PRONOMES

25
Colégio Lúcia Vasconcelos ® - Concursos Públicos e Vestibulares Fone: (62) 3093-1415 PRONOMES LISTA DE EXERCÍCIOS 1 Acesse os materiais extras no site: www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php PRONOMES - EXERCÍCIOS Questão 01) Selecione a alternativa que contém as formas ade- quadas ao preenchimento das lacunas na frase a seguir. Era para _____ falar _____ antes do debate de ontem, mas não ____ encontrei, nem por telefone. a) eu - consigo lhe b) eu - contigo - te c) mim - com você te d) mim - contigo - o Questão 02) Língua Gosta de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões Gosto de ser e de estar E quero me dedicar a criar confusões de prosódia E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões Gosto do Pessoa na pessoa Da rosa no Rosa E sei que a poesia está para a prosa Assim como o amor está para a amizade E quem há de negar que esta lhe é superior? E deixe os Portugais morrerem à míngua “Minha pátria é minha língua” Fala Mangueira! Fala! Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em O que quer O que pode esta língua? VELOSO, Caetano. Língua In: Velô. (1984) - LP/CD Philips/Polygram Nos versos “E sei que a poesia está para a prosa / Assim como o amor está para a amizade / E quem há de negar que esta lhe é superior?”, os pronomes esta e lhe são elementos de coesão anafóricos que se referem respectivamente a) à poesia e à prosa b) à prosa e à poesia c) à amizade e à poesia d) à amizade e ao amor e) ao amor e à amizade Questão 03) Adaptado de: Dik Browne- Hagar o Horrível, em: http://http//tiras-hagar.blogspot.com/ acesso em outubro de 2008. Assinale o que for correto com relação a itens do texto. 01. Os itens terceiro e quarto podem variar em gênero. 02. O item aquele faz parte do grupo de palavras que determi- nam relação ou série. 04. Usar o pronome aquele indica que o locutor se distancia do objeto referido, no entanto, são frequentes construções como a- quele ali, o que passa a ser uma redundância. 08. Justifica-se o uso de aquele uma vez que o indivíduo referi- do está longe do locutor. 16. As duas ocorrências de aquele indicam o mesmo referente. Questão 04) Aponte a opção em que a classificação do termo grifado está INCORRETA: a) Ajude-me, Deus, com o que é meu. (pronome relativo su- jeito). b) Que se passa contigo? (pronome interrogativo sujeito). c) Consta que o júri votará a favor. (conjunção integrante de um objeto direto oracional). d) És o mesmo homem que sempre foste. (pronome relativo predicativo). e) Ele está falho de quê ? (pronome interrogativo e complemen- to nominal). Questão 05) Em uma passagem do livro O que é o tempo?, o matemático e filósofo inglês Gerald James Whitrow nos diz o seguinte: A primeira questão é a origem da ideia de que o tempo é uma espécie de progressão linear medida pelo relógio e pelo calendá- rio. Na civilização moderna, esse conceito de tempo domina de tal forma a nossa vida que parece ser uma necessidade inevitável do pensamento. Mas isso está longe de ser verdade. (...) A maio- ria das civilizações anteriores à nossa, nos últimos 200 a 300 a- nos, tendia a considerar o tempo essencialmente cíclico na natu- reza. À luz da história, nossa concepção de tempo é tão excep- cional quanto a nossa rejeição ao mágico. Embora nossa ideia de tempo seja uma das características pecu- liares do mundo moderno, a importância que damos a ele não é inteiramente desprovida de precedente cultural. Nem tampouco o presente calendário gregoriano assim chamado em homenagem ao papa Gregório XIII, que o introduziu em março de 1582 é o mais preciso de todas as civilizações. Nosso calendário, por mui- to sofisticado que seja, não é tão exato quanto aquele criado, há mais de mil anos, pelos sacerdotes maias da América Central. O ano gregoriano é um tanto longo demais, e o erro chega a três di- as em dez mil anos. A duração do ano dos astrônomos maias pe- cava por ser um tanto curta demais, mas o erro era de apenas dois dias em dez mil anos. De todos os povos que conhecemos, os maias eram os mais ob- cecados pela idéia de tempo. Enquanto na Antiguidade européia considerava-se que os dias da semana eram influenciados pelos

Transcript of PRONOMES

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 1 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

PRONOMES - EXERCÍCIOS

Questão 01) Selecione a alternativa que contém as formas ade-

quadas ao preenchimento das lacunas na frase a seguir.

Era para _____ falar _____ antes do debate de ontem,

mas não ____ encontrei, nem por telefone.

a) eu - consigo – lhe b) eu - contigo - te

c) mim - com você – te d) mim - contigo - o

Questão 02) Língua Gosta de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões Gosto de ser e de estar E quero me dedicar a criar confusões de prosódia E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões Gosto do Pessoa na pessoa Da rosa no Rosa E sei que a poesia está para a prosa Assim como o amor está para a amizade E quem há de negar que esta lhe é superior? E deixe os Portugais morrerem à míngua “Minha pátria é minha língua” Fala Mangueira! Fala! Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode esta língua?

VELOSO, Caetano. Língua In: Velô. (1984) - LP/CD Philips/Polygram

Nos versos “E sei que a poesia está para a prosa / Assim como o amor está para a amizade / E quem há de negar que esta lhe é superior?”, os pronomes esta e lhe são elementos de coesão anafóricos que se referem respectivamente a) à poesia e à prosa b) à prosa e à poesia c) à amizade e à poesia d) à amizade e ao amor e) ao amor e à amizade

Questão 03)

Adaptado de: Dik Browne- Hagar o Horrível, em:

http://http//tiras-hagar.blogspot.com/ acesso em outubro de 2008.

Assinale o que for correto com relação a itens do texto.

01. Os itens terceiro e quarto podem variar em gênero.

02. O item aquele faz parte do grupo de palavras que determi-

nam relação ou série.

04. Usar o pronome aquele indica que o locutor se distancia do

objeto referido, no entanto, são frequentes construções como a-

quele ali, o que passa a ser uma redundância.

08. Justifica-se o uso de aquele uma vez que o indivíduo referi-

do está longe do locutor.

16. As duas ocorrências de aquele indicam o mesmo referente.

Questão 04) Aponte a opção em que a classificação do termo grifado está INCORRETA: a) Ajude-me, Deus, com o que é meu. (pronome relativo su-jeito). b) Que se passa contigo? (pronome interrogativo sujeito). c) Consta que o júri votará a favor. (conjunção integrante de um objeto direto oracional). d) És o mesmo homem que sempre foste. (pronome relativo predicativo). e) Ele está falho de quê? (pronome interrogativo e complemen-to nominal).

Questão 05) Em uma passagem do livro O que é o tempo?, o

matemático e filósofo inglês Gerald James Whitrow nos diz o

seguinte:

A primeira questão é a origem da ideia de que o tempo é uma espécie de progressão linear medida pelo relógio e pelo calendá-

rio. Na civilização moderna, esse conceito de tempo domina de

tal forma a nossa vida que parece ser uma necessidade inevitável

do pensamento. Mas isso está longe de ser verdade. (...) A maio-

ria das civilizações anteriores à nossa, nos últimos 200 a 300 a-

nos, tendia a considerar o tempo essencialmente cíclico na natu-

reza. À luz da história, nossa concepção de tempo é tão excep-

cional quanto a nossa rejeição ao mágico.

Embora nossa ideia de tempo seja uma das características pecu-

liares do mundo moderno, a importância que damos a ele não é

inteiramente desprovida de precedente cultural. Nem tampouco o

presente calendário gregoriano – assim chamado em homenagem ao papa Gregório XIII, que o introduziu em março de 1582 – é o

mais preciso de todas as civilizações. Nosso calendário, por mui-

to sofisticado que seja, não é tão exato quanto aquele criado, há

mais de mil anos, pelos sacerdotes maias da América Central. O

ano gregoriano é um tanto longo demais, e o erro chega a três di-

as em dez mil anos. A duração do ano dos astrônomos maias pe-

cava por ser um tanto curta demais, mas o erro era de apenas

dois dias em dez mil anos.

De todos os povos que conhecemos, os maias eram os mais ob-

cecados pela idéia de tempo. Enquanto na Antiguidade européia

considerava-se que os dias da semana eram influenciados pelos

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 2 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

principais corpos celestes – Saturn-day, Sun-day, Moon-day (dia

de Saturno, dia do Sol, dia da Lua e assim por diante) –, para os

maias cada dia era por si só divino. Todos os monumentos e alta-

res eram erigidos para marcar a passagem do tempo, nenhum

glorificava governantes ou conquistadores. Os maias viam as di-visões do tempo como cargas transportadas por uma hierarquia

de portadores divinos que personificavam os números pelos

quais os vários períodos – dias, meses, anos, décadas e séculos –

se distinguiam.

Apesar dessa constante preocupação com os fenômenos tempo-

rais e da incrível exatidão de seu calendário, os maias nunca

chegaram à ideia de tempo como a jornada de um portador com

a sua carga. Seu conceito de tempo era mágico e politeísta. Em-

bora a estrada na qual os portadores divinos caminhassem em

revezamento não tivesse começo nem fim, os eventos ocorriam

em um círculo representado por períodos recorrentes de serviço a cada deus na sucessão dos portadores. Dias, meses, anos, e as-

sim por diante, eram membros dos grupos que caminhavam em

revezamento pela eternidade. A carga de cada deus era o pressá-

gio para o intervalo de tempo em questão. Num ano a carga po-

dia ser a seca, no outro, uma boa colheita. Pelo cálculo dos deu-

ses que estariam caminhando juntos em um determinado dia, os

sacerdotes podiam determinar a influência combinada de todos

os caminhantes, e assim prever o destino da humanidade.

A hierarquia dos ciclos de cada divisão de tempo levou os maias

a dedicar mais atenção ao passado que ao futuro. Esperava-se

que a história se repetisse em ciclos de 260 anos, e que os even-

tos significativos tendessem a seguir um padrão geral pré-ordenado. Por exemplo, a religião cristã introduzida pelos espa-

nhóis era identificada com a adoração de um culto alienígena

imposto aos maias vários séculos antes. Os eventos passados,

presentes e futuros mesclavam-se, na visão global dos maias,

porque resultavam da mesma carga divina do ciclo de 260 anos. Extraído e adaptado de WHITROW, G. J. O que é o tempo? Rio de Janeiro:

Jorge Zahar Editor, 2003, p.15-17.

a) Para comparar a visão de tempo dos maias à nossa moderna concepção, o autor do texto evoca duas imagens geométricas dis-

tintas. Diga quais são elas e, com base no texto, explique por que

servem para descrever a diferença fundamental entre as duas i-

deias de tempo comparadas.

b) Retire do texto um período que contrarie a seguinte afirma-

ção: Nunca houve sociedade que tenha dado ao tempo um lugar

tão central como a nossa.

c) Forme um único período com as orações abaixo, utilizando

para isso o pronome relativo cujo. Faça as adaptações necessá-

rias.

Não vemos a relação entre passado, presente e futuro da

mesma forma que os maias.

O conceito de tempo dos maias era mágico e politeísta.

Questão 06) Concebido como uma homenagem ao escritor Jo-ão Guimarães Rosa, no cinquentenário de Grande Sertão: Vere-das, o romance Nhô Guimarães, de Aleilton Fonseca, apresenta uma linguagem de forma imaginativa, em que o personagem, ao narrar histórias e causos em boa parte inspiradas no imagi-nário popular brasileiro e no vasto universo rosiano, relembra seu velho amigo Nhô Guimarães. TEXTO I O senhor… mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou de-

safinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra montão.

Guimarães Rosa, Grande Sertão:Veredas.

TEXTO II Ah, meu senhor, a vida é cheia de espanto. A gente pisca, uma coisa acontece! Já lhe aconteceu de sua natureza amarrar, em-patando fazer uma coisa? Isso tem gente que repele. Eu não in-sisto se dentro de mim uma voz me fala. Desmanchar viagem, desistir de negócio, mudar de caminho, descobrir a intenção de certos amigos. É uma voz da gente, lá dentro, tentando dizer o futuro. Eu digo e repito ao senhor: escute seu pressentimento. É um conselho que a gente dá de si para si mesmo, ou revela aos outros, para prevenir certos fatos.

Aleilton Fonseca. Nhô Guimarães.

a) Os Textos I e II apresentam marcas linguístico-discursivas que caracterizam uma interlocução do narrador. Transcreva, de cada um dos textos, um fragmento que apresen-ta essas marcas de interlocução, identifique-as e justifique seu emprego. b) Na progressão de sentido no fragmento de Nhô Guima-rães (Texto II), há uma frase do narrador que sintetiza o seu dis-curso. Transcreva essa frase e explique o seu sentido no texto.

Questão 07) As três estrofes, a seguir, constituem um excerto do poema Crianças Negras, de Cruz e Sousa: As pequeninas, tristes criaturas ei-las, caminham por desertos vagos, sob o aguilhão de todas as torturas, na sede atroz de todos os afagos. Vai, coração! Na imensa cordilheira da Dor, florindo como um loiro fruto, partindo toda a horrível gargalheira da chorosa falange cor do luto. As crianças negras, vermes da matéria, colhidas do suplício à estranha rede, arranca-as do presídio da miséria e com teu sangue mata-lhes a sede! Sobre o uso de pronomes e seu funcionamento sintático, nessas estrofes, é CORRETO afirmar: a) O pronome “las” (1ª estrofe) aponta, cataforicamente, para o substantivo “torturas”. b) Os pronomes “las” (1ª estrofe) e “lhes” (3ª estrofe) remetem, anaforicamente, a “torturas” e “vermes da matéria”. c) O pronome “lhes” (3ª estrofe) funciona, de acordo com o sentido, como adjunto adnominal de “sede”. d) Os pronomes “as” e “lhes” (3ª estrofe) substituem, i-gualmente, o grupo nominal “as crianças negras”. e) O pronome “las” (1ª estrofe) funciona como dêitico porque aponta para uma referência extratextual.

Questão 08) Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto que segue. Um projeto, _____________ tem um investimento de US$ 40 milhões, pagos pela IBM e __________ objetivo é o de recontar

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 3 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

a história da colonização do planeta, vem coletando DNA de 100 mil pessoas, nos 5 continentes. Há a crença __________, por intermédio da genética, seja pos-sível traçar o processo migratório iniciado na África, há pelo menos 60 mil anos. a) que ... o qual ... do qual b) o qual ... onde ... que c) cujo ... que ... onde d) que ... cujo ... de que e) de que ... do qual ... o qual

TEXTO: 1 - Comum às questões: 9, 10

Aonde foi parar a boa e velha desordem brasileira? 1O avião decolou do Rio de Janeiro e embicou para Belém num céu de 2brigadeiro. Praticamente não havia nuvens entre as ja-nelas dos passageiros e o 3mundo lá embaixo. E o vôo, com três horas de duração e praticamente sem serviço 4de bordo, era um convite irrecusável a aproveitar a estiagem para ver, ao vivo, o que 5não passava de um mapa colorido de verde nas aulas de geografia, do tempo em que 6as escolas tinham aula de geogra-fia. 7A rota percorria a linha imaginária daquilo que o Brasil sempre

chamou de 8sertão, uma autêntica Tordesilhas do interior su-postamente impenetrável. Mas cadê o 9sertão? Com a estiagem amarelando a serra do Espinhaço, na primeira hora de 10viagem o mar de morros descascados foi logo avisando que tudo o que havia a 11conquistar o País já conquistou. Dali, a mais de dez mil metros de altitude, não se via 12uma nesga de terra sem a mar-ca da grande marcha para o oeste, que levou a 13civilização bra-sileira a bater nos contrafortes dos Andes. 14“É uma paisagem cicatrizada pelo trabalho humano”, dizia o historiador

15Warren Dean, de um jato como esse, logo no pri-

meiro parágrafo de A ferro e fogo, o 16réquiem da Mata Atlânti-ca. Ele inventariou seus resultados há mais de 13 anos, pelas 17“voçorocas alaranjadas e gredosas, incisões talhadas por sécu-los de mineração, a 18agricultura e pecuária imprevidentes” na “colcha de retalhos”, onde as estradas 19parecem “abertas por formigas cortadeiras”. 20

Mas ele não viu, embora adivinhasse, o que viria depois. Fal-tou-lhe o cerrado

21Brasil adentro, onde a topografia se acalma

e o sertão vai ficando cada vez mais 22geométrico, como se fos-se desenhado a régua e compasso. Em fins de agosto, a 23seca acentuava os círculos exatos dos campos verdes, irrigados pela chuva artificial 24de longos braços pivotantes. A seu redor, as cercas repartiam os pastos com traços

25retos. As máquinas a-

grícolas acabavam de pentear o solo em sulcos uniformes. E, 26onde alguém se lembrou de fingir que cumpre os requisitos da reserva legal, os tufos 27de vegetação mais ou menos nativa pa-reciam ainda mais artificiais do que as áreas 28cultivadas, com seus recortes triangulares, quadrados, trapezoidais, no meio da 29ganância generalizada. 30

Nesse ritmo, entrou-se na Amazônia sem perceber. O Brasil só voltaria a ser 31ele mesmo, em sua esfuziante bagunça primor-dial, pouco antes do pouso, quando o 32avião contornou, em longa curva, as matas encharcadas das várzeas que cercam 33Belém. Mas aí era tarde. A maior parte do País já tinha ficado para trás, quase 34irreconhecível nesta época do ano, selvagem de menos, organizada de mais. Nesta 35terra onde se reclama tanto da desordem urbana, mal se fala do excesso de ordem 36

agrícola no campo, onde a desordem original faz tanta falta.

37Aonde foi parar a natureza exuberante e caótica, que fez o es-crivão Pero Vaz 38de Caminha confessar ao rei dom Manuel que era impossível descrever este pedaço

39de novo mundo, porque

aqui só se viam árvores por todos os lados na baía do 40

descobrimento? Talvez na gravura em que, 200 anos atrás, o diplomata Claude 41François Fortier, Conde de Clarac, às portas do Rio de Janeiro, reproduziu folha a 42folha sua espantosa pro-fusão de formas. Ela é o modelo clássico da floresta tropical 43nos museus europeus. E começa a fazer falta nas cartilhas es-colares, para que os 44brasileiros cresçam conhecendo o lugar em que nasceram.

