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Psicopedagogia Institucional: fundamentos mes. Edimar Roberto l Sartoro

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  • Psicopedagogia Institucional:

    fundamentos

    mes. Edimar Roberto l Sartoro

  • A Instituição: o que é?

    Lourau (1993, p. 11) afirma: “instituição não é uma coisa observável, mas uma dinâmica contraditória construindo-se na (e em) história, ou tempo.”

    A instituição está para além da materialidade da organização, do estabelecimento. Ela se manifesta por meio das ações humanas, das relações grupais, dos comportamentos, dos modos de ser e pensar, dos valores etc.

  • Instituição

    A instituição, assim, comporta sujeitos, saberes e práticas, contradições, normas, representações sociais.

    Abriga relações de poder, visto que as implicações ideológicas e políticas estão sempre presentes.

  • Como conhecer uma instituição?

  • Diagnóstico Institucional

    Conhecer uma instituição implica, desvelar as situações de crise, os conflitos, as contradições e impasses existentes que estão no nível do implícito, do oculto;

    Analisador: é quilo que permite revelar a estrutura da instituição, seu movimento, sua dinâmica, interna, oculta, velada.

  • Diagnóstico Institucional

    O efeito do analisador é sempre trazer à tona o que está escondido, camuflado, de provocar uma desestrutura no que está estruturado, causar estranheza naquilo que era conhecido (GUIRADO, 1986).

    Ex: na escola – relações de poder, desvalorização docente; na família, a hierarquia; na empresa, os conflitos velados.

  • Instituído e instituinte

    Para Guirado (1986), instituído é o que está cristalizado, estabelecido e instituinte é o movimento de ação, criação.

  • instituído

    Ex: Você, professora, que está chegando agora. Você recém formada.Cheia de novas ideias e teorias quentinhas. Chega aqui e acredita que vai fazer a diferença. Pois é: eu já fui assim como você: inocente e sonhadora. Na teoria é tudo muito bonitinho, mas na prática: o papo é outro. Não há muito o que fazer, por aqui. Os alunos, os pais, os governos não estão nem aí com a educação, por que vou me importar e dar aula, buscar novas formas de ensinar. No início eu me incomodava um pouco com os problemas escolares, mas com o tempo a gente se acostuma. Tudo passa a ser natural. Isso vai acontecer como você, logo, logo. Eu não dou cinco anos para este seu entusiasmo...

  • Instituinte e Instituído

    O processo de institucionalização caracteriza-se pela luta permanente entre instituinte e instituído. Um busca a conservação o outro a transformação.

    Desse modo, a instituição não tem um caráter permanente e estático, a dinâmica produzida pela força do instituinte sob o instituído provoca um movimento dialético de construção e desconstrução das relações.

  • As Raízes do Movimento

    Institucionalista

    Introduzida no Brasil por mãos argentinas e francesas de psicólogos e psicanalistas, no final da década de 60, a Psicologia Institucional surge como um movimento de revisão e crítica do pensamento e da prática profissional, que se restringia aos atendimentos terapêuticos individuais e em consultórios.

  • Assim, o trabalho dos psicólogos, historicamente distribuído entre consultórios, empresas, escolas, hospitais psiquiátricos, e universidades, começa a ser percebido, falado, estudado, da perspectiva de ser ou vir a ser um trabalho “institucional” (GUIRADO, 1987, p.IX).

  • Bleger e sua contribuição para a

    compreensão das Instituições

    José Bleger, argentino, médico, psicólogo, psicanalista e professor, desde a década de 60, está presente entre nós com os seus estudos sobre Psicanálise, Psicologia, Grupos e Instituições.

    A Psicologia Institucional é um modelo que difere da Psicologia Individual;

    Em Psicologia Institucional, interessa-nos a instituição como totalidade – podemos nos ocupar de parte dela, mas sempre em função da totalidade.

  • No diagnóstico institucional, o psicólogo / psicopedagogo centra sua atenção na atividade humana, no espaço e tempo em que ela tem lugar e no efeito da mesma para aqueles que desenvolvem tais atividades (BLEGER, 1984,p.38).

