Autenticação e Autorização - MercadoLivre Developers Conference
PROCESSOS EM ENGENHARIA BIOLÓGICA - Autenticação · Segundo esta regra a capacidade calorífica...
Transcript of PROCESSOS EM ENGENHARIA BIOLÓGICA - Autenticação · Segundo esta regra a capacidade calorífica...
PROCESSOS EM ENGENHARIA BIOLÓGICA
PROBLEMAS RESOLVIDOS E PROPOSTOS
CAPÍTULO 1 – BALANÇOS DE ENERGIA A PROCESSOS
QUÍMICOS E BIOLÓGICOS
Mestrado Integrado em Engenharia Biológica
Prof. José A. Leonardo Santos
Profª Maria de Fátima C. Rosa
Profª Maria Cristina Fernandes
2014/2015
P-5 / FR-101
Fermentador
P-1 / V-101
Tanque de mistura
P-2 / ST-101
Esterilizador
P-3 / G-101
CompressorP-4 / AF-101
Filtro de ar
P-6 / AF-102
Filtro de gases
S-101
S-102S-103 S-104
S-105
S-106 S-107
S-108S-109
S-110
1
CAPÍTULO 1 – BALANÇOS DE ENERGIA A PROCESSOS
QUÍMICOS E BIOLÓGICOS
1.1 Formas de Energia (trabalho, calor, energia potencial, cinética e interna)
1.2 Equação de Conservação de Energia
1.3 Balanços de Energia em Processo Não-Reaccionais
EXEMPLOS RESOLVIDOS
EXEMPLO 1.1
Água flui através de uma tubagem cilíndrica (diâmetro interno de 2 cm) com um caudal de 2 m3/h.
Calcular a energia cinética desta corrente, em J/s.
Resolução
A energia cinética pode ser calculada através da seguinte equação:
2v M 21 K =
em que v é a velocidade superficial e M a massa (se K for a energia por unidade de tempo o M será
um caudal mássico).
• Velocidade superficial (caudal volumétrico por unidade de área transversal da tubagem):
v = 1-2
-13
2-v
h s m h m
3600 x (1,0x10 x π2
AF
==2)
= 1,77 m/s
• Caudal mássico:
FM = FV x ρágua = 3600
1000 x 2 = 0,556 kg/s
Pois: ρágua = 1,0 g/cm3 = 1000 kg/m3
• Energia cinética:
21 K = x 0,556 x ( 1,77)2 = 0,871 (kg m2 s-2)/s = 0,871 J/s
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
2
EXEMPLO 1.2
Petróleo é bombado, com um caudal de 150 kg/s, desde um poço situado a uma profundidade de 220
m até a um reservatório situado a uma altura de 20 m. Calcular a variação de energia potencial.
Resolução
A variação da energia potencial (gravitacional) pode ser calculada através da seguinte equação: ∆P = M g ∆h em que g é a aceleração gravitacional, M a massa (se ∆P for a energia por unidade de tempo o M será
um caudal mássico) e ∆h é a variação da altura.
• Variação da altura: ∆h = hfinal – hinicial = 20 – (-220) = 240 m
• Variação da energia potencial: ∆P = 15,0 x 8,81 x 240 = 35316 J/s = 35,3 kJ/s kg/s m/s2 m (kg m2 s-2)/s
EXEMPLO 1.3
500 kg/h de vapor de água são utilizados numa turbina. O vapor entra na turbina a 45 atm abs e a
450ºC com uma velocidade de 60 m/s e sai 5 m abaixo da linha de entrada na turbina, à pressão
atmosférica e com uma velocidade de 360 m/s.
A turbina produz trabalho de 70 kW e as perdas de calor para o exterior são de 100 Mcal/h.
Calcule a variação de entalpia associada ao processo.
Resolução
• Balanço de energia ao sistema (sistema aberto (∧V p ≠ 0) e em estado estacionário (∆E = 0))
5 m
TURBINA500 kg/h
500 kg/h45 atm (abs.)450ºC60 m/s 1 atm (abs.)
360 m/s
Vapor de Água
Q = -100 Mcal/h W = -70 kW
5 m
TURBINA500 kg/h
500 kg/h45 atm (abs.)450ºC60 m/s 1 atm (abs.)
