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PROJECTO DE DESENVOLVIMENTO LOCALCOMPONENTE DE DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA LOCAL
CADEIA DE VALOR DA BANANAMunicípios de Benguela e Baía Farta - Província de Benguela
Dezembro de 2013
Administração Municipal de Benguela e Baía Farta
Estudo da cadeia de valor da banana PLURÁLIA Municípios de Benguela e Baía Farta
Dezembro de 2013 2 de 75 Em parceria com IICT e WIKINTEL®
Ficha Técnica
Título:
Estudo da Cadeia de Valor da Banana nos Municípios de Benguela e Baía Farta -
Província de Benguela
Organização:
Fundo de Apoio Social (FAS)
Coordenação Institucional:
Santinho Filipe Figueira, Director Geral
Helena Farinha, Directora Geral Adjunta
Autoria:
Plurália, Formação e Consultoria, Lda. em parceria com o Instituto de Investigação
Científica Tropical IICT, I.P., Lisboa, Portugal
Consultores:
Ana Portugal Melo, Carolina Bastos, Cristina Vaz Tomé e Luís Filipe Goulão
Gestão e Colaboração Provincial:
Benjamim Fernando – Chefe do Centro de Desenvolvimento Agrário do Dombe Grande
Elizina Ramalhete Cardoso – Chefe de Repartição Municipal da Agricultura de Benguela
Fernando Capitango – Presidente da UNACA
Gaspar – Director do Gabinete de Desenvolvimento do Vale do Cavaco
Gonçalo Sanjinji - Secretário Executivo do Fórum Benguelense para o Desenvolvimento
Lucas Catila – Chefe de Repartição Municipal da Agricultura Desenvolvimento Rural e
Pescas da Baía Farta
Mateus Domingos Etosi Venâncio – Especialista de Desenvolvimento Económico Local /
FAS Benguela
Foto de capa:
Fazenda da D. Amélia Alves – Vale do Cavaco, 2013 (autoria dos consultores)
Design da capa e composição das imagens:
Tiago Ribeiro
Recuperação de Imagens do Arquivo Histórico Ultramarino (AHU) - IICT:
Catarina Mateus
Dezembro de 2013
Estudo da cadeia de valor da banana PLURÁLIA Municípios de Benguela e Baía Farta
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Índice
1. Introdução ................................................................................................................................. 4
2. Imagens da cadeia de valor da banana na Província de Benguela ........................................... 6
3. Metodologia ............................................................................................................................ 13
4. A produção agrícola na Província de Benguela ....................................................................... 15
5. A produção de banana no contexto local e global .................................................................. 18
Origem e disseminação da banana ......................................................................................... 18
Condições adequadas ao cultivo da banana ........................................................................... 19
A produção de banana e o mercado mundial ......................................................................... 19
O cultivo da banana em Angola .............................................................................................. 24
6. Cadeia de valor da banana nos Municípios de Benguela e Baía Farta .................................... 27
Caracterização socio-geográfica dos Municípios de Benguela e Baía-Farta ........................... 27
Caracterização da produção agrícola em Benguela e Baía Farta ............................................ 31
Produção de banana ............................................................................................................... 37
Caracterização dos actores da cadeia de valor da banana ..................................................... 40
Ambiente institucional e organizacional ................................................................................. 41
Cadeia Produtiva ..................................................................................................................... 48
Processamento ........................................................................................................................ 54
Caracterização da cadeia de distribuição ................................................................................ 54
7. Formação de preços ................................................................................................................ 61
8. Análise SWOT (Forças, Oportunidades, Fraquezas, Ameaças) ................................................ 63
9. Recomendações ...................................................................................................................... 68
Especificamente para o Município de Benguela ..................................................................... 68
Especificamente para o Município da Baía Farta .................................................................... 68
Gerais ...................................................................................................................................... 68
10. Bibliografia ............................................................................................................................ 70
Anexos ......................................................................................................................................... 71
I. Carta de Solos da Província de Benguela, Instituto de Investigação Científica Tropical –
IICT, IP, Lisboa, Portugal .......................................................................................................... 71
II. Entidades e personalidades visitadas e entrevistadas ........................................................ 72
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1. Introdução
O estudo da Cadeia de Valor da Banana nos Municípios de Benguela e de Baía Farta,
Província de Benguela, cujo relatório se apresenta, foi precedido pelo Estudo da Linha
de Base do Sector Económico-Produtivo (ELB-SEP) de ambos os Municípios, realizados
no contexto do Projecto de Desenvolvimento Local (PDL) do Fundo de Apoio Social
(FAS), que identificaram a banana como um produto agrícola de elevado potencial
para as suas economias.
Este trabalho procura responder ao grande desafio da dinamização da economia dos
dois Municípios e consequentemente da Província de Benguela, de acordo com a
segunda componente do PDL, denominada “Desenvolvimento da Economia Local
(DEL)”, que visa melhorar as competências empresariais e o acesso ao mercado
nomeadamente de produtores agrícolas e outros actores da cadeia de valor. Entre os
seus principais objectivos estão: a) melhorar a capacidade empreendedora dos
pequenos produtores; b) incentivar e apoiar a criação de pequenas indústrias de
transformação; c) revitalizar o mercado local; d) estimular a produção local; e) gerar
oportunidades de emprego e o aumento da renda familiar.
Balizados pelos Termos de Referência, para o estudo da Cadeia de Valor da Banana,
nos Municípios de Benguela e de Baía Farta, estabeleceram-se as seguintes metas: a)
analisar a cadeia de valor da banana e seus intervenientes com vista ao seu
desenvolvimento e a melhorar as condições de vida dos pequenos agricultores e
camponeses e membros de associações de produtores; b) identificar os
constrangimentos ao desenvolvimento do potencial identificado na cadeia de valor no
contexto sócio-económico da Província de Benguela, no que diz respeito à produção e
comercialização; c) identificar e enquadrar mecanismos estratégicos que possam
contribuir para o fortalecimento organizacional e institucional dos intervenientes na
cadeia de valor; d) identificar oportunidades e propor acções para o desenvolvimento
da cadeia de valor, através de um conhecimento aprofundado dos seus actores e das
suas interacções.
Para o mapeamento da cadeia seguiu-se a metodologia da International ValueLinks
Association E.V.
Da análise da cadeia de valor resultaram uma série de recomendações para dinamizar
a fileira da banana, cuja implementação poderá contribuir para aumentar a
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produtividade e o rendimento dos camponeses e também as capacidades de
planeamento e de gestão do desenvolvimento da agricultura local dos Municípios alvo.
Sugere-se que a leitura deste documento seja acompanhada da leitura dos ELB-SEP de
Benguela e de Baía Farta.
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2. Imagens da cadeia de valor da banana na Província de Benguela
Apresentam-se algumas imagens que poderão ajudar o leitor a visualizar as diferentes etapas
da cadeia de valor da banana e a sua evolução, nos Municípios de Benguela e Baía Farta, desde
o final dos anos 60 do século XX à actualidade.
Imagem 1. Armazenamento e comercialização de insumos, em 2013. a) Mercado informal do
Dombe Grande. b) Armazém de um grande produtor agrícola. c) Mercado formal
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Imagem 2. Bananal na Província de Benguela. a) Vista aérea, 1967, Colecção Mendes Ferrão, Acervo do AHU-IICT. b) Bananal Valery: mobilização do solo
com plantas apoiadas por varas, 1971, Colecção Mendes Ferrão, Acervo do AHU-IICT. c) Bananeira: mãe, filha e neta, 1971, Colecção Mendes Ferrão, Acervo
do AHU-IICT. d) Bananal de pequeno produtor a limitar a fazenda, Equimina, 2013. e) Bananal de produtor de média dimensão, Vale do Cavaco 2013.
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Imagem 3. Rega do bananal. a) Bananal novo: rega de alargamento, 1967, Colecção Mendes Ferrão, Acervo do AHU-
IICT. b ) Rega gota-a-gota em fazenda do Vale do Cavaco, 2013. c) Rega de alagamento em bananal novo no Vale do
Cavaco, 2013. d) Furo em fazenda no Vale do Cavaco, 2013. e) Motobomba em fazenda no Luacho, 2013.
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Imagem 4. Preparação da banana para a distribuição. a) Hangar de despenca, 1967, Colecção Mendes Ferrão, Acervo
do AHU-IICT. b) Hangar de amadurecimento, 1967, Colecção Mendes Ferrão, Acervo do AHU-IICT. c)
Amadurecimento nas quitandeiras, Vale do Cavaco 2013. d) Câmara de amadurecimento em frutaria no Vale do
Atlântico, Benguela, 2013.
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Imagem 5. Transporte da banana. a) Banana embalada para exportação, 1967, Colecção Mendes Ferrão, Acervo do
AHU-IICT. b) Transporte em tractor, 1967, Colecção Mendes Ferrão, Acervo do AHU-IICT. c) Transporte pelo
agricultor em carroça com burro, 1967, Colecção Mendes Ferrão, Acervo do AHU-IICT. d) Carrinha de intermediário,
Município de Benguela, 2013.
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Imagem 6. Mercados informais. a) Mercado do 4, Município de Benguela, 2013. b) Zunga de fruta no mercado Municipal do Dombe Grande, 2013. c)
Venda no mercado interno, 1967, Colecção Mendes Ferrão, Acervo do AHU-IICT. d) Banca de banana no mercado do 4, 2013. e) Mercado Municipal do
Dombe Grande, 2013.
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Imagem 7. Banana seca Ginha Faro, único caso de processamento de banana, na
Província de Benguela, 2013.
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3. Metodologia
Trabalhar com a visão de cadeia de valor significa considerar todas as etapas dos
processos de produção e de distribuição que agregam valor a produtos e serviços até o
consumidor final.
A cadeia de valor abrange a cadeia produtiva (desde o fornecimento de insumos e
matérias-primas até ao produto final), a cadeia de distribuição (produto até o
consumidor final) bem como todos os elementos de influência directa e indirecta, não
descritos na forma de actividade (como políticas e governação, cooperativas e
instituições públicas e privadas, entre outras).
Como abordagem de base, a Cadeia de Valor da Banana foi analisada nas seguintes
etapas principais (Figura 1):
Figura 1. Cadeia de valor da banana nos Município de Benguela e Baía Farta
O estudo aqui apresentado desenrolou-se em quatro etapas complementares:
a) Consulta bibliográfica de relatórios relacionados com o contexto económico da
Província de Benguela e dos Municípios de Benguela e Baía Farta, e ainda de relatórios
de programas associados à produção de banana e à sua cadeia de valor no continente
Africano;
b) Consulta de fotografias relativas à cadeia de valor da banana, nos anos 60, em
Angola, constantes do acervo do Arquivo Histórico Ultramarino (AHU/IICT-Portugal).
c) Missão no terreno (10 dias úteis) para analisar in loco a cadeia de valor da banana e
os seus actores, nos Municípios de Benguela e de Baía Farta. Nesta etapa foram
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realizadas visitas de campo, entrevistas e questionários, sempre apoiadas por
elementos do FAS e da Administração Municipal. As entidades visitadas e
entrevistadas (Tabela I) cobriram os vários níveis da cadeia de valor, desde os
produtores aos comerciantes, dos provedores de serviços à administração pública.
Tabela I. Tipologia dos interlocutores da cadeia de valor
Fundo de Apoio Social Especialista DEL
Governo Provincial e Administrações Municipais
Governadores de serviços distritais de actividades económicas
Governadores Províncias da Agricultura e Desenvolvimento Rural
Gabinetes de Estudos e Planeamento
Centros de Documentação e informação
Administradores municipais
Chefes do REPE, RMPE e SES
Centros de Desenvolvimento Agrário
Autoridades Tradicionais Regedores Municipais e Sobas
Lideres de opinião / Associações Locais
Sector privado (banca, empresas fornecedoras de insumos, de processamento e de comercialização)
ONGDs e programas de desenvolvimento agrícola
Câmara do Comércio
Núcleo Representativo de Associações
Grupos Focais Pequenos, médios e grandes produtores
Associações / Cooperativas
Outros
Mercados Municipais
Quitandeiras
Motoristas e intermediários de transporte de mercadorias
d) A etapa final compreende a análise global dos diferentes níveis de informação
recolhidos para a elaboração do presente relatório.
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4. A produção agrícola na Província de Benguela
O sector agrícola na Província de Benguela apresenta-se com um grande potencial
devido a uma estrutura de solos favorável (Anexo I), uma diversidade climática
benéfica e uma rede hidrográfica com potencial favorável ao desenvolvimento da
actividade agrícola. No seu conjunto, detém uma área de aproximadamente um
milhão de hectares de terras favoráveis ao desenvolvimento da actividade agrícola.
Os Municípios de Benguela e Baía Farta fazem parte da zona agro-ecológica 22/29
(Litoral Sul), que também inclui o Município do Lobito. Esta região tem um clima árido,
com níveis de precipitação que vão desde os 200 mm/ano junto à costa, até aos 500
mm/ano nas regiões do interior. A temperatura média anual é de 25°C e a humidade
relativa do ar é elevada durante todo ano, com uma média de 75 a 80%.
A Província regista uma heterogeneidade produtiva agrícola expressiva oferecendo
condições para a produção, em regadio, de fruteiras e hortícolas, das quais se
destacam o milho, mandioca, feijão, massambala, massango, amendoim, batata-doce,
batata rena, trigo, banana, tomate, cebola, gergelim e abóbora.
A vertente familiar e de subsistência das actividades agrícolas abrangem uma parte
muito significativa da população activa da Província registando-se uma componente
empresarial reduzida no sector quando confrontada com a componente tradicional
(Tabela II).
Tabela II. Comparação entre a produtividade da exploração tradicional e empresarial na Província de Benguela.(Dados do Programa de Desenvolvimento Provincial de Benguela (2013-
2017))
Exploração Área Semeada (ha) % Área Semeada Produção (ton) % Produção Total
Tradicional 100.811 91 29.382 36
Empresarial 10.490 9 52.070 64
Total 111.301 100 81.452 100
Pela análise dos indicadores disponíveis verifica-se uma diferença significativa dos
índices de produtividade entre os dois modelos de exploração (Tabela III), justificado
pela reduzida mecanização das zonas de cultivo tradicional e pela focalização dos
agricultores familiares em assegurar exclusivamente o cabaz alimentar e as
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necessidades básicas, não existindo motivação e competências instaladas para
incrementar os níveis de produção, numa lógica de mercado.
Por outro lado, o número de empresários agrícolas aumentou cerca de 14% nos
últimos três anos (de 1.243 em 2010 para 1.420 em 2012).
A maioria dos camponeses ainda cultiva manualmente e são poucos os que têm acesso
a tractores e outra maquinaria agrícola. Estima-se que mais de 97% da área total
cultivada seja trabalhada manualmente, ou seja, sem qualquer recurso mecânico ou de
tracção animal, o que evidencia por um lado o baixo nível tecnológico, mas por outro o
potencial de desenvolvimento existente a este nível. A utilização de sementes
melhoradas, fertilizantes, fitofármacos e outros insumos aumenta muito os custos de
produção e sente-se também a falta de apoio técnico aos agricultores, necessário para
que estes sejam auxiliados a actualizar as suas práticas culturais e a implementar
sistemas de gestão e contabilidade nas suas explorações. Assim, são perfeitamente
compreensíveis os actuais níveis de produtividade que se verificam neste sector na
Província.
