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Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica - PROVAB Promoção da Saúde no Envelhecimento

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Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica - PROVAB

Promoção da Saúde no Envelhecimento

APRESENTAÇÃO

Essa unidade será composta pelos seguintes temas:

Promoção da Saúde no Envelhecimento;

Prevenção de doenças no Envelhecimento;

Nutrição, perda de peso Involuntária;

Avaliação da estabilidade postural e prevenção de quedas.

Objetivo da Unidade

- Formular e aplicar estratégias adequadas de prevenção e promoção da saúde;

- Avaliar adequadamente o estado nutricional e o manejo de suas alterações;

- Avaliar, identificar alterações e orientar a abordagem de problemas ligados à marcha,

equilíbrio e quedas.

Agora escolha o tema a ser estudado navegando pelo menu superior. Bons Estudos!

TEMA 1 - PROMOÇÃO DA SAÚDE NO ENVELHECIMENTO

Neste tema, abordaremos questões sobre a Promoção da Saúde no Envelhecimento,

incluindo atividades que contribuem para o envelhecimento saudável.

Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer a importância da promoção da

saúde como garantia da qualidade de vida das pessoas idosas, bem como planejar e

desenvolver ações e atividades que promovam a adoção de hábitos saudáveis de vida,

além de refletir sobre o processo saúde-doença e o importante papel desempenhado pela

Promoção da Saúde.

Objetivo de aprendizagem deste tema

- Estimular a reflexão sobre o processo Saúde e Doença e o papel da Promoção de Saúde;

- Implementar ações de promoção e prevenção de doenças considerando as

especificidades da saúde da pessoa idosa; e

- Planejar e desenvolver ações que promovam a adoção de hábitos saudáveis na população

idosa.

Envelhecimento populacional

Você já parou para pensar que nosso País está envelhecendo?

Até 2025, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil será ́o sexto país do

mundo em número de idosos. Ainda é grande a desinformação sobre a saúde do idoso e as

particularidades e desafios do envelhecimento populacional para a saúde pública em nosso

contexto social.

A população brasileira vem envelhecendo rapidamente. Segundo a última pesquisa do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, os idosos - considerados no Brasil como

aqueles com 60 anos ou mais – somaram 23,5 milhões em 2011, mais do que o dobro do

registrado em 1991, quando o total somava 10,7 milhões. A expectativa de vida hoje no

Brasil é de 74 anos em média, sendo 77,7 anos para as mulheres e 70,6 para os homens.

Deve-se levar em conta, entretanto, que não basta viver mais; é preciso também viver

melhor, com saúde e qualidade de vida.

A promoção de saúde é a base para o modelo de atenção dos sistemas públicos universais

de saúde, e suas ações de grande relevância para atingir o objetivo principal de

proporcionar às pessoas idosas, suas famílias e comunidades, conhecimentos e meios para

que possam atingir um nível ótimo de saúde com qualidade de vida de forma contínua.

Essas ações se operacionalizam no terreno da Atenção Básica/Saúde da Família e

materializam os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e das Políticas Públicas

voltadas ao envelhecimento e saúde da pessoa idosa.

Expansão populacional, promoção de saúde e desafios a enfrentar

O crescimento das pessoas idosas na população mundial está carregado de dificuldades na

expansão do sistema de proteção social, as quais se configuram em grandes desafios a

serem superados na perspectiva de revisão da inserção do idoso na sociedade, na busca de

soluções para o resgate de sua dignidade e na criação de condições que lhe garantam boa

qualidade de vida e um envelhecimento saudável e ativo.

A promoção do envelhecimento ativo nada mais é que envelhecer mantendo a capacidade

funcional e a autonomia, devendo ser a meta de toda ação de saúde permeando as

atividades desde o pré-natal até a fase da velhice. A abordagem do envelhecimento ativo

“baseia-se no reconhecimento dos direitos das pessoas idosas e nos princípios de

independência, participação, dignidade, assistência e autorealização determinados pela

Organização das Nações Unidas” (OMS, 2002 apud BRASIL, 2006).

