Professora Lúcia Brasil O que podemos fazer e não fazer no texto.
Transcript of Professora Lúcia Brasil O que podemos fazer e não fazer no texto.
![Page 1: Professora Lúcia Brasil O que podemos fazer e não fazer no texto.](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051314/552fc0f9497959413d8b7de6/html5/thumbnails/1.jpg)
Professora Lúcia Brasil
O que podemos fazer e não fazer no texto
![Page 2: Professora Lúcia Brasil O que podemos fazer e não fazer no texto.](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051314/552fc0f9497959413d8b7de6/html5/thumbnails/2.jpg)
FRASES SIAMESAS
Outro erro primário são as frases siamesas – duas frases completas, escritas como se fossem uma só. Este erro nasce da incapacidade de determinar o que seja exatamente uma frase completa. Enquanto as frases fragmentadas separam o que não deveria ser separado, as frases siamesas (assim denominadas por sua analogia com irmãos xifópagos) unem o que não deveria ser unido.
Na sua forma mais grosseira, as duas frases simples são reunidas sem nenhum sinal entre elas:
ERRADO O doutor ficou desanimado teria de passar outra noite em claro.
ERRADO Aceitei de bom grado o emprego poderia pescar todos os dias.
![Page 3: Professora Lúcia Brasil O que podemos fazer e não fazer no texto.](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051314/552fc0f9497959413d8b7de6/html5/thumbnails/3.jpg)
Se colocarmos uma vírgula entre as frases, apenas atenuamos a gravidade do erro:
ERRADO O doutor ficou desanimado, teria de passar outra noite em claro.
ERRADO Aceitei de bom grado o emprego, poderia pescar todos os dias.
Há diversas maneiras de corrigir esse problema:
1. Separar as frases por ponto ou ponto-e-vírgula:
CORRETO O doutor ficou desanimado; teria de passar outra noite em claro.
CORRETO O doutor ficou desanimado. Teria de passar outra noite em claro.
CORRETO Aceitei de bom grado o emprego; poderia pescar todos os dias.
![Page 4: Professora Lúcia Brasil O que podemos fazer e não fazer no texto.](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051314/552fc0f9497959413d8b7de6/html5/thumbnails/4.jpg)
2. Ligar as frases com uma conjunção coordenativa:
CORRETO O doutor ficou desanimado, pois teria de passar outra noite em claro.
CORRETO O doutor teria de passar outra noite em claro, por isso ficou desanimado.
CORRETO Poderia pescar todos os dias; consequentemente, aceitei o emprego de bom grado.
3. Transformar uma das frases em oração subordinada:
CORRETO Como teria de passar outra noite em claro, o doutor ficou desanimado.
CORRETO Aceitei o emprego de bom grado porque poderia pescar todos os dias.
Obs.: É evidente que as soluções (2) e (3), são as melhores, pois deixam claro o nexo entre as duas ideias meramente justapostas
![Page 5: Professora Lúcia Brasil O que podemos fazer e não fazer no texto.](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051314/552fc0f9497959413d8b7de6/html5/thumbnails/5.jpg)
PARALELISMO
ERRO DE PARALELISMO
O PARALELISMO é uma antiga convenção da linguagem escrita, que consiste em apresentar ideias similares numa forma gramatical idêntica. Desse modo, o paralelismo ajuda a tornar a frase gramaticalmente clara, ao apresentar elementos da mesma hierarquia e função gramaticais na mesma espécie de construção gramatical; uma locução nominal deve estar paralela com outra locução nominal; um verbo, com outro verbo; uma reduzida de infinitivo, com outra reduzida de infinitivo; e assim por diante.
![Page 6: Professora Lúcia Brasil O que podemos fazer e não fazer no texto.](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051314/552fc0f9497959413d8b7de6/html5/thumbnails/6.jpg)
ERRADO O professor mandou Jacinto fechar o livro e que pegasse uma folha de papel.
CORRETO O professor mandou Jacinto fechar o livro e pegar uma folha de papel.
ERRADO Em público, ele demonstra insociabilidade, ser irritável, desconfiança e não ter segurança.
CORRETO Em público, ele demonstra insociabilidade, irritabilidade, desconfiança e insegurança.
![Page 7: Professora Lúcia Brasil O que podemos fazer e não fazer no texto.](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051314/552fc0f9497959413d8b7de6/html5/thumbnails/7.jpg)
ERRADO O professor mandou Jacinto fechar o livro e que pegasse uma folha de papel.
CORRETO O professor mandou Jacinto fechar o livro e pegar uma folha de papel.
ERRADO Em público, ele demonstra insociabilidade, ser irritável, desconfiança e não ter segurança.
CORRETO Em público, ele demonstra insociabilidade, irritabilidade, desconfiança e insegurança.
![Page 8: Professora Lúcia Brasil O que podemos fazer e não fazer no texto.](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051314/552fc0f9497959413d8b7de6/html5/thumbnails/8.jpg)
No uso das expressões correlativas aditivas não só... com também, tanto... como, nem... nem, ou... ou, etc., deve-se igualmente respeitar o paralelismo.
