A Descrição da Verdadeira Bem-Aventurança, por Christopher Love
PROPOSTA DE SISTEMÁTICA PARA AVALIAÇÃO DO … · avaliação de desempenho de Christopher (1997)...
Transcript of PROPOSTA DE SISTEMÁTICA PARA AVALIAÇÃO DO … · avaliação de desempenho de Christopher (1997)...
PROPOSTA DE SISTEMÁTICA PARA
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO
LOGÍSTICO BASEANDO-SE EM
MODELOS CLÁSSICOS: FORMULAÇÃO
PARA A CADEIA DE SUPRIMENTOS DE
COMUNICAÇÃO
Liane Marcia Freitas e Silva (UFPB)
Cicero Marciano da Silva Santos (UFPB)
As atividades logísticas vêm se tornando cada vez mais importantes no
contexto empresarial, uma vez que, são cada vez mais relevantes
aspectos relativos à eficiência de toda cadeia logística, bem como
aspectos ligados à responsividade de attendimento ao pedido dos
consumidores finais. Apesar disto, devido à diversidade observada nos
processos logísticos, há muita dificuldade em avaliar o desempenho
das cadeias de suprimento. Neste aspecto, este artigo tem por objetivo
apresentar um modelo de avaliação de desempenho logístico para uma
cadeia de suprimento do setor de comunicação à luz dos modelos
teóricos de Christopher (1997) e Dornier et al (2000) e do
mapeamento da cadeia de valor, através de um estudo de caso, com
caráter exploratório e descritivo. Como resultados principais
observados, ressalta-se o desenvolvimento do método de avaliação de
desempenho que funde diversos aspectos da SCM, sendo desta forma,
uma contribuição importante no que tange ao desenvolvimento prático
de uma sistemática que poderá ser utilizado por outras empresas do
setor de comunicação, no sentido destas avaliarem seu desempenho
logístico, de modo a alcançarem os benefícios da gestão da cadeia de
suprimentos. Ademais, o uso desta ferramenta permitirá a empresa à
avaliação do desempenho logístico com três de seus elos imediatos,
sendo um elo a montante da cadeia e dois elos a jusante da cadeia, nas
atividades de distribuição. A partir da efetivação deste
acompanhamento, a cadeia de suprimentos terá subsídios para
monitorar as atividades logísticas, e nesse sentido, buscar a melhoria
continuada destes resultados.
Palavras-chaves: Desempenho logístico, gestão da cadeia de
suprimento, cadeia de suprimentos de comunicação
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
2
1. Introdução
As atividades logísticas vêm se tornando cada vez mais importantes no contexto empresarial,
uma vez que, são cada vez mais relevantes aspectos relativos à eficiência de toda cadeia
logística, bem como aspectos ligados à responsividade de atendimento ao pedido dos
consumidores finais.
Apesar disto, Ribeiro (2003) aponta que devido à diversidade nos processos logísticos, há
muita dificuldade em comparar o desempenho das cadeias de suprimento. Neste sentido,
diversas metodologias para avaliação de desempenho das cadeias de suprimento foram
esboçadas, com o intuito monitorar o desempenho logístico através do acompanhamento de
distintos indicadores, avaliando a performance logística, gerando um conjunto de informações
necessárias para o processo decisório.
Dentre tais métodos, ressaltam-se neste artigo, aqueles que se orientam para avaliação do
desempenho logístico das cadeias de suprimento. Nesta perspectiva, destacam-se alguns
modelos apresentados pela literatura que auxiliam na avaliação do desempenho logístico, tais
como: Ballou (1993); Hronec (1994); Christopher (1997); Beamon (1999); Dreyer (2000);
Dornier et al (2000); Lambert; Pohlen (2001); Gunasekaran, Patel e Tirtiroglu (2001);
Bowersox e Closs (2001); Hausman (2004); Shepherd e Günter (2006); Bhagwat e Sharma
(2007); e Najmi e Makui (2010). Neste contexto, este artigo objetiva apresentar um modelo de
medição do desempenho logístico em uma cadeia de suprimento do setor de comunicação e
mídia baseando-se nos modelos de Chistopher (1997) e Dornier et al (2000).
