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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação

CURSO DE

DISTÚRBIOS DO SONO

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

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CURSO DE

DISTÚRBIOS DO SONO

INSÔNIA

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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SUMÁRIO

1 INSÔNIA

1.1 INSÔNIAS COMUNS

2 AVALIAÇÃO DOS PACIENTES

2.1 TRATAMENTO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1 INSÔNIA

Insônia, ou agripnia, é a falta de sono no período quando, por convenção, o

indivíduo deveria estar dormindo. Em geral, a condição dura menos que três

semanas, é a insônia transitória. A insônia é relatada desde como um personagem

bíblico até como um elemento científico. Para muitos autores, a insônia é um

sintoma que inclui dificuldade para iniciar o sono, frequentes despertares noturnos,

pouco tempo de sono e sono não reparador. Pessoas com insônia têm dois ou mais

destes critérios.

A “Conferência Internacional de Consenso sobre a Insônia”, realizada em

Versailles, na França, de 13 a 15 de outubro de 1996, como uma atividade do

Projeto Sono e Saúde Mundial, sob os auspícios da OMS, com a colaboração da

WFSRS (Federação Mundial das Sociedades de Pesquisa do Sono), chegou ao

acordo de que a definição da insônia como um sintoma aproxima-se do conceito de

febre ou de dor de cabeça, nos quais, quando agudos, poderiam ser considerados

secundários e tratados de acordo, mas deveriam ser melhor entendidos, avaliados e

tratados quando crônicos.

Também a “Conferência de Consenso do Desenvolvimento”, organizada

pelo Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH), dos Estados Unidos, em 1983,

concluiu que a insônia é um sintoma; portanto, um diagnóstico diferencial acurado é

essencial para o manejo efetivo de pacientes com insônia.

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A evolução do sono acompanhou a evolução do homem? Como o sono

evoluiu? Estas perguntas podem esclarecer se o sono é necessário ou dispensável.

O Dr. Allan Rechtschaffen, pesquisador da Universidade de Chicago, disse que “se o

sono não desempenha uma função absolutamente vital, então, ele é a maior falha

do processo evolutivo”.

O tempo passado na cama reduz um terço da nossa vida ativa. Em outras

espécies, a perda é ainda maior: os gatos, por exemplo, dormem o dobro do tempo

que passam acordados. A evolução fez grandes esforços para preservar o sono. No

entanto, isso não comprova a sua necessidade.

Há algumas histórias de disputa do homem com o sono. Suas

consequências podem ser desastrosas, tanto física, mental e/ou socialmente. Em

1959, Peter Tripp, um discotecário da rádio WMG, de Nova York, durante uma

campanha de levantamento de fundos para instituições de caridade, ficou 201 horas

acordado em uma cabine de vidro colocada na Times Square, Manhattan, com

visitação pública. Porém, ao fim de seu intento, estava com sinais de deterioração

mental; com pensamentos cada vez mais confusos e períodos de irracionalidade;

VOCÊ SABIA?

A inabilidade para manter o sono sugere uma

fragmentação causada por agentes externos,

como o ruído ambiental, luminosidade excessiva,

temperatura ambiente muito quente ou muito

fria e um companheiro de cama impaciente ou

que ronca. (CULEBRAS, 1996). Na presente

pesquisa, a insônia é definida como um sintoma;

uma condição subjetivamente inadequada ou um

sono não, de duração até duas semanas.

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alucinações e distorções da visão; não conseguia diferenciar entre o que era

pesadelo e realidade.

Outras experiências foram e ainda estão sendo feitas. Liesbeth, uma

estudante competidora de uma gincana de perguntas e respostas na Universidade

de Leiden, Holanda, que desistiu do jogo após 65 horas sem dormir, com

dificuldades para andar e falar, demorava a responder as perguntas, que precisavam

ser repetidas várias vezes, mas acertava a maioria das respostas.

A privação de sono também tem sido relacionada com a diminuição da

temperatura corporal de animais de laboratório, levando-os à morte, como nas

experiências de extrema privação de sono do Dr. Allan Rechtschaffen, a mesma em

que funcionava o laboratório de Nathaniel Kleitman. Em humanos privados de sono,

observa-se aumento do apetite, com ganho de peso no início e perda após longos

períodos sem dormir. A temperatura corporal também diminui em torno de 0,5 grau

centígrado após dois ou três dias.

A privação de sono pode ser usada como tratamento para a depressão, ou

como tortura para obter falsas confissões e, quando prolongada, chega a fazer a

vítima crer que o que confessou é verdadeiro. O sono é necessário para manter o

contato mental com o mundo; quando privados de sono por muito tempo, pode-se

morrer devido a consequências físicas ainda desconhecidas. No caso de

trabalhadores em turnos, com privações contínuas de sono, elas podem levar risco

de vida a eles e a outrem. Como exemplo, médicos, motoristas de caminhão, de

ônibus ou pilotos de avião que aumentam o seu tempo de serviço em busca de

REFORÇANDO!

Ficar longos períodos de tempo sem dormir é prejudicial à saúde e

pode vir a desencadear até mesmo confusão

mental.

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melhores remunerações mensais e/ou para atender às exigências dos patrões.

Portanto, a insônia voluntária, não somente a involuntária, vem a ser um problema

de saúde pública.

Todas as pessoas já experimentaram algumas noites ocasionais de pouco

sono, quer sejam causadas por um estresse temporário ou eventos recentes de

maior aborrecimento ou estímulo. Estima-se que 35% da população em geral

sofrerão de insônia durante a sua vida e metade deste grupo irá considerar o

episódio sério o suficiente para consultar um médico.

Na clínica diária detecta-se, inúmeras vezes, a insônia por um acaso; ou,

então, negligencia-se o seu diagnóstico e a sua importância na vida do paciente,

talvez pela pouca preparação dos profissionais de saúde (médicos, psicólogos, entre

outros) sobre o sono e seus distúrbios, nos cursos de graduação.

As ocasionais noites mal-dormidas, em muitas circunstâncias, não levam a

consequências severas. Já a insônia persistente muitas vezes tem efeitos

prejudiciais profundos para a vida da pessoa. Os insones, frequentemente, queixam-

se de um funcionamento diário prejudicado, incluindo fadiga, irritabilidade, distúrbios

do humor, concentração diminuída, performance no trabalho reduzida e sonolência

diurna.

VOCÊ SABIA?

De todas as queixas relacionadas ao sono, a

insônia é a mais prevalente, afetando mais que 60

milhões dos adultos americanos a cada ano.

Aproximadamente 30 a 35% dos adultos se

referem à dificuldade para dormir e 10 a 15%

relatam problemas crônicos ou severos com o seu

sono. A Conferência de Consenso do

Desenvolvimento, 1983, do NIMH, relatou que

35% de uma amostra nacional dos Estados Unidos

queixaram-se de “problemas para dormir no ano

que passou”.

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Metade do grupo, 17%, considerou como um problema sério; 47% destes

indivíduos tinham níveis elevados de distúrbios psíquicos, ansiedade, depressão e

doenças médicas em geral, comparados com somente 11% de indivíduos

assintomáticos. Obviamente, a insônia não é somente uma queixa relativamente

comum, mas também pode estar associada a outros problemas.

Poucos são os estudos epidemiológicos para se detectar a prevalência da

insônia na população em geral. Os estudos já realizados se baseiam em amostras

pequenas ou não randomizadas e a inclusão de questões limitadas sobre sono

como apenas parte de um grande senso.

Na maioria destes estudos, somente a população adulta é estudada,

geralmente com 30 anos ou mais. Em estudos com pessoas com 18 anos ou mais,

as queixas relacionadas ao sono foram encontradas em um terço delas, baseados

em amostras de 1000 sujeitos. (KALES apud GUILLEMINAULT & LUGARESI,

1983), 1645 (KARACAN, apud GUILLEMINAULT & LUGARESI, 1983) e 2347

(THORBY, apud GUILLEMINAULT & LUGARESI, 1983).

Um estudo que permite alguma comparação entre idades incluiu sujeitos

menores de 18 anos, mas amostrou somente pessoas com 15 anos ou mais.

(McGHIE, apud GUILLEMINAULT & LUGARESI, 1983). Os poucos estudos com

indivíduos menores têm também apresentado limitações, como o uso de amostras

pequenas e não randomizadas (HAURI, PRICE & ZEPELIN, apud GUILLEMINAULT

& LUGARESI, 1983), não permitindo assim a generalização de seus resultados.

Mais significante ainda é que estes estudos limitam-se a indivíduos somente

com 19 anos (HAURI, apud GUILLEMINAULT & LUGARESI, 1983), somente

estudantes com 15 a 19 anos (PRICE, apud GUILLEMINAULT & LUGARESI, 1983)

e 11 a 18 anos. (ZEPELIN,apud GUILLEMINAULT & LUGARESI, 1983). Não foi

encontrado nenhum estudo de follow-up incluindo indivíduos desde a infância até a

velhice.

Os fatores demográficos associados com a prevalência da insônia entre

adultos incluem a idade, o sexo, a situação socioeconômica e a conjugal. A

prevalência da insônia entre adultos aumenta com a idade (CHOKROVERTY, 1994);

entretanto, pesquisas mais recentes, com amostras mais representativas, têm

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sugerido que o aumento da insônia associado com a idade é menos dramático do

que muitas vezes é estabelecido. (CHOKROVERTY, 1994).

Lugaresi (1987) mostrou com um estudo consistente que os problemas de

sono aumentam com a idade em ambos os sexos. Gillin (apud CHOKROVERTY,

1994) e Feinberg & Carlsson (apud CHOKROVERTY, 1994), observaram que há

mudanças nos hábitos de sono com o aumento da idade, caracterizadas por uma

diminuição do tempo total de sono noturno e de sua eficiência, mais um aumento da

latência do sono e dos despertares durante a noite.

Mcghie & Russel (apud CHOKROVERTY, 1994) e Lugaresi et al. (apud

CHOKROVERTY, 1994) descobriram um aumento dos distúrbios do sono com a

idade, particularmente diferentes formas de insônia e especialmente entre as

mulheres. Karacan et al. (apud CHOKROVERTY, 1994) e Bergman et al. (apud

CHOKROVERTY, 1994) confirmaram esses dados com a constatação de uma

porcentagem grande de idosos usando drogas sedativo-hipnóticas.

As queixas de insônia são mais frequentes nas mulheres do que nos

homens, aproximadamente 40% e 30%, respectivamente. (CHOKROVERTY, 1994).

Gislason (apud CHOKROVERTY, 1994) constatou a prevalência maior de insônia

inicial entre os homens dos 75-79 anos e mulheres dos 70-74 anos. Quanto à

insônia intermediária ou de manutenção do sono, houve uma prevalência de 42,2%

dos homens entre 75-79 anos e 40,5% das mulheres entre 80-84 anos de idade. O

despertar precoce habitual foi apresentado por 16,7% do total e o ocasional por

19,9%.

Segundo Mellinger (1985), o aumento da insônia com a idade está mais

associado com o tipo insônia severa ou crônica do que com a transitória. Não se

sabe a prevalência relativa entre a insônia transitória e a persistente nos Estados

Unidos. (CHOKROVERTY, 1994). Há um estudo suíço (ANEST, apud

CHOKROVERTY, 1994) com pessoas de 20 a 21 anos, em que 15% tinham

episódios ocasionais de insônia transitória e 9% de insônia persistente.

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A incidência na população em geral é desconhecida, segundo a ASDA –

Associação Americana dos Distúrbios do Sono (1990). Esta é rara em crianças e

adolescentes, geralmente se iniciando entre os 20 ou 30 anos de idade e

gradualmente se exacerbando; pode haver uma predisposição familiar, sem uma

causa genética esclarecida; também é mais comum em mulheres. (ASDA, 1990;

APA, 1995).