(CORRÊA, M. S. Isto É, 2027, p. 122, 10 set. 2008)

Questão 09) De acordo com o contexto, nas expressões “Aon-de foi parar a boa e velha desordem brasileira?” (título) e “Fal-tou-lhe o cerrado Brasil adentro, onde a topografia se acalma *...+” (linhas 20-21), os termos aonde e onde significam, respec-tivamente: a) a que lugar / que b) por onde / no qual c) por onde / que d) em que lugar / no qual

Questão 10) “Talvez na gravura em que, 200 anos atrás, o di-plomata Claude François Fortier, Conde de Clarac, às portas do Rio de Janeiro, reproduziu folha a folha sua espantosa profusão de formas.” (linhas 40-42) Para se compreender o período transcrito acima, é necessário identificar a relação de referência entre o pronome sua e: a) o escrivão Pero Vaz de Caminha. b) a natureza exuberante. c) as cartilhas escolares. d) a ordem urbana.

TEXTO: 2 - Comum à questão: 11 Leia o poema de Carlos Drummond de Andrade. Lagoa Eu não vi o mar. Não sei se o mar é bonito, não sei se ele é bravo. O mar não me importa. Eu vi a lagoa. A lagoa, sim. A lagoa é grande e calma também. Na chuva de cores da tarde que explode a lagoa brilha a lagoa se pinta de todas as cores. Eu não vi o mar. Eu vi a lagoa...

Questão 11) A palavra se presente no verso – a lagoa se pinta – também é encontrada com mesmo valor semântico e mesma função sintática em: a) ... o rapaz e a moça se atribuíram a mesma culpa no acidente. b) ... disparava lépida como se a casa estivesse pegando fogo. c) ... embora a moça compreendesse tratar-se de um rito ino-fensivo.

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 4 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

d) ... ela se penteava. Nunca fora mulher de ir passear sem an-tes pentear bem os cabelos. e) Se soubesse que a filha morreria de parto, é claro que não precisaria gritar.

TEXTO: 3 - Comum à questão: 12 “Os iPods têm design defeituoso e não trazem as advertências adequadas no que se refere a danos à audição.” Essa foi a ale-gação de um americano (ainda não afetado pelo uso do apare-lho) para entrar com o processo contra a Apple, fabricante do iPod. Segundo a acusação, o iPod gera sons superiores a 115 decibéis (o equivalente ao produzido por uma turbina de avião). Isso pode afetar seriamente a audição de um usuário, se ele fi-car exposto a mais de 28 segundos por dia de som dessa inten-sidade.

(Adaptado da Revista Época)

Questão 12) O pronome demonstrativo essa remete a) à expressão a alegação de um americano. b) à afirmativa de um americano sobre o design defeituoso e a ausência de advertências pertinentes sobre danos à audição, re-ferentes aos iPods. c) à Apple, fabricante do aparelho. d) ao fato de o americano ainda não ter sido afetado pelo uso do iPod. e) ao processo que o americano moveu contra a Apple.

TEXTO: 4 - Comum à questão: 13 Leia o fragmento abaixo. “É empobrecedor ignorar a revolução cultural da internet. Co-mo toda inovação tecnológica abrangente, a civilização digital ampliou o léxico de muitos idiomas, entre eles o português. E o fez, basicamente, pela incorporação de palavras em inglês (site, download, hardware). Essas adições causam horror aos puristas da linguagem. Bobagem. A maior fonte de enriquecimento dos idiomas em todos os tempos é a incorporação de vocábulos ori-undos de línguas estrangeiras e de revoluções tecnológicas. O português cresceu muito enquanto seus navegadores explora-vam os 'mares nunca dantes navegados' cantados por Luís de Camões. 'Calcula-se que o português medieval tinha perto de 15 000 vocábulos. Em meados do século XVI, com a expansão marítima, o total chegaria a 30 000, 40 000', observa o filólogo Mauro Villar, do Dicionário Houaiss.”

(Riqueza da Língua – Revista Veja, de 12 de setembro de 2007.)

Questão 13) Em E o fez, o pronome retoma a) o português. b) ampliou o léxico. c) a civilização digital. d) a revolução cultural. e) inovação tecnológica.

TEXTO: 5 - Comum à questão: 14

Unplugged Rio de Janeiro - Você entra em qualquer restaurante a quilo e, para não perder tempo comendo, encontra tomadas por toda parte para, se quiser, ligar o notebook e continuar trabalhando. Não será por falta delas que você deixará de participar de uma conferência na hora do almoço com 20 outros executivos, cada qual numa cidade ou, cuíca, país

Mas, supondo que considere a hora do almoço sagrada e recuse a trabalhar e mastigar ao mesmo tempo, há sempre o recurso de ligar o iPod e se isolar. Assim, alheio ao mundo exterior, você poderá engolir uma suave salada de faufilhas com breufas e re-laxar ouvindo as 948 melhores faixas do Metállica estocadas no aparelhinho plugado à sua orelha. Bem, não é preciso ser tão radical e cortar as pontes com o mundo. Afinal, existe o celular. Com ele você pode gerar, re-produzir, manipular, receber, transportar, corrigir, salvar, de-senvolver, deletar, definir, ampliar, imprimir, personalizar e en-viar uma quantidade ilimitada de informações ou imagens inú-teis. Pode também fotografar sem querer o próprio tímpano. Pode ainda telefonar para o escritório e se inteirar das últimas que aconteceram desde que você saiu de lá há cinco minutos. Some a isso os aparelhos de TV ligados neste e em outros res-taurantes, botequins, hospitais, academias, bancos, shoppings, elevadores, vans, táxis, aeroportos e aviões. É um bombardeio de informação, pior do que qualquer blitzkrieg da Segunda Guerra. Nesta, ao menos, podia-se correr para os abrigos.

Há uma nova meta pela qual lutar. Todo ser humano deveria ter direito a xis minutos diários de exclusividade dos próprios sen-tidos, sem precisar plugá-los a nenhuma geringonça do demô-nio ou deixá-los ser invadidos e envenenados por imagens e sons que ninguém pediu para existir.

(Rui Castro, Folha de S.Paulo)

Questão 14) No trecho do último parágrafo: “...sem precisar plugá-los a nenhuma geringonça do demônio...”, o termo em negrito é: a) um pronome demonstrativo e substitui “minutos”. b) um pronome oblíquo e substitui “diários”. c) um pronome reto e substitui “sentidos”. d) um pronome oblíquo e substitui “minutos”. e) um pronome oblíquo e substitui “sentidos”.

TEXTO: 6 - Comum à questão: 15 A forma mais difundida de paquera entre os sauditas são os ca-fés que oferecem acesso à internet. São poucos, mas estão se tornando uma ferramenta de aproximação entre os jovens. E estão se mostrando eficientes. Com base em sua interpretação do Corão, o governo da Arábia Saudita restringiu alguns hábitos considerados “ocidentalizados” da população, principalmente dos mais jovens. Teatros, cinemas e boates foram proibidos de funcionar tanto na capital Riad quanto nas cidades pequenas do país. Na esteira do fechamento dessas casas, perde-se uma forma centenária de encontrar um namorado ou mesmo de co-nhecer outras pessoas. A alternativa para quem não costuma usar os sites de namoro é escrever nome e telefone em pedaços de papel e deixá-los nos vidros dos carros para achar, com a a-juda do destino, um candidato a cara-metade e marcar um en-contro.

(Sauditas aprendem a namorar pela net, in: Galileu nº 131)

Questão 15) No trecho - Com base em sua interpretação do Corão (...) – o termo destacado refere-se a a) Corão. b) governo da Arábia Saudita. c) forma mais difundida de paquera. d) capital Riad. e) população mais jovem.

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 5 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

TEXTO: 7 - Comum às questões: 16, 17 A Carteira 1...De repente, Honório olhou para o

2chão e viu uma carteira.

Abaixar-se, 3apanhá-la e guardá-la foi obra de alguns 4instantes. Ninguém o viu, salvo um 5homem que estava à porta de uma lo-ja,

6e que, sem o conhecer, lhe disse rindo:

7- Olhe, se não dá por ela; perdia-a 8de uma vez. 9- É verdade, concordou Honório 10envergonhado. 11Para avaliar a oportunidade desta 12carteira, é preciso saber que Honório 13tem de pagar amanhã uma dívida, 14quatrocentos e tantos mil-réis, e a 15carteira trazia o bojo re-cheado. A dívida

16não parece grande para um homem da

17posição de Honório, que advoga; mas 18todas as quantias são grandes ou

19pequenas, segundo as circunstâncias, e

20as dele

não podiam ser piores. 21

- Tu agora vais bem, não? Dizia-lhe 22

ultimamente o Gustavo C..., advogado e

23familiar da casa.

24- Agora vou, mentiu o Honório. 25

A verdade é que ia mal. Poucas 26

causas, de pequena monta e 27

constituintes remissos. 28D. Amélia não sabia nada; ele não 29contava nada à mulher, bons ou maus 30negócios. Não contava nada a ninguém. 31Fingia-se tão alegre como se nadasse 32em um mar de prospe-ridades. Quando o 33Gustavo, que ia todas as noites à casa 34

dele, dizia uma ou duas pilhérias, ele 35

respondia com três ou quatro. 36Um dia a mulher foi achá-lo dando 37muitos beijos à filha, cri-ança de quatro 38anos, e viu-lhe os olhos molhados; ficou 39espantada, e perguntou-lhe o que era. 40- Nada, nada. 41Compreende-se que era o medo do 42futuro e o horror da mi-séria. Mas as

43esperanças voltavam com facilidade. A

44idéia de

que os dias melhores tinham de 45vir dava-lhe conforto para a luta. Estava 46com trinta e quatro anos; era o princípio 47da car-reira; todos os princípios são 48difíceis. E toca a trabalhar, a es-perar, a 49gastar, pedir fiado ou emprestado, para 50pagar mal, e a más horas. 51Eram cinco horas da tarde. Tinha-se 52lembrado de ir a um a-giota, mas voltou 53sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela 54Rua da Assembléia é que viu a carteira 55no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e 56foi andando. 57Durante os primeiros minutos, 58Honório não pensou nada. Tinha medo 59de abrir a carteira; podia não achar 60nada, ape-nas papéis e sem valor para 61ele. Ao mesmo tempo, e esta era a

62causa principal das reflexões, a

63consciência perguntava-lhe

se podia 64utilizar-se do dinheiro que achasse. Não 65lhe pergun-tava com o ar de quem não 66sabe, mas antes com uma expres-são 67irônica e de censura. Podia lançar mão 68do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida.

69Eis o ponto. A consciência acabou de

lhe 70

dizer que não podia, que devia levar a 71

carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão

72depressa acabava de lhe dizer isto,

73vinham os apuros da ocasião, e

74puxavam por ele, e convida-

vam-no a ir 75

pagar a dívida. Chegavam mesmo a 76

dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse

77perdido, ninguém iria entregar-

lha; 78

insinuação que lhe deu ânimo. 79Tudo isso antes de abrir a carteira. 80Tirou-a do bolso, final-mente, mas com 81medo, quase às escondidas; abriu-a, e 82ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito

83dinheiro. Era a dívida paga; e-

ram menos 84algumas despesas urgentes. Fechou a 85carteira, e com medo de a perder tornou 86a guardá-la.

87Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e 88abriu-a, com vontade de contar o 89dinheiro. Contar para quê? era dele? 90Afinal venceu-se e contou: eram

91setecentos e trinta mil-réis. Honório teve

92um calafrio. Ninguém viu, ninguém

93soube; podia ser um lan-

ce da fortuna, a 94

sua boa sorte, um anjo... Honório teve 95

pena de não crer nos anjos... Mas por 96que não havia de crer neles? E voltava 97ao dinheiro, olhava, passava-o pelas 98mãos; depois resolvia o contrário, não

99usar do achado, restituí-lo. Restituí-lo

a 100quem? Tratou de ver se havia na 101carteira algum sinal. 102Esquadrinhou os bolsos da carteira. 103Achou cartas, que não abriu, bilhetinhos 104dobrados, que não leu, e por fim um 105cartão de visita. Leu o nome; era do 106Gustavo. 107A descoberta entristeceu-o. Não 108podia ficar com o dinhei-ro, sem praticar

109um ato ilícito, e, naquele caso, doloroso

110ao

seu coração porque era em dano de 111um amigo. 112

Chegando a casa, já ali achou o 113

Gustavo, um pouco preo-cupado, e a

114própria D. Amélia o parecia também.

115Entrou

rindo, e perguntou ao amigo se 116

lhe faltava alguma cousa. 117

- Nada. 118- Nada? 119

- Por quê? 120

- Mete a mão no bolso; não te falta 121

nada? 122- Falta-me a carteira, disse o 123Gustavo sem meter a mão no bolso. 124Sabes se alguém a achou? 125- Achei-a eu, disse Honório 126entregando-lha. 127Gustavo pegou dela 128precipitadamente, e olhou desconfia-do

129para o amigo. Esse olhar foi para

130Honório como um gol-

pe de estilete; 131depois de tanta luta com a necessidade, 132era um triste prêmio. 133Honório deu duas voltas, e foi 134mudar de toilette para o jan-tar. Então 135Gustavo sacou novamente a carteira, 136abriu-a, foi a um dos bolsos, tirou um 137dos bilhetinhos, que o outro não quis 138abrir nem ler, e estendeu-o a D. Amélia, 139que, ansiosa e trêmula, rasgou-o em

140trinta mil pedaços: era um bilhetinho

de 141amor. (Machado de Assis. Obra Completa. v. 2.

pp. 961-963.)

Questão 16) Em Achei-a eu, disse Honório entregando-lha – (refs. 125-126), ocorre a contração de lhe + a. Considerando que a frase pode ser reescrita de mais de uma forma, marque a opção que NÃO está de acordo com as normas do português padrão.

a) Achei-a eu, disse Honório entregando a carteira a Gustavo. b) Achei-a eu, disse Honório entregando-lhe a carteira. c) Achei-a eu, disse Honório entregando-o a carteira. d) Achei-a eu, disse Honório entregando-a a ele.

Questão 17) Em e viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada e perguntou-lhe o que era (refs. 38-39), o lhe, de viu-lhe e o lhe de perguntou-lhe estabelecem, respectivamente, relações com a) viu e perguntou. b) os olhos molhados e perguntou. c) ficou e perguntou. d) viu e o que era.

TEXTO: 8 - Comum à questão: 18

LUA DE SÃO JORGE (Adaptado de Caetano Veloso)

lua de são jorge lua deslumbrante

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 6 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

azul verdejante cauda de pavão

lua de são jorge

cheia branca inteira oh minha bandeira solta na amplidão

lua do meu coração

lua de são jorge lua brasileira

lua do meu coração [...]

lua de são jorge

brilha nos altares brilha nos lugares

onde eu vou [...]

lua de são jorge

lua de alegria não se vê um dia

claro como tu

lua de são jorge serás minha guia

no Brasil de norte a sul lua de são jorge

brilha nos altares

Questão 18) Com relação a este texto, assinale o que for cor-reto 01. A expressão "cauda de pavão" é uma metáfora e refere-se à beleza da música. 02. A expressão "solta na amplidão" sugere que a Lua é tratada pelo "eu lírico" como um objeto próximo. 04. O emprego do possessivo "minha" indica o tratamento de proximidade do "eu lírico" com o objeto Lua. 08. A forma de tratamento "tu" denota uma personificação da Lua. 16. O segmento "brilha nos altares" associa a Lua à religiosida-de.

TEXTO: 9 - Comum à questão: 19 Leia o texto a seguir. PRIMEIRO ATO 01Amelinha – (Virando-se para a mãe) Edmundo está inocente. Sem culpa. 02Valdelice – (Fazendo-a calar) Não repita essa asneira. (Pausa) Temos de pressioná-lo, minha filha. 03Você não tem idade para perceber a ruindade dos homens. Você foi se-du-zi-da. 04Amelinha – (Sentando-se) Seduzida?! Mas eu sei que não é verdade! 05

Valdelice – A história tem de ser diferente... Trate de se con-vencer disso. [...] 06

Amelinha – Não me sinto bem em dizer o que não fiz...

07Agente – Aprenda a primeira lição: às vezes a verdade não é a que se conhece, mas a outra... (Pausa) 08É ir por mim. (Notando o laço de fita da moça) Pra que este laço? 09

Amelinha – Foi idéia da mamãe. 10

Valdelice – Não a quero desgraciosa diante da autoridade. 11Agente – (Compenetrado) Nada de lacinho de fita! Você não é anjo de procissão. (Tom) Quem perde 12a honra não se interessa por enfeite. (Ríspido) Tire-o. 13Amelinha – (Indecisa) Mas eu... eu... 14Agente – (Arrebata-lhe o laço) Bobagem! (Pausa) Retira tam-bém o ruge, o batom... Tenho de 15prepará-la para impressionar o delegado, o juiz, todo mundo. Do contrário, ninguém 16defenderá você. (Tom) Assanhe os cabelos. SEGUNDO ATO 17

Benedito – (À Amelinha, que continua assustada, mas impres-sionada com a situação que vive)

18Então, você acabou sendo

enganada? (Ela aquiesce) Levou-a no caminhão da entrega 19

sistemática, não foi? (Ela confirma) Vá ver que era um cami-nhão Ford. (Ao Permanente) 20Ford! A influência nefasta do ca-pitalismo internacional! (Pausa) E os botijões?

21Balançavam?

Sacudiam? (Pausa) Estavam cheios... ou vazios? 22Amelinha – (Num sopro) Vazios... 23Benedito – (Eufórico) Vazio! (Pausa, em explosão) Vibravam, não? (Dramatizando) Imagino como 24não eram ruidosos! (T) Tática de cinema americano, “noir”, de péssima qualidade. 25

(Pausa) E o carro? Corria veloz? E você, gritava? 26Amelinha – (Voz débil, a confirmar) Gritava. [...] 27Benedito – (A Amelinha) Então estavam vazios os botijões (Ela concorda) Vazios... E o carro corria, 28em disparada, não? (Ela aquiesce) E fazia aquele ruído... 29Amelinha – (Que vai aderindo, qual participasse de um jogo...) Um ruído terrível... 30Benedito – Ah, eu imagino! (T.) E o seu desespero? Hem, mo-ça? 31Amelinha – Ah, como eu sofri dentro do caminhão... 32Valdelice – (Surpresa, à filha) Você nunca me falou antes em caminhão. Que carro é esse? 33Amelinha – (Indiferente) O caminhão, mãe... Caminhão Ford. [...] 34Benedito – E depois? Hem? Depois? 35Amelinha – (Enlevada, mais fantasiosa) Ele me apertava em seus braços fortes, sem mais querer me 36soltar. (Tom) Meu Deus, era bom mas eu sofria. (Pausa) Eu me sentia tonta, 37desfalecida, principalmente pelo som infernal dos botijões... E por cima de tudo, eu

38tinha medo de morrer.

