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SAFRATER - SOCIEDADE DE AMPARO FRATERNO CASA DO CAMINHO “OBRAS SOCIAIS TIÃOZINHO”
DECLARADA DE UTILIDADE PÚBLICA Portaria Federal 972/2002 – Lei Estadual 1.966/79 – Decreto Municipal 15.662/79
Detentora do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – Res.117/2005 SAFRATER
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PROJETO: CIDADANIA PLANETÁRIA
Autoras:
Ana Telma dos Santos
Ana Paula Nunes da Veiga
Carla Reis de Castro
Elisângela Félix Nunes
Jucileide de Souza
Lucilene Pereira da Silva
Maria Luciana Rezende
Maria Paula Daidone
Vilma Aparecida Andrade
1. APRESENTAÇÃO:
A) Resumo:
Este trabalho levanta o questionamento sobre a importância de trabalhar a
Cidadania de forma Planetária, de modo que aluno e educador se enxerguem neste
contexto e desenvolvam estratégias para juntos na sociedade exercerem o seu papel de
cidadão do mundo, consciente de seus direitos e deveres, possibilitando ao educador
abrir-se a novas estratégias, a troca de conhecimentos, rompendo o cordão de repetições
e acomodações que estamos acostumados na prática pedagógica.
E porque Cidadania Planetária? Porque surge de uma concepção de que, mesmo
tendo cada pessoa uma nacionalidade, habitamos o mesmo planeta, que devemos cuidar
e temos princípios e valores, atitudes e comportamentos, próprios de uma comunidade.
Para a realização deste trabalho, utilizamos desde a expressão corporal, musical,
até as ferramentas tecnológicas, tanto de informação quanto de comunicação.
Pudemos perceber que, com o decorrer das atividades, as crianças foram se
tornando mais observadoras, questionadoras, reflexivas e lúcidas com as atividades
propostas pelo grupo. Tornaram-se também mais seguras e confiantes para enfrentar
novos desafios propostos, e conviver em sociedade de forma sustentável, não somente
na forma material, mas também intelectual, afetiva e moral.
Palavras-chave: Cidadania – Lucidez – Conhecimento
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B) Contexto:
A Sociedade de Amparo Fraterno Casa do Caminho – Safrater (Obras Sociais
Tiãozinho), fundada em 29 de julho de 1972, é uma associação civil, sem fins
lucrativos, com sede e foro no Município de São Paulo, à Rua Estado de Israel nº 59,
Vila Clementino – SP – CEP 04022-000, com prazo indeterminado de duração.
A Safrater atua a mais de três décadas na região de Americanópolis, na cidade de
São Paulo, através da Creche e do Núcleo Sócio-Educativo Tiãozinho. Suas atividades
são desenvolvidas em instalações próprias em dois terrenos com área total de 2.000 m² e
cerca de 1.900 m² de área construída. Atende diariamente a 500 crianças e adolescentes
carentes do bairro de Americanópolis.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 4, diz que “é dever da
família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público, assegurar, com
absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação,
à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária”.
E é neste sentido que a Safrater implantou os programas sócio-educativos,
através do Núcleo Tiãozinho, buscando desenvolver um trabalho preventivo que atenda
crianças, adolescentes e jovens que se encontram em situação de vulnerabilidade social.
Esse atendimento é feito através de diversos programas, ações e oficinas que buscam o
resgate da cidadania e a valorização da convivência familiar e comunitária.
C) Cronograma:
O projeto iniciou-se em dezembro de 2009, com previsão de término em outubro
de 2010.
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D) Os Sete Saberes:
Neste contexto surgiu o questionamento: Como identificar os sete saberes nas
ações educativas do Núcleo Tiãozinho? Como tratar de um assunto tão extenso e
complexo de modo que educadores poderiam vivenciar e entender o pensamento de
Edgar Morin?