Tabela III. Comparação entre a área de cultivo e a produção de várias culturas em sistema familiar e empresarial. (Dados do Programa de Desenvolvimento Provincial de Benguela (2013-
2017))
Área Cultivada em 2012 (ha) Produção em 2012 (Ton)
Cultura(s) Familiar Empresarial Familiar Empresarial
Milho 50.227 1.014 5.836 6.765
Sorgo 10.335 - 1.074 -
Feijão Comum 24.558 300 1.032 240
Amendoim 3.968 - 105 -
Batata Doce 5.310 750 6.166 9.570
Mandioca 4.728 306 1.291 2.207
Banana 181 258 2.778 6.518
Hortícolas diversos 1.504 291 11.100 21.938
O escoamento dos produtos agrícolas faz-se, principalmente, para os mercados
informais das cidades de Benguela e Luanda sendo, sua maioria, processado de forma
individual. Em parte significativa da Província, o escoamento das produções é um
problema pela inexistência de plataformas logísticas de recepção e transporte, pelo
estado deficitário das estradas secundárias e terciárias que dão acesso às explorações,
e pela ausência do sector da transformação dos produtos agrícolas.
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O comércio rural está pouco estruturado, ainda com sistemas de comercialização
deficientes e preços não uniformes, geralmente determinados pelo comprador. É
bastante notória a incapacidade do pequeno produtor e a dificuldade do grande
agricultor em influenciar o valor de colocação do seu produto no mercado.
O Governo Provincial tem desenvolvido esforços no sentido da recuperação e
construção de novos furos, valas e sistemas de irrigação, nas zonas do Cavaco e do
interior, destacando-se a correcção das margens de alguns rios que, em épocas de
chuva intensa têm destruído culturas e infraestruturas em grandes extensões
agrícolas. Apesar da diversidade da produção agrícola, as cadeias produtivas do milho
e hortícolas (com ênfase no tomate) destacam-se em matéria de áreas cultivadas e
produção, respectivamente.
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5. A produção de banana no contexto local e global
Origem e disseminação da banana
Bananeira é a denominação genérica para diversas espécies pertencentes ao género
Musa, da família Musacea. A grande maioria das plantas cultivadas para fins
alimentares integra a secção Eumusa, desenvolvidas a partir de cruzamentos das
espécies Musa balbisiana e Musa acuminata.
A maior parte das pesquisas históricas indica a origem das espécies comestíveis de
banana predominantemente no sudeste asiático, nas regiões que hoje compreendem
Filipinas, Malásia e Indonésia. Há evidências do cultivo da fruta na Papua Nova Guiné
entre 5.000 e 10.000 a.C., o que caracterizaria a sua população como a pioneira na
plantação de bananeiras.
Por meio do comércio estabelecido principalmente por árabes e persas entre a Índia e
o norte da Austrália no decorrer dos séculos V e VI, a banana espalhou-se
significativamente pelo sul do continente asiático e chegou a diversas ilhas do Pacífico,
incluindo o Havai, juntamente com a deslocação da população polinésia. A África
Ocidental recebeu as suas primeiras mudas cultivadas há mais de três mil anos, apesar
de não haver consenso em relação aos responsáveis por este transporte. Na Europa,
permaneceu razoavelmente desconhecida até o século X. As navegações portuguesas
e espanholas no século XV foram as responsáveis pela rápida disseminação da
bananeira na América, onde encontrou condições climáticas notáveis para seu
desenvolvimento.
A banana tornou-se uma fruta tropical cultivada nas regiões quentes do mundo, onde
é produzida durante todo o ano. Trata-se de uma das frutas mais apreciadas, pela sua
aparência exuberante e gosto adocicado, a que alia uma grande riqueza nutritiva, o
que a torna importante na dieta alimentar de diversas sociedades. No comércio
mundial, a banana é a fruta de maior volume transaccionado por ser consumida
também nas regiões frias e temperadas, tendo, por isso, um papel relevante no
comércio frutícola internacional.
Cada espécie de banana tem suas particularidades em termos de consistência e sabor,
o que torna os seus usos e modos de preparo diferentes. As variedades de banana
disponíveis no mercado diferem com relação ao uso que delas se faz e às
características do seu cultivo.
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Condições adequadas ao cultivo da banana
As temperaturas médias consideradas óptimas para o cultivo da banana variam entre
os 25°C e os 30°C, sendo favorável que as amplitudes térmicas diárias e anuais sejam
mínimas e que a altitude não ultrapasse os 500/600 m. A humidade relativa ser
elevada, situando-se acima dos 70%. É uma cultura de pleno sol, que não tolera a
sombra e tem como factores negativos ao seu cultivo, a geada e o vento. Consideram-
se assim como privilegiadas, as áreas com temperaturas altas e de fracas oscilações
térmicas ao longo do ano, de humidade relativa e grau de insolação elevados, de
atmosfera calma ou ventos fracos.
A bananeira é uma espécie muito exigente em água. Todavia é de considerar que uma
precipitação bem distribuída ao longo do ano, como 100 mm/mês, para solos com boa
capacidade de retenção de água, a 180 mm/mês para aqueles com menor capacidade
satisfazem as suas exigências hídricas. Em situações de precipitação abaixo dos 1.200
mm/ano, de irregularidade de precipitação na estação chuvosa e/ou a ocorrência de
períodos de seca, há necessidade de recurso a rega (“Angola, O Meio Físico e as
Potencialidades Agrárias” – C. Diniz, 1991).
De acordo com as exigências, são recomendados aluviossolos férteis, com reserva
mineral e de textura ligeira ou mediana (francos, franco-arenosos ou mesmo arenosos-
francos). Os solos mais finos (franco-argilosos ou franco-argiloso-arenoso) são também
aptos à cultura, desde que bem estruturados e com boa capacidade de infiltração. Os
solos devem ser profundos, não apresentando camada impermeável, pedrugosa ou
endurecida nem lençol freático a menos de 1 m de profundidade.
A produção de banana e o mercado mundial
A banana assume lugar de destaque na produção agrícola mundial, marcadamente por
diversos países localizados em regiões tropicais, com maior destaque para o
Continente Asiático (Gráfico 1).
A produção mundial de banana tem vindo a crescer ao longo dos anos, tendo em 2011
atingido 107,1 milhões de toneladas, mais 50% do que os 65 milhões de toneladas
registados em 2000 e mais do dobro da produção de 1990 (Gráfico 2).
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Gráfico 1. Distribuição mundial da produção de banana. (Fonte: FAOSTAT).
Gráfico 2. Evolução mundial da produção de banana 1990 – 2011 (Fonte: FAO trade and markets).
A Índia lidera com claro destaque o ranking dos países produtores, com um volume de
29.666.973 toneladas de banana em 2011. Entre os 10 maiores produtores figuram
quatro países asiáticos, quatro sul-americanos e dois africanos, um dos quais Angola
(Tabela V).
De facto, no Continente Africano, Angola surge em 2011 como o segundo maior
produtor de banana, verificando-se um subida dos seus níveis de produção em cerca
de 10 vezes num intervalo de 10 anos, e ultrapassando neste periódo a produção do
Burundi, Camarões, Quénia e Egipto (Gráfico 3).
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Tabela V. Lista dos países com maior produção de banana em 2011. (Fonte: FAOSTAT)
País Produção (milhões de
toneladas) % do total mundial
Índia 29.7 28
China 10.7 10
Filipinas 9.2 8
Equador 7.4 7
Brasil 7.3 7
Indonésia 6.1 6
Tanzânia 3.1 3
Guatemala 2.7 3
Angola 2.6 2
México 2.1 2
Resto do mundo 26.1 24
Total mundial 107.1 100
Gráfico 3. Evolução da produção de banana pelos maiores produtores africanos, entre 2000 e 2011. (Fonte: FAO trade and markets)
O consumo de banana a nível mundial tem vindo a aumentar, passando de uma média
de 8,6 Kg/pessoa no ano de 2002 para 12,5 Kg/pessoa em 2010.
Devido à alta perecibilidade do fruto, que resulta de uma a elevada sensibilidade a
choques físicos e rápida maturação, as transacções de banana são maioritariamente
realizadas entre países geograficamente próximos, no chamado "comércio de
vizinhança". Os Estados Unidos são o principal comprador dos produtos da América
Central e Caraíbas, o que explica também a presença marcante de empresas norte-
americanas na produção e no comércio da fruta nessa região. Do mesmo modo, o
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mercado europeu tem participação importante do produto africano, e o mercado
latino é abastecido pela fruta brasileira. Actualmente, o surgimento de navios dotados
de câmaras frigoríficas vem aos poucos ultrapassando esta barreira, mas não rompeu
totalmente com as relações comerciais calcadas no "comércio de vizinhança" que
conferiu características geopolíticas importantes para a compreensão do mercado
mundial de bananas.
Os principais países exportadores de banana, localizados predominantemente na
América Central (Gráfico 4), são o Equador, a Costa Rica, as Filipinas, a Colômbia e a
Guatemala. Entre estes, o Equador é o exportador dominante, com mais de um terço
do mercado, tendo atingido em 2011 cerca de 5,77 milhões de toneladas exportadas,
em comparação com as 2,05 milhões de toneladas das Filipinas, 1,91 milhões de
toneladas da Costa Rica e 1,83 e 1,42 milhões de toneladas da Colômbia e Guatemala,
respectivamente. Em 2012, a Guatemala e Nicarágua mostraram um aumento
substancial das exportações deste fruto, em valores de 30,5% e 32,7%,
respectivamente.
No que se refere à região Africana, o seu nível de exportações é dos mais baixos e não
tem variado significativamente nos últimos 12 anos (Gráfico 4).
Gráfico 4. Evolução da exportação de banana por região, entre 2000 e 2012.(Fonte: FAO trade and markets)
O preço de importação das bananas tem acompanhado o crescimento do volume de
importações, tendo as maiores subidas dos últimos anos sido observadas nas
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importações pelo Japão, que mantém uma tendência acentuada de subida desde
2006. No entanto os valores mais elevados são pagos pela União Europeia, onde em
2012 eram da ordem dos 1.143 USD/ton.
A União Europeia (a 27 países) e os Estados Unidos da América são os maiores
importadores de banana assegurando, em conjunto, quase 55% do total de
importações, em 2011.
A diferença de preços destacada da França face aos restantes países da UE, que
importam maioritariamente da América do Sul e Central (Gráfico 5), deve-se ao facto
da maior parte da sua banana ser proveniente da Martinica.
Gráfico 5. Evolução comparativa de preços de importação de banana no mercado internacional.(Fonte: Fonte: FAO trade and markets.)
O Japão tem os preços de atacado mais elevados, registando uma subida muito
acentuada desde 2006. A nível de retalho, é novamente o Japão quem regista um
maior aumento nos preços (também desde 2006), mas tanto os preços de atacado
como de retalho desceram bastante em 2012, ficando próximos dos preços praticados
em França.
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O cultivo da banana em Angola
Em Angola, a bananeira tem uma distribuição fortemente incidente no Centro-
Noroeste e Norte do Território (Figura 2, mapa 53), disseminando-se largamente pelos
campos de cultura e áreas habitacionais.
Definem-se essencialmente duas situações: a faixa litoral e sublitoral, onde a cultura
tem de se basear no regadio, e a da superfície interior subplanáltica, onde é normal a
bananeira crescer livremente sem rega, embora os níveis de produção beneficiem
grandemente se esta prática se efectuar na época seca. Até há cerca de 10 anos atrás,
as áreas de intensificação cultural ligadas à exploração empresarial distribuíam-se nas
baixas aluvionais dos principais rios da faixa do litoral, com destaque para as zonas do
Dande, Cuanza-Lucala, Cuvo, Cubal da Hanha e Cavaco (“Angola, O Meio Físico e as
Potencialidades Agrárias” – C. Diniz, 1991).
Na delimitação das zonas angolanas mais favoráveis a esta cultura (Figura 2, mapa 54)
tomaram-se em consideração a exigência nos diversos factores climáticos, como acima
descrito, dos quais se salientam a temperatura média anual acima dos 21°C com
reduzidas oscilações térmicas diárias e anuais, sempre inferiores a 6°C, a não
ocorrência de geadas, o elevado grau de insolação e altitudes baixas. Estas exigências
fazem confinar a área preferencial da cultura a uma faixa N-S, desde Cabinda até
próximo do paralelo 15°S e a elevar-se desde a orla costeira até altitudes médias dos
600-700 m, exceptuando os sub-planaltos de Benguela e Cuanza Sul, que podem
atingir os 1000 m.
No que se refere às explorações familiares, detidas pelos camponeses, a produção de
banana na Província de Benguela diminuiu drasticamente entre 2009 e 2011, devido à
seca que se tem registado desde 2010, apresentando uma significativa recuperação
em 2012, a que corresponde também um aumento da área semeada (Tabela IV).
Relativamente às explorações empresariais, houve um aumento da área semeada, de
2009 para 2010, de cerca de 300%. A este investimento na produção de banana
correspondeu uma subida ligeira de produção, que não teve repercussões positivas no
ano seguinte. Ainda assim, a área cultivada mantém os mesmos índices e a produção
aumentou em 2012 para níveis superiores aos de 2009, revelando um sector em
expansão (Tabela IV).
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Figura 2. Distribuição cultural da bananeira, em Angola. (“Angola, O Meio Físico e as Potencialidades Agrárias” – C.Diniz, 1991)
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Tabela IV. Evolução da produção de banana na Província de Benguela, entre 2009 e 2012. (Dados do Programa de Desenvolvimento Provincial de Benguela (2013-2017))
Exploração Familiar
Exploração Empresarial
2009 Área semeada (ha) 15 93
Produção (Ton) 494 4.343
2010 Área semeada (ha) - 292
Produção (Ton) - 5.384
2011 Área semeada (ha) 12 280
Produção (Ton) - 1.599
2012 Área semeada (ha) 181 258
Produção (Ton) 2.778 6.518
O modo de produção e comercialização da cultura da banana é descrito com maior
detalhe no capítulo 6 deste estudo.
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6. Cadeia de valor da banana nos Municípios de Benguela e Baía Farta
Caracterização socio-geográfica dos Municípios de Benguela e Baía-Farta
O Município de Benguela, capital da Província do mesmo nome, situa-se na costa
ocidental da Província de entre os 12°32’ e os 13°10’ de latitude Sul e os 13°16’ e os
13°58’ de longitude Este, abrangendo uma área de 2.100 Km², que corresponde a
5,27% do território da Província. É limitado a Norte pelos Municípios de Catumbela,
Lobito e Bocoio, a Sul pelo Município da Baía Farta, a Este pelo Município do
Caimbambo e a Oeste pelo Oceano Atlântico.
A população estimada pelo INE em 1997 era de 747.000 habitantes, actualmente
apontando-se para que o Município tenha cerca de 1 milhão de habitantes, com uma
densidade populacional de 515.8 hab. /Km². Administrativamente o Município está
dividido em 6 Zonas classificadas de A a F, integrando 68 Bairros, 22 Aldeias e 5
Povoações. Falta um censo populacional que possa fornecer informações sobre a
dinâmica demográfica de forma rigorosa (Dados da “Situação Económica e Política do
Município de Benguela, ano 2013”).
Benguela possui um clima quente e seco na faixa litoral. A temperatura do ar varia
entre 24°C e 35°C, a precipitação média anual é de 268 mm e a humidade relativa
média está estimada em 80%. O tipo de solo predominante é o calcário com tendência
para a alcalinidade levando à presença de solos compactos. Quanto a sua hidrografia o
Município de Benguela é atravessado pelo rio Cavaco, que tem dois afluentes, o rio
Coringe e o rio Huche. O Município apresenta uma combinação de planaltos cortados
por rios secos, que no período das chuvas acumulam águas, com colinas molíticas
isoladas. Benguela tem características planas, sendo a sua altitude média de 36 m, mas
existindo nos arredores montanhas como o Monte SAWA localizado a 46 km da Sede
do Município, o Kapilongo a 87 Km e o Nhime a 26 km, considerados os pontos mais
elevados com cerca de 400 metros de altura. Relativamente à vegetação encontram-se
florestas abertas (matas de panda), savana, ervas rasteiras e maciços de arbustos e
espinhosos, como as acácias. Um dos principais riscos ambientais é o avanço da
desertificação que vai sendo potenciado pelo abate massivo de árvores por parte da
população para fins comerciais e de consumo, sem qualquer reposição.