39Benedito – (Animando-a) Mais, mais, vai para a primeira pági-na. 40Amelinha – Paramos num lugar distante, como se diz mesmo? ... ermo... (Pausa) Onde era? Onde?

41Ainda hoje me pergunto,

sem resposta... (Pausa. T.) Nem sei direito. Mas sei que havia 42

uma árvore muito frondosa, e tinha um rio largo, perto... e... acho que havia também

43uma cabana. Um velho pescador es-

tava sentado, longe, longe, numa pedra... 44

Valdelice – Minha filha, você está descrevendo o calendário da sala de jantar! [...] 45Benedito – E depois, e depois? 46

Amelinha – Ele começou a puxar o zíper do meu vestido. 47Valdelice – Mas você não tem vestido de zíper!!!

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 7 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

48Benedito – Vá contando, me agrada! É matéria de primeira página. 49

Amelinha – Por fim, rasgou minha combinação de “nylon”. 50

Valdelice – “Nylon”?! Você nunca usou isso! [...] 51Valdelice – (Como se tudo fosse um sonho) Agora que você está mais calma, me diga mesmo como 52é a história do cami-nhão, dos botijões vazios... Onde você conseguiu tudo isso? 53Amelinha – E eu sei, mamãe?! Simpatizei com o moço, e dei de imaginar tudo. (Pausa. T) Será que 54o meu retrato vai sair bonito no jornal? [...] 55Edmundo – (Principia a falar com indecisão, procurando achar as palavras) Amelinha, eu... queria

56que você compreendesse...

Por favor, conte ao Delegado o que em verdade se passou 57

entre nós dois... Sei que você é direita... (Pausa) Fale. 58

Amelinha – (Em tom indefinido, como se na verdade vivesse outro personagem) Será que você já

59esqueceu?

60Edmundo – Esqueceu o quê? Não compreendo.

61Amelinha – Oh, Edmundo... Vocês, homens, esquecem tão li-geiro! 62

Edmundo – Mas não esqueci nada! Lembro que você me chamou à sua casa. E me abraçava, me 63queria... E eu então não pude resistir. [...] 64Amelinha – Oh, ao menos hoje, não seja cínico! O caminhão, os botijões vazios! Vamos, não diga

65que não se lembra! Você

me carregou, eu não queria... Me convidou para ver os enfeites 66da boléia, e, de repente, acionou o motor, partiu veloz. Ah. Foi quando eu gritei, gritei: 67Não faça isso. Edmundo! Pare! Pare! E você correndo, nem me deu atenção! 68Edmundo – (Ao Delegado) Isso não! Ao menos a verdade!

CAMPOS, Eduardo. A donzela desprezada. In:________. Três peças escolhidas. Fortaleza: Edições

UFC, 2007, p.187-221.

Questão 19) Transcreva APENAS a parte do texto a que as ex-pressões destacadas se referem. 1. “Não repita essa asneira” (ref. 02). 2. “Trate de se convencer disso” (ref. 05). 3. “Você nunca usou isso!” (ref. 50). 4. “Onde você conseguiu tudo isso?” (ref. 52). 5. “Não faça isso” (ref. 67).

TEXTO: 10 - Comum à questão: 20 O Colocador de Pronomes (excerto) 1Havia em Itaoca um pobre moço que definhava de tédio no fundo de um cartório.

2Escrevente. Vinte e três anos. Magro. Ar

um tanto palerma. (...) 3Vivia em paz com as suas certidões quando o flechou venenosa

seta de Cupido. Objeto 4amado: a filha mais moça do coronel

Triburtino, o qual tinha duas, essa Laurinha, do 5escrevente, en-

tão nos dezessete, e a do Carmo, encalhe da família (...). 6Triburtino não era homem de brincadeira. (...) Toda gente lhe

tinha um vago medo; mas o 7amor, que é mais forte que a mor-te, não receia sobrecenhos enfarruscados nem tufos de 8cabelos no nariz.

9Ousou o escrevente namorar-lhe a filha, apesar da distância

hierárquica que os separava. 10

Namoro à moda velha, já se vê, pois que nesse tempo não existia a gostosura dos cinemas. 11Encontros na igreja, à missa, troca de olhares, diálogos de flo-

res – o que havia de inocente e 12puro. (...) Depois, a serenata fatal à esquina, com o “Acorda, donzela…” sapecado a medo num

13velho pinho de empréstimo. Depois, bilhetinho perfuma-

do. 14

Aqui se estrepou… 15Escrevera nesse bilhetinho, entretanto, apenas quatro pala-vras, afora pontos exclamativos 16e reticências: “Anjo adorado! Amo-lhe!” 17Para abrir o jogo bastava esse movimento de peão. Ora, acon-teceu que o pai do anjo 18apanhou o bilhetinho celestial e, de-pois de três dias de sobrecenho carregado, mandou 19chamá-lo à sua presença, com disfarce de pretexto – para umas certidõe-zinhas, explicou. 20

(...) Mal o pilhou portas aquém, o coronel trancou o escritório, fechou a carranca e disse: 21–A família Triburtino de Mendonça é a mais honrada desta terra, e eu, seu chefe natural,

22não

permitirei nunca – nunca, ouviu? – que contra ela se cometa o menor deslize. 23

Parou. Abriu uma gaveta. Tirou de dentro o bilhetinho cor- de- rosa, desdobrou-o. 24

– É sua esta peça de flagrante delito? 25

O escrevente, a tremer, balbuciou medrosa confirmação. 26– Muito bem! Continuou o coronel em tom mais sereno. Ama, então, minha filha e tem a 27audácia de o declarar… Pois agora… 28O escrevente, por instinto, ergueu o braço para defender a cabeça e relanceou os olhos 29para a rua, sondando uma retira-da estratégica. 30– … é casar! Concluiu de improviso o vingativo pai. 31O escrevente ressuscitou. Abriu os olhos e a boca, num pas-mo. Depois, tornando a si, 32comoveu-se e com lágrimas nos o-lhos disse, gaguejante: 33– Beijo-lhe as mãos, coronel! Nunca imaginei tanta generosi-dade em peito humano! Agora 34vejo com que injustiça o jul-gam aí fora!… 35Velhacamente o velho cortou-lhe o fio das expansões. 36– Nada de frases, moço, vamos ao que serve: declaro-o sole-nemente noivo de minha filha! 37E voltando-se para dentro, gritou: 38– Do Carmo! Venha abraçar o teu noivo! 39O escrevente piscou seis vezes e, enchendo-se de coragem, corrigiu o erro. 40– Laurinha, quer o coronel dizer… 41O velho fechou de novo a carranca. 42– Sei onde trago o nariz, moço. Vassuncê mandou este bilhete à Laurinha dizendo que 43ama-“lhe”. Se amasse a ela deveria di-zer amo-“te”. Dizendo “amo-lhe” declara que ama a uma 44

terceira pessoa, a qual não pode ser senão a Maria do Carmo. Salvo se declara amor à minha 45mulher…

Monteiro Lobato, Negrinha.

Questão 20) Considere as seguintes afirmações acerca de ele-mentos linguísticos do texto: I. Diferentemente do que ocorre em “Amo-lhe” (ref.16), o pro-nome “lhe” tem valor possessivo no trecho “Beijo-lhe as mãos” (ref. 33). II. “Mal” (ref. 20) introduz uma oração que dá ideia de tempo. III. A palavra “então” tem o mesmo sentido, tanto no trecho “então nos dezessete” (ref. 5) quanto em “Ama, então, minha filha” (ref. 26).

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 8 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

Tendo em vista o contexto, está correto apenas o que se afirma em a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III.

TEXTO: 11 - Comum à questão: 21

Síndrome do excesso de informação O eterno sentimento humano de ansiedade diante do desco-nhecido começa a tomar uma forma óbvia nestes tempos em que a informação vale mais que qualquer outra coisa. As pesso-as hoje parecem estar sofrendo porque não conseguem assimi-lar tudo que é produzido para aplacar a sede da humanidade por mais conhecimento. Como toda ansiedade, a angústia típica de nosso tempo machu-ca. Seu componente de irracionalidade é irrelevante para quem se sente mal. O escritório de estatísticas da Inglaterra divulgou recentemente uma pesquisa que é ao mesmo tempo um diag-nóstico. Cerca de um sexto dos ingleses entre 16 e 74 anos se sente incapaz de absorver todo o conhecimento com que esbar-ra no cotidiano. Isso provoca tal desconforto que muitos apre-sentam desordens neurológicas. O problema é mais sério entre os jovens e as mulheres. Quem foi diagnosticado com a síndro-me do excesso de informação tem dificuldade até para adorme-cer. O sono não vem, espantado por uma atitude de alerta anormal da pessoa que sofre. Ela simplesmente não quer dormir para não perder tempo e continuar consumindo informações. Os médicos ingleses descobriram que as pessoas com quadro agu-do dessa síndrome são assoladas por um sentimento constante de obsolescência, a sensação de que estão se tornando inúteis, imprestáveis, ultrapassadas. A maioria não expressa sintomas tão sérios. O que as persegue é uma sensação de desconforto – o que já é bastante ruim. O ambulatório de Ansiedade da USP ainda não pesquisa a ansi-edade de informação especificamente. Mas tem atendido um número crescente de ansiosos que mencionam como causa de suas apreensões a incapacidade de absorver informações ao ritmo que consideram ideal. “Ler e aprender sempre foi tido como algo bom, algo que devíamos fazer cada vez mais. Não sabíamos que haveria um limite para isso. Está acontecendo com a informação o mesmo que já acontece com o hábito ali-mentar. Em vez de ficarmos bem nutridos, estamos ficando o-besos de informação”, diz Anna Verônica Mautner, psicanalista em São Paulo.

(Cristina Baptista. Veja. São Paulo: Abril, set. 2001, Fragmento.)

Questão 21) Analise o segmento: “Não sabíamos que haveria um limite para isso”. O item sublinhado, para ser interpretado com êxito: a) precisa ser entendido como uma palavra invariável. b) requer que conheçamos sua origem etimológica. c) necessita que se recorra a partes anteriores do texto. d) supõe que temos ciência de sua composição fonológica. e) exige que saibamos como escrevê-lo corretamente.

TEXTO: 12 - Comum à questão: 22 A língua, em sua infinitude, em sua heterogeneidade e em seu constante processo de mudança, é, no fundo, incontornável. Is-to é, não dispomos de meios para cercá-la, para riscar um traço a seu redor, para desenhar uma linha que a contenha.

Claro, a nossa cultura linguística tradicional tem enormes difi-culdades para conviver com essas características da língua. Di-ante do infinito, do heterogêneo e do sempre mutante, muitas pessoas clamam por regras categóricas. Surgem, então, aqueles que se arrogam o direito de ditar tais regras. Como não há um papa ou um supremo tribunal federal linguístico, alguns se acham no direito de assumir o papel de autoridade: inventam regras e proibições, condenam usos nor-mais e ficam execrando e humilhando os falantes. E, pior, nunca admitem contestação. Infelizmente, esse autoritarismo gramatical, essas atitudes au-tocráticas têm grande prestígio na nossa sociedade, em especial entre alguns dos nossos intelectuais. No entanto, um dos efei-tos desse autoritarismo linguístico tem sido justamente bloque-ar o amplo acesso social a um bom domínio da língua. Inibe e constrange. De um lado, porque instaura uma insegurança nos falantes. De outro, porque se aproxima dos fatos da língua sempre de modo fragmentário (arrolam picuinhas sobre picui-nhas – alguns chegam até a ultrapassar a casa do milhar), sem nunca oferecer uma perspectiva de conjunto da nossa realidade linguística, em particular da norma culta/comum/standard. Se não dispomos de uma autoridade suprema em matéria de língua, como podemos dirimir dúvidas ou arbitrar polêmicas? Não temos alternativa, a não ser observar criteriosa e sistemati-camente os usos. No caso da norma culta/comum/standard, os bons dicionários e as boas gramáticas devem registrar e conso-lidar os usos observados. Não cabe a eles criar regras, mas – ob-servando os usos – cabe a eles descrever e consolidar os fatos dessa norma.

FARACO, Carlos Alberto. Norma culta brasileira. Desatando alguns nós. São Paulo: Parábola,

2008, p.104-105. Adaptado.

Questão 22) A análise de aspectos linguísticos presentes no texto nos leva a concluir que: 1. Logo no primeiro parágrafo, identificam-se palavras formadas pelo prefixo in-, com sentido de ‘inclusão’: ‘infinitude’ e ‘incon-tornável’. 2. No trecho: “arrolam picuinhas sobre picuinhas”, a preposição contribui para expressar a idéia de quantidade: “arrolam picui-nhas e mais picuinhas”. 3. No trecho: “Surgem, então, aqueles que se arrogam o direito de ditar tais regras.”, a próclise é opcional; a opção pela ênclise seria igualmente aceita pela norma padrão da língua. 4. No trecho: “Não cabe a eles criar regras, mas – observando os usos – cabe a eles descrever e consolidar os fatos dessa nor-ma.”, o uso dos travessões tem o efeito de enfatizar o trecho ‘observando os usos’, garantindo-lhe saliência informativa. Estão corretas: a) 1 e 3, apenas. b) 1 e 4, apenas. c) 2 e 4, apenas. d) 2 e 3, apenas. e) 1, 2, 3 e 4.

TEXTO: 13 - Comum à questão: 23

Essa mocidade de hoje... 1Realmente não está fácil educar filhos hoje em dia. Não ouvem nossos conselhos e seguem caminhos 2estranhos, geralmente

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 9 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

perigosos. Coisas do fim de século, explicam. Meu filho mais ve-lho, por exemplo. 3Deu de cheirar. Não entendo onde pegou es-se vício terrível. Acredito que foi na leitura de velhos romances 4portugueses, ele, um apaixonado por primeiras edições.

5Minha mulher o defende. Diz que não faz mal. Brigamos muito

por causa disso. Um cunhado, médico, 6também assegura que não prejudica a saúde. É quando muito um mal social, insiste. Pode até ser, concordo,

7afinal milhares de jovens estão fazen-

do o mesmo em todo o mundo, mas quem agüenta uma pessoa espirrando 8o tempo todo? Até nas igrejas ele abre sua caixa (que não sei como chama) e aspira o rapé. Tento proibir: 9– Meu filho, você vive molhando os outros, pregando sustos, irritando. Abandone esse vício 10espalhafatoso, incômodo. Seria melhor fumar charuto. 11Ele nem liga, sempre espirrando, em conduções, velórios, con-ferências, teatros, em toda parte. Não

12consegue se livrar des-

se pó maldito. É um dependente. Quando vai pedir emprego, para desinibir, cheira. 13

– Estou me apresentando para... atchim!. 14– O senhor está resfriado? 15

– Não. – Atchim, atchim, atchim etc. 16

Sai, claro, desempregado como entrou. Espirro não é forma de comunicação, não é argumento, não vale 17como currículo. 18Apaixonou-se e foi pedir a mão da moça em casamento. Dis-seram-me que foram onze atchins 19consecutivos. Uns altos, ou-tros baixos, uns fragmentados, outros explosivos, mas tudo muito monótono. O

20futuro sogro até que se conteve a princí-

pio, mas quando o viu tirar automaticamente do bolso a caixa de rapé, 21perguntou: 22– O senhor é viciado nisso? 23– Sou – ele confessou de cabeça baixa. 24E o sogro disse não. 25Outro filho meu também está se desviando. Evita pais e pa-rentes. Não gosta de estudar, de ler, mora no

26mundo da Lua.

Noite alta, salta a janela de casa e desaparece. Descobrimos is-so e o forçamos a contar o que 27faz na rua até madrugada. Ne-gou-se peremptoriamente. Ameaçou até suicidar-se com gás se insistíssemos. 28Mas não recuamos e procuramos descobrir o que leva esse in-sensato a sumir dessa maneira. 29– Pra mim tem música nisso – suspeitou a mãe. 30– Música? É, pode ser – admiti. – Ele anda tão alheio a tudo... 31Tinha razão. Descobrimos. O maroto anda fazendo serenata! Meu filho, seresteiro! Comprou um violão 32às escondidas! Ago-ra vive fazendo barulho ao pé de janelas, nas madrugadas, des-pertando pessoas que 33precisam acordar cedo para o trabalho. E exposto alucinado ao sereno, à garoa, ao chuvisqueiro, que tão mal 34fazem aos pulmões. Muitos seresteiros, sabe-se, mor-rem de pneumonia, isso quando – eles que se cuidem – 35não são abatidos por tiros de garrucha por pais, irmãos e namora-dos das moças que pretendem agradar. Ou

36mesmo por vizi-

nhos furiosos. As gazetas sempre trazem casos assim. 37

E por fim tem o menorzinho. Esse se viciou nessa tal de lan-terna mágica. Conhecem, não? Chegou

38recentemente da Eu-

ropa e está à venda nas lojas do centro. É um aparelho óptico que amplia e projeta imagens

39iluminadas. O menino fica numa

sala escura com amiguinhos o dia inteiro vendo essas imagens. Jaulas de 40macacos, parques de diversões, trens, balões, ban-quetes, caras de reis e navios. Imagens coloridas que parecem 41

ter dimensões e movimento. A impressão é que os garotos esquecem o lar, se afastam do mundo, rompem com 42a reali-dade. Podem imaginar uma coisa assim? O aparelho causa hip-

nose, fixação mórbida, idiotiza, e talvez 43possa cegar. Li que a lanterna mágica, projetando cerca de dez imagens por minuto, acaba causando sérias

44perturbações no cérebro dos jovens,

levando inclusive ao enlouquecimento. Sim, ao enlouquecimen-to! 45Pó que vicia, ritmos anti-sociais, máquinas diabólicas. Caluda! 46Este fim de século ameaça destruir nossos jovens.

