Projeto Pedagógico do Curso de Enfermagem CEUNES-UFES...Instalações e equipamentos do curso de...

273
Processo de Reconhecimento do Curso Universidade Federal do Espírito Santo - UFES 2010 PPC Centro Universitário do Norte do Espírito Santo Projeto Pedagógico do Curso de Enfermagem

Transcript of Projeto Pedagógico do Curso de Enfermagem CEUNES-UFES...Instalações e equipamentos do curso de...

  • Processo de

    Reconhecimento do Curso

    Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

    2010

    PPC

    Centro Universitário do Norte do Espírito Santo Projeto Pedagógico do Curso de

    Enfermagem

  • 2

    Universidade Federal do Espírito Santo - UFES Centro Universitário do Norte do Espírito Santo

    CEUNES Departamento de Ciências da Saúde – DCS

    PROJETO PEDAGÓGICO DO

    CURSO DE ENFERMAGEM

    SÃO MATEUS - ES 2010

  • 3

    Comissão do PPC:

    Profa. Dra. Gladys Amélia Velez Benito – Doutorado em Engenharia de Produção

    Profa. Denise Consuelo Moser – Mestrado em Educação

    Prof. Carlos Fernandes – Mestrado em Enfermagem

    Direção do Centro Universitário do Norte do Espírito Santo - CEUNES

    Diretor: Prof. Renato Pirola. Site: www.ceunes.ufes.br

    Vice-diretor: Prof. Manoel Carlos Barbosa Silva

    Chefia do Departamento de Ciências da Saúde – DCS

    Chefe: Profa. Dra. Simone Mendes Carvalho

    Subchefe: Profa. Débora Barreto Teresa Gradella

    Luciana Nunes Moraes

    Secretária do DCS - Tel.: (27) 3312-1524 - (27) 3312-1524

    E-mail: [email protected]

    Coordenação do Colegiado do Curso:

    Profa. Dra. Gladys Amélia Velez Benito

    Sub-Coordenação do Colegiado do Curso:

    Profa. MSc. Susana Bubach

    Membros do Colegiado do Curso de Enfermagem – CEUNES/UFES

    Profa. MSc. Ana Carolina Melchiors- Curso de Farmácia

    Profa. Dra. Gladys Amélia Velez Benito – Curso de Enfermagem

    Profa. MSc. Marta Pereira Coelho – Curso de Enfermagem

    Profa Dra. Karina Carvalho Mancini - Curso de Biologia

    Profa MSc. Susana Bubach – Curso de Enfermagem

    Ana Paula Velten– Representante Discente

    Responsável pelo Estágio Curricular Supervisionado:

    Profa. MSc. Franciele Marabotti Costa Leite

    Responsável pelas Atividades Complementares:

    Profa. MSc. Luciana de Cássia Nunes Nascimento

    http://www.ceunes.ufes.br/mailto:Débora%20Barreto%20Teresa%20Gradellamailto:[email protected]

  • 4

    APRESENTAÇÃO 1 REFERENCIAIS DO PROJETO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL Visão Missão Valores História 2 REFERENCIAIS DO PROJETO PEDAGÓGICO DO CENTRO E DO CURSO Histórico Missão Metas Valores Princípios Identificação Áreas de atuação Estrutura Objetivos do Curso Perfil do egresso Competências e habilidades Fundamentos teórico-metodológicos do curso Concepção de ensino e educação O saber pedagógico O projeto pedagógico Metodologia da Aprendizagem Fundamentos teóricos das metodologias ativas Avaliação Contexto do curso/Mercado de trabalho Situação atual e futura do mercado 3 ORGANIZAÇÃO CURRICULAR Organização e desenvolvimento curricular Matriz curricular, regime e duração do curso Matriz Curricular ―1‖. Matriz Curricular ―2‖ Alterações curriculares Atividades de Conclusão de Curso Estágio Curricular Supervisionado Regulamento de Estágio Curricular Supervisionado do curso de Enfermagem Atividade Assistencial Regulamento Geral do TCC/Monografia Regulamento das Atividades Complementares Atividades complementares de Ensino Atividades complementares de Pesquisa Atividades complementares de Extensão Estágio Curricular Não-Obrigatório Ementário e referências bibliográficas das disciplinas Pesquisa no curso de Enfermagem Linhas de Pesquisa Projetos de Pesquisa

    file:///E:/Users/angeloni/UNIVALI-PPC-ENFERMAGEM/ArquivosParte2/Item%201%20-%20Referenciais%20do%20Projeto%20Pedagogico.docfile:///E:/Users/angeloni/UNIVALI-PPC-ENFERMAGEM/ArquivosParte2/Item%202%20-%20Referenciais%20do%20Projeto%20Pedagogico.docfile:///E:/Users/angeloni/UNIVALI-PPC-ENFERMAGEM/ArquivosParte2/Item%204%20-%20Organização%20Curricular.docfile:///E:/Users/angeloni/UNIVALI-PPC-ENFERMAGEM/ArquivosParte2/155-CONSUN-CaEn-05-Regulamento%20Geral%20Trabalhos%20TCC.pdf

  • 5

    Projetos de Iniciação Científica/Monografias Extensão Extensão no curso de Enfermagem Projetos de Extensão Eventos 4 CORPO DOCENTE Processo de Estágio Probatório - Docente Perfil acadêmico do Coordenador do Colegiado de Enfermagem

    Corpo docente do Departamento do Centro da Saúde: DCS Corpo docente do Curso de Enfermagem:

    5 CORPO DISCENTE Apoio psicopedagógico Apresentação e Objetivos Programas e Projetos Serviço Social Bolsas Formas de Ingresso 6 ESTRUTURA FÍSICA, MATERIAIS E CONDIÇÕES DE LABORATÓRIOS Instalações e equipamentos do curso de Enfermagem Estrutura física permanente do curso de Enfermagem Locais conveniados para o curso de Enfermagem 7 BIBLIOTECA 8.1 Identificação e caracterização 8.1.1 Missão 8.1.2 Objetivos 8.1.3 Participação em redes 8.1.4 Serviços 8.1.5 Setores 8.1.6 Política de expansão do acervo 8.1.7 Regulamento de uso e empréstimo 8.1.8 Horário de funcionamento 8.1.9 Recursos humanos 8.1.10 Acervo bibliográfico 8.2.1 Acervo de periódicos disponíveis na Biblioteca para o curso de Enfermagem 8.2.2 Acervo de livros disponíveis na Biblioteca Setorial do CCS para o curso Enfermagem 8.2.2.1 Relação de livros disponíveis 8 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXOS.

    file:///E:/Users/angeloni/UNIVALI-PPC-ENFERMAGEM/ArquivosParte2/Item%205%20-%20Corpo%20Docente.docfile:///E:/Users/angeloni/UNIVALI-PPC-ENFERMAGEM/ArquivosParte2/Item%206%20-%20Corpo%20Discente.docfile:///E:/Users/angeloni/UNIVALI-PPC-ENFERMAGEM/ArquivosParte2/Item%207%20-%20Estrutura%20fisica.docfile:///E:/Users/angeloni/UNIVALI-PPC-ENFERMAGEM/ArquivosParte2/Item%208%20-%20Biblioteca.docfile:///E:/Users/angeloni/UNIVALI-PPC-ENFERMAGEM/ArquivosParte2/Relação%20de%20livros%20(Enfermagem%20CCS).xlsfile:///E:/Users/angeloni/UNIVALI-PPC-ENFERMAGEM/ArquivosParte2/Relação%20de%20livros%20(Enfermagem%20CCS).xls

  • 6

    APRESENTAÇÃO

    A educação, ou seja, a prática educativa é um fenômeno social e universal,

    sendo uma atividade humana necessária à existência e funcionamento de todas as

    sociedades. Cada sociedade precisa cuidar da formação dos indivíduos, auxiliarem

    no desenvolvimento de suas capacidades físicas e espirituais, prepará-los para a

    participação ativa e transformadora nas várias instâncias da vida social.

    Não há sociedade sem prática educativa, nem prática educativa sem

    sociedade, mas também o processo de prover os indivíduos dos conhecimentos e

    experiências culturais que os tornam aptos a atuar no meio social e transformá-lo em

    função de necessidades econômicas, sociais e políticas da coletividade (LIBÂNEO,

    2009).

    A prática educativa, portanto, é parte integrante da dinâmica das relações

    sociais, das formas da organização social. Suas finalidades e processos são

    determinados por interesses antagônicos das classes sociais. No trabalho docente,

    sendo manifestação da prática educativa estão presentes interesses de toda ordem,

    sociais, políticos, econômicos e culturais e para Libâneo (2009), na prática educativa,

    nas relações professores-alunos, nos objetivos da educação, no trabalho docente e

    na nossa percepção do aluno, estão carregados de significados sociais que se

    constituem na dinâmica das relações entre classes. Este é fundamental para

    compreender como cada sociedade se produz e se desenvolve como se organiza e

    como encaminha a prática educativa através de seus conflitos e suas contradições.

    Vale ressaltar que os processos educativos são suficientemente complexos

    para que não seja fácil reconhecer todos os fatores que os definem. Estes partem de

    uma estrutura que obedece a múltiplos determinantes, baseados nos parâmetros

    institucionais, organizativos, tradições metodológicas, possibilidades reais dos

    professores, dos meios e condições físicas existentes, valores e hábitos pedagógicos

    (ZABALA 2008).

    Destacamos que na base de todo o processo educativo está o educando, se

    aproximando do objeto a ser aprendido. Uma relação que acontece em mão dupla e

  • 7

    sem prerrogativas na construção de uma práxis emancipatória. Dentro deste quadro

    são delineados os critérios do trabalho educativo e a própria concepção do educando.

    Por isso, estabelecem-se como fundamentos epistemológicos de sua ação educativa.

    O Educando, centro de toda a ação educativa, atua como construtor e

    participante, na qual deve ser o protagonista de sua formação e de sua história, a

    partir das relações e do meio no qual está inserido. A Ação Educativa deve

    desenvolver-se de forma a oportunizar a construção do indivíduo e da coletividade,

    garantindo a individualidade e, ao mesmo tempo, complementando a realização do

    grupo, assegurando as ações voltadas à sociedade em que vive.