Importante:

nvelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação

e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas

ficam mais velhas (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE, 2005). A palavra “ativo”

refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e

civis, e não somente à capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de

trabalho (OMS, 2005). Para saber mais e ilustrar esta temática, acesse o vídeo, clique

aqui para abrir.

Nesta perspectiva, a Lei no. 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a Política

Nacional do Idoso, tem por objetivo assegurar seus direitos sociais, criando condições para

promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.

Considerando, neste contexto, um conceito ampliado do processo saúde e adoecimento e

seus determinantes, fica claro que as políticas, programas e ações promotoras de saúde e

relações sociais são tão ou mais relevantes do que as voltadas para condições de saúde

específicas e que, para tal, há necessidade de articulação de diversos saberes. Assim, a

Atenção Básica, em articulação com outros equipamentos disponíveis no território, como os

Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) e as Academias da Saúde, quando presentes,

constituem o locus privilegiado para a implementação dessas ações, devendo considerá-las

como prioridade estratégica. Este modelo de atenção integral foi recentemente sumarizado

no documento “Diretrizes Para o Cuidado das Pessoas Idosas no SUS: Proposta de Modelo

de Atenção Integral” (clique aqui para abrir).

A Política Nacional de Promoção da Saúde - PNPS (Portaria 687, de 30 de março de 2006),

busca promover a qualidade de vida e reduzir a vulnerabilidade e os riscos à saúde

relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de

trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços

essenciais, com ênfase no papel da atenção básica. Esta política está sendo revista, e uma

nova versão mais abrangente e considerando a necessidade de articulação de redes intra e

intersetoriais já está em análise (Clique aqui para ver na integra).

A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria 2.528, de 19 de outubro de 2006)

tem como finalidade primordial recuperar, manter e promover a autonomia e a

independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde

para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. É

alvo dessa política todo cidadão e cidadã brasileiros com 60 anos ou mais de idade (Clique

aqui para ver na integra).

Nesse processo, destacam-se como recursos relevantes para a atuação das equipes da

Atenção Básica, do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) e das Academias da Saúde

(quando disponíveis) o desenvolvimento de atividades de grupo, ações coletivas na

comunidade e participação das redes sociais dos usuários, sendo proposto pela PNSPI que

no projeto do envelhecimento saudável e ativo devem ser aproveitadas todas as

oportunidades para desenvolvimento de ações e atividades fundamentais (BRASIL,

2006). (clique aqui)

Nichos de ação e contexto evolutivo

A promoção da saúde atual tem como marco a Carta de Ottawa, produto da Primeira

Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde promovida pela Organização Mundial

da Saúde, em 1986, no Canadá, frente à necessidade de uma resposta à demanda por

uma nova concepção de saúde, que pudesse dar respostas a crescente complexidade dos

problemas de saúde e a questões como as condições e modos de viver a vida (WESTPHAL,

2006).

A partir de então várias conferências sobre promoção da saúde foram realizadas sendo que a promoção da saúde contemporânea aponta para uma inter-relação entre os conceitos de promoção da saúde, atenção primária, políticas públicas saudáveis e ambiente/cidades saudáveis, estando interligados na busca por melhorar as condições de vida e saúde da população, mediante ações multireferenciais e intersetoriais compartilhadas pela sociedade (LOPES, 2010).

A definição moderna da promoção da saúde passa pela constatação do papel protagonista dos determinantes de saúde e sustenta-se no entendimento que a saúde é produto de um amplo espectro de fatores relacionados à qualidade de vida, incluindo um padrão adequado de alimentação e nutrição, e de habitação e saneamento; boas condições de trabalho; oportunidades de educação ao longo da vida; ambiente físico limpo; apoio social às famílias e indivíduos; estilo de vida responsável; e um espectro adequado de cuidados de saúde. Suas atividades estariam, então, mais voltadas ao coletivo de indivíduos e ao ambiente, compreendido num sentido amplo, de ambiente físico, social, político, econômico e cultural, através de políticas públicas e de condições favoráveis ao desenvolvimento da saúde e do reforço da capacidade dos indivíduos e das comunidades (BUSS, 2000).