360 m/s
Vapor de Água
Q = -100 Mcal/h W = -70 kW
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
3
) V p ( M ) P K U ( M W Q ) V p ( M ) P K U ( M SSSSEEEE
∧∧∧∧∧∧∧∧+++=+++++
ou:
) P K V p U ( M W Q ) P K V p U ( M SSEE
∧∧∧∧∧∧∧∧+++=+++++
HE HS
em que M é o caudal mássico, p é a pressão, V∧
é o caudal volumétrico por unidade de massa,
P e K , U ∧∧∧
são, respectivamente, a energia interna, cinética e potencial por unidade de massa
(energias específicas), Q é o calor trocado, W é o trabalho efectuado e H é a entalpia. Os índices E
e S referem-se à entrada e à saída do sistema.
Fazendo a diferença entre a saída (S) e a entrada (E) da turbina, e como ME = MS , temos:
0 W Q ) P P ( M ) K K ( M ) H H ( M ESEESEESE =−−−+−+−∧∧∧∧∧∧
(* ver pag seguinte)
ou:
0 W Q P M K M H M EEE =−−∆+∆+∆∧∧∧
e: ∆∆∆∆H + ∆∆∆∆K + ∆∆∆∆P - Q - W = 0
• Cálculo da Variação da Energia Cinética: ME = 500 kg/h = 0,139 kg/s
e
) v - v ( M 21 K M K 2
E2SEE =∆=∆
∧
= 0,139/2 x (3602 – 602) = 8,76 x 103 J/s = 8,76 kJ/s
kg/s m/s
• Cálculo da Variação da Energia Potencial:
) h - h ( g M P M P ESEE =∆=∆∧
= 0,139 x 9,81 x (5 - 0) = 6,81 J/s = 6,81 x 103 J/s
• Perdas de calor = -100 Mcal/h = -116,2 kJ/s
Substituindo no balanço de energia:
∆H = - (∆K + ∆P - Q - W)
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
4
= - (8,75 + 6,81 x 10-3 + 116,2 + 70,0) kW
∆H = (HS – HE) = -195,0 kW
(*) de nota que o balanço de energia indicado nas aulas de MATÉRIA TEÓRICA foi obtido fazendo a diferença entre as entradas (E) e as saídas (S), contrariamente a esta equação. Deste modo, nesta equação, Q e W apresentam sinal negativo.
EXEMPLO 1.4
Calcular a capacidade calorífica média a pressão constante para os seguintes compostos e misturas:
A) Acetona líquida, para o intervalo de temperaturas (25; 50ºC).
B) Carbonato de cálcio, para o intervalo de temperaturas (25; 50ºC).
C) Ar, para o intervalo de temperaturas (0; 300ºC).
D) Dióxido de carbono, para o intervalo de temperaturas (100; 200ºC).
E) Carbonato de sódio, para o intervalo de temperaturas (25; 30ºC).
F) Laranjas (contendo 87,2% de água), para os intervalos de temperaturas de (25; 35ºC) e (0;
-10ºC).
G) Leite de vaca desnatado (contendo 91% de água), para o intervalo de temperaturas (25; 4,4ºC).
H) Freon 22, para o intervalo de temperaturas (25; 200ºC).
