Produção mais Limpa em Confecções

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SENAI-RS – SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIALDEPARTAMENTO REGIONAL DO RIO GRANDE DO SULCONSELHO REGIONAL

PresidentePaulo Fernandes TigrePresidente do Sistema FIERGS

Conselheiros Representantes das Atividades Industriais - FIERGS

Titulares SuplentesAdemar De Gasperi Arlindo PaludoAstor Milton Schmitt Paulo MüllerManfredo Frederico Koehler Pedro Antônio G. Leivas Leite

Representantes do Ministério da Educação

Titular SuplenteAntônio Carlos Barum Brod Renato Louzada Meireles

Representante do Ministério do Trabalho e Emprego

Titular SuplenteNeusa Maria de Azevedo Elisete Ramos

Diretor Regional e Membro Nato do Conselho Regional do SENAI-RSJosé Zortea

DIRETORIA SENAI-RSJosé ZorteaDiretor Regional

Paulo Fernando PresserDiretor de Educação e Tecnologia

Paulo Fernando Eiras dos SantosDiretor Administrativo e Financeiro

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PRODUÇÃO MAIS LIMPA EM CONFECÇÕES© 2007, CNTL SENAI-RS

Publicação elaborada com recursos do projeto Publicação Casos de Sucesso em Pro-dução mais Limpa sob a orientação, coordenação e supervisão do Centro Nacional de Tecnologias Limpas – CNTL SENAI

Coordenação Geral Paulo Fernando Presser Diretoria de Educação eTecnologia

Coordenação Local Paulo Antunes de Oliveira Rosa Diretor do CNTL SENAI

Coordenação do Projeto Joseane Machado de Oliveira Coordenadora de Núcleo Tecnológico de Projetos Especiais CNTL SENAI

ElaboraçãoMaria Julieta Espíndola Biermann

Revisão gramaticalJairo Brasil Vieira

_____________________________________________________________S 491 p SENAI. Departamento Regional do Rio Grande do Sul. Produção mais Limpa em Confecções/SENAI - Departamento Regional do Rio Grande do Sul. – Porto Alegre: Centro Nacional de Tecnologias Limpas SENAI, 2007. 64 p. il. 1. Produção mais limpa 2. Indústria do vestuário I. Título CDU- 504:687_____________________________________________________________

Catalogação na Fonte: Enilda Hack - CRB 599/10

Centro Nacional de Tecnologias Limpas SENAIAv. Assis Brasil, 8450 – Bairro SarandiCEP 91140-000, Porto Alegre – RSFone: (0xx51) 3347-8400 Fax: (0xx51) 3347-8405 E-mail: [email protected]

SENAI – Instituição mantida e administrada pela indústria.

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APRESENTAÇÃO

O guia “Produção Mais Limpa em Confecções”, projeto do Centro Nacional

de Tecnologias Limpas SENAI/ UNIDO/ UNEP – CNTL, que tem o apoio do

SENAI – Departamento Nacional, através de sua Unidade de Tecnologia

Industrial – UNITEC, tem como principal propósito apresentar às empresas

e a profissionais do ramo algumas das medidas implantadas por empresas

que já adotaram esta prática, auxiliando-as no processo de implementa-

ção de PmaisL.

Com a correta destinação, reutilização e economia de matéria-prima, as

empresas que adotam estas práticas colaboram para o uso sustentável de

nossos recursos naturais, bem como asseguram a melhoria de seu desem-

penho e competitividade.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 071. CARACTERÍSTICAS GERAIS .................................................................................071.1 HISTÓRICO DO SETOR DE CONFECÇÃO NO BRASIL ..........................................................071.2 SETOR TÊXTIL ..................................................................................................................................081.3 COMPETITIVIDADE DAS INDÚSTRIAS DE CONFECÇÃO....................................................081.4 MEIO AMBIENTE E O SETOR DE CONFECÇÃO ......................................................................081.5 OBJETIVOS DESTE DOCUMENTO .............................................................................................09

2. LEGISLAÇÃO .........................................................................................................102.1. NORMAS E LEGISLAÇÃO PERTINENTES À INDÚSTRIA DE CONFECÇÃO ....................10

3. PRODUÇÃO MAIS LIMPA .....................................................................................143.1. VANTAGENS DA PmaisL ..............................................................................................................143.2. APLICAÇÃO DA PmaisL...............................................................................................................153.3. HISTÓRIA DA PmaisL ...................................................................................................................173.4. PORQUE INVESTIR EM PmaisL ..................................................................................................173.5. PmaisL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .....................................................................183.6. PmaisL E SEGURANÇA OCUPACIONAL .................................................................................193.7. IMPLEMENTAÇÃO DE PmaisL ...................................................................................................22

4. DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE CONFECÇÃO ...................................................304.1. SÍNTESE DO PROCESSO DE CONFECÇÃO .............................................................................31

5. ESTUDOS DE CASO ............................................................................................. 345.1. ESTUDO DE CASO 1 .....................................................................................................................355.2. ESTUDO DE CASO 2 .....................................................................................................................395.3. ESTUDO DE CASO 3 .....................................................................................................................415.4. ESTUDO DE CASO 4 .....................................................................................................................435.5. ESTUDO DE CASO 5 .....................................................................................................................465.6. ESTUDO DE CASO 6 .....................................................................................................................495.7. ESTUDO DE CASO 7 .....................................................................................................................505.8. ESTUDO DE CASO 8 .....................................................................................................................51

6. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS .......................................................................516.1. ETAPAS DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS .....................................................................52

7. DúVIDAS FREqüENTES ......................................................................................56

REFERÊNCIAS ...........................................................................................................59

SITES CONSULTADOS ............................................................................................... 61

GLOSSÁRIO............................................................................................................... 62

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INTRODUÇÃO

Este Manual apresenta uma revisão dos processos de Confecção, evidenciando os tipos de rejeitos gerados, os riscos à saúde dos trabalhadores e, principalmente, o método de Produção mais Limpa (PmaisL) aplicada ao setor e as respectivas leis ambientais inerentes, viabilizando a redução da geração dos resíduos na fonte.

O desenvolvimento do tema considera os aspectos tecnológicos e ambientais do proces-so de confecção, visando estabelecer estratégias de prevenção que reduzam impactos ambientais, custos de gerenciamento, riscos à saúde e ao meio ambiente. Além disso, há o objetivo de disponibilizar informações a respeito das formas de tratamento e disposição adequados para os resíduos gerados neste processo.

O presente manual aborda estratégias que permitem reduzir o impacto ambiental e eco-nômico e é dirigido aos empresários, prestadores de serviços e colaboradores do setor de confecção, consultores, universidades e instituições de conhecimento, instituições gover-namentais, comunidades e iniciativa privada.

1. CARACTERÍSTICAS GERAIS1.1 HISTÓRICO DO SETOR DE CONFECÇÃO NO BRASIL

A indústria Têxtil e de Confecção deu origem ao processo de industrialização no Brasil. O início desta história precede a ocupação do país pelos portugueses, já que os índios exer-ciam atividades artesanais, com técnicas de entrelaçamento manual de fibras vegetais, produzindo telas com diversas finalidades, inclusive para proteção corporal.

No período de colonização, a indústria ainda sofria forte influência de acordos internacio-nais e era extremamente descontínua. As diretrizes da política econômica das colônias eram ditadas pela Metrópole e aconteciam conforme os interesses do colonizador. Mas, foi neste período que começou a primeira política industrial nacional, em 1844, quando foram elevadas as tarifas alfandegárias para a média de 30%, fato que propiciou um es-tímulo à industrialização, especialmente para o ramo têxtil. Mas o processo foi lento. Em 1864 funcionavam vinte fábricas no Brasil, com cerca de 15.000 fusos e 385 teares. Menos de vinte anos depois, ou seja, em 1881, aquele total cresceria para quarenta e quatro fábri-cas, totalizando 60.000 fusos e gerando cerca de 5.000 empregos. Nas décadas seguintes, houve uma aceleração do processo de industrialização e, às vésperas da I Guerra Mundial, existiam duzentas fábricas que empregavam 78.000 pessoas.

Em 1929, a grande crise que se abateu sobre a economia mundial propiciou nova oportu-nidade de crescimento da indústria brasileira, a exemplo do que havia ocorrido durante a I Guerra. A capacidade de importação foi drasticamente reduzida, levando praticamente todos os países a adotarem políticas de substituição dos importados pela produção inter-na das mercadorias necessárias a seu abastecimento.

O número de operários ocupados no ramo têxtil e de confecção triplicou no período de 1920 a 1940. Em 1958, foi fundada a Fenit, a primeira Feira Nacional da Indústria Têxtil, que aconteceu no Pavilhão Internacional do Parque do Ibirapuera, dando origem a dezenas de

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outras feiras têxteis e de confecção espalhadas por todo o território brasileiro.A evolução da Indústria têxtil e do vestuário, ao longo dos últimos dez anos, ficou mar-cada por um forte investimento em tecnologia, com especial destaque na informação e comunicação. As indústrias têxtil e do vestuário assumiram posição de destaque nas ex-portações nacionais.

1.2 SETOR TÊXTIL

O valor da produção da cadeia Têxtil e de Confecção representa o equivalente a pouco mais de 4% do PIB total brasileiro e de 17% da indústria de transformação. Emprega cerca de 1,5 milhão de trabalhadores, o que representa 1,7% da população economicamente ativa do país e 16,9% do total dos trabalhadores alocados na indústria da transforma-ção. Isso faz dela a segunda maior empregadora formal deste aglomerado. Estes dados demonstram claramente que a cadeia Têxtil e de Confecção mantém seu status de setor de grande relevância para a dinâmica da economia do país, além de trazer forte impacto social, sobretudo por conta do perfil do trabalhador, constituído em sua maioria por mu-lheres, e com baixo grau de instrução. (Associação Brasileira das Indústrias Têxteis – ABIT, 2003)

1.3 COMPETITIVIDADE DAS INDúSTRIAS DE CONFECÇÃO

Debate-se com um conjunto de mudanças fundamentais, nomeadamente num contexto em que coexistem três formas principais de concorrência:- indústrias de capacidade, onde a principal vantagem competitiva reside na produção em massa;- indústrias mistas, que asseguram o domínio da produção e a capacidade de produzir pequenas séries e, finalmente,- indústrias imateriais, que se caracterizam pelo domínio de competências específicas na criação, na organização do processo, na redução de perdas e na capacidade de distribui-ção. A confecção que aposte em fatores imateriais, dinâmicos de competitividade, é cada vez mais dependente do conhecimento técnico, de produtos, de processos com máximo apro-veitamento de recursos e dos mercados. É neste quadro que a metodologia da Produção mais Limpa vem constituir um forte apoio à definição das estratégias empresariais.Como mais de 80% das empresas nacionais de confecção são de micro, pequeno e mé-dio portes, em que, muitas vezes, o maior fator de competitividade está na redução dos custos operacionais, a Produção mais Limpa contribui com a redução de desperdícios e a minimização dos impactos ambientais, além de propiciar ganhos econômicos através da máxima utilização dos recursos.

1.4 MEIO AMBIENTE E O SETOR DE CONFECÇÃO

A expectativa da sociedade está voltada à melhoria das condições de vida. Neste enfoque, as pressões sociais sobre as empresas estão cada vez mais fortes, de tal forma que modifi-cam o comportamento delas e, muitas vezes, determinam sua extinção.

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A demarcação do nível de poluição socialmente aceitável está diretamente relacionada ao nível de incômodo que a sociedade está disposta a suportar e, sobretudo, qual a contra-partida de recursos que está disposta a abrir mão para melhorar o seu meio ambiente. As preferências têm variação entre regiões, crenças, classes sociais, culturas e ideologias.

Dentro desta ótica, as organizações podem agir de forma pró-ativa, reduzindo a quanti-dade de material usado nos produtos e serviços, o consumo e o custo de energia, criando novos produtos e serviços para novas oportunidades de mercado, de forma a possibilitar a redução dos riscos ambientais, aplicando e adquirindo tecnologias novas, bem como, melhorando de forma geral a imagem pública da empresa. As figuras 1 e 2 ilustram os principais resíduos gerados no processo de Confecção.

Figura 1 - Resíduos sem segregação. Figura 2 - Resíduos por planejamento inadequado.

1.5 OBJETIVOS DESTE DOCUMENTO

São objetivos fundamentais desse documento:- Contribuir com o processo de implantação das técnicas de Produção mais Limpa nas indústrias de Confecção;

- Orientar para a gestão adequada dos resíduos de Confecção, levando em consideração os aspectos sociais, tecnológicos e econômicos;

- Promover o uso de tecnologias de Produção mais Limpa, tendo por finalidade a preven-ção e minimização de resíduos na fonte;

- Caracterizar os tipos de resíduos gerados no setor da Confecção;

- Construir uma ferramenta de fácil consulta que contenha as medidas e tecnologias de prevenção aplicáveis, minimizando o impacto dos rejeitos gerados sobre o meio ambien-te e apresentando formas de destino adequadas;

- Apresentar as vantagens de natureza técnica, ambiental e econômica que advêm da apli-cação das tecnologias e das medidas de prevenção e redução de resíduos de Confecção;

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2. LEGISLAÇÃO

Todas as empresas deverão observar os requisitos legais inerentes às suas atividades, ado-tando para tanto medidas que possam evitar os danos ambientais causados por seus pro-cessos de produção.

