PROVÉRBIO: UM GÊNERO EM DUAS ESFERAS · significados dos gêneros textuais. Propõe-se como tema...
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PROVÉRBIO: UM GÊNERO EM DUAS ESFERAS
Vanda Aparecida Torá dos Santos¹
Anna Beatriz da SilveiraPaula²
RESUMO
A produção deste artigo é o resultado do conjunto de atividades realizadas pelo Programa de Desenvolvimento Educacional-PDE-2010. A pesquisa tem por objetivo evidenciar a leitura em seus diversos aspectos e possibilidades, demonstrar a importância da criação do hábito de ler e desenvolver um clube de leitura, onde os alunos se reuniram semanalmente. Para seu desenvolvimento foi elaborada revisão bibliográfica através de autores como: Teberosky e Colomer (2003); Lajolo (1985); Zilberman (2003); Barker & Escarpit, (1975) dos quais foram utilizadas algumas estratégias de leitura que contribuíram essencialmente para a construção de significados dos gêneros textuais. Propõe-se como tema maior de reflexão mostrar a importância de trabalhar a leitura numa nova perspectiva considerando e explorando os diversos aspectos que conduzem o aluno a uma visão ampla dos gêneros textuais. Na aplicação do projeto foram envolvidos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental e do Ensino médio, buscando desenvolver sua capacidade de compreender, interpretar os textos no seu cotidiano e agir criticamente na sociedade em que vivem.
Palavras-chave: Crise literária; Leitura; Gêneros textuais; Aprendizagem.
1. INTRODUÇÃO
Este artigo é resultado da implementação pedagógica, de um projeto de
pesquisa e da aplicação de Material Didático Pedagógico, no Colégio Estadual
Professor Guido Arzua, foram envolvidos alunos do 9º do Ensino Fundamental e do
Ensino Médio do Colégio Professor Guido Arzua da Cidade de Curitiba Estado do
Paraná no ano de 2010.
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¹Vanda Aparecida Torá dos Santos é professora do Estado do Paraná lotado na SEED, licenciada em LETRAS- Português e Inglês pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Jandaia do Sul-Pr, Especialização em Língua Portuguesa e Gestão Escolar Integrada.²Anna Beatriz da Silveira Paula - Professora Doutora da UFPR.
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O objetivo geral da pesquisa é evidenciar a leitura em seus diversos aspectos
e possibilidades, demonstrar a importância da criação do hábito de ler, despertando
no aluno o prazer pela leitura.
Para elaboração deste material foi feito um levantamento prévio nas fichas de
leitura da biblioteca escolar sobre: escolhas de livros, títulos de obras, histórias cuja
narração é repetidamente solicitada pelas crianças, poesias utilizadas em jogos e
brincadeiras, comentários sobre obras em situações informais produzidas pelos
alunos, provérbios bíblicos, populares etc.
Para tanto, foram necessários cerca de 18 momentos e foi selecionado o
gênero textual Provérbio, na esfera religiosa e literária popular . Na esfera religiosa
foram escolhidos os provérbios bíblicos do Rei de Israel chamado Salomão ( 970 a
930 a.C.). Assumindo o trono com cerca de vinte anos de idade, Salomão só perde
para Moisés como escritor com mais livros do Antigo Testamento, apesar de
Salomão ter iniciado a coleção ( I Rs. 4.32), é possível que outros ditos de sabedoria
tenham sido incorporados por ele ou seus sucessores.
Foram realizadas atividades antes e depois da leitura de cada texto, foram
selecionados os provérbios bíblicos: 6:6-11 Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha
para os seus caminhos, e sê sábio. e Provérbios 11: 22 “ Como jóia de ouro no
focinho de porco, assim é a mulher formosa que não tem discrição.”
Segundo (Bordini e Aguiar, 19988: 91) (...) Na sala de aula, o primeiro passo
do professor seria o de efetuar a determinação do horizonte de expectativas da
classe, a fim de prever estratégias de ruptura e transformação do mesmo. De acordo
as autoras, o processo de recepção deve se iniciar antes do contato do leitor com o
texto, portanto os provérbios bíblicos e populares não foram apresentados de
imediato aos alunos, mas antes foi feita a determinação do horizonte de expectativas
do grupo. Esse horizonte de expectativas continha os valores prezados pelos
alunos, em termos de crenças, modismos, estilos de vida, preferências quanto a
trabalho e lazer, preconceitos de ordem moral ou social e interesses específicos da
área de leitura.
Uma vez detectadas as aspirações, valores e familiaridades dos alunos com
respeito à literatura, foram escolhidos “o Livro de provérbios”. Os alunos se
surpreenderam em perceber que as sentenças além de transmitir e preservar o
conhecimento serve para mostrar que o homem em quase nada evoluiu. Os
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sentimentos, os conflitos e guerras, as uniões, são experiências comuns a todas as
culturas, em todas as épocas, dos gregos aos nossos contemporâneos.
