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1 ISSN 2317-661X Vol. 10 – Num. 02 – Junho 2016 www.revistascire.com.br PRODUÇÃO TEXTUAL E/ EM SALA DE AULA: DISCUTINDO APRENDIZAGEM E PRAZER Alcione de Andrade SOARES 1; Maria Ruth Barbosa de OLIVEIRA 1 ; Rita de Karcia Barbosa de OLIVEIRA 1; Elisângela Araújo SILVA 2 1. Alunas do curso de Pedagogia da UVA/UNAVIDA. [email protected]; [email protected]; [email protected] 2. Orientadora. Doutoranda em Letras. Professora substituta na UVA/UNAVIDA. [email protected]. RESUMO: Este artigo discute a questão da prática de leitura e produção textual em sala de aula, tomando como destaque a importância de uma abordagem metodológica que instigue o aluno, que o faça perceber o momento da leitura e da escrita como algo agradável. Que a atividade de leitura e de escrita seja para o aluno uma oportunidade de inclusão, além de manifestação de suas emoções, e não um método coercitivo sobre o qual será atribuída uma nota. O trabalho caracteriza-se como uma revisão bibliográfica sobre o tema além de uma sugestão metodológica. Propomos uma sequência de leitura e produção de texto a partir da poesia de Sidônio Muralha como motivação para o trabalho de leitura e escrita em sala de aula. E assim destacamos que a aula de leitura e produção pode e deve ser uma experiência de troca e compartilhamento, de vivências e não de cobranças, de aprendizagem, mas esta agregada ao prazer. Palavras-chave: Leitura, Escrita, Sala de aula, Motivação. ABSTRACT: This paper discusses the practice of reading and textual production in classrooms, highlighting the importance of a methodological approach that motivates the student, making him or her to perceive the reading and writing process as something pleasurable. That the activity of reading and writing might be an opportunity of inclusion, further that a manifestation of his or her emotions, and not a coercive method through which a grade will be given. This paper is about a bibliographic revision about the subject matter and also a methodological suggestion. We propose a reading sequence and textual production beginning with Sidônio Muralha’s poetry as a motivation for the reading and writing job in the classroom. So, in this way, we detach that the reading and (textual) production class should be an exchange of experiences, of pleasant learnings, and not an imposition. Key-words: Reading, Writing, Classroom, Motivation. INTRODUÇÃO O presente artigo discute uma realidade encontrada nas escolas, principalmente nas de Ensino Fundamental, que é a dificuldade de expressão nas modalidades oral e escrita, bem como a dificuldade de vivenciar os textos literários. Tais ocorrências poderiam ser atenuadas se a leitura fosse trabalhada nas aulas de maneira interativa, e não utilizada apenas como um método avaliativo que irá medir o conhecimento do aluno sobre o conteúdo como se fosse uma atividade mecânica

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PRODUÇÃO TEXTUAL E/ EM SALA DE AULA: DISCUTINDO APRENDIZAGEM E PRAZER

Alcione de Andrade SOARES1; Maria Ruth Barbosa de OLIVEIRA1; Rita de Karcia Barbosa de OLIVEIRA1; Elisângela Araújo SILVA2

1. Alunas do curso de Pedagogia da UVA/UNAVIDA. [email protected]; [email protected]; [email protected]

2. Orientadora. Doutoranda em Letras. Professora substituta na UVA/UNAVIDA. [email protected].

RESUMO: Este artigo discute a questão da prática de leitura e produção textual em sala de aula, tomando como destaque a importância de uma abordagem metodológica que instigue o aluno, que o faça perceber o momento da leitura e da escrita como algo agradável. Que a atividade de leitura e de escrita seja para o aluno uma oportunidade de inclusão, além de manifestação de suas emoções, e não um método coercitivo sobre o qual será atribuída uma nota. O trabalho caracteriza-se como uma revisão bibliográfica sobre o tema além de uma sugestão metodológica. Propomos uma sequência de leitura e produção de texto a partir da poesia de Sidônio Muralha como motivação para o trabalho de leitura e escrita em sala de aula. E assim destacamos que a aula de leitura e produção pode e deve ser uma experiência de troca e compartilhamento, de vivências e não de cobranças, de aprendizagem, mas esta agregada ao prazer. Palavras-chave: Leitura, Escrita, Sala de aula, Motivação. ABSTRACT: This paper discusses the practice of reading and textual production in classrooms,

highlighting the importance of a methodological approach that motivates the student, making him or her to perceive the reading and writing process as something pleasurable. That the activity of reading and writing might be an opportunity of inclusion, further that a manifestation of his or her emotions, and not a coercive method through which a grade will be given. This paper is about a bibliographic revision about the subject matter and also a methodological suggestion. We propose a reading sequence and textual production beginning with Sidônio Muralha’s poetry as a motivation for the reading and writing job in the classroom. So, in this way, we detach that the reading and (textual) production class should be an exchange of experiences, of pleasant learnings, and not an imposition. Key-words: Reading, Writing, Classroom, Motivation.

