indígenas há décadas. A indicação de um acompanhante de uma das expedições é esclarecedora:

E, com muita naturalidade isso se repetia em todas as expedições de Rondon, valendo-se de todo conhecimento nativo, afinal, se os índios viviam ali eles deveriam ser capazes também de sobreviver.

Trecho estreito do rio.

“As privações cresciam. Os víveres, cada dia, tornavam-se mais escassos. Apelaram para os recursos da mata; mel e palmito não faltavam.” (ROQUETTE PINTO, 1975: 30)

Edgar Roquette Pinto, diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, acompanhou uma das expedições de Rondon à Serra do Norte em 1912, terra de ocupação Nambikwara. Descreveu o cientista a forma de deslocamento da expedição:

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“Rondon decidi que, enquanto houvesse montarias, um batedor iria marcando o caminho, dando avisos convenientes por intermédio de uma corneta; pelo mesmo processo, o chefe da expedição determinava o rumo. Um dos ajudantes de ordens levava medido o passo do animal, tomava as distâncias com podômetros, fazia o levantamento expedito do caminho e cuidava da barometria. O guia marcava o rumo nas árvores; um grupo de foiceiros e machadeiros abria a picada de dois metros de largura. A marcha começava de madrugada e terminava ao meio dia, no lugar escolhido para o acampamento.” (ROQUETTE PINTO, 1975: 29-30)

Ponteiros da expedição montados em cavalos no cerrado. Com armas nas mãos, estavam provavelmente saindo à caça.

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Apetrechos para uma expedição

Nos trabalhos da Comissão das Linhas Telegráficas, Rondon utilizara as “bocas do sertão” como postos avançados de onde partiam as missões para a construção. Com mais regularidade Tapirapuã (na Chapada dos Parecis) e Diamantino haviam sido os postos avançados, dependendo do rumo que a expedições iriam tomar. Nessas localidades Rondon ou seus oficiais comandados terminavam de arregimentar homens para trabalharem como “camaradas”, ajudantes gerais sem especialização definida. Em geral esses homens se ocupavam de derrubar a mata, montar os ranchos, erguer postes, etc. Tarefas mais específicas, sobretudo as relacionadas à navegação fluvial, exigiam mão de obra especializada como remeiros e homens aptos a construção de ubás, canoas monóxilas.

Na partida das expedições os homens contavam com o apoio de animais de carga, geralmente bois, que carregavam jacás, canastras, arcas ou outra forma qualquer de reunir a tralha da expedição, tal como no modelo das antigas caravanas – na Ásia e África – e tropas, já no América Portuguesa.

Subidas de serras, como a de Tapirapuã, travessias de rios de piranha, a difícil travessia de charcos, buritizais, tabocais, e o ataque inclemente de toda sorte de insetos, temperado pelo calor escaldante exauriam as forças dos animais e ceifavam suas vidas muito rapidamente.

Nas imensas caixas da expedição – distribuídas entre bois, cavalos e mulas – iam barracas, apetrechos de cozinha, facões, machados e outras ferramentas necessárias para o trabalho na selva. Medicamentos, mosquiteiros, armamento leve (rifles, pistolas e outras armas de caça), roupas e alimentos.

Bois puxando uma carroça de suprimentos.