Através do diálogo e do caminho percorrido pelo projeto identificamos alguns
pontos que mais marcaram o grupo:
- A identidade terrena, que através de atividades propostas em sala de aula,
trouxe a reflexão: O que é a identidade terrena? E como trabalhar esta identidade que
parece tão obvia? Pois, quando paramos para pensar e refletir sobre a identidade
humana, nos deparamos com uma dura realidade, que nem todos se vêem como
cidadãos do mundo e não conseguem enxergar qual o seu papel no mundo. A condição
humana foi outro saber muito citado nos projetos, pois ensinar a condição humana é um
dos desafios da educação do futuro.
“Estamos comprometidos, na escala da humanidade planetária, na obra essencial da
vida, que é resistir a morte. Civilizar e solidarizar a terra, transformar a espécie
humana em verdadeira humanidade torna-se o objetivo fundamental e global de toda
educação que aspira não apenas ao progresso, mas a sobrevida da humanidade.
“(MORIN, p.78).
- Outro ponto foi sobre a ética do gênero humano, pois cidadania exige ética.
Será que temos clareza sobre a ética do gênero humano? Trabalhar este saber trouxe ao
grupo reflexões, de quem somos neste mundo? Somos todos seres de uma mesma
espécie? Vivemos todos em uma mesma sociedade? Com culturas diferentes, mas todos
os seres humanos, mas por que tanta diferença? E conseguimos na educação a resposta
para tantas perguntas, conseguimos enxergar que precisamos sair de si e ir para o outro
e olhar este outro como individuo com suas características próprias, todos da mesma
espécie, vivendo em uma sociedade. Nesta linha de pensamento identificamos assim o
triangulo, que Morin nos fala: “indivíduo/sociedade/espécie”, onde enxergamos nossa
consciência e nosso espírito propriamente humano.
Na verdade, a dominação, a opressão, a barbárie humanas permanecem no
planeta e agravam-se. Trata-se de um problema antropo-histórico
fundamental, para o qual não há solução a priori, apenas melhoras possíveis,
e que somente poderia tratar do processo multidimensional que tenderia a
civilizar cada um de nós, nossas sociedades, a Terra. (Morin, 2007:114)
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O questionamento e a reflexão foram ferramentas de uso constante nos projetos.
Na forma que as educadoras fizeram os relatos e perceberam a realidade, nota-se
que a ilusão e a projeção que elas faziam dos projetos, aumentaram o risco de erros, esta
reflexão é peça fundamental para direcionarmos nosso trabalho de forma lúcida.
A educação deve mostrar que não há conhecimento que não esteja em algum
grau ameaçado pelo erro e pela ilusão. (MORIN, 2007 p.19)
A tarefa que nos cabe como educadoras é acreditar que de um jeito novo é
possível, que esses seres humanos em formação que passam por nossas mãos,
necessitam encontrar essa luz do novo, eles precisam saber e sentir que são valorizados
por sua condição humana e mesmo que por diversos motivos não tenham as mesmas
condições econômicas, mas antes de tudo são portadores de transcendência, podem ir
além, são capazes de reescrever sua própria história e ter a consciência que somos
diferentes, mas todos temos que ter a dignidade humana, fator essencial para nossa vida
neste planeta.
A compreensão não desculpa nem acusa: pede que se evite a condenação
peremptória, irremediável, como se nós mesmos nunca tivéssemos conhecido a
fraqueza nem cometido erros. Se soubermos compreender antes de condenar,
estaremos no caminho da humanização das relações humanas. (MORIN, 2007
p.100)
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2. A INSTITUIÇÃO:
Neste contexto, a Sociedade de Amparo Fraterno Casa do Caminho
(SAFRATER) atua no Bairro de Americanópolis, São Paulo – SP, atendendo crianças e
adolescentes carentes, matriculadas em escola da rede municipal ou estadual, e visa
complementar a educação formal com projetos educativos e atividades
extracurriculares. Atua em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência e
Desenvolvimento Social – SMADS.
O Núcleo Tiãozinho é um espaço privilegiado para o desenvolvimento das ações
sócio educativas, pois nascem na comunidade e operam com um currículo flexível que
atende às necessidades, interesses e peculiaridades presentes no território onde se insere.
A) Objetivos Gerais:
O objetivo deste projeto é trabalhar a Cidadania no seu reconhecimento mais
denso, estabelecendo uma relação virtuosa e harmônica entre Direitos e Deveres.
