PROPOSTA Portugal ter centro para coordenar estudo cancro 2020-07-15 · Portugal não tem uma as-...
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PROPOSTA DO IPATIMUP P 4 e 5
Portugalvai ter centropara coordenarestudo do cancro
IPATTMUP avança com proposta paracriar estrutura que junta cientistas da área• Objetivo é captar projectos e fundos
País unecientistasno combateao cancro
Helena [email protected]
Portugal não tem uma as-
sociação que agregue to-dos os investigadores docancro. Essa lacuna está
prestes a ser ultrapassadacom uma iniciativa de umdos centros de referência anível internacional.
Nnãoexiste no
nosso país umcentro nacionalde investigação
em cancro, ao contrário do
que acontece na maioria dos
países desenvolvidos, refe-re Manuel Sobrinho Si-mões, diretor do Institutode Patologia e ImunologiaMolecular da Universidadedo Porto (IPATIMUP). Istoquer dizer que não existeuma estrutura de cúpulaque coordene os vários cen-tros que investigam na áreada oncologia.
Para ultrapassar esta lacu-
na, o IPATIMUP avança hojecom a proposta de criação de
uma divisão portuguesa da
European Association forCâncer Research (EACR),explicou ao JN Leonor Da-vid, representante nacionalna organização que agregaassociações de toda a Euro-
pa. Além de juntar todos os
investigadores dispersos pe-los vários centros de inves-
tigação, a ideia é "criar umaâncora" que ajude a captarmais projetos de investiga-ção e fundos de financia-mento a nível europeu."Queremos dar o direito decidadania à investigaçãoque se faz em Portugal naárea do cancro", sublinhoua investigadora do IPATI-
Leonor David vai apre-sentar a iniciativa ao presi-dente da EACR, Júlio Celis,que está em Portugal para o
Porto Câncer Meeting, quejunta, hoje e amanhã, cer-ca de 200 investigadoresnesta área. O tema da 21. a
edição é a relação entre o
metabolismo e cancro. "Ointeresse pelas relações en-
tre alterações metabólicase cancro aumentou imensonos últimos anos, quandose percebeu que a obesida-de era, em conjunto com o
envelhecimento e as infla-mações crónicas, um dos 3
'major players' na carcino-
génese, isto é, no apareci-mento e desenvolvimentode cancros", explica Sobri-nho Simões.
Obesidade aumenta cancroDiversas investigações re-velaram que os indivíduosobesos apresentam ummaior risco para vários tiposde carcinomas - da mama,tiroide, próstata, pâncreas e
rim. Ainda não se sabe a ra-zão para este risco aumen-tado, mas já se percebeuque as células gordas produ-zem substâncias pré-tumo-rais, de acordo com PaulaSoares, coordenadora do
grupo de biologia do cancrono IPATIMUP.
Outro contributo recenteque enfatiza a importância
dos mecanismos metabóli-cos nos processos tumoraisfoi a descoberta do efeitoprotetor de um medicamen-to usado para controlar a gli-cose no sangue (metformi-na) em diabéticos tipo 2. Háestudos que evidenciam queos doentes tratados com estasubstância apresentam umamenor incidência de cancroe tumores menos agressivos.
Outras investigações já ti-nham demonstrado quequem toma regularmenteaspirina - para tratar doençavascular cardíaca, aneurismaou problemas reumáticos -também tem menores taxasde patologia oncológica por-que reduz a inflamação. •
OBESIDADEENVELHECIMENTOE INFLAMAÇÕESCONTRIBUEMPARA AUMENTODE TUMORES
IPATIMUPÉ REFERÊNCIANO ESTÔMAGO E NA TIROIDE? Criado há 23 anos, o Insti-tuto de Patologia e Imuno-logia Molecular da Universi-dade do Porto (IPAUMUP)impôs-se como uma das
mais sólidas referências na
investigação em cancro,tanto a nível nacional comono panorama internacional.A liderança de Sobrinho Si-
mões revelou-se um dos fa-tores para o sucesso.Entre os muitos contributosdo IPATIMUP, a investigaçãoque permitiu conhecer me-lhor o papel da infeção poruma bactéria (helicobacterpylori) no desenvolvimentodo cancro do estômago éuma das mais relevantes,
considera Raquel Seruca, in-
vestigadora e membro da di-
reção do instituto.No cancro da tiroide - área
em Sobrinho Simões é umdos mais reputados especia-listas mundiais - foramidentificados genes cruciais
para a evolução da doença.Outra linha de investigaçãomuito promissora é a queestá a tentar encontrar mar-cadores para a deteção de
cancros da mama de mauprognóstico, isto é, que não
respondem aos tratamentosatualmente disponíveis. Oobjetivo final é desenvolver
terapêuticas alternativasmais eficazes.
NA PRIMEIRAPESSOA
ReynaldoCianecchini0 ator brasileiro de 39anos teve um linfoma não-
Hodgkin, um cancro noslinfócitos. Fez um auto-transplante de medula e járegressou aos palcos.
Lula da SilvaEm Outubro foi diagnosti-cado cancro na laringe. 0ex-presidente do Brasil fezquimio, médicos dizem quetumor desapareceu.
Fernanda SerranoApós o nascimento da filha,em 2008, foi-lhe diagnosti-cado um nódulo no peitoque acabou por revelar-seum tumor maligno. Superoue voltou a ser mãe.
Michael DouglasEm Agosto de 2010, foi-lhediagnosticado um cancrona garganta. O ator, de 67anos, atribuiu a doença aosabusos do álcool e tabaco.
KylieMinogueA cantora australiana supe-rou um cancro da mamaque lhe foi diagnosticadoem 2005. Em 2010, des-piu-se para uma campanhade alerta contra a doença.
Mais de 60% dosdoentes estão vivoscinco anos depoisO CANCRO deixou de seruma sentença de morte e é,
hoje, uma doença crónica.Cinco anos depois do dia-gnóstico, mais de 60% dosdoentes tratados no InstitutoPortuguês de Oncologia(IPO) do Porto estão vivos.