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Em situações normais a equipe de Rondon seguiria para o sertão com uma tralha que comportasse armamento – mais para a caça do que para o enfrentamento com indígenas, posto que era princípio inviolável jamais atirar num deles -, muitas ferramentas, sobretudo machados e facões, parcas roupas, medicamento para curativos (em decorrência dos inúmeros ferimentos de trabalho) e para o tratamento da malária, algumas barracas, mas certamente não para todos, trem de cozinha muito reduzido, alimentos secos – carne seca, farinha de mandioca, banha, feijão –, equipamento para instalação das linhas telegráficas, inclusive o de natureza cartográfica e topográfica (bússolas, teodolitos, mapas, etc.). Rondon jamais deixava faltar a bandeira nacional, a qual fazia questão de hastear todos os dias antes de ler a ordem do dia ou de fazer algum discurso de natureza positivista, e, depois de alguns anos, também um gramofone com um disco contendo o hino nacional brasileiro, fundamental em suas exortações patrióticas e nas atividades junto aos indígenas. Levava também farto material para anotações, mesa e banqueta para compor um escritório de campanha, e algumas caixas com presentes para os indígenas no caso de entrar em contato com algum grupo. Nos anos seguintes se fez acompanhar eventualmente de fotógrafos e/ou cinegrafistas com todas suas traquitanas necessárias para registrar os feitos na floresta, peças de propaganda republicana e que garantiam a manutenção do investimento federal nos trabalhos de Rondon e sua equipe.

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O deslocamento na selva

Nas áreas de cabeceiras, Rondon e seus parceiros se deslocavam no lombo de mulas, cavalos e toda sua imensa carga. Mas, a partir da cabeceira do rio a expedição seguia embarcada. A descida pelo rio implicava na transposição de diversos saltos e corredeiras. Sem outra opção a solução era realizar os varadouros por terra, contornando a seco o curso do rio.

As canoas possuíam tamanhos diversos e todas eram monóxilas, tal como a tradição indígena do interior da América do Sul. Bem como no modelo indígena, e também monçoeiro (HOLANDA, 1990), cada canoa carregava sua carga no centro, na popa seguia um remador, outros no corpo da canoa e, na proa, um homem com uma zinga, uma longa vara usada para manejar a canoa em trechos mais rasos ou pedregosos. Algumas das canoas podiam ser adaptadas e receberam uma pequena coberta central para abrigar os doentes da expedição.

Ao longo da expedição, diante da quase comum perda de canoas, foi necessária a substituição das mesmas. Utilizando a técnica tradicional obtinha-se árvores adequadas – tatajubas, de tronco amarelado e bastante maleável - que eram escavadas com facões, machados e fogo, até tomarem o formado de canoas monóxilas.

Canoa usada no transporte da Comissão Rondon.

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Construção de canoa pela Expedição Rondon.

Realização de um dos varadouros pela expedição, escapando das diversas corredeiras do rio.

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Rondon em um acampamento–escritório durante os trabalhos da Comissão das Linhas Telegráficas. Note-se ao fundo a aldeia indígena, provavelmente Pareci.

Todos os dias a rotina era exatamente a mesma: parar as canoas ainda com sol alto, encontrar um ponto seguro nas margens, abrir uma clareira com machados e facões, instalar o trempe de cozinha e as duas barracas de lona. No chão estender o couro de boi que servia de toalha. Comer, dormir.

Com o passar dos dias foi acrescentada a rotina cotidiana a tarefa de obter um pouco mais de alimento através da caça e de pesca, quando possível a coleta de algum fruto ou palmito.

A complementação da alimentação com caça, pesca e coleta era praxe nos trabalhos de Rondon. Os camaradas dependiam de alguma ração mínima e de algo mais fornecido graças a suas habilidades/sorte na caça e pesca. Tanto Rondon e seus oficiais, quanto os camaradas, havia, depois de décadas não explorando, mas vivendo na floresta literalmente, se habituado a refeições rápidas, com pouca variedade e pouca quantidade.

Dos suprimentos pouco necessitava mais do que algum aquecimento, realizado em fogueiras nas panelas de metal com revestimento de ágata que acompanhavam a expedição (como aparece em algumas das fotos da expedição). Por outro lado, os frutos da caça e da pesca eram preparados somente com a limpeza dos animais e sal, assados às vezes a moda indígena, no moquém.

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Parada para almoço durante o trecho seco da Expedição Roncador-Xingu (o padre John Zahn é o primeiro a es-querda). Boa parte do material nesta foto seria dispensado no trecho embarcado, resultando em acervos materiais encontrados nos sítios arqueológicos.

