Prova Eags Sad 2003 by Mozart

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ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁUTICA CONCURSO DE ADMISSÃO AO EAGS 2003 PROVA DE PORTUGUÊS (SAD) MARQUE NO CARTÃO DE RESPOSTAS O CÓDIGO DA PROVA . As questões de 01 a 40 referem-se a Língua Portuguesa Medo da eternidade Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade. Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas. Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou: — Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se acaba. Dura a vida inteira. — Como não acaba? — Parei um instante na rua, perplexa. — Não acaba nunca, e pronto. Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino das histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual já começara a me dar conta. Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca. — E agora que é que eu faço? — Perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver. — Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários. — Perder a eternidade? Nunca. O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola. — Acabou-se o docinho. E agora? — Agora mastigue para sempre. Assustei-me, eu não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da idéia de eternidade ou de infinito. Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar. Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia. — Olha só o que me aconteceu! — Disse eu em fingidos espanto e tristeza. — Agora não posso mastigar mais! A bala acabou! — Já lhe disse — repetiu minha irmã — que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá. Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra da boca por acaso. Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim. Clarice Lispector As questões de 01 a 07 referem-se ao texto acima. 01 – Qual dos trechos abaixo, retirados do texto "Medo da eternidade", retrata a perplexidade em que se encontra a personagem principal? a) "Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade." b) "Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas." c) "Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição." d) "Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra da boca por acaso." 02 – Ao longo do texto, a personagem principal demonstra mudanças de estado de espírito. Assinale a alternativa em que a passagem evidencia o sentimento expresso no título. a) "Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre." b) "Assustei-me, eu não saberia dizer por quê." c) "E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da idéia de eternidade ou de infinito." d) "Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia." 03 – A idéia de eternidade assustava a pequena menina porque a) a eternidade representava um mundo diferente do real, povoado de príncipes e fadas. b) a garota não se considerava à altura da eternidade; esta só lhe dava aflição. c) a eternidade durava a vida inteira, assim como o chicle que a sua irmã lhe comprara. d) não era muito comum entre as meninas da sua idade estar em contato com o elixir do longo prazer. 04 – Com relação ao texto, pode-se afirmar que a) um simples mundo torna-se símbolo de um mundo desejado, mas temido. b) as crianças, em geral, possuem uma imaginação criadora muito fértil, capaz de transportá-las ao mundo da fantasia. c) a menina se desilude com a realidade da vida e por isso deseja livrar-se da eternidade. d) a eternidade é como o chicle: no início é doce, mas, com o passar do tempo, torna-se sem gosto.

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ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁUTICACONCURSO DE ADMISSÃO AO EAGS 2003

PROVA DE PORTUGUÊS (SAD)

MARQUE NO CARTÃO DE RESPOSTAS O CÓDIGO DA PROVA .

As questões de 01 a 40 referem-se a Língua Portuguesa

Medo da eternidade

Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com aeternidade.

Quando eu era muito pequena ainda não tinha provadochicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabiabem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo odinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmodinheiro eu lucraria não sei quantas balas.

Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos decasa para a escola me explicou:

— Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca seacaba. Dura a vida inteira.

— Como não acaba? — Parei um instante na rua, perplexa.— Não acaba nunca, e pronto.Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o

reino das histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequenapastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer.Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, comooutras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira,para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me comaquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornandopossível o mundo impossível do qual já começara a me darconta.

Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.— E agora que é que eu faço? — Perguntei para não errar

no ritual que certamente deveria haver.— Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e

só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aímastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdivários.

— Perder a eternidade? Nunca.O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era

ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola.— Acabou-se o docinho. E agora?— Agora mastigue para sempre.Assustei-me, eu não saberia dizer por quê. Comecei a

mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento deborracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava.Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostandodo gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de umaespécie de medo, como se tem diante da idéia de eternidade oude infinito.

Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade.Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigavaobedientemente, sem parar.

Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola,dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.

— Olha só o que me aconteceu! — Disse eu em fingidosespanto e tristeza. — Agora não posso mastigar mais! A balaacabou!

— Já lhe disse — repetiu minha irmã — que ela não acabanunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir

mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chiclena cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você nãoperderá.

Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã,envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caírada boca por acaso.

Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.

Clarice Lispector

As questões de 01 a 07 referem-se ao texto acima.