Resolução
A) A capacidade calorífica da acetona líquida (função da temperatura) é dada pela equação polinomial
seguinte (pág 92 das "Tabelas"):
CP (J/(kmol K)) = C1 + C2 T + C3 T2 + C4 T3 + C4 T4 com T(K)
em que: C1 = 135600
C2 = -177,0
C3 = 0,2837
C4 = 0,000689
C5 = 0 valores válida para 178,45 K < T < 329,44 K
Quando a capacidade calorífica é dada em função da temperatura por um polinómio como o da
equação anterior então a capacidade calorífica média poderá ser obtida pela equação seguinte:
T
dT C
_C
2T
1TP
p ∆
=∫
= dT T C5 T C4 T C3 T C2 C1T1
2T
1T
432 )(∫ ++++∆
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
5
=
+
+
+ +
5
T -T C5
4
T -T C4
3
T-T 3C
2
T -T C2 )T - (T C1
T-(T1
51
52
41
42
31
32
21
22
1212
)
ou (ver aulas de matéria teórica):
em que para grande parte dos compostos tabelados C5 = 0
Deste modo, com T1 = 323,15 K e T2 = 298,15K:
C)25;50º
p
_C
(
= 128,7 x 103 J/(kmol K) = 128,7 J/(mol K) = 30,76 cal/(mol K)
B) A capacidade calorífica do carbonato de cálcio (função da temperatura) é dada pela seguinte
equação (pág 84 das "Tabelas"):
CP (cal/(mol K)) = 19,68 + 0,01189 T + 2T-307600 com T(K)
equação válida para 273 K < T < 1033 K Quando a capacidade calorífica é dada em função da temperatura por uma equação do tipo:
CP = a + b T + 2T c
a capacidade calorífica média será obtida pela equação:
T
dT C
_C
2T
1TP
p ∆
=∫
= dTT
c T b aT1
2T
1T2
∫
++
∆ =
T . Tc
2
T T b a
21
21
+
++
Deste modo:
_
C p = 298,15 x 323,15
307600 2
298,15 323,15 0,01189 19,68
−
++
= 20,18 cal/(mol K) = 84,44 J/(mol K)
( ) ( )
++
+
+++
++=
4
T x T 2 - T T T T C4
3
TT x T T C3
2
T T C2 C1 21
22121
2221
2121
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
6
C) A capacidade calorífica a pressão constante, em função da temperatura, para gases é dada pela
equação seguinte:
com o CP em J/(kmol K) e a T em K
Para o ar as constantes apresentam os seguintes valores (pág 106 das “Tabelas”): C1 = 0,28958 x 105
C2 = 0,0939 x 105
C3 = 3,012 x 103
C4 = 0,0758 x 105
C5 = 1484,0 valores válidos para 50 K < T < 1500 K
Como a capacidade calorífica média é dada pela equação:
T
dT C
_C
2T
1TP
p ∆
=∫
então (ver aulas de matéria teórica):
e
_Cp = 29,38 x 103 J/(kmol K) = 29,38 J/(mol K) = 7,02 cal/(mol K)
Este valor poderia também ser obtido por consulta da tabela da pág 114 da “Tabelas”.
C4 Cp = C1 + C2 +
��1 �2 + �2 �3 coth �3 �2� � − �4 �5 ���ℎ �5 �2� �� − ��1 �1 + �2 �3 coth �3 �1� � − �4 �5 ���ℎ �5 �1� ��
�2 − �1 =
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
7
D) A capacidade calorífica média do CO2 pode ser calculado pela equação indicada na alínea anterior
em que (pág 106 da “Tabelas”):
C1 = 0,2937 x 105
C2 0,3454 x 105
C3 = 1,428 x 103
C4 = 0,264 x 105
C5 = 588,0 valores válidos para 50 K < T < 5000 K
Donde;
_Cp = 42,40 x 103 J/(kmol K) = 42,40 J/(mol K) = 10,13 cal/(mol K)
O cálculo desta capacidade calorífica média poderá também ser efectuado recorrendo à tabela da
pág 112 das “Tabelas”, pois sabe-se que:
100-200
dT C
_pC
200
100PC)(100;200º
∫
= = 100-200
dT C dT C 200
25P
25
100P ∫∫ +
= 100-200
dT C dT C 100
25P
200
25P ∫∫ −
= 100-200
_C 75 -
_C 175
C)(25;100ºC)(25;200º
pp = 100-200
39,02 x 75 - 40,95 x 175
= 42,40 J/(mol K) = 10,13 cal/(mol K)
E) Através da tabela da pág 89 das “Tabelas” podemos constatar que:
C)25;30º
p
_C
(
≈ 28,9 cal/(mol K) ≈ 120,92 J/(mol K)
O valor tabelado não depende da temperatura, sendo este valor de CP válido para a gama de
temperaturas de 288 a 371 K (14,9 a 97,9ºC). As temperaturas para as quais se pretende calcular o
CP médio estão dentro do intervalo de temperatura de validade do valor tabelado.
