Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis - Frutas Desidratadas

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Oportunidade De Investimento Em Frutas Desidratadas E Uva Passa NoS ValeS Do São Francisco E DO Parnaíba PROJETO INTEGRADO DE NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS CADEIA PRODUTIVA DE FRUTAS SECAS / DESIDRATADAS

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Frutas desidratadas

Transcript of Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis - Frutas Desidratadas

PROJETO INTEGRADO DE NEGCIOS SUSTENTVEIS

CADEIA PRODUTIVA DE FRUTAS SECAS / DESIDRATADAS

Oportunidade De Investimento Em Frutas Desidratadas E Uva Passa NoS ValeS Do So Francisco E DO Parnaba

2008

Centro de Conhecimento em Agronegcios - PENSA

PROJETO INTEGRADO DE NEGCIOS SUSTENTVEIS PINS

CADEIA PRODUTIVA DE FRUTAS SECAS / DESIDRATADAS: OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO EM FRUTAS DESIDRATADAS E UVA PASSA NOS VALES DO SO FRANCISCO E DO PARNABA

CODEVASF, Braslia, DF2008PRESIDENTE DA REPBLICA Luiz Incio Lula da Silva

MINISTRO DA INTEGRAO NACIONALGeddel Vieira Lima

Presidente da CODEVASFOrlando Cezar da Costa Castro

Diretor da rea de Desenvolvimento Integrado e Infra-EstruturaClementino de Souza Coelho

Diretor da rea de Gesto dos Empreendimentos de IrrigaoRaimundo Deusdar Filho

Diretor da rea de Revitalizao das Bacias HidrogrficasJonas Paulo de Oliveira Neres

338.1 Centro de Conhecimento em Agronegcios (PENSA)C389p Projeto integrado de negcios sustentveis PINS: cadeia produtiva de frutas secas/desidratadas/ Centro de Conhecimento em Agronegcios (PENSA).- Braslia, DF: CODEVASF, 2008.36 p. : il. ; 30cm

1. Economia agrcola. 2. Frutas. 3. Agronegcio. I. Ttulo.

CDU - 338.1CDU - 634.1

Equipe Tcnica Responsvel

CODEVASF

Diretor da rea de Desenvolvimento Integrado e Infra-EstruturaClementino de Souza Coelho

Assistente Executivo - Desenvolvimento Integrado e Infra-estrutura Alvane Ribeiro Soares Primeiro Secretrio - Desenvolvimento Integrado e Infra-estrutura Guilherme Gomes

PENSA

CoordenadorProf. Dr. Marcos Fava Neves

Gestor Executivo do ProjetoLuciano Thom e Castro

Gestor Executivo do ProjetoRicardo Messias Rossi

Assistente Executivo do ProjetoVinicius Mazza da Silva

Assistente Executivo do ProjetoMarina Darahem Mafud

Equipe Tcnica:

Pesquisador ResponsvelEduardo Eugnio SpersColaboradorGabriela Fernandes Begiato

Resumo Executivo

A cadeia agroindustrial de frutas secas vem apresentando profundas mudanas no mercado brasileiro. Esse tipo de produto se encaixa em um de nicho de mercado em crescimento e consolidao, adequado a um perfil de consumidor que busca produtos com maior valor agregado, quando comparado s frutas compradas in natura, apresentando vantagens como convenincia no consumo, aproveitamento integral do produto e maior tempo de conservao. As frutas secas tambm apresentam vantagens aos produtores, uma vez que proporciona a adio de valor ao produto, eliminao e melhor aproveitamento das perdas em pocas de safra, uso de frutas fora do padro de exportao, alm da obteno de preos constantes ao longo do ano. O mercado desses alimentos cresceu, graas ao tomate seco, e vem ganhando fora de mercado agora com as frutas tropicais brasileiras, como mamo, banana, abacaxi, caqui, ma, manga, demonstrando que a desidratao um mercado com grande potencial e muito pouco explorado empresarialmente no Brasil. A conservao, por meio da desidratao, tem se apresentado como uma boa alternativa para preservar as qualidades intrnsecas das frutas e evitar o uso de aditivos qumicos, indo ao encontro das preferncias atuais dos consumidores. As cadeias de processamento de frutas secas so complexas e requerem conhecimento aprofundado da matria prima utilizada e do produto final. O Brasil est iniciando essa atividade de secagem em larga escala, por isso a disponibilidade de dados econmicos e tcnicos muito limitado. Porm, com esse estudo, foi possvel verificar as vantagens da secagem e desidratao de frutas, alm de ser uma necessidade do mercado brasileiro, uma vez que grandes empresas processadoras de alimentos necessitam de frutas secas como insumos de produo. A perspectiva de crescimento para este mercado grande e, para que o pequeno empresrio da rea continue na atividade de forma mais competitiva, necessrio que invista na melhoria da qualidade e padronizao de seus produtos. A secagem solar de uvas tambm tem demonstrado vantagens, uma vez que exige pouca mo-de-obra, no requer muito preparo, no apresenta gastos com energia eltrica j que a fruta seca ao sol, alm de apresentar mercado muito amplo, pois no h produo da mesma no Brasil. Apesar das dificuldades apresentadas, o mercado de frutas secas encontra-se em grande expanso, graas ao interesse e envolvimento de todos os membros participantes da cadeia produtiva. Instituies de pesquisa tm se empenhado para promover novas tecnologias de desidratao, as redes atacadistas e varejistas apresentam grande interesse nesse tipo de produto, os produtores vem no produto uma chance de garantir a venda de toda a sua produo e os consumidores so atrados pelas vantagens e benefcios do consumo.

Sumrio 1. O PENSA e a CODEVASF102. Caractersticas e Competitividade dos Vales do So Francisco e Parnaba113. Casos de Empresas da Regio144. Anlise do SAG e Atratividade do Vale do So Francisco e Parnaba164.1 Sistema Agroindustrial da Fruta desidratada164.1.1 Produo Rural184.1.2 Insumos destinados ao processamento184.1.3 Indstria de Desidratao194.1.4 Setor de distribuio194.2 Secagem solar de uvas204.2.1 Indstria de Beneficiamento214.2.2 Setor de distribuio das uvas passas224.3 Mercado224.4 Atratividade do VSF para a Cadeia de Frutas Desidratadas e Uva Passa244.4.1 Benchmarking255. Oportunidade de Investimento265.1 Modelos de Negcio Proposto265.1.1 Modelo 1 Produtor do Nordeste265.1.2 Modelo 2 Cooperativismo265.1.3 Modelo 3 Produtores de uva275.2 Anlises para a Sustentabilidade Econmica275.2.1 Agroindstria de Desidratao de frutas285.2.2 Secagem solar de uvas346. Concluso36

1. O PENSA e a CODEVASF

A CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do So Francisco e do Parnaba) um rgo pblico, vinculado ao Ministrio da Integrao Nacional do governo brasileiro, que visa o desenvolvimento da regio Nordeste por meio da Agricultura Irrigada. A CODEVASF atua nos Estados de Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco e Sergipe, perfazendo 640.000 km do Vale, nas regies do mdio, submdio e baixo So Francisco. De acordo com a Lei n 9.954, de 6 de janeiro de 2000, a CODEVASF passou a atuar tambm, no vale do rio Parnaba, numa rea de 340.000 km, abrangendo os Estados do Maranho e Piau.

O PENSA (Centro de Conhecimentos em Agronegcios da USP) uma organizao que integra professores e pesquisadores dos departamentos de Economia e Administrao da FEA-USP (So Paulo e Ribeiro Preto). Sua finalidade promover estudos sobre o agronegcio brasileiro.

O PENSA foi convidado a estudar a viabilidade de implementao de sistemas agroindustriais completos na rea de atuao da CODEVASF. O estudo foi realizado para abacaxi, apicultura, aves, banana, bioenergia, caprinos e ovinos, frutas secas, laranja, limo, piscicultura e vegetais semi-processados.

