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  • Direco-Geral de Inovao e de Desenvolvimento Curricular

    EDUCAO ESPECIAL

    Manual de Apoio Prtica

  • MINISTRIO da EDUCAO

    Direco-Geral de Inovao e de Desenvolvimento Curricular

    Direco de Servios da Educao Especial e do Apoio Scio-Educativo

    www.dgidc.min-edu.ptwww.dgidc.min-edu.pt

    Av. 24 de Julho, 140 - Lisboa

    MINISTRIO da EDUCAO

    Direco-Geral de Inovao e de Desenvolvimento Curricular

    Direco de Servios da Educao Especial e do Apoio Scio-Educativo

  • Ficha Tcnica

    TTULOEducao Especial

    Manual de Apoio Prtica

    EDITORDireco-Geral de Inovao e de Desenvolvimento Curricular

    Direco de Servios da Educao Especial e do Apoio Scio-Educativo

    DIRECTOR-GERALLus Capucha

    COORDENAO Filomena Pereira

    ORGANIZAO E REDACOAlexandra Crespo

    Carmo CorreiaFtima CavacaFernanda Croca

    Graa BreiaManuela Micaelo

    DESIGNManuela Loureno

    DESENHO DA CAPARicardo Vilhena (14 anos), CERCIPOM

    EXECUO GRFICAEditorial do Ministrio da Educao

    Estrada de Mem Martins, 4 S. CarlosApartado 113

    2726-901 MEM MARTINS

    ISBN 978-972-742-283-8Depsito Legal 271463/08

    2008

    2

  • ndice

    Prefcio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

    Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

    I Educao Especial Aplicao do Decreto-Lei n. 3/2008 . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

    1. Enquadramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

    2. Organizao e Funcionamento da Educao Especial . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

    3. Processo de Avaliao/Interveno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

    3.1. Referenciao e Avaliao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

    3.2. Programao e Planeamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

    3.2.1. Programa Educativo Individual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

    3.2.2. O Plano Individual de Transio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

    4. Respostas Educativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

    4.1. Medidas Educativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

    4.2. Modalidades Especficas de Educao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

    II Instrumentos para o processo de avaliao e de elaborao do PEI . . . . . . . . . 45

    1. Modelo de Formulrio para Referenciao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

    2. Preparao Individual de Reunio de Equipa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

    3. Roteiro de Avaliao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

    4. Checklist . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

    5. Modelo de Programa Educativo Individual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

    6. Exemplo de aplicao de alguns instrumentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

    III O contributo da CIFCJ para a Educao Especial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

    Anexo Decreto-Lei n. 3/2008, de 7 de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

    3

  • Prefcio

    A escola pblica e a escolaridade obrigatria foram, sem dvida, das melhores

    invenes da modernidade. Elas foram e so, sabe-se melhor quando faltam do que

    quando a sua presena se naturaliza e no se d por elas, um dos principais factores de

    desenvolvimento, de crescimento, de qualidade social, de democracia e liberdade.

    Nos tempos que correm no basta porm ter uma escola pblica ou um servio

    escolar pblico, mesmo quando prestado por entidades privadas cuja frequncia for-

    malmente obrigatria. Exige-se hoje que a escola (i) seja para todos, na prtica e no

    apenas na lei; (ii) seja durante mais tempo, quer dizer, requer-se o prolongamento da

    permanncia de todos (isto , de cada um) na escola; (iii) seja para aprender mais

    coisas, no apenas no plano dos saberes disciplinares e no-disciplinares, mas tambm

    no plano das atitudes, das competncias, dos valores, dos requisitos relacionais e

    crticos necessrios participao social e laboral; (iv) faa tudo isso sem qualquer tipo

    de discriminao, isto , sem deixar para trs ou de fora os que apresentam maiores

    dificuldades na aprendizagem.

    Esta realidade substancialmente diferente da que prevalecia h apenas algumas

    dcadas. Ento, grande parte das instituies ps-escolares requeriam somente com-

    petncias minimalistas para a maioria dos que iam escola, que no eram todos.

    Satisfaziam-se com o domnio simples da leitura, da escrita, do clculo matemtico e do

    comportamento disciplinado. Podia-se abandonar a escola precocemente sem que tal

    implicasse especiais dificuldades de entrada na vida econmica, na fbrica, no comrcio,

    nos servios pouco qualificados, no sector primrio. Tal entrada poderia representar, e

    representava geralmente, uma estadia prolongada no mesmo emprego, a maior parte

    das vezes ao longo de toda a vida activa. E o acesso a um estatuto com o qual as pes-

    soas tendiam a conformar-se. De fora ficavam, sem que tal representasse um especial

    problema (o acesso ao trabalho no era um direito, mas apenas um dever de alguns),

    categorias excludas em funo de caractersticas estatutrias: ser mulher ou deficiente,

    por exemplo (curiosamente, ser criana categoria social apenas existente entre as

    camadas mais favorecidas no constitua impeditivo).

    Mudaram entretanto os atributos requeridos pelo mercado de trabalho: para

    posies minimamente satisfatrias (tanto no domnio das recompensas intrnsecas como

    extrnsecas) so requeridos no apenas mais saberes, mas principalmente mais capaci-

    dade para aprender em permanncia e em todos os contextos da vida; so exigidas

    competncias de utilizao mais universal e flexvel, isto , adaptvel; o estatuto e a

    participao social no resultam apenas da posio socioprofissional, mas tambm da

    participao noutras esferas da vida, do consumo e lazer vida cvica e poltica.

    5

  • Por outro lado, o trabalho e a participao social passaram tambm, como a escola

    e a formao, a ser um direito universal, como o so o direito segurana e proteco

    social, ao rendimento ou sade, para apenas citar domnios da esfera dos direitos

    sociais. tambm uma necessidade, dado que o equilbrio entre as diferentes instituies

    por exemplo, a sustentabilidade dos sistemas de penses ou a dotao de elevados

    padres de cuidados de sade requerem participao alargada no mercado de traba-

    lho, isto , a incluso das mulheres, dos imigrantes, das pessoas com deficincia e de

    todos aqueles que renem condies para a actividade econmica e a criao de riqueza.

    Emerge, neste contexto, uma questo central. Como combinar a expanso dos

    direitos universais e a acessibilidade efectiva aos mesmos com as exigncias de flexibi-

    lidade, adaptabilidade, esprito de iniciativa, capacidade para operar numa sociedade em

    que as organizaes mais geis prevalecem sobre as grandes organizaes piramidais,

    onde as diferenas e as singularidades se valorizam face ao monolitismo tpico do

    paradigma fordista que vai cedendo o passo sociedade em rede?

    Mais. Como criar, para alm da igualdade de oportunidades, maior igualdade de

    direitos e de condies, numa sociedade e numa economia cada vez mais diferenciadas?

    A nova gerao de polticas sociais activas tem vindo, por toda a Europa, a respon-

    der a esta questo com aquela que , talvez, a maior inovao do modelo social europeu

    nas ltimas dcadas: a transio de polticas uniformes para toda a populao, para

    polticas universais capazes de promover respostas adequadas a cada situao, grupo ou

    pessoa concreta. Isto , a transio para solues construdas por medida em vez do

    pronto a vestir.

    Isto quer dizer que, para prestar a todos um servio obediente a um nico padro

    de qualidade, preciso construir respostas diferenciadas. E essas respostas tm de ser

    integradoras, isto , tm de resultar das dinmicas internas dos prestadores dos

    servios. Assim tambm na educao. As escolas devem possuir no seu seio os meios

    para atender s necessidades/direitos de cada uma das crianas-cidads. Se a excluso

    social representa o impedimento do acesso aos direitos de cidadania, a incluso e a

    participao social representam o contrrio. Representam o acesso aos direitos e s

    instituies que os devem assegurar a todos. Bem como, claro est, a capacitao para

    o cumprimento dos correspondentes deveres de cidadania.

    No campo das necessidades educativas especiais, laborou-se no nosso pas,

    durante algum tempo, num erro conceptual com consequncias nefastas para a

    qualidade da resposta educativa. Tratou-se de conceber a excluso como um problema

    individual (dificuldades psicolgicas ou mentais de aprendizagem), de natureza essen-

    cialista (o problema tido como intrnseco aos alunos com NEE, em vez de ser equa-

    cionado na relao das crianas com os seus pares e com o meio escolar) e monoltico,

    6

  • isto , as diversas dificuldades na aprendizagem eram tratadas no mesmo quadro insti-

    tucional e poltico.

    Tal erro teve trs consequncias nefastas: em primeiro lugar, criou no sistema de

    ensino um subsistema para onde eram enviadas todas as crianas com as ditas

    dificuldades na aprendizagem, desresponsabilizando as estruturas correntes de edu-

    cao; em segundo lugar, essas crianas eram encaminhadas em fluxos crescentes

    para o subsistema de onde no regressavam; em terceiro lugar, o aumento dos alunos,

    sem distino das problemticas especficas, produziu o duplo efeito de requerer mais

    profissionais que por sua vez acolhiam mais alunos numa lgica circularmente viciosa que

    deixa de fora os casos mais difceis, esquecidos no meio da multiplicidade de atendi-

    mentos realizados em relao directa com a prevalncia e inversa com a intensidade das

    problemticas especficas dos alunos.

    Compreende-se assim a razo porque a primeira medida da reorganizao da

    educao especial, agora consagrada no Decreto-Lei 3/2008, foi a clarificao dos desti-

    natrios. Apresentam necessidades diferentes os alunos cujas dificuldades educativas

    derivam da descoincidncia entre o capital social e cultural da famlia de origem e

    aquele que requerido pela escola, por um lado, e as crianas cujas dificuldades

    resultam de alteraes em estruturas e funes do corpo com carcter permanente,

    que geram desvantagens face ao contexto e ao que este oferece e exige a cada um, por

    outro lado.

    Para os primeiros, a escola tem disposio e deve mobilizar, no quadro do pro-

    jecto de escola e da actividade docente de cada professor ou equipa docente, respostas

    que permitam superar o handicap sociocultural, atravs de medidas como os planos de

    recuperao, o acompanhamento individualizado, os crditos horrios ou os percursos

    alternativos, a mediao entre a escola e a comunidade ou os CEF, todos eles orientados

    para o regresso ao mainstream escolar (quer no mbito das vias de prosseguimento de

    estudos, quer nas vias profissionalizantes).