01 – Qual dos trechos abaixo, retirados do texto "Medo daeternidade", retrata a perplexidade em que se encontra apersonagem principal?

a) "Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com aeternidade."

b) "Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para oreino de histórias de príncipes e fadas."

c) "Eu não quis confessar que não estava à altura daeternidade. Que só me dava aflição."

d) "Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã,envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chiclecaíra da boca por acaso."

02 – Ao longo do texto, a personagem principal demonstramudanças de estado de espírito. Assinale a alternativa em que apassagem evidencia o sentimento expresso no título.

a) "Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre."b) "Assustei-me, eu não saberia dizer por quê."c) "E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie

de medo, como se tem diante da idéia de eternidade ou deinfinito."

d) "Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola,dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia."

03 – A idéia de eternidade assustava a pequena menina porque

a) a eternidade representava um mundo diferente do real,povoado de príncipes e fadas.

b) a garota não se considerava à altura da eternidade; esta sólhe dava aflição.

c) a eternidade durava a vida inteira, assim como o chicle quea sua irmã lhe comprara.

d) não era muito comum entre as meninas da sua idade estarem contato com o elixir do longo prazer.

04 – Com relação ao texto, pode-se afirmar que

a) um simples mundo torna-se símbolo de um mundo desejado,mas temido.

b) as crianças, em geral, possuem uma imaginação criadoramuito fértil, capaz de transportá-las ao mundo da fantasia.

c) a menina se desilude com a realidade da vida e por issodeseja livrar-se da eternidade.

d) a eternidade é como o chicle: no início é doce, mas, com opassar do tempo, torna-se sem gosto.

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05 – Observe estas falas:

"– tome cuidado para não perder porque esta bala nunca seacaba. Dura a vida inteira.""– (...) E aí mastiga a vida inteira. (...)""– Agora mastigue para sempre."

As hipérboles registradas no discurso

a) revelam a intenção maldosa da menina de impressionar suairmã mais nova e obrigá-la a chupar o chicle, mesmo contraa sua vontade.

b) indicam meras interferências no texto de estruturas dalinguagem oral, sem qualquer relevância para a narrativa.

c) são utilizadas única e exclusivamente como um elementocaracterizador da personagem, pois retratam o nívelcoloquial da linguagem.

d) suscitam, pela intensificação exagerada que expressam, aperplexidade da pequena menina, despertando-lhe reflexõesde ordem filosófica.

06 – Verifica-se a utilização de linguagem conotativa naspassagens abaixo, exceto em

a) "Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava oelixir do longo prazer."

b) "Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa--puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada."

c) "Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para oreino de histórias de príncipes e fadas."

d) "Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim."

07 – Marque a alternativa em que o discurso assinalado nãocorresponda ao trecho ao qual se refere.

a) "Perder a eternidade? Nunca." – discurso diretob) "Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e

mesmo em Recife falava-se pouco deles." –ausência de discursoc) "— E agora que é que eu faço? — Perguntei para não errar

no ritual que certamente deveria haver." – discurso diretod) "Eu não quis confessar que não estava à altura da

eternidade." – discurso indireto

08 – Assinale a alternativa correta quanto à grafia.

a) Beber água com bircabonato causa desinteria.b) O aviador ficou frustado com a aterrisagem.c) Após depredar a casa, ele cometeu um fratricídio.d) Para ela era prazeiroso enganjar na FAB.

09 – Observe:

"Se você leu o filme, veja o livro. Digo, assista o disco."

Em relação ao texto acima, pode-se afirmar que

I- a incoerência semântica apresentada na seqüência de verbosjustifica-se, pois é objetivo mostrar que filme, disco e trilhasonora geram o mesmo prazer.

II- o sentido do que se quer dizer suplanta a não-observação daregência do verbo assistir, a fim de se manter o paralelismoquanto à repetição do artigo.

III- faz-se seleção e articulação vocabular para se compor umtexto publicitário; isso mostra que o tipo de texto influi noprocesso de construção de sentido.

Está correto o que se afirma em

a) I e II. c) II e III.b) I e III. d) I, II e III.

10 – "Entendo que para contar é necessário primeiramenteconstruir um mundo, o mais mobiliado possível, até os últimospormenores. Constrói-se um rio, duas margens e na margemesquerda coloca-se um pescador e esse pescador possui umtemperamento agressivo e uma folha penal pouco limpa, pronto:pode-se começar a escrever, traduzindo em palavras o que nãopode deixar de acontecer."

Em relação ao texto, pode-se fazer as seguintes considerações:

I- Tem por objetivo expor a opinião de seu autor quanto ao atode contar; por isso, é dissertativo.