Fundamental neste momento entendermos a diferença entre prevenção de doenças e

promoção da saúde.

A prevenção atua diretamente na proteção a doenças específicas, com o objetivo final de

evitar a doença minimizando sua incidência e prevalência, enquanto a promoção da saúde

visa aumentar a qualidade de vida e saúde da população de forma mais abrangente,

atuando na identificação e enfrentamento dos determinantes do processo saúde e

adoecimento, promovendo mudanças nas condições de vida e de trabalho bem como

facilitando o acesso às escolhas mais saudáveis tendo por objetivo contínuo um nível ótimo

de vida e de saúde (DERMAZO, 2008).

Importante:

A PNPS traz em sua base o conceito ampliado de saúde e o referencial teórico da

promoção da saúde como um conjunto de estratégias e formas de produzir saúde, no

âmbito individual e coletivo, caracterizando-se pela articulação e cooperação intra e

intersetorial, pela formação da Rede de Atenção à Saude (RAS), buscando articular suas

ações com as demais redes de proteção social, com ampla participação e controle social.

(BRASIL, 2014)

Conheça a seguir os campos de ação da Carta de Otawa (1986):

Segundo Westphal (2006) os princípios da promoção da saúde atualmente são:

HOLÍSTICA: As ações de promoção da saúde devem pautar-se por uma

concepção holística de saúde voltada para a multicausalidade do processo saúde-

doença: Orienta as ações de promoção da saúde para as causas primárias dos

problemas e não apenas suas manifestações concretas, como o fomento à saúde

física, mental, social e espiritual, enfatizando a determinação social, econômica e

ambiental para que ultrapassem os limites do setor saúde.

EQUIDADE: Garantia de acesso universal à saúde com justiça social, tendo por

objetivo a construção de espaços de vida mais equitativos, o que implica na

análise dos territórios onde as pessoas vivem a identificação dos grupos em

situações de exclusão e a implementação de políticas públicas que discriminem de

forma positiva tais grupos.

INTERSETORIALIDADE: Articulação de saberes e experiências do planejamento

à avaliação das ações de promoção da saúde. Fazem-se necessárias mudanças

radicais nas práticas e cultura organizacional das instituições, pressupondo a

superação da segmentação setorial e desarticulação das ações na gestão das

políticas públicas.

PARTICIPAÇÃO SOCIAL: Participação direta dos cidadãos no planejamento,

execução e avaliação dos projetos de promoção da saúde, tendo em vista o

atendimento das demandas e interesses das organizações da sociedade civil. Cria

mecanismos de co-responsabilidade fortalecendo a ação comunitária e

consequentemente empodera o coletivo no controle dos determinantes da saúde.

SUSTENTABILIDADE: Frente às questões complexas, foco das políticas de

promoção da saúde, fazem-se necessários processos de transformação de

coletivos com impacto em médios e longos prazos, criação de iniciativas de acordo

com os princípios do desenvolvimento sustentável e a garantia de processos.

Considerando a necessidade da melhoria do acesso e da qualidade dos serviços prestados

no SUS foi formulada a Política Nacional de Promoção da Saúde – PNPS. (BRASIL, 2006).

A PNPS entende que “a promoção da saúde apresenta-se como um mecanismo de

fortalecimento e implantação de uma política transversal, integrada e intersetorial, que faça

dialogar as diversas áreas do setor sanitário, os outros setores do Governo, o setor privado

e não-governamental, e a sociedade, compondo redes de compromisso e co-

responsabilidade quanto à qualidade de vida da população em que todos sejam partícipes

na proteção e no cuidado com a vida” (BRASIL, 2006).

As ações de promoção da saúde planejadas e desenvolvidas pelas equipes da Estratégia

Saúde da Família em conjunto com as equipes, em implantação, dos Núcleos de Apoio à

Saúde da Família (NASF) e das Academias da Saúde também devem ser norteadas e estar

em consonância com a PNPS. São prioridades da PNPS:

Importante:

Considerando a promoção da saúde como um conjunto de estratégias e formas de produzir

saúde, no âmbito individual e coletivo, você identifica, na organização do processo de

trabalho de sua equipe, atividades que podem ser desenvolvidas para garantir um

envelhecimento ativo e saudável? Reflita sobre esta questão e discuta em seu ambiente de

trabalho.