    Para Saviani (2007), a universidade se caracteriza pela prática educativa e

    salienta o que Gramsci (1977) afirmou quando ―a respeito da educação, compara de

    maneira figurativa ao folclore, que não pode ser concebido como algo estranho, ou

    um elemento pitoresco, mas algo muito sério e que deve ser levado a sério‖. Eis aí a

    condição sinequanon para tornar o ensino mais eficiente, o que determinará

    realmente o nascimento de uma nova cultura e uma nova sociedade.

    Para tanto, a universidade busca através das ações de ensino, pesquisa e

    extensão reafirmar as relações com a sociedade, entendendo que parte do processo

    educacional se apresenta induzido e motivado por questões relevantes demandadas

    pela sociedade.

    As ações de ensino/pesquisa/extensão desenvolvidas pela Universidade

    Federal do Espírito Santo-UFES, campus CEUNES, contam com a participação de

    professores dos seus cursos e em particular do Curso de Enfermagem, na qual

    buscam envolver de forma efetiva, comunidade, profissionais da área, e

    principalmente os acadêmicos.

    Acreditamos que só um trabalho efetivo e construído a partir de bases sólidas,

    considerando os aspectos filosóficos, culturais, sociais, pedagógicos e metodológicos,

    com o envolvimento de todos os atores, partícipes do processo educacional, pode

    assegurar um ensino e uma prática educativa de qualidade e uma formação que

    assegure as ações profissionais do egresso.

  • 8

    1 REFERENCIAIS DO PROJETO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL

    A Instituição – UFES

    A Universidade Federal do Espírito Santo possui uma área construída de 225.918

    m². Em seus campi circulam cerca de 15 mil alunos de graduação, 1.200 professores

    e 2.200 servidores técnico-administrativos. Sem contar a comunidade externa que

    freqüenta os campi em busca de atendimento médico, odontológico e psicológico;

    assistência jurídica e social; bibliotecas; cinema, teatro, galerias de arte; atividades

    desportivas; cursos de idiomas, entre outros. É a socialização do conhecimento

    produzido na instituição e colocado à disposição da sociedade

    São 74 cursos de graduação, 38 programas de pós-graduação, com 38 cursos em

    nível de mestrado e 12 de doutorado. Além disso, a UFES está integrada ao

    programa Universidade Aberta do Brasil (UAB), e ao Projeto Pró-Licenciatura,

    idealizados e executados pelo Ministério da Educação. Atualmente oferece cinco

    cursos de licenciatura nas áreas de Física, Química, Artes Visuais e Educação Física,

    e bacharelado em Ciências Contábeis, totalizando três mil alunos.

    Ao elencar e construir a sua missão, sua visão e seus valores a Instituição levou

    tudo isso em consideração e tentou colocar no papel o que na prática é uma

    realidade. Senão vejamos:

    Missão

    Gerar avanços científicos, tecnológicos, artísticos e culturais, por meio do

    ensino, da pesquisa e da extensão, produzindo e socializando conhecimento para

    formar cidadãos com capacidade de implementar soluções que promovam o

    desenvolvimento sustentável.

    Visão

    Ser reconhecida como instituição pública multicampi no Espírito Santo, de

    excelência nacional em ensino, pesquisa e extensão, consolidando a sua atuação de

    forma integrada com a sociedade e comprometida com o desenvolvimento

    sustentável.

    file:///E:/Users/angeloni/UNIVALI-PPC-ENFERMAGEM/ArquivosParte2/Item%201%20-%20Referenciais%20do%20Projeto%20Pedagogico.dochttp://portal.ufes.br/glossary/3#term6http://portal.ufes.br/node/23

  • 9

    Valores

    - Comprometimento e zelo com a Instituição.

    - Defesa da Universidade gratuita como bem público.

    - Busca permanente da excelência no ensino, na pesquisa, na extensão e na gestão.

    - Atuação calcada nos princípios da ética, democracia e transparência.

    - Respeito à justiça, à eqüidade social, à liberdade de pensamento e de expressão.

    - Compromisso com o coletivo, a pluralidade, a individualidade e a diversidade étnica

    e cultural.

    - Responsabilidade social e interlocução e parceria com a sociedade.

    - Preservação e valorização da vida.

    História

    A história do ensino superior no Espírito Santo tem inicio na década de 1930 com

    a criação, pela iniciativa privada, de alguns cursos como Odontologia, Direito e

    Educação Física. Durante o governo de Jones dos Santos Neves, (1951-1955) esses

    cursos isolados foram agrupados e nasceu, no dia 5 de maio de 1954, a Universidade

    do Espírito Santo, mantida e administrada pelo governo estadual.

    Alguns anos depois, em 30 de janeiro de 1961, o presidente Juscelino Kubitschek,

    em um ato administrativo, transformou a instituição em uma universidade federal.

    Nascia então a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

    Já no ano seguinte começou a ser pensada a possibilidade de se concentrar todos

    os cursos existentes em um único espaço físico. E o governo federal desapropriou

    uma imensa área ao norte da capital, em Goiabeiras, onde começa a ser erguido o

    principal campus da UFES, com uma área de mais de 1.500 mil m².

    A UFES, pouco a pouco, foi se expandindo geograficamente e criando outras

    possibilidades de acesso ao conhecimento. Na década de 70, ainda na capital, abriu

    outro campus, onde se instalou o atual Centro de Ciências da Saúde (CCS) e o

    Hospital Universitário Antonio Cassiano de Moraes (HUCAM), na região de Maruípe.

    Ao sul do Estado, na cidade de Alegre, instalou-se o atual Centro de Ciências

    Agrárias (CCA), no início dos anos 70. Ao Norte, em São Mateus, foi criado em 2006

    o Centro Universitário Norte do Espírito Santo (CEUNES).

  • 10

    2 REFERENCIAIS DO PROJETO PEDAGÓGICO DO CENTRO E CURSO

    Histórico

    Em 04 de abril de 1990 por meio da Decisão nº. 11/90, o Conselho

    Universitário da UFES aprovou o Plano de Interiorização no Norte do Espírito Santo

    (PINES) criando a Coordenação Universitária Norte do Espírito Santo (a CEUNES),

    em São Mateus, ES com 5 (cinco) cursos de licenciatura: Matemática, Educação

    Física, Letras, Ciências Biológicas e Pedagogia.

    Em 20 de janeiro de 2000, por meio da Resolução nº. 03/2000 do Conselho

    Universitário, a Coordenação Universitária Norte do Espírito Santo foi transformada

    em Pólo Universitário de São Mateus (POLUN) onde atualmente continuam em

    funcionamento os cursos de graduação em Matemática e Educação Física, sob

    responsabilidade acadêmica, respectivamente, dos Centros de Ciências Exatas e de

    Educação Física e Desportos.

    Em 2005, a Resolução nº. 01/2005 dos Conselhos Universitário e de Ensino,

    Pesquisa e Extensão da UFES, aprovou o Plano de Expansão e Consolidação da

    Interiorização da UFES, criando o Centro Universitário Norte do Espírito Santo (o

    CEUNES), como a décima unidade de sua estrutura, com 9 (nove) cursos de

    graduação, a saber: Engenharia de Computação, Engenharia de Petróleo,

    Engenharia de Produção, Engenharia Química, Agronomia, Enfermagem, Ciências

    Biológicas, Farmácia e Matemática, criados pela Resolução nº. 44/2005 do Conselho

    Universitário da UFES.

    Finalmente, de acordo com a Resolução nº.16/2006 do Conselho Universitário

    da UFES, o Pólo Universitário fica subordinado administrativamente ao CEUNES até

    a conclusão das atuais turmas dos cursos de Matemática e de Educação Física,

    sendo extinto após a conclusão.

    Metas

    Construção dos prédios previstos no Projeto Original do CEUNES (ver

    maquete);

    file:///E:/Users/angeloni/UNIVALI-PPC-ENFERMAGEM/ArquivosParte2/Item%202%20-%20Referenciais%20do%20Projeto%20Pedagogico.doc

  • 11

    Construção da infra-estrutura básica do Campus CEUNES;

    Dotar todos os cursos de graduação do CEUNES, criados no projeto original

    de todos os laboratórios básicos;

    Reconhecer todos os cursos de graduação implantados

    Criar pelo menos um Programa de Pós-Graduação (Strictu Sensu);

    Mudar da se provisória para o novo Campus;

    Construir uma proposta de regimento do CEUNES com abrangência até 2010;

    Construir o planejamento estratégico do CEUNES com abrangência até 2010;

    Criar condições que viabilizem, junto ao Governo Federal, a lotação de pessoal

    docente e técnico administrativo em educação, nos termos de nosso projeto,

    necessários a consolidação do CEUNES.

    Valores

    Lema: Trabalho e Competência;

    Cores: Amarelo (BB) e Azul (CEF);

    Logomarca;

    Texto formato Padrão.

    Todo texto oficial do CEUNES deverá estar compilado dentre de uma formatação que

    considere os seguintes elementos: logomarca, brasão da República, brasão da UFES

    no fundo e centralizado na página, letra tahoma de tamanho 12 e endereço completo

    no rodapé.

    Princípios Acadêmicos

    Cada professor trabalhará na orientação de 10 (dez) alunos em projetos de

    iniciação científica de modo que todo aluno do CEUNES após completar as atividades

    do primeiro período do seu currículo esteja nessa condição;

    Cada professor deverá desenvolver o Plano de Ensino das Disciplinas sob sua

    responsabilidade em Ambiente Virtual de Aprendizagem.

    Princípios Administrativos

    Atualização do currículo na plataforma lattes anualmente até o mês de março;

    Adoção de ponto eletrônico diário para servidores técnicos administrativos em

    educação e controle de frequência para os docentes;

  • 12

    Em caso de greve, o ponto dos servidores será encaminhado ao DRH com

    código específico.