INTRODUÇÃO

O presente artigo discute uma realidade encontrada nas escolas,

principalmente nas de Ensino Fundamental, que é a dificuldade de expressão nas

modalidades oral e escrita, bem como a dificuldade de vivenciar os textos literários.

Tais ocorrências poderiam ser atenuadas se a leitura fosse trabalhada nas aulas de

maneira interativa, e não utilizada apenas como um método avaliativo que irá medir

o conhecimento do aluno sobre o conteúdo como se fosse uma atividade mecânica

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para atribuição de conceito avaliativo e não uma oportunidade de aproximação entre

aprendizagem e prazer.

A escrita é uma atividade de comunicação, uma produção de sentido com o

objetivo de estabelecer uma interação, onde quem a produz cria um tipo de diálogo

com o leitor capaz de informar ou orientar e essa relação se faz fundamental desde

os primeiros anos de vida, na fase inicial da formação escolar. Da mesma maneira

em relação à leitura de textos, que promove nas crianças a inquietação e

curiosidade necessária para instigar sua imaginação e criatividade, despertando em

si a faísca capaz de transforma essas informações em conhecimento. E o lugar mais

requisitado para realizar essa solidificação do saber é a escola, porque é através

dela que a criança terá acesso há uma diversidade de conteúdos com intuito de

estimular e ampliar seu horizonte, contudo, tem sido amplamente divulgada a

ineficiência dos dois processos, seja leitura, seja produção escrita.

Dessa maneira, cabe ao professor planejar e elaborar seu trabalho de modo

que provoque em seus alunos os estímulos essenciais para instigar o gosto pela

leitura e pela escrita, de modo que promova prazer e diversão. Além disso, assimilar

a escrita como modo interativo e dinâmico em que o aluno possa sentir-se autor e

construtor não só de sua produção textual, mas como expressão de realidade,

modificando seus limites e fragmentando as barreiras que o cerca e que impedem

seu progresso.

Sendo assim, o presente trabalho atenta para tais questões, objetivando a

importância da produção textual em sala de aula enquanto momento de

aprendizagem e prazer. Para tanto, tomamos como motivação uma abordagem de

leitura de texto literário enquanto fonte de promoção de sentidos e criação,

destacando a importância do trabalho com o texto literário enquanto motivador de

discussões, atividades, mas acima de tudo gosto pelo ler, fazer e aprender.

METODOLOGIA

Metodologicamente este artigo caracteriza-se como uma pesquisa

bibliográfica, que além de promover uma revisão teórica acerca do assunto,

apresenta também uma sugestão metodológica para docentes que estejam

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trabalhando com educação fundamental. Após a abordagem teórica, propõe-se uma

atividade de leitura, discussão e produção de atividades lúdicas, em que a

aprendizagem será agregada a partir do prazer de fazer.

DISCUSSÃO

Desde os primórdios temos observado a necessidade do homem de se

comunicar e expressar sentimentos, seja através de desenhos, danças, rituais, nas

mais diferentes formas, a humanidade produz sua história e a grava em textos e

desenhos nas paredes ou papeis que possua. Mas com o passar do tempo nossos

costumes evoluíram e essa comunicação também se modificou e criou novas

maneiras de socialização.

Assim, Ferreiro e Teberoski (1985, p.12), afirmam que o desenho prepara a

criança para a alfabetização, porque ao desenhar ela está organizando suas ideias e

colocando seus conhecimentos e emoções no papel, além de treinar sua

coordenação para a leitura e escrita de modo que desenvolva sua imaginação e

organização viso-motor.

