Projeto de Pesquisa Mestrado2011

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Patrícia Saideles Pires Divulgação Científica em Campo e lavoura e Globo rural: análise comparativa das estratégias comunicacionais e discursivas dos enunciados de ciência dos programas. Projeto de Pesquisa apresentado como requisito parcial para a admissão no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria. Curso: Mestrado em Comunicação Área de Concentração: Comunicação Midiática Linha de Pesquisa: Mídia e estratégias comunicacionais Santa Maria, RS, outubro de 2011 1

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Patrícia Saideles Pires

Divulgação Científica em Campo e lavoura e Globo rural:análise comparativa das estratégias comunicacionais e discursivas

dos enunciados de ciência dos programas.

Projeto de Pesquisa apresentado como requisito parcial para aadmissão no Programa de Pós-Graduação em Comunicação daUniversidade Federal de Santa Maria.Curso: Mestrado em ComunicaçãoÁrea de Concentração: Comunicação MidiáticaLinha de Pesquisa: Mídia e estratégias comunicacionais

Santa Maria, RS, outubro de 2011

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1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

1.1 Instituição:

Universidade Federal de Santa MariaCentro de Ciências Sociais e HumanasDepartamento de Ciências da ComunicaçãoPrograma de Pós-Graduação em ComunicaçãoUFSM - Prédio 21 – Campus Universitário José Mariano da Rocha FilhoSanta Maria – RS – Brasil - CEP: 97.105.900Telefone: (55) 3220-8579

1.2. Título do Projeto: Divulgação Científica em Campo e lavoura e Globo rural:análise comparativa das estratégias comunicacionais e discursivas dos enunciadosde ciência dos programas.

.

1.3. Candidata:Patrícia Saideles PiresAv. Fernando Ferrari, 830/ 301Santa Maria – RS – Brasil – CEP: 97.050-800Telefone: (55) 9973-4935e-mail: [email protected]

1.4. Resumo:Pretende-se investigar as estratégias comunicacionais apresentadas nas matériasde cunho científico nos programas Campo e lavoura e Globo rural da TV abertapara a caracterização do jornalismo científico. Entende-se, este último, comomediador entre o campo da Ciência e a sociedade, uma vez que o seu intuito épromover conhecimento, cultura e cidadania.

1.5. Palavras-chave:Jornalismo científico; estratégias comunicacionais; programa rural; estratégiasdiscursivas.

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2.TEMA

A temática da proposta reside na análise comparativa das estratégias

comunicacionais e discursivas que permeiam as matérias de cunho científico dos

programas de jornalismo rural Campo e lavoura e Globo rural.

 

3. DELIMITAÇÃO DO TEMA

Tematizar o jornalismo científico hoje é entendê-lo como uma das formas de

divulgar e popularizar a ciência. Atuando como um discurso mediador, desmascara

a pseudociência e espalha conhecimento, mostrando ao público os métodos, a

história, seus erros e descobertas. (Alessandra e Jules, 2001, p.14).

O presente projeto propõe analisar as matérias veiculadas nos programas

Campo e lavoura e Globo rural que abordem a temática científica. No recorte aqui

proposto, pretende-se verificar as estratégias comunicacionais e discursivas

utilizadas para efetivar o desafio do jornalismo científico – torná-lo dito e entendido

frente seu público.

Toma-se como base deste trabalho a enunciação da ciência, cujo intuito é

verificar através de seus enunciados (dito e não dito) das notícias o tratamento dado

à ciência, bem como verificar as condições de enunciação e de argumentação, e as

formações discursivas destes enunciados.

Ou seja, se pretende investigar as estratégias comunicacionais e discursivas

presentes nestes enunciados.

 

4. PROBLEMA DE PESQUISA

Com a globalização, a divulgação da ciência e da tecnologia deixou há muitotempo, de ser preocupação exclusiva dos cientistas. E, com isso, ambas ganham

destaque nos meios de comunicação de massa. Tanto que: “Declarar que a ciência,

a tecnologia e a informação se constituem nas mercadorias mais valiosas do mundo

moderno é repetir o óbvio” (Bueno, 2007). Dentre os diversos meios de divulgação,

o de maior destaque é a TV aberta, cujo sinal é de livre acesso para qualquer 

pessoa de forma gratuita. Além disso, ela possui uma infinidade de recursos

sonoros e infográficos,

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A programação da TV aberta é baseada em telejornalismo e dramaturgia - o

primeiro tem o intuito de informar e o segundo de entreter.