O objetivo do projeto atrair empresas do setor de alimentos e fibras, com forte insero em mercados nacionais e internacionais, para ter nos produtores de permetros pblicos irrigados uma de suas fontes de suprimentos. Para isso, foi estabelecido o Projeto Integrado de Negcios Sustentveis; sendo que no P de Projetos, anlises tcnicas e de viabilidade econmica e financeira so desenvolvidas para empresas candidatas, no I de Integrao, mecanismos privados de contratos e relacionamentos entre agroindstrias e pequenos produtores so sugeridos, no N de Negcios, taxas interessantes de retorno s agroindstrias ncoras so calculadas, bem como a necessria renda interessante ao pequeno produtor familiar e, finalmente, no S de Sustentveis, a sustentabilidade, nas suas vertentes social, ambiental e econmica devem ficar evidentes.

Os objetivos, como colocados pela companhia, so a gerao de emprego e renda, a reduo dos fluxos migratrios dos efeitos econmicos e sociais de secas e inundaes freqentes e, ainda, a preservao dos recursos naturais dos rios So Francisco e Parnaba, visando melhorar a qualidade de vida dos habitantes dessas regies. Para isso, a administrao da CODEVASF regionalizada e dividida em 7 superintendncias, denominadas superintendncias regionais, que atuam no mdio, submdio e baixo So Francisco. No mdio So Francisco, ficam localizadas as superintendncias regionais de Montes Claros (MG) (1 Superintendncia Regional) e a de Bom Jesus da Lapa (BA) (2 Superintendncia Regional). Em Montes Claros, foram instalados arranjos produtivos locais em apicultura, ovinocultura e piscicultura, sendo que o destaque produtivo est no projeto Jaba, com a fruticultura irrigada, principalmente de banana, manga e limo. Em Bom Jesus da Lapa, os projetos de irrigao em destaque so o Baixio do Irec, Barreiras do Norte e do Sul, Estreito e Formoso. Nesses permetros o destaque a fruticultura irrigada por meio do cultivo de banana e manga, bem como a produo de gros em Barreiras do Norte. Alm disso, a regio est desenvolvendo fortemente a aptido para a bioenergia por meio do etanol e do biodiesel.

Na regio do submdio do vale do rio So Francisco, esto localizadas as superintendncias regionais de Petrolina (PE) (3 Superintendncia Regional) e Juazeiro (BA) (6 Superintendncia Regional). A fruticultura irrigada muito desenvolvida nessa regio, com destaque para a manga, uva e coco. J na regio do baixo So Francisco esto as superintendncias regionais de Aracaju (SE) (4 Superintendncia Regional) e Penedo (AL) (5 Superintendncia Regional). Devido s condies de topografia plana, baixa altitude e da abundncia de recursos hdricos, a regio desenvolveu fortemente a rizicultura e est desenvolvendo sua vocao na piscicultura em tanques escavados, produzindo tambaquis e tilpias para o mercado regional. Por fim, na regio do vale do rio Parnaba a CODEVASF atua por meio da superintendncia regional de Teresina (PI) (7 Superintendncia Regional). Nessa regio o foco est no manejo da regio semi-rida, a fim de revigorar fauna e flora e desenvolver a apicultura e a pecuria caprina como atividades econmicas sustentveis. 2. Caractersticas e Competitividade dos Vales do So Francisco e Parnaba

O Vale do So Francisco ocupa uma rea de cerca de 640 mil km2, dos quais 36,8% situam-se em Minas Gerais, 0,7% em Gois e Distrito Federal, e os 62,5% restantes esto nos estados da Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. O Vale do Parnaba est inserido no nordeste brasileiro abrangendo rea total de cerca de 330 mil km, dos quais 75,73% esto no Piau, 19,02% no Maranho, 4,35% no Cear e o restante em rea litigiosa.

Figura 1: Localizao do Vale do So Francisco e Parnaba.Fonte: CODEVASF (2007).

A populao[footnoteRef:1] do Plo de Petrolina e Juazeiro[footnoteRef:2] de aproximadamente 570 mil habitantes, sendo que 68% vivem na zona urbana e 32% na zona rural. Da populao domiciliada, 86% tm acesso energia eltrica[footnoteRef:3], 57% gua encanada e 85% tm coleta de lixo. [1: Censo Demogrfico, 2000.] [2: Devido grande extenso de rea que engloba os Vales do So Francisco e do Parnaba, a regio de Petrolina e Juazeiro foi utilizada como referncia para apresentao de caractersticas de competitividade.] [3: IPEA, 2000]

Tabela 1: Resumo dos dados scio-econmicos.MUNICIPIOUFPOPULAOPIB PER CAPTA (EM R$ 1,00)

PETROLINAPE218.5385.668

LAGOA GRANDEPE19.1375.936

SANTAMARIA DA BOA VISTAPE36.9145.043

OROCPE10.8256.279

JUAZEIROBA174.5674.347

SOBRADINHOBA21.32513.337

CASA NOVABA55.7302.382

CURABA28.8413.196

Fonte: IBGE (2008). Quanto educao, a taxa de alfabetizao de 74%, a expectativa de vida de 65 anos e a mortalidade infantil de 4,9%. Na regio, cerca de 37 mil alunos esto no ensino mdio e 7.000 no ensino superior. O PIB do Plo de Petrolina e Juazeiro de cerca de R$ 3 bilhes, levando a um PIB per capita mdio anual de cerca de R$ 6.500,00.

O Plo de Petrolina e Juazeiro est localizado na latitude 8 S, a uma altitude mdia de 365 metros. O clima o semi-rido, quente e seco, com precipitaes mensais de 44 mm concentradas no primeiro semestre, a insolao de 3.000 horas/ano com 300 dias de sol por ano. Dessa forma a temperatura mdia mensal de 26C, com umidade relativa do ar de 67% e evaporao mdia mensal de 7,5mm.

Os solos do Plo so planos com pequenos declives, com no mnimo 90 cm de profundidade. No projeto Pontal, os solos podem ser Podzlicos ou Latossolos. No projeto Salitre, os solos tm perfis pouco desenvolvidos com o predomnio de Cambissolos e Vertisolos. Alguns solos da regio de Petrolina e Juazeiro tero que contar com a implantao de sistema de drenagem subterrnea, a fim de se evitar que haja encharcamento do solo em perodos de muita chuva, reduzindo os riscos com salinizao de solos irrigados em regies semi-midas e semi-ridas.

A fruticultura no vale do So Francisco tem experimentado, nos ltimos anos, um vertiginoso crescimento. A rea plantada atinge cerca de 100 mil hectares, incluindo as reas privadas e os permetros da CODEVASF, tendo essa atividade apresentado, nos ltimos trs anos, um crescimento mdio de 9 mil hectares ao ano.

Tabela 2: Perfil da produo frutcola no Plo de Petrolina e Juazeiro.CULTURA PERMANENTE

CULTURAPERMANENTEPRODUO(toneladas)REA(hectares)

Manga224.00013.256

Banana186.0609.083

Uva51.5604.363

Coco-da-Baa129.5973.964

Goiaba77.6603.788

Mamo10.459521

Limo793101

Maracuj3.859627

Abacate968

Laranja6010

Fonte: Valexport (2007) e IBGE (2008).

Como referncia, o custo da terra na regio de Petrolina e Juazeiro varia conforme a localizao geogrfica, a qualidade (fertilidade natural) do solo e das condies do lote. Lotes com a terra nua, ou seja, sem investimentos em equipamentos de irrigao e sem culturas instaladas, variam entre R$ 1.000,00 e R$ 10.000,00 / ha. Tabela 3: Dados para Anlise de Investimento na Regio de Petrolina e JuazeiroItemHomem-dia (campo)Terra Nuagua*

ValorR$ 20,00Entre R$ 1.000,00 e R$ 10.000,00/ha.R$ 71,42/ha/ano mais R$ 0,055/m3

Fonte: Elaborado pelo PENSA.*Estimativa. Preo da gua distinto em diferentes projetos.