Desse modo, a criança que é acostumada a observar o uso contínuo da

escrita em casa ou na escola, mesmo que desde pequeno já faz uso de lápis e papel

para realizar suas garatujas já imaginam historias cativantes. Para Ferreiro (1990,

p.190) “[...] a criança é também um produtor de textos desde a tenra idade”, pois ela

já está incutida em si a necessidade de pensar e imaginar personagem em um

mundo “faz de conta” em que narra os próprios fatos vividos, assim no decorrer de

sua evolução começa a nomear o que vem registrando. De modo que,

Ao dar nome àquilo que registram no papel, as crianças deixam para trás a etapa dos rabiscos e conquistam outro patamar evolutivo, do desenho propriamente dito. A convergência entre a expressão oral e gráfica manifesta avanço da capacidade representativa. O desenho progride e ocorre a diferenciação dos grafismos. Surgem então as primeiras intenções de escrever algo, pois elas imitam a conduta do adulto (SEBER, 2009, p.202).

Esse é o primeiro passo para a realização da linguagem escrita, pois a

criança começa a desenvolver a consciência de que não são apenas rabiscos que

fez, mas teve o objetivo de representar algo. Como os adultos também representam

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através da escrita, ela iniciara suas primeiras grafias de maneira pouco

compreensível para os demais, mas certa para si.

Segundo Almeida (2009, p. 17), alienando a parte mecânica com a cognitiva a

criança pode dar início ao processo de criação, mesmo que ainda seja de maneira

grosseira, é preciso que haja encorajamento para a escrita livre, desse modo ela não

se sentira cansada, porque lhe é permitido visualizar a escrita e leitura de várias

maneiras dentro de um mesmo contexto.

Através desta oportunidade de expressar-se a aprendizagem se torna um

momento prazeroso e divertido, conforme destaca Chomsky (1971, p.81) quando as

crianças têm liberdade e espaço para se expressar livremente eles se tornam

escritores ativos, que direcionam seu próprio ritmo no processo de aprendizagem.

Para Almeida (2009, p.75), a criança ao chegar na escola já sabe se

comunicar através da linguagem oral, porque desde cedo ela recebeu estímulos de

seus familiares para desenvolve-la, já a linguagem escrita é uma competência

atribuída a escola, ela ainda é considerada o lugar mais competente para realizar tal

tarefa, pois é a única capaz de proporcionar diferentes formas de saber, dentre elas

a diversidade textual. Desse modo a escola tem papel de destaque, uma vez que

É imprescindível que a escola ofereça condições para que as crianças entrem em contato com uma ampla diversidade de textos, em diferentes contextos de interação, para que possam ampliar as capacidades comunicativas e assim, utilizar a língua, buscando os efeitos de sentido pretendido. (MORAIS, 2006, p.7)

Desse modo, a escola se torna um lugar privilegiado por poder fornecer aos

alunos a diversidade textual e os benéficos que o mesmo possui, dentre eles o

letramento e a interação social por meio da comunicação escrita, ganhando cada

vez mais espaço e deixando de lado a codificação e decodificação, ainda muito

presente em nosso meio. E essas práticas tornam a aprendizagem uma atividade

mecânica.

A produção textual deve proporciona aos alunos o estimulo necessário para

desenvolver sua imaginação e criatividade, contribuindo na elaboração de opiniões,

pois na medida em que ele constrói se reconhece como autor capaz de tomar

decisões. Vale destacar que

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Os sujeitos que vivem em uma sociedade letrada estão em constante interação com o mundo da escrita, em diferentes contextos, nos quais está assume diferentes funções. Sendo a escola produtora primordial do letramento: alfabetizar e letra simultaneamente. Neste sentido, a aprendizagem da leitura e da produção de texto ultra passa aquilo que chamamos de codificação e decodificação do sistema de escrita (ALBUQUERQUE, 2004, p. 47).

A sociedade vive em constante mudança, por essa razão a ação da escola na

formação de indivíduos letrados se torna fundamental, pois quebra as barreiras da

ignorância e torna os alunos seres pensantes e críticos.

A escola tem a missão de integrar a criança na sociedade que a cerca, de

maneira que ela possa ter plena consciência da realidade em que está inserida,

capaz de se posicionar, conforme Jolibert (1994, p.77) “A aprendizagem da

produção de textos deve ser realizada em situações reais, onde tenha uma função

social concreta e que a tarefa do aprendiz seja basicamente a de construir textos

com significados”, dessa maneira o aluno precisa ver a sociedade como um todo,

para que só então assim possa produzir textos que realmente tenha significado para

si.