    O Curso de Enfermagem - Colegiado

    IDENTIFICAÇÃO

    O Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário Norte do

    Espírito Santo (CEUNES) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES),

    privilegia a formação de enfermeiro com visão generalista, ético-humanista, crítico e

    reflexivo, com capacidade de inserir-se nas principais áreas em que o mercado de

    trabalho de enfermagem se apresenta, estando qualificado para o exercício

    profissional tanto nos aspectos técnico - científico quanto naqueles que se constituem

    a base de sustentação da ética profissional.

    O curso tem duração de 9 semestres (4 anos e meio). A estrutura curricular

    permite a distribuição das disciplinas nas áreas temáticas que norteiam a formação

    do profissional para atender o que contemplam as diretrizes curriculares, no intuito de

    fortalecer a articulação da teoria com a prática, valorizando a pesquisa individual e

    coletiva, assim como os estágios e a participação em atividades de extensão.

    O conteúdo mínimo abrange 4 áreas temáticas: Bases biológicas e sociais da

    enfermagem, Fundamentos da enfermagem, Assistência de enfermagem e

    Administração em enfermagem, complementadas pelo estágio supervisionado.

    ÁREAS DE ATUAÇÃO

    Assistência

    Ensino

    Gerenciamento

    Pesquisa

    Os laboratórios estão estruturados para atender a 25 alunos/turma.

    Laboratório de Microbiologia e Imunologia

  • 13

    Atende as aulas práticas das disciplinas de Genética, Parasitologia, Imunologia,

    Microbiologia, Saúde Coletiva, Microbiologia Clínica, Parasitologia Clínica e

    Imunologia Clínica.

    Laboratório de Bioquímica

    Atende as aulas práticas das disciplinas de Bioquímica.

    Laboratório de Microscopia

    Atende as aulas práticas das disciplinas de Biologia Celular, Histologia e Embriologia,

    Genética, Patologia e Citologia.

    Laboratório de Fisiologia e Farmacologia

    Atende as aulas práticas das disciplinas de Fisiologia Humana e Farmacologia.

    Anatômico

    O Laboratório de Anatomia atende as aulas práticas da disciplina de Anatomia

    humana.

    Coordenador Profa. Adriana Nunes Moraes

    Laboratórios de Enfermagem

    Atende aos conteúdos de semiologia e o de semiotécnica.

    Coordenador Prof. Carlos Roberto Fernandes

    Subcoordenador Profa. Luciana de Cássia Nunes Nascimento

    Laboratório de Informática

    Algumas disciplinas utilizam o Laboratório de Informática para ministrar aulas

    práticas, sejam estas com programas específicos, como acontece com os aplicativos

    de bioquímica, fisiologia humana, patologia, entre outros, ou considerando a

    utilização geral, principalmente no acesso a internet.

    Estrutura

    O Colegiado de Curso de graduação é composto de cinco docentes com

    mandato de dois anos e de um representante estudantil do curso com mandato de um

  • 14

    ano. Dos representantes docentes, três são escolhidos dentre aqueles docentes que

    possuem a mesma formação profissional do curso ou que possui uma formação

    profissional cuja interseção de conteúdos permita seja o mesmo classificado como

    afim ao curso. Os outros dois são escolhidos dentre os docentes cuja formação

    profissional contempla a maior carga horária de conteúdos da parte não

    profissionalizante do curso.

    Principais atribuições

    As atribuições dos colegiados de curso de graduação são definidas conforme

    art. 4º. do Capítulo II da Resolução nº. 11/87 do Conselho de Ensino Pesquisa e

    Extensão da UFES. CAPÍTULO II Das Atribuições do Colegiado de Curso Art. 4°.

    São atribuições do Colegiado de Curso de graduação:

    I - Elaborar e manter atualizado o currículo do curso, com base nos objetivos do

    ensino superior, no perfil do profissional desejado, nas características e necessidades

    regionais da área e do mercado de trabalho.

    II - Coordenar o processo ensino-aprendizagem promovendo a integração docente-

    discente, interdisciplinar e interdepartamental, com vistas à formação profissional

    adequada.

    III - Promover a integração do ciclo básico com o ciclo profissionalizante, em função

    dos objetivos do curso.

    IV - Apreciar a aprovar as ementas das disciplinas constantes do currículo pleno do

    curso e encaminhá-las aos respectivos departamentos, para fins de elaboração de

    programas.

    V - Avaliar o curso em termos do processo ensino-aprendizagem e dos resultados

    obtidas, propondo aos órgãos competentes as alterações que se fizerem

    necessárias.

    VI - Encaminhar aos departamentos relacionados com o curso, a solicitação das

    disciplinas necessárias para o semestre seguinte, especificando inclusive o número

    de vagas, antes que seja feita a oferta de disciplinas.

    VII - Solicitar dos departamentos, para análise no início de cada período letivo, os

    programas aprovados das disciplinas oferecidas para o curso e, no final de cada

    período letivo, relatório especificando a matéria efetivamente lecionada, as avaliações

    e resultados de cada disciplina.

  • 15

    VIII - Propor aos departamentos alterações nos programas das disciplinas.

    IX - Divulgar, antes do período de matrícula, as seguintes informações: a)

    relação de turmas com os respectivos professores; b) número de vagas de cada

    turma; c) horário das aulas e localização das salas.

    X - Decidir sobre transferências, matrículas em novo curso com isenção de

    vestibular, complementação de estudos, reopção de curso, reingresso, autorização

    para matrícula em disciplinas extracurriculares, obedecendo às normas em vigor.

    XI - Relacionar nos processos de transferência, reopção, novo curso e

    complementação de estudos, a disciplinas cujos estudos poderão ser aproveitados e

    os respectivos créditos e carga horária concedidos, ouvidos os representantes dos

    departamentos responsáveis pelas disciplinas ou o próprio departamento, de acordo

    com as normas em vigor.

    XII - Manter em arquivo todas as informações de interesse do curso, inclusive atas de

    suas reuniões, a fim de zelar pelo cumprimento das exigências legais.

    XIII - Apreciar o relatório semestral do coordenador sobre as atividades

    desenvolvidas.

    XIV - Determinar o número necessário de professores para orientação de matrícula e

    solicitar aos diretores de centro a sua designação.

    XV - Apresentar sugestões para soluções de possíveis problemas existentes entre

    docentes e discentes envolvidos com o curso, encaminhando-as ao Departamento

    em que o docente esteja lotado, para as providências cabíveis.

    Objetivos do Curso

    Propiciar uma visão integral da profissão que permita ajustes em decorrência

    das transformações ocorridas no mundo do trabalho;

    Desenvolver uma prática educativa em que professor e aluno sejam sujeitos

    integrantes no processo ensino/aprendizagem;

    Possibilitar integração entre o ensino e prática profissional;

    Integrar ensino-trabalho-comunidade, implicando em uma imediata

    contribuição para esta última;

  • 16

    Proporcionar programas complementares de educação envolvendo atividades

    de monitoria, projetos sociais e culturais de extensão e pesquisa clínica

    científica;

    Desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e recuperação da

    saúde, tanto em nível individual quanto coletivo.

    Perfil do egresso

    Enfermeiro, com formação generalista, humanista, crítica, reflexiva e criativa.

    Profissional qualificado para o exercício de Enfermagem, com base no rigor científico

    e intelectual e pautado em princípios éticos. Capaz de conhecer e intervir sobre os

    problemas/situações de saúde-doença mais prevalentes no perfil epidemiológico

    nacional, com ênfase na sua região de atuação, identificando as dimensões

    biopsicosociais dos seus determinantes. Capacitado a atuar, com senso de

    responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da saúde

    integral do ser humano.

    Segundo as diretrizes curriculares, o perfil do formando egresso/profissional

    baseia-se na formação generalista, humanista, crítica e reflexiva. Para isso, propõe-

    se uma aprendizagem baseada no diagnóstico e resolução de problemas para o setor

    da saúde com integração entre as áreas do ciclo básico e profissionalizante

    requerendo do corpo docente criatividade, competência técnica, humana e política.

    Estas habilidades constituem-se, portanto, num grande desafio, e para vencê-lo faz-

    se necessário diversificar estratégias de ensino-aprendizagem em diversos cenários.

    As mudanças estruturais na área da saúde exigem profissionais que sejam

    capazes de usar conhecimentos científicos e saberes tácitos, razão e emoção,

    racionalidade e utopia para o exercício do cuidar, verbo ―fundante‖ dos profissionais

    de enfermagem, e que saibam utilizar as novas práticas profissionais que lhes são

    exigidas nesse novo cenário (MOSER, apud Kuenzer, 2006).

    A formação do profissional enfermeiro tem sido motivo de preocupação dos

    estudiosos da área ao longo da história da enfermagem brasileira. Tal preocupação

    tornou-se alvo de pronunciamentos dos representantes das entidades de classe em

    eventos e publicações. Também no meio acadêmico, ou seja, no âmbito dos órgãos

  • 17

    formadores, estas inquietações perpassam por discussões entre grupos de docentes

    e discentes dos cursos de graduação e pós-graduação (DANTAS; AGUILAR, 1999;

    GOMES; CASAGRANDE, 2002).

    Nesta formação é preciso considerar a importância de um ensino crítico e

    reflexivo, somente assim o docente terá condições de preparar o enfermeiro para

    atuar na prática buscando soluções de maneira inovadora.

    2.4 Competências e habilidades

    O termo competência deriva do latim competentia, possuindo etimologicamente

    vários significados, entre os quais a qualidade de quem é capaz de apreciar e

    resolver certo assunto, fazer determinada coisa, capacidade, habilidade e aptidão.

    Dessa forma, tem sido empregado indistintamente para relacionar diretamente

    competência ao conceito de qualidade, na qual resulta sério desvirtuamento em seu

    emprego (PINHEL; KURCGANT, 2006).

    Por ser um conceito polissêmico, tanto na esfera do trabalho quanto na da

    educação, competência tem vários significados, entre os quais a qualidade de quem é

    capaz de apreciar e resolver certo assunto, de fazer determinada coisa ou possuir

    uma capacidade, habilidade ou aptidão, ou seja, de maneira geral, a noção de

    competência se apresenta sempre associada à ação. Neste sentido, o conceito da

    competência vem sendo enfaticamente empregado no intuito de associar o

    conhecimento teórico à prática, tendo como centro, o indivíduo capaz de tal

    realização (RAMOS, 2002).

