PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ · PDF file5...

43
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O USO DA MACONHA E DIREÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES Por: Fernando Márcio Fernandes Orientadora Professora Nayra Paoli Belo Horizonte 2012

Transcript of PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ · PDF file5...

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO

MESTRE

O USO DA MACONHA E DIREÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES

Por: Fernando Márcio Fernandes

Orientadora

Professora Nayra Paoli

Belo Horizonte

2012

2

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO

MESTRE

O USO DA MACONHA E DIREÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES

Apresentação de monografia ao IAVM – Instituto A Vez do

Mestre como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão, Educação e Segurança de

Trânsito.

Por: Fernando Márcio Fernandes

3

AGRADECIMENTOS

A todos os autores citados, aos bibliotecários da

Biblioteca Luiz de Bessa que contribuíram para

localização, escolha e empréstimo de grande parte do

material aqui utilizado. À minha esposa e filhos que

cooperaram e entenderam a minha ausência ou porta

fechada dedicada a este trabalho.

4

DEDICATÓRIA

À Sra Raimunda Ana de Jesus e ao Sr José Fernandes

costa, meus primeiros professores na escola da vida e

meus pais, especialistas em filhos felizes.

5

RESUMO

O objetivo deste trabalho é conhecer um pouco da história da maconha,

seus efeitos deletérios para o organismo humano, a legislação relacionada ao uso e

abuso desta droga no Brasil e principalmente a desastrosa relação 1canabis e a

direção de veículos automotores. A tarefa de dirigir é complexa, o condutor recebe

informações continuamente, ele então, tem que analisar e reagir. A maconha

influencia nas funções cerebrais e em processos mentais que afetam o desempenho

do condutor. As alterações motoras provocadas por uso de drogas ilícitas na direção

têm recebido bastante atenção nos últimos anos, apontadas como mais uma

ameaça à segurança no trânsito. No mundo, vários países têm se preocupado e

possuem leis severas para punir motoristas que dirigem sob efeitos de drogas. No

Brasil ainda vivenciamos algumas lacunas com relação ao conhecimento das

drogas, dificuldades práticas e falta de vontade política. A fiscalização ostensiva a

educação e ações conjuntas são essências para a melhoria na segurança do nosso

trânsito. Os efeitos da maconha no desempenho dos motoristas já são bem

conhecidos e vários são os estudos que podem ser encontrados na literatura

mundial demonstrando a prevalência da droga em acidentes com mortos e feridos.

Os resultados apontam que uso da maconha trás riscos severos para o ato de dirigir

e precisamos urgente de regulamentação específica para a efetiva fiscalização e

diminuição dos acidentes de trânsito em nosso país. A conclusão é que combatemos

de forma fervorosa a direção e o consumo de bebidas alcoólicas no Brasil enquanto

aqueles usuários de maconha que dirigem, continuam isentos de qualquer

fiscalização em nossas vias, pois, não existe legislação específica que aborde o

tema.

Palavras-chave: Direção de veículos. Fiscalização de trânsito. Uso da maconha.

1 A exemplo de algumas publicações brasileiras, suprimi um dos enes de cannabis no intuito de

facilitar a integração da palavra à nossa língua e possibilitar sua escrita sem grifo.

6

METODOLOGIA

Optou-se por pesquisa bibliográfica que abrange a leitura, análise e

interpretação de livros, periódicos, textos legais, experiências e comprovações de

médicos, farmacêuticos, médico-psico farmacêuticos, psiquiatras e outros

especialistas e cientistas da área que têm trabalhos publicados no Brasil e ou no

exterior sobre a história e os efeitos da maconha no corpo humano. Adotou-se uma

abordagem qualitativa, que leva a uma série de leituras sobre o assunto da pesquisa

dentre diferentes autores e especialistas e ao final, dado o ponto de vista conclusivo.

Modalidade de pesquisa bibliográfica com método indutivo e como técnicas o

levantamento bibliográfico, coleta e análise de dados.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 08

CAPITULO I - A história da maconha ........................................................................ 11

CAPITULO II – Por que as pessoas usam drogas .................................................... 17

CAPITULO III – A maconha e a legislação brasileira ................................................ 22

CONCLUSÃO ............................................................................................................ 33

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................ 35

BIBLIOGRAFIA CITADA ........................................................................................... 38

8

INTRODUÇÃO

O uso indiscriminado de SP’s (Substâncias Psicoativas) por motoristas e

suas consequências no trânsito têm sido objeto de grande preocupação por parte de

especialistas e da sociedade em geral. A lei 9.503 de 23 de setembro de 1997 que

instituiu o Código de Trânsito Brasileiro vem passando por alterações importantes

desde sua entrada em vigor em 22 de janeiro de 1998. Aprimoramentos importantes

como os aqueles provocados pelas leis 11.275 de 02 de fevereiro de 2006 e 11.705

de 19 de junho de 2008 que trazem restrições e proibições quanto ao uso de álcool

por condutores na direção de veículos automotores. Observa-se que todas as

alterações citadas dão ênfase ao álcool que sendo uma substância psicoativa lícita,

tem todo um tratamento especial em se tratando de condutor de veículo motorizado.

Através de diversos estudos experimentais do afeito das bebidas alcoólicas sobre o

desempenho dos motoristas, estabeleceu-se na maioria dos países, uma taxa legal

máxima de álcool no sangue, no Brasil a taxa é igual a zero existindo sim uma

tolerância para o equipamento usado na medição conforme Decreto 6.488 de 19 de

junho de 2008. O motorista que apresenta uma taxa maior do que a estabelecida

poderá sofrer sanções legais mesmo se não estiver envolvido em acidentes. Esses

índices, e até o próprio termo "dirigir embriagado" para designar o dirigir perigoso,

têm sido objeto de revisões pelos especialistas da área. De fato, um indivíduo pode

aumentar a possibilidade de envolver-se em um acidente muito antes de se

encontrar no estado clínico de embriaguez. A relação entre uso de álcool e

acidentes de trânsito é bastante conhecida e já claramente estabelecida na literatura

científica. Dados da OMS apontam que aproximadamente 1,2 milhões de pessoas

morrem no mundo em conseqüência de acidentes de trânsito.

Devido a gama de substâncias psicoativas hoje existentes, este trabalho

terá com ênfase a maconha (também conhecida como canabis sativa), que

conforme estudos científicos é uma substância psicoativa que age diretamente no

cérebro e traz conseqüências severas para o uso e direção de veículo automotor.

Porém, todas as atenções, fiscalizações e campanhas educativas no Brasil são

voltadas para o álcool tão consumido pelos jovens como a canabis, o diferencial é

que para o álcool temos “lei seca”, bafômetro etc. A maconha assim como outras

9

SP’s, passam despercebida e nunca é alvo de fiscalização, citadas no CTB apenas

genericamente.

O Código de Trânsito Brasileiro em seus artigos 165, 269, 277, 291 e 306

e suas regulamentações, prevê sanções para o condutor que fez uso de qualquer

substancia psicoativa na direção de veículo automotor. O infrator esta sujeito a

medidas administrativas e ou até mesmo a restrições de liberdade. A maconha é

facilmente encontrada pelos seus usuários, é barata e considerada pelos seus

admiradores como uma droga leve, que não traz grandes conseqüências para a

saúde. Este trabalho indica comprovações de cientistas que demonstra os efeitos da

canabis no organismo humano e os prejuízos diretamente ligados ao ato dirigir.

Nossas leis são complexas, mas falta regulamentação específica para o tema e no

Brasil continua a certeza da impunidade para os condutores canabistas.

Este trabalho tem como objetivo geral informar que mesmo com o uso

proibido e os evidentes prejuízos ao ato de dirigir, não existe no Brasil fiscalização e

punição para um condutor que use maconha saia por ai dirigindo perigosamente.

E como objetivo específico, busca conhecer um pouco da historia da

maconha no Brasil; entender por que as pessoas usam drogas; como age a

maconha em nosso organismo e conhecer a legislação pertinente e principalmente

aquela que relaciona o uso da droga com a direção de veículos automotores.

O Capitulo I aborda parte da história da canabis e o primeiro contato

desta droga com o homem, que data-se de 6.000 anos atrás. No Brasil, é conhecida

como maconha e surgiu a partir do ano 1.500 com a chegada das primeiras

caravelas que eram construídas em grande parte com as fibras do cânhamo

(maconha). Em 1964 foi descoberto o THC (Delta-9-tetraidrocanabinol), o principal

componente alucinógeno da maconha. Ainda neste capítulo, como é o consumo de

maconha em nosso Pais? O Brasil abriga mais de cinco milhões de usuários com

variações de sexo e idades conforme cartilha do SENAD (Secretaria Nacional de

Políticas sobre drogas).

10

No capítulo II , busca-se saber por que as pessoas usam drogas. É uma

doença ou simplesmente a busca pelo prazer? Existe causa ou motivo

suficientemente forte que justifique porque uma pessoa usa drogas? Existem fatores

que influenciam na ação da maconha no organismo humano que podem diferenciar

de individuo para individuo, quais são eles? Fumar maconha poder ser um vício mas

também pode ser somente um hábito!