São Paulo de Piratininga, 1893. REY, Marcos. Essa mocidade de hoje... In: O

coração roubado e outras crônicas. São Paulo: Ática, 2003, p. 50-53. (Para Gostar de Ler, v. 19)

Questão 23) No segundo parágrafo, os elementos de coesão

textual destacados – “o”, “disso”, “ele” – referem-se, respecti-vamente, a:

5) (ref.

médico" cunhado, Um"

3) (ref.

cheirar" deDeu "

3) (ref.

terrível" vícioesse"e)

5) (ref.

médico) cunhado, Um"

3) (ref.

rmances" velhosde leitura"

3) (ref.

terrível" vícioesse"d)

2) (ref.

velho"mais filhoMeu "

3) (ref.

cheirar" deDeu "

2) (ref.

velho"mais filhoMeu "c)

2) (ref.

velho"mis filhoMeu "

3) (ref.

romances" velhosde leitura"

3) (ref.

terrível" vícioesse"b)

5) (ref.

médico" cunhado, Um"

3) (ref.

cheirar" deDeu "

2) (ref.

velho"mais filhoMeu "a)

8) (ref. 5) (ref. 5) (ref. eledissoo

TEXTO: 14 - Comum à questão: 24

Quem se alimenta bem, tem mais

energia para estudar, trabalhar,

aprender, se divertir. Combine

feijão e arroz com os alimentos

que você gosta. Essa receita

não tem erro. (Imagem disponível em:

http://www.fomezero.gov.br/noticias/mds-lanca-campanha-brasilque-

da-gosto. Acesso em 02/12/2009. Adaptada.)

Questão 24) A análise dos elementos linguísticos que com-põem o texto nos permite afirmar que: 00. o fato de o verbo ‘comer’, no início do cartaz, estar em sua forma imperativa confere à mensagem um tom categórico. 01. o recurso de isolar os dois segmentos que iniciam o cartaz por meio do ponto final foi utilizado para enfatizar cada um de-les. 02. em “seu ritmo de vida”, o pronome se refere a qualquer lei-tor do texto, e tem a função de criar envolvimento.

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 10 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

03. no slogan “Feijão com arroz – é Brasil que dá gosto”, fica clara a intenção de se jogar com a polissemia da expressão “dá gosto”. 04. no trecho: “Combine feijão e arroz com os alimentos que você gosta”, a ausência da preposição “de” antes do pronome relativo revela a opção do autor por aproximar a linguagem do uso coloquial.

TEXTO: 15 - Comum à questão: 25

Talvez o último desejo Pergunta-me com muita seriedade uma moça jornalista qual é o meu maior desejo para o ano de 1950. E a resposta natural é di-zer-lhe que desejo muita paz, prosperidade pública e particular para todos, saúde e dinheiro aqui em casa. Que mais há para di-zer? Mas a verdade, a verdade verdadeira que eu falar não posso, aquilo que representa o real desejo do meu coração, seria abrir os braços para o mundo, olhar para ele bem de frente e lhe di-zer na cara: Te dana! Sim, te dana, mundo velho. Ao planeta com todos os seus ho-mens e bichos, ao continente, ao país, ao Estado, à cidade, à população, aos parentes, amigos e conhecidos: danem-se! Vou para longe me esquecer de tudo, vou a Pasárgada ou a qualquer outro lugar. Isso eu queria. Chegar junto do homem que eu amo. [...] Chegar junto ao respeitável público. (...) Chegar junto à pátria e dizer o mesmo: o doce, o suavíssimo, o libérrimo Te dana! Dizer Te dana! ao dinheiro, ao bom nome, ao respeito, à amizade e ao amor. Desprezar parentela, irmãos, tios, primos e cunhados, desprezar o sangue e os laços afins, me sentir como filho de oco de pau, sem compromisso nem afetos. Mas não faço. Queria tanto, mas não faço. O inquieto coração que ama e se assusta e se acha responsável pelo céu e pela ter-ra, o insolente coração não deixa. De que serve, pois, aspirar à liberdade? O miserável coração nasceu cativo e só no cativeiro pode viver. O que ele deseja é mesmo servidão e tranquilidade: quer reverenciar, quer ajudar, quer vigiar, quer se romper todo. Tem que espreitar os desejos do amado, e lhe fazer as vonta-des, e atormentá-lo com cuidados e bendizer os seus caprichos, e dessa submissão e cegueira tira sua única felicidade. Tem que cuidar do mundo e vigiar o mundo, e gritar os seus brados de alarme que ninguém escuta e chorar com antecedên-cia as desgraças previsíveis e carpir junto com os demais as des-graças acontecidas; não que o mundo lhe agradeça nem saiba sequer que esse estúpido coração existe. Mas essa é a outra servidão do amor em que ele se compraz – o misterioso senti-mento de fraternidade que não acha nenhuma China demasia-do longe, nenhum negro demasiado negro, nenhum ente de-masiado estranho. (...) E assim, em vez da bela liberdade e da solidão, a triste alma tem mesmo é que se debater nos cuidados, vigiar e amar e a-companhar medrosa e impotente a loucura geral. (...) Prisão de sete portas, cada uma com sete fechaduras, tran-cadas com sete chaves, por que lutar contra as tuas grades? O único desabafo é descobrir o mísero coração dentro do peito, sacudi-lo um pouco e botar na boca toda a amargura do cativei-ro sem remédio, antes de o apostrofar. Te dana, coração, te da-na!

(Rachel de Queiroz. As cem melhores crônicas brasileiras. Seleção de Joaquim Ferreira dos Santos. São Paulo: Objetiva, p.

74-76. Adaptado.)

Questão 25) Fixando-se em questões da sintaxe, analise as se-guintes considerações referentes ao texto. 00. A próclise em: “Me pergunta com muita seriedade uma moça jornalista...” coincide com os padrões do português brasi-leiro contemporâneo, sobretudo aquele do uso coloquial. 01. Em: “Mas essa é a outra servidão do amor em que ele se compraz”, a preposição sublinhada é exigência do termo an-terior ‘amor’ 02. Em: “Mas a verdade, a verdade verdadeira que eu falar não posso”, foi respeitada a ordem canônica das palavras na sequência das frases. 03. Em: Nasceu cativos os miseráveis corações, seria facul-tativo usar o verbo no singular ou no plural, pois o sujeito está posposto ao verbo. 04. Em: “Nenhum dos miseráveis corações é livre”, o uso do singular, para o verbo, corresponde à norma padrão, uma vez que o núcleo do sujeito é o indefinido ‘nenhum’.

TEXTO: 16 - Comum à questão: 26

Sexo e temperamento em três sociedades primitivas 1Nos anos 30, Margareth Mead comparou três sociedades pri-

mitivas da Nova Guiné, visando observar como as atitudes soci-ais se relacionavam com as diferenças sexuais. A 5partir dos re-sultados obtidos na pesquisa, concluiu que a crença, então compartilhada na sociedade americana, em um temperamento inato ligado ao sexo não era universal. Segundo ela, toda cultu-ra determina 10de algum modo os papéis dos homens e das mu-lheres, mas não o faz necessariamente em termos de contraste entre as personalidades prescritas para os dois sexos nem em termos de dominação ou submissão. 15

Entre os povos estudados por Mead, os montanheses Arape-sh, agricultores e criadores de porcos, eram (homens e mulhe-res) maternais, cooperativos, sociáveis, pouco individualistas e orientados 20para as necessidades da geração seguinte. Em sín-tese, um povo com características “femininas”. Já os ferozes caçadores de cabeça Mundugumor, agricultores e pescadores, 25eram o extremo oposto. De acordo com a autora, desprezando o sexo como base para o estabelecimento de dife-renças de personalidade, padronizaram o comportamento de homens e mulheres como 30“ativamente masculino, viril e sem quaisquer das características edulcoradas que estamos acostu-mados a considerar indiscutivelmente femininas”. Esse povo era formado por indivíduos implacáveis que se aproximavam 35de um tipo de personalidade que, na cultura americana, só se en-contraria em homens indisciplinados e extremamente violentos. Nos Tchambuli, por sua vez, pescadores lacustres e amantes das artes, havia uma 40inversão das atitudes sexuais: a mulher seria o parceiro dirigente, dominador e impessoal, e o homem, me-nos responsável e emocionalmente dependente. Para Mead, o fato de que traços de 45temperamento tradicio-nalmente considerados femininos fossem, em uma tribo, erigi-dos como padrão masculino e, em outra, prescritos para a mai-oria das mulheres e dos homens demonstra não haver base pa-ra 50considerar tais aspectos comportamentais vinculados ao sexo. Essa conclusão seria reforçada pela inversão da posição de dominância entre os sexos no terceiro povo estudado.

(PISCITELLI, Adriana. Uma questão de gênero – Mente cérebro. São Paulo: Duetto Editorial, 2008. p. 24)

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 11 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

Questão 26) Observe o fragmento abaixo: “... mas não o faz necessariamente em termos de contraste en-tre as personalidades prescritas para os dois sexos nem em termos de dominação ou submissão.” (ref. 10) a) Explicite o referente do pronome “o” sublinhado na afirmati-va acima. b) Retire do texto a passagem em que se encontra uma aparen-te contradição entre o fragmento acima e o comportamento descrito para um dos três povos primitivos citados.

TEXTO: 17 - Comum à questão: 27 Minha mulher, a solidão, Consegue que eu não seja triste. Ah, que bom é ao coração Ter este bem que não existe! Recolho a não ouvir ninguém, Não sofro o insulto de um carinho E falo alto sem que haja alguém: Nascem-me os versos do caminho. Senhor, se há bem que o céu conceda Submisso à opressão do Fado, Dá-me eu ser só - veste de seda -, E fala só - leque animado.

(Fernando Pessoa, Poesias coligidas. Inéditas 1919-1935. Em: Obra poética em um volume, 1986)

Questão 27) Na frase – Nascem-me os versos do caminho – o pronome me a) complementa o sentido do verbo, indicando o objeto da a-ção. b) equivale a a mim, que substitui por razões de sonoridade da frase. c) refere-se à pessoa do emissor, informando a participação deste na ação verbal. d) equipara-se a comigo e informa a resposta do poeta à cria-ção. e) traz informação de posse, equivalendo a – meus versos nas-cem do caminho.

TEXTO: 18 - Comum à questão: 28

As casadas solteiras

Cena IX

Henriqueta e depois Jeremias

Henriqueta (só)

Vens muito alegre... Mal sabes tu o que te espera. Canta, canta, que logo chiarás! (apaga a vela) Ah, meu tratante!

Jeremias (entrando)

Que diabo! É noite fechada e ainda não acenderam velas! (chamando) Tomás, Tomás, traze luz! Não há nada como estar o homem solteiro, ou, se é casado, viver bem longe da mulher. (enquanto fala, Henriqueta vem-se aproximando dele pouco a pouco) Vivo como um lindo amor! Ora, já não posso aturar a minha cara-metade... O que me vale é estar ela há mais de du-zentas léguas de mim. (Henriqueta, que a este tempo está junto

dele, agarra-lhe pela gola da casaca. Jeremias, assustando-se) Quem é? (Henriqueta dá-lhe uma bofetada e o deixa. Jeremias, gritando) Ai, tragam luzes! São ladrões! (aqui entra o criado com luzes)

Henriqueta É outra girândola, patife!

Jeremias Minha mulher!

Henriqueta Pensavas que te não havia de encontrar?

Jeremias Mulher do diabo!

Henriqueta Agora não te perderei de vista um só instante.

Jeremias (para o criado)

Vai-te embora. (o criado sai)

Henriqueta Ah, não queres testemunhas?

Jeremias Não, porque quero te matar!

Henriqueta Ah, ah, ah! Disso me rio eu.

Jeremias (furioso)

Ah, tens vontade de rir? Melhor; a morte será alegre. (toman-do-a pelo braço) Tu és uma peste, e a peste se cura; és um de-mônio, e os demônios se exorcizam; és uma víbora, e as víboras se matam!

Henriqueta E aos desavergonhados se ensinam! (levanta a mão para dar-lhe uma bofetada, e ele, deixando-a, recua) Ah, foges?

Jeremias Fujo sim, porque da peste, dos demônios, e das víboras se fo-ge... Não quero mais te ver! (fecha os olhos)

Henriqueta Hás de ver-me e ouvir-me!

Jeremias Não quero mais te ouvir! (tapa os ouvidos com a mão)

Henriqueta (tomando-o pelo braço)

Pois hás de me sentir!

Jeremias (saltando)

Arreda!

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 12 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

Henriqueta Agora não me arredarei mais do pé de ti, até o dia do Juízo...

Jeremias Pois agora também faço eu protesto solene a todas as nações, declaração formalíssima à face do universo inteiro, que hei de fugir de ti como o diabo foge da cruz; que hei de evitar-te como o devedor ao credor; que hei de odiar-te como as oposições odeiam as maiorias.

Henriqueta E eu declaro que te hei de seguir como a sombra segue o cor-po...

Jeremias (com exclamação)

Meu Deus, quem me livrará deste diabo encarnado?

Criado (entrando)

Uma carta da Corte para o Sr. Jeremias.

Jeremias Dá cá. (o criado entrega a carta e sai. Jeremias, para Henrique-ta) Não ter eu a fortuna, peste, que esta carta fosse a de convi-te para teu enterro...

Henriqueta Não terá esse gostinho. Pode ler, não faça cerimônia.

Jeremias Não preciso da sua permissão. (abre a carta e a lê em silêncio) Estou perdido! (deixa cair a carta no chão) Desgraçado de mim! (vai cair sentado na cadeira)

Henriqueta O que é?

Jeremias Que infelicidade, ai!

Henriqueta Jeremias!

Jeremias Arruinado! Perdido!

Henriqueta (corre e apanha a carta e a lê)

“Sr. Jeremias, muito sinto dar-lhe tão desagradável notícia. O negociante a quem o senhor emprestou o resto de sua fortu-na acaba de falir. Os credores não puderam haver nem 2 por cento do rateio. Tenha resignação...” — Que desgraça! Pobre Jeremias! (chegando-se para ele) Tende coragem.

Jeremias (chorando)

Ter coragem! É bem fácil de dizer-se... Pobre, miserável... Ah! (levantando-se) Henriqueta, tu que sempre me amaste, não me abandones agora... Mas não, tu me abandonarás; eu estou po-bre...

Henriqueta Injusto que tu és. Acaso amava eu o teu dinheiro, ou a ti?

Jeremias Minha boa Henriqueta, minha querida mulher, agora que tudo perdi, só tu és o meu tesouro; só tu serás a consolação do po-bre Jeremias.

Henriqueta Abençoada seja a desgraça que me faz recobrar o teu amor! Trabalharemos para viver, e a vida junto de ti será para mim um paraíso...

Jeremias Oh, nunca mais te deixarei!

(Martins Pena, Comédias (1844-1845). As casadas solteiras: comédia em 3 atos.

São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007.)

Dona Flor e seus dois maridos Sempre fora considerada e se considerara dona Flor boa dona de casa, ordeira e pontual, cuidadosa. Boa dona de casa e boa diretora de sua Escola de Culinária, onde acumulava todos os cargos, contando apenas com a ajuda da empregada broca e esmorecida e a assistência amiga da pequena Marilda, curiosa de pratos e temperos. Nunca lhe ocorrera reclamação de aluna, incidente a toldar o sossego das aulas. A não ser, é claro, os a-contecidos quando do primeiro esposo pois o finado, como se está farto de saber, não era de ter consideração por horário, por trabalho alheio ou por melindres de alfenim; seus deboches com alunas por mais de uma vez criaram dificuldades e proble-mas para dona Flor, dores de cabeça, quando não enfeites de duro corno. Ah! Em verdade, ela, dona Flor, não possuía noção de regra e método, andava longe de ter ordem em casa e na Escola e, em sua existência, medida e pauta, como devera! Foi-lhe necessá-rio viver com doutor Teodoro para dar-se conta de como sua ordem era anarquia, seus cuidados tacanhos e insuficientes, de como ia tudo mais ou menos ao deus-dará, a la vontê, sem lei e sem controle. Não decretou doutor Teodoro lei e controle de imediato e com severidade; nem sequer falou em tal. Sendo homem tranquilo e suspicaz, de educação cutuba, nada sabia impor e não impunha; no entanto tudo obtinha sem estardalhaço, sem que os demais se sentissem violentados; um fode-mansinho o nosso caro far-macêutico. Era preciso ver-se a casa um mês e meio depois da lua-de-mel, que diferença! Também dona Flor fazia diferença, buscando a-daptar-se a seu marido, seu senhor, caber justa e certa em sua medida exata. Se nela a mudança era por dentro, mais sutil, menos visível, na casa fizera-se evidente, bastava olhar.

(Jorge Amado, Dona Flor e seus dois maridos. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1966.)

Questão 28) Na peça de Martins Pena, Jeremias e Henriqueta usam em quase todo o diálogo o tratamento de segunda pessoa do singular (tu, te, ti, contigo e verbos com flexão correspon-

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 13 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

dente). Em certo momento, porém, há uma rápida troca de pa-lavras em que os dois alteram a forma de tratamento, para em seguida voltarem ao de segunda pessoa. Localize a passagem que contém essa rápida troca de palavras e identifique a forma de tratamento que nela assumem marido e esposa.

TEXTO: 19 - Comum à questão: 29 O texto abaixo é a resposta a uma pergunta dirigida à escritora estadunidense Lenore Skenazy, quando entrevistada. As coisas mudaram muito em termos do que achamos necessá-rio fazer para manter nossos filhos seguros. Um exemplo: só 10% das crianças americanas vão para a escola sozinhas hoje em dia. Mesmo quando vão de ônibus, são levadas pelos pais até a porta do veículo. Chegou a ponto de colocarem à venda vagas que dão o direito de o pai parar o carro bem em frente à porta na hora de levar e buscar os filhos. Os pais se acham óti-mos porque gastam algumas centenas de dólares na segurança das crianças. Mas o que você realmente fez pelo seu filho? Se o seu filho está numa cadeira de rodas, você vai querer estacionar em frente à porta. Essa é a vaga normalmente reservada aos portadores de deficiência. Então, você assegurou ao seu filho saudável a chance de ser tratado como um inválido. Isso é con-siderado um exemplo de paternidade hoje em dia. (IstoÉ, 22/07/2009)

Questão 29) A palavra “isso”, na última linha do texto, retoma o fato de a) as crianças americanas hoje não irem sozinhas à escola. b) pais americanos tratarem seus filhos saudáveis como inváli-dos. c) apenas 10% das crianças americanas irem sozinhas para a es-cola. d) venderem vagas para os pais pararem o carro em frente à porta da escola. e) os pais levarem e buscarem seus filhos até a porta do ônibus que os leva à escola.

TEXTO: 20 - Comum à questão: 30 Texto 1

Entre a lembrança e a realidade: registros de viagem.