Dois destes acampamentos da Comissão Rondon foram identificados durante as pesquisas arqueológicas na PCHs do rio Juruena, denominados sítios Juruena 1 e Juruena 6.

O sítio Juruena 1 está implantado na média vertente de uma colina de solo arenoso, fino, coberto por um cerrado bastante batido pelo fogo e em lenta recomposição. A 500 metros de distância está o rio Juruena. Os vestígios associados estão nas laterais da estrada que leva à barra do rio Bacabal com o Juruena. Foram detectados objetos de uso domésticos pertencentes à expedição do Marechal Cândido Rondon no estabelecimento da Linha Telegráfica na região, dispersos pela superfície do terreno. Os objetos compreendem pedaços de ferro e esteios de madeira, fechadura de portas, fragmentos de artefatos de vidro, objetos de porcelana, além de fragmentos cerâmicos. Os vestígios estavam dispersos por uma área de 50.600 m2.

Vale salientar que o sítio Juruena 1 se encontra fora da área diretamente afetada pelas PCHs, portanto, não sofreu impactados pelas obras.

As pesquisas na área revelaram a presença de ruína de pedras, constituída por blocos de arenito lavrado, com aproximadamente 10 metros. Em suas proximidades encontra-se um esteio que sugerem sustentação de estrutura construtiva. Segundo moradores da cidade de Sapezal este assentamento corresponderia a um dos postos telegráficos instalados por Rondon na primeira década do século passado.

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Placa de identificação

Já o sítio arqueológico Juruena 6 está situado na margem esquerda do rio Juruena, em área de pequena declividade a cerca de 300 metros do rio Juruena e tem área de 2.100 m2.

A vegetação da área caracteriza-se por cerrado. Na área do sítio foi detectado um alinhamento de pedras em superfície que provavelmente seria uma base de alicerce de um dos acampamentos do Marechal Rondon. Na periferia do sítio foram identificadas ainda duas áreas de concentração de vestígios de aproximadamente 22 metros de eixo, além de um bolsão contendo fragmentos de vidros, válvulas de rádio de telecomunicações e vários instrumentos de acampamento. Foi ainda identificada uma área de concentração de vestígios sugerindo ser uma lixeira onde havia colheres, garfos, válvulas de rádio, pregos, arames, ralos, garrafas de bebidas, remédios, perfumes e outros, em sua maior parte quebrados.

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Estrutura, de pedras sobrepostas (pedra seca).

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Esteio localizado nas imediações da estrurtura de pedras.

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Fragmentos de toras e tábuas de madeira espalhados pela área do Sítio Juruena 01.

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Cartulho de projétil encontrado no Sítio Juruena 01.

Framento de metal encontrado no Sítio Juruena 01.

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Fragmentos diversos em meio a vegetação.

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Frasco de vidro encontrado no Sítio Juruena 01.

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Fragmentos de porcelana encontrados no Sítio Juruena 01.

Framento de vidro. encontrado no Síto Juruena 01.

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Arame encontrado no Sítio Juruena 01.

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Lata encomtrada no Sítio Juruena 01.

Lata

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Fragmento de porcelana encontrado no Sítio Juruena 01.

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Dentre os materiais presentes em Juruena 1 e Juruena 2 destacam-se as latas, tendo sido identificados 23 tipos (entre latas de conservas, de leite, combustível, um baú para charutos e cigarrilhas). As latas possuem formatos arredondados, elípticos, retangulares e quadrados. Três latas, possivelmente de leite, apresentam alças metálicas.

Artefatos de lata encontrados no Sítio Juruena 01.