No capítulo III, estudou-se a maconha e a legislação brasileira. No Brasil

atualmente, o usuário de entorpecente esta sujeito a penas alternativas e não mais a

prisão e, quanto ao traficante, a lei tornou-se mais rigorosa. Ainda neste capítulo, o

que são as substancias psicoativas citadas no Código de Trânsito Brasileiro. A

maconha é uma S. P. segundo conclui os especialistas, portando é proibido

combinar o uso da droga com a direção de veículos automotores. A fiscalização dos

condutores infratores praticamente não existe e a ciência comprova que não é

possível dirigir com segurança sob efeito desta droga.

Na conclusão evidenciam-se comprovados efeitos maléficos da maconha

no ato de dirigir veículos automotores. Numerosos sintomas físicos e mentais são

ocasionados pelo uso da maconha, mas, para dirigir, a alteração ocasionada pelo

uso da maconha que provavelmente apresenta maior importância é a distorção no

sentido do tempo e espaço, levando à sensação de que este passa mais devagar, e

os eventos parecem durar mais do que duram na realidade. A equação da

velocidade se perde e os riscos são mais evidentes. O sucesso nas efetivas

fiscalizações do uso do álcool e direção de veículos automotores com consequentes

reduções de acidentes se distancia muito das fiscalizações de outras drogas

também usadas por quem dirige. A legislação atual é ineficiente, incompleta e

inócua neste aspecto.

11

CAPITULO l

A HISTÓRIA DA MACONHA

A maconha nada mais é do que uma planta. Não passa de um arbusto

que cresce nas condições mais adversas, do deserto asiático à floresta tropical.

Chega a quatro ou cinco metros de altura em poucos meses. Cientificamente

conhecida como canabis sativa, nome outorgado por um botânico sueco Carl Lineu,

o criador do sistema de classificação científico de espécies. Denominada no Brasil

como maconha, mas em outros países recebe diferentes nomes como: THC

(Tetraidrocanabinol), Canabis, Haxixe, Bhang, Liamba, Daga, Pot, Charas, Ganja,

Diamba, Marijuana, Marihiana etc. (BURGIERMAN, 2002, p. 32)

A canabis já era conhecida há milhares de anos. O primeiro registro de

contato entre o homem e a maconha é de 6000 anos atrás. A fibra era empregada

não só na fabricação de cordas, mas também em vários tecidos e, mais tarde na

fabricação de papel. Planta originaria da região ao norte do Afeganistão, mais

exatamente nos pés do Himalaia. Tornou-se a primeira planta cultivada pelo homem

com usos não alimentícios e espalhou-se por toda a Ásia e depois pela Europa e

África. (BURGIERMAN, 2002, p.38)

Os antigos chineses sabiam do potencial curativo da droga, como

comprova o Pen Ts’ ao Ching, a primeira farmacopéia conhecida do Mundo. A

autoria do Pen Ts’ao Ching é atribuída ao lendário imperador Shen. Nung, o

“agricultor divino”, considerado pela tradição o fundador mítico da medicina chinesa,

que teria escrito a obra em 2737 a.c. O livro recomenda a maconha contra dores

menstruais, reumatismo, prisão de ventre e malária. .(BURGIERMAN, 2002, p. 18-

19).

Também na Índia, há milênios, a canabis é parte integrante da medicina

ayrvédica utilizada no tratamento de dezenas de males inclusive diarréia, insolação

e falta de apetite. O papel da canabis na Índia era mais importante que na China. Os

antigos indianos, que migraram da Ásia Central, acreditavam que um guardião divino

12

vivia dentro das folhas da canabis. A importância religiosa da planta se manteve nos

séculos seguintes.

De certa maneira a história do Brasil está intimamente ligada à canabis,

desde a chegada à nova terra das primeiras caravelas portuguesas em 1500. As

velas e também os cordames das frágeis embarcações eram feitas de fibra de

cânhamo. Maconha, alias, é nome tipicamente brasileiro para designar a planta

canabis. A palavra teria sido cunhada pelos escravos negros que, durante o domínio

português, trouxeram a planta do norte da África para o Brasil. Até então era

conhecida como cânhamo indiano. Podemos observar que os nomes maconha e

cânhamo têm as mesmas letras, só que em posições diferentes:

C Â N H A M O

M A C O N H A

(CARLINI, 2006, p.315)

Havia 80 toneladas da planta, contando o velame, as cordas e as roupas,

no barco comandado por Cristóvão Colombo em 1496. Ou seja, a maconha teve

uma participação crucial na descoberta da América e, provavelmente, os navios de

Colombo tenham carregado as primeiras sementes para o novo continente.

(BURGIERMAN, 2002, p. 18).

Segundo Corrêa (1931, citado por MURAD, 1996, p.23) a maconha era

trazida da África pelos escravos a partir de 1549. A semente do cânhamo vinha em

bonecas de pano amarradas nas tangas. No Brasil, a maconha aclimatou-se do

Amazonas à Bahia, e mais tarde alcançou também o Sul do país. Foi nos primeiros

séculos da colonização no Brasil que a droga se espalhou pelo país e foi se

transformando na preferida de caiçaras, índios e agricultores e se tornou adorada

também por músicos e boêmios.

O uso cultural e folclórico da maconha no Brasil seguiam costumes

africanos. Os escravos não fumavam a maconha na forma de cigarros, eles usavam

uma espécie de cachimbo. Este cachimbo era feito de uma cabaça em que uma das

partes leva uma panelinha de barro onde se colocam as folhas de maconha com

uma brasa, na outra parte se fixa um canudo por onde o fumador aspira a fumaça,

13

que, antes de chegar à boca do usuário, é lavada e resfriada na água que se põe

dentro da cabaça. (BOTELHO E PERNAMBUCO, 1958 citado por MURAD, 1996

p.23).

Conforme o sociólogo Freyre (1964 citado por MURAD, 1996, p. 23), no

Brasil colonial, a classe dominante dos brancos fumava tabaco e os marginalizados

negros fumavam maconha. Esta droga pertencia aos marginalizados, droga dos

espúrios, da baixa classe social, ou seja, pertencia a escória da sociedade.

Há muitos séculos o homem planta e tira proveito da canabis. A semente

da maconha é muito nutritiva e com certeza, alimentaram os homens e seus animais

por muitos milênios. Seu caule é rico em fibras resistentes e proveu por muito tempo

a matéria-prima para fabricar tecidos e papel. O principio ativo de sua resina, o THC

(tetra-hidrocanabinol) exerceu importante papel nas origens da medicina e da

religião de muitos povos, tudo graças a seus poderosos efeitos farmacológicos e

psicoativos. Ao contrário de outras plantas cultivadas há muito tempo, como o trigo,

a maconha não tinha dificuldades de proliferar sem ser semeada por mãos

humanas. Onde caísse a semente, ela crescia. Não é surpresa que, aos poucos,

tenha conquistado o mundo. (DAU BASTOS 1999, pp. 15-18)

1.1 A descoberta do THC

A comunidade científica internacional começou a estudar a maconha com

seriedade em 1964. Nesse ano, o pesquisador Raphael Mechoulan, da Universidade

de Tel Aviv, em Israel, descobriu o delta-9-tetraidrocanabinol (THC), o principal

alucinógeno, responsável pelos efeitos da Canabis. Ele também sintetizou o THC e

viabilizou, pela primeira vez o estudo sistemático de suas ações no corpo humano.

(PETTA,1995)

Com a descoberta de Mechoulan, a indústria internacional voltou a se

empenhar e, logo no início dos anos 70, surgiram os primeiros remédios à base de

THC sintético, cujo uso é autorizado, em casos especiais, na Europa e nos Estados

Unidos. Dois deles são fabricados atualmente: o canadense Nabilone e o americano

14

Marinol. Em forma de cápsulas, eles ocuparam um mercado em crescimento: o dos

pacientes de câncer e de AIDS. É verdade que o THC também é benéfico em outros

casos, mas, foi a gravidade dessas duas doenças que justificou a atenção dada à

maconha como recurso terapêutico.

Segundo o Químico, Farmacêutico e Médico Murad (1996, p. 40-41), as

pesquisas mostram que as variedades da planta têm ultimamente apresentado uma

concentração muito mais elevada do princípio ativo do que aquelas amostras do

passado. Isso se deve a melhoramentos genéticos, cruzando plantas com alto teor

de THC. O teor pode variar também de acordo com solo, clima, estação do ano,

época de colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso.

Conforme Turner (1980, citado por MURAD 1996, p. 40), a maconha é

composta de 421 produtos químicos distribuídos em 15 classes químicas (61

canabinóis). Em 1965 a concentração média de THC em amostras variava de 0,1 a

0,2%, em 1983 chegou a 13,5%, em 1993 tivemos amostras de até 20% de

concentração. As técnicas para detectar o THC no organismo do usuário têm

evoluído extraordinariamente. Na década de 60, os métodos de análise quase se

baseavam no exame da saliva do usuário e somente até duas horas após haver

fumado a droga. Hoje, consegue-se detectar o THC na urina de 7 a 14 dias após o

seu uso.