Os tratamentos estão cada
vez mais eficazes, mas falarde cura ou de uma vacina ain-da é uma quimera. "Há casos
em que há 99% de probabili-dades de o cancro não reapa-recer, mas falar a 100% é
muito arriscado", considera
Laranja Pontes, presidentedo IPO do Porto.
É nos tumores líquidos(leucemias e linfomas emcrianças) que têm sido conse-
guido os maiores ganhos nasobrevivência dos doentes,de acordo com o responsáveldo IPO do Porto, que destacatambém os bons resultadosobtidos nos cancros do cólon,mama e próstata, ao contrá-
rio do que acontece com o
pâncreas, fígado, pulmão, la-
ringe e traqueia.A evolução terapêutica tem
sido no sentido de destruir as
células tumorais ou bloqueara sua proliferação sem causaruma destruição massiva dos
tecidos saudáveis, comoacontecia até há poucos anos.Pretende-se que os tratamen-to sejam cada vez mais preci-sos e planeados em funçãodas características do doentee das mutações do tumor.
O diagnóstico mais precocee o aparecimento de terapiasmais dirigidas permitiu dimi-nuir a taxa de mortalidade,apesar de a incidência ter au-mentado cerca de 3 0% na úl-tima década, sublinha JorgeEspírito Santo, presidente do
Colégio de Oncologia da Or-dem dos Médicos.
A cronicidade das patolo-gias oncológicas, associada aoaumento da incidência de-corrente do envelhecimentoda população, eleva o cancroao estatuto de principal pro-blema de saúde pública, na
opinião do presidente do nú-cleo do Norte da Liga Portu-
guesa contra o Cancro."Era importante que os
doentes continuassem a teracesso aos melhores trata-mentos disponíveis, sem res-
trições de caráter economi-cista, como está a acontecernos hospitais do Norte, queescolhem os medicamentosem função do preço mais bai-
xo", defende o responsávelda Liga, Vítor Veloso. •
SUCESSO
63%Sobrevivênciaa cinco anosUm estudo que seguiumais de dez mil doen-tes do I PO/Porto con-clui que 63% estavamvivos cinco anos de-
pois do diagnóstico.
ÓBITOS //TUMORES MALIGNOS
PROGRESSOS
Dez novos genesUm grupo de investiga-dores internacionais,coordenados pelos por-tugueses Samuel Aparí-cio, da Agência de Onco-logia da Colúmbia Britâ-nica, no Canadá, e Car-los Caldas, do Institutode Investigação sobre o
Cancro em Cambridge,no Reino Unido, revelouontem ter identificadonovos genes do cancroda mama, impondo a re-classificação da doençaem dez tipos. A desco-berta pode mudar a for-ma de adequação dos
tratamentos para as pa-cientes mulheres.
Vencedora Terry FoxSofia Braga, oncologistano Centro Clínico Cham-
palimaud, recebeu em
março uma bolsa TerryFox (15 mil euros) paraaplicar no estudo de um
potencial novo marcadorda progressão do cancroda mama que poderáservir de base a novostestes.
Melhor diagnósticoA tomossíntese, umanova tecnologia de dia-gnóstico do cancro da
mama que permite dete-tar pelo menos mais 15%dos cancros, já está a seruitilizada em Portugal. O
Instituto Português de
Oncologia (IPO) de Lis-
boa e o Hospital da Luz
já adquiriam o equipa-mento que deteta commaior precisão lesões
duvidosas.
Novo radiofármacoA Universidade de Coim-bra apresentou, no iníciodo ano, o primeiro radio-fármaco português, des-envolvido no Instituto deCiências Nucleares Apli-cadas à Saúde (ICNAS), e
que já está a ser utilizado
nalguns hospitais. Serve
para fazer diagnósticos.
Nova moléculaInvestigadores da Uni-versidade do Minhodescobriram uma molé-cula que "abre novasperspetivas" no trata-mento de cancro e
doenças neurodegene-rativas, como Parkinson
UNIVERSIDADES
Carnegie Mellon
ligada ao Porto
A Universidade do Porto e
a Carnegie Mellon Univer-
sity vão lançar, no próximoano lectivo, uma nova for-
mação conjunta de Enge-
nharia e Gestão. Será o pri-meiro curso partilhado en-tre instituições portuguesase norte-americanas quealia a vertente técnica com
as competências de gestão.
SOLIDARIEDADE
Lídia Franco sobe
aopalcodaFEUP
Lídia Franco sobe ao
palco do Auditório daFaculdade de Engenhariada Universidade do Porto
(FEIIP), no sábado, com
o monólogo Oscar e aSenhora Cor-de-Rosa,
para abraçar a causado Centro ComunitárioS. Cirilo. As receitas do
espectáculo reverterão
em forma de donativo
para este centro.
Há maiscampeõesAo terceiro dia dos Campeo-natos Nacionais Universitá-rios, em Guimarães e Braga, a
Associação Académica daUniversidade de Aveiro sa-
grou-se campeã no andebolfeminino batendo, na final, oInstituto Superior da Maia(23-22). Na véspera, a Univer-sidade do Porto tinha sido a
primeira campeã coletiva aofazer a dobradinha no hóqueiem patins, ganhando os títu-los masculino e feminino. Noandebol masculino, o Minho e
a Faculdade de Ciências e
Tecnologias discutem hoje afinal. Também no basquete-bol e no futsal, ontem foi diade meias-finais, ficando maistítulos para atribuir hoje. CD.
ARTEPorto
Faculdade de Belas Artes (Museu)Av. de Rodrigues de Freitas, 265 T.
225365488Cinco Séculos de Desenho na Colecçãoda FBAUP. Até 22/4. Diariamente das 10h às
18h. Desenho.
5700 alunosainda não sabemse terão bolsaeste ano
Governo promete novas regrasde atribuição de apoios já parao próximo ano lectivo.