O custo da gua composto por duas variveis comumente chamadas de k1 e k2, sendo a primeira referente amortizao do investimento pblico em infra-estrutura e a segunda referente ao custo da gua consumido. Para a regio de Petrolina e Juazeiro, segundo a CODEVASF, o custo mdio do k1 foi de R$ 71,42/ha e o k2 (cobrado em R$/ m3) foi de R$ 0,021 (sem pressurizao) e R$ 0,055 (pressurizado).

Entre as opes logsticas, destacam-se as rodovias, os portos martimos e aeroportos. Tambm h opo para transporte ferrovirio e hidrovirio. Para o transporte rodovirio, h rodovias permitindo boa capilaridade. O transporte hidrovirio possibilita o escoamento da produo de gros do oeste baiano at os portos de Petrolina e Juazeiro. A hidrovia liga mais de 1.300 km, desde Pirapora MG at Santa Maria da Boa Vista (PE). Como referncia, o rio So Francisco navegvel por mais 100 km jusante de Petrolina e Juazeiro.

Tabela 4: Custo e distncia do transporte rodovirio partir do Plo de Petrolina e Juazeiro.PORTOSalvadorFortalezaRecifeRio de JaneiroSo Paulo

DISTNCIA (km)5118787211.9282.241

FRETE R$/tConvencional476465160186

Refrigerado567778192223

Fonte: Elaborado pelo PENSA.

No caso do transporte martimo, os maiores portos da regio Nordeste esto localizados em Salvador, Fortaleza, Recife, So Luis e Natal. As distncias so mostradas na tabela a seguir.

Tabela 5: Distncia do plo de Petrolina e Juazeiro aos principais portos nordestinos.PORTOSalvadorPecm (Fortaleza)RecifeSo LuisNatal

DISTNCIA570 km900 km715 km1200 km850 km

Fonte: Elaborado pelo PENSA.

Uma opo a Ferrovia Centro Atlntica, que liga Petrolina ao Porto de Salvador (570 km). H o projeto (PPP) de ligao da Transnordestina a Juazeiro, o que possibilitar o acesso aos portos das cidades de Macei, Recife, Joo Pessoa, Natal, Fortaleza e So Lus, o que descongestionaria o porto de Salvador (estimativa de construo em 1 ano depois de aprovado o projeto).

O Aeroporto Internacional de Petrolina possui uma pista que possibilita a operao de praticamente qualquer avio cargueiro, e devido sua localizao geogrfica, permite vos diretos para os EUA e a EUROPA, barateando o frete. Possui estrutura pronta para receber 100 mil caixas de frutas com ambiente climatizado, entre outras estruturas que possibilitam a exportao de alimentos perecveis.

3. Casos de Empresas da Regio

O objetivo deste tpico apresentar algumas empresas da regio, no intuito de mostrar casos de sucesso presentes nos Vales do So Francisco e Parnaba. Casos de empresas emblemticas da regio auxiliam na anlise da competitividade, mostrando a necessria orientao empresarial de pequenos, mdios e grandes produtores.

Localizada prxima a Petrolina e a Juazeiro, a empresa Suemi Special Fruit um exemplo de produo de frutas e exportao. Tendo sido iniciada como uma empresa com 12 hectares de produo, hoje possui mais de 500 hectares de produo de frutas com exportao para diversos pases e utilizao dos certificados de varejistas europeus e fiscais do USDA. A empresa conta com uma tima estrutura de packing house, empregando diretamente mais de 1000 empregados, e utiliza sua prpria marca no mercado internacional. Seus diferenciais tm sido o controle de qualidade e a capacidade de gesto comercial internacional. A empresa Amacoco se instalou na regio de Petrolina com o objetivo de aproveitar a produo local de coco para gua de coco. Hoje, compra cocos de diversos produtores independentes em cerca de 800 hectares e tambm investiu em reas prprias de produo. O grande desafio dessa empresa tem sido a construo de uma rede de fornecimento estvel, j que tem um trabalho excelente de escoamento de produo e gesto de produtos. A gua de coco tem tido boa aceitao nos segmentos de isotnicos, alm de ter conseguido sucesso em reas de cadeias de servios de alimentao. A capacidade produtiva da unidade em Petrolina de cerca de 70 mil litros de gua de coco ao dia.

A Agrovale uma usina de cana-de-acar para produo de acar, lcool e co-gerao de energia. Sua produo se d em cerca de 20 mil ha, com cerca de 1,5 milhes de toneladas de cana sendo modas por safra. O plantio totalmente irrigado, atingindo produtividades superiores a 110 toneladas por hectare. A produo no semi-rido brasileiro quebra paradigmas pela diferena de manejo em uma produo irrigada. A usina est instalada em um projeto da CODEVASF, denominado Touro, na cidade de Juazeiro na Bahia. Toda sua produo destinada ao abastecimento do prprio estado baiano. A Biofbrica Moscamed atua no sistema integrado de controle da mosca-da-fruta, to importante para a certificao dos exportadores da regio. A Moscamed evoluir para abranger mais atividades de defesa sanitria da regio de Petrolina e Juazeiro, que naturalmente esto isoladas em meio caatinga e poucas vias de acesso, facilitando o controle de movimento de cargas e pessoas e podendo constituir uma importante fonte de vantagem comparativa da regio, nesses tempos de alta preocupao com qualidade dos alimentos, rastreabilidade e certificao.

Uma organizao importante em termos de coordenao do setor a Valexport Associao dos Produtores e Exportadores de Hortifrutigranjeiros e Derivados do Vale do So Francisco. Atualmente, cerca de 50 produtores e exportadores so associados da Valexport, o que representa cerca de 70% da produo e 80% da exportao da produo da regio. O escopo de aes da organizao se d sobre aes de interesse comum em comunicao nacional e internacional, qualidade e eficincia de processos nas cadeias produtivas existentes. Esse fator de suma importncia porque aumenta a possibilidade de aes coordenadas e de inteligncia de mercado.

Uma das organizaes fundamentais para o desenvolvimento do semi-rido brasileiro a Embrapa Semi-rido. Criada em 1975, a Embrapa Semi-rido busca viabilizar solues tecnolgicas, competitivas e sustentveis, para o agronegcio da regio no semi-rido do pas, em benefcio da sociedade. Um dos projetos essenciais da Embrapa a diversificao de culturas necessria regio. Culturas como oliveiras, pssego, citros, cacau, pra entre diversas outras so testadas e adaptadas. A Embrapa hoje uma referncia na regio como centro de pesquisa e apoio para os produtores.

Outro caso de empresa instalada no Vale do So Francisco, que chama a ateno pelo sucesso de mercado e projeo para a regio, a Vinibrasil. Idealizadora do projeto Nova Latitude, Nova Atitude a empresa tem, juntamente com outras vincolas da regio, ajudado a construir a marca do Vale do So Francisco. Originria de Portugal, a empresa testou e desenvolveu variedades na regio, em fazenda prpria com cerca de 200 hectares e projeo de crescimento. Algumas das marcas que o Brasil e o mundo tm conhecido e apreciado so o Rio Sol e a Adega do Brasil.

Uma cooperativa que traz um exemplo emblemtico de insero do pequeno produtor no agronegcio, a Pindorama, localizada na regio do Baixo So Francisco, na cidade de Coruripe (AL). O modelo idealizado por Berthlet, um franco-suo que em 1956 trouxe-o com a misso de assentar famlias em lotes no modelo de colonato, com a produo voltada para o sistema da cooperativa inserida exclusivamente na produo de acar e lcool, derivados de coco, maracuj e acerola, alm da pecuria leiteira. O modelo especial no sentido de permitir a incluso sustentvel de pequenos produtores, e notvel por conseguir isso com a cultura de cana-de-acar.

4. Anlise do SAG e Atratividade do Vale do So Francisco e Parnaba

4.1 Sistema Agroindustrial da Fruta desidratada

A cadeia agroindustrial de frutas secas vem apresentando profundas mudanas no mercado brasileiro, pois um produto que se encaixa em um de nicho de mercado em crescimento. As frutas secas apresentam alto valor agregado quando comparado s frutas compradas in natura, possuindo vantagens como a convenincia e aproveitamento integral do produto. As frutas secas tambm apresentam vantagens aos produtores, uma vez que proporciona a adio de valor ao produto, possibilitando a eliminao de perdas em pocas de safra e o uso de frutas fora do padro de exportao.