Muito ainda há de se pesquisar sobre os diversos aspectos epidemiológicos

da insônia, em todas as faixas etárias; como também deverá se avaliar em que

esses dados poderão contribuir para programas preventivos, seja primários,

secundários ou terciários.

Há questões sociais e ambientais que interferem no sono. O horário de

verão, adotado hoje por vários países, foi citado pela primeira vez por Benjamin

Franklin, em 1784. Ele observou que se as pessoas adiantassem os relógios no

verão poderiam aproveitar mais horas de luz solar e ficar mais ricas, porque

economizariam o dinheiro gasto com velas. A sugestão só foi colocada em prática

VOCÊ SABIA?

A insônia parece ser mais comum em

pessoas de situação socioeconômica baixa,

como também em pessoas divorciadas,

viúvas ou separadas, em comparação com os

solteiros ou casados (CHOKROVERTY,

1994), mas a idade pode intervir, em parte,

com estas descobertas. Em centros de

distúrbios do sono, cerca de 15% a 25%

dos insones crônicos recebem o diagnóstico

de insônia psicofisiológica ASDA.

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no início da 1ª Guerra Mundial, pela Alemanha, Estados Unidos e Grã-Bretanha,

para economizarem energia. Na 2ª Guerra, a Inglaterra empregou o duplo horário de

verão, adiantando o relógio duas horas. (COREN, 1996).

Atualmente, trinta países adotam o horário de verão; cada qual escolheu

diferentes períodos para começar e terminar seus horários. Nos Estados Unidos,

começava no último domingo de abril e terminava no último domingo de outubro. Em

1987, ele começou a ser estendido do primeiro domingo de abril até o último

domingo de outubro. Na Grã-Bretanha, começa uma semana antes e, em alguns

países europeus, a volta à normalidade se dá no fim de setembro.

Nos países do hemisfério sul entra em vigor em meados de outubro e

termina em fevereiro ou março. No Brasil, começa em outubro e termina em

fevereiro. Monk & Folkard (1976 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999), da

Universidade de Sussex, Inglaterra, constataram que os padrões de sono dos seres

humanos podem sofrer perturbação imediatamente após a mudança de horário de

verão e continuar perturbados por cinco dias depois da volta à normalidade.

Nesta pesquisa partiu-se da ideia de que a mudança para o horário de verão

equivaleria à alteração de um fuso horário para leste ou para oeste, com ganho ou

perda de uma hora de sono. Coren (1996) relatou os resultados de sua pesquisa

com os atestados de óbito de 1986 a 1988, nos Estados Unidos, em que constatou

que nos quatro primeiros dias de horário de verão a perda de sono, embora

pequena, provocava um aumento de 6% no número de mortes acidentais,

comparando-se com a semana anterior e a semana seguinte.

Os dados mostravam que a perda adicional de sono é, sem dúvida, um fato

negativo, mas que o acréscimo não é necessariamente um benefício. Muitos males

trazidos pelo horário de verão não são considerados e medidos, como por exemplo,

pequenos acidentes em casa e no trabalho. Quantas peças defeituosas passaram

pelo supervisor sonolento? Quantos leucócitos deixaram de ser contados pelo

bioquímico com sono? Quantas informações deixaram de ser fixadas pelo aluno

sonolento?

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Há diversos distúrbios do sono descritos. A Classificação Internacional dos

Distúrbios do Sono de 1990 distingue três grandes categorias: dissonias, as quais

resultam em insônia ou sonolência excessiva; parassonias, isto é, comportamentos

anormais durante o sono, associados com distúrbios médicos ou psiquiátricos.

As dissonias são subdivididas em distúrbios intrínsecos do sono, distúrbios

extrínsecos do sono e distúrbios do ritmo circadiano. Cada uma destas categorias

inclui vários distúrbios que podem resultar em queixa de insônia. Existem os

Distúrbios Intrínsecos do Sono, como é o caso da insônia psicofisiológica ou insônia

primária do DSM-IV.

Sua característica essencial é uma queixa de dificuldade para iniciar ou

manter o sono, ou de um sono não reparador, que dura no mínimo um mês e causa

sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou

ocupacional, ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo; não ocorre

VOCÊ SABIA?

Na clínica diária, observam-se pessoas que

demoram meses para se adaptar ao horário

de verão e se queixam de insônia e diminuição

de sua produtividade. Mais pesquisas devem

ser realizadas e providências tomadas para

se ponderar até que ponto o horário de verão

é vantajoso e quanto pode trazer de

prejuízos para a nossa saúde, em virtude,

principalmente, da insônia que ele pode vir a

causar, acompanhada de suas consequências

biopsicossociais e/ou ambientais.

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exclusivamente durante o curso de outro transtorno do sono ou de outro transtorno

mental, nem se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou de uma

condição médica geral. (APA, 1995).

A insônia psicofisiológica ocorre em aproximadamente 15% dos casos de

insônia vistos em Centros de Distúrbios do Sono entre 1970 e 1980. (COLEMAN

apud CHOKOVERTY, 1994). O exame de PSG revela objetivamente um período de

latência do sono (tempo até adormecer) prolongado, aumento de despertares depois

do início do sono e estágio um do sono aumentado.

Muitos indivíduos com Insônia Primária têm uma história de sono “leve” ou

facilmente perturbado antes do desenvolvimento de problemas de sono mais

persistentes. Os fatores que precipitam a Insônia Primária podem diferir dos que a

perpetuam. A maioria dos casos tem um início relativamente súbito, em um

momento de estresse psicológico, social ou médico.

A Insônia Primária frequentemente persiste por muito tempo após a

resolução dos fatores etiológicos, devido ao desenvolvimento de maior excitabilidade

e condicionamento negativo. (APA, 1995). É subdividida em intrínseca, quando

causada por fatores internos do corpo; extrínseca, causada por fatores externos ao

corpo; e as que são em consequência a distúrbios do ritmo circadiano. As insônias

primárias estão separadas do grande grupo de insônias que são secundárias a

distúrbios médicos, neurológicos ou psiquiátricos. (ICSD, 1990 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999).

A insônia psicofisiológica persistente é muitas vezes chamada de insônia

“aprendida” ou “comportamental”. Esta é diagnosticada em pacientes que se

queixam de insônia e diminuição de seu funcionamento em vigília, se o

comportamento destes sugere relações com a prevenção do sono. (HAURI apud

KRYGER, 1994). Em síntese, os critérios diagnósticos para Insônia Primária ou

Psicofisiológica do DSM-IV (APA, 1995) e ICSD (1990 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999) são: a queixa predominante é de dificuldade em iniciar ou

manter o sono, ou de sono não reparador, por pelo menos um mês. Há indicações

de comportamentos aprendidos de prevenção do sono, como:

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1) Duras tentativas para dormir, sugeridas por uma inabilidade de adormecer

quando com vontade, mas facilidade durante outras situações monótonas, como

assistir televisão ou ler;

2) Despertar condicionado ao quarto ou atividades relacionadas ao sono,

indicados por um dormir mal em casa, mas melhor fora de casa ou fora da rotina da

cama. Há evidência de aumento da tensão por somatização, exemplo: agitação,

tensão muscular, vasoconstrição aumentada. No exame de polissonografia, há um

aumento na latência do sono; uma redução da eficiência do sono; um aumento no

número e na duração dos despertares; o distúrbio do sono (ou fadiga diurna

associada) causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento

social ou ocupacional, ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Não há

evidências de outros distúrbios médicos ou psiquiátricos que poderiam causar os

distúrbios de sono. O distúrbio não é devido aos efeitos fisiológicos diretos de uma

substância (por exemplo: droga de abuso). Outros podem coexistir com a insônia,

por exemplo, higiene inadequada do sono, síndrome de apneia obstrutiva do sono,

entre outros.

A ICSD (1990 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999) classificou três graus

de severidade para os sintomas cardinais de insônia, como se segue:

Insônia leve: é uma queixa de sono insuficiente com um sentimento de

mal-estar, sem afetar as funções diurnas. Esta pode ser associada com ansiedade

leve, frustração e fadiga;

Insônia moderada: é a queixa de sono insuficiente com sentimentos de

mal-estar associados com prejuízo moderado do funcionamento. Esta sempre gera

irritabilidade, ansiedade e fadiga;

Insônia severa: envolve um sono insuficiente e sentimentos de mal-estar

com comprometimentos severos do funcionamento social e ocupacional. Está

associada com irritabilidade, ansiedade e fadiga.

Quanto à duração, a ICSD (1990 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999)

classificou a insônia em:

Aguda: duração de quatro semanas ou menos;

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Subaguda: duração de mais de quatro semanas, mas menos que seis

meses;

Crônica: duração de seis meses ou mais.

Há, também, a classificação da insônia quanto à duração como transitória,

crônica e intermitente. Assim como, quanto ao momento da noite em que se produz:

inicial, intermediária e terminal. (BUELA – CASAL, apud REIMÃO, 1996).

Algumas pessoas referem ter insônia, o que não é confirmado nas

gravações objetivas de seu sono. Em um estudo, a PSG indicou um período de

latência do sono menor que 15 minutos em 44% dos insones que referiam latência

do sono habitual de 60 minutos ou mais. (CARSKADON, apud CHOKROVERTY,

1994).

A causa da percepção inadequada do estado de sono é desconhecida. Uma

pesquisa descobriu que os portadores de percepção inadequada do estado de sono

têm sua vigilância diurna prejudicada, comparada com bons dormidores e com

outros insones (muitos deles provavelmente com insônia psicofisiológica).

(SUGERMAN, apud CHOKROVERTY, 1994).

O diagnóstico da percepção inadequada do estado de sono requer uma

queixa de insônia crônica confiável, evidência de sono normal na PSG (em termos

de latência, duração do sono e o número ou duração dos despertares) e a referência

REFORÇANDO!

Pessoas que percebem seu sono

da maneira diferente de como

ele realmente é, tem seu período

de vigília durante o dia

prejudicado.

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do paciente de um sono significantemente prejudicado nas noites dos estudos

polissonográficos.

Também, a percepção inadequada de sono não é diagnosticada em

pacientes portadores de distúrbio psiquiátrico ou distúrbio do sono (como a síndrome

das pernas inquietas) que poderiam resultar em uma percepção inadequada do

sono. A ICSD estima que menos de 5% dos pacientes que se apresentam com

insônia têm percepção inadequada do estado de sono.

Trinder (1988 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999) lançou dúvidas quanto à

validade dessa categoria diagnosticada. Ele argumenta que, como a insônia é,

muitas vezes, uma condição intermitente, as leis da probabilidade podem valer para

muitos ou todos os pacientes com uma queixa de insônia que dorme bem durante

um teste de laboratório. Entretanto, em muitos casos há uma discrepância marcante

entre o comprimento do sono definido eletroencefalograficamente (por exemplo, sete

horas) e a estimativa subjetiva pós-sono do tempo de sono (por exemplo, duas

horas), a qual implica grandemente em um distúrbio na percepção do sono ou uma

anormalidade do sono não detectada pelas técnicas de registro padronizadas.

(WALSH, apud CHOKROVERTY, 1994).

Os critérios diagnósticos do DSM-IV (APA, 1995) e ICSD (1990 apud

SOUZA & GUIMARÃES, 1999) para a Percepção inadequada do estado de sono,

em síntese, são:

A) O paciente tem uma queixa de insônia;

B) A duração e a qualidade do sono são normais;

C) A Polissonografia demonstra:

1) Latência normal de sono, um número normal de despertares, e a duração

normal de sono;

2) Um relato de latência de sono maior que 10 minutos.

D) Ausência de qualquer distúrbio médico ou psiquiátrico que pudessem

produzir a queixa;

E) Outros distúrbios do sono que produzem insônia não estão presentes a

ponto de explicarem a queixa do paciente.