    O princpio inclusivo que actua neste domnio o da conjugao do desenvolvi-

    mento das capacidades dos alunos para a participao social, poltica, cultural e econmica,

    com a promoo do desenvolvimento das organizaes de modo a oferecer as oportu-

    nidades de que os alunos carecem.

    O mesmo princpio inclusivo se aplica aos alunos com necessidades educativas de

    carcter permanente (cuja taxa de prevalncia, segundo os estudos mais recentes,

    cerca de 1,8%), com a diferena de que estes carecem de apoio especfico ao longo de

    todo o percurso escolar.

    Assim, a segunda grande medida da reorganizao da educao especial, estreita-

    mente articulada com a primeira, foi a criao do grupo de recrutamento dos docentes

    7

  • da educao especial, colocados nas escolas para prestar esse apoio. Esto neste

    momento a proceder-se aos ajustamentos finos que uma transio deste tipo necessa-

    riamente implica, de forma a assegurar um acompanhamento adequado de todos os

    alunos elegveis por parte dos docentes da educao especial.

    Os alunos com necessidades educativas especiais podem ser distinguidos, levando

    ainda mais frente o princpio da diferenciao positiva, entre os que apresentam

    problemticas de baixa-intensidade e alta-frequncia e os que apresentam problemti-

    cas de alta-intensidade e baixa-frequncia.

    Se para os primeiros deve ser suficiente uma maior qualidade nas respostas educa-

    tivas e escolares, no sentido de uma maior flexibilizao e diferenciao pedaggica,

    associadas a medidas como os percursos alternativos e os apoios individualizados, para os

    outros requerem-se recursos humanos e logsticos mais sofisticados e especializados.

    Neste sentido, o actual diploma prev, alm de outras medidas, o desenvolvimento de

    respostas diferenciadas, levando criao de escolas de referncia nas reas da cegueira

    e baixa viso e da surdez, bem como a criao de unidades de apoio especializado para a

    educao de alunos com perturbaes do espectro do autismo ou alunos com multidefi-

    cincia. Tal implica um esforo adicional de entidades diversas, que vo das escolas e

    servios da educao at s autarquias, segurana social e s famlias, que em breve

    dever produzir um salto qualitativo de grande alcance na resposta a estas problemticas

    mais especficas, aquelas que tradicionalmente tendiam a ficar para trs.

    Este conjunto de mudanas no pretende apagar a histria da educao especial no

    nosso pas. Seria um erro fatal transformar um sistema de respostas sem ter em conta

    a respectiva tradio. Tal histria fez-se em grande medida com base na mobilizao de

    instituies da sociedade civil que, pioneiras na criao da educao especial, acumula-

    ram massa crtica recursos humanos altamente especializados e condies para a

    administrao de terapias especializadas que o sistema escolar no pode dispensar.

    Muitas das antigas escolas especiais j optaram por encaminhar todos os seus alunos

    para as escolas regulares. Isso ser benfico para as crianas com NEE e para todas as

    outras crianas. Ser importante agir com prudncia, j que, como os prprios jovens o

    declararam colectivamente em Lisboa (Declarao de Lisboa: Pontos de vista dos jovens

    sobre Educao Inclusiva), a incluso na escola regular no pode representar uma

    diminuio da qualidade dos servios, mas sim uma melhoria. Por isso est em curso a

    negociao com as entidades representativas do sector, a transio das escolas especiais

    para Centros de Recursos para a Incluso, organizados em rede que permita a contra-

    tualizao com as escolas de servios especializados que a educao e a capacitao de

    cada um destes alunos requer, ao mesmo tempo que se assegura a aplicao til dos

    recursos humanos e dos equipamentos que foram sendo treinados e criados.

    8

  • Ainda no sentido de reforar os recursos especializados ao servio do sistema, foi

    criada uma rede de escolas equipadas com Centros de Recursos TIC especializados, cuja

    finalidade consiste na avaliao dos alunos com NEE de carcter permanente para fins de

    adequao das tecnologias de apoio s suas necessidades especficas.

    Por fim, no que respeita rede de escolas e respectivos servios de apoio, refira-

    -se a definio de um conjunto de escolas de referncia para a Interveno Precoce onde

    residem os recursos humanos que permitiro parceria formada com os servios de

    sade e de segurana social estabelecer os mecanismos que garantam universalidade na

    cobertura desta resposta, responsabilizao institucional pela mesma, a construo de

    planos individuais to precoces quanto possvel e a melhoria dos processos de transio

    entre sistemas ao longo da vida da criana.

    A rede e as medidas de pouco serviro se as pessoas no forem preparadas para

    actuar no novo quadro institucional e poltico. Por essa razo est em curso um amplo

    plano de formao de docentes da educao especial, com prioridade (no exclusivista)

    para os que no possuem especializao e se encontram colocados nos Agrupamentos de

    Referncia. Espera-se que essa formao, de que o presente manual constitui a refern-

    cia central, ajude a esclarecer a misso da educao especial e a qualificar a interveno

    dos profissionais nela envolvidos.

    Apesar de ir j longo, este Prefcio no pode deixar de salientar o papel que a CIF

    desempenha em todos os ajustamentos referidos, cimentando as diferentes peas que

    os integram.

    Como ser detalhada e rigorosamente demonstrado no presente manual, a CIF

    representa um progresso no campo da interveno em reabilitao e especificamente na

    educao especial, quer em relao ao paradigma individualista (mdico ou psicologista)

    que tratava a deficincia como um problema das pessoas que poderiam ser compen-

    sadas, quer ao chamado paradigma social, que coloca todo o enfoque nas estruturas

    e que trata as pessoas com deficincia indistintamente de outras categorias vulnerveis

    excluso social. A CIF, superando o reducionismo de ambas as vises, chama a ateno

    para os problemas das pessoas e para os obstculos existentes no meio, propondo assim

    que se trabalhe simultaneamente a capacitao dos indivduos e as acessibilidades

    (em sentido amplo) aos recursos de instituies que devero adaptar-se s necessidades

    de todos.

    Alm disso, colocando o acento no nas deficincias mas nas capacidades das pes-

    soas e nos obstculos que enfrentam, a CIF exige uma avaliao mais fina e ajustada,

    fazendo com que os apoios cheguem a quem deles mais necessita, e a construo de pro-

    gramas educativos individuais mais precisos e rigorosos, capazes de ir mudando ao longo

    do processo de aquisies feitas na escola, que transformam o quadro de necessidades

    9

  • iniciais e impulsionadores de uma interveno educativa emparceirada pelo que de

    melhor se faz na Europa.

    Que o presente manual, onde todos os tpicos referidos se encontram amplamente

    desenvolvidos, sirva como instrumento nas suas mos, caro leitor, para continuar a

    percorrer o caminho que conduz a esse objectivo, eis a expectativa que alimentamos.

    O Director-Geral de Inovao e de Desenvolvimento Curricular

    (Lus Capucha)

    10

  • Introduo

    O Decreto-Lei n. 3/2008, de 7 de Janeiro, tem como premissa a qualidade de

    ensino orientada para o sucesso de todos os alunos. Um aspecto determinante dessa

    qualidade o desenvolvimento de uma escola inclusiva, consagrando princpios, valores

    e instrumentos fundamentais para a igualdade de oportunidades.

    Um sistema de educao inclusivo deve estruturar-se e desenvolver-se atendendo

    diversidade de caractersticas das crianas e jovens, s diferentes necessidades ou

    problemas e, portanto, diferenciao de medidas.

    Neste sentido, o Decreto-Lei n. 3/2008 vem enquadrar as respostas educativas a

    desenvolver no mbito da adequao do processo educativo s necessidades educativas

    especiais dos alunos com limitaes significativas ao nvel da actividade e participao,

    num ou vrios domnios da vida, decorrentes de alteraes funcionais e estruturais de

    carcter permanente e das quais resultam dificuldades continuadas ao nvel da comuni-

    cao, da aprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do relacionamento interpessoal

    e da participao social.

    So definidos os apoios especializados a prestar na educao pr-escolar e nos

    ensinos bsico e secundrio dos sectores pblico, particular, cooperativo ou solidrio,

    visando a criao de condies para a adequao do processo educativo destes alunos.

    O manual que agora se apresenta, da responsabilidade do Ministrio da Educao,

    concebido pela Direco de Servios de Educao Especial e do Apoio Scio-Educativo da

    Direco-Geral de Inovao e de Desenvolvimento Curricular, tem por objectivo facilitar

    a leitura, compreenso e aplicao do Decreto-Lei n. 3/2008, que constitui o enquadra-

    mento legal para o desenvolvimento da Educao Especial em Portugal.

    Este manual encontra-se estruturado em trs captulos. No primeiro faz-se refe-

    rncia: (i) ao enquadramento; (ii) organizao e funcionamento da educao especial;

    (iii) ao processo de avaliao/interveno e (iv) s respostas educativas.

    O segundo captulo constitudo por diversos instrumentos que podem ser utiliza-

    dos pelos profissionais como apoio ao desenvolvimento do seu trabalho. No terceiro e

    ltimo captulo apresenta-se um documento, O Contributo da CIF (verso para crianas

    e jovens) para a Educao Especial, elaborado em Agosto de 2007 por Donald McAnaney,

    da Plataforma Europeia para a Reabilitao.

    11

  • A educao especial tem por objectivo a incluso educativa e

    social, o acesso e o sucesso educativo, a autonomia, a estabi-

    lidade emocional, assim como a promoo da igualdade de opor-

    tunidades, a preparao para o prosseguimento de estudos ou

    para uma adequada preparao para a vida profissional e para

    uma transio da escola para o emprego de crianas e jovens

    com necessidades educativas especiais de carcter permanente.

    Neste sentido, a educao especial visa a criao de condies

    para a adequao do processo educativo s necessidades

    educativas especiais dos alunos com limitaes significativas ao

    nvel da actividade e da participao num ou vrios domnios de

    vida, decorrentes de alteraes funcionais e estruturais, de

    carcter permanente, resultando em dificuldades continuadas

    ao nvel da comunicao, da aprendizagem, da mobilidade, da

    autonomia, do relacionamento interpessoal e da participao

    social. Simeonsson (1994)1 refere que poder ser til distinguir

    entre problemas de baixa-frequncia e alta-intensidade e pro-

    blemas de alta-frequncia e de baixa-intensidade. Os primeiros,

    baixa-frequncia e alta-intensidade, so aqueles que tm

    grandes probabilidades de possurem uma etiologia biolgica,

    inata ou congnita e que foram ou deviam ser detectados pre-

    cocemente, exigindo um tratamento significativo e servios de

    reabilitao. So casos tpicos dessas situaes as alteraes

    sensoriais, tais como a cegueira e a surdez, o autismo, a paralisia

    cerebral, o sindroma de Down, entre outros. Bairro (1998)2

    15

    I Educao Especial Aplicao doDecreto-Lei n. 3/2008

    Objectivo eGrupo-AlvoArtigo 1.