Ana Petronilho e Márcia Galrã[email protected]
O Governo está a ultimar novas
regras para a atribuição de bolsas
no ensino superior, para entra-rem em vigor já no próximo anolectivo. Segundo o secretário deEstado João QYieiró, os estudan-tes do superior vão poder contarcom "uma maior centralizaçãodo processo e um maior automa-tismo na plataforma de modo a
que os atrasos sejam reduzidos",assegura ao Diário Económico.
Ontem, num debate de ac-tualidade pedido pelo PCP sobreo tema do abandono nas univer-sidades em virtude do corte nas
bolsas, o secretário de Estado doEnsino Superior garantiu queexistem este ano 53 mil bolsei-ros, sendo que no ano passadotambém eram apenas 56 mil. "Osistema é sustentável e as bolsasestão a ser pagas".
As alterações às regras em vi-gor pretendem dar uma maiorceleridade à análise do processodas candidaturas. Isto porque,oito meses depois do início doano lectivo, ainda existem 5.702alunos que se candidataram a
uma bolsa de estudo e que aindanão tiveram uma resposta. Umnúmero que representa cerca de6% do total de candidaturas re-
cebidas, 96.977, nos serviços de
acção social das universidades.O processo está a ser nego-
ciado com os estudantes que jápediram para que "o prazo decandidatura tenha início emMaio, como no anterior sistemae que seja alargado até Setem-bro", revela o presidente da Fe-deração Académica do Porto(FAP), Luís Rebelo. Isto porque,explica o presidente da FAP,"entre Junho e Julho os estudan-tes estão em período de examese não conseguem reunir toda a
documentação necessária" .
Para já, o Governo já possibi-litou a reabertura da candidatu-ra à bolsa, depois de regulariza-das as dívidas ao Fisco e à Segu-rança Social, uma regra que, di-zem os dirigentes estudantis"era a principal razão de exclu-são à bolsa", alerta o presidenteda Associação de Estudantes daUniversidade de Lisboa, JoãoMarecos.
O alerta da Pastoral Universi-tária de Lisboa de que existemestudantes a abandonar o ensi-no superior por não terem comopagar as propinas lançou ontemo debate na Assembleia da Re-
pública, com o PCP a denunciar
que "por dia, cem estudantessão atirados para fora do ensino
superior", disse Rita Rato. Pe-dro Alves, da JS, disse que hojehá um "abandono silencioso"do ensino superior e que o go-verno está a "esconder a reali-dade" ao país.
O secretário de Estado dizque não aceita a ideia de que é
em virtude do novo regulamen-to que há um maior abandono,porque este é "mais justo" que o
anterior. Além disso, as "insti-tuições de ensino superior nãoconfirmam um aumento do nú-mero de matrículas anuladasrelativamente ao ano passado" e
garante que este é o "único in-dicador fiável" de que o Gover-no dispõe. João Queiró garantetambém que não há "folga orça-mental", como o PS fez crer,lembrando que "se o Governousasse toda a dotação do Orça-mento para pagar bolsas esteano, em Julho teríamos a situa-ção que eu encontrei no anopassado em Julho: não haveriadinheiro nenhum para pagarbolsas".
No final do debate, o PCPdeixou uma proposta: que orendimento liquido per capitaaté 618 euros seja elegível parabolsa máxima. ¦
BOLSAS ATRIBUÍDAS
53 mil0 secretário de Estado do Ensino
Superior diz que existem esteano 53 mil bolseiros, sendo queno ano passado também eramapenas 56 mil. "0 sistema é
sustentável e as bolsas estão a
ser pagas", garante João Queiró.
Atribuídas 53 mil bolsasENSINO SUPERIOR
O PROCESSO ainda não estáconcluído mas o secretário deEstado do Ensino Superiorconfirmou ontem no Parla-mento que estão atribuídas53 mil bolsas e que o núme-ro final de bolseiros "deve fi-car próximo do ano passado"- 56 mil. A confirmar-se será
o número mais baixo de bol-seiros desde 2000, quandoforam atribuídas 56 046 bol-
sas, com menos 20 mil estu-dantes no sistema.
João Queiró disse aindaatribuir "especial credibilida-de" à carta enviada pela Pas-
João Queiró diz valorizardenúncia da Pastoral
toral universitária que pediuao Governo que impeça o
abandono escolar de alunos
por insuficiência económica.O debate sobre o aumentodo abandono escolar foi con-vocado pelo PCP. Rita Ratoafirmou que 100 alunosabandonam o sistema pordia. O secretário de Estadoclassificou o número de "fan-tasioso" e garantiu que as
instituições não confirmamum aumento de anulação dematrículas. Sendo esse o
"único dado fiável", afirmouJoão Queiró.
O PCP quer alargar o aces-so à bolsa máxima e ouvir o
ministro Nuno Crato. a.i.