Para exercer cidadania é necessário garantir a concretização da liberdade, da
dignidade, da condição humana em comum, construir a maneira de como queremos ser
tratados, considerando nossas diferenças.
Esses processos caminham em direção ao exercício pleno da cidadania como
condição indiscutível para uma boa convivência social e planetária.
Trabalhar o tema “Cidadania Planetária” é florescer o potencial que todos trazem
ao nascer, garantindo a oferta de oportunidades e de escolhas, acolhendo as diferenças
como parte do processo de desenvolvimento humano sustentável.
B) Objetivos Específicos:
Conceituais: Compreender a realidade. Colocar-nos no lugar do outro, para
compreendê-lo e respeitá-lo. Conhecer o nosso corpo, o modo de funcionamento, seus
limites e fases. Identificar o uso e função de diferentes documentos. Conhecer diferentes
gêneros literários a partir da escuta atenta ou da leitura feita por si mesmo. Identificar as
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diferentes linguagens – artística, corporal, verbal e tecnológica – e os diversos contextos
comunicativos. Conhecer as áreas de formação profissional e as carreiras
correspondentes.
Procedimentais: Obter e cuidar de seus documentos. Conhecer e utilizar, quando
necessário, os diferentes serviços e equipamentos do Bairro. Manusear diferentes
mídias, percebendo a inclusão digital como meio de ampliação de repertório e inserção
no mundo contemporâneo. Participar da montagem de exposições das produções
próprias e do grupo. Planejar e geri um projeto profissional.
Atitudinais: Estimular a criança a reconhecer seus direitos aos serviços básicos
das políticas públicas, segundo suas necessidades e interesses, para que, futuramente,
tenha possibilidade de exercer sua cidadania. Tomar consciência de suas
potencialidades e limites, respeitando a si próprio e aos outros em suas diferenças.
Valorizar a própria identidade cultural, modos de vida, saberes e fazeres da cultura local
na relação com a diversidade das culturas. Valorizar o processo educativo e esforçar-se
por aprender aceitar seus erros, pedir ajuda, tentar novamente, arriscar e evoluir em toda
sua capacidade. Preocupar-se em cuidar dos ambientes em que vive e do próprio corpo.
C) Conteúdos Curriculares:
O Núcleo Sócio Educativo é um espaço de educação não-formal, e desenvolve
conceitos de arte, meio ambiente, identidade, jogos pedagógicos, brincadeiras e jogos
vinculados ao esporte através de projetos sociais criados pelo grupo.
D) Estratégias Utilizadas:
Os projetos educativos constituem uma estratégia metodológica primordial no
processo de ensino e aprendizagem, pois propiciam construção de conhecimentos
mediados pela ação, estimulando o processo de aprender na prática.
Segue abaixo projetos educacionais desenvolvidos pelo grupo de educadoras,
crianças e adolescentes do Núcleo Tiãozinho:
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Educadora: Ana Paula N. da Veiga
Grupo I – Faixa etária 4 anos
Projeto: Cuidando do Corpo
Segundo Morin, todo ser traz geneticamente em si sua própria singularidade
anatômica, seja ela cerebral, mental, psicológica, afetiva, intelectual, subjetivamente
características fundamentais e comuns.
A atividade proposta foi para que as crianças montassem o Corpo Humano, a
partir do desenho de um esqueleto.
Eles foram montando e conversando sobre as funções de cada membro, à medida
que se lembravam, e eu, na função de mediadora, fiquei observando como essa
atividade foi importante, pois havia diálogo entre as crianças e essa troca é muito
enriquecedora.
Ao final da atividade foi feita uma roda de conversa, onde as crianças puderam
observar e identificar no outro todos os membros do corpo, só que cada um com limites
e funcionamentos diferenciados.
Educadora: Ana Telma dos Santos
Grupo II – Faixa etária 5 a 6 anos
Projeto: Conhecimento do Eu
Segundo Edgar Morin, não existe conhecimento sem erro, ou seja, por meio dos
estímulos internos ou externos o ser humano busca dentro de si resposta para seus
questionamentos, o erro pode ser apenas fruto da ilusão ou como cada um vê o mundo,
baseado em conhecimentos anteriores.