No ordenamento jurídico brasileiro é grande o número de normas que visam a proteção dos recursos ambientais. Esta legislação requer uma adequada aplicação, de forma a per-mitir o desenvolvimento sustentável, sendo a variável ambiental parte integrante desse desenvolvimento. Significa dizer que a empresa deverá considerar as questões ambien-tais, dentro do seu planejamento, como instrumento que permita a gestão racional dos recursos ambientais.Para atender os requisitos legais, os empreendedores devem adotar medidas preventivas e corretivas, planejando o uso dos recursos ambientais, de forma a minimizar os impactos negativos sobre o meio ambiente e permitir assim, o desenvolvimento sustentável.Existem várias normas aplicáveis à proteção do meio ambiente, em nível federal, estadual e municipal.

2.1. NORMAS E LEGISLAÇÃO PERTINENTES À INDúSTRIA DE CONFECÇÃO

A constituição de 1988 mudou o sistema de competências ambientais. A competência para legislar e proteger o meio ambiente foi dada à União, Estados, Distrito Federal e Mu-nicípios.

O licenciamento é um dos instrumentos de gestão ambiental estabelecido pela lei Federal n.º 6938, de 31/08/81, também conhecida como Lei da Política Nacional do Meio Ambien-te. Em 1997, a Resolução nº 237 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, de-finiu as competências da União, Estados e Municípios e determinou que o licenciamento deveria ser feito em um único nível de competência.

As atividades de confecção de peças e acessórios do vestuário, roupas profissionais, peças interiores, fabricação de artefatos têxteis a partir de tecidos para vestuário estão dispen-sadas do licenciamento. Neste caso, o interessado pode comparecer ao órgão ambiental e solicitar o Certificado de Dispensa de Licença - CDL.

Entretanto, a Indústria de Confecção que fabrica tecido e artigos de malha – fabricação de meias, tecidos de malha e outros artigos do vestuário que contenham materiais além de tecido – é considerada fonte poluidora e requer o Licenciamento Ambiental.

Resíduos sólidos

Segundo Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a Norma Brasileira (NBR) 10.004/2004 estabelece que resíduos sólidos são os resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de

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controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem in-viável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia possível.

A periculosidade de um resíduo é a característica apresentada por um resíduo que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas, pode apresentar:

a) risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices.

b) riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada.

Classificação dos Resíduos sólidos

Os resíduos sólidos são classificados conforme a NBR 10004/2004, como:- Resíduos Classe I – PerigosoSão aqueles que apresentam riscos a saúde pública, provocando ou acentuando, de forma significativa, um aumento de mortalidade ou incidência de doenças e/ou riscos ao meio ambiente, quando o resíduo é manuseado ou destinado de forma inadequada. Estes resí-duos podem apresentar uma das seguintes características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade.

A figura 3 a seguir ilustra exemplos de resíduos de classe I – Perigosos provenientes do setor de Confecção, segundo NBR 10004/2004:

Lâmpadas

Solventes usados em limpezas das peças

Óleo lubrificante usado ou contaminado

Pano e estopa contaminado com óleo lu-brificante usado ou contaminado

Figura 3 - Resíduos Classe I

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- Resíduos Classe II A – Não Inerte

São aqueles que não se enquadram nas classificações de Resíduo Classe I (perigoso) ou de Resíduo Classe II B (inertes), nos termos da norma. Podendo ter propriedades como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.

A figura 4 ilustra exemplos de resíduos de classe II A – Não Inertes, do setor de Confecção, segundo NBR 10004/2004:

Resíduos têxteis, retalhos e aparas de tecido

Resíduos de plástico

Resíduos de papel e papelão

Resíduos de linhas e fios

Resíduos de restaurante (restos de alimento)

Figura 4 - Resíduos Classe II A

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- Resíduos Classe II B: INERTES

Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo ABNT NBR 10.007, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10.006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

A figura 5 ilustra exemplos de resíduos de classe II B – Inertes, provenientes dos setor de confecções, segundo NBR 10004/2004:

Resíduos de vidro

Sobras de botões

Figura 5 - Resíduos Classe II B: INERTES

Leis Federais

- LEI N.º 6.938, de 31 de agosto de 1981 - Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Am-biente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências.

- LEI N.º 7.347, de 24 de julho de 1985 - Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (vetado) e dá outras providências.

- LEI N.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 - LEI DE CRIMES AMBIENTAIS – Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio am-biente e dá outras providências.

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3. PRODUÇÃO MAIS LIMPA

Produção mais Limpa (PmaisL) é a aplicação contínua de uma estratégia ambiental pre-ventiva e integrada, nos processos produtivos, nos produtos e nos serviços, para reduzir os riscos aos seres humanos e ao meio ambiente. São ajustes no processo produtivo que permitem a redução da emissão/geração de resíduos diversos, e que podem ser compos-tos de pequenas reparações no modelo existente até a aquisição de novas tecnologias (simples e/ou complexas).

As tecnologias ambientais convencionais trabalham principalmente o tratamento dos resíduos gerados. Por isso, esta abordagem estuda os resíduos no final do processo de produção, sendo então denominada de técnica Fim de Tubo. A mesma é caracterizada essencialmente pelas despesas adicionais para a empresa e por uma série de problemas. (Exemplo: contratação de empresa licenciada para disposição final dos retalhos de cor-te).

3.1. VANTAGENS DA PmaisL

Comparada à disposição através de serviços externos ou às tecnologias de Fim de Tubo, a PmaisL apresenta algumas vantagens:- Produção mais limpa apresenta um potencial para soluções econômicas, no sentido de reduzir a quantidade de materiais e energia usados;- Devido a uma intensa exploração do processo de produção, a minimização de resíduos induz a uma técnica de inovação dentro da empresa;- A responsabilidade pode ser assumida para o processo de produção como um todo, e os riscos no campo das obrigações ambientais e da disposição de resíduos podem ser minimizados;- A minimização de resíduos é um passo em direção a um desenvolvimento sustentável.

O objetivo da PmaisL é chegar à ponta do processo, sem redução dos valores qualitativos e quantitativos de produtos, com menores gastos de energia, água e material, gerando menos poluentes. Isso é possível com a alteração de linhas de processo, substituindo ma-téria-prima e capacitando os trabalhadores.

O quadro 1 compara a gestão de resíduos convencional e a produção mais limpa:

Quadro 1: enfoque da Gestão convencional X Produção mais Limpa em relação aos resí-duos

Gestão convencional de Resíduos Produção mais LimpaO que se pode fazer com os resíduos, exis-tentes?

De onde vêm os resíduos?

Quais as formas de se livrar deles? Como eliminar ou reduzir na fonte?Quem pode comprar retalho? Por que são gerados?

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3.2. Aplicação da PmaisL

As possíveis modificações decorrentes da implantação de um programa de PmaisL ocor-rem em vários níveis de aplicações de estratégias, de acordo com a figura 6.

Figura 6 - Níveis de oportunidades de PmaisL

Nível 1 – Redução na fonte

O primeiro nível de aplicação de PmaisL, prioriza as medidas que reduzam a geração de resíduos na fonte. Estas incluem modificações no processo, nos serviços e no produto.

Modificações no processoAs modificações no processo devem reduzir a geração dos resíduos, efluentes e emissões. Por processo, entende-se toda a transformação de materiais, energia e recursos diversos em produtos. As modificações do processo compreendem um conjunto de medidas:

Housekeeping – Boas Práticas de PmaisLDefine-se como o uso cuidadoso de matérias-primas e insumos, incluindo mudanças organizacionais. Na maioria dos casos, estas são as medidas economicamente mais in-teressantes e que podem ser facilmente colocadas em prática. O início do programa de Produção mais Limpa deve contemplar primeiramente a análise das práticas operacionais e buscar soluções práticas de housekeeping. As economias proporcionadas pelas boas práticas operacionais podem viabilizar novos investimentos na empresa, inclusive em no-vas tecnologias.

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São exemplos de boas práticas de PmaisL:

- Organização do estoque de matéria-prima e aviamentos;

- Organização do layout conforme a seqüência operacional de montagem das peças;

- Reorganização dos intervalos de limpeza e de manutenção;

- Eliminação de perdas devido à procura de materiais;

- Melhoria de logística de compra, estocagem e distribuição de matérias-primas, insumos

e produtos;

- Elaboração de manuais de boas práticas operacionais;

- Capacitação de pessoal envolvido no programa de PmaisL;

- Otimização dos fluxos de material;

- Melhoria do sistema de informação;

- Padronização de operações e procedimentos;

- Substituição de matérias-primas e aviamentos.

As matérias-primas e aviamentos que geram baixo índice de aproveitamento, devido à baixa qualidade ou têm dificuldades para reciclagem podem, muitas vezes, ser substitu-ídas por outras menos prejudiciais, auxiliando na redução do volume de resíduos. Como exemplo, se pode citar a substituição de fornecedor cujos tecidos possuem alto grau de defeitos ou irregularidade na largura.

Modificações tecnológicasAs modificações variam desde um nível relativamente simples até mudanças substanciais que interfiram na perda de tempo em operações, no consumo de energia ou na utilização de matérias-primas. Freqüentemente, estas medidas precisam ser estudadas e combina-das com housekeeping e a seleção de matérias-primas. Como exemplo, tem-se: substitui-ção do processo de encaixe e risco da modelagem, de um modelo manual para digitali-zado.

Modificações no produtoApós as oportunidades mais simples terem sido esgotadas, a modificação no produto é uma abordagem importante. As modificações no produto podem levar a uma situação ecológica melhorada em termos de produção, utilização e disposição do resíduo. Elas po-dem conduzir à substituição do produto ou de seus detalhes. As alterações devem melho-rar o aproveitamento do tecido sem comprometer a qualidade do produto.Neste contexto, o termo “design ambiental” tem ganhado importância no mundo da moda.

Nível 2 - Reciclagem interna

Os resíduos que não podem ser evitados com a ajuda das medidas acima descritas devem ser reintegrados ao processo de produção da empresa. Isto pode significar:- Utilizar os resíduos das matérias-primas no desenvolvimento de produtos alternativos, como por exemplo, produtos compostos por pequenos pedaços de tecido.

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Nível 3 - Reciclagem externa

Após esgotar as oportunidades acima se deve optar por medidas de reciclagem de resí-duos fora da empresa. Nestes ambientes é possível a recuperação de materiais de maior valor e sua reintegração ao ciclo econômico, como papel, aparas e retalhos de tecido. Os exemplos aplicados para a reciclagem interna também se aplicam para a reciclagem externa. Normalmente, é mais vantajoso buscar fechar os circuitos dentro da própria em-presa, mas se isto não for viável técnica e economicamente, então se deve buscar a reci-clagem externa.

3.3. HISTÓRIA DA PmaisL

A UNIDO e UNEP criaram, em 1994, o programa de Produção mais Limpa, voltado para a preservação ambiental. O Programa de Produção mais Limpa é uma estratégia integra-da e preventiva que visa aumentar a produtividade da empresa, diminuindo os custos de matéria-prima, energia, recursos naturais, e conseqüentemente reduzindo o impacto ambiental de maneira sustentável. Para implementar o programa e promover a aplicação da Produção mais Limpa por empresas e países em desenvolvimento existem cerca de 31 Programas nacionais de Produção mais Limpa (NCPPs) e Centros Nacionais de Produ-ção Mais Limpa (NCPCs). Além disto, outros centros estão em fase de planejamento. Esses centros localizam-se em diversas partes do mundo, e têm como papel principal promover demonstrações na planta industrial, treinamento de todos os envolvidos, disseminação das informações e avaliação das políticas ambientais.

Em julho de 1995, foi inaugurado o NCPC brasileiro, denominado Centro Nacional de Tec-nologias Limpas – CNTL SENAI e que está localizado no Serviço Nacional de Aprendiza-gem Industrial – SENAI, em Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul. O CNTL SENAI tem a função de atuar como um instrumento facilitador para a disseminação e implanta-ção do conceito de Produção Mais Limpa em todos os setores produtivos. O programa de-senvolvido no Brasil é uma adaptação do programa da UNIDO/UNEP e da experiência da Consultoria Stenum, da cidade de Graz, na Áustria, que desenvolveu o projeto Ecological Project for Integrated Environmental Technologies – ECOPROFIT.

3.4. PORqUE INVESTIR EM PmaisL

O Programa de Produção mais Limpa visa fortalecer economicamente a indústria, através da prevenção da poluição, inspirado pelo desejo de contribuir com a melhoria da situação ambiental de uma região. Baseado em problemas ambientais conhecidos, o Programa de Produção mais Limpa investiga o processo de produção e as demais atividades de uma empresa e estuda os do ponto de vista da utilização de materiais e energia. Esta abor-dagem ajuda a induzir inovações dentro das próprias empresas, objetivando introduzi-las na direção de um desenvolvimento sustentável, juntamente com a região onde estão estabelecidas. A partir disto, são criteriosamente estudados os produtos, as tecnologias e os materiais, a fim de minimizar a geração de resíduos e encontrar modos de reutilizar aqueles considerados inevitáveis. Neste sentido, este Programa é ferramenta lucrativa por estabelecer um conceito holístico.