Segundo a Carta Geral dos Solos de Angola (folha 6-Distrito de Benguela), os solos do
Vale do Rio Cavaco são “Pouco Evoluídos – Aluvionais Fluviais”, com perfil pouco
diferenciado, formados por depósitos de cursos de água doce podendo, no entanto,
apresentar-se mais ou menos afectados por fenómenos de salinização. Trata-se de
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depósitos estratificados de aluviões, sem horizontes genéticos bem definidos,
podendo apresentar, por vezes, certa acumulação de matéria orgânica e de carbonato
de cálcio, sulfato de cálcio ou de sais mais solúveis. São no geral depósitos muito
heterogéneos, desde delgados a muito espessos, unitexturais (finos, médios ou
grosseiros) ou pluritexturais.
O Município de Baía Farta está localizado a Sul da Província de Benguela, sendo
limitado a Sul pelo curso do baixo Cunene, fazendo fronteira com a Província do
Namibe, a Norte pelo Município de Benguela, coincidindo com o curso do rio Balombo,
a Este pelos Municípios do Chongoroi e Caimbambo, até ao vale do rio Catumbela e
sopé da serra da Chela, e a Oeste pelo Oceano Atlântico. O Município ocupa uma área
de 6.744 km² e situa-se a latitudes entre os 12°17’ e os 13°48’ a Sul, e longitude de
12°30’ a 13°36’ Este.
Administrativamente o Município está dividido em cinco comunas, Sede (Baía Farta),
Equimina, Kalohanga, Dombe Grande e Chamume (Orla Marítima Sul), não sendo a
última juridicamente reconhecida (Figura 3).
Figura 3. Mapa do Município da Baía Farta, dividido nas suas cinco comunas ( Chamume).
De acordo com os dados fornecidos pela Administração Municipal referentes ao ano
de 2013, a população do Município de Baía Farta está estimada em 125.622
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habitantes, dos quais mais de metade estão concentrados na comuna do Dombe
Grande (Tabela VI). A densidade populacional é de 18,62 habitantes/Km2.
Tabela VI: População no Município da Baía Farta, distribuída pelas suas 5 comunas (Fonte: CDA Baía Farta, Campanha Agrícola, 2013).
Localidade nº de habitantes
Baía-Farta (sede) 35.000
Dombe Grande 66.538
Equimina 4.976
Kalohanga 3.000
Chamume 16.108
Total 125.622
O clima é tropical, quente, húmido e semi-seco. De acordo com a classificação cimática
de Koppen todo o Município de Baía Farta caracteriza-se pelo tipo climático BWh
(clima seco, desértico, muito quente). As temperaturas médias mensais são altas,
situando-se nos 23-24°C, com baixas amplitudes térmicas. Em grande parte da região,
a precipitação anual é em média inferior a 100 mm e todos os meses se podem
considerar secos, com uma humidade relativa do ar muito elevada (com médias anuais
excedendo os 70%), podendo esta ser considerada a sua caraterística mais notável. Na
zona Este, os valores de precipitação são significativamente superiores, podendo
atingir os 500 mm (“Características Mesológicas de Angola” – C. Diniz, 1973).
Destacam-se claramente duas estações: a estação seca, que vai de Maio a Agosto, com
temperaturas mais moderadas, e a estação “chuvosa” que vai de Setembro a Abril,
com temperaturas muito elevadas.
Quanto à conformação do solo, predominam no Município de Baía Farta três
agrupamentos: os solos aluvionais, solos coluvionais e solos aluviocoluvionais. Nesta
região existem também solos calcários sódico-salinos com ou sem horizonte gíbsico,
formados a partir de margas gipsíferas ou de margas ou argilas calcárias (laminares).
Quando presentes, os horizontes cálcicos, gíbsicos, salinos, sódicos ou sódico-salinos,
encontram-se a profundidades inferiores a 1 m.
Relativamente à hidrografia, o Município é banhado pelo oceano Atlântico e pelo rio
Coporolo, um rio intermitente que assume uma importância vital para a economia da
região, e cujo caudal é bastante condicionado pelo comportamento pluviométrico das
regiões do interior que atravessa, incluindo o rio Cavaco, mais a norte. A área de acção
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do rio Coporolo é de 13.146 ha, dividida entre a sua foz – na orla costeira em cotas
inferiores a 10 m - e o baixo Coporolo (Figura 4). Devido aos elevados níveis de
precipitação nesses locais, o leito do Coporolo apresenta um caudal bastante elevado
por um período que pode atingir 3-4 meses (Fevereiro-Maio).
Figura 4. Mapa de recursos do Coporolo. (Fonte: Estudo da Cadeia Produtiva do Tomate, Município de Baía Farta / Província de Benguela – J. Guerreiro, 2013)
A ausência de desassoreamento e limpeza de margens causa inclusivé, durante este
período, frequentes cheias e transbordos, isolando algumas povoações (Luacho e Boa
Lembrança, na comuna do Dombe Grande) e causando graves prejuízos à actividade
agrícola. Devido à alteração do curso do rio, têm-se perdido nos últimos anos
importantes áreas com boa capacidade produtiva.
A vegetação é constituída por subarbustos, predominando as acácias. As terras áridas
têm sido sujeitas a uma progressiva degradação ecológica, que se manifesta pela
deterioração do coberto vegetal, salinização das terras de regadios, e erosão hídrica e
eólica, não se encontrando grandes áreas com cobertura vegetal.
A pesca é, no Município da Baía Farta, o ramo de actividade mais antigo, definindo a
sua economia e, conjuntamente com a salga e seca de peixe, a congelação e a
exploração de salinas, é aquela que mais tem contribuído para a subsistência da
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população. O peixe seco e congelado e o sal são os principais produtos que saem para
outras Províncias do centro, leste e norte do país. Os sectores da agricultura e pecuária
apresentam-se em fase de desenvolvimento e necessitam de um maior investimento
tecnológico para a preparação da terra, produção, colheita e industrialização, e o
fomento e repovoamento de animais de várias espécies de interesse.
Caracterização da produção agrícola em Benguela e Baía Farta
A área agrícola do Município de Benguela está situada nas margens do Rio Cavaco,
conhecida por Vale do Cavaco, que está organizada em 7 zonas: Angola-Cuba, Asseque,
Kalossombecuá, Kambajera, N’Bimbas, Tchipiandalo e Tomba (Figura 5).
Figura 5. Representação do Vale do Cavaco, Município de Benguela.
Os camponeses do Município de Benguela são proprietários das terras onde têm as
suas explorações, sendo essa propriedade transmitida de pais para filhos. Neste
trabalho considera-se pequeno produtor (ou camponês) o que explora uma parcela
com menos de 2 ha, um produtor médio aquele que possui uma exploração com uma
dimensão entre 2 e 20 ha, e um grande produtor aquele que detém uma exploração
com mais de 20 ha. O Município de Benguela, domina a média exploração.
O Gabinete de Apoio ao Desenvolvimento do Vale do Cavaco (GADVC), na dependência
da Direcção Provincial da Agricultura e Desenvolvimento Rural, tem a responsabilidade
de monitorizar e apoiar o desenvolvimento da agrícola da região. Actualmente,
debate-se com escassez de recursos humanos, técnicos e financeiros, que dificultam a
execução dos seus trabalhos de apoio aos camponeses, pelo que a informação
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recolhida é limitada e baseada em estimativas. Antes da independência, este Gabinete
era uma cooperativa, a “Cooperativa agro-pecuária do Vale do Cavaco” que estava
muito bem organizada e tinha capacidade exportadora, nomeadamente de banana via
Porto do Lobito. Depois da independência, funcionou como uma empresa do Estado, a
ECODIPA, até que foi vendida. A partir daqui, cada produtor é responsável pela sua
exploração, tendo o GADVC o controlo do número de produtores, mas não da sua
produção e vendas.
Presentemente, não há mecanismos do Estado nem contrapartidas que obriguem os
agricultores a fornecer os dados relativos à sua produção, pelo que o GAVDC não tem
acesso a dados concretos sobre os índices de produção. Os entrevistados no presente
estudo indicaram a cebola, o tomate e o pimento como as principais culturas
hortícolas de rendimento, e a manga, o mamão e a banana como as principais
frutícolas. O levantamento de informação fragmentada permitiu construir a Tabela VII,
onde se percebe a evolução da produção agrícola nos últimos 5 anos.
Tabela VII.Evolução da produção agrícola no Município de Benguela, entre 2009 e 2013.
Produção (ton) 2009 2010 2011 2012 2013
Milho 199.8 516.6 388.1 110.3 160
Horticolas 5662.2 3930.8 1213 915.8 898.2
Feijão - 13.2 - - -
Banana 2899.3 2177.9 2573.2 596.6 1253
Tomate - - 806.6 553.2 864.5
Cebola - - 79.1 80 -
Beringela - - 153.7 30.7 7.1
Repolho - - 36.1 - -
Pimento - - 32.7 - -
Pepino - - 10 - -
Batata Rena - - - - 345
Total 8761.3 6638.5 4126.9 1496.7 2642.9
A banana por si representa cerca de 60% da produção agrícola do Município (Estudo
Linha de Base do Município de Benguela). De notar uma redução na produção da
generalidade das culturas, comparando com 2009, em linha com o facto da capacidade
de produção do Vale do Cavaco estar reduzida a 20% do seu potencial no passado.
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Desde 2010, uma situação de seca severa tem afectado o Município de Benguela, com
sérias consequências para a actividade agrícola. Para além da descida do lençol
freático, que leva os produtores a fazer furos de grande profundidade (podendo atingir
os 100 m) para encontrar água, o lençol está a ficar salinizado e por isso impróprio
para a prática agrícola.
Efectivamente, em 2009, 27% da área agrícola total estava inutilizada devido à
salinização dos terrenos; em 2013 não há dados (Tabela VIII).
Tabela VIII. Evolução da produção agrícola no Vale do Cavaco, entre 2009 e 2013. (Os números de 2013 baseiam-se numa estimativa feita pelos responsáveis do GADVC.)
Zona Agricultores Área total (ha) Área semeada (ha) Área salinizada (ha)
Asseque 923 2009 75 714 209
2013 72 <300
Tomba 397
2009 30 327 70
2013 29 100
N’Bimbas 561
2009 84 470 91
2013 84 360
Kalossombecuá 300
2009 17 35 265
2013 7 20
Tchipiandalo 122
2009 13 63 59
2013 3 30
Angola-Cuba 335
2009 40 217 118
2013 40 <50
Kambajera 319
2009 20 43
2013 0 0
Como consequência da falta de água, as pessoas estão a abandonar o Vale do Cavaco e
os campos agrícolas estão a ser substituídos por residências. A área agrícola do Vale,
em 1990, era de cerca 6.000 ha, tendo diminuído sensivelmente para metade, em
2009 (2.957 ha). Kalossombecuá, Kambajera e Tchipiandalo são as zonas mais
afectadas por este fenómeno, não dispondo praticamente de área cultivável (Tabela
VIII). A construção em zonas agrícolas é licenciada pela Administração Municipal,
sendo necessária uma melhor articulação com os serviços da Direcção Provincial da
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Agricultura e Desenvolvimento Rural para se encontrar uma solução para este
problema. O Asseque é a zona com maiores problemas no lençol freático, sendo neste
momento a zona que menos produz banana, virou-se para o tomate, que é uma
cultura menos exigente em termos de irrigação.
Ao fim de 4 anos de seca, os camponeses estão descapitalizados, com os seus campos
duramente atingidos a necessitar de renovação e as suas motobombas para irrigar os
campos a necessitar de substituição urgente, depois de longo período a serem usadas
até à exaustão. É também fundamental que as explorações adoptem o sistema de rega
gota-a-gota, para uma melhor gestão da água, que escasseia. Nestas condições, a
agricultura terá muitas dificuldades em subsistir no Vale do Cavaco, e isto é
particularmente verdade para a bananeira, que requer muita água e muito
investimento. É importante ainda referir que os produtores do Vale do Cavaco são
essencialmente pequenos produtores e têm uma formação escolar pobre que os limita
na capacidade de inovar e gerir as suas explorações. Fica pois clara a importância de
dotar o GADVC de capacidade de apoio técnico e contabilístico aos camponeses, para
os ajudar a ultrapassar este contexto adverso.
A esperança dos produtores do Vale do Cavaco está na barragem do Dungo, que está a
sofrer obras de reparação, devendo a primeira fase estar concluída até Maio de 2014,
com consequências benéficas para a irrigação do Vale. Outra acção que poderá ajudar
os produtores de banana do Vale do Cavaco é a criação de eventuais mecanismos de
crédito adaptados ao ciclo produtivo desta cultura que, embora permita colheitas
mensais quando em produção, demora 9-12 meses a produzir o primeiro corte.
As áreas de possível utilização agrícola no Município de Baía Farta estão confinadas às
manchas aluvionais dos rios, que somente se definem expressivamente na orla
costeira. Nestes locais existe um elevado potencial de obtenção de elevadas produções
unitárias, mesmo num meio extremamente árido.
A banana ocupa lugar cimeiro na produção agrícola do Município da Baía Farta, sendo
superada apenas pela cultura do tomate. Em ordem de importância, depois do tomate
e da banana surgem outros hortícolas como o pimento, o milho, o pepino e a cebola.
Do ponto de vista da produção de frutos, são produzidos no Município mangas e
goaibas, mas com uma relevância incomparavelmente inferior à produção de banana.
O motivo apontado pela menor importância destas fruteiras é o facto de produzirem
apenas uma vez por ano, não permitindo aos camponeses e agricultores uma
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regularidade na obtenção de receitas. Os dados oficiais de produção e sementeiras
efectuadas no Município (Tabelas IX e X) nem sempre estão de acordo com a
percepção dos entrevistados e devem ser entendidos com cautela uma vez que a
actividade agrícola é recente no Município limitando o acesso do RMEP a dados oficiais
relativos ao volume de produção e rendibilidade. Por outro lado, uma vez que quase
toda a produção sai das explorações directamente para fora do Município, não pode
ser controlada.
Tabela IX. Dados de produção agrícola no Município da Baía Farta em 2011 e 2012. (Fonte: Relatórios de Actividades da Administração Municipal de 2012 e 2013).
Produção (ton) 2011 2012
Milho 70 157
Pimento 475 404
Banana 189 253
Repolho 37 205
Feijão 94 3
Cebola - 11
Tomate 583 154
Batata doce 5 -
Mandioca 0.7 -
Tabela X. Dados de sementeiras efectuadas pelas cooperativas e associações sediadas no Município de Baía Farta, realizadas com o apoio do Centro de Desenvolvimento Agrário. (Fonte:
Administração Municipal da Baía Farta)
sementeiras (ha) 2012 2013
Milho 855 1.176,5
Feijão 533 2.764
Hortícolas 900 16.569
Banana 0 98
Embora seja evidente para todos os entrevistados que a actual produção de tomate é
excessiva em determinados períodos, acarretando perdas na fase de escoamento, a
actual construção de uma fábrica de processamento de tomate ajuda a sedimentar a
percepção da importância desta cultura na agricultura do Município, criando a
espectativa de uma procura que acompanhe a oferta.
Embora não existam dados oficiais sobre a produção agrícola em cada uma das
comunas, o sector agrícola no Município da Baía Farta, tem conhecido um bom
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desenvolvimento, uma vez que a produção tem aumentado significativamente de ano
para ano. Um bom exemplo desse aumento é a comuna do Dombe Grande onde os
terrenos aptos para cultivo, estão atualmente estão quase todos a produzir. Por outro
lado, é notória a saída diária da comuna de camiões carregados com produtos
agrícolas, principalmente tomate, para serem comercializados em outras localidades,
nomeadamente nas cidades de Benguela e Luanda.
