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PROGRAMA DA NOITE DE FADOS DE 5 DE JULHO
NO FORTE DO BOM SUCESSO / MUSEU DO COMBATENTE
20.00 – 21.00 – Apresentação da noite e Jantar
21.15 – 22.45 – Fados de Coimbra com o Grupo Serenata de Coimbra – Homenagem à
Universidade de Coimbra – Património Mundial
22.45 – 23.15 – Leilão de Vinhos Raros
23.15 – 00.00 – Fados de Lisboa pela Escola de Fado Alverquense
Fadistas: Olivete Botelho e Vera Varatojo
Músicos: Alfredo da Sé (guitarra portuguesa) e Ricardo Portugal (viola de fado)
Encerramento pelo Sr. General Chito Rodrigues
Boa noite
Em nome do Sr. General Chito Rodrigues, Presidente da Direcção Central da Liga dos
Combatentes, da Direcção Central da Liga dos Combatentes e de todos nós, funcionários ou
voluntários do Museu do Combatente / Forte do Bom Sucesso e da Liga dos Combatentes,
agradeço a vossa presença em mais uma noite cujo produto reverte a favor da Liga Solidária,
concretamente na ajuda para a construção dos Lares de Estremoz e do Porto. Podem ler mais
sobre o Programa completo da Liga dos Combatentes no folheto que se encontra em cada lugar,
e onde também está o GRITO e a letra do HINO DA LIGA DOS COMBATENTES.
Mais uma vez reflectimos nesta noite o lado Solidário da Liga dos Combatentes, no seu
Programa Estruturante Liga Solidária, para auxílio à construção de dois lares de idosos no
Porto e Estremoz para antigos combatentes carenciados, e o da Cultura, Cidadania e Defesa,
onde, além das Tertúlias Finis Imperii que decorrem em Oeiras, Lisboa, Porto e Coimbra, com
edições próprias da Liga dos Combatentes, também a Liga dá ênfase a exposições permanentes
no Museu do Combatente como a da História do Soldado Português no Séc. XX, reflectindo em
equipamentos, filmes e fotografias detalhes da I Grande Guerra, Campanhas do Ultramar e
Missões de Paz, à História da Aviação Militar, aos espaços museológicos referentes aos 3
Ramos das Forças Armadas e das Forças de Segurança. Também de salientar as exposições
temporárias como a das Catapultas e Máquinas de Cerco - Engenharia e Tecnologia Militar na
Antiguidade, sendo que estão rodeados de alguns exemplares, e em simultâneo com esta a
próxima da Armaria, bem como o apoio a inúmeros artistas plásticos, poetas, escritores,
fotógrafos.
Aproveito para mencionar que estamos a promover um Concurso de Fotografia cujo tema é o
Forte do Bom Sucesso, o Museu do Combatente e o Monumento aos Combatentes do Ultramar,
e o Café do Forte, interiores e exterior, sendo que os trabalhos deverão ser enviados até dias 15
de Setembro e aberto a todas as idades e máquinas fotográficas ou telemóveis. Os pormenores
encontram-se na estante aqui ao lado. É só dar liberdade à criatividade, pois este é certamente
um dos pontos mais importantes da avaliação das fotos.
Não criem expectativas nem façam comparações com a noite anterior. Cada noite é uma
noite...e deve ser vivido o momento. Pedimos simplesmente para estarem receptivos aos que
pensamos ser o mais agradável que temos para vos oferecer. A única coisa que esperamos seja
igual é o sentirem-se em vossa casa, e terem a certeza de estarem rodeados de uma grande
família unida, novamente com o espírito de solidariedade e universalidade próprio da Liga dos
Combatentes.
Muito obrigada.
Nesta noite em que a Liga dos Combatentes e todos nós iremos prestar uma singela
homenagem à Universidade de Coimbra, agora designada como Património Mundial, e em que
nos congratulamos com a presença de tantos antigos estudantes que vêem manifestar o seu
apreço por este título e também aqui representados no Grupo Serenata de Coimbra, que a Liga
dos Combatenes e todos nós também hoje queremos homenagear pelo seu contributo para a
divulgação do Fado no seu aspecto artístico e cultural.
Agradecemos também à Associação Académica de Lisboa na pessoa do Exmo. Sr. Dr. Tito
Costa Santos, à Associação de Antigos Estudantes de Coimbra em Lisboa na pessoa da Exmª
Srª Drª Fátima Lencastre, e à Escola de Fado Alverquense representada pelo seu fundador
Exmo. Senhor Antero Botelho que teve a gentileza de nos apoiar nesta noite.
Teremos como diversão num intervalo um Leilão de Vinhos Raros encontrando-se em cada
mesa uma folha com a indicação dos vinhos a serem leiloados e valor de licitação.
Para os que estão connosco pela primeira vez chamo a atenção para os pequeninos capacetes
azuis nos guardanapos. Foram usados no princípio do Séc. XX nas campanhas de angariação de
fundos para auxílio aos antigos combatentes e suas famílias. São para usar na lapela mas aviso
que são frágeis e tendem a desprenderem-se da roupa. Uma recordação da Liga dos
Combatentes.
