PROTEÇÃO E RESTAURAÇÃO DA ÁREA DO ENTORNO DO … UDs e viveiros.pdf · A partir de janeiro de...

27
1 PROTEÇÃO E RESTAURAÇÃO DA ÁREA DO ENTORNO DO PARQUE ESTADUAL DOS TRÊS PICOS Relatório de Atividades de Campo – Agosto 2004 – agosto 2006 Instituto Rede Brasileira Agroflorestal - REBRAF Nova Friburgo 2006

Transcript of PROTEÇÃO E RESTAURAÇÃO DA ÁREA DO ENTORNO DO … UDs e viveiros.pdf · A partir de janeiro de...

1

PROTEÇÃO E RESTAURAÇÃO DA ÁREA DO ENTORNO DO

PARQUE ESTADUAL DOS TRÊS PICOS

Relatório de Atividades de Campo – Agosto 2004 – agosto 2006 Instituto Rede Brasileira Agroflorestal - REBRAF

Nova Friburgo

2006

2

ÍNDICE 1 Implantação de unidades demonstrativas de práticas agroflorestais e outros usos

restauradores da terra nos terrenos de proprietários locais – Produto 2

1.1. Diagnóstico, seleção e desenho participativo de unidades demonstrativas de usos da terra.

1.2. Implantação das Unidades Demonstrativas

1.2.1. Implantação do Corredor de Biodiversidade (UD IBELGA)

1.2.2. Recuperação da Mata Ciliar na propriedade do Sr. Tadeu Tardim (Campestre)

1.2.3 Recuperação da Mata Ciliar na propriedade do “Sr. Chique” (São Lourenço)

1.2.4 Recuperação da Mata Ciliar na propriedade do Sr. João (Salinas)

1.2.5. Implantação de 05 Unidades Demonstrativas - janeiro a março de 2006 (São Lourenço)

1.2.6. Relação das 09 Unidades Demonstrativas implantadas ao longo do projeto

1.3 Monitoramento e manutenção das Unidades Demonstrativas

1.3.1 Georreferenciamento das UDs e viveiros florestais

1.3.2 Avaliação do crescimento em altura nas Unidades Demonstrativas

1.4 Análise dos resultados

1.5 Conclusões e Recomendações 2 Implantação de viveiro de plantas nativas para produção de mudas e desenvolvimento de

práticas agroflorestais ANEXOS

ANEXO 1 - Material básico para implantação dos Viveiros Florestais

ANEXO 2 - Espécies arbóreas de interesse para SAFs e épocas de coleta de sementes.

ANEXO 3 - Tabelas com os resultados das avaliações em todas as UDs

ANEXO 4 - Conteúdo sobre a “Formação de Agentes Agroflorestais”

ANEXO 5 - tabela com rotina de atividades de manutenção das UDs e viveiro

ANEXO 6 - Proposta de Sustentabilidade dos Viveiros Ibelga e Aprosol

3

INTRODUÇÃO Este documento apresenta o relatório das atividades desenvolvidas ao longo da execução do Projeto “PROTEÇÃO e RESTAURAÇÃO da ÁREA do ENTORNO do PARQUE ESTADUAL dos TRÊS PICOS”. O trabalho de campo foi marcado por atividades que vão desde o apoio logístico aos consultores do projeto; inserção dos alunos e professores da “Escola Família Agrícola Rei Alberto I-IBELGA” no âmbito do projeto, bem como pela articulação política com a Secretaria Municipal de Agricultura de Nova Friburgo; contato com novas associações de produtores que estão estabelecidos no cenário do projeto; contato com instituições como EMATER, ONGs locais e o aprofundamento do relacionamento institucional com o IBELGA – Instituto Bélgica-Nova Friburgo e APROSOL – Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Comunidade de São Lourenço, e que se tornaram entidades signatárias dos convênios e parceiras da REBRAF no projeto local. O trabalho de campo envolveu o planejamento das atividades de educação ambiental; distribuição de mudas de palmito juçara (Euterpe edulis) para produtores da região do projeto, fruto da parceria com a OSCIP Instituto BIOACQUA; participação na criação da “REDE VERDE NOVA FRIBURGO”, fruto da parceria entre o IBELGA, o Rotary Club IMPERADOR (do município de Nova Friburgo) e o Instituto BIOACQUA, no qual a REBRAF exerce a função de articuladora e incentivadora; e também a implementação de UD’s – unidades demonstrativas de sistemas agroflorestais, com plantio de mudas dando continuidade ao plano de manutenção das áreas plantadas na região. Durante o andamento do projeto, houve desdobramentos, tais como o aprofundamento no convênio com o IBELGA, possibilitando a conclusão de termos de referência para celebração do Segundo Termo Aditivo, que versou sobre a execução de atividades do projeto, também na Escola Família Agrícola “Flores de Nova Friburgo”, localizada noutra comunidade rural, a de Vargem Alta, no distrito de São Pedro da Serra, o 7º Distrito de Nova Friburgo. Foram realizados também atividades de capacitação, como um ciclo de palestras voltado aos produtores rurais, alunos e professores da Escola Rei Alberto I /IBELGA, cujo título foi “SAF’s e a Renda Familiar”. Como meio de divulgação do projeto, houve também a produção do boletim informativo do Projeto CEPF/REBRAF. E como forma de divulgação do projeto, uma atividade de relevância foi a participação na feira onde se comemorou o 18º aniversário da ONG SOS Mata Atlântica, na cidade de São Paulo/SP. E com intuito de possibilitar continuidade aos trabalhos na região a equipe também buscou estratégias como a elaboração de uma proposta encaminhada ao Projeto PDA/MMA para concorrer ao Edital do Ministério do Meio Ambiente; e também no planejamento para a produção de mudas nos viveiros do Projeto CEPF/REBRAF, bem como a planificação das atividades pedagógicas (estágios, oficinas de educação ambiental) em conjunto com a direção do ensino médio da Escola Rei Alberto I/IBELGA. Cabe ressaltar que ao longo de todo o projeto a coordenação de campo, participou de inúmeras reuniões das associações de produtores das comunidades de São Lourenço, Baixada de Salinas e do Campestre, como meio de fortalecer divulgação das atividades e consolidação de parcerias locais.

4

1. Implantação de unidades demonstrativas de práticas agroflorestais e

outros usos restauradores da terra nos terrenos de proprietários locais – Produto 2

INDICADORES - Estabelecimento de pelo menos 05 unidades demonstrativas de práticas agroflorestais, reflorestamento e regeneração até o final do projeto. Um dos objetivos do projeto foi o estabelecimento de pelo menos 05 unidades demonstrativas de práticas agroflorestais, reflorestamento e regeneração, em parceria estreita com os produtores familiares e proprietários das terras locais, distribuídas em situações ecológicas e/ou socioeconômicas diferentes do entorno do Parque Estadual de Três Picos, e documentação dos resultados como base para replicação em maior escala. Os resultados das unidades demonstrativas serão consolidados nas orientações para disseminação relacionadas com extensão, publicadas em formato impresso e também disponibilizadas no website da REBRAF. Os trabalhos de implantação das UD’s foram iniciados em dezembro de 2004, com a articulação feita junto aos produtores interessados e ao IBELGA. Foram definidos, ainda em dezembro de 2004, 05 (cinco) locais para as UD’s, sendo 04 (quatro) em propriedades de agricultores e uma nas terras da “Escola Família Rei Alberto I”- IBELGA. A partir de janeiro de 2005, visou-se a implantação de viveiros e das UD’s; foram realizados levantamentos de custos para a compra de mudas nativas, frutíferas exóticas, material e montagem para dois viveiros e insumos para o plantio.Durante estes meses iniciou-se o plantio e a construção de dois viveiros, um na área da APROSOL – Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Comunidade de São Lourenço e outro nas terras da “Escola Família Agrícola Rei Alberto I / IBELGA”1. A coordenação de campo prestou apoio logístico e supervisionou o transporte e recepção de mudas e também a montagem dos dois viveiros. Também ficou sob encargo da coordenação de campo a compra dos dois viveiros e das mudas de espécies frutíferas exóticas. A primeira foi feita em conjunto com o consultor eng. agrônomo Mário Patrício Moya, cada viveiro custou R$ 3.000,00. Já a compra das mudas de frutíferas foi feita mediante reunião com os presidentes das Associações de Produtores das comunidades de onde seriam implantadas as UD’s, ou seja, São Lourenço, Baixada de Salinas e Campestre. Foram adquiridas 170 mudas (50 mudas de nêspera, 50 mudas de laranja pokan, 50 mudas de pitanga e 20 mudas de jabuticaba híbrida) num valor total de R$ 1.900,00. As opiniões dos presidentes de associação foram ouvidas com o intuito de inseri-los mais efetivamente na construção do projeto e também para saber as espécies mais desejadas pela população, bem como as que melhor se adaptam ao local. Cada viveiro possui foi instalado com 75m² e capacidade prevista para a produção de 50 mil mudas em cada unidade no primeiro ano de funcionamento, e o dobro a partir do segundo ano. (Ver anexo 1 - Material básico para implantação dos Viveiros Florestais) 1.1. Diagnóstico, seleção e desenho participativo de unidades demonstrativas de usos da terra. Primeiramente o projeto e a implantação das UDs foram discutidas em reuniões com as comunidades rurais de São Lourenço, Salinas e Colégio IBELGA. Nas reuniões foram introduzidos conceitos de SAFs e práticas agroflorestais e discutidos alternativas de maior interesse para os produtores. No primeiro ano do projeto, alem do Colégio IBELGA se candidataram 03 agricultores para implantação de UDs, 02 na comunidade de Salinas e 01 na comunidade de São Lourenço. No segundo ano se candidataram 05 agricultores 1 Para melhor apreciação sobre implantação dos viveiros ver convênios.