Em tal cenário, os telejornais, aqui, rurais, podem ser considerados uma das

principais formas de desmistificação da ciência, pois mescla entretenimento e

informação, suavizando paradigmas e estereótipos que envolvem o discurso

científico.

Assim, o jornalismo científico assume funções de extrema importância frente

à comunidade, pois não só informa sobre avanços científicos e tecnológicos como

também leva conhecimento sobre estes dois temas, desmistificando questões que

às vezes são vistas enquanto fenômenos e, no entanto, são questões científicas e

que interessam à sociedade. Em outras palavras, possibilita uma visão mais clarada realidade.

Outra função do jornalismo científico é em relação à cidadania, uma vez que

os principais avanços tecnológicos e científicos estão distantes da sociedade em

geral. Estes são feitos através de pesquisas realizadas com recursos do Estado, ou

seja, pagas pela sociedade, sendo que esta não tem muitas vezes noção do que é

feito com os seus tributos.

Ainda falando de cidadania, o jornalismo científico também assume o papelde educador, uma vez que grande parte da população pode ser considerada

analfabeta cientificamente. Com isso, ao divulgar a ciência, a comunicação ajuda a

criar uma cultura científica, a qual ajudará no crescimento sócio-econômico-cultural

e político. No momento que divulga e leva o conhecimento à sociedade, proporciona

questionamento, envolvimento e influência de amplos segmentos sociais nas

decisões e ações governamentais ligadas à ciência e tecnologia.

Em vista disso, não se pode esquecer que o jornalismo científico é, acima detudo, jornalismo, e por isso, assim como qualquer categoria do jornalismo, também

se utiliza de estratégias comunicacionais e discursivas.

Cabe, então, questionarmos: quais são as estratégias comunicacionais e

discursivas presentes nas matérias de temas vinculados à ciência que norteiam os

dois principais telejornais rurais da TV aberta: o Campo e lavoura e o Globo rural.

O critério de escolha foi o fato de Campo e lavoura e Globo rural serem

programas de cunho jornalístico voltados para o agronegócio, no qual são

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apresentadas as principais notícias sobre agricultura, pecuária, novidades

tecnológicas e dicas de culinária.

O primeiro foi pioneiro como telejornal rural, em 1975, o qual motivou a Rede

Globo a criar, em 1980, o segundo. São assim as principais fontes de informação e

de difusão de novas tecnologias via mídia, voltadas à população rural.

É em função disso, que como hipótese propõe-se: quais as estratégias

comunicacionais e discursivas presentes no processo de enunciação dessas duas

modalidades de divulgação científica? Eles cumprem o seu papel de divulgadores

científicos, ou seja, desmistificam a ciência e proporcionam o seu entendimento?

5 - OBJETIVOS

5.1. Geral:

- Identificar nas matérias, cuja temática seja a ciência, as estratégias

comunicacionais e discursivas.

5.2. Específicos:

- Analisar as estratégias comunicacionais.

- Quantificar as estratégias presentes

- Comparar a divulgação científica dos programas

- Verificar as marcas destes enunciados.

6 – JUSTIFICATIVA

“ Fazer jornalismo científico é o privilégio de ser porta-voz da fronteira doconhecimento humano.”  Steve Mirsky.

A cada dia que passa, a ciência está mais próxima do leigo e, com isso,

aumenta o analfabetismo científico, como fala Wilson Bueno (2004). As pessoas, de

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um modo geral, assistem aos telejornais, mas não se questionam e nem buscam

entender o que está sendo dito.

Como diz Carl Sagan (1996), é perigoso e temerário que o cidadão médio

continue a ignorar as questões relativas à ciência, mas se achassem divino tudo o

que não compreendem, ora, as coisas divinas não teriam fim. Ou seja, a ciência tem

uma rotulação criada por uma cultura social que vê o cientista como um louco, ou

ainda como “nerd”. Isto torna a ciência distante da sociedade, que não se envolve

com questões ligadas tanto com o seu dia-a-dia quanto com seu futuro.

É visto que a ciência está cada vez mais presente nos meios de

comunicação, e um dos fatores que colabora para esta disseminação é a

globalização, e também o fácil acesso aos medias. Sabe-se que dentre os diversos

meios de comunicação, a televisão é a recordista em termos de acessibilidade, pois

independente do nível sócio-econômico-cultural cerca de 90% da população

brasileira tem TV em casa, sendo que 70% têm da aberta e 30% da paga. E por 

este motivo que se escolheu este meio de comunicação, a TV aberta.