A fim de atingir tal objetivo, inicialmente segue-se com uma exploração conceitual (seção 2),
posteriormente, apresentam-se os procedimentos metodológicos utilizados para consecução
do objetivo proposto (seção 3), logo após, na seção 4 será apresentado o sistema de avaliação
de desempenho logístico da cadeia de suprimentos esboçada sob a perspectiva do modelo de
avaliação de desempenho de Christopher (1997) e de Dornier et al (2000), ponto a partir do
qual segue-se para as análises deste cenário e, por fim, apresentam-se as considerações finais
(seção 5).
2. Fundamentação teórica
2.1. A visão da Cadeia de Valor e da Cadeia de Suprimentos
Segundo Porter (1989) as atividades são os pilares da construção de vantagens competitivas,
sendo consumidoras de recursos, por um lado, e criadoras de valor, por outro. Novaes (2001)
argumenta que o valor de um produto é composto pela margem e pelas atividades que
empreendem valor ao produto gerado. Estas se referem aos processos físicos operacionais
utilizados por uma empresa para criar um produto que seja percebido pelo mercado com um
determinado valor. Em contraponto, a margem representa a diferença entre o valor do produto
e os custos das atividades de valor. Com isto, o conjunto de funções empresariais que
adicionam valor aos produtos e serviços da organização é denominado cadeia de valor (Value
Chain).
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
3
Nesta perspectiva, de acordo com Porter (1989), uma cadeia de valor é composta pelas
atividades primárias e de apoio. (Figura 1). Nesta, as atividades primárias referem-se às
atividades envolvidas na criação física do produto, sua venda, transferência ao comprador e
assistência pós-venda. As atividades de apoio são atividades de suporte às atividades
primárias.
Figura 1 - Cadeia de Valor Genérica. Fonte: Porter (1989).
Por outro lado, uma cadeia de suprimentos consiste numa série integrada de atividades, desde
a matéria prima ou fornecimento de commodity ao longo de vários estágios de manufatura,
processamento, estoque, transporte para eventual entrega e consumo pelo consumidor final.
(BEAMON e WARE, 1998; ZSIDISIN; RITCHIE, 2009).
Uma cadeia de suprimentos na visão de Novaes (2001), denominada rede logística por
Simchi-Levi; Kaminsky; Simchi-Levi (2010), pode também ser descrita como o longo
caminho que se estende desde as fontes de matéria-prima, passando pelas fábricas dos
componentes, pela manufatura do produto, pelos distribuidores, e chegando finalmente ao
consumidor através do varejista.
Uma representação genérica de uma cadeia de suprimentos e das dimensões descritas
anteriormente é apresentada na Figura 2.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
4
Figura 2 - Estrutura da cadeia de suprimentos. Fonte: Adaptado de Lambert e Cooper (2000).
Para Lambert; Cooper (2000) uma cadeia de suprimentos tem sua estrutura dividida em três
dimensões para que seja possível descrevê-la, analisá-la e gerenciá-la:
- Estrutura horizontal: refere-se ao número de camada da cadeia de suprimentos;
- Estrutura vertical: compreende o número de fornecedores/clientes dentro de uma
mesma camada da cadeia;
- Posição horizontal da empresa focal: indica, dentro da cadeia, o posicionamento da
empresa focal.
O termo Supply Chain Management , foi introduzida por consultores e, a partir da década de
90, ganhou a atenção de acadêmicos (LAMBERT; COOPER, 2000). Conceitua-se SCM como
a atividade que busca integrar os processos-chave de negócios através da cadeia de
suprimento buscando o aumento de sua eficiência e eficácia (LAMBERT; COOPER; PAGH,
2000; PARRA; PIRES, 2003; HILSDORF; ROTONDARO; PIRES, 2009).
Segundo Lambert; Cooper e Pagh (1998), com a implementação da SCM, o foco estreito dos
gestores e as relações adversas dos provedores de serviços de logística, fornecedores e
consumidores são substituídos por alianças estratégicas e relações cooperativas de longo
prazo que conjuntamente tem a meta de maximizar a competitividade e a lucratividade de
toda a cadeia de suprimento.
Os autores Qi; Chu (2009) afirma que vantagem competitiva só é possível ao integrar os
processos chave desde os fornecedores até os clientes, devendo essa integração ocorrer tanto
intra organizacional quanto inter organizacional. Pires (2004) aponta que uma vantagem
competitiva construída conjuntamente ao longo da cadeia será muito mais difícil de ser
ultrapassada pela concorrência.