Destacam-se também no acervo as garrafas de materiais de laboratório, tendo sido detectados: 45 tipos de vidro que estão divididos entre: garrafas, potes, ampolas de vidro para injeção, matérias de soluções farmacêuticas (béquer, bastão, tubos de ensaios), xícaras e uma caneca de porcelana. Algumas garrafas possuem inscrições diversas tais como: • Laboratório chimico pharmaceutico Militar Rio de Janeiro• Sabão Russo Marca registrada• VBC• Adrian Arrehenal código BL5512• Códigos de fundo de garrafas VD & C=A• Códigos inscritos tais como Lysol schulke&MAYR * Hamburg.

Alguns vidros possuem unidades de medidas tais como 40 oz

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Um Béquer e um bastão de vidro para soluções

Ocorreram ainda nestes acampamentos cápsulas de projéteis com as seguintes descrições: DM K 95 18 e UMC 44 40

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Foram identificados também 5 tipos de botões e um broche pequeno com inscrição do número 1, uma lamparina, cinco fivelas de 4 tamanhos diferentes, duas peças de suspensório. Um botão com a descrição Progresso.

Broches detectados no sítio Juruena 06

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Dentre as peças de metal destacam-se também pregos com cinco bitolas distintas e um parafuso com porca, um gancho com rosca, uma lima triangular, seis argolas de tamanhos diversos, duas argolas de alças provavelmente de latas, uma tranca para portas.

Quanto aos objetos de cozinha foram observadas 6 colheres de tamanhos diversos, um garfo, três copos de ferro uma tesoura, um facão, um conjunto esmaltando contendo um copo e um pires. Foram detectados objetos diversos não identificados, cinco tampas de latas.

Finalmente, foram também coletadas moedas com valor de 10 reais e brasão da coroa imperial.

Moedas detectadas no sítio Juruena 06

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Mas a memória da Comissão Rondon não está apenas nos livros ou nos vestígios materiais deixados em seus acampamentos em meio à mata. Na cidade de Sapezal, o senhor Nivaldo Bertollo conseguiu guardar e preservar uma coleção de instrumentos da Estação Telegráfica, que hoje integra o acervo de Museu da cidade. Entre sua coleção destacam-se peças como cavadeiras, enxadão, prato de alumínio, panela de ferro, roda de carroça, cubos de bronzes para carroças, isolantes térmicos para postes. Na entrevista foram também visualizadas fotos antigas e fotos da missão Jesuíta do Utiariti além da bibliografia acerca de Rondon e missão Jesuítica.

Senhor Nivaldo Bertollo morador da cidade de Sapezal demonstrando sua coleção dedocumentos a respeito de Cândido Marechal Rondon.

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Arma tipo Colt 44 encontra na área da atual PCH Telegráfica.

A história da Comissão de Rondon está, portanto, viva e integrada no cotidiano e na memória das comunidades que hoje habitam o médio vale do rio Juruena, dando-lhe constante significado. Preservar esta memória é tarefa de muitos de seus moradores, dando pleno significado ao Patrimônio Cultural da região

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E a história continua: o médio vale do rio Juruena Hoje

Dentro de todo este contexto histórico de ocupação do médio/alto curso da bacia do rio Juruena é que surge, ainda na década de 1970, o povoado que hoje constitui a cidade de Sapezal, quando ali chegaram os colonos pioneiros à região, a maior parte vinda do norte do Rio Grande do Sul, oeste de Santa Catarina e sudoeste do Paraná: Paulo Abatti, Ricardo Roberto, Arno Schneider, Aldir Schneider, Eriberto Dal’Maso, Eleonor Dal’Maso, Írio Dal’Maso e Mauro Paludo, entre outros.

Nesta época a área estava cortada por fazendas que distavam entre 40 e 100 km entre si e as estradas não eram mais do que simples piquetes abertos no cerrado pelos próprios colonos (Coordenadoria Municipal de Indústria e Comércio 2002: 2).