O THC serve de filtro solar, como a canabis é uma planta originária de

desertos, ela se cobre dessa resina para esconder-se dos danosos raios do sol. Há

THC na planta inteira, da semente ao caule, mas a concentração maior está na flor

da fêmea. Assim, dependendo da quantidade de THC presente, a maconha pode ter

potência diferente, isto é, produzir mais ou menos efeitos. Os efeitos variam de

pessoa para pessoa, pois há grande variação entre as pessoas, e de fato, ninguém

é igual a ninguém! Assim, a dose de maconha insuficiente para um pode produzir

efeito nítido em outro e até forte intoxicação em um terceiro. Disponível em <

http://www.cebrid.epm.br/folhetos/maconha_.htm>. Acesso em: 29 de junho de 2012.

15

1.2 - Usuários da maconha no Brasil

Conforme a ONU, 147 milhões de pessoas fumam maconha no mundo, o

que faz dela a droga ilícita mais consumida do planeta. No geral a canabis é a

terceira droga mais consumida perdendo para o tabaco e o álcool. No Brasil, em se

tratando de droga ilícita, ocupa o primeiro lugar em consumo. A canabis é proibida

em boa parte do globo. A Holanda começou a tolerá-la na década de 70, o que levou

outros países europeus a seguirem os passos da descriminalização.

(BURGIERMAN, 2002, p. 40)

Segundo a CEBRID (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas

Psicotrópicas, 2002), o Brasil abriga cerca de cinco milhões de usuários de

maconha. Somando-se o que fica em território nacional e o que vai para outros

destinos, cerca de metade das apreensões de maconha na América do Sul é feita

em nosso país. No mundo, a produção de maconha cresceu 10 vezes nos últimos

25 anos. (TOGNOLLI, 2007, p. 38).

Observe na tabela 1, as apreensões realizadas somente pela Policia Rodoviária Federal nos anos de 2007, 2008 e 2009.

DISCRIMINAÇÃO NÚMERO DE APREENSÕES - 2007

NÚMERO DE APREENSÕES - 2008

NÚMERO DE APREENSÕES - 2009

DROGAS

Cocaína (gramas) 186.315 219.914 233.608

Maconha (Kg) 104.877 516.256 28.765

Merla (lata) 0 0 0

“Crack” (unidades) 0 288 1069

Lança Perfume (frascos) 12 0 0

Anfetaminas (unidades) 0 0 0

Barbitúricos (unidades) 0 0 0

Outras

4.555 262 Haxixe 0

Tabela 1 – APREENSÕES DE DROGAS EFETUADAS PELA POLICIA RODOVIÁRIA FEDERAL Fonte: Núcleo de Operações Especiais – Relatório de Gestão – 2009

16

No Brasil, a maior produção é no chamado “polígono da maconha”. Fica

no sudoeste de Pernambuco, onde quinhentos gramas do produto custam em torno

de R$ 450 e na revenda os narcotraficantes chegam a lucrar 20 vezes mais.

(TOGNOLLI, 2007, p. 38)

Conforme cartilha do SENAD (Secretaria Nacional de políticas sobre

drogas), em pesquisa realizada em 2005, em cada 100 brasileiros nove já havia

usado maconha pelo menos uma vez na vida (9%), variando conforme sexo e idade,

sendo: 14,3% homens e 5,1% mulheres. O percentual de consumidores é maior nos

jovens adultos com idade entre 18 e 24 anos atingindo 17% nesta faixa etária e

menor entre os adolescentes de 12 a 17 anos: 4,1%. Conclui-se nesta cartilha que

nosso país não dispõe de dados antigos para medir a variação do uso como um todo

no Brasil, mas, uma pesquisa realizada regularmente entre os estudantes da rede

pública de ensino da quinta série ao ensino médio o percentual de estudantes que

relataram já ter usado maconha pelo menos uma vez passou de 2,8% em 1987 para

5,9 em 2004 nas 27 capitais brasileiras. (SECRETARIA NACIONAL DE POLITICAS

SOBRE DROGAS, 2010).

Segundo o médico-psiquiatra Tiba (1998 p. 41), a maconha tem forte

poder viciante porque provoca prazer. Este prazer é químico, vem da ação do THC

no cérebro. Não existiriam tantos usuários se não existisse disponibilidade no

mercado, a maconha é encontrada em qualquer lugar a qualquer hora pelo usuário.

17

CAPÍTULO II POR QUE AS PESSOAS USAM DROGAS?

No geral, o uso da droga varia de cultura para cultura e de momento para

momento. Depois de todas as nuances que levam ao conhecimento e a

experimentação, o interesse do usuário é sempre o mesmo e o mais óbvio, a busca

do prazer. Droga dá prazer, não há como negar. E por que algumas pessoas usam

uma droga e viciam, e outras não? A droga dá prazer, mas altera a consciência, e

nem sempre todos gostam de ficar alterados. Essas pessoas não voltarão a usar por

que ninguém fica dependente de algo que cause um desprazer. “O que prova que

não é o acesso às drogas que gera o uso”, diz o psiquiatra Dartiu Xavier (1996, p.

25). Além disso, algumas pessoas se dão bem com certas substâncias, mas não

com outras. “O prazer obtido com essa interação é que vai nortear o risco de a

pessoa querer usar mais”, relata o médico Arthur Guerra de Andrade. (2001, citado

por VERGARA, 2002, p. 50).

Segundo a psiquiatra Dra Ana Beatriz Barbosa Silva (2007, p.58-63), “o

vício é uma doença biopsicossocial”, ou seja, depende de uma predisposição

genética, de uma vulnerabilidade psicológica e do estímulo social. Um único fator

nunca vai gerar dependência. Um indivíduo que tenha histórico de alcoolismo na

família nem sempre vai ter problemas se fizer uso ocasional de bebida. Alguém que

carregue um trauma emocional como ter sofrido algum abuso na infância, violência

ou perda de um ente querido também não vai, necessariamente, buscar alívio nas

drogas.

O conhecimento humano ainda não permite saber, de antemão, quem vai

tornar-se dependente de uma substância, mas as pistas indicam que os

dependentes de drogas têm dificuldades em sentir prazer e encontram nas drogas

um alívio para o sofrimento que os atormenta emocionalmente. (RODRIGO

VERGARA, 2002, p. 50).

Para Davenpor-Hines (2001, citado por VERGARA, 2002, p. 50), que

estudou a relação entre os homens e as drogas ao longo da história, o ser humano

consome drogas porque isso simplesmente faz parte da sua natureza “seres

18

humanos precisam ocasionalmente de momentos de fuga da sua existência

costumeira. Alguns escalam montanhas, outros entram pra monastérios, outros

ficam completamente bêbados e alguns usam drogas. Não há nada natural em estar

sóbrio”.

Na atualidade, convivemos com um crescimento significativo no consumo

de substâncias psicoativas. Estas vêm acompanhadas ao uso, em idades cada vez

mais precoces, e do desenvolvimento de substâncias novas e vias de administração

alternativa de produtos já conhecidos, com incremento nos efeitos e aumento no

potencial de desenvolvimento de dependência.

Portanto, a droga objeto desse trabalho, a maconha, segunda o CEBRID

é a terceira droga mais consumida no Brasil hoje. O ser humano dotado de

Inteligência conseguiu estudar a maconha e descobriu que a maioria dos seus

componentes químicos faz mal à saúde psíquica e física. Mesmo que um

componente possa aliviar a dor do olho no glaucoma agudo, ou mesmo, abrir o

apetite de um inapetente aidético, os que fumam, na sua maioria, quase absoluta,

não são portadores dessas doenças. Fumam por prazer ou curiosidade e não para

se aliviar de um sintoma de doença orgânica.

Não existe uma causa ou motivo suficientemente forte que justifique

porque uma pessoa usa drogas. Muitas vezes, mesmo sabendo que as drogas

fazem mal e dos perigos a sua dependência, a pessoa assume os riscos de usá-las.

Algumas pessoas relatam que usam drogas devido ao desconforto consigo mesmas

e a falta de apoio e carinho da família. (CAMPOS, 2012).

2.1 - Fatores que influenciam na ação da maconha no organismo.

Conforme Murad (1982, p. 88-89) Os efeitos mentais da maconha

dependem de vários fatores e são muito variados. São eles:

2.1.1 - A dose e estado de pureza da droga: Um cigarro apenas pode provocar

mínimas alterações no comportamento podendo tornar-se impulsivo, pode levar a

19

atos impensados ou comportamentos antissociais. Três ou mais cigarros,

considerado dose alta, pode provocar alucinações cujo colorido varia com a

personalidade do fumante. O uso prolongado da maconha em doses elevadas

durante muito tempo produz indivíduos indolentes, não produtivos, sem higiene, sem

interesse pelo trabalho e pela recreação.

Segundo Tiba (1998, p. 40), quando ingerida (a maconha), quanto maior

for o tempo de absorção pelos alvéolos pulmonares maior será a quantidade de THC

passado ao sangue e os efeitos dependem praticamente dos níveis de THC

absorvido. Uma pequeníssima quantidade pode não dar alteração alguma, um

pouco mais pode provocar alterações no humor e uma grande quantidade pode

produzir os efeitos canábicos clássicos.