A escolha dos programas se deu justamente pelo seu formato – telejornal

rural, o que possibilita fazer uma análise para verificar quais as estratégias

comunicacionais e discursivas presentes nas matérias sobre a temática da ciência.

Quanto a questão das estratégias comunicacionais e discursivas, afirma-seque, neste trabalho, as estratégias comunicacionais irão envolver a estrutura

apresentada nas matérias, ou seja, recursos infográficos, personagens, imagens,

sons .... Já as estratégias discursivas apresentam-se no interior do texto. São estas

estratégias que vão apontar a temporalização, espacialização, tonalização,

actorialização e figurativização das narrativas. Ou seja, envolvem todos os

aspectos apresentados nas matérias.

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7. MARCO REFERENCIAL TEÓRICO

As estratégias, de um modo geral, são os procedimentos definidos que são

adotados para a obtenção do sucesso no processo comunicativo. Mais

especificamente, pode-se esboçar dois tipos de estratégias: comunicacionais,

discursivas..

As estratégias comunicacionais dão conta do contexto maior, não

obrigatoriamente se encontram no texto. Estas estão vinculadas ao contexto mais

amplo, tais como a escolha do horário de exibição, e a definição do gênero,

subgênero e formato.

Essas estratégias verificam o modo de inserção do programa na grade de

programação, faz um detalhamento de interesses, gostos e valores dos seus

telespectadores. É por intermédio dela que uma emissora dá maiores privilégios a

determinadas temáticas. São elas que apontam os recursos tecnológicos

empregados.

Já as estratégias discursivas apresentam-se no interior do texto. São estas

estratégias que vão apontar a temporalização, espacialização, tonalização,

actorialização e figurativização das narrativas.

“Trata da maneira como os produtos televisivos, que são produtos

discursivos, se estruturam, enformam as linguagens de que se utilizam para

uma expressão, de maneira a construir suas representações e a exprimir os

valores subjacentes às práticas sociais que privilegiam, criando e

manipulando signos e assim produzindo sentidos.” (DUARTE, 2004, p.40)

As estratégias discursivas também são a forma como é tratada a instância da

enunciação e sua produção.

Por trás de todo discurso há um enunciador, uma instancia de enunciação

que deixa suas marcas no que está sendo dito, o enunciado. Diz-se que, por meio

desta enunciação, o enunciador influencia seu(s) enunciatário(s) que dão sentido à

enunciação.

O enunciador é o sujeito comunicante que estrutura seu discurso

empregando estratégias discursivas que dêem conta de sua intenção; já aquele que

recebe a mensagem é o enunciatário.

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Em resumo, a análise de discursos tem interesse em investigar como e

porque o texto diz e mostra.  Os discursos têm assim papel fundamental na

reprodução, manutenção ou transformação das representações que as pessoas

fazem e das relações e identidades com que se definem numa sociedade, pois é

por meio de textos que se travam as batalhas que, no nosso dia-a-dia, levam

participantes de um processo comunicacional a procurar “dar a última palavra, isto

é, a ter reconhecido pelos receptores o aspecto hegemônico do seu discurso.

(PINTO, 2002, P.28).

Todo discurso depende do ato da enunciação e por trás de todo discurso há

um enunciador, qual deixa suas marcas no que está sendo dito, o enunciado. Diz-se

que por meio desta enunciação, o enunciador influencia seu(s) enunciatário(s) que

dão sentido à enunciação.

Lembrando que a enunciação é o ato de produção de um texto, e o produto

cultural produzido é o enunciado, que é o texto materialmente considerado. Dita de

outra maneira, é o lugar da fala – ou seja, as diversas formas de construir a

representação de uma determinada prática social ou área de conhecimento

nomeada pelos sujeitos que aparecem nos textos e que são adotadas ou não pelos

participantes do evento comunicativo em andamento.

De acordo com BENVENISTE (1989, pág. 86), além das formas quecomanda, a enunciação fornece as condições necessárias às grandes funções

sintáticas. Desde o momento em que o enunciador se serve da língua para

influenciar de algum modo o comportamento do enunciatário, ele dispõe para este

fim um aparelho de funções.

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Sendo assim, se pode considerar os enunciados como marcas essenciais e

presenciais de sujeitos humanos, ou seja, o primeiro efeito de um enunciado é

denunciar a sua autoria, quem construiu o discurso, o seu enunciador.

Em outras palavras, o enunciador é o sujeito comunicante que organiza um

texto com estratégias significantes, emitindo uma mensagem, constrói o seu

discurso, o qual possui valores e sentidos próprios dele. Já aquele que recebe a

mensagem é o enunciatário.