II- Para opinar, utiliza-se de elementos presentes na descrição ena narração.

III- O primeiro período é descritivo; o segundo, narrativo edissertativo.

Está correto o que se afirma em

a) I apenas. c) I e II.b) II apenas. d) II e III.

11 – "(...) Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa,tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumaslágrimas poucas e caladas...(...) Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a genteque estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quislevá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momentohouve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os daviúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos,como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também onadador da manhã."

("Dom Casmurro" - Machado de Assis)

Num nível superficial de leitura, detecta-se a enumeração dasações de Capitu frente ao cadáver, velado também pela amiga.Num nível mais profundo de leitura, entretanto, pode-se detectarque a intenção é expressar a desconfiança de que ela sentia asdores da própria viúva. Tudo isso se confirma através da

a) narração.b) descrição.c) narração-descritiva.d) descrição-narrativa.

12 – Marque a única alternativa em que o pleonasmo funcionacomo função estética e não como defeito.

a) Participei de uma promoção no shopping para ganhar umcomputador grátis.

b) A você, nunca se mostra triste; ao contrário é pura expressãode contentamento.

c) Os jornais anunciaram os nomes das empresas quedisputavam, na cidade, o monopólio exclusivo no setor detransportes.

d) Os relatórios finais das pesquisas do censo foram solicitadosao IBGE com premente urgência.

13 – Assinale a alternativa em que determinada ausência deacentuação não caracteriza erro, mas mudança de sentido.

a) Tem-se deteriorado toneladas de alimentos em grandesarmazéns, mas a fome continua.

b) Há artistas que dizem que a boemia é o alimento de suasgrandes obras.

c) O projetil é a lembrança de uma ave sem asas capaz de matar.d) O menino só pode viajar em função da autorização de seu pai.

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14 – Assinale a alternativa em que a conotação seja expressapela mesma figura de linguagem presente em "Asas, tontas deluz, cortando o firmamento." (Olavo Bilac)

a) "A favela é o quarto de despejo da cidade."

b) "Sede assim (...)Igual à pedra detida,sustentando seu demorado destino."

(Cecília Meireles)

c) "Ausente para sempre da casa materna, a figura paternaparece mergulhá-la docemente na eternidade, enquanto asmãos maternas se fazem mais lentas..."

d) "E onde não queres nada nada faltaonde voas bem alta eu sou o chão"

(Caetano Veloso)

15 – No processo de formação de palavras por composição, sejaqual for sua forma, há sempre um elemento determinado e umdeterminante. Via de regra, na Língua Portuguesa, odeterminado precede o determinante, mas, às vezes, pode ocorrero contrário, é o caso, por exemplo, dos compostos eruditos.

Veja esta seqüência de palavras:

I- hospital-escolaII- mãe-pátriaIII- agriculturaIV- vinagreV- quiromancia

Os determinados estão pospostos aos determinantes em

a) I, III e IV.b) II, III e V.c) I e IV apenas.d) II e V apenas.

16 – Analise os textos:

I- "quismudar tudomudei tudoagorapostudoextudomudo"

II- "Agora sobre as nuvens que subiamAs ondas de Netuno furibundoAgora a ver parece que desciamAs íntimas entranhas do Profundo"

III- "Minha terra tem palmeiras,Onde canta o SabiáAs aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá"

IV- "Passo e vejo sobrevoando as águas escurasde poluiçãoo vôo branco da garça cortandoa tarde."

Encontra-se a antítese em

a) I e II.b) II e IV.c) I e III.d) III e IV.

17 – Observe:

"Minha vida era um palco iluminadoEu vivia vestido de douradoPalhaço das perdidas ilusões ...Cheio de guizos falsos da alegriaAndei cantando a minha fantasiaEntre as palmas febris dos corações."

A palavra grifada acima está em sentido metafórico,estabelecendo relação de semelhança com

a) felicidade. c) representação.b) tablado. d) palanque.

18 – O discurso da personagem que se constrói pela quebra deelos subordinativos apresenta-se em

a) "Já nessa altura eu tinha pegado a segurança de uma figueirae lá de cima, no galho mais firme, aguardava a deliberaçãodo lobisomem (...) sujeito especial em lobisomem como eunão não ia cair em armadilha de pouco pau." (José deCarvalho)

b) "O rancor roncava no seu peito vazio. Uns comunistas, era oque eram; uns comunistas. Olhou-os com sua cólera develha." (Clarice Lispector)

c) "O gesto de Gomes revoltou Vadão (...). A polícia militarfoi chamada (...) 'Falei que meu animal fora agredido e queo segurança deveria ser preso’." (Renato Lombardi)

d) "O meu amor não teveimportância nenhuma.

