PRODUÇÂO DE TEXTO : GENERO E-MAIL · em apostila para acompanhamento diário dos alunos. ... O...

22

Transcript of PRODUÇÂO DE TEXTO : GENERO E-MAIL · em apostila para acompanhamento diário dos alunos. ... O...

PRODUÇÂO DE TEXTO : GENERO E-MAIL

Autora: Susi Helena Monteiro Vieira Campanhã1

Orientadora:Fernanda Brener2

Resumo Este trabalho relata uma pesquisa sobre a utilização de uma sequência didática, fundamentada nos conceitos teóricos do Interacionismo socio-discursivo, que utiliza o gênero textual E-mail no ensino de Língua Inglesa em uma escola da rede pública. Foi estudada a implementação desta abordagem didática durante dezoito horas/aula no Colégio Estadual Vicente Rijo, da cidade de Londrina, com alunos do segundo ano do Ensino Médio, com idades entre quinze e dezoito anos e utilizou, como recursos didáticos específicos, um caderno individual com a sequência didática e um laboratório de computação. Através da produção avaliativa final dos alunos, que foi bem sucedida, podemos inferir que a sequência didática pesquisada é viável e eficaz e pode, efetivamente, ser aplicada durante as aulas. Destacamos a importância do trabalho com gêneros textuais e ressaltamos que o processo utilizado neste estudo pode ser estendido por todos os professores envolvidos no Ensino de Língua Estrangeira como uma nova forma de ensino e aprendizagem.

Palavras Chaves: Ensino de língua Estrangeira. Gênero textual. Leitura. E-mail

1 Introdução

O trabalho de pesquisa sobre a sequência didática está vinculado ao

Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do Estado do Paraná. O

programa é voltado a professores de educação básica, integrado às atividades de

Formação Continuada em Educação no Estado do Paraná, através de ações teórico-

práticas orientadas, que resultam numa produção de material didático, seguida de

uma implantação na escola pública para intervenção pedagógica. O programa

disponibiliza apoio pedagógico e meios tecnológicos para que os participantes

obtenham resultados com uma visão mais produtiva e consciente na prática escolar.

Seu objetivo é que os professores participem e adquiram subsídios teórico-

pedagógicos e reestruturem a sua prática na sala de aula no processo de

escolarização (PARANÁ, 2008)

Nos últimos anos tem havido um crescente interesse em relação ao

estudo de gêneros no contexto de sala de aula (RICHARDS, 1998; ALMEIDA FILHO,

1.Pós graduada pela Universidade de Londrina, professora rede pública Colégio Vicente Rijo

2. Professora Mestra no Departamento de Línguas Estrangeira Moderna da Universidade de Londrina

2

2000; CRISTÓVÃO, 2004). Muito se tem discutido a respeito de como trabalhar

textos e gêneros nas escolas (DOLZ, SCHNEUWLY, 1998). Essas pesquisas

disponibilizam aos professores referenciais teórico-metodológicos que subsidiam o

ensino da Língua Estrangeira às instituições públicas estaduais.

Encontra-se nas salas de aula uma forte resistência dos educandos

em relação à leitura e produção de texto, principalmente em Língua Estrangeira. O

caminho para estudar gêneros através do E-mail pareceu fornecer a solução para o

problema. A decisão de trabalhar gênero é um grande desafio tanto para professores

quanto para alunos, embora atualmente haja um crescente interesse na aplicação de

gêneros textuais em concursos, provas, vestibulares e em nossas diretrizes

curriculares.

O objetivo deste trabalho é a produção do gênero E-mail com a

utilização do computador, e da criação de um endereço eletrônico através da

aplicação de sequência didática. O uso de E-mail como forma de comunicação

sócio-cultural pode levar o aluno a refletir quanto à sua produção escrita, uma vez

que, possivelmente, o correio eletrônico seja o meio de comunicação mais utilizado

na sociedade atual.

Tal pesquisa visa contribuir para a melhoria da qualidade de ensino,

utilizando produções de textos e gênero como referência. Espera-se participar de

momentos em que se possa encorajar o aluno a pensar, a trabalhar e a conhecer

novas culturas, possibilitando um relacionamento respeitoso, num processo ativo e

participativo. Decorrente desta noção, o professor deve incorporar gêneros como

sua prática de ensino, pois acredita-se que seja o caminho para que o ensino e a

aprendizagem de língua estrangeira na sala de aula torne-se significativo e que

tenha uso e função social.

Para a execução do projeto, foi apresentada uma sequência didática

contendo as atividades elaboradas de acordo com a teoria abordada, transformada

em apostila para acompanhamento diário dos alunos.

Foi escolhida uma turma de 2º ano do Ensino Médio. Cada aluno

recebeu seu caderno com a sequência, material autêntico de E-mails e atividades

com espaço para serem executadas. O educando participou igualmente de aulas no

laboratório de informática. A sequência foi dividida em cinco partes, chamadas de

STEPS. Durante 18 aulas, os alunos tiveram oportunidade de conhecer gênero

através do E-mail, fazendo uso do computador na sua produção.

3

Procurou-se trabalhar com os alunos de forma a levá-los a entender

os passos da sequência didática organizados em como ler e escrever E-mails. Ao

final da sequência, os alunos foram capazes de ler e produzir E-mails no

computador.

O presente artigo narra a implantação da sequência, observando e

refletindo sobre cada passo das 18 horas/aulas na escola e a produção final.

2 Fundamentação Teórica

Comunicar-se em Língua Estrangeira, segundo as Diretrizes

Curriculares da Educação Básica (PARANÁ, 2008) constituiu-se em prioridade na

Rede Pública Estadual, desde a década de 1970. Contudo, professores e a

Secretaria de Estado da Educação reconhecem os desafios de tal objetivo.

Nesse sentido, buscam constantemente fundamentos teórico-

metodológicos para subsidiar, efetivamente, o ensino de língua estrangeira no

processo de escolarização. Para tanto, basta que se observe o número de cursos

oferecidos pela SEED, durante todo o ano, visando aprimorar e incentivar novos

eventos, tais como oficinas descentralizadas, capacitação de professores, grupos de

trabalho em rede (GTR), estudos a distância (EaD) etc.