    1. Enquadramento

    1 Simeonsson, R. J. (1994). Towards an epidemiology of developmental, educational, and social problemsof childhood. In R. J. Simeonsson (Ed), Risk, resilience & prevention. Promoting the well-being of allchildren. Baltimore. P. H. Brookes.

    2 Bairro, J.; Pereira, F.; Felgueiras, I.; Fontes, P.; Vilhena, Carla (1998). Os Alunos com NecessidadesEducativas Especiais: Subsdios para o Sistema de Educao. Lisboa: CNE.

  • refere que a preveno primria destas alteraes tem uma

    dupla dimenso, a mdica e a educacional. Atravs da primeira

    devem promover-se medidas de natureza biomdica, como o

    aconselhamento gentico, a melhoria dos cuidados

    pr-natais, o controlo de casos de gravidez e parto de alto risco,

    medidas estas que, a serem aplicadas, diminuiro o nmero de

    crianas com alteraes. Do ponto de vista educacional, a pre-

    veno consistir, segundo o mesmo autor, em atender as cri-

    anas com situaes de dfices j adquiridos, atravs de pro-

    gramas de interveno precoce.

    A nvel escolar, so os casos de baixa-frequncia e de alta-inten-

    sidade aqueles que exigem mais recursos e meios adicionais para

    apoiar as suas necessidades educativas (Bairro, 1998). So

    casos com uma prevalncia baixa, estimada no nosso pas em

    1,8% da populao escolar, mas que so muito exigentes em

    recursos humanos e em materiais especializados.

    Os casos de alta-frequncia e de baixa-intensidade so, geral-

    mente, casos de crianas e jovens com ausncia de familiari-

    dade com requisitos e competncias associados aos padres

    culturais exigidos na escola e que as famlias no lhes puderam

    transmitir.

    Nas sociedades modernas esta nova morbilidade pode

    agravar-se muito em virtude dos problemas sociais e familiares.

    So estas crianas que, a nvel pr-escolar, inquietam os edu-

    cadores. So tambm estes alunos que esto numa cadeia de

    risco que vai desde o insucesso ao abandono escolar e que

    poder levar aos segmentos desqualificados do mercado de

    emprego e ao desemprego. este grande grupo de alunos a

    que a escola vinha respondendo com medidas de educao

    especial. No entanto, estes casos relevam, sobretudo, neces-

    sidade de educao de qualidade e diversificada e no de

    educao especial (Bairro, 1998).

    O DL n. 3/2008, de 7 de Janeiro, vem definir o grupo-alvo da

    educao especial, enquadrando-o, claramente, no grupo a que

    Simeonsson refere de baixa-frequncia e alta-intensidade.

    A educao especial visa, assim nos termos deste diploma,

    responder s necessidades educativas especiais dos alunos com

    16

  • limitaes significativas ao nvel da actividade e da participao,

    decorrentes de alteraes funcionais e estruturais de carcter

    permanente, dando lugar mobilizao de servios especializa-

    dos para promover o potencial de funcionamento biopsicossocial.

    As limitaes ou incapacidades decorrentes de perda ou ano-

    malia, congnita ou adquirida, ao nvel das funes ou das estru-

    turas do corpo podem ser agravadas ou atenuadas por factores

    ambientais, dado que sempre em funo do ambiente, ou da

    tarefa/desempenho especfica que qualquer capacidade ou

    incapacidade existe.

    A distino entre estes dois tipos de problemticas era impre-

    scindvel, dadas as perplexidades, excessos e contradies

    notadas no sistema educativo. Uma boa parte das dificuldades

    incide nos processos de referenciao e de avaliao das crianas

    com necessidades educativas especiais. Erros neste procedi-

    mento tiveram consequncias negativas, quer no que diz respeito

    ao atendimento dos alunos, quer no que toca organizao

    geral da escola, que viu crescer o nmero de alunos atendidos,

    os quais necessitam de uma maior qualidade nas respostas

    educativas e escolares existentes no sistema regular de ensino

    e no medidas de educao especial.

    com esta prtica que o DL n. 3/2008 pretende romper ao

    definir claramente o grupo-alvo da educao especial, bem como

    as medidas organizativas, de funcionamento, de avaliao e de

    apoio que garantam a estes alunos o acesso e o sucesso educa-

    tivo elevando os seus nveis de participao e as taxas de con-

    cluso do ensino secundrio e de acesso ao ensino superior.

    Por seu lado, o apoio aos alunos com problemticas enquadradas

    no conceito de alta-frequncia e baixa-intensidade, bem como

    a organizao do seu percurso educativo foram j objecto de

    definio em legislao prpria.

    17

  • Para uma flexibilizao da organizao escolar visando o bom

    funcionamento da educao especial, devem as escolas ou agru-

    pamentos de escolas contemplar nos seus projectos educativos

    as adequaes relativas ao processo de ensino e de aprendiza-

    gem, de carcter organizativo e de funcionamento, necessrias

    resposta educativa aos alunos que se enquadram na educao

    especial. Estas adequaes melhoram a qualidade da educao

    prestada, beneficiando, desta forma, todos os alunos.

    Nos projectos educativos da escola devero estar registadas,

    entre outras, as aces e respostas especficas a implementar,

    as parcerias a estabelecer, as acessibilidades fsicas a efectuar,

    assegurando assim a participao dos alunos com necessidades

    educativas especiais de carcter permanente nas actividades de

    cada grupo ou turma e da comunidade educativa em geral.

    Como uma medida estruturante, com vantagens para o sistema

    no que diz respeito ao reforo da qualidade dos servios de edu-

    cao prestados, ser de referir a publicao, em 2006, do

    Decreto-Lei n. 20/2006, de 31 de Janeiro, que veio possibilitar

    a seleco e recrutamento de docentes de educao especial.

    Perseguindo esse objectivo, o Decreto-Lei n. 3/2008 prev, alm

    de outras medidas, o desenvolvimento de respostas diferen-

    ciadas, orientadas para a especificidade das crianas e jovens

    com necessidades educativas especiais de carcter permanente,

    ao estabelecer:

    18

    OrganizaoArtigos 4. e 27.

    2. Organizao e Funcionamento da Educao Especial

    a criao, por despacho ministerial, de escolas de refe-

    rncia para a educao bilingue de alunos surdos e para a

    educao de alunos cegos e com baixa viso;

    a criao, por despacho do director regional de educao,

    de unidades de ensino estruturado para a educao

    de alunos com perturbaes do espectro do autismo e

    de unidades de apoio especializado para alunos com

    multideficincia e surdocegueira congnita, sob pro-

    posta dos conselhos executivos.

  • Um nmero significativo de alunos com necessidades educati-

    vas de carcter permanente necessita de respostas educativas

    muito especficas, que exigem equipamentos e especializaes

    profissionais de difcil generalizao. Nesse sentido, podem

    concentrar-se num agrupamento de escolas com respostas

    especficas ou em escolas de referncia alunos de escolas e

    agrupamentos limtrofes, possibilitando-lhes, desta forma, o

    acesso a uma resposta educativa mais adequada. Compete ao

    conselho executivo identificar os alunos que necessitam de

    respostas especficas diferenciadas e caso o seu nmero o

    justifique deve, depois de ouvido o conselho pedaggico, propor

    respectiva Direco Regional de Educao a criao de unida-

    des especializadas.

    No domnio da Interveno Precoce na Infncia so criados

    agrupamentos de escolas de referncia para a colocao de

    docentes. A interveno precoce exige uma cooperao entre

    os servios da educao, da sade e da segurana social. Neste

    sentido os agrupamentos de referncia devero assegurar a

    articulao do trabalho dos docentes com as IPSS, servios de

    sade e as equipas tcnicas financiadas pela segurana social.

    No mbito do servio docente, os processos de referenciao e

    de avaliao assumem um carcter prioritrio e obrigatrio,

    devendo os docentes priorizar a sua execuo sobre toda a

    actividade docente, integrando-a na componente no lectiva do

    seu horrio de trabalho.

    Aos docentes de educao especial compete leccionar as reas

    curriculares especficas (leitura e escrita em Braille, orientao

    e mobilidade, treino de viso e actividade motora adaptada), bem

    como os contedos conducentes autonomia pessoal e social

    dos alunos, definidos no currculo especfico individual. , ainda,

    da responsabilidade destes docentes o apoio utilizao de

    materiais didcticos adaptados e de tecnologias de apoio.

    Compete aos docentes de alunos surdos em ensino bilingue:

    leccionar as diferentes disciplinas ou reas curriculares, bem como

    a Lngua Portuguesa - 2. Lngua (LP2), nos diferentes nveis de

    educao e ensino para os quais tm habilitao profissional.

    ainda da sua competncia a antecipao e reforo das apren-

    19

    Servio docenteArtigos 7. e 28.

  • dizagens, a elaborao e adaptao de materiais, no domnio da

    leitura e escrita transversal ao currculo.

    Num perodo de transio, at formao de docentes surdos

    com habilitao prpria para a docncia de Lngua Gestual

    Portuguesa (LGP), a docncia da rea curricular ou da disciplina

    de LGP poder ser exercida por profissionais com habilitao

    suficiente, designadamente: formadores surdos de LGP com

    curso profissional de formao de formadores de LGP minis-

    trado pela Associao Portuguesa de Surdos (APS) ou pela

    Associao de Surdos do Porto (ASP). Salientamos, ainda, que

    a competncia em LGP dos docentes surdos ou ouvintes dever

    ser certificada pela Associao Portuguesa de Surdos ou pela

    Associao de Surdos do Porto, sendo estas as entidades reco-

    nhecidas pela comunidade lingustica surda com competncia

    para o exerccio da certificao e da formao em LGP, data

    da publicao deste diploma.

    As actividades de servio no docente, no mbito da educao

    especial, devem ser desenvolvidas por tcnicos com formao

    profissional e perfil adequados. Sempre que os quadros dos

    recursos humanos do agrupamento de escolas no disponham

    dos tcnicos necessrios, poder o agrupamento recorrer

    aquisio desses servios nos termos da lei.