(...)Desfolha-se por quem?Para quem se perfuma."

19 – "Funérea campa com fragor rangeu;Branco fantasma semelhante a um monge,Dentre os sepulcros a cabeça ergueu."

Analisando os termos em destaque, nos versos acima, podemosdizer que

a) a escrita das palavras prejudica a percepção da rima, uma vezque temos uma combinação entre um ditongo e um tritongo.

b) a percepção da rima não fica prejudicada porque o que contaé a sonoridade, não importando, pois, que haja ditongo etritongo.

c) a percepção da rima não fica prejudicada; há equivalênciaentre os termos, tanto na escrita quanto na sonorização;temos hiato.

d) a percepção da rima não fica prejudicada; há equivalênciaentre os termos, tanto na escrita quanto na sonorização;temos ditongo.

20 – Assinale a alternativa que está de acordo com a GramáticaNormativa no que se refere à acentuação.

a) Todas as palavras da língua apresentam tonicidade, ou seja,apresentam uma sílaba que soa com maior intensidade que asoutras.

b) Do ponto de vista do número de sílabas, as palavrasclassificam-se como oxítonas, paroxítonas, proparoxítonas.

c) Existem palavras sem autonomia fonética, que sãopronunciadas como um acréscimo átono à palavra em que seapóiam; entre elas estão os artigos e as preposições.

d) A acentuação gráfica nem sempre estará de acordo com atonicidade das palavras, daí a necessidade de marcação paraque não se incorra em erros.

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21 – "No meio da natureza brasílica, tão rica de formas e cores,onde os ipês floridos derramam feitiços no ambiente e ainfolhescência dos cedros, às primeiras chuvas de setembro,abre a dança dos tangarás ..." (Monteiro Lobato)

Quanto à estrutura de palavras, é correto afirmar, em relação aostermos destacados, que

a) todos os sufixos, acrescidos aos radicais, transformam aspalavras em adjetivos.

b) há, em todos eles, desinência de gênero.c) há a presença de prefixos e sufixos em todos eles.d) apenas um apresenta desinência que também é desinência verbal.

22 – "Bastante decepcionada, a garota avistou, adiante, seunamorado abraçado com sua colega. Debalde encontrou explicaçõespara aquela cena; jamais, entretanto, deixará de lembrá-la."

Classifique os advérbios, respectivamente, no trecho acima eassinale a alternativa correta.

a) intensidade – lugar – modo – tempob) modo – lugar – tempo – dúvidac) dúvida – modo – dúvida – tempod) intensidade – tempo – modo – dúvida

23 – Assinale a alternativa cujo tempo verbal está no pretéritoperfeito composto da voz passiva.

a) Ele tem pedido que não façamos isto.b) Tinha pedido que tivéssemos paciência.c) Tenho sido guiado pela luz divina.d) Fora guiado pela luz divina.

24 – Das expressões destacadas, assinale aquela que secaracteriza como locução pronominal indefinida.

a) "A humanidade marcha com a Bíblia por bandeira." (CastroAlves)

b) "Abaixou-se junto dele, depôs a lâmina no chão." (Álvaresde Azevedo)

c) "Onde quer que você esteja, estaremos com você" – disse amãe ao rapaz.

d) A solidão do garoto era grande, mesmo nas ruas. Uma ououtra pessoa dirigia-lhe o olhar, lançando-lhe uma esmola.

25 – Assinale a alternativa em que se observa o uso de umpronome relativo que tenha, em qualquer contexto, funçãoexclusiva de pronome relativo.

a) Esperam-se soluções que sejam eficazes no combate aoanalfabetismo.

b) Referiu-se ao escritor por quem demonstrava total admiração.c) Não fomos capazes de resolver os problemas os quais

garantiriam nossa aprovação no vestibular.d) Parecia que havia esquecido tudo quanto fora dito na reunião.

26 – Assinale a alternativa que apresenta oração coordenadasindética adversativa.

a) "Todo dia o sol levantae a gente canta ao sol de todo dia."

b) "Você me quer justo, e eu não sou justo mais."c) "Na primeira noite eles se aproximam

e roubam uma flordo nosso jardim."

d) "Ama e passa e não demonstraSua guerra, sua paz."