Esse formato de comercializao das frutas bastante difundido em pases desenvolvidos, porm no Brasil, com a alta demanda de frutas frescas e a ausncia de cadeias agroindustriais estruturadas, o consumo ainda baixo. Acredita-se que a principal resistncia compra desses produtos seja o preo relativamente superior ao produto in natura, e a baixa presena do produto nos pontos de venda.

A Figura 2 apresenta a estruturao da cadeia produtiva das frutas secas e os agentes que interferem no processo. Neste sistema, importante destacar a importncia dada ao consumidor final como agente dinamizador da cadeia de produo. A estrutura da cadeia parte do principio de que o processo de desenvolvimento econmico de um produto apresenta, cada vez mais, interdependncia entre outros segmentos produtivos da economia. Sendo assim, a agroindstria no pode mais ser abordada de maneira indissociada dos outros agentes responsveis pelas atividades de produo de insumos, transformao, distribuio e consumo de alimentos e matrias primas.

Figura 2: Agentes do SAG da fruta seca.Indstria de Desidratao

SupermercadosMercados municipais

Insumos industriaisExportaes

BancosAssistncia Tcnica

Produo RuralAgrotxicosIrrigaoAssistncia TcnicaAssistncia Tcnica

rgos de PesquisaBancosConsumidorEmbalagensSementesFertilizantesMquinasT1T2T3T4T5T6

Fonte: Elaborado pelo PENSA.

A legenda da figura 2 encontra-se a seguir:

T1 Aquisio da matria prima (frutas) pelas indstrias processadoras. A aquisio de matria-prima do Vale do So Francisco apresenta muitos benefcios, como variedade de frutas, preo baixo e sazonalidades.

T2 Aquisio de equipamentos, mquinas e embalagens pela indstria processadora. Os equipamentos desempenham um papel crucial na qualidade do produto final e nos gastos da empresa com energia. As embalagens, alm de garantirem maior durabilidade e conservao do produto, atuam como fator relevante quanto percepo do produto e deciso do consumidor.

T3 Por meio do contato com os engenheiros do ITAL, foi possvel avaliar que dentre todos os insumos e assistncias necessrias para se montar uma indstria, o ponto principal para atrair investidores so os bancos de financiamento, que desempenham papel crucial para a abertura de agroindstrias de pequeno e mdio porte. Esses financiamentos (crdito fornecido pelo Governo) prestam apoio financeiro a programas e projetos, alavancando setores da agroindstria, proporcionando maneiras viveis e atrativas de pagamento. Eles podem financiar, emprestar, equalizar taxas de juros, subvencionar e dar aval aos produtores do estado, auxiliar na aquisio de mquinas e equipamentos, alm de obras civis para construo de agroindstrias.

T4 Supermercados, mercados, empresas varejistas que vendem produtos e servios aos consumidores. O varejo pode ser definido como o agente que disponibiliza a venda e a exposio do produto ao consumidor.

T5 As indstrias, os grandes varejos e as instituies so modelos de venda por atacado que a agroindstria de frutas secas pode atuar. A principal posio do atacado fornecer o produto ao varejo e s indstrias de servios de alimentao.

T6 O consumidor pode adquirir as frutas secas como snacks, em embalagens individuais, a granel, em mercados municipais, ou como insumo de um produto industrial como bolos, panettones, bolachas.

Atualmente, a cadeia agroindustrial das frutas secas vista como uma ordenao de organizaes, recursos, leis e instituies, envolvendo a aquisio de insumos, produo de matria-prima, processamento e distribuio do produto final, formada pelos seguintes setores, citados a seguir.

4.1.1 Produo Rural

Engloba a produo agrcola das frutas, os insumos e instituies envolvidas no setor. Os servios de apoio produo de matria-prima esto relacionados infra-estrutura de crditos, pesquisa e insumos destinados produo como sementes, mudas frutferas, defensivos, fertilizantes. Um importante sistema de apoio produo rural a assistncia tcnica, uma vez que esta atua promovendo a produo de matrias primas de qualidade. A qualidade da matria-prima est diretamente relacionada ao desempenho dos processos industriais, essenciais para a obteno de rendimentos satisfatrios, alm da qualidade do produto final. Neste contexto, o conhecimento e a associao dos parmetros que avaliam a qualidade, assim como os reflexos provocados durante o processamento industrial, tornam-se fundamentais especialmente nas reas onde a atividade agrcola competitiva.

4.1.2 Insumos destinados ao processamento

Os insumos destinados ao processamento das frutas secas referem-se principalmente aos equipamentos e s embalagens do produto final. Embora a parte de seleo, descascamento e corte, ou seja, a maior parte das operaes, seja manual, crucial que os equipamentos utilizados sejam de empresas confiveis, pois a qualidade da fruta seca muito influenciada pela padronizao de tamanho e colorao e homogeneizao da secagem. Os equipamentos de secagem podem ser classificados de acordo com o fluxo de carga (contnuo ou intermitente), presso utilizada (atmosfrica ou vcuo), mtodo de aquecimento (direto ou indireto), fornecimento de calor (conveco, conduo, radiao ou dieltrica), sendo que a escolha desses equipamentos est relacionada com a capacidade de produo e o tipo de matria prima a ser processada.

A qualidade de frutas secas e desidratadas se altera com o tempo de estocagem, devido ocorrncia de uma serie de reaes qumicas e enzimticas, mas, quando embaladas, podem apresentar maior perodo de vida-til. Outra vantagem apresentada pelas embalagens a barreira que proporcionam entre o produto e o oxignio, j que quando estes entram em contato promovem a oxidao de vitaminas e pigmentos como o carotenide, levando a descolorao das frutas. As embalagens tambm evitam o ganho de umidade, que resulta em alteraes na textura (amolecimento ou aglomerao), favorecendo as reaes de oxidao, escurecimento enzimtico e, em casos extremos, desenvolvimento microbiolgico.

4.1.3 Indstria de Desidratao

O processamento de desidratao de frutas , resumidamente, a retirada quase total de gua da fruta madura inteira ou em pedaos. As operaes unitrias, utilizadas na desidratao de frutas, incluem as etapas preliminares de processamento, lavagem, saneamento, descascamento, corte, branqueamento e sulfurao, que contribuem para melhorar a apresentao e a qualidade, assim como o sabor e o aroma das frutas, favorecendo a conservao de vitaminas e o aumento da vida til do produto final. necessrio que as condies de temperatura, umidade e corrente de ar sejam controladas rigorosamente, a fim de proporcionar uma qualidade final satisfatria ao produto. O processamento de frutas aplicado a todas as frutas, com algumas consideraes a cada uma delas (seleo e descascamento, principalmente), mas basicamente as etapas de produo so as mesmas, promovendo uma produo variante, de acordo com os produtos da poca (sazonalidade).

importante que a indstria siga rigorosamente as normas da vigilncia sanitria, alm das normas de controle de qualidade da produo como APPCC (Anlise de Perigos e Pontos Crticos de Controle). Alm disso, o rgo da vigilncia sanitria exige a regulamentao na segurana de trabalho para os funcionrios, vistoriando as condies de trabalho, higiene e equipamentos de segurana. O segmento dessas normas proporciona a garantia maior de venda dos produtos para grandes empresas, uma vez que estas apresentam rigorosas exigncias para a compra de insumos, a fim de assegurar a qualidade do seu produto final.

Para indstrias que no apresentam centros de pesquisa prprios, uma boa alternativa a parceria com instituies da rea de processamento de alimentos como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (EMBRAPA) Alimentos, Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL). Essas parcerias asseguram a resoluo de problemas tcnicos que possam ocorrer durante o processamento, alm de assegurar convnios com os laboratrios dessas instituies, a fim de verificar a qualidade microbiolgica do produto processado e da gua utilizada no processo.