    No mbito da educao especial, a articulao com os servios

    da comunidade assume a maior importncia numa ptica de

    rentabilizao de recursos. Neste sentido, as escolas ou

    agrupamentos de escolas devem estabelecer parcerias com

    instituies particulares de solidariedade social e centros de

    recursos especializados (consultar documento estratgico em

    www.dgidc.min-edu.pt).

    Os processos de cooperao e de parceria possibilitam aos

    agrupamentos uma maior qualidade e eficincia no que se

    refere s respostas a desenvolver para os alunos com necessi-

    dades educativas especiais de carcter permanente desde o

    momento da referenciao at concluso da escolaridade ou

    sua integrao em reas relacionadas com o emprego ou

    actividades ocupacionais. Estas parcerias facilitaro tambm a

    implementao de estratgias de suporte famlia.

    20

    Servio nodocente

    Artigo 29.

    Cooperao eparceria

    Artigo 30.

  • O actual documento legislativo pressupe a referenciao das

    crianas e jovens que eventualmente possam vir a necessitar

    de respostas educativas no mbito da educao especial.

    A referenciao consiste na comunicao/formalizao de situa-

    es que possam indiciar a existncia de necessidades educativas

    especiais de carcter permanente.

    Neste primeiro momento, devem ser indicados quais os problemas

    detectados. Em termos gerais, a referenciao deve espelhar

    o conjunto de preocupaes relativas criana ou jovem refe-

    renciado.

    A referenciao pode ser efectuada sempre que existe suspeita

    que uma criana ou jovem necessita de uma resposta educativa

    no mbito da educao especial.

    De um modo geral, a iniciativa pode vir de:

    pais ou encarregados de educao;

    servios de interveno precoce;

    docentes;

    servios da comunidade, tais como:

    Servios de Sade;

    Servios da Segurana Social;

    Servios da Educao;

    outros.

    H que ter presente que, embora qualquer destes servios

    possa fazer a referenciao, a famlia dever ser contactada

    para autorizar o incio do processo de avaliao.

    21

    3. Processo de Avaliao/Interveno

    3.1. Referenciao e Avaliao

    Processo dereferenciao

    Artigo 5.

    Quem podeefectuar areferenciao?

  • A referenciao feita aos rgos de gesto das escolas ou agru-

    pamentos de escolas da rea da residncia. A formalizao

    da referenciao feita atravs do preenchimento de um

    formulrio (ex. Modelo de formulrio para referenciao) disponibi-

    lizado pela escola e no qual se regista o motivo da referen-

    ciao, informaes sumrias sobre a criana ou jovem e se

    anexa toda a documentao que se considere importante para

    o processo de avaliao.

    Aps a referenciao compete ao conselho executivo desen-

    cadear os procedimentos necessrios que levaro tomada de

    deciso no mbito do processo de avaliao.

    O conselho executivo do agrupamento de escolas ou da escola

    solicita ao Departamento de Educao Especial (DEE) e aos

    servios tcnico-pedaggicos de apoio aos alunos a avaliao

    das crianas e jovens referenciados e a elaborao do respec-

    tivo relatrio tcnico-pedaggico.

    A avaliao tem como objectivo recolher informao que per-

    mita:

    verificar se se est perante uma situao de Necessidades

    Educativas Especiais de Carcter Permanente;

    dar orientaes para a elaborao do Programa Educativo

    Individual (PEI) e identificar os recursos adicionais a dispo-

    nibilizar.

    Neste sentido, a primeira questo que se coloca de saber

    se se est perante uma situao que exije uma avaliao espe-

    cializada.

    Caso se considere, uma vez analisada toda a informao

    disponvel, que o aluno no apresenta necessidades educativas

    que exijam uma interveno no mbito da educao especial,

    os servios acima referidos devero proceder ao encaminha-

    mento desta situao para os apoios disponibilizados pela

    escola que mais se adeqem situao, o que vir registado no

    relatrio tcnico-pedaggico.

    Caso se considere a necessidade de uma avaliao especializada,

    o conselho executivo poder solicitar a interveno de outros

    tcnicos ou servios (servios de sade, centros de recursos

    especializados, escolas ou unidades previstas nos n.os 2 e 3 do

    art. 4.), para que em conjunto com os encarregados de edu-

    22

    A quem feita areferenciao?

    Ver exemplo de modelode formulrio

    Processo deavaliaoArtigo 6.

  • cao se constitua uma equipa pluridisciplinar que avalie as

    necessidades especficas de cada aluno.

    Uma vez constituda a equipa, a primeira etapa consiste na

    anlise da informao disponvel para posteriormente se decidir

    o que necessrio avaliar, quem vai avaliar e como se

    avalia. (Cf. Preparao individual de reunio de equipa e Roteiro da

    avaliao.)

    A avaliao, tendo a CIF-CJ3 como quadro de referncia, deve

    contemplar vrios factores (componentes da funcionalidade e

    da incapacidade e factores contextuais) e as interaces que se

    estabelecem entre eles.

    Para o efeito devero ser seleccionadas as categorias rela-

    tivamente s quais se considere ser necessrio obter nova ou

    mais informao, de acordo com a condio especfica de cada

    criana/jovem.

    Identificados os aspectos em que vai incidir a avaliao,

    necessrio definir quem vai avaliar as diferentes categorias e

    que instrumentos vo ser utilizados. Esta fase da maior

    importncia, j que desta forma no se duplicar informao e

    ficar claro o papel de cada um neste processo.

    Depois de uma anlise conjunta dos dados da avaliao, com a

    ajuda da checklist (cf. Cheklist) elaborado um relatrio tcni-

    co-pedaggico onde se identifica o perfil de funcionalidade do

    aluno, tendo em conta actividade e participao, as funes e

    estruturas do corpo e a descrio dos facilitadores e barreiras

    que a nvel dos factores ambientais influenciam essa mesma

    funcionalidade. O relatrio dever ainda explicar as razes que

    determinam as necessidades educativas especiais e a sua

    tipologia, bem como as respostas e medidas educativas a adop-

    tar que serviro de base elaborao do Programa Educativo

    Individual (PEI).

    Confirmada a anuncia do encarregado de educao, o relatrio

    tcnico-pedaggico ser homologado pelo conselho executivo.

    23

    Como se planificao processo derecolha deinformao?

    Elaborao dorelatrio tcnico--pedaggico

    3 International Classification of Functioning, Disability and Health Children & Youth Version. World HealthOrganization, 2007

  • Este relatrio far parte integrante do processo individual do

    aluno.

    O processo de avaliao dever ficar concludo 60 dias aps a

    referenciao, com a aprovao do PEI pelo conselho executivo.

    24

    Figura 1 Fases inerentes ao processo de referenciao e avaliao

    REFERENCIAO

    A referenciao feita aos rgos de gesto da escola da rea de residnciasempre que se suspeite da existncia de necessidades educativas de carcter

    permanente

    AVALIAO

    O departamento de educao especial e o servio tcnico-pedaggico de apoioaos alunos analisam a informao disponvel e decidem sobre a necessidade de

    uma avaliao especializada por referncia CIF-CJ

    O aluno no necessita de umaavaliao especializada

    O aluno no necessita derespostas educativas no

    mbito da educao especial

    O aluno necessita de umaavaliao especializada,por referncia CIF -CJ

    O aluno necessita derespostas educativas no

    mbito da educaoespecial

    O departamento de educaoespecial e o servio tcnico-

    -pedaggico de apoio aos alunosprocedem ao encaminhamento do

    aluno para os apoios disponibilizadospela escola, previstos no Projecto

    Educativo

    Elaborao do PEI tendo por base osdados que constam do relatrio

    tcnico-pedaggico, resultantes daavaliao especializada e

    anteriormente realizada porreferncia CIF-CJ

  • O Programa Educativo Individual (PEI) constitui um documento

    que assume a maior importncia para os alunos com necessi-

    dades educativas especiais de carcter permanente, bem como

    para todos os intervenientes no seu processo educativo.

    Desenhado para responder especificidade das necessidades

    de cada aluno, o PEI um instrumento fundamental no que se

    refere operacionalizao e eficcia da adequao do processo

    de ensino e de aprendizagem. Este procedimento facilita a

    progresso ao longo da escolaridade, permitindo aos alunos

    completar o ensino secundrio com maiores nveis de sucesso.

    25

    3.2. Programao e Planeamento

    3.2.1. Programa Educativo Individual

    ProgramaEducativoIndividualArtigo 8.

    Um PEI um documento formal que garante o direito equidade

    educativa dos alunos com necessidades educativas decarcter permanente;

    um instrumento de trabalho que descreve o perfil de fun-cionalidade por referncia CIF-CJ do aluno e estabeleceas respostas educativas especficas requeridas por cadaaluno em particular;

    um documento que responsabiliza a escola e os encarre-gados de educao pela implementao de medidas educa-tivas que promovam a aprendizagem e a participao dosalunos com necessidades educativas especiais de carcterpermanente;

    um instrumento dinmico que deve ser regularmente revistoe reformulado, uma vez que se fundamenta numa avalia-o compreensiva e integrada do funcionamento do aluno,passvel de sofrer alteraes.

    Um PEI no . um plano dirio de aula ou de trabalho; apenas uma lista de estratgias de ensino/aprendizagem a

    desenvolver na sala de aula; uma declarao de intenes.

  • O modelo de PEI a usar em cada escola deve ser aprovado pordeliberao do conselho pedaggico, devendo obrigatoriamenteincluir os seguintes dados:

    A elaborao e aplicao do PEI inserem-se num processo integrado e contnuo, realizado no mbito de uma equipa pluri-disciplinar.

    Figura 2 Fases inerentes ao processo de elaboraoe implementao do PEI

    26

    Que informaodeveobrigatoriamenteincluir o PEI?

    Ver exemplo de modelode PEI

    Quais as fasesdo processo deelaborao eimplementaodo PEI?

    ; Identificao do aluno;; Resumo da histria escolar e outros antecedentes

    relevantes;; Indicadores de funcionalidade e factores ambientais que

    funcionam como facilitadores ou como barreiras partici-pao e aprendizagem;

    ; Definio das medidas educativas a implementar; ; Discriminao dos contedos, dos objectivos gerais e

    especficos a atingir e das estratgias e recursos humanose materiais a utilizar;

    ; Nvel de participao do aluno nas actividades educativasda escola;

    ; Distribuio horria das diferentes actividades previstas;; Identificao dos profissionais responsveis;; Definio do processo de avaliao da implementao do

    PEI;; Data e assinatura dos participantes na sua elaborao e dos

    responsveis pelas respostas educativas a aplicar.