Se não se encontrasse a capacidade calorífica tabelada, esta poderia ser estimada utilizando a regra
de Kopp. Segundo esta regra a capacidade calorífica de um composto pode ser obtida através da
soma das contribuições das capacidades caloríficas dos diferentes átomos que integram o composto.
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
8
Estas contribuições encontram-se tabeladas na pág 102 das “Tabelas” para a temperatura de 20ºC.
Deste modo:
C)25;30º
p
_C
(
≈ CPCa + CPC + 3 CPO = 26 + 7,5 + 3 x 16 = 81,50 J/(mol K) = 19,5 cal/(mol K)
A capacidade calorífica obtida pele regra de Kopp só deverá ser utilizada se não existir mais
nenhuma fonte que forneça a capacidade calorífica pretendida, pois este valor para além de ser uma
estimativa é obtido para a temperatura de 20ºC. O erro deste valor estimado, relativamente ao
valor tabelado, é de 48%.
F) A capacidade calorífica média de laranjas (com 87,2% de água) poderá ser obtida de uma forma
aproximada na tabela da pág 123 das “Tabelas”:
≅ C)25;35º
p
_C
(
3,77 J/(g K) (acima da temperatura de congelação)
≅ C)0;-10º
p
_C
(
1,93 J/(g K) (abaixo da temperatura de congelação)
A capacidade calorífica de uma substância ou de uma mistura no estado sólido ou no estado líquido
aumenta com a temperatura usualmente de uma forma muito pouco significativa. Deste modo, os
erros introduzidos nos cálculos entálpicos, pelo facto de não ser considerada a dependência da
capacidade calorífica dos sólidos e dos líquidos com a temperatura, são em geral pequenos. Em
muitas destas situações não é mesmo possível encontrar tabelado a variação da capacidade calorífica
com a temperatura, como é o caso para os produtos alimentares.
G) A capacidade calorífica média do leite de vaca desnatado (com 91% de água) poderá ser obtida de
uma forma aproximada na tabela da pág 128 das “Tabelas”:
≅ C)25;4,4º(
p_C 3,98 a 4,02 J/(g K) ≅ 4,00 J/(g K)
H) A capacidade calorífica do Freon 22 (composto utilizado com agente de refrigeração), líquido
para as temperaturas indicadas, não se encontra tabelado me função da temperatura (ver pág 92 a
97 das “Tabelas”). Deste modo não é possível calcular o seu valor médio entre as temperaturas de 25
e 55ºC. Teremos de recorrer a outra alternativa, que passará pela utilização de valores
apresentados sob a forma de tabelas ou ábacos;
Uma aproximação possível é considerar que )(
_T (p
C)25;55º
p C_C ≅ , em que
_T é a temperatura média, ou
seja, para este caso, (25 + 55)/2 = 40ºC. Para o cálculo de capacidades caloríficas a uma
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
9
determinada temperatura (que poderá ser a temperatura média) são muito úteis os ábacos,
designadamente o da pág 98 das “Tabelas”. Para efectuar a leitura neste ábaco (ver figura seguinte)
une-se a temperatura média (40ºC) ao ponto correspondente ao Freon 22 (ponto 7A, indicado na
tabela inferior desta ábaco), obtendo-se que )(
_T (p
C)55º:25
p C _C ≅ = 0,32 cal/(g ºC) = 1,34 J/(g ºC)
Os valores indicados neste ábaco para o Freon 22 são válidos para -20 < T < 60ºC.
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
10
EXEMPLO 1.5
Calcular a quantidade de calor associada a cada um dos seguintes processos:
A) Metano contido num frasco de 10 litros, à pressão absoluta inicial de 2 bar, é arrefecido de 80 a
20ºC.
B) Uma corrente de metano, com um caudal de 1000 mol/min, é aquecida de 25 a 200ºC.
Dado para o metano:
CP (cal/(mol K)) = 4,750 + 1,200 x10-2 T + 0,3030x10-5 T2 – 2.630x10-9 T3 com T(K)
Resolução
A)
• Balanço de Energia:
∆H + ∆K + ∆P - Q - W = 0
Como W = 0 e ∆K ≅ ∆P ≅ 0, então:
Q = ∆H = ∆(U + pV) = ∆U
porque pV = 0, pois como o sistema é fechado o trabalho realizado pela vizinhança do sistema para
introduzir a massa nesse sistema é nulo.