4.1.4 Setor de distribuio

As frutas secas apresentam alta variedade de mercado consumidor. Podem ser comercializadas a granel em mercados municipais, em embalagens individuais, em hipermercados e lojas de convenincia, alm de servirem como insumos para a produo de alimentos industrializados. De acordo com as pesquisas realizadas, a comercializao no grande varejo de frutas secas encontra-se concentrada em gndolas nicas, dentro no setor de hortalias e frutas frescas, enquanto que no pequeno varejo, normalmente a comercializao de frutas secas se resume uva passa. A comercializao desses produtos no varejo feita atravs de embalagens individuais (aproximadamente 30g na embalagem), com cores chamativas e apelos do tipo: natural, sem acar, fonte de fibras, saudvel, etc.O mercado atacadista desse tipo de produto realizado atravs da venda direta das frutas secas s indstrias de alimentos, que utilizam essas frutas como insumos na produo de barras de cereais, cereais matinais, bolos, panetones. Outro meio de comercializao por atacado so nos mercados municipais, aonde as frutas secas so comercializadas a granel ou embalagens de 20 kg.

4.2 Secagem solar de uvas

Uma alternativa de investimento seria a secagem solar de uvas, uma vez que essa fruta apresenta uma adaptao melhor a esse tipo de secagem. A produo de uva passa, realizada atravs de um processo de secagem solar da fruta, que, assim como o processo de desidratao, tem como objetivo principal a sua conservao pela reduo da atividade de gua. Para diminuir a resistncia da casca, apressando a secagem, uma etapa opcional pode ser realizada, que consiste na imerso da fruta em soluo de 0,2-0,3% de hidrxido de sdio em ebulio por alguns segundos (caso no faa esta etapa, a secagem se estender por um tempo maior, porem sem nenhum dano de qualidade) e, em seguida, lavagem com gua fria antes da secagem ao sol. A vantagem desse tipo de processamento o baixo custo de produo, uma vez que exige pouca mo de obra, no requer muito manuseio e no apresenta gastos com energia eltrica.

O processamento da uva representa uma forma de aproveitar excedentes de produo, alm de conservar e agregar valor ao produto. A uva passa um produto de processamento simples, conserva-se em condies ambientes, pode ser produzida em escala artesanal e semi-artesanal e no apresenta grandes gastos de investimento inicial e de processamento. O SAG da uva passa pode ser melhor visualizado no esquema da Figura 3.

Secagem solar

SupermercadosMercados municipais

Insumos industriaisExportaes

Produo RuralAgrotxicosIrrigaoAssistncia TcnicaAssistncia Tcnica

rgos de PesquisaBancosConsumidorSementesFertilizantes

BeneficiamentoT1T2T3

Figura 3: SAG da secagem solar de uvas.Fonte: Elaborado pelo PENSA.

T1: A secagem das uvas realizada por exposio solar, sob papel craft, sendo necessrios cuidados com insetos, pedras e baixa insolao. As uvas utilizadas para secagem podem ser aquelas consideradas descartes de exportao e tambm aquelas que se soltaram do engao durante a colheita e o transporte.

T2: O beneficiamento das uvas nada mais do que a remoo dos pednculos, lavagem das bagas, rpida secagem e imerso em leo.

T3: Os canais de venda de uvas secas podem ser a granel, em mercados municipais ou como insumo para indstrias panificadoras, ou em embalagens menores para a venda em supermercados.

4.2.1 Indstria de Beneficiamento

O beneficiamento de uvas secas baseia-se na remoo do pednculo das bagas (manual ou mecanizado), lavagem das bagas a fim de remover sujidades que possam ter entrado em contato durante a exposio ao sol, secagem rpida dessas uvas atravs de centrfugas ou ar quente, visando a no reidratao e por fim a imerso dessas uvas em leo. A utilizao desse leo serve para evitar que as uvas se agrupem durante o armazenamento.

4.2.2 Setor de distribuio das uvas passas

As uvas passas apresentam um grande mercado a ser explorado, uma vez que todo o mercado brasileiro abastecido por produtos importados. A importao anual de uvas passas, de acordo com empresrios, em torno de 5.000 toneladas ao ano, sendo utilizadas principalmente como insumos nas indstrias de panificao.

4.3 Mercado

A mudana dos hbitos alimentares do consumidor mundial decorrente, principalmente, da comprovao dos benefcios que uma alimentao saudvel traz sade e qualidade de vida. Com a insero da mulher cada vez maior no mercado de trabalho, aumenta o nmero de refeies fora de casa e a necessidade de refeies prticas e rpidas em casa (ALVES, 2000). O interesse dos consumidores e dos produtores por esse tipo de produto crescente, e tende a se consolidar a curto prazo, uma vez que as frutas secas proporcionam vantagens ao produtor por adicionar valor ao seu produto, eliminar perdas de safras e obter preos constantes ao longo do ano. Atravs dessa nova demanda por produtos naturais, o consumo mundial de fruta seca sofreu aumento significativo nos ltimos anos, como pode ser visualizado no grfico da figura 4. Observa-se que em 2003 o total mundial exportado foi de 297.227,00 toneladas, e em 2004 o valor subiu para 376.532,00, resultando no aumento de aproximadamente 27% na exportao mundial de frutas secas.

Figura 4: Exportao mundial de frutas secas. 050.000100.000150.000200.000250.000300.000350.000400.00020002001200220032004

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008) com base em FAO (2007).

O Brasil ainda apresenta pequena participao na exportao de frutas secas, mesmo dispondo de uma produo de 38 milhes de toneladas anuais de frutas in natura. O valor mundial exportado de frutas secas em 2004, de acordo com a FAO (Food and Agriculture Organization), estimado em 376.532,00 toneladas, enquanto que a exportao brasileira no ultrapassou 30 toneladas. O principal exportador foi a China, com 8,5% da produo, o equivalente a mais de 31.000 toneladas (Tabela 6), seguida do Afeganisto (3,4%), Espanha (2,9%), Indonsia (2,8), Alemanha (2,4) e ndia (2,3).

Tabela 6. Exportao de frutas desidratadas em toneladas.PasesExportao (t)%

China31.854,008,5

Afeganisto12.686,003,4

Espanha10.994,002,9

Indonsia10.590,002,8

Alemanha8.867,002,4

ndia8.767,002,3

Total376.532,00100

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008) com base em FAO (2007).

A evoluo das exportaes brasileiras em toneladas, segundo dados da FAO de 2000 a 2004 pode ser visualizado no grfico da figura 5. Observa-se que dentre esse perodo, o valor brasileiro de exportao de frutas secas sofreu uma oscilao muito intensa, dando margem para interpretao de que o mercado brasileiro de frutas secas ainda se encontra mal estruturado. 0

10

20

302000200120022003200440

Figura 5: Evoluo das exportaes brasileiras de frutas secas em toneladas. Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008) com base em FAO (2007).

Uma das causas dessa baixa participao brasileira no mercado de frutas secas pode ser oriunda da ausncia de agroindstrias de grande porte que atuam nesse setor, ou seja, o mercado brasileiro ainda abastecido por frutas secas importadas ou por produtos de baixa qualidade produzidos artesanalmente.4.4 Atratividade do VSF para a Cadeia de Frutas Desidratadas e Uva Passa

A anlise da cadeia de frutas secas indica boa atratividade na implantao de empresas do ramo de desidratao no plo do Vale do So Francisco (VSF), j que este apresenta atrativo fiscal, linhas de financiamento, ampla disponibilidade de matrias primas e mo de obra, adequada infra-estrutura, apoio estatal, apoio em pesquisa e potencial de expanso. A produo de frutas secas e desidratadas em escala industrial praticamente inexistente no pas, apresentando grande tendncia de crescimento, j que o produto adequado ao hbito alimentar brasileiro e de muitos pases, e que vm apresentando mudanas considerveis nas ltimas dcadas, principalmente no que se refere a produtos prontos para consumo e com caractersticas saudveis.