Afirma-se, assim, que a enunciação é uma ação mediadora que opera um

discurso, que integra estruturas narrativas e discursivas, com o objetivo de produzir 

um objeto de comunicação e entrar em comunicação de alguém.

Neste trabalho, a enunciação a ser tratada é a da ciência, em função disso,

vale lembrar que a ciência, enquanto campo social possui princípios, regras, leis e

fundamentos e se organiza em comunidades científicas. Estas reúnem

pesquisadores e suas produções em relações de cooperação, disputas, com

linguagens específicas.

“O trabalho científico é um labor onde os homens de ciência fazemuso dos discursos culturais para transformá-los, e logo fazem uso dacultura científica no caso de contextos políticos e culturais exteriores.A ciência de hoje, se aceitamos esse tipo de imagem, éextraordinariamente performativa (...) a ciência do real se convertena ciência que está no real, cada vez menos é uma ciência decomprovações de leis, e sim que é um construir performático.Também a imagem da ciência se constitui hoje por sua

performatividade. As imagens da ciência são imagens inventadas,como é o caso da maior parte dos objetos que nos cercam.’(FABBRI,1995:297:298)

Para o autor, a complexidade do discurso científico não é de toda dizível.

Indo de encontro com as análises de Latour (2000, 421), “Estudamos a ciência em

ação, e não a ciência ou a tecnologia pronta: para isso, ou chegamos antes que

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fatos e máquinas tenham se transformado em caixas-pretas, ou acompanhamos as

controvérsias que as reabrem!”.

Para Latour a ciência se constitui num fazer discursivo-argumentativo

constitutivo da própria rotina de produção que gera. Ou seja, a ciência encontra o

seu lugar social na produção de papers – não descobre os fatos científicos que não

possuem existência a priori  - na sua publicação e na atribuição de autoridade da

enunciação científica.

Segundo Fabbri o discurso científico é elaborado por um grupo específico de

homens de ciência que produzem um discurso interno, específico, com seus

resultados.

Ora, a ciência enquanto campo social possui princípios, regras, leis e

fundamentos e se organiza em comunidades científicas. Estas reúnem

pesquisadores e suas pesquisas em relações de cooperação, disputas, com

linguagens específicas. Em tal universo, o discurso científico passou a ser 

parâmetro de competência para outros discursos. Quanto mais identificado com as

instituições produtoras do conhecimento científico, maior a sua aprovação social.

Então, uma vez que há um discurso científico, pode-se afirmar que há uma

manifestação específica da enunciação, e mais, que esta enunciação supõe a

conversão individual da língua em discurso.Todo discurso cientifico tenta demonstrar, faz saber, diferente do político, por 

exemplo, que quer fazer crer. A enunciação da ciência tem uma singularidade que o

seu enunciatário sabe o que ele está dizendo, entretanto quando ela perceber que

seus pares não são o destino dessa fala e que vai se reportar a sociedade ela

percebe que tem que ser subordinada a outras enunciações

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Zamboni (2001 apud BERTOLLI, 2006) diz que o discurso de divulgação

científica constitui um gênero de discurso científico, resultado de um efetivo trabalho

de formulação discursiva, no qual se revela uma ação comunicativa que parte de

um outro discurso e se dirige para outro destinatário. O discurso da divulgação

científica é um trabalho de efetiva formulação de um novo discurso, trabalho

exercido por um sujeito enunciador ativo, mas nem por isso proprietário do seu

dizer, que agencia, entre os elementos disponíveis na língua, aqueles que melhor 

respondem ao seu empreendimento enunciativo.

A ciência pode ser enunciada através de diferentes gêneros de discurso

científico, sendo que qualquer um deles está ligado a divulgação científica. Uma vez

que o discurso é uma exteriorização de um conjunto de idéias, de pensamentos e

de visões de mundo, de experimentações dirigidas ás mais diversos formas de

ações sociais, políticas, econômicas psicológicas e culturais.

Jornalismo cientifico é um modelo da enunciação científica que parte de um

outro discurso. A transformação está relacionada com as operações da enunciação

midiática que afeta a enunciação do discurso científico em sua originalidade. Não é

o discurso científico puro é uma enunciação heterogênea.

O jornalismo científico é um dos tipos de comunicação especializada que

vem ganhando grande espaço nos meios de comunicação, cujo papel do jornalista é“explicar e traduzir conhecimento científico para pessoas que podem ser ou não

cientistas.” (BURKETT, 1990, p.05). Ou seja, o jornalismo científico enuncia a

ciência e é através desta enunciação que o enunciatário vai ter acesso ao campo

científico e tecnológico.