NEVES, Auricléa Oliveira das. Entre a lembrança e a realidade: registros de viagem. Amazonas: Universidade do Estado do Amazonas, 2008. 1As viagens têm um profundo significado na história da huma-

nidade. Inicialmente, no período da coleta, as migrações se fa-ziam pela necessidade de buscar alimentos, posteriormente e-las foram realizadas para conquistar espaços mais apropriados para o bem estar da comunidade. Outros objetivos também suscitaram o deslocamento do homem: a posse 5de espaços ter-ritoriais, a exploração de riquezas, o conhecimento de novas terras, o estudo de locais específicos, ou simplesmente a via-gem como forma de lazer. (…) No plano ficcional, vários autores no Ocidente, a partir de Ho-mero, com a Odisséia, se dedicaram a usar as viagens como te-ma. Na literatura de língua portuguesa, os registros iniciais são

oriundos dos relatos orais de marinheiros, apontamentos náuti-cos, diários de bordo, escritos 10de pilotos que, presumidamen-te, serviram de fonte para Gomes Eanes de Zurara, primeiro cronista conhecido das viagens oceânicas portuguesas. Na história literária da América e do Brasil, os primeiros regis-tros advêm dos escritos de viajantes: o Diário de Cristóvão Co-lombo e a Carta de Pero Vaz de Caminha. A revelação de novos espaços, paisagens, floras, faunas, costu-mes e religiões, as aventuras e 15peripécias de viagens mais fa-bulosas que dos romances de cavalaria e as dos poemas da An-tiguidade, inspiraram [...] uma vasta literatura descritiva e nar-rativa, que assumiu várias formas desde os grandes tratados históricos ou geográficos em grossos volumes até às curtas re-portagens em folhetos de cordel. (Saraiva & Lopes, 1982, p.294) Em cada época, as jornadas se realizaram de formas e condi-ções variadas, seus

20viajantes apresentaram objetivos diversos

como conquista, exploração, reconhecimento, administração, catequese, aventura ou lazer. Durante o Iluminismo, com a mu-dança de mentalidade de muitos dirigentes, as relações entre os governos da Europa e suas colônias da América assumem novos significados, assim, as viagens passaram a ter o caráter científico. O empreendedor dessas jornadas tem a preocupação com a observação, a descrição e a 25classificação de tudo que há nas terras conquistadas no século XVI para que os governos possam inventariar a fortuna natural de suas colônias e obter controle sobre elas. Texto 2

José de Anchieta, jesuíta hispano-brasileiro. UOL Educação. José de Anchieta, Jesuíta hispano-brasileiro. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u421.jhtm> Capturado em 18.05.09.

1José de Anchieta nasceu em família rica, numa das se-te ilhas Canárias, de onde avistava os navios que se abasteciam no porto de Tenerife para seguir rumo ao Oriente ou ao Novo Mundo. O pai era um nobre basco, e a mãe, uma judia conver-sa. Aos 14 anos foi estudar em Coimbra (Portugal). Sentia a vo-cação religiosa e, em 1551, foi admitido como noviço no 5colégio jesuíta da Universidade de Coimbra.

Em 1553, com 19 anos, foi convidado a vir para o Brasil como missionário, acompanhando Duarte da Costa, o segundo gover-nador-geral nomeado pela Coroa. No comecinho de 1554, che-gou a São Vicente, a primeira vila fundada no Brasil. Lá, teve o primeiro contato com os índios. 10No mesmo ano, junto com o jesuíta português Manuel da Nó-brega, subiu a serra do Mar até o planalto que os índios deno-minavam Piratininga, ao longo do rio Tietê. Os dois missionários estabeleceram um pequeno colégio, e, em 25 de janeiro de 1554, celebrou-se ali a primeira missa. Anchieta começou o tra-balho de conversão, batismo e catequese. Para os índios, foi médico, sacerdote e educador: cuidava do corpo, da alma e da 15mente. Na catequese, usava o teatro e a poesia, tornando a aprendizagem um processo prazeroso. Ensi-nou latim aos índios, aprendeu tupi-guarani com eles e (seguin-do a tradição missionária, que mandava assimilar e registrar os idiomas) escreveu a "Arte da Gramática da Língua Mais Falada na Costa do Brasil", publicada em Coimbra em 1595. O colégio de São Paulo de Piratininga, como era chamado, logo expandiu seu 20núcleo. Mas, ao longo do litoral de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, as tribos formaram uma aliança

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 14 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

(conhecida como Confederação dos Tamoios) que atacou São Paulo diversas vezes entre 1562 e 1564. Anchieta e Nóbrega tiveram um conflito com Duarte da Costa e decidiram iniciar as negociações de paz com os tamoios em Ipe-roig (hoje Ubatuba). Anchieta, falando tupi-guarani

25e viajando

por toda aquela costa, foi crucial para ganhar a confiança dos índios, e, após muitos incidentes, estabeleceu-se a paz entre tamoios, tupinambás e portugueses. Nessa época, Anchieta es-creveu o "Poema em Louvor à Virgem Maria", com 5.732 ver-sos, alguns dos quais traçados nas areias das praias. Em 1565, entrou com Estácio de Sá na baía de Guanabara, onde estabeleceram os fundamentos do que viria a ser a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Texto 3

Padre Fernão Cardim FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala – Introdução à histó-ria da sociedade colonial no Brasil – Formação da Família Bra-sileira sob o Regime da Economia Patriarcal. Rio de Janeiro: Li-vraria José Olympio Ed., 1993, 20ª ed. 1É certo que o Padre Fernão Cardim, nos seus Tratados, está sempre a falar da fartura de carne, de aves e até de frutas com que foi recebido por toda parte no Brasil do séc. XVI, entre os homens ricos e os colégios de padres. Mas de Cardim deve-se tomar em consideração o seu caráter de padre visitador, 5recebido nos engenhos e colégios com fes-tas e jantares excepcionais. Era um personagem a quem todo agrado que fizessem os colonos era pouco: a boa impressão que lhe causassem a mesa farta e os leitos macios dos grandes se-nhores de escravos talvez atenuasse a péssima, a vida dissoluta que todos eles levavam nos engenhos de açúcar: “os peccados que se comettem nelles (nos engenhos) não tem conta: quase todos andam amancebados por causa das muitas 10occasioes; bem cheio de peccados via esse doce por que tanto fazem; grande é a peciencia de Deus que tanto soffre”. Texto 4

Retirantes da educação MARCH, Rodrigo. Retirantes da educação. Caderno Boa Chan-ce: O GLOBO, 10 de maio de 2009.

1Irinilda da Silva, de 31 anos, deixou de amamentar a fi-

lha, de quatro meses, que ficou em casa com o pai. Robéria Gomes, de 36, viajou grávida e seu bebê, João Vítor, nasceu na quinta-feira passada, no Hospital Central do Exército, em Benfi-ca. As duas são retirantes da educação: integram um grupo de 12 professores do Acre que cruzou 4.521 quilômetros de

5Brasil,

superando uma série de dificuldades, para fazer uma pós-graduação. Um exemplo das barreiras de qualificação profissio-nal no país. Hoje, 53% dos cursos de mestrado e doutorado es-tão no Sudeste; só 3,8% na Região Norte, a de menor cobertura. Eles estão aproveitando um convênio firmado entre a Universi-dade Federal do Acre (UFAC) e a Universidade Federal Flumi-nense (UFF), de Niterói. Onze fazem mestrado e uma, 10

doutorado. Todos em educação — mesmo as faculdades par-ticulares do Acre não têm curso de pós-graduação nessa área. Nove deles dividem a mesma casa em São Domingos, Niterói,

como num Big Brother, só que sem conforto algum. Para se ter uma ideia, a TV foi emprestada por uma colega de curso, e qua-se todos dormem em colchonetes. Apesar da proximidade à Fa-culdade de Educação da UFF, só andam em grupos: por insegu-rança, sensação que ainda

15não tinham experimentado.

O périplo deles começou antes mesmo de a parceria com a UFF ser fechada, já que eles já tinham tentado convênios com ou-tras instituições, mas que não possuíam cursos com nota cinco de avaliação, uma determinação da Coordenação de Aperfeiço-amento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), da qual são bol-sistas. Foram oferecidas 15 vagas no mestrado, porém, 20dos 19 inscritos, só 11 foram aprovados. No doutorado, apenas três se inscreveram, mas só uma passou na seleção. A dificuldade seguinte foi encontrar uma casa para alugar em Niterói. A professora de letras Sâmia El-Hassani, de 46 anos, veio 15 dias antes para tentar resolver o problema. O marido dela, Dalbi D’Ávila, também é de letras e faz o mestrado. Trou-xeram os filhos, que foram

25matriculados numa escola.

— Niterói não aluga imóvel por temporada, pelo menos na área do Centro e da Zona Sul — observa Sâmia, que também achou os preços altíssimos. Com muito custo — e também por falta de opção —, eles con-seguiram uma casa que estava à venda, mas que sequer tinha torneiras. O dono aceitou fazer um contrato de três meses 30com pagamento antecipado de R$ 6.800,00 enquanto não a-cha um comprador. Mas eles vão precisar renovar por mais um mês, já que estarão na cidade até 17 de julho — no segundo semestre, os professores da UFF vão ao Acre dar as aulas, sendo que ano que vem, o vaivém se repete, pois o curso de mestrado é de dois anos.

Questão 30) Considere o trecho abaixo. “...a boa impressão que lhe causassem a mesa farta e os leitos macios dos grandes senhores de escravos talvez atenuasse a péssima, a vida dissoluta que todos eles levavam nos engenhos de açúcar.” (ref. 5). É correto afirmar que a) o pronome “lhe” refere-se ao Padre Fernão Cardim. b) o termo “péssima” refere-se à “vida dissoluta”. c) a intenção dos senhores de engenho era manter o religioso na catequese das fazendas. d) “a mesa farta e os leitos macios dos grandes senhores de es-cravos” é objeto indireto da forma verbal “causassem”. e) a expressão “todos eles levavam nos engenhos de açúcar” re-fere-se ao padre e aos senhores de engenho.

TEXTO: 21 - Comum à questão: 31

Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns, dos

maiores nomes da educação mundial na atualidade.

Carlos Alberto Torres

1O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Portan-

to, 2quando você discute diversidade, um tema que cabe muito

no 3pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 15 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

4diversidade não só em ideias contrapostas, mas também em 5identidades que se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E 6este é um processo de aprendizagem. Uma segunda afirmação é 7que a diversidade está relacionada com a questão da educação 8e do poder. Se a diversidade fosse a simples descrição 9demográfica da realidade e a realidade fosse uma boa articula-

ção 10dessa descrição demográfica em termos de constante arti-

culação 11democrática, você não sentiria muito a presença do

tema 12diversidade neste instante. Há o termo diversidade porque

há 13uma diversidade que implica o uso e o abuso de poder, de

uma 14perspectiva ética, religiosa, de raça, de classe.

[...]

Rosa Maria Torres

15O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia, abre 16muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto 17político e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindi-

car, 18e pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessi-

dade 19de reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos,

e 20que a escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o tema da diversidade também pode dar lugar a uma 22série de coisas indesejadas.

[...] Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites

e possibilidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29.

Questão 31) O termo em destaque em “E este é um processo de aprendizagem.” (ref. 5-6) faz referência a) ao “tema da diversidade” e anuncia a progressividade do tex-to. b) apenas ao enunciado “um tema que cabe bem no pensamen-to pós-modernista” e introduz um esclarecimento do que foi di-to. c) às “ideias contrapostas” e pressupõe uma relação de contra-dição. d) ao enunciado que a antecede e acrescenta uma informação conclusiva e conceitual. e) ao “tema identidade” e estabelece uma relação de contigui-dade.

TEXTO: 22 - Comum à questão: 32 Assistir às "gostosas" do "Big Brother Brasil" foi uma das justificativas de um juiz do Rio para dar ganho de causa a um homem que ficou meses sem poder ver televisão. O juiz Cláudio Ferreira Rodrigues, 39, titular da Vara Cível de Campos dos Goytacazes (278 km do Rio), justificou sua sentença dizendo que procura "ser sempre o mais informal possível". Ao determinar o pagamento de indenização de R$ 6.000 por defeito em um aparelho de TV, o juiz afirmou na sen-tença: "Na vida moderna, não há como negar que um aparelho televisor, presente na quase totalidade dos lares, é considerado bem essencial. Sem ele, como o autor poderia assistir às gosto-sas do ‘Big Brother’?”.

(Folha de São Paulo, 03/02/ 2009.)

Questão 32) A respeito do pronome presente em “justificou sua sentença”, é correto afirmar que a) instaura o pressuposto de que a escolha lexical do juiz é incompatível com a linguagem jurídica. b) é um anafórico que estabelece a coesão textual ao re-tomar a palavra “juiz”.

c) cria uma ambiguidade, já que pode se referir tanto ao juiz quanto ao homem que ganhou a causa. d) é uma marca de oralidade que só pode empregada na linguagem coloquial. e) pode ser substituído, sem alteração de sentido, pelo possessivo “tua”.

TEXTO: 23 - Comum à questão: 33

O blá-blá-blá das empresas O que você entende da frase "tal colaborador foi desli-gado"? Antes de pensar que um consultor de sua empresa se mostra desatento ou que um colega que tem contrato tempo-rário foi dispensado de um projeto, experimente trocar a pala-vra “colaborador” por “funcionário” e “desligado” por “demiti-do”. Captou a mensagem? Cada vez mais, palavras usadas no discurso das companhias – seja no trato com o funcionário, cli-ente ou fornecedor – vêm sendo substituídas por outras, capa-zes de amenizar o que realmente significam. Apontada por especialistas em recursos humanos (RH) como uma ferramenta aplicada para manter um bom clima or-ganizacional, esse vocabulário também é entendido como um reflexo da falta de transparência, gerando imprecisão. Resumo da ópera: se você faz, bem, mil coisas diferentes ao mesmo tempo no trabalho, não adianta reclamar que está "sobrecarre-gado". A empresa provavelmente gosta e considera você um funcionário "multifuncional".

(O Globo, 29/07/2009.)

Questão 33) O pronome de tratamento “você”, tal como foi usado no texto a) é uma marca da linguagem coloquial e refere-se gene-ricamente a qualquer pessoa, não apenas àquela que esteja lendo o texto. b) uma forma desrespeitosa de se dirigir ao leitor, já que cria uma falsa relação de intimidade. c) refere-se exclusivamente aos funcionários que traba-lham em companhias que tenham aderido ao fato mencionado no texto. d) pode ser substituído, sem que haja qualquer alteração no efeito de sentido do texto, por “tu”. e) revela que o texto tem como público-alvo os adoles-centes que ainda irão ingressar no mercado de trabalho.

TEXTO: 24 - Comum à questão: 34 1Não me lembro como se chamam as

2tais bonecas folclóricas

russas: sei que são 3ocas e abre-se a boneca maior e dentro de-

la 4há uma menor, e dentro dessa, outra menor

5ainda, e de-

pois outra e mais outra, até 6chegar à última, que é uma sim-

ples 7miniatura de boneca. No mesmo gênero, 8também, é a-quele conto de fadas: “lá no 9mar tem uma ilha, dentro da ilha tem um

10castelo, dentro do castelo tem uma torre,

11dentro da

torre tem um quarto, dentro do 12quarto tem uma arca, dentro da arca tem 13uma caixa, dentro da caixa tem um cofre, 14dentro do cofre tem um frasco, dentro do 15frasco tem uma pomba, dentro da pomba 16tem um ovo, dentro do ovo tem uma chave e 17é essa chave que abre a porta da prisão 18onde está a princesa encantada”. 19

Pois a gente também é assim. A 20

princípio eu pensa-va que, com a passagem

21das diferentes idades do homem, o

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 16 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

maior ia 22substituindo o menor, quero dizer, o menino 23ficava no lugar do neném, o adolescente no 24do menino, o moço no do adolescente, o

25homem feito no do moço, o de meia-idade

26no do homem feito, o velho no lugar do de

27meia-idade e por

fim o defunto no lugar de 28

todos. Mas depois descobri que os indivíduos 29passados não desaparecem, se incorporam, 30ou, antes, o indivíduo novo incorpora os 31superados como se os devorasse, e uns vão

32ficando dentro dos outros, tal como as

33bonecas russas do começo da história. 34E, assim, dentro de cada um de nós, 35a gente procu-rando sempre encontra os 36perfis superpostos, encartados um por 37dentro do outro, sem se misturarem. É só 38saber como esgaravatar e você descobrirá 39fácil no sentencioso senhor de cinquenta

40anos o inseguro pai de família principiante

41que

ele foi aos trinta anos ou o belo atleta 42descuidado que foi ele aos dezoito. Ali está

43cada um, aparentemente esquecido, mas

44incólume. E estanques todos. Porque um não

45penetra no ou-

tro e aparentemente um não 46

tem o mínimo em comum com o outro; nem

47sequer um influi no outro – as mais das

48vezes

são antípodas e adversários. 49

Faça uma experiência: pegue um 50

livro, uma foto, reveja um filme, encontre

51alguém, qualquer desses serve,

contanto se 52refira especificamente a determinado tempo 53da sua vida. E então magicamente se suscita 54aquele instante per-dido do passado, com 55uma força de momento atual. Espanta-do, 56você se indaga: então esse fui eu, era eu? 57Que tem em comum com o você de hoje,

58aquele estranho que subitamente

acordou ao 59apelo do seu nome, debaixo da sua pele? 60Terá em comum só mesmo o nome e a pele, 61porque o resto, no corpo e na alma, tudo é 62outro. Deformado ou gasto, mas sempre 63diferente. Você é outro, outro. E quase não 64acredita ter sido você também aquele rapaz 65desvairado, ou sonso, ou bobo e 66terrivelmente inexperiente que de súbito 67emergiu de dentro dos seus ossos e das suas

68velhas lembranças.

69E na sua avó venerável você também 70pode desco-brir a rapariga inconsequente que 71ela foi um dia, e no seu se-vero confessor de 72hoje o seminarista em crise religiosa de 73trinta anos atrás. É só saber procurar. 74A gente diz disso: “á-guas passadas”. Mas 75talvez seja melhor dizer águas represa-das, 76águas recalcadas. Porque basta bater 77na pedra, a fonte emerge, o que não 78aconteceria se as águas fossem passadas 79realmente.

[18 out. 1972] (Rachel de Queiroz. In: As meninas

e outras crônicas. p. 133-134.)