Para verificar o alcance destes benefícios, faz-se necessário acompanhar e metrificar o
impacto disto na performance logística da cadeia de suprimentos, de modo que, uma das
indagações levantadas seja a verificação do desempenho logístico destas estruturas,
considerando as relações das cadeias de suprimento e a identificação das cadeias de valor.
Para tal, apresentam-se a seguir alguns modelos de avaliação do desempenho logístico.
2.2. Avaliação do desempenho logístico
O sistema de medição de desempenho permite quantificar o desempenho dos processos
operacionais, administrativos e também dos diferentes produtos e subprodutos. Pode-se dizer
que este é um termômetro, que mede os “sinais vitais” das empresas (HRONEC, 1994). Os
autores Lambert e Pohlen (2001) apontam que este interesse se deu por se reconhecer que um
sistema comum de medição de desempenho pode aumentar a chance de sucesso no
atendimento de objetivos de clientes.
No âmbito do desempenho logístico, a estruturação de um sistema de medição de desempenho
também tem se mostrado de extrema importância. Neste sentido, Dornier et al (2000) indicam
que avaliar o desempenho acompanhando as mudanças com competitividade é fundamental.
Na perspectiva da crescente globalização dos mercados e o uso de novas tecnologias, vê-se
que a estrutura organizacional das empresas tem sido modificada, obrigando estas a adotar
diversas abordagens para melhoria de seu desempenho logístico.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
5
Neste aspecto, Bowersox e Closs (2001) indicam que os sistemas de medição de desempenho
logístico possuem o objetivo de monitorar, controlar e direcionar as operações logísticas.
Além disso, a avaliação do desempenho da logística deverá ser multidimensional, envolvendo
vários indicadores e distintos aspectos. Isto porque, nenhum indicador isoladamente é
suficiente para medir o desempenho logístico de uma cadeia de suprimentos, por envolver
processos de negócios distintos em empresas distintas. Neste aspecto, para a efetividade da
avaliação do desempenho de uma cadeia de suprimentos é preciso definir um conjunto de
indicadores a partir dos objetivos estratégicos e padrões de serviço para cada cadeia de
suprimentos específica.
Acerca dos diversos modelos para avaliação do desempenho logístico nas cadeias de
suprimento, podem ser citados Ballou (1993); Hronec (1994); Christopher (1997); Beamon
(1999); Dreyer (2000); Dornier et al (2000); Lambert; Pohlen (2001); Gunasekaran, Patel e
Tirtiroglu (2001); Bowersox e Closs (2001); Hausman (2004); Huan, Sheoran e Wang (2004);
Shepherd e Günter (2006); Bhagwat e Sharma (2007); e Najmi e Makui (2010). Pelo fato
deste artigo ter como objetivo apresentar um sistema de avaliação de desempenho logístico,
sob a perspectiva dos modelos de Christopher (1997) e Dornier et al (2000), na sequência
faz-se uma apresentação a respeito destas metodologias.
2.2.1 Modelo de Christopher (1997)
A avaliação de desempenho logístico segundo o modelo de avaliação desenvolvido por
Christopher (1997) tem dois focos principais de avaliação: o custo e o benchmarking. Em
relação ao primeiro foco, o autor ressalta que o custo deve ser visto em termos incrementais,
isto é, da variação nos custos totais causadas pela mudança no sistema, já que o propósito da
análise neste enfoque é identificar a mudança nos custos das decisões logísticas e sua
influência nas diversas funções ou departamentos da organização. Assim, este modelo de
avaliação de desempenho contempla indicadores de desempenho que se relacionam ao
desempenho financeiro das operações logísticas: os custos totais de distribuição; os custos de
transporte; os custos de armazenagem; os custos de processamento de pedido e os custos de
entregas locais.