A partir do momento que a criança se torna consciente da sua realidade, ela

terá maior condições de viver ativamente neste ambiente, afirma Leontiev (2001,

p.120) “Uma criança que domina o mundo que a rodeia é uma criança que se

esforça por atuar nesse mundo”, assim é preciso que a realidade do aluno seja

vivenciada em sua escola, para que então o mesmo possa solucionar problemas

que o cercam e reduzem sua capacidade social- cultural.

Para Silva (2008, p.14), além de promover o acesso à leitura e escrita, a

escola deve promover a formação de leitores e produtores de textos, alfabetizando

na perspectiva do letramento, por isso a crianças precisa desde cedo gerar uma

opinião, ter consciência e autonomia daquilo que produz e do que precisa modificar,

para Almeida (2008, p.54) “A escola devera compreender que o aluno precisa

desenvolver uma crítica diante da sua própria produção visualizando um significado

cada vez mais legitimo”, para que isso ocorra a criança precisa ter oportunidade de

se arriscar e ir além do que apenas o currículo escolar pede.

Conforme Brasil (1998, p. 51) “O objetivo dos PCNs (Parâmetros Curriculares

Nacionais) sobre a pratica de produção texto na escola é de formar escritores

competentes capazes de produzir textos coerentes, coesos e eficazes”, desta forma

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não basta apenas formar escritores mas sim pessoas que saibam o que e o por que

estão escrevendo, utilizando as palavras com sentido e ligação ao assunto indicado.

Para então elaborar os textos de forma compatível ao conteúdo indicado e ao que se

deseja falar de forma clara e objetiva.

O professor, por sua vez, enquanto formador de opinião, é o intermediário no

processo, possui inúmeras ferramentas capazes de transformar cada situação em

aprendizagem orientando pouco a pouco seu público e para alcançar esse objetivo

utiliza suas aulas como método.

É na sala de aula onde o professor entra em contato com o universo de cada

aluno, tornando-se um membro presente em seu cotidiano, para Sarraf (2011, p. 69)

“O professor deve criar situações didáticas que possibilitem as crianças vivenciar,

em sala, o uso social da escrita, compreendendo os diferentes gêneros textuais e

como produzi-los”, é preciso que haja conhecimento da importância desta pratica no

convívio escolar, tornando-a real e significativa no processo de ensino-

aprendizagem.

Desse modo, as crianças vão se moldando e elaborando seu repertório de

conhecimento, segundo Ferreiro e Teberosky (1990, p.51) a criança constrói, testa,

descarta e reconstrói hipóteses sobre a língua e seus usos através de sua

participação em atos de leitura e escrita. Mais do que escrever alfabeticamente,

aprende também as funções sociais e o modo como os textos se organizam e estão

presentes em seu convívio pessoal e social.

Conforme Bajard (1994, p.17), o gosto pela produção escrita pode ser

despertada por meio de atividades que desenvolvam a motivação, o treino da

linguagem oral, imitação e criatividade, por isso ela precisa escutar historias e tentar

escrever pequenas mensagens desde cedo, construindo, desse modo, aos poucos,

o seu sistema de escrita.

Mesmo sem utilizar as ortografias necessárias o aluno ao escrever traz

consigo o desejo que o professor possa compreender o que ele relatou no papel,

afirma Leal (2004, p. 54) “O aluno ao produzir um texto, escreve para ser lido e

compreendido”, dessa forma a criança já realizar sua leitura e produção sem

limitações.

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No decorrer da grafia essa vai sendo transformada, o aluno fica mais

confiante e começa a se arriscar mais no mundo da escrita, tudo que ele vem

vivendo ou já viveu começa a ser transportado para o papel de maneira natural e

expressiva. Isso porque

Para compreender um texto, é necessário entende como se realiza a discursividade que o constitui, isto é reconhecer que um texto é um conjunto de relações significativas, produzidas por um sujeito marcado pela sua condição de existência inserção em determinado mundo cultural e simbólico (LEAL, 2005, p. 56).