27 – Assinale a alternativa em que o emprego inadequado dosubstantivo coletivo torna absurdo o sentido da frase.

a) Mesmo vendo aquele ataque por meio de uma tela, os vôosrasantes da esquadra causavam arrepios em todos nocinema.

b) O evento no MASP foi maravilhoso, pois abrangeu pintura,escultura, música e dança. A academia fez-se solícita comtodos os visitantes.

c) Os brinquedos foram meticulosamente organizados: a turmados mais novos, guardada devidamente nos armários; a dosmais velhos, colocada em caixas, a fim de ser doada.

d) A flora amazônica é, sem dúvida, uma grande riqueza e umafonte de recursos para a farmacologia, mas deve ser muitobem controlada.

28 – Assinale a alternativa em que a justificativa da pontuaçãoesteja incorreta.

a) As mulheres querem ser fiéis a seus ideais, e não podem.(vírgula para dar ênfase ao termo posposto.)

b) A criança chorava, e berrava, e gritava, e esperneava, e faziatodo mundo louco! (vírgula nos polissíndetos.)

c) Esperamos que nossas reivindicações sejam ouvidas.eatendidas. (reticências para indicar pausa maior que aquelasugerida pela vírgula.)

d) Nós vencemos o jogo; não fique, portanto, assim tão triste!(ponto e vírgula usado para separar orações coordenadas.)

29 – Assinale a alternativa em que há erro de pontuação,segundo a norma culta.

a) "O embaixador Mário de Oliveira Dias, antes de deixar arepresentação brasileira no Paraguai, conseguiu vender seucarro Rolls-Royce. Quem comprou foi o próprio presidenteJuan Carlos Wasmosy." (Veja, fev./98)

b) "A seca aparecia-lhe como um fato necessário e aobstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculomiúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiroprecisava chegar ..." (Graciliano Ramos)

c) "Quem acusa, logo é objeto de desqualificação moral. Osacusados, alvos de denúncias substantivas, partem para ocontra-ataque na tentativa de atingir seus acusadores ..."(Folha de S. Paulo, jul./92)

d) "Muitos encontros e surpresas. Pensamentos corriam naminha mente, e, às vezes, me perguntava o que fazianaquele instante, ali sentada." (redação de aluno)

30 – "E se somos Severinosiguais em tudo na vida (I)morremos de morte igual, (II)mesma morte severina:que é a morte (III) de que se morrede velhice antes dos trinta..." (IV) (João C. de M. Neto)

Coloque C (certo) e E (errado) para as afirmações abaixo.

( ) Na oração I e II, o sujeito é oculto.( ) Na oração III, o pronome relativo que funciona como sujeito.( ) Na oração IV, o sujeito é velhice.( ) Nas orações III e IV, há sujeito indeterminado.

Assinale a alternativa que contém a seqüência correta.

a) C, C, E, E c) E, E, C, Cb) E, C, C, E d) C, E, C, E

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31 – Enumere as orações abaixo, conforme o código e assinale aalternativa que contém a seqüência correta.

I- concessão II- conseqüênciaIII- finalidade IV- hipótese

( ) Muito me magoou, de sorte que não mais nos falamos.( ) Não o esquecerei sem que antes olhe em seus olhos.( ) Estudarei todas as possibilidades para que possa agradar-lhe.( ) Líncon acertou todos os exercícios sem que eu lhe ensinasse.

a) II, IV, III e I c) II, I, III e IVb) IV, III, II e I d) IV, I, III e II

32 – "A beleza do mundo me sustenta.E o formoso pão matinalque a mão mais humilde depositana mesa que separa."

As palavras grifadas no texto acima exercem, respectivamente, afunção sintática de

a) complemento nominal, objeto indireto e objeto direto.b) adjunto adnominal, objeto direto e objeto direto.c) adjunto adnominal, objeto direto e sujeito.d) complemento nominal, objeto direto e sujeito

33 – Observe os períodos abaixo:

I- "O abrandamento econômico não comporta nenhumaconseqüência política; faz-se concessões ao capitalismoapenas para evitar que o povo cubano morra de fome."

II- São muito estudiosos os alunos e as alunas desta Escola.III- Depois de muito trabalhar no Japão, ela possuía bastante

recursos para viajar.IV- O diretor avisou aos professores que meia classe foi mal na

prova porque os alunos estavam meio tensos.

A alternativa em que os períodos estão corretos, quanto àconcordância nominal, é

a) apenas II e IV. c) apenas I, II e IV.b) apenas I e III. d) apenas I, II e III.