    Reformular oprograma educativo

    individual

    Estabelecer oprograma educativo

    individual

    Monitorizar oprocesso

    Recolher informaes

    Implementar oprograma educativo

    individual

  • O PEI elaborado, conjunta e obrigatoriamente, pelo docente

    responsvel pelo grupo ou turma ou pelo director de turma,

    dependendo do nvel de educao ou ensino que o aluno

    frequenta, pelo docente de educao especial e pelo encarre-

    gado de educao, ou seja, por quem melhor conhece o aluno

    e por quem trabalha directamente com ele.

    Sempre que se considere necessrio, poder ser solicitada a

    participao de outros elementos do departamento de educao

    especial, dos servios tcnico-pedaggicos de apoio aos alunos

    ou de outros servios, designadamente, os centros de sade, os

    centros de recursos especializados, as escolas de referncia

    (para a educao bilingue de alunos surdos ou para a educao

    de alunos cegos ou com baixa viso) ou as unidades que desen-

    volvem respostas especficas diferenciadas (para alunos com

    perturbaes do espectro do autismo ou com multideficincia).

    No caso dos alunos surdos com ensino bilingue deve tambm

    participar na elaborao do PEI um docente surdo de Lngua

    Gestual Portuguesa.

    A elaborao do PEI no mbito de um trabalho em equipa

    permite:

    27

    a partilha de informao relativa ao funcionamento do aluno

    em vrios contextos;

    uma compreenso comum, por parte de todos os interve-

    nientes, dos facilitadores e barreiras ao desempenho do

    aluno;

    uma implicao mais activa e responsvel, por parte de

    todos, incluindo os pais ou encarregados de educao;

    uma interveno contextualizada e concertada.

    Elaborao do PEIArtigo 10.

    Coordenao doPEI

    Artigo 11.

    A elaborao e aprovao do PEI deve decorrer no prazo mximo

    de 60 dias aps a referenciao, dando-se incio sua imple-

    mentao. O coordenador do programa educativo individual

    o educador de infncia, o professor do 1. ciclo ou o director

    de turma a quem esteja atribudo o grupo ou a turma que o

    aluno integra.

  • Para que o PEI possa ser implementado tem necessariamente

    que:

    28

    Coordenao eacompanhamento

    do PEIArtigo 13.

    ser aprovado por deliberao do conselho pedaggico e

    homologado pelo conselho executivo;

    existir uma autorizao expressa dos encarregados de

    educao, consubstanciada no prprio PEI.

    Sempre que os pais ou o encarregado de educao no concor-

    dem com as medidas propostas tm o direito de recorrer aos

    servios regionais do Ministrio da Educao, mediante a apre-

    sentao de um documento escrito no qual fundamentem as

    razes da sua discordncia. Constituem excepo as situaes

    em que estes, comprovadamente, no exeram o seu direito de

    participao no processo educativo dos seus filhos.

    Tal como em relao a todos os outros alunos, a avaliao

    daqueles que tm um programa educativo individual deve

    assumir um carcter de continuidade, devendo ser usadas

    diversas estratgias, designadamente, observao directa,

    construo de porteflios, provas de avaliao, auto-avaliao

    do aluno, avaliao dos pares, etc.

    Nas reunies de avaliao, os intervenientes devem partilhar as

    suas percepes relativamente ao desempenho do aluno e pro-

    gressos verificados, de forma a definir ou redefinir prioridades

    (cf. Preparao individual de reunio de equipa).

    Esta avaliao permite obter dados essenciais para se monito-

    rizar a eficcia das medidas educativas, podendo, a qualquer

    momento, ser necessrio introduzir alteraes s medidas

    inicialmente definidas.

    A avaliao dos resultados obtidos pelo aluno com a aplicao

    das medidas estabelecidas no programa educativo individual

    tem, obrigatoriamente, de ser realizada em cada um dos

    momentos de avaliao sumativa interna da escola e consubs-

    tanciada num relatrio no final do ano lectivo.

  • Este relatrio circunstanciado deve:

    Decorrente desta avaliao pode haver necessidade de rever o

    programa educativo individual, o que pode ser feito a qualquer

    momento. Obrigatoriamente, tem de ser revisto no final de

    cada nvel de educao e ensino e no final de cada ciclo do ensi-

    no bsico.

    29

    ser elaborado conjuntamente pelo educador de infncia,

    professor do 1. ciclo ou director de turma, pelo docente

    de educao especial e outros profissionais que acompa-

    nham o desenvolvimento do processo educativo do aluno;

    explicitar a necessidade, ou no, de o aluno continuar a

    beneficiar de adequaes no processo de ensino/apren-

    dizagem;

    propor as alteraes necessrias ao programa educativo

    individual;

    ser aprovado pelo conselho pedaggico e pelo encarregado

    de educao;

    constituir parte integrante do processo individual do aluno;

    ter anexado o programa educativo individual e obrigato-

    riamente ser disponibilizado ao estabelecimento de ensino

    que receba o aluno, para prosseguimento de estudos ou

    em resultado de processo de transferncia.

  • Sempre que os alunos apresentem necessidades educativas

    especiais de carcter permanente que os impeam de adquirir

    as aprendizagens e competncias definidas no currculo comum,

    deve a escola, trs anos antes da idade limite da escolaridade

    obrigatria, complementar o PEI com um Plano Individual de

    Transio (PIT).

    30

    Plano Individualde Transio

    Artigo 14.

    3.2.2. O Plano Individual de Transio

    O PIT um documento que

    consubstancia o projecto de vida do aluno, para uma vida

    em sociedade com adequada insero social e familiar ou

    numa instituio que desenvolva actividades de carcter

    ocupacional e, sempre que possvel, para o exerccio de

    uma actividade profissional;

    perspectiva um processo dinmico, a curto, mdio e longo

    prazo, com o objectivo de promover a capacitao e a

    aquisio de competncias sociais necessrias insero

    familiar e comunitria;

    deve ser flexvel, para responder a mudanas de valores e

    experincias;

    deve responder s expectativas dos pais sobre o futuro do

    filho e aos desejos, interesses, aspiraes e competncias

    do jovem;

    deve definir as etapas que necessrio percorrer e as

    aces a desenvolver, desde o presente at concluso do

    percurso educativo, para que o aluno consiga tornar real o

    seu projecto de vida;

    no deve duplicar a informao constante no PEI, mas sim

    acrescentar informao especfica relativa ao processo de

    transio;

    elaborado pela equipa responsvel pelo PEI, em conjunto

    com o jovem, a famlia e outros profissionais, nomeadamente

    das reas da segurana social e servios de emprego e

    formao profissional;

    deve ser datado e assinado por todos os profissionais que

    participam na sua elaborao, bem como pelos pais ou

    encarregado de educao e, sempre que possvel, pelo

    prprio aluno.

  • A definio e implementao do PIT integra-se num processo

    dinmico que envolve duas fases sequenciais, podendo repetir-

    se e redefinir-se at se ajustarem expectativas, competncias e

    ofertas existentes na comunidade (cf. Figura 3).

    Figura 3 Processo de elaborao e implementao do PIT

    A elaborao do PIT passa por uma primeira fase, para conhe-

    cimento dos desejos, interesses, aspiraes e competncias do

    jovem. Em funo desses dados, e relativamente aos alunos

    com capacidades para exercer uma actividade profissional, esta

    fase inclui ainda o levantamento das necessidades do mercado

    de trabalho na comunidade em que o jovem se insere e a pro-

    cura de oportunidades de formao ou de experincias de

    trabalho em contexto real.

    Inventariadas as possibilidades de experincias de formao ou

    de estgios, importa identificar as competncias requeridas

    (competncias acadmicas, pessoais e sociais) e as adaptaes

    ou equipamentos especiais necessrios. Aps este levantamento

    h que procurar estabelecer protocolos com os servios ou insti-

    tuies onde o jovem vai realizar formao ou estgios, definir

    31

    VIDA EM SOCIEDADE COMADEQUADA INSERO

    FAMILIAR, SOCIAL E LABORALOU OCUPACIONAL

    Informao,observao eorientao

    Desenvolvimentode competnciase aquisio dequalificaes

    Processo deelaborao eimplementaodo PIT

  • as tarefas que vai desenvolver, as competncias a adquirir e o

    suporte, quando necessrio, a disponibilizar para a realizao

    dessas tarefas.

    Toda esta informao deve ser includa no PIT, bem como a

    clarificao dos papis e responsabilidades de cada um dos

    intervenientes na implementao do mesmo.

    Relativamente aos jovens cujas incapacidades no lhes permitem,

    no futuro, exercer uma actividade profissional, a pesquisa deve

    incidir na procura de centros de actividade ocupacional que pos-

    sam proporcionar actividades do seu interesse e de acordo com

    as suas competncias. O plano deve incluir a possibilidade destes

    jovens experienciarem diferentes tarefas proporcionadas pelos

    referidos centros.

    A implementao do PIT deve ser acompanhada e continua-

    mente monitorizada. A avaliao faz, pois, parte integrante de

    todo o processo, devendo cada novo passo ser avaliado antes

    de se passar ao seguinte.

    Para alm dos aspectos relativos a uma futura profisso ou

    actividade ocupacional, o PEI dos alunos em fase de transio

    deve contemplar actividades de promoo da autonomia em

    casa e na comunidade, bem como ao nvel da recreao e lazer.

    Deve tambm explicitar reas relativas ao desenvolvimento e

    reforo de aprendizagens de cariz funcional e definir, para alm

    das actividades desenvolvidas fora do contexto da turma, as

    que sero realizadas com os colegas da turma.

    A informao e suporte s famlias, nomeadamente no que diz

    respeito legislao e inventariao de instituies e servios

    sociais de apoio, constitui outra vertente a desenvolver no

    mbito dos processos de transio.

    Os instrumentos de certificao da escolaridade devem

    adequar-se s necessidades especiais dos alunos que seguem o

    seu percurso escolar com programa educativo individual,

    identificando as adequaes do processo de ensino e de apren-

    dizagem que tenham sido aplicadas.

    Para efeitos de certificao devem ser seguidas as normas de

    emisso e utilizados os formulrios legalmente fixados para o

    sistema de ensino.

    32

    CertificaoArtigo 15.

  • A adequao do processo de ensino e de aprendizagem

    tem por objectivo facilitar o acesso ao currculo, participao

    social e vida autnoma das crianas e jovens com necessi-

    dades educativas de carcter permanente.