Ações de promoção de saúde: alimentação saudável para pessoas idosas

Com o aumento da população idosa, o perfil epidemiológico das doenças na população

encontra-se em uma fase de transição, onde as doenças crônicas não transmissíveis

(DCNT) como doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes obesidade e neoplasias

estão substituindo as doenças infecciosas.

Há quatro décadas, as doenças cardiovasculares correspondem à primeira causa de morte

no Brasil, com aumento significativo da mortalidade por diabetes (BRASIL, 2010). Este

cenário epidemiológico está muito relacionado com hábitos alimentares e modos de viver a

vida não saudáveis., sendo que as mudanças no padrão alimentar, atualmente, estão

caracterizadas por aumento do consumo de alimentos de origem animal, açúcares,

gorduras, alimentos industrializados e relativamente reduzida quantidade de carboidratos e

fibras.

Desta forma as equipes da Estratégia Saúde da Família ocupam lugar privilegiado para o

desenvolvimento da promoção da saúde e enfretamento deste cenário por ser o primeiro

contato com a população no sistema de saúde, podendo interferir nesta realidade através

de ações de promoção da alimentação saudável.

Importante:

Segundo a Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN) do Ministério da Saúde,

responsável pela implementação da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), a

alimentação saudável deve ser baseada em práticas alimentares que assumam a

significação social e cultural dos alimentos como fundamento básico conceitual.

Uma alimentação saudável deve reunir também os seguintes atributos: ser acessível,

valorizar a variedade e as preparações alimentares tradicionais, ser harmônica em

quantidade e qualidade, naturalmente colorida e sanitariamente segura.

As ações de promoção da alimentação saudável para as pessoas idosas, desenvolvidas

pelas equipes de Saúde da Família e, quando possível, juntamente com os profissionais do

NASF, devem estar relacionadas principalmente à formulação e implantação de planos

locais que contemplem ações de educação aos idosos, bem como seus cuidadores e

familiares se for o caso, possibilitando o desenvolvimento de habilidades pessoais e

empoderamento da comunidade bem como a mobilização e participação social para a

criação de ambientes favoráveis para a alimentação saudável e consequente aumento da

qualidade de vida.

Conceito de Emponderamento

Permitir que o idoso conheça sua condição, saiba como identificar distúrbios e alterações

de sua doença de forma que ele seja o protagonista principal de sua saúde.

As ações devem difundir informações que possibilitem práticas educativas motivadoras

para a adoção de práticas saudáveis podendo ser desenvolvidas nas Unidades Básicas de

Saúde, nos domicílios, em grupos, campanhas e eventos de mobilização social. É muito

importante que as ações de promoção da alimentação saudável também considerem o

resgate de hábitos e práticas alimentares regionais que valorizem a produção e o consumo

de alimentos locais com baixo custo e elevado valor nutritivo. Neste sentido um

instrumento que pode contribuir para se realizar o diagnóstico da população e posterior

avaliação do impacto das ações de promoção da alimentação saudável desenvolvidas é o

Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) que possibilita a obtenção de dados

para monitoramento do estado nutricional e do consumo alimentar.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2004, elaborou a estratégia Global para a

Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde, onde sugere a formulação e

implantação de linhas de ação para minimizar as mortes decorrentes das DCNT no qual são

recomendações específicas sobre a dieta (BRASIL, 2005): (clique aqui)

A partir do diagnóstico a equipe deve lançar mão de estratégias e dispositivos para

desenvolver as ações de promoção da alimentação saudável que devem estar focadas na

educação da pessoa idosa, cuidadores, família e comunidade e em consonância com a

PNAN, cujos objetivos são: a garantia da qualidade dos alimentos, a promoção de práticas

alimentares saudáveis, a prevenção e controle dos distúrbios nutricionais e estímulo a

ações que propiciem o acesso universal aos alimentos.