Em relação ao segundo aspecto de observância na avaliação de desempenho logístico, este
modelo avalia o nível das atividades logísticas da cadeia de suprimento em relação à
concorrência. Desta forma, são estabelecidas três dimensões: primeira, o cliente deve ser à
base de referência para medição, segunda, não é interessante comparar o desempenho com o
imediatamente melhor, sendo plausível uma comparação com o melhor da classe, e por
último, os processos devem também ser comparados e não só os produtos. Os indicadores de
desempenho que devem ser o foco do benchmarking na área de logística, segundo Christopher
(1997) estão na figura 3.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
6
Figura 3 - Medidas típicas de desempenho. Fonte:Christopher (1997)
2.2.2 Modelo de Dornier et al (2000)
Para Dornier et al (2000), o desempenho logístico baseia-se na otimização de custos em
relação a um nível de serviço desejado e direcionado às empresas que atuam globalmente. Os
autores classificam as funções primárias de gestão em planejamento e controle conforme
mostra a figura 4.
Nesta figura, observa-se que a função planejamento está ligada à estratégia, enquanto que a
função controle está relacionada à medição de desempenho logístico. Neste modelo, o
objetivo das medidas é atuar sobre as causas, assim, por exemplo, para gerenciar os custos,
devem ser controladas as atividades que o geram e produzem os resultados.
O modelo de avaliação de desempenho logístico de Dornier et al. (2000) coloca que a
integração da logística tem grandes implicações sobre o projeto e uso de medidas de
desempenho. Desta forma, as técnicas e medidas de desempenho adaptadas às realidades
logísticas são críticas, pois o controle eficaz da gestão de custos e operações demanda
informações apropriadas sobre o desempenho logístico. Além disso, a escolha de indicadores
para esses autores é um dos passos mais críticos para a medição de desempenho. Sendo assim,
os autores afirmam que a seleção destes deve ser validada de acordo com os objetivos
almejados pela estratégia da empresa.
Figura 4 - Modelo de avaliação de desempenho proposto por Dornier et al (2000). Fonte:
Adaptado de Dornier et al (2000)
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
7
3. Procedimentos metodológicos
O presente estudo tem caráter exploratório e descritivo. O estudo de caso é uma empresa do
setor de comunicação e mídia na cidade de João Pessoa (PB). Para a avaliação do
desempenho da cadeia de suprimentos de comunicação e mídia, optou-se pela empresa focal
tanto para mapeamento das cadeias de valor e de suprimentos, tomando por base o que a
literatura aponta em relação à estrutura da cadeia de suprimentos e a os modelos de
gerenciamento da cadeia de suprimentos.
Inicialmente realizou-se uma pesquisa bibliográfica a fim de buscar o conhecimento teórico
para desenvolver as análises, argumentos e observações, notadamente sobre os modelos de
avaliação de desempenho, tentando a partir desta etapa, definir as variáveis de pesquisa
adequadas para o atingimento do objetivo proposto. Em um segundo momento, procedeu-se a
coleta de dados por meio de entrevistas estruturadas, formatadas conforme a literatura
pesquisada.
Participaram como sujeitos da pesquisa, pessoas do corpo administrativo da empresa focal da
cadeia de suprimentos, especificamente aqueles que poderiam ajudar na coleta das variáveis
de pesquisa: gerentes de produção, de Marketing e de Logística da empresa. Com o conteúdo
das entrevistas realizadas com estes sujeitos, foi possível mapear a cadeia de valor, a cadeia
de suprimentos, identificar os objetivos estratégicos da empresa, a relação com os demais elos
da cadeia de suprimentos e a definir os indicadores de desempenho e as metas de desempenho
considerados padrões.
De posse destes dados foi estabelecida uma sistemática para estruturar o modelo de avaliação
de desempenho logístico dos elos da cadeia de suprimentos da empresa, à luz dos modelos
teóricos de Christopher (1997) e Dornier et al (2000). Para tal, adotou-se uma sistemática que
pode ser estratificada em três etapas básicas: (1) Aplicação do Modelo para avaliação de
desempenho, (2) Escolha dos Indicadores de desempenho e (3) Definição do Padrão de
desempenho.
4. Estudo de caso
4.1 Mapeamento da cadeia de valor da empresa focal
Para identificar a cadeia de valor da empresa foi necessário identificar as atividades de valor
que fazem parte do seu processo produtivo, desde a aquisição da matéria-prima até a entrega
do produto acabado ao cliente final.
A figura 5 apresenta uma configuração da cadeia de valor da empresa, onde são apresentadas
as atividades de valor, bem como as respectivas empresas que as executam no processo,
mostrando as atividades de valor estendida para toda cadeia de suprimento.