A formação deste núcleo urbano estaria ancorada em uma proposta de colonização do Grupo Maggi, que teria dado o nome à cidade em referência ao rio Sapezal. O nome vem de um termo de origem Tupi: “ssa’pé: o que alumia + al sufixo que designa quantidade. Sapé é uma espécie de capim da família das gramíneas, conhecida pela propriedade de cobrir ranchos. No dizer da língua Tupi é um capim brilhante, que ilumina, que “lumia”. Ou seja, designa “lugar de muito sapé” (Coordenadoria Municipal de Indústria e Comércio 2002: 2).

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A atual zona urbana do município começou a ser povoada apenas em 1987 com a abertura da MT-235 (Estrada Nova Fronteira) e do Loteamento da Sapezal Agrícola, de propriedade de André Antônio Maggi, considerado o idealizador e grande benfeitor do município. Sapezal nasceu já com infra-estrutura de cidade, tendo posto telefônico, posto de combustível, hotel, restaurantes, farmácia, supermercado e escola. Inicialmente a energia elétrica era fornecida por uma pequena usina de 400kva e outra maior, ambas construídas no rio Juruena (Mato Grosso e seus municípios : 625).

Em 1992, quando Sapezal era ainda Distrito do Município de Campo Novo do Parecis, um grupo de amigos fundou o Centro de Tradição Gaúcha “Chama da Tradição”, procurando manter vivos os costumes de sua terra natal. Sapezal foi emancipado a 19 de setembro de 1994 pela Lei no 6.534, de autoria dos deputados Jaime Muraro e Antonio Joaquim:

Artigo 1o – Fica criado o município de Sapezal, com sede na localidade de mesmo nome, com área desmembrada do município de Campo Novo do Paresís.

O primeiro prefeito da cidade foi André Antônio Maggi, eleito em 1996. Empenhou-se para que a comunidade crescesse e se desenvolvesse, incentivando o estabelecimento de empresas e de comerciantes na cidade (Mato Grosso e seus municípios: 624-625).

Município rico, continua atraindo muitas pessoas de fora. Embora as últimas migrações não estejam limitadas às pessoas dos estados do sul do país, elas ainda são maioria e suas características estão presentes no dia-a-dia da cidade.

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No que se refere à infraestrutura que o município possui referente à divulgação e valorização de seu patrimônio histórico e cultural, destaca-se em Sapezal a Biblioteca Municipal Centro do Saber, vários auditórios (especialmente em empresas privadas), grupos de teatro, CTGs, coleções particulares de objetos, livros e iconografia e arquivos dos jornais na Biblioteca Pública.

Dentre os eventos culturais mais tradicionais da cidade destaca-se a Semana Farroupilha, que ocorre no mês de dezembro no Centro de Tradição Gaúcha Chama da Tradição. Ocorrem ainda na cidade as festas juninas (mês de junho) e festas cívicas como a gincana da independência e passeio ciclístico (setembro).

Já Campos de Júlio é um dos mais novos municípios do estado de Mato Grosso, tendo sido instalado no dia 1º de janeiro de 1997. Seu nome teria sido o resultado de um conjunto de fatores: por possuir os belos campos de terras férteis, por sua colonização ter acontecido no mês de Julho e porque, na época, o estado era governado por Júlio Campos (Campos de Júlio 2002: 6).

Valdir Masutti é considerado o principal colonizador do território onde hoje está instalado o município. Ali chegou no início da década de 1980, acompanhado de seus familiares. Neto de italianos veio de Realeza, cidade do estado do Paraná, onde dirigia a Construtora Kargem, de sua família. Produtor rural, viu nas terras onde hoje está implantado o município de Campos de Júlio ótimo potencial para o cultivo de lavouras, conseguindo apoio financeiro na construtora (Campos de Júlio 2002: 10).