Portuguesesdescobrem que há10 tipos de cancro
revolução Um estudo liderado
por portugueses aponta a desco-berta de dez tipos de cancro damama, tão diversos que parecemdoenças diferentes, ciênciapág. 30
Estudo liderado porportugueses distinguedez tipos de tumores
Revolução. O estudo de quase duas mil amostras de tumores da mama permitiu per-ceber que existem pelo menos 10 tipos diferentes de tumores, em vez dos quatro co-
nhecidos até agora. Descoberta vai levar a tratamentos mais adequados e eficazes
PATRÍCIA JESUS
Dois investigadores portugueses lideraram um estudo
que permitiu dividir e classificar o cancro da mama emdez novas categorias, com base nas características ge-néticas dos tumores. Há muito tempo que os médicos
tentam perceber as diferenças entre os vários tumo-res da mama, já que estes comportam-se e evo-
luem de formas muito diversas - com impacto nasobrevivência das doentes. Esta descoberta po-
de revolucionar o tratamento, já que vai per-mitir um melhor diagnóstico e um comba-
te mais adequado à doença.A investigação publicada esta sema-na na edição onZ/nedaATaíurefoilide-
rada por Carlos Caldas, do Institu-to de Investigação sobre o Can-
cro em Cambridge, no ReinoUnido, e Samuel Aparí-
cio, da Agência de On-cologia da Colúmbia
Britânica, no Canadá.Os dois investigadores játinham publicado, noinício do mês, um estu-
do com a descodificaçãodo mapa genético do can-
cro da mama de tipo triplonegativo.Agora, com base no
'maior estudo global de genesde amostras de cancro alguma
vez feito", que incluiu quase 2000amostras de tumores, conseguiram
classificar a doença em 10 subtipos, cada um com assuas características genéticas... e com diferentes pontosfracos. Há casos em que o prognóstico é tão favorável
que a cirurgia para remover o tumor é suficiente, enquan-to outros são muito mortais. Aliás, a diversidade é tãogrande que o que chamamos de cancro da mama desdo-bra-se em praticamente "dez doenças diferentes", diz ocomunicado do Instituto de Investigação sobre o Cancro.Além da recolha das amostras, a equipa acompanhou as
doentes. Todas são seguidas há pelo menos cinco anos,80% há 10 e algumas há mais tempo. Um acompanha-mento que permite também perceber que característi-cas têm impacto na sobrevivência das doentes.
Novos genesOs investigadores descobriram ainda vários novos ge-nes ligados ao cancro da mama, que poderão ser alvosno desenvolvimento de novos medicamentos. Emboraestas novidades não beneficiem ainda as mulheres quesofrem atualmente da doença, podem, segundo CarlosCaldas, "abrir caminho para os médicos no futuro dia-gnosticar o tipo de cancro da mama que a mulher tem,os tipos de medicamentos que funcionarão, e os que nãofuncionarão, de uma forma mais precisa do que é possí-vel atualmente".
"A próxima fase será descobrir como os tumores emcada subgrupo se comportam", enfatizou, nomeada-mente a rapidez com que crescem. Para isso, será neces-sária mais investigação em laboratório mas tambémcom doentes, para afinar os planos de tratamentos.
Todos os anos são detetados em Portugal cerca de4500 novos casos da doença - o cancro mais comum nasmulheres. E apesar da taxa de sobrevivência ter melho-rado, a doença continua a ser responsável pela morte de1500 pessoas por ano. com Lusa
Exames para detetar o cancro
Prevenir o cancro da mama
Sintomas
Novo mapa do cancro da mamapublicado por cientistas portuguesesA análise de duas mil amostras de tumores da mama, naquele que é o maior estudo oncológico feitoaté agora, revelou dez subtipos genéticos diferentes. O que pode mudar a forma de tratar a doença
GenéticaAndrea Cunha FreitasImagine que o cancro da mama é umplaneta. Agora repare nesta explica-ção simples: "Até agora, o cancro damama era composto por quatro con-tinentes. Nós apresentamos um novo
mapa, onde revelamos que, afinal,existem dez continentes. No futuro,vamos procurar saber que países,cidades, estradas e rios podemosencontrar aqui." É com esta bonita
imagem que Carlos Caldas, um dosdois cientistas portugueses que lide-ram uma investigação sobre cancroda mama, explica ao PÚBLICO os re-sultados do estudo de mais de duasmil amostras de tumores. Esta novageografia do cancro da mama é pu-blicada hoje na revista Nature. Como novo mapa, será possível mudar aforma como estes tumores são diag-nosticados e tratados.
"É o maior estudo alguma vez feitono cancro da mama e em qualquertipo de tumor", nota Carlos Caldas,admitindo que os resultados obtidos
podem significar um marco impor-tante nesta área. O significado destasconclusões é reforçado pelo "rigor,pelo número de casos estudados,mas também pelo facto de os tumo-res estarem associados à informa-ção clínica do doente", justifica este
investigador português a trabalharna Universidade de Cambridge, noReino Unido.
Carlos Caldas é co-autor do artigo
publicado na Nature com outro cien-tista português, Samuel Aparício, ra-dicado no Canadá, onde trabalha na
Agência do Cancro da Colúmbia Bri-tânica, em Vancôver. A equipa conse-
guiu classificar o cancro da mama emdez subtipos biológicos, agrupadospelas suas características genéticascomuns e relacionados ainda comos prognósticos prováveis.
Actualmente, no diagnóstico des-tes tumores, explica Carlos Caldas,são usados dois marcadores gené-ticos, que permitiam classificar ocancro da mama em quatro tiposdiferentes. "Com o nosso artigo,sabemos agora que são dez tipos e
não quatro." Os investigadores en-contraram ainda novos genes quenão tinham sido antes relacionadoscom o cancro da mama e que foram
agora directamente associados a es-
tes tumores e que, assim, se tornamalvos do desenvolvimento de novosfármacos. Para que este avanço sejapossível, a equipa vai disponibilizaresta nova informação ao mundo.
Samuel Aparício também alinha nametáfora do novo mapa do cancroda mama, mas acrescenta mais umaimagem a esta descoberta: "Os casosestudados servem como os primeiroscapítulos de uma 'enciclopédia gené-tica' do cancro da mama."
Às duas mil amostras de tumores,a equipa juntou o acompanhamen-to clínico dos doentes. "Todos são
seguidos há pelo menos cinco anos,
80 por cento são há dez anos e temosainda uma significativa percentagemseguida há 15." Este elevado númerode casos estudados torna-se aindamais importante se tivermos em con-ta que o cancro da mama é o tumorsólido mais heterogéneo que conhe-
cemos, nota Carlos Caldas.Samuel Aparício acrescenta ainda
que o facto de ter sido possível estu-dar as mutações genéticas em con-
junto com a actividade (ou expres-são) dos genes permitiu "ver fenó-menos como, por exemplo, a reacçãoimunitária contra o tumor".