A questão do uso e posse da terra é um dos principais factores a ter em conta na
avaliação das potencialidades de mudança no sector agrícola no Município de Baía
Farta. Actualmente, as terras cultivadas por camponeses e agricultores pertencentem
à antiga açucareira que encerrou em 1991, depois da guerra civil, e foram ocupadas
pela população em 1992-1993. Estes terrenos correspondem à zona com maior
actividade agrícola da região do Coporolo, compreendem 10.000 ha de solos com
aptidão agrícola e são tutelados pelo Ministério da Economia e Indústria. Durante a
década de 1990, os agricultores e camponeses que ocupavam as terras pagavam à
adminstração da antiga açucareira um valor correspondente a 100 AKz/ha/ano. No
final dessa década, a grande maioria dos produtores, em particular aqueles que
ocupam grandes áreas, deixaram de pagar o aluguer, defendendo o slogan do Governo
“a terra é de quem a trabalha”, e defendendo que não existe qualquer menção na
legislação que indique o contrário.
Por este motivo, os camponeses não têm as suas terras legalizadas e, para além do
permanente risco que correm de perdê-las, não as podem utilizar como garantia de
reembolso em eventuais pedidos de empréstimo e crédito bancário, necessários para
a modernização das suas explorações e dinamização da actividade agrícola. Do mesmo
modo, não é permitda a construção de infraestruturas nos terrenos da exploração. A
única excepção sobre a posse destas terras diz respeito aos antigos funcionários da
açucareira, a quem foram atribuídas terras para cultivo. Ainda assim, estes não
conseguiram legalizar a sua posse, devido ao elevado custo processual, estando muitos
deles a alugá-las (Dados da “FAS- Estudo de Linha de Base - Município Baía Farta, ano
2012”); situação particularmente evidente na zona do Chamume. Não obstante o risco
inertente à perda da posse da terra, os processos de cedência a familiares e
transmissão por herança decorrem normalmente e são aceites pela população.
Muitos dos agricultores e camponeses que actualmente exploram os terrenos da
antiga açucareira são provenientes de outros Municípios e encontraram na Baía Farta
uma oportunidade de exercer a actividade agrícola, como actividade económica e para
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subsistência. De acordo com a adminstração da antiga açucareira, os terrenos
encontram-se actualmente todos ocupados, conhecendo esta administração apenas
cerca de 50% dos produtores que os exploram.
Actualmente, a estrutura organizacional é inexistente, o número de funcionários
corresponde a 6 trabalhadores a tempo parcial (que contrasta com os 3.500
trabalhadores que possuia quando encerrou) e não tem financiamento. Esta situação
contribui também para a falta de dados estatísticos relativos às produções agrícolas no
Município.
Encontra-se em estudo, sem data prevista de concretização, um processo que visa a
transferência dos terrenos para o Ministério da Agricultura, com o objectivo de poder
conceder títulos de concessão aos produtores com base na “Lei da Terra”. Não é
previsível que esta medida venha a aumentar a área cultivada pelos grandes
produtores, que neste cenário teriam elevados custos decorrentes do pagamento de
legalização e impostos de valor proporcional à dimensão da parcela, mas pode libertar
terra para a pequena exploração que, se organizada, pode ser um motor de
desenvolvimento e de redução de pobreza para a população mais vulnerável, sem
prejuízo do desenvolvimento agrícola do Município.
A maior vantagem do desbloqueamento desta situação seria dar a possibilidade ao
produtor de apresentar as terras como garantia ao banco para aceder a “créditos de
campanha” e de financiamento. Além disso, é também de realçar a necessidade de
existir uma entidade que se responsabilize pelo ordenamento do curso do rio, no que
diz respeito a reparação dos diques, reposição do rio no leito original e restauração da
rede de drenagem. A transição da resposabilidade destes terrenos para o Ministério da
Agricultura traria também consequências positivas nesta matéria uma vez que
actualmente a administração da antiga açucareira apenas tem a responsabilidade de
controlar as infraestruturas.
Produção de banana
Segundo informação dos responsáveis do GAVDC, até ao fim dos anos 80, cada uma
das 7 zonas do Vale do Cavaco no Município de Benguela produzia 1.000 toneladas de
banana, anualmente; hoje, todo o vale produz 1.000 toneladas. Se por um lado este
quadro expõe a fragilidade que o sector produtivo da banana atravessa, também deixa
clara a sua capacidade produtiva e todo o seu potencial de (re)crescimento. Nos
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últimos 5 anos, o número de agricultores diminuiu cerca de 16%, e a área semeada
com banana teve uma variação negativa de 46%.
Manteve-se uma reunião com as autoridades tradicionais do Município de Benguela,
que identificaram como maiores problemas dos camponeses produtores de banana o
facto do lençol freático estar muito profundo, devido à seca e à ineficiência actual da
barragem do Dungo. Precisam também de financiamentos para adquirir adubos e
também para furarem a terra a grande profundidade, até ao lençol freático, para
poderem irrigar os campos. Também não dispõem de tractores. Foi reconhecida a
necessidade de formação sobre como cultivar a banana, para actualizar os
camponeses.
Durante os anos 80 e 90 do século XX, época em que a banana liderava a produção
agrícola em Benguela através da produção do Vale do Cavaco e constituia a segunda
maior região produtora de África, não existia produção desta cultura no Dombe
Grande. A produção de banana inciou-se no Município da Baía Farta em 1998-1999
surgindo em consequência da paragem de actividade da açucareira e ocupação dos
seus terrenos por particulares.
No Município da Baía Farta, as zonas de maior produção de banana actualmente
situam-se no Dombe Grande (Dombe Grande, Luacho e Boa Lembrança), onde se
situam os grandes produtores, sendo menores na Equimina e Chamume, onde contudo
existe também aptidão para a seu cultivo, alguma área cultivada e um grande interesse
por parte de adminstradores comunais e camponeses por esta cultura. Na Sede, a
limitação à produção de banana advém da falta de água doce que terá que provir do
rio, localizado a 40 Km. Nesta comuna a água que se obtém através de furos é salgada.
Cada uma destas localidades visitadas possui especificidades no que diz respeito ao
actual e potencial cultivo de banana (Tabela XI).
Nenhum dos produtores do Município de Baía Farta se dedica exclusivamente à cultura
da banana, sendo a diversificação da iniciativa do próprio, de acordo com a sua
percepção de necessidades do mercado. A promoção da produção de banana neste
Município terá como papel principal o desenvolvimento económico e social através da
criação de emprego, devido à exigência em mão-de-obra. Este aspecto assume grande
importância num Município que apresenta taxas de desemprego da ordem dos 60-80%
da população activa. Além disso, a banana desempenha um papel crucial na
alimentação, sendo consumida em fresco como fruta e cozida como acompanhamento
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de refeições. É recomendado o cultivo de um mínimo de 0,5-1ha de banana para todos
os produtores.
Tabela XI. Sumário das principais particularidades das localidades do Município de Baía Farta onde se pratica a cultura da banana.
Localidade Especificidades Pontos Fortes Pontos Fracos Dombe Grande - Explorações agrícolas de
maior área (onde se localizam os maiores produtores).
- Fácil acesso a Benguela com boa rede viária. - Presença de entidades governamentais.
Luacho e Boa Lembrança
- Explorações agrícolas de maior área (onde se localizam os maiores produtores).
- Condições favoráveis de produção.
- Frequentemente isoladas na estação das chuvas. - Difícil acesso devido a má condição da estrada em grande parte das ligações. Ponte danificada.
Equimina - A actividade agrícola organizada existe há apenas 8 anos, quando deixou de funcionar a conserveira Mampeza que impedia os cidadãos de cultivar a terra. - Existem 11 produtores de banana identificados pela administração (um produtor possui uma plantação com 1ha e os restantes produzem na bordadura dos seus campos). - A distribuição de terrenos para agricultura é da responsabilidade da administração comunal. - Agricultura assenta maioritariamente em tomate e pimento.
- O vale da Equimina forma um microclima favorável, permitindo produções mais elevadas que no Dombe Grande no tempo de calor. - A produção é superior ao Dombe Grande também devido à maior fertilidade dos solos e a ainda inexistência de nemátodos nos solos.
- Falta de acesso a terra para agricultura uma vez que a administração comunal não concede mais terrenos para esta actividade. - Difícil acesso devido a má condição da estrada. - Os furos de água doce têm que ser feitos em locais específicos e a água transportada através de canalização. - A água é ferrosa. - Sem posto de abastecimento de combustiveis nem loja de insumos.
Chamume - Os camponeses ainda pagam aluguer da terra à administração da antiga açucareira.
- Bom clima, bons solos, vão buscar água ao Coporolo a 2 Km, usando tubagem própria. - Município tem maquinaria própria disponivel para mobilização de solos.
- Difícil acesso devido a má condição da estrada. - Não tem loja de insumos.
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O potencial deste Município, em particular dos terrenos pertencentes à antiga
açucareira, despertou em 2009-2010 o interesse de uma grande empresa internacional
do sector da banana. O projecto apresentado ao Governo de Angola propunha a
exploração de 10.000 ha de banana, dos quais 3.500 ha seriam propriedade da
empresa, mas não foi possível a harmonização de interesses com os produtores locais,
ainda que se comprometessem em garantir assistência técnica, escoamento do total
da produção, criação de indústria e equipamentos sociais. Deste modo, o projecto não
foi concretizado mas permanece a ideia na população de que este interesse significa a
evidência do alto potencial que Município tem para a produção de banana de modo
competitivo.
Caracterização dos actores da cadeia de valor da banana
A cadeia de valor da banana compreende como actores todos os intervenientes no
fornecimento de insumos e equipamentos, na produção (agricultores e camponeses,
proprietários da exploração, assalariados e trabalhadores eventuais), no
processamento, na conservação, no transporte e abastecimento dos mercados e na
comercialização a grosso e a retalho.
Uma vez que a banana permite colheitas mensais durante a época fria e quinzenais
nos meses da época quente, o objectivo da produção é maioritariamente para o
mercado, representando uma fonte estável de obtenção de receitas para aqueles
produtores que conseguem reunir condições para instalação de um bananal. Apenas
uma parte residual da produção é usada para auto-consumo, sendo a base da
alimentação das famílias mais desfavorecidas que a utilizam para consumo quando
maduras (em fresco como fruta) ou em verde (cozida como acompanhamento da
refeição). A cadeia de valor da banana está assim orientada para a produção destinada
ao consumo em fresco e pode ser descrita sumariamente como apresentado na Figura
6, onde são asseguradas uma série de funções e actividades requeridas para o seu bom
funcionamento.
A cadeia produtiva da banana conta com diversos actores, locais e externos aos
Municípios, que estabelecem entre si relações comerciais, com o propósito de criar
valor. Para que este processo seja bem-sucedido e garanta proveitos a todos, é
essencial uma boa articulação entre todos os actores da cadeia de valor (Figura 6),
desde o fornecedor de insumos e matérias-primas ao consumidor final.
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Figura 6. Cadeia de valor da banana: funções, actores e actividades
Os actores poderão participar em mais que uma função ou actividade. Há no entanto
diferenças ao longo da primeira, em função da dimensão do produtor em questão. De
referir ainda a existência de um único transformador artesanal da banana, situado no
Município de Benguela, que será descrito adiante e dada a sua singularidade não foi
englobado na cadeira de valor geral.
Ambiente institucional e organizacional
Nesta Província de Angola, à semelhança do que acontece no resto do país,
encontramos as autoridades tradicionais, muito próximas dos camponeses e as
autoridades civis. No caso de Benguela e Baía Farta, as autoridades tradicionais não só
estão perto dos pequenos produtores de banana, como muitos deles são também
pequenos produtores deste fruto.
Ao nível das autoridades civis, Provinciais e Municipais, existem vários departamentos
que se ocupam ou interagem com o sector agrícola, e consequentemente com a cadeia
de valor da banana.
Ao nível da Província, o Governo Provincial tem um Vice-Governador para a área
económica e produtiva que possui uma visão global do sector agrícola da Província,
incluindo a banana. Existe uma versão de trabalho do plano de desenvolvimento da
Província para 2013-16, que apesar de não estar ainda concluído, contém um conjunto
de balizas que guiam a acção governativa. Merece especial atenção a intervenção em
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curso na barragem do Dungo, que foi um zona afectada pela guerra e teve que ser
desminada, numa primeira fase que aconteceu em 2012, decorrendo actualmente a
intervenção na sua infra-estrutura, de que poderemos esperar os primeiros reflexos
em Maio de 2014.
Foram já criados os instrumentos de crédito e os fundos disponibilizados para apoio ao
sector, faltando regularizar o acesso. Nomeadamente, foram criados os BUE - Balcão
Único Empreendedor, que deverão ser responsáveis por passar a certificações de
conformidade/legalidade das empresas agrícolas que se candidatam (licenças,
obrigações fiscais, segurança social, contabilidade organizada) e distribuir o capital
social de acordo com as regras estabelecidas, nomeadamente o sector de actividade.
É ainda necessário iniciar o candidato ao financiamento/investimento à actividade
económica e ajudá-lo a auto-avaliar a viabilidade do investimento. O Fundo de
Desenvolvimento Económico e Social, que evoluiu para Banco de Desenvolvimento de
Angola, definiu como prioridade o sector produtivo. No entanto, a banca não está
preparada para o apoio técnico ao crédito e não têm especialistas que possam ajudar o
cidadão.
Outros órgãos do Governo Provincial directamente ligados ao sector agrícola são as
Direcções Provinciais da Agricultura, da Indústria, Geologia e Minas e do Comércio e
Indústria. Dependente da Direcção Provincial da Agricultura, foi criado o Instituto de
Desenvolvimento Agrário, que tem representações em todos os Municípios, e que se
ocupa da gestão e apoio técnico aos produtores, fazendo extensão agrícola através dos
Centros de Desenvolvimento Agrário. No caso do Município de Benguela, existe ainda
o já referido Gabinete de Apoio ao Desenvolvimento do Vale do Cavaco (GAVDC), que
é a entidade responsável por apoiar a cultura da banana e detém o conhecimento dos
produtores e das características das suas explorações. A relação de proximidade que o
GAVDC mantém com os diferentes actores da cadeia de valor da banana no Vale do
Cavaco é fundamental para o sector, urgindo reforçar os seus meios para permitir a
consolidação e transmissão do conhecimento às gerações futuras.
Também as Administrações Municipais dispõem de vários serviços que apoiam o
sector agrícola, em particular a Repartição de Planeamento e Estatística (REPE) e a
Repartição Municipal Económica e Produtiva (RMEP). Ambas se debatem com falta de
números e estatísticas relativas à produção de banana. Para além das necessidades
comuns à Província, o Município de Benguela identificou como problema específico
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avanço do betão no Vale do Cavaco, que urge travar e para o qual dispõe neste
momento de mais meios para travar. A Administração Municipal de Benguela está
ainda empenhada em reabilitar as fazendas de produção de banana. Em Baía Farta, a
Repartição de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, dos Serviços Comunitários
e Fiscalização e dos Serviços Económicos e Sociais trabalham também para obter
dados e promover o desenvolvimento do sector primário, neste Município.
Para além das autoridades referidas, o sector agrícola da Província beneficia da
presença de instituições da sociedade civil, como a Câmara de Comércio e Indústria,
Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento (ONGDs), equipas de
projectos no terreno durante a sua implementação, Cooperativas e a Banca.
A Câmara de Comércio e Indústria, cuja actividade é reconhecida pelo Governo,
congrega todos os actores da cadeia de valor e facilita o diálogo entre eles. Esta
instituição tem assento na Câmara da República, focando-se em iniciativas para o
desenvolvimento, como a descida do imposto industrial. Sendo porta-voz dos
diferentes actores do sector junto do governo, pode fazer ouvir-se junto de altas
instâncias.