Questão 34) Marque a opção em que o elemento aquele re-mete para a memória do leitor, além de apontar para informa-ções que vêm posteriormente no texto. a) “No mesmo gênero, também, é aquele conto de fadas” (refs. 7-8) b) “E então magicamente se suscita aquele instante perdido do passado” (refs. 53-54). c) “Que tem em comum com o você de hoje, aquele estranho que subitamente acordou ao apelo do seu nome” (refs. 57-59). d) “E quase não acredita ter sido você também aquele rapaz desvairado, ou sonso, ou bobo” (refs. 63-65).

TEXTO: 25 - Comum à questão: 35

Como e porque sou romancista 1Minha mãe e minha tia se ocupavam com trabalhos de costu-ras, e as amigas para não ficarem ociosas as ajudavam. Dados

os primeiros momentos à conversação, passava-se à leitura e era eu chamado ao lugar de honra. Muitas vezes, confesso, essa honra me arrancava bem a contra-gosto de um sono começado ou de um

5folguedo querido; já

naquela idade a reputação é um fardo e bem pesado. Lia-se até a hora do chá, e tópicos havia tão interessantes que eu era obrigado à repetição. Compensavam esse excesso, as pausas para dar lugar às expansões do auditório, o qual desfazi-a-se em recriminações contra algum mau personagem, ou a-companhava de seus votos e simpatias o herói perseguido. Uma noite, daquelas em que eu estava mais possuído do livro, lia com expressão uma das páginas 10mais comoventes da nossa biblioteca. As senhoras, de cabeça baixa, levavam o lenço ao rosto, e poucos momentos depois não puderam conter os solu-ços que rompiam-lhes o seio. Com a voz afogada pela comoção e a vista empanada pelas lá-grimas, eu também cerrando ao peito o livro aberto, disparei em pranto e respondia com palavras de consolo às lamentações de minha mãe e suas amigas. 15Nesse instante assomava à porta um parente nosso, o Revd.º Padre Carlos Peixoto de Alencar, já assustado com o choro que ouvira ao entrar – Vendo-nos a todos naquele estado de aflição, ainda mais perturbou-se: - Que aconteceu? Alguma desgraça? Perguntou arrebatada-mente. As senhoras, escondendo o rosto no lenço para ocultar do Pa-dre Carlos o pranto e evitar seus remoques*

1,

20não proferiram

palavra. Tomei eu a mim responder: - Foi o pai de Amanda que morreu! Disse, mostrando-lhe o livro aberto. Compreendeu o Padre Carlos e soltou uma gargalhada, como ele as sabia dar, verdadeira gargalhada homérica, que mais pa-recia uma salva de sinos a repicarem do que riso humano. E a-pós esta, outra e outra, que era ele inesgotável, quando ria de abundância de coração, com o gênio prazenteiro de que a 25natureza o dotara. Foi essa leitura contínua e repetida de novelas e romances que primeiro imprimiu em meu espírito a tendência para essa forma literária [o romance] que é entre todas a de minha predileção? Não me animo a resolver esta questão psicológica, mas creio que ninguém contestará a influência das primeiras impressões.

JOSÉ DE ALENCAR Como e porque sou romancista. Campinas: Pontes, 1990.

*1

remoque: zombaria, caçoada

Questão 35) que rompiam-lhes o seio. (ref. 10) O vocábulo sublinhado faz referência a uma palavra já enuncia-da no texto. Essa palavra a que se refere o vocábulo lhes é: a) soluços b) páginas c) senhoras d) momentos

TEXTO: 26 - Comum à questão: 36 Considere o seguinte fragmento do livro Reflexões sobre a lin-guagem, de Noam Chomsky (1928-): Por que estudar a linguagem? Há muitas respostas possíveis e, ao focalizar algumas delas, não pretendo, é claro, depreciar outras ou questionar sua legitimidade. Algumas pes-soas, por exemplo, podem simplesmente achar os elementos da

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 17 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

linguagem fascinantes em si mesmos e querer descobrir sua or-dem e combinação, sua origem na história ou no indivíduo, ou os modos de sua utilização no pensamento, na ciência ou na ar-te, ou no intercurso social normal. Uma das razões para estudar a linguagem – e para mim, pessoalmente, a mais premente de-las – é a possibilidade instigante de ver a linguagem como “um espelho do espírito”, como diz a expressão tradicional. Com isto não quero apenas dizer que os conceitos expressados e as dis-tinções desenvolvidas no uso normal da linguagem nos revelam os modelos do pensamento e o universo do “senso comum” construídos pela mente humana. Mais intrigante ainda, pelo menos para mim, é a possibilidade de descobrir, através do es-tudo da linguagem, princípios abstratos que governam sua es-trutura e uso, princípios que são universais por necessidade bio-lógica e não por simples acidente histórico, e que decorrem de características mentais da espécie. Uma língua humana é um sistema de notável complexidade. Chegar a conhecer uma lín-gua humana seria um feito intelectual extraordinário para uma criatura não especificamente dotada para realizar esta tarefa. Uma criança normal adquire esse conhecimento expondo-se re-lativamente pouco e sem treinamento específico. Ela consegue, então, quase sem esforço, fazer uso de uma estrutura intrinca-da de regras específicas e princípios reguladores para transmitir seus pensamentos e sentimentos aos outros, provocando nes-tes ideias novas, percepções e juízos sutis.

(Noam Chomsky. Reflexões sobre a linguagem. Trad. Carlos Vogt. São Paulo: Editora Cultrix, 1980.)

Questão 36) No terceiro período do texto, o autor emprega três vezes o possessivo “sua”. Considerando que os possessivos apresentam nos textos uma função anafórica, ou seja, fazem re-ferência a um termo oracional anterior, aponte a alternativa que indica o núcleo desse termo: a) elementos. b) linguagem. c) pessoas. d) ordem. e) ciência.

TEXTO: 27 - Comum às questões: 37, 38

Trabalhar e sofrer 1“O trabalho enobrece” é uma dessas frases feitas que a gente repete sem refletir no que significam, feito reza auto-matizada. Outra é "A quem Deus ama, ele faz sofrer", que fala de uma divindade cruel, fria, que não mereceria uma vela acesa sequer. Sinto muito: nem sempre trabalhar nos torna mais no-bres, nem sempre a dor nos deixa mais justos, mais generosos. O tempo para contemplação da arte e da natureza, ou 5curtição dos afetos, por exemplo, deve enobrecer bem mais. Ser feliz, viver com alguma harmonia, há de nos tornar melhores do que a desgraça. A ilusão de que o trabalho e o sofrimento nos aper-feiçoam é uma ideia que deve ser reavaliada e certamente desmascarada. O trabalho tem de ser o primeiro dos nossos valores, nos ensinaram, colocando à nossa frente cartazes pintados que impedem que a gente enxergue além disso. Eu prefiro a velha dama esquecida num

10canto feito uma mala furada, que se

chama ética. Palavra refinada para dizer o que está ao alcance de qualquer um de nós: decência. Prefiro, ao mito do trabalho como única salvação, e da dor como cursinho de aperfeiçoa-mento pessoal, a realidade possível dos amores e dos valores que nos tornariam mais humanos. Para que se trabalhe com mais força e ímpeto e se viva com mais esperança.

O trabalho que dá valor ao ser humano e algum senti-do à vida pode, por outro lado, deformar e 15destruir. O despre-zo pela alegria e pelo lazer espalha-se entre muitos de nossos conceitos, e nos sentimos culpados se não estamos em ativida-de, na cultura do corre-corre e da competência pela competên-cia, do poder pelo poder, por mais tolo que ele seja. Assim como o sofrimento pode nos tornar amargos e até emocionalmente estéreis, o trabalho pode aviltar, humilhar, explorar e solapar qualquer dignidade, roubar nosso tempo, sa-úde e possibilidade de 20crescimento. Na verdade, o que eno-brece é a responsabilidade que os deveres, incluindo os de tra-balho, trazem consigo. O que nos pode tornar mais bondosos e tolerantes, eventualmente, nasce do sofrimento suportado com dignidade, quem sabe com estoicismo. Mas um ser humano de-cente é resultado de muito mais que isso: de genética, da famí-lia, da sociedade em que está inserido, da sorte ou do azar, e de escolhas pessoais (essas a gente costuma esquecer: queixar-se é tão mais fácil). 25Quanto tempo o meu trabalho se é que temos es-colha, pois a maioria de nós dá graças a Deus se consegue tra-

balhar por um salário vil me permite para lazer, ou o que eu de verdade quero, se é que paro para refletir sobre isso? Quan-to tempo eu me dou para viver? Quanto sobra para meu cres-cimento pessoal, para tentar observar o mundo e descobrir meu lugar nele, por menor que seja, ou para entender minha cultura e minha gente, para amar minha família? 30

E, se o luxo desse tempo existe, eu o emprego para ser, para viver, ou para correr atrás de mais um trabalho a fim de pagar dívidas nem sempre necessárias? Ou apenas não me sinto bem ficando sem atividade, tenho de me agitar sem von-tade, rir sem alegria, gritar sem entusiasmo, correr na esteira além do indispensável para me manter sadio, vagar pelos shop-pings quando nada tenho a fazer ali e já comprei todo o possível

muito mais do que preciso, no maior número de prestações que me ofereceram? E, quando 35tenho momentos de alegria, curto isso ou me preocupo: algo deve estar errado? Servos de uma culpa generalizada, fabaricamos capri-chosamente cada elo do círculo infernal da nossa infelicidade e alienação. Essas frases feitas, das quais aqui citei só duas, po-dem parecer banais. Até rimos delas, quando alguém nos leva a refletir a respeito. Mas na verdade são instrumento de domina-ção de mentes: sofra e não se queixe, não se poupe, não se dê folga, mate-se trabalhando, seja humilde, seja pobre,

40sofrer é

nosso destino, darás à luz com dor e todo o resto da tola e desumana lavagem cerebral de muitos séculos, que a gente em geral nem questiona mais.

Lya Luft, Veja, 20/1/2010

Questão 37) Em “... eu o emprego...” (ref. 30), o pronome pes-soal oblíquo átono “o” retoma qual palavra do texto? a) Luxo. b) Mundo. c) Lugar. d) Tempo.

Questão 38) Em “... não se queixe, não se poupe, não se dê folga, mate-se trabalhando...” (ref. 35), o pronome “se” só NÃO exprime uma ação reflexiva na a) 1ª ocorrência. b) 3ª ocorrência. c) 2ª ocorrência. d) 4ª ocorrência.

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 18 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

TEXTO: 28 - Comum à questão: 39 TEXTO 1

Conosco ninguém pode João Ubaldo Ribeiro

Achei meio esquisito sentar-me ao lado de uma moça usando máscara, como pareciam estar todos os passageiros vindos da Argentina. Pronto, o avião não passava de uma e-norme incubadora de vírus, prestes a engolfar-se numa gripe que poderia me levar ao túmulo. Desci em Salvador já sentindo os primeiros sintomas, embora, justiça seja feita, a mão do Ministério da Saúde se fi-zesse presente. Mal me acomodei, dirigi-me ao centro da cidade, mais precisamente ao bar de Espanha. Sim, eu tinha corrido o risco de ser infectado, mas o importante mesmo era a possibilidade de que, pela ação insidiosa das Parcas, eu viesse a ser o introdu-tor da gripe suína em minha terra. Era imperioso advertir coleti-vidade sobre o possível perigo que minha presença significava e fiquei aliviado quando o primeiro que encontrei foi meu grande amigo Gugu Galo Ruço. – Não há nenhum motivo para preocupação – me disse ele, quando o pus a par de meus receios. – Não esquente, você está em Itaparica. – Eu sei, mas nem Itaparica é imune a esse vírus. – Aí é que você se engana. Nós não somos imunes, mas rechaçaremos o vírus. Existe terra mais patriótica do que Itapa-rica? – Não, não existe. – Pois então? – disse ele. – Nós botamos o nosso vírus para liquidar com o deles. O nosso é o vírus do Ipiranga, está no hino, não esquente.

In: O ESTADO de S.Paulo, 05/07/ 2009 [adaptado].

TEXTO 2

DESCOBERTAS Dois resfriados de uma vez

Anahad O'Connor

O rinovírus que causa a maior parte dos resfriados tem muitas linhagens – mais precisamente, ao menos 99. Em função disso, teoriza-se há muito tempo que uma pessoa pode adoecer com mais de um tipo de resfriado ao mesmo tempo. Mas os es-tudos feitos com o resfriado comum revelaram alguns dados surpreendentes. Em estudo publicado na "Science", pesquisadores de-monstraram que, quando uma pessoa é infectada com duas li-nhagens do vírus, estas podem se unir e trocar material genéti-co – processo chamado de recombinação, que pode levar ao surgimento acelerado de novas linhagens. Cientistas na China acompanharam 64 crianças resfria-das e encontraram evidências de eventos de recombinação e de algo que chamaram de "infecções triplas": crianças que apre-sentavam tanto uma variedade de resfriado quanto outros vírus respiratórios, como a influenza (gripe) ou o adenovírus. Em úl-tima análise, porém, apenas uma parcela muito pequena delas apresentava várias linhagens de rinovírus. Não há indícios de que as duas linhagens de resfriado resultem em sintomas mais graves ou mais prolongados.

In: FOLHA de S.Paulo/ The New York Times 30/11/2009.

Questão 39) No texto 2, os pronomes grifados no texto se re-ferem, respectivamente, a a) rinovírus / fato de haver muitas linhagens do rinovírus / duas linhagens do vírus / processo de recombinação / 64 cri-anças resfriadas acompanhadas por cientistas na China. b) maior parte dos resfriados / fato de haver muitas li-nhagens do rinovírus / pessoas com duas linhagens do vírus / processo de recombinação / crianças acompanhadas na China. c) rinovírus / fato de haver muitas linhagens do rinovírus / 99 linhagens do vírus / material genético / crianças chinesas. d) parte dos problemas causados pelo rinovírus / muitas linhagens do rinovírus / rinovírus / surgimento de novas linha-gens / crianças acompanhadas na China. e) rinovírus / linhagens do rinovírus / muitas linhagens do vírus / processo acelerado de novas linhagens / 64 crianças res-friadas acompanhadas por cientistas na China.

TEXTO: 29 - Comum à questão: 40

Marte é o futuro 1Aos onze anos de idade, no final dos anos 1960, o clí-max do entusiasmo de qualquer menino era alcançado com um foguete Saturno-5, que levou o homem à Lua em 20 de julho de 1969. Depois da Lótus verde de Jim Clark, claro, 5que voava bai-xo nas pistas de automobilismo. Tudo de bom ainda era “made in USA”, como as cobiçadas calças Lee (pelas quais um adoles-cente brasileiro pagava os olhos da cara junto a importadores clandestinos). Hoje as façanhas da corrida espacial são produzi-das na China, como quase tudo 10mais. Prepara-se a Longa Mar-cha para a Lua e, talvez, Marte. A empreitada soa tão verossímil quanto a consagração do vocábulo “taikonauta” no dicionário espacial, ao lado de “astronauta” (Estados Unidos) e “cosmo-nauta” (Ex-União Soviética). 15Naquela noite de julho em Ubatuba, quarenta anos atrás, foi preciso encontrar um aparelho de TV. Poucas casas de veraneio no bairro do Itaguá, do lado de lá do aeroporto onde pousaram alguns DC-3 da Vasp, contavam com esse eletrodo-méstico de luxo. Pai e filho acabaram por 20encontrá-lo no ca-sebre de um dos moradores permanentes, num arrabalde po-voado por caiçaras. Foi uma grande decepção em preto e bran-co. Era péssima a qualidade da imagem recebida pelo par de an-tenas em V, apesar dos suplicantes chumaços de palha de aço nas pontas. Manchas e fantasmas 25se arrastavam pelo que bem poderia ser um cenário montado com queijo suíço, como pro-nunciou um dos céticos presentes. O feito se confirmaria depois com a publicação das famosas fotos da câmera Hasselblad nas revistas ilustradas. Duvidava quem queria, e acreditava quem tinha 30imaginação e fé na tecnologia. Revolução Verde, Guerra Fria e Era Atômica iam de vento em popa. O pouso na Lua não foi só o ápice da corrida espacial. Foi também o passo inicial do turbocapitalismo que dominaria as três décadas seguintes. Capitalismo avançado, sim, 35mas dependente, porém, de matérias-primas do século 19: aço, car-vão, óleo. Lançar-se ao espaço implicava algum reconhecimento dos limites da Terra. Ela era azul, como já testemunhara o as-tronauta pioneiro Yuri Gagarin, mas finita. Com o império da tecnociência ascendeu também sua 40nêmesis*, representada pelo movimento ambiental. Fixar Marte como objetivo para dentro de 20 ou 30 anos, hoje, parece tão louco quanto chegar à Lua em dez, como deter minou John F. Kennedy. Não há um imperialista visionário como ele à vista, e isso é bom. A ISS (Es-

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 19 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

tação Espacial 45Internacional) representa a prova viva de que certas metas só podem ser alcançadas pela humanidade como um todo, não por nações forjadas no tempo das caravelas, ávi-das por constituir impérios duradouros e exercer uma hegemo-nia política em nível planetário. 50Uma missão a Marte trará outros benefícios para o imaginário terráqueo. Se Neil Armstrong e Buzz Aldrin encon-traram na Lua um satélite morto, cinzento, desértico e coberto de cicatrizes, Marte serão outros quinhentos. Antes de mais nada, vale lembrar que é um planeta de 55verdade, não um apêndice. Mais vermelho do que cinza. Em vez de crateras e mais crateras, algumas paisagens familiares aos humanos: vales, ravinas, dunas, montanhas. Um mundo morto mais recentemente, quem sabe apenas moribundo, com resquícios de água e microrganismos. 60

Marte é o futuro da humanidade. Ele nos fornecerá a experiência vívida e a imagem perturbadora de um planeta de-vastado, inabitável. Destino certo da Terra em vários milhões de anos. Ou, mais provável, em poucas décadas, se prosseguir o saque a descoberto de tanta energia fóssil pelo 65

hipercapitalismo globalizado, inflando a bolha ambiental. To-do sucesso, portanto, à Missão Planeta Vermelho. Ela nos trará de volta ao Azul. *Nêmesis = vingança exigida, retaliação necessária, tributo co-brado.

(Adaptado de Marcelo Leite, Folha de S. Paulo, 26/07/2009)

Questão 40) Considerado sempre o contexto, é correto afir-mar: a) O emprego de algum (ref. 35) define que, para o autor, são poucos os reais limites da Terra. b) O emprego do termo destacado em Com o império da tecno-ciência (ref. 35) atribui ao segmento o mesmo valor que se nota no segmento sublinhado em “Abriu a porta enguiçada com o hábil manuseio da chave de fenda. c) A comparação entre distintos espaços de tempo − a meta de 20 ou 30 anos, de um lado, e a de 10 anos, de outro (ref. 40) − é que justifica o juízo de valor expresso em tão louco (ref. 40). d) O emprego do acento grave indicativo de crase em chegar à Lua é tão correto, do ponto de vista gramatical, quanto o en-contrado em “A temperatura chegou à dez graus”. e) O pronome isso (ref. 40) recupera todo o segmento que, na frase, expressa constatação do que ocorre hoje, momento da manifestação do autor.

TEXTO: 30 - Comum à questão: 41

O milagre do sorinho e outros milagres 1A doutora Zilda Arns fez tudo ao contrário de como costumam ser feitos os programas de políticas públicas no Bra-sil. Não chamou o marqueteiro, como providência inaugural dos trabalhos. Não engendrou uma generosa burocracia, capaz de proporcionar bons e agradáveis empregos. Não ofereceu con-tratos milionários aos prestadores de serviço. Sobretudo, não anunciou o programa e, com o simples anúncio, deu 5a coisa por feita e resolvida. Milagre dos milagres. Zilda Arns, que mor-reu na semana passada, no terremoto do Haiti, aos 75 anos, re-almente fez. Se o Brasil teve uma redução significativa nos ní-veis de mortalidade e desnutrição infantil, nas últimas décadas, isso se deve em primeiro lugar à Pastoral da Criança, criada e

administrada por ela, com apoio da Igreja Católica, e aos exem-plos que semeou. O índice de mortalidade infantil no Brasil andava pelos 82,8 mortos por 1000 nascidos vivos, em

101982, quando Zilda

foi convocada pelo irmão, o cardeal Paulo Evaristo Arns, então arcebispo de São Paulo, a pôr sua experiência de médica pedia-tra e sanitarista a serviço de um programa de combate ao pro-blema. Hoje está em 23,3 por 1000. Nas áreas com atuação di-reta da Pastoral da Criança . são 42000 comunidades pobres, espalhadas por 4000 municípios brasileiros . está em 13 por 1000. O que mais espanta, na obra de Zilda, é o contraste entre a eficácia dos resultados e a simplicidade dos métodos. Nada 15de grandiosos aparatos, nada de invencionices. A partir da gestão do hoje governador José Serra no Ministério da Saúde, ela passou a contar com forte apoio governamental. Mas suas ferramentas básicas continuaram as mesmas:

O sorinho e a multimistura. O soro caseiro feito de á-gua, açúcar e sal foi o grande segredo no combate à desidrata-ção, por muito tempo a maior causa de mortalidade infantil no Brasil. A multimistura feita de casca 20de ovo, arroz, milho, se-mente de abóbora e outros ingredientes singelos foi, e continua sendo, a arma contra a desnutrição. Zilda Arns era contra a ces-ta básica. Achava-a humilhante, para quem a recebia, e de pre-sença incerta. Optou por ensinar como proporcionar uma boa dieta com recursos escassos.

A multiplicação da boa vontade. A ordem era ensinar e fazer com que os que aprendiam passassem também a ensinar. A Pastoral da Criança conta hoje 260000 voluntários. 25 O trabalho e a persistência. Se fosse só ensinar a tomar o sorinho ou a multimistura e ir embora, seria repetir outro pa-drão das políticas públicas à brasileira. Cabe ao voluntariado fa-zer uma visita por mês às famílias assistidas. Um instrumento imprescindível nessas ocasiões é a balança, para medir a evolu-ção da criança.

A escora da índole feminina. Noventa e dois por cento do voluntariado da Pastoral da Criança é 30constituído por mu-lheres. Uma tarefa dessas é séria demais para ser deixada por conta dos homens. A mulher é muito mais confiável quando se mexe com assunto situado nos extremos da existência, como são os cuidados com o nascimento e a morte, a saúde e a doen-ça. Zilda Arns conduziu-se por uma estratégia baseada na sabedoria antiga e na vontade de fazer, nada mais do que isso. É paradoxal dizer isso de uma pessoa tão religiosa, mas não houve milagres na sua ação. 35A menos que se considere um mi-lagre a presença dessa coisa chamada amor como motor, tanto dela como das pessoas em quem ela inoculava o mesmo vírus. Vai ver, ela diria isso. Vai ver, isso foi importante mesmo. O escritor Saul Bellow conta que, certa vez, passeava de bote num rio infestado de jacarés quando começou a ficar apavorado. Não era tanto a morte que o apavorava. Era o ne-crológio: "Morreu ontem, 40devorado por jacarés...". Zilda Arns está condenada ao necrológio: "Morreu de terremoto, no Hai-ti". Não é esdrúxulo como ser devorado por um jacaré. Também não é raro como cair no poço do elevador, como a atriz Anecy Rocha, irmã de Glauber, ou ser tragado pela boca do Vesúvio, como o republicano histórico Silva Jardim. Mas é raro para um brasileiro, em cujo território não ocorrem terremotos de pro-porções mortais, e chocante como são as mortes inesperadas, provocadas por acidentes. Zilda Arns, como Anecy 45Rocha e Sil-va Jardim, morreu em circunstâncias do tipo que nunca se es-quece. Mas, também, em circunstâncias que lhe coroam a vida.

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 20 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

Estava no Haiti para, em contato com religiosos locais, propagar a metodologia da Pastoral da Criança. Morreu em combate.

Roberto Pompeu de Toledo, Veja, 20-1-2010

Questão 41) Em “Zilda Arns (…) morreu em circunstâncias (…) que lhe coroam a vida.” (refs. 40-45), o pronome “lhe” a) é desnecessário, podendo ser suprimido. b) corresponde ao pronome adjetivo possessivo .sua.. c) corresponde ao complemento “a ela”. d) desempenha a função de objetivo direto pleonástico.

TEXTO: 31 - Comum à questão: 42

Soneto de Despedida Uma lua no céu apareceu Cheia e branca; foi quando, emocionada A mulher a meu lado estremeceu E se entregou sem que eu dissesse nada. Larguei-as pela jovem madrugada Ambas cheias e brancas e sem véu Perdida uma, a outra abandonada Uma nua na terra, outra no céu. Mas não partira delas; a mais louca Apaixonou-me o pensamento; dei-o Feliz - eu de amor pouco e vida pouca Mas que tinha deixado em meu enleio Um sorriso de carne em sua boca Uma gota de leite no seu seio.

Questão 42) No verso “E se entregou sem que eu dissesse nada., a palavra se apresenta valor idêntico ao sublinhado em: a) Não se vendeu a casa b) Não nos foi dito se ele viria para a reunião c) A menina cortou-se com a navalha d) Os alunos se entreolharam e) E se precisou de esforços

TEXTO: 32 - Comum à questão: 43

O que as câmeras ainda não mostram Os bisbilhoteiros virtuais se refestelaram na semana passada, quando chegou ao Brasil o Google Street View, serviço que colo-ca na tela do computador fotos em 360 graus das ruas de, por enquanto, 51 municípios brasileiros. Em sua maioria, as primei-ras pesquisas feitas por brasileiros se concentraram na busca do próprio endereço, da sede do trabalho, da casa da namorada. E houve também muita gente que passou horas procurando ima-gens bizarras ou engraçadas captadas pelo programa. Passada essa primeira onda de voyeurismo, comum em todos os países que já contam com o serviço, começam a aparecer outras utili-dades. Num futuro não muito distante, o internauta brasileiro vai poder planejar suas férias, adquirir um imóvel ou visitar um museu por meio da ferramenta. O Street View faz parte de outro produto da empresa, o Goo-gle Maps. Bem mais detalhista que seu irmão maior, permite ao

usuário navegar pelas ruas, com uma visão de todos os pontos cardeais, do chão e do céu. É como se você andasse até a porta de um prédio, admirasse sua fachada, comparasse com a dos vi-zinhos etc., num passeio em que o mouse cumpre a função das pernas. Lançada em maio de 2007, a ferramenta originalmente cobria cinco grandes cidades nos EUA e seus arredores. Hoje, se estende a todo território americano, assim como à maior parte do Canadá, Japão, Austrália e vários países europeus. No Brasil, até agora apenas São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e ci-dades vizinhas dessas capitais foram fotografadas pelos carros do Google. (...) Muitos varejistas se animaram com a possibilidade de ter seus estabelecimentos fotografados pelas poderosas câmeras do produto. Seria a chance de, num primeiro momento, o cliente fazer um passeio virtual para depois fechar uma compra real e feita de forma presencial. Atualmente isso esbarra em dois pro-blemas. O primeiro é que o programa não é ao vivo. As imagens são coletadas em média um ano antes de irem ao ar. Ou seja, quando o visitante entrasse na loja, as prateleiras estariam de-satualizadas. O outro problema é o fato de que, segundo a em-presa, a produção de fotos de estabelecimentos comerciais não passa de mero boato. Bem mais acessível aos lojistas, pelo menos por enquanto, é a oferta de espaços publicitários nas ruas flagradas pelo Google. A empresa aposta tanto nisso que patenteou um sistema que automaticamente apaga as mensagens publicitárias estampa-das em outdoors e cartazes. No lugar delas seriam colocados anúncios pagos. “As empresas americanas ainda não adotaram essa estratégia. Não tem nada de anúncio ali”, diz Pedro Sorren-tino, professor da São Paulo Digital School e autor do vídeo “O-bama Digital”. Em muitas áreas, o Street View ainda é uma fer-ramenta em busca de uma utilidade.

(Istoé, edição 2135, 08/10/2010)

Questão 43) O pronome demonstrativo “o”, presente no títu-lo, remete a a) cenas degradantes. b) visitas virtuais. c) propagandas patrocinadas. d) detalhes arquitetônicos. e) informações geográficas.

TEXTO: 33 - Comum à questão: 44

A invenção da bicicloteca Para sobreviver, Robinson Padial (Binho), 45, montou um bar em Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, mas o seu prazer é a poesia. (...) Acompanhado de poetas, músicos e atores, sai pelas estra-das parando nas cidades, onde promove saraus em praça públi-ca. (...) Quando não está andando, Binho vai pedalando o que apeli-dou de "bicicloteca", para emprestar, doar ou receber livros. (...) A ideia das caminhadas nasceu no bar, onde Binho resolveu fazer, todas as segundas-feiras, um sarau – (...) Um dos frequentadores daqueles encontros era o então mo-toboy conhecido como Serginho Poeta. (...) Preferiram ficar dentro do Brasil, parando nas vilas e cidades. A cada ano, juntaram-se mais artistas, (...). Binho leu "Capitães da Areia", de Jorge Amado, que fala da vida de rua de Salvador, com seus meninos. "Eu estava entran-

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 21 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

do em meu borbulho hormonal e fiquei deslumbrando com as descrições que o Jorge Amado era capaz de fazer." Uma de suas experiências libertárias de rua foi num ano elei-toral. Com um grupo de amigos, todos poetas, saía pela madruga-da munido com cartazes, escadas e um balde de cola. Pregava, então, poesias na cara dos candidatos – (...) "Muita gente ainda fala que se lembra dessa história." As caminhadas da trupe pelas cidades aliaram, enfim, a visão libertária da rua com a poesia. (...) Para manter a prática do bar de troca de livros (...) alguém disse que deveriam colocar os volumes numa bicicleta. E, assim, surgia a invenção da "bicicloteca".

Adaptado de: http://aprendiz.uol.com.br/content/cresteclin.mmp, acesso em abril/2010.

Questão 44) A respeito do emprego de pronomes relativos, assinale o que for correto. 01. Em: "Binho leu 'Capitães da Areia', de Jorge Amado, que fala da vida de rua de Salvador, com seus meninos". O pro-nome assinalado introduz uma oração adjetiva. 02. Com base no emprego do pronome onde em "Acom-panhado de poetas, músicos e atores, sai pelas estradas paran-do nas cidades, onde promove saraus em praça pública", é pos-sível admitir a seguinte reescrita, "Quando não está andando, Binho vai pedalando o que apelidou de 'Bicicloteca', onde em-presta, doa ou recebe livros.". 04. O uso do pronome onde em "A ideia das caminhadas nasceu no bar, onde Binho resolveu fazer, todas as segundas-feiras, um sarau", ocorre pelos mesmos motivos que em: "A-companhado de poetas, músicos e atores, sai pelas estradas pa-rando nas cidades, onde promove saraus em praça pública". 08. O segmento: "Eu estava entrando em meu borbulho hormonal e fiquei deslumbrando com as descrições que o Jorge Amado era capaz de fazer". O pronome em destaque pode ser substituído por as quais sem que com isso haja prejuízo de sen-tido. 16. Em: "Muita gente ainda fala que se lembra dessa histó-ria", é correto afirmar que o item em destaque assume função de pronome relativo uma vez que se refere ao termo antece-dente a ele.

TEXTO: 34 - Comum à questão: 45

Autorretrato falado 1Venho de um Cuiabá garimpo e de ruelas entortadas. Meu pai teve uma venda de bananas no Beco da Marinha, onde nasci. Me criei no Pantanal de Corumbá, entre bichos do

5chão, pessoas humildes, aves, árvores e rios.

Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de estar entre pedras e lagartos. Fazer o desprezível ser prezado é coisa que me apraz. Já publiquei 10 livros de poesia; ao publicá-los me

10sinto como que desonrado e fujo para o

Pantanal onde sou abençoado a garças. Me procurei a vida inteira e não me achei – pelo que fui salvo. Descobri que todos os caminhos levam à ignorância. 15

Não fui para a sarjeta porque herdei uma fazenda de gado. Os bois me recriam.

Agora eu sou tão ocaso! Estou na categoria de sofrer do moral, porque só faço coisas inúteis. 20

No meu morrer tem uma dor de árvore. MANOEL DE BARROS

Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010.

Questão 45) Já publiquei 10 livros de poesia; ao publicá-los me sinto como que desonrado e fujo para o Pantanal onde sou abençoado a garças. (v. 9-11) A palavra “onde”, sublinhada acima, remete a um termo anteri-ormente expresso. Transcreva esse termo. Nomeie também a classe gramatical de “onde”, substitua-a por uma expressão equivalente e indique seu valor semântico.

TEXTO: 35 - Comum à questão: 46

Competição e individualismo excessivos ameaçam saúde dos

trabalhadores

Ideologia do individualismo

O novo cenário mundial do trabalho apresenta facetas como a da

competição globalizada e a da ideologia do individualismo. A a-firmação foi feita pelo professor da Universidade de Brasília

(UnB) Mário César Ferreira, ao participar do seminário Trabalho

em Debate: Crise e Oportunidades. 5Segundo ele, pela primeira

vez, há uma ligação direta entre trabalho e índices de suicídio,

sobretudo na França, em função das mudanças focadas na ideia

de excelência.

Fim da especialização

“A configuração do mundo do trabalho é cada vez mais volátil”,

disse o professor. Ele destacou ainda a crescente expansão do

terceiro setor, do trabalho em domicílio e do trabalho feminino,

bem como a exclusão 10de perfis como o de trabalhadores jovens e dos fortemente especializados. “As organizações preferem per-

fis polivalentes e multifuncionais.” Desta forma, a escolarização

clássica do trabalhador amplia-se para a qualificação contínua,

enquanto a ultraespecialização evolui para a multiespecialização.

Metamorfoses do trabalho

Ele ressaltou que as “metamorfoses” no cenário do trabalho não

são “indolores” para os que trabalham e 15provocam erros fre-

quentes, retrabalho, danificação de máquinas e queda de produ-

tividade.

Outra grande consequência, de acordo com o professor, diz res-peito à saúde dos trabalhadores, que leva à alta rotatividade nos

postos de trabalho e aos casos de suicídio. “Trata-se de um cená-

rio em que todos perdem, a sociedade, os governantes e, em par-

ticular, os trabalhadores”, avaliou.

Articulação entre econômico e social 20Para a coordenadora da Diretoria de Cooperação e Desenvol-

vimento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),

Christiane Girard, a problemática das relações de trabalho en-

volve também uma questão: qual o tipo de desenvolvimento que

nós, como cidadãos, queremos ter?

Segundo Christiane, é preciso “articular” o econômico e o social, como acontece na economia solidária.

“Ela é uma das alternativas que aparecem e precisa ser discutida.

A resposta do trabalhador se manifesta 25por meio do estresse, de

doenças diversas e do suicídio. A gente não se pergunta o sufici-

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 22 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

ente sobre o peso da gestão do trabalho”, disse a representante

do Ipea. Adaptado de www.diariodasaude.com.br

Questão 46) Na coesão textual, os pronomes podem ser em-pregados para fazer a ligação entre o que está sendo dito e o que foi enunciado anteriormente. O pronome sublinhado que estabelece ligação com uma parte anterior do texto está na seguinte passagem: a) “A configuração do mundo do trabalho é cada vez mais volá-til” (ref. 5) b) Outra grande consequência, de acordo com o professor, diz respeito à saúde dos trabalhadores, (ref. 15) c) “Trata-se de um cenário em que todos perdem,” (ref. 15) d) qual o tipo de desenvolvimento que nós, como cidadãos, queremos ter? (ref. 20)

TEXTO: 36 - Comum à questão: 47

TEXTO VII 1Senhora Dona Bahia, nobre e opulenta cidade, madrasta dos naturais, e dos estrangeiros madre: 5Dizei-me por vida vossa em que fundais o ditame de exaltar os que aqui vêm, e abater os que aqui nascem? Se o fazeis pelo interesse 10de que os estranhos vos gabem, isso os paisanos fariam com conhecidas vantagens. E suposto que os louvores em boca própria não valem, 15se tem força esta sentença, mor força terá a verdade. O certo é, pátria minha, que fostes terra de alarves, e inda os ressábios vos duram 20desse tempo e dessa idade. Haverá duzentos anos, nem tantos podem contar-se, que éreis uma aldeia pobre e hoje sois rica cidade. 25

Então vos pisavam índios, e vos habitavam cafres, hoje chispais fidalguias, arrojando personagens. Nota: entenda-se “Bahia” como cidade. Gregório de Matos Vocabulário alarves - que ou quem é rústico, abrutado, grosseiro, ignorante; que ou o que é tolo, parvo, estúpido. ressábios - sabor; gosto que se tem depois. cafres - indivíduo de raça negra.

Questão 47) Identifique a alternativa em que o pronome sub-linhado retoma e sintetiza, na progressão textual, um enuncia-do anteriormente expresso. (Texto VII) a) Dizei-me por vida vossa em que fundais o ditame (ref. 5) b) de exaltar os que aqui vêm, e abater os que aqui nascem? (ref. 5) c) Se o fazeis pelo interesse de que os estranhos vos gabem, (ref. 5–10) d) isso os paisanos fariam com conhecidas vantagens. (ref. 10) e) O certo é, pátria minha, que fostes terra de alarves, (ref. 15)

TEXTO: 37 - Comum à questão: 48

O colocador de pronomes Monteiro Lobato

Aldrovando Cantagalo veio ao mundo em virtude dum erro de gramática. Durante sessenta anos de vida terrena pererecou como um peru em cima da gramática. E morreu, afinal, vítima dum novo erro de gramática. Mártir da gramática, fique este documento da sua vida como pedra angular para uma futura e bem merecida canonização. Havia em Itaoca um pobre moço que definhava de tédio no fundo de um cartório. Escrevente. Vinte e três anos. Magro. Ar um tanto palerma. Ledor de versos lacrimogêneos e pai duns acrósticos dado à luz no “Itaoquense”, com bastante sucesso. Vivia em paz com as suas certidões quando o frechou venenosa seta de Cupido. Objeto amado: a filha mais moça do coronel Triburtino, o qual tinha duas, essa Laurinha, do escrevente, en-tão nos dezessete, e a do Carmo, encalhe da família, vesga, ma-durota, histérica, manca da perna esquerda e um tanto aluada. Triburtino não era homem de brincadeiras. Esgoelara um vere-ador oposicionista em plena sessão da Câmara e desde aí, se transformou no tutu da terra. Toda a gente lhe tinha um vago medo; mas o amor, que é mais forte que a morte, não receia sobrecenhos enfarruscados, nem tufos de cabelos no nariz. Ousou o escrevente namorar-lhe a filha, apesar da distância hierárquica que os separava. Namoro à moda velha, já se vê, que nesse tempo não existia a gostosura dos cinemas. Encon-tros na igreja, à missa, troca de olhares, diálogos de flores — o que havia de inocente e puro. Depois, roupa nova, ponta de lenço de seda a entremostrar-se no bolsinho de cima e medição de passos na Rua D’Elba, nos dias de folga. Depois, a serenata fatal à esquina, com o Acorda, donzela... sapecado a medo num velho pinho de empréstimo. Depois, bilhetinho perfumado. Aqui se estrepou... Escrevera nesse bilhetinho, entretanto, apenas quatro pala-vras, afora pontos exclamativos e reticências: Anjo adorado! Amo-lhe!… Para abrir o jogo, bastava esse movimento de peão. Ora, aconteceu que o pai do anjo apanhou o bilhetinho ce-lestial e, depois de três dias de sobrecenho carregado, mandou chamá-lo à sua presença, com disfarce de pretexto — para u-mas certidõezinhas, explicou. Apesar disso, o moço veio um tanto ressabiado, com a pulga atrás da orelha. Não lhe erravam os pressentimentos. Mal o pi-lhou portas aquém, o coronel trancou o escritório, fechou a car-ranca e disse:

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 23 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

— A família Triburtino de Mendonça é a mais honrada desta terra, e eu, seu chefe natural, não permitirei nunca-nunca, ou-viu? que contra ela se cometa o menor deslize. Parou. Abriu uma gaveta. Tirou de dentro o bilhetinho cor de rosa, desdobrou-o. — É sua esta peça de flagrante delito? O escrevente, a tremer, balbuciou medrosa confirmação. — Muito bem! continuou o coronel em tom mais sereno. Ama, então, minha filha e tem a audácia de o declarar... Pois agora... O escrevente, por instinto, ergueu o braço para defender a cabeça e relanceou os olhos para a rua, sondando uma retirada estratégica. — …é casar! concluiu de improviso o vingativo pai. O escrevente ressuscitou. Abriu os olhos e a boca, num pasmo. Depois, tornando a si, comoveu-se e, com lágrimas nos olhos, disse, gaguejante: — Beijo-lhe as mãos, coronel! Nunca imaginei tanta genero-sidade em peito humano! Agora vejo com que injustiça o julgam aí fora!... Velhacamente o velho cortou-lhe o fio das expansões. — Nada de frases moço, vamos ao que serve: declaro-o so-lenemente noivo de minha filha! E voltando-se para dentro, gritou: — Do Carmo! Venha abraçar o teu noivo! O escrevente piscou seis vezes e, enchendo-se de coragem, corrigiu o erro. — Laurinha quer o coronel dizer... — Sei onde trago o nariz, moço. Vassuncê mandou este bi-lhete à Laurinha dizendo que ama-“lhe”. Se amasse a ela deve-ria dizer amo-“te”. Dizendo “amo-lhe” declara que ama a uma terceira pessoa, a qual não pode ser senão a Maria do Carmo. Salvo se declara amor à minha mulher!... — Oh, coronel... — ...ou à preta Luzia, cozinheira. Escolha! O escrevente, vencido, derrubou a cabeça, com uma lágri-ma a escorrer rumo à asa do nariz. Silenciaram ambos, em pau-sa de tragédia. Por fim o coronel, batendo-lhe no ombro pater-nalmente, repetiu a boa lição da sua gramática matrimonial. — Os pronomes, como sabe, são três: da primeira pessoa — quem fala, e neste caso vassuncê; da segunda pessoa - a quem se fala, e neste caso Laurinha; da terceira pessoa — de quem se fala, e neste caso Maria do Carmo, minha mulher ou a preta. Escolha! Não havia fuga possível. O escrevente ergueu os olhos e viu do Carmo que entrava, muito lampeira da vida, torcendo acanhada a ponta do avental novo ao alcance do maquiavélico pai. Submeteu-se e abraçou a urucaca, enquanto o velho, estendendo as mãos, dizia teatral-mente: — Deus vos abençoe, meus filhos! (...)

Texto adaptado http://lasalledf.com.br/cursos/em/literatura/arquivos/pronomes.pdf (acesso

em 13/09/2010)

Questão 48) Considere as seguintes afirmações acerca do uso dos pronomes na variedade padrão e em outras variedades do português brasileiro: I. Em ‘Se quiser, eu posso lhe levar em casa‘, o pronome lhe, principalmente na língua falada, não se refere a ele ou ela, mas sim a você. A mesma lógica pode ser aplicada ao uso que o escrevente fez ao escrever ‗amo-lhe‘.

II. O uso dos pronomes na sentença ‘Eu te vi ontem na rua, te chamei, mas você não escutou‘ está de acordo com o que gramática normativa prescreve. III. De acordo com a variedade padrão, os pronomes oblí-quos átonos de terceira pessoa lhe e lhes funcionam como complementos verbais e são próprios do objeto indireto. IV. Nas variedades não-padrão, é comum encontrarem-se usos que diferem da variedade padrão. Um exemplo disso é o uso dos pronomes pessoais ele e ela na posição de complemen-to verbal, como em ‗Eu conheci ele ontem‘.

Das afirmações acima a) apenas I está correta. b) apenas II está correta. c) apenas II e IV estão corretas. d) apenas I, II e III estão corretas. e) apenas I, III e IV estão corretas.

TEXTO: 38 - Comum à questão: 49 Paráfrase de Ronsard

Foi para vós que ontem colhi, senhora, Este ramo de flores que ora envio. Não no houvesse colhido e o vento e o frio Tê-las-iam crestado antes da aurora.

Meditai nesse exemplo, que se agora Não sei mais do que o vosso outro macio Rosto nem boca de melhor feitio, A tudo a idade afeia sem demora.

Senhora, o tempo foge... o tempo foge... Com pouco morreremos e amanhã Já não seremos o que somos hoje...

Por que é que o vosso coração hesita? O tempo foge... A vida é tão breve e é vã... Por isso, amai-me... enquanto sois bonita.

BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira – poesias reunidas. 7. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1979.

Questão 49) Leia novamente os dois versos finais da primeira estrofe:

Não no houvesse colhido e o vento e o frio Tê-las-iam crestado antes da aurora.

Os elementos “no”, em “no houvesse”, e “las”, em “tê-las-iam”, são corretamente classificados da seguinte forma: a) “no” é uma combinação da preposição “em” com o artigo de-finido masculino singular (“o”); “las” é uma variação arcaica do artigo definido feminino plural (“as”). b) “no” é uma combinação da preposição “em” com o pronome pessoal oblíquo de terceira pessoa (“o”); “las” é uma variação arcaica do artigo definido feminino plural (“as”). c) “no” é uma combinação da preposição “em” com o artigo de-finido masculino singular (“o”); “las” é uma variação do prono-me pessoal oblíquo de terceira pessoa feminino plural (“as”). d) “no” é uma variação do pronome pessoal oblíquo de primeira pessoa masculino plural (“no”); “las” é uma variação do prono-me pessoal oblíquo de terceira pessoa feminino plural (“as”). e) “no” é uma variação do pronome pessoal oblíquo de terceira pessoa masculino singular (“o”); “las” é uma variação do pro-nome pessoal oblíquo de terceira pessoa feminino plural (“as”).

TEXTO: 39 - Comum à questão: 50

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 24 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

1Véspera de um dos muitos feriados em 2009 e a insa-na tarefa de mover-se de um bairro a outro em São Paulo para uma reunião de trabalho. Claro que a cidade já tinha travado no meio da tarde. De táxi, pagaria uma fortuna para ficar parada e chegar atrasada, pois até as vias alternativas que os taxistas co-nhecem estavam entupidas. De ônibus, nem o corredor funcio-naria, tomado pela fila dos mastodônticos veículos. Uma dádi-va: 5eu não estava de carro. Com as pernas livres dos pedais do automóvel e um sapato baixo, nada como viver a liberdade de andar a pé. Carro já foi sinônimo de liberdade, mas não contava com o congestionamento. Liberdade de verdade é trafegar entre os carros, e mesmo sem apostar corrida, observar que o automóvel na rua anda à mesma velocidade média que você na calçada. É quase como flanar. Sei, como motorista, que o mais irritante do trânsi-to é quando o pedestre naturalmente te ultrapassa. Enquanto você,

10no carro, gasta dinheiro para encher o ar de poluentes,

esquentar o planeta e chegar atrasado às reuniões. E ainda há quem pegue congestionamento para andar de esteira na aca-demia de ginástica. Do Itaim ao Jardim Paulista, meia horinha de caminha-da. Deu para ver que a Avenida Nove de Julho está cheia de mudas crescidas de pau-brasil. E mais uma porção de cenas que só andando a pé se pode observar. Até chegar ao compromisso pontualmente. 15

Claro que há pedras no meio do caminho dos pedes-tres, e muitas. Já foram inclusive objeto de teses acadêmicas. Uma delas, Andar a pé: um modo de transporte para a cidade de São Paulo, de Maria Ermelina Brosch Malatesta, sustenta que, apesar de ser a saída mais utilizada pela população nas a-tuais condições de esgotamento dos sistemas de mobilidade, o modo de transporte a pé é tratado de forma inadequada pelos responsáveis por administrar e planejar o município. 20As maiores reclamações de quem usa o mais simples e bara-to meio de locomoção são os "obstáculos" que aparecem pelo caminho: bancas de camelôs, bancas de jornal, lixeira, postes. Além das calçadas

estreitas, com buracos, degraus, desníveis. E o estacionamento de veícu-los nas calçadas, mais a entrada e a saída em guias rebaixadas, aponta o estudo. Sem falar nas estatísticas: atropelamentos correspondem a 14% dos acidentes de trânsito. Se o acidente 25envolve vítimas fatais, o percentual sobe para nada menos que 50% – o que atesta a falta de in-vestimento público no transporte a pé. Na Região Metropolitana de São Paulo, as viagens a pé, com

extensão mínima de 500 metros, correspondem a 34% do total de via-gens. Percentual parecido com o de Londres, de 33%. Somadas aos 32% das viagens realizadas por transporte coletivo,que são iniciadas e con-cluídas por uma viagem a pé, perfazem 30o total de 66% das viagens! Um número bem desproporcional ao espaço destinado aos pedestres e ao investimento público destinado a eles, especialmente em uma cidade como São Paulo, onde o transporte individual motorizado tem a prima-zia.

A locomoção a pé acontece tanto nos locais de maior densida-de –caso da área central, com registro de dois milhões de viagens a pé por dia –, como nas regiões mais distantes, onde são maiores as defici-ências de 35transporte motorizado e o perfil de renda é menor. A maior parte das pessoas que andam a pé tem poder aquisitivo mais baixo. Elas buscam alternativas para enfrentar a condução cara, desconfortável ou lotada, o ponto de ônibus ou estação distantes, a demora para a condu-ção passar e a viagem demorada.

Já em bairros nobres, como Moema, Itaim e Jardins, por exemplo, é fácil ver carrões que saem das garagens para ir de uma esquina a outra e disputar improváveis vagas de esta-cionamento. A ideia é manter-se 40fechado em shoppings, bou-tiques, clubes, academias de ginástica, escolas, escritórios, por-

que o ambiente lá fora – o nosso meio ambiente urbano – di-zem que é muito perigoso.

(Amália Safatle. http://terramagazine.terra.com.br, 15/07/2009. Adaptado.)

Questão 50) A palavra QUE remete a um antecedente em:

a) Claro que a cidade já tinha travado no meio da tarde. (ref. 1) b) Sei, como motorista, que o mais irritante do trânsito é quando o pe-destre naturalmente te ultrapassa. (ref. 5) c) E mais uma porção de cenas que só andando a pé se pode observar. (ref. 10)

d) Claro que há pedras no meio do caminho dos pedestres, e muitas. (ref. 15) e) [...] o percentual sobe para nada menos que 50%. (ref. 25)

GABARITO:

1) Gab: B 2) Gab: D 3) Gab: 13 4) Gab: C

5) Gab: a) As duas imagens geométricas que o autor evoca são a linha reta e o círculo. A linha reta descreve bem a concepção de tempo da civilização moderna, porque tendemos a percebê-lo como algo que se desenvolve de modo seqüencial e unidirecio-nal. O círculo, por sua vez, caracteriza bem a visão dos maias, porque estes pensavam o tempo como algo que recorre ou re-torna periodicamente, num tipo de movimento que encontra no círculo uma imagem bastante usual. b) “Embora nossa idéia de tempo seja uma das caracterís-ticas peculiares do mundo moderno, a importância que damos a ele não é inteiramente desprovida de precedente cultural”. OU: “De todos os povos que conhecemos, os maias eram os mais obcecados pela idéia de tempo”. c) Não vemos a relação entre passado, presente e futuro da mesma forma que os maias, cujo conceito de tempo era má-gico e politeísta.

6) Gab: a) Entre outras possibilidades de exemplos, destacamos: Nos dois textos, as marcas de interlocução são expressas pelo emprego do pronome como vocativo: Texto I: O senhor… mire, veja: o emprego do pronome de tra-tamento como vocativo e o emprego de formas no imperativo identificando a interlocução entre as pessoas do discurso. Texto II: Ah, meu senhor, a vida é cheia de espanto. Ocorre o emprego de formas no imperativo identificando a in-terlocução entre as pessoas do discurso: No Texto I “… mire, veja” No Texto II “escute seu pressentimento” No Texto II: o emprego do pronome de terceira pessoa “Já lhe aconteceu” que equivale a “você”/ “a ti” e de tratamento “digo e repito ao senhor” que são elementos discursivos de interlocu-ção b) Eu digo e repito ao senhor: escute o seu pressentimento. Explicação: O argumento de evitar fazer coisas, mudar de caminho, por causa de uma “voz da gente, lá dentro, tentando dizer o futuro” desemboca no conselho do narrador: “escute o seu pressenti-mento”.

7) Gab: C 8) Gab: D 9) Gab: D 10) Gab: B

11) Gab: D 12) Gab: B 13) Gab: B 14) Gab: E

15) Gab:B 16) Gab: C 17) Gab: B 18) Gab: 28

Colégio Lúcia Vasconcelos®

- Concursos Públicos e Vestibulares – Fone: (62) 3093-1415

PRONOMES – LISTA DE EXERCÍCIOS 25 Acesse os materiais extras no site:

www.luciavasconcelos.com.br/novo/aluno.php

19) Gab: 1. “Edmundo está inocente. Sem culpa” (ref. 01); 2. “A história tem de ser diferente” (ref. 05); 3. “’Nylon’” (ref. 50); 4. “a história do caminhão, dos botijões vazios...” (ref. 52); 5. “acionou o motor, partiu veloz” (ref. 66).

20) Gab: D 21) Gab: C 22) Gab: C 23) Gab: C

24) Gab: VVVVV 25) Gab: VFFFV

26) Gab: a) O referente do pronome “o” é (toda cultura) determinar de al-gum modo os papéis dos homens e das mulheres.

b) As passagens que apresentam a referida contradição são as seguintes: (1) “Nos Tchambuli, por sua vez, pescadores lacustres e amantes das artes, havia uma inversão das atitudes sexuais: a mulher seria o parceiro dirigente, dominador e im-pessoal, e o homem, menos responsável e emocionalmente de-pendente.”; (2) “Essa conclusão seria reforçada pela inversão da posição de dominância entre os sexos no terceiro povo estuda-do.”

27) Gab: E

28) Gab: Nas falas de Henriqueta (“Não terá esse gostinho. Pode ler, não faça cerimônia.”) e Jeremias (“Não preciso da sua permissão.”), as formas verbais e os pronomes estão na terceira pessoa do singular. Assim, marido e esposa deixam de lado o tratamento de segunda pessoa do singular e passam a empregar a terceira pessoa. Sabe-se que, pela época de produção do texto, a forma “tu” era marca de intimidade entre os interlocutores, tanto que, assim que Henriqueta e Jeremias fazem as pazes, voltam a usar a se-gunda pessoa. Por isso, o emprego da terceira pessoa, justa-mente no ápice da discussão do casal, sugere um aumento de formalidade, que produziria um efeito de distanciamento entre eles.

29) Gab: B 30) Gab: A 31) Gab: D 32) Gab: B

33) Gab: A 34) Gab: A 35) Gab: C 36) Gab: A

37) Gab: D 38) Gab: A 39) Gab: A 40) Gab: E

41) Gab: B 42) Gab: C 43) Gab: C 44) Gab: 13

45) Gab: o Pantanal Pronome relativo; no qual, em que; lugar

46) Gab: B 47) Gab: D 48) Gab: E 49) Gab: E 50) Gab: C