5

para implantação de UDs. Junto com os proprietários candidatos identificados foram realizadas visitas para compreensão dos aspectos técnicos, sociais e econômicos destas propriedades específicas e de todo o seu sistema de agricultura. O desenho de usos alternativos da terra foi baseado na compreensão completa do estado atual e tendência das práticas prevalecentes existentes, bem como conhecimento das alternativas aplicáveis. Neste processo participativo foi identificado um projeto de recuperação de mata ciliar em propriedades rurais na região do projeto elaborado pela EMATER de Nova Friburgo. Este projeto não foi executado por falta de recursos. Os agricultores manifestaram interesse particular na implantação de UDs em áreas de mata ciliar, e utilização de frutíferas no desenho dos SAFs. Vale destacar que no desenho se levou em conta que os agricultores somente disponibilizaram pequenas faixas de 03 metros a, no máximo, 12 metros de largura para recuperação de mata ciliar. Isto se deve à necessidade por parte dos agricultores de usar o máximo possível das terras para o plantio de cultivos anuais. Decidiu-se por definir os desenhos iniciais baseados em espécies arbóreas e frutíferas. Sendo que nas entrelinhas deverão ser utilizados cultivos anuais nos primeiros anos.

O projeto engloba as localidades de São Lourenço, Salinas e Três Picos. A horticultura é predominante na região. Os cultivos se espalham pelos vales que compreendem os córregos formadores do rio Grande. Os solos nas áreas de baixada e adjacentes aos rios se caracterizam como solos hidrómorficos de média a alta fertilidade e nas áreas de topo de morro predominam os latossolos. Na região do projeto o processo de ocupação agrícola das terras se deu através do desmatamento das beiras dos rios e córregos. O que ocasionou o incremento dos processos de erosão e de assoreamento dos cursos de água e perdas de solo. Outros fatores que contribuem para o agravamento do problema estão: a dragagem efetuada nos rios e córregos que modificaram o curso natural dos rios, o aumento da freqüência e amplitude das inundações e deslizamentos, e o enfraquecimento dos mecanismos naturais de regulação do clima. De uma certa forma estes fatores que vem ocasionando a perda dos solos afetaram a disposição dos agricultores em implantar UDs baseadas em SAFs nas áreas de mata ciliar.

Com exceção da UD do Sr. Tadeu Tardim, localizada numa área de pastagem, as demais UDs de mata ciliar se encontram em áreas que vem sendo utilizadas para o plantio de cultivos anuais. O sistema de produção destes agricultores se caracteriza pela policultura de hortaliças, o que implica em uma utilização intensa do solo com períodos de entressafra entre os cultivos bastante curtos. As práticas agrícolas consistem em: adubação com uso de agroquímicos, aplicação de corretivos do solo, utilização de defensivos agrícolas e a prática de mecanização e de irrigação. A prática da irrigação é feita por aspersão através do bombeamento de água fluvial. No preparo do solo são utilizados tratores ou micro-tratores para aração mecânica. Os principais produtos cultivados são: couve flor, salsa, couve, tomate, brócolis, alface, pimentão e milho.

A estratégia para o programa de plantio das espécies arbóreas adaptadas à região do projeto no corredor de biodiversidade e nas matas ciliares se apoiou nas seguintes recomendações: Para a fase inicial (F1) de plantio procurou-se escolher principalmente espécies nativas pioneiras ou secundárias iniciais com as seguintes características: a) espécies nativas de rápido crescimento, capazes de rebrotar após corte, ou seja, possibilitando rebaixamentos e podas visando aumentar a matéria orgânica e melhorar a qualidade dos solos; b) espécies que produzem frutos ou sementes que atraiam pássaros, morcegos e animais; c) espécies melíferas para futura produção e comercialização de mel. As espécies secundárias tardias (incluindo algumas espécies climax exigentes de luz) devem ser plantadas numa vegetação matricial pré-existente ou decorrente de plantio (início de F2). A introdução é feita em faixas abertas na vegetação matricial. Esforços foram realizados para aumentar a biodiversidade interna dos lotes de demonstração no segundo ano da implantação do projeto, através de enriquecimento com espécies adicionais que são adequadas do ponto de vista econômico e ambiental.

6

Os frutos ou sementes das espécies arbóreas plantadas na (Fase 1) poderão atrair pássaros, morcegos e animais os quais, vindo de remanescentes de florestas nativas próximas, poderão trazer sementes de fontes externas para as áreas de plantio promovendo uma crescente biodiversificação “espontânea” dessas áreas. A escolha definitiva das espécies dependeu da disponibilidade e qualidade de mudas oferecidas pelos viveiros da região serrana do Rio de Janeiro. No plantio foi utilizado um total de 700 mudas. As espécies arbóreas nativas utilizadas foram: Anadanthera macrocarpa (angico vermelho), Anadenanthera colubrina (angico branco), Araucaria angustifolia (pinheiro-do-parana), Peltophorum dubium (canafistula), Senna multijuga (aleluia), Cordia trichotoma (louro pardo), Schinus terebinthifola (aroeira pimenteira) Enterolobium contortsiliquum (tamboril), Zanthoxylum rhoifolium (mamica de porca), Caesalpinia ferrea (pau-ferro) e Tibouchina mutabilis (manacá da serra). As frutíferas utilizadas foram as seguintes: Eugenia uniflora (pitangueira), Myrciaria trunciflora (jabuticabeira), Eriobotrya japonica (nespera), Citrus reticulata (laranja pocan). Em março de 2005, foram implantadas as cercas de proteção contra invasão de animais. Na implantação das cercas, foram utilizados esteios de eucalipto não tratado. Durante os dois ou três primeiros anos de formação do corredor de biodiversidade, as entrelinhas poderão ser aproveitadas com cultivos temporários de ciclo curto, de interesse para consumo ou comercialização. No corredor foram retiradas amostras de solo para análise de fertilidade. As amostragens de solo deverão ser realizadas anualmente para monitorar os possíveis incrementos na fertilidade dos solos. Entre abril a junho de 2005, foi realizado o plantio do palmito jussara nas áreas de capoeira, no corredor de biodiversidade localizado na Escola IBELGA, e para os meses de agosto e setembro de 2005 deveria ser efetuado o plantio de feijão e milho nas entrelinhas das árvores do corredor As mudas encomendadas Na tabela abaixo segue a lista das espécies arbóreas encomendadas. Foi dado preferência às espécies nativas prioritárias da Fase 1. As mudas foram escolhidas de acordo com o tamanho e qualidade, num viveiro localizado em Petrópolis onde as mudas se encontram aclimatadas para altitude.

Espécie Arbórea Quantidade Valor unit. Total ARAUCÁRIA (Araucária angustifólia) 80 4,00 320,00 LOURO PARDO (Cordia trichotoma) 100 2,00 200,00 ANGICO-VERMELHO (Anadenanthera macrocarpa) 300 2,00 600,00 ANGICO BRANCO (Anadenanthera colubrina) 300 2,00 600,00 PAINEIRA (Chorisia speciosa) 100 2,00 200,00 CANAFISTULA (Pelthophorum dubium) 200 2,00 400,00 ORELHA DE NEGRO (Enterolobium contortisiliquum) 200 2,00 400,00 AROEIRA PIMENTEIRA (Schinus terebinthifolia) 300 2,00 600,00 ALELUIA (Senna multijuga) 100 2,00 200,0 TOTAL 1.680 3.520,00

Em Seropédica, também no estado do RJ, foram compradas 450 mudas de mamica-de-porca (Zanthoxylum rhoifolium) do viveiro Tabebuia, cada muda custou 50 centavos de reais. No Colégio IBELGA foi organizado um viveiro de espera localizado próximo ao alojamento e perto de uma fonte de água.