Diferentes projectos destinados a apoiar camponeses e agricultores no cultivo da
banana têm surgido na Província de Benguela. A ONGD mais envolvida no apoio a
estes projectos tem sido a “Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente” (ADRA),
no âmbito da sua missão de apoiar o combate à pobreza no meio rural através de
programas de estímulo à produção agrícola, como a facilitação de acesso ao crédito,
onde actuam apoiando os camponeses na elaboração das propostas e no
acompanhamento da sua implementação e execução, nomeadamente no que se
refere à gestão contabilística.
O ProAgro foi um programa que funcionou em Angola entre 2006 e 2012, resultante
de uma parceria entre o MINADER, através do IDA, a ADRA para o trabalho com os
pequenos produtores, a ECI África e a CLUSA, que beneficiou de um financiamento
conjunto da USAID e da Chevron-Mosaic. Este programa beneficiou o cultivo da
bananeira na Província de Benguela, introduzindo novas práticas culturais que
aumentaram a produtividade das explorações. Através deste programa, foram
aprovados pelo Banco de Fomento de Angola, 6 projectos de grandes produtores e um
outro de uma cooperativa, com financiamento pelo Fundo Soba. A Equipa do ProAgro
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deixou a Província durante o ano de 2013, deixando em aberto a necessidade
continuada de apoio técnico aos produtores.
Comum aos dois Municípios em análise é a capacidade mais ou menos incipente de
associativismo e cooperativismo que tem como objectivo principal facilitar o pequeno
camponês no acesso ao crédito, a relação com a administração local, melhor acesso e
preços de aluguer de maquinaria agrícola e a venda concertada da produção e
participação na formação dos preços.
A União Nacional dos Camponeses de Angola (UNACA) é uma entidade de utilidade
pública, não-governamental, que actua como parceiro directo do governo. A UNACA
conta no Município de Benguela com 513 associados, dos quais 135 são mulheres, com
uma taxa de alfabetização de 50%. Estes associados distribuem-se por 3 cooperativas e
5 associações, explorando um total de 1.206 ha, dos quais 679 ha são ocupados com a
cultura da banana (Tabela XII).
Tabela XII: Caracterização do cooperativismo no Município de Benguela. Fonte: UNACA
Nome de coop/assoc Área (ha) Localização
Nº de sócios
Data de constituição
Área de banana
(ha)
Produção banana
(ton/mês) H M
Coop. Tuassuka 140 zona "A" Bimbas 40 2 23-02-06 80 60
coop. Kamenhe 82 zona "F" Mina 62 20 13-02-08 40 50
Assoc. Saluvanda 17 zona "F" Mina 24 12 07-04-08 6 a 7 12
Coop. Eyovoko 10 zona "A" Bimbas 20 18 02-03-06 - -
Assc. Salumbula K. 110 zona "F" Ukuendi 42 30 03-04-11 - -
Assoc. Kaloneva 23 zona "F" Mina 60 22 25-03-11 6 8 a 10
Assoc. Basilio Tchiputo 220 zona "F" Ukuendi 29 23 16-08-11 - -
Assoc. Zona Verde 210 zona "D" Asseque 86 20 16-05-13 20 -
No Município da Baía Farta, conta com 6 associações, com 370 membros, e 16
cooperativas com 1.015 membros, que exploram uma área de 5.143 ha (exemplos na
Tabela XIII). As actividades da UNACA ao nível da facilitação do acesso ao crédito
incluem visitas aos camponeses e cooperativas para apoio e controlo e reuniões com
os técnicos do Banco SOL. Tem ainda como missão mobilizar os camponeses para
assistir a acções de formação no campo, adoptando a metodologia de “Farmer Field
School”, como condição prévia à entrega de insumos. Cada associação paga à UNACA
uma quota de 1.000 AKz/mês.
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Tabela XIII. Exemplos de casos distintos de cooperativas do Município no que diz respeito ao sicesso no acesso ao crédito. (Fonte: Grupo Focal entrevistado neste estudo e Relatório de Actividades da Administração Municipal da Baía Farta, 2012).
Nome da Cooperativa
Nº de associados
Nº de produtores de banana
Nº de associados
com crédito
Total financiado
(AKz)
Banco operador
Tchivangulula 45 1 0 - - Elefantes 77 0 32 3.020.000 Banco SOL Tchivumbua 65 6 65 10.968.400 Banco SOL Wende Wokaye 68 5 15 9.131.500 Banco SOL
Destaca-se no Município, a Cooperativa Agro-Pecuária e Industrial dos Agricultores do
Dombe Grande, SCRL (CAPIAD) que foi fundada e conta com forte participação da
maioria dos grandes produtores do Dombe Grande, e tem desempenhado um papel
importante no Município. Possui 33 membros que ocupam uma área agrícola total de
1.519,7 ha, dos quais 1.012,5 estão cultivados. A área média total e em uso é de 46,05
ha e 30,68 ha respectivamente, que vão de 2 ha (total e em uso) a 551/251 ha
(total/uso). Considerando a área cultivada, 13 dos associados são grandes produtores e
20 são classificados como médios produtores, não existindo camponeses na lista de
membros desta cooperativa. As fazendas localizam-se por toda a comuna: Seku,
Avanda, hengue, Chileva, Kaviseka, Kanhoka, Chipiapiri, Kachimbuba, Kajanga, Luacho,
Dombe e Canto. De notar que 8 dos 10 agricultores do Luacho são grandes produtores.
Foi o empenho desta cooperativa que permitiu a instalação de uma loja de
fornecimento de insumos pertencente à Fertiangola no Dombe Grande, ocupando esta
o edifício da CAPIAD.
Desde 2002 também funciona no Município da Baía Farta o Núcleo Representativo de
Associações (NRA) que, sob administração do Estado e tendo como parceira a ONGD
ADRA, trabalha com 12 associações e 2 cooperativas. O papel do NRA é dotar as
associações e cooperativas de força institucional que lhes permita aceder a
financiamento, aproximando agicultores e camponeses do Estado e dos financiadores,
através de acções de formação em liderança de associações e desenvolvimento
organizacional.
A oferta de assistência técnica é considerada insuficiente pelos diversos actores e para
todas as etapas da cadeia de valor. A assistência técnica é da responsabilidade oficial
dos técnicos e extensionistas do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) e das
cooperativas, associações e seus representantes, mas por falta de recursos humanos e
financeiros destas entidades, é insuficiente para satisfazer a necessidade dos
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produtores. Algumas empresas que actuam a montante da produção no fornecimento
de insumos e serviços, casos da Fertiangola e da Mecanagro (ver “Cadeia Produtiva”),
prestam ainda assistência técnica na utilização dos seus produtos e serviços. O
aconselhamento é pouco especializado, feito pelos comerciais da Fertiangola,
fornecedor de insumos agrícolas, quanto ao modo de utilização dos seus produtos na
loja pelo gerente, em resposta às questões colocadas pelo produtor. No caso da
Mecanagro, esta assistência conta com a parceria técnica do IDA.
O acesso ao crédito é facilitado pela Adminstração Municipal, uma vez que o
financiamento é proveniente do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), entidade
oficial de Estado. Para tal, existe ao nível do Município da Baía Farta um “Comité Local
de Pilotagem” (CLP) coordenado pela Administração e com a participação do um
Grupo Técnico de Acompanhamento Local que interage com os agricultores e
camponeses através das associações e cooperativas, auxiliando a que sejam cumpridos
os requisitos legais para aceder a apoios e promovendo a assinatura dos processos
enviado a instituições bancárias por parte da Administração Municipal. O CLP verifica
os candidatos ao crédito, dá o seu aval ao banco e garante o reembolso e pagamento
de juros, concordando os bancos em não exigir outras garantias. A coordenação deste
grupo está a cargo de um representante do Centro de Desenvolvimento Agrário, da
Administração Municipal, da UNACA e do NRA. Este grupo trabalha com os Sobas e
Administradores Comunais para verificação de dados uma vez que apenas estas
autoridades conhecem e podem confirmar a identidade dos cidadãos e com
instituições religiosas e ONGs locais. Com excepção dos grandes produtores, o crédito
no Município de Benguela é inexistente.
O “crédito de campanha” é atribuído preferencialmente a associações e cooperativas,
mas o beneficiário final é o camponês a título individual (Tabela XIII). Todos os
agricultores e camponeses são elegíveis para aceder a crédito agrícola, desde que
pertençam a uma associação ou cooperativa. Embora não existam “ créditos de
campanha” nem mecanismos de financiamento específicos para a produção de
banana, os agricultores e camponeses podem ter acesso a financiamento agrícola
mediante a apresentação de facturas proforma, kits de trabalho e insumos agrícolas. O
facto do “crédito de campanha” exigir uma devolução do montante concedido até 10
meses causa dificuldades aos produtores de banana que apenas conseguem obter o
primeiro rendimento com a cultura após 9-12 meses. A taxa de juro é de 21%, sendo
comparticipada em 16% pelo Estado. Ao credor é cobrada uma taxa de 5% ao ano. A
larga maioria dos produtores de banana não recorre a “crédito de campanha” por não
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conseguirem pagar atempadamente. No Município de Benguela, houve uma linha de
crédito de 65 MAKz gerida pelo BPC, atribuída a 380 beneficiários associados a 4
associações e 5 cooperativas, cerca de 70% eram produtores de banana Muitos destes
créditos não foram pagos por causa da estiagem que ocorreu no Município de
Benguela e devido ao afundamento do lençol freático. Ao nível do IDA há outras
formas de crédito agrícola, como a entrega de sementes, instrumentos de trabalho e
fertilizantes com subvenções do Estado. O valor dos materiais adquiridos é devolvido
depois da colheita.
Outra modalidade de financiamento é o “crédito ao investimento”, pedido a título
pessoal e que se destina maioritariamente à compra ou reparação de tractores,
charruas e carrinhas para transporte da produção para os mercados. Para conceder
este tipo de financiamento, o banco exige uma garantia de reembolso bancária de
cerca de 10% do montante requerido, o que impede o seu acesso por parte de
pequenos e médios produtores. Apenas um dos entrevistados teve acesso a este tipo
de financiamento.
O crédito bancário convencional é a alternativa existente que permite obter
financiamento, usando linhas fora da agricultura. As instituições bancárias não
dispõem de linhas de crédito específicas para a agricultura nem de linhas específicas
para o Município de Baía Farta, sendo a aprovação de crédito avaliada em função da
proposta de projecto apresentada pelo cliente, e tendo o banco flexibilidade para
adequar as suas condições a situações concretas apresentadas. As condições gerais de
financiamento apresentam taxas de juro elevadas, na ordem dos 17% ao ano.
Explorando esta possibilidade, muitos agricultores e camponeses procuram os balcões
de instituições bancárias, como o Banco SOL em Benguela ou o Banco BIC, único balcão
do Dombe Grande, para requerer créditos que, na grande maioria dos casos não são
concedido devido à impossibilidade de apresentarem as garantias de reembolso
exigidas pelo banco, nomeadamente títulos legais de posse da terra ou garantias
pessoais, uma vez que não dispõem de depósitos no valor de 80% do montante
pedido, como exigido. O Kixicrédito não financia actualmente o sector agrícola.
O crédito aprovado pode ser concretizado através da entrega directa do montante
concedido ao requerente, ou através do pagamento aos fornecedores de insumos, que
os entregam ao cliente.
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Cadeia Produtiva
Resumidamente, o produtor, fornecido de insumos e algum equipamento, mais ou
menos variado e sofisticado consoante a sua dimensão e capacidade financeira,
cultivam a sua parcela de terra. Durante este processo, realizam as tarefas de plantar,
regar, capinar e tratar, recorrendo habitualmente a trabalhadores pagos em dinheiro e
géneros, podendo ser permanentes ou eventuais. Quando a banana está madura, é
colhida e preparada para a distribuição. Associada à dimensão fundiária, está a
capacidade financeira do produtor, que vai sendo progressivamente maior, a
mecanização e as práticas culturais executadas ao longo do desenvolvimento da
bananeira e ainda o conhecimento técnico, de gestão e contabilístico do proprietário e
dos seus assalariados. Assim, os camponeses não dispõem de tractores e alfaias
agrícolas, tendo que recorrer ao seu aluguer, quando necessário. Todos os produtores
possuem motobombas. Os médios e grandes produtores, para além de disporem deste
tipo de equipamentos com melhor qualidade e em maior número, por vezes têm os
seus próprios camiões, ou a capacidade de proceder ao seu aluguer para colocação da
produção no mercado.
Temos aqui a primeira dicotomia entre os percursos deste produto na cadeia de valor,
de acordo com a dimensão da exploração. Assim, os pequenos produtores vendem a
sua produção às quitandeiras, por valores entre os 30 e os 35 AKz por Kg de banana
em cacho. Estas mulheres têm o trabalho de despencar e amadurecer a banana, num
processo em que a banana despencada e colocada em cestas de 300 Kg tapadas por
folhas secas de bananeira, fica em contacto com carburetos para produção de calor,
durante 24 h. Depois é destapada e fica ao durante 4 dias. Nesta altura, é levada ao
mercado, onde é vendida a outras quitandeiras; desta feita por 50 AKz por cada 6
bananas, que têm peso inferior a 1 Kg. Para levar a banana amadurecida ao mercado,
as quitandeiras socorrem-se do candongueiro, que lhes transporta esta fruta nas
referidas cestas, com um custo de 800 AKz/cesta.
Os médios e grandes produtores têm ou alugam camiões para levar a produção aos
mercados locais ou mesmo para Luanda. No caso de um grande produtor que assegura
ele próprio a distribuição em Luanda, o preço por kg de banana atinge os 120 AKz.
Nos mercados informais, as quitandeiras voltam a vender, desta feita para lojas e
empresas do sector alimentar, 8 bananas por 100 AKz, que por sua vez as vendem ao
consumidor final, a um preço de 100 Akz por 6 bananas.
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Os produtores de banana são maioritariamente do sexo masculino. O nível de
escolaridade é bastante variável e não está relacionado com a dimensão ou modo
como é gerida a sua exploração. O papel da mulher assume maior importância nas
fases subsequentes da cadeia produtiva, nomeadamente na compra ao produtor em
verde, amadurecimento em casa e venda na rua ou nos mercados. A mulher tem ainda
um papel de destaque ao controlar a entrada da banana nos grandes mercados
informais, canalizando a carga que chega nas carrinhas para o mercado onde actua, ou
indicando o seu transporte para outros, de acordo com critérios não conhecidos pelos
restantes intervenientes na cadeia de valor e que tem impacto na cadeia de
distribuição (ver secção seguinte).
Os insumos e outras matérias-primas são adquiridos nos mercados informais ou em
lojas especializadas como a Fertiangola e a Agropri. Os produtores que dispõem de
transporte próprio têm ainda a possibilidade de adquirir insumos noutras delegações
da Fertiangola ou na Cegonha, no Lobito. Existiu até há pouco tempo outro
forncecedor de insumos no Dombe Grande, Sírius, que encerrou por motivos que não
são conhecidos por nenhum dos entrevistados.
De acordo com a informação recolhida na filial do Dombe Grande, na Fertiangola são
indicados, para a cultura da banana, diversos tipos de fungicidas (maconzebe, clorantil
e oxicloreto de cobre), insecticidas (clopirifos e metamidofos), herbicidas (glifosato,
paraquato e oxadiazão), adubos e fertilizantes em sacas (20-10-10, superfosfato 45%,
18-40-0, 20-10-10-7.5 e 15-15-15), soluções nutritivas (micronutrientes vários e
aminoacidos e adubação foliar). São ainda vendidos a produtores de banana, mangas
de rega (com pouca expressão uma vez que a rega predominante é por gravidade),
enxadas e catanas. Este fornecedor de insumos obtém os seus produtos na Europa e
armazena-os no Lobito e na Catumbela de onde distribui para Benguela e Dombe
Grande, de acordo com as necessidades, em camiões próprios. No caso de grandes
encomendas, a Fertiangola entrega o produto de forma gratuita na exploração do
comprador.