Valdir Masutti foi quem formou o povoado, construindo 15 casas. A ele se deve também a construção da primeira capela, da primeira escola, do mercado pioneiro e da subprefeitura (Campos de Júlio 2002: 10).Ainda na década de 1980 muitas famílias provenientes da região sul do país chegaram à localidade. Abriram estradas, construíram pontes e casas. Dentre as pioneiras destacam-se: a de Dirceu Ferreira da Silva, Dorildo Neves de Moura, família Tomé, Zamo, Wingembach, Cassol, Klahold, Vargas (Ladeira), Dors e Delazari (Mato Grosso e seus municípios: 413).

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Sendo originário da região sul do país, Valdir Masutti atraiu consigo produtores agrícolas que já haviam desenvolvido alta tecnologia nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, alavancando rapidamente a economia do município.

Em 13 de maio de 1986 a Lei Estadual no. 5.000, sancionada pelo governador Júlio José de Campos, cria o distrito de Campos de Júlio, pertencente ao município de Comodoro. Oito anos depois, a 28 de novembro de 1994, a Lei no. 6.561, de autoria do deputado estadual Jair Benedetti, cria o município (Mato Grosso e seus municípios: 413).Atualmente Campos de Júlio tem na agricultura sua principal atividade econômica. Embora também ali as últimas migrações não estejam limitadas às pessoas dos estados do sul do país, eles ainda são maioria, imprimindo suas características no cotidiano da cidade: na aparência física das pessoas, no hábito de tomar chimarrão e na presença do Centro de Tradição Gaúcha, importante referência municipal.

No que se refere à infraestrutura que o município possui referente à divulgação e valorização de seu patrimônio histórico e cultural, destaca-se em Campos de Júlio a Biblioteca Municipal Cecília Meirelles, grupos de teatro e CTGs.

Dentre os eventos culturais mais tradicionais da cidade destaca-se a comemoração de seu aniversário (novembro), exposição agropecuária (setembro), a festa de Nossa Senhora das Graças (novembro), festas juninas (junho) e festas cívicas (setembro).

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Agradecimentos

Expressamos nossos agradecimentos à comunidade de Sapezal e Campos de Júlio, municípios onde as 8 PCHs tratadas por este Programa se localizam. Sem elas, sua memória, sua acolhida e seu apoio constante às equipes, este trabalho certamente não alcançaria seus resultados.

Nossos agradecimentos se estendem às empresas Juruena Participações e Investimentos Ltda. e Maggi Energia que, com seu constante apoio e estímulo, fizeram com que o Programa abrangesse a totalidade de ações científicas e sociais para pleno atendimento ao Patrimônio Cultural local e às atividades de Educação Patrimonial desenvolvidas.Espera-se que a geração presente e futura aprecie o trabalho e seus resultados, e os incorpore à Memória Nacional e de seus povos.

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Bibliografia

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WUST, I. - Aspectos da ocupação pré-colonial em uma área do Mato Grosso de Goiás - tentativa de análise espacial. Dissertação de Mestrado, FFLCH/USP, São Paulo, 1983 , Aspectos da ocupação pré-colonial em uma área nuclearBororo ntre os rios Vermelho e Garças, MT. Dédalo, Publicações Avulsas I:161-171, São Paulo, 1989 , Continuidade e mudança - para uma interpretação dos grupos ceramistas pré-coloniais da bacia do rio Vermelho, Mato Grosso. Tese de Doutoramento, FFLCH/USP, São Paulo-Goiânia, 1990

WUST, I. & SCHMITZ, P.I. - Fase Jataí, estudo preliminar. Anuário de Divulgação Científica II (2): 71-93, UCG, Goiânia, 1975

DOCUMENTAÇÃO CONSULTADA

Tratados

TRATADO DE TORDESILHAS DE 7 DE JUNHO DE 1494, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.61, Cuiabá: IHGMT, 2002.

TRATADO DE LIMITES das conquistas entre os muy altos e poderosos senhores Dom João V, Rei de Portugal e D. Fernando VI, rei de Espanha, assinado em 13 de janeiro de 1750, em Madri, e ratificado a 26 do dito mês, e em Madri a 8 de fevereiro do mesmo ano, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.61, Cuiabá: IHGMT, 2002.