Esta relação entre atividade de valor e seu executor pode ser visualizada na Figura 6, onde os
componentes da cadeia de valor para a cadeia de suprimento estão destacados da mesma
forma que suas respectivas atividades de valor na cadeia de valor da empresa focal.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
8
Figura 5 - Cadeia de Valor da empresa focal. Fonte: Elaboração própria.
Figura 6 - Cadeia de valor da cadeia de suprimento analisada. Fonte: Elaboração própria.
Além das informações que podem ser observadas nas figuras 5 e 6, pode-se constatar que a
empresa focal demanda dois produtos: um Portal de Notícias e uma Revista impressa. A
avaliação do desempenho logística desta cadeia de suprimentos tem por foco a revista
impressa. Para esta, apenas a edição final e as notícias locais são realizadas nas dependências
da empresa, toda cobertura feita nos demais estados do nordeste é delegada a profissionais
terceirizados.
4.2 Mapeamento da cadeia de suprimento
Para mapear a estrutura completa da cadeia de suprimentos analisada é preciso identificar os
fornecedores dos fornecedores e cliente dos clientes. O mapeamento da cadeia de suprimento
é apresentado na figura 7. Tal qual se pode observar, a cadeia de suprimentos é composta de 5
elos a montante e 2 a jusante.
Nível 5 4 3 2 1 Empresa
Focal
1 2
Localização Montante (Fornecedores) Jusante (Clientes)
N° de Membros 2 8 13 16 1 17 1
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
9
Figura 7 - Estrutura da cadeia de cadeia de suprimento analisada. Fonte: Elaboração própria.
Após localizar a empresa focal na cadeia de suprimentos, identificar o número de níveis e o
número de empresa em cada nível, pode-se representá-la de maneira diagramada, conforme
mostra a Figura 8, onde são ressaltados todos os níveis verticais da cadeia de suprimentos, em
relação à empresa focal.
Figura 8 - Diagramação da cadeia de suprimento analisada. Fonte: Elaboração própria.
4.3 Sistema de Avaliação de desempenho
Como descrito na seção de procedimentos metodológicos, será adotada a seguinte sistemática:
(1) Aplicar Modelo, (2) Escolher os Indicadores de desempenho e (3) Definir Padrão de
desempenho.
4.3.1 Escolha do modelo para avaliação de desempenho para a cadeia de suprimentos
Pires (2004) afirma que além dos instrumentos internos a medição e avaliação do desempenho
das empresas, é preciso aplicar modelos que possam contemplar indicadores conjuntos de
desempenho dos processos chave da cadeia. Neste sentido, considerando os processos da
empresa focal, adotou-se, para avaliar o desempenho da cadeia de suprimentos da empresa
estudada os modelos teóricos estabelecidos por Dornier et al (2000) e por Christopher (1997).
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
10
A escolha por estas metodologias se deu devido à característica da cadeia de suprimentos
analisada, que conforme pode ser observada na figuras 7 e 8 é bastante modularizada. Assim,
é necessário utilizar um conjunto de indicadores de desempenho em todos os elos da cadeia de
suprimentos, para assim, de fato avaliar o desempenho logístico de toda cadeia. Desta forma,
conforme Dornier et al. (2000) a avaliação do planejamento e controle das atividades dos
membros da cadeia de suprimento para efetuar a medição do seu desempenho, assim, serão
estabelecidos indicadores e padrões. Já a metodologia de avaliação de desempenho logístico
definida por Christopher (1997) consiste em avaliar o rendimento da cadeia de suprimentos a
partir do fornecedor, passando pela empresa até o distribuidor.
4.3.2 Escolha dos indicadores de desempenho
A escolha de indicadores de desempenho deve levar em consideração aspectos técnicos e
estratégicos. Assim, a escolha dos indicadores deve ser norteada pelos objetivos estratégicos
da empresa focal. Uma vez selecionados os indicadores, eles devem ser agrupados em fatores
competitivos. Levando em consideração estes aspectos, no quadro 1 são apresentados os
indicadores que foram utilizados neste artigo.
Objetivos estratégicos Indicadores de desempenho
Qualidade
Itens danificados na entrega
N° de clientes satisfeitos com a impressão
N° de clientes satisfeitos com a qualidade do Papel
Velocidade Lead-time de produção
Lead-time de entrega
Confiabilidade
N° de registros errados
N° de entregas erradas
N° de itens não-entregues
Quadro 1 Indicadores de desempenho da cadeia de suprimentos analisada
Estes objetivos estratégicos foram definidos por meio da análise da cadeia de valor da
empresa focal, tendo em vista, as atividades e a relação de parceria entre os elos da cadeia.