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Algumas razões que levam a implantação do programa de Produção mais Limpa são:

- Baixa os custos da produção, de disposição final, dos cuidados com a saúde e da limpeza

do meio ambiente;

- Melhora a eficiência do processo e a qualidade do produto, contribuindo para a inovação

industrial e a competitividade;

- Baixa os riscos aos trabalhadores, comunidade, consumidores de produtos e gerações

futuras, decrescendo assim seus custos com riscos e prêmios de seguros;

- Melhora o conceito público da empresa produzindo benefícios sociais e econômicos

intangíveis.

3.5. PmaisL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Entende-se por Desenvolvimento Sustentável, aquele que atende as necessidades da ge-ração atual sem comprometer o direito das futuras em satisfazer as suas próprias neces-sidades. Pela análise desta definição tem-se dois conceitos fundamentais: o das necessi-dades variam de sociedade para sociedade, mas que devem ser satisfeitas assegurando as condições essenciais de vida a todos; e o da limitação, que reconhece a necessidade da tecnologia em desenvolver soluções para conservar recursos disponíveis atualmente, permitindo sua renovação na medida em que são necessários às futuras gerações.

O uso racional de matéria-prima, água e energia, para reduzir a poluição significa uma op-ção ambiental e econômica definitiva. Diminuindo os desperdícios, tem-se maior eficiên-cia no processo industrial e menor investimento para soluções de problemas ambientais.

A empresa torna-se mais competitiva ao transformar matérias-primas, água, energia em produtos, e não em resíduos.

O tema “Produção mais Limpa” não é apenas um tema ambiental e econômico. A geração de resíduos em um processo produtivo, muitas vezes, está diretamente relacionada a pro-blemas de saúde ocupacional e de segurança dos trabalhadores. Desenvolver a “Produção mais Limpa” minimiza estes riscos, contribuindo para a melhor qualidade do ambiente de trabalho. Uma conseqüência positiva, muitas vezes difícil de mensurar, é o fortalecimento da imagem da empresa frente à comunidade e autoridades ambientais.

Como justificativa, apresenta-se também o fato de que os consumidores de hoje exigem cada vez mais produtos “ambientalmente corretos”. Estes consumidores assumem previa-mente que as empresas sejam tão responsáveis quanto à qualidade de seus produtos, como em relação ao meio ambiente nas suas práticas produtivas. Definições de desenvol-vimento sustentável mencionam as responsabilidades quanto ao emprego mais eficiente possível de recursos naturais, de maneira que não prejudique as gerações futuras.

Relacionando esta definição com Produção mais Limpa, pode-se observar que produzir sustentavelmente significa, em palavras simples, transformar recursos naturais em produ-tos e não em resíduos.

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Neste contexto, a Produção mais Limpa consolida-se como uma ferramenta extremamen-te útil para a promoção do desenvolvimento sustentável, pois, se por um lado, aumenta a eficiência dos processos produtivos, melhorando a competitividade das organizações, por outro, racionaliza o consumo de recursos naturais e reduz a geração de resíduos.

Em um mercado cada vez mais exigente e competitivo passar a entender o que acontece com as organizações que implementam ações visando reduzir os impactos sobre o meio ambiente, pode tornar-se um diferencial. Ao mesmo tempo, essas empresas podem au-mentar seus ganhos e sua competitividade, assumindo um caráter estratégico e mercado-lógico, promovendo mudanças na cultura da organização e ajudando a projetar uma nova imagem junto à sociedade.

3.6. PmaisL E SEGURANÇA OCUPACIONAL

A redução da geração de resíduos no processo contribui para a minimização dos riscos ocupacionais, uma vez que há uma menor quantidade de resíduos a ser acondicionada, transportada e para disposição final.

A aplicação da PmaisL em segurança no trabalho também proporciona condições para que o trabalhador esteja perfeitamente inserido ao meio, de forma segura e confortável, analisando o layout de processo, procedimentos e infra-estrutura, preconizando não so-mente a melhoria tecnológica, mas a aplicação de know-how e a mudança de atitudes.

Exemplo de desenvolvimento humano e ambiental

O CNTL SENAI realiza inúmeros eventos para a promoção da produção mais limpa em diversos se-tores industriais brasileiros. Apesar de sempre otimizar de maneira racional os recursos utilizados nestes eventos, ocorreu, no ano de 2002 no III Fórum de Produção mais Limpa, uma sobra de sacolas de tecido utilizadas para a distribuição do material técnico e promocional. O evento teve um grande público participante, contudo, cerca de 90 pessoas que eram esperadas, não compareceram. E ago-ra, o que fazer com estas sacolas remanescentes? Com objetivo de unir o desenvolvimento social com atitudes ambientais surgiu então a idéia de realizar o reaproveitamento das sacolas, contratan-do, com o apoio do SENAI Departamento Nacional, o trabalho da Griffe Morro da Cruz. Esta Griffe é formada por um grupo de mulheres do Morro da Cruz, uma comunidade humilde de Porto Alegre. Este grupo, pioneiro na reciclagem de tecidos e de peças de vestuário, elaborou uma arte original nas sacolas, que serão distribuídas com alguns exemplares deste guia. É a criatividade das moradoras do Morro da Cruz agora presente em sacolas pelo Brasil inteiro. Para obter mais informações sobre o trabalho da Griffe do Morro da Cruz, entre em contato pelo telefone: 51-3318-2875.

Page 20: Produção mais Limpa em Confecções

20

O know-how significa aprimorar a eficiência adotando melhores técnicas de gestão. Mu-dar atitudes significa encontrar uma nova abordagem para o relacionamento entre os ob-jetivos e o ambiente de trabalho, pois reavaliar um processo ou um produto pode trazer significativos resultados, sem requerer novas tecnologias.

A organização e limpeza do ambiente, que geralmente é a primeira manifestação do PmaisL, contribuem para desobstruir áreas de circulação (como salas de depósito de reta-lhos), bem como reduzir as atividades que envolvem resíduos.

Reduzem os riscos aos trabalhadores, não somente pelas práticas organizacionais que conferem menor negligência no ambiente de trabalho, mas também pela consciência criada. A redução de riscos aos trabalhadores interfere diretamente na redução dos cus-tos, tanto pela redução de acidentes que levam a ausência ao serviço, como pelo custo do afastamento do trabalho.

Classificação dos riscos ocupacionais no setor de Confecção

a) Riscos Ambientais: de acordo com a Norma Regulamentadora Nº 9 - NR-9 da Portaria 3214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego, riscos ambientais são aqueles causados por agentes físicos, químicos ou biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração, intensidade ou tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador.

b) Riscos Ergonômicos: são aqueles relacionados com fatores fisiológicos e psicológicos inerentes à execução das atividades profissionais. Estes fatores podem produzir alterações no organismo e estado emocional dos trabalhadores, comprometendo a sua saúde, segu-rança e produtividade.

Exemplos: movimentos repetitivos, levantamento e transporte manual de pesos, movi-mentos viciosos, esforço físico intenso, postura inadequada, mobiliário com regulagem inadequada, etc.

c) Riscos de Acidentes: são quaisquer circunstâncias ou comportamentos que provoquem alteração da rotina normal de trabalho.

Page 21: Produção mais Limpa em Confecções

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O quadro 2 apresenta os principais riscos ocupacionais encontrados no setor de confecção.

RISCOS OCUPACIONAIS

RISCOS AMBIENTAIS ERGONÔMICOS ACIDENTES

FÍSICOS QUÍMICOS BIOLÓGICOS

Ruído (máquinas

de corte e somató-

rio das máquinas

de costura)

Calor (Prensas e

ferros a vapor)

Iluminação (Posi-

cionamento e tipo

de luminárias)

Produtos quími-

cos de limpeza de

peças

Óleo de lubrifica-

ção.

Aerodispersóides

(poeiras de corte

de tecido)

Microrganismos

causadores de

doenças.

Esforço físico

Ritmo intenso

Trabalho repetitivo

Monotonia

Posturas

Atos inseguros;

Máquinas e equipa-

mentos cortantes

Agulhas de máqui-

nas de costura

Tesoura (cair no pé,

colo, etc)

Prevenção dos riscos ocupacionais no setor de Confecção

As empresas do setor de confecções devem adotar medidas para a eliminação ou mi-nimização de fatores de risco. Estas medidas vão desde de controle organizacionais, de engenharia, coletivas (uso de equipamentos de proteção coletiva – EPC) e individuais (uso de equipamentos de proteção individual – EPI). Salienta-se a importância de orientar e treinar os trabalhadores envolvidos no processo produtivo e administrativo. As medidas de controle devem ser revisadas e atualizadas sempre que necessário, garantindo a pro-dutividade e o equilíbrio econômico da empresa. O quadro 3 mostra algumas medidas de prevenção utilizadas no setor.Quadro 3 - Prevenção dos riscos ocupacionais no setor de Confecção

RISCOS AMBIENTAIS RISCOS ERGONÔMICOS RISCOS ACIDENTES

Uso de protetor auricular em lo-cais onde o nível de ruído é preju-dicial (acima de 85 db).

Regulagem da altura das máqui-nas melhora a postura das costu-reiras.

Uso de luva metálica nos serviços de corte

O posicionamento das luminárias deve favorecer a visão do opera-dor de máquina

A cadeira deve favorecer a postu-ra do operador de máquina

O uso de calçado fechado pode evitar riscos de acidentes

Page 22: Produção mais Limpa em Confecções

22

3.7. IMPLEMENTAÇÃO DE PmaisL

O primeiro passo antes da implementação de um programa de Produção mais Limpa é a pré-sensibilização do público alvo (empresários e gerentes), através de uma Visita Técnica com a exposição de casos bem sucedidos, além de ressaltar seus benefícios econômicos e ambientais. Também devem ser salientados:- O reconhecimento da prevenção como etapa anterior às ações Fim de Tubo;- As pressões do órgão ambiental para o cumprimento dos padrões ambientais;- O custo na aquisição e manutenção de equipamento de Fim de Tubo;- Outros fatores relevantes para que o público alvo visualize os benefícios da abordagem de Produção mais Limpa.

É enfatizada, durante a pré-sensibilização, a necessidade de comprometimento gerencial da empresa, sem o qual não é possível desenvolver o Programa de Produção mais Limpa.

Após a fase de pré-sensibilização a empresa poderá iniciar a implementação de um Pro-grama de Produção mais Limpa, através de metodologia própria ou através de instituições que possam apoiá-la nesta tarefa. Um programa de implementação de Produção mais Limpa deverá seguir os passos representados na figura 7.

VISITA TÉCNICA

ETAPA 1

ETAPA 2

ETAPA 3

ETAPA 5

ETAPA 4

COMPROMETIMENTOGERENCIAL

IDENTIFICAÇÃO DE BARREIRAS

ESTUDO DA ABRANGÊNCIADO PROGRAMA

FORMAÇÃO DO ECOTIME

FLUXOGRAMA DO PROCESSO

DIAGNÓSTICO AMBIENTALE DE PROCESSO

SELEÇÃO DO FOCODA AVALIAÇÃO

BALANÇO MATERIALE INDICADORES

IDENTIFICAÇÃO DAS CAUSASDA GERAÇÃO DE RESÍDUOS

IDENTIFICAÇÃO DAS OPÇÕESDE PRODUÇÃO MAIS LIMPA

AVALIAÇÃO TÉCNICA,ECONÔMICA E AMBIENTAL

SELEÇÃO DEOPORTUNIDADES VIÁVEIS

PLANO DE CONTINUIDADEPLANO DE IMPLANTAÇÃO E MONITORAMENTO

Figura 7 - Passos para implementação de um programa de Produção mais Limpa

Etapa 1Na ETAPA 1, a metodologia de implementação de um Programa de Produção mais Limpa contempla as seguintes fases:- obtenção do comprometimento gerencial: é fundamental sensibilizar a gerência para garantir o sucesso do Programa. A obtenção de resultados consistentes depende decisi-vamente do comprometimento da empresa com o Programa;- identificação de barreiras à implementação e busca de soluções: para que o Programa tenha um bom andamento é essencial que sejam identificadas as barreiras que serão en-

Page 23: Produção mais Limpa em Confecções

23

contradas durante o desenvolvimento do mesmo e buscar soluções adequadas para su-perá-las;- estabelecimento da amplitude do Programa de Produção mais Limpa na empresa: é ne-cessário definir, em conjunto com a empresa, a abrangência do Programa (incluirá toda a empresa, iniciará em um setor crítico, etc).- formação do Ecotime (figura 8).

Figura 8 - modelo de formação do Ecotime

O Ecotime deve ser formado por funcionários que conhecem a empresa mais profunda-mente e/ou que são responsáveis por áreas importantes, como produção, compras, meio ambiente, qualidade, saúde e segurança, desenvolvimento de produtos, manutenção e vendas.

Etapa 2A ETAPA 2 contempla o estudo do Fluxograma do Processo Produtivo, realização do diag-nóstico ambiental e de processo e a seleção do foco de avaliação.

A análise detalhada do fluxograma permite a visualização e a definição do fluxo qualita-tivo de matéria-prima, água e energia no processo produtivo, visualização da geração de resíduos durante o processo, agindo, desta forma, como uma ferramenta para obtenção de dados necessários para a formação de uma estratégia de minimização da geração de resíduos, efluentes e emissões. A figura 9 apresenta o fluxograma qualitativo de um pro-cesso produtivo.

O que é o Ecotime?É um grupo de trabalho formado por profissionais da empresa que tem por objetivo conduzir o pro-grama de Produção mais Limpa. Funções do Ecotime:realizar o diagnóstico; implantar o Programa; identificar oportunidades e implantar medidas de Produção mais Limpa;monitorar o programa;

dar continuidade ao programa.

Page 24: Produção mais Limpa em Confecções

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TECIDO

PAPEL

ENERGIA

Energia

• PAPEL •

SORAS LINHA

• • RETALHOS

RISCO

CORTE

COSTURA

CONFECÇÃO

Processo Produtivo

Figura 9 - Fluxograma qualitativo do processo produtivo

Após o levantamento do fluxograma do processo produtivo da empresa, o Ecotime fará o levantamento dos dados quantitativos, ambientais e de produção existentes, utilizando fontes disponíveis, como por exemplo, estimativas do setor de compras, etc (figura 10):- Quantificação de entradas (matérias-primas, água, energia e outros insumos), com maior enfoque para água e energia, mas sem detalhá-las por etapa do fluxograma;- Quantificação de saídas (resíduos, efluentes, emissões, subprodutos e produtos), mas sem detalhá-las por etapa do fluxograma;- Dados da situação ambiental da empresa;- Dados referentes à estocagem, armazenamento e acondicionamento.

TABELA DE MATÉRIAS-PRIMAS,INSUMOS E AXILIARES

QUANTIDADE CUSTO

MATÉRIAS-PRIMAS

ÁGUA

ENERGIA

AUXILIARES

TABELA DE SUBPRODUTOS,RESÍDUOS, EFLUENTES E EMISSÕES

QUANTIDADE CUSTO

SUBPRODUTOS

RESÍDUOS

EFLUENTES

EMISSÕES

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

PLANILHA DE ASPECTOS E IMPACTOS

IMPACTOS

ETAP

A

ASPECTOS

RECU

RSO

S

CONT

AMIN

AÇÃO

INCÔ

MO

DO

PRO

BABI

LIDA

DE

IMPO

RTÂN

CIA

REQ

UISI

TO L

EGAL

PRIO

RIZA

ÇÃO

MEDIDA DECONTROLE

Matérias- Primas Ttecido 100 Kg

3

PAPEL 10 kG 3

LINHA 2 KG

Energia kW

PAPEL 1 KG ...........m

3 .........................kg

.........................kg

Resíduos Sólidos

RETALHOS 20 kG

RISCO

CORTE

COSTURA

Produtos V.ESTUÁRIO. 80 KG 3

Processo Produtivo

LINHA 0,5 KG

Figura 10 - Fluxograma quantitativo do processo produtivo, elaboração do diagnóstico ambiental e planilha de aspectos e impactos.

Page 25: Produção mais Limpa em Confecções

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De posse das informações do diagnóstico ambiental e da planilha dos principais aspectos ambientais é selecionado, entre todas as atividades e operações da empresa, o foco de trabalho (figura 11). Estas informações são analisadas considerando os regulamentos le-gais, a quantidade de resíduos gerados, a toxicidade dos resíduos e os custos envolvidos. Por exemplo: se a empresa tem um determinado prazo para cumprir um auto de infração, será priorizado o item regulamentos legais.

DiagnósticoAmbiental

Planilha deAspectos

Regulamentoslegais

Toxicidade

Custo

Quantidade

Foco

Figura 11 - Prioridades para seleção do foco de avaliação

Exemplos de foco no setor de confecção:

- Redução no consumo de Matéria-prima;- Aumento no rendimento de matéria-prima; - Melhoria na qualidade do produto;- Redução na geração de rejeitos de processo;- Aumento do índice - FPPV – Feito pela primeira vez;- Aumento na reciclagem externa;- Redução no consumo de energia elétrica;- Melhoria na produtividade.

Etapa 3Nesta etapa é elaborado o balanço material e estabelecidos os indicadores. São identifi-cadas as causas da geração de resíduos e estipuladas as opções de Produção mais Limpa. Cada fase desta etapa é detalhada a seguir:

Análise quantitativa de entradas e saídas e estabelecimento de indicadoresEsta fase inicia com o levantamento dos dados quantitativos mais detalhados nas etapas do processo priorizadas durante a atividade de seleção do foco da avaliação. Os itens ava-liados são os mesmos da atividade de realização do diagnóstico ambiental e de processo, o que possibilita a comparação qualitativa entre os dados existentes antes da implemen-tação do Programa de Produção mais Limpa e aqueles levantados pelo programa:- Análise quantitativa de entradas e saídas;- Quantificação de entradas (matérias-primas, água, energia e outros insumos);- Quantificação de saídas (resíduos, efluentes, emissões, subprodutos e produtos);- Dados da situação ambiental da empresa;- Dados referentes à estocagem, armazenamento e acondicionamento de entradas e saídas.

Page 26: Produção mais Limpa em Confecções

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A identificação dos indicadores é fundamental para avaliar a eficiência da metodologia empregada e acompanhar o desenvolvimento das medidas de Produção mais Limpa im-plantadas. Serão analisados os indicadores atuais da empresa e os indicadores estabele-cidos durante a etapa de quantificação. Dessa forma, será possível comparar os mesmos com os indicadores determinados após a etapa de implementação das opções de Produ-ção mais Limpa.

O quadro 4 exibe de forma exemplificada o Foco, os indicadores e algumas fórmulas de cálculo:

Quadro 4 - Indicadores em relação ao foco do PmaisLFOCO INDICADOR FÓRMULA

Redução no consumo de Matéria-prima

Consumo matéria-prima por produto

kg de matéria-prima X 100 /peça produzida

Aumento no rendimento de

matéria-prima

Aparas de corte por tecido cortado

kg de aparas X 100/Aparas de corte por tecido

cortado

Melhoria na qualidade do produto Peças rejeitadas por peças produzidas

peça rejeitada X100/Produção

Redução na geração de rejeitos de processo

Rejeitos transportados para disposição por mês

kg de rejeito mês X 100/ kg rejeito mês ano anterior

Aumento do índice - FPPV – Feito pela primeira vez

Peças aprovadas em relação à produção

Peças aprovadas X 100/ Produção

Aumento na reciclagem externa

Quantidade de tubete de tecido devolvido para reciclagem no

fonecedor

Quantidade de cone de linha devolvido para reciclagem no

fornecedor

Qtidade tubete devolvido X 100/Rolos de tecido comprado

Qtidade cone devolvido X 100/ Quantidade de cone comprado

Redução no consumo de energia

elétrica

Consumo energia por mês Consumo mês X 100

/ Consumo mês ano anterior

Melhoria na produtividade Peças por funcionário Peças produzidas X 100

/ Número de funcionários

Page 27: Produção mais Limpa em Confecções

27

Com os dados levantados no balanço material (quantificação) são avaliadas, pelo Ecotime, as causas de geração dos resíduos na empresa. Os principais fatores na origem dos resídu-os e emissões (figura 12) são:

Operacionais Etapas desnecessárias no processo; falta de informações de ordem técnica e tecnológi-ca.

Matérias-Primas Uso de matérias-primas de menor custo, abaixo do padrão de qualidade; falta de especificação de qualidade; deficiência no suprimento; sistema inadequado de gerência de compras; arma-zenagem inadequada.

Produtos proporção inadequada entre resíduos e produtos; design impraticável do produto;embalagens inadequadas; produto de difícil desmontagem e reciclagem

Capitalescassez de capital para investimento em mudan-ças tecnológicas e de processo;foco exagerado no lucro, sem preocupações na geração de resíduos e emissões;baixo capital de giro.

Causas relacionadas aos resíduosInexistência de separação de resíduos;desconsideração pelo potencial de reuso de deter-minados resíduos;manuseio inadequado.

Recursos humanosrecursos humanos não qualificados;falta de segurança no trabalho;exigência de qualidade – treinamento inexistente ou inadequado;trabalho sob pressão;dependência crescente de trabalho eventual e ter-ceirizado.

Fornecedores/ parceiros comerciaiscompra de matérias-primas de fornecedores sem padronização;falta de intercâmbio com os parceiros comerciais;

Figura 12 - Principais fatores na origem dos resíduos e emissões

Page 28: Produção mais Limpa em Confecções

28

Com base nas causas de geração de resíduos já descritas, são possíveis modificações em vários níveis de atuação e aplicação de estratégias, visando ações de Produção mais Limpa.

Sob o ponto de vista de resíduos, efluentes e emissões e, levando-se em consideração os níveis e as estratégias de aplicação, a abordagem de Produção mais Limpa pode se dar de duas formas: através da minimização (redução na fonte) ou através da reutilização (recicla-gem interna e externa) de resíduos, efluentes e emissões.

Etapa 4Esta etapa constitui-se da avaliação técnica, econômica e ambiental e da seleção de opor-tunidades viáveis. A primeira atividade desta etapa é a avaliação técnica, ambiental e eco-nômica das opções de Produção mais Limpa levantadas, sempre visando o aproveitamen-to eficiente das matérias-primas, água, energia e outros insumos através da não-geração, minimização, reciclagem interna e externa, conforme visto anteriormente.

RESÍDUOS

MATÉRIAS-PRIMAS

Todos os resíduos que você está atualmente pagando para

tratar ou dispor foram anteriormente adquiridos

por sua empresa

Na avaliação técnica é importante considerar:- O impacto da medida proposta sobre o processo, produtividade, segurança, etc.;

- Os testes de laboratório ou ensaios, quando a opção estiver mudando significativamente

o processo existente;

- As experiências de outras companhias com a opção que está sendo estudada;

- Todos os funcionários e departamentos atingidos pela implementação das opções;

- As necessidades de mudanças de pessoal, operações adicionais e pessoais de manuten-

ção, além do treinamento adicional dos técnicos e de outras pessoas envolvidas.

Deve ser dada prioridade a medidas que busquem eliminar ou minimizar resíduos, efluentes e emissões no processo produtivo onde são gerados.A principal meta é encontrar medidas que evitem a geração de resíduosna fonte. Estas podem incluir modificações tanto no processo de produção quanto no próprio produto.

Page 29: Produção mais Limpa em Confecções

29

Na avaliação ambiental é importante considerar:- A quantidade de resíduos, efluentes e emissões que será reduzida; - A qualidade dos resíduos, efluentes e emissões que tenham sido eliminados – verificar se estes contêm menos substâncias tóxicas e componentes reutilizáveis;- A redução na utilização de recursos naturais.

Na avaliação econômica é importante considerar:- Os investimentos necessários;- Os custos operacionais e receitas do processo existente, e os custos operacionais e recei-tas projetadas das ações a serem implantadas;- A economia da empresa com a redução/eliminação de multas.

Os resultados encontrados durante as atividades de avaliação técnica, ambiental e econô-mica possibilitarão a seleção das medidas viáveis de acordo com os critérios estabelecidos pelo Ecotime, gerando os estudos de caso.

Etapa 5É o plano de implementação e monitoramento do plano de continuidade. Após a seleção das opções de Produção mais Limpa viáveis é traçada a estratégia para implementação das mesmas. Nesta etapa é importante considerar:- As especificações técnicas detalhadas;- O plano adequado para reduzir tempo de instalação;- Os itens de dispêndio para evitar ultrapassar o orçamento previsto;- A instalação cuidadosa de equipamentos;- A realização do controle adequado sobre a instalação;- A preparação da equipe e a instalação para o início de operação.

Juntamente com o plano de implementação deve ser planejado o sistema de monitora-mento das medidas a serem implantadas. Nesta etapa é essencial considerar:- Quando devem acontecer as atividades determinadas;- Quem é o responsável por estas atividades;- Quando serão apresentados os resultados;- Quando e por quanto tempo monitorar as mudanças;- Quando avaliar o progresso;- Quando devem ser assegurados os recursos financeiros;- Quando a gerência deve tomar uma decisão;- Quando a opção deve ser implantada;- Quanto tempo deve durar o período de testes;- Qual a data de conclusão da implementação.

Page 30: Produção mais Limpa em Confecções

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O plano de monitoramento (figura 13) pode ser dividido em quatro estágios: planejamen-to, preparação, implementação, registros e análise de dados.

Primeiro estágio Planejamento

Segundo estágio Preparação

Terceiro estágio Implementação

Quarto estágio Registros e análises

de dados

Figura 13 - Estágios da implementação do plano de monitoramento

Após a aplicação das etapas e atividades descritas no Plano de Monitoramento, o Progra-ma de Produção mais Limpa pode ser considerado como implementado. Neste momento é importante não somente avaliar os resultados obtidos mas, sobretudo, criar condições para que o Programa tenha sua continuidade assegurada através da aplicação da meto-dologia de trabalho e da criação de ferramentas que possibilitem a manutenção da cul-tura estabelecida, bem como, sua evolução em conjunto com as atividades futuras da empresa.

As etapas de implementação de um programa de Produção mais Limpa poderão ser me-lhores compreendidas nos itens “Descrição do processo de Confecção” e nos “Estudos de Caso” apresentados posteriormente neste documento.

4. DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE CONFECÇÃO

O processo de Confecção é visualizado como o fluxo de materiais no tempo e no espaço; é a transformação da matéria-prima em componentes semi-acabados e, daí, a produto acabado. A análise de um processo examina o fluxo de material ou produto, a seqüência das operações, o trabalho realizado sobre os produtos e os desperdícios gerados em con-seqüência dos processos.

Para realizar melhorias significativas no processo produtivo, deve-se distinguir o fluxo do processo do fluxo das etapas de trabalho e analisá-los separadamente.

Embora o processo seja realizado através de uma série de operações, é um equívoco co-locá-los num mesmo eixo de análise, porque isto reforça a hipótese incorreta de que a melhoria das operações individuais aumentará a eficiência global do fluxo de processo do qual elas são uma parte.

Page 31: Produção mais Limpa em Confecções

31

Para maximizar a eficiência do processo é importante uma análise profunda que reflita na melhoria do mesmo, antes das tentativas de avaliação das respectivas etapas.

Durante o processo de confecção, além do produto, fonte do negócio da empresa, é gera-da uma grande quantidade de retalhos e aparas de tecido, entre outros rejeitos. A quan-tidade destes rejeitos depende do planejamento da produção, da tecnologia disponível e do processo utilizado no encaixe dos moldes e corte dos tecidos. A pouca divulgação sobre os riscos ao meio ambiente, aliada aos elevados custos para coleta, transporte e adequação final de acordo com a legislação ambiental, tornou-se um fator preocupante, principalmente para as empresas de pequeno porte. Estes custos recaem sobre as indús-trias, que não conseguem repassá-lo ao cliente final, uma vez que quem define o preço final de venda do produto é o próprio mercado. Preservar e despoluir o meio ambiente são diretrizes obrigatórias de todos os países, independente de sua condição econômica ou social.

4.1. SÍNTESE DO PROCESSO DE CONFECÇÃO

No fluxograma a seguir, estão descritos os principais insumos, matérias-primas e resíduos da indústria de confecção.

Quadro 5 – Fluxograma global do processo de Confecção

- tecido/malha- forro - linha, fio- colantes- papel de risco- zíper, botão- etiquetas, tag- etiquetas adesivas- cola spray- adesivos - óleo lubrificante- graxa-(EPIs)-luvas, abafadores- embalagens materiais -embalagem produto - ar comprimido - solvente limpeza peças- energia elétrica- ferramentas- peças de reposição- pallets de madeira- caixas de plástico- estopas- lixas máquina corte-embalagens de expedição

F

Á

B

R

I

C

A

Ç

Ã

O

D

E

V

E

S

T

U

À

R

I

O

- retalhos de tecido- aparas de tecido- produtos rejeitados- sobras aviamentos-EPIs usados-óleo lubrificante usado-graxa usada- vapores de solventes- rebarbas de máquina-sobras de lanche.-embalagens danificadas- peças usadas- ferramentas usadas- pallets danificados-caixas plásticasdanificadas-estopas contaminadas- lixas usadas- energia não utilizada - cones de linha

- tubetes tecido

Page 32: Produção mais Limpa em Confecções

32

Fluxograma por seqüência operacional

As principais etapas do processo de confecção estão descritas no fluxograma que segue. Nele já estão contemplados, em cada etapa, tanto as principais matérias-primas quanto os principais resíduos gerados.

Quadro 6 – Fluxograma por seqüência operacional

ENTRADAS ETAPA DO PROCESSO SAÍDA

PEDIDOS PLANEJAMENTO PAPEL PLÁSTICO

COMPRAS ESTOQUE MATERIAIS SOBRAS DE TECIDOS

PAPEL OU MOLDES RISCO SOBRAS PAPEL

TECIDO MATRIZ RISCO ENFESTO TUBETES

RETALHO TECIDO

TECIDO COM A MATRIZ DE RISCO EPI

CORTEAPARAS DE TECIDO, PAPEL LIXAS DE CORTE

LINHA, FIO ETIQUETA AVIAMENTO

PREPARAÇÃO PARA COSTURA

EMBALAGENS DE AVIAMENTOS

TECIDO CORTADO AVIAMENTOS

COSTURA

REBARBAS DE OVERLOQUE SOBRAS LINHAS, ESTOPAS, ÓLEO

VAPOR ACABAMENTO SOBRAS DE FIO E LINHA

PRODUTO EMBALAGEM EMBALAGEM EMBALAGEM NÃO

CONFORME

PRODUTO ACABADO EXPEDIÇÃO

PEÇAS NÃO CONFORMES PAPEL, PAPELÃO

PRODUTO FINAL

CLIENTE

Page 33: Produção mais Limpa em Confecções

33

O quadro 7 apresenta os aspectos comparativos da aplicação dos princípios da Produção Tradicional versus Produção mais Limpa.

Quadro 7 – Aspectos comparativos no sistema tradicional e pmaislProdução Tradicional Produção mais LimpaPerda É qualquer atividade que não

contribui para as operações, tais

como, espera, acumulação de pe-

ças semiprocessadas, recarrega-

mentos, passagem de material de

mão em mão.

São resíduos gerados a partir do

uso ineficiente de matérias-pri-

mas, recursos humanos, energia e

insumos de processo.

Processo É a transformação da matéria-

prima em produtos através de

um fluxo de massa no tempo e

no espaço físico, com geração de

perdas.

É a transformação da matéria-pri-

ma em produtos através de um

fluxo de massa no tempo e no

espaço físico, com redução de ge-

ração de resíduos na fonte.

Eficiência É a melhoria da produtividade do

processamento industrial.

É a melhoria da produtividade da

transformação de matérias pri-

mas e auxiliares em produtos no

processamento industrial.

Atuações na fonte de gera-ção ou minimização

De desperdícios de tempos e mo-

vimentos nas diversas etapas de

um processo industrial.

De resíduos (sólidos, líquidos , at-

mosféricos e energia) em um pro-

cesso industrial.

Desperdício Adequar o desperdício que se tor-

nou aceito como uma parte natu-

ral do trabalho diário.

Identificar o desperdício geral-

mente não é notado porque se

tornou parte natural do trabalho

diário.

Trabalhador Capacitar o trabalhador em me-

lhorar o aproveitamento do tem-

po. Trabalhadores preparados no

conhecimento das técnicas e tec-

nologias empregadas no proces-

so de fabricação.

Capacitar o trabalhador na eli-

minação e ou minimização na

geração de resíduos de processo.

Trabalhadores preparados no co-

nhecimento das técnicas e tecno-

logias no processo de fabricação

e na busca de soluções para não

geração e minimização de resídu-

os.

Fornecedores Fornecem materiais e recursos

necessários.

Fornecedores são aliados na

redução da geração de resíduos,

reciclam embalagens, cones,

canudos, etc

Custos Diminuição de perdas = Processo

produtivo eficiente = lucro.

Diminuição de perda = matéria

prima é transformada em produ-

tos e não em resíduos = menores

custos ambientais de disposição

e transporte

Geração de resíduos Quanto ? Por que é gerado?

Como é gerado?

Onde é gerado?

que fazer para evitá-lo?

Page 34: Produção mais Limpa em Confecções

34

Oportunidades de PmaisL

A análise de fluxo dos materiais é uma abordagem sistemática objetivando:- Apresentar uma visão geral sobre os materiais usados na empresa;- Identificar o ponto de origem, os volumes, assim como também, as causas dos resíduos e emissões;- Criar uma base para avaliação e uma previsão para futuros desenvolvimentos;- Definir estratégias para melhorar toda a situação.

Os problemas de resíduos e emissões de uma empresa surgem nos pontos de produção onde os materiais são usados, processados ou tratados. Por esse motivo, as empresas que optam por uma solução estratégica para seus problemas ambientais, devem estar atentas que é essencial acompanhar o fluxo de material corrente, com o objetivo de identificar os pontos de origem, volumes e causas dos resíduos e emissões. O conhecimento deste fluxo de material objetiva o conhecimento de substâncias utilizadas dentro da empresa, a fim de estimar seus valores reais para o processo e finalmente para projetar possível desenvol-vimento. O fluxograma define o sistema de informação passo a passo em relação ao fluxo dos materiais dentro da empresa, dirigindo e permitindo que eles sejam eficientemente usados.

Uma análise do fluxo de material pode então ser comparada ao rastreamento do mapa de uma empresa, sendo melhor do que de cidades, estradas ou rios, uma vez que mostra a seqüência dos processos e o fluxo do material como uma característica geográfica. Como para o mapa, uma ilustração gráfica destas características é essencial, é importante apre-sentar geograficamente as informações obtidas através da análise do fluxo dos materiais, considerando a origem, o uso e tratamento da matéria-prima e o processo de um modo que eles possam ser rápido e facilmente interpretados.

5. ESTUDOS DE CASO

A seguir serão citados exemplos de estudos de caso realizados em empresas do setor de confecção, apresentando seus respectivos benefícios econômicos e ambientais.

O procedimento para a execução do estudo de caso é sempre o mesmo. Em um primeiro momento, é feito um planejamento de todo o estudo. São identificados os parâmetros a serem medidos ou estudados e criados os indicadores que fornecerão os resultados com-parativos. É feito também o levantamento dos recursos necessários para a realização do estudo e a definição dos responsáveis pela execução e controle do estudo. Logo depois, identificamos a etapa do processo produtivo em que a oportunidade se encontra. Dessa forma, detalha-se as entradas e saídas de etapa, assim como o produto que ela gera. Com isso, tem-se o conhecimento necessário para realizar o estudo. Após a etapa de análise, descreve-se, mede-se e quantifica-se a situação existente, ou seja, antes da PmaisL. Em se-guida, faz-se o mesmo procedimento para a nova situação, ou seja, depois da PmaisL. Feito isso, obtem-se um quadro comparativo simples, mas representativo, das duas situações. Os indicadores criados vão agora expressar a diferença, se existir, entre as situações.

Page 35: Produção mais Limpa em Confecções

35

A etapa que segue é a das conclusões. Primeiramente, é feita uma análise econômica , verificando os custos antes e depois da PmaisL, e verificando a Taxa Interna de Retorno, ou algum outro método conhecido para avaliação da análise da lucratividade. Em seguida, calcula-se os benefícios, se houverem, ambientais, econômicos, tecnológicos, de saúde ocupacional e outros que devam ser considerados. De posse dessas informações fica mais fácil tirar conclusões sobre o estudo e, com isso, agir na etapa do processo produtivo que foi analisada. Essa ação sobre o processo pode se dar rapidamente, pois a ferramenta gera uma resposta rápida, de tal forma que, na próxima vez que o processo em questão se re-petir, ações de melhoria já poderão ser tomadas.

Cabe salientar que, no entanto, um estudo de caso pode ser feito apenas com o intuito de satisfazer uma curiosidade ou uma expectativa diante de determinada tecnologia ou modificação do processo, ou qualquer outra inovação. Nesse caso, ele será usado para comparar situações diferentes de trabalho e não para uma ação de melhoria contínua. Mas a sua resposta, com certeza facilitará na busca pela melhor opção para a empresa naquelas circunstâncias.

5.1. ESTUDO DE CASO 1 - Redução no consumo de tecido

DescriçãoA empresa desperdiçava em torno de 30 % de tecido que era transformado em aparas e retalhos. Durante o processo de risco e corte do tecido, além do produto final, objeto do negócio, é gerada grande quantidade de resíduos (figuras 14 e 15) devido a diversos fatores de processo, planejamento e qualidade, tais como os apresentados nos quadros 8, 9 e 10.

a) Resíduos de processo

Figura 14 - Aparas de corte Figura 15 - Retalhos de corte

Page 36: Produção mais Limpa em Confecções

36

O quadro 8 descreve os resíduos gerados durante as diversas etapas do processo.

Quadro 8 – Resíduos por etapa do processo

PROCESSO RESÍDUOSEncaixe da modelagem Pontas da peça com defeitoCriação - design do produto tinta de identificação do tecidoAquisição - largura irregular peças com diferença de tonalidadeCorte - irregularidade de corte Pontas na pilha do enfestoCostura Sobras de linha

b) Resíduos de tecido devido a planejamento (figuras 16 e 17)

Figura 16 - Aquisição de matéria-prima Figura 17 - Aquisição de matéria-prima

sem utilização sem utilização

O quadro 9 apresenta os motivos que levam à geração de resíduos durante a etapa de planejamento.

Quadro 9 – Resíduos na etapa de planejamento

PLANEJAMENTO RESÍDUOSPlanejamento compras Sobras de tecido comprado a maisCompras impulsivas sem venda Tecido fora de especificaçãoSubstituição de materiais não zerados no estoque

Materiais estocados fora de especificações

Planejamento de corte com um único ta-manho ou referência

Sobras de aparas de corte

c) Resíduos de tecido devido à qualidade (figuras 18 e 19)

Figura 18 - Tecidos com falhas de acabamento Figura 19 - Tecidos com falha de tecelagem

Page 37: Produção mais Limpa em Confecções

37

No quadro 10 tem-se as etapas que geram resíduos por qualidade de tecido.

Quadros 10 – Resíduos por qualidade de tecido

QUALIDADE RESÍDUOSAquisição de materiais de segunda qualidade Tecido fora de especificaçãoRecebimento de materiais não conforme Materiais não conforme

Medidas implementadas

a) Desenvolver sistema de encaixe otimizando o aproveitamento da largura do tecido;

b) Avaliar design, compatibilizando o modelo com o consumo de tecido;

c) Planejar os encaixes por tipo de tecido, juntando várias referências e distribuição da grade

de tamanhos;

d) Desenvolver sistema de capacitação de fornecedores pela qualidade do tecido recebido;

e) Investir em tecnologia para encaixe automático;

f ) Planejar e cadastrar o estoque de tecido;

g) Reciclar internamente os retalhos de tecido.

Figura 20 - Planejamento e cadastro do Figura 21 - Investimento no sistema de corte estoque de tecidos

Figura 22 - Reciclagem interna Figura 23 - Investimento em tecnologia de risco computadorizado

Page 38: Produção mais Limpa em Confecções

38

Indicadora) Desperdício de tecido no corte

0

5

10

15

20

25

%

Desperdício de tecido no Corte

desperdício % 21 19 19 17

março julho agosto setembro

Figura 24 – % de desperdício de tecido no corte

InvestimentoA empresa investiu em tecnologia de encaixe automático e capacitação dos funcioná-rios.

Quadro 11 - Investimento

INVESTIMENTO R$

Tecnologia de encaixe automático R$ 60.000,00

Capacitação R$ 3.000,00

Outros R$ 1.000,00

TOTAL R$ 64.000,00

Benefício Econômico

Quadro 12 – Benefício econômico

HISTÓRICO R$

CUSTO DO INVESTIMENTO TOTAL R$ 64.000,00

SITUAÇÃO ANTERIOR - Consumo de tecido ano =

20.400 kg de tecido ano X R$30,00/kg - 12 meses.

Desperdício de 30 %

R$ 612.000,00

SITUAÇÃO PROPOSTA - consumo de tecido ano =

16.320 Kg de tecido ano a R$30,00/kg - 12 meses.

Desperdício de 20 %

R$ 489.600,00

RETORNO ANUAL redução de 4.080 kg de tecido

ano com redução de 10 pontos percentuais de des-

perdício.

R$ 122.400,00

BENEFÍCIO ECONÔMICO ANO - descontando o in-

vestimento inicial

R$ 58.400,00

PRAZO DE RETORNO DO INVESTIMENTO – MESES

=R$122.400,00/(R$64.000/12 meses) = 6,27 meses

6,27 meses

Page 39: Produção mais Limpa em Confecções

39

Benefício ambiental- A empresa deixou de dispor no meio ambiente a quantia anual de 4.080 kg de tecido, correspondendo a uma redução de 10 % na geração de resíduos de tecido.

Outros benefícios- A empresa aumentou a produtividade em 4 %, devido à redução em retrabalhos, melho-ria na qualidade de tecido e diminuição das irregularidades do corte.

5.2. ESTUDO DE CASO 2 - Melhoria no índice PFPV (Peças Feitas pela Primeira Vez)

DescriçãoDurante o processo de confecção foi constatado um número muito grande de peças pron-tas com não conformidades.Conseqüências na empresa:- Atraso na entrega dos pedidos;- Queda na produtividade;- Desperdício de materiais;- Atritos internos devido a consertos.

Figura 25 - Desperdício em retrabalho Figura 25 - Desperdício em retrabalho

Figura 27 - Desperdícios em produtos Figura 28 - Desperdícios em produtos não conforme retrabalhados

Page 40: Produção mais Limpa em Confecções

40

OBJETIVOS APOS PmaisLObjetivo Principal: Reduzir a geração de produtos com não conformidade.

Medidas implementadasa) Capacitação dos serviços terceirizados (serigrafias, bordados);b) Aprimoramento nas informações fornecidas para a produção através da introdução de Fichas Técnicas;c) Controle de qualidade nas etapas de produção;d) Sistema de indicadores de processo dos problemas por células, através de mapas e gráficos.

Indicadora) Índice Feito pela Primeira Vez – IFPV

jan fev mar abr mai jun jul ago

IFPV

92%

94%

96%

98%

100%

IFPV

Figura 29 - IFPV

InvestimentoA empresa investiu em capacitação dos funcionários e fornecedores.

Quadro 13 - Investimento

INVESTIMENTO R$

Capacitação R$ 3.000,00

Outros R$ 1.000,00

TOTAL R$ 4.000,00

Page 41: Produção mais Limpa em Confecções

41

Benefício econômico

Quadro 14 – Benefício econômico

CUSTO DO INVESTIMENTO TOTAL R$ 4.000,00

SITUAÇÃO ANTERIOR - desperdício de 6% de maté-ria-prima em retrabalho = 1224 kg de tecido ano X R$30,00/kg X 12 meses

R$ 36.720,00

SITUAÇÃO PROPOSTA - desperdício tecido ano = 204 Kg de tecido ano *R$30,00/kg X 12 meses

R$ 6.120,00

RETORNO ANUAL redução de 4.080 kg de tecido ano com redução de 10 pontos percentuais de des-perdício.

R$ 30.600,00

BENEFÍCIO ECONÔMICO ANO - descontando o in-vestimento inicial

R$ 26.600,00

PRAZO DE RETORNO DO INVESTIMENTO - MESES 0,39

Benefício ambiental- A empresa deixou de dispor no meio ambiente a quantia de 1020 kg/ano de resíduo têxtil;- Houve uma redução de 6% para 1% no retrabalho em produtos;- Além disso os resíduos foram adequados e transformados em produtos com aceitação no mercado.

Outros benefícios- Aumento no faturamento com atualização nos prazos de entrega;- Aumento na produtividade.

5.3. ESTUDO DE CASO 3 - Redução no consumo de energia elétrica DescriçãoA empresa possuía um alto consumo de energia elétrica devido a diversos fatores. Foram identificadas várias ações de melhorias podendo reduzir em até 5 % no consumo.

a) alteração no intervalo de almoçoO Sistema de intervalo para almoço funcionava em dois turnos. No primeiro horário, saia a metade de cada uma das células de manufatura. Todas as lâmpadas ficavam acesas, pois parte das células não paravam.

b) muitos produtos precisavam ser passados na prensa elétrica, com vapor devido ao sis-tema de andamento das peças na área industrial. Devido ao acondicionamento em sacos, as peças ficavam amassadas.

c) todos os computadores, lâmpadas, máquinas e equipamentos eram ligados no início do turno, pela manhã e somente desligados na chave geral, quando o último trabalhador fechava a empresa.

Page 42: Produção mais Limpa em Confecções

42

Medidas implementadas a) Concentração dos horários de almoço em um único turno (figuras 30 e 31);

Figura 30 - Lâmpadas acessas com dois Figura 31 - Almoço em um único horário. intervalos para almoço Redução de consumos de energia elétrica durante 1 hora e 30 min

b) Aproveitamento da luz solar em locais de baixa exigência em claridade;c) Implantação de células liga desliga em locais de baixa circulação, como corredores e banheiros;d) Implantação de um sistema organizacional no processo produtivo, com utilização de caixas onde as peças ficam acondicionadas sem amassar;e) As lâmpadas de áreas de apoio passaram a ficar desligadas, somente acionadas quando neces-sário;f) O eco time desenvolveu um plano de redução de consumo de Energia Elétrica a partir do incen-tivo à cultura de racionalização;g) Foi racionalizada a utilização de prensas e ferro elétrico em horários estratégicos;h) Foi criada uma etiqueta adesiva que é colada nas máquinas e equipamentos, sempre que detec-tado um desperdício de energia.

Figura 32 - Etiqueta de advertência para controle de energia elétrica

Indicadora) Despesa de energia elétrica considerada pelo mesmo mês do ano anterior

R$ -

R$ 500,00

R$ 1.000,00

R$ 1.500,00

R$ 2.000,00

R$ 2.500,00

R$

DESPESA ENERGIA ELÉTRICA

2005 R$ 1.820,00 R$ 1.700,00 R$ 2.200,00 R$ 2.350,00 R$ 2.450,00

2006 R$ 1.530,00 R$ 1.450,00 R$ 1.700,00 R$ 1.480,00 R$ 1.850,00

jan fev mar abr mai

Figura 33 – Despesa de energia elétrica

Page 43: Produção mais Limpa em Confecções

43

Consumo médio por ano considerando igual período no ano de 2005 e de 2006:

Quadro 15 – Despesas energia elétrica

ANTES DEPOIS RESULTADO

R$ 25.248,00 R$ 19.224,00 R$ 6.024,00

Investimento

Quadro 16 - Investimento

INVESTIMENTO R$

Aquisição de foto células R$ 2.000,00

Capacitação R$ 1.000,00

Outros R$ 1.000,00

TOTAL R$ 4.000,00

Benefício econômico

Quadro 17 – Benefício econômico

CUSTO DO INVESTIMENTO TOTAL R$ 4.000,00

SITUAÇÃO ANTERIOR - despesas com energia

elétrica por ano

R$ 25.248,00

SITUAÇÃO PROPOSTA - despesas com energia

elétrica por ano

R$ 19.224,00

RETORNO ANUAL redução de 4.080 kg de tecido

ano com redução de 10 pontos percentuais de

desperdício.

R$ 6.024,00

BENEFÍCIO ECONÔMICO ANO - descontando o

investimento inicial

R$ 2.024,00

PRAZO DE RETORNO DO INVESTIMENTO - MESES 0,16

Benefício ambiental- Redução no consumo de energia.

Outros benefícios- Capacitação dos trabalhadores e cultura de evitar desperdícios;- As ações incentivaram todos os funcionários no controle e monitoramento.

5.4. ESTUDO DE CASO 4 - Redução no estoque de tecidos fora de linha

DescriçãoA empresa iniciou a implantação do PmaisL, identificando grande oportunidade no setor de almoxarifado, pois possuía um alto estoque de tecidos que sobravam , a cada coleção,

Page 44: Produção mais Limpa em Confecções

44

devido a diversos fatores. Foi, então, montado um Ecotime específico para este setor, que iniciou seu trabalho montando um fluxograma qualitativo e quantitativo de toda a mo-vimentação de materiais no almoxarifado. Foram identificadas várias oportunidades de melhorias, podendo reduzir as sobras de tecidos em prateleira em até 60 %.

Medidas implementadasa) Organizar o setor de Estoque com segregação por tipo e qualidade de tecido;b) Separar e identificar com etiqueta vermelha todos os tecidos fora de uso;c) Implantar o Sistema de Controle de Estoque;d) Planejar a coleção com identificação de todos os materiais necessários à produção;e) Implantar o sistema de compras conforme a necessidade de uso, fundamentado pelo tempo de entrega de cada material.

antes depois

Figura 34 – Grande quantidade de tecido Figura 35 – Sistema de Controle de Estoque

Indicador a) Investimento em tecido estocado X Investimento em tecido utilizado no período.

0

100000

200000

300000

400000

Estoque de Tecido 2006

R$ Estocado 350000 380000 380000 220000 202000 170000 170000 170000

R$ Utilizado 80000 120000 125000 150000 110000 85000 125000 130000

jan fev mar abr mai jun jul ago

Figura 36 – Estoque de tecido em relação ao utilizado no período

Page 45: Produção mais Limpa em Confecções

45

Proporção de tecido estocado em relação ao

consumido

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

jan fev mar abr mai jun jul ago

Figura 37 – Proporção do tecido estocado em relação ao consumido

O quadro 18 apresenta o resultado anual 2005 e 2006 comparando Financeiro sobre capi-tal de giro necessário de 2005 e de 2006 para o mesmo volume de produção:

Quadro 18 – Resultado anual (2005/2006)

ANTES DEPOIS RESULTADO

Capital de giro 4.200.000,00R$ 2.040.000,00R$ 2.160.000,00R$

Financeiro 504.000,00R$ 244.800,00R$ 259.200,00R$

Investimento

Quadro 19 - Investimento

INVESTIMENTO R$

Aquisição de software R$ 20.000,00

Capacitação R$ 1.000,00

Outros R$ 1.000,00

TOTAL R$ 22.000,00

Benefício econômico

Quadro 20 – Benefício econômico

CUSTO DO INVESTIMENTO TOTAL R$ 22.000,00

SITUAÇÃO ANTERIOR - financeiro por ano 12 %/ano R$ 504.000,00

SITUAÇÃO PROPOSTA - financeiro por ano 12 %/ano R$ 244.800,00

RETORNO ANUAL R$ 259.200,00

BENEFÍCIO ECONÔMICO ANO - descontando o inves-timento inicial

R$ 237.200,00

Page 46: Produção mais Limpa em Confecções

46

Benefício ambiental- Redução na disposição final de tecido fora de utilização, sujos e danificados.

Outros benefícios- Capacitação dos trabalhadores e cultura de evitar desperdícios;- As ações incentivaram todos os funcionários no controle e monitoramento.

5.5. ESTUDO DE CASO 5 - Redução em perdas na Produtividade

DescriçãoA empresa identificou grande oportunidade em redução de perdas em produtividade. Foi, então, montado um Ecotime específico para identificar a produtividade em cada setor e em específico os motivos que levavam a Empresa estar com todos os pedidos em atraso. Identificaram-se várias oportunidades de melhorias podendo aumentar a produtividade em até 12 %:

Medidas implementadasa) Organizar os setores;b) Reduzir perdas por deslocamento com a mudança do Layout;c) Implantar o Sistema de Planejamento e Controle de Produção;d) Planejar os lotes para produção seguindo a data de entrega dos pedidos;e) Eliminar produção de peças fora dos pedidos;f) Produzir somente por pedido;g) Implementar a etapa de Preparação para a Costura;h) Eliminar operações desnecessárias, tais como; recortar, refazer, repassar, registrar, remexer;i) Integrar os setor de Vendas com a capacidade produtiva da Empresa.

antes depois

Figura 38 - Limpeza manual e acúmulo Figura 39 - Sistema de Limpeza de grandes volumes. contínuo com a costura

Page 47: Produção mais Limpa em Confecções

47

Antes: os retrabalhos com recortes exigiam grande tempo de máquina parada (figuras 40 e 41).

Figura 40 – Recortes por retrabalho do corte Figura 41 – Recortes com perdas em tempo de máquina parada

Indicadoresa) Aumento da Produtividade

PRODUTIVIDADE COSTUREIRA

nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05

Figura 42 – Aumento contínuo na produtividade

b) Produção de peças

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000peças

Produção 2005 - 2006

2005 6200 7040 6560 7050 8030 8900 7050 7890 9020 9350 8030 5040

2006 8200 8050 7250 9300 10300 9500 8900 9020 10200 12050 13000 7500

Jan f ev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Figura 43 – Produção peças mês

Page 48: Produção mais Limpa em Confecções

48

c) Faturamento mês

Faturamento mês

050000

100000150000200000250000300000350000400000450000

Jan fev Mar

Abr

Mai

Jun Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

R$

20052006

Figura 44 – Faturamento mês

A empresa aumentou seu faturamento em 25 %, sendo que o lucro da empresa está cal-culado em 5 %. A empresa obteve um resultado final de R$34.665,00

Quadro 21 – Resultado total da empresa

FATURAMENTO LUCRO

2005 R$ 2.704.800,00 R$ 135.240,00

2006 R$ 3.398.100,00 R$ 169.905,00

RESULTADO R$ 693.300,00 R$ 34.665,00

Investimento

Quadro 22 - Investimento

INVESTIMENTO R$

Aquisição de software Planejamento R$ 12.000,00

capacitação R$ 1.000,00

outros R$ 1.000,00

TOTAL R$ 14.000,00

Page 49: Produção mais Limpa em Confecções

49

Benefício econômico

Quadro 23 – Benefício econômico

CUSTO DO INVESTIMENTO TOTAL R$ 12.000,00

SITUAÇÃO ANTERIOR - Lucro anual - 2005 R$ 135.240,00

SITUAÇÃO PROPOSTA - Lucro anual- 2006 R$ 16.905,00

RETORNO ANUAL . R$ 34.665,00

BENEFÍCIO ECONÔMICO ANO - descontando o investimento inicial R$ 22.665,00

Benefício ambiental- Redução no desperdício de energia elétrica com estrutura de máquinas e lâmpadas ocio-sas.

Outros benefícios- Capacitação dos trabalhadores e cultura de evitar desperdícios:- As ações incentivaram todos os funcionários no controle e monitoramento;- Imagem da empresa em relação ao cumprimento de entrega conforme a venda;- Redução do custo da empresa com melhor aproveitamento da estrutura física e da mão-de-obra.

5.6. ESTUDO DE CASO 6 - Implementação do controle de vazamentos de água quen-te, fria, banhos de aplicação e vapor, na unidade produtiva

DescriçãoNeste estudo de caso foram identificados diversos vazamentos (água quente, fria, banhos de aplicação e vapor) dentro da unidade produtiva da empresa de malhas e algodão. Além da água que era perdida ainda se fazia necessária a utilização de mais água para a limpeza dos vazamentos. Estes problemas geravam degradações ambientais e riscos de acidentes de trabalho, conseqüentemente a redução da motivação dos funcionários.

Indicadoresa) Perda de água por vazamento e pela limpeza;b) Perda de vapor;c) Redução dos efluentes líquidos gerados;d) Vazamento de vapor.

Medidas Implementadas:a) Identificação e controle de vazamentos na unidade produtiva;b) Conserto dos vazamentos.

Page 50: Produção mais Limpa em Confecções

50

Benefício econômicoR$ 3.232,68 / ano

Benefício ambiental- Redução da degradação do ambiente interno da empresa, minimizando os riscos de aci-dentes de trabalho com aumento da motivação dos funcionários e redução da perda de água e geração de efluentes líquidos.

5.7. ESTUDO DE CASO 7 Redução do consumo de água e energia e minimização de resíduos de algodão

DescriçãoPara reduzir a quantidade de algodão na etapa de engomagem, foi desenvolvido um novo método de trabalho em conjunto com os operadores para a troca de partida, que é a principal atividade responsável pela geração de resíduos.

Também foram realizados a padronização das regulagens dos teares e o estabelecimen-to da freqüência para verificação das condições das máquinas, corrigindo os desvios na tecelagem. Quanto à redução do consumo excessivo de energia foram desligadas duas máquinas frigorígenas nos horários de ponta (18:00- 21:00) e também foi realizada a subs-tituição de duas máquinas frigorígenas de 1490 kw por duas de 900 kw. Para a redução do consumo de água foi feita a reutilização da água de resfriamento das linhas integradas (acabamento), nas linhas de tingimento.

Indicadores: a) Geração de resíduos;b) Consumo elevado estopa crua e de ourela de corte;c) Gastos excessivos de energia elétrica e água.

Benefício econômico- Economia de US$76 mil/ano Redução do índice de estopa crua de 0,63 para 0,46%, equi-valente a 35 t/ano.;- Economia de US$61 mil/ano com a redução do índice de ourela de corte de 1,84 para 1,64%, equivalente a 46 t/ano;- Economia de aproximadamente US$ 2667/mês com a conta de energia elétrica e de US$31600/mês (590 kw/frigorígena) com a redução do uso de freon;- Economia de 20m3/h de água captada equivalente à US$ 1300/mês.

Benefício ambiental- Redução do consumo de água e energia elétrica, bem como a redução de resíduos sóli-dos gerados na etapa de engomagem.

Page 51: Produção mais Limpa em Confecções

51

5.8. ESTUDO DE CASO 8 - Instalação da válvula moduladora da vazão de vapor na lavadora de tecidos

DescriçãoNeste caso buscou-se a redução de água e lenha no processo de lavagem dos tecidos, através da instalação de uma válvula moduladora da vazão de vapor na lavadora.

Indicadoresa) Consumo de água por produto na lavadora;b) Consumo de lenha por produto.

Benefício econômicoR$ 82.217,85/ano.

Benefício ambiental - Redução do consumo de água e da geração de efluentes líquidos da etapa em 46% e do consumo de lenha para a geração de vapor em 45%.

6. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

A gestão de resíduos no setor de Confecção deve ser dotada de uma visão sistêmica e abran-gente, visualizando as relações de causa e efeito, com suas inter-relações entre recursos cap-tados e valores obtidos. Esta visão permite uma análise nos cenários a curto, médio e longo prazo, caracterizando os objetivos da empresa e suas estratégias para atingi-los.

As decisões técnicas e econômicas tomadas em todas as fases do resíduo desde a sua geração, o manuseio, o acondicionamento, o armazenamento, a coleta, transporte, trata-mento e a sua disposição final, devem basear-se na classificação do resíduo, em função dos riscos que apresentam ao homem e ao meio ambiente.O quadro 24 apresenta a classificação dos resíduos do setor de Confecção conforme NBR 10004/04

Quadro 24 – Classificação dos resíduos da ConfecçãoTIPO CLASSE

Retalhos tecidos II A

Aparas de tecido II A

produtos rejeitados II A

sobras aviamentos II A

EPIs usados II A

óleo lubrificante usado I

Graxa usada I

Vapores solventes I

rebarbas de máquina II A

sobras de lanche. II A

embalagens danificadas II A

peças usadas II A

ferramentas usadas II B

Paletes danificados II B

caixas plásticas danificadas II B

estopas contaminadas I

lixas usadas II A

cones de linha II B

Page 52: Produção mais Limpa em Confecções

52

6.1. ETAPAS DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

Reduzir na fonteA minimização de resíduos deve enfocar nas causas de sua geração. Abrange uma série de técnicas a serem utilizadas de modo a eliminar ou minimizar um determinado resíduo na própria fonte geradora. Dentre as principais técnicas ou medidas para minimização pode-se citar:- Substituição de matérias-primas;- Controle nos estoques de matéria-prima;- Modificação tecnológica;- Modificação de procedimentos e práticas operacionais.

Estas atitudes podem ser tomadas separadamente ou em conjunto.

Figura 45 – Controle nos Figura 46 – Tecnologia na Figura 47 – Tecnologia no estoques de matéria-prima limpeza de peças sistema de enfesto

Reciclagem A recuperação de materiais que apresentam algum valor comercial é, sem dúvida, uma forma atraente de se abordar os problemas de tratamento e disposição final de resíduos. Na confecção, a maioria dos retalhos e aparas têxteis é reciclado, gerando produtos arte-sanais ou reprocessado, formando fios artesanais e até tecidos para a própria confecção. São utilizados, ainda para enchimento de estofamentos, estopas, etc.

Figura 48 – Separação de tubetes de Figura 49 – Separação de cones de linha

tecido para reciclagem para reciclagem

Page 53: Produção mais Limpa em Confecções

53

Existem ainda problemas associados à recuperação e reciclagem de materiais. Talvez, o principal deles tenha origem na estocagem dos resíduos dentro da própria indústria, onde são indiscriminadamente misturados. Desta forma, o fato de um dado resíduo que apresente interesse econômico estar contaminado, dificulta e, muitas vezes, até exclui qualquer possibilidade de recuperação.

Identificação e seleção dos resíduosPara se estabelecer uma política de controle de resíduos é necessário definir o que vai ser controlado, ou seja, é preciso saber quais os resíduos que serão trabalhados.

A segregação e posterior identificação do resíduo deve ser a etapa inicial do trabalho. Com ela é possível evitar a mistura de resíduos e melhorar a qualidade daqueles que po-dem ser recuperados ou reciclados. Por exemplo: a segregação de tecidos por tipo de fibra valoriza o resíduo que pode ser utilizado no processamento de fios artesanais.

Figura 50 – Identificação e seleção por Figura 51 – Seleção dos resíduos conforme

tipo de resíduo Resolução CONAMA 275/01

A Resolução CONAMA N° 275 de 25 de abril de 2001, estabelece o código de cores e reco-menda sua utilização para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta se-letiva.

Quadro 25– Código das cores para coleta seletiva de resíduos

Padrão de Cores

AZUL Papel/papelão

VERMELHO Plástico

VERDE Vidro

AMARELO Metal

PRETO Madeira

LARANJA Resíduos perigosos

BRANCO Resíduos ambulatoriais e de ser-viços de saúde

ROXO Resíduos radioativos

MARROM Resíduos orgânicos

CINZA Resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de separação

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Caracterização e classificaçãoDeve-se agrupar em classes distintas os resíduos que possuem características semelhan-tes em função dos riscos que eles apresentam ao meio ambiente.

quantificação As quantidades produzidas e a freqüência de geração de cada resíduo são muitas vezes dados de difícil obtenção. É fundamental para esta etapa, o conhecimento do processo industrial que lhe deu origem.

Exemplo: as aparas de corte e retalhos devem ser segregadas e pesadas diariamente.

Figura 52 – Pesagem dos resíduos de tecido.

AcondicionamentoO acondicionamento depende de cada tipo de resíduo, forma de tratamento e/ou dispo-sição final e do tipo de transporte utilizado.

Sacos de tecido – rejeitos de tecidoSacos plásticos – plásticosAgulhas quebradas e objetos cortantes devem ser acondicionados em separado.

Figura 53 – Acondicionamento de retalhos. Figura 54 - Acondicionamento de plásticos.

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É definido como a área onde o resíduo fica depositado temporariamente até o seu trata-mento ou destino final. Na maioria das vezes os resíduos sólidos gerados na indústria são armazenados sem qualquer critério. Esta prática traz prejuízos tanto ao próprio industrial quanto ao transportador, uma vez que a forma de armazenamento interfere na determi-nação do tipo de transporte.

Na escolha de área onde o resíduo vai ficar depositado temporariamente até seu trata-mento e/ou destino final, devem ser observados os seguintes itens:- Deve ser de fácil acesso para os equipamentos de transporte;- Deve ter o acesso limitado;- Os resíduos devem estar devidamente identificados e dispostos em áreas separadas;- O local deve ser coberto e livre de intempéries.

Transporte O expedidor dos resíduos é a pessoa jurídica responsável pela contratação do transporte. O expedidor tem por obrigação, antes de efetuar o embarque da carga:- Conferir a licença da empresa contratada para o transporte;- Avaliar a disposição final a ser dada aos resíduos;- Avaliar a compatibilidade dos resíduos.

Disposição finalO processo utilizado para a disposição final de resíduos industriais é o aterro de resíduos industriais, que pode ser classificado em aterro classe I e aterro classes II. Esse processo consiste na disposição dos resíduos sólidos no solo (semelhante à prática com lixo domi-ciliar) que, fundamentado em critérios de engenharia e normas operacionais específicas, permite a confinação segura em termos de controle de poluição ambiental e proteção à saúde pública.

Figuras 55 e 56 - Impermeabilização do solo para disposição final de retalhos

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7. DúVIDAS FREqüENTES

a) O que significa Degradação Ambiental?

Processo gradual de alteração negativa do ambiente resultante de atividades humanas que podem causar desequilíbrio e destruição parcial ou total dos ecossistemas.

b) O que significa Produção mais Limpa?

É a melhoria contínua dos processos industriais, produtos e serviços, visando: - redução do uso de recursos naturais; - prevenir na fonte a poluição do ar, da água e do solo;- reduzir a geração de resíduos na fonte, visando reduzir os riscos aos seres humanos e ao ambiente natural.

c) Para implantar um Programa de Produção mais Limpa é necessário contratar uma consul-toria externa?

Não é necessário, mas com certeza a implantação ocorrerá de forma mais sistemática e a probabilidade de sucesso é maior. A implantação do programa de PmaisL é realizada pelos funcionários que fazem parte do Ecotime, o consultor coordena e direciona os tra-balhos do Ecotime.

d) Se Produção mais Limpa é tão bom porque todas as empresas não empregam essa meto-dologia?

Essa é uma questão importante e curiosa. Pois a PmaisL torna a empresa bem mais eficaz, gera menos resíduo e com isso acaba tento benefício econômico. Dois fatores importantes podem ser citados;

Divulgação: PmaisL é uma metodologia relativamente recente e ainda não foi amplamen-te divulgada.

Complexidade: Outra questão relevante é o fato de não ser tão simples assim a sua im-plantação. Necessita haver uma mudança cultural dentro da empresa e na cabeça dos seus funcionários, para que se obtenha sucesso e isso é complexo. As oportunidades de melhoria devem ser extraídas dos próprios funcionários, mas para isso necessita-se que eles tenham interesse em fazê-lo. Muitas empresas ainda consideram mais simples man-dar os seus resíduos para um destino desconhecido, independente do impacto ambiental que isso possa gerar. No entanto com o passar do tempo e com um número crescente de estudos de casos práticos que estão sendo divulgados espera-se que a procura pela apli-cação de PmaisL cresça bastante.

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e) Como manter um Programa de PmaisL?

O desafio em manter um programa de PmaisL está no comprometimento da adminis-tração e envolvimento dos funcionários. É obrigação da alta administração criar formas de incentivo para que os seus funcionários criem freqüentemente as oportunidades de melhorias. Com isso a cultura da prevenção, da não geração, se propaga rapidamente e o processo se torna contínuo passando a fazer parte das atividades diárias de cada um.

f ) O que é Gestão Ambiental?

É parte da gestão global relacionada aos impactos ambientais, objetivos e metas ambien-tais e política ambiental das organizações.

g) Quais os principais benefícios de um Programa de Gerenciamento dos Resíduos?

Muitos são os benefícios da empresa, dos participantes do programa e da sociedade. Os principais, são;- adequação a legislação;- menor impacto ao meio ambiente;- a empresa limpa, organizada e com boa segurança no trabalho;- o marketing positivo que essa condição gera em relação à comunidade;- oportunidades de melhorias no processo. Só se enxerga a origem dos resíduos gerados quando se segrega! E só se concebe ver a ineficiência dos processos quando se enxerga a quantidade de resíduo gerado.- benefício econômico, pois inúmeras oportunidades de ganhos econômicos surgem e são possíveis de serem executadas com sucesso.

h) Como saber se as transportadoras são licenciadas ou adequadas para fazer o transporte dos resíduos?

Nos órgãos ambientais competentes existem listas de transportadoras licenciadas.

i) Qual a economia quando se recicla uma tonelada de papel?

Cada tonelada de papel reciclado poupa em média 60 eucaliptos adultos, 2,5 barris de pe-tróleo, 50% de água usada na fabricação normal (30.000 litros), o volume de cerca de 3 m³ de espaço nos lixões e aterros. A reciclagem de papel também gera 65% menos poluição da água e 26% menos poluição do ar.

j) PmaisL pode ser aplicada em Confecção?Sim. Os benefícios são muitos e contribuem com a redução no custo de processo, mas o mais importante é que capacita os trabalhadores em busca constante na melhoria do

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processo produtivo e eliminação de desperdícios. A maioria dos trabalhadores que são capacitados na metodologia de PmaisL, leva estes benefícios para a vida pessoal elimi-nando quaisquer desperdícios em energia elétrica, torneiras abertas, escolha de produtos e serviços para evitar resíduos, entre outros.

k) Pequenas Confecções onde o proprietário trabalha na produção terão resultados na im-plantação de PmaisL?

Sim. Mesmo quando o próprio dono realiza o corte de tecidos e considera que o apro-veitamento é o máximo, pode obter grandes resultados. A maioria dos desperdícios não é intencional, e uma vez estabelecido o Ecotime, ainda que seja de duas ou três pessoas, incentiva a troca de idéias e, a fundamentação dos dados através dos indicadores identifi-ca muitas oportunidades de melhorias.

l) Como a metodologia PmaisL pode reduzir o consumo de tecidos?

O Ecotime inicia suas atividades através do fluxograma do processo, identificando os seto-res e máquinas que geram os desperdícios. A segunda etapa é a quantificação de retalhos e aparas de corte geradas por dia. Após saber quanto é desperdiçado o Ecotime estabele-ce indicadores e inicia a implantação das melhorias juntamente com todos os envolvidos no processo. Os resultados somente serão obtidos com o comprometimento de todos os trabalhadores pois são eles que darão continuidade ao trabalho implantado.

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REFERÊNCIAS

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LOBO, Augusto - IMIT (Iniciativa para a Modernização da Indústria Têxtil) — Programa

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ITCB - International Textiles and Clothing Bureau (www.itcb.org/)

ATMI – American Textile Manufacturers Institute (www.atmi.org/)

OTEXA - Office of Textiles and Apparel (www.otexa.ita.doc.gov)

AFMA – American Fiber Manufacturers Ass, Inc. (www.fibersource.com/afma/afma.htm)

EURATEX - The European Apparel and Textile Organization (www.euratex.org)

INTERNET, USA Environmental Protection Agency (EPA), 2001. (http://www.epa.gov)

No âmbito nacional destacam-se as seguintes principais entidades setoriais/patronais:

ABIT - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (www.abit.org.br)

ABRAVEST - Associação Brasileira do Vestuário (www.abravest.org.br)

SINDITEXTIL Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem em Geral - Carta Têxtil (www.sinditextil.org.br)

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GLOSSÁRIO

Coleção: Conjunto de peças de moda de melhor qualidade, com características semelhan-tes, ou criadas para determinada estação do ano, por um mesmo estilista ou empresa.

Encaixe: é o efeito da distribuição dos moldes em uma matriz que será utilizada como referência para o corte. Pode ser feita em papel ou no próprio tecido.

Enfesto: na indústria têxtil é um método de enrolar o tecido dobrado de ourela a ourela, na indústria de Confecção é o sistema de empilhar as folhas de tecido para o corte.

EPI: equipamento de proteção individual

Gestão: [Do latim gestione] Ato de gerir ou administrar um empreendimento; gerência, administração. Gestão de negócios.

Gradação: refere-se à construção de moldes para determinada peça, em diferentes tama-nhos, de acordo com a tabela de medidas, correspondentes a manequins como p-m-g, 40-42-44 etc.

Leiaute: Forma aportuguesada de lay-out. É um desenho que permite visualizar a estru-tura física da empresa, destacando a disposição e aspectos principais de seus setores, má-quinas e equipamentos.

lay-out: Ver leiaute

Malha: malhas são tecidos produzidos com base em métodos de formação de laçadas. Embora se desconheça a data da descoberta do método manual de fazer malha ou tri-cotar, recentes descobertas de tecidos de malha no Egito, provam que este método já era conhecido no século V a.C. É de notar no entanto que o 1º tear de malha surgiu nas Inglaterra em 1589.

Máquina de Costura: máquina projetada para unir pedaços de tecido ou pele com laça-das ou pontos de cadeia.

A laçada utiliza dois fios de linha e o ponto de cadeia apenas um.

A maioria das máquinas de costura modernas utiliza dois fios separados para formar uma laçada. O fio superior passa através de um buraco situado na ponta da agulha. O fio infe-rior sai de uma bobina ou carretel e une-se ao fio superior, enlaçando-se ou retorcendo-se, com o movimento horizontal ou rotativo da bobina.

Além de vários modelos de máquinas domésticas, há cerca de 2 mil tipos diferentes de máquinas de costura industriais.

Tanto as domésticas quanto as industriais podem estar equipadas com microprocessado-res para executar seqüências automáticas de operação.

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Abaixo alguns tipos de máquinas de costura industriais:

Ziguezague - Utilizada para rebater elásticos em lingerie, unir partes de couro, bordar, pregar zíper;

Reta - Utilizada como equipamento básico para todo tipo de vestuário;

Overloque - Utilizada para fechamento ou acabamento;

Interloque - Utilizada para fechamento em tecidos médios a pesados (jeans);

Galoneira - Equipamento direcionado para uso industrial no segmento de malharia. Utili-zada para bainhas, aplicação de galão ou viés, costuras decorativas e outras

Matriz: é a folha que contém todo o risco com o encaixe de moldes. Pode ser em papel ou em tecido.

Modelagem: Ato de modelar criando moldes das partes que formam determinada peça damoda, segundo medidas precisas e apropriadas ao modelo. Na costura, a modelagem individual difere da modelagem industrial pelo número de partes de uma mesma peça.

Atualmente recorre-se, para maior precisão, ao auxílio de máquinas automáticas e com-putadorizadas para o corte

Modelista: Profissional da área de design de moda que, a parti r da criação de um estilista, cria e desenvolve modelos, seus respectivos moldes e sistemas de montagem de peças de roupas.

Moulage: Palavra que define uma técnica de modelagem feita diretamente com o tecido sobre o corpo ou manequim apropriado. Só depois a criação é desenhada e os moldes, confeccionados, para reprodução da peça

Não-Tecidos (“Non Woven”):- são obtidos diretamente de camadas de fibras que se prendem umas às outras por meios físicos e/ou químicos, formando uma folha contínua. O nome “Não-Tecido” é devido aos mesmos serem feitos por processos sem a utilização do tear

Ourela: orla de uma peça de tecido. A ourela apresenta a qualidade do trabalho na tece-lagem e é vista como referência da empresa.

Patente: (Ln.) Título de propriedade concedido de forma oficial, porém temporária, à pessoas, empresas ou instituições responsáveis por uma obra criativa ou invenção, que concede à elas o direito exclusivo de explorar a obra para fins comerciais. (Ver Marca, Pro-priedade Industrial, Propriedade Intelectual).

Peça Piloto: Primeira peça produzida de uma determinada peça. É usada para demons-tração junto a produção, para aprovação do modelo. Usada para realização de diversos tipos de testes ou para servir como referência visual na execução de outras cópias.

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Pilha: é etapa onde todas as folhas de tecido estão enfestadas com o risco sobreposto e prontas para o corte.

Piloteira: Costureira encarregada de confeccionar a peça piloto de determinada peça.

Retalho: Partes de tecido que sobram durante o processo de corte e têm origem nas pon-tas de peça ou por defeitos do próprio tecido.

Aparas de Corte: São as partes pequenas de tecido que sobram durante o processo de corte e têm origem no encaixe das modelagens.

Sistema de Produção em Lotes: São sistemas de planejamento, juntando referências de vários pedidos ou ordem de produção com o objetivo de aumentar a quantidade de pe-ças de um mesmo modelo na linha de produção.

Tecido plano: formado pelo entrelaçamento de fios perpendiculares, ou seja, os fios do comprimento (vertical-URDUME) entrelaçam-se com os fios da largura (horizontal-TRA-MA), compondo o tecido.

Tecidos Sintéticos: o processo de produção do tecido utiliza as fibras sintéticas, oriundas da transformação da nafta petroquímica, um derivado petróleo. Este fio pode ser consti-tuído por um alto número de filamentos, sendo sua classificação feita através do sistema DTEX (peso em gramas de cada 10.000 metros de fio).

Tecidos Naturais: tecidos produzidos com fibras ou fios naturais, que são obtidos direta-mente da natureza e os filamentos são feitos a partir de processos mecânicos de torção, limpeza e acabamento. Podem ser obtidos a partir de frutos, folhas, cascas e lenho. As principais plantas têxteis são: o Algodoeiro (fibra de algodão), a Juta (para fazer cordas), o Sisal (parecido com o linho), o linho (caule com filamentos rígidos) e o Rami (também muito utilizado como o linho).

Tendência: Inclinação de certo grupo de pessoas no que diz respeito a comportamento, consumo ou estilo de vida, detectada em pesquisas de mercado. Serve de referência ao design, sobretudo no campo da moda.