Atualmente, pesquisas são desenvolvidas na tentativa de renovar as

propostas e obter-se um aprendizado mais efetivo (PEZENTE, 2005; CRISTÓVÃO,

2010; BRONCKART, 1999). Estas pesquisas, notadamente, disponibilizam para os

professores, referenciais teórico-metodológicos que subsidiam o ensino da Língua

Estrangeira, no processo de escolarização, da rede pública. Permite, por

conseguinte, que o professor esteja continuamente atualizado, preparado e atento

às novas perspectivas e idéias.

A noção de gênero textual em que se baseia este artigo, deriva do

interacionismo sócio-discursivo (ISD) de autores como Bronckart (1999), Machado

(2002), Schneuwly e Dolz (2004). Esta teoria evidencia que, cada vez mais, há

necessidade de se fornecer “ferramentas” para o ensino. Desta forma, ao fazer uso

de uma nova prática, o professor fornecerá condições para que o aluno se expresse,

interaja e aja adequadamente com a linguagem, em diferentes situações.

No ISD as propriedades das condutas humanas resultam de um

processo de socialização que possibilita, em especial, o desenvolvimento da

4

linguagem e de suas capacidades reflexivas, manifestadas através dos gêneros

textuais (CRISTOVÃO, 2006). Trata-se de uma teoria que concebe as condutas

humanas como “ações situadas cujas propriedades estruturais e funcionais são,

antes de mais nada, um produto da socialização.” (BRONCKART, 1999, p. 13).

As ações são mediadoras do social e interagem com determinado

valor e conceitos. Isto porque, gêneros textuais são formas variadas de enunciados

que expressam e possibilitam a comunicação com o mundo. Para Bronckart (2003

p.137),

Os textos são produtos da linguagem em funcionamento permanente nas funções sociais em função de seus objetivos, interesses e questões específicas, essas formações elaboram diferentes espécies de textos que apresentam características relativamente estáveis, justificando-se que sejam chamados de gênero de texto.

Nesse sentido, os gêneros textuais apresentam características

sócio-comunicativas, definidas por estilo, função, composição, conteúdo e canal.

São imagens e escritas que expressam algo, como em artigos, receitas, e-mails etc.

O uso dos gêneros textuais é uma inovação no ensino de língua

inglesa, através dos quais, os alunos podem compreender melhor as constituições e

funções de diferentes situações.

De igual forma, permite uma maior comunicação e ação no mundo

onde o aluno pode ver e ler gêneros autênticos, escrever e produzir um texto escrito

ou oral, onde a capacidade de leitura e escrita é aplicada e mobilizada. A esse

respeito, Marcuschi (2005, p. 35) assinala que “[...] o trabalho com gêneros textuais

é uma extraordinária maneira de se lidar com a língua em seus mais diversos

aspectos no dia a dia”.

Considerando que os alunos ainda não tenham conhecimento sobre

gênero através do ISD, eles estarão desenvolvendo a produção e as capacidades de

leitura e escrita de que precisam, para interpretarem e comunicarem-se através

deles. Desta forma, é importante que o aluno descubra novas perspectivas de

comunicação usando os gêneros textuais. Assinalam Schneuwly e Dolz (1999, p. 6)

que “é através dos gêneros que as práticas de linguagem encarnam-se nas

atividades dos aprendizes”.

5

Os gêneros de texto são formas relativamente estáveis e variáveis.

“Estudar o funcionamento da linguagem como práticas sociais significa analisar as

diferenciações e variações, em função de sistemas de categorizações sociais á

disposição dos sujeitos observados.” (SCHNEUWLY; DOLZ, 1999, p. 5). A cada dia

que passa nos deparamos com novas organizações pedagógicas. A sociedade

mundial tem mudado a cada ano, dessa forma os gêneros textuais podem ser

organizados de forma adequada possibilitando uma comunicação ampla e eficaz e

as escolas podem acompanhar auxiliando os alunos.

É impossível comunicar-se sem que haja algum gênero; assim

como, é necessário o uso de um texto para se comunicar verbalmente. Os textos

aparecem sempre de alguma forma como gênero textual, por isso torna-se

necessário maior compreensão dos textos para melhor conhecimento e

funcionamento de sua produção.

O trabalho com o gênero textual favorece a escrita e a leitura. Dentro

da elaboração de textos, existem as escolhas onde se combinam as capacidades de

ação do ISD. É importante considerar que nem sempre os alunos estão preparados

para entender e desenvolver essas produções, onde envolvem as estruturas,

organizações gramaticais e as próprias capacidades de ação. Em virtude dessas

considerações, e seguindo-se as orientações da Secretaria de Estado da Educação,

é necessário que se ofereçam meios para que o aluno consiga atingir os objetivos

definidos ao materializar seu pensamento, produzindo textos, conforme o gênero

aplicado dentro da esfera escolhida (PARANÁ, 2008).

Desta forma, os alunos adquirem conhecimento cultural, social e

utilitário. Sob esse aspecto, valoriza-se o compromisso da educação dentro da

escola, provendo os meios necessários para que o aluno assimile os conteúdos,

como também, aprenda o processo de sua produção e suas tendências e as coloque

em prática, tornando-se crítico e conhecedor de seu trabalho.

São muitas as variáveis a serem consideradas quando se trata de

Ensino Médio – alunos mais críticos e exigentes, salas numerosas, heterogêneas e

que precisam de conhecimento prático. Segundo Damianovic (2006, p. 5) deve-se

“oferecer ao aluno a possibilidade de repensar suas atitudes em relação ao processo

de escolha das ações de linguagem a serem feitas em seus momentos de lazer,

trabalho ou estudo.”

6

Com o adolescente, é necessário usar linguagem própria e obter um

resultado adequado. Na opinião de Bronckart (1999, p. 103) “[...] o adolescente

precisa de sustentação presente no seu dia a dia, é preciso se enquadrar em um

processo de socialização muitas vezes, integrando-se em seu universo”.

A cada dia, o professor surpreende-se com as narrativas de seus

alunos sobre os fatos vivenciados, fora ou dentro da sala de aula. Partindo desse

pressuposto, Bonini (2001 apud CRISTOVÃO; NASCIMENTO, 2004, p. 21) afirma

que, “[...] ao selecionarmos os gêneros a serem trabalhados na escola devemos

permitir ao aluno que usem uma linguagem condizente com sua realidade e com

seus objetivos pessoais”. Ou seja, é importante estipular determinados gêneros ou

textos que estejam coerentes, com a vivência, maturidade e realidade do aluno.

Publicações atuais mostram a aplicação desta abordagem de

ensino, baseada em gêneros, como é o caso dos autores Cristovão e Nascimento

(2004, p.19). Para elas, “a aprendizagem de línguas (materna e estrangeira) deve

incorporar em sua prática o ensino sistemático das capacidades de linguagem que

cada gênero envolve”.

Por meio deste princípio, propôs-se uma unidade didática, cujas

atividades tiveram como objetivo ensinar um determinado gênero, desenvolvendo as

capacidades de linguagem, envolvidas na produção de leitura e escrita de textos.

Em consonância com essa proposta, Cristovão (2007, p. 14) afirma que [...] quanto

ao tema escolhido para desenvolvimento das atividades com o gênero em sala de

aula, ele deve ser suficientemente interessante e permitir a emergência de posições

das capacidades dos alunos.

O emprego da teoria dos gêneros proporciona melhor

desenvolvimento da leitura, da expressão oral e a escrita. Observa-se que um

depende do outro, portanto, é necessário após a leitura do texto, verificar a

sequência didática e considerar as capacidades abordadas (BRONCKART, 1999

apud CRISTOVÃO, 2007, p.13; DOLZ; SCHNEUWLY, 1998) classifica as

capacidades em três tipos: de ação, discursivas e linguístico-discursivas.

A capacidade de ação evidencia a relação direta com o gênero, o

social e a vivência do dia a dia. Produz, compreende e interpreta. É um conjunto

organizado de enunciados orais e escritos. O sujeito precisa adaptar-se as

características do contexto e do referente (SCHNEUWLY; DOLZ, 1999).

7

Por sua vez, a capacidade discursiva encontra-se presente na

linguagem. Diz respeito as escolhas relacionadas com a estrutura que o discurso

pode ter. Permite portanto, a escolha do tipo de discurso (gênero) e suas sequências

textuais, além da elaboração de conteúdos.

A capacidade linguística acha-se presente no sistema da língua, ou

seja, suas estruturas, mecanismo estrutural (verbo, oração, período, expressão,

itens lexicais etc.).

Em linhas gerais, o professor deve planejar as atividades conforme o

perfil da turma e seus objetivos. O importante é trabalhar a leitura e a escrita dentro

do contexto da língua e do gênero escolhido. À guisa de exemplo, cita-se a internet

onde é necessário apresentar vocabulários, expressões pertinentes a realidade

encontrada no meio tecnológico (CRISTOVÃO, 2007).

Assim, trabalhar com as capacidades em gênero textual, envolve

vários aspectos. Segundo Cristovão (2007, p.107) é necessário “superar grandes

obstáculos para transpor aquilo que a literatura científica lhes propõe para a prática

didática”. Convém ressaltar, que os gêneros precisam ser adaptados e

reorganizados para uma nova abordagem. Deve-se mostrar ao aluno a noção de

gêneros discursivos e suas funções e, por conseguinte, envolvê-los na leitura, onde

poderão definir os gêneros e determinar a forma mais adequada para a sua

compreensão.

Ao identificar palavras durante a leitura, poderão ter conhecimento

de sua organização textual, formas sintáticas, morfológicas etc. A partir da leitura e

sua análise inicia-se, então, a escrita e sua produção. Como explica (TEIXEIRA,

2009, p. 565) “[...] devemos apresentar gênero textual E-mail na escola como uma

possibilidade de despertar o interesse pela escrita numa situação real”, onde o aluno

possa se envolver com a escrita e o produto final.

O Gênero E-mail (Eletronic mail) ou correio eletrônico, segundo

escreve Paiva (2004, p. 68) “[...] é um novo canal de mediação de gêneros já

conhecidos que agrega características de bilhete, carta, informalidade, rapidez e tem

a possibilidade de colocar em contato pessoas geograficamente distantes.” Em

linhas gerais, o E-mail possui características de carta, mas também, pode ser usado

para recados, circulares, notícias de jornais etc. Sua escrita é bem peculiar, rápida,

geralmente informal, podendo aparecer abreviações, apelidos e o uso de uma

símbolos próprios como emoticons e acrônimos.

8

O E-mail tem se tornado uma constante, alterando a vida das

pessoas que, através dele, interagem social e culturalmente. Além da comunicação

e facilidade de escrita, tem ajudado no dia a dia e na educação, de forma geral.

Além do que, oferece possibilidades no domínio da língua inglesa, podendo ser

enviado a todas as partes do mundo favorecendo o contato entre culturas distintas.

Contudo, deve ser usado como instrumento educacional, onde o professor deve

trabalhar com ética, visando a formação do cidadão, discernindo o social e o virtual.

O gênero textual E-mail é um instrumento comunicativo, dentro da

realidade atual e de acesso fácil, pois a maioria dos alunos possui computador,

celular ou outros equipamentos eletrônicos, presentes, inclusive, na escola que

frequenta. A esse respeito, explica Teixeira (2009, p. 566) “[...] podemos esclarecer

sobre a importância do saber produzir um texto com as suas especificidades do

gênero e a função social do mesmo”.

O propósito da comunicação pode variar muito conforme o grau de

intimidade entre os interlocutores. Segundo Paiva (2004), o E-mail tem exercido forte

influência nas relações humanas, cidadania e na educação, além do dia a dia. O E-

mail na sala de aula faz com que se desperte mais o interesse pelo inglês, uma vez

que há interação de nacionalidades, isto porque, precisa-se aprender a interagir com

as pessoas de outra cultura em língua estrangeira. Como usuários terão que

aprender a fazer uso dos meios tecnológicos (endereços, servidores, enviar e

receber mensagens etc.). As mensagens são redigidas e enviadas simultaneamente,

exigindo que o aluno seja rápido para pensar e agir. “[...] o E-mail gerou uma

revolução nas relações humanas, especialmente na área educacional, e merece ser

mais estudado.” (PAIVA, 2004, p. 68). Portanto, é preciso que o professor esteja

aberto às novas mudanças e atento a esse novo gênero.

Dessa forma, no contexto escolar, espera-se que o aluno consiga

fazer sua produção conforme o gênero mencionado, agir e interagir de forma

consciente e reflexiva, utilizando a língua inglesa, independente de sua língua

materna.

9

3 Análise de Dados

Trabalhar com gênero é lembrar que o mesmo se trata de “um

mecanismo fundamental de socialização, de inserção prática nas atividades

comunicativas humanas.” (BRONCKART 1999, p. 103). As atividades na sala de

aula permitiram aos alunos perceber a importância dos gêneros não só no contexto

escolar, mas também como importante ferramenta para suprir suas necessidades

comunicativas atuais, auxiliando-os e integrando-os no processo de socialização.

Percebeu-se uma certa resistência por parte de alguns educandos, atitude atribuída

à falta de maturidade ou ao desconhecimento dos objetivos do projeto. Surgiram

alguns questionamentos, tais como:“vai valer nota?”,“é obrigado a fazer?”, “tem que

fazer pesquisa?....”(sic), respondidos a contento.

Os alunos não estavam envolvidos com a proposta de ensino, sendo

necessário, portanto, explicitá-la. Verificou-se que os alunos não valorizam o

processo de aquisição de conhecimento, e há falta de consciência acerca da

necessidade do aprendizado, que não é considerado importante para muitos deles.

Imaturidade também é um fator que deve ser levado em conta, devido a diferenças

de idade, nível social e cultural de cada um.

É necessário levar os alunos a interagir e a conhecer mais essa

abordagem, fazendo com que se envolvam e tomem consciência sobre as

operações de linguagem. Dessa forma, terão oportunidade de serem protagonistas e

desenvolver as capacidades de linguagem (ação, discursiva e linguístico-discursiva)

e poderão produzir as atividades com maior reflexão e disposição.

Um dos objetivos de se trabalhar com computador foi o de levar o

aluno a fazer a interação entre o gênero e seu uso; além disso, o de possibilitar

maior oportunidade de participação social, respondendo adequadamente em relação

ao gênero textual com o qual terá que lidar no futuro. Isso criou uma grande

expectativa, pois todos se empolgaram, perguntando como seriam divididos os

computadores, ou se poderiam ouvir músicas no laboratório. O elemento motivador,

naquele momento, mostrou ser a música e não a sequência didática. É vedado ao

aluno o uso de aparelhos tecnológicos na escola, embora se perceba um grande

interesse pela manipulação dos mesmos; assim, a fim de atender aos anseios dos

educandos, foi liberada a atividade musical no último dia de aula no laboratório.

Houve manifestação de entusiasmo quando souberam que estariam

10

fora da sala de aula em algumas ocasiões. Infelizmente, em função do grande

número de alunos em cada sala, o espaço não é suficiente para acomodar

adequadamente a todos, fato que provoca constantes pedidos para junção de

carteiras ou variação na disposição das mesmas. Daí, o interesse em trabalhar fora

de sala de aula. O laboratório tem sido um lugar almejado pelos alunos, e seria

interessante que a escola dispusesse de mais máquinas (há 30 computadores para

um total de quase 4.000 alunos). É um assunto que precisaria ser tratado com mais

atenção mas que ora não é o foco desta pesquisa.

Os alunos receberam o material didático e foram esclarecidos os

objetivos almejados com a abordagem dos temas, assim como a duração das aulas.

Tal instrumento pedagógico foi elaborado para melhor acompanhamento do

professor e cumprimento das atividades dos alunos. Trata-se de uma obra ilustrada,

com exercícios em Inglês e Português, apresentando toda a parte de vocabulário

técnico do computador e suas funções. Os alunos receberam o material e houve

manifestação de contentamento e surpresa, seguidos de perguntas como: Quem

fez?...Foi você mesmo professora?...Quanto tempo levou para ser concluído?...Que

imagens legais... etc.(sic). Os alunos não estão acostumados a receber material

diferenciado ou produção feita pelo próprio professor. A curiosidade e o respeito

foram notórios, apesar do mesmo fazer parte da implantação do projeto. Isso remete

à imagem que os alunos fazem do professor como mero transmissor e não como

produtor de conhecimento.

O conteúdo da sequência didática foi marcado por ampla exploração

do gênero E-mail com material autêntico e variado, quando os alunos tiveram a

curiosidade na identificação do que seria E-mail tão logo abriram o caderno. Foi

apresentado aos alunos o objetivo do gênero E-mail, e como faríamos todo o

processo do trabalho e também as atividades. Os exercícios preparados foram

desenvolvidos através das capacidades de ação, discursivas e linguístico-

discursivas, relatadas nas etapas abaixo.

No início das atividades em sala, trabalhou-se a contextualização.

Perguntas como: What is E-mail? (o que é E-mail? ),What do you know about it?(o

que você conhece sobre E-mail?), Have you ever thought about what those five

words mean? (você já pensou a respeito do significado dessas cinco letras?). Isso

criou uma agitação, pois tudo foi feito em inglês, e eles não estavam acostumados a

escutar o professor falando inglês. Foi necessário fazer uso da língua portuguesa,

11

mesclada ao inglês, até ter certeza de que todos estavam entendendo. Os alunos

não compreendiam, houve risos e conversas paralelas. Foi preciso mudar a

linguagem, sendo mais firme com os alunos. Expliquei a necessidade de estarem

atentos para compreenderem; continuei então a falar em inglês, mas percebi que

teria que agir diferente em relação a eles nas próximas aulas.

Perguntas e comentários foram surgindo à medida que as atividades

iam sendo desenvolvidas. Foi surpreendente o fato que eles tirem tão pouco

conhecimento sobre a função do E-mail, suas finalidades e termos técnicos próprios

ao gênero em foco. Parecia que sabiam digitar, mas sem saber o que significava

cada palavra, principalmente as em Inglês. A necessidade de usar os meios de

comunicação ou tecnológicos para os alunos, não visa o conhecimento real do uso,

ou a forma de manusear o equipamento, mas a troca de informação sócio-cultural

entre colegas e no mundo todo. Para os alunos, o importante é ter o equipamento e

fazer uso sem se importar em como fazê-lo. A realidade desta escola pública ainda é

precária em se tratando de laboratório aberto aos alunos. Infelizmente os alunos que

não têm acesso a computador (*) não têm forma de aprender a manuseá-lo.

Foi-lhes explicado que teriam como objetivos desenvolver a

habilidade de leitura, escrita, conhecer mais sobre a internet como meio de

comunicação, tomar ciência do gênero e suas funções e produzir E-mails com o uso

do computador. Logo em seguida, iniciou-se a segunda fase (Step Two) com a

capacidade de ação.

Perguntei aos alunos: Have you ever read E-mails? (você já leu

algum E-mail?) What kind?( de que tipo?), Have you ever sent any E-mail?(você já

lenviou algum E-mail?). Dessa vez, escrevi as questões no quadro, pois me pareceu

que eles poderiam entender melhor ao visualizar as palavras que seriam parecidas

com Português, não sendo necessário traduzir. A resposta foi bem mais animadora.

Alguns alunos disseram já estarem acostumados, outros que possuíam vários

servidores, e outros ainda que já tinham visto, mas nunca escrito. A aula seguiu

tranquila com a participação de todos. Verificou-se que os alunos não estavam

acostumados a escutar enunciados e, Língua Estrangeira. É necessário introduzir a

prática de falar em inglês no dia a dia, conforme os conteúdos básicos que

pertencem ás práticas da oralidade (PARANÁ, 2008, p. 76), cabe ao professor

introduzir a língua, tornando parte de sua rotina.

Foi interessante acompanhar os alunos analisando os E-mails

12

autênticos e os servidores apresentados que não eram conhecidos, pois são usados

nos Estados Unidos e África do Sul, surpreendendo mesmo os alunos familiarizados

com o uso de computadores. A partir desse momento, acredito que o interesse

mudou, principalmente quando um aluno disse: “Puxa, achei que seria uma coisa

chata que já estou cansado de ver, e no entanto tem um monte de coisa que a gente

não sabe (sic)”. Houve manifestação de outros rindo e dizendo a mesma coisa.

Nesse momento, novas informações foram oportunizadas, mostrando que as várias

partes do mundo podem se diferenciar em alguma coisa, mas que não impedem que

haja contato social nem cultural.

Foi uma grande abertura, os alunos ficaram entusiasmados em

contatar pessoas de outros países, imaginando encontrar novas descobertas

culturais. Isso aprofunda a justificativa de todo o processo em trabalhar gênero E-

mail descrito nas diretrizes:

Um dos objetivos da disciplina de Língua Estrangeira Moderna é que os envolvidos no processo pedagógico façam uso da língua que estão aprendendo em situações significativas, relevantes, isto é que não se limitem ao exercício de uma mera prática de formas linguísticas descontextualizadas. Trata-se da inclusão social do aluno numa sociedade reconhecidamente diversa e complexa através do comprometimento mútuo (PARANÁ, 2008, p. 57).

Ao prosseguir com as atividades, começaram a surgir as palavras do

cabeçalho do E-mail em Inglês: FROM, TO, DATE, SUBJECT. Alguns conheciam os

nomes, mas outros não se manifestaram. A curiosidade e a descoberta. Muitos

foram os questionamentos apresentados no caderno. Atividades de reflexão, como

por exemplo: Who has access to them?(quem tem acesso?) What kind of social

engagement do they allow?( que tipo de relacionamento eles permitem?) Why is it

produced, does it has a function?( por que é realizado? tem função? Which one?(

quais?). A medida que se faziam as perguntas, os alunos iam respondendo aquilo

que pensavam. O tempo foi curto, eles tinham muitas perguntas a serem feitas.

Também foram respondidas as atividades de reflexão no caderno após todas as

informações debatidas.

Todas as informações apresentadas em sala de aula neste STEP

foram desenvolvidas mostrando a visão do gênero E-mail. Quem pode participar ou

produzir, como se inicia, também o propósito de ser ensinado a quem não conhecia,

13

facilitou o ensino com suas especificidades. Acredito que a importância desse

gênero para sala de aula não apenas possibilita o trabalho com um gênero digital

que a cada dia tem se popularizado em nossa sociedade, mas também oportuniza

discussão sobre alguns aspectos da vida dos alunos tais como: “E quem não tem

computador, tem jeito de escrever isso também? Só pode ser em Inglês? Então vou

ter que estudar mais inglês pra poder escrever E-mail? Isso criou momentos de

reflexão sobre as capacidades reflexivas em relação ao social e a si mesmo, levando

o aluno a pensar e a se apropriar de seus conhecimentos. Uma nova possibilidade

se criou, dando oportunidade aos alunos agirem em outras situações de

comunicação específica alcançando seus objetivos, desenvolvendo suas

capacidades críticas, participativas através do uso de E-mail.

Dando inicio ao STEP 3, trabalhou-se a capacidade discursiva. É a

organização do E-mail que oferece a infraestrutura bem como sua elaboração e

permitiu ao aluno a sua produção.

As informações foram dadas acompanhando a organização da

atividade do caderno. Os alunos relacionaram os greetings, dates, numbers e outros

elementos dentro do E-mail. Conforme se apresentavam os elementos, as dúvidas

eram sanadas.

Antes de começarmos com o E-mail que seria analisado, os alunos

tiveram oportunidade de manusear o computador. Esta etapa não seria apresentada

no laboratório, entretanto nos foi concedida esta oportunidade. Assim que sentaram

frente a frente ao computador, as reações foram as mais diversas. Uns queriam

brincar, outros queriam entrar no facebook, outros nem mesmo sabiam como ligar o

aparelho. Foi preciso suspender o conteúdo programado para aquela aula e

trabalhar esse processo. Os alunos não estão acostumados a sair da sala de aula.

Houve necessidade de reflexão em relação a essas atitudes. Foi necessário intervir

com firmeza até faz fazê-los entender que tínhamos um objetivo definido. A

imaturidade era um fato real dentro desta turma.

A aula foi um pouco dispersa, cada aluno desconhecia alguma coisa.

Uns não sabiam vocabulário, outros desconheciam como manusear o computador,

ou mesmo como abrir o painel e ficaram agitados ao ver que a estrutura do quadro

E-mail estava em Inglês. Não sei se foi uma boa idéia levá-los tão cedo ao

laboratório; entretanto, apesar de levar mais tempo do que dispúnhamos, os alunos

saíram satisfeitos com o primeiro encontro com o computador em uma aula de

14

inglês. A aula foi muito difícil, em função do encontro conturbado. Acredito que os

alunos precisavam dessa oportunidade no laboratório; no entanto, seria interessante

que eles tivessem um pouco mais familiarizados antes de trabalhar o projeto. Para

tanto, seria necessário mais tempo, o que não seria possível na época.

Cada parte do quadro do E-mail foi apresentado, assim como Send,

Attach a File, Bcc, Cc, etc, sempre usando o termo em inglês, mas depois passando

a tradução quando não entendiam, mesmo após mostrar o quadro da tela. Alguns

realmente tinham dificuldade, pois era a primeira vez que faziam essa atividade. De

qualquer forma, gostaram muito.

De volta à sala de aula, tiveram contato com o E-mail a ser

trabalhado. Houve manifestação de desagrado em função do tamanho do E-mail,

que era muito longo. Também a dificuldade em trabalhar com o E-mail em virtude do

desconhecimento dos alunos quanto ao vocabulário, estruturas e elementos, que

faziam parte do cabeçalho, corpo e anexos dos E-mails.

Iniciou-se com os elementos básicos como: greetings, dates,

numbers, expressions, cities and vocabularies. Foi apresentada a organização de

um E-mail. Uma série de informações básicas eram desconhecidas, assim como:

colocar endereço antes de começar a escrever, ter datas e hora marcada no

cabeçalho. Foram muitas informações além do E-mail apresentado ter sido muito

longo, isso cansou um pouco os alunos. Também reclamaram dizendo que era muito

difícil entender. Deve-se levar em consideração que os alunos associam a

dificuldade de compreensão com a falta de conhecimento de vocabulário da língua

estrangeira com o desconhecimento do texto, no caso o E-mail. Contudo, a

orientação das atividades escolares através do desenvolvimento da leitura crítica

também pode ser entendida como uma forma de levar o aluno a agir, formar opiniões

e decisões. Tomada a consciência, os alunos continuaram as atividades que foram

concluídas posteriormente.

As perguntas das atividades foram feitas em português, conforme

estava na sequência didática. Elas variavam desde as mais simples, como: Onde se

encontra o destinatário (início, meio, fim); Como vem reproduzido?; Que tipo de E-

mail é esse? , até as perguntas em inglês como: “What does“ Hugs and Kisses mean

?” (o que significa abraços e beijos?). Os alunos demoraram para responder.

Fizeram muitas perguntas entre eles e para o professor, mas com bom êxito ao final

das atividades, conseguindo executá-las no caderno no tempo devido.

15

Muitos alunos haviam faltado no dia anterior e queriam saber o que

tinha acontecido, ficaram bravos porque não foram ao laboratório e queriam ir nessa

aula. Isso foi um problema enfrentado, uma vez que não há como repor aula para

quem falta e, com isso, ficaram com aquela parte da aula perdida. Muitos apenas

copiavam do colega sem mesmo saber o que estavam fazendo. Não tinha como

trabalhar com eles, pois do contrário levaria muito mais tempo para a implantação do

Projeto.

Um ponto desfavorável quanto à sequência didática é quanto ao

tempo que tivemos para a implementação. Cada detalhe é planejado. Todavia, há

sempre imprevistos durante a execução do trabalho. É difícil explorar as

capacidades discursivas com cada aluno. As preocupações e dificuldades divergem

de um para o outro. Cada aluno tem sua proficiência ou dificuldade, interesse ou

desinteresse. De qualquer forma, o tempo é o grande problema que se enfrenta.

Cada escola tem seu calendário minuciosamente elaborado e calculado; no entanto,

imprevistos acontecem devido a reuniões, paralisações escolares, assuntos técnicos

e mesmo a falta dos alunos em dias de chuva por exemplo. O ideal seria contar com

tempo ilimitado, no entanto não há liberdade para uma.

Uma outra limitação significativa que afeta a implementação da

sequência é a infra-estrutura da escola, pois os alunos que faltaram não puderam

fazer uso do computador, já que não é permitido usarem o laboratório de informática

sem prévia reserva do professor e nem sem a sua presença. É uma questão

burocrática da escola que diz respeito tanto a conservação das máquinas, quanto a

regulamentação do acesso ao laboratório. Como já foi mencionado, só há um

laboratório de informática com um número reduzido de computadores para um

grande contingente de alunos. Considerando a recente presença da tecnologia no

dia-a-dia, parece lógico esperar que a escola forneça situações e instrumentos para

que nossos alunos possam se preparar para a vida na sociedade atual.

Ao iniciarmos as atividades com emoticons e abreviaturas,

diferenciando o E-mail do formal (comercial, publicação cientifica...) do informal onde

podemos fazer uso de uma linguagem bem mais coloquial, um aluno comentou: “que

é bem mais fácil entender esse tipo de E-mail do que o profissional por causa das

palavras de tratamento e que eles são muito diferentes.” Os alunos não estão

acostumados a usar nome de tratamento ou vocabulário mais formal. O uso de gírias

e acrônimos devido a sites como MSN, Facebook, Twitter, permite uma linguagem

16

muito informal, regional e até mundial, onde as pessoas não usam a língua com

suas estruturas gramaticais. Para eles, o importante é se comunicar usando os

recursos próprios de suas crenças e modismo. A indiferença pela língua materna é

preocupante, levando os alunos a esquecerem quando estão usando a própria

língua ou uma segunda língua. Verifica-se em suas escritas e no linguajar cotidiano,

dentro e fora da sala de aula.

Após a leitura silenciosa, depois de levantados todos os dados,

passamos então para as atividades em grupos, onde os alunos fizeram uma lista de

emoticons ou acrônimos. Foi muito divertido e útil, eles escreveram em uma cartolina

e expuseram nos corredores da escola, com o título: Are you able to create any?

TRY SOME. (você é capaz de criar algum? Tente). Os alunos tiveram a

oportunidade de realizar atividades escritas e orais, fazendo uso constantemente da

língua para explicarem os significados do que haviam escrito.

Ao iniciarmos o STEP 4 da capacidade linguístico-discursiva, os

alunos já haviam estado muitas vezes em contato com o material, sendo que mais

da metade das atividades já tinham sido executadas. Eles comentavam que estava

passando rápido e que as outras salas também queriam fazer o mesmo trabalho.

Expliquei que o projeto pedia apenas uma turma para implementação, mas nada

impedia que no ano seguinte isso pudesse ser implantado também. Estavam

ansiosos para chegar o momento que estariam no computador. Podemos perceber

que a interação com o computador associada à percepção da aplicação prática do

exercício foi um elemento motivador da aprendizagem. Nesse contexto, a produção

escrita em língua inglesa tornou-se significativa.

As atividades linguísticos-discursivas basearam-se em expressões,

formas verbais, pronomes, adjetivos, estruturas gramaticais, além do vocabulário.

Foram usados os E-mails apresentados e lidos para as tarefas escritas, em

atividades como: “complete os espaços em branco”, “assinale a alternativa correta”,

“relacione as colunas”. As expressões foram trabalhadas, assim como o vocabulário

técnico do E-mail, para que os alunos pudessem deles, fazer uso posteriormente em

suas atividades. Muitas das expressões foram reconhecidas por alguns alunos

através de músicas que ouviram, assim como: “didn’t work out, stay out of trouble,

take care of, I wish all the best”, foi muito gratificante ver os alunos participando,

interessados, durante a aula.

Também faziam anotações em partes do caderno de algumas frases

17

que lhes interessavam, assim como: “It is so good to hear from you! Keep in touch!

Come to see me again! I miss you so much”. Imagina-se que façam uso de tais

expressões em seus próprios E-mails mais tarde. Nesse momento os alunos

aproveitaram para pensar mais em suas produções textuais, em que seria

necessário o uso desses itens para se expressarem, passarem informações ou pedir

informações, ou seja, para uma comunicação escrita efetiva dentro de um grupo

social. Desse modo, a atividade corrobora o que afirma Cristovão (2007 p.139) “Os

textos são produtos de atividade e são produzidos dependendo das necessidades,

interesses e condições dos grupos sociais.” A organização de um texto deve ser feita

de um modo que as necessidades sociais sejam atendidas conforme as capacidades

de linguagem de quem está escrevendo. No caso dos alunos, eles possuem suas

necessidades sociais e emocionais. O uso do E-mail é mais do que um meio

pedagógico em forma de gênero textual, é uma forma eficaz de aprender a língua

estrangeira, de promover maior interação entre os alunos e comunidade de

crescimento pessoal, de atividade lúdica e, claro, de intercâmbio sócio-cultural com

outros países, através do computador e meios tecnológicos.

STEP 5. Estas atividades foram divididas em três partes:

Atividade 1 - Nesta etapa os alunos já tinham estado no computador

aproximadamente três vezes. Estavam se preparando para fazer a atividade

avaliativa final. Fizemos uma divisão em grupos de três ou quatro. Eles tinham as

perguntas no caderno e apenas foram trocando idéias sobre todo o processo.

Perguntas como: Quem poderia escrever E-mails? Que tipo de linguagem usaria?

Qual a organização? Qual a relevância em nossos dias? Qual o objetivo? No final

eles fizeram uma observação daquilo que mais acharam importante durante o

processo. Cada um escreveu no espaço que havia no caderno. Não houve tempo de

cada um compartilhar o que havia escrito, mas pode-se observar que quase todos os

alunos tinham uma opinião a respeito. Uma aluna afirmou: “foi uma forma legal de se

divertir e aprender inglês, queria que fosse sempre assim”. (sic). Isso demonstra a

realização pessoal da aluna, contribuindo para a valorização da implantação da

sequência didática.

Atividade 2. Os alunos estavam cada um em um computador. Cada

um escreveu seu endereço eletrônico e foi dado o endereço da escola para os E-

mails serem enviados. Foram expostas três alternativas de situação, dentro as quais

deveriam escolher apenas uma e, assim, partirem para a produção. A exigência foi a

18

de escrever em Inglês. Embora os alunos soubessem com antecedências de que

deveriam usar a língua inglesa, alguns solicitaram o emprego da língua portuguesa.

Eles tiveram uma hora e quinze minutos para desenvolverem a atividade. A maioria

terminou em menos de uma hora, mas dois alunos ficaram até o final do tempo. Na

oportunidade não encontraram nenhum problema em ligar o computador ou

preencher os espaços do cabeçalho. A dificuldade foi na hora de escrever, por

questões de vocabulário. Assim muitos pediram dicionário, cujo manuseio foi

permitido.

Baseado nas reações dos alunos, verificou-se que eles queriam

entender mais a língua estrangeira, conhecer mais vocabulário e expressões, saber

mais os termos técnicos do computador e toda a formação digital. Alguns alunos

manifestaram-se dizendo que iriam estudar Língua Inglesa em escolas de línguas e

computação. A escola tem o papel de informar, revelar e ensinar os alunos

capacitando-os e incentivando-os em sua formação, naquilo que lhe é devido. Com

um pouco de esforço, temos a oportunidade de motivar os alunos a aprenderem

língua estrangeira.

Atividade 3. Check your score: Na aula seguinte, os alunos

responderam a um questionário sobre seu conhecimento a respeito de todo o

processo. Ao final, cada um pôde compartilhar os resultados com seus colegas. A

folha era para ser destacada e entregue; junto a ela, foi anexada uma autoavaliação

não exigida para devolução, mas incentivada a ser feita. Nela, os alunos escreveram

o que acharam das dezoito aulas e o que aprenderam com todo o processo. Para

minha alegria, muitos alunos a fizeram; e seguem alguns dos relatórios recebidos.

Aluno Um: “foi muito interessante esse projeto, pois ensinou como se faz um E-mail passo a passo. Como se começa, seu desenvolvimento, o que pode se utilizar para enviar um E-mail. E para aqueles que não tinha acesso ao computador, teve essa chance, e até criaram um E-mail para eles se comunicar através dele.”(sic). Aluno Dois. “Foi muito legal o projeto que a professora aplicou para a sala. Foi divertido o passo a passo até chegar no E-mail. Eu aprendi muitos coisas neste projeto, eu queria que todos os outros professores aplicasse (sic) um trabalho desse jeito também.” Aluno Três: “Foi muito interessante, eu já sabia sobre E-mail mas foi bem interessante aprender tudo em inglês, é um pouco complicado, mas aprendi como enviar, etc. Nunca tinha visto E-mail em inglês, foi bem interessante porque os costumes deles são bem diferentes dos

19

nossos, eles não tem o costume de mandar beijos no final do E-mail, já o brasileiro tem esse costume”. Aluno Quatro: “Neste novo sistema de ensino, aprendi sobre a importância do E-mail, aprendemos alguma gírias, modos formais e informais de escrever e-mails. Gostei da experiência, teve um pouco de dificuldade no começo mais depois tive uma boa explicação. É algo divertido de aprender, pois se trata de um assunto fácil e já usado no nosso dia a dia.”(sic) Aluno Cinco: “Os trabalhos realizados; eu achei muito interessante porque isso no futuro pode ajudar agente: podemos usar para vender coisa para as firmas nos EUA por e-mail; podemos se comunicar com parentes e todo o mundo, etc”. (sic)

O trabalho didático realizado nessa escola mostrou que mesmo não

tendo o desenvolvimento nas proporções desejadas, disponibilizou espaço para que

os alunos tivessem oportunidades de desenvolver suas atividades de forma crítica e

social. O estudo de gênero permitiu que os alunos conhecessem a teoria e um

pouco a prática. Não houve tempo de os alunos experimentarem uma situação de

comunicação que envolvesse outras pessoas além deles mesmos, e o professor,

assim como trocarem E-mails entre eles e a comunidade ou pela internet que os

levassem a uma postura mais crítica diante de tal procedimento.