7

1.2. Implantação das Unidades Demonstrativas Foram estabelecidas 09 unidades demonstrativas agroflorestais em parceria com selecionados atores e parceiros locais interessados. O estabelecimento dos lotes para as unidades demonstrativas requereu a aquisição de um número limitado de mudas das espécies arbóreas selecionadas. Estas foram adquiridas do viveiro particular - Árvores do Brasil, localizado no município de Petrópolis e transportadas para o Colégio IBELGA. As frutíferas foram adquiridas de viveiros do estado de Minas Gerais através de intermediários. A preparação da área, operações de plantio, manutenção e gestão após o plantio, foram realizadas com o apoio colaborativo dos atores locais. O apoio complementar incluiu a alocação de terras, fornecimento de equipamentos e, principalmente, mão-de-obra familiar. Na implantação das UDs houve apoio dos agricultores, monitores agroflorestais e estagiários do Colégio IBELGA. Nos meses de fevereiro a abril de 2005 foram implantadas 04 UDs e nos meses de janeiro a março de 2006 foram implantadas mais 05 UDs No processo de capacitação em implantação e monitoramento de UDs foram repassadas aos agricultores, monitores agroflorestais e estagiários do IBELGA as seguintes práticas e informações: (a) métodos de plantio (balisamento e alinhamento, abertura de covas, distribuição de mudas e plantio propriamente dito); (b) tratos culturais (através das capinas e roçadas nas entrelinhas e coroamento ao redor das mudas); (c) medições em altura das espécies agroflorestais; (d) características silviculturais das espécies arbóreas e benefícios ambientais e econômicos provenientes dos sistemas agroflorestais. Abaixo segue uma descrição detalhada da implantação das UDs. 1.2.1. Implantação do Corredor de Biodiversidade (UD IBELGA) Na Escola Família Agrícola Rei Alberto I - IBELGA foram selecionadas duas áreas com potencial para implantação de unidades demonstrativas. A primeira localizada numa área de pastagem. Na imagem temos uma vista geral desta área. Na parte superior se observa um fragmento florestal e na parte inferior está localizada uma mata ciliar. Na foto também pode se observar uma área desmatada que pode ser reflorestada. Atualmente, esta área vem sendo utilizada para o pastejo de 3 cabeças de gado. Nos anos anteriores a mesma já foi utilizada para o cultivo de hortaliças. Inicialmente, o corredor pode ser formado na sua maioria por spp arbóreas nativas que sejam melíferas para atrair a fauna. Supervisores do IBELGA manifestaram interesse na produção de mel nesta região. Nesta unidade demonstrativa foi implantado um corredor de biodiversidade em área de encosta ocupada por pastagem. O corredor irá interligar um fragmento florestal localizado na parte superior da encosta a uma mata ciliar situado na parte inferior. A área total do corredor é de aproximadamente 2.800m², onde foram plantadas 12 espécies arbóreas nativas e 4 frutíferas no espaçamento de 2 x 2 metros. A implantação foi realizada em meados de fevereiro de 2005. O preparo do solo se deu através de uma roçada geral da área utilizando um trator. A abertura de covas foi feita manualmente com enxada e cavadeira. As covas foram abertas com as dimensões de 40 x 40 x 40 cm para as árvores nativas e 60 x 60 x 60 cm para as frutíferas. Tanto as árvores nativas como as frutíferas receberam, na cova, uma adubação constituída por, 200g de NPK 4-14-8 e 150g de superfosfato simples. No plantio foi utilizado um total de 700 mudas. As espécies

Área do colégio IBELGA selecionada para formação de Corredor Ecológico

8

arbóreas nativas utilizadas foram: Anadanthera macrocarpa, (angico vermelho), Anadenanthera colubrina (angico branco), Araucaria angustifólia (pinheiro-do-parana), Peltophorum dubium (canafistula), Senna Multijuga (aleluia), Cordia trichotoma (louro pardo), Schinus terebinthifolius (aroeira pimenteira) Enterolobium contortsiliquum, (tamboril), Zanthoxylum rhoifolium (mamica de porca), Caesalpinia ferrea (pau ferro) e Tibouchina mutabilis (manacá da serra). As frutíferas utilizadas foram as seguintes: Eugenia uniflora, (pitangueira; espécie nativa da Mata Atlântica), Plinia trunciflora (jabuticabeira; espécie nativa da Mata Atlântica), Eriobotrya japonica (nêspera; espécie exótica aclimatada), Citrus reticulata (laranja pocan; espécie exótica aclimatada). Em março foram implantadas as cercas de proteção contra invasão de animais. Na implantação das cercas, foram utilizados esteios de eucalipto não tratado. Em janeiro de 2005 foi feito um plantio de feijão de porco nas entrelinhas como adubação verde. A segunda área selecionada no IBELGA encontra-se localizada próxima à área de implantação do viveiro florestal. Esta área apresenta um tamanho de aproximadamente 0,25 ha. Em anos anteriores, foi alugada para o cultivo de hortaliças. Nesta área pode ser implantado um SAF consorciando spp arbóreas nativas com frutíferas de valor comercial e nas entrelinhas podem ser plantadas culturas de ciclo curto nos primeiros anos.

1.2.2. Recuperação da Mata Ciliar na propriedade do Sr. Tadeu Tardim (Campestre) Na propriedade do agricultor Tadeu Tardim, localizada no Campestre, foi implantada uma unidade demonstrativa para fins de recuperação de mata ciliar. As dimensões da unidade demonstrativa são de aproximadamente 180 metros de comprimento por 8 metros de largura. O objetivo do produtor e de recuperar a mata ciliar para diminuir os danos causados pela erosão e assoreamento do rio. Segundo o agricultor na mesma área já foi realizado anteriormente um plantio para recuperar a mata ciliar. O plantio ocorreu há quatro anos e foi coordenado pelo IEF – Instituto Estadual de Florestas do estado do Rio de Janeiro, em parceria com os produtores da comunidade de Campestre. O plantio não foi bem sucedido devido a uma grande inundação que ocorreu logo depois do plantio. A inundação ocasionou uma perda bastante significativa de mudas. A área a ser recuperada se encontra na margem esquerda do rio. O terreno apresenta um relevo plano sendo constituído de solos arenosos e trechos com sinais visíveis de erosão e início de assoreamento. O produtor vem utilizando a área para pastagem do gado. O plantio foi realizado em meados de março de 2005, utilizando 300 mudas. A abertura de covas, a roçada e o coroamento foram realizados manualmente. As árvores receberam na cova uma adubação de 200g de NPK 4-14-8 e 150g de superfosfato simples. Os estagiários do IBELGA realizaram a maior parte das operações de plantio. Das espécies disponíveis foram escolhidas aquelas recomendadas para recuperação de matas ciliares. As espécies utilizadas foram as seguintes: Anadanthera macrocarpa, (angico vermelho), Anadenanthera colubrina (angico branco), Peltophorum dubium (canafistula), Cordia trichotoma (louro pardo), Schinus terebinthifoius (aroeira pimenteira), Enterolobium contortsiliquum, (tamboril), Zanthoxylum rhoifolium (mamica de porca), Piptadenia gonoacantha (pau jacaré), e Eugenia uniflora (pitangueira). No plantio, foram utilizadas em maior número, mudas de Enterolobium contortsiliquum, (tamboril) e Schinus terebinthifolius, (aroeira pimenteira), pelo fato de serem espécies adaptadas a condições de inundação temporária. No final de março de 2005, a área toda foi cercada para proteção contra invasão de animais.

9

1.2.3 Recuperação da Mata Ciliar na propriedade do “Sr. Chique” (São Lourenço) No mês de abril de 2005 foram implantadas duas unidades demonstrativas de SAFs com o objetivo de recomposição de matas ciliares. Uma delas fica na propriedade do Sr. Chique, localizada em São Lourenço. Esta unidade demonstrativa apresenta uma área de tamanho aproximado de 150m de comprimento por 6 a 8m de largura. Aproximadamente 1/3 da área se encontra com árvores de espécies nativas.

Nas áreas arborizadas foi realizado o plantio do palmito juçara nas duas fileiras mais próximas do rio e na terceira fileira mais afastada, foi feito o plantio de frutíferas. Nas áreas sem a presença do componente arbóreo foram plantadas espécies arbóreas nativas nas duas primeiras fileiras e na terceira fileira o plantio de espécies frutíferas. O arranjo espacial é de 2 x 2 m. As espécies nativas utilizadas foram as seguintes: Anadanthera macrocarpa (angico vermelho), Anadenanthera colubrina (angico branco), Peltophorum dubium (canafistula), Cordia trichotoma (louro pardo), Schinus terebinthifola (aroeira pimenteira), Zanthoxylum rhoifolium (mamica de porca), Piptadenia gonoacantha (pau jacaré), e Euterpe edulis (palmito jussara). As frutíferas utilizadas foram as seguintes: Eugenia uniflora (pitangueira), Myrciaria trunciflora (jabuticabeira), Eriobotrya japonica (nespera) e Citrus reticulata (laranja pocan). No plantio foram utilizados 200g de NPK 4-14-8 e 150g de superfosfato simples por cova. O Sr. Chique pretende incrementar esta UD com o plantio de mudas de banana. 1.2.4 Recuperação da Mata Ciliar na propriedade do Sr. João (Salinas) A outra UD de mata ciliar implantada no mês de abril de 2005, foi na propriedade do Sr. João, localizada na baixada de Salinas. A implantação desta UD veio atender a uma solicitação feita pelo Sr. João à equipe da REBRAF, logo após a reunião mensal da associação de produtores da baixada. Na ocasião o Sr. João solicitou que fosse realizado o plantio de árvores na área de mata ciliar, para fazer frente às constantes perdas de solo ocasionado pela erosão na estação chuvosa. Está unidade apresenta um comprimento de aproximadamente 100m e a largura variando entre 6 a 12m. Foram plantadas de 3 a 6 fileiras de árvores num espaçamento de 2 x 2 m. Nas fileiras mais próximas ao rio foram plantadas as espécies nativas e na fileira mais afastada, as frutíferas. Com exceção do palmito Jussara, as espécies arbóreas e frutíferas utilizadas foram as mesmas da UD implantada na propriedade do Sr. Chique. Nesta UD, o Sr. João fez uma limpeza do rio com o objetivo de diminuir a erosão.