• Capacidade calorífica a volume constante para o metano:
Como para gases ideais Cv = CP – R , com R = 1,9872 cal/(mol K), então: Cv (cal/(mol.K)) = 2,763 + 1,200 x10-2 T + 0,3030x10-5 T2 – 2.630x10-9 T3 com T(K)
• Número de moles de metano:
mol 0,681 80) (273,15 x 0,08314
10 x 2
T RV P
n =+
==
• Calor Trocado
∧== UΔ n ΔU Q em que
∧UΔ é a variação de energia interna específica
dT vC n UΔ n ΔU Q20
80∫=
∧==
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
11
++=
∧=
2
353,15 -293,15 10 x 1,200 353,15) - (293,15 x 2,763 0,681 UΔ n Q
22 2-
+
−
4
353,15 -293,15 10 x 2,630
3
353,15 -293,15 10 x 0,3030
449-
335-
Q = 0,681 (- 412,1) = - 280,7 cal = 1,17 kJ
B) Diagrama de blocos do processo de aquecimento do metano:
• Balanço de Energia (ou balanço entálpico):
Q = ∆H = Hsaída - Hentrada = H2 - H1
Como a entalpia é uma função de estado, o seu valor não pode ser conhecido de uma forma absoluto,
devendo ser calculado relativamente à entalpia de outra corrente ou relativamente a um estado
padrão ou de referência.
Neste caso teremos:
Q = (H2 - Href)saídas - (H1 - Href)entradas = ∆Hsaídas - ∆Hentradas = ∆H2 - ∆H1
Para a resolução do balanço há que definir um estado padrão ou de referência. Esta definição inclui a
especificação de uma temperatura, uma pressão e um estado de agregação. A temperatura de
referência deve ser escolhida de modo a implicar um menor volume de cálculos, desde que existam
dados para a resolução do problema. A pressão de referência é usualmente tomada como a pressão
de trabalho, pois a sua influência na entalpia pode ser considerada desprezável em grande parte dos
cálculos efectuados em engenharia química e biológica. O estado de agregação deve ser definido
para cada composto existente no processo, e deve ser escolhido de modo a simplificar e a reduzir o
volume de cálculos. Se um composto estiver presente em diversas fases no processo (por exemplo
líquido e gasoso) dever-se-á proceder à escolha do estado de mais baixa entalpia (estado líquido,
neste exemplo).
Aquecimento① ②Metano Metano
25ºC1000 mol/min 200ºC
Q
Aquecimento① ②Metano Metano
25ºC1000 mol/min 200ºC
Q
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
12
• Escolha do estado de referência:
Tref = 25ºC
Pref = Pressão de trabalho
Estado de agregação: metano – gasoso
Deste modo:
0 dT C n HΔ n ΔH 25
25
p11 ==∧
= ∫
dT C n HΔ n ΔH Q200
25p22 ∫=
∧==
2
298,15 -473,15 10 x 1,200 298,15)-(473,15 4,750 1000 Q
222-
+
+=
+
4
298,15 -473,15 10 x ,6302
3
298,15 -473,15 10 x 0,3030
449-
335-
Q = 1,0 x 1748,8 = 1748,8 kcal/min
Outro processo de cálculo de ∆H2:
A entalpia da corrente ② pode ainda ser escrita do seguinte modo:
) 25 - (200 C_
n dT C n HΔ n ΔH p
200
25p22 ==
∧= ∫
em que C_
p é a capacidade calorífica média entre 200 e 25ºC, dada por:
25) - (200
dT C
_C
200
25p
p ∫
=
Deste modo:
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
13
( ) ( )K) cal/(mol 9,993
4
298,15 x 473,15 2 - 298,15 473,15 298,15 473,15 10 x 2,630
3
298,15 298,15 x 473,15 473,15 10 x 0,3030
2
298,15 473,15 10 x 1,200 4,750
_C
2
9-
225-2-
p
=
++
+
+++
++=
Q = 1,00 x 9,993 (200 – 25) = 1748,8 kcal/min
EXEMPLO 1.6
Calcular o calor que é necessário fornecer para aquecer 1000 mol/min de uma mistura gasosa,
composta por CH4 (80%) e C2H4, de 100 a 400ºC, sabendo que o calor perdido para o exterior,
devido ao mau isolamento do aquecedor, é 15% do calor de aquecimento.
