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Prova de Aptidão Artística Relatório Joana Margarida Leite nº11 12ºD3 Trabalho elaborado para o Curso de Comunicação Audiovisual, especialização em Fotografia, orientado pela Prof.ª Luísa Fragoso Resumo: Neste relatório constam os trabalhos elaborados por mim para a Prova de Aptidão Artística: o projeto de reportagem “Electric Views”, o projeto de arquitetura “Porto Reconstruído”, o projeto de retrato/corpo conceptual “Tripeiras” e ainda o autorretrato “Sombra”.

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Prova de Aptidão Artística Relatório

Joana Margarida Leite nº11 12ºD3

Trabalho elaborado para o Curso de Comunicação Audiovisual, especialização em Fotografia, orientado pela Prof.ª Luísa

Fragoso

Resumo: Neste relatório constam os trabalhos elaborados por mim para a Prova de Aptidão Artística: o projeto de reportagem “Electric Views”, o projeto de arquitetura “Porto Reconstruído”, o projeto de retrato/corpo conceptual “Tripeiras” e ainda o autorretrato “Sombra”.

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO

2. REPORTAGEM “Electric Views” 2.1 Introdução à reportagem 2.2. Pesquisa/Contextualização 2.3. Planificação/Execução 2.4. Influências 2.5. Imagens Finais 2.6. Reflexão

3. ARQUITETURA “Porto Reconstruído” 3.1. Introdução ao projeto de arquitetura 3.2. Pesquisa/Contextualização 3.3. Influências 3.4. Planificação/Execução 3.5. Pós-produção 3.6. Imagens Finais 3.7. Reflexão

4. RETRATO/CORPO CONCEPTUAL “Tripeiras” 4.1. Introdução ao projeto de retrato/corpo conceptual 4.2. Contextualização/Intenção 4.3. Influências 4.4. Planificação/Execução 4.5. Pós-Produção 4.6. Imagens Finais 4.7. Reflexão

5. AUTORRETRATO “Sombra” 5.1. Introdução ao projeto de auto-retrato 5.2. Intenção 5.3. Influências 5.4. Imagem Final 5.5. Reflexão

6. CONCLUSÃO

7. FONTES

8. ANEXOS

8.1. Screenshot (pós-produção arquitetura) 8.2. Screenshot (pós-produção retrato/corpo conceptual) 8.3. Momento de Avaliação 1º e 2º período

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1. INTRODUÇÃO

A Prova de Aptidão Artística, em especialização de Fotografia, consiste na concretização de quatro projetos – um de reportagem, um opcional (arquitetura, moda ou paisagem), um conceptual retrato/corpo e um autorretrato –, sendo que cada um destes projetos são constituídos por doze imagens cada, menos o autorretrato que é composto por uma única fotografia e é obrigatoriamente apresentado em formato analógico; dos restantes projetos é possível selecionar um ao nosso critério para ser efetuado também neste formato, sendo que os restantes serão produzidos em formato digital.

Neste ano letivo 2014/2015 o tema escolhido foi a cidade do Porto, sendo que os projetos requeridos têm de ser elaborados em torno deste tema.

Este relatório está dividido pelos quatro projetos solicitados nesta prova e aqui consta o processo de desenvolvimento dos projetos concebidos, desde a pesquisa por de trás do projeto, ao esclarecimento do propósito do mesmo.

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2. REPORTAGEM

2.1. Introdução ao projeto de reportagem

A fotografia de reportagem visa registar algo de forma clara e evidente. Foi no seguimento desta definição que me guiei para a realização do meu projeto de reportagem, que visa apresentar a visão da cidade do Porto de um residente na cidade ou turista, ao longo do percurso num carro elétrico coletivo. Este transporte é utilizado na cidade desde os inícios do século XX sendo que é uma atração para os turistas que visitam a cidade.

2.2. Pesquisa/Contextualização

O intitulado “carro americano” foi o percursor do carro elétrico, tendo sido um meio de transporte coletivo movido por tração animal. O nome surge pelo facto dos primeiros carros deste tipo terem sido produzidos nos Estados Unidos da América, nos inícios do século XIX. No ano de 1872 é criada uma linha entre Nova York e Haarlem, nos Estados Unidos. Esta inovação propagou-se em várias cidades da Europa e Portugal não foi exceção. Cidades portuguesas como Braga, Coimbra, Funchal, Lisboa, Porto, Póvoa de Varzim e Vila do Conde utilizavam este meio para transporte.

Posterior ao carro americano, em 1878, no Porto, surgem as linhas de transporte público que tinham como meio a tração a vapor e, na data de 1895, aparece a primeira linha da Península Ibérica de carros elétricos.

Em 1914, a tração a vapor deixa de ser usada e, na cidade do Porto, é utilizado o carro elétrico como transporte público urbano, consequência do facto de ser uma cidade desarrumada na sua planta, procurava-se um meio de transporte revolucionário, económico e viável para a cidade, sendo consensual a utilização do carro elétrico, o aumento de capital facilitou a aquisição de veículos novos e investimento da instalação da linha aérea.

A utilização deste transporte trouxe inúmeras vantagens para a população da cidade, os horários eram mais regulares pelas velocidades serem estabelecidas, facilitava a multiplicação de unidades de transporte visto não estarem dependentes das grandes quantidades de animais, melhorou a circulação nas ruas mais acentuadas e era um transporte que usava uma energia limpa, causando uma grande organização da cidade, alargando o seu perímetro por agregar antigos subúrbios e criando outros.

A primeira linha de carros elétricos surge em 1895 e percorria desde o Carmo à Arrábida e, posteriormente, pela Foz e Matosinhos, expandindo-se por toda a cidade, sendo o meio de transporte urbano mais importante desde o início do século XX até aos início dos anos 60 desse mesmo século.

2.3. Planificação/Execução

O projeto inicial que executei para o trabalho de reportagem tinha como tema a imigração na cidade do Porto, mas por falta de compatibilidade de tempo entre mim e os retratados e má gerência do tempo da minha parte, fez com que abandonasse o projeto.

Escolhi realizar em analógico, optando por fotografar a zona histórica da cidade no elétrico Carmo-Batalha e Infante-Passeio Alegre.

Neste projeto usei uma máquina analógica Nikon FM10 e filme fotográfico Ilford FP4 Plus 125 ISO a preto e branco. Posteriormente realizei todo o processo de revelação dos rolos fotografados e impressão das fotografias em papel Ilford 18x24. Antes de iniciar a impressão das fotografias, realizei provas por contacto para realizar uma seleção das imagens. Durante o processo de impressão reenquadrei as imagens e tentei obter um conjunto de imagens coerentes.

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2.4. Influências

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2.5. Imagens Finais

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2.6. Reflexão

Só até ter começado a fotografar dentro do elétrico é que entendi quanto os turistas apreciam a cidade do Porto. Das vezes que andei de elétrico fui interiorizando a mesma atitude de curiosidade dos turistas e dei por mim a apreciar a cidade como nunca tinha feito antes.

Neste projeto tive bastantes dificuldades logo desde início, sendo que não me sentia suficientemente à vontade a fotografar em analógico, nos rolos posteriores aos dois primeiros, já me sentia muito mais confortável a fotografar. Refletindo todo o processo de desenvolvimento adjacente a este projeto sinto-me muito mais confortável a fotografar, pois foi uma experiência bastante enriquecedora.

3. ARQUITETURA

3.1. Introdução ao projeto de arquitetura

A fotografia de arquitetura remonta para o início da própria fotografia, “View from the Window at Le Gras” de Nicéphore Niépce (1826-27), “Latticed Window at Lacock Abbey” de William Henry Fox Talbot (1835) são fotografias captadas nos primórdios do aparecimento da fotografia e consideradas também fotografias de arquitetura, pois apresentam vistas de edifícios.

Para a realização deste projeto, tendo em conta que deveria recair sobre a cidade do Porto, estabeleci uma relação entre a arquitetura vigente na cidade e a reedificação da mesma, sendo que fotografei somente edifícios em reconstrução. A principal inspiração para este projeto foi o trabalho de Loren Nelson: “Buildings in Transition”.

3.2. Pesquisa/Contextualização

Depois de pesquisar sobre a fotografia de arquitetura e encontrar inspirações para o meu projeto, realizei uma pesquisa direcionada à reabilitação urbana da cidade do Porto, mais especificamente na sua zona histórica. O centro histórico da cidade do Porto, no ano de 1996, foi incluída pela UNESCO numa seleção de património mundial, que afirma que a cidade “possui notável valor universal pelo seu tecido urbano e pelos seus inúmeros edifícios históricos que testemunham o desenvolvimento ao longo do último milénio de uma cidade europeia virada para o ocidente pelas suas ligações comerciais e culturais”, sendo que a proteção e restauração desse mesmo património é uma tarefa de grande importância.

“Proteger, Preservar, Valorizar e Promover o Centro Histórico do Porto Património Mundial, Expressão Física da Natureza Universal da Criatividade Humana, Coração e Alma da Cidade, Fonte de Vida e Inspiração das Gerações Atuais e Futuras.” (Câmara Municipal do Porto)

É aqui que reside a intencionalidade deste projeto que visa dar a conhecer exatamente esse trabalho de reedificação que foi realizado nos edifícios que fazem parte da zona histórica que já está em prática na cidade desde o ano de 2008 e que tem um único propósito: promover a cidade do Porto, tornando-a mais saudável, mais funcional e tornando-a uma atração turística.

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3.3. Influências

Ao longo da história da fotografia, as estruturas arquitetónicas tornaram-se motivos de grande importância, sobretudo do início ao meio do século XX, pois as estruturas estavam a tornar-se um meio de rutura com as formas tradicionais, sendo que a fotografia de arquitetura ganhava cada vez mais impacto pelas suas linhas diagonais, sombras arrojadas e ainda pelo uso de novas técnicas. Exemplo desse rompimento com os cânones conservadores foi o construtivismo russo, que sofreu grande influência na arquitetura e na arte ocidental e inspirava-se nas novas perspetivas que surgem como consequência das novas técnicas e materiais. Alexander Rodchenko foi o expoente da fotografia desta época, conjugando a inovação, a oposição ao retrato estético daquela época e com diferentes pontos de vista (muito picado ou contra-picado), no intuito de chocar quem vê as fotografias.

Outro artistas que tomei como influência foram Thomas Struth e Gabriele Basilico, sendo que a maior influência que tive para este trabalho, como já foi referido, foi o trabalho de Loren Nelson, intitulado “Buildings in Transition”.

Loren Nelson, “Buildings in Transition”

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Alexander Rodchenko

Thomas Struth, Dusseldorf

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3.4. Planificação/Execução

O projeto de arquitetura foi pensado e executado durante o segundo período. Numa primeira fase, posteriormente à pesquisa elaborada para este projeto, realizei uma repérage para conseguir perceber de que modo poderia realizar o projeto, que enquadramentos poderia fazer e que edifícios seriam mais interessantes de fotografar. Ao realizar a repérage, deparei-me com algumas dificuldades com os enquadramentos e com a fotometria, pois os edifícios que fotografava devido aos edifícios à frente e da posição do sol naquela altura, faziam com que metade do edifício fotografado estivesse com sombra e a outra metade estivesse exposto ao sol e mesmo que fizesse bracketing e fizesse tratamento das fotografias em trabalho de pós-produção, o resultado não seria o pretendido. Optei por realizar planos mais pormenorizados, sendo que fui várias vezes fotografar vários edifícios. Quando já tinha as doze fotografias, já com algum trabalho de pós-produção, achei que o projeto deveria conter mais contextualização e, portanto, voltei a ir fotografar, desta vez planos mais abertos em que fosse possível ver-se mais do edifício e daquilo que o rodeia. O projeto é composto por doze imagens digitais com fotografias de edifícios das ruas: Almada, Ceuta, Clérigos, Conde de Vizela, Estêvão, Cais da Estiva e Mouzinho da Silveira.

Repérage

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Mapa com indicação das ruas dos edifícios fotografados

3.5. Pós-Produção

O trabalho de pós-produção que este projeto precisou foi todo efetuado nos programas Lightroom e Photoshop. Depois de efetuar uma seleção das fotografias, efetuava o tratamento da luz no Lightroom e no Photoshop realizava o tratamento de pormenores mais minuciosos e ainda a alteração de alguns elementos menos agradáveis, assim como endireitava as fotografias.

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3.6. Imagens Finais

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Rua dos Clérigos

Rua dos Clérigos

Rua de Ceuta

Rua Estêvão

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Rua Conde de Vizela

Cais da Estiva

Rua do Almada Rua Mouzinho da Silveira

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3.7. Reflexão

Antes da realização deste projeto já tinha entrado em contato com a fotografia de arquitetura, mas com a pesquisa que elaborei fiquei a conhecer trabalhos de artistas que me fascinaram imenso. A fotografia de arquitetura requer um jogo de linhas e enquadramentos e dá aso para a exploração das mesmas. Sendo que este foi o primeiro projeto de arquitetura que efetuei, sinto bastante orgulho nele porque acho que me ultrapassei em termos de capacidades técnicas.

4. RETRATO/CORPO CONCEPTUAL

4.1. Introdução ao projeto retrato/corpo conceptual

Este projeto tem como tema fulcral as mulheres da cidade do Porto e visa transmitir as suas características mais fortes e distintivas, para isso, tive como ponto de partida a música “Mão Pesada” da Capicua, que no meu ponto de vista pessoal caracteriza de forma bastante peculiar a mulher do Porto.

Realizei doze retratos de mulheres do Porto e, tendo como influência o trabalho de Barbara Kruger, inseri frases retiradas da música da Capicua.

4.2. Contextualização/Intenção

As mulheres do Porto e em geral da zona norte do país, são bastante conhecidas pelas suas características fortes e normalmente são distinguidas pela pronúncia, garra e atitude. Este trabalho é elaborado com o intuito de destacar essas características, mas a sua intenção não é enaltecer ou caracterizar de forma superior a mulher nortenha em relação às restantes do país, visto que o tema principal desta prova é a cidade do Porto, foquei-me somente nas características gerais da mulher portuense e nortenha.

Dou-te com a mão pesada,quando é carinho ou quando é castigo

Olho de cara lavadaquando te digo que sou perigo

Eu só tenho uma palavradita na tua cara, clara como a água

Eu agarro, eu não abraço,dás o dedo, quero o braço

Rosa dos ventos no cabelo, estrela polar ao peitoPorte de mulher do norte, forte ar de respeito Jeito de quem traça a eito, comanda a valsa,

Feito de ter graça, raça é o conceitoManda na praça e não disfarça que é rainha altiva

Menina matriarca marca de cidade-divaBusto de granito esculpido no fio da navalhaCurto é o pavio em rastilho, fagulha brava!

Quem é que encanta com o sorriso de catraia

Tem mão na anca, se preciso roda a saiaLaia levada da breca, senão te curte é direta

Não consegue pôr cara de quem recebe uma canecaSe o homem não se comporta, troca o canhão da porta

E depois sai louca pa beijar na boca à cariocaPorque tem pêlo na venta, Kahlo como a Frida

Na vida, não se lamenta, aguenta de cabeça erguida.

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A prosa que enfeitiça, maga manha que conquistaDengosa sem preguiça, atiça a cobiça à vista

Tem alma cigana, cigarra atarefadaSem calma comanda a cidade à desgarrada.

Guerreira, arregaça as mangas e chega onde querVeio mudar por estas bandas, o conceito de Mulher

Antes só a fumar charros na banheiraQue ficar a ganhar pó, com dó de si na prateleira

Tripeira, com muito orgulho, tripa por qualquer bagulhoEvita dizer “tem calma!”, senão assumes barulho

Quando ama é por inteiro, ergue à volta uma muralha Mas pensa nela primeiro, não se fica por migalha.

Para onde aponta a bússola, é o azimutePara quando a afronta é explicita, é atitudeNão iludo trago música translúcida no clube

O zumbido ao teu ouvido é o efeito da altitudeGrito sou guerreira, desnorteio, sou nortenha

E impero porque carrego o meu sonho convictaTripo, sou tripeira, de ferro sou ferrenha

E não nego que mantenho o meu trono invicta!

Mão Pesada – Capicua (letra)

Faço uso de algumas expressões destacas em cima, sendo que escolhi optar por usar as cores preto (para fundo e letras) e vermelho (para fundo dos retângulos), pois são duas cores fortes e que contrastam e por isso captam a atenção de quem as observa. Faço uso ainda da forma oval para transmitir a tradição, pois antigamente este formato era bastante utilizado nos retratos que se faziam.

4.3. Influências

O conjunto de retratos de Thomas Ruff, fotografados todos na mesma linha (fotografia tipo passaporte, iluminação igual e de grande formato), influenciaram-me para a realização dos retratos das doze mulheres que são apresentadas no trabalho.

Barbara Kruger é a principal influência deste trabalho, sendo que esta artista nos seus trabalhos apresenta uma mensagem cultural, de poder, identidade e sexualidade. Embora não aborde os mesmos temas que a artista menciona nos seus projetos, tomei a forma como transmite essas ideias e ajustei ao meu trabalho.

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Thomas Ruff - Portraits

Barbara Kruger

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Andre Disderi

4.4. Planificação/Execução

Comecei a planificar e executar este projeto no final do segundo período e a ideia original era com o auxilio de desenhos minimalistas ilustrar as características mais fortes, entretanto com a pesquisa efetuada ouvi a música da Capicua e achei que o projeto teria o impacto que desejava se trabalhasse com a letra da música. Fotografei doze mulheres diferentes e deixei ao seu critério as expressões que podiam fazer, sendo que captei expressões bastante naturais e intuitivas. Posterior à captação das imagens, escolhia a fotografia e tratava-a no Lightroom e Photoshop. A colocação das frases nas fotografias não seguiam nenhuma linha estipulada, dependendo do conteúdo das frases inseria-as da forma como achava que funcionava melhor nas fotografias.

4.5. Pós-Produção

O trabalho de pós-produção requerido para este projeto foi bastante simples. Em primeiro lugar, tratava as fotografias no programa Lightroom e posteriormente no Photoshop, onde retirava alguns elementos menos pertinentes dos rostos das pessoas fotografadas e algum ruído visual que estas continham. De seguida, recortava a fotografia no formato oval, sendo que não utilizava parte do fundo da fotografia original. Inseria o retrato da pessoa já recortado no fundo preto onde, posteriormente, colocava as frases.

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4.6. Imagens Finais

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4.7. Reflexão

O desenvolvimento deste projeto foi bastante interessante e implantou uma curiosidade enorme em mim por trabalhar não só com a fotografia mas por juntar outros elementos sem ser fotográficos.

5. AUTORRETRATO

5.1. Introdução ao projeto de autorretrato

O projeto de autorretrato é obrigatoriamente em analógico, nas dimensões de 30x40cm, e tem como principal função avaliar a nossa capacidade de conseguir fazer uma retrospeção e passar esses pensamentos para a fotografia.

5.2. Intenção

Sombra | s.f.

1. espaço privado de luz pela interposição de um corpo opaco entre ele e o objeto luminoso (sombra espacial);

2. parte de um corpo que não recebe luz (sombra própria); 3. parte de uma superfície que deixou de receber luz porque entre ela e o foco luminoso se

interpôs um corpo opaco (sombra projetada ou produzida por este corpo); 4. obscuridade; trevas; espaço que o sol não ilumina; 5. fantasma; espírito; 6. [fig.] pessoa que segue ou acompanha outra constantemente; 7. [fig.] silhueta;

O autorretrato que realizei tem como intenção principal mostrar a minha falta de capacidade para conseguir chegar a conclusões quando faço retrospetivas sobre a minha pessoa. Depois de refletir sobre o que poderia fotografar para este projeto de autorretrato e de ver alguns autorretratos de alguns artistas, influenciei-me bastante no projeto intitulado “Untitled” de Giacomo Brunelli com o qual me identifiquei bastante.

A sombra é aquilo que o meu corpo projeta e embora esteja quase sempre comigo, mesmo às vezes por mais pequena que seja, do meu ponto de vista, é aquilo que melhor me define, pois não diz muito de mim. Depois de ter refletido bastante sobre o que poderia fotografar, cheguei à conclusão que não há nada material e nada mais expressivo do que fotografar a minha sombra, tão fechada quanto a minha alma. De certa forma também me inspiro no poema de Fernando Pessoa, do livro “Mensagem”, intitulado “D.João, Infante de Portugal”:

“Não fui alguém. Minha alma estava estreita Entre tão grandes almas minhas pares,

Inutilmente eleita, Virgemmente parada;

Porque é do português, pai de amplos mares, Querer, poder só isto:

O inteiro mar, ou a orla vã desfeita – O todo, ou o seu nada.”

Fernando Pessoa, in “Mensagem”

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Neste poema, D.João faz um desabafo, no qual afirma não ter sido ninguém, entre o tudo ou o nada, ele foi o nada, dotado de uma alma “virgemmente parada”. Este poema inspira-me a nunca parar de trabalhar para atingir bens maiores, pois não quero ser o “nada”, não quero ser a sombra de outrem, ou estar na sombra de outro alguém sem ser a minha.

Por outro lado, o motivo por ter fotografado a minha sombra projetada numa árvore reside no facto de considerar que fui dotada de uma vida sustentada por um pilar enorme e puro, sendo esta a minha família e amigos mais próximos, que sempre suportaram o meu espírito sombrio.

5.3. Influências

Giacomo Brunelli fixou a sua sombra em ambientes naturais e não em ambientes urbanos, sendo que a artista neste conjunto de fotografias a sua sombra ganha personalidade própria. Este projeto intitulado “Unititled”.

Giacomo Brunelli

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5.4. Planificação/Execução

Comecei a planear o autorretrato no início do terceiro período, sendo que o fotografei por volta dessa época. Como primeiras experiências tentei fotografar em estúdio a minha silhueta, sendo que realizei esses testes em digital para ver se o resultado me agradava. A hipótese de fotografar o autorretrato em estúdio foi posta de lado, quando entrei em contacto com o trabalho de Giacomo Brunelli, da qual já referi anteriormente, sendo que foi aí que decidi acrescentar os elementos naturais na fotografia. Visto que estava decidida a fotografar a minha sombra, não necessitei de nenhum esquema de iluminação, apenas de um dia bastante claro e luminoso. Fotografei o autorretrato com uma Nikon FM10 e filme fotográfico Ilford FP4 Plus 125 ISO a preto e branco.

Testes digitais

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5.5. Imagem Final

5.6. Reflexão

Este autorretrato transmite exatamente aquilo que pretendia. Não tenho muito a dizer sobre mim e a sombra na fotografia transforma-se naquilo como me imagino. Não precisei de refletir muito sobre o que iria elaborar para este projeto, sendo que estou bastante satisfeita com o resultado final.

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6. CONCLUSÃO

A execução dos quatro projetos requeridos para a Prova de Aptidão de Artística que irá dar termo ao meu percurso escolar na Escola Artística de Soares dos Reis, no curso de Comunicação Audiovisual, especialização em Fotografia, fez-me crescer de uma forma abismal. A pressão que me foi imposta, toda a motivação precisa não só para a realização desta prova final, mas também para realizar o percurso anterior a este ano que me levou a elaborar este projeto, o trabalho que foi preciso e toda a determinação que tive para o terminar, fez crescer em mim uma enorme vontade de querer mais.

Este trabalho não se deve só ao meu esforço, mas também a toda a gente que me ajudou e me apoiou segurando-me nos momentos menos bons, por isso, não posso deixar de agradecer à Prof.ª Luísa Fragoso, por ser uma excelente professora e orientadora; à minha família, com especial agradecimento á minha mãe, ao meu pai e ao meu irmão, por me transmitirem os melhores valores e por me deixarem seguir os meus sonhos; à Sofia que me acompanhou em todo o processo de desenvolvimento deste projeto, à Escola Artística de Soares dos Reis, por me ter proporcionado o melhor ensino que podia ter tido e por ter regado a semente do trabalho, da motivação e da criatividade em mim e, por último mas não menos importante, à Adriana e à Jéssica por nunca deixarem de acreditar em mim e me valorizarem sempre, mesmo quando eu mesma não o fazia, sendo que lhes dedico a elas e à minha família este trabalho como forma de agradecimento.

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7. FONTES

Pesquisa reportagem (texto/imagens): http://www.stcp.pt/pt/institucional/stcp/historia-dos-transportes/

Mapa retirado de: https://www.google.pt/maps

8. ANEXOS

Screenshots (pós-produção arquitetura)

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Screenshots (pós-produção retrato/corpo conceptual)

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