2. DESENVOLVIMENTO
Segundo Compagnon (2003), as concepções de literatura variam de acordo
com as épocas e as culturas. Assim, pensar na extensão da literatura, por exemplo,
significa ampliar o máximo possível o rol do literário, indo desde os clássicos
universais às histórias em quadrinhos, visto que o critério de valor é sempre
ideologicamente subjetivo.
A tradição literária é o sistema sincrônico dos textos literários, sistema sempre em movimento, recompondo-se à medida que surgem novas obras. Cada obra nova provoca um rearranjo da tradição como totalidade (e modifica, ao mesmo tempo, o sentido e o valor de cada obra pertencente à tradição (COMPAGNON, 2003, p. 34).
Em uma visão humanista, a literatura proporciona à humanidade um
conhecimento que somente ela pode proporcionar. Tal visão é repetidamente
questionada pela crítica marxista, segundo a qual, a literatura, assim como a
religião, pode ser considerada o ópio do povo, pois, promovendo um consenso
social, acaba por atuar como mais um aparelho ideológico do Estado.
De acordo com Jauss (1994, p. 31), “a maneira pela qual uma obra literária,
no momento histórico de sua aparição, atende, supera, decepciona ou contraria as
expectativas de seu público inicial oferece-nos claramente um critério para a
determinação de seu valor estético”. Assim, a melhor maneira de se avaliar o valor
da literariedade de uma obra é a distância entre o horizonte de expectativa e a obra
em si, e ainda, as possibilidades do rompimento desse horizonte.
A multiplicidade de aspectos sociais envolvidos na utilização da língua está
marcada por elementos também específicos que determinam o gênero do discurso:
o conteúdo temático, o estilo e a construção composicional. Estes elementos,
segundo Bakhtin (2003, p. 262), “estão indissoluvelmente ligados no todo do
enunciado e são igualmente determinados pela especificidade de um determinado
campo da comunicação”.
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Desta forma, o uso da língua é específico em cada campo de atuação
humana, e cada esfera exige uma forma de atuar com a linguagem. Dentro de cada
função ocorrem variadas condições para a comunicação, com relativa estabilidade
do ponto de vista temático, estilístico e composicional. Cada esfera social (escolar,
familiar, científica, jornalística, literária, jurídica, religiosa, entre outras) utiliza um
discurso com características sócio-comunicativas próprias: seu conteúdo, sua
função, seu estilo e composição nos indicam que cada forma específica pertence a
um gênero discursivo diferente.
O que mais motiva as crianças a ler e a escrever, conforme afirma Solé
(1998), é ver os adultos que tenham importância para elas lendo ou escrevendo,
assistir à leitura em grupos pequenos ou grandes, tentar e sentir-se aprovadas em
suas tentativas. É imprescindível que professores explorem os conhecimentos dos
alunos sobre o texto escrito.
Essa exploração pode ser feita de muitas maneiras: observando-se as
crianças ao olhar e ler livros, sugerindo lhes que acompanhem seus desenhos com
uma explicação, ficando atento às perguntas formuladas, que costumam ser um
indicador eficaz tanto das dúvidas como dos conhecimentos mais assustadores.
Aprender a ler é muito diferente de aprender outros procedimentos ou
conceitos. Exige que a criança possa dar sentido àquilo que se pede faça que
disponha de instrumentos cognitivos para fazê-lo e tenha ao seu alcance a ajuda
insubstituível do seu professor, transformando a leitura em um desafio apaixonante e
cheio de emoções.
A aprendizagem da leitura para Kleiman (1997, p.61), é um empreendimento
de risco, se não estiver fundamentado numa concepção teórica firme sobre os
aspectos cognitivos envolvidos na compreensão do texto. Tal aprendizagem pode,
facilmente, desembocar na exigência de mera reprodução das vozes de outros
leitores, mais experientes ou mais poderosos do que o aluno.
É necessário acabar com a idéia de que existe apenas um caminho para ir
construindo noções eficazes dos procedimentos da leitura e da escrita. Uma
abordagem ampla, não-restritiva, da aprendizagem inicial da leitura e da escrita,
segundo Solé (1998), pressupõe o seguinte:
Aproveitar os conhecimentos que a criança já possui e que costumam envolver o reconhecimento global de algumas palavras;
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Aproveitar e aumentar seus conhecimentos prévios em geral, para que possam utilizar o contexto e aventurar-se no significado de palavras desconhecidas;
Utilizar integrada e simultaneamente todas essas estratégias em atividades que tenham sentido ao serem realizadas, só desta maneira meninos e meninas poderão se beneficiar da instrução recebida.
Desta forma é necessário que os métodos adotados pelo professor sejam
convenientemente planejados. Uma visão ampla da leitura, e um objetivo geral que
consista em formar bons leitores não só para o contexto escolar, mas para a vida,
exige maior diversificação nos seus propósitos, nas atividades que a promovem e
nos textos utilizados como meio para incentivá-la.
Para Solé (1998), a leitura inicial deve garantir a interação significativa e
funcional da criança com a língua escrita, como meio de construir os conhecimentos
necessários para poder abordar as diferentes etapas da sua aprendizagem. E para
que isto possa ser possível, algumas atividades podem ser propostas pelo professor
para facilitar tais objetivos como:
Trabalhar com jornais na sala de aula; Revisar as relações realizadas; Consultar diversas obras para pequena pesquisa; Organizar uma sessão de leitura de poesia; Ler um texto em silêncio e compartilhar as dúvidas e perguntas
suscitadas por ele; Realizar alguma tarefa a partir de instruções; Incentivar a escolha de livros de uma biblioteca ou de um cantinho de
leitura; Perguntar às crianças que objetivos perseguem com a leitura de um
determinado texto.
É preciso levar em conta que ao ensinar as crianças a ler com diferentes
objetivos, com o tempo, elas mesmas serão capazes de colocar objetivos de leitura
que lhes interessem e que sejam adequados. O ensino seria muito pouco útil se,
quando o professor desaparecesse, não pudesse se usar o que se aprendeu.
Convém refletir sobre isso, uma vez que na escola, o objetivo principal – implícito, na
maioria das vezes – das tarefas de leitura é “responder a perguntas sobre o texto
lido”. Em termos metodológicos, é preciso dar-lhes uma grande quantidade e
variedade de livros. O patrimônio histórico, cultural e científico da humanidade está
fixado em diferentes tipos de livros, e isso torna as visitas freqüentes à biblioteca
imprescindíveis. Quanto maior for a diversificação dos textos literários apresentados
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aos alunos, maior será a experiência que ele terá com este universo de singular
beleza, magia e emoção.
Neste sentido a literatura passa a ser um convite a liberdade de expressão,
onde os alunos podem expressar seus sentimentos, descobrir e compreender
melhor suas próprias emoções. É preciso ensinar o aluno a fazer a vinculação entre
o lido e o vivido entender que ler não é um ato mecânico de decodificação; é muito
mais que isso. É o estabelecimento de relações dentro de contextos, de vivências de
mundo.
"É na escola que identificamos e formamos leitores..." (BAMBERGER,1988).
Quando se fala em criança, pode-se perceber que a literatura é indispensável na
escola como meio necessário para que a mesma compreenda o que acontece ao
seu redor e para que seja capaz de interpretar diversas situações e escolher os
caminhos com os quais se identifica.
Entende-se que a leitura é um dos caminhos de inserção no mundo e da
satisfação de necessidades do ser humano. No entanto, muitos professores
desconhecem a importância da leitura e da literatura mais especificamente por
ignorar seu valor e/ou por falta de informação. Daí a importância em se propiciar a
leitura e a literatura de modo a permitir ao aluno criar e recriar o universo de
possibilidades que o texto literário oferece. Pode-se dizer que a escola tem a
oportunidade de estimular o gosto pela leitura se consegue promover de maneira
lúdica o encontro da criança com o trabalho. A esse respeito, Zilberman (2003, p. 16)
descreve que:
A sala de aula é um espaço privilegiado para o desenvolvimento do gosto pela leitura, assim como um campo importante para o intercâmbio da cultura literária, não podendo ser ignorada, muito menos desmentida sua utilidade. Por isso, o educador deve adotar uma postura criativa que estimule o desenvolvimento integral da criança.
A literatura tem sua importância no âmbito escolar devido ao fornecimento de
condições que propicia à criança em formação. Essa literatura é um fenômeno de
criatividade, aprendizagem e prazer, que representa o mundo e a vida através das
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palavras. Sabe-se que a literatura é um processo de contínuo prazer, que ajuda na
formação de um ser pensante, autônomo, sensível e crítico que, ao entrar nesse
processo prazeroso, se delicia com histórias e textos diversos, contribuindo assim
para a construção do conhecimento e suscitando o imaginário.
Dessa forma, a literatura infantil tem sua importância na escola e torna-se
indispensável por conter todos os aspectos aqui levantados, sendo de grande valor
por proporcionar o desenvolvimento e a aprendizagem da criança em sua amplitude.
O jovem e a criança precisam ser seduzidos para a leitura, desconsiderando neste
processo qualquer artifício que possa tornar a leitura uma obrigação.
Martins (1989) chama a atenção para o contato sensorial com o trabalho, pois
antes de ser um texto escrito, um trabalho é um objeto; tem forma, cor, textura. Na
criança esta leitura através dos sentidos revela um prazer singular; esses primeiros
contatos propiciam à criança a descoberta do trabalho, motivam-na para a
concretização do ato de ler o texto escrito.
Segundo Kuenzer (2002, p.101), “ler significa em primeiro lugar, ler
criticamente, o que quer dizer perder a ingenuidade diante do texto dos outros,
percebendo que atrás de cada texto há um sujeito, com uma prática histórica, uma
visão de mundo (um universo de valores), uma intenção”. A leitura crítica é geradora
de significados, em que ao ler, o leitor cria seu próprio texto com base no que foi
lido, concordando ou discordando da idéia principal.
Desta forma, não se deve apresentar para o aluno uma leitura estética que se
centre no sentido primeiro das palavras, mas sim uma leitura que abra lacunas,
oportunize ao leitor, criar e recriar a partir do que foi lido. Assim, o trabalho com esse
tipo de leitura pressupõe a formação de um leitor crítico e reflexivo e capaz de agir e
interagir em sociedade, sensibilizados dos seus direitos e deveres e preparado para
intervir no seu meio quando se fizer necessário.
Entretanto, formar um leitor crítico é tarefa principal de um professor que
também se encaixe nesse perfil, não sendo possível ao docente exigir do seu aluno
algo que ele próprio ainda não utiliza ou não é capaz de fazer com autonomia. Lajolo
enfatiza ser necessário o desenvolvimento da prática de leitura entre os professores,
ressaltando que o professor não leitor tem grandes chances de ser “um mau
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professor” (LAJOLO, 1984, p. 53).
Para Brandão e Michelitti apud Chiappini (1998, p. 17), “o ato de ler é um
processo abrangente e complexo; é um processo de compreensão, de intelecção de
mundo que envolve uma característica essencial e singular ao homem: a sua
capacidade simbólica e de interação com o outro pela mediação da palavra”.
Compreendemos, então, que ler não é uma tarefa fácil, uma vez que se trata de
capacidades humanas que muitas vezes encontram-se adormecidas, e reavivá-las
requer tempo e estratégias atrativas o suficiente para atrair o leitor. Para tanto, um
texto não pode ser compreendido como algo pronto e acabado, pelo contrário, deve
ser entendido como uma estrutura em acabamento, com lacunas, e que necessita
que alguém o complete e atribua um caráter significativo.
O leitor precisa ser visto como peça fundamental no processo de leitura e na
interação leitor-texto, interligado às demais atividades propostas em outras
disciplinas, não devendo ser responsabilidade só do professor da disciplina de
Língua Portuguesa.
Esta postura proporciona um ensino-aprendizagem mais contextualizado e
voltado para o desenvolvimento do raciocínio crítico do estudante em qualquer uma
das áreas de conhecimentos. Observa-se que a leitura deve se apresentar como
uma necessidade, um gosto para despertar o prazer no estudante para que ele
possa absorver e aprender cada vez mais além de desenvolver suas competências
leitoras dentro e fora da escola. Por isso, é que “A prática da leitura na escola
precisa se assemelhar à prática da leitura fora da escola” (VELIAGO 1999, p.50).
Para Kleiman (1998, p.61), “o ensino da leitura é um empreendimento de risco
se não estiver fundamentado numa concepção teórica firme sobre os aspectos
cognitivos envolvidos na compreensão de texto. Tal ensino pode facilmente
desembocar na exigência de mera reprodução das vozes de outros leitores, mais
experientes ou mais poderosos do que o aluno”. De acordo com esta autora, se o
trabalho com a leitura na sala de aula não tiver embasado em uma concepção bem
definida de leitura o mesmo corre o risco de não se configurar em si, distanciando-se
do que se pretende que é utilizar a leitura.
Dentre esses mecanismos, a leitura configura-se como essencial, uma vez
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que proporciona aos sujeitos que a realizam conhecimentos, tanto acerca da língua
e seus elementos constitutivos quanto a conhecimentos relativos à vida social,
cultural e principalmente no que compete aos saberes científicos. Considerando as
competências e habilidades propostas nos Parâmetros Curriculares Nacionais, “o
ensino de Língua Portuguesa, hoje, busca desenvolver no aluno seu potencial
crítico, sua percepção das múltiplas possibilidades de expressão lingüística, sua
capacitação como leitor efetivo dos mais diversos textos representativos de nossa
cultura” (BRASIL, 2002, p. 55).
Dessa forma, o ponto de partida para uma leitura verdadeiramente
significativa é a formação do leitor crítico, sensibilizado da sua responsabilidade
diante do ato de ler e da realização compreensiva, mais criteriosa diante da
formação do cidadão para agir e interagir em seu meio social.
Foram realizados encontros para leitura de provérbios bíblicos e populares
aplicados ao ensino Fundamental e médio através da Estética da Recepção,
desenvolvendo as cinco etapas do processo, segundo a teoria de Jauss discutida
por outros estudiosos e retomada por Bordini & Aguiar.
A Estética da Recepção, enquanto método de ensino pode levar a uma
grande contribuição para o ensino-aprendizagem dos estudos literários, visto que,
em síntese, “o método recepcional de ensino de literatura enfatiza a compreensão
entre o familiar e o novo, entre o próximo e o distante no tempo e espaço.” (Bordini e
Aguiar, 1988: 86). Ou seja, parte do resgate do que o aluno já conhece, ou tem
maior facilidade para compreender, até chegar a obras temática e esteticamente
mais complexas, de modo a envolvê-lo no processo de desenvolvimento de suas
leituras.
O processo de recepção se inicia antes do contato do leitor com o texto. O
leitor possui um horizonte que o limita, mas que pode transformar-se continuamente,
abrindo-se. Munidos dessas referências, o sujeito busca inserir o texto que se lhe
apresenta no esquadro de seu horizonte de valores. Por sua vez, o texto pode
confirmar ou perturbar esse horizonte, em termos das expectativas do leitor, que o
recebe e julga por tudo o que já conhece e aceita. O texto, quanto mais se distancia
do que o leitor espera por hábito, mais altera os limites desse horizonte de
expectativas, ampliando-os. (Bordini; Aguiar, 1993: 87)
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A partir dessa constatação sobre o processo de recepção, nota-se que são
necessárias duas etapas, a determinação do horizonte de expectativas e sua
possível ampliação. Porém, para percorrer esse percurso, as autoras pensaram em
mais três etapas, sendo, então o método recepcional composto por cinco etapas,
sendo a primeira a determinação dos horizontes de expectativas. Esse horizonte é o
do mundo de sua vida, com tudo que o povoa: vivências pessoais, sócio-históricas e
normas filosóficas, religiosas, estéticas, jurídicas, ideológicas, que orientam ou
explicam tais vivências.
Uma vez detectadas as aspirações, valores e familiaridades dos alunos com
respeito à literatura, passa-se ao entendimento dos horizontes de expectativas. Por
ser de caráter de liberdade e de aproximação prazerosa da leitura, para esta parte
do projeto foi levado diversos tipos de textos que satisfizessem aos gostos dos
alunos como: carta, bilhete, conto, reportagem, notícia, receita culinária, bula de
remédio, horóscopo, resenha de filme, bate-papo na internet, artigo de opinião,
outdoor, provérbios bíblicos expressões populares, histórias em quadrinhos,
charges entre outros. Foi escolhido “o Livro de provérbios” por atender aos gostos
dos leitores e aos interesses em compreender os mistérios deste livro que ensina
sabedoria, moralidade, sucesso e verdades práticas para aplicação no cotidiano.
A terceira etapa é chamada de ruptura do horizonte de expectativas. O papel
do professor aqui é dar condições para que os próprios alunos percebam que há
algo de estranho, de novo, no modo de proceder no, até então, conhecido. Para
tanto, deve introduzir textos e atividades que abalem as certezas e costumes dos
alunos, mas essa ruptura não deve se dar em todos os elementos de uma só vez.
Na etapa do questionamento do horizonte de expectativas os alunos/leitores
devem estar aptos para refletirem sobre o trabalho desenvolvido até o momento,
comparando as etapas anteriores a fim de julgar qual delas exigiu maior grau de
dificuldade e qual lhes proporcionou maior satisfação. Para que esse
questionamento se dê de maneira mais adequada, atividades que exijam mais dos
alunos/leitores, maior participação e discussão, são as mais indicadas. Esta etapa é
resultante da reflexão anterior feita pelos alunos, porém é preciso levá-los a
perceberem as mudanças que ocorreram no seu aprendizado sobre o ensino de
literatura, cotejando seus anseios iniciais e os de agora.
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A última etapa ampliação do horizonte de expectativas coincide com o início
de uma nova aplicação do método, porém com a grande vantagem de poder contar
com a participação dos alunos desde o início do processo. Conscientes de suas
novas possibilidades de manejo com a literatura partem para a busca de novos
textos, que atendam a suas expectativas ampliadas no tocante a temas e
composição mais complexos.
Foram selecionados os provérbios bíblicos: 6:6-11 Vai ter com a formiga, ó
preguiçoso; olha para os seus caminhos, e sê sábio. e Provérbios 11: 22 “ Como
jóia de ouro no focinho de porco, assim é a mulher formosa que não tem
discrição.”
A avaliação dos alunos aconteceu concomitantemente com as leituras dos
textos lidos e não serviu apenas como mera verificação da aprendizagem, mas
como um meio pelo qual os alunos tomaram consciência das mudanças e
aquisições de conhecimento proporcionadas pelo trabalho desenvolvido em sala.
As atividades de preparação para leitura dos provérbios têm como objetivo:
aumentar o domínio de escrita, ler para inferir e compreender o que está ou não está
explícito, estabelecer vínculo prazeroso entre leitura e escrita, descobrir a sabedoria
prática desses textos para o viver cotidiano, desenvolver a análise e compreensão
desse tipo de texto, valorizar a cultura popular.
O Livro de Provérbios é constituído de seções em forma de discursos, bem
como de coleções de declarações sábias sobre assuntos práticos da vida. O livro é
uma compilação, e sua composição estendeu-se por um longo período, com a obra
principal datada de cerca de 950 a.C. Os caps. 25 – 29 são identificados como
transcritos pelos “homens de Ezequias”, o que situa a cópia em cerca de 720 a.C.,
embora o material em si fosse de Salomão, talvez retirado de um documento
separado encontrado no tempo do Rei Ezequias.
Livro de Provérbios Capítulo 6: 6-11( Versículos de 6 à 11)
Estes versos são uma lição baseada na indústria da formiga. O pressuposto
subjacente é que não só o universo é ordenado, mas que existem pontos de
analogia entre o mundo até os humildes insetos e seres humanos.
6-Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos, e sê sábio.
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7-Pois ela, não tendo chefe, nem guarda, nem dominador,
8-Prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento.
9-O preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono?
10-Um pouco a dormir, um pouco a tosquenejar; um pouco a repousar de braços
cruzados;
11-Assim sobrevirá a tua pobreza como o meliante, e a tua necessidade como um
homem armado
A sabedoria contida no livro de Provérbios é tão significativa hoje quanto era
na época em que foi escrito. Não é um panfleto sobre a prosperidade, nem um guia
de como ter sucesso no sentido humano.
Provérbios mostra como ordenar os valores de alguém, o que conduz ao
caráter, que conduz à integridade, que conduz à satisfação. Ele adverte quanto às
armadilhas ao longo do caminho e declara a loucura de não desenvolver o temor do
Senhor.
Livro de Provérbios capítulo11: 22
“ Como jóia de ouro no focinho de porco, assim é a mulher formosa que não tem discrição.” Disponível em (http://www.artigonal.com/evangelho-artigos/proverbios-11-22-3711507.ht
Salomão faz uma analogia entre o "porco" e a "mulher que não tem discrição".
Não levando em consideração que nos últimos anos os porcos são criados,
alimentados e tratados em ambientes higienizados, próprios para garantir um
consumo seguro de sua carne, nem sempre, em outras épocas foi dessa maneira.
Os porcos na Bíblia eram considerados animais impuros, contaminados e a
Lei não permitiam que fossem utilizados na alimentação dos judeus. Mesmo em
nossa cultura, durante muito tempo, o consumo da carne deste animal era bastante
restritivo, exigindo cuidados super especiais, pois podiam transmitir doenças, caso
não fossem preparados com toda uma técnica cuidadosa em seu cozimento.
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Desta forma, a Palavra utiliza, metaforicamente, a figura deste animal para
identificar pessoas, particularmente "mulheres formosas" que agem como os porcos
em sua vida pessoal: revolvem-se na lama, deliciam-se no chiqueiro, saboreiam o
pecado como se fossem iguarias e acabam contaminando aqueles que consentem
em participar desse "banquete".
Nos cincos primeiros encontros foram estudados o Provérbio 6:6-11
Foi solicitado aos alunos que descrevessem em seus cadernos alguma
passagem bíblica ouvida pelos pais, amigos, família, na igreja. Esta atividade, assim
como todas as discussões relacionadas aos provérbios propiciaram uma dimensão
do social, do homem e do mundo.
Neste sentido, Bordini (1985), citada por Frantz (2001, p. 18), explica que “ler
é conhecer, mas conhecer-se; é integrar e integrar-se em novos universos de
sentidos; é abrir e ampliar perspectivas pessoais; é descobrir e atualizar
potencialidades”.
Foi organizada uma roda de discussão sobre as passagens bíblicas, os
ensinamentos deixados pelos profetas, as parábolas que Jesus ensinou. Em
seguida os alunos receberam uma cópia do Provérbio 6:6-11 e fizeram uma leitura
silenciosa. Após a leitura conversaram sobre os seguintes aspectos: livro, capítulo e
versículo. Os alunos fizeram a leitura da continuação do Provérbio na Bíblia,
analisaram capítulo e versículo e escreveram mensagens para o dia-a-dia. Houve
trocas de leitura e relatos de grande crescimento pessoal.
O aluno D. G. manifestou diante dos colegas que depois dos encontros de
leitura percebeu mudança na sua vida, conseguiu encontrar saídas para certas
situações do seu dia-a-dia.
Ao término de cada roda de leitura trabalhada semanalmente, os alunos
faziam suas reflexões, manifestavam e registravam suas opiniões.
Aluna F. A. M. O Provérbio compara uma formiga com um ser humano, quer
dizer que pessoas preguiçosas não têm força de trabalhar para tirar o seu próprio
sustento. Relata que as formigas não são preguiçosas e a vontade delas pela vida
de se manter no inverno é maior e não precisa que ninguém as mande fazerem isto.
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Aluna J. S. Devemos ser como as formigas, não depender das pessoas em
tudo que for fazer, saber se virar sozinho. Não precisar de incentivo para tentar lutar
na vida, confiar em si mesmo e seguir em frente, colher seu alimento a cada dia que
passar e não desanimar com aquilo que os outros falam para ferir o seu ser continue
no seu caminho que será recompensado.
As discussões em relação às opiniões dadas fizeram com que os alunos
percebessem que um provérbio é uma sentença curta que transmite uma verdade
moral de forma concisa e direta, geralmente contendo uma comparação poética ou
um contraste de idéias.
Nos próximos cinco encontros de leitura fizeram uma reflexão dos conceitos
de textos escritos na época de Salomão e na atualidade. A sabedoria contida no livro
de Provérbios é tão significativa hoje quanto era na época em que foi escrito. Não é
um panfleto sobre a prosperidade, nem um guia de como ter sucesso no sentido
humano.
Provérbios mostram como ordenar os valores de alguém, o que conduz ao
caráter, que conduz à integridade, que conduz à satisfação. Ele adverte quanto às
armadilhas ao longo do caminho e declara a loucura de não desenvolver o temor do
Senhor.
Muitos contrastes se repetem ao longo do livro. A antítese ajuda a clarear
sentido de muitas palavras-chave. Entre várias idéias que são colocadas em
contraste nesta sentença estão:
Sabedoria em X a Loucura;
Honra em X a Desonra;
Fidelidade em X a Adultério;
Foi entregue a cada aluno uma cópia do Provérbio para leitura em voz alta,
os alunos sugeriram que seria interessante um debate com os alunos sobre o
Capítulo 11 versículo 22 joia no focinho de porco. A turma foi dividida em dois
grupos: uma para defender a idéia da valorização da joia com as atitudes de um
cristão e outro para justificar a escolha do animal “porco” para transmitir a
mensagem. Tiveram tempo para cada grupo organizasse as idéias e as mensagens.
Escolheram um representante para expor o ponto de vista do grupo.
Aluna K. A. S.“Como joia de ouro no focinho de porco, assim é a mulher
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formosa que não tem discrição.” A joia transmite uma aparência de beleza e riqueza,
mas estando no focinho de um porco que na Bíblia era um animal impuro e
contaminado, faria com que a joia perdesse o seu valor e não se destacasse no
meio de tanta sujeira. Assim são as atitudes de um cristão que deve saber se
comportar de acordo com as regras impostas. Um cristão indiscreto não pode ser
visto como tal, pois já teria perdido o seu valor, a mulher formosa também, de que
adianta ter uma boa aparência e não ter um comportamento adequado desvaloriza a
pessoa.
Aluna J. A. R. Joia, pedra preciosa, raro de se encontrar, devemos ser como
joias preciosas raras, que fazem o que é certo, que cresce sabendo que no mundo
há dois caminhos a seguir e só nós podemos escolher o nosso caminho. Se as
pessoas seguem o que é certo, sabem que na sua fé conseguirão vencer cada dia.
Não adianta ter toda beleza... É preciso ter discrição, comportamento e respeito.
Nos próximos 8 encontros foram feitas leitura de Provérbios Populares. Os
provérbios fazem parte do folclore de um povo, assim como as superstições, lendas
e canções, pois são frutos das experiências desse povo, representando verdadeiros
monumentos orais transmitidos de geração em geração cuja autoridade está
justamente nessa tradição; para seus destinatários tão anônimos quanto seus
autores.
Foi solicitado aos alunos que relatassem um provérbio popular que aprendeu
em casa, com os amigos ou leu, em seguida receberam cópia de alguns provérbios
mais usados no dia-a-dia e fizeram leitura em grupo. O grupo conversou sobre a
relação dos provérbios com as atitudes de cada cristão ou cidadão. Escreveram as
influências dos provérbios populares na nossa cultura.
Aluna T. N. S. “Quem com ferro fere, com ferro será ferido.” Tudo aquilo que
um dia fizer a alguém tentando ferí-lo de algum jeito, sempre voltará para você.
Nunca tente atingir alguém achando que você sempre sairá por “cima”, talvez ache
que nunca acontecerá algo que irá te atingir, pelo contrário cada vez que magoar
alguém, será magoado. “Machucar alguém sentimentalmente não é brincadeira,
muitos perdem até a vida, devemos ter consciência com aquilo que falamos para o
próximo, não sabemos o dia de amanhã. Não pense somente na sua felicidade,
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tente tratar a todos de bom coração, afinal ninguém é maior que o outro, não julgue
sem antes olhar os seus problemas, também somos julgados.
Aluna K. A. S. Tudo na vida tem um tempo determinado, muitas vezes não
sabemos esperar o momento certo das coisas acontecerem. Sempre alcançaremos
alguma coisa esperando, sendo uma pequena meta ou grande. Oportunidades boas
e ruins aparecem constantemente na nossa vida, temos de estar preparados para
tomar a decisão certa, pois muitas atitudes erradas nos levarão a um caminho sem
volta.
Também é importante registrar a participação dos integrantes do GTR (Grupo
de Trabalho em Rede) que analisaram e discutiram as atividades propostas na
produção didático-pedagógica, via ambiente virtual. Dividiram experiências positivas
e negativas, muitos deles aplicaram as mesmas atividades deste projeto e
perceberam a aceitação por parte dos alunos. Houve relatos animados dos
professores que aplicaram e ampliaram a proposta. Uma professora relatou que não
concordava em levar para sala de aula este gênero textual envolvendo trechos
bíblicos porque geraria polêmica em relação à escolha religiosa, porém vendo as
atividades propostas aceitou o desafio e teve surpresas positivas, alunos tímidos se
interessaram, contribuíram aceitando como uma boa leitura.
Ao término da aplicação do projeto, os resultados foram positivos, houve
envolvimento das Pedagogas, Professores, Direção e Alunos, maior desempenho
em sala de aula, algumas mudanças de comportamento e maior aproximação entre
professor e aluno.
A contribuição deixada pelos estudantes revelou o quanto de sensibilidade e
visão de mundo eles possuem, a maneira e a visão de captar as coisas buscando
sempre o lado melhor de cada proposta.
3. CONCLUSÃO
Conforme ressaltado ao longo do texto, conclui-se que a leitura é algo
fundamental na formação humana, pois através dela a criança resolve conflitos, faz
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descobertas, compreende o mundo, adquire novos conhecimentos e se diverte, além
de muitos outros fatores que contribuem para o seu desenvolvimento emocional,
intelectual e social.
“Ler implica não só apreender o significado, mas também trazer para o texto
lido a experiência e a visão de mundo do leitor. Existe, portanto, uma interação
dinâmica entre leitor e texto, surgindo da leitura um novo texto” (ZILBERMANN,
1988:14).
Também se percebe que a criança necessita da mediação do outro para
consolidar e dominar autonomamente as atividades e operações culturais. Nesse
sentido, destaca Vygotsky (1984), que a educação escolarizada e o professor têm
um papel singular no desenvolvimento do indivíduo.
O professor que quer incentivar a leitura tem de ser, antes de tudo, leitor. Para
que isso aconteça, serão necessárias condições de trabalho para a formação de
leitores como, por exemplo, que as escolas disponham de boas bibliotecas com o
acervo atualizado de livros, jornais, revistas, de um bom computador ligado à
internet para a descoberta da palavra do mundo virtual etc.
Além disso, devem-se criar, nas salas de aula, o hábito e o gosto pela leitura,
através de leituras individuais e coletivas, e a leitura em voz alta para que se
descubra que a palavra tem melodia, encanto, vida e emoção. Palavra esta que
mostra seus segredos de contar história a quem sabe contar que estimula e leva à
reflexão e ao prazer.
Diante disto, compreende-se que o ensino de leitura está fundamentado nas
reais necessidades do aluno e que cabe à escola repensar a sua prática e criar
condições para a realização de um ensino interativo. Para atingir esse objetivo, é
preciso, antes de tudo, que a escola analise a sua postura e faça as modificações
necessárias, pois, só assim, ela estará superando o tradicionalismo que ainda
predomina no seu fazer pedagógico.
Em outras palavras, é preciso que os professores tenham consciência de que
o leitor e o texto mantêm entre si uma relação de interação e que nessa troca
diversos outros aspectos contribuem para a compreensão dos textos. Sentimos a
necessidade de uma prática de ensino em que o ato de ler se torne significante e
uma motivação para futuras leituras, bem como um recurso para a formação de
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leitores proficientes, criativos que possam compreender, analisar e se sobressair na
sociedade em que vive. Diante disto, podemos dizer o quanto é importante formar
leitores, pois na sociedade em que vivemos hoje, ler torna-se, cada vez mais,
imprescindível para vida social.
Portanto o gênero textual trabalhado, Provérbio: um gênero em duas esferas,
abre horizontes para uma leitura de mundo e de vida de forma diferente, é possível
perceber o que era tido como proibido no passado e que hoje as pessoas aceitam
com respeito. Provérbio é uma forma didática de comunicar sabedoria, adquirida
com as experiências do cotidiano, é essência de ensinamento que surge da própria
vida, são formas concentradas de experiências. Em muitas famílias, alguns
provérbios são passados ou repetidos de geração em geração, embora eles estejam
na Bíblia, é importante dizer que não é propriedade exclusiva de nenhuma religião
em particular. Pertencem à memória coletiva de uma época muito antiga e foram
escritos para sintetizar sentenças grandes e difíceis de serem memorizadas. Apesar
de escritos para suas épocas e para públicos-alvos específicos, vários textos são
atemporais. Entre eles, o livro de Provérbios, que traz uma série de afirmações de
sabedoria para a vida. Eles nos ajudam a entender porque devemos ter disciplina,
sabedoria e buscar viver a vida de forma a se orgulhar dela e deixar boas marcas
para a nossa próxima geração.
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Data: Curitiba, 25 de Junho de 2012.
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