Resolução
• Base de cálculo: 1000 mol/min de mistura gasosa.
• Balanço entálpico: ∆H1 + Qf = ∆H2 + Qp em que Qf é o calor fornecido e Qp é o calor perdido. Como se sabe que Qp = 0,15 Qf, o balanço pode
ser escrito na seguinte forma:
∆H1 + 0,85 Qf = ∆H2 • Condições de referência:
Tref = 25ºC
Pref = Pressão de trabalho
Estado de agregação – compostos gasosos
Aquecimento① ②
CH4 - 80%C2H4
1000 mol/min100ºC 400ºC
Qf
CH4C2H4
QP = 0,15 Qf
Aquecimento① ②
CH4 - 80%C2H4
1000 mol/min100ºC 400ºC
Qf
CH4C2H4
QP = 0,15 Qf
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
14
Poder-se-ia ter escolhido como Tref a temperatura de uma das correntes (100 ou 400ºC), sendo,
deste modo a entalpia desta corrente nula. No entanto as capacidades caloríficas médias teriam de
ser calculadas a partir da equação para gases (pág 111 das “Tabelas”). Escolhendo 25ºC como Tref
essas capacidades caloríficas poderão ser lidas na tabela da pág 113 das “Tabelas”, o que vai facilitar
os cálculos entálpicos. Consultando a referida tabela tiramos que:
C)Tº(25;_Cp (J/(mol K))
100ºC 400ºC
CH4 37,32 45,80
C2H4 46,71 60,66
• Cálculo das variações de entalpia:
∆H1 = 1000 (0,80 4CHp
_C + 0,20
4H2Cp_C ) (100 – 25)
= 1,00 (0,80 x 37,32 + 0,20 x 46,71) x 75 = 2939,9 kJ/min = 702,6 kcal/min
e
∆H2 = 1000 (0,80 4CHp
_C + 0,20
4H2Cp_C ) (400 – 25)
= 1,00 (0,80 x 45,80 + 0,20 x 60,66) x 375 = 18289,5 kJ/min = 4371,3 kcal/min
• Calor de aquecimento: Qf = (∆H2 - ∆H1 )/0,85 = (18289,5 – 2939,9)/0,85 = 18058,4 kJ/min = 301,0 kJ/s = 301,0 kW Este calor de aquecimento, uma vez que as unidades são energia por unidade de tempo, também pode
ser designado por potência de aquecimento.
EXEMPLO 1.7
Calcular o calor que é necessário fornecer a 100 mol/min de água líquida a 25ºC para a aquecer até:
A) À temperatura de 100ºC.
B) À obtenção de vapor saturado a 100ºC.
C) À obtenção de vapor a 0,5 bar abs e a 150ºC.
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
15
Resolução
A) Na figura seguinte encontra-se representada o diagrama referente ao problema que se pretende
resolver nesta alínea.
• Balanço Entálpico: ∆H1 + Qf = ∆H2
• Estado de referência: Tref = 25ºC
Pref = Pressão de trabalho
Estado de agregação: água líquida
• Cálculo das variações de entalpia:
∆H1 = 0 pois a temperatura da corrente é igual à temperatura de referência e a água
encontra-se num estado físico igual ao indicado no estado de referência.
∆H2 = 0,100 líquida águaPC (100 – 25) = 0,100 x 75,3 x 75 = 564,8 kJ/min
pois líquida águaPC ≈ 1,0 cal/(g ºC) = 4,18 J/(g ºC) = 18,0 cal/(mol ºC) = 75,3 J/(mol ºC)
pois a sua variação com a temperatura é muito pouco significativa (ver tabela da pág 102 das
“Tabelas”).
O caminho percorrido no cálculo desta variação entálpica,
desde o estado de referência até ao estado da corrente ②,
está representado esquematicamente no diagrama ao lado.