Importante:

Verifique se no seu município ou na sua equipe existe uma política de promoção da

alimentação saudável da pessoa idosa. Se positivo, analise como você pode contribuir com

os conhecimentos até aqui adquiridos. Caso contrário, discuta com sua equipe como ela

pode ser implantada.

Uma ferramenta muito interessante para as equipes trabalharem no processo de educação

e empoderamento comunitário, com informações adequadas para a dieta da pessoa idosa

que não necessita de cuidados alimentares específicos, são os “Dez Passos para uma

alimentação saudável para a pessoa idosa” que são orientações práticas sobre alimentação

saudável. Essas orientações foram revistas recentemente, sendo retiradas as doses e

porções recomendadas devido à ampla variabilidade individual das necessidades diárias.

1. Faça três refeições ao dia (cafá da manhã, almoço e jantar) e, caso necessite,

outras refeições nos intervalos.

2. Dê preferência aos grãos integrais e aos alimentos na sua forma mais natural.

Inclua nas principais refeições alimentos como arroz, milho, batata,

mandioca/macaxeira/aipim.

3. Inclua frutas, legumes e verduras em todas as refeições ao longo do dia.

4. Coma feijão com arroz, de preferência no almoço e jantar.

5. Lembre-se de incluir carnes, aves, peixes ou ovos e leite e derivados, em pelo

menos uma refeição durante o dia. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele

das aves antes da preparação torna esses alimentos mais saudáveis.

6. Use pouca quantidade de óleos, gorduras açúcar e sal no preparo dos alimentos.

7. Beba água mesmo sem sentir sede, de preferência nos intervalos das refeições.

8. Evite bebidas açucaradas (refrigerantes, sucos industrializados e chás gelados),

bolos e biscoitos recheados, doces, sobremesas doces e outras guloseimas como

regra da alimentação.

9. Fique atento às informações nutricionais dos rótulos dos alimentos para favorecer a

escolha de produtos alimentícios mais saudáveis.

10. Sempre que possível, coma em companhia.

As orientações individuais sobre alimentação saudável à pessoa idosa devem ser feitas por

todos os profissionais das equipes de SF, reforçando a importância deste hábito como

fundamental para elevação da qualidade de vida. Quando houver necessidade de

orientações nutricionais específicas, estas podem ser fornecidas por nutricionistas ligados

ao NASF, quando disponível.

Importante:

Para saber mais sobre os 10 passos aqui descritos bem como dicas e orientações em

relação a abordagem das pessoas idosas para favorecer uma alimentação saudável acesse

a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, versão especial para o XXX Congresso Nacional de

Secretarias Municipais de Saúde (clique aqui para abrir).

Ações de promoção de saúde: saúde bucal

O Brasil Sorridente - Política Nacional de Saúde Bucal- é o programa do governo federal

voltado para a Atenção da Saúde Bucal no Brasil. De modo a garantir ações de promoção,

prevenção e recuperação da saúde bucal da população brasileira, o Brasil Sorridente reúne

uma série de ações para ampliação do acesso ao tratamento odontológico gratuito, por

meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

As principais linhas de ação do programa são:

1. Reorganização da Atenção Básica em saúde bucal, principalmente com a

implantação das Equipes de Saúde Bucal (ESB) na Estratégia Saúde da Família (ESF);

2. Ampliação e qualificação da Atenção Especializada, em especial com a implantação

de Centros de Especialidades Odontológicas e Laboratórios Regionais de Próteses

Dentárias. Na Atenção Especializada encontra-se também a Assistência Hospitalar.

O Brasil Sorridente contempla ainda o Brasil Sorridente Indígena e apresenta interface com

outras ações desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, o que ajuda a compreender seu

alcance.

As ações de saúde bucal devem estar integradas às demais ações de saúde da unidade

básica e os profissionais capacitados para atuar de forma multiprofissional e

interdisciplinar.