Vista parcial mata ciliar Sr Chique em São Lourenço

Vista parcial da mata ciliar do Sr. João, na Baixada de Salinas

10

1.2.5. Implantação de 05 Unidades Demonstrativas - janeiro a março de 2006 (São

Lourenço) Nos meses de janeiro a março de 2006, foram implantadas as UDs em áreas de mata ciliar dos Srs. Sidney, Velvete, Carlos Brás, Carlos e Dilsinho, todas localizadas em São Lourenço. As áreas dos Srs. Sidney e Velvete se encontram próximas uma da outra formando uma área contígua com extensão aproximada de 80 x 4 m. A UD do Sr. Carlos Brás apresenta uma extensão de 50 x 10 m, a área do Sr. Dilsinho tem 80 x 4 m e do Sr. Carlos 30 x 3 m. As espécies utilizadas na implantação destas UDs foram as seguintes: Anadanthera macrocarpa, (angico vermelho), Araucaria angustifólia (pinheiro-do-parana), Peltophorum dubium (canafistula), Senna Multijuga (aleluia), Cordia trichotoma (louro pardo), Schinus terebinthifolius (aroeira pimenteira), Zanthoxylum rhoifolium (mamica de porca), Caesalpinia ferrea (pau ferro). As frutíferas utilizadas foram as seguintes: Eugenia uniflora, (pitangueira), Myrciaria trunciflora (jabuticabeira), Eriobotrya japonica (nespera) e, Citrus reticulata (laranja pocan).

Na UD do Sr. Dilsinho, presidente da APROSOL - Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Comunidade de São Lourenço foram plantadas somente a palmiteira juçara e as frutíferas, as demais espécies arbóreas deverão ser implementadas entre os meses de outubro a novembro de 2006. O arranjo espacial adubação e tratos culturais seguem o mesmo formato das UDs implantadas em 2005, visando-se a recomposição da mata ciliar. Na imagem temos uma vista geral da área de mata ciliar a ser restaurada nesta propriedade.

1.2.6. Relação das 09 Unidades Demonstrativas implantadas ao longo do projeto Abaixo a relação das UDs, seus proprietários e as espécies plantadas, foram utilizadas mudas do estoque de nativas e também compra de mudas de frutíferas (pokan, pitanga, caqui):

Produtor rural Área UD endereço

Escola Família Agrícola Rei Alberto I - IBELGA

A área total do corredor é de aprox. 2.800m², foram plantadas 12 espécies arbóreas nativas e 4 frutíferas

Tadeu Tardim - Campestre Aprox. 180 m comp. X 8 m largura.

Sr. Chique - São Lourenço

Aprox. 150m comp. X 6 a 8 m largura. Nas áreas arborizadas foi realizado o plantio do palmito juçara, e mais próximo ao rio foi feito o plantio de frutíferas.

Sr. João - baixada de Salinas

100m comp. X 6 a 12 m larg. Nas fileiras mais próximas ao rio foram plantadas as espécies nativas e na fileira mais afastada, as frutíferas.

Carlos Elíbio Braz - Sítio S. Jorge

Mata Ciliar: 50m x 10m / 500m² com 125 mudas

Fazenda Velha – São Lourenço Fone: (22) 2543 3141 / 3077 Email: [email protected] C.P 96819 Centro Nova Friburgo - RJ

Sidnei de Medeiros Cabral - Sítio das Flores

Mata Ciliar: 130m x 4m / 520m² com 130 mudas

Fazenda Velha – Sãp Lourenço Fone: (22) 2543 3102

Arivelto do Rego Cabral (Veveti) - Sítio das Flores

Mata Ciliar: 25m x 20m (nativas) / 800m² com 200 mudas

Fazenda Velha – São Lourenço Fone: (22) 2543 3107

José Adilso de Medeiros (Dilsinho) - Sítio Boa Sorte

Mata Ciliar: 250m x 4m – palmito / pocan / amora / taioba / milho; 20m x 4m – nativas / 80m² /20

São Lourenço: Fone: (22) 2542 3033

Vista geral da mata ciliar a ser restaurada. São Lourenço – Nova Friburgo RJ

11

mudas Total: 1.200 m² Carlos Alberto Lourenço da Silva - Sítio Roza de Sarão

Mata Ciliar: 110 m – uma linha / 55mudas

Fone: (22) 2543 3029

1.3 Monitoramento e manutenção das Unidades Demonstrativas Na manutenção das UDs foram realizadas capinas e roçamento nas entrelinhas das árvores. Ao redor das mudas foi efetuado um coroamento de 50 cm de diâmetro. Nas observações realizadas nas UDs constatou-se que nesta fase inicial as espécies arbóreas Schinus terebinthifola (aroeira pimenteira) e Enterolobium contortisiliquum (Tamboril), são as que apresentam um melhor desenvolvimento. Em alguns exemplares de espécies nativas foram colocadas estacas de bambu para servirem de tutores diminuindo o efeito dos ventos. (Ver Anexo 2 - Espécies arbóreas de interesse para SAFs e épocas de coleta de sementes).

1.3.1 Georreferenciamento das UDs e viveiros florestais

As unidades demonstrativas e os viveiros florestais foram georreferenciados no Sistema UTM (SAD 69). O estagiário Douglas Silva recebeu treinamento na utilização do GPS, e também realizou o georreferenciamento dos locais onde foram realizados os plantios do palmito juçara (Euterpe edulis). A tabela abaixo mostra as coordenadas das UDs e viveiros florestais.

UDs/viveiro florestal Proprietário/Localização Coordenadas

Corredor Colégio IBELGA 739172; 7528389

Mata ciliar Sr. Tadeu Tardim - Salinas 739809; 7527820

Mata ciliar Sr. João - Salinas 740210; 7528515

Mata ciliar Sr. Chique - São Lourenço 742465; 7524503

Mata ciliar Sr. Sidney - São Lourenço 742175; 7524639

Mata ciliar Sr. Carlos - São Lourenço 743187; 7525939

Mata ciliar Sr. Dilsinho - São Lourenço 742639; 7525629

Mata ciliar Sr. Velvete - São Lourenço 742115; 7524721

Mata ciliar Sr. Carlos Brás - São Lourenço

742097; 7525148

Viveiro Florestal Colégio IBELGA 739444; 7528437

Viveiro Florestal APROSOL 743211; 7525899

1.3.2 Avaliação do crescimento em altura nas Unidades Demonstrativas Nas Unidades Demonstrativas implantadas, foi realizado um monitoramento do desempenho de todas as espécies plantadas quanto ao crescimento em altura e índice de mortalidade. As medições foram feitas com a colaboração do agente agroflorestal Danilo, aluno da Escola IBELGA. Para avaliar o crescimento das espécies plantadas foram realizadas medições a cada seis meses. Ao mesmo tempo, foi feita uma avaliação do índice de mortalidade de cada espécie. Nas UDs implantadas em 2005 foram realizadas duas medições e nas implantadas em 2006 somente 01 medição. Para as UDs implantadas em 2006 será necessário maior tempo para uma melhor avaliação do índice

12

de mortalidade seguindo a mesma metodologia utilizada nas UDs implantadas em 2005. (Ver anexo 3 - Tabelas com os resultados das avaliações em todas as UDs). 1.4 Análise dos resultados

As UDs implantadas em 2005 fornecem uma base mais adequada de dados para uma análise preliminar das espécies arbóreas utilizadas nas UDs de mata ciliar e no corredor do IBELGA. Analisando-se o comportamento das espécies arbóreas nestas UDs, verifica-se que as árvores de aroeira-pimenteira, pau jacaré, tamboril, angico vermelho e angico branco apresentam o maior crescimento em altura. As mesmas, espécies apresentam, os mais baixos índices de mortalidade. As espécies canafistula, aleluia, pau ferro, manacá da serra e palmito juçara apresentam os maiores índices de mortalidade. No primeiro ano de plantio, as arvores de aroeira já iniciarão a produção de sementes. Em maio de 2006, foram realizadas as primeiras, coletas de sementes de aroeira nas UDs do Colégio IBELGA e do Sr. João.

No período do projeto ocorreram 03 enchentes, ocasionando boa parte dos danos nas UDs implantadas em áreas de mata ciliar. Além disso, foi constatado que alguns agricultores não fizeram uma adequada manutenção das UDs. Segundo os agricultores isto se deve a falta de tempo hábil, já que concentram boa parte do tempo no plantio manutenção e comercialização dos cultivos anuais geradores de renda. Como agravante as enchentes ocasionaram perdas nos cultivos anuais que precisaram de trabalho extra para repor as perdas. Pelas observações realizadas estes foram os principais fatores que causaram a mortalidade nas espécies arbóreas. Vale ressaltar que no corredor do IBELGA e na mata ciliar do Sr. João as manutenções ocorreram de forma mais adequada e periódica. O problema da manutenção das UDs vem sendo contornado com visitas periódicas e orientações dos monitores agroflorestais. A tabela abaixo apresenta os resultados de crescimento em altura e índice de mortalidade das espécies arbóreas nativas com o melhor desempenho aos 12 meses de plantio.

Avaliação do crescimento das arvores plantadas no corredor IBELGA

Vista parcial da área de mata ciliar do IBELGA disponível para plantio.

Fase inicial de germinação espécies nativas viveiro IBELGA

Mudas de espécies nativas viveiro IBELGA

13

1.5 Conclusões e Recomendações • As atividades desenvolvidas no projeto foram de importância significativa na

formação de uma base para promoção e difusão dos SAFs , entre as principais podemos citar:: A implantação dos viveiros agroflorestais no IBELGA e APROSOL; treinamento dos agricultores , alunos do IBELGA e monitores agroflorestais em conhecimentos básicos de SAFs, coleta de sementes, técnicas de plantio e produção de mudas. Esta sólida base de conhecimentos e estrutura poderá servir de apoio para a continuação das atividades do projeto e implementação de outros projetos que tenham como carro chefe os sistemas agroflorestais.

• Os plantios de reflorestamento e os SAFs devem se tornar uma fonte significativa

de renda familiar, apoiada num leque de produtos de valor comercial comprovado. No curto prazo, a renda é gerada pelos cultivos de ciclo curto mantidos temporariamente nas entrelinhas ocupadas pelas espécies perenes. No entorno das APPS em via de restauração, essas entrelinhas podem ser ocupadas com cultivos agrícolas comerciais persistentes ou perenes (bananeiras; café; cardamomo; gengibre; etc.). Nas APPs em via de restauração, convém introduzir espécies florestais nativas da região que sejam fruteiras ou melíferas, prevendo mecanismos que viabilizem a agregação de valores (mediante beneficiamento e mecanismos participativos de comercialização).

• A região apresenta um bom potencial para a produção de frutas nativas –

principalmente das Myrtáceas e das Anonáceas - tanto para a venda de frutas in natura como de produtos beneficiados. Um pequeno agricultor, membro da APROSOL, cultiva a espécie exótica “tomate-da-India” – também conhecida como tomate-de-árvore (Cyphomandra betacea Sendt., uma solanácea): trata-se de uma fruteira arbustiva melífera, originária da região andina. A esposa deste agricultor utiliza as frutas para fazer e vender geléia de doces. Esta espécie é cultivada em escala comercial em outros países (por exemplo, na Nova-Zelândia): suas características agronômicas e técnicas de beneficiamento são bem documentadas. Esta espécie poderia ser cultivada em maior escala na região – no sistema “box”-, no entorno de APPs (existentes ou em via de restauração) visando aumentar a renda familiar.

• Outras fontes adicionais de renda devem ser contempladas apoiadas em

atividades de beneficiamento e comercialização: -(a) a transformação de frutas em geléias, doces, licores (por exemplo, beneficiando frutas da espécie nativa jabuticabeira); –(b) o beneficiamento dos pequenos frutos da aroeira-pimenteira para venda da “pimenta-rosa” a qual se apresenta com crescente demanda em feiras e casas especializadas no Rio de Janeiro; -(d) colheita e manejo de sementes visando sua comercialização ou a produção de mudas com finalidade comercial; (e) produtos medicinais.

• No processo de fortalecimento de mecanismos de comercialização, envolvendo

os produtores e suas associações, devemos buscar apoios desenvolvidos na região serrana, por exemplo, pela Unidade de Acesso a Mercados do SEBRAE. Por outro lado, no âmbito do seu programa “GEOR” (Gestão Estratégica Orientada para Resultados), o SEBRAE/RJ está desenvolvendo este programa em parceria com diversas instituições públicas e privadas, entre elas: as prefeituras de Teresópolis, Nova Friburgo e São José do Vale do Rio Preto; a Embrapa Agrobiologia; a Delegacia Federal de Agricultura-RJ; a Associação dos Produtores Orgânicos do Vale do Rio Preto (Horta Orgânica); BioHortas; Emater-Rio; Fundação Mokiti Okada; Cooperativa Terra Verde; Agrosuisse, Programa de

14

Apoio Tecnológica à Exportação (Progex), Planeta Orgânico, Pesagro-Rio, Centro de Ensino Supletivo de Petrópolis, Coopervale e a ONG Pró Terra. GEOR oferece um apoio às atividades produtivas visando o desenvolvimento da agricultura orgânica e a formação de propriedades agroecológicas na região serrana do Rio de Janeiro [Fonte em data de 05/08/2005: www.sebraerj.com.br].

• Conforme os dispositivos legais existentes, o pequeno agricultor tem a

possibilidade de restaurar as APPs na sua propriedade mediante a implantação e o manejo sustentado de sistemas agroflorestais. Porém, na prática alguns aspectos administrativos dificultam um efetivo engajamento dos agricultores familiares nos objetivos da restauração: com poucas exceções, o pequeno agricultor trabalha e vive de uma forma bastante isolada, sem capacidade de atuar na esfera administrativa pública. Sem apoio externo, ele dificilmente conseguiria obter dos órgãos ambientais as autorizações e licenciamentos necessários. Por tanto é imprescindível concretizar um apoio externo, envolvendo o serviço governamental de extensão rural, uma ONG local e as associações locais de pequenos agricultores, capazes de superar os embaraços administrativos.

• Desde já – em parceria com o programa “Clickarvore” da SOS Mata Atlântica, o

projeto implantou viveiros comunitários comerciais geradores de renda. Um maior dimensionamento desses viveiros ajudará a corrigir o atual enorme déficit em quantidade, diversidade botânica e qualidade de mudas de espécies florestais nativas produzidas no Estado do Rio de Janeiro. A demanda para esta categoria de mudas está aumentando no Estado, já demonstra uma tendência positiva.

• As espécies implantadas nas UDs futuramente fornecerão sementes aos viveiros

do IBELGA e APROSOL para produção de mudas. Além disso, as sementes poderão ser comercializadas para incrementar a renda familiar. O processo de coleta de sementes pode ser facilitado já que as UDs estão localizadas em áreas de fácil acesso e controle, o que significa economia de tempo e recursos.

• A implantação das unidades demonstrativas está ainda recente e, portanto,

podemos indicar apenas umas conclusões provisórias. As árvores de aroeira pimenteira, pau jacaré, tamboril, angico vermelho e angico branco que apresentam rápido crescimento podem ser indicadas para reflorestamentos, recuperação de áreas degradadas e como componentes de SAFs na região do projeto.

• Parte dos componentes florestais deveria ser formada por espécies madeireiras

de alto valor comercial – nativas ou exóticas (as exóticas, fora das APPs)-, com a capacidade de se tornarem – no médio prazo - o instrumento de um processo de “capitalização” beneficiando o dono da propriedade rural. Em muitos casos este processo de capitalização será o instrumento decisivo da erradicação da pobreza no meio rural. Duas espécies florestais nativas da região poderão preencher um papel de peso em termos de geração de renda: a palmiteira juçara (para comercialização do palmito e de refresco) e o pinheiro-do-paraná (venda de pinhão; venda de mudas para reflorestamento ou plantio em sítios e jardins com fins decorativas.

• Outras espécies recomendadas no âmbito do “processo de capitalização” seriam:

Aniba firmula (canela), Aspidosperma spruceanum (amargoso), Astronium graveolens (guaritá), Brosimum guianense (leiteira), Cabralea canjerana (canjarana), Cariniana legalis (jequitibá-rosa), Centrolobium tomentosum (araríba-robusto), Colubrina glandulosa (saguaraji), Nectandra lanceolata (canela), Ocotea

15

porosa (imbuia), Ocotea puberula (canela-guaiacá), Platycyanus regnellii (pau-pereira), Schizolobium parahyba (guapuruvu), Simarouba amara (marupá), Tabebuia heptaphylla (ipê roxo) e Vitex montevidensis (tarumã).

• Em terras onde ocorrem periodicamente inundações, convém contemplar as

seguintes medidas: -(a) conhecendo a data mais provável de ocorrência de inundação forte, realizar a abertura de covas e o plantio depois desta data; -(b) utilizar espécies pioneiras de muito rápido crescimento, por exemplo, a aroeira-pimenteira, mas também bambus “finos”nativos” (taquaras, geralmente do gênero Chusquea).

2. Implantação de viveiro de plantas nativas para produção de mudas e

desenvolvimento de práticas agroflorestais A inauguração funcional do viveiro, prevista para ser iniciada com a produção de mudas e com os estágios, ocorreu conforme planejado, na primeira semana de agosto de 2005, com o início das atividades práticas com estagiários da Escola Ibelga e a busca pela diversificação das espécies produzidas. Mas foi no mês de julho de 2005 que iniciou-se o processo de produção de mudas com o plantio direto nos saquinhos e também com sementeiras. As espécies semeadas no mês de julho foram o palmito juçara (11 mil sementes), araucária e aroeira pimenteira. No viveiro foram feitas algumas adaptações/obras, optou-se pela compra de materiais de baixo custo, mas que pudesse estabelecer um padrão de excelência. Foram realizadas obras e semeaduras nos dois viveiros que implantamos na região, nas terras da Escola Rei Alberto I - IBELGA e na sede da Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Comunidade de São Lourenço - APROSOL. Para tanto foram comprados insumos (areia, barro e substrato) e material de construção. Foram construídos canteiros internos e os externos do viveiro e montado um barracão para ser o local de enchimento dos saquinhos no viveiro do IBELGA. Optou-se por não produzir em tubetes por ser o custo muito mais elevado. Na semeadura direta nos saquinhos se encontram em fase de produção mudas das seguintes espécies arbóreas: 100 mudas de angico vermelho (Anadenanthera macrocarpa), 162 mudas de angico branco (Anadenanthera colubrina), 250 mudas de canafistula (Pelthophorum dubium), 400 mudas de jacarandá (Dalbergia nigra), 270 mudas de aroeira pimenteira (Schinus terebinthifolia), 200 mudas de orelha de negro (Enterolobium contortisiliquum), 100 mudas juçara (Euterpe edulis), 280 mudas de araucária (Araucaria angustifolia), 108 bracatinga (Mimosa scadrella), totalizando 1.870 mudas. Em sementeiras foram produzidas as seguintes espécies arbóreas: monjoleiro (Acassia polyphylla ), pau ferro (Caesalpinia ferrea), angico vermelho, juçara e cássia rosa (Cassia spp). Durante a fase de implantação dos viveiros, dois alunos do ensino médio da Escola Rei Alberto I - IBELGA passaram a freqüentar a área de trabalho por livre e espontânea vontade. São eles, Pedro e Danilo, a partir desta manifestação foi montado um esquema de estágio especial para os dois rapazes, alternando atividades práticas no viveiro com estudos sobre Ecologia e SAF’s. Passaram cerca de 20 (vinte) horas semanais no viveiro, estes rapazes foram os pioneiros nesta formação. Eles continuam trabalhando como monitores nos viveiros, desempenhando funções de apoio pedagógico junto aos novos estagiários, eles também participam de cursos de formação em SAF’s e Ecologia, prática de viveiro e implantação de SAF’s. (Ver Anexo 4 - Conteúdo sobre a “Formação de Agentes Agroflorestais” e Anexo 5 - tabela com rotina de atividades de manutenção das UDs e viveiro).

16

No período de outubro a dezembro de 2005 foram adquiridas da RIOESBA – Rede de Sementes Rio de Janeiro – Espírito Santo – Bahia, 100 gramas de sementes de cada uma das seguintes espécies arbóreas: aroeira pimenteira (Schinus terebinthifolia), amendoim bravo (Euphorbia enterophyllia), angico vermelho (Anadenanthera macrocarpa), pau ferro (Caesalpinia férrea), babosa branca, sabão de soldado, jacarandá (Dalbergia nigra), quaresmeira, fedegoso, aldrago, pau formiga, ipê cinco chagas, urucum, orelha de negro (Enterolobium contortisiliquum), e ipê amarelo.

Estratégia de sustentabilidade dos viveiros instalados A intenção é de transformar os viveiros em atividades viáveis do ponto de vista econômico, social e ecológico - Econômico por se buscar compradores para a produção; social porque o trabalho é em conjunto com a comunidade tendo em vista a intenção de transformar os viveiros em fonte de mudas gratuitas para que a própria comunidade possa proporcionar o seu reflorestamento das áreas de preservação permanente; ecológico por operar, a partir de, e visando a constituição de corredores ecológicos na região. Para tanto foi elaborado, ao longo do projeto, uma estratégia que visa vender parte da produção para garantir o custeio, incluindo os funcionários, a distribuição gratuita de mudas para a comunidade (fomentando a constituição do corredor ecológico), e gerando renda para a Escola Rei Alberto I - IBELGA e para a Associação de Pequenos Produtores Rurais da Comunidade de São Lourenço - APROSOL. Os termos para essa questão foram bastante discutidos entre as partes conveniadas. Foram realizados alguns contatos e uma estratégia de venda começa a ser desenhada. Mas é necessário estabelecer preços para os produtos. Portanto os “Viveiros Sociais”, tal como definimos estes implantados na região, possuem uma função social uma vez que são destinados a: a) atender à demanda de produtores rurais por recuperação de APPs (Áreas de Preservação Permanente); b) criar oportunidades de emprego e fixação do jovem rural; c) funcionar com espaço de educação ambiental e capacitação profissional; e d) disseminar a importância do reflorestamento com espécies nativas. Eles existem atrelados ao projeto, e atualmente, são três viveiros no município de Nova Friburgo/RJ, a saber: 1) Viveiro da Escola Agrícola Ibelga - pronto com capacidade de produzir 150.000 mudas/ano; 2) Associação de Produtores Rurais de São Lourenço - pronto, com capacidade de 50 mil mudas (para uso dos membros da entidade); e 3) Viveiro localizado em área florestal urbana, pertencente à Marinha, implantado em parceria com o Rotary Club Imperador.

Vista parcial do Corredor Ecológico IBELGA aos 6 meses de plantio. Nov. 2005

Monitores Agroflorestais abrindo covas para plantio. UD São Lourenço. Nov. 2005

17

Os viveiros foram constituídos sob orientação técnica da Rebraf. Os dois primeiros contaram com recursos captados exclusivamente pela entidade junto ao CEPF. Mudas de 70 espécies arbóreas nativas são produzidas em sacos plásticos reciclados, manejadas organicamente e sob estrito controle fitossanitário. O custo de produção é de R$0,25 por muda. Os diferenciais do produto são: a) preço competitivo; b) proximidade com o cliente (distribuição); c) mudas adaptadas e produzidas com sementes da região coletados por jovens capacitados pelo projeto, valorizando e garantindo a proteção da biodiversidade local e contribuindo a fixação de jovens agricultores no campo. (Ver anexo 6 - Proposta de Sustentabilidade dos Viveiros Ibelga e Aprosol) A relevância dos viveiros para a organização e o projeto As regiões Serrana e Norte Fluminense do Estado do Rio de Janeiro não possuem fornecedores locais de mudas florestais e ornamentais nativas da Mata Atlântica. Na prática, as poucas mudas plantadas são importadas do estado de Minas Gerais, principalmente das cidades de Cataguases e Dona Eusébia, localizadas na Zona da Mata. Além de elevar o preço para o comprador (custam, em média, R$ 2,00 cada muda de 50 a 60 cm), as mudas não são adaptadas às condições edafo-climáticas da reguão serrana, tipicamente acima de 1.000 m de altitude, e não sobrevivem. Espera-se contribuir para fixação dos jovens na comunidade, oferecendo opções profissionais, sobretudo dos que já estão em processo de formação de técnico agrícola pela Escola Familia Agrícola Rei Alberto I - IBELGA, principal parceiro da Rebraf na região. Esta parceria se concretizou em função do Projeto “Proteção e restauração da área do Entorno do Parque Estadual dos Três Picos”, que financiou estudos sócio-ambientais visando à implantação de um corredor ecológico nas cabeceiras do Rio Grande, no entorno do Parque Estadual dos Três Picos, em Nova Friburgo-RJ. Além de atender o mercado varejista, poderemos atender a demanda na região para a recuperação de nascentes e da mata ciliar do Rio Grande, podendo, desta maneira, contribuir para constituição do corredor ecológico na região. A replicabilidade da ação Inicialmente prevê-se a expansão do projeto junto a parceiros em 13 municípios da região serrana do Rio de Janeiro, nas sub-bacias membros do Consórcio BNG2, objeto do Plano de Negócios que deve ser elaborado inicialmente. Posteriormente, o conceito do projeto pode ser replicado para as mais de 120 escolas famílias agrícolas, distribuídas por 19 estados brasileiros. Estas escolas fazem parte da União Nacional das Escolas Famílias Agrícolas do Brasil/UNEFAB, ao qual a Escola IBELGA, parceiro do projeto, é integrante. Ao concretizar este projeto-piloto, o mesmo poderá ser replicado no contexto destas escolas e poderá contribuir, concomitantemente, para a sustentabilidade deste modelo pedagógico inovador, assim como pela geração de emprego e renda para zonas rurais de baixa renda, e para a recuperação florestal em diversos locais do país. Projeto Click Arvore - SOSMA - Produção de mudas No mês de março de 2006, foi realizada a segunda encomenda de sementes florestais com o intuito de atender a demanda do Projeto ClickArvore - SOSMA. A tabela abaixo apresenta uma listagem das espécies e as quantias encomendadas. Assim mesmo, encontra-se uma estimativa do número de mudas a serem produzidas por cada espécie florestal. O cálculo do número de mudas tomou como base um poder germinativo de 50 %.

18

Flora Tiête

Nome vulgar Nome científico Encomenda Número de mudas Grupo Ecológico

Peroba rosa Aspidosperma polyneuron 200g 1.000 avançada

Pau D alho Gallesia integrifolia 200g 1.500 Secundária Jacarandá da Bahia Dalbergia nigra 200g 1.000 Secundária RIOESBA

Aldrago Pterocarpus violaceus 300g 500 Secundária

Aroeira pimenteira Schinus terenbinthifolia 250 g 4.000 Pioneira

Babosa branca Cordia sellowiana 250g 800 Secundária

Embauba Cecropia chry 50 g 4.000 Pioneira

Ipê amarelo Tabebuia chrysotricha 250g 10.000 Secundária Pau ferro Caesalpinia ferrea 250g 1.200 avançada Tamboril Enterolobium contorsiliquum 500g 1.000 Secundária Total 2,45 kg 25.000

19

ANEXOS ANEXO 1 - Material básico para implantação dos Viveiros Florestais Foi feita uma análise dos custos de implantação dos viveiros e verificou-se que para implantação dos mesmos foi necessária a contratação de loja especializada na implantação de estufas, Calixto Comércio e Industria, com sede em Teresópolis RJ. Na tabela abaixo estão os custos do material fornecido pela loja, incluindo a mão-de-obra para cada viveiro. As dimensões da estufa foram de 5m x 15m totalizando 75 m². Os esteios foram colocados a uma distância de 3 m um do outro.