    A adequao do processo de ensino e de aprendizagem pres-

    supe uma abordagem assente nos princpios da diferenciao

    e da flexibilizao ao nvel do currculo: (i) reas curriculares e

    disciplinas; (ii) objectivos e competncias; (iii) contedos; (iv)

    metodologias; (v) modalidades de avaliao, bem como dos

    elementos de acesso ao currculo como sejam, entre outros, a

    organizao e gesto do espao, do tempo, dos recursos

    humanos, materiais e financeiros. Todas as modificaes a

    introduzir no processo de ensino e de aprendizagem devem

    sempre partir dum menor para um maior afastamento do

    currculo comum.

    A adequao deste processo vai exigir, por parte da escola,

    mudanas na sua organizao de forma a encontrar e a

    desenvolver, para todos os alunos, as respostas educativas mais

    adequadas.

    No que respeita interveno dos docentes, esta ter que

    assentar em estratgias de diferenciao pedaggica e numa

    interveno especializada. Desta forma, ser possvel uma

    regulao individualizada dos processos e percursos de apren-

    dizagem, competindo aos profissionais encontrar estratgias de

    ensino adequadas s formas de aprendizagem dos alunos. Este

    facto implica uma prtica diversificada de estratgias, activi-

    dades e mtodos, seja em grande grupo, seja direccionadas

    para o aluno individual.

    33

    4. Respostas Educativas

    4.1. Medidas Educativas

    Adequaes noProcesso deEnsino e de

    AprendizagemArtigo 16.

  • As medidas educativas que integram a adequao do processo

    de ensino e de aprendizagem so:

    O apoio pedaggico personalizado inclui: (i) o reforo de

    estratgias a desenvolver com estes alunos, no seu grupo ou

    turma, ao nvel da organizao, do espao e das actividades;

    (ii) o estmulo e o reforo de determinadas competncias e

    aptides necessrias aprendizagem; (iii) a antecipao e o

    reforo da aprendizagem de contedos leccionados no mbito

    do grupo ou da turma; (iv) o reforo e desenvolvimento de

    competncias especficas.

    A medida apoio pedaggico personalizado apenas requer a

    interveno directa do docente de educao especial quando,

    no PEI do aluno, se preveja a necessidade de realizar activi-

    dades que se destinem ao reforo e desenvolvimento de com-

    petncias especficas, no passveis de serem efectuadas pelo

    docente responsvel de grupo, turma ou disciplina.

    Entende-se por competncias especficas, entre outras, as que

    so desenvolvidas no mbito da aprendizagem do Braille, da

    orientao e mobilidade, do treino de viso, da leitura e da

    escrita para alunos surdos (competncias de escrita transver-

    sais ao currculo), da comunicao aumentativa e alternativa.

    O desenvolvimento de competncias de autonomia pessoal e

    social do aluno, que exigem actividades de cariz funcional, com

    tempos e espaos prprios e sistematizao de estratgias

    especficas, devem, tambm, ser asseguradas pelo docente de

    educao especial. Podemos referir, como exemplo, actividades

    que tenham como objectivo possibilitar ao aluno aprendizagens

    da vida real como sejam:

    utilizar o carto da escola nas suas diferentes funes;

    34

    MedidasEducativas queintegram aadequao doprocesso deensino e deaprendizagem

    Apoiopedaggico

    personalizadoArtigo 17.

    Apoio pedaggico personalizado

    Adequaes curriculares individuais

    Adequaes no processo de matrcula

    Adequaes no processo de avaliao

    Currculo especfico individual

    Tecnologias de apoio

  • utilizar os servios da escola de forma autnoma (i.e. bar,

    refeitrio, papelaria);

    aceder aos diferentes servios da comunidade envolvente;

    A medida adequaes curriculares individuais traduz-se em

    adequaes de mbito curricular, que no pem em causa o

    currculo comum ou as orientaes curriculares respeitantes ao

    pr-escolar. Neste sentido, podero ser introduzidas disciplinas

    ou reas curriculares especficas, designadamente Lngua

    Gestual Portuguesa (L1) e Lngua Portuguesa/Portugus segunda

    lngua, para alunos surdos (LP2), leitura e escrita em Braille,

    orientao e mobilidade, treino de viso e actividade motora

    adaptada, entre outras, permitindo o acesso ao currculo

    comum, bem como uma maior autonomia.

    Estas adequaes podem ainda traduzir-se na introduo de

    objectivos e contedos intermdios ou na dispensa de activi-

    dades sempre que o nvel de funcionalidade do aluno dificulte

    acentuadamente, ou impossibilite, a sua execuo. A dispensa

    de actividades dever ser aplicada, nica e exclusivamente,

    quando o recurso a tecnologias de apoio no for suficiente para

    permitir a sua realizao.

    Todos os alunos com necessidades educativas especiais de

    carcter permanente podem frequentar o jardim-de-infncia ou

    a escola independentemente da sua rea de residncia. Aos

    alunos surdos, cegos, ou com baixa viso, dada prioridade na

    matrcula em escolas de referncia.

    Os alunos com perturbaes do espectro do autismo, multi-

    deficincia, ou surdocegueira congnita, podem matricular-se e

    frequentar escolas com unidades de ensino especializado inde-

    pendentemente da sua rea de residncia.

    Aos alunos com necessidades educativas especiais de carcter

    permanente pode ser concedido o adiamento da matrcula no

    1. ano de escolaridade apenas por um ano, no sendo poss-

    vel a sua renovao. Esta medida deve ser entendida como uma

    excepo e no como uma regra. As situaes tidas como

    excepcionais podem resultar de factores diversos e com um

    elevado nvel de abrangncia e, por essa razo, tm que ser

    35

    AdequaescurricularesindividuaisArtigo 18.

    Adequaesno processo de

    matrculaArtigo 19.

  • bem fundamentadas. Entende-se que constitui a base desta

    fundamentao os benefcios que podem advir do facto de o

    aluno frequentar a educao pr-escolar por mais um ano,

    devendo estes ser claramente explicitados.

    No caso dos 2. e 3. ciclos do ensino bsico, e no ensino

    secundrio, a matrcula dos alunos com necessidades educa-

    tivas de carcter permanente pode ser feita por disciplinas,

    desde que no seja alterada a sequencialidade do regime

    educativo comum.

    O processo de avaliao dos alunos com necessidades educa-

    tivas especiais de carcter permanente, excepo dos que

    tm um currculo especfico individual, segue as normas de

    avaliao definidas para os diferentes nveis e anos de escola-

    ridade, podendo, no entanto, proceder-se a adequaes que,

    entre outras, consistem em alteraes:

    A avaliao um elemento integrante e regulador das apren-

    dizagens, permitindo uma recolha sistemtica de informao

    sobre as aquisies e necessidades do aluno. A anlise da

    informao recolhida atravs deste processo permite orientar

    o percurso escolar de cada aluno e proceder adequao,

    sempre que necessrio, do currculo (nos seus diferentes nveis)

    em funo das necessidades dos alunos. A avaliao permite,

    ainda, certificar as aprendizagens realizadas e as competncias

    adquiridas.

    Como j foi referido, os alunos com Currculo Especfico Indivi-

    dual no esto sujeitos ao processo de avaliao e de transio

    de ano escolar caracterstico do regime educativo comum. Estes

    alunos ficam sujeitos aos critrios especficos de avaliao

    definidos no seu PEI.

    36

    Adequaesno processo de

    avaliaoArtigo 20.

    do tipo de provas; dos instrumentos de avaliao e certificao; das condies de avaliao (i.e. formas e meios de comuni-

    cao, periodicidade, durao e local da mesma).

  • O Currculo Especfico Individual prev alteraes significa-

    tivas no currculo comum que se podem traduzir:

    o nvel de funcionalidade do aluno que vai determinar o tipo

    de modificaes a realizar no currculo. Estas devem

    corresponder s necessidades mais especficas do aluno. Este

    tipo de currculos, assente numa perspectiva curricular

    funcional, tem por objectivo facilitar o desenvolvimento de

    competncias pessoais e sociais e a autonomia do aluno,

    aspectos essenciais sua participao numa variedade de

    contextos de vida.

    Pretende-se que estes currculos:

    O currculo especfico individual substitui as competncias

    definidas para cada nvel de educao e de ensino, mediante o

    parecer do conselho de docentes ou do conselho de turma.

    37

    CurrculoEspecficoIndividualArtigo 21. na priorizao de reas curriculares ou determinados con-

    tedos em detrimento de outros;

    na eliminao de objectivos e contedos;

    na introduo de contedos e objectivos complementares

    referentes a aspectos bastante especficos (i.e. comunica-

    o no verbal; utilizao de tecnologias de apoio no mbito

    da comunicao, mobilidade, acessibilidades);

    na eliminao de reas curriculares.

    tenham um cariz funcional, ou seja, as actividades pro-

    postas tm que ser teis para a vida presente e futura

    (ps-escolar) do aluno;

    a seleco das competncias a desenvolver deve ter como

    critrio a sua aplicabilidade nos diferentes contextos de vida

    do aluno;

    a aprendizagem das competncias definidas deve ser,

    sempre que possvel, realizada nos contextos reais por forma

    a dar-lhes significado;

    as actividades devem estar relacionadas, na medida do

    possvel, com a idade cronolgica e com os interesses do

    aluno.

  • Pelas suas implicaes, tanto ao nvel do tipo de aprendizagens

    como da certificao, a opo por este tipo de currculo deve

    ser muito bem ponderada, exigindo uma avaliao rigorosa

    do aluno.

    Compete ao Conselho Executivo e ao Departamento de

    Educao Especial orientar e assegurar o desenvolvimento dos

    referidos currculos.

    No mbito da educao especial referimo-nos a tecnologias

    de apoio como um conjunto de dispositivos e equipamentos

    que tm por objectivo compensar uma limitao funcional

    e facilitar um modo de vida independente, sendo por isso

    elementos facilitadores do desempenho de actividades e da

    participao dos alunos com necessidades educativas especiais

    em diferentes domnios (aprendizagem, vida social e profis-

    sional).

    As tecnologias de apoio podem ser utilizadas em diferentes

    reas, tais como:

    38

    Tecnologiasde ApoioArtigo 22.

    cuidados pessoais e de higiene;

    mobilidade;

    adaptaes para mobilirio e espao fsico;

    comunicao, informao e sinalizao;

    recreao.

  • No sentido da adequao do processo de acesso ao currculo, e

    para a incluso escolar e social dos alunos surdos, a educao

    destes deve ser feita em ambientes bilingues adequados ao

    desenvolvimento da lngua gestual portuguesa (LGP) enquanto

    lngua natural e primeira lngua de acesso ao currculo e

    tambm da lngua portuguesa (escrita e, eventualmente,

    falada).