Quanto à pureza da maconha, afirma que depende da maneira como é

colhida, ou seja, a florescência feminina com sua resina é a parte da planta mais rica

em princípios ativos, neste caso a pureza fica comprometida se misturada com

outras partes como caules, folhas, ou cascas. Segundo ele o teor em princípios

ativos pode variar de acordo com o tipo de terreno e clima. (MURAD 1982, p. 89).

2.1.2 - O modo de administração: A maconha pode ser fumada, mastigada ou

mesmo ingerida com doces ou bolos por exemplo. Como já vimos a absorção é mais

rápida quando fumada e por isso é o meio mais usado. Não é industrializada como o

tabaco, é aspirada como a fumaça de um cigarro, mas, normalmente é enrolada

manualmente.

2.1.3 - Ambiente e personalidade do usuário: Segundo Murad (1982, p. 88-89), a

maconha pode ser fumada isoladamente ou em grupos. Isolado o indivíduo

apresenta ligeira depressão, sonolência, prostração com ideias e lembranças

desconexas. Já em grupos os indivíduos apresentam exaltação, hilaridade, rindo

facilmente e sem maiores motivos. Daí a preferência que os usuários dão para fumá-

la em conjunto. A personalidade é o mais importante em relação aos possíveis

efeitos. Nos predispostos ela pode provocar alucinações cujo colorido e a

intensidade varia muito. Nos mais sensíveis podem aparecer profundas alterações

do tempo e do espaço. Minutos dão impressão de horas e um objeto colocado a

20

uma pequena distância parece situado muito longe. Essas alterações podem ser

acompanhadas de delírios com estado de pânico e pavor da morte. Efeito

desinibidor é comum em usuários da maconha. Em alguns indivíduos a linha

divisória entre o comportamento normal e o anormal é extremamente tênue e frágil.

2.2 - Canabizar: vício ou hábito?

Assim como o consumo de tabaco é tabagismo, vamos chamar o

consumo da maconha de canabismo (canabis sativa). Canabista então é seu usuário

e canabizar é o ato de fumá-la.

Segundo a OMS hábito é definido por ausência de dependência física,

ausência da síndrome de abstinência, ausência da tendência de aumentar a dose e

ausência de repercussões sociais, ou seja, produz efeitos nocivos apenas para o

indivíduo. Já o vício tem características próprias, através dele, vêm os efeitos

nocivos também à sociedade. Com origem psíquica ou física vem o desejo

irrefreável de conseguir mais drogas, há também tendências de aumentar a dose,

com dependência psíquica e fisiológica. (MURAD, 1982 p. 42).

É estimado que cerca de 10-12% das pessoas que usam frequentemente

maconha desenvolvam algum grau de dependência da droga. Sintomas

característicos da síndrome de abstinência são: ansiedade, disforia, irritabilidade,

insônia, náuseas, cólicas, sudorese, fotofobia e desejo de consumir mais droga.

Esses sintomas começam poucas horas após o término da administração da droga e

duram cerca de 4-6 dias. (MURAD, 1982 p.48).

Segundo Murad (1996, p. 102) os sinais e sintomas de abstinência são

pouco acentuados porque as células do organismo vão liberando o THC e outros

canabinóis que a elas estão ligados muito lentamente, jogando esses canabinóis no

sistema orgânico, pouco a pouco, durante muito tempo, após a pessoa ter parado de

usar a droga.

21

Conforme Tiba (1998, p. 50-51), o THC pode diminuir a volição e o

pragmatismo útil, ou seja, a própria maconha sabota o desejo de parar com ela.

Neste caso a canabização escapa de seu controle, portanto, não é um hábito e sim

um vício. O canabismo pode ser um hábito quando, por exemplo, mesmo tendo a

maconha em casa o indivíduo consegue ficar sem usá-la o tempo que propuser. A

capacidade de poder administrar o canabismo é que vai diferenciar o vício do hábito.

A maconha pode provocar pequena dependência física, pode provocar

tolerância. Fumar maconha pode ser vício para uns e hábito para outros, isso vai

depender da estrutura da personalidade de cada usuário. Somadas a as

características, uma pessoa viciável facilmente escapa do vício da maconha, mas,

esta pessoa, poderia viciar-se em qualquer outra coisa viciável. É difícil saber se

uma pessoa é viciável ou não antes de ela se arriscar. (TIBA, 1998, p. 41).

Muitos especialistas apontam para o fato de que a maconha está ficando

mais perigosa, na medida em que fica mais potente. Ao longo dos últimos 40 anos,

foi feito um melhoramento genético, cruzando plantas com alto teor de THC. A

engenharia genética é usada para aumentar a potência, o que poderia aumentar o

potencial de dependência. (BURGIERMAN, 2002, p.40)

22

CAPÍTULO III A MACONHA E A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

A maconha chegou ao Brasil ainda no século XVI trazida por escravos e

por vários séculos foi tolerada no País, até que em 1830, o Brasil fez sua primeira lei

restringindo a planta. A Câmara municipal do Rio de Janeiro tornou ilegal a venda e

o uso da droga na cidade e determinou que “os contraventores serão multados, o

vendedor em 20.000 réis, e os escravos e demais pessoas, que dele usarem, em

três dias de cadeia”. Fato curioso que naquela época a pena para o uso era mais

rigorosa que a do traficante isso se justifica, pois, ao contrário do que acontece hoje,

o vendedor vinha da classe média branca e o usuário era quase sempre negro e

escravo. (BURGIERMAN, 2002, p.38).

A proibição total do plantio, cultura, colheita e exploração por particulares

da maconha, em todo território nacional, ocorreu em 25/11/1938 pelo decreto lei

número 891 do governo federal. (CARLINI, 2012)

Em 1976 a lei 6.368 passou a legislar sobre a maconha e previa as

medidas de prevenção e repressão do tráfico ilícito e uso indevido de substâncias

entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica. Pena de prisão

para a pessoa que tenha em seu poder qualquer quantidade da droga, mesmo pra

uso pessoal. Prisão também para o usuário e tratamento para dependentes.

Atualmente, em vigor a nova lei antidrogas a 11.343 de 23 de agosto de

2006, trata da questão do tráfico e do uso de entorpecentes no Brasil. Esta lei traz

mudanças significativas, a principal delas consiste no fim da prisão de usuários de

entorpecentes. As penas passam a ser alternativas, tais como, prestação de

serviços. No entanto, ela é mais rigorosa para traficantes. Quanto ao canabista se

aplica:

Art. 28º - Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade;

23

III- medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo;

3.1 - O que são substâncias psicoativas citadas no Código de Trânsito Brasileiro? (CTB).

No CTB, “Substâncias Psicoativas” são citadas no mínimo três vezes.

Vejamos por exemplo o que diz o artigo 306.

Art. 306 - Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 11.705,de2008).

Drogas ou substâncias psicoativas são substâncias químicas naturais ou

artificiais que agem principalmente nos neurônios e alteram o funcionamento do

sistema nervoso central (SNC), onde altera a função cerebral e temporariamente

muda a percepção, o humor, o comportamento e a consciência. Pode ser também

definida como qualquer substância capaz de modificar a função de organismos

vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento.

A planta canabis sativa, tanto macho como fêmea, produz mais de 400

produtos químicos ativos, sendo 61 canabindis, dos quais alguns são psicoativos. O

THC, o mais importante deles, é psicodisléptico (alucinógenos) e existe em maior

concentração na planta feminina que, para proteger a flor do sol, excreta uma resina

que é muito rica em THC. (IÇAMI TIBA, 1998 p. 11).

Seguindo uma classificação do pesquisador francês Chaloult (1971,

citado por CARLINI, 2001, p. 9-35), Carlini classifica a maconha como sendo uma

droga perturbadora da atividade do SNC, ou seja, causa alterações mentais que não

fazem parte da normalidade como delírios, ilusões e alucinações e, por esta razão

está no grupo das chamadas psicotimimética, elas causam psicoses.

A maconha é uma substância psicoativa classificada como ilícita por

apresentar elementos comuns às outras substâncias de abuso. Não há dúvida, a

maconha é uma droga psicoativa, age primordialmente sobre a mente, no SNC mais

especificamente sobre o cérebro. Esta é a razão fundamental pela qual ela é

24

fumada, isto é, a sua propriedade de alterar o funcionamento mental, pois a

absorção é rápida pela vasta, permeável e intensamente vascularizada mucosa

pulmonar, atingindo o encéfalo em alguns minutos. (MURAD, 1996, p.61).

3.2 - A maconha no CTB.

A lei 9.503, que institui o Código de Trânsito Brasileiro completou 14 anos. Em 14 anos, pelo menos 12 leis trouxeram mudanças ao texto original. (lei 11.910, lei 12.006, lei 12.009, lei 9.099, lei 9.602, lei 9.792, lei 10.350, lei 10.517, lei 10.830, lei 11.275, lei 11.334, lei 11.705). O CTB não dá enfoque diretamente à maconha, mas sim, ao álcool que é

uma droga lícita. A canabis é citada no CTB de forma genérica, pois seu uso já é

proibido pela legislação criminal. Porém, como já vimos, ela é uma substância

psicoativa que determina dependência, citada várias vezes neste código, a discutir

conforme segue:

Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses; (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) Medida Administrativa - retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado e recolhimento do documento de habilitação. (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) Parágrafo único. A embriaguez também poderá ser apurada na forma do art. 277.