ERRADO Ou você desconta o cheque na cidade, ou no Campus.
CORRETO Você desconta o cheque ou na cidade, ou no Campus.
ERRADO Não apenas ele esqueceu a festa, como também não passou telegrama.
CORRETO Ele não apenas esqueceu a festa, como também não passou telegrama.
![Page 9: Professora Lúcia Brasil O que podemos fazer e não fazer no texto.](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051314/552fc0f9497959413d8b7de6/html5/thumbnails/9.jpg)
COMPARAÇÕES DE UM SÓ ELEMENTO
Você deve também evitar comparações de um só elemento. Esta construção incompleta é muito comum na linguagem cotidiana, mas faz com que a qualidade que está sendo comparada fique imprecisa para o ouvinte ou leitor. Talvez seja exatamente por isso que os textos de propaganda demonstrem tamanha preferência por esta construção.
ERRADO Seu discurso de ontem foi o maior sucesso.
CORRETO Seu discurso de ontem foi um grande sucesso.
CORRETO Seu discurso de ontem foi o maior sucesso de toda sua carreira
![Page 10: Professora Lúcia Brasil O que podemos fazer e não fazer no texto.](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051314/552fc0f9497959413d8b7de6/html5/thumbnails/10.jpg)
Não se faz também elementos que não podem ser comparados:
ERRADO O gosto de pitanga é diferente da manga.
CORRETO O gosto de pitanga é diferente do gosto da manga.
ERRADO O salário de um professor é mais baixo que um médico.
CORRETO O salário de um professor é mais baixo (do) que o de um médico.
![Page 11: Professora Lúcia Brasil O que podemos fazer e não fazer no texto.](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051314/552fc0f9497959413d8b7de6/html5/thumbnails/11.jpg)
AMBIGUIDADE
Uma frase, ou parte de uma frase, é AMBÍGUA quando tem mais de um significado. Às vezes esta ambiguidade é parcial, e o leitor, à custa de um exame mais detalhado do contexto, pode discernir qual era o significado que o autor tinha em mente ao escrever a frase. Noutras, porém, é impossível fazê-lo, e a frase está perdida. Você deve evitar qualquer espécie de ambiguidade mesmo que, para tanto, você seja obrigado a escrever frases mais “simples”.
1. AMBIGUIDADE COM A POSIÇÃO DO ADJUNTO ADVERBIAL
Nas frases complexas, a posição do adjunto adverbial pode gerar ambiguidade:
![Page 12: Professora Lúcia Brasil O que podemos fazer e não fazer no texto.](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051314/552fc0f9497959413d8b7de6/html5/thumbnails/12.jpg)
AMBÍGUO Escreveu um ensaio sobre arquitetura brasileira, que não vale nada.
CLARO Escreveu um ensaio sobre arquitetura brasileira, o qual não vale nada.
CLARO Escreveu um ensaio, que não vale nada, sobre a arquitetura brasileira.
3. AMBIGUIDADE COM ORAÇÕES REDUZIDAS
Em determinadas construções com orações reduzidas, o leitor pode ter dificuldade em identificar o sujeito da reduzida:
AMBÍGUO Peguei o ônibus correndo.
CLARO Peguei o ônibus que estava correndo.
CLARO Correndo, peguei o ônibus.
AMBÍGUO Vendendo meias no mercado, encontrou o amigo de infância.
CLARO Quando Paulo vendia meias no mercado, encontrou o amigo de infância.
CLARO Encontrou o amigo de infância, que vendia meias no mercado.
![Page 13: Professora Lúcia Brasil O que podemos fazer e não fazer no texto.](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051314/552fc0f9497959413d8b7de6/html5/thumbnails/13.jpg)
4. AMBIGUIDADE NO ANTECEDENTE DOS PRONOMES
talvez a maior fonte de ambiguidade seja o uso descuidados dos pronomes. Os pronomes de 3ª pessoa (ele, ela, seu, sua, lhe, etc) os relativos (que, o qual) e os demonstrativos (isso, aquilo, etc) só têm sentido quando o seu antecedente está claro para o leitor. Em muitas frases, contudo, há dois antecedentes possíveis:
![Page 14: Professora Lúcia Brasil O que podemos fazer e não fazer no texto.](https://reader034.fdocumentos.tips/reader034/viewer/2022051314/552fc0f9497959413d8b7de6/html5/thumbnails/14.jpg)
está claro para o leitor. Em muitas frases, contudo, há dois antecedentes possíveis:
AMBÍGUO Jorge disse a seu irmão que ele não ia ganhar um cavalo naquele Natal.
CLARO Jorge disse a seu irmão que ele, Jorge, não ia ganhar um cavalo naquele Natal.
AMBÍGUO Ele me saudou pelo primeiro nome e entregou-me um cheque, o que me surpreendeu.
CLARO Ele me saudou pelo primeiro nome, o que me surpreendeu e entregou-me um cheque.
CLARO Entregou-me um cheque, o que me surpreendeu, e saudou-me pelo primeiro nome.