    Para tal, necessrio que os alunos surdos estejam inseridos

    numa comunidade lingustica de referncia, promotora do

    desenvolvimento da lngua gestual portuguesa, ou seja, numa

    comunidade lingustica o mais alargada possvel, numa escola

    que concentre grupos de socializao e de referncia consti-

    tudos por crianas, jovens e adultos surdos que comuniquem

    em LGP, em permanente interaco. Este facto implica a con-

    centrao de alunos surdos em escolas de referncia.

    As escolas de referncia para a educao bilingue de alunos

    surdos constituem uma resposta educativa especializada, para

    alunos surdos que concentram estes alunos numa escola em

    grupos ou turmas de alunos surdos. Estas escolas tm como

    objectivo principal aplicar metodologias e estratgias de

    interveno interdisciplinares, adequadas ao ensino bilingue de

    alunos surdos. Os alunos surdos tm prioridade de matrcula

    nestas escolas.

    Para que estes alunos tenham acesso ao currculo comum,

    estas escolas integram docentes e tcnicos especficos assim

    como equipamentos essenciais s necessidades da populao

    surda, tanto ao nvel da sala de aula como da escola, estando

    todos eles definidos no novo documento legislativo.

    Nas escolas onde estas respostas forem desenvolvidas, primor-

    dial que, desde cedo, haja uma articulao com os servios de

    interveno precoce para que as crianas surdas, desde os

    primeiros meses, tenham acesso LGP. Neste sentido, pode ser

    facultada a entrada precoce no jardim-de-infncia, num grupo

    de crianas surdas, e todo o seu percurso educativo deve ser

    assegurado em grupos e turmas de surdos, possibilitando o

    39

    4.2. Modalidades Especficas de Educao

    O que se entendepor educaobilingue dealunos surdos e comunidade lingustica dereferncia?

    Escolas dereferncia para aeducao bilinguede alunos surdos?

    Artigo 23.

  • desenvolvimento da sua lngua natural numa comunidade lingus-

    tica cuja primeira lngua a LGP.

    O facto das crianas e jovens integrarem grupos ou turmas de

    surdos no exclui a necessidade de estes grupos ou turmas

    desenvolverem projectos ou actividades conjuntamente com

    turmas de alunos ouvintes, na comunidade escolar.

    Estas escolas tm como objectivos:

    A prossecuo destes objectivos deve ser assegurada pelo

    Conselho Executivo uma vez que da sua competncia

    garantir, organizar, acompanhar e orientar o funcionamento e o

    desenvolvimento da resposta educativa adequada incluso de

    alunos surdos.

    40

    Quais osobjectivos dasEscolas de referncia para a educaobilingue dealunos surdos?

    assegurar o desenvolvimento da lngua gestual portuguesa

    como primeira lngua dos alunos surdos;

    assegurar o desenvolvimento da lngua portuguesa escrita

    como segunda lngua dos alunos surdos;

    assegurar s crianas e jovens surdos, os apoios ao nvel

    da terapia da fala, do apoio pedaggico e do reforo das

    aprendizagens, dos equipamentos e materiais especficos,

    bem como de outros apoios de que devam beneficiar;

    organizar e apoiar os processos de transio entre os dife-

    rentes nveis de educao e de ensino;

    organizar e apoiar os processos de transio para a vida

    ps-escolar;

    criar espaos de reflexo e partilha de conhecimentos e

    experincias, numa perspectiva transdisciplinar de desen-

    volvimento de trabalho cooperativo, entre profissionais

    com diferentes formaes que desempenham as suas funes

    com os alunos surdos;

    programar e desenvolver aces de formao em lngua

    gestual portuguesa, para a comunidade escolar e para os

    familiares dos alunos surdos;

    colaborar e desenvolver com as Associaes de Pais e com

    as Associaes de Surdos aces de diferentes mbitos,

    visando a interaco entre a comunidade surda e a comu-

    nidade ouvinte.

  • As escolas de referncia constituem uma resposta educativa

    especializada desenvolvida em agrupamentos de escolas, ou

    escolas secundrias, para alunos cegos e com baixa viso, do

    concelho ou dos concelhos limtrofes, dependendo da sua loca-

    lizao e da rede de transportes existentes.

    Criadas por despacho ministerial, sempre que se justifique a

    concentrao logstica de recursos, estas escolas integram

    docentes com formao especializada em educao especial, no

    domnio da viso, e outros profissionais com competncias para

    o ensino de Braille e de orientao e mobilidade, devendo estar

    apetrechadas com equipamentos informticos e didcticos

    adequados s necessidades da populao a que se destinam.

    Ao Conselho Executivo do agrupamento de escolas ou escolas

    secundrias cabe a responsabilidade da organizao e acom-

    panhamento do funcionamento das respostas educativas

    prestadas a estes alunos.

    Constituem objectivos das escolas de referncia para a edu-

    cao de alunos cegos e com baixa viso:

    41

    Quais osobjectivos dasescolas dereferncia paraalunos cegos ecom baixa viso?

    assegurar a observao e avaliao visual e funcional;

    assegurar o ensino e a aprendizagem da leitura e escrita

    do Braille, bem como das suas diversas grafias e domnios

    de aplicao;

    assegurar a utilizao de meios informticos especficos,

    entre outros, leitores de ecr, software de ampliao de

    caracteres, linhas Braille e impressora Braille;

    assegurar o ensino e a aprendizagem da orientao e da

    mobilidade;

    assegurar o treino visual especfico;

    orientar os alunos nas disciplinas em que as limitaes visuais

    ocasionem dificuldades particulares, designadamente, a

    Educao Visual, Educao Fsica, Tcnicas Laboratoriais,

    Matemtica, Qumica, Lnguas Estrangeiras e Tecnologias

    de Comunicao e Informao;

    assegurar o acompanhamento psicolgico e a orientao

    vocacional;

    assegurar o treino de actividades de vida diria e a promo-

    o de competncias sociais.

    Escolas dereferncia paraalunos cegos e

    com baixa visoArtigo 24.

  • As unidades de ensino estruturado constituem uma resposta

    educativa especializada, desenvolvida em agrupamentos de

    escolas, ou escolas secundrias, para alunos que manifestem

    perturbaes enquadrveis nesta problemtica.

    A sua criao proposta por deliberao do Conselho Executivo,

    ouvido o Conselho Pedaggico, e autorizada por despacho do

    director regional, quando numa escola ou grupos de escolas

    limtrofes, o nmero de alunos, a natureza das respostas, os

    equipamentos especficos e as especializaes profissionais

    justifiquem a sua concentrao.

    As referidas unidades integram docentes especializados em

    educao especial, devendo ser introduzidas as modificaes

    necessrias no espao fsico e apetrechadas com mobilirio e

    equipamentos adequados s necessidades especficas desta

    populao.

    Ao Conselho Executivo do agrupamento de escolas, ou escolas

    secundrias, cabe a responsabilidade de organizar, acompanhar

    e orientar o funcionamento das unidades. Gesto de recursos,

    organizao de formao especfica, estabelecimento de parce-

    rias e acompanhamento metodolgico, constituem algumas das

    competncias dos Conselhos Executivos.

    A organizao da resposta educativa deve ser determinada pelo

    grau de severidade, nvel de desenvolvimento cognitivo, lingus-

    tico e social, nvel de ensino e idade dos alunos.

    Constituem objectivos das unidades de ensino estruturado:

    42

    Unidades deensino estruturadopara a educaode alunos com

    perturbaes doespectro do

    autismoArtigo 25.

    Quais osobjectivos dasunidades deensino estruturadopara a educaode alunos comperturbaes doespectro doautismo?

    promover a participao dos alunos com perturbaes do

    espectro do autismo nas actividades curriculares e de

    enriquecimento curricular junto dos pares da turma a que

    pertencem;

    implementar e desenvolver um modelo de ensino estrutu-

    rado que consiste na aplicao de um conjunto de princ-

    pios e estratgias que, com base em informao visual,

    promovam a organizao do espao, do tempo, dos mate-

    riais e das actividades;

  • A implementao de unidades de apoio especializado para a

    educao de alunos com multideficincia e surdocegueira con-

    gnita, em agrupamentos de escolas, ou escolas, constitui uma

    resposta educativa especializada para responder s necessi-

    dades especficas destes alunos, tendo em conta o seu nvel de

    funcionalidade e a sua idade.

    As escolas, ou agrupamento de escolas, onde funcionam estas

    unidades, concentram alunos de um ou mais concelhos, em

    funo da sua localizao e da rede de transportes disponibi-

    lizados.

    As escolas, onde funcionam unidades de apoio especializado

    integram docentes com formao especializada em educao

    especial e devem introduzir as modificaes nos espaos e no

    mobilirio, face s metodologias e tcnicas a implementar que

    se revelem imprescindveis para responder s necessidades da

    populao a que se destinam.

    Ao Conselho Executivo do agrupamento de escolas, ou escolas

    secundrias, cabe a responsabilidade da organizao e acom-

    panhamento do funcionamento das respostas educativas

    prestadas a estes alunos.

    43

    Unidades deapoio

    especializadopara a educaode alunos com

    multideficincia esurdocegueira

    congnitaArtigo 26.

    aplicar e desenvolver metodologias de interveno interdis-

    ciplinares que, com base no modelo de ensino estruturado,

    facilitem os processos de aprendizagem, de autonomia e

    de adaptao ao contexto escolar;

    proceder s adequaes curriculares necessrias;

    organizar o processo de transio para a vida ps-escolar;

    adoptar opes educativas flexveis, de carcter individual

    e dinmico, pressupondo uma avaliao constante do pro-

    cesso de ensino e de aprendizagem do aluno e o regular

    envolvimento e participao da famlia.

  • Constituem objectivos das unidades de apoio especializado

    para a educao de alunos com multideficincia e surdocegueira

    congnita:

    44

    Quais osobjectivos dasunidades de apoioespecializadopara a educaode alunos commultideficinciae surdocegueiracongnita?

    promover a participao dos alunos com multideficincia

    e surdocegueira nas actividades curriculares e de enrique-

    cimento curricular junto dos pares da turma a que pertencem;

    aplicar metodologias e estratgias de interveno inter-

    disciplinares, visando o desenvolvimento e a integrao

    social e escolar dos alunos;

    assegurar a criao de ambientes estruturados, securizantes

    e significativos para os alunos;

    proceder s adequaes curriculares necessrias;

    adoptar opes educativas flexveis, de carcter individual

    e dinmico, pressupondo uma avaliao constante do pro-

    cesso de ensino e de aprendizagem do aluno e o regular

    envolvimento e participao da famlia;

    assegurar os apoios especficos ao nvel das terapias, da

    psicologia, e da orientao e mobilidade aos alunos que

    deles possam necessitar;

    organizar o processo de transio para a vida ps-escolar.