TRATADO entre Sua Majestade Fidelíssima, o senhor D. José I, Rei de Portugal e Sua Majestade Católica o senhor D. Carlos III, Rei de Espanha, assinado no Pardo a 12 de fevereiro de 1761, pelo qual se anulou o de 13 de janeiro de 1750 e se mandou observar os anteriores, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.61, Cuiabá: IHGMT, 2002.

TRATADO preliminar de limites da América Meridional entre sua Majestade Fidelíssima, D. Maria I, Rainha de Portugal, e sua Majestade Católica o senhor D. Carlos III, Rei de Espanha, assinado em San Ildelfonso, no 1º. De outubro de 1777, e ratificado por sua Majestade Fidelíssima em Lisboa, no dia 10, e, por sua Majestade Católica em San Lorenzo El Real, no dia 22 do mesmo mês e ano, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.61, Cuiabá: IHGMT, 2002.

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Paisagens Culturais do rio Juruena

ARTIGOS SEPARADOS DO TRATADO DE SANTO ILDELFONSO, 1777, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.61, Cuiabá: IHGMT, 2002.

TRATADO DE AMIZADE, NAVEGAÇÃO E COMÉRCIO COM O PARAGUAI, DE 6 DE ABRIL DE 1856, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.61, Cuiabá: IHGMT, 2002. CONVÊNIO DE AJUSTES DE LIMITES COM O PARAGUAI, DE 6 DE ABRIL DE 1856, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.61, Cuiabá: IHGMT, 2002. TRATADO DE LA PAZ DE AYACUCHO, DE 27 DE MARÇO 1867, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.61, Cuiabá: IHGMT, 2002.

TRATADO DE PETRÓPOLIS, DE 17 DE NOVEMBRO DE 1903, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.61, Cuiabá: IHGMT, 2002.

Documentos diversosA CIDADE DO OURO E DAS RUÍNAS, de Alfredo d’Escragnole Taunay (Visconde de Taunay), publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.21, original escrito em 1891, Cuiabá: IHGMT, 2001.ACONTECIMENTOS DA RUSGA, manifesto anônimo, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.36, Cuiabá: IHGMT, 2001.ANAIS DE MATO GROSSO, de Henrique de Beaurepaire-Rohan, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.20, original escrito entre 1843 e 1846, Cuiabá: IHGMT, 2001.ANAIS DE VILA BELA DA SANTÍSSIMA TRINDADE, de Francisco Caetano Borges, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.28, original escrito em 1754, Cuiabá: IHGMT, 2001.APONTAMENTOS CRONOLÓGICOS DA PROVÍNCIA DE MATO GROSSO, de Augusto Leverger (Barão de Melgaço), versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.19, Cuiabá: IHGMT, 2001.CARTA SOBRE OS MARTÍRIOS AO CAPITÃO GENERAL LUÍS DE ALBUQUERQUE, de Inácio Xavier, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.40, original escrito em 1780, Cuiabá: IHGMT, 2002.