Importante:

Verifique se há ESB no seu local de trabalho e de que tipo, para que possam ser realizadas

ações conjuntas. Para ver as principais recomendações, (clique aqui para abrir).

Para ter acesso ao Caderno de Atenção Básica, nº 17 , (clique aqui).

Ações de Promoção de Saúde: Pratica Corporal e Atividade Física para Pessoas

Idosas

Inicialmente faremos uma distinção de prática corporal/atividade física e exercício físico,

sendo que a primeira pode ser definida como qualquer movimento realizado pelo sistema

esquelético com gasto de energia, sendo o exercício físico uma categoria da atividade

física, definido como um conjunto de movimentos físicos repetitivos planejados e

estruturados para melhorar o desempenho físico (BARRETO et. al., 2005; BRASIL, 2005).

A prática corporal/atividade física é fundamental para o envelhecimento ativo e saudável,

sendo capaz de reduzir o risco relacionado às doenças cardiovasculares e o diabetes, além

de propiciar vantagens importantes em outras doenças e em especial aquelas associadas

com a obesidade (BRASIL, 2006; OMS, 2004).

A atividade física aliada à alimentação saudável promove redução no peso corporal maior

do que apenas a alimentação isoladamente, além de aumentar a perda de gordura,

preservar a massa magra e diminuir o depósito de gordura visceral (MATSUDO, 1999 apud

BRASIL, 2006). Desta forma é de fundamental importância para o aumento da qualidade

de vida da pessoa idosa que exista a associação entre a alimentação saudável e o

desenvolvimento da atividade física.

A Estratégia Global para Alimentação, Atividade Física e Saúde da OMS recomenda que os

indivíduos adotem níveis adequados de atividade física durante toda a vida (OMS, 2004).

Os benefícios da prática corporal/atividade física, considerando-se o tipo e intensidade

pode resultar em diferentes ganhos para a saúde, sendo que ao menos 30 minutos de

atividade regular de intensidade moderada incluem efeitos benéficos sobre a síndrome

metabólica que vão além do controle de peso corporal, a redução da pressão arterial,

melhoria dos níveis de colesterol e de glicemia, até a redução de risco de cânceres (OMS,

2004).

Uma reflexão importante neste momento é de que o envelhecimento se dá ao longo de

toda a vida e não apenas a partir do momento em que são completados 60 anos de idade,

sendo os adultos jovens nascidos na década de 80 e 90 os idosos na metade deste século

Segundo o Ministério da Saúde (2006) os benefícios da prática corporal/atividade física

incluem:

Melhor funcionamento corporal, diminuindo as perdas funcionais, favorecendo a

preservação da independência;

Redução no risco de morte por doenças cardiovasculares;

Melhora do controle da pressão arterial;

Manutenção da densidade mineral óssea, com ossos e articulações mais saudáveis;

Melhora a postura e o equilíbrio;

Melhor controle do peso corporal;

Correlações favoráveis com redução do tabagismo e abuso de álcool e drogas;

Melhora o perfil lipídico;

Melhor utilização da glicose;

Melhora a enfermidade venosa periférica;

Melhora a função intestinal;

Melhora de quadros álgicos;

Melhora a resposta imunológica;

Melhora a qualidade do sono;

Ampliação do contato social;

Diminuição da ansiedade, do estresse, melhora do estado de humor e da

autoestima.

Duas perspectivas do trabalho com atividades físicas devem ser consideradas no

planejamento conjunto, a promoção da saúde que terá como foco a população em geral

com o fomento de ações que possibilitem a escolha, a autonomia e a corresponsabilidade

das pessoas nos seus modos de viver e a prevenção de doenças e agravos que tem como

foco evitar que algo aconteça. Algumas perguntas podem ajudar no processo do

planejamento conjunto das atividades: Quais pessoas podem participar? Quantos e quais

grupos de atividades serão precisos para contemplar o acesso adequado? Quais atividades

desenvolver? Como incluir todos os grupos dos diferentes ciclos de vida? Onde desenvolver

as atividades?