Baseado neste questionamento foi desenvolvida uma atividade em sala de aula
em que as crianças deveriam ouvir diversos sons e depois diferenciar um do outro os
identificando em desenhos.
Desta forma foram buscar conhecimentos anteriores e faz sentindo quando
Edgar Morim relata que “O conhecimento enquanto tradução e reconstrução admite
interpretação pelo indivíduo; assim terá a forma de cada um, e conforme cada um vê o
mundo”.
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Atividade: A importância da escuta
Um ponto importante de nossa experiência é que as crianças já conseguem ouvir
melhor o outro, entendem que precisam dar atenção e respeitá-lo como cidadão. Diante
do trabalho diário com o tema Cidadania Planetária, voltado para o conhecimento do
EU, as crianças estão conscientizando-se que devem se responsabilizar pelo bem estar
do nosso planeta, demonstrando algumas atitudes como: não jogar lixo na rua, cuidar do
espaço onde vivem e respeitar o outro.
Percebe-se que algumas crianças realizam as atividades propostas com
tranquilidade, sem medo do que é certo ou errado, outras já falam - “não sei”, - “não
consigo”. Neste caso, procuro refazer minhas estratégias e estimulá-las a realizar as
atividades, e que o importante é a participação.
Educadora: Maria Luciana Rezende
Grupo III – Faixa etária 7 a 8 anos
Projeto: Identidade, Família e Valores
Diante da insegurança de algumas crianças em realização de tarefas,
principalmente escritas, vi a necessidade de trabalhar com eles a autoconfiança e o
medo de falar em público.
Cada aluno elaborou uma redação e leu em voz alta. Pude observar que, depois
da leitura, as crianças conseguiram perceber as diferenças existentes nas famílias e na
vida de cada um. Algumas crianças se achavam inferiores às outras pelo fato de terem a
família desestruturada. A partir daí, perceberam que várias colegas, ou mesmo, outros
amigos têm situações semelhantes à sua.
Durante esse semestre com o grupo numa brincadeira observei que algumas
crianças não sabiam o dia do seu aniversário. Estávamos desenvolvendo vários
trabalhos, e uma das atividades era que cada criança confeccionasse seu RG.
No decorrer da atividade um fato interessante marcou muito foi de um aluno que
me disse: “Professora aqui no RG não tem data de aniversário, só tem data de
nascimento.” O grupo parou para prestar atenção, e muitos aproveitaram a informação
que ainda não sabiam ou não se deram conta. A partir daí, percebi que não bastavam
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somente às informações que lhes passava, que era necessário levar em consideração a
vivência de cada um.
Levei em consideração o erro e a ilusão descritos por Edgar Morin nos Sete
Saberes, tentei unir o intelecto e o afetivo, notei que muitas vezes quando planejamos
algo, parece simples, mas na hora de executá-los cada um mostra uma dificuldade
diferente, de acordo com a realidade e estímulos que trazem de suas casas, por isso às
vezes há a necessidade de mudanças e atitudes.
Educadora Carla Reis de Castro
Grupo IV – Faixa etária 8 a 10 anos
Projeto: Direitos e Deveres
A criança tem que perceber que o conhecimento é uma construção da qual ela
faz parte. As atividades elaboradas e executadas pelos alunos têm um papel fundamental
nesta etapa, sentir-se parte da organização do conhecimento, e que nada pode vir pronto,
tem que ser construído em conjunto entre professor e aluno.
Atividade: Teatro Utopia
Durante o processo de elaboração da peça, um aluno apresentava
comportamento muito agitado. Foi orientado várias vezes com relação a esse
comportamento e quando participava das atividades mostrava capacidade auditiva,
oralidade e compreensão. Diante desse quadro foi solicitada avaliação psicológica.
No processo de montagem da peça, notei a mudança de comportamento deste
aluno. Percebi autonomia e segurança, agora ele passou a se concentrar nas atividades e
hoje tem um ótimo relacionamento com o grupo.