Assim, no caso do objetivo estratégico de qualidade está relacionado à impressão da revista
(Suprimentos 1) e, no que se refere à confiabilidade e à velocidade de entrega das revistas ao
cliente (Distribuição 1 e 2).
4.3.3 Definição do padrão de desempenho
Após a escolha dos indicadores de desempenho, é necessário que os padrões sejam definidos.
Esta definição deve ser realizada através de reuniões estratégicas ou através de Benchmarking
com os melhores do setor.
Para os indicadores de desempenho escolhidos foram estabelecidos os padrões de
desempenho que serão utilizados para avaliação do desempenho de toda cadeia de
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
11
suprimentos. Tal como apregoa o modelo de Christopher (1997), foram selecionados três elos
da cadeia de suprimentos analisada, contemplando suprimento e distribuição. A tabela 1
apresenta os padrões de desempenho vinculados aos indicadores de desempenho e aos
objetivos estratégicos.
Objetivos
estratégicos
Indicadores de
desempenho
Suprim 1 Suprim 2 Distr 2
Real Padrão Real Padrão Real Padrão
Qualidade
Itens danificados na entrega 0,5% 0,5% 0,5%
N° de clientes satisfeitos
com a impressão
1,0% - -
N° de clientes satisfeitos
com a qualidade do Papel
1,0% - -
Velocidade
Lead-time de produção 4 dias - -
Lead-time de entrega
2 dias 2-9
dias
2-9
dias
Confiabilidade
N° de registros errados 0,5% - -
N° de entregas erradas - 0,82% 0,82%
N° de itens não-entregues - 1,0% 1,0%
Tabela 1- Padrões de desempenho utilizados pela cadeia de suprimento
Estes indicadores deverão ser mensurados e avaliados de maneira cíclica e periódica. A partir
desta avaliação, a empresa foco pode negociar e exigir de seus parceiros um melhor serviço
ou mesmo efetuar o desligamento da empresa em caso de comprovação do não atendimento
as exigências mínimas de desempenho.
Além dos impactos relativos ao aumento potencial na rentabilidade da empresa, a
implementação desta sistemática de avaliação de desempenho logística poderá ainda
fortalecer o controle das atividades logísticas das empresas, auxiliar o processo decisório,
auxiliar no direcionamento estratégico da função logística da empresa e de toda cadeia de
suprimentos, bem como, a possibilidade de maximizar o valor dos produtos aos olhos dos
clientes.
Desta forma, pode-se afirmar que foi possível modelar uma sistemática de avaliação de
desempenho logístico, que contempla aspectos distintos, mas não contrários. Esta sistemática,
então, pode representar uma nova proposta que poderá ser seguido por outras empresas na
construção de sistema de controle e avaliação de desempenho, no contexto da gestão da
cadeia de suprimento.
5. Considerações finais
Os novos conceitos sobre cadeia de valor e cadeia de suprimentos são reflexos das novas
estruturas e processos com os quais as organizações procuram se preparar estrategicamente.
No entanto, para se saber se estas são eficazes no atendimento dos objetivos traçados tem-se
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
12
questionado o desempenho logístico destas. Neste cenário foi esboçado este estudo, que
objetivou apresentar uma sistemática de avaliação de desempenho logístico para uma cadeia
de suprimentos, à luz dos modelos de Christopher (1997) e Dornier et al (2000).
Desta forma, como um dos resultados alcançados neste artigo ressalta-se o desenvolvimento
do método de avaliação de desempenho que funde diversos aspectos da SCM, sendo desta
forma, uma contribuição importante no que tange ao desenvolvimento prático de uma
sistemática que poderá ser utilizado por outras empresas do setor de comunicação, no sentido
destas avaliarem seu desempenho logístico, de modo a alcançarem os benefícios da gestão da
cadeia de suprimentos.