O Ministério da Saúde, através da Portaria GM/MS nº 719, lançou em 2011 o Programa

Academia da Saúde, com o objetivo de contribuir com a promoção da saúde da população

a partir da implantação de polos com estrutura adequada para o desenvolvimento de

práticas corporais/atividade física e de lazer bem como estimular modos de vida saudáveis.

Para saber mais sobre o Programa Academia da Saúde (clique aqui para abrir).

Vamos praticar!

1. Considerando a importância da atividade física para a qualidade de vida e

envelhecimento ativo e saudável, como devemos organizar e desenvolver o trabalho junto

à população?

2. Verifique se no município onde você atua já está disponível o Programa Academia da

Saúde. Se estiver, procure conhecer quais e quantos polos estão implantados e como você

pode utilizá-lo como espaço para o desenvolvimento das práticas corporais/atividades

físicas.

No desenvolvimento das práticas corporais, deve-se priorizar o desenvolvimento de

atividades de flexibilidade, equilíbrio e força muscular, de fácil realização. Sugere-se a

prática de 30 minutos ao menos três vezes por semana, o que favorece a adesão ao

programa (OMS, 2004; BRASIL, 2006).

Dê preferência a atividades de baixo impacto e intensidade moderada. É recomendado se

iniciar com atividades de baixa intensidade e de curta duração, devido a pessoa idosa

geralmente não apresentar condicionamento físico e podendo ter limitações músculo-

esqueléticas (BRASIL, 2006).

Antes de iniciar as práticas corporais/atividades físicas é recomendado que exista uma

avaliação física e de saúde com o cuidado de não comprometer as demais atividades

desenvolvidas na rotina de trabalho da ESF, evitando-se filas de espera ou retendo os

profissionais envolvidos na avaliação e orientação das atividades dentro de uma sala na

unidade de saúde (BRASIL, 2006).

Caso seja necessário, a pessoa idosa poderá passar por avaliação médica cuidadosa antes

de iniciar as atividades, entretanto no caso de atividades leves como caminhar, dançar,

executar atividades domésticas como varrer, cuidar do jardim, pode-se começar as práticas

para que esta avaliação não se transforme em impedimento para a motivação na

participação da pessoa idosa (BRASIL, 2006). Algumas recomendações para o

desenvolvimento das práticas corporais/atividades físicas são muito importantes e devem

ser orientadas as pessoas que irão praticar as atividades por qualquer membro da equipe:

Usar roupas e calçados adequados ou confortáveis

Ingerir grandes quantidades de líquidos, antes das atividades

Praticar atividades apenas quando estiver se sentindo bem

Iniciar as atividades lenta e gradualmente

Evitar cigarro e medicamentos para dormir

Alimentar-se até duas horas antes das atividades

Respeitar seus limites pessoais

Informar ao profissional orientador qualquer sintoma diferente da normalidade.

No processo de envelhecimento, a pessoa vai passando por modificações tanto biológicas

quanto sociais que exigem atenção especial, entretanto mesmo com a evolução da idade

estas modificações podem e devem ser adaptáveis a uma vida ativa e saudável. Desta

forma é fundamental que os profissionais de saúde reconheçam a complexidade dos

fatores determinantes desse processo e contribuam com o empoderamento e autonomia

das pessoas idosas através da promoção da saúde.

Grupo pode ser definido como um conjunto de pessoas unidas entre si com objetivos

comuns que se reconhecem interligadas por eles em torno de interesses afins, sendo um

espaço privilegiado para discussões de situações vivenciadas, possibilitando a identificação

de potencialidades para trabalhar as fragilidades e assim elevar a auto-estima.

Os grupos com pessoas idosas conforme sua finalidade podem ser grupos de integração,

de convivência, grupos com familiares, grupos de acompanhamento terapêutico, grupos de

atividade socioculturais, grupos de prática corporal/atividades físicas, dentre outros, os

quais tem o potencial de estimular o conhecimento dos problemas relacionados ao

envelhecimento, sejam preventivos, de cura e reabilitação, os físicos e psicológicos bem

como resgata a ressocialização (MARTINS, 2007).

Segundo Zimerman (2000) os grupos com pessoas idosas promovem espaço para o

extravasamento de sentimentos, podendo funcionar como um canal de comunicação entre

a pessoa idosa e seus familiares ou com os profissionais de saúde.

Mesmo com os diversos aspectos que fortalecem o trabalho em grupo com a pessoa idosa,

no planejamento das ações que serão desenvolvidas é fundamental considerar os

diferentes modos de pensar das pessoas envolvidas e seus modos de viver a vida, para a

construção de ações coletivas que efetivamente sejam promotoras de saúde e não

associem o envelhecimento à doença.

O grupo é um cenário privilegiado para realizar ações potenciais para o envolvimento da

pessoa idosa de modo crítico, reflexivo e participativo, modo pelo qual se deve romper com

o paradigma da educação tradicional onde se tem um público portador de uma ou mais

patologias e os profissionais de saúde desenvolvem palestras dissertativas verticais sobre o

assunto, normalmente “prescrevendo”, normatizando ou advertindo os participantes.

A seguir apresentamos algumas diretrizes básicas para organizar os grupos com as pessoas

idosas nas equipes de Saúde da Família (BRASIL, 2006). (Clique em cada aba para

visualizar o conteúdo)

PLANEJAMENTO: O planejamento do grupo deve incluir toda equipe de Saúde

da família e, quando disponível, profissionais do NASF, para discutir a realidade

social dos idosos do território, identificando as variáveis e necessidades existentes

na definição do local onde acontecerá o grupo, considerando-se a questão do

acesso; e, também, para traçar estratégias de convite efetivas com vistas à

garantia da participação das pessoas idosas na atividade. O Agente Comunitário

de Saúde tem papel fundamental no planejamento coletivo da ação, já que

conhece particularidades que não são acessadas pelo restante da equipe e

também na divulgação do grupo durante as visitas domiciliares.

FACILITADOR: A definição de um responsável ou facilitador do grupo é muito

importante para a organização dos encontros. Qualquer membro da equipe pode

ser o responsável pelo grupo o qual deve considerar algumas questões relevantes

para o sucesso das atividades como: as singularidades sociais e econômica dos

participante, as mobilizações emocionais que podem surgir no grupo e os saberes

das pessoas idosas envolvidas.

METODOLOGIA: A metodologia a ser utilizada no desenvolvimento dos grupos

com os idosos deve ser ativa e problematizadora, na qual se destaca a Educação

Popular em Saúde que possibilita uma maior aproximação entre a equipe e as

pessoas idosas numa relação horizontal, além de uma reflexão crítica coletiva para

a ação dobre a realidade social. Os temas e as necessidades a serem trabalhados

fazem significado, pois vão surgindo dos próprios idosos, à partir das situações

por ele vividas no andar da vida. Todos os participantes são sujeitos da

construção das ações de promoção da saúde o que contribui sobremaneira na

participação social e adesão aos grupos.

No encontro inicial se fazem necessárias discussões acerca da expectativa das

pessoas idosas participantes, bem como apresentação da proposta de trabalho,

além de pactuações de melhor dia para realização, frequência e duração dos

encontros.

Vamos praticar!

Uma das atividades das equipes de Saúde da Família é o desenvolvimento de diversas

ações educativas com grupos, dentre os quais grupos de Hipertensão e Diabetes. Muitas

equipes consideram que o espaço para desenvolvimento das ações educativas para os

idosos se dá nestes grupos. É preciso, entretanto, ter cuidado, para não confundir ações

voltadas para o envelhecimento saudável e ativo com ações específicas direcionadas a

grupos de portadores de determinadas patologias.

Concluindo...

Parabéns. Você chegou ao final deste tema.

Aprendemos sobre pontos importantes sobre a Promoção da Saúde em Pessoas idosas,

como por exemplo:

O processo Saúde e Doença e o papel da Promoção de Saúde;

A importância da Promoção de Saúde como garantia de qualidade de vida para idosos;

O planejamento e desenvolvimento de ações que promovam a adoção de hábitos

saudáveis na população idosa.