O pequeno camponês, sem capacidade financeira para investir na compra de sacas de
fertilizante, adquire no mercado informal, pequenas quantidades avulsas, em latas de
5 Kg.
A Mecanagro é uma empresa pública com financiamento próprio, criada ao abrigo de
um decreto do Conselho de Ministros em Janeiro de 2001 e tutelada pelo Ministério
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da Agricultura que, com um corpo de 60 trabalhadores efectivos, fornece serviços e
acompanhamento técnico no aluguer e assistência técnica a máquinas e equipamentos
agrícolas para mobilização do solo, nomeadamente lavoura, gradagem, abertura de
regos, derrube e ripagem, abertura de estradas terciárias e obras de Engenharia Rural.
A sua área de abrangência compreende toda a Província de Benguela. A sede situa-se
na cidade de Benguela e possui um parque no Dombe Grande e filiais no Cubalo,
Balombo, Bocoio e Ganda. A empresa assegura uma resposta num prazo de 24h,
reforçando-se em Luanda sempre que a procura de máquinas ou pessoal supera a
capacidade de resposta. De acordo com os produtores entrevistados no Município de
Baía Farta, praticam preços mais elevados do que os necessários ao aluguer a grandes
produtores vizinhos ou associações tornando-se menos atractiva para os produtores
de menor dimensão. A oferta com base nestas soluções por pequenos produtores de
banana e a aquisição de maquinaria própria por parte dos grandes produtores tem
causado nos últimos 5 anos um decréscimo significativo da procura da Mecanagro.
Actualmente a acção da Mecanagro mantém-se, trabalhando essencialmente com
produtores de milho, feijão e mandioca.
A produção faz-se de forma diferente de acordo com a dimensão do produtor. Com
base nas entrevistas conduzidas, elaboraram-se as Tabelas XIV e XV onde se ilustram
as principais diferenças nas características e operações culturais levadas a cabo por
pequenos e médios e grandes produtores, na produção de banana no Município de
Benguela e de Baía Farta, respectivamente.
As variedades predominantes nas explorações de bananeira em ambos os Municípios
são Grande Anã, Williams, Valery e Poyo. De um modo geral, o cultivo da banana faz-
se a partir de socas próprias ou de plantações vizinhas, plantadas em compassos de 6-
7m x 6-7m (médios produtores de banana) ou em linha a delimitar a exploração
(pequenos camponeses de banana). Outros compassos são usados por pequenos e
médios produtores do Município de Benguela. Os produtores de maior dimensão
adquirem material melhorado no estrangeiro ou possuem viveiro próprio. Estes
agricultores recorrem a um número elevado de trabalhadores assalariados que
mantêm na sua exploração e que não se dedicam exclusivamente à cultura da banana
e à contratação de trabalhadores eventuais. O pequeno agricultor utiliza mão-de-obra
familiar (tipicamente 5 pessoas) e recorre à contratação de trabalhadores eventuais
em explorações acima dos 1-2 ha.
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Tabela XIV. Caracterização do modo de produção de banana no Município de Benguela, de acordo com a dimensão fundiária da área cultivada com esta cultura.
Pequena exploração Média exploração Grande exploração
Área explorada total (ha)
Área de bananal (ha) <2 2-20 >20
Densidade (plantas/ha) 1300 1600
Nº de trabalhadores assalariados *
Não 6-20 60-100
Grande maquinaria (tractores, grades, charruas, pulverizadores)
Aluguer Própria Própria
Furo Sim Sim Sim
Pequena maquinaria (motobombas)
Sim Sim Sim
Membro de cooperativa ou associação
Sim Não Sim
Assistência técnica à produção
Não Não Sim
Material de plantação Socas Socas Socas e plantas de meristema
Insumos Fertilizantes Fertilizante Nematicida
Fungicida
Fertilizante Nematicida Herbicidas
Tipo de Rega Alagamento Alagamento Gota-a-gota (com mangas furadas)
ou alagamento
Controlo de infestantes Manual Manual Manual
Desfolha Não Sim
Tutoragem Sim
Remoção do “coração” Sim
Remoção das últimas mãos
Sim
Ensacamento do cacho Não
Colheita Manual Manual Manual
Colheita com embalagem Não Não Sim (caixa plástica)
Produtividade (ton/ha*mês)
<2 2-3 ~100 em 2014
Preço de venda em verde (AKz) / comprador
28-30 AKz quitandeiras ou
mercado local
30-37 AKz 60 AKz (despencada) em
Benguela 120 AKz (Luanda,
sem intermediários
Carrinha para transporte Não Não Sim
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Tabela XV. Caracterização do modo de produção de banana no Município de Baía Farta, de acordo com a dimensão fundiária da área cultivada com esta cultura.
Pequena exploração Média e grande exploração
Área explorada total (ha) < 30 120 – 200
Área de bananal (ha) < 2 9 – 60
Densidade (plantas/ha) 75 – 1.500 Cerca de 1.600
Nº de trabalhadores assalariados * < 10 > 100
Grande maquinaria (tractores, grades, charruas, pulverizadores)
Aluguer Própria
Furo Sim Sim
Pequena maquinaria (motobombas)
Sim Sim
Membro de cooperativa ou associação
Sim Sim
Assistência técnica à produção Não Não
Material de plantação Socas (de vizinhos) Mudas melhoradas ou socas próprias
Insumos Fertilizantes (no mercado informal)
Herbicidas, nematicidas e fertilizantes (nas lojas da
Fertiangola ou da Cegonha)
Tipo de Rega Alagamento Gota-a-gota (com mangas
furadas) ou alagamento
Nível de fertilização Baixo Médio-Alto
Tratamentos fitossanitários Não Nematicidas e fungicidas preventivos
Controlo de infestantes Manual Químico (glifosato)
Desbaste deixam > 3 deixam 2–3 (mãe/filha/neta)
Desfolha Sim Sim
Tutoragem Variável Não / Ocasional
Remoção do “coração” Não Sim
Remoção das últimas mãos Não Sim (a pedido do cliente)
Ensacamento do cacho Não Não
Colheita Manual Manual
Colheita com embalagem Não Sim (caixa plástica)
Rotação (nº anos / ocupação do solo)
3 – 9 / pousio 3 – 5 / milho
Produtividade (ton/ha) Não sabe / < 20 20 – 80
% para transformação 0 0
% perdas (excepto em situação de cheias)
0-2 0
Preço de venda em verde (AKz) / comprador
10 – 30 / quitandeiras ou mercado local
35 – 40 / intermediários ou venda própria
Carrinha para transporte Não Sim
Câmara de amadurecimento Não Sim (fora do Município) * No total da exploração
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A mobilização do solo para preparação para o plantio da banana consiste em
gradagem, riscagem e furo. Apenas alguns produtores, de maior dimensão, realizam
lavoura antes da gradagem. A falta de fundos para investir na compra de tractores e
alfaias próprios é identificada pelos médios e grandes produtores como um dos
factores limitantes à expansão das áreas cultivadas. Por outro lado, é identificada a
inexistência de mecânicos e técnicos capacitados para fornecer assistência técnica e
reparação a muita da maquinaria particular existente. Os pequenos camponeses
referem, por seu lado, algumas dificuldades em ter acesso a tractores e alfaias, que
existem no Município num número inferior a 15, mas principalmente aos preços do
seu aluguer. É ainda efectuada a preparação de bacias para rega que é efectuada por
gravidade com uma frequência de 8-8 dias no período frio e 4-4 dias no tempo quente.
A água provém de furo e é retirada com motobomba. Apenas grandes produtores, com
uma capacidade financeira superior e tecnicamente mais preparados, utilizam rega
gota-a-gota na cultura da banana, utilizando filtros nos gotejadores para impedir o seu
entupimento que de outra forma ocorre frequentemente devido a elevadas
concentrações de ferro na água.
A fertilização é feita com recurso a granulado de sulfato de amónio ou adubo
composto NPK 12-24-12 ou 17-17-17 aplicado por incorporação à volta de cada planta.
Geralmente não são efectuados tratamentos fitossanitários e a monda (capinagem) é
feita manualmente, com uma frequência de 15-20 dias. Apenas as maiores plantações
de banana conseguem ter capacidade financeira que lhes permita adquirir produtos
fitofarmaceuticos para combate a doenças (em particular nemátodos uma vez que
actualmente a incidência de pragas e outras doenças é reduzida) e realizar monda
química.
A generalidade das operações culturais destinadas a obter cachos de melhor qualidade
são efectuadas apenas pelos médios e grandes agricultores, uma vez que estes
possuem mão-de-obra assalariada que se reparte por outras culturas e que pode ser
canalizada para estas operações no bananal.
A colheita é feita em cachos verdes e a produção é escoada através de transporte
próprio ou de intermediários que contactam o produtor.
Os grandes produtores possuem câmaras de amadurecimento, permitindo-lhes vender
a banana madura a preços mais elevados. Estas câmaras localizam-se sempre fora do
Município devido à irregularidade de fornecimento de energia eléctrica do mesmo.
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Tanto para os grandes produtores como para o pequeno camponês, os gastos mais
significativos com a cultura da banana no Município da Baía Farta estão associados
com combustíveis e lubrificantes para alimentar e manter geradores e motobombas.
Estes gastos atingem cerca dos 60-80% do total de custos com esta cultura.
Salienta-se que não existe ainda uma ficha de cultura para a banana a que os
produtores possam ter acesso, estando a ser preparada pelo IDA para ser distribuída
na campanha 2013-2014.
Processamento
Apesar da longa tradição de produção de banana na Província de Benguela, em toda a
Província existe apenas um industrial que se dedica à sua transformação,
nomeadamente à preparação de banana seca, que comercializa em 17 lojas de
Benguela e Lobito. Trata-se do Sr. Ginha Faro, cujo nome dá marca do produto que
comercializa e que o próprio distribui.
Esta unidade industrial, situada na Município de Benguela, dá emprego a 5 homens, e
tem uma produção semanal que atinge 1.000 embalagens de banana seca, cada uma
consistindo de 4 bananas, em duas apresentações, ao natural e com canela. Estas
1.000 embalagens são obtidas a partir de 1 tonelada de banana, que dão origem a 270
Kg de banana seca. As perdas que se registam durante o processo resumem-se às
cascas e à água.
No processo de transformação utiliza uma prensa de madeira para uma primeira fase
de eliminação de água e prateleiras de inox para completar a secagem, que decorre
sobre brasas de carvão durante cerca de 24h.
Caracterização da cadeia de distribuição
No Município de Benguela, o percurso que a Banana faz até aos locais onde é
maioritariamente consumida depende da sua origem. Em geral, directamente dos
grandes produtores, ou passando por intermediários (quitandeiras e outros
transportadores) no caso dos pequenos e médios produtores, a banana chega a um
grande mercado informal onde se realiza a primeira venda a outras quitandeiras. Aqui
são vendidos a zungueiras e empresas locais, como restaurantes, mercearias e
supermercados, ou adquiridos por grandes transportadores que levam esta produção
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para outros mercados essencialmente em Luanda, mas também no Lubango, Huambo,
Bengo, Malange e Lobito.
Estes mercados têm como características comuns o facto de terem infraestruturas
precárias, não serem especializados, encontrando-se oferta de todo o tipo de
mercadorias, não possuirem estruturas de armazenamento e conservação frigorífica.
Nestes mercados informais, as zungueiras e quitandeiras revendem a fruta, repartida
por montes ou baldes, ajustando a oferta às necessidades do consumidor finais. A
banana é geralmente oferecida em montes de 6 peças, efectuando-se a venda em
locais específicos dedicados à fruta.
O escoamento da produção faz-se de modo distinto de acordo com a dimensão da
produção, processando-se através de meios próprios ou com recurso a intermediários
que compram directamente ao produtor e distribuem nos grandes mercados. O
transporte é geralmente feito em carrinhas ou, em menor escala, em kaleluias
(motociclos de 3 rodas).
Os produtores de maior dimensão são aqueles que possuem carrinhas próprias e
distribuem sem intermediários, para Bengula e Lobito e para as Províncias de Luanda
(principal destino), Huíla (Lubango), Bengo e Malange onde, devido às baixas
temperaturas, não é possível a produção de banana.
Para os pequenos e a generalidade dos médios produtores, o escoamento está
dependente do aluguer de camiões a particulares ou o recurso a intermediários, o que
representa custos elevados. Com excepção de 1-2 cachos por colheita que são
utilizados pelos camponeses como meio de subistência, e um pequena quantidade que
é adquirida pelas quitandeiras destinada a venda nos mercados informais, toda a
banana é escoada para fora do Município e mesmo da Província, como acima indicado.
Também no Município da Baía Farta a produção é escoada através de transporte
próprio, no caso dos produtores de maior dimensão, ou através de intermediários que
a colocam no mercado informal, tanto no Município (embora residual) como em
Benguela, Luanda e outras províncias, onde é vendida ao comércio formal e chega ao
consumidor final. Os intermediários não se dedicam exclusivamente ao transporte de
um produto. Tipicamente, o produtor contacta o intermediário quando tem uma
colheita programada, este desloca-se à exploração agrícola, carrega o camião e efectua
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o transporte para o mercado, em Luanda, para os mercados do Km 30 (Viana), do
Kikolo, do Catinton e outros, de acordo com indicação do produtor. Existe a
obrigatoridade de pagamento de um imposto/licença de carregamento para os
produtores mas, devido à inexestência de controlo, este imposto não é cobrado. Os
preços da banana são negociados individualmente por cada produtor com os
intermediários ou com o mercado onde é colocada a produção. Muitos intermediários
procuram produtores que vendem a preços mais baixos, não valorizando a qualidade
do produto.
Existem duas formas de renumeração dos intermediários: ou compram a banana verde
ao produtor e vendem-na no mercado e ficam com a margem de comercialização ou
recebem um valor acordado pelo serviço.
O intermediário pode não possuir carrinha própria e, nesta situação, recorre ao seu
aluguer, incluindo o motorista. Habitualmente contrata trabalhadores eventuais para
corte e carregamento dos cachos nos camiões e o valor cobrado pelo transporte
permite-lhe obter um lucro de 40.000-50.000 AKz por viagem.
Por norma, cada carrinha faz 3 viagens por semana a Luanda (cada viagem tem a
duração de 6 h), carregada com 5-6 ton de banana.
Actualmente a procura de intermediários excede a oferta, devido à elevada
quantidade de tomate a colocar nos mercados de Luanda e, com menor
representatividade, do Lubango. Embora o tomate seja o principal produto
transportado, o lucro conseguido com o transporte da banana é mais elevado.
Ao chegar aos mercados, em Benguela ou Luanda, a produção é entregue às senhoras
que fazem o preço e controlam todo o mercado. O intermediário vê-se obrigado a
aceitar as condições impostas sob pena de não conseguir escoar o produto que
transporta. Em Benguela o transporte faz-se para o Mercado do 4, também conhecido
por Mercado da Paz, inaugurado em 2013 no bairro do 4 de Abril, que por sua vez
abastece outros mercados dentro e fora do Município.
A colocação da produção em Luanda é considerada uma operação de elevado custo
devido não só aos custos associados com o transporte, como também do número
elevado de taxas e pagamento de serviços nos mercados. Associado ao receio de
serem enganados em resultado da alta competitividade, os produtores usualmente
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preferem vender “no campo” a preços mais baixos do que tentar obter preços mais
favoráveis directamente em Luanda.
No Município de Benguela encontramos 5 mercados informais, um deles em fase de
desmobilização e que não tem bancas de fruta, o da Caponte, o do 4 e outros que
vendem todos os tipos de produtos.