Quando a criança produz um texto, ela passa para ele seu conhecimento de

mundo e o que compõe sua realidade, é necessário que o professor esteja ciente de

que no âmbito escolar a criança vai reproduzir suas experiências nele e fora dele,

pois toda criança e jovem são marcados por condições sócio históricas

predominantes na vida. O diálogo que o aluno encontra em sala de aula se torna

ferramenta de inspiração para elaboração de seus textos. Assim,

Em relação à prática de produção na sala de aula apontamos que o texto produzido por um aprendiz demostra o produto de sujeito que, da sua maneira, busca estabelecer um tipo de relação com seu interlocutor. São sujeitos que interagem verbalmente e, dessa forma determinada situação comunicativa dentro de um contexto sócio- histórico, a escola. (LEAL, 2005, p.85)

Através dos textos se forma uma ligação verbal do escritor com os leitores,

sobre algum assunto interessante que vem a ter a função de divertir ou comunicar, a

sensibilidade do escritor é quem escolhe a elaboração de seu contexto.

Porém, nem sempre essa troca de comunicação acontece, ela acaba se

limitando apenas para o professor seu único leitor, Geraldi (1984, p.19) ressalta que

a produção de texto na escola foge totalmente ao sentido de uso da língua, os

alunos se sentem desestimulados, pois a produção de textos é apenas um método

avaliativo onde serão corrigidos e sua criação será apenas representada por uma

nota.

Todas as crianças gostam de mostrar e dividir aquilo que fazem e constroem

sem se preocupar com avaliações ou currículos escolar e esse fato contribui muito

em sua formação. Calkins(1989, p.22), se posiciona afirmando que:

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[...] para mim é essencial que as crianças estejam profundamente envolvidas com a escrita, que compartilhem suas produções de texto com os outros e que percebam a si mesmos como autores. Creio que estas coisas estão interconectadas. Uma sensação de autora e uma luta para imprimir no papel algo grande vital e da observação de que as próprias palavras, impressas atinem os corações e as mentes dos leitores[...].

A criança já possui suas próprias barreiras na linguagem escrita, o educador

não deve interligar escrita a processos avaliativos para não constranger ainda mais

o aluno em sua evolução. Mas nem sempre isso acontece sendo a escrita ainda a

ferramenta usada para medir o conhecimento.

Todavia, na produção textual, geralmente, não são levados em conta a

essência ou a criatividade do aluno, há uma “cultura do erro” que induz a correção

textual a observar a ortografia, conforme Leal (2005, p. 55) “Em lugar de uma

resposta, o professor arquiva as produções ou simplesmente dá um visto ou uma

nota, o aluno não escreve para ser lido, mas para ser corrigido”, dessa maneira a

escrita será apenas associada a um método avaliativo e não uma atividade

prazerosa e divertida.

A evolução do aluno na escrita deve ser vista como resultado de um processo

constante de ensino-aprendizagem, para Vidal (1999, p.82) o educador deve ver a

produção textual como resultado de um processo de aquisição dos mecanismos da

língua escrita pela criança, como uma espécie de ênfase nas questões de grafia,

respeitando o texto e não o entendendo apenas como um objeto de correção ou

uma atividade pedagógica realizada.

Existem alguns desafios presentes na atuação do educador relacionados à

pratica de produção textual, conforme Ferreiro (1985, p.34) “Entre as dificuldades

encontradas na execução da produção textos estão: estudos aprofundados sobre o

tema, busca de uma conexão entre teoria e prática, falta de paciência para

questionar as crianças sobre o que escrevem”, não existe aprendizagem pronta,

tudo é questão de escolha e é do professor a maior delas, pois está em suas mãos a

escolha de fazer a diferença em sua sala de aula.

Tratar da escolha de abordagem não implica dizer que o método será eficaz

para todos os alunos, e que esses irão se desenvolver rapidamente no mesmo

sentido, Segundo Galvão (1999, p. 31) “O desafio escolar no trabalho pedagógico é

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respeitar as necessidades individuais e ao mesmo tempo propiciar a constituição do

grupo”. O educador precisara desenvolver estratégias pedagógicas que contribuíam

para a aprendizagem dos alunos sem que haja desigualdades nem exclusão entre

os educandos, pois todos são capazes de ampliar seus conhecimentos.

Não há serie nem faixa etária responsável pela aprendizagem da produção

textual, esse é um trabalho que deve ser aplicado constantemente na vida

educacional das crianças e jovens. Convém lembrar também que

O trabalho com a produção de textos não é algo que se reduz apenas às séries iniciais, é um processo que se estende ao longo da escolarização, porém é de grande importância que esse trabalho seja, provocado sustentado e desenvolvido ao longo das experiências escolares. (LEAL, 2005, p. 65)

Assim é preciso desde cedo habituar os alunos a escreverem de forma

significativa, expressando suas ideias e opiniões, construindo intimidade com a

escrita, encontrando um momento de lazer em sua produção textual de forma

satisfatória.