Além deste resultado teórico, ressalta-se, a concepção de uma ferramenta a ser utilizada pela
empresa focal da cadeia de suprimentos analisada. Esta ferramenta permitirá a empresa à
avaliação do desempenho logístico com três de seus elos imediatos, sendo um elo a montante
da cadeia e dois elos a jusante da cadeia, nas atividades de distribuição. A partir da efetivação
deste acompanhamento, a cadeia de suprimentos terá subsídios para monitorar as atividades
logísticas, e nesse sentido, buscar a melhoria continuada destes resultados.
Referências
BALLOU, R.H.. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 1993.
BEAMON, B. M.; WARE, T. M. A process quality model for the analysis, improvement and
control of supply chain system. International Journal of Physical Distribution & Logistics,
Vol. 28, 1998.
BHAGWAT, R.; SHARMA, M. K. Performance measurement of supply chain
management: a balanced scorecard approach. Computers & Industrial Engineering. v. 53, p.
43-62, 2007.
BITITCI, U.; et al. Web enable performance measurements: management implications.
International Journal of Operations and Production Management, v. 22, n. 11, p. 1273-1287,
2002.
BOWERSOX, D J.; CLOSS, D J. Logística Empresarial: O processo de integração da
cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001.
CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: criando redes
que agregam valor. 2 ª ed. São Paulo: Thomson Learning, 2007.
DORNIER, et al. Logística e Operações Globais: textos e casos. São Paulo: Editora Atlas,
2000.
GUNASEKARAN, A.; PATEL, C.; TIRTIROGLU, E. Performance measures and metrics
in a supply chain enviroment. International Journal of Operations & Production Management,
v. 21, n. 1/2, pp. 71-87, 2001.
HAUSMAN, W. H. Supply chain metrics. The practice of supply chain management: where
theory and application converge. USA: Springer Science&Business Media, 2004.
HILSDORF, W. C.; ROTONDARO, R. G.; PIRES, S. R. I. Integração de processos na
cadeia de suprimentos e desempenho do serviço ao cliente: um estudo na indústria
calçadista. Gestão e Produção, São Carlos, v. 16, n. 2, p. 232-244, abr.-jun. 2009.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
13
LA M B E RT, D; P O H L E N,T. Supply Chain Metrics. The International Journal of
Logistics management, v. 12, n. 1, p. 1-19, 2001.
LAMBERT, D. M.; COOPER, M. C. Issues in supply chain management. Industrial
Marketing Management, v. 29, p. 65-83, 2000.
LAMBERT, D.M.; COOPER, M.C.; PAGH, J.D. Supply chain management:
Implementation issues and research opportunities. The International Journal of Logistics
Management, v. 9, n. 2, 1998.
NAJMI, A.; MAKUI, A. Providing hierarchical approach for measuring supply chain
performance using AHP and DEMATEL methodologies. International Journal of Industrial
Engineering Computations. v. 1, pp. 199-212, 2010.
NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição: estratégia, operação e
avaliação. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
PARRA, P. H.; PIRES, S. R. I. Análise da Gestão da cadeia de suprimentos na indústria de
computadores. Gestão & Produção, v. 10, n.1, p.1-15, abril, 2003.
PIRES, S R. I. Gestão da cadeia de suprimentos: conceitos, estratégias, práticas e casos.
São Paulo: Atlas, 2004.
PORTER, M. E. Vantagem competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1989.
QI, Y; CHU, Z. The Impact of Supply Chain Strategies on Supply Chain Integration. 16th
International Conference on Management Science & Engineering, 14-16 de setembro, 2009,
Moscow, Rússia.
RIBEIRO, A. Benchmarking da Cadeia de Suprimentos. COPPEAD, UFRJ, Rio de Janeiro.
Ribeiro, 2003.
SHEPHERD, C.; GÜNTER, H. Measuring supply chain performance: current research and
future directions. International Journal of Productivity and Performance Management, v. 55,
n. 3/4, pp. 242-258, 2006.
SIMCHI-LEVI, D.; KAMINSKY, P.; SIMCHI-LEVI, E. Cadeia de suprimentos: Projeto
e gestão. 3ª edição, São Paulo: Bookman, 2010.
ZSIDISIN, G. A.; RITCHIE, B. Supply Chain Risk Management – Developments, Issues
and Challenges. In: ZSIDISIN, G. A.; RITCHIE, B. (Eds.). Supply Chain Risk: A Handbook
of Assessment, Management, and performance. USA: Springer, 2009. p. 1-12.