Além da nova classificação dos
subtipos de cancro da mama e dadescoberta de novos genes ligadosa esta doença, os investigadores con-
seguiram desvendar a relação entreestes novos genes e os já conhecidosmecanismos que controlam o cresci-
mento e a divisão das células. Este co-nhecimento pode ajudar a percebercomo é que estas alterações genéticasafectam os processos celulares.
E agora? Sequenciar os genes detodos estes tumores seria algo im-praticável, mesmo com as melhorestecnologias e todos os laboratóriosdo mundo a trabalhar nisso. Assim,
segundo Carlos Caldas, a equipa op-tou por "pegar nos 150 genes mais
frequentemente mutados nestes tu-mores e sequenciá-los nos dois milcasos que fazem parte deste estudo".
Com este trabalho, esperam ainda
Duasem cada dez mulheres têm cancro da mama
conseguir obter muita informaçãonova, designadamente sobre a carac-
terização molecular dos vários tiposde cancro da mama.
Apesar de Samuel Aparício admi-tir que este planeta pode escondermais continentes, Carlos Caldas pre-fere centrar-se nos dez desvendados
agora. "Este será o novo mapa, comdez continentes, a que nos vamosdedicar", afirma. "Até agora, andá-mos um pouco a navegar às cegas,agora que sabemos onde estão osdez continentes, vamos poder criarmelhores estratégias de tratamento",refere Carlos Caldas, exemplificandoque alguns dos subtipos biológicosdos tumores da mama descobertostêm um prognóstico tão favorável
que poderemos estar a tratar algu-mas mulheres em excesso. Ou seja,há subtipos de cancros da mama quepodem eventualmente ser resolvidos
apenas com o recurso a cirurgia, semnecessidade de submeter as mulhe-
res a quimioterapia e radioterapia.O que significa que também have-
rá subtipos de tumores agora identi-ficados que se revelam verdadeiras
sentenças fatais? "Sim, é verdade.Funciona para os dois lados", admi-te Carlos Caldas. "Para esses casos, o
conhecimento da biologia dos tumo-res é o primeiro passo para discutirnovos tratamentos."
Sobre um possível aumento dasamostras estudadas, Carlos Caldas
pisca o olho à colecção de 11 mil can-cros da mama (embebidos em para-fina) que existe na Universidade de
Cambridge e abre a porta à possibili-dade de inserir estes casos no estudo,ainda que a análise de amostras pre-servadas desta forma tenha mais li-
mitações do que as usadas até agora,que são congeladas de fresco. Talvezcom esta contribuição embebida emparafina seja possível a descobertade novos continentes neste temível
planeta do cancro da mama.
Há uma semana, esta dupla decientistas foi notícia com a publica-ção de outro artigo na Nature sobre
a diversidade genética de um tipo de
cancros da mama (chamados "triplonegativos"). Ontem, Carlos Caldasnão escondia a satisfação com os re-sultados obtidos com esta parceriae fez questão de deixar um apeloengraçado: "É importante que fa-lem que somos portugueses e que,os dois, temos muita honra nisso".Recado entregue.
2000é o número de amostras decancro da mama estudadaspela equipa, oque permitiudescobrir uma nova geografiadesta doença
VISÃO EMPRESARIALNa próxima semana, a Exponor acolhe mais uma edição da sua feira Qualific®, virada para o emprego, educação, formação e juventude. O certame
surgirá valorizado com a NewComers Week, iniciativa direccionada para os jovens e que conjuga moda, dança, arte, cultura e desporto.
Qualific® respondeao futuro
Feira da Exponor com centenasde propostas educativase profissionais para jovens.
Os jovens que procuram aconse-lhamento vocacional ou uma saí-da profissional com maiores pro-babilidades de emprego têm na
Qualific® 2012, que se realiza na
Exponor, em Matosinhos, na pró-xima semana, o local certo paracomeçarem a delinear o futuroou, mesmo, alterar o presente.
O braço operacional da Asso-
ciação Empresarial de Portugal(AEP) para as feiras de negócioscontinua a dedicar especialatenção ao seu certame voca-cionado para as áreas da educa-ção, formação, juventude e em-prego. Por isso, reforçou a apos-ta nas áreas da qualificação e da
empregabilidade, procurandoresponder aos desafios da con-juntura sócio-económica e mo-nitorizar a oferta. Entre os pró-ximos dias 26 e 29, a Qualific®2012 reunirá centenas de agen-
tes ligados ao emprego, educa-
ção e formação.É o caso do Instituto de Empre-
go e Formação Profissional, que alidará a conhecer "saídas profissio-nais modernas e inovadoras, comelevadas taxas de empregabilida-de", nomeadamente nas áreas da
moda (calçado, têxtil, vestuário e
ourivesaria), hotelaria e restaura-
ção, controlo da qualidade e cons-
trução e reparação de veículos,indo ao encontro do programa Es-tímulo 2012, a divulgar na feira.
Na mesma linha, apresentar-
Espaço do lEFPapontará saídasde futuro: moda,hotelaria, controloda qualidade e sectorautomóvel.
se-á o Instituto Português do
Desporto e Juventude que anteci-pará na Exponor as comemora-ções do "Dia do AssociativismoJovem" , que passa no próximo dia30. Terá no certame a unidademóvel do programa "Cuida-te!" e
um conjunto de técnicos (psicó-logo, nutricionista e enfermeiros,entre outros) para apoiar os jo-vens visitantes nas áreas da saúde
e da sexualidade juvenil."Dá rumo ao teu futuro" é o
desafio a lançar pelo grupo Ru-mos, que vai construir um termi-nal de aeroporto onde os visitan-tes serão convidados a iniciar uma"viagem garantida para um me-lhor destino profissional" .
Por seu lado, a CAE GlobalAcademy Évora, em estreia nocertame, propõe um novo curso
que engloba treino prático de voonos Estados Unidos e formaçãoem 'Multi Crew Cooperation', emsimulador de voo real que leva à
exposição.A feira terá ainda um espaço de
"apoio à escolha vocacional", da
responsabilidade da Faculdade de
Psicologia e de Ciências da Edu-cação da Universidade do Porto,aonde o visitante será aconselha-do a dirigir -se logo à chegadapara fazer um plano individuali-zado de visita.
A feira surgirá, desta vez, valo-rizada pela NewComers Week,que inclui um concurso de designde moda, competições de dança(hip hop e de rua) e um torneio de
basquetebol em formato de 3 para3, além de uma área de comercia-
lização de produtos de grandesmarcas a preços baixos.
Mais informações emwww.qualifica.exponor.pt. ¦
Direcção da AEP Feiras
e Congressos
É esta tarde apresentado o projecto
Água Global - Internacionalizaçãodo Sector Português da Água,iniciativa conjunta da Associação
Empresarial de Portugal (AEP) e da
Parceria Portuguesa para a Água
(PPA). Trata-se de uma das
primeiras acções que, ao longo dos
próximos dois anos, as duas
entidades vão levar a cabo em proldo reconhecimento e do
incremento da internacionalizaçãodas empresas portuguesas do vasto
sector da água (projecto, captação,
distribuição, tratamento, estaçõeselevatórias, tubagens, etc).A sessão decorrerá no edifício de
serviços da AEP, em Leça da
Palmeira, Matosinhos, entre as
14,30 e as 17 horas, e contará com
intervenções do vice-presidente da
instituição de acolhimento, Paulo
Nunes de Almeida, e de Francisco
Nunes Correia, presidente da PPA,
na abertura. Depois, os promotoresidentificarão os participantes com o
projecto Água Global e Jaime Melo
Baptista, presidente da Entidade
Reguladora dos Serviços de Águase Resíduos, fará a caracterizaçãodo sector português da água.Haverá ainda testemunhos de
empresas nacionais protagonistasde estratégias de sucesso
na internacionalização dos seus
negócios.
Projecto Água Global hoje apresentado na AEP
Estudo conclui que slide foi mal montado¦ Um estudo da Faculdade de
Engenharia da Universidade doPorto (FEUP) concluiu que foimal montado o slide, do qualcaiu e morreu, no ano passado,Ana Rita Lucas, de 18 anos, queparticipava no Dia da DefesaNacional, em Vila Nova de Gaia.
O relatório foi anexado aoprocesso - crime aberto pelo Mi -nistério Público, que não estáconcluído. De acordo com peri-tos da FEUP, os materiais quecompunham o slide estavam em
boas condições, mas terá havidouma montagem deficiente .
O cabo de aço terá partido porexcesso de esforço: pelo peso da
jovem quando descia o slide, e
pela força do militar que contro -lava a travagem.
O relatório da FEUP foi juntoao da Polícia Judiciária Militar,para apreciação do MinistérioPúblico. Em Junho, o processoinstaurado pelo Exército foi in-conclusivo quanto às razões pe-las quais o cabo se partiu. ¦Ana Rita Lucas caiu do slide
PCP quer ouvir Cratosobre abandonono ensino superior
USBOA 0 PCP pediu ontem a pre-sença do ministro da Educaçãono parlamento para explicar o
abandono escolar no ensino supe-rior. Tõr dia, 100 estudantes serão
atirados para fora do ensino supe-rior. As dificuldades económicas,as dificuldades de acesso à bolsa
de estudo e o aumento do valordas propinas são apontados como
as causas pelos serviços de acçãosocial das instituições", diz o PCP
no requerimento entregue ontem.
Parlamento
PCP diz que 100estudantes deixamo superior por dia
O PCP requereu ontem a
presença do ministro da
Educação no Parlamentopor causa do abandonoescolar no ensino superior,que os comunistas estimamque esteja a ocorrer, pordificuldades económicas, aum ritmo de 100 estudantespor dia. As dificuldades deacesso às bolsas de estudo e oaumento das propinas ajudama esse abandono, segundo a
deputada Rita Rato.
EDUCAÇÃO
PCP quer explicação de aban-dono diário de 100 estudantesno Ensino Superior. «As dificul-dades económicas, as dificulda-
des de acesso à bolsa de estudo
e o aumento do valor das propi-nas são apontados como as cau-
sas pelos serviços de acção so-
cial das instituições», disse a de-
putada comunista Rita Rato.
No entanto, os partidos queformam o Governo rejeitamque existam mais universitários
a abandonar as faculdades.
Universidades sóse fundem se nãohouver cortes
lisboa Reitores da Técnica e daClássica dizem que fusão, a ne-gociar com o Governo, só avan-ça sem redução de docentes oude verbas, país pág. 12
Clássica' e Técnicasó se fundem sem cortesSuperior. Conselhos gerais de ambas as instituições já aprovaram fusão, mas reitores avisam
que enorme universidade só avança com mais autonomia e sem cortes de verbas ou pessoalPEDRO SOUSA TAVARES
Os reitores das universidades"Clássica" e Técnica de Lisboa de-fenderam ontem ao DN estar nasmãos do Governo a criação deuma enorme instituição do ensino
superior na capital, depois de oConselho Geral da Universidadede Lisboa ter dado luz verde à fu-são entre as duas escolas, seguin-do o exemplo da Técnica.
António Cruz Serra, reitor daTécnica, enumerou duas condi-ções essenciais para o sucesso dafusão, ambas dependentes da ne-gociação com o Governo que asuniversidades esperam concluiraté final de julho: "A adoção de umregime de autonomia alargada, di-ferente da que é atualmente dadaàs universidades públicas" e a ma-nutenção dos efetivos e níveis definanciamento público atuais:"Qualquer exigência no sentido dereduzirmos o corpo docente e nãodocente ou o financiamento signi-ficará o abandono imediato [do
projeto] da nossa parte", avisou."Não estamos a pedir nem mais
um tostão", frisou António Sam-paio da Nóvoa, reitor da Universi-dade "Clássica" de Lisboa (UL)."Mas também não poderemosaceitar redução de níveis de finan-ciamento e de pessoal, que já es-tão muito abaixo das nossas ne-cessidades de funcionamento."
Quanto ao reforço da autono-mia, Nóvoa lembrou que a futurauniversidade, que espera compe-tir com as melhores do mundo noensino e investigação, implicauma "complexidade" que não é
compatível com as restrições que,por força da crise, o Governo temvindo a aplicar ao setor público .
"Trata-se apenas de aplicar o que
já está previsto, quer nos estatutosdas próprias universidades querno regime jurídico das instituiçõesdo ensino superior[RJlES] ", expli-cou.
O mesmo RJIES prevê o mode-lo fundacional, já adotado por ins-
tituições com a Universidade doPorto e o ISCTE - Instituto Univer-sitário. Cruz Serra defendeu, noentanto, que "os benefícios asso-ciados a esse modelo estão atual-mente muito limitados", devido às
restrições impostas pelo Governo,nomeadamente no que toca a ges-tão de receitas.Possível arranque em 2013/14Os dois reitores esclareceram, noentanto, que esperam obter "ga-nhos de eficácia" com a fusão, ad-mitindo mesmo que alguns servi-
ços poderão ser integrados.Mas frisaram que tal não signi-
fica que passem a ter pessoal exce-dentário: "As instituições do ensi-no superior são hoje profunda-mente deficitárias, tanto ao níveldo financiamento como do pes-soal", repetiu Cruz Serra.
"Qualquer poupança que possaresultar dessa racionalização será
aplicada em projetos que atual-mente estão suspensos por faltade verba ou parade eficácia a ser-
viços debilitados. Atualmente, te-mos 80% dos docentes e 50% dosnão docentes necessários."
"É preciso que se perceba queas universidades estão à beira defechar portas", reforçou AntónioNóvoa. "Por isso não podemosaceitar nenhuma diminuição queresulte desta fusão."
Os reitores frisam, no entanto,que da parte das universidades "o
essencial" do processo está con-cluído, faltando apenas a formali-
zação do entendimento numareunião, no final deste mês, quereunirá os conselhos gerais dasduas instituições.
De resto, tanto Cruz Serra comoAntónio Nóvoa elogiaram a forma"praticamente unânime" com quea fusão foi aceite. "Lembro-me deter dito que só avançaria com oacordo de 80% das faculdades",contou Nóvoa. "No final, todas
aprovaram este passo. Só umanão se pronunciou."
Caso avance a nova universida-de, cujo nome será escolhido emassembleia estatutária, será eleitoum novo reitor. António Nóvoa as-sumiu ao DN"não estar a pensarser candidato".
PCP denunciacem abandonospor dia masGoverno negaALUNOSO PCPacusou ontem o Go-verno de estar a transformar o en-sino superior público numa via re-servada apenas "a quem pode pa-gar", denunciando uma centenade abandonos diários nas univer-sidades e exigindo a presença doministro Nuno Crato na Assem-bleia da República.
Por dia, cem estudantes serãoatirados para fora do ensino supe-rior. As dificuldades económicas,a dificuldades de acesso à bolsa deestudo e o aumento do valor das
propinas, são apontados como as
causas pelos serviços de acção so-cial das instituições", defendeu adeputada comunista Rita Rato,num debate de atualidade sobreabandono do ensino superior sus-
citado pelo PCEO secretário de Estado do Ensi-
no Superior, João Filipe Queiró,negou as acusações garantindoque foram atribuídas "53 mil" bol-sas, menos três mil do que no anopassado não contabilizados 1 1 milalunos que então as receberam atítulo transitório e que o valor mé-dio da bolsa terá subido "mais cemeuros". Mas admitiu reconhecer"credibilidade" às preocupaçõesda Pastoral Universitária . Lusa
Nova universidade de Lisboaquer regime de excepção
Fonte: Estude "Uma nova Universidade de Lisboa" elaborado pela Universidade Técnica de Lisboa e Universidade de Lisboa
Fusão da Clássica com a Técnica já foi aprovada e avança em 2013. Reitores querem negociar contratos de oito
anos com o Estado.
Infografia: Susana Lopes | [email protected]
Os reitores da Universidade Téc-nica de Lisboa e da Universidadede Lisboa querem um regime de
excepção que alargue a autono-mia de gestão da nova universi-dade que vai resultar da fusãoentre as duas instituições. Paratal, pretendem estabelecer umcontrato plurianual e inovadorcom o Governo, a ser negociadoa partir de Maio, com a duraçãode oito anos - quatro anos auto-maticamente renovável por ou-tros quatro - e que não foi assi-nado com qualquer outra insti-tuição de ensino superior. Atra-vés dele os reitores querem asse-gurar uma "garantia de reforçoda autonomia de gestão finan-ceira, administrativa e científi-
ca," explica ao Económico o rei-tor da UTL, António Cruz Serra.
Este contrato servirá de base à
negociação entre os reitores CruzSerra e António Sampaio da Nó-voa com a tutela de Nuno Crato,depois de o processo de fusão terontem recebido luz verde paraavançar, com o parecer favoráveldo Conselho Geral da Universi-dade de Lisboa. Na Técnica, re-corde-se, essa aprovação tinha jásido conseguida na passada se-gunda-feira. O objectivo é con-seguir um contrato "que abranjao período de criação e consolida-ção da nova Universidade", lê-seno documento a que o Económi-co teve acesso.
Os reitores argumentam que onovo acordo é "fundamental"para a concretização da fusão e da
criação da nova universidade.
Ana Petronilho
António CruzSerra, reitor daTécnica, defendeque a novaInstituição só seráviável com reforçoda autonomia de
qestio financeira,administrativae científica."
António Sampaioda Nóvoa, reitorda Universidade deLisboa, conseguiuontem que o seuConselho Geral
aprovasse a fusão,que deveráconcluída Jáno próximo ano.
Isto porque, argumenta-se, sóassim a nova universidade vai"poder desenvolver uma gestãofinanceira de médio prazo" tendocomo referência para a regra de
equilíbrio orçamental, durante o
período transitório de oito anos,"o montante dos saldos apuradosa 31 de Dezembro de 2012, semprejuízo das possibilidades legaisexistentes para a utilização dossaldos de gerência" .
Além disso, os reitores queremque o Governo clarifique o con-ceito de receitas próprias da novauniversidade, nos termos do Re-gime Jurídico das Instituições deEnsino Superior, "de forma a nãocomprometer a indispensávelagilidade ao nível da gestão des-tas receitas", lê-se no documen-to. Cruz Serra e Sampaio da Nó-voa entendem que a gestão das
suas receitas próprias, a novauniversidade "deve passar a re-ger-se pelo direito privado, semprejuízo da aplicação dos princí-pios constitucionais respeitantesà Administração Pública".
Um reforço da autonomia quetanto o reitor da UTL como o daUL querem estender até "à capa-cidade de criação de cursos, emparticular de pós-graduação,desde as modalidades de coope-ração internacional para grausacadémicos conjuntos" .
Reitores também querempropriedade do patrimónioAlém do reforço da autonomia fi-nanceira, os reitores querem ain-da assegurar, nas negociaçõescom Nuno Crato, a propriedadeplena dos imóveis utilizados pelauniversidade, "sendo permitida a
alienação, permuta e oneraçãodos mesmos, incluindo direito de
superfície ou arrendamento",desde que "as receitas daí decor-rentes se destinem ao financia-mento de actividades de ensinoou investigação" .
O documento prevê ainda -tal como o Económico já haviaavançado - que as negociaçõesresultem em garantias "da cons-tituição de um fundo público afavor das actividades da novaUniversidade". Os reitores en-tendem que "é preciso mobilizaros antigos estudantes e o con-junto da sociedade para a cons-tituição de um fundo público de200 milhões de euros, no prazode três anos. Este fundo é cons-tituído a título permanente, po-dendo apenas ser utilizados os
seus rendimentos.*
Conselho geral daClássica aprovafusão com a Técnicacom um voto contra
Ensino SuperiorJoãoDEspiney
O projecto de fusão entre as univer-sidades de Lisboa (UL) e Técnica deLisboa (UTL) foi ontem aprovado pe-lo conselho geral da UL com um votocontra. Esta decisão surge dois dias
depois de o conselho geral da UTLter também aprovado o processo,que irá agora entrar numa fase de-cisiva: as negociações com o Gover-no. Em declarações à Lusa, o reitorda UL, António Sampaio da Nóvoa,revelou que os restantes membrosdo conselho geral aprovaram poraclamação.
Ainda antes do início das negocia-ções com o Governo, está marcadauma reunião dos conselhos geraisdas duas instituições, no próximodia 30, para proceder à aprovaçãofinal do projecto.
Esta segunda-feira, o conselho
geral da UTL aprovou a fusão porunanimidade. Nesse dia, o reitor da
Técnica, António Cruz Serra, que játinha previsto esta aprovação, de-fendeu que o Governo terá "de as-
segurar um estatuto de autonomia,que actualmente não existe, paragarantir que a nova universidadeseja gerível e se torne numa grandeuniversidade europeia".
Ontem, Cruz Serra salientou quea fusão está "muito dependente doêxito das negociações com o Gover-no", que, apesar de já se ter manifes-tado a favor dos processos de fusãoem abstracto, ainda não disse o quepensa desta fusão. Paralelamenteàs negociações com o Governo, hávários grupos de estudo das duasinstituições a trabalhar sobre reor-ganização de cursos e o aumento deestudantes que a fusão implicará,revelou Cruz Serra ao PÚBLICO.
Universidadedo Minhovai dar aulasà distância
EnsinoSamuel Silva
Instituição vai instalar emquatro concelhos da regiãoCasas do Conhecimento,espaços onde os alunospodem assistir às aulasOs estudantes dos concelhos deParedes de Coura, Vieira do Mi-nho, Vila Verde e Fafe vão deixarde ter que se deslocar a Braga oua Guimarães para frequentaremas formações da Universidade doMinho (UM). A frequência de aulas
em regime de ensino à distância é
uma das possibilidades do projectoCasas do Conhecimento, que ontemfoi apresentado, criando uma redede pequenos pólos da instituição deensino superior na região.
O ensino formal é um dos moto-res desta rede, avança o professorda UM, Luís Amaral, que coordenaa iniciativa. "Não faz sentido umapessoa andar uma hora de carropara assistir a uma ou duas horasde aula e depois andar uma hora decarro de volta, quando pode fazê-loa cinco minutos da sua casa", ilustrao responsável. As Casas do Conhe-cimento vão ter salas equipadas de
forma a que os estudantes possamparticipar nas aulas ministradas nainstituição por videoconferência.
Os equipamentos vão também teruma sala pública, que abre a pos-sibilidade da realização de eventos
conjuntos entre os quatro concelhos
e a universidade. Porque, apesar daforte componente tecnológica, as
Casas do Conhecimento querem ser
espaços de contacto entre as pesso-as. "É pela partilha, pela utilizaçãode meios digitais em espaços de
socialização, que podemos tornaros cidadãos mais capazes de seremactivos na construção da sociedade
digital", defende Luís Amaral.As Casas do Conhecimento esta-
rão instaladas em zonas centrais das
sedes de concelho que as vão aco-lher. No caso de Vila Verde, a autar-
quia decidiu construir um edifíciode raiz, lançado há quase um ano,e que tem a assinatura do arquitectoSouto Moura. As restantes câmarasadaptaram outros edifícios muni-cipais às novas funções. No casode Vieira do Minho, a Casa de La-mas recebe o pólo da UM, em Fafeo equipamento ficará numa ala dabiblioteca municipal e em Paredesde Coura já funciona junto ao postode turismo.