Neste diagrama está representado o estado de agregação
em função da temperatura.
Deste modo:
Aquecimento Água líquida
②①
Água líquida
25ºC100 mol/min
100ºC
Qf
Aquecimento Água líquida
②①
Água líquida
25ºC100 mol/min
100ºC
Qf
líquido
vapor
Tref Tlíquido
vapor
Tref Tlíquido
vapor
Tref T
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
16
Qf = ∆H2 = 564,8 kJ/min = 9,41 kW (este calor, em energia por unidade de tempo, também poderá ser designado por potência de
aquecimento)
B) Nesta alínea pretende-se obter vapor de água saturada à temperatura de 100ºC. Deste modo a
pressão de funcionamento do aquecedor terá de ser de 1,0 atm (1,0131 bar). Quando se tem vapor
saturado, para uma determinada temperatura corresponde uma e uma só pressão, e vice-versa. Se o
vapor está saturado temos que a pressão é igual à pressão de vapor a essa temperatura. Para esta
caso:
P = pv(100ºC) = 760 mm Hg = 1,0 atm (ver pág. 3 das “Tabelas”)
Mas o que pretendemos é calcular o calor que é necessário fornecer à água a 25ºC para a obtenção
deste vapor.
O balanço entálpico é igual ao da alínea anterior, e, utilizando o mesmo estado de referência temos
que: Qf = ∆H2
Vamos calcular esta diferença de entalpia de três modos diferentes.
B1) O calculo de ∆H2 pode ser efectuado seguindo o
percurso indicado no diagrama ao lado, isto é: aquecendo
a água líquida desde a temperatura de referência (25ºC)
até à temperatura da corrente (100ºC) (variação
entálpica designada por calor sensível), e depois
vaporizando a água à temperatura de 100ºC (variação
entálpica designada por calor latente). (pág 72 das “Tabelas”)
Qf = ∆H2 = 0,100 [líquida águaPC (100 – 25) + C100º
V H∆ ] = 0,100 [75,3 (100 - 25) + 9729 x 4,184]
= 4635,4 kJ/min = 77,3 kW
líquido
vapor
Tref Tlíquido
vapor
Tref Tlíquido
vapor
Tref Tlíquido
vapor
Tref T
Aquecimento Vapor saturado
②①
Água líquida
25ºC100 mol/min
100ºC
Qf
Aquecimento Vapor saturado
②①
Água líquida
25ºC100 mol/min
100ºC
Qf
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
17
B2) O cálculo de ∆H2 pode ser efectuado seguindo um percurso diferente do referido
anteriormente, pois, como a entalpia é uma função de estado, o seu valor não depende do caminho
percorrido. Depende unicamente do ponto de partida e do ponto de chegada.
Podemos começar por vaporizar a água líquida a 25ºC e só então
aquecer o vapor de água desde os 25 até aos 100ºC (ver diagrama
ao lado).
Qf = ∆H2 = 0,100 [ C25º
V H∆ + vaporPC (100 – 25)] = 0,100 2Η̂∆
em que 2Η̂∆ é a entalpia especifica (entalpia por unidade de massa) da corrente ②, ou seja:
2Η̂∆ = C25º
V H∆ + vaporPC (100 – 25)
A entalpia de vaporização da água só se encontra tabelada para a temperatura de 100ºC
(temperatura normal de ebulição). Para temperaturas diferentes teremos de recorrer à equação
indicada na tabela da pág. 82 das “Tabelas” (equação de Watson modificada):
em que Tr é a temperatura reduzida (Tr = T / Tc, sendo Tc a temperatura crítica).
Deste modo, as constantes da equação anterior para a água são (pág. 82 das “Tabelas”):
C1 = 5,2053 x 107
C2 = 0,3199
C3 = -0,212
C4 = 0,25795 valores válidos para 271,16 K < T < 647,1 K
e Tr = (25 + 273,15) / 647,1 = 0,461
deste modo: C25º V H∆ = 4,3869 x 107 J/kmol = 43,869 kJ/mol = 10,485 kcal/mol
Para o caso de água, a entalpia de vaporização a qualquer temperatura pode ainda ser obