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1 PRODUÇÃO DE QUEIJO DE COALHO CASEIRO: ESTRATÉGIAS DE REPRODUÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA NA AGRICULTURA FAMILIAR DO MUNICÍPIO DE PORTO DA FOLHA/SE¹ José Natan Gonçalves da Silva Membro do GRUPAM Universidade Federal de Sergipe (UFS) [email protected] Sônia de Souza Mendonça Menezes Líder do GRUPAM Universidade Federal de Sergipe (UFS) [email protected] Resumo O presente artigo tem por objetivo analisar a produção do queijo de coalho caseiro como uma estratégia de reprodução social e econômica dos agricultores familiares no município de Porto da Folha/SE. Como procedimento metodológico iniciamos com uma revisão bibliográfica fundamentada em pesquisas realizadas sobre a temática e em seguida a pesquisa de campo junto aos atores envolvidos com essa prática. A produção queijeira representa uma estratégia de sobrevivência para esses atores sociais, que em meio às adversidades do seu ambiente, consideram-na como principal fonte de renda. Comprovamos que essa atividade na contemporaneidade ainda é transmitida pelas gerações familiares, sendo sustentada pelo sentimento de autonomia e se encontra intensamente arraigada à vida social desses indivíduos. Palavras-chave: Queijo de coalho caseiro. Reprodução social. Agricultores familiares. Autonomia. Introdução O trabalho aqui realizado tem como proposta apreender o sistema de produção agroalimentar dos derivados de leite artesanais, especialmente do queijo de coalho caseiro no município de Porto da Folha – o qual está integrado ao Território da Cidadania do Alto Sertão Sergipano –, como uma cultura e um modo de vida enraizado na história local,que contribui na reprodução social e econômica dos agricultores familiares. O saber-fazer cultural desse gênero alimentício foi, e ainda continua sendo, transmitido no município, cuja elaboração envolve prioritariamente a participação dos componentes familiares e representa em alguns casos à única fonte de renda dos mesmos. Como recursos metodológicos iniciamos com a revisão bibliográfica e em seguida a pesquisa empírica que proporcionou o contato direto com os diversos ambientes de

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PRODUÇÃO DE QUEIJO DE COALHO CASEIRO: ESTRATÉGIAS DE REPRODUÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA NA AGRICULTURA FAMILIAR

DO MUNICÍPIO DE PORTO DA FOLHA/SE¹

José Natan Gonçalves da Silva Membro do GRUPAM

Universidade Federal de Sergipe (UFS) [email protected]

Sônia de Souza Mendonça Menezes

Líder do GRUPAM Universidade Federal de Sergipe (UFS)

[email protected]

Resumo

O presente artigo tem por objetivo analisar a produção do queijo de coalho caseiro como uma estratégia de reprodução social e econômica dos agricultores familiares no município de Porto da Folha/SE. Como procedimento metodológico iniciamos com uma revisão bibliográfica fundamentada em pesquisas realizadas sobre a temática e em seguida a pesquisa de campo junto aos atores envolvidos com essa prática. A produção queijeira representa uma estratégia de sobrevivência para esses atores sociais, que em meio às adversidades do seu ambiente, consideram-na como principal fonte de renda. Comprovamos que essa atividade na contemporaneidade ainda é transmitida pelas gerações familiares, sendo sustentada pelo sentimento de autonomia e se encontra intensamente arraigada à vida social desses indivíduos.

Palavras-chave: Queijo de coalho caseiro. Reprodução social. Agricultores familiares. Autonomia.

Introdução

O trabalho aqui realizado tem como proposta apreender o sistema de produção

agroalimentar dos derivados de leite artesanais, especialmente do queijo de coalho

caseiro no município de Porto da Folha – o qual está integrado ao Território da

Cidadania do Alto Sertão Sergipano –, como uma cultura e um modo de vida enraizado

na história local,que contribui na reprodução social e econômica dos agricultores

familiares.

O saber-fazer cultural desse gênero alimentício foi, e ainda continua sendo, transmitido

no município, cuja elaboração envolve prioritariamente a participação dos componentes

familiares e representa em alguns casos à única fonte de renda dos mesmos.

Como recursos metodológicos iniciamos com a revisão bibliográfica e em seguida a

pesquisa empírica que proporcionou o contato direto com os diversos ambientes de

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vivência dos produtores de queijo, podendo visualizar, por exemplo, a organização

espaço-temporal no cumprimento das atividades queijeiras, como também, por meio de

diálogos e posteriores reuniões, verificar o porquê da continuidade dos mesmos com

essas práticas tradicionais e qual a importância para sua reprodução social. Até o

momento, foram aplicados 47 questionários, distribuídos em 14 localidades (13

povoados e comunidades rurais e a sede municipal). Esse procedimento possibilitou a

obtenção de dados que enriqueceu a pesquisa, a partir do debate empírico-conceitual e

teórico-científico.

Como resultados, verificamos a importância dessa atividade no meio rural geradora de

renda, essencial a sustentabilidade dos agricultores familiares (produtores de queijo) e a

sua permanência no campo.

Além da introdução, o artigo está estruturado sequencialmente na fundamentação

teórica (da territorialidade a garantia da sustentabilidade econômica e social no campo),

pesquisa empírica e resultados obtidos (produção de queijo artesanal: alternativas da

agricultura familiar em Porto da Folha), considerações finais e referências.

Da territorialidade a garantia da sustentabilidade econômica e social no campo

Estudar o sistema de produção agroalimentar do queijo de coalho caseiro no município

de Porto da Folha é fazer referência às estratégias de reprodução social, adotadas

poragricultores familiares, sertanejos e sertanejas, a fim deadquirirem sustentabilidade

econômica e autonomia ante as condições históricas fundiárias as quais estão inseridos.

O processo intensivo de exploração das terras do sertão nordestino origina na segunda

metade do século XVI, quando inicia o seu povoamento promovido pelos colonizadores

de influência da corte portuguesa através do sistema de doações de sesmarias. Segundo

Andrade (1988, p.62), essa região “era considerada de boa qualidade para a pecuária

ultra-extensiva em campo aberto”, colonizada com o propósito de fornecimento de

animais (bovinos e equinos) e mantimentos alimentares para a promissora zona da mata

canavieira e constituiu nos maiores latifúndios brasileiros, tornando-se os sesmeiros

detentores de vastas extensões territoriais (ANDRADE, 2005).

Diante disso, a pecuária sobressaiu – e ainda sobressai – como a principal atividade

econômica do sertão e tem como figura emblemática o vaqueiro, responsável pelo

gerenciamento da fazenda e a lida com o gado. Esse indivíduo apesar de estar à margem

do sistema pecuarista se incluía em um trabalho livre cuja remuneração se caracterizava

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através da “quarteação”, ou seja, um quarto dos animais da propriedade lhe pertencia

(DINIZ, 1986;MENEZES, 2009). Segundo Andrade (2005, p.188) em alguns casos o

vaqueiro também poderia criar na fazenda “cabras, porcos e carneiros e tinha o direito à

produção de leite e queijo”. É nesse contexto, que surge à elaboração do queijo artesanal

no Nordeste, quando segundo Menezes (2009), aproveitava-se o leite e a produção de

seus derivados na alimentação diária dos pequenos agricultores familiares.

O trabalho livre permitiu em alguns casos o progresso de muitos vaqueiros e

consequentemente, o surgimento de pequenas propriedades agrícolas no sertão

nordestino, geridas exclusivamente pela família. Essas propriedades, no entanto, não

possuíam dimensões suficientes para manter-se através da pecuária extensiva, sendo a

produção em pequena escala de leite e seus derivados e a agricultura de subsistência

(milho, feijão, mandioca) os meios de sobrevivência familiar.

Desde já, é necessário antes de iniciarmos a abordagem da conjuntura atual do sistema

de produção do queijo de coalho, conceituar esse alimento a partir de dois processos de

produção diferenciados fundamentado por Menezes (2009), ou seja, define queijo de

coalho caseiro aquele elaborado no interior da residência do estabelecimento rural,

matéria-prima originária da própria unidade de produção, mão-de-obra exclusivamente

familiar e sem estruturação do sistema de pagamento assalariado, já o queijo de coalho

produzido em fabriquetas de derivados de leite é elaborado em um estabelecimento a

parte da propriedade rural, matéria-prima proveniente de outros estabelecimentos

agropecuários (em alguns casos adquire-se o leite também da unidade de produção),

podendo ser a mão-de-obra familiar ou contratada, mas com um sistema de pagamento

semanal.

Atualmente, a produção do queijo de coalho artesanal – saber-fazer transmitido e

referenciado pelas gerações familiares (MENEZES; CRUZ; MENASCHE, 2010) –

insere-se em um mercado local e regional e passa a portar não somente valor de uso,

mas também, valor de troca. Contudo, para Franz, Pinto e Salamoni(2011, p.335) a

manutenção e a funcionalidade da agricultura familiar “ultrapassam a dimensão

econômica da geração de renda ou de lucro [...] isto é, o objetivo da agricultura familiar

não é a acumulação de capital, mas a reprodução familiar e a manutenção da

propriedade”, visto que, “a terra não é apenas um fator de produção, mas é também

carregada de valores simbólicos” (WOORTMANN, 1995, p.47).

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Sendo assim, por mais significativa que seja a subordinação do agricultor familiar em

fase ao crescimento do agronegócio, Abramovay (2009, p.107) enfatiza que no

semiárido nordestino “uma parte muito importante da geração de renda vai depender

antes de tudo do trabalho autônomo e familiar”, configurando-se como principal meio

de sobrevivência diante das adversidades sociais vivenciadas pelos mesmos.

É por meio de práticas rotineiras alicerçadas pelo grupo familiar que os agricultores

resistem ao domínio do capitalismo agrário, tendencioso a fragmentação das atividades

tradicionais. Tais mecanismos refletem as “diversas estratégias que grupos sociais

utilizam de forma a garantir sua autonomia e dignidade em face às relações de

exploração e dominação” (MENEZES, M.; MALAGODI, 2011, p.63), além de

confrontar com o pensamento determinista de que o agricultor familiar necessita está

integrado ao agronegócio para garantir sua sustentabilidade no campo.

Franz, Pinto e Salamoni(2011) corroboram com o pensamento de multifuncionalidade

desempenhado pelos sistemas de produção agroalimentar familiares, por

proporcionarem o socioprodutivismo localizado, responsabilizando-se pela garantia da

sustentabilidade familiar e da sociedade, a partir do autoconsumo e da comercialização

do excedente da produção. Promove-se, ainda, o desenvolvimento socioeconômico ao

gerar empregos de mão-de-obra familiar e consequentemente, a manutenção do tecido

social rural, além de permitir a preservação cultural das práticas tradicionais de

produção e das relações de sociabilidade e reciprocidade estabelecidas entre os

componentes da família e desses com a comunidade.

Não podemos nos redimir somente ao fator econômico desempenhado pela pequena

propriedade rural, pois, a mesma é um espaço de reprodução social e vida do grupo

familiar. Nessa perspectiva, Krone (2009, p.112) ao analisar o sistema de produção

queijeiro de agricultores tradicionais nos Campos de Cima da Serra no Rio Grande do

Sul, reforça o nosso pensamento ao ressaltar que a terra para esses atoresé “projetada

como um patrimônio de família e pensada a partir das suas valorações simbólicas.

Assim, a posse e uso da terra são condição não apenas para a transmissão material da

terra, mas também para a transmissão e reprodução do modo de vida”.

O queijo artesanal é ainda produtor de “categorias sociais, pois o processo de trabalho,

além de ser um encadeamento de ações técnicas, é também um encadeamento de ações

simbólicas, ou seja, um processo ritual” (WOORTMANN e WOORTMANN, 1997,

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p.15), referenciado por aprendizados adquiridos e compartilhados na trajetória de vida

desses sertanejos.

É perceptível nessa abordagem, que “no mundo rural, efetivam-se relações com a terra,

na família, com os vizinhos, na comunidade e com sujeitos da cidade. Esses

indivíduosse interagem, especialmente, cultural (psicológica) e economicamente”

(SAQUET, 2010, p.49) através das relações recíprocas de convivência, o que

proporciona o fortalecimento da territorialidade.

Com base no pensamento de Haesbaert (2009), percebemos que as redes de produção do

queijo de coalho caseiro formam territórios identitários, simbolicamente apropriados

pelos atores locais, representando a identidade de um povo, construída historicamente.

“Estamos, pois, diante de um conjunto amplo de atores e de redes e grupos de atores,

que caracterizam e demarcam a paisagem social onde todos atuam” (MENEZES, M;

MALAGODI, 2011, p.54), cuja atuação cotidiana em favor da garantia de

independência é segundo Saquet (2010),o principal elemento da territorialidade que o

faz constituir seu território.

A configuração e a permanência dessas práticas no espaço vivido condicionaram a

apropriação e demarcação simbólica desse território.Valendo ressaltar, que apesar do

espaço possuir ritmos acelerados de mudanças “podem ser múltiplas também as

possibilidades [...] que o espaço social nos proporciona para a reconstrução de nossos

referentes territoriais, materiais e imateriais, funcionais e simbólicos” (HAESBAERT,

2009, p.371), ou seja, à medida que sofremos processos desterritorializantes, somos

condicionados por nossos referentes territoriais a reterritorialização do nosso espaço

vivido.

Não deve ser desconsiderado que em meio aos processos desterritorializantes e

reterritorializantes tão intensos na atual dinâmica do mundo globalizado, nãosejam

reconfiguradas as nossas práticas territoriais. Entretanto, Saquet (2010, p.114)

reconhece que “há uma relação de complementaridade entre o local e o global, sem

anular o território”, uma vez que, não é perdida a essência da identidade historicamente

construída. Eis, então, a explicação da existência atualmente de um sistema de produção

queijeiro artesanal referenciado por agricultores familiares a partir de procedimentos e

técnicas tradicionais.

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Produção de queijo artesanal: alternativas da agricultura familiar em Porto da Folha Porto da Folha localizado no Alto Sertão Sergipano possuía segundo o IBGE 27.146

habitantes no ano de 2010 com uma área de 877,297 km². Sua população é

predominantemente rural, 63,3%, residindo na zona urbana 36,7% dos seus habitantes,

esses também diretamente relacionados à dinâmica do campo.

Figura 1 – Localização do município de Porto da Folha.

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

O povoamento do município deu início no século XVII pelo colonizador

TomázBermudez que fizera amizade com os índios Romaris ou Reumirins, sendo em 19

de fevereiro de 1835 elevado a categoria de vila com o nome São Pedro do Porto da

Folha.

A sua economia está intimamente relacionada às práticas pecuaristas, tendo vários

resquícios históricos que revelam a importância dessas atividades na evolução do

município. Silva (1981 apud SOUZA, 2009, p.43) retrata que,

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Um documento de 1859 nos dá minuciosas informações sobre o volume e valor da produção do município no ano anterior. Infelizmente grande parte do documento é ilegível. Assim mesmo sabemos que Porto da Folha produzia, em 1858, mil litros de milho, possuindo aproximadamente seis mil cabeças de gado vacum e cavalar tendo produzido dois mil couros.

Além da significativa produção agropecuária para o referido período, Porto da Folha

como outras regiões ribeirinhas dosemiárido nordestino tem sua origem vinculada ao

estabelecimento de currais as margensdo Rio São Francisco e seus afluentes, onde

foram desenvolvidas as primeiras atividades de criação de gado no sertão do nordeste

(ANDRADE, 2005). A toponímia da Fazenda Curral do Buraco, fundada pelo

mencionado colonizador e que deu origem a atual sede municipal, torna evidente a

existência de práticas pastoris nos primórdios de sua povoação.

A persistência de vaquejadas de “pega de boi no mato” em Porto da Folha, consiste

segundo Menezes (2009, p.52), “em festas locais, cujos atores principais e seus

coadjuvantes são homens simples, cuja história está associada à criação ou lida com o

gado”, reforçando que os bovinos no passado eram procriados em meio à caatinga nas

“chamadas soltas, terras de uso comum, não apropriadas em caráter privado”

(WOORTMANNeWOORTMANN, 1997, p.19) e responsáveis pela sustentabilidade

dos sertanejos.

O predomínio da pecuária leiteira no município permitiu o surgimento de práticas

integradas à produção agroalimentar de derivados de leite, principalmente, quanto à

elaboração do queijo de coalho caseiro, destacando-se como maior produtor e

sobressaindo no “volume de leite processado, ocupando o segundo lugar, e ultrapassa,

em 2009, Nossa Senhora da Glória no quantitativo de fabriquetas de queijo”

(MENEZES, 2009, p.212).

Esses dados referentes ao município, conforme Silva, Santos e Menezes (2012) são

significativosdevido à conjuntura fundiária a qual estão incluídos os pequenos

agricultores de Porto da Folha, ou seja, muitos desses detentores de estabelecimentos

rurais com pequenas dimensões e reduzida criação de gado, optam pela produção e

comercialização do queijo caseiro, atividade essencial para a obtenção de renda

fundamental a sua continuidade no meio rural.

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Tabela 1: Porto da Folha Produção do Queijo de Coalho Caseiro 2011-2012 Localidades Número de

produtores pesquisados

Dimensão dos estabelecimentos

rurais pesquisados (média hectares)

Qtde. de vacas

ordenhadas (média)

Litros de leite vol/dia (média)

Qtde. de queijo

produzido (média=kg)

Campinas 4 45,2 21 165 16,5 Lagoa do Rancho 6 63,4 13 122 12,2

Lagoa Grande 2 36,5 13 120 12,0 Caatinga 1 16,6 17 110 11,0 Craibeiro 10 26,3 12 103 10,3

Linda França 3 10,4 11 103 10,3 Estado 1 45,5 16 100 10,0

Chumbinho 2 18,2 12 95 9,5 Matinha 1 9,4 8 90 9,0 Serra dos Homens

6 54,5 9 88 8,8

Linda Flor 5 13,6 7 63 6,3 Porto da Folha

(sede municipal) 3 80,9 7 33 3,3

Lagoa Redonda 1 18,9 4 30 3,0 Serra da Marreca 2 13,0 3 18 1,8

Total 47 32,3 11 88,5 8,8 Fonte: Pesquisa de campo, Porto da Folha/SE, 2011-2012.

A partir da pesquisa de campo denotamos a presença de pequenas propriedades com

uma média de 32,3 hectares de terra, onde são criadas em média 30 cabeças de gado das

quais, 11 se reduzem em vacas ordenhadas, obtendo-se 88,5 litros de leite diariamente e

são produzidos aproximadamente 9 quilos de queijo.

Diante de unidades de produção fragilizadas em decorrência das não promissoras

estruturas sociais e fundiárias as quais são submetidos esses atores, percebemos

que“vários são os cenários, alicerces e caminhos que reforçam a tradição das ações dos

agricultores no ambiente social, econômico e natural no qual estão inseridos e no qual

construíram estratégias para se estabelecer”(FONSECA et al., 2011, p.318) em uma

terra, local de trabalho e reprodução de suas vidas.

Apesar do díspar climático da região gaúcha dos Campos de Cima da Serra com o

semiárido nordestino, a produção do queijo serrano assemelha-se ao queijo de coalho

caseiro, cuja matéria-prima, segundo Cruz e Menasche (2011), provém do próprio

estabelecimento rural e é protagonizada pelos atores locais. Essa cultura queijeira

mantida por esses sujeitos, “deve ser ainda entendida como construção e

(re)construçãodas inter-relações historicamente edificadas a partir de saberes pautados e

repassados por gerações no decorrer do tempo” (MENEZES, 2009, p.121), enraizados

nos referidos territórios queijeiros.

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O queijo caseiro é produzido com em média 10 litros de leite cru e requer diversos

procedimentos para sua elaboração, como o armazenamento da matéria-prima em um

recipiente, adição do coalho no leite, corte da coalhada, separação do resíduo (soro) e a

produção de maneira artesanal, com o uso de equipamentos rudimentares como a forma

e a prensa de madeira. Contudo,

Achar que a rusticidade significa atraso é manter-se alheio à compreensão da prática do agricultor. A aparente simplicidade na prática agrícola e na vida das populações rurais guarda um conjunto de saberes que deve ser levado em conta na proposição de programas de desenvolvimento para o meio rural (FONSECA et al., 2011, p.318).

Entender as diversas estratégias organizacionais dos agricultores familiares requer o

abandono de preconceitos ante as relações de produção tradicionais que permeiam o

campo. Diniz (1986, p.121) compartilha com essa indagação, ao enfatizar quenão

podemos “se revestir do ponto de vista tecnocrático de que o agricultor desconhece

técnicas, que precisa ser “ensinado”, “doutrinado”. De fato, o agricultor possui uma

experiência e um aprendizado adquirido por observações de erros”, lhes permitindo a

sobrevivência a partir de práticas desenvolvidas e aprendidas pelos mesmos.

Em fase ao processo artesanal de produção do queijo caseiro, sobressai o papel da

mulher para a manutenção dessa atividade. Fato confirmado, quando os produtores

mencionaram que esse aprendizado advém, principalmente, de suas mães e avós. A

produtora JCS ao ser instigada com essa indagaçãorevela: “aprendi a fazer queijo a

mais de 30 anos olhando minha mãe fazer”. Sendo assim, Claval (2001), aborda o

quanto a família é importante para ensinar e conduzir os seus aprendizados. Logo,

anteriormente o queijo possuía somente valor de uso e ao portar valor de troca, através

da sua ascensão produtivista, observamos um significativo aumento de homens

exercendo essa atividade, antes exclusivamente de incumbência feminina (MENEZES,

2009).

Woortmann eWoortmann (1997) ao estudarem as relações cotidianas e de trabalho de

sitiantes em vários municípios sergipanos como Ribeirópolis, Itabi e Porto da Folha,

abordam relações de gênero no ambiente familiar, no tocante as atividades do campo

destinadas à mulher e ao homem. Enquanto a esse se designa o trabalho para fora de

casa, como: a lida com a lavoura, a criação e cuidados com o gado, ou seja, atividades

mais árduas do campo. As mulheres cabem os afazeres domésticos no interior da

residência do estabelecimento rural e nas suas cercanias. Desde então, na produção

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queijeira se incube ao homem apenas a ordenha das reses, ou seja, o leite produto do

trabalho masculino “retorna para casa, onde passa para o governo da mulher” (Idem,

1997, p.38) e se torna o principal recurso para a elaboração do queijo, esse produto do

trabalho feminino.

A continuidade dessas práticas está alicerçada pelas redes de sociabilidade entre os

atores pertencentes ao território. Portanto, para Saquet (2010, p.115) a “territorialidade é

um fenômeno social, que envolve indivíduos que fazem parte de grupos interagidos

entre si, mediados pelo território [...] o agir social é local, territorial e significa

territorialidade”. Essas redes de compartilhamento de experiências são ainda

fortalecidas, ao percebermos que os sujeitos ativos no território estão interligados por

relações de parentesco,ou seja, uma “instância particular do princípio mais geral de

“comunalidade” ou “afinidade” e seu conteúdo principal (em nosso sistema cultural)

pode ser definido como solidariedade” (WOORTMANN, K., 1987, p.150), algo

verificado na pesquisa quando é mencionado pelos produtores a existência de algum

parente que também produz o queijo, ou seja, houve a sociabilização dos aprendizados

impulsionado pelo “seio” familiar que promoveu “a construção de uma identidade

pelo/com o território” (HAESBAERT, 1999, p.178).

A produção de queijo vem sendo impulsionada nas últimas décadas pela “demanda de

um mercado consumidor, ascendente nos espaços urbanos a partir da década de 1970”

(MENEZES, 2009, p.121), refletindo a permanência dos referentes territoriais daqueles

que migraram do território simbólico-queijeiro.

Dentre os principais destinos do produto se destacam Aracaju e oestado das Alagoas,

cujo processo de comercialização está sustentado por redes de proximidade entre

produtores e comerciantes/intermediários. Para os produtores de queijo artesanal, os

atores sociais responsáveis pela rede de comercialização são propagadores de sua

produção eessencialpara a continuidade da atividade em períodos não tão favoráveis,

uma vez que, comprometem-se na compra do produto mesmo com uma lucratividade

incerta. Esse fato se dá pelas relações de parentesco então existentes.

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Fonte: Pesquisa de campo, Porto da Folha/SE, 2011-2012.

A população local também se apresenta como uma das consumidoras desse gênero

alimentício, estando o queijo sempre presente nas refeições dos habitantes do

município. Além disso, o queijo não perdeu sua valoração de uso, sendo utilizado para

presentear os que ali não residem. Tal fato, também foi verificado porKrone (2009) e

Menezes (2009)ao evidenciarem o significado de reciprocidade contido nesse produto.

As feiras-livres locais são importantes difusoras comerciais do queijo caseiro, como

também, responsáveis pela sustentabilidade econômica do grupo social, visto que, para

muitos é o único local de onde será obtida a renda familiar. Menezes, Cruz e Menasche

(2010, p.07), ao analisarem esse sistema de comercialização reforçam que o “saber-

fazer e o queijo deixa de estar geograficamente restrito aos espaços das residências,

como no passado, constituindo-se, nas duas últimas décadas, em estratégia de geração

de renda”.Estamos, portanto, diante devários atores – produtores de queijo,

comerciantes e consumidores (locais ou não) – que contribuem na permanência dessa

atividade e consequentemente, no processo de territorialidade, tendo em vista, que essa

“não depende somente do sistematerritorial local, mastambém de relações

intersubjetivas; existem redes locais de sujeitos que interligam o local com outros

lugares” (SAQUET, 2010, p.115).

No tocante ao valor do queijo, esse se alterna de acordo com a sazonalidade. No inverno

a partir das primeiras chuvas regulares, a pastagem natural brota e o rebanho é

alimentado com poucos custos para o agricultor (ANDRADE, 1988), como

28,30%

21,70%18,30%

11,70%

5%5%

3,30% 3,30%

1,70%

1,70% Aracaju

População Local

Alagoas

Feiras-livres Locais

Nossa Senhora da Glória

Monte Alegre de Sergipe

Itabaiana

Cumbe

Estância

Aquidabã

Porto da FolhaDestino do Queijo de Coalho Caseiro

2011-2012

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consequência, aumenta a produção do leite e a oferta do queijo, logo decai o preço do

produto. No verão, com a estiagem e em alguns anos a seca,os bovinos são alimentados

à base de soja, farelo de milho, silo, caroço de algodão, produtos encontrados no

mercado local. No entanto, o principal suplemento alimentar é a palma, segundo

Andrade (2005, p.206), uma cultura incentivada para “melhorar as condições de

produtividade do gado e criar outras áreas leiteiras”. Essas circunstâncias aumentam o

custo com a produtividade do leite, reduz a sua oferta e consequentemente, eleva o

preço do queijo.

Atrelada à produção do queijo, verificamos a criação de suínos nas imediações da

unidade de produção queijeira, tendo em vista, que a alimentação desses animais é feita,

com restolhos de alimentos, milho e principalmente, através do resíduo do queijo (soro).

O pouco custeio com a suinocultura permite ao produtor de queijo obter uma renda

“extra”, configurando-se no que Menezes (2009) chamou de “poupança” do produtor

queijeiro, uma vez que, é utilizada na compra de bens materiais, mas também, em

períodos de dificuldades provocados pela diminuição da renda com a elaboração do

queijo e pelas adversidades temporo-climáticas acometidas no sertão. Logo, a

“diversidade em processos sociais e econômicos se reflete em fatores que pressionam e

oportunizam à família a adaptação e diversificação de seu meio de vida e, por

consequência, de seu meio rural, do local e da própria região” (PERONDI;

SCHNEIDER, 2011, p.205). Sendo assim, a criação de suínos e, sobretudo, a produção

de queijo são práticas econômicas rurais comuns no município de Porto da Folha,

condicionantes do aumento da renda familiar de vários sujeitos que resistem

estrategicamente em seus territórios de origem e consideram como meio de reprodução

social de suas vidas.

Conclusões

O queijo artesanal representa uma estratégia de sobrevivência desses agricultores, uma

vez que, a renda familiar é obtida a partir da produção e comercialização desse alimento

e em alguns momentos da criação de suínos, algo condicionante para a reprodução

social e econômica dos mesmos.

A manutenção dessa atividade coube, sobretudo, à mulher, visto que, apesar do

significativo aumento de homens envolvidos atualmente com a produção de queijo, são

elas as principais percussoras dessa prática.

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O aumento da produção do queijo de coalho está integrado à expansão da pecuária a

partir da década de 1970 e a demanda do mercado consumidor que continua a recorrer

pelos produtos referenciados no território queijeiro.

Logo, observamos que o produtor do queijo caseiro de Porto da Folha é detentor de

aprendizados e técnicas adquiridas e compartilhadas entre seus descendentes,

procedimentos que garantem até hoje a sua sustentabilidade e permanência no seu

território de origem.

Nota

____________________ 1Este artigo foi realizado com as informações do Projeto de Pesquisa: Queijo de coalho caseiro: o saber-fazer tradicional das mulheres camponesas e a geração de renda no Território do Alto Sertão Sergipano. Edital MCT/CNPq/SPM-PR/MDA Nº 020/2010.

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