O jornalismo científico trás à tona as discussões sobre os impactos da ciência

na sociedade, enuncia fatos que beneficiam a coletividade. Em outras palavras, é

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uma das categorias de maior relevância, pois ele é a enunciação mediadora da

ciência frente a comunidade, proporcionando informação, conhecimento e cidadania

à população em geral.

No entanto é importante enfatizar que o jornalismo científico é mais jornal do

que ciência, pois possui um discurso com produção, gêneros e características

próprios, na medida em que é uma atividade de comunicação social e se destina a

um largo (e aberto) leque de interesses (RIBEIRO apud LOTH, 2001, p. 14).

Interesses estes ilimitados, podendo ser de caráter cientificista, jornalístico,

organizacional, entre outros.

È devido a este último, que considera interessante verificar as estratégias

presentes, uma vez que uma estratégia é toda a ação realizada de maneira

coordenada para atingir um objetivo, quer se trate de regras, normas, ou

convenções, neste caso, o de divulgar a ciência de forma que fique mais explícita,

ou seja, que as matérias tenham maior capacidade auto-explicativa.

8. METODOLOGIA

O que leva uma matéria cujo tema seja vinculado à ciência se torne atrativa e

mais entendida? Que recursos colaboraram para este entendimento? Quais asestratégias comunicacionais e dscursivas marcam presença nas matérias sobre

ciência. Este é o objeto da pesquisa aqui proposta, a ser realizada através de

estudo de caso, delimitado às notícias divulgadas no Campo e lavoura e Globo

Rural.

A pesquisa, com relação ao objeto prático, consistirá em levantamento do

material, ao longo de seis meses, elencando-se o material divulgado no período,

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através categorias a serem determinadas e com os critérios a serem definidos ao

longo do trabalho de pesquisa, de acordo com o referencial teórico elaborado

durante o estudo. A priori, pretende-se analisar as notícias divulgadas partir da

temática da ciência, ou seja, as que caracterizam o fazer jornalismo científico,

desde o modo como são redigidas e editadas, até a escolha da trilha sonora e

infográficos...

A análise deverá levar em conta as marcas discursivas que possam

caracterizar estratégias discursivas do próprio campo do jornalismo, mais

especificamente científico, e que configurem a divulgação científica.

9 – CRONOGRAMA

A sugestão de cronograma aqui apresentada inclui as atividades de

cumprimento dos créditos, elaboração da dissertação de mestrado e publicação das

atividades de pesquisa.

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ATIVIDADES 2011 2012Cumprimento de Créditos X XPesquisa e Elaboração de Dissertação de

Mestrado

X X

Apresentação de resultados de pesquisa em

congressos

X X

Publicação de resultados parciais da

pesquisa em periódicos científicos

X X

Qualificação XDefesa da Dissertação X

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6. Referências Bibliográficas

BENVENISTE, Émile. Problemas de lingüística geral II. Campinas, SP : Pontes /UNICAMP, 1989

BUENO, Wilson. Nota do artigo de Mauro Celso Destácio. In: Revista Papiro, ano06, nº 21, em out, nov e dez de 2004. Disponível em: <www.eca.usp.br/nucleos/njr/espiral/papiro21.htm>. Acesso em: 20 set. 2007.

BURKETT, Warren. Jornalismo Científico: como escrever sobre ciência,

medicina e alta tecnologia para os meios de comunicação. Tradução: AntônioTrânsito. Rio de janeiro: Forense Universitária, 1990.

FABBRI, Paolo. Tácticas de los signos.Barcelona, Gedisa editorial,1995.

FILHO, Cláudio Bertolli. Elementos fundamentais para a prática do jornalismocientífico. Disponível em: <http://bocc.unisinos.br/pag/bertolli-claudio-elementos-fundamentais-jornalismo-cientifico.pdf> Acesso em: 22 jul. 2007.

LAUTOR, Bruno. Ciência em Ação. Como seguir cientistas e engenheirossociedade afora. SP, UNESP, 2000.

LOTH, Moacir (Org.). Comunicando Ciência. Florianópolis: ABJC, 2001.

PERUZZOLO, Adair C., Elementos de Semiótica da Comunicação: quandoaprender é fazer. São Paulo: EDUSC, 2004.

PINTO, Milton José. Comunicação e Discurso: Introdução à análise dediscursos. São Paulo: Hacker Editores, 1999. 

SAGAN, Carl. O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma

vela no escuro. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.