O mercado da Caponte era o maior depois de Luanda, mas foi desmantelado porque
tinha uma parte situada em terrenos privados que foram reclamados pelos donos.
O Mercado Municipal Heróis de Moncada é de construção recente e um caso típico em
que as vendedoras não aderiram ao espaço localizado no 1º andar de um edifício
construido especialmente para o efeito. Por um lado, não gostam de subir as escadas,
por outro, nas suas imediações não há lugares de estacionamento o que afasta os
clientes. Outro factor que pode contribuir para o insucesso do mercado é o grande
número de zungueiras que exerce a sua actividade mesmo à porta do mercado. Como
resultado, as bancas estão quase vazias e não há clientes.
O Mercado do CAI vende essencialmente hortícolas e fruta. Tem 30 bancas de fruta, e
outras que também vendem legumes. Diferentes variedades de banana estão em
todas as bancas de fruta, e são provenientes dos produtores do Município. Outras
frutas também à venda e originárias de Benguela são a manga e o mamão. Podemos
também encontrar uvas, maçã e citrinos que vêm da África do Sul. O lucro da
vendedora de banana pode chegar aos 100 AKz por cacho, ou mais se comprar em
maior escala. Algumas vendedoras compram a banana ainda verde ao produtor e
colocam “carbureto” para que “fique amarela”, outras compram-na já madura, mas
em diferentes estados de maturação, para poderem ser vendidas durante 2-3 dias.
O Mercado da Agro-pecuária é o segundo maior do Município e foi inaugurado
recentemente. Há capacidade para 1.500 vendedoras, das quais 250 de produtos do
campo. Tem em média 200 clientes por dia; as vendedoras estão mais à tarde, pois de
manhã muitas delas têm as suas hortas e pagam 50 AKz por dia, por banca. Muitas
deixaram as suas bancas 2-3 semanas depois da abertura do mercado, porque dizem
que não vendem, não têm clientes. Vende pouca banana e muitas vezes colhida nas
próprias hortas, cada cacho de banana custa 2.500 AKz, montes de 7 bananas custam
100 AKz. Este mercado tem poucos clientes, que são essencialmente famílias. Outros
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frutos à venda no mercado são o luembo ou meche, a goiaba e o mamão, todos do
Município e vendidos em quantidades residuais.
O Mercado do 4 ou da Paz também foi inaugurado em 2013 e é o maior mercado de
Angola. Tem acessos rodoviários em muito más condições e está todo situado sobre
terra batida, o que no caso de produtos do campo proporciona condições higieno-
sanitárias deficitárias. Os seus clientes são particulares, zungueiras e empresas que
escoam a produção de explorações locais ou intermediários. Tem 21.000 bancas, das
quais 1.500 vendem fruta e 500 especificamente banana. Este mercado vende mais de
20 toneladas de banana por mês. A banana que chega ao mercado é proveniente dos
Municípios de Benguela e Baía Farta. A banana retalhada é vendida em conjuntos de 8,
por 100 AKz. Agora que as vendedoras começaram a pagar aluguer, há muitas bancas
desocupadas. Dependendo da época, podemos encontrar outras frutas como a
Tangerina (Caimbambo), Limão (Huambo), Ananás (Bocoio), Manga (Benguela), Laranja
(Caimbambo), Mamão (Cavaco), Abacate (Huambo). É difícil estimar as suas
quantidades, pois chegam ao mercado em caixas. Temos também a maçã e a laranja,
provenientes da Namíbia, que chegam em camiões, cerca de 20 toneladas de cada, por
mês, constituindo concorrência para a banana. O mercado da PAZ também vende
insumos, cerca de 10 toneladas por mês.
Ao nível do Município da Baía Farta, existem no Dombe Grande dois mercados
visitados diariamente por cerca de 80% da população da comuna. Descreve-se
sucintamente o principal mercado do Dombe Grande, Mercado de Sede Comunal, nos
aspectos que se relaccionam com a comercialização da banana. Este mercado
desempenha um papel na cadeia de valor, tanto na venda de banana ao consumidor
final, como na venda de insumos agrícolas aos camponeses. O mercado funciona de
segunda-feira a sábado, entre as 8h e as 17h30. O mercado de Sede Comunal é gerido
pelo seu administrador e por 4 fiscais que combram o alugue diário das bancas e
fiscalizam a qualidade dos produtos. O mercado está dividido em zonas dedicadas a
determinado tipo de produto e possui capacidade para 80-100 vendedores, dos quais
50 vendem fruta e legumes em bancas e 10 quitandeiras que vendem apenas fruta, no
chão, em local privilegiado junto do parque de transportes. Não possui armazem para
conservação dos produtos. Os vendedores são habitualmente os mesmos diariamente
e os principais produtos agrícolas comercializados são o tomate, seguido de repolho,
couve e peixe-seco. Para ter acesso à venda neste mercado, os comerciantes pagam
uma taxa de 30 AKz /dia.
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No que diz respeito à venda de fruta, cada quitandeira dispõe de cerca de 10 “montes”
(corresponde, no caso da banana, a 5 unidades) que vende a 100 AKz. Esta banana é
comprada directamente aos produtores, é amadurecida em casa pelas próprias
quitandeiras e é vendida madura, na sua totalidade, para consumo da população.
Quase toda a banana comercializada é produzida no Município, sendo apenas
importada uma pequena quantidade de frutos como a laranja, goiaba (Cubalo), limão,
manga, abacate ou ananás (Benguela), que representam a concorrência a nível de
fruta. As quitandeiras que vendem banana vendem também, quando disponível,
manga (Outubro-Dezembro), goiaba (Fevereiro-Março) e mamão.
Apenas o primeiro destes frutos consegue, durante a sua época de comercialização,
superar as vendas conseguidas com a banana.
O mercado tem ainda 10 vendedores que comercializam insumos agrícolas,
nomeadamente adubos, herbicidas e herbicidas, para pequenos e grandes produtores.
Estes vendedores abastecem-se no Lobito, maioritariamente nos armazéns da
Cegonha e vendem sacos completos ou pequenas quantidades avulsas, em latas de
5Kg, podendo deste modo chegar ao pequeno camponês que não tem disponibilidade
financeira para investir num saco completo. De notar também que 4 bancas dispõem
de instrumentos agrícolas como catanas, enxadas, pás e motobombas.
Nos mercados do Dombe Grande, a fiscalização é feita pela Secção de Serviços
Comunitários e de Fiscalização e incide na higiene do pessoal e qualidade dos
produtos. Toda a banana posta à venda nos mercados é verificada na periferia e
confirmada no próprio mercado e tem recebido aprovação por parte desta entidade.
O Estado tem em projecto a construção, no Dombe Grande, de um mercado maior
dotado de melhores condições.
Embora de acordo com o “Código de Postura” a zunga (venda ambulante) esteja
proibida na Província, é frequente encontrar venda de rua, em locais determinados,
nos Municípios de Benguela e Baía Farta.
A falta de organização no escoamento da produção constitui um forte
constrangimento à cadeia de valor. Durante as entrevistas efectuadas, a generalidade
dos actores da fileira, no Município da Baía Farta, considera que seria vantajosa a
implementação, no Município, de um sistema de aluguer de camiões a preços
definidos, organizado pelo Estado, integrados numa plataforma logística de recepção
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da banana proveniente dos produtores do Município. Estas dificuldades resultam do
facto da produção de banana ser altamente regular, não apresentando quebras
significativas. Contudo toda a produção é actualmente escoada e mesmo a banana
considerada imprópria para colocação no mercado tem escoamento nas quitandeiras e
zungueiras. De notar que esta situação apenas ocorre pontualmente quando há
impedimentos de transporte (por exemplo, ter que ser retirada do Luacho e da Boa
Lembrança por canoa na época de transbordo do rio) e a banana amadurece no campo
e sofre danos físicos durante a manipuação adicional.
Os produtores do Município de Baía Farta não têm interesse em vender banana para o
comércio formal uma vez que este mercado pretende baixas quantidades de banana /
semana (na ordem dos 500 Kg) e são muito exigentes quanto às condições de entrega.
Na Província de Benguela, existe já um projecto do Ministério do Comércio para a
compra de todos os produtos agrícolas do campo, a serem canalizados para o mercado
interno, denominado PAPAGRO. Trata-se de um programa dirigido à aquisição de
produtos agrícolas em que o Ministério compra a produção aos agricultores e coloca-a
no mercado. No entanto, o programa tem-se mostrado incapaz de escoar a produção o
que tem trazido grandes prezuízos às cooperativas. No Município de Baía Farta, está
prevista a construção de um centro de recepção com “loja directa” onde o agricultor
pode vender a sua produção, trocar produtos agrícolas por insumos, e ter acesso a
câmaras de refrigeração.
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7. Formação de preços
Embora a maioria dos agricultores e a totalidade dos camponeses não controle os
custos que acarreta um ciclo de produção de banana, com base nas entrevistas
efectuadas foi possível fazer um levantamento do custo aproximado das operações
que são comuns à generalidade dos produtores de banana (Tabela XVI). Os actores da
cadeia têm maior conhecimento do valor das operações relacionadas com a
distribuição (Figura 7).
Tabela XVI. Custo aproximado de operações gerais associadas à cadeia de valor da banana
Operação Custo (AKz)
Cadeia de Produção
Aluguer de terreno à administração da antiga açucareira
20.000 / ha / ano
Cota para cooperativa / associação 5 / mês
Gradagem 14.000 / ha
Gradagem (em cooperativa ou associação) 10.000 - 12.000 / ha
Riscagem 7.000 / ha
Furar (mobilização de solo) 500-700 / ha
Socas 50-200
Mão-de-obra eventual 500 / jorna
Construção de furo 10.000-20.000
Motobomba 27.000-40.000
Fertilizantes cerca de 110 / Kg
Combustíveis 400-800 / ha / dia
Lubrificantes 400 - 1500 / ha /mês
Cadeia de Distribuição
Venda de banana no campo (pequeno produtor) 30-35 / Kg Venda de banana no campo (médio/grande produtor) 40 / Kg
Aluguer de uma carrinha 20.000
Transporte por candongueiro 800 / cesto de 300 Kg
Transporte carrinha 6 ton Dombe Grande - Luanda 80.000-100.000 / viagem
Transporte carrinha 6 ton Luacho - Luanda 120.000 / viagem
Transporte carrinha 6 ton Boa Lembrança - Luanda 120.000 / viagem
Transporte carrinha 6 ton Equimina - Luanda 140.000 / viagem
Transporte carrinha 6 ton Benguela - Luanda 100.000 / viagem
Descarregamento de carrinha no mercado 5 / caixa + 50 / operação Aluguer da banca no mercado informal (Dombe Grande)
30 / dia
Venda de banana no mercado informal 65 / Kg
Venda de banana no mercado formal 70 - 100/ Kg
Venda de banana na zunga 100-200 / ca. 5 peças (1-1.5 Kg)
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De referir que em particular os pequenos e médios produtores têm muito pouca
capacidade de influenciar os preços de venda da banana, situação que poderia ser
alterada através da venda em associação, nomeadamente pelas cooperativas.
A formação do preço da banana, desde a sua venda no produtor até chegar ao
consumidor final depende do seu percurso na cadeia de distribuição, como descrito
acima e como sistematizado na Figura 7.
Figura 7. Diferentes canais de distribuição da banana até ao consumidor final com indicação da evolução dos preços de compra e venda, em cada um dos passos da cadeia.
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8. Análise SWOT (Forças, Oportunidades, Fraquezas, Ameaças)
SWOT Benguela Fornececedores de insumos
(produtos e serviços) Produtores (camponeses e
agricultores) Distribuidores (transporte,
comércio a grosso e a retalho) Vendedores Finais (Mercado
local, lojas, supermercados, zunga)
Forças
- Oferta suficiente de consumíveis e equipamentos agrícolas durante todo o ano. - Pouca concorrência.
- Cultura de produção elevada com colheitas mensais. - Localização geográfica propícia a exportação por via marítima. - Condições edafoclimáticas adequadas à produção. - Posse da terra pelos produtores, com transmissão à descendência. - Alimento enraizado na dieta Angolana. - Baixo custo de combustíveis.
- Proximidade dos produtores. - Esquema funcional de escoamento do produto. - Capacidade de apoio financeiro ao produtor. - Controlo do preço de aquisição.
- Proximidade do produtor. - Alimento enraizado na dieta local. - Controlo do preço de aquisição
Oportunidades
- Necessidade de implementação do sistema de rega gota-a-gota
- Mercado nacional deficitário em banana. - O consumo de banana a nível internacional tem vindo a crescer. - Espaço para o desenvolvimento do sector de transformação da banana. - Possibilidade de aumentar a produtividade recorrendo a novas práticas agrícolas. - Possibilidade de acesso ao crédito. - Recuperação da Barragem do Dungo, prevista para 2014.
- Perspectiva de aumento do consumo.
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SWOT Benguela Fornececedores de insumos
(produtos e serviços) Produtores (camponeses e
agricultores) Distribuidores (transporte,
comércio a grosso e a retalho) Vendedores Finais (Mercado
local, lojas, supermercados, zunga)
Fraquezas
- As lojas estão distantes dos produtores. - Serviços de transporte caros ou inexistentes. - Falta de apoio técnico qualificado aos produtores. - Falta de assistência técnica às máquinas.
- Infraestruturas rodoviárias deficientes e transporte ferroviário por explorar. - Fazendas das lojas de insumos e dos mercados. - Formação escolar, contabilística e agrária limitada e desactualizada. - Capacidade financeira deficiente para actualizar práticas agrícolas e mecanizar a produção e participar na distribuição (armazenamento e camiões). - Custo de distribuição elevado. Sem capacidade de interferir no preço do produto. - Baixo rácio de área cultivada /área agrícola,e baixa produção. - Envelhecimento dos proprietários. - Falta de apoio técnico pelos serviços locais e cooperativas. - Cooperativas sem capacidade de venda do produto em associação. - Dificuldade de acesso ao crédito. - Rede de fornecimento de energia deficiente. - Ausência de valorização do produto em função da qualidade.
- Falta de estruturas de conservação. - Infraestruturas rodoviárias deficientes. - Distantes dos mercados.
- Baixo poder de compra do consumidor final. - Más condições higieno-sanitárias dos produtos.
Ameaças
- A área cultivada está a diminuir. - Desactualização dos camponeses face às novas práticas agrícolas. - Pouca disponibilidade financeira dos camponeses.
- Seca e consequente baixar do nível do lençol freático. - Salinização dos terrenos agrícolas. - Crescimento da construção urbana em áreas agrícolas. - Concorrência com a produção de Banana em Baía Farta e no Bengo.
- Dificuldade de adaptação dos vendedores à modernização dos mercados.
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SWOT Baía Farta Fornececedores de insumos
(produtos e serviços) Produtores (camponeses e
agricultores) Distribuidores (transporte,
comércio a grosso e a retalho) Vendedores Finais (Mercado
local, lojas, supermercados, zunga)
Forças
- Oferta suficiente de consumíveis e equipamentos agrícolas durante todo o ano. - Pouca concorrência.
- Condições edafoclimáticas adequadas à produção. Microclimas propícios a elevadas produções. - Zonas de lençol freático superficial, mesmo na orla marítima. - Colheitas mensais/quinzenais (regularidade de produção e reduzida sazonalidade) - Baixo preço dos combustíveis.
- Esquema funcional de escoamento do produto, por proximidade. - Controlo do preço de aquisição. - Ausência de flutuação sazonal de preços. - Baixo preço de combustíveis.
- Proximidade do produtor. - Alimento enraizado na dieta local.
Oportunidades
- Aumento da implementação de sistemas de rega gota-a-gota. - Crescente sensibilização para o uso de fitofármacos e soluções nutritivas. - Aumento das áreas de produção. - Incorporação de outros produtos na cadeia de valor (aixas de cartão, etileno, etc).