Para tanto, conclui-se que a sequência didática oferece espaço para

uma leitura crítica, social e cultural, mas que depende de políticas educacionais,

metodológicas, financeiras e principalmente, de uma escola não tão tradicional. Hoje

em dia, é imprescindível o acesso a internet. Há necessidade de uma abertura que

permita ao aluno ter acesso a um laboratório de informática, onde ele possa fazer

pesquisa, atividades escolares, e ter momentos de descobertas neste mundo digital

durante o período de aula, no intervalo ou no contraturno.

Segundo as diretrizes (PARANÁ, 2008, p. 76), o professor tem a

liberdade de escolher aquilo que seja mais significativo para seus alunos. É

necessário selecionar os conteúdos e o gênero escolhido, mas se faz necessário

que o governo proporcione novos equipamentos, assim como salas de informática

para o sucesso do aprendizado.

4 Considerações Finais

Ao comparar a produção inicial em relação à produção final após o

término das atividades, conclui-se que os alunos conseguiram produzir E-mail,

20

utilizando as estruturas próprias em inglês, assim como também puderam entender a

finalidade de trabalhar com gênero e suas esferas.

O aluno precisa ser incentivado a trabalhar com gênero,

considerando que o domínio desse conhecimento possibilita e representa um grande

avanço no processo do aprendizado de Língua Estrangeira.

O professor deve despertar interesse para o ensino de E-mail na

escola através de materiais originais e autênticos, semelhantes aos utilizados na

sequência didática do presente trabalho. Deve, igualmente, incentivar o uso da

internet como ferramenta para aprofundar seus conhecimentos e obter novas

descobertas. Sugiro, no entanto, que o professor enfatize o lado cultural da internet,

utilizando-a com responsabilidade em relação aos efeitos sociais e ideológicos.

A atividade com gênero pode ser amplamente aplicada no Ensino

Médio. De acordo com a análise já relatada, os alunos demonstraram interesse e

aprendizado no que concerne ao conteúdo, podendo ser aplicada sem restrição. O

enfoque entretanto deve ser mais para o Ensino Médio, uma vez que os alunos já

possuem uma estrutura mais adequada de acordo com as capacidades linguístico-

discursivas.

Quanto ao material da sequência didática, o mesmo foi de grande

relevância para maior conhecimento acerca do assunto proposto nesse projeto, o

que resultou em produções textuais adequadas, observando-se os elementos

estruturais do gênero em estudo. Os alunos puderam exercitar a Língua Inglesa de

uma forma inédita, com atividades que fazem parte de seu cotidiano, percebendo

que, por meio do estudo do gênero E-mail, é possível interagir com pessoas do

mundo todo e, dessa forma, enriquecer não só aos interlocutores, mas também a

sua forma de ver a vida .

Referências

ALMEIDA FILHO, J. C. Crise, transições e mudança no currículo de formação de professores de línguas. In: FORTKAMP, M. B. M.; TOMITCH, L. M.B. (Org.). Aspectos da linguística aplicada: estudos em homenagem ao professor Hilário Inácio Bohn. Florianópolis: Insular, 2000. p. 33-47.

BRONCKART, J.-P. Atividades de linguagens, texto e discursos: por um interacionismo soci-discursivo. Tradução de Anna Rachel Machado e Percicles Cunha. São Paulo: EDUC, 1999.

21

BRONCKART, J.-P. Atividades de linguagens, texto e discursos: por um interacionismo soci-discursivo. Tradução de Anna Rachel Machado e Percicles Cunha. São Paulo: EDUC, 2003

CRISTOVÃO, V. L. L. Gêneros textuais e educação inicial do professor de língua inglesa. Linguagem em Discurso, Palhoça, v. 10, n. 3, p.705-734, set./dez. 2010.

CRISTOVÃO, V. L. L. O interacionismo e o ensino de línguas com uma abordagem com base em gêneros textuais. In: ______. Modelos didáticos de gênero: uma abordagem par o ensino de língua estrangeira. Londrina: UEL, 2007. 298p.:il.

CRISTOVÃO, V. L. L.; NASCIMENTO, E. L. (Org.). Gêneros textuais: teoria e pratica. Londrina: Moriá, 2004.

CRISTOVÃO, V. L. L.; NASCIMENTO, E. L. Gêneros textuais e ensino: contribuições do interacionosmo sócio discursivo. In: KARWOSKI, A. M.; GAYDECZKA, B.; BRITO, K. S. (Org.). Gêneros textuais: reflexões e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006. p. 37-59.

DAMIANOVIC, M. C. O ensino baseado na noção de gêneros: um instrumento para agir no mundo. In: ______. O português dentro de uma visão crítica: uma possibilidade a partir de resenhas. Local: Casa do Novo Autor, 2006. p. 12-22.

MACHADO, A. R. Revisitando o conceito de resumos. In: DIONISIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. p. 125-150.

PAIVA, V. L. M. O. E-mail: um novo gênero textual, In: MARCUSHI, L. A.; XAVIER, A. C. (Org.). Hipertextos e gêneros digitais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. p. 68-90.

PARANÁ. Secretária de Educação do Estado do Paraná. Diretrizes Curriculares da Educação Basica: língua estrangeira moderna. Curitiba: SEED, 2008.

PEZENTE, R Diários reflexivos e grupo de discussão: a polifonia e os discursos presentes em uma aprendizagem reflexiva. In Cristóvão, Vera Lucia Lopes; Nascimento, E L.(org). Gêneros textuais:teoria e práticaII:União da Vitória: Kaygangue,2005.p.175-199.

RICHARDS, J. C. The scope of second language teacher education. In: _____. Beyond training: perspectives on language teacher education. Cambridge: Cambridge University Press, 1998. p. 1-85.

SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Tradução de .Roxane Rojo e Glaís sales Cordeiro. São Paulo: Mercado de Letras, 2004.

SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Os gêneros escolares: das praticas de linguagem aos objetos de ensino. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 11, p. 5-16, maio/jun./jul./ago. 1999.

TEIXEIRA, C. E-MAIL: um gênero textual a ser apresentado na escola. Cadernos do CNLF. Rio de Janeiro, v. 23, n. 4, 2009.