O Vale do So Francisco um dos maiores produtores de frutas do pas, proporcionando demanda muito grande de matria-prima durante todo o ano, que favorece o abastecimento de frutas para as indstrias de secagem. Outro ponto interessante a grande variedade de frutas tropicais disponveis, proporcionando variao da produo conforme a sazonalidade de cada fruta, ou seja, utilizam-se as frutas da poca (baixo custo) para desidratar, obtendo-se produtos mais baratos, sem interferir na qualidade.

Um outro ponto, de suma importncia do VSF, a alta taxa de frutas exportadas. Para serem exportadas, as frutas devem passar por uma classificao, aonde muitas acabam sendo descartadas por no apresentarem forma, tamanho, peso e cor dentro do padro estabelecido, porm so frutos de boa qualidade sensorial, podendo ser usados para o processamento de desidratao, reduzindo-se assim possveis perdas. Essas frutas podem vir a ser comercializadas a preos mais baixos para as indstrias de desidratao, resultando em barateamento de custo do produto final. As frutas secas resultam em produtos de alto valor adicionado, proporcionando ganho maior do que a comercializao da fruta in natura. De acordo com os pesquisadores do ITAL, as frutas secas no esto restritas alimentao humana, muitas dessas frutas (principalmente frutas da safra) podem ser comercializadas para uso em artesanatos, por exemplo.

O Brasil ainda no apresenta produo prpria de uvas passas, sendo abastecido pelo Chile, Argentina, Grcia, Califrnia. O consumo de uvas passas no pas muito intenso, uma vez que o Brasil apresenta a maior produo mundial de panetones, ou seja, um dos insumos mais utilizados para sua produo. A falta desse produto no mercado brasileiro influi diretamente na capacidade dessas empresas em produzir o panetones. Um dos problemas na aquisio de frutas secas importadas a grande dependncia de alfndegas, aeroportos, portos, e os possveis transtornos com greves do setor.

Porm, pode-se observar grande concentrao de empresas produtoras de uva, com elevada tecnologia e infra-estrutura, no eixo Petrolina e Juazeiro, caracterizando o local como ideal para a implantao da secagem solar de uvas. Alm dessas grandes empresas, h grande nmero de pequenos produtores compondo o Projeto CODEVASF, que poderiam atuar em cooperativas na produo e secagem das uvas.

O VSF apresenta malha rodoviria adequada para o transporte de equipamentos de um estado para outro, sem maiores transtornos. A implantao de empresas de desidratao proporcionaria aos produtores da regio garantia de venda de sua produo. Esses produtores podem estabelecer contratos com empresas que asseguraro a compra de toda a produo, resultando em garantia de matria-prima para a empresa. Esse elo pode ser fortalecido com subsdios fornecidos por bancos investidores que atuariam no intuito de suprir as necessidades da empresa e do produtor. No estado de So Paulo, vrias empresas de frutas processadas e desidratadas foram instaladas com financiamento especfico, que pode ser tambm proporcionado no VSF. A implantao de empresas de desidratao seria importante para fornecer aos produtores garantia de venda de sua produo. Como as adequaes s normas de qualidade da ANVISA so iguais as do mercado internacional (Codex Alimentarius), o produto pode ser comercializado tanto no mercado interno, quanto no externo, sem nenhuma necessidade de adequao.

4.4.1 Benchmarking

A vantagem de investimento em frutas secas na regio do Vale do So Francisco, comparado com outros estados, com relao aos custos da matria-prima, uma vez que as frutas produzidas no Vale apresentam preo inferior, alta qualidade, alm de a regio apresentar grande diversificao de matrias-primas, possibilitando um mix de produtos secos.Atravs do grfico da figura 6, pode-se perceber que, apesar do preo por tonelada da uva no variar muito entre os estado de So Paulo e Pernambuco, o preo da manga bastante reduzido no Vale.Custo de produo da matria-prima (ton)15201550480352020040060080010001200140016001800SPPEUVAMANGA

Figura 6: Variao de preos das matrias primas (Agrianual, 2007).Fonte: Elaborado pelo PENSA.Outra vantagem encontrada na regio do VSF a grande oferta de uvas sem sementes. Essas uvas so as mais utilizadas para a produo de uvas passas, pois no necessitam passar por processamento de remoo das sementes, diminuindo os custos com o beneficiamento do produto.

5. Oportunidade de InvestimentoPara investimentos na cadeia de frutas secas, o Vale do So Francisco apresenta grandes vantagens competitivas, como o estabelecimento das Parcerias Pblico-Privadas (PPPs), preo da matria prima e intensa captao de energia solar, caso seja essa a fonte de secagem dos frutos. A produo de frutas secas e desidratadas em escala industrial praticamente inexistente no pas, apresentando grande tendncia de crescimento, j que o produto adequado ao hbito alimentar brasileiro e de muitos pases, e vm apresentando mudanas considerveis nas ltimas dcadas, principalmente no que se refere a produtos prontos para consumo e com caractersticas saudveis.

O mtodo utilizado para caracterizar a viabilidade de instalao de uma unidade de produo foi sustentado pela busca de dados secundrios e em contatos com empresas produtoras, tcnicos da rea de desidratao, empresas de insumos, empresas de consultoria na elaborao de plantas industriais, rgos de pesquisa, entre outros.

5.1 Modelos de Negcio Proposto5.1.1 Modelo 1 Produtor do NordesteNesse modelo, foi focado o produtor da regio do VSF que queira diversificar seu mercado e viabilizar uma maneira de aproveitar os frutos descartados para exportao. Por meio da secagem das frutas, esses produtores proporcionariam aumento no rendimento, uma vez que as frutas secas so produtos de alto valor adicionado. A vantagem dos produtores o alto conhecimento que eles apresentam sobre a produo, as frutas e a comercializao.

Vantagens: Conhecimento do mercado local e de exportao; Possibilidade de adicionar valor ao produto; Aproveitamento de frutas fora do padro de exportao (descartes); Aproveitamento do excesso de produo durante a safra; Matria-prima de baixo custo; Mercado demandante do produto;

Desafios: Necessidade de investimento em Know how; Necessidade de investimento na construo de uma agroindstria;

5.1.2 Modelo 2 Cooperativismo

A unio de produtores de diferentes variedades de frutas poderia proporcionar a garantia de venda de matrias-primas para as agroindstrias, ou at mesmo proporcionar aumento na receita desses produtores atravs da secagem das frutas e, conseqentemente, adio de valor ao produto.

Vantagens: Adio de valor ao produto; Conhecimento da regio e da produo de frutas; Aproveitamento do excesso de produo durante a safra; Aproveitamento de frutas fora do padro de exportao (descartes);

Desafios: Necessidade de Capital inicial; Conflito entre os membros da cooperativa; Necessidade de coordenao e gesto;

5.1.3 Modelo 3 Produtores de uvaDevido alta demanda de uvas passas no mercado brasileiro, o modelo foca exatamente a secagem de uva pelos produtores da regio. Segundo dados obtidos atravs de indstria de panificao de So Paulo, atualmente o Brasil consome cerca de 6.000 toneladas de uva passa por ano, sendo que todo o mercado abastecido por produtos importados, j que no h secagem de uvas em escala industrial no pas. O mtodo de secagem relativamente simples, realizado ao sol, sem a necessidade de grandes investimentos, possibilitando que pequenos produtores realizem a secagem e vendam as uvas j secas para uma empresa ncora, que atuaria no beneficiamento do produto. Na secagem, poderiam ser utilizadas uvas consideradas fora do padro de exportao e uvas que se desprenderam do pednculo (engao) durante a colheita e o transporte.

A garantia de compra da produo praticamente certa, uma vez que h grande demanda desse produto por parte de indstrias alimentcias, garantindo a venda da produo da empresa ncora e, consequentemente, garantindo a compra das uvas dos pequenos produtores.

Vantagens: Adio de valor ao produto; Aproveitamento do excesso de produo durante a safra; Ausncia de grandes investimentos iniciais;

Desafios: Necessidade de segmento de normas de secagem; Baixo Know how;

5.2 Anlises para a Sustentabilidade Econmica

5.2.1 Agroindstria de Desidratao de frutas

A empresa ncora, no projeto de desidratao de frutas, teria o papel de comprar as frutas dos pequenos produtores, ser responsvel pela logstica da produo agrcola entre o produtor e a unidade de processamento, ser responsvel por toda a cadeia de processamento e desidratao, alm de ficar responsvel pela entrega da produo aos canais de venda. Na Figura 7, podemos observar o fluxograma de aquisio e produo da fruta seca, bem como os setores envolvidos.

Figura 7: Modelo de Negcio para frutas desidratadas.Frutas prprias (sobras)Frutas obtidas de produtores

ncoraX1X2

Energia

ExportaoVarejoGranelX4X5X6X3FinanciamentoguaFruta Seca

Fonte: Elaborado pelo PENSA.

O texto abaixo segue como exemplo sobre como esperado a relao entre os membros do Modelo de Negcios sugerido para os Vales do So Francisco e Parnaba:

X1: Caso a empresa ncora disponha de produo de frutas, poder ser utilizada uma parte da sua prpria produo, principalmente as frutas descartadas para exportao.

X2: A empresa ncora fica responsvel pela aquisio da matria prima do pequeno produtor. interessante que haja acordos de garantia de fornecimento dessas frutas, para que no ocorra paralisao da produo por falta de matria-prima.

X3: Aps a aquisio da matria-prima, a empresa cuida do processo de seleo, preparao, e secagem das frutas. A empresa pode optar pela secagem solar ou desidratao, sendo que a escolha do processo vai depender do tipo de fruta a ser processada. X4, X5 e X6: A ncora se responsabiliza por toda a logstica de distribuio da fruta seca, sendo que esta pode ser comercializada em diferentes pontos de venda e de diferentes maneiras.

Para iniciar o projeto, a empresa ncora precisa investir na construo de uma rea industrial, cujo tamanho pode variar de acordo com a quantidade de fruta processada ao dia. Para anlise de custos com instalao, aquisio de equipamentos, capital de giro, ir se utilizar um modelo cuja capacidade produtiva de 6.000 kg/dia.

Na Tabela 7 pode-se avaliar o detalhamento da capacidade operacional da fbrica, os dias de funcionamento por ano e a produo anual, resultante de um rendimento estimado em 18%.

Tabela 7: Dados Gerais do InvestimentoCapacidade Operacional da Fbrica: (em quilos/dia)6.000,00

Dias de funcionamento por ano: 300,00

Processamento anual: 1.800.000,00

Produo Anual: 324.000,00

INDICADORES FINANCEIROS

TIR (Taxa Interna de Retorno):22,26%

TRC (Tempo de Retorno do Capital) - anos:3,96

PE (Ponto de Equilbrio):58,27%

Fonte: Elaborado pelo PENSA.

Neste modelo, sero colocadas as premissas de custos, produo, receita, investimentos, entre outros fatores. Primeiramente, a empresa ir investir na construo de uma planta processadora de desidratao. Os detalhes do investimento com a construo podem ser visualizados na Tabela 8.

Tabela 8: Gastos com obras civis. DescrioUnid.Quant. Preo / m2 Valor - R$

Terrenom27.000,005,0035.000,00

Terraplenagemm25.000,000,773.850,00

Construes auxiliaresm2700,00350,00245.000,00

Aproveitamento de resduosm2300,0010,753.225,00

Indstriam23.000,00450,001.350.000,00

SUB-TOTAL1.637.075,00

Estudos e projetos de engenharia%2,0032.741,5032.741,50

Superviso de Construo%3,0049.112,2549.112,25

Total a ser aplicado em Obras Civis1.718.928,75

Fonte: Elaborado pelo PENSA.

Alm dos gastos com a construo, a empresa precisar arcar com a compra de equipamentos para desidratao e outros equipamentos necessrios para montar a planta de processamento das frutas, como pode ser observado na tabela 9.

Tabela 9: Gastos com aquisio e instalao de equipamentos.DESCRIOUD.QUANT.VALOR UNIT. (R$)VALOR (R$)

Esteira de lavagemud.316.600,0049.800,00

Esteira de seleo ud.513.500,0067.500,00

Tanque para sanitizaoud.83.500,0028.000,00

Desidratador industrial ud.5110.000,00550.000,00

Carrinho com bandejasud.102.563,0025.630,00

Botijo de gsud.20369,007.380,00

Embaladora automticaud.258.000,00116.000,00

Balana para 100 kgud.31.926,005.778,00

Balana para 5 kgud.3880,002.640,00

Balana analticaud.31.230,003.690,00

Cortador de frutasud.68.500,0051.000,00

Utenslios (facas)ud.50120,006.000,00

Caixas plticasud.20050,0010.000,00

SUB-TOTAL923.418,00

Fonte: Elaborado pelo PENSA.

O capital de giro inicial, para a empresa, o dinheiro necessrio para iniciar suas atividades, antes que as receitas do negcio possam suprir as necessidades da mesma. No caso de uma agroindstria de processamento de frutas, como pode ser observado na Tabela 10, o capital inicial ser utilizado para aquisio de matria-prima e insumos de produo. Tabela 10: Necessidade de Capital de Giro.NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO

DESCRIOPRAZO (dias)QUANT.VALOR(R$)

Matria-prima principal52.410,9612.054,79

Bens em processo (Envelhecimento)5353,331.766,67

Bens em processo (Repouso)56.166,6230.833,09

Materiais secundrios (insumos)151756,6526.349,75

Produtos acabados em estoque1012.333,23123.332,35

Produo vendida a prazo512.333,2361.666,17

Reserva de caixa301.628,8348.864,96

Desconto bancrio3(12.333,23)(36.999,70)

Total a ser aplicado em CAPITAL DE GIRO267.868,08

Fonte: Elaborado pelo PENSA.

O nmero de funcionrios que ser necessrio para atuar na linha de produo vai variar de acordo com a capacidade produtiva da empresa. No caso de uma produo de 6.000 kg/dia, o nmero estimado de funcionrios pode ser observado na Tabela 11.

Tabela 11: Necessidade de mo de obra.FunoN de PessoasQuant. De Salrios MnimosCusto Mensal por Pessoa (R$)

Gasto com mo de obra fixa da Administrao

Gerente de comercializao153.572,00

Gerente de processos132.143,20

Contador (externo fbrica)11714,40

Mecnico de Manuteno121.428,80

Secretria221.428,80

Faxineiro21714,40

Gasto com mo de obra da Unidade Industrial

Gerente Geral185.715,20

Especializada253.572,00

semi especializada432.143,20

No especializada301714,40

Fonte: Elaborado pelo PENSA.

Os custos variveis so aqueles que variam proporcionalmente produo, no caso da unidade industrial de frutas secas, o custo varivel mais significativo a matria-prima. Pode-se notar na tabela 12 que os custos que mais apresentam destaque o relativo matria prima e energia.

Tabela 12: Custos variveis da empresaINSUMOSUNID.QUANTI.CUSTO UNITRIO (R$)TOTAL (R$)

Matria Prima principal

Goiabakg100.000,000,2020.000,00

Mangakg700.000,000,30210.000,00

Bananakg700.000,000,50350.000,00

Uvakg300.000,001,00300.000,00

Outros ingredientes1.800.000,00--

Sanitizante para frutaskg400,0015,006.000,00

Materiais Secundrios--

Sacos laminados (0,05 Kg)ud2.000.000,000,30600.000,00

Sacos plsticos (20Kg)ud20.000,001,5030.000,00

Insumos--

Material de limpezakg500,0011,005.500,00

Anlises laboratoriaisud.100,0040,954.095,00

Energiakwh20.000,000,142.800,00

guam315.000,001,6424.600,00

Gsud200.000,002,45490.000,00

SUB-TOTAL2.042.995,00

Estimativas Percentuais

Manuteno%2,5029.338,43

Custo financeiro%1,0016.820,75

Diversos%1,0016.820,75

Vendas%5,00221.454,00

ICMS%8,00354.326,40

TOTAL (R$)2.681.755,33

Fonte: Elaborado pelo PENSA.

O planejamento de produo um dado muito importante para que a empresa mantenha uma produo constante e organizada. Atravs do planejamento possvel coordenar o processo produtivo com os demais setores da empresa, alm de proporcionar a utilizao adequada dos recursos, de forma otimizada para atender um plano de vendas.

Tabela 13: Planejamento de produo Rendimento do processo (%):18

Produo anual:324.000,00

Planejamento da produoDestino da Produo (%)Quantidade Unitria (kg)Produo (em peso)Quant. em embalagem

Descrio do produto:

Manga (20Kg)25,0020,00081.000,004.050,00

Banana (20Kg)25,0020,00081.000,004.050,00

Uva (20Kg)20,0020,00064.800,003.240,00

Goiaba (20kg)8,0020,00025.920,001.296,00

Manga (0,05kg)7,000,05022.680,00453.600,00

Banana (0,05kg)7,000,05022.680,00453.600,00

Uva (0,50 Kg)5,000,05016.200,00324.000,00

Goiaba (0,05kg)3,000,0509.720,00194.400,00

TOTAL100,00324.000,00

Fonte: Elaborado pelo PENSA.

crucial que seja estudado e montado um esquema de como o dinheiro ser aplicado durante a elaborao da indstria. A busca por financiamentos, como pode ser observado na Tabela 14, ajuda a diminuir o montante necessrio para o incio da construo e montagem.

Tabela 14: Necessidade de capitalOBRASEQUIPAMENTOSCAPITAL DE GIROTOTAL

Investimento Inicial1.766.178,751.194.879,34267.868,083.228.926,17

Recursos prprios353.235,75238.975,87-592.211,62

Recurso financiado1.412.943,00955.903,47267.868,082.636.714,55

Prestao(22.935,66)(15.516,75)(4.348,18)(42.800,59)

Fonte: Elaborado pelo PENSA.

Atravs dos dados obtidos, foi possvel fazer um levantamento da composio do preo por quilo da fruta seca. Pode-se observar, na tabela 15, que os custos variveis so os mais significativos na composio do preo.

Tabela 15: Composio do CustoCUSTOS TOTAIS DE PRODUO

DESCRICOTOTAL (R$)Preo (R$/kg)

Custos Variveis2.681.755,338,28

Custos fixos1.018.215,093,14

Custo de Produo3.699.970,4311,42

Fonte: Elaborado pelo PENSA.

O principal objetivo do estudo do fluxo de caixa fornecer informaes para a tomada de decises, uma vez que esse estudo considerado um dos principais instrumentos de anlise e avaliao da empresa. A projeo do fluxo de caixa permite, dentre outras anlises, avaliar o Tempo de Retorno de Capital (TRC).

(3.000.000)(2.000.000)(1.000.000)-1.000.0002.000.0003.000.0004.000.0005.000.000ANO 0ANO 1ANO 2

ANO 3ANO 4ANO 5ANO 6ANO 7ANO 8ANO 9

ANO 10Fluxo de Caixa LquidoFluxo de Caixa Acumulado

Figura 8: Fluxo de CaixaFonte: Elaborado pelo PENSA.Foi realizada a anlise de sensibilidade, a fim de avaliar qual fator influencia, com maior intensidade, a taxa interna de retorno (TIR) da indstria. Pode-se constatar que o fator de maior influncia na indstria o preo de venda, pois a cada mudana de preo, a TIR sofreu variao mdia de 16%. Apesar do rendimento do processo ser um fator muito importante, ele se apresentou menos significativo em comparao ao preo de venda, uma vez que a mdia das variaes sofridas pela TIR esto em torno de 7%.

Tabela 16: Anlise de Sensibilidade.TIRRendimento Processo (%)

171819

Preo mdio das matrias primas envolvidas no processo R$/kg+ 10%21,86%29,47%36,74%+ 20%Preo mdio de venda das frutas secas R$/kg

7,36%15,45%22,73%MV

--4,48%- 20%

M27,95%35,29%42,40%+ 20%

14,51%21,89%28,78%MV

-4,44%11,98%- 20%

- 10%35,13%42,34%49,40%+ 20%

21,03%27,99%34,63%MV

4,39%11,97%18,70%- 20%

Fonte: Elaborado pelo PENSA.

Legenda:

M - Corresponde mdia dos preos das frutas utilizadas na indstria de desidratao. Vale ressaltar que os preos dessas matrias primas foram obtidos atravs do custo de produo do Agrianual, ou seja, esto superestimados, uma vez que as matrias primas a serem utilizadas na planta de processamento sero descartes de exportao. Estes valores foram utilizados, pois ainda desconhecido o valor de comercializao dessas matrias-primas de descarte.

+ 10% - Corresponde a 10% a mais que os preos (R$/kg) das matrias primas utilizadas no processamento.

- 10% - Corresponde a 10% a menos que o preo mdio (R$/kg) das matrias primas utilizadas.

Rendimento do Processo - Em uma indstria de desidratao h muitas perdas durante o processamento, como as cascas das frutas, o caroo, alm da gua presente na fruta, que evaporada durante o processo de secagem. Diante dos fatos, o rendimento final muito baixo, porm, utilizamos um cenrio pessimista, j que em livros consultados sobre o assunto, o valor do rendimento em torno de 20%.

MV - Corresponde ao valor mdio de venda de frutas desidratadas encontradas no mercado. Esse valor mdio foi obtido atravs de pesquisas de preo em diferentes pontos de venda.

+20% - Corresponde a aproximadamente 20% a mais que o preo mdio das frutas secas encontradas no mercado.

-20% - Corresponde a aproximadamente 20% a menos que o preo mdio das frutas secas encontradas no mercado.

5.2.2 Secagem solar de uvasA empresa ncora, no projeto de secagem de frutas, teria o papel de comprar as uvas j secas ao sol, dos pequenos produtores, ser responsvel pela logstica da produo agrcola entre o produtor e a unidade de processamento, ser responsvel pelo beneficiamento dessas uvas como: desengao, lavagem, rpida secagem e imerso em leo. A empresa ncora tambm ficaria responsvel pela entrega da produo aos canais de venda. As uvas utilizadas podem ser aquelas consideradas descartes de exportao e tambm aquelas que se soltaram do engao durante a colheita e o transporte.

Pequeno produtor de uvasProduo da prpria ncoraBeneficiamentoT1T2T3VendancoraSecagem solarSecagem solar

Figura 9: Modelo de Negcio para uvas passasFonte: Elaborado pelo PENSA.

O texto abaixo explica a relao entre os membros do Modelo de Negcio de uvas passas, sugerido para o Vale do So Francisco:

T1 O pequeno produtor fica responsvel por todas as etapas de produo das uvas e tambm pelos procedimentos de secagem.

T2 A empresa ncora pode promover a secagem de uvas de produo prpria, principalmente aquelas obtidas por descarte.

T3 - A empresa ncora fica responsvel pela aquisio da uva seca do pequeno produtor. Acordos de garantia de fornecimento pelos produtores e de compra pela empresa ncora so importantes para que no ocorra paralisao da produo, e tambm para assegurar a garantia de renda do produtor. Aps a aquisio das uvas j secas, a empresa cuida dos processos de beneficiamento.

T4 A ncora se responsabiliza por toda a logstica de distribuio e comercializao do produto.

6. Concluso

A produo de frutas secas em permetros irrigados da Codevasf, situados em regies semi-ridas do nordeste brasileiro, vivel sob o ponto de vista tcnico e econmico. A abundante oferta de matria-prima a baixo custo e o aproveitamento das frutas descartadas da exportao so atrativos para a instalao de uma ou mais indstrias deste tipo na regio. A produo da uva passa pode ser realizada ao sol, e as demais frutas, principalmente manga, abacaxi e banana, podem ser processadas em uma indstria com equipamentos de desidratao ou liofilizao. Embora seja um produto novo para a grande maioria dos consumidores, existe grande interesse e potencial de crescimento nos mercados nacional e internacional devido sua praticidade e caractersticas nutricionais.

Referncias Bibliogrficas

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