34 – Assinale a alternativa em que o uso do acento grave não éfacultativo, segundo o gramático Luís Antônio Sacconi em NossaGramática – Teoria e Prática – 25ª edição – Atual Editora –1999.

a) Dei um anel de brilhantes à Natália, que nem sequer meagradeceu.

b) Não me refiro às respostas de João, mas às tuas.c) Irei à França concluir meu Doutorado.d) Eles foram até à praia, mas não conseguiram encontrá-la.

35 – Assinale a única alternativa que apresenta discurso direto.

a) "Pra que visteNa minha janelaMeter o nariz (...)Deixa-te de históriasSome-te daqui!" (Vinícius de Moraes)

b) "Agora, o que eu queria saber com autocrueldade era oseguinte: temera que os outros me vissem ou que os outrosnão me vissem?" (Clarice Lispector)

c) "Um grito pula no ar como foguete.Vem da paisagem de barro úmido, caliça e andaimes hirtos."(Carlos D. de Andrade)

d) "Penso em Madalena com insistência. Se fosse possívelrecomeçarmos... Para que enganar-me?"(Graciliano Ramos)

36 – Observe o termo em destaque no trecho a seguir e assinale aalternativa que traz a correta consideração a seu respeito quantoà justificativa de sua grafia.

"Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino; porquenão há amor tão robusto que chegue a ser velho."

(Pe. Antônio Vieira)

a) Trata-se de uma interrogativa indireta.b) Porque é uma conjunção explicativa, e somente neste caso

justifica-se tal grafia.c) Busca-se explicitar o motivo do que se afirma na primeira oração.d) A palavra porque introduz um enunciado afirmativo, e,

neste caso, faz-se uso de conjunção, seja explicativa, sejacausal.

37 – Marque a alternativa em que os elementos estruturais dosvocábulos retirados do texto abaixo não foram classificadoscorretamente.

"Vozes veladas, veludosas vozes,Volúpias dos violões, vozes veladas,Vagam nos velhos vórtices velozesDos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas." (Cruz e Souza)

a) "veladas" e "veludosas" são vocábulos cognatos, poispossuem o mesmo radical, - vel.

b) Em "vagam", - m é a desinência número-pessoal.c) O vocábulo "vozes" apresenta a vogal temática - e.d) A palavra "ventos" possui desinência zero de gênero, pois o

elemento - o é vogal temática.

38 – Observe a concordância nominal nos período abaixo.

I- Os cavalos brasileiros saíram disparados , assim que deu osinal de largada.

II- Há bastantes meses, no aniversário de Lúcia, suas primaschegaram todas molhadas e ficaram doentes.

III- Ontem elas foram ao shopping e compraram livros o menoscaros possível.

IV- A Seção de Concursos comunicou aos professores que énecessário muita questão de nível médio para a próximaprova.

Estão corretas, quanto à norma culta:

a) I, III e IV apenasb) I, II, III e IV.c) II e IV apenas.d) III e IV apenas.

39 – Assinale a alternativa em que não há dígrafo vocálico naspalavras grifadas.

a) "Quando nasci, um anjo tortodesses que vivem na sombradisse: 'Vai, Carlos! Ser gauche na vida.' " (Carlos Drummond deAndrade)

b) "Chove chuva choverandoQue a cidade de meu bemEstá toda se lavando." (Oswald de Andrade)

c) "Não morrerá cem poetas nem soldadosA língua em que cantaste rudementeAs armas e os barões assinalados." (Manuel Bandeira)

d) "Tu não verás, Marília, cem cativostirarem o cascalho e a rica terra,ou dos cercos dos rios caudalososou da minada serra." (Tomás Antônio Gonzaga)

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40 – Segundo a norma culta, a regência verbal está correta em:

a) Durante toda a infância, os avôs diziam que o pai lhe queriamédico.

b) O juiz mandou proceder o reconhecimento, à véspera daseleições, em Brasília, de vários títulos falsificados.

c) O estudo profundo das ciências implica em prévia aquisiçãode múltiplos conhecimentos.

d) O Ministro respondeu ao Governador:– É honraria muito cobiçada, e no entanto a ela não aspiro.

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01 B02 C03 B04 A05 D06 C07 A08 C09 B10 C11 D12 B13 D14 C15 B16 B17 C18 B19 D20 C21 D22 A23 C24 D25 C26 B27 A28 D29 C30 A31 A32 B33 A34 B35 A36 D37 A38 A39 D40 D