  • 1. Modelo de Formulrio para Referenciao

    47

    Formulrio de Referenciao

    Ano Lectivo / .

    Agrupamento de Escolas:

    Entidade ou pessoa responsvel pela referenciao:

    Data da referenciao:

    Nome: Data de Nascimento:

    Morada: Telefone:

    Nvel de Educao ou Ensino:

    Ano de Escolaridade: Turma:

    Outra situao:

    Motivo da referenciao:

    Tomei conhecimentoAssinatura do Conselho Executivo:

    / /

    Data: / /

    Pr-Escolar 1. CEB 2. CEB 3. CEB E. Secundrio

  • 49

    2. Preparao Individual de Reunio de Equipa

    Reunies de equipa

    Para que se possa caracterizar o perfil de funcionalidade de cada alunonos seus contextos de vida importante que se renam professores epais, e sempre que necessrio outras pessoas da escola ou a ela exte-riores que conheam o aluno.

    Estas reunies possibilitam que se partilhem pontos de vista, que emconjunto se procurem solues e se definam prioridades.

    A reunio realiza-se sempre que, aps a referenciao, a equiparesponsvel pela avaliao considere necessrio recolher informaoadicional que permita saber qual a percepo que as pessoas que melhor conhecem o aluno tm sobre a sua funcionalidade e incapaci-dade de modo a direccionar a avaliao no sentido de se identificaremas respostas educativas mais adequadas (Quais as dificuldades epotencialidades do aluno? Quais as razes para existirem tais dificul-dades? O que se pode fazer a fim de melhorar a situao?).

    No mbito da avaliao do aluno, caso j exista um programa educa-tivo individual, para que se possam partilhar as diferentes percepesrelativamente ao desempenho do aluno e progressos verificados, deforma a definir ou redefinir prioridades (Com as medidas definidas foramconseguidos os objectivos pretendidos? Estas medidas continuam a sernecessrias? necessrio reformular as medidas anteriormentedefinidas?).

    Nas reunies devem participar as pessoas que possam ajudar a com-preender a situao. Presentes estaro sempre os professores e osencarregados de educao. A presena, ou no, do aluno deve ser pon-derada em funo de cada situao particular.

    Podem tambm participar elementos dos rgos de gesto e outrosprofissionais que possam contribuir para um conhecimento mais claroe aprofundado da funcionalidade e incapacidade do aluno.

    Todos os participantes devem tomar conhecimento de todos os interve-nientes que iro estar presentes na reunio, atravs de convocatria.

    A convocatria deve explicitar o tempo previsto para a realizao dareunio.

    Caso se insira no mbito do processo de referenciao e avaliao, areunio deve ser orientada por elementos do departamento de edu-cao especial e do servio tcnico-pedaggico de apoio aos alunos.

    Sempre que seja realizada no mbito da monitorizao da eficcia dasmedidas educativas estabelecidas no PEI, a reunio deve ser orientadapelo coordenador do programa educativo individual.

    Quando que se rea-liza uma reunio?

    Quem que participanas reunies?

    Quanto tempo dura areunio?

    Quem que orienta areunio?

    Adaptado de Judith Hollenweger e Peter Lienhard, in Shulische Standortgesprche. Zurique, Agosto de 2007.

  • Os participantes preparam-se para a reunio preenchendo o formulrioPreparao individual de reunies de equipa.

    Este formulrio permite visualizar diferentes perspectivas sobre oaluno e ajuda a encontrar, em conjunto, os aspectos mais importantesa discutir.

    No formulrio pode anotar, em poucas palavras, a sua descrio daactual situao (O que difcil neste momento, o que especial? Qualo problema mais importante?).

    Relativamente a cada parmetro, se na sua opinio o desempenho doaluno for idntico ao dos seus colegas de turma com a mesma idade,coloque uma cruz no espao do meio.

    Por vezes pode ser difcil colocar apenas uma cruz. Nesse caso coloquemais do que uma cruz e anote as suas observaes no espao esquerda.

    Depois de preenchido, releia o formulrio e reflicta, sobre todos ositens, se so observados mais aspectos positivos ou negativos.

    Disponha de 5 a 10 minutos, no mais. Trata-se apenas de uma avalia-o global que, no entanto, ser fundamental para a reunio.

    No. Se pensar Isto eu no posso avaliar ou Sobre este assuntopreferia no dizer nada, deixe os respectivos espaos em branco.

    50

    Como que os partici-pantes se preparampara a reunio?

    Como que se preen-che o formulrio?

    Quanto tempo preci-so, aproximadamente,para preencher o for-mulrio?

    preciso preenchertudo?

    Adaptado de Judith Hollenweger e Peter Lienhard, in Shulische Standortgesprche. Zurique, Agosto de 2007.

    X

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    Pontos Fortes

    Pontos Fracos

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  • Breve descrio da situao actual:

    51

    VERSO PARA A EDUCAO PR-ESCOLAR

    Preparao individual de reunio de equipa

    Compreenso e planificao em conjunto

    Nome do(a) aluno(a):

    Data da reunio:

    Todos os que participarem na reuniorecebem uma folha como esta e teroque lev-la preenchida para a reunio.Se alguma questo no estiver clara oufor difcil de avaliar, deixe o espao embranco e passe para a questo seguinte.Esta folha fica na posse de quem apreencheu.

    Palavras especialmente importantes podem ser sublinhadas

    Aprendizagem geral A criana sabe ouvir, ver, sentir; estar atenta, aprender ver-sos, melodias, movimentos e transmiti-los; designar formas,descrever e apresentar; descobrir coisas e estabelecerrelaes atravs do jogo; encontrar solues e p-las emprtica; utilizar estratgias, planear; praticar.

    Aquisio da lnguaA criana sabe repetir oralmente com exactido; compreendero sentido das palavras e smbolos; formar frases correctas;construir um vocabulrio correspondente sua idade; falardando um sentido quilo que diz.

    Aprendizagem da matemticaA criana sabe contar; orientar-se no espao (atrs/ frente,em cima/em baixo); ter conscincia dos tamanhos e dasquantidades, assim como classific-los, segundo os seusprprios critrios ou indicaes dadas; orientar-se no campodos nmeros; descobrir regras.

    Se for necessrio, pode anotaraqui observaes referentes acada aspecto em particular

    1-2 cruzes

    PontosFortes

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    Adaptado de Judith Hollenweger e Peter Lienhard, in Shulische Standortgesprche. Zurique, Agosto de 2007.

  • 52

    Lidar com exignciasA criana sabe executar uma actividade sozinha ou em grupo;tomar responsabilidades; respeitar o desenrolar das activi-dades do dia-a-dia; concentrar-se numa tarefa; controlar oprprio comportamento; lidar com a alegria e as frustraes.

    ComunicaoA criana sabe compreender aquilo que os outros dizem eexprimem (no verbal e verbal); exprimir as suas ideias de talforma que os outros compreendam (no verbal e verbal);conseguir ter conversas e discusses com crianas da mesmaidade e adultos.

    Movimento e mobilidadeA criana sabe planear a evoluo de movimentos de motri-cidade geral, coordenar e imitar; planear a evoluo de movi-mentos de motricidade fina, coordenar e imitar; manusear os utenslios de escrever e desenhar, motricidade geral (por ex. na ginstica), motricidade fina (por ex. nos trabalhosmanuais).

    Ocupar-se de si mesmoA criana sabe vestir-se e despir-se, calar-se e descalar-se;dar ateno higiene corporal, sade e alimentao; preca-ver-se de situaes perigosas.

    Lidar com pessoasA criana sabe relacionar-se com outras pessoas, receber, darateno, ser tolerante; regular a proximidade e a distncia;lidar com a crtica; fazer amigos e conserv-los.

    Tempos livres, descanso e comunidadeA criana sabe participar na vida em comum na escola, nafamlia e na vizinhana; incluir-se em jogos e outras activida-des de tempos livres; desenvolver a sua actividade preferida.

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    Adaptado de Judith Hollenweger e Peter Lienhard, in Shulische Standortgesprche. Zurique, Agosto de 2007.

  • 53

    Breve descrio da situao actual:

    VERSO PARA OS ENSINOS BSICO ESECUNDRIO

    Preparao individual de reunio de equipa

    Compreenso e planificao em conjunto

    Nome do(a) aluno(a):

    Data da reunio:

    Todos os que participarem na reuniorecebem uma folha como esta e teroque lev-la preenchida para a reunio.Se alguma questo no estiver clara oufor difcil de avaliar, deixe o espao embranco e passe para a questo seguinte.Esta folha fica na posse de quem apreencheu.

    Palavras especialmente importantes podem ser sublinhadas

    Aprendizagem geral e aplicao do conhecimentoO aluno consegue estar atento; formular ideias com base em conceitos ou imagens; manusear objectos (lpis, colher,garfo); participar em jogos; encontrar solues e coloc-lasem prtica; planear e tomar decises.

    Realizao de tarefasO aluno consegue realizar de forma autnoma as actividadespropostas; realizar actividades em grupo; assumir responsa-bilidades; planear e gerir as tarefas do dia-a-dia; lidar com ostress e a frustrao.

    Movimento e deslocao O aluno consegue manter e mudar a posio do corpo (deitar,ajoelhar, sentar); deslocar-se (andar, correr, saltar); utilizartransportes pblicos; imitar, planear e coordenar movimentos(por exemplo, no desporto); imitar, planear e coordenar movi-mentos de motricidade fina (usar o lpis, pegar em moedas;girar um boto, chutar uma bola).

    Se for necessrio, pode anotaraqui observaes referentes acada aspecto em particular

    1-2 cruzes

    PontosFortes

    PontosFracos

    PontosFortes

    PontosFracos

    PontosFortes

    PontosFracos

    Adaptado de Judith Hollenweger e Peter Lienhard, in Shulische Standortgesprche. Zurique, Agosto de 2007.

  • 54

    AutocuidadosO aluno consegue realizar actividades de higiene corporal;vestir-se; calar-se; alimentar-se; evitar situaes e s