    Para isso, impõem-se informações sobre a própria instituição que incluem:

    a finalidade e o objetivo da instituição;

    condições de trabalho;

    situação geográfica e relações com a comunidade;

    relações com outras instituições;

    a origem, a evolução, história, crescimento, mudança, flutuações, cultura e tradições;

    a organização e normas que as regem;

    os sujeitos;

  • Bleger (1984) destaca um conjunto de princípios a serem observados, pelo profissional:

    Esclarecimento da natureza e dos limites do seu trabalho em todos os níveis com os quais vai atuar;

    Esclarecimento sobre o processo de devolução das informações e resultados e a quem será dirigido;

    Evitar tomar partidos com relação a setores ou posições na organização;

    Evitar contatos extra-profissionais que possam “contaminar” o processo diagnóstico;

    Evitar posturas de “onipotência” diante do grupo;

    Ética profissional.

  • Georges Lapassade e suas contribuições à

    compreensão das Instituições

    Lapassade concebe a realidade como construção social e que se dá a partir de uma inter-relação de três níveis ou instâncias:

    1) o grupo;

    2) a organização;

    3) o Estado.

  • O grupo

    Georges Lapassade acentua que o grupo se caracteriza como tal a partir da existência de interação, comunicação, entre seus membros, surgindo como uma totalidade.

    O grupo, segundo Bock (1999), é formado por sujeitos que produzem, reproduzem e que reformulam as instituições.

  • Neste primeiro nível social, o grupo, todas as relações sociais se estabelecem, donde ele ser considerado a base da vida cotidiana. Segundo Lapassade, seu objetivo é manter a ordem, organizar o aprendizado e a produção.

    Na vida cotidiana, ele se expressa em diferentes âmbitos: Na escola, é a classe; no trabalho é o escritório e a oficina; no resto da vida, a família.

  • Assim, submetidos que estamos, nos grupos nos quais vivemos (da família aos grupos de trabalho), a uma rotina que prevê horas de entrada e saída, formas de trabalho e de relação, respostas aceitas e premiadas ou rejeitadas e punidas, vivemos, cotidianamente, o instituído no contato face-a-face, na fala direta a outro elemento do mesmo grupo. Há sempre, portanto, a mediatização da instituição no grupo (GUIRADO, 1987, p.28)

  • A organização

  • O segundo nível da realidade ou do sistema social é o da organização que se expressa segundo formas materiais muito variadas que compreendem desde um grande complexo organizacional, tal como um ministério: Ministério da Educação, Ministério da Justiça etc., até um pequeno estabelecimento, uma empresa.

    Assim: organizações são unidades sociais deliberadamente construídas para perseguir objetivos específicos. (Amitai Etzioni)

  • O estado

  • Por fim, Lapassade destaca um terceiro nível do sistema social que é o Estado, entendido como o conjunto de leis, burocracias e que regem a conduta social que criva a organização e o grupo (GUIRADO, 1987, p. 29).

  • Frente aos três níveis do sistema social, infere-se que, se a instituição constitui o campo abstrato dos valores e regras, sendo o Estado a sua maior expressão, a organização é a forma de materialização destas regras e valores e o grupo é o elemento que completa a construção social da realidade, como instância de promoção, transmissão, reprodução ou transformação destes valores.

  • Guilhon de Albuquerque e sua contribuição à

    compreensão das Instituições

    Albuquerque pensa a instituição desde uma perspectiva foucaultiana, analisando as instituições concretas, ou seja, as formas singulares com que o binômio instituição/poder se engendram e produzem discursos.

  • Para Foucault uma sociedade sem relações de poder é uma abstração.

    A estrutura social, seria para o autor, atravessada por múltiplas relações de poder, que não se situam apenas em um local específico, como um aparelho de Estado, mas que são imanentes ao corpo social.

  • Referências

    BAREMBLITT, Gregório. Compêndio de Análise Institucional e Outras Correntes: Teoria e Prática. 4. ed.Rio de Janeiro: Record, 1998.

    BLOCK, Ana Maria Mercês. Psicologias: Uma Introdução ao Estudo de Psicologia.13. ed. São Paulo: Saraiva,1999.

    GUIRADO, Marlene. Psicologia Institucional. São Paulo: EPU,1987.

    MACIEL, Ira Maria (org.). Psicologia e Educação: novos caminhos para a formação. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2001.

    PROJETO DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL – FAJOPA - AVALIAÇÃO INTERNA - http://www.fajopa.edu.br/banner/projeto1.htm.

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