Como educadora sinto-me realizada, pois foi uma grande conquista e percebi
que se pode trabalhar com crianças diferentes em sala de aula, respeitando suas
dificuldades, propondo algo que eles podem desenvolver suas habilidades e
competências, juntas num só objetivo.
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Educadora Maria Paula Daidone
Grupo V – Faixa etária: 9 a 11
Projeto: Cidadania e os Cinco Sentidos
Elaboramos um painel que ilustra uma das atividades mais ricas executadas no
1º semestre, a partir de dois bonecos de papel confeccionados pelas crianças. Os alunos
fizeram uma redação contando a história dos dois como cidadãos e o que esses
personagens achavam que agredia e agradava os cinco sentidos no seu dia a dia.
As redações surpreenderam pela clareza com que relacionaram os cinco sentidos
e cidadania. Após a leitura das redações coloquei na lousa os pontos positivos e
negativos que eles escreveram a respeito, o que gerou uma nova discussão e reflexão
sobre a nossa responsabilidade se quisermos nos tornar bons cidadãos.
Edgar Morin quando descreve a condição humana e mostra o ser humano
complexo que somos com características antagônicas me faz pensar que como
educadores nossa função é ajudá-los a equilibrar estas faces humanas independente de
onde venham e do contexto em que estão inseridos, evitando a debilitação da
responsabilidade descrita no segundo saber: conhecimento pertinente.
Após essa atividade percebi um grupo que, ao invés de se justificar, se abre para
aprender que existem necessidades comuns dentro de cada espaço, seja sua casa, seu
bairro, sua escola ou seu planeta.
Educadora: Jucileide de Souza
Grupo VI: - Faixa etária: 11 a 12 anos
Projeto: Mediação de Leitura
Denominado "Fazendo Arte Brincando" o projeto de mediação de leitura visa
transferir valores e conceitos de cultura e participação pró ativa no meio familiar,
pessoal e educacional.
Sistematizei as atividades de acordo com as necessidades do grupo, criamos
situações e intervenções e juntos, descobrimos o quanto é prazeroso ouvir e falar para
pequenos, grandes grupos e até mesmo individualmente.
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Assim como as crianças, também aprendi muito, e percebi várias mudanças a
cada etapa do projeto com novas descobertas criadas por cada criança.
É fácil sentir-se bem e obter significação e imaginação com a mediação de
leitura, assim como, a compreensão humana de Edgar Morin “compreender não só os
outros como a si mesmo", a necessidade de auto se examinar, de analisar sua auto
justificação, pois o mundo está cada vez mais devastado pela compreensão e está cada
vez mais difícil o relacionamento entre os seres humanos.
Livros significativos como O homem que amava caixas – Brinque book, abriu
caminhos e fortalezas para as crianças. A primeira vez que li esse livro para o grupo,
houve um alvoroço na sala, a curiosidade de ler e folhear este livro foi uma
demonstração do significado da leitura para eles.
A partir de algumas sessões de medição de leitura no decorrer do projeto a busca
pelo acervo literário era continuo e significativo para as crianças.
É por esse motivo que julgo que esse trabalho faça junção com um dos saberes
de Edgar Morin, A compreensão humana.
Educadora: Elisangela F. N. Vieira
Grupo VII - Faixa etária – 12 a 15 anos
Projeto: Futuro, Profissão e Cidadania
Trabalhar com os adolescentes é um desafio grande e constante, como diz Edgar
Morin; “O tesouro da humanidade está na sua diversidade criadora, mas a fonte da sua
criatividade está na sua unidade geradora”, pois o educador também tem que ser criativo
e investigador o tempo todo.
Para que os alunos compreendessem melhor o significado de condição humana
propus a eles que fizessem algumas atividades relacionadas à superação de vida
(pessoas com deficiências físicas ou intelectuais). Cada aluno pesquisou na internet,
relatos de parentes, amigos ou conhecidos. Ao trazerem o que foi pesquisado para a sala
de aula, cada aluno representou em forma teatral sua deficiência. Após as
representações discutimos sobre cada pesquisa e como se sentiram ao realizá-las.