Toda aprendizagem está ligada a leitura e escrita, pois juntas formam o

conhecimento, como diz Geraldi (1984, p.135) “A produção de texto é o ponto de

partida (e de chegada) de todo processo ensino/ aprendizagem”, pois está contida

em tudo que nos rodeia e compõe nossa vida, por isso é essencial possuir seu

domínio.

Assim, apresentamos uma proposta metodológica a partir da poesia A dança

dos Pica-Paus, de Sindónio Muralha, em que o poeta apresenta alguns tipos de

pica-paus. De forma lúdica, na medida em que vai apresentando-os da a ideia de

que todos estariam pousando no mesmo espaço. O poeta traz em cada verso uma

sonoridade que pode gerar um momento de leitura e brincadeira.

A Dança dos Pica-Paus

(Sindónio Muralha)

Estava só

O pica-pau-carijó

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Mas pousou no terreno

O pica-pau-pequeno

Veio para o seu lado

O pica-pau malhado

Saiu do sertão

O pica-pau-anão

Trouxe um pirilampo

O pica-pau-do-campo

Ficou iluminado

O pica-pau-dourado

Vejam como é belo

O pica-pau-amarelo

E aqui estão, se quiserem mais,

Pica-paus-pretos-reais.

A partir da conversação do processo de produção textual na sala de aula,

destacamos que a escrita só acontece quando o aluno tem uma pratica ativa de

leitura. Sendo assim, apresentamos uma proposta metodológica para turma de 4o

ano do Ensino Fundamental I. Sugerimos que de início haja um diálogo sobre o

conhecimento que os alunos possuem sobre o pássaro “Pica-Pau”, de como ele é

representado no desenho animal e como realmente é, a partir dessa conversação

apresentar a poesia “A Dança dos Pica-paus” onde será realizada uma leitura

compartilhada destacando os diferentes tipos de pica-paus que aparecem na poesia

indagando sobre a possível realidade da existência destas aves, frisando suas

características principais e a sonoridade.

Após o momento de leitura e discursão sobre a poesia, o/a professor(a) irá

propor que os alunos construam uma encenação com base na poesia, depois irão

elaborar um convite para todo o corpo discente e docente para assistirem a

apresentação da encenação. É importante que os próprios alunos sugiram a história,

as características e desempenho dos personagens. O texto deve ser montado pelos

próprios alunos, que em conjunto e oralmente participem da montagem do texto

enquanto um aluno, ajudado pelo docente, o escreve. Destacamos que não será

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necessário o rigor da montagem de um texto teatral, mas que os alunos a partir da

leitura da poesia, possam criar uma história em que eles sejam atuantes não apenas

na construção, mas também na materialização do texto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio deste artigo, discutimos a importância da valorização da leitura

enquanto pressuposto para a escrita na formação escolar, destacando a abordagem

metodológica enquanto ponto de partida para o estímulo para leitura e escrita.

Destacamos que a criança ao chegar na escola, seu conhecimento ainda é

bruto e precisa ser lapidado por isso é fundamental que o ambiente escolar

possibilite a prática de leitura e a produção textual enquanto processo de

aprendizagem, mas, sobretudo, enquanto processo criativo e interativo. Apontamos

a abordagem do texto literário como uma saída para a falta de estímulo por parte de

professores e alunos.

Além de ser uma maneira divertida, a leitura literária da assas a imaginação e

criatividade, promovendo liberdade de expressão e descontração nas aulas, ainda

mais como motivação para a produção escrita, quebrando o paradigma de que

produção textual é apenas uma maneira avaliativa, ou gramatical de ver a

construção dos alunos.

O educador tem o poder de influenciar o gosto dos alunos em relação a leitura

e escrita, pois a maneira que os conteúdos são trabalhados em suas aulas

desenvolverá a associação dos sentimentos produzidos por ela, que os

acompanharam por toda sua caminhada educacional, por esse motivo é necessário

que o professor utilize sempre maneira lúdicas e interativas envolvendo o corpo não

só a mente da criança, mostrando que a produção textual pode ser prazerosa e

divertida e não um método pra se temer, pois tanto a leitura quanto a escrita estão

constantemente presente em tudo que fazemos.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, Eliana Borges. Alfabetização: apropriação do sistema de escrita alfabética. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

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ISSN 2317-661X Vol. 10 – Num. 02 – Junho 2016

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