- Mercado nacional deficitário em banana. - Aumento do consumo de banana a nível internacional - Espaço para o desenvolvimento do sector de transformação da banana. - Possibilidade de aumentar a produtividade recorrendo a novas práticas agrícolas. - Vontade de receber formação. - Programa do Governo para dinamização do Município e apoio às populações vulneráveis. - Elevada disponibilidade de mão-de-obra. - Plano de construção de uma central de recepção (loja directa) com câmaras refrigeradas.
- Modernização de mercados informais. - Potencial de aumento da produção e consumo de banana. - Melhora da plataforma de transporte para os mercados. - Plano de construção de uma central de recepção (loja directa) com câmaras refrigeradas.
- Perspectiva de aumento de consumo. - Possibilidade de diferenciação por origem. - Proximidade ao Porto do Lobito (Localização geográfica propícia a exportação por via marítima). - Acesso a crédito bancário.
- Classificação do Dombe Grande como município em 2014 - Conclusão da construção da estrada que liga o Dombe Grande ao Namibe
- Perspectiva da construção de uma hidroeléctrica a norte do Coporolo.
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SWOT Baía Farta Fornececedores de insumos
(produtos e serviços) Produtores (camponeses e
agricultores) Distribuidores (transporte,
comércio a grosso e a retalho) Vendedores Finais (Mercado
local, lojas, supermercados, zunga)
Fraquezas
- As lojas estão distantes dos produtores. - Falta de apoio técnico qualificado aos produtores. - Falta de assistência técnica às máquinas agrícolas particulares. - Reduzida capacidade financeira do pequeno agricultor.
- Produtores sem título de posse de terra, impedindo acesso a crédito. - Insuficiente formação em produção e gestão agrícola. - Falta de controlo de custos e receitas por parte dos camponeses. - Práticas culturais desadequadas e desactualizadas. - Ausência de escolas de formação agrícola. Número de técnicos do IDA insuficiente. - Camponeses com baixa capacidade económica para actualizar práticas agrícolas, mecanizar a produção e participar na distribuição. - Pouca tradição no cultivo da banana. - Elevado custo de implementação da cultura. Alto tempo de entrada em produção. - Infraestruturas rodoviárias (estradas e pontes) deficientes. - Alterações do curso do rio Coporolo por falta de limpeza. Diques, caudal e redes de drenagem danificados. - Explorações distantes das lojas de insumos e dos mercados. - Custo de escoamento elevado. - Sem capacidade de interferir no preço do produto. - Fraca organização e capacidade económica de associações e cooperativas. - Falta de apoio logístico e técnico pelos serviços locais e cooperativas. - Rede de fornecimento de energia ausente ou deficiente.
- Falta de estruturas de conservação. - Infraestruturas rodoviárias deficientes. - Distância dos mercados. - Rede de fornecimento de energia ausente ou deficiente. - Cooperativas sem capacidade de venda do produto em associação.
- Mercados com margens e critérios pouco claros e não legislados. - Baixo poder de compra do consumidor final. - Más condições higieno-sanitárias dos produtos.
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SWOT Baía Farta Fornececedores de insumos
(produtos e serviços) Produtores (camponeses e
agricultores) Distribuidores (transporte,
comércio a grosso e a retalho) Vendedores Finais (Mercado
local, lojas, supermercados, zunga)
Ameaças
- Desactualização dos camponeses face às novas práticas agrícolas. - Aumento de importações directas a preços mais vantajosos no mercado internacional.
- Perda do direito de exploração da terra. - Seca e consequente baixar do nível do lençol freático. - Cheias nas margens do rio Coporolo. - Salinização dos terrenos agrícolas. - Concorrência com a indústria de processamento de tomate. Dificuldade de escoamento da produção (intermediários saturados com transporte de tomate). - Aumento da contaminação dos solos com nemátodos, através de socas contaminadas. - Aumento da incidência de doenças fúngicas.
- Ausência de indústria de processamento, necessária em caso de excesso/picos de produção. - Regulamentação do comércio agrícola.
- Dificuldade de adaptação dos vendedores à modernização dos mercados.
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9. Recomendações
Especificamente para o Município de Benguela
- Recuperação da barragem do Dungo;
- Melhorar a rede viária do Município de acesso às explorações do Vale do Cavaco e ao
Mercado do 4;
- Conter o avanço da construção na zona agrária do Vale do Cavaco;
- Definir um plano de contenção da salinização dos solos.
Especificamente para o Município da Baía Farta
- Atribuir a posse da terra, da responsabilidade da administração da antiga açucareira,
aos produtores, permitindo-lhes acessso a crédito agrícola e de campanha;
- Limpeza e desassoreamento do rio Coporolo;
- Reposição dos diques, caudal e rede de drenagam a jusante do Dombe Grande;
- Melhorar a rede viária (estradas e pontes) dentro do Município, em particular o
acesso às povoaçoes do Luacho, Boa Lembrança, Equimina e Chamume;
- Elaborar um plano de desenvolvimento e estudo de viabilidade de uma plataforma
logística de recepção e transporte de banana do Município para os grandes mercados
de Benguela e outras provincias;
- Promover a instalação de lojas de insumos agrícolas e balcões de instituições
bancárias no Dombe Grande.
Gerais
- Implementação e actualização constante de um Plano Estatégico de Desenvolvimento
do Sector Agrícola;
- Implementação de acções de capacitação em gestão e planeamento rural para os
responsáveis pelos gabinetes provinciais, municipais e comunais ligados à agricultura
na Província de Benguela;
- Implementação de acções de capacitação visando a actualização e aplicação de
práticas agrícolas adequadas e actualizadas ao cultivo da banana para extensionistas e
outros profissionais de apoio técnico ao sector rural como técnicos do IDA, EDA, CDA e
Gabinete de Desenvolvimento do Vale do Cavaco, responsáveis pelas cooperativas
agrícolas, outros técnicos agrários e produtores de dimensão média-elevada;
- Implementação de acções de capacitação em gestão de empresa agricola e
agricultura a produtores agrícolas;
- Implementação de acções de capacitação em princípios contabilísticos básicos para a
gestão de uma exploração agrícola;
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- Fortalecimento das cooperativas e associações com planos de formação que lhes
permitam uma liderança eficiente e capaz de melhorar o acesso a mecanização,
insumos, crédito e venda associada;
- Fortalecimento das cooperativas e associações na capacidade de fornecer
capacitação em práticas agrícolas, gestão e contabilidade da empresa agrícola;
- Criação de medidas de incentivo à modernização ao nível da mecanização,
equipamentos e tecnologia;
- Criação de mecanismo de “crédito de campanha” dedicado à cultura da banana,
adaptado ao seu ciclo de produção em parceria Banco/ONGD ou Gabinetes Agrários;
- Fomentar o acesso a mudas de variedades melhoradas e a fertilização e protecção
fitossanitária adequada e sustentável;
- Utilizar tecnologias de informação e comunicação (TIC) para fornecer informações
aos camponeses e agricultores que os ajudem na produção e comercialização;
- Criar mecanismos acessiveis de actuação com melhor transparência na
regulamentação dos mercados;
- Melhorar a oferta de técnicos de manutenção de parque de máquinas;
- Garantir o fornecimento estável de energia eléctrica;
- Dotar os serviços administrativos de mecanismos de levantamento de dados de
produção e estatísticas agrícolas;
- Promover a organização formal da fileira da banana;
- Promover a banana da provincia como produto diferenciado e como “marca de
qualidade”;
- Elaborar um plano de desenvolvimento de indústria transformadora.
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10. Bibliografia
Carta Geral dos Solos de Angola. VI - Distrito de Benguela. Junta de Investigações
Científicas do Ultramar. Centro de Estudos de Pedologia Tropical. Lisboa 1981.
Decretos Executivos referentes a crédito Agrícola e Programas de Promoção do
Comércio Rural
Diniz, A. Castanheira, Angola O Meio Físico e Potencialidades Agrárias. IPCE. Lisboa
1991.
Diniz, A. Castanheira, Características Mesológicas de Angola. Descrição e correlação
dos aspectos fisiográficos dos solos e da vegetação das zonas agrícolas
angolanas. Nova Lisboa, 1973.
Estudos da Linha de Base do Sector Económico-Produtivo dos Municípios de Benguela
e de Baía Farta.
Estudos de Linha de Base dos Municípios de Benguela e de Baía Farta.
FAS - Estudo da Cadeia Produtiva do Tomate, Município de Baía Farta / Província de
Benguela – J. Guerreiro, 2013 – Programa de Desenvolvimento Local
FAS- Estudo de Linha de Base - Município Baía Farta, ano 2012
Legislação aplicada ao sector produtivo e de transformação, comercialização
(nacional/exportação) de produtos agrícolas
Manuais da Administração Local
Relatórios anuais de actividades das Administrações Municipais de Benguela e de Baía
Farta – 2012.
Relatórios de desenvolvimento de cadeias produtivas de banana noutros países
Relatórios de Estudo do Tecido Económico Provincial
Situação Económica e Política do Município de Benguela, ano 2013. Administração
Municipal de Benguela.
Versão de trabalho do Programa de Desenvolvimento Provincial de Benguela (2013-
2017):
Volumes I e II – Estratégia de Desenvolvimento.
Nota: A informação disponível tanto nos produtores como nos diferentes serviços da
Administração Municipal e Governo Provincial é muito limitada, o que condicionou
seriamente a recolha de informação.
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Anexos
I. Carta de Solos da Província de Benguela, Instituto de Investigação Científica Tropical – IICT, IP, Lisboa, Portugal
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II. Entidades e personalidades visitadas e entrevistadas
Governo Provincial:
Agostinho Estevão Felizardo, Vice-Governador de Benguela para a área económica e
produtiva
Alice Cabral, Directora Provincial do Comércio, Hotelaria e Indústria
Augusto Sebastião, Direcção Provincial da Indústria, Geologia e Minas, director interino
Benjamim Fernando, Centro de Desenvolvimento Agrário
Director Provincial da Agricultura e Desenvolvimento Rural
Gaspar, Gabinete de apoio ao desenvolvimento do Vale do Cavaco
Paulo Cabaça, Instituto do Desenvolvimento Agrário
Tomás, Gabinete de apoio ao desenvolvimento do Vale do Cavaco
Município de Benguela:
Administração Municipal:
Adão, Fernando e António Cunha, Repartição de estudos de planeamento e estatística
(REPE)
António Capiópio, Soba do Bairro de Cambambi
Autoridades Tradicionais:
Daniel Domingos Kuly, Secretário geral
Elizina Ramalhete Cardoso, Repartição Municipal Económica e Produtiva
Francisco Chilumbo, Representante de Tomba
Gonçalo Sanjinji, Forum Benguelense de Desenvolvimento
João Pedro, Regedor Adjunto
Joaquim Marcolino, Soba do Bairro de Dokota
Joaquim Miguel, Soba do Asseque
Kudy, Repartição Municipal Económica e Produtiva
Mª José Garcia, Administradora adjunta
Paulo Manuel, Representante do Cambambi (Imbimba)
Pedro Katchipokes, Regedor
Sociedade Civil:
Armando Romeu, ProAgro-Chevron Mosaic-LCLUSA (2006-13)
Carlos Pinto, Secretário Geral da Câmara de Comércio e Indústria
Fernando Capitango, Presidente da UNACA
Maria Teresa Victória, Mariazinha, directora da ONGD ADRA
Representantes das Cooperativas dos camponeses: Coop. Tuassuka, coop. Kamenhe,
Assoc. Saluvanda, Coop. Eyovoko, Assc. Salumbula K., Assoc. Kaloneva, Assoc. Basilio
Tchiputo e Assoc. Zona Verde
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Instituições de Crédito:
Anselmo Gilberto, Balcão único empreendedor – BUE
António Reis, Kixicrédito
Luís Stock, Fundo Soba
Mário Neves, Banco Sol (segmento de microcrédito)
Rute Sala, Agropri
Pequenos, médios e grandes Produtores:
Amélia Neves (Angola Cuba)
Goreti Santos (Angola Cuba)
Grupo focal de produtores das cooperativas: Coop. Tuassuka, coop. Kamenhe, Assoc.
Saluvanda, Coop. Eyovoko, Assc. Salumbula K., Assoc. Kaloneva, Assoc. Basilio Tchiputo
e Assoc. Zona Verde
Guilherme Denguela, e Presidente das Cooperativas do Vale do Cavaco
Jorge Silva Dias (Angola Cuba)
Manuel Monteiro (Presidente da Federação do Agricultores e proprietário da
Fertiangola)
Maria (Asseque)
Mário Oliveira (Angola Cuba)
Tomás (Mbimba) e funcionário do Vale do Cavaco
Mercados:
Administrador do Mercado do 4 ou da Paz
Frutaria do Bairro do Atlântico
Mercado do CAI
Mercado Municipal Heróis de Moncada
Wilson, Director do Mercado Agro-pecuário
Outros:
Quitandeiras do Vale do Cavaco
Ginha Faro, Transformador de Banana
Avelino Candido, Director da Mecanagro
Helder Corte-Real, intermediário (transportador), Benguela
Lucas, intermediário (transportador), Benguela
Município de Baía Farta:
Administração Municipal:
Administrador Municipal do Chamume
António Manuel Rocha, Chefe de Secção dos Serviços Económicos e Sociais
Basílio Sassenda Jesse, Vice-Administrador do Município da Baía Farta
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Cristino António Cambunga, RMEP – Área Económica e Produtiva
Lucas Catila, Chefe de Secção de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas
Salomão Duarte Isaías, Chefe de Secção dos Serviços Comunitários e de Fiscalização
Autoridades tradicionais:
João Pedro Paulo, Regedor Municipal da Baía Farta
Soba da Equimina
Soba do Chamume
Soba do Luacho
Sociedade Civil:
Abel Ungula, representante da cooperativa “Wende Wokaye”
António Alfredo, representante da cooperativa “Tchivangulula”
António Catchilingo, Presidente do Núcleo Representativo das Associações (NRA) do
Dombe Grande
Cristiano Luis Joaquim, Núcleo representativo de Associações (NRA)
Domingos Catundé da Silva, representante da UNACA
João de Deus, Gerente da loja da Fertiangola do Dombe-Grande
Gino Chitecu, representante da cooperativa “Elefantes”
José Manuel dos Santos, representante da cooperativa “Tchivumbua”
Miguel Lucamba Basco, representante da cooperativa “Elefantes”
Grupo Focal de representantes de cooperativas e associações
Instituições de crédito:
Edir dos Santos, Banco BIC – Gerente do Balcão do Dombe Grande
Produtores:
Adriano Francisco Caldeira Pinheiro, produtor de banana na Boa Lembrança
António Alfredo, produtor de banana no Luacho
Filho do proprietário da Fazenda Kalukula, Chamume
Inácio Sachambe, produtor de banana na Equimina
Jacinto Abreu, produtor de banana na Boa Lembrança
Joaquim João Cussuca, produtor de banana no Luacho
Jorge Epanda Cassinda, produtor de banana na Equimina
José Monteiro, produtor de banana - Dombe Grande e na Equimina
José Perestrelo, produtor de banana no Dombe Grande
Vitorino Marques, produtor de banana no Dombe Grande
Grupo Focal de produtores do Chamume
Mercados:
Constantino Zeferino, Administrador do Mercado de Sede Comunal (Dombe Grande)
Mercado informal do Dombe Grande
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Vendedores de insumos do mercado de Sede Comunal (Dombe Grande)
Quitandeiras do mercado de Sede Comunal (Dombe Grande)
Outros:
Aurora Cuvala, intermediária, Dombe Grande
Samuel Orlando do Amaral, Administrador da Antiga Açucareira (Complexo Açucareiro
4 de Fevereiro), Dombe Grande