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Os graus de severidade e de duração são os mesmos da Insônia

Psicofisiológica. Os pacientes com insônia idiopática têm histórias de dificuldade

para dormir desde a infância e, em alguns casos, desde o nascimento. Esta

classificação foi chamada previamente de Insônia de início na infância. (HAURI apud

CHOKROVERTY, 1994). É atribuída primariamente a fatores constitucionais, que

não têm sido ainda determinados.

Este tipo de insônia provavelmente resulta de vários mecanismos

fisiopatológicos. (REGESTEINS, apud CHOKROVERTY, 1994). Teoricamente, os

pacientes com este distúrbio podem simplesmente ter fracos mecanismos

neurofisiológicos ou neuroquímicos de sono. Alternativamente, uma lesão ou um

defeito no mecanismo de despertar poderiam estar envolvidos. Comparados com os

pacientes com outras formas de insônia, os portadores de insônia idiopática tendem

a ter distúrbios objetivos de sono mais severos, com latência de início do sono mais

longa e menor tempo de sono. (HAURI, 1980). Alguns pacientes com insônia

idiopática têm anormalidades marcantes na PSG, como um tempo de sono muito

curto, pouca eficiência do sono, ou pouca definição dos estágios daquele.

Tem-se relatado que o movimento dos olhos durante o estágio REM é

menos frequente em portadores de insônia idiopática que em outros insones,

sugerindo que alguns insones idiopáticos podem ter defeitos neuroquímicos ou

anatômicos nas regiões cerebrais que controlam os movimentos dos olhos e

regulam o sono e a vigília. (HAURI, 1980).

Também os insones idiopáticos podem mostrar sinais neurológicos leves,

como dificuldades de atenção e concentração, dislexia e anormalidades

eletroencefalográficas difusas moderadas. (HAURI, 1980). Este distúrbio parece ser

raro; foi diagnosticado em somente 0,3% de 1214 casos de insônia em um centro de

estudo de sono. (COLEMAN, 1982 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

Os critérios diagnósticos para Insônia Idiopática do DSM-IV (APA, 1995) e

ICSD (1990 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999), em síntese, são:

A) Uma queixa de insônia, combinada com uma queixa de diminuição do

funcionamento durante a vigília;

B) A insônia é longa, tipicamente começando na primeira infância, se não no

nascimento;

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C) A insônia é inexorável, não variando nos períodos de boa ou ruim

adaptação emocional;

D) A polissonografia demonstra um ou mais dos seguintes:

1) Um aumento na latência do sono;

2) Uma diminuição da eficiência do sono;

3) Um aumento no número e duração dos despertares;

4) Muitas vezes um efeito invertido na primeira noite.

E) Nenhuma doença médica ou psiquiátrica pode explicar a insônia de início

precoce.

F) Outros distúrbios de sono que produzem insônia podem ocorrer

simultaneamente, por exemplo, distúrbio de ajustamento de sono.

Os critérios de severidade são os mesmos da Insônia Psicofisiológica; mas

os de duração têm uma característica peculiar: os de insônia aguda e subaguda não

são aplicados, e o de crônica tem duração de um ano ou mais.

Hauri (1994 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999) refere que a ICSD (1990

apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999) discute somente estes três subgrupos de

insônia: psicofisiológica, percepção inadequada do estado de sono e insônia

idiopática. Porém, como diz Walsh (1994 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999), as

outras dissonias incluem um número de distúrbios que podem resultar em queixa de

insônia. A seguir, discutir-se-á, brevemente, alguns destes distúrbios.

A narcolepsia é um distúrbio de etiologia genética (DEMENT, TAFTI &

MIRNOT, 1994), caracterizado por sonolência excessiva que, tipicamente, está

associada com cataplexia e outros fenômenos do sono REM, como a paralisia do

sono e as alucinações hipnagógicas (ao adormecer). A sonolência excessiva da

narcolepsia é caracterizada por episódios repetidos de cochilos ou lapsos no sono

de curta duração (usualmente menos que uma hora).

O sono sempre ocorre em situações nas quais o cansaço é comum, como em

uma viagem, uma reunião monótona que não requer uma participação ativa, ou

ouvindo um jogo, um concerto, cinema ou uma leitura desinteressante. O paciente

muitas vezes pode tolerar a sonolência se, com muito esforço e atenção, ele

consegue ficar acordado. (ISDA, 1990 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

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Há uma possibilidade de ocorrer ataques de sono repentinos e irresistíveis

em situações em que o sono normalmente nunca ocorre, como durante um exame;

em uma discussão interativa de negócios; durante a alimentação, caminhando ou

dirigindo; e quando conversando ativamente. (ISDA, 1990 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999).

Uma história de cataplexia é um aspecto característico e único de

narcolepsia. Esta é caracterizada por uma perda súbita de tônus muscular bilateral

provocada por uma forte emoção. A consciência permanece preservada, a memória

não é prejudicada e a respiração fica intacta. (ISDA, 1990 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999). A cataplexia frequentemente se desenvolve vários anos após o

início da sonolência diurna e ocorre em aproximadamente 70% dos indivíduos com o

transtorno.

A perda do tônus muscular com a cataplexia pode ser sutil, levando a uma

“queda” da mandíbula ou ao fechamento das pálpebras, perda do controle sobre os

movimentos da cabeça ou dos braços, imperceptíveis ao observador. A privação do

sono tipicamente aumenta a frequência e gravidade dos episódios. (APA, 1995).

Na PSG, observa-se, no Teste das Latências Múltiplas do Sono (TLMS),

uma latência média de sono inferior a cinco minutos e o aparecimento de sono REM

durante dois ou mais cochilos, em um TLMS de cinco cochilos. Outros achados

incluem despertares transitórios e frequentes, redução da eficiência do sono,

RESUMINDO

O indivíduo com narcolepsia

sente muito sono e pode

dormir em qualquer situação

até mesmo no trabalho ou

durante atividades de sua

vida diária.

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aumento do sono do estágio um, sono REM aumentado e maior frequência de

movimentos oculares dentro dos períodos REM.

A narcolepsia não é uma condição rara. Sua prevalência tem sido calculada

em 0,05% na área da Baía de São Francisco (DEMENT, 1972 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999) e 0,067% na área de Los Angeles. (DEMENT apud

CHOKROVERTY, 1994). Os homens são mais afetados que as mulheres. A idade

de início varia da infância até a quinta década e o pico é na segunda década.

Uma circunstância especial como uma troca abrupta do ritmo sono-vigília ou

um estresse psicológico severo – morte de um parente, divórcio – precede a

ocorrência do primeiro sintoma em metade dos casos. (BILLIARD, apud

CHOKROVERTY, 1994). Aproximadamente 25 a 50% dos parentes biológicos em

primeiro grau de indivíduos com narcolepsia têm outros transtornos caracterizados

por sonolência excessiva. (APA, 1995).

Os critérios diagnósticos do DSM-IV (APA, 1995) e da ISDA (1990 apud

SOUZA & GUIMARÃES, 1999) são em síntese:

A) Ataques irresistíveis de sono reparador ocorrendo diariamente ao longo

dos últimos três meses;

B) Presença de um ou ambos dos seguintes sintomas:

1) Cataplexia (episódios breves de perda bilateral súbita do tônus muscular,

mais frequentemente em associação com intensa emoção);

2) Intrusões recorrentes de elementos do sono de movimentos oculares

rápidos na transição entre o sono e a completa vigília, manifestadas por alucinações

hipnagógicas ou hipnopômpicas ou paralisia do sono, no início ou no final dos

episódios de sono.

C) O distúrbio não é devido aos efeitos fisiológicos diretos de uma

substância ou de uma condição médica geral.

A insônia causada por uma respiração prejudicada durante o sono é muito

mais comum em idosos. (KALES & ANCOLI-ISRAE apud CHOKROVERTY, 1994).

O mais comum distúrbio deste tipo é a Apneia Obstrutiva do Sono, sempre

associada com uma história de ronco e sonolência diurna. (GUILLEMINAULT, 1989

apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999). Entretanto, uma minoria dos pacientes se

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queixa predominantemente de sono prejudicado, especialmente dificuldades na

manutenção do sono.

Estes pacientes se referem a frequentes despertares que são, muitas vezes,

inexplicáveis, mas algumas vezes podem estar associados com dispneia, asfixia ou

uma sensação de resfôlego. (GUILLEMINAULT, 1989 apud SOUZA & GUIMARÃES,

1999).

A Apneia do Sono Central pode se apresentar com uma queixa de insônia

inicial ou de manutenção. (GUILLEMINAULT, 1973 apud SOUZA & GUIMARÃES,

1999). Pode ocorrer em uma forma idiopática ou pode estar associada com lesões

neurológicas ou distúrbios cardiovasculares, como uma insuficiência cardíaca

congestiva. (WHITE, 1989 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

Em síntese, os critérios diagnósticos do DSM-IV (APA, 1995) e da ISCD

(1990 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999), para Transtorno do Sono Relacionado à

Respiração, são:

A) Distúrbio do sono, levando à sonolência excessiva ou insônia,

considerado devido a uma condição respiratória relacionada ao sono (por exemplo,

a Síndrome de Apneia Obstrutiva ou Central do Sono ou Síndrome de

Hipoventilação Alveolar Central).

B) O distúrbio não é melhor explicado por outro transtorno mental, nem se

deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou de outra condição médica

geral.

A identificação de distúrbios do sono relacionados à respiração, em

pacientes com queixa de insônia, é importante. O tratamento com medicação

hipnótica pode abrandar as respostas aos estímulos respiratórios do despertar e a

ventilação potencialmente intensa durante o sono. (ROBINSON, 1989 apud SOUZA

& GUIMARÃES, 1999). Os pacientes com o distúrbio dos movimentos periódicos

dos membros têm episódios repetitivos e estereotipados, movimentos periódicos dos

membros durante o sono, que, muitas vezes, resultam em breves despertares.

Tipicamente, consistem de extensões do hálux e dorsoflexão do tornozelo,

algumas vezes com flexões do joelho e quadril. Cada movimento dura 0,5 a 5,0

segundos e é sempre seguido por outro movimento dos membros em 20 a 40

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segundos. (MONTPLAISIR, 1985). Os movimentos podem ocorrer também nos

membros superiores, mas isto é muito menos comum. (LUGARESI, 1968).

A etiologia deste distúrbio é desconhecida, mas um número de fatores

causais tem sido postulado, incluindo o distúrbio crônico sono/despertar (COLEMAN,

1980 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999), perda da inibição supraespinhal dos

tratos piramidais durante o sono (SMITH, 1985 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999),

perfusão sanguínea periférica inadequada (ANCOLI – ISRAEL, 1986 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999), compressão do canal espinhal lombossacral (DZVONIK, 1986

apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999), anormalidades no sistema opioide endógeno

(WALTERS, 1986 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999) e alterações na transmissão

dopaminérgica central. (MONTPLAISIR, 1985).

Um diagnóstico de MPMS requer uma queixa de insônia (ou sonolência

excessiva diurna) e evidência de repetitivos e frequentes movimentos periódicos dos

membros, usualmente cinco ou mais por hora. O número de movimentos periódicos

dos membros pode variar de noite para noite. Muitas pessoas assintomáticas têm

movimentos periódicos dos membros, mas o diagnóstico de MPMS não é aplicado a

pessoas que não tenham queixas relacionadas ao sono. (WALSH, 1994).

O MPMS foi o diagnóstico primário para 13,3% dos pacientes com insônia

que se apresentaram em centros de distúrbios do sono (COLEMAN, 1983), mas a

sua prevalência na população em geral é desconhecida. Os movimentos periódicos

dos membros são muito comuns em idosos (ANCOLI-ISRAEL, 1989 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999) e parecem estar associados com um número de outros

distúrbios do sono. Eles ocorrem em quase todos os pacientes com Síndrome das

Pernas Inquietas, a qual parece ser uma variante mais séria do distúrbio MPMS.

(MONTPLAISIR, 1985).

Os pacientes com a Síndrome das Pernas Inquietas se queixam de uma

incômoda parestesia ou disestesia em suas pernas quando estão acordados, mas

inativos. Esta sensação é muitas vezes descrita como um rastejamento ou

formigamento nas pernas associado com um desejo irresistível de movê-las.

(EKBOM, 1960).

Quase todos os pacientes com a Síndrome das Pernas Inquietas têm,

também, os MPMS. São observados movimentos irregulares durante a vigília,

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enquanto o paciente está em repouso. (COCCAGNA, 1990 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999).

A Síndrome das Pernas Inquietas é muito menos comum que os MPMS,

mas os mecanismos fisiopatológicos das respectivas condições parecem estar

relacionados (MONTPLAISIR, 1985). Há, muitas vezes, uma história familiar de

Síndrome das Pernas Inquietas. Estudos genéticos têm indicado uma herança

autossômica dominante com penetrância incompleta. (MONTAGNA, 1983 apud

SOUZA & GUIMARÃES, 1999; MONTPLAISIR, 1985). As condições que têm sido

associadas com a Síndrome incluem a gravidez, anemia ferropriva e várias outras.

(MONTPLAISIR, 1985; COCCAGNA, 1990 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

A insônia pode ser precipitada ou perpetuada por comportamentos

inconsistentes com um bom sono. A prática de um ritmo sono-vigília irregular (como

levantar mais tarde que o usual e dormir na manhã seguinte) é um comportamento

comum que leva à insônia. Outros comportamentos que prejudicam o sono são:

cochilos diurnos; tempo excessivo na cama; uso excessivo de cafeína, álcool ou

nicotina; exercícios forçados ou atividade mental próximos ao deitar; uso habitual do

quarto para atividades da vigília e uma manutenção inadequada do ambiente de

dormir (temperatura, luminosidade e ruído).

O diagnóstico de higiene inadequada do sono é aplicado quando um ou

mais dos comportamentos incompatíveis com o sono são a causa predominante da

insônia. (ICSD, 1990 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999). Há, ainda, a insônia

devido à dependência a hipnóticos, estimulantes ou álcool. A insônia associada com

dependência a drogas ou álcool corresponde a aproximadamente 10% dos casos de

insônia em centros de distúrbios do sono de 1978 a 1982 (COLEMAN, 1983), mas a

prevalência deste tipo de insônia na população geral é desconhecida.

Deve-se pontuar que a insônia pode ser um efeito colateral adverso de

várias medicações, além dos hipnóticos e estimulantes, como: betabloqueadores

(como o propanolol); anticonvulsivantes (como a fenitoína); xantinas (como a

teofilina); L-dopa; X-metildopa; reserpina; clonidina; agentes simpaticomiméticos

(como a pseudoenfedrina); e corticoesteroides. (BUYSSE, 1990 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999).

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Desde a década de 70, a insônia vem sendo tratada, predominantemente,

com drogas benzodiazepínicas. (MENDELSON, 1987 apud SOUZA & GUIMARÃES,

1999). Antes destas, a insônia vinha sendo tratada com barbitúricos e outros

hipnóticos de ação rápida. Estes agentes resultavam em tolerância e produziam

dependência.

A abstinência de benzodiazepínicos produz, em certos pacientes, uma ou

duas noites de insônia de rebote, isto é, uma insônia mais severa que aquela de

antes do tratamento. Há uma assertiva de que alguns pacientes tornar-se-iam

dependentes de hipnóticos enquanto tentam evitar a insônia de rebote. (KALES,

1983 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999; GILLIN, 1989 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999).

O risco da insônia de rebote durante a abstinência da droga parece ser

maior com doses altas e com hipnóticos de ação curta, e este pode ser reduzido

pela diminuição gradativa da dose por algumas noites. A insônia por dependência a

hipnóticos é diagnosticada em pacientes que têm usado um hipnótico diariamente,

ou quase, nas últimas três semanas, e que tem vivenciado uma exacerbação séria

da insônia, quando eles se abstêm da droga hipnótica. (ISCD, 1990 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999).

Durante o dia, os pacientes podem ter sintomas da abstinência de hipnótico,

com uma ansiedade aumentada, tensão muscular, náusea e dores. O diagnóstico

REFORÇANDO!

Podemos dizer que uma pessoa

desenvolve a insônia a partir

do uso de algum medicamento

que pode vir e interferir

diretamente no sono.

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não é feito se outros distúrbios médicos ou psiquiátricos podem estar causando a

insônia. Muitas vezes, a insônia persiste além dos períodos de abstinência dos

hipnóticos e os fatores causais que levam ao uso da droga precisam ser

determinados. (WALSH, 1994).

Várias substâncias são estimulantes do Sistema Nervoso Central, como

cafeína, teofilina, nicotina, drogas simpaticomiméticas, anfetaminas, metilfenidato,

pemoline e cocaína. O uso médico dos estimulantes inclui a supressão do apetite,

tratamento do distúrbio do déficit de atenção, descongestão e broncodilatação. Os

efeitos dos estimulantes no sono incluem o aumento da latência do sono, a

diminuição do tempo de sono, o aumento do número de despertares durante o sono

e alterações nos estágios do sono, particularmente diminuição no tempo de sono

REM. (KAY, 1988 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

O diagnóstico da insônia por dependência a estimulantes depende da

determinação de uma associação temporal entre os sintomas da insônia e o uso de

um estimulante. Também, a abstinência do estimulante pode estar associada com

sintomas de sonolência excessiva. O abuso dos estimulantes pode causar, também,

sintomas psiquiátricos, como períodos de hipomania, ideação paranoide e

alucinações. (WALSH, 1994).

A intoxicação aguda com álcool induz ao sono e é seguida pelos efeitos da

abstinência e pela insônia, na segunda metade da noite. O alcoolismo crônico

desintegra a arquitetura do sono, enquanto que a abstinência do beber causa ondas

lentas no sono e reação no sono REM. O alcoolismo inveterado e severo pode

causar uma alteração permanente do sono em geral. (ICSD, 1979 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999).

Muitas pessoas ingerem álcool ocasionalmente para terem sono. (GALLUP

ORGANIZATION, 1991 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999; ADDISON, 1991 apud

SOUZA & GUIMARÃES, 1999). O uso crônico de álcool, como um hipnótico,

rapidamente leva à tolerância de seus efeitos indutores de sono. Quando o consumo

de álcool é diminuído ou encerrado, os efeitos da abstinência incluem um sono

fragmentado e despertares com sonhos que são lembrados vividamente, dor de

cabeça e boca seca.

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Uma insônia severa pode ocorrer se um usuário crônico de álcool como

indutor do sono interromper o seu uso abruptamente. (WALSH, 1994). O diagnóstico

da insônia por dependência ao álcool é aplicado a pessoas com uma queixa de sono

que têm consumido álcool para dormir, por uma noite ou mais no último mês. (ISCD,

1990 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999). O diagnóstico não é feito se o paciente

preenche os critérios padronizados para alcoolismo. O distúrbio de ajustamento do

sono se refere a uma queixa de insônia que é, temporariamente, associada com um

estresse agudo, conflitos e trocas ambientais que causam angústia e despertar. A

insônia deve se desenvolver em associação com o estressor e é resolvida se o

estressor acaba ou se o nível de adaptação da pessoa a ele se equilibra. Muitas

experimentam uma ou duas noites deste distúrbio algumas vezes em sua vida.

Outras têm vários episódios por ano, com duração de poucos dias a poucas

semanas.

O distúrbio ambiental do sono refere-se a uma queixa de insônia que é

temporária, devido a estímulos físicos ou circunstâncias ambientais. A remoção da

condição ambiental resulta na redução da insônia e eventual restauração do sono.

Uma variedade de condições ambientais pode causar insônia, como ruído,

luminosidade e temperaturas não confortáveis, hospitalização, atividade do parceiro

de cama, responsabilidade com um recém-nascido ou um inválido e uma situação

que é percebida como potencialmente perigosa. (WALSH, 1994).

1.1 INSÔNIAS COMUNS

A insônia da altitude;

A insônia por alergia alimentar;

Na insônia associada com fatores tóxicos;

A insônia associada com distúrbios psiquiátricos;

Outras doenças neurológicas associadas à insônia.

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A insônia da altitude: é uma condição aguda que ocorre em associação

com a subida a altas altitudes (usualmente acima de 4.000 m). A insônia pode estar

coligada a outros sintomas que ocorrem em altas altitudes, como cefaleia, náusea,

taquicardia e fadiga. Esta condição é causada por uma respiração periódica durante

o sono, a qual resulta da instabilidade no controle da respiração devido à hipoxemia

e hipocapnia da alta altitude. Os despertares ocorrem durante a fase hiperpneica da

ventilação. (WALSH, 1994).

A insônia por alergia alimentar: é comum em crianças. Insônia do início e

manutenção do sono por resposta a alérgenos alimentares. Podem coexistir

agitação, letargia diurna e outras manifestações alérgicas cutâneas, respiratórias,

entre outras. (REIMÃO, 1996).

Na insônia associada com fatores tóxicos: há interferência no início e na

continuidade do sono. Quando removida a causa, o sono se restaura. (ICSD, 1979

apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999). Alguns fatores tóxicos que interferem no sono

são: arsênio, mercúrio, cobre, metais pesados, monóxido de carbono, radiação e

tabaco. (CULEBRAS, 1996).

A insônia pode ser um sintoma dos vários distúrbios do ritmo circadiano,

incluindo a síndrome de mudança rápida de fuso horário (jet lag), trabalho em

turnos, padrão irregular sono-vigília, síndrome de atraso da fase de sono, síndrome

de avanço da fase de sono e síndrome de padrão sono-vigília não de 24 horas.

(ISCD, 1990 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999). Será detalhada a Síndrome de

Atraso e de Avanço de Fase, uma vez que elas são importantes considerações a

serem feitas no diagnóstico da insônia crônica.

Pacientes com Síndrome de Atraso se referem à dificuldade em adormecer e

de despertar quando desejado. Estas dificuldades ocorrem porque as fases de sono

do ritmo endógeno de sono-vigília começam horas depois do deitar e termina horas

depois do despertar desejado. Quando os pacientes ficam na cama por muitas horas

e dormem até despertarem espontaneamente, o sono é essencialmente normal.

Esta síndrome é mais comum em adolescentes e adultos jovens.

O tratamento com luz intensa pela manhã (ROSENTHAL, 1990 apud

SOUZA & GUIMARÃES, 1999) e cromoterapia (CZEISLER, 1981 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999) têm sido tratamentos efetivos para este distúrbio. Os pacientes

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com Síndrome de Avanço se queixam de dificuldade em permanecer despertos com

o avançar da noite e de inabilidade para dormir nas primeiras horas da manhã.

Em contraste com a Síndrome de Atraso, a fase do ritmo circadiano ocorre

mais cedo em relação às horas desejadas para dormir. É importante se diferenciar

os despertares mais cedo pela manhã da Síndrome de Avanço daqueles causados

pela depressão, na qual os despertares ocorrem, geralmente, três a cinco horas

depois do início do sono, indiferente da hora de deitar. A Síndrome de Avanço é um

distúrbio raro, mais comum em idosos. Também a terapia com luz brilhante à noite

pode ajudar a atrasar a fase de sono do ritmo circadiano. (ALLEN, 1991 apud

SOUZA & GUIMARÃES, 1999). A cronoterapia reversa também tem sido proposta

para o tratamento da Síndrome de Avanço (MOLDOFSKY, 1986 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999), entretanto, nenhum tratamento foi validado

experimentalmente.

Quando a insônia é um sintoma de doenças médicas, esta frequentemente é

causada por fatores não específicos, como dor ou dificuldades respiratórias.

Também fatores não específicos estão relacionados à insônia associada a distúrbios

neurológicos, mas a possibilidade de anormalidades ou lesões nos mecanismos de

sono-vigília do SNC deve ser considerada.

A insônia associada com distúrbios psiquiátricos: é comum, ocorrendo

em aproximadamente um terço de pacientes vistos em centros de distúrbios do

sono. (COLEMAN, 1983). O tipo de insônia pode refletir os mecanismos de sono

alterados e causados pela mesma fisiopatologia da doença psiquiátrica em questão.

(REYNOLDS, 1988 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999; HEALY, 1987 apud SOUZA

& GUIMARÃES, 1999).

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Outras doenças neurológicas associadas à insônia: demência, insônia

familiar fatal, parkinsonismo, epilepsias e cefaleias. Outras doenças médicas:

isquemia cardíaca noturna, doença pulmonar obstrutiva crônica, asma, refluxo

gastroesofágico e fibromialgia. (ISCD, 1990 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999). Há

de se considerar, também, que algumas parassonias podem causar insônia, como o

sonambulismo e terror noturno, com despertares parciais (ISCD, 1990), podendo

levar à insônia intermediária.

2 AVALIAÇÃO DOS PACIENTES

VOCÊ SABIA?

Os pacientes com depressão têm um padrão de

sono caracterizado por um início fácil, despertar

precoce pela manhã e latência de sono REM

curta. Na mania, há uma insônia inicial e sono

curto. Em pacientes com psicoses agudas e

crônicas, o início e a continuidade do sono são

seriamente prejudicados por sentimentos de

ansiedade, medo, culpa, suspeita e pressão para

pensar. (ISCD, 1979 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999). Também os distúrbios de

ansiedade, como desordens do pânico, podem

causar insônia, geralmente do tipo inicial. (ISCD,

1990 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

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Há de se considerar a melhor e a mais completa avaliação da insônia aquela

em que o paciente é visto como único, por meio de uma visão individualizada do

mesmo. A idade é o fator que mais influi no ritmo sono-vigília. Determina o tempo

total de duração de cada estado, da porcentagem de cada estágio de sono e o

período de cada ciclo, podendo ser um ritmo monofásico (próprio do adulto) ou

polifásico (na infância).

Quando se avalia a dimensão temporal do sono há de se considerar o fator

idade. (BUELA–CASAL, 1996 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999). Além disso,

muitos outros fatores, a seguir, são importantes na avaliação da insônia, assim como

a percepção própria do indivíduo. Na prática diária, constata-se que uma visão mais

eclética possível do paciente torna-se necessária, levando-se em conta que ele é um

ser biopsicossocioambiental e histórico-cultural. (SOUZA, 1997).

Na avaliação psicológica ou comportamental devem-se utilizar várias

medidas, como a entrevista com o paciente, com seu companheiro de quarto, diários

de sono, questionários de sono de autopreenchimento ou por terceiros e

psicodiagnóstico (BUELA-CASAL 1996), sumariadas a seguir:

a) Entrevista com o paciente:

Utilizada para se levantar a biografia (anamnese) do indivíduo, com sua

história de vida pessoal e familiar, com os dados físicos, psicológicos, sociais e

ambientais dele e dos familiares e o seu exame do estado mental (SOUZA, 1997).

Deve-se esclarecer os seguintes pontos. (BUELA–CASAL, 1996 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999):

Momento e contexto em que surgiu o problema de sono;

Como evoluiu o sono desde a infância até a atualidade;

Estado de humor e nível de atuação durante o dia;

Estilo de vida do indivíduo: sedentário, ativo, prática desportiva;

Valorização subjetiva de seu problema;

Tratamento que seguiu ou que segue;

Drogas e estimulantes que consome.

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b) Entrevista com o companheiro:

A pessoa que dorme com o paciente, na mesma cama, no mesmo quarto

e/ou na mesma casa pode fornecer informações de suma importância para a

avaliação do sono, como se constata na prática clínica e em pesquisas de campo.

(SOUZA, REIMÃO & ALMIRÃO apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

Este tipo de entrevista permite elaborar a informação relativa aos hábitos de

dormir, possíveis problemas psicológicos, psicossomáticos ou respiratórios. É

necessário e mais fidedigno fazer as mesmas perguntas ao paciente (anamnese

subjetiva) e ao cônjuge (anamnese objetiva) e comparar os resultados. (SOUZA,

1997). Além disso, consegue-se, assim, comprovar a concordância de sua

valorização subjetiva com a do paciente, sobre o distúrbio e seu contexto. (BUELA-

CASAL, 1996 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

c) Diários de sono:

São registros que o próprio paciente preenche a cada manhã depois de se

levantar. Deve ser feito durante um período de pelo menos duas semanas e,

baseando-se neles, o examinador fará uma média. Como o próprio nome diz, todos

os dias, o paciente relata, entre outras coisas, a hora de deitar, levantar, a latência

do sono, vigília noturna (quantos despertares e nível de dificuldade para voltar a

adormecer), estado de ânimo ao se deitar e levantar, influência ou não do sono na

vigília diária.

Há a preferência por registros com respostas fechadas, ou seja, as

respostas não devem estar em função da arbitrariedade do indivíduo ao responder.

(BUELA-CASAL, 1996 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999). Porém, na prática

clínica diária, pode-se observar que alguns pacientes, em geral com nível de

instrução de 2º ou 3º grau completos, preferem e são mais suscetíveis a questões

tanto abertas como fechadas em seu diário de sono, com discussões mais

esclarecedoras com o examinador.

d) Questionários de sono:

Estes são formas bastante fidedignas para avaliar os hábitos de sono, o

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sono normal e seus distúrbios. (GÍGLIO, 1988 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999;

SOUZA, 1996). Este instrumento serve para avaliar as estimativas que o próprio

paciente faz sobre os parâmetros de sono, respondendo de forma genérica sobre o

que é habitual e atual. Deve-se diferenciar os períodos de trabalho e lazer. Há de se

quantificar a latência do sono, tempo total de sono, vigílias noturnas e duração, hora

de deitar e levantar, sonolência se incluir outros pontos que permitam valorizar

questões qualitativas do sono, como dormir no período diurno, setas, entre outros.

Também há estados de humor ao levantar e deitar, relacionamentos sociais,

acadêmicos, eficiência do sono. (GIGLIO, 1988 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999;

SANTIBAÑEZ, 1994 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999; SOUZA, 1996; KAPLAN,

SADOCK & GREBB, 1997; REIMÃO, 1998 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

É muito importante que o questionário tenha o formato de resposta fechada

e que as categorias de respostas coincidam ou tenham alguma equivalência com

questões colocadas nos diários de sono, pois do contrário ficaria mais difícil

comparar ambas as avaliações. (BUELA-CASAL, 1996 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999).

e) Diagnóstico psicológico:

Convém avaliar a presença de possíveis distúrbios associados à insônia:

distúrbios de personalidade, depressão, ansiedade, alcoolismo, psicoses,

transtornos neuróticos e psicossomáticos, entre outros. Estes podem ser a etiologia

e/ou fator de manutenção da insônia. (BUELA-CASAL, 1996 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999).

Na clínica psicológica diária, vários instrumentos podem ser utilizados como

avaliações complementares às anamneses objetiva e subjetiva, como exemplo o

questionário de depressão de Beck, escalas de ansiedade e de depressão de

Hamilton, a escala de ansiedade manifesta, o questionário de traços de ansiedade,

testes projetivos como o Psicodiagnóstico de Rorschach, entre outros.

É necessário um exame físico completo, desde os sinais vitais (Pressão

Arterial, Frequência Cardíaca e Respiratória, Temperatura Basal), a fim de se

detectar alguma doença associada à insônia, como causa ou fator de manutenção

da mesma. Os indivíduos com insônia primária podem parecer cansados ou

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tresnoitados, mas não apresentam outras anormalidades características ao exame

físico. Pode haver uma incidência de fatores psicofisiológicos relacionados ao

estresse (como cefaleias tensionais, maior tensão muscular, indisposição gástrica,

entre outros). (APA, 1995).

De acordo com o exame físico, pode haver ou não a necessidade de algum

exame complementar, como um eletrocardiograma, um hemograma completo, uma

tomografia computadorizada ou por emissão de pósitrons, uma ressonância nuclear

magnética, entre outros.

Deve-se considerar a PSG para pacientes com um problema primário e

persistente de manutenção do sono, especialmente se existirem sintomas ou fatores

de risco para Apneia de Sono ou Movimentos Periódicos dos Membros durante o

sono. Em geral, a PSG produz informações clinicamente úteis em adultos de meia-

idade e mais velhos (EDINGER, HOELSCHER & WEBB, apud CHOKROVERTY,

1994), em parte porque os distúrbios primários do sono são mais comuns nesta faixa

etária. (ANCOLI-ISRAEL, 1989 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

A presença de sintomas de sonolência excessiva diurna também deveria ser

considerada uma indicação para PSG. (WALSH, HARTMAN & KOWALL, 1994). A

avaliação polifisiológica durante a vigília permite determinar a ritmicidade biológica

dos fatores relacionados com o sono. É imprescindível nos casos de insônia

produzida por uma alteração do ritmo normal sono-vigília. Aqui devem ser

registrados os parâmetros fisiológicos indicadores do nível de ativação, como:

pressão arterial, ECG, temperatura, EMG frontal e atividade eletrodérmica.

Para detectar o ritmo de ativação devem-se realizar os registros várias vezes

ao dia (por exemplo, na primeira hora da manhã, à primeira hora da tarde e à última

hora da tarde). Nos casos de insônia por ativação fisiológica, tal tipo de exame tem

mais valor para saber qual padrão fisiológico se encontra ativado e, em

consequência, deve ser tratado com uma técnica psicofisiológica como a

biorretroalimentação. (BUELA-CASAL, 1996 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

Há de se levar sempre em conta os fatores sociais, culturais e ambientais no

contexto em que se dorme. O ambiente físico propriamente dito tem uma

interferência direta no sono, por meio de fatores como a temperatura do quarto

(MUZET & LIBERT, 1984 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999), os ruídos (VALLET,

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GAGNEUX & BLANCHET, 1981 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999), o tipo de

travesseiro, de dormitório e de cama. (DEMING, 1977 apud SOUZA & GUIMARÃES,

1999; LOPES & GOLDENBERG, 1986 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999). Isto

tudo deve ser avaliado nas entrevistas e nos questionários de sono, ou por

constatações pelo próprio examinador.

Algumas sociedades convivem com problemas político-sociais e tendem a

se adaptar aos mesmos, como as guerrilhas e conflitos religiosos da Irlanda. Outras

circunstâncias, como a sesta pós-prandial, são de costume cultural de alguns países

latinos; como também o de dormir junto (co-sleeping) em populações indígenas.

(REIMÃO, SOUZA & MEDEIROS, 1998).

2.1 TRATAMENTO

O tratamento da insônia, assim como a sua avaliação, há de ser integral,

com uma visão individualizada do paciente como ser biológico, psicológico, social,

ambiental e histórico. A eficácia do tratamento para insônia é determinada por

melhorias no sono e no funcionamento diário. Quando possível, o tratamento para

insônia deverá ser direcionado para reverter sua causa subjacente, a qual indica a

importância de um diagnóstico acurado.

As estratégias de tratamento também variam de acordo com a duração da

insônia. A maior distinção que deve ser feita é entre a insônia transitória ou de curta

duração e a insônia persistente. (WALSH, HARTMAN & KOWALL, 1994). Também

há de se classificar o tipo de insônia, além de sua duração.

Muitos são os meios possíveis de se tratar a insônia, desde medicações

populares (REIMÃO & SOUZA, 1998), técnicas comportamentais, fármacos, higiene

do sono, psicoterapias, entre outros, como se verá a seguir. Weyerer e Dilling (1991)

constataram que um terço dos pacientes com insônia é tratado com hipnóticos e/ou

drogas psicotrópicas e que o uso destas drogas entre insones moderados/severos é

significativamente maior em comparação com os com insônia leve. Entre as pessoas

pesquisadas que consumiam hipnóticos e/ou drogas psicotrópicas (n=190), 52,6%

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sofriam de insônia moderada a severa, 24,7% referiam a insônia leve e 22,6% não

tinham insônia.

Muitos pesquisadores concordam que as medicações hipnóticas não

deveriam ser a única forma de tratamento para a grande maioria dos pacientes com

insônia crônica. (NIMH, apud CHOKROVERTY, 1994). Entretanto, há condições de

insônia incomuns nas quais a terapia hipnótica em longo prazo causa um alívio

significante (por exemplo, a insônia idiopática e a Síndrome das Pernas Inquietas),

se nenhuma alternativa está disponível. (REGESTEIN et al., 1987; MONTPLAISIR &

GODBOUT, 1989 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

Para muitas insônias crônicas, as medicações hipnóticas têm um papel

coadjuvante e o tratamento dos fatores etiológicos subjacentes é a terapêutica

primária. As pessoas com uma anamnese que sugira fatores que condicionem à

ansiedade podem se beneficiar de um uso breve de hipnóticos, os quais podem

interromper um ciclo vicioso de insônia e reduzir fatores perpetuadores importantes.

Os hipnóticos são mais apropriados para a insônia crônica intermitente que

não respondeu à higiene do sono ou outras abordagens comportamentais. Esta

insônia, muitas vezes, toma a forma de um distúrbio de ajustamento do sono; isto é,

uma pessoa suscetível, devido a fatores constitucionais, apresenta insônia em

períodos de estresse ou agitação.

Há evidências de que a maioria das pessoas com insônia persistente tem

um padrão intermitente. (GALLUP ORGANIZATION, 1991 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999). Para estas, o uso de um hipnótico por poucas noites, poucas

semanas, parece muito útil. Entretanto, constata-se que a maioria dos usuários de

hipnóticos o usa periodicamente, por meses ou anos e não por noites.

(MELLINGER, BALTER & UHLENHUTH, 1985).

Segundo a Conferência Internacional de Consenso sobre a Insônia (1996),

há poucos dados sobre as consequências causadas pela insônia não tratada e pelo

uso prolongado de hipnóticos. Um número de questões importantes deve ser

avaliado criticamente pelo médico (que na maioria das vezes não é um psiquiatra

nem um neurologista) que irá tratar o paciente insone: quando um hipnótico é

prescrito, o que determina a sua eficácia? O sono está, realmente, sendo

“normalizado” com os hipnóticos ou os efeitos de um hipnótico nos estágios do sono

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são uma questão relevante? Os hipnóticos não causaram sucesso primariamente

porque aliviaram a ansiedade do paciente, por não serem capazes de dormir? E, por

fim, a Conferência questiona que se os especialistas em sono continuarem a

desencorajar a comunidade médica quanto à farmacoterapia crônica, não seria

possível que as consequências desta ação fossem piores, como o risco da

automedicação com álcool ou outras substâncias?

Na prática clínica, tem-se que ter conhecimento quanto à posologia,

indicações, contraindicações, reações adversas e efeitos colaterais dos hipnóticos.

Há de se considerar também a idade, desde que não se aborde a insônia da mesma

maneira em idosos e crianças. Portanto, o médico especialista, ou não deverá definir

se está sendo consultado como cuidado de saúde primária para uma insônia que

dura um período curto, ou se o distúrbio de sono deste paciente já foi tratado

extensivamente.

Em idosos, o aconselhamento é necessário, mas é difícil mudar hábitos de

muitos anos; a psicoterapia teria os seus limites, pois implicaria numa revisão crítica

de escolhas feitas, pelo menos para alguns deles, até 60 anos atrás. Tais pontos

devem ser mantidos em mente, porque implicam na possibilidade de dependência

de algumas drogas. Drogas hipnóticas de ação longa podem ser indicadas em

insônia transitória somente nos casos com problemas emocionais severos, nos

quais a sedação residual diminuiria a ansiedade diurna.

Dois problemas devem ser pensados frente a insones idosos ou não: os

efeitos residuais durante o dia e suas consequências para as atividades diurnas e o

potencial de dependência, ou seja, se o paciente será capaz de suprimir a

medicação uma vez que começar a utilizá-la. (DREYFUS, 1994 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999). É necessário avaliar e ponderar com o paciente os efeitos

benéficos e maléficos da terapia hipnótica, assim como os seus custos.

Os dois sinais de dependência, o aumento da dose e da frequência de uso,

não são comuns em muitos dos usuários de hipnóticos benzodiazepínicos. Isto

sugere que o risco de dependência está mais relacionado às características

individuais do paciente do que à medicação em si. Também, de todos os usuários de

hipnóticos, somente 10% usam estas drogas toda noite por mais que um mês.

(WALSH, HARTMAN & KOWALL, 1994).

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Algumas recomendações e precauções são necessárias quando se

prescreve um hipnótico, seja ele de qual grupo farmacológico for:

a) Iniciar com uma dose pequena e manter a dose a menor possível;

b) Tomar o comprimido 30 minutos antes de se deitar, em jejum para uma

melhor absorção;

c) Tomar somente nas noites recomendadas e só a dose prescrita.

Sempre que possível, não se deve combinar múltiplos benzodiazepínicos

como hipnóticos e ansiolíticos. Observar contraindicações como história de ronco ou

apneia do sono, gravidez, situações que requerem estado de alerta após acordar

durante a noite e uma história de abuso de substâncias. Há risco de uso em

portadores de doença pulmonar severa, que pode piorar com a sedação, e em

pacientes psiquiátricos, particularmente os psicóticos. (WALSH, HARTMAN &

KOWALL, 1994).

Deve-se tomar as devidas precauções contra a chamada insônia de rebote,

que pode surgir quando há uma interrupção abrupta da medicação hipnótica.

(KALES et al., apud CHOKROVERTY, 1994). Isto é mais comum com dosagens

altas e, talvez, com o uso contínuo de agentes de ação curta. Os efeitos da retirada

podem ser, geralmente, evitados com o uso de doses baixas e a diminuição deve

ser gradativa. (GREENBLATT, HARMATZ & ZINNY, 1987 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999).

Dependendo da causa da insônia, como já foi bem discutido, outros

medicamentos podem vir a ser usados no seu tratamento, psicotrópicos ou não,

como antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos, estabilizadores de humor,

analgésicos, relaxantes musculares, anti-inflamatórios, entre outros, de linha

alopática ou homeopática, desde que com os devidos cuidados clínicos e éticos.

A chamada psicoterapia é um nome genérico no tratamento da insônia,

englobando dois tipos de técnicas (para o paciente e/ou seus familiares):

1) As diversas linhas psicoterápicas têm sua indicação de acordo com o

distúrbio emocional básico que causa ou mantém a insônia. Também há de se

considerar as condições socioeconômicas e culturais do paciente assim como a sua

disponibilidade para o tratamento;

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2) Técnicas específicas para o sono, como o relaxamento biofeedback,

condicionando o sono quando o próprio fato de entrar no quarto de dormir já provoca

uma resposta de insônia. A técnica comportamental visando ao recondicionamento

da cama como um instrumento de prazer é utilizada para auxiliar a aliviar as

tensões. A cama passa a ser o único lugar em que se fica quando se quer dormir,

mas só se o sono ocorrer imediatamente. (DREYFUS, 1994 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999).

Além destas, outras recomendações como leituras especializadas têm sido

feitas na prática clínica, como autoajuda e/ou esclarecimentos científicos sobre a

insônia. Como exemplo, o livro “Vencendo a insônia” (do original No More Sleepless

Nights), Editora Objetiva, 1995 (1ª edição em 1990), do Dr. Peter Hauri, PhD, Diretor

do Programa de Pesquisas e Tratamento da Insônia da Mayo Clinic – EUA e da Dr.ª

Shirley Linde, Ph.D.

Neste livro, os autores apresentam técnicas naturais para o tratamento da

insônia sem o uso de medicamento, técnicas de redução e controle do estresse,

autoanálise de seu sono, dietas, exercícios e conselhos para um sono melhor. O

livro “não traz apenas generalidades vagas sobre relaxamento. Ao contrário,

convoca o leitor a ser seu próprio terapeuta. A percorrer as etapas específicas para

descobrir os problemas que causam a insônia e, em seguida, trilhar os caminhos da

cura” . Porém, na “nota do editor”, há o esclarecimento de que este livro destina-se a

fornecer informações exatas e autorizadas acerca do assunto abordado. É posto à

venda com o entendimento de que os autores e a editora não estão prestando

serviços médicos ou profissionais de qualquer tipo. Se houver necessidade de

conselhos médicos ou outra assistência especializada, devem ser procurados os

serviços de profissionais competentes.

O grande risco deste tipo de literatura é que se o leitor não ler as notas

iniciais do livro ou mesmo a “nota do editor”, busque o autodiagnóstico da insônia e,

o que pode ser pior, o seu autotratamento (como exemplo a automedicação). A

mesma crítica cabe às técnicas alternativas como florais, cromoterapia (terapia por

meio das cores), aparelhos de estimulação cerebral (luminosos e/ou auditivos), entre

outras técnicas não providas de comprovação científica para o tratamento da

insônia.

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Os programas de tratamento comportamental têm sido indicados mais

apropriadamente aos pacientes com insônia primária. Pelo novo sistema de

classificação, a insônia primária corresponde a quatro categorias: insônia

psicofisiológica, higiene inadequada do sono, insônia idiopática e percepção

inadequada do sono. (ICSD, 1990 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999). Já nas

insônias secundárias, embora o tratamento vise ao distúrbio médico ou psiquiátrico

subjacente, o tratamento comportamental poderia servir como um coadjuvante.

(STEPANSKI, apud KRYGER et al., 1994).

Dos tratamentos comportamentais existentes, destacam-se a higiene do

sono, a terapia de controle de estímulo, a terapia de restrição do sono, de

relaxamento, biorretroalimentação, medicação, exercícios de respiração profunda,

imagem conduzida e relaxamento progressivo dos músculos.

O controle de estímulos não está baseado em teoria, mas em observações

práticas com pacientes feitas por Jacobson, em 1938. Hoje em dia, este tratamento

se inclui na higiene do sono. A terapia de controle de estímulos foi formalmente

descrita por Bootzin, em 1978 (STEPANSKI, apud KRYGER et al., 1994) e é uma

técnica que visa promover a associação do comportamento no quarto com o sono ao

invés da vigília.

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A terapia de restrição do sono é uma técnica que limita o tempo na cama,

criando um grau de privação do sono. Esta técnica foi descrita por Spielman (1987

apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999) e está embasada na concepção de que a

privação parcial do sono resulta em um sono mais profundo e mais contínuo, o que

ajuda a reverter os fatores condicionantes negativos que perpetuam a insônia e é

algo mais restaurador.

Os insones primeiro são submetidos aos diários do sono e, com estes dados

em mãos, são instruídos a limitar seu tempo na cama a uma média da quantidade

de sono que eles subjetivamente estimam que obtêm cada noite, não menos que

cinco horas. A eficiência do sono – ES (total de tempo dormido/total de tempo na

VOCÊ SABIA?

As instruções essenciais para prevenir a inibição do sono

incluem o deitar na cama apenas quando sonolento e

levantar se o sono não aparecer em 10 a 20 minutos, tanto

no início da noite como durante os despertares no meio da

noite. Os pacientes são instruídos a se engajarem em

atividades inexpressivas e sem utilidade e a voltarem para

a cama somente quando sentirem sono. Este procedimento

é repetido no decorrer da noite quantas vezes forem

necessárias até quando o paciente tiver capacidade de

adormecer rapidamente, ao deitar-se. O horário de

levantar pela manhã deve ser sempre o mesmo,

independente da quantidade de sono que ocorreu.

(BOOTZIN, 1991 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999;

WALSH, HARTMAN, & KOWALL, 1994).

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cama) é estimada subjetivamente cada noite.

Quando a ES subir acima de 90%, o tempo na cama é lentamente

aumentado, geralmente com aumentos de 15 a 30 minutos. Isto é repetido cada vez

que a ES subir acima de 90%, por várias noites consecutivas. Uma desvantagem

desta terapia pode ser a sonolência excessiva diurna, que pode ocorrer quando o

tempo na cama for significativamente reduzido. (WALSH, HARTMAN & KOWALL,

1994).

As técnicas de relaxamento progressivo para o tratamento da insônia vêm

sendo formuladas há 50 anos, embora a maioria dos estudos controlados deste tipo

de tratamento vem sendo conduzida desde 1970. Um de seus pioneiros foi o Dr.

Edmundo Jacobson, 1938. (STEPANSKI, apud KRYGER et al., 1994). Este

tratamento ensina o paciente a reconhecer as tensões fisiológicas e a controlá-las. É

treinada uma série de exercícios que consiste primeiro em tensionar e depois relaxar

cada grupo de músculos de forma sistemática.

O relaxamento progressivo é inicialmente ensinado em sessão de uma hora

de treinamento; sessões adicionais são realizadas, se necessário. Os pacientes

devem praticar os exercícios duas vezes por dia, sendo a segunda sessão antes de

se deitar. (STEPANSKI, apud KRYGER et al., 1994).

Outro tratamento que produz relaxamento fisiológico é a EMG, que pode

medir a tensão do músculo frontal. (HAURI, 1981 apud SOUZA & GUIMARÃES,

1999). Os pacientes são instruídos para técnicas de relaxamento, como a respiração

profunda, para detectar os comportamentos que induzem ao relaxamento ou

aumentam a tensão. (STEPANSKI, apud KRYGER et al., 1994).

O estímulo cognitivo, por meio de pensamentos ou preocupações, tem

também sido associado ao sono ruim em insones. A premissa neste caso é que se o

paciente aprender a controlar os seus pensamentos, o início do sono pode

acontecer normalmente. A meditação, a imagem induzida e o reforço cognitivo são

técnicas que produzem um objetivo neutro e agradável, o qual focaliza o processo

do pensamento.

Estas técnicas são aprendidas em sessões de treinamento e então

praticadas pelo paciente, em sua casa, em períodos de 20 minutos diariamente.

Apresentam restrições naqueles estudos que tentam isolar um mecanismo

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específico de ação para estes tratamentos, mas oferecem auxílio na clínica diária,

quando a causa do despertar for desconhecida. (STEPANSKI, apud KRYGER et al.,

1994).

Outras abordagens comportamentais são conhecidas, como é o caso da

retroalimentação do ritmo sensório-motor, que produz ondas cerebrais na frequência

dos fusos de sono. Os elementos deste tratamento são os mesmos da EMG, porém

com o EEG. Outra técnica é a da terapia da luz brilhante para as causas circadianas

da insônia. Esta pode ser efetiva no controle de distúrbios de fase do sono, como o

distúrbio do atraso do sono (muitas vezes caracterizados como uma insônia inicial e

dificuldade de levantar num dia normal de trabalho), entre outros.

Entretanto, esta técnica pode vir a prejudicar o ritmo circadiano em relação

ao ritmo da temperatura corporal (CZEISLER, ALLAN & STROGATZ, 1986 apud

SOUZA & GUIMARÃES, 1999) e o início da secreção noturna de melatonina.

(SINGER & LEWY, 1989 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999). Este tratamento tem

sido promissor, especialmente para indivíduos idosos que experimentam insônia

terminal proeminente, apesar de mais investigações clínicas ainda serem

necessárias.

Esta técnica também pode ser útil nos distúrbios do padrão sono-vigília em

idosos demenciados. (CAMPBELL, SATLIN & VOLICER, 1991 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999). Novos e amplos estudos científicos devem ser realizados com

este tipo de técnica terapêutica para a insônia (TERMAN, apud KRYGER et al.,

1994), assim como para as outras abordagens comportamentais, que não

demonstram o mesmo nível de sucesso nos resultados dos estudos comparativos

com o tratamento farmacológico, o qual tem muito mais estudos padronizados já

realizados. (STEPANSKI, apud KRYGER et al., 1994).

Algumas causas socioambientais da insônia, como ruídos externos e

internos do quarto, luminosidade e temperatura, entre outras, devem ser tratadas

pelos devidos órgãos competentes; se no lar, os familiares; porém, se fora do lar,

pela prefeitura, associação de bairro ou órgão responsável. O tratamento vai além

dos limites do especialista em distúrbios do sono; torna-se uma abordagem

transdisciplinar. (SOUZA, 1997). As questões culturais também devem ser

abordadas com cautela pelo especialista, respeitando os critérios de diferenciação

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do que vem a ser o normal e o patológico para o paciente, no contexto de sua

cultura. (SOUZA, 1997).

Em pesquisas com populações indígenas, por exemplo, tem-se evidenciado

a dificuldade em se avaliar os hábitos e distúrbios do sono nestas culturas.

Provavelmente, qualquer mudança ou tratamento que venha a ocorrer futuramente

terá dificuldade para ser instituído, devido a costumes culturais já arraigados.

A insônia transitória ou de curta duração são distúrbios temporários do sono

que estão geralmente associados com situações estressantes agudas ou com uma

mudança súbita no ritmo sono-vigília e, por definição, estes se resolvem

espontaneamente em menos de um mês. Assim, eles não justificam um tratamento,

a menos que os episódios tornem-se recorrentes.

Entretanto, se o distúrbio psíquico for significante ou ocorrerem prejuízos

diurnos, o tratamento pode ser necessário. As insônias transitórias podem ser

tratadas com medicação hipnótica ou abordagem comportamental. Se a insônia

persistir, mesmo com o tratamento, os fatores causais devem ser reavaliados no

contexto de uma insônia persistente. (WALSH, HARTMAN & KOWALL: 1994).

O tratamento da insônia persistente depende da precisão do processo

diagnóstico. Uma vez feito o diagnóstico, uma terapia específica objetivará reverter a

causa subjacente da insônia. Falar em prevenção da insônia é algo inovador e ao

mesmo tempo de alta complexidade, em vista das contingências socioeconômicas e

culturais atuais, como a globalização, o avanço tecnológico, a inversão de valores

morais e éticos, o desemprego, entre outros aspectos. O ser humano está tendo que

suportar tudo isso, e muito mais, e ainda "teria" que dormir bem.

Inicialmente, cada pessoa deve conhecer qual o seu ritmo sono-vigília, no

que se refere à quantidade de horas que lhe são suficientes para acordar bem e

disposta biopsico e socialmente (relacionamentos). Para isso, basta confeccionar o

seu próprio "diário do sono”; é importante delimitar os seus horários de trabalho,

lazer, estudo, atividades em geral de modo que não interfira no ritmo sono-vigília.

O relógio biológico específico do sono precisa ser programado. Só assim é

possível dormir num determinado horário e ter uma noite realmente relaxante. Se

uma pessoa quer dormir às 22 horas, como exemplo, é essencial que ela vá para

cama sempre neste mesmo horário. Quem dorme cada noite numa hora não

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consegue criar uma "disciplina”. Já o horário de acordar é um regulador muito

importante do relógio biológico.

É essencial que se escolha o horário de dormir em função da hora de

acordar. Há de se sintonizar o relógio biológico com o relógio social. (REIMÃO &

RANGEL, 1997 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999). Na prática, vê-se que há de se

fazer um acordo entre os parceiros do mesmo quarto e/ou da mesma cama, pois

uma pessoa pode interferir na sintonização dos "relógios" de outra.

A higiene do sono também pode ser usada na prevenção primária da insônia

(em pessoas que nunca tiveram este distúrbio) ou na prevenção secundária (em

pessoas que já tiveram insônia e não a querem mais para si). Entende-se por

Higiene do Sono:

As condições e práticas para promover o sono contínuo e eficaz, que incluem regularidade e hora de despertar; adequação do tempo que fica na cama em relação ao tempo necessário para manter o sono adequado para cada indivíduo, ou seja, tempo total suficiente para evitar a sonolência quando acordado; restrição de álcool e cafeína nos períodos antes da hora de adormecer; emprego de exercício, nutrição e fatores do meio ambiente que aumentam o sono repousante. (REIMÃO, 1996).

Uma importância maior dada à Higiene do Sono vem acontecendo nas

últimas duas décadas, com o desenvolvimento da Medicina dos Distúrbios do Sono.

(ZARCONE, 1994 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999). A seguir, delimitar-se-ão

alguns tópicos de suma importância na Higiene do Sono.

Há uma variação considerável na duração do sono dos indivíduos normais;

não está relacionada às características de personalidade. A média do tempo de

sono de adultos jovens é sete horas, com uma variação de uma hora. Isto significa

que algumas pessoas podem precisar de seis horas ou menos, ou oito horas ou

mais de sono por noite.

A tendência ao sono é bifásica, com outro pico de sonolência

aproximadamente oito horas depois do término da consolidação do período de sono

longo. Cochilos de 10 a 15 minutos durante este pico podem causar efeitos

deletérios no sono do próximo período de sono longo; e cochilar 10 a 12 horas

depois do período maior de sono prejudica o sono noturno subsequente.

(ZARCONE, 1994 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

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Há poucos estudos sistemáticos sobre a variação normal do tempo de

dormir em relação ao ciclo luminosidade/escuridão. Como nas doenças afetivas

sazonais (LEWY, apud KRYGER, 1987) há a possibilidade de uma variação normal

no tempo de sono entre as pessoas que moram ao norte do paralelo 350 e de estas

terem alguns efeitos no seu rendimento diário e no seu humor. Em adição a estes

fatores circadianos e sazonais, há outros efeitos do tempo e ocupação do período de

sono no dia de 24 horas.

Taub e Berger (1976 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999) relataram que o

tempo de sono definitivamente afeta o humor e o rendimento diário,

independentemente da duração. Um ritmo menor que três horas pode resultar em

um rendimento diminuído. Também, o tempo de exposição à Lua é obviamente

significante, particularmente nas latitudes norte e sul. Possivelmente, uma fase

atrasada pode ser compensada pela administração de meia hora a duas horas de

2500 lux de luzes brilhantes no tempo apropriado no período de 24 horas, que é na

primeira hora da manhã. (TERMAN, apud KRYGER, 1994).

Uma fase avançada do período de sono, como adormecer mais cedo e

acordar mais cedo, pode responder à luz no início da noite para avançar a curva de

fase-resposta do homem para achar um período de sono mais normativo e aceito

socialmente. (ZARCONE, 1994 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

As pessoas com idade acima dos 40 anos precisam ser aconselhadas sobre

as trocas fisiológicas normais que ocorrem no sono com o avançar da idade. A

eficiência do sono e o número de despertares, e os minutos despertos após o início

do sono, diminuem e aumentam precipitadamente, ao mesmo tempo, por volta dos

45 anos. (MILES & DEMENT, 1980 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999;

REYNOLDS, KUPFER & TASKA, 1985 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

A capacidade fisiológica de iniciar o sono a qualquer momento nas 24 horas

do dia é grandemente diminuída após os 25 anos de idade. Embora não haja

nenhum estudo sistemático sobre a perda da capacidade de avançar a fase do sono

ou a reposição do sono perdido nas noites subsequentes, isso provavelmente teria a

ver com a perda da capacidade de elaborar as ondas lentas, que ocorre muitas

vezes na segunda década de vida.

Os indivíduos comumente referem irritação com o fato de que no passado

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podiam dormir ou avançar sua fase de sono a qualquer momento em relação ao

relógio de 24 horas e agora não. (ZARCONE, 1994 apud SOUZA & GUIMARÃES,

1999). Há muitos fatores que condicionam ao despertar no cenário do sono, como

têm sido relatados em vários estudos. (COATES & TIIORESEN, 1977 apud SOUZA

& GUIMARÃES, 1999; HAURI, 1982 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999; KIRMIL-

GRAY et al., 1985 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999; INSTITUTE OF MEDICINE,

1979 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

Muitos deles estão relacionados a “estressores psicológicos", como exames,

crises econômicas e conjugais. Tal a importância de se estar atento a um equilíbrio

emocional. Alguns deles são simples hábitos que não estão relacionados a nenhum

episódio particular de estresse psicológico, como é o caso de alguns indivíduos que

prolongam o seu horário de trabalho ou de estudo para além do momento habitual

de apagar as luzes e ir para a cama dormir.

Outro exemplo são aquelas pessoas que continuam refletindo na cama

sobre os eventos do dia anterior ou planejando as ações do dia seguinte. São

hábitos que deveriam ser descontinuados. O quarto deve ser escuro e silencioso,

sem fatores de distração, como televisão, animais de estimação, entre outros. Todos

os possíveis estímulos devem ser removidos do quarto, que deve ser usado apenas

para dormir.

A atividade sexual, dependendo do indivíduo, pode ser sedativa ou

estimulante. Caso seja estimulante, convém ser praticada em outro lugar que não o

quarto de dormir ou talvez em um horário diferente daquele do maior período de

sono. Outro fator estimulante é um relógio às vistas da pessoa, que, se preocupada

com o horário de começar ou continuar o sono, apenas intensificará o estado de

vigília. O tempo e o tipo de refeição e a quantidade de líquidos ingeridos podem ser

fatores importantes, particularmente para a manutenção do sono. (ZARCONE, 1994

apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

Eis alguns efeitos da cafeína, etanol e nicotina no sono:

Cafeína: um trabalho que revisou muitos estudos sobre os efeitos da cafeína

no sono sintetizou que a mesma tem efeitos deletérios no sono (CURATOLO &

ROBERTSON, 1983 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999), que compete com os

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receptores adenosínicos e, como a adenosina é um neurotransmissor inibitório, há

uma rede perdida de inibição depois de seu uso. (PHIÍLLIS & WU, 1982 apud

SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

A cafeína produz um aumento da vigília e diminui o tempo total de sono

durante a noite. A sensibilidade aos efeitos da cafeína pode durar de oito a 14 horas.

Há relatos de casos de pessoas que são sensíveis a apenas três xícaras de café.

(LUCAS, SCHEVING & HALBERBG, 1982 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999). A

média é de 100 mg de cafeína por xícara de café; uma xícara grande contém 200

mg; os chás e as bebidas com cola contêm entre 50 mg e 75 mg de cafeína,

dependendo do tipo.

Uma pessoa que consome 500 mg ou mais de cafeína por dia deveria ser

encorajada a descontinuar este hábito para se ver quais efeitos seriam obtidos no

seu sono noturno subsequente e na ansiedade diurna associada à ingestão de

cafeína. (ZARCONE, 1994 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

Etanol: muitas pessoas comumente bebem, em grandes quantidades, para

iniciar o seu sono; isto cria dificuldades na manutenção do sono. Isto é verdade para

doses socialmente aceitas de etanol, porque os efeitos dessa substância no sono de

alcoólicos crônicos são muito mais profundos. (ZARCONE, 1982 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999). O uso de etanol pode diminuir o tempo de latência do sono e

causar despertares de sonhos intensos com pavor e dor de cabeça. Estes

despertares são parte da secreção de catecolaminas depois de doses até

moderadas de etanol consumidas próximo à hora de deitar.

O etanol é metabolizado na dose aproximada de uma dose por hora. O

etanol é prejudicial aos portadores de problemas respiratórios com repercussões no

sono, como a Apneia do Sono; assim como nos homens de meia-idade e nas

mulheres na pós-menopausa, nos quais o etanol pode ter efeitos importantes na

ventilação.

Pessoas que roncam profundamente, independente da idade e do sexo, ou

mesmo da causa do ronco, devem limitar a sua ingestão de álcool ou outro hipnótico

sedativo e prestar a atenção ao tempo da ingestão e do metabolismo da droga em

relação ao seu período de sono. (ZARCONE, 1994 apud SOUZA & GUIMARÃES,

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1999).

Nicotina: muitos estudos de laboratório e populacionais têm indicado que a

nicotina tem os mesmos efeitos da cafeína no sono noturno e no rendimento diário

subsequente. (BALE & WHITE, 1982 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999;

SOLDATOS, KALES & SCHARF, 1980 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999). A

nicotina tem um efeito bifásico: em baixas concentrações no sangue é produzida

uma sedação leve e relaxamento; em concentrações maiores, o efeito no mesmo

mecanismo colinérgico é a produção do despertar.

Estes efeitos podem ocorrer em uma sequência tão rápida ao ponto que

quando se fuma durante o período de sono há um despertar ao invés de uma

sedação desejada. A combinação de nicotina com cafeína desperta e com etanol

seda; ambas, obviamente, prejudicam o sono noturno subsequente. Quando o

etanol é finalmente metabolizado e os níveis sanguíneos de nicotina e cafeína estão

ainda altos, há uma interação de três estados de vigília. A interação pode alterar

profundamente a manutenção do sono, particularmente nas pessoas com mais de

45 anos de idade. (ZARCONE, 1994 apud SOUZA & GUIMARÃES, 1999).

O sono, como já discutido anteriormente, pode ser influenciado por fatores

ambientais, tais como luminosidade, temperatura, ruídos, fusos horários, trabalhos

em turnos, entre outros. A regularização destes fatores transpõe a atividade dos

profissionais de saúde, cabendo a autoridades competentes que, muitas vezes, não

dispõem de assessores técnicos na área de saúde pública.

Falar em saúde pública e sono no Brasil é algo ainda muito recente e

precário, sem um devido controle político eficaz, capaz de orientar e exigir das

empresas públicas e privadas horários fixos de trabalhos, ou quando alternados que

sejam de forma regular e com intervalos de descanso com o dobro de horas no

mínimo; assim como, com o devido apoio técnico aos empregados para que

realmente descansem nos períodos destinados a tal.

Por vezes, a mídia noticia acidentes de trânsito ou aéreos e de trabalho

provocados pela sonolência dos envolvidos (por exigência dos patrões, por

necessidade financeira ou por solidariedade a algum colega, ou qualquer outro

motivo). Há de se exigir dos funcionários a devida prudência quanto aos horários de

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trabalho dobrados e coibir ao máximo esta prática, principalmente quando coloca em

risco a vida do empregado e/ou de outrem.

Os arquitetos, projetistas, engenheiros civis e ambientais, entre outros

profissionais, devem estar atentos aos aspectos relacionados à luminosidade,

temperatura e ruídos dos quartos das casas e apartamentos que serão construídos.

É fundamental ter um quarto com condições mínimas para propiciar o sono. Em

primeiro lugar, o local deve ser escuro. Se o indivíduo gosta de claridade, convém

dispor de uma luz em um corredor ao lado de seu quarto.

A temperatura deve ser mantida nem muito fria nem muito quente, entre 15 e

25ºC; caso contrário, a pessoa pode acordar com uma terrível sensação de

incômodo. Se necessário, pode-se dispor de um ar-condicionado ou ventilador no

verão e um aquecedor no frio. (REIMÃO & RANGEL, 1997 apud SOUZA &

GUIMARÃES, 1999).

Quanto aos ruídos internos e externos da casa, os quartos devem estar

localizados longe dos mesmos. Se for preciso, para diminuir o barulho no quarto,

pode-se colocar abafadores de som (vidro duplo ou espuma) nas janelas ou portas.

Isto funciona como uma barreira para o ruído externo (carros na rua, vizinhos,

cachorros, estação de trem por perto, rodovias de grande fluxo, boates por perto,

entre outros) e interno (conversas em outros aposentos, crianças chorando, ruído

das panelas, entre outros).

Cabe aqui ressaltar que a prefeitura municipal é o órgão que, teoricamente,

deveria normatizar e fiscalizar os locais adequados para a instalação de boates,

casas de shows, entre outros locais públicos que produzem ruídos capazes de

atrapalhar o bom sono dos vizinhos. Por fim, a escolha da peça fundamental para

uma boa noite de sono, a cama, deve ter a participação do arquiteto e do decorador,

a fim de se ter escolhido a sua melhor localização no quarto; esta não deve ser nem

macia nem dura demais, nem com ruído. (REIMÃO & RANGEL, 1997 apud SOUZA

& GUIMARÃES, 1999).

Outro aspecto importante que depende em parte do indivíduo são as

constantes viagens com mudança de fuso horário, que prejudicam o ritmo sono-

vígília das pessoas, provocando privações de sono ou um fenômeno mundialmente

conhecido como jet lag. A seguir, algumas regras básicas que ajudam a pessoa a se

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adequar ao novo horário em qualquer parte do mundo, evitando assim, a insônia ou

outro distúrbio do ritmo sono-vigília:

1) Logo que se entrar no avião ou no navio, ou em outro meio de transporte,

deve-se arrumar o relógio de acordo com o horário do local para onde se está

viajando. Quanto mais rápida for a mudança, mais rápida será a adaptação;

2) Informe-se se a companhia de transporte já não faz a mudança logo na

partida. Ou seja, serve refeições e deixa os passageiros dormirem e acordarem a

bordo como se já tivessem chegado ao seu destino;

3) “Não se deve ingerir álcool nem refeições pesadas” durante a viagem,

para não boicotar ainda mais o sono;

4) Logo que chegar, deve-se tentar dormir e acordar no ritmo dos anfitriões;

5) Não se devem marcar compromissos importantes no primeiro dia, pois se

estará um tanto cansado para tal, com necessidade de cochilar;

6) No primeiro dia, deve-se evitar passeios cansativos ou visitas demoradas,

pelo mesmo motivo do item 5;

7) Se a pessoa viaja para competições, os cuidados devem ser redobrados.

Não se deve entrar em jogos nos primeiros dois dias, pelo menos, devido ao mesmo

motivo do item 5;

8) Quando já no destino, deve-se evitar dormir prolongadamente. Isto

dificulta o sono noturno no novo horário. Se estiver cansado da viagem, procura-se

dormir no máximo duas horas, com a ajuda de um despertador;

9) Convém se expor à luz solar, no primeiro dia, pois ela inibe a produção de

melatonina (hormônio responsável pelo sono). Pode-se fazer um passeio ao ar livre

para se ajustar o relógio biológico em seu novo horário. Não convém usar a

melatonina sintética, pois o seu uso ainda não está aprovado.

10) Deve-se se alimentar de forma regular e com comidas leves (frutas e

verduras). Viagens de longa distância alteram os ritmos circadianos da alimentação

e digestão, podendo provocar distúrbios gastrointestinais, enjoos, diarreia ou

obstipação intestinal. (REIMÃO & RANGEL, 1997 apud SOUZA & GUIMARÃES,

1999).

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