Categoria Quantidade Total R$

Material de consumo

Sombrite malha 50% 40 m linear 168,00 Tubos de ferro (parte aérea) 1.360,00 Lona 5 mantas 4m 135,00 Mão-de-obra 350,00

Total 2.013,00

O restante do material pode ser comprado próximo a São Lourenço. A seguir lista deste material.

� 15 esteios de maçaranduba de 7,0 x 7,0 cm e altura 2,50 a 2,70m. � Ripas 44 metros de 6cm x 2 1/2 ou 7 x 2 � 10 ripas de telhado para trava dos esteios de 4cm x 1/2. Os esteios deverão ter

no mínimo 4 cm. � 2 ripas de 4 x 1/2 de 5.30 m para as cabeceiras.

A compra deste material ficou em torno de R$400,00 a 500,00 reais. O custo de implantação de cada viveiro foi de aproximadamente R$ 2.500,00 a 2.600,00.

Calixto Comércio e Industria Endereço: Avenida Delfim Moreira 1.776, Teresópolis RJ. Responsável: Roberto Calixto - Tel: ( 021) 2742-2926

20

ANEXO 2 - Espécies arbóreas de interesse para SAFs e épocas de coleta de sementes. Com o objetivo de servir de guia para a coleta e aquisição de sementes foi elaborada uma agenda provisória das espécies nativas prioritárias.

Nome comum Nome Científico Quantidade Sementes/kg

Época de coleta

Açoita cavalo Luehea divaricata 160.000 junho/agosto Aleluia Sena multijuga 87.300 abril/maio Angico branco Anadenanthera colubrina 15.600 abril/junho Angico preto Anadenanthera

macrocarpa 7.600 agosto/setembro

Angico vermelho Anadenanthera macrocarpa

7.600 setembro/novembro

Araribá Centrolobium tomentosum 330 agosto/setembro Araticum cagão Annona cacans 6.000 fevereiro/março Pinheiro do Parana

Araucaria angustifolia 120 a 200 março/junho

Aroeira Pimenta Schinus terebinthifolius 65.000 fevereiro/março Bracatinga Mimosa scabrella 57.000 novembro/dezembro Cajá mirim Spondias lutea 200 março/abril Canafistula Pelthophorum dubium 25.600 maio/junho Candiúba Trema micantra 180.000 janeiro/maio Capixingui Croton floribundus 31.000 janeiro/fevereiro Cerejeira Eugenia involucrata 7.500 outubro/dezembro Embaúba Cecropia pachystachya 700.000 novembro/março Goiaba vermelha Psidium guajava 30.000 janeiro/fevereiro Guabiroba Campomanesia corymbosa 13.000 dezembro/janeiro Guapuruvú Schizolobium paraybum 500 julho/agosto Jaboticabeira Myrciaria trunciflora 11.000 setembro/outubro Jacarandá bahia Dalbergia nigra 9.500 setembro/outubro Jenipapo Genipa americana 15.000 novembro/dezembro Louro pardo Cordia trichotoma 3.800 maio/agosto Mamica de porca Zanthoxylum rhoifolium 17.000 março/junho Mulungu Erythrina sp 5.500 agosto/setembro Mutambo Guazuma ulmifolia 155.000 agosto/outubro Paineira Chorisia arborea 3.100 julho/agosto Palmito Jussara Euterpe edulis 800 maio/outubro Pau Brasil Caesalpinia echinata 4.000 dezembro/janeiro Pau jacaré Piptadenia gonoacantha 13.400 setembro/outubro Pitanga Eugenia uniflora 2.300 outubronovembro Saguaraji Colubrina glandulosa 43.000 junho/setembro Sapucaia Lecythis pisonis 180 julho/setembro Tamboril Enterelobium

contortisiliquum 4.200 setembro/outubro

Tapieira Alchornea triplinervia 45.000 janeiro/fevereiro Tarumã Citharexylum myrianthum 1.800 abril/maio

21

Anexo 3 - Tabelas com os resultados das avaliações em todas as UDs Avaliação do crescimento em altura e índice de mortalidade (Corredor ecológico IBELGA)

Nome comum Nome Científico Altura média (m) 6 meses

Altura média (m) 12 meses

% mortalidade

Aleluia Sena multijuga 0,52 1,10 25 Angico branco Anadenanthera

colubrina var. colubrina

0,72 1,20 10

Angico vermelho

Anadenanthera macrocarpa

0,88 1,62 10

Pinheiro do Parana

Araucária angustifólia var. cebil

0,67 0,92 10

Aroeira Pimenteira

Schinus terebinthifolius

1,20 1,85 5

Canafistula Pelthophorum dubium 0,48 0,78 25 Manacá da Serra

Tibouchina granulosa 0,60 0,85 30

Louro pardo Cordia trichotoma 0,70 0,90 15 Mamica de porca

Zanthoxylum rhoifolium

0,50 0,80 20

Palmito Jussara

Euterpe edulis 0,87 0,97 40

Pau ferro Caesalpinia ferrea 0,57 0,68 40 Tamboril Enterelobium

contortisiliquum 1,12 1,90 5

Jaboticabeira Plinia trunciflora 1,65 1,70 25 Pitanga Eugenia uniflora 1,50 1,60 5 Laranja pocan Citrus reticulata 1,13 1,35 10 Nespera Eriobotrya japonica 1,45 1,65 10

Avaliação do crescimento em altura e índice de mortalidade (mata ciliar Sr.João)

Nome comum Nome Científico Altura média (m) 6 meses

Altura média (m) 12 meses

% mortalidade

Angico branco Anadenanthera

colubrina var. colubrina

0,78 1,75 20

Angico vermelho

Anadenanthera macrocarpa

0,85 1,72 20

Aroeira Pimenteira

Schinus terebinthifolius

1,10 1,92 15

Canafistula Pelthophorum dubium

0,55 0,98 30

Louro pardo Cordia trichotoma 0,55 1,44 30 Palmito Jussara

Euterpe edulis 0,50 0,60 40

Pau jacare Piptadenia gonoacantha

1,75 1,98 15

Tamboril Enterelobium contortisiliquum

1,30 2,10 10

Jaboticabeira Plinia trunciflora 1,08 1,20 10 Pitanga Eugenia uniflora 1,30 1,53 15 Laranja pocan Citrus reticulata 1,08 1,22 15 Nespera Eriobotrya japonica 1,50 1,68 10

22

Avaliação do crescimento em altura e índice de mortalidade (mata ciliar Sr. Tadeu

Tardim) Nome comum Nome Científico Altura média (m)

6 meses Altura média (m)

12 meses % mortalidade

Pau jacare Piptadenia gonoacantha

0,72 1,13 15

Angico branco Anadenanthera colubrina

0,70 0,80 25

Angico vermelho

Anadenanthera 0,74 0,94 20

Aroeira Pimenteira

Schinus terebinthifolius

0,83 1,29 10

Canafistula Pelthophorum dubium

0,53 0,63 35

Louro pardo Cordia trichotoma 0,52 0,64 45 Mamica de porca

Zanthoxylum rhoifolium

0,50 0,62 45

Tamboril Enterelobium contortisiliquum

0,92 1,37 10

Pitanga Eugenia uniflora 1,25 1,40 15

Avaliação do crescimento em altura (mata ciliar Sr.Chique) Nome comum Nome Científico Altura média (m)

6 meses Altura média (m)

12 meses % mortalidade

Angico branco Anadenanthera colubrina

0,78 1,62 35

Angico vermelho

Anadenanthera macrocarpa

0,85 1,70 30

Aroeira Pimenteira

Schinus terebinthifolius

1,10 1,72 15

Canafistula Pelthophorum dubium

0,55 1,05 45

Louro pardo Córdia trichotoma 0,55 0,58 45 Pau jacare Piptadenia

gonoacantha 1,08 1,78 15

Palmito Jussara

Euterpe edulis 0,50 0,70 45

Jaboticabeira Plinia trunciflora 1,75 1,80 20 Pitanga Eugenia uniflora 1,30 1,62 15 Laranja pocan Citrus reticulata 1,08 1,10 20 Nespera Eriobotrya japonica 1,50 1,56 20

23

Avaliação do crescimento em altura - mata ciliar Carlos Nome comum Nome Científico Altura média

(m) 3 meses Angico vermelho

Anadenanthera macrocarpa

0,85

Aroeira Pimenteira

Schinus terebinthifolius 1,10

Canafistula Pelthophorum dubium 0,55 Pau ferro Caesalpinia ferrea 0,46 Jaboticabeira Plinia trunciflora 1,75 Pitanga Eugenia uniflora 1,30 Laranja pocan Citrus reticulata 1,08 Nespera Eriobotrya japonica 1,50

Avaliação do crescimento em altura - mata ciliar Srs.Velvete e Sidney Nome comum Nome Científico Altura média (m)

5 meses Pinheiro do Parana

Araucária angustifólia var. cebil

0,75

Angico vermelho

Anadenanthera macrocarpa

0,70

Aroeira Pimenteira

Schinus terebinthifolius 1,02

Canafistula Pelthophorum dubium 0,52 Louro pardo Córdia trichotoma 0,75 Pitanga Eugenia uniflora 1,32 Laranja pocan Citrus reticulata 1,02 Nespera Eriobotrya japonica 1,40

Avaliação do crescimento em altura (mata ciliar Sr.Dilsinho) Nome comum Nome Científico Altura média (m) 4 meses

Jaboticabeira Plinia trunciflora 1,60 Pitanga Eugenia uniflora 1,55 Laranja pocan Citrus reticulata 1,45 Palmito Jussara Euterpe edulis 0,58

Avaliação do crescimento em altura (mata ciliar Sr.Carlos Bras) Nome comum Nome Científico Altura média (m) 4 meses

Angico vermelho

Anadenanthera macrocarpa

0,65

Aroeira Pimenteira

Schinus terebinthifolius 0,95

Canafistula Pelthophorum dubium 0,47 Louro pardo Córdia trichotoma 0,58 Laranja pocan Citrus reticulata 1,02 Nespera Eriobotrya japonica 1,15 Pitanga Eugenia uniflora 1,20

24

Anexo 4 - Conteúdo sobre a “Formação de Agentes Agroflorestais”

Este programa foi desenhado a partir da iniciativa espontânea de dois meninos/estudantes do ensino médio da Escola Rei Alberto I/IBELGA - Douglas e Pedro. Eles são moradores da região. Simplesmente chegaram, durante suas férias, e se dispuseram a estagiar com a REBRAF. Estávamos no meio da construção dos viveiros no mês de julho. Eles passaram a desenvolver atividades que foram desde o plantio até o desenho e disposicão de canteiros. Trabalharam e estudaram conceitos básicos de Ecologia e de SAF’s.

Em agosto passaram a ser nossos monitores e a nos auxiliar com os estágios e manutenção dos viveiros. Em setembro pagamos todas as despesas para que eles pudessem freqüentar o curso interno de formação em Sistemas Agroflorestais, promovido pela REBRAF e ministrado por Jean Dubois, nos dias 08 e 09 de agosto no Rio de Janeiro.

Estamos buscando recursos para que esses garotos recebam uma bolsa de estudos e pretendemos incluir mais quatro bolsistas em nossa equipe. Todos são filhos de agricultores da região. Eles estão se configurando como os grandes agentes transformadores do Projeto.

O estágio para a formação de Agentes Agroflorestais está sendo oferecido na semana inversa (pedagogia da alternância) a cada 15 (quinze) dias, 20 (vinte) horas/semana, totalizando 40 (quarenta) horas/mês. Os alunos assinarão um livro-ponto para que possamos ter um controle de presença. Aqueles que tiverem uma freqüência menor do que 75% num mês, serão substituídos por outros interessados. O conteúdo do estágio está dividido em 04 (quatro) núcleos de atividades:

i. Prática de Viveiro • Colheita e processamento de sementes de espécies nativas da Mata Atlântica; • Técnicas de plantio e produção de mudas em viveiro agroflorestal; • Gestão para viveiro; • Viveiro como ferramenta pedagógica.

ii. Implantação de Sistemas Agroflorestais e reflorestamento

• Plantio e manutenção das espécies; • Pensando em soluções econômicas e ecológicas para as propriedades locais; • Aspectos legais para a exploração econômica de espécies nativas;

iii.Ecologia

• Princípios Gerais da Ecologia; • Ecologia brasileira • Ecologia da Mata Atlântica de Altitude

iv.Educação Ambiental

• Princípios de educação Ambiental; • Técnicas lúdicas para a aplicação de conceitos ambientais.

Equipe REBRAF de voluntários Ricardo: Biólogo, Professor da rede municipal de ensino da Cidade do Rio de Janeiro. Função: Ministrar oficinas e palestras na área de ecologia Colin Mansell: tradutor, web-designer e produtor rural. Função: Colabora em atividades de campo e estágios.

25

Anexo 5 - tabela com rotina de atividades de manutenção das UDs e viveiro

Cronograma geral de atividades Atividades/Mês Jan/05 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan /06 Nas Unidades Demonstrativas

Piquetagem

Abertura de covas

Adubação de plantio

Plantio

Replantio

Coroamento/ capina

Adubação de cobertura

Implantar cercas

Abrir aceiro

Índice de sobrevivência

Medir altura e diâmetro

Controle de formiga

Registrar custo operacional

Nos Viveiros Florestais

Implantação

Irrigação

Semeadura

Enchimento sacos plásticos

Formação de canteiros

Repicagem das mudas

Colheita de sementes

Secagem de sementes

Registro de produção mudas

Registrar custo operacional

26

Anexo 5 – Proposta de Sustentabilidade dos Viveiros Ibelga e Aprosol Uma proposta para a continuidade do Projeto “Proteção e Restauração da Área do Entorno do Parque Estadual dos Três Picos” Este documento é fruto de observações realizadas pela coordenação de campo a partir do desenvolvimento das atividades do Projeto “Proteção e Restauração na Área do Entorno do Parque Estadual dos Três Picos”. Seu objetivo é o de apresentar uma proposta que pode levar à continuidade das atividades do projeto na região. Já que foram investidos recursos financeiros, físicos e humanos para a promoção da formação da população local em princípios de preservação, ecologia, SAFs, produção de mudas de espécies arbóreas nativas, colheita de sementes, bem como na infra-estrutura para a montagem e produção de três viveiros florestais. O que será apresentado são subsídios para compor um plano de negócio adequado para os viveiros. São sugestões para sua função sócio-ambiental, modelo de contratação da mão de obra, venda da produção e mercados potenciais.

1. Função Sócio Ambiental dos Viveiros Os viveiros estabelecidos nas dependências do IBELGA e da APROSOL são vistos como possíveis fontes de sustentabilidade por e para estas instituições. Porém não são vistos como fontes de recursos pura e simplesmente. APROSOL e IBELGA têm consciência de que os viveiros representam uma possibilidade para a recuperação de áreas degradadas como as margens do Rio São Lourenço. Também enxergam a necessidade de se criar frentes de trabalho remunerado para a população local. Por estas razões os viveiros instalados, bem como a equipe de bolsistas e o nosso Técnico Douglas Silva, são vistos como parceiros fundamentais para a concretização de uma iniciativa que pode gerar renda, promover a recuperação de áreas degradas e ainda colaborar com a receita das instituições. E desta maneira dar continuidade ao trabalho da REBRAF na região. Seria também uma possibilidade de concretização do ideário do IBELGA que é contribuir para a formação e fixação do homem do campo no campo.

2. Legalização Para que possamos produzir nos viveiros é preciso realizar sua legalização. Esta consiste no cadastramento junto ao Cadastro Técnico Federal no site do IBAMA. Feito o cadastro passaremos a fase dois que é a elaboração de um projeto técnico para plano de manejo dos viveiros (para cada viveiro). Se junta o projeto com o cadastro e apresenta-se para o IBAMA local. Este procedimento está sendo realizado por nossa equipe e os viveiros sendo cadastrados em nome do IBELGA e da APROSOL. 3. Sustentabilidade Econômica Estratégias comerciais: • Consolidação com a parceria SOS Mata Atlantica: Programa de Fomento Florestal

Click Arvore (venda de nativas); • Mercado Friburguense: fornecimento de nativas e frutíferas; • Banco de sementes: equipe de coletores de sementes/colheita, armazenamento e

venda de sementes florestais nativas.

27

4. Contratação Prever a inclusão da equipe de bolsistas (três jovens) e de nosso técnico agrícola Douglas Silva como sócios/parceiros dos viveiros. Eles seriam os responsáveis pela produção sob orientação da REBRAF. Sugiro colocá-los como parceiros por ser a maneira mais prática e barata. Os meninos poderão obter o talão de notas de produtor rural. O produtor rural não paga ICMS. Também desta maneira não precisaríamos abrir uma empresa. Os meninos seriam parceiros ou meeiros do IBELGA e da APROSOL. Os viveiros também poderiam pagar os consultores da REBRAF que se envolverem na orientação, produção e comercialização. 5. Marketing Desenvolver um selo de qualidade IBELGA-REBRAF e ou da FLORECOOP. 6. Continuidade do Projeto Com a equipe garantindo a produção de mudas, poderemos obter recursos para pagar os custos, incluindo mão de obra. A mesma equipe pode ser a responsável por buscar terras disponíveis junto aos agricultores da região para promover a recuperação das margens do Rio São Lourenço e desta maneira garantir o estabelecimento do corredor ecológico proposto pelo Projeto CEPF. Utilizaríamos todos os estudos e informações obtidas pelo projeto para orientar os meninos no trabalho. Desta maneira continuaríamos o projeto de forma auto-sustentada e utilizando agentes agroflorestais da região. Se pensarmos no âmbito do Programa ClickArvore, estaremos recebendo recursos para produzir mudas que serão plantadas na região. E desta maneira criaríamos um ciclo virtuoso.