Para eles a maior dificuldade encontrada foi realizar tarefas de pessoas com
deficiências físicas. Surgiram várias indagações, como: “Nossa! Muito difícil fazer essa
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atividade!”, “Como uma pessoa sem a mão consegue trabalhar?”, “De que maneira uma
criança cega frequenta uma creche?”.
Esse projeto trouxe uma nova perspectiva em minha prática como educadora,
pois trabalhar o real com os alunos foi transformador.
Concluí que os Sete Saberes estão relacionados em nossa vida desde o momento
que nascemos e baseado na fala de Edgar Morin: “Somos indivíduos geradores da nossa
própria condição humana”. Esse trabalho nos fez refletir sobre a nossa existência e o
compromisso que temos com o nosso planeta, que nossas atitudes não serão apenas
responsabilidade de um indivíduo, mas sim de toda a humanidade.
Educadora: Vilma Ap. Andrade
Coord. do Laboratório de Informática
Projeto: Um novo Século, uma nova Educação
Em resposta aos desafios do novo século, o Núcleo Sócio Educativo ao qual
trabalhamos em uma visão de desenvolver competências e habilidades, preparando o
aluno para a vida e para uma nova realidade, em parceria com o grupo Lego nos
engajamos no Projeto Bloco a Bloco “O Brasil que queremos”.
Depois da maquete pronta fizemos junto aos alunos uma avaliação do que
aprenderam com o Projeto. A mudança foi visível o grupo se uniu, alguns alunos que
estavam desmotivados participaram de uma forma ativa e outros se destacaram
percebendo as suas habilidades.
A motivação do grupo em realizar o projeto despertou outros grupos que
também começaram a construir maquetes de lego associando fantasia com realidade,
hoje as peças de lego não são meramente peças são instrumentos fundamentais no
processo de aprendizagem utilizadas de forma continua por parte dos educadores.
Concluí que trabalhar de uma forma transdisciplinar não é uma tarefa fácil, pois,
aos olhos de muitos profissionais da educação, trata-se de uma atitude complicada de
ser realizada por acharem difícil de trabalhar e desnecessária.
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E) Avaliação:
Todos os processos de mudança caminham em direção ao exercício pleno da
Cidadania como condição indiscutível para uma boa convivência social. A partir dos
conceitos trabalhados nos projetos podemos ressaltar a importância dos valores como
peça fundamental para a convivência em sociedade. O respeito talvez seja o mais
importante, podemos falar de respeito aos mais velhos, aos compromissos marcados;
respeito às diferenças, tendo a diversidade como direito, chegando ao respeito
primordial à vida, partindo do respeito podemos citar outros valores: tolerância,
responsabilidade, cooperação, generosidade, justiça, liberdade. Todos eles ligados ao
exercício da cidadania planetária. Isso tudo exige atitudes de ceder, ouvir, negociar e
desenvolver cada dia mais nossa capacidade de reconhecer os outros.
A compreensão do grupo e de outros que apoiaram o projeto, foram
fundamentais para que este trabalho fosse realizado.
A compreensão é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação humana. O
planeta necessita, em todos os sentidos, de compreensões mútuas. Dada a
importância da educação para a compreensão, em todos os níveis educativos
e em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão necessita da
reforma planetária das mentalidades; esta deve ser a tarefa da educação do
futuro. (Morin, 2007 p104).
É importante refletir sobre as crises da humanidade, a fim de participarmos das
decisões sociais e políticas do nosso tempo como cidadãos sociais, culturais e terrestres,
resguardando o nosso direito e nossa possibilidade de intervenção, transformação,
emancipação e reconstrução. Incentivar e estimular esse direito de cidadania e esse
dever de cidadão é função de toda organização de aprendizagem. Quando falamos de
cidadania planetária, pensamos sobre cidadania num contexto global. O global em toda
a essência da palavra, a situação do nosso planeta, sabendo que uma ação que
praticamos hoje aqui pode repercutir do outro lado do mundo.
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5 – BIBLIOGRAFIA
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários á educação do futuro. 12. Ed.
São Paulo: Cortez, 2007.
Parametros das Ações Socioeducativas de São Paulo: 2007