E para iniciarmos a noite vou recitar então um poema do Exmo Sr. General Chito Rodrigues a
esta bela cidade que é Lisboa.
HINO A LISBOA
A um canto da Europa Ocidental
Bem onde o Tejo beija o nosso mar,
Lisboa capital de Portugal
Nasce, cresce e vive sem parar!
Cidade bela das sete colinas
Cidade gaivota e das bolinas
De estreitas vielas e avenidas
Janelas e sacadas pombalinas.
Lisboa cidade, pelo Sol eleita,
Símbolo de um Povo, Cidade Perfeita.
Cidade do Corvo, Cidade Fado
Reza e canta a seus Santos Populares
Marcha Feliz com futuro a seu lado
Na senda de memórias seculares.
Lisboa cidade, pelo Sol eleita,
Símbolo de um Povo, Cidade Perfeita.
A um canto da Europa Ocidental
Cidade do Corvo, Cidade Fado,
Marcha feliz com Futuro a seu lado
Lisboa capital de Portugal.
Em ti Lisboa, Castelo domina
Avenidas de toda a Liberdade,
Em ti Lisboa, o Povo ilumina
Portugal e a sua eternidade.
Joaquim Chito Rodrigues
Estas noites são caracterizadas e sempre foram publicitadas como noites de poesia e fado… ou
poesia e tango, ou poesia e outros ritmos… assim, e excepto este e dum nosso convidado que
será lido durante a noite, todos os poemas foram escritos especificamente para esta noite e
ainda não estão publicados.
E vamos dar início ao jantar servido pelo Restaurante O Lusitano do Sr. Américo, em que
depois da sopa fria de melão, se segue uma entrada de cogumelos que apresento com um
poema meu:
COGUMELOS À FORTE
Por províncias foi descendo
ao sul, veio do norte,
homenagem da tripeira
nos Cogumelos à Forte.
Azeite, ervas, cogumelos,
com Porto aromatizados,
com tâmaras quentes , doces,
logo serão salpicados.
É a culinária caseira
com um gosto original
que amigos presenteia
com seu travo a Portugal.
Receita minha, na família,
em anos foi conservada,
de Cogumelos ao Forte
hoje foi rebatisada.
E o velho vinho do Porto
corriqueiro na cozinha,
desperta para um novo gosto
com a Tâmara docinha.
E que a todos aproveite
a boa degustação,
e que o norte aqui presente
deixe a sua recordação.
Isabel Martins
1. Fados de Coimbra
Fado é poesia, como disse no outro dia o nosso amigo Daniel Gouveia, o nosso editor, que hoje
por motivos familiares não pode estar aqui connosco, mas que deixa um grande abraço para
todos. Deixo em primeira mão e ainda não publicado um poema do Sr. General Chito
Rodrigues escrito para esta noite:
COIMBRA
Oh Coimbra, Oh Mondego,
inseparáveis no tempo,
juntastes-vos por terdes medo
dos estudantes e seu talento.
Oh Coimbra, Oh Mondego,
das capas e dos choupais,
guardais em vós o segredo
de Capital das Capitais.
A cor negra das batinas
a saudade e os amores,
símbolos da estudantina,
são alegrias , são dores.
Oh Coimbra, Oh Mondego,
recebei em vossos braços
dos estudantes, os seus medos,
dos estudantes, os seus abraços.
Joaquim Chito Rodrigues
E para apresentar o Grupo "Serenata de Coimbra", fundado em 30 de Abril de 1981, em Lisboa,
na sua homenagem deixo-vos um verso meu sobre
FADOS 1 para a noite de 5 de Julho – introdução fados de coimbra
Notas esguias se soltam num acorde
de gente que canta, e não morre,
mesmo morrendo por dentro de saudade
de um tempo de fado que até nós corre.
Guitarras discretas, elegantes,
de mis e lás, afinadas,
sustenidos e bemóis
soltam-nos vivos, os fados.
E as notas correm ligeiras
sob a mão esguia do mestre,
mais sérias ou mais gaiteiras
neste percurso terrestre.
Porque o fado é do ar,
livre, nada o prende,
nasceu pr´a chorar, cantar,
num sentimento que vende.
E sempre através dos tempos
por Coimbra ou por Lisboa,
nos leva nos sentimentos
dessa saudade que voa.
Isabel martins
E a leitura de um poema do Prof. Eduíno de Jesus, conhecido poeta açoreano, que teve a
gentileza de nos trazer um dos seus poemas:
A LONGA ESPERA
Neste desolado cais,
restelo de heróis,
esperamos nós,
nus, famintos. Leais.
Esperamos O que há-de vir,
num halo de luz,
em duas lanças em cruz
de Alcácer-Quibir.
Esperamos às luas cheias
o aluado Encoberto:
Pálido, o flanco aberto,
rei de áfrica e areias.
Esperamos (arraia
escolhida, impúnica,
atirada à praia
como a vala única),
com os pulsos
abertos e a morte ao lado,
cantando o fado
para afogar os soluços.
Esperamos, entre os destroços,
até que o mar nos alua
e descarne os ossos
e os largue na praia, à lua.