No CTB, em seu art. 29 exige que condutor a todo momento tenha

domínio de seu veículo o qual deve ser dirigido com atenção e cuidados

indispensáveis à segurança do trânsito. Neste caso, o condutor que fez uso da

maconha, por exemplo, pode não estar em condições físicas e psíquicas

necessárias à direção segura.

O condutor flagrado canabizado comete a mesma infração do alcoolizado,

ou seja, comete uma infração gravíssima, é suspenso seu direito de dirigir por um

ano e é multado em R$957,70 (novecentos e cinquenta reais e setenta centavos)

cabendo também a mesma medida administrativa. Lembrando que neste caso o

código de enquadramento passa de 516-91 para 516-92.

25

Art. 269. A autoridade de trânsito ou seus agentes, na esfera das competências estabelecidas neste Código e dentro de sua circunscrição, deverá adotar as seguintes medidas administrativas:

[...] IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia ou perícia de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica;

A autoridade de trânsito ou seus agentes deverá aplicar medidas

administrativas e no tocante a substâncias psicoativas, realizar testes para a devida

constatação do uso ou não pelo condutor. Como fazê-lo se agente não dispõe de

equipamento que seja devidamente homologado para tal fim?

Art. 277. Todo condutor de veículo automotor, envolvido em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização de trânsito, sob suspeita de dirigir sob a influência de álcool será submetido a testes de alcoolemia, exames clínicos, perícia ou outro exame que, por meios técnicos ou científicos, em aparelhos homologados pelo CONTRAN, permitam certificar seu estado. (Redação dada pela Lei nº 11.275, de 2006) § 1o Medida correspondente aplica-se no caso de suspeita de uso de substância entorpecente, tóxica ou de efeitos análogos. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 11.275, de 2006)

§ 2o A infração prevista no art. 165 deste Código poderá ser caracterizada pelo agente de trânsito mediante a obtenção de outras provas em direito admitidas, acerca dos notórios sinais de embriaguez, excitação ou torpor apresentados pelo condutor. (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) § 3o Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas estabelecidas no art. 165 deste Código ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)

Neste artigo percebe-se maior enfoque ao álcool onde é usado o

bafômetro, etilômetro ou etiloteste para medir o teor alcoólico conforme Resolução

109 do CONTRAN. No caso de outras substâncias psicoativas, não existe hoje

aparelho homologado pelo CONTRAN para constatação imediata que possa ser

usado na fiscalização e por isso há necessidade de exame posterior, em local

próprio, com coleta de material.

Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.

§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos artigos. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 11.705, de 2008)

26

I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por hora). (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) § 2o Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal. (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) Disponível em: <http://www.denatran.gov.br/ctb.htm acesso em: 15/03/2012

De forma simples este artigo conceitua o que é crime de trânsito, ou seja,

são aqueles cometidos na direção de veículos automotores. Elimina as condutas

praticadas por condutores de veículos de tração animal (charrete / carroça) e de

tração e propulsão humana (bicicleta / carro de mão). Fica claro também que nos

crimes de trânsito de lesão corporal culposa se o condutor praticou o crime sob

influência de substância psicoativa, não terá os privilégios dos juizados criminais e

será instaurado inquérito policial para investigação de infração penal.

Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) Regulamento Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Parágrafo único. O Poder Executivo federal estipulará a equivalência entre distintos testes de alcoolemia, para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)

Segundo a Resolução 206 de 20/10/06, em caso de uso de substância

entorpecente, tóxica ou de efeito análogos, os exames serão realizados por

laboratórios especializados indicados pelo órgão ou entidade de trânsito competente

ou pela policia Judiciária. No caso de recusa do condutor à realização de exames, a

infração poderá ser caracterizada mediante a obtenção, pelo agente de trânsito, de

outras provas em direito admitidas acerca dos notórios sinais resultantes do

consumo de qualquer substância entorpecente.

27

Portanto, a maconha é citada genericamente em cinco artigos do CTB,

ora como infração de trânsito, ou como medida administrativa e por último como

crime de trânsito. Fica subentendido que seu uso durante a direção de veículo

automotor é terminantemente proibido, sujeito o infrator as sanções penais cabíveis

nesta lei.

3.3 – Maconha e fiscalização de trânsito no Brasil

“Meus amigos sempre fumaram maconha. Quando apareceu a lei seca, eles deixaram de beber e passaram a fumar ainda mais: antes da balada, durante e depois. A idéia era continuar doidão, como se tivessem ingerido álcool. Ninguém nunca se preocupou em ser preso porque tem uma lei que diz que você pode portar uma quantidade para consumo, sem problema algum. Eles nem sabem que dirigir depois de fumar também pode levar à cadeia. Também nunca ouvi falar de um deles que tivesse tido qualquer problema ou que tivesse feito exame de sangue, depois de parar na blitz.”Guilherme (nome fictício), estudante, 24 anos universitário.

Não se tem notícias de fiscalização de trânsito no Brasil voltada

exclusivamente para SP’s (substâncias psicoativas). A chamada “lei seca”, lei

11.705 de 19 de junho de 2008 dispõe sobre restrições ao uso de bebidas

alcoólicas. A Polícia Rodoviária Federal considera a lei um sucesso. Afirmam que

antes da lei entrar em vigor a cada cinco veículos parados, um apresentava sinais

de alcoolemia, com o a nova lei é necessário inspecionar 40 veículos para encontrar

um motorista que esteja dirigindo sob efeito de álcool.

O sucesso da “Operação Lei Seca” que reduziu o número de motoristas

dirigindo alcoolizados, pode também coibir outras oito classes de drogas na direção.

A proposta é do Subsecretário de Estado de governo do Rio de Janeiro Capital.

Segundo ele, a intenção é utilizar um laboratório móvel da Escola Nacional da

Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) que tem capacidade de

indicar se o motorista fez ou não uso de outras drogas. Desta forma pretende reduzir

ainda mais o número de acidentes e fazer valer integralmente o artigo 165 do CTB.

No tocante a SP’s, neste caso a maconha, falta regulamentações para a

devida fiscalização. Poderia ser exame de sangue ou de urina, saliva ou teste do

cabelo o ideal para se constatar a infração ou crime na direção de um veiculo

automotor? Ou teríamos um aparelho para constatação imediata como o bafômetro

28

para o álcool, onde o infrator teria menor chance da impunidade. Segundo o OBID

(Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas), na urina, por exemplo, a

maconha pode ser detectada até quatro dias para um uso único, até 10 dias para

uso intenso (diário) e de 21 a 27 dias para uso crônico. Mas como saber se esse uso

é recente ou não. É importante salientar que os teste de detecção de drogas só

podem ser realizados após autorização do indivíduo por escrito ou em condições de

urgência clínica. Enquanto não se regulamenta, não há uma fiscalização efetiva e

aquele condutor envolvido em acidente que não estava alcoolizado dificilmente seria

constatado o possível uso de outras drogas.

3.4 - É possível dirigir bem sob efeitos da maconha ?

“Em Lamezia Terme, calábria, Sul da Itália, hoje aconteceu uma desgraça ciclística. Um motorista de 21 anos, Chafik Elketani de origem marroquina, que segundo alguns órgãos de imprensa e depois ele mesmo assumiu, estava sob efeito de maconha. Com a carteira de motorista suspensa há mais de seis meses por direção perigosa, ao fazer uma ultrapassagem em alta velocidade bateu de frente com um grupo de ciclistas amadores (a grande maioria na faixa dos 30 aos 50 anos), ligados à academia “atlas”.Oito ciclistas morreram, três ficaram gravemente feridos. (RYAN, 2010)

Três adolescentes morreram ontem de manhã, de forma trágica, em um violento acidente na Av. Agulhas negras... Eles estavam no carro importado Cherokee verde, placa..., de Brasília, dirigido por BW que bateu contra um poste de luz. A violência da batida foi tão grande que o carro se partiu ao meio. Os policiai militares disseram que encontraram no carro 30 CD’s, uma pasta preta, um telefone celular, latas vazias de cerveja e um saco com uma porção de maconha. Noticiado pelo jornal “O Estado de Minas em 27/12/95 (MURAD, 1996 p.165).

Conforme pesquisas feitas pela Universidade Federal de São Paulo,

cerca de 28% dos estudantes brasileiros tem feito uso de drogas nos últimos tempos

Carlinni (1990, citado por MURAD, 1996, p.165). Na faixa etária de 16 a 26 anos,

muitos deles dirigem veículos. Levantamentos da ABRAÇO (Associação Brasileira

Comunitária de Prevenção ao Abuso de Drogas), mostram que a canabis é a droga

mais usada pelos jovens nesta faixa etária e um grande número destes dirige. A

segunda droga mais usada neste grupo é o álcool. (MURAD, 1983, p. 21-30).

Cerca de cem pesquisas feitas a partir de 1971 mostram que a maconha

prejudica seriamente a capacidade de dirigir. Em alguns aspectos a maconha é até

mais prejudicial que o álcool, Davis (1971, citado por MURAD, 1996, p.165). Teste

do bafômetro e medidas restritivas como a proibição da venda de bebidas alcoólicas

à beira das estradas são medidas de contenção que não existe para o caso da

29

maconha onde o temor é a ilegalidade. Segundo Murad (1996, p. 165), para a

canabis não existe testes fáceis, práticos e acessíveis e ainda falta leis

complementares reguladoras do assunto.

É Importante frisar que campanhas educativas são feitas

incessantemente condenando bebidas alcoólicas e direção. Essas campanhas

atingem amplitude nacional, enquanto nada se fala sobre dirigir canabizado. Os

usuários de maconha colocam em risco sua vida e a dos outros quando dirigem.

Acidentes citados no inicio desse texto são exemplos desse fato.

Segundo Murad (1996, p. 168-170), há fatores de riscos adicionais ao

dirigir veículos que geralmente não ocorrem com o álcool. Dentre eles:

O fator prazeroso – gosta de dirigir canabizado, pois, com as percepções

distorcidas pela droga, dirigir pode se tornar um desafio. E assim como na música,

conseguem “penetrar” melhor na sua velocidade.

A toxidade comportamental – o motorista mesmo já sóbrio continua dirigindo com

a concepção errônea que dirige melhor estando sob efeito da maconha. Isto

acontece devido à longa permanência do THC no organismo, pois sua eliminação é

bastante lenta. Não é comum o motorista consumidor de álcool afirmar dirigir melhor

quando está alcoolizado.

A habilidade de ocultar a embriaguez provocada pela droga – O individuo sob a

ação da maconha consegue ocultar razoavelmente o seu estado e muitas vezes

manter uma conversação aparentemente normal diante de um policial por exemplo.

O motorista alcoolizado raramente consegue ocultar o fato.

É mais fácil acender um cigarro de maconha, do que tomar drinques quando

se está na direção de um veículo – Os movimentos durante o deslocamento não

atrapalham a absorção da fumaça.

A possibilidade de uso diário – acidentes com motoristas alcoolizados geralmente

ocorrem nos finais de semana quanto o consumo é maior enquanto, usuários de

30

maconha fumam todos os dias, dia e noite. Portanto as probabilidades de se

envolverem em acidentes são maiores.

O fator inesperado – O alto teor de THC tragado em uma “boa maconha” pode

provocar um efeito intenso e repentino no motorista usuário, o que pode ser muito

perigoso se for assim surpreendido na direção.

O carro representa um lugar como o quarto, só que com mais liberdade

para o usuário canabizar afirma Tiba (1998, p. 73-76), sozinho ou com amigos, com

o carro parado ou andando, mas, sem correrem maiores riscos de ser descoberto

pelos seus familiares.

Em testes laboratoriais em simuladores que imitam perfeitamente o ato de

dirigir veículos, várias habilidades são testadas e os erros são rigorosa e

cronologicamente anotados, exemplos são: freadas bruscas ou não necessárias,

direção errada do volante, aceleração indevida etc. Os testes são do tipo “duplo

cego”, isto é, a fim de se evitar influências psicológicas na experiência, nem o

usuário e nem pesquisador sabem qual motorista fumou maconha ou placebo. Com

estes métodos o Dr. Herbert Moskowitz (1976, p.21-26 e Moskowitz,H., Glothlin, W.

and Ziedman, K 1976 p. 45-50 citados por MURAD p. 171-172) psicólogo

pesquisador da Universidade da Califórnia, especialista com maior número de

trabalhos nesta área, assim resume seus achados.”As evidencias indicam que a

maconha prejudica o desempenho e as habilidades dos motoristas. Os processos de

percepção do tempo e do espaço e o comportamento na condução do veículo.”

O Dr. Moskowitz e outros pesquisadores apontam outros distúrbios

provocados pela intoxicação canábica, dentre eles: dificuldade de visão periférica e

central para detectar sinais; diminuição de tempo de reação; diminuição da

habilidade de dirigir à noite; redução no funcionamento da memória de curto-prazo e

no armazenamento de informações; diminuição da capacidade de coordenação e

manipulação; diminuição da habilidade de julgamento instantâneo; dificuldades de

concentração, de estabilidade, de vigilância, da capacidade de perceber sinais

auditivos e de interpretação. (MOSKOVITZ 1972, p. 891-894 e Sharma, S. and

Moskovitz H, 1973 p. 1035-1036, citados por MURAD, 1996, p. 171).

31

Murad (1996, p. 171) afirma ainda que outro efeito que pode prejudicar

profundamente a capacidade de direção dos canabizados é, após o indivíduo ter

fumado um ou dois “baseados” antes de dirigir, ele pode ficar totalmente envolvido

com um outro aspecto, apesar de tudo que ocorre ao seu redor. Pode por exemplo:

ele pode ficar ligado a uma música do rádio do carro ou a algum objeto do painel e

desta forma não perceber outro carro que sai de uma estrada lateral ou um pedestre

que atravessa a sua frente o que pode resultar em um acidente.

O Dr. John M. Clark Jr, vice-presidente da Divisão de Pesquisas

Automotoras do Instituto de Pesquisas do Sudeste dos Estados Unidos afirma que

pode haver também a expansão do sentido do tempo e do espaço, ou seja, é como

o individuo estivesse dirigindo sem o velocímetro. O intoxicado pela maconha pensa

que está dirigindo a 60 km/h quando, na verdade, esta fazendo 120 ou mais. A

velocidade é uma equação simples de espaço percorrido dividido pelo tempo gasto.

Como o THC pode trazer alterações na percepção do tempo e/ou espaço, ele pode

alterar também a noção de velocidade. (MURAD 1996, p. 172).

Tiba (1998, p. 75) alerta para outro efeito da maconha que é a perda ou

diminuição da noção do perigo. Significa ter a capacidade de calcular ou imaginar o

que possa acontecer num futuro imediato, próximo ou remoto em termos de riscos

para si ou para os outros. O THC tira a capacidade de concentração e reação

corporal. É preciso concentrar no evento para prever o que poderá acontecer. A

prostração, o desânimo provocado pela maconha dificulta a reação diante de

qualquer estímulo físico e/ou psíquico. O canabizado pode não ter noção do perigo a

que está se expondo na direção de um veículo.

A perda ou alteração da sensação táctil das mãos também é um dos

efeitos canábicos afirma Tiba (1998 p. 76). Perde-se a noção do que tem nas mãos

ou nada sente, ou sente alterado o que pega. Desta forma o canabizado vê suas

mãos segurando o volante, mas não sente o que pode levar a perda do controle da

direção.

Resumindo, todos os componentes de desempenho e habilidade de

direção de veículos são negativamente afetados pela maconha. A canabis produz

32

efeitos deteriorantes na capacidade de dirigir e estes efeitos são maiores ainda em

condições normais de circulação nas ruas das cidades, afirma o Dr. Harry Klonoff

(1974, citado por MURAD, 1996, p. 173), professor e pesquisador canadense da

Universidade de Vancouver. Essa droga influencia percepções, a performance

psicomotora e cognitiva e as funções afetivas. Dessa forma, são afetados, no

motorista, a coordenação, a vigilância e o estado de alerta e, consequentemente, a

capacidade de dirigir com segurança.

33

CONCLUSÂO

O problema da condução de veículos sob efeito de drogas lícitas e ou

ilícitas tem despertado muito interesse na comunidade cientifica; existem inúmeros

trabalhos publicados no Brasil e no mundo. No Brasil, a mortalidade por causas

externas constitui-se na segunda causa de mortalidade geral e na primeira causa de

morte entre pessoas de 1 a 39 anos, atingindo surpreendentes 71,3% das mortes

para as pessoas entre 20 e 29 anos. Os acidentes de trânsito são a nona causa

principal de morte no Brasil, sendo a segunda entre as causas externas (homicídios

em primeiro lugar). É também a primeira causa geral dos 5 aos 14 anos e a segunda

dos 15 aos 29 anos. Somente em 2004, os acidentes de trânsito foram responsáveis

pela perda de 35.674 vidas (Ministério da Saúde, 2007). Já é de consenso que o uso

de álcool esta relacionado com os acidentes de trânsito e que esse fato é discutido

intensamente e divulgado com frequência pela mídia nacional e internacional.

Entretanto, a participação de outras drogas nos acidentes é pouco conhecida.

O CTB fala expressamente em “substância psicoativa que determine

dependência”. Segundo o psiquiatra e diretor do Hospital Nossa Senhora da Luz em

São Paulo, o Dr. Dagoberto Requião, um detalhe pode invalidar qualquer esforço

para o devido cumprimento da lei, segundo ele, as drogas são divididas em três

classes: depressoras, estimulantes e perturbadoras da atividade cerebral. Pelo

termo científico ao pé da letra, psicoativas seriam apenas as estimulantes, afirma

Requião. “A maconha, uma droga perturbadora, tem síndrome de abstinência leve

ou inexistente.” Ou seja, existem dúvidas quando ao determinar dependência. Por

outro lado, seguindo o mesmo raciocínio, o cigarro estaria dentro da vedação da lei,

já que é uma substância psicoativa que causa dependência. Falta esclarecimento

legal. No caso de crime, como fazer a devida caracterização.

Conforme vimos nessa pesquisa, há um grande número de evidências e

estudos que comprovam que a maconha provoca prejuízos psicomotores e

influência no ato de dirigir um veículo automotor. Além de numerosos sintomas

físicos a maconha ocasiona múltiplos sintomas mentais. Mas, para o dirigir, a

34

alteração ocasionada pelo uso de maconha que provavelmente apresenta maior

importância é a distorção no sentido do tempo e espaço, levando à sensação de que

este passa mais devagar, e os eventos parecem durar mais do que duram na

realidade. A equação da velocidade se perde e os riscos são mais evidentes.

De fato, o campo do dirigir alcoolizado coleciona bons resultados na

prevenção desse comportamento nos vários países que tiveram recursos e

determinação para desenvolver e fiscalizar medidas específicas em relação à

questão. No Brasil, no que se refere a outras substâncias psicoativas, há

necessidade de mais estudos usando metodologias consistentes e mais cuidadosas.

Existem também outras drogas ilícitas que da mesma forma da maconha influenciam

na direção e carecem de preocupação pelos nossos governantes e autoridades.

Precisamos saber constantemente da prevalência destas em motoristas envolvidos

em acidentes, precisamos de exames, estatísticas e boletins de ocorrências

confiáveis, pois só assim podemos instituir medidas eficazes para combater o

problema. As promulgações de leis sem estudos consistentes as tornam inócuas,

absoletas acabam tropeçando em imbróglios constitucionais como o direito de não

produzir provas contra si, permitindo assim que os motoristas continuem fazendo

uso de bebidas alcoólicas dirigindo e matando sem punição.

De modo geral, no Brasil ainda há muito que fazer em termos de trânsito,

mais do que leis, precisamos de educação, lições de civilidade e cidadania. O

comportamento não só de motoristas, mas também de pedestres às vezes é

deplorável. Ocorrem cenas lamentáveis de motoristas que insultam, ameaçam

outros motoristas ou pedestres, onde muitas vezes estes ignoram, desconhecem ou

mesmo na certeza da impunidade continuam horrorizando o trânsito do dia-a-dia. A

linha tênue que separa o espaço público do privado parece se dissipar e ao dirigir ou

andar nas ruas, as pessoas agem como se cada uma estivesse unicamente por si:

ignoram os outros ou se sentem atrapalhados por eles. A muito o carro deixou de

ser um veículo de transporte cujo objetivo é levar as pessoas de um local a outro,

virou sinônimo de poder ou de status. Hoje a ideia de cidadania ganhou tom

pejorativo por causa do individualismo em se tratando de trânsito. Assim como

poucos hesitam em fazer um retorno proibido para encurtar o caminho ou mesmo

em dirigir em alta velocidade para chegar mais rápido, poucos hesitam em sair por ai

35

em seu carro usando e abusando do álcool , da maconha e tantas outras drogas

com efeitos deletérios no ato de dirigir.

36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BASTOS, Dau. O fino da erva: a canabis como ela é. Rio de Janeiro: Garamond,

1999. 136p.

BODANZKY, LAÍS; BOLOGNESI, LUIZ. 2002. Filme, Bicho de sete cabeças. Editora 34.

143 páginas

BOTELHO, A. e PERNANBUCO, p. Vício da Diamba, 3º Capítulo, p. 25 in Maconha:

Coletânea de trabalhos brasileiros . 2ª edição. Serviço Nacional de Educação

Sanitária. Ministério da Saúde. Rio de Janeiro, 1958. Apud MURAD, José Elias.

Maconha: A Toxidade Silenciosa. Belo Horizonte: O lutador, 1996. 252p.

BRASIL. CEBRID, Centro Brasileiro de Informações Sobre Drog as

Psicotrópicas . Disponível em < http://www.cebrid.epm.br/folhetos/maconha_.htm>.

Acesso em: 29 de junho de 2012.

BRASIL. Código de Trânsito Brasileiro . , lei nº 9.503, de 23/09/97 . Disponível em:

<http:// http://www.denatran.gov.br/ctb.htm>. Acesso em: 29 junho. 2012.

BRASIL. Presidência da República. Drogas: Cartilha sobre maconha cocaína e

inalantes . Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas. 2010. 2ª Ed. Brasília, DF.

49p

BRASIL. Relatório de Gestão 2009 . [internet]. Brasília: Departamento de Polícia

Rodoviária Federal [2010]. Disponível em: <http://www.dprf.gov.br/

PortalInternet/relatorio .file?className=br.gov.dprf.portal. negocio. Arquivo

ContaAnual&nomeCampoChave=id&valorCampo Chave=132

&campoByteArray=arquivo&content-type=application%2Fpdf> Acesso em: 18 nov.

2011.

37

BURGIERMAN, Denis Russo. A verdade sobre a maconha. Super interessante ,

São Paulo, abril, nº 179, p. 32-40, agosto, 2002.

BURGIERMAN, Denis Russo. Maconha. São Paulo: Abril, C2002.121p (Coleção

para saber mais; 4)

CAMPOS, Valdir Campos. Porque as Pessoas Usam Drogas. Disponível em:<

http://drvaldirribeirocampos.site.med.br/index.asp?PageName=Por-20que-20as-

20pessoas-20usam-20drogas-20-3F>Acesso em: 12 de julho 2012.

CARLINI, Elisardo Araújo. A história da maconha no Brasil, J. Bras. De Psiquiatria ,

São Paulo, p. 314-317. 23 dez. 2006.

CARLINI, Elisardo Araújo. A história da Maconha no Brasil . Disponível em<

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0047-20852006000400008&script=sci_arttext>.

Acesso em 30 de julho 2012.

CHALOULT, L. Une Nouvelle Classification Des Drogues Toxicomanogènes.

Toxicomanies 4(4): 371-375, 1971. Apud CARLINI, Elisardo Araújo. Drogas

Psicotrópicas – O que são e Como Agem. São Paulo, IMESC. nº3, p. 9-35, out.

2001.

CORREA, M. Pio. Dicionário de Plantas Úteis do Brasil. Primeira Edição. Ministério

da Agricultura do Brasil, Rio de Janeiro,1931. Apud MURAD, José Elias. Maconha: A

Toxidade Silenciosa. Belo Horizonte: O lutador, 1196. 252p.

DULLA, Tarso Araujo; SAMBUGARO, Adriano. Proibir é legal?. Super interessante ,

São Paulo, abril, nº244, p. 62-71, outubro, 2007.

FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. Ed. José Olímpio, 12ª edição, Rio de

Janeiro, 1964. Apud MURAD, José Elias. Maconha: A Toxidade Silenciosa. Belo

Horizonte: O lutador, 1996. 252p.

38

KLONOFF, H. Effects of Marihuana on Driving in a Restricted Area and on City

Street: Driving Performance and Psychocological Chances, in: Marihuana: Effects

on Human Behavior , L. L. Muller, eds. Academic Press. pp. 359-397, New York,

1974. Apud MURAD, José Elias. Maconha: A Toxidade Silenciosa. Belo Horizonte: O

lutador, 1996. 252p.

MOSKIVITZ, H.; Marihuana and Driving. Accidents Analysis and Prevenition, vol. 8

nº 1, pp 21-26, 1976. Apud MURAD, José Elias. Maconha: A Toxidade Silenciosa.

Belo Horizonte: O lutador, 1996. 252p.

MOSKOVITZ, H., SHARMA, S. And McGLOTHLIN, W. Effects os Marihuana upon

Peripheral Vision as a Function of the Information Processsing Demands, in Central

Vision. Perceptual Mother Skills, vol. 35, pp. 891-894, 1972. Apud MURAD, José

Elias. Maconha: A Toxidade Silenciosa. Belo Horizonte: O lutador, 1996. 252p.

MOSKOVITZ, H., SHARMA, S. and ZIEDMAN, K. Duration of Skills Performance

Impairment under Marijuana. Proceedings of the American Association for

Automotive Medicine, pp. 87-96, Oct. 1-3, San Francisco, 1981. Apud MURAD, José

Elias. Maconha: A Toxidade Silenciosa. Belo Horizonte: O lutador, 1996. 252p.

MURAD, José Elias. Maconha: A Toxidade Silenciosa. Belo Horizonte: O lutador,

1996. 252p.

MURAD, José Elias. O que você deve saber sobre psicotrópicos: a viagem sem

bilhete de volta. 2. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara dois, 1982. 242p.

PETTA, Rosângela. Quando a maconha cura. Super interessante , São Paulo, abril

n.º 095, p. 50-61, agosto,1995.

PETTA, Rosângela. Quando a maconha cura. Super interessante , São Paulo, abril,

n.º 095, p. 50-61, agosto,1995.

SHARMA, S. and MOSKOVITZ, H. Marijuana Dose Study of Vigilance Performance,

Poceedings of the 81 st Annual Conference of the American Psycolofical

39

Association, pp. 1035-1036, 1973. Apud MURAD, José Elias. Maconha: A Toxidade

Silenciosa. Belo Horizonte: O lutador, 1996. 252p.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Porque os jovens são atraídos para as drogas?

Planeta , São Paulo, Integrare, nº 418, p. 58-63, julho 2007

SILVEIRA, Dartiu Xavier; GORGULHO, Monica. Dependência: Compreensão e

assistência das toxicomanias: Casa do Psicólogo. São Paulo, 1996. 232p.

TIBA, Içami. Saiba mais sobre maconha e jovens: um guia para leigos e

interessados no assunto. 4. ed. ver. ampl. São Paulo: Ágora, 1998. 158p.

TOGNOLLI, Claudio Julio. Chegou a hora: violência do trafico leva governador do

Rio de Janeiro a defender a ideia da descriminalização das drogas e acende o

debate entre cientistas, legisladores e especialistas em segurança. Galileu, São

Paulo, n.190, p. 36-47, maio. 2007.

TURNER, C.E., ELSOHLY, M.A. and Bueren, E.g. Constituents of Cannabis sativa. A

review of the natural constituents. Natural Products, 43, p. 169-234, 1980. Apud

MURAD, José Elias. Maconha: A Toxidade Silenciosa. Belo Horizonte: O lutador,

1996. 252p.

VERGARA, Rodrigo. Drogas: O que fazer a respeito. Super interessante , São

Paulo, abril nº. 172, p.40-50, janeiro. 2002.

40

BIBLIOGRAFIA CITADA

BASTOS, Dau. O fino da erva: a canabis como ela é. Rio de Janeiro: Garamond,

1999. 136p.

BOTELHO, A. e PERNANBUCO, p. Vício da Diamba, 3º Capítulo, p. 25 in Maconha:

Coletânea de trabalhos brasileiros . 2ª edição. Serviço Nacional de Educação

Sanitária. Ministério da Saúde. Rio de Janeiro, 1958. Apud MURAD, José Elias.

Maconha: A Toxidade Silenciosa. Belo Horizonte: O lutador, 1996. 252p.

BRASIL. CEBRID, Centro Brasileiro de Informações Sobre Drog as

Psicotrópicas . Disponível em < http://www.cebrid.epm.br/folhetos/maconha_.htm>.

Acesso em: 29 de junho de 2012.

BRASIL. Código de Trânsito Brasileiro . , lei nº 9.503, de 23/09/97 . Disponível em:

<http:// http://www.denatran.gov.br/ctb.htm>. Acesso em: 29 junho. 2012.

BRASIL. Presidência da República. Drogas: Cartilha sobre maconha cocaína e

inalantes . Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas. 2010. 2ª Ed. Brasília, DF.

49p

BRASIL. Relatório de Gestão 2009 . [internet]. Brasília: Departamento de Polícia

Rodoviária Federal [2010]. Disponível em: <http://www.dprf.gov.br/

PortalInternet/relatorio .file?className=br.gov.dprf.portal. negocio. Arquivo

ContaAnual&nomeCampoChave=id&valorCampo Chave=132

&campoByteArray=arquivo&content-type=application%2Fpdf> Acesso em: 18 nov.

2011.

BURGIERMAN, Denis Russo. A verdade sobre a maconha. Super interessante ,

São Paulo, abril, nº 179, p. 32-40, agosto, 2002.

BURGIERMAN, Denis Russo. Maconha. São Paulo: Abril, C2002.121p (Coleção

para saber mais; 4)

41

CAMPOS, Valdir Campos. Porque as Pessoas Usam Drogas . Disponível em:<

http://drvaldirribeirocampos.site.med.br/index.asp?PageName=Por-20que-20as-

20pessoas-20usam-20drogas-20-3F>Acesso em: 12 de julho 2012.

CARLINI, Elisardo Araújo. A história da maconha no Brasil , J. Bras. De

Psiquiatria, São Paulo, p. 314-317. 23 dez. 2006.

CARLINI, Elisardo Araújo. A história da Maconha no Brasil . Disponível em<

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0047-20852006000400008&script=sci_arttext>.

Acesso em 30 de julho 2012.

CHALOULT, L. Une Nouvelle Classification Des Drogues Toxicomanogènes.

Toxicomanies 4(4): 371-375, 1971. Apud CARLINI, Elisardo Araújo. Drogas

Psicotrópicas – O que são e Como Agem. São Paulo, IMESC. nº3, p. 9-35, out.

2001.

CORREA, M. Pio. Dicionário de Plantas Úteis do Brasil. Primeira Edição. Ministério

da Agricultura do Brasil, Rio de Janeiro,1931. Apud MURAD, José Elias. Maconha: A

Toxidade Silenciosa. Belo Horizonte: O lutador, 1196. 252p.

DULLA, Tarso Araujo; SAMBUGARO, Adriano. Proibir é legal?. Super interessante ,

São Paulo, abril, nº244, p. 62-71, outubro, 2007.

FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. Ed. José Olímpio, 12ª edição, Rio de

Janeiro, 1964. Apud MURAD, José Elias. Maconha: A Toxidade Silenciosa. Belo

Horizonte: O lutador, 1996. 252p.

KLONOFF, H. Effects of Marihuana on Driving in a Restricted Area and on City

Street: Driving Performance and Psychocological Chances, in: Marihuana: Effects

on Human Behavior , L. L. Muller, eds. Academic Press. pp. 359-397, New York,

1974. Apud MURAD, José Elias. Maconha: A Toxidade Silenciosa. Belo Horizonte: O

lutador, 1996. 252p.

42

MOSKIVITZ, H.; Marihuana and Driving. Accidents Analysis and Prevenition, vol. 8

nº 1, pp 21-26, 1976. Apud MURAD, José Elias. Maconha: A Toxidade Silenciosa.

Belo Horizonte: O lutador, 1996. 252p.

MOSKOVITZ, H., SHARMA, S. And McGLOTHLIN, W. Effects os Marihuana upon

Peripheral Vision as a Function of the Information Processsing Demands, in Central

Vision. Perceptual Mother Skills, vol. 35, pp. 891-894, 1972. Apud MURAD, José

Elias. Maconha: A Toxidade Silenciosa. Belo Horizonte: O lutador, 1996. 252p.

MOSKOVITZ, H., SHARMA, S. and ZIEDMAN, K. Duration of Skills Performance

Impairment under Marijuana. Proceedings of the American Association for

Automotive Medicine, pp. 87-96, Oct. 1-3, San Francisco, 1981. Apud MURAD, José

Elias. Maconha: A Toxidade Silenciosa. Belo Horizonte: O lutador, 1996. 252p.

MURAD, José Elias. Maconha: A Toxidade Silenciosa. Belo Horizonte: O lutador,

1996. 252p.

MURAD, José Elias. O que você deve saber sobre psicotrópicos: a viagem sem

bilhete de volta. 2. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara dois, 1982. 242p.

PETTA, Rosângela. Quando a maconha cura. Super interessante , São Paulo, abril

n.º 095, p. 50-61, agosto,1995.

PETTA, Rosângela. Quando a maconha cura. Super interessante , São Paulo, abril,

n.º 095, p. 50-61, agosto,1995.

RYAN, Barry. Oito ciclistas mortos em acidente na Itália . Disponível em:<

http://www.cyclingnews.com/news/eight-cyclists-killed-in-accident-in-italy>Acesso em 01 de junho 2012.

SHARMA, S. and MOSKOVITZ, H. Marijuana Dose Study of Vigilance Performance,

Poceedings of the 81 st Annual Conference of the American Psycolofical

Association, pp. 1035-1036, 1973. Apud MURAD, José Elias. Maconha: A Toxidade

Silenciosa. Belo Horizonte: O lutador, 1996. 252p.

43

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Porque os jovens são atraídos para as drogas?

Planeta , São Paulo, Integrare, nº 418, p. 58-63, julho 2007

SILVEIRA, Dartiu Xavier; GORGULHO, Monica. Dependência: Compreensão e

assistência das toxicomanias: Casa do Psicólogo. São Paulo, 1996. 232p.

TIBA, Içami. Saiba mais sobre maconha e jovens: um guia para leigos e

interessados no assunto. 4. ed. ver. ampl. São Paulo: Ágora, 1998. 158p.

TOGNOLLI, Claudio Julio. Chegou a hora: violência do trafico leva governador do

Rio de Janeiro a defender a ideia da descriminalização das drogas e acende o

debate entre cientistas, legisladores e especialistas em segurança. Galileu, São

Paulo, n.190, p. 36-47, maio. 2007.

TURNER, C.E., ELSOHLY, M.A. and Bueren, E.g. Constituents of Cannabis sativa. A

review of the natural constituents. Natural Products, 43, p. 169-234, 1980. Apud

MURAD, José Elias. Maconha: A Toxidade Silenciosa. Belo Horizonte: O lutador,

1996. 252p.

VERGARA, Rodrigo. Drogas: O que fazer a respeito. Super interessante , São

Paulo, abril nº. 172, p.40-50, janeiro. 2002.