DIÁRIO DA DILIGÊNCIA QUE POR ORDEM DO ILMO. E EXMO. SR. JOÃO DE ALBUQUERQUE DE MELLO PEREIRA E CÁCERES, GOVERNADOR E CAPITÃO GENERAL DA CAPITANIA DE MATO GROSSO, SE FEZ NO ANO DE 1795, A FIM DE DESTRUÍREM VÁRIOS QUILOMBOS E BUSCAR ALGUNS LUGARES EM QUE HOUVESSE OURO, de Francisco Pedro de Mello, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.24, original escrito em 1795, Cuiabá: IHGMT, 2001.DIVERTIMENTO ADMIRÁVEL PARA OS HISTORIADORES E CURIOSOS OBSERVAREM AS MÁQUINAS DO MUNDO RECONHECIDAS NOS SERTÕES DA NAVEGAÇÃO DAS MINAS DO CUIABÁ E MATO GROSSO, de Manoel Cardoso Abreu, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.55, original escrito em 1783, Cuiabá: IHGMT, 2002.EXPLORAÇÃO DA PROVÍNCIA DE MATO GROSSO, de Rodolfo Waeneldt, publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.55, original escrito em 1783, Cuiabá: IHGMT, 2002.INFORMAÇÃO SOBRE O SERTÃO QUE MEDEIA AS MINAS DE GOIÁS PARA O CUIABÁ NO ANO DE 1791, de João Godoi Pinto da Silveira, publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.45, original escrito em 1791, Cuiabá: IHGMT, 2002.INFORMAÇÕES DO PADRE FRANCISCO LOPES DE SÁ SOBRE A JORNADA AOS MARTÍRIOS, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.40, original escrito em 1820, Cuiabá: IHGMT, 2002.

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NOTICIAS DOS MARTÍRIOS DE ANTONIO PIRES DE CAMPOS, DADAS POR ANTONIO DO PRADO SIQUEIRA NO ANO DE 1789, de Antonio do Prado Siqueira, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.40, original escrito em 1789, Cuiabá: IHGMT, 2002.NOTÍCIAS PRÁTICAS DAS MINAS DE CUIABÁ, de João Antonio Cabral Camelo, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.48, original escrito em 1728, Cuiabá: IHGMT, 2002.PARTICIPAÇÃO DO ROTEIRO DOS MARTÍRIOS AO CAPITÃO GENERAL DE GOIÁS TRISTÃO DA CUNHA, de Bartolomeu de Campos Leme e Gusmão, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.40, original escrito em 1799, Cuiabá: IHGMT, 2002.REFLEXÕES SOBRE A CAPITANIA DE MATO GROSSO, de Ricardo Franco de Almeida Serra, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.57, original escrito entre 1796 e 1809, Cuiabá: IHGMT, 2002.ROTEIRO APRESENTADO PELO CAPITÃO GENERAL LUÍS DE ALBUQUERQUE POR JOÃO LEME DO PRADO EM OFÍCIO DE 14 DE NOVEMBRO DE 1774, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.40, Cuiabá: IHGMT, 2002.ROTEIRO QUE DEU O CAPITÀO MOR ANTONIO PIRES DE CAMPOS AO CAPITÃO MOR LUIZ RODRIGUES VILARES, PROCURADOR DO POVO DE VILA REALDO SENHOR BOM JESUS DE CUIABÁ, PARA O DESCOBRIMENTO DE GRANDES HAVERES PARA AS ALDEIAS DOS GENTIOS ARAÉS, de Antonio Pires de Campos Bueno, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.40, Cuiabá: IHGMT, 2002. ROTEIROS PARA OS MARTÍRIOS, INDO EM CANOA PELO RIBEIRÃO DE GOIÁS, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.40, Cuiabá: IHGMT, 2002.VIAGEM A MATO GROSSO, de M. G. Mulhall, versão publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, publicações avulsas n.11, original escrito em 1876, Cuiabá: IHGMT, 1998.

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Ficha Técnica

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Ficha Técnica

Texto e curadoria de imagens

Dra. Erika M. Robrahn-González (Coordenadora Geral do Programa. Historiadora, Antropóloga Social e Arqueóloga)Ms. Marian Rodrigues (Arqueóloga)

Revisão científica

Cléber Mendonça (Bacharel em Letras)Juliana Welling (Jornalista)

Editoração e arte final

Eduardo Staudt (Gestor de Marketing)Vinicius Camargo (Designer e fotógrafo)Leonardo Scauri (Analista de Marketing)

A equipe de desenvolvimento do Programa está especificada nos relatórios encaminhados ao IPHAN, de acordo com a Portaria de Pesquisa publicada no D.O.U.

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