Esperamos, noite alta
e pressaga, com a força
da nossa desesperança. Arca
da Aliança. Esperança nossa
Eduíno de Jesus
2 – LEILÃO DE VINHOS RAROS
O Sr. Dr. Manuel Nogueira acedeu gentilmente a apoiar este leilão, revertendo a verba obtida
para a Liga Solidária.
VINHOS
São castas celestiais, sabores discretos,
outras atrevidas, cordiais,
em fragrâncias preparadas por peritos,
vinhos que perpetuam seus ancestrais.
Dourados, translúcidos, mais encorpados,
numa roda imensa e variada,
paladar e cheiro bem treinado
na prova que se quer especializada.
Do tourigal ao loureiro,
sabor a casco tratado,
não se escolhe o primeiro
por entre tantos selecionado.
Falam-nos aos sentidos
criativos, inovadores,
nos seus tons, nas suas castas,
no seu travo, seus odores.
O tinto verde acompanha
o sarrabulho orgulhoso,
e o verde de outra apanha
marisco delicioso.
Rega-se a mais fina mesa
com vinhos bem ancestrais,
acostumados, sem pressa,
a porcelanas, cristais.
Fica sempre um brinde,
uma saúde conhecida,
da saudade ou do amor
a gente ou terra querida.
Contempla nos seus vinhedos
Pelo Douro espraiados,
Ou mais castos, recatados,
No Alentejo espalhados.
Mas sempre um bom amigo
Na alegria ou tristeza,
Tenha sempre um bom vinho
A acompanhá-lo à mesa.
Isabel Martins
3. FADOS DE LISBOA
A Escola de Fado Alverquense completou no passado mês de Outubro dez anos de existência,
são dez anos dedicados ao Fado e à divulgação deste género musical tão português que no ano
passado foi proclamado Património Imaterial da Humanidade.
Por esta Escola de Fado tem passado muita gente a cantar e a tocar Fado, desde os mais jovens
até aos mais idosos. Esta Escola não discrimina ninguém pela idade e tem exemplos de
verdadeira longevidade a cantar o Fado.
Desde a sua fundação a Escola de Fado Alverquense teve sempre o mesmo professor, o grande
mestre Jacinto Carminho, que tem acompanhado e transmitido toda a sua sabedoria a imensos
alunos que por esta escola passaram e aqueles que ainda a frequentam.
A Escola de Fado Alverquense foi fundada pelo Antero Botelho que ainda hoje se mantém a
frente dos destinos da escola e é o atual presidente da direção. Juntamente com a sua esposa
Olivete Botelho e enteada Paula Teixeira foram eles os impulsionadores desta Escola de Fado.
Quem quiser visitar a Escola de Fado pode deslocar-se a Alverca do Ribatejo (Rua 9 de Agosto
de 1990 Nº 3 A) à terça-feira onde ocorrem as aulas de canto e voz das 20h às 23h, ou então no
primeiro domingo de cada mês pelas 15h onde se realiza a tradicional tertúlia fadista.
FADOS 2 – para a noite de Fados de 5 de Julho – introdução fados de Lisboa
Geme baixinho a guitarra dedilhada
e com carinho p´la viola acompanhada,
passeiam juntas no imenso roseiral
que é o fado, o fado em Portugal.
Cantam baixinho as tristezas das donzelas
Gritam bem alto dores, amores tão desprezados,
vão escondidas pelos cantos e vielas,
levam ao colo os seus sons e os seus fados.
Sons corredios que escorrem pelo tempo
sem idade, sem hora marcada,
sons que transportam amor e sentimento
da vida alegre ou indesejada.
E p´los tempos vieram p´ra ficar
das cortes aos fados rituais,
nos ritmos e cores a mudar,
os fados velhos se tornam virtuais.
Mas a imortalidade existe lá no fundo,
nada a esborrata ou mata,
o fado permanece livre no mundo
e por onde passa deixa sua marca.
E sejam Severas ou Marceneiros,
Villaret´s, Malhoas e outras Anas,
cantado ou falado sem barreiras,
é o fado vadio ou o de salas mundanas.
E no coração português permanece
gingão, ternurento ou desesperado,
em ondas ele corre e fortalece
o coração triste ou desanimado.
Isabel Martins
Intervenções dos fadistas de Alverca e de um amigo espontâneo: Dr. João Macieira.
Encerramento pelo Sr. General Chito Rodrigues tendo lido um poema do próprio:
IMPÉRIO DA MEMÓRIA
Neste espaço em que Portugal existe
Onde nasce Império de Quentes Sóis
Cruzam-se vozes que ouves e ouviste
Respira-se o sentir de alguns heróis.
O Tejo testemunha de longos anos
Sente-se ultrapassando as próprias margens
Levando nas águas lucros e danos
Maldades e bondades das homenagens.
Uma Torre marca o início do Império
Ali obelisco de Gago Coutinho
Congrega do Ar e do Mar todo o Génio.
Em terra carregada de História
Fim de Portugal de Timor ao Minho
É escrito em dez mil Nomes e Memória.
Joaquim Chito Rodrigues