    Para a autora é importante destacar que a noção de competência não é nova,

    mas seu uso tem sido difundido nos discursos sociais e científicos mais

    recentemente, tendo sido apropriado pelo mundo do trabalho, que o relaciona ao

    conceito de qualidade. Por estar relacionado à ação, o conceito de competência deve

    ser avaliado em função de uma determinada situação posta, pois a palavra

    competência é, aliás, bem mais rica do que o uso que dela se faz atualmente, já que

    designa simultaneamente o direito e a capacidade de conhecer. Para conhecer os

    meios de compreender a maneira como as competências se diferenciam, é

  • 18

    necessário considerá-las como produtos de processos e não mais como pontos de

    partida, encarando esses processos como seqüências de habilitações. Será

    competente aquele que está habilitado a tornar-se hábil em um domínio de

    conhecimento.

    Segundo a lógica capitalista, a noção de competência representa apenas uma

    atualização do conceito de qualificação, o conceito representa o rejuvenescimento da

    teoria do capital humano e uma metamorfose do conceito da qualificação na sua

    conotação produtivista, ou seja, voltado para a elevação da exploração do trabalhador

    por parte do capital (PINHEL; KURCGANT, 2006).

    Ramos (2002) salienta que a competência, igualmente pode ser vista como o

    deslocamento conceitual de qualificação para competência. Para tanto, toma a

    qualificação como conceito central na relação trabalho-educação e discute o conceito

    de competência como mais objetivo por ter ordenado, historicamente, as relações

    sociais de trabalho e educativas, frente à materialidade do mundo produtivo. Neste

    sentido, essa centralidade tende a ser ocupada, contemporaneamente, não mais pelo

    conceito de qualificação, mas pela noção de competência que, aos poucos se

    constitui como conceito socialmente concreto. Não obstante, a noção de competência

    não substitui ou supera o conceito de qualificação.

    A autora, referindo-se ao mundo do trabalho, analisa que a dimensão

    conceitual de qualificação remete à formação e ao diploma, frequentemente

    perseguido como interface entre a formação e o emprego, na acepção que este

    garantiria uma qualificação, um status, uma remuneração. Mas, questiona a autora,

    isto garantiria a competência? Segundo ela, o exercício da competência não existe

    sem que haja profundidade dos conhecimentos que possam ser disponibilizados e

    mobilizados pelo sujeito para superar determinada situação. Os conhecimentos e

    saberes não se limitam ao âmbito de sua aplicabilidade, mas, justamente porque

    implicam em um exercício reflexivo, pressupõe-se que o sujeito mobilize um conjunto

    de valores, aprendizagens e habilidades em favor das situações.

    É também possível entender competência como esquemas mentais, ou seja,

    as ações e operações mentais de caráter cognitivo, sócio-afetivo ou psicomotor que,

  • 19

    mobilizadas e associadas aos saberes teóricos ou experiências, geram habilidades,

    ou seja, um saber-fazer.

    Na mesma direção, o documento do Ministério da Educação e Cultura define

    competências como sendo as modalidades estruturais de inteligência, ou melhor, as

    ações e operações que utilizamos para estabelecer relações com e entre objetos,

    situações, fenômenos e pessoas que desejamos conhecer. As habilidades decorrem

    das competências adquiridas e referem-se ao plano imediato do saber-fazer. Por

    meio das ações e operações, as habilidades aperfeiçoam-se e articulam-se,

    possibilitando nova reorganização das competências (BRASIL, 1999).

    No entendimento de Perrenoud (1999), competência agrega (conhecimento,

    habilidade e atitude) e é definido como sendo a faculdade de mobilizar um conjunto

    de recursos cognitivos descritos por saberes, habilidades, informações para

    solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações, ou seja, um conjunto de

    disposições e esquemas que permitem mobilizar os conhecimentos nas várias

    situações no momento certo e com discernimento, entendidas como importantes

    metas de formação.

    A pedagogia das competências como um modelo que surge para assegurar as

    necessidades do mercado sem a preocupação humanística, o torna impróprio ao

    interesse dos trabalhadores. Um dos aspectos criticados é o individualismo em

    detrimento do comprometimento social que esta noção traz para os profissionais

    (KUNZER, 2002; FRIGOTTO, 1999).

    O autor considera a formação por competências um discurso para atender à

    lógica dominante do mercado de exclusão, cujo objetivo é de integrar apenas aqueles

    que adquirirem as habilidades básicas que geram competências reconhecidas no

    mercado. Para o autor a idéia de educação por competências é alienadora. Esse

    conflito com diferentes configurações está presente atualmente e traz uma outra

    concepção de trabalho e um conjunto de habilidades que podem levar a uma natural

    fragmentação dos serviços.

    No entendimento de Ramos (2002) existe a possibilidade de uma pedagogia

    das competências contra-hegemonica e entende que para tanto seria preciso suprimir

  • 20

    exatamente a terminologia competências. Para a autora temos que voltar a questão

    central da ―formação humana sob o modo de produção capitalista: a necessidade de

    uma pedagogia contra-hegemonica, que seja ativa e criadora, construída com base

    em uma profunda e orgânica ligação entre ela e o específico dinamismo social

    objetivo que nela se identifica‖. Esta pedagogia só poderá ser contraída com o

    resgate do ―trabalho como o concreto princípio educativo‖.

    Neste sentido, a adoção das competências na Educação Superior se torna

    delicada, quando se volta para as mudanças que se processam no trabalho e para a

    flexibilidade necessária que se espera do profissional. É importante não deixar de

    privilegiar o conhecimento e o conteúdo do trabalho, observando apenas as atitudes

    em relação ao mesmo, bem como evitar a individualização das ações,

    comprometendo a atuação coletiva (RAMOS, 2002).

    Segundo Perrenoud (2000), especificamente no ambiente da educação,

    competência docente é referida como sendo uma capacidade de agir eficazmente em

    um determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a

    eles possibilitando que o professor ponha em ação e em sinergia, vários recursos

    cognitivos complementares, entre os quais estão os conhecimentos. Ainda segundo o

    autor, é a competência docente que permite ao professor enfrentar um ou mais tipos

    de situações, realizando operações mentais complexas voltadas para a determinação

    e realização de uma ação relativamente adaptada para a situação vivenciada.

    Sob esta ótica, a competência docente está associada não apenas aos

    saberes (conhecimentos) que o professor precisa ter, mas também intimamente

    ligada às capacidades e habilidades que, em situações complexas e principalmente

    em tempo real, permitem eclodir esquemas de pensamento que possibilitem a

    mobilização, a orquestração e a sistematização de recursos pertinentes para a

    aplicação destes saberes. Isto se deve porque o saber dos professores é plural,

    composto e heterogêneo, porque envolvem, no próprio exercício do trabalho,

    conhecimentos e um saber-fazer bastante diverso, proveniente de fontes variáveis e,

    provavelmente, de naturezas diferentes (TARDIF 2003).

    Nesta direção, as esferas governamentais do Brasil procederam, nos últimos

    anos, à reorganização das políticas sociais, especialmente com relação aos sistemas

  • 21

    previdenciário e de saúde pública, ocasião em que a Enfermagem redefiniu suas

    práticas, havendo o deslocamento da intervenção sobre o doente para a atenção ao

    sadio. Assim, nas instituições de ensino, passou-se a discutir a formação do

    enfermeiro generalista, adequado para esse novo modelo de atenção à saúde, com

    característica de simplificação, extensão de cobertura, atividades preventivas e

    ambulatoriais e de integração multidisciplinar e multiprofissional. Esse período deu

    início ao movimento de libertação da produção do saber em enfermagem. Wanda

    Horta, no Brasil, e as teoristas americanas, ainda que de forma incipiente,

    construíram as condições de possibilidade para a emergência de um novo paradigma.

    Na enfermagem em particular, dada a possível vinculação entre competência e

    desempenho técnico e a idéia de adaptação presente nesta noção, é necessário uma

    avaliação criteriosa quando da adoção do modelo por competências, em função da

    história de uma prática já fortemente aderente ao aspecto técnico e com grande

    tendência a adaptar-se facilmente a exigências institucionais e do trabalho.

    Destaca-se que na enfermagem há um discurso corrente denominado de

    ressignificação das competências e é nesse sentido que foram aprovadas as DCNs

    para Educação Superior que, como para as outras áreas de conhecimento foram

    estruturadas tendo como um de seus elementos norteadores, a noção de

    competências. Ramos (2002), após elencar todos os problemas afetos a noção de

    competência diz que ela exige a ressignificação, mas mesmo assim deve ser tomada

    de forma subordinada ao conceito de qualificação como relação social. Para a autora

    seria o esperado cujo foco, além dos aspectos técnico-instrumentais, a humanização

    do cuidado na direção do cliente

    .

    Em direção às estratégias de humanização do cuidado, em 1996, Deluiz

    discute outros tipos de competências, além da competência cognitiva, ou seja, a

    capacidade para reconhecer e definir problemas, equacionar soluções, pensar de

    forma estratégica, agir de modo preventivo, transferir e socializar conhecimentos:

    -competência organizacional ou capacidade para autoplanejamento, auto-

    organização, estabelecimento de métodos próprios, gerenciamento do tempo e do

    espaço de trabalho:

  • 22

    -competência comunicativa ou capacidade para expressar e comunicar com o próprio

    grupo, superiores hierárquicos e subordinados, para cooperar, dialogar, trabalhar em

    equipe, exercer negociação e comunicar-se interpessoalmente;

    -competência social ou capacidade para gerenciar todos os conhecimentos próprios,

    formados por fontes – meios – recursos diferenciados, nas situações várias do mundo

    do trabalho;

    -competência comportamental ou capacidade para cultivar iniciativa, criatividade,

    vontade de aprender, estar aberto às mudanças, ter consciência de qualidade e das

    dimensões éticas do próprio trabalho;

    -competência política ou capacidade do indivíduo para refletir e agir de modo crítico

    na dimensão produtiva, saber de sua posição e função naquela dimensão, seus

    direitos e deveres de trabalhador, participar ativamente nos processos de

    organização do trabalho, ter acesso e domínio das informações sobre as

    modificações produtivas e organizacionais tanto no campo público quanto no campo

    institucional da sociedade civil.

    Talvez a noção mais apropriada de competência seja a de "capacidade de

    articular e mobilizar conhecimentos, habilidades e atitudes, colocando-os em ação

    para resolver problemas e enfrentar situações de imprevisibilidade em uma dada

    situação concreta de trabalho e em um determinado contexto cultural.

    Ao discutirem o conceito de Competência Interpessoal, alguns enfermeiros

    destacam essa mesma noção geral de competência: "capacidade do indivíduo em

    articular e mobilizar conhecimentos, habilidades e atitudes, colocando-os em ação

    para a resolução de problemas e enfrentamento de situações específicas em uma

    dada situação concreta de trabalho e em um determinado contexto sócio-cultural.‖

    A Competência Interpessoal, capaz de promover a "intersecção partilhada

    entre o profissional, o cliente e a organização" exige o desenvolvimento

    interexpressivo de dimensões emocionais, interpessoais, organizacionais e técnicas-

    práticas.

  • 23

    Ainda vale destacar o registro de Witt e Almeida quanto à formação de

    competências técnicas, organizacionais, comunicativas, sociais, subjetivas, de

    cuidado, de serviço, sociopolíticas, éticas; com a mesma significação, Faustino,

    Moraes, Oliveira e Egry, tanto quanto Meyer e Kruse destacam a formação de

    competências cognitivas, comunicativas, comportamentais, sociais, políticas, para o

    trabalho.

    Almeida chama a atenção para o fato de que a expressão competências é

    inadequada porque, na verdade, refere-se a vários níveis ou dimensões articuladas

    de uma única competência: a competência profissional para qual haveria

    competências gerais e específicas.

    No contexto de definição de competências, há que se lembrar: histórica e

    tradicionalmente na área de Enfermagem, reconhece-se a formação e o

    desenvolvimento interconexo de competências habilidades e atitudes, intransponíveis

    para enfermeiros e enfermeiras: há um tempo, competências de Enfermagem era a

    bagagem intelectual (a ciência), habilidades de Enfermagem eram chamadas

    aptidões ou destreza manual (a arte), atitudes de Enfermagem eram o perfil (o ideal).

    Na definição do que sejam competências, inevitavelmente está a questão

    sobre saberes ou conhecimentos; e, nesse sentido, convém relembrar a pesquisa de

    Clermont Gauthier e colaboradores na busca de uma nova Teoria da Pedagogia. Para

    isso, os autores partem do que nomeia Reservatório de Conhecimentos, necessário

    ao professor numa situação concreta de ensino: Saberes Disciplinares (a matéria),

    Saberes Curriculares (o programa de ensino), Saberes das Ciências da Educação,

    Saberes da Tradição Pedagógica (particularmente, quanto ao uso desses saberes),

    Saberes Experienciais (a jurisprudência particular) e os Saberes da Ação Pedagógica

    (o repertório de saberes do ensino ou a jurisprudência pública validada).

    Na interconexão dos vários saberes mencionados está a concepção de ensino

    e dela procede à noção de competência: a capacidade de mobilizar todos aqueles

    saberes, formadores do Reservatório de Conhecimentos: Gauthier12: 18 chamam de

    Reservatório de Conhecimentos os saberes fundamentais para o ensino-

  • 24

    aprendizagem e de Repertório de Conhecimentos os saberes estritos da ação

    pedagógica.

    Na referência de saberes - conhecimentos necessários à Educação, Jacques

    Delors falará nos quatro pilares da educação:i aprender a conhecer, aprender a fazer

    (e aqui explicita a noção de competência desenvolvida a partir da noção anterior de

    qualificação), aprender a viver juntos (outro nome para a competência interpessoal) e

    o aprender a ser.

    No Brasil e seguindo as influências da Pedagógica Política de Paulo Freire,

    Romão revisa os pilares da educação, apresentados no Relatório Delors, e preconiza

    em sua Pedagogia Dialógica quatro "re-aprenderes" para acentuar o pensamento de

    Freire sobre a necessidade se aprendermos a aprender: re-aprender a conhecer, re-

    aprender a fazer; re-aprender a conviver, re-aprender a ser.ii

    Competência para Romão14 sinonimiza a saberes e a re-aprenderes; o autor

    critica o centro do ensino no pensamento de Edgar Morin quanto aos seus sete

    saberes necessários à educação:iii

    1º. Saber – conhecer o que é conhecer. Estes conhecimentos sobre o conhecimento

    evitariam os erros e as ilusões responsáveis pelas cegueiras do conhecimento;

    2º. Saber – conhecer o que é pertinente. A pertinência do conhecimento contraria a

    lógica da fragmentação dos processos de conhecer e exige a capacidade para

    apreender as coisas conhecíveis em sua contextualidade, complexidade,

    mutualidades e interinfluências;

    3º. Saber – ensinar a condição humana. Esse ensino da condição humana reconhece

    a unidade de todas as dimensões humanas: física, biológica, psíquica, cultural, social,

    histórica.

    4º. Saber – ensinar a identidade terrena. A identidade terrena é fundamental para que

    as pessoas se reconheçam unas e solidárias com a terra em que habitam,

    percebendo-se com um destino comum e partilhando os mesmos problemas de vida

    e de morte inerentes à condição humana;

    5º. Saber – enfrentar as incertezas, sobretudo as decorrentes dos saberes das

    ciências físicas, biológicas e históricas;

  • 25

    6º. Saber – ensinar a compreensão, tendo-a por meio e fim da comunicação e das

    relações humanas;

    7º. Saber – ensinar a antropoética, ou seja, a ética do gênero humano capaz de

    formar e de promover o senso de comunidade planetária.

    A partir da contextualização das competências, vale destacar que as profissões

    da área da saúde e mais especificamente a enfermagem, em seu percurso histórico e

    profissional sempre tiveram e ainda tem, um caráter prático em suas ações,

    descolando o pensar do fazer, discussão essa, que perpassa os estudiosos da

    profissão, na busca de compreensão neste fazer historicamente construído. Este

    caráter sempre trouxe o mito da dicotomia na relação entre a teoria e a prática, sendo

    esta desde então, enfrentada pelas escolas de enfermagem e pelos profissionais da

    área, num longo debate entre docentes e assistenciais (MOSER, 2006).

    Para Leopardi (1999), ―há uma ideologia que opera ao nível da sobreposição

    de conceitos e interesses, de modo que prática e teoria não necessitem de nenhuma

    articulação, na aparência‖. A autora entende que há uma supervalorização da prática

    como modelo desejável e exclusivo de realização do trabalho, na qual os profissionais

    movimentam-se em ritmos impostos pelo cotidiano, de modo que atitude e ação

    reflexiva é que assume um caráter alienado, como ação exclusiva de ―teóricos‖. Essa

    é razão da chamada tarefagem, que afasta os profissionais da reflexão sobre o seu

    próprio fazer.

    A autora ressalta que nessa perspectiva basta fazer, não importa para que e

    atendendo a qual interesse, sempre o ato de assistir/ cuidar será bom e deverá ser

    feito. Muitas vezes ocorre certa resistência ao compromisso do saber que gera, sem

    dúvida, compromissos parciais com o fazer.

    Vale destacar que toda prática se articula a uma teoria e supor que a dicotomia

    entre teoria e prática, ou a desvinculação desta relação não altera a essência do

    trabalho e da formação profissional, desencadearia um equívoco ético.

    No entendimento de Cunha (1996) é preciso tornar mais significativo o trabalho

    pedagógico levando docentes e alunos a refletir sobre questões do ensino teórico-

  • 26

    prático, aperfeiçoando as ações ao projeto pedagógico do curso e da própria

    instituição na qual estão inseridos. Destaca a crítica ao paradigma que permeia as

    atividades essenciais da academia e a defesa de um novo paradigma de ensinar e

    aprender que aos poucos vai emergindo das ações concretas de docentes

    comprometidos com a função social.

    A busca do saber em Enfermagem aproxima a prática da enfermagem à

    prática da educação, na medida em que o enfermeiro, na condição de educador,

    utiliza o processo ensino/ aprendizagem em todas as suas ações de cuidado,

    encaradas como sendo aquelas dirigidas não só ao paciente e família, mas também

    aos alunos, à equipe de enfermagem e aos procedimentos técnicos. Dessa forma,

    requer, dos enfermeiros, uma competência reflexiva em busca de uma ação mais

    efetiva (PINHEL; KURCGANT, 2006).

    As autoras apontam, para uma formação profissional pretendida para os

    egressos dos cursos de enfermagem de maneira mais aberta e dialógica e ao mesmo

    tempo crítica; mais flexível e ao mesmo tempo mais rigorosa; solidamente alicerçada

    em conhecimentos e principalmente, fundamentada na ética, voltada para o

    desenvolvimento do raciocínio, da autonomia, da criatividade, da comunicação e da

    capacidade de identificar problemas e buscar alternativas para superá-los.

    Somente assim, o estudante estará construindo suas competências e

    habilidades voltadas para a superação dos conflitos existenciais e éticos, bem como

    para o enfrentamento dos desafios que a convivência social e o mundo do trabalho

    apresentarão, no decorrer de sua trajetória de vida.

    De maneira análoga aos cursos de formação de outras profissões, o corpo

    docente dos cursos de Enfermagem, é constituído, em seu cerne, por profissionais de

    enfermagem, levados, posteriormente à condição de docentes, quando passam a

    enfrentar as situações e realidades pedagógicas sem que tenham tido, em sua

    grande maioria, oportunidades para a construção de competências voltadas para

    esse processo de trabalho (PINHEL; KURCGANT, 2006).

  • 27

    Para as autoras, somente dessa forma, tendo como pano de fundo as novas

    conformações sócio-econômicas e culturais presentes na atualidade, os saberes

    docentes e as competências se articulam neste processo de desenvolvimento

    pessoal e profissional, sendo relevante que esses docentes apreendam o conceito de

    competências em sua maior amplitude, com vistas à melhoria da formação das

    gerações seguintes de profissionais.

    Para tanto, na busca de adequações as diretrizes curriculares nacionais para

    os cursos de graduação em Enfermagem, considerando as discussões apresentadas

    até aqui e entendendo que as competências não podem apenas focar os aspectos

    mercadológicos no processo de formação profissional, o curso de enfermagem do

    CEUNES-UFES, procurou construir competências voltadas a cada período, num

    processo formativo de elaboração e aquisição para as referidas competências,

    conforme se apresenta a seguir:

    • Conhecer o exercício profissional do enfermeiro e suas interpelações, a partir

    do contexto histórico, filosófico, antropológico e psicológico e dos movimentos

    sociais.

    • Conhecer as estruturas anatômicas do corpo humano, não restringindo tais

    conhecimentos às abordagens metodológicas de segmentos e de pedaços do

    corpo, mas enfatizando a interestrutura do corpo como condição e instrumento

    humano para o cuidado e o autocuidado.

    • Conhecer o compromisso ético, humanístico e social do enfermeiro à luz da

    legislação vigente e do código de ética profissional.

    • Conhecer as especificidades da formação superior e o processo de

    investigação cientifica como princípio educativo e instrumento da práxis

    profissional.

    • Conhecer a capacidade funcional do organismo com a interação fisiológica,

    histológica e biológica.

  • 28

    • Identificar indicadores de saúde e valores sociais que interferem no processo

    saúde-doença, relacionando com a práxis da promoção da saúde.

    • Conhecer estudos e/ou outras formas de produção de conhecimento que

    objetivem a integração da prática profissional.

    • Conhecer as políticas de saúde nacionais e os perfis socioepidemiológicos das

    populações;

    • Conhecer as bases teóricas e metodológicas do processo de enfermagem e as

    da pesquisa de enfermagem fundamentadas no exercício profissional

    sistematizado e sistematizador.

    • Compreender e aplicar as bases semiológicas e semiotécnicas para a

    sistematização do cuidado de enfermagem em suas dimensões de promoção

    da saúde e de assistência de enfermagem a indivíduos, famílias, grupos e

    comunidades, em múltiplos e variados cenários de atenção à saúde.

    • Compreender os processos bioquímicos, farmacológicos, microbiológicos e as

    respostas orgânicas nas situações decorrentes do processo saúde-doença.

    • Reconhecer os fatores de risco à saúde, relacionando à promoção e

    recuperação da saúde tanto quanto à prevenção de doenças. .

    • Conhecer os fundamentos educacionais da Gestão em Saúde enfatizando a

    indissociabilidade dos saberes e do trabalho na saúde e na enfermagem ao

    meio ambiente.

    • Compreender a ciência do cuidar/cuidado como instrumento de interpretação

    profissional.

    • Promover ambientes favoráveis à saúde articulados aos estilos de vida

    saudáveis para garantir o viver saudável de indivíduos e de coletividades,

    incluindo as multivariadas dimensões da Bioética e particularmente da Bioética

    latino-americana e da Bioética de Enfermagem.

    • Atuar dentro dos padrões de qualidade e de humanização do ministério da

    saúde, reconhecendo a complexidade de todas as ações de saúde, entre as

  • 29

    quais estão as ações de enfermagem, em suas diferentes densidades

    tecnológicas.

    • Compreender os processos patológicos e parasitológicos na lógica conceitual

    de processo saúde-doença durante o desenvolvimento da pratica assistencial

    da enfermagem

    • Compreender e aplicar as bases teóricas e metodológicas da semiologia e da

    semiotécnica de Enfermagem para cumprimento legal da Sistematização da

    Assistência de Enfermagem decorrente dos fundamentos multidimensões do

    processo saúde-doença.

    • Conhecer a Política de Educação Permanente em Saúde como estratégia

    ministerial de consolidação do Sistema Único de Saúde, considerando as

    necessidades sociais de saúde dos diferentes grupos sociais e dos distintos

    processos de vida, saúde e trabalho.

    • Reconhecer os fatores de risco à saúde, relacionando à promoção, prevenção

    e recuperação da saúde.

    • Conhecer, compreender e aplicar as Políticas de Atenção Integral à Saúde

    Mental, do Adulto, do Idoso, do Homem tendo por eixo as bases legais das

    Normas de Assistência à Saúde (NOAS-2002) e da Sistematização da

    Assistência de Enfermagem.

    • Desenvolver atividades de vigilância na saúde do homem, do adulto, do idoso

    e na saúde mental, contribuindo para o desenvolvimento do exercício da

    cidadania social a partir da atenção às necessidades sociais de saúde dos

    indivíduos e das coletividades em seus diferentes perfis epidemiológico, social,

    demográfico.

    • Identificar as funções administrativas e o planejamento das organizações,

    considerando a avaliação do processo de trabalho do enfermeiro.

    • Elaborar estudos e/ou outras formas de produção de conhecimento que

    objetivem a integração da prática profissional.

    • Compreender e aplicar os saberes de Enfermagem inerente a Sistematização

    da Assistência de Enfermagem nos campos da saúde do adulto, do idoso, do

    homem e na saúde mental, decorrentes do processo saúde-doença.

  • 30

    • Desenvolver a capacidade para a Pesquisa em Saúde segundo as

    necessidades sociais em saúde dos indivíduos e das coletividades nacionais e

    locorregionais.

    • Desenvolver ações promocionais, assistenciais, intersetoriais na saúde do

    adulto, do idoso, do homem e na saúde mental, contribuindo para o

    desenvolvimento do exercício da cidadania social a partir do perfil

    epidemiológico, social e demográfico de indivíduos e de coletividades.

    • Compreender as funções administrativas e o planejamento das organizações,

    considerando a Gestão do Cuidado com ênfase na avaliação do processo de

    trabalho do enfermeiro.

    • Elaborar estudos e/ou outras formas de produção de conhecimento que

    objetivem o desenvolvimento da práxis profissional de Enfermagem.

    • Reconhecer os determinantes e condicionantes sociais na produção dos

    fatores de risco à saúde, relacionando à promoção e recuperação da saúde e

    prevenção de agravos em especial na saúde mental, na saúde do homem e do

    idoso.

    • Adotar e avaliar os saberes inerentes à Sistematização da Assistência de

    Enfermagem, aplicados a saúde do adulto, do idoso, do homem e na saúde

    mental, decorrentes do processo saúde-doença.

    • Desenvolver atividades de vigilância na saúde da mulher, criança e

    adolescente, contribuindo para o desenvolvimento a partir do perfil

    epidemiológico.

    • Desenvolver e avaliar as funções administrativas e o planejamento das

    organizações, considerando a avaliação do processo de trabalho do

    enfermeiro.

    • Elaborar estudos e/ou outras formas de produção de conhecimento que

    objetivem o desenvolvimento da práxis profissional de Enfermagem.

  • 31

    • Avaliar os determinantes e condicionantes sociais na produção dos fatores de

    risco à saúde, relacionando à promoção e recuperação da saúde e prevenção

    de agravos à saúde da mulher, criança e adolescente.

    • Adotar e avaliar os saberes inerentes à Sistematização da Assistência de

    Enfermagem, decorrentes do processo saúde-doença e aplicados à saúde da

    mulher, criança e adolescente.

    • Desenvolver atividades de vigilância na saúde da família, contribuindo para o

    desenvolvimento integral da atenção a partir dos perfis epidemiológico, social e

    demográfico.

    • Planejar e avaliar as funções administrativas e o planejamento das

    organizações, considerando a avaliação do processo de trabalho do

    enfermeiro.

    • Desenvolver trabalho de conclusão de curso, a partir do contexto e do

    conhecimento de enfermagem.

    • Realizar atividades de estagio supervisionado em diferentes contextos das

    organizações de saúde, a partir da pratica e conhecimento aplicado da

    enfermagem voltado para atenção integral à saúde da família.

    • Desenvolver atividades de vigilância na saúde da família, contribuindo para o

    desenvolvimento integral da atenção a partir dos perfis epidemiológico, social e

    demográfico.

    • Planejar e avaliar as funções administrativas e o planejamento das

    organizações, considerando a avaliação do processo de trabalho do

    enfermeiro.

    • Desenvolver trabalho de conclusão de curso, a partir do contexto e do

    conhecimento de enfermagem.

    • Realizar atividades de estagio supervisionado em diferentes contextos das

    organizações de saúde, a partir da pratica e conhecimento aplicado da

    enfermagem voltado para atenção integral à saúde da família.

  • 32

    • Conhecer o processo de investigação cientifica como princípio educativo e

    instrumento da práxis profissional.

    • Desenvolver educação em saúde, educação continuada e formação técnica-

    cientifica que confira qualidade ao exercício profissional.

    • Planejar e gerenciar os serviços de saúde.

    • Presta assistência aos indivíduos no seu ciclo vital, utilizando metodologia

    cientifica.

    • Liderar a equipe tomando decisões, a partir do processo de comunicação e

    negociação de conflitos, visando o enfrentamento de situações em ambientes

    dinâmicos.

    Fundamentos teórico-metodológicos do curso As concepções pedagógicas – Ensino e Educação

    Para Pimenta (2008), para abordar as questões pedagógicas é necessário

    antes falar sobre a educação em sua relação com o mundo cultural e do trabalho.

    Sendo o trabalho que proporciona a existência humana e a educação contribui para

    esta realização. Assim a educação é uma ação eminentemente humana, que

    corresponde tanto ao trabalho material, quanto ao espiritual, na relação de uma

    organização social necessária ao próprio homem. Nesse contexto, Saviani (2000)

    afirma que a educação é uma exigência do e para o processo de trabalho.

    Compreender o ensino é entender que este tem aspectos da teoria e da

    prática, sendo que é uma atividade prática que se propõe dirigir as trocas educativas

    para orientar num sentido determinado, as influências que se exercem sobre as

    novas gerações. O processo de aprendizagem que se estabelece no ambiente de

    sala de aula e envolve alunos e professores, se apresenta de diferentes formas

    devido às interações produzidas tanto na estrutura acadêmica como nos modos de

    relação social que estabelecem (SACRISTÁN; GOMEZ, 2000).

    Para o autor existe uma relação dialética de compreensão e intervenção na

    quais ambas as teoria e prática estimulam-se mutuamente e não podem se separar, o

  • 33

    que denotaria uma fragmentação. O ensino tem sua dimensão historicamente

    apoiada na teoria e na prática. Ninguém duvida que toda intervenção educativa

    necessitemos apoiar-se no conhecimento teórico e prático, no entanto quando

    tentamos estabelecer a relação entre o conhecimento teórico que as disciplinas

    oferecem e o modo de intervir em situações concretas, configurando a prática, esta

    ainda não consegue acontecer de maneira significativa.

    No entendimento de Cunha (1999) é preciso tornar mais significativo o trabalho

    pedagógico levando docentes e alunos a refletir sobre questões do ensino teórico-

    prático, aperfeiçoando as ações ao projeto pedagógico do curso e da própria

    instituição na qual estão inseridos. Destaca a crítica ao paradigma que permeia as

    atividades essenciais da academia e a defesa de um novo paradigma de ensinar e

    aprender que aos poucos vai emergindo das ações concretas de docentes

    comprometidos com a função social.

    Os processos de ensino-aprendizagem na instituição escolar estão no centro

    da investigação e da prática didática. Toda intervenção educativa necessita apoiar-se

    no conhecimento teórico-prático, oferecido em parte pelas disciplinas que investigam

    a natureza dos fenômenos envolvidos nos complexos processos educativos. No

    entanto, o tema torna-se discutível quando nos preocupamos em estabelecer as

    formas de relação entre o conhecimento teórico e especializado que as disciplinas

    oferecem e o modo mais racional de intervir em situações específicas e concretas.

    (GÓMEZ, SACRISTÁN, 2000).

    Vale salientar que é fundamental no processo de aprendizagem o papel do

    professor como mediador do ensino e da aprendizagem, utilizando-se das

    experiências dos alunos, trazendo a realidade para ser confrontada com a

    fundamentação teórica, tornando o aprendizado transformador. A troca de

    experiências e idéias com os docentes levam o aluno a refletir, pois esse aluno

    valoriza o professor que o leva a pensar, descrever a realidade, enfim, tornar-se mais

    crítico e atuante em seu meio. É importante considerar nesse contexto, que o

    professor do ensino superior se depara com duas situações, à necessidade de um

    conhecimento específico em sua área de atuação e com os conhecimentos da prática

    pedagógica (CUNHA, 1999).

  • 34

    A autora discute que a aprendizagem, para a maioria dos autores parte do

    pressuposto de que primeiro o sujeito deve ―adquirir‖ conhecimentos para depois

    poder aplicá-los na prática e em situações específicas. A prática é entendida como

    comprovação da teoria, sendo que seu sucesso depende do grau de aproximação

    com o conhecimento já construído.

    Vale ressaltar, que o processo de aprendizagem apresenta-se

    descontextualizado, no momento em que se pede ao aluno que aprenda coisas

    distintas, de forma diferente e para um propósito também distinto ao que está

    acostumado em sua aprendizagem cotidiana (GÓMEZ; SACRISTÁN, 2000).

    No entanto, numa reflexão mais crítica é possível perceber uma forte

    preocupação por parte de educadores, professores e pesquisadores, envolvidos no

    processo de ensino-aprendizagem, quanto à relação teórico-prática, principalmente

    numa prática reflexiva que deveria conduzir as ações dos professores e suas

    atividades de sala de aula. Porém, muitas questões que antes ficavam escondidas

    nos ambientes de sala de aula, começaram a ser discutidas e abordadas de maneira

    clara, buscando na maioria das vezes caminhos e apontando para soluções na

    tentativa de provocar reflexões no professor (PIMENTA, 2002).

    Para Zabala (2008) é preciso criticidade no processo de ensino e

    aprendizagem, pois ensinar consiste justamente em proporcionar ao aluno

    oportunidades de construção do conhecimento mediante a troca de experiências e da

    aproximação deste com a realidade. O autor entende que o processo de construção

    da aprendizagem se dá nas relações do sujeito, as quais se processam num contexto

    social e institucional. Este, situado e ligado a toda ação - reflexão, construção -

    comunicação, produção – relação, que envolva a aprendizagem como processo de

    mudança-transformação do sujeito e do meio, por intermédio das relações sociais.

    Dentro da situação específica do ensino de enfermagem, a percepção de uma

    lacuna entre a teoria e a prática é firmemente estabelecida. Alguns autores

    argumentam que ela sempre existirá, pois há diferentes tipos de conhecimento

    envolvidos e referem-se à teoria como o conhecimento ―saber que‖ adquirido dos

    livros, e a prática como o conhecimento ―saber como‖ ganho da experiência direta de

    uma situação. Esta dicotomia parece existir porque os conceitos teóricos estão fora

  • 35

    de época, portanto, é sugerido que a teoria de enfermagem necessita ser

    reconceitualizada, de tal forma que teoria e prática se informem e se desenvolva uma

    a partir da outra (ALMEIDA, 1999).

    Porém vale ressaltar, que o processo de ensino é uma atividade de conjunta

    de professores e alunos. Organizado sob a direção do professor, com finalidade de

    prover as condições e meios pelos quais os alunos assimilam ativamente

    conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções.

    O Saber Pedagógico

    É o saber que o professor constrói no cotidiano de seu trabalho e que

    fundamenta sua ação docente, ou seja, é o saber que possibilita ao professor

    interagir com seus alunos, na sala de aula, no contexto da escola onde atua. A prática

    docente é, simultaneamente, expressão desse saber pedagógico construído e fonte

    de seu desenvolvimento (PIMENTA, 2008).

    A autora ressalta ainda que a expressão ―saber pedagógico‖, apresenta-se

    diferenciada de conhecimento pedagógico, entendo o primeiro como um saber

    construído pelo professor no seu cotidiano de trabalho e o segundo elaborado por

    pesquisadores e teóricos da educação. Esta observação destaca-se, por entender

    que o professor é considerado muitas vezes, como um simples executor de tarefas

    educacionais, porém este profissional é alguém que pensa o processo de ensino e

    reflete suas ações como ser histórico, condicionado pelas possibilidades e limitações

    pessoais, profissionais e do contexto que atua.

    E é isto que o professor faz em seu processo de trabalho. Ao defrontar com os

    problemas da sala de aula, que se apresenta de forma complexa, este lança mão dos

    conhecimentos que possui de maneira original e, muitas vezes, criativa, elaborando

    sua própria forma de intervenção na sala de aula.

    Nessa perspectiva, devemos considerar um aspecto efetivo da prática docente

    que se constitui na práxis da ação pedagógica e para tanto Azzi (2008) destaca a

    atividade docente como a expressão do saber pedagógico e este ao mesmo tempo,

  • 36

    fundamento e produto da atividade docente que acontece no contexto escolar, numa

    instituição social e historicamente construída, estamos dizendo que o trabalho

    docente é uma prática social.

    O saber pedagógico exige uma reflexão profunda sobre a educação e o

    ensino, buscando um trabalho sistemático de renovação de todo o processo de

    ensino e aprendizagem. A pedagogia atual aponta para uma educação menos

    centrada no professor e mais no aluno e mais na aprendizagem do que no ensino.

    Nesse contexto inicia as discussões em torno da formação no ensino superior,

    entendida como um processo de transformação do conhecimento em

    comportamentos, serviços e bens significativos para a sociedade.

    Para que o aluno adquira aptidões, o professor parte de um programa de

    aprendizagem, não de informações, que o sujeito da aprendizagem vai exercer. É

    preciso capacitar o sujeito da aprendizagem a utilizar os processos de produção de

    conhecimento científico para aprender constantemente. Para isso, é necessário

    descobrir o acesso às fontes de informação, aprender a observar e perguntar,

    organizar e interpretar os dados comunicar-se com clareza e precisão, lidar com

    sentimentos e emoções tanto pessoais quanto das pessoas com quem trabalha e vive

    (DIRETRIZES PARA O ENSINO DE GRADUAÇÃO, 2000).

    Destaca-se que há um trabalho pedagógico-didático a se efetivar dentro das

    escolas, que se expressa no planejamento do ensino, na formulação dos objetivos, na

    seleção dos conteúdos, no aprimoramento de métodos de ensino, na organização

    escolar, na avaliação. Ao mesmo tempo, o trabalho pedagógico nos ambientes

    acadêmicos requer a sua adequação às condições sociais de origem, às

    características individuais e sócio-culturais e ao nível de rendimento escolar dos

    alunos (LIBÂNEO, 1994).

    Educação e ensino de nível superior significam desenvolvimento de

    qualificação, e, portanto, de aptidões para atuar, de forma abrangente, efetiva, com

    resultados duradouros e de eficácia sistêmica, com dimensões éticas, afetivas,

    políticas e sociais, tanto quanto dimensões técnicas, científicas e culturais. (PUC-PR,

    2000).

  • 37

    Para tanto, as competências técnicas e profissionais, amplamente prestigiadas

    hoje, não têm valor em si mesmas; elas se inscrevem nas dimensões mais amplas

    das competências do homem como sujeito da história. (DIAS SOBRINHO, 2003).

    O início do século XXI traz em si muitas exigências para as instituições de

    ensino superior. Entre elas a exigência para capacitar as pessoas para uma efetiva

    vida em sociedade. Viver com qualidade, aprender a conhecer, aprender a conviver,

    aprender a ser, aprender a aprender, empreendedorismo, empregabilidade, formação

    integral, voltada para o mercado de trabalho, capacitação técnica integrada com

    capacitação política, ética, intelectual, social e profissional que exigem das

    instituições providências para superar os referenciais do passado e elaborar o que

    precisa ser uma efetiva educação superior para o futuro.

    O Projeto Pedagógico

    O Projeto pedagógico é o instrumento balizador para o fazer universitário e, por

    conseqüência, expressa a prática pedagógica das instituições e dos cursos dando

    direção à gestão e às atividades educacionais.

    O Projeto Pedagógico como processo dinâmico, requer de seus articuladores,

    posturas pedagógicas inovadoras, centradas no processo de reconstrução, do

    conhecimento e da leitura do perfil do profissional que se pretende formar, de acordo

    com as necessidades que a sociedade apresenta para o momento sócio-político-

    econômico (VEIGA, 2003).

    O Projeto Pedagógico (PP) não é uma "novidade" instituída pela LDB (Lei

    9394/96), embora sua obrigatoriedade esteja mais explicitada nesta lei e na

    legislação do Conselho Estadual de Educação, com deliberação 07/2000.

    Para Veiga (2003), o termo Projeto Pedagógico, não têm diferenciação naquilo

    que explicita. É um termo usado para designar o mesmo sentido de projetar, de

    lançar, de orientar, de dar direção a uma idéia, a um processo pedagógico intencional

    alicerçado nas reflexões e ações do presente. O PP tem a dupla dimensão de ser

    orientador e condutor do presente e do futuro.

  • 38

    O PP quer do curso ou da Instituição sempre existiu, mas a falta de

    participação coletiva dos professores na sua elaboração e a falta de clareza na

    compreensão da idéia de "projeto" favorecia sua implantação de forma burocrática e

    fragmentada. Por outro lado, a LDB anterior - Lei 5692/68 solicitava apenas o

    cumprimento das orientações provenientes do poder central. Visto da forma como é

    solicitado hoje, o PP é um projeto elaborado de forma participativa e colaborativa,

    originado no seio da coletividade docente, discente e administrativa que dá uma

    identidade à instituição ou ao curso. "É a configuração da singularidade e da

    particularidade da instituição educativa" (Veiga, 2000).

    Essa elaboração exige uma reflexão acerca da concepção e das finalidades da

    educação e sua relação com a sociedade, bem como uma reflexão aprofundada

    sobre o tipo de indivíduo que queremos formar e de mundo que queremos construir

    com nossa contribuição.

    Segundo Veiga (2003), o processo de construção de um PP pode ser

    desenvolvido através da tentativa de responder a várias questões: Qual é a

    concepção de homem e mundo que o PP trabalha? Qual a concepção de sociedade?

    Qual a concepção de educação? Qual a concepção de universidade? Qual a

    concepção de cidadão? Qual a concepção de profissional? Qual a concepção de

    conhecimento? Qual a concepção de currículo? Qual a relação teoria e prática?

    O processo é desenvolvido em espiral, num crescente dinâmico de integração

    entre todas as tentativas de respostas. Como processo, ele está em contínua

    construção, avaliação, reelaboração. O PP é mais do que a necessidade de

    responder a uma solicitação formal. É a reflexão e a contínua expressão de nossas

    idéias sobre a educação superior, sobre a universidade e sua função social, sobre o

    curso, sobre o ensino, sobre a pesquisa e sua relação com o ensino, sobre a

    extensão e sua relação com o currículo, sobre a relação teoria e prática (VEIGA,

    2003).

    Assim, o PP é construído no contexto de uma realidade complexa e sua

    estruturação revela as características das inter-relações existentes na instituição, nos

    cursos e entre cursos, no sistema educacional superior e no contexto social do qual

  • 39

    faz parte. As possibilidades e os limites do PP passam por questões do contexto

    externo e da natureza interna da instituição.

    Para Anastasiou (2004) pensar o PP de uma instituição e/ou de um curso é

    pensar a construção de sua identidade o que implica numa análise coletiva tanto da

    sua história, quanto das direções intencionais que serão assumidas em função das

    definições tomadas pelo PP. A Deliberação 07/2000 do Conselho Estadual de

    Educação dispõe sobre a autorização para funcionamento e reconhecimento de

    cursos e habilitações, oferecidos por Instituição de Ensino Superior.

    De acordo com o disposto no art. 4º, o Projeto Pedagógico de curso deve

    conter: perfil do profissional a ser formado; objetivos Gerais e Específicos do curso;

    descrição do Currículo Pleno oferecido, com ementário das disciplinas/atividades (o

    currículo deve explicitar a adequação da organização; pedagógica ao perfil

    profissional definido); bibliografia básica; número de vagas iniciais e turno de

    funcionamento; relação dos docentes e especificação da composição por níveis (Nº e

    % de Doutores, Mestre); acervo da Biblioteca (livros e periódicos especializados)

    apresentação das instalações, equipamentos, laboratórios (no caso de

    reconhecimento, podem ser citadas apenas as alterações e/ou ampliações feitas nas

    estruturas (ANASTASIOU, 2004).

    A construção do PP pelos cursos e pela universidade concretiza a condição de

    autonomia pedagógica dada pela LDB que, no seu art. 53, incisos I,II,III e IV, dão

    competência à universidade para fixar seus currículos, organizar seus programas,

    estabelecer os conteúdos programáticos de suas atividades/disciplinas, ainda que

    observadas diretrizes gerais pertinentes. Com isso foi eliminada a obrigatoriedade do

    currículo mínimo e a rigidez na estruturação dos cursos, o que leva a uma

    necessidade de rever a forma de entender e organizar currículos, conceber

    conhecimento e desenvolver o ensino e a aprendizagem.

    Além da autonomia para planejar a graduação, a LDB aponta para um mais

    amplo entendimento da responsabilidade da universidade na formação do estudante.

    No art. 43, inciso I a lei estabelece que a educação superior tenha por finalidade

    "estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do

  • 40

    pensamento reflexivo‖. O inciso II aborda a participação do indivíduo no

    desenvolvimento da sociedade brasileira e a sua formação contínua. Já o inciso III

    preconiza que o incentivo ao trabalho de pesquisa e investigação científica

    desenvolva ―o entendimento do homem e do meio em que vive". A amplitude da idéia

    de formação universitária continua no inciso VI quando estabelece ser a finalidade da

    educação superior "estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em

    particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e

    estabelecer com esta uma relação de reciprocidade" (VEIGA, 2003). Todas estas

    ênfases apontam para uma profunda modificação na estruturação dos novos Projetos

    Pedagógicos.

    O projeto pedagógico, na esteira da inovação emancipatória, enfatiza mais o

    processo de construção. É a configuração da singularidade e da particularidade da

    instituição educativa. A importância do projeto reside no seu poder articulador,

    evitando que as diferentes atividades se anulem ou enfraqueçam a unidade da

    instituição. Inovação e projeto pedagógico estão articulados, integrando o processo

    com o produto porque o resultado final não é só um processo consolidado de

    inovação metodológica no interior de um projeto pedagógico construído, desenvolvido

    e avaliado coletivamente, mas é um produto inovador que provocará também rupturas

    epistemológicas. Não podemos separar processo de produto (BORBA, 2001).

    Sob esta ótica, o projeto é um meio de engajamento coletivo para integrar

    ações dispersas, criar sinergias no sentido de buscar soluções alternativas para

    diferentes momentos do trabalho pedagógico-administrativo, desenvolver o

    sentimento de pertença, mobilizar os protagonistas para a explicitação de objetivos

    comuns definindo o norte das ações a serem desencadeadas, fortalecer a construção

    de uma coerência comum, mas indispensável, para que a ação coletiva produza seus

    efeitos (COSTA & MADEIRA 1997).

    Os autores consideram alguns elementos conceituais do projeto pedagógico:

    a) o projeto diz respeito à concepção de escolas socialmente determinadas e

    referidas ao campo educativo;

  • 41

    b) na fase de reflexão é que a instituição define e assume uma identidade que

    se expressa por meio do projeto;

    c) o projeto serve de referente à ação de todos os agentes que intervêm no ato

    educativo;

    d) o desenvolvimento do projeto implica a existência de um conjunto de

    condições, sem as quais ele poderá estar condenado a tornarem-se apenas mais um

    "formulário administrativo";

    e) a participação só poderá ser assegurada se o projeto perseguir os objetivos

    dos atores e grupos envolvidos no ato educativo, em sua globalidade.

    O projeto pedagógico dá o norte, o rumo, a direção; "Ele possibilita que as

    potencialidades sejam equacionadas, deslegitimando as formas instituídas" (Veiga,

    2000, p. 192). Sob esta ótica, o projeto pedagógico apresenta algumas características

    fundamentais:

    a) É um movimento de luta em prol da democratização da escola que não

    esconde as dificuldades e os pessimismos da realidade educacional, mas não se

    deixa levar por esta, procurando enfrentar o futuro com esperança em busca de

    novas possibilidades e novos compromissos. É um movimento constante para

    orientar a reflexão e ação da escola.

    b) Está voltado para a inclusão a fim de atender a diversidade de alunos, sejam

    quais for sua procedência social, necessidades e expectativas educacionais projetam-

    se em uma utopia cheia de incertezas ao comprometer-se com os desafios do

    tratamento das desigualdades educacionais e do êxito e fracasso escolar.

    c) Por ser coletivo e integrador, o projeto, quando elaborado, executado e

    avaliado, requer o desenvolvimento de um clima de confiança que favoreça o diálogo,

    a cooperação, a negociação e o direito das pessoas de intervirem na tomada de

    decisões que afetam a vida da instituição educativa e de comprometerem-se com a

    ação. O projeto não é apenas perpassado por sentimentos, emoções e valores. Um

    processo de construção coletiva fundada no princípio da gestão democrática reúne

    diferentes vozes, dando margem para a construção da hegemonia da vontade

    comum. A gestão democrática nada tem a ver com a proposta burocrática,

  • 42

    fragmentada e excludente; ao contrário, a construção coletiva do projeto político-

    pedagógico inovador procura ultrapassar as práticas sociais alicerçadas na exclusão,

    na discriminação, que inviabilizam a construção histórico-social dos sujeitos.

    d) Há um vínculo muito estreito entre autonomia e projeto político-pedagógico.

    A autonomia possui o sentido sociopolítico e está voltada para o delineamento da

    identidade institucional. A identidade representa a substância de uma nova

    organização do trabalho pedagógico. A autonomia anula a dependência e assegura a

    definição de critérios para a vida escolar e acadêmica. Autonomia e gestão

    democrática fazem parte da especificidade do processo pedagógico.

    e) A legitimidade de um projeto político-pedagógico está estreitamente ligada

    ao grau e ao tipo de participação de todos os envolvidos com o processo educativo, o

    que requer continuidade de ações.

    f) Configura unicidade e coerência ao processo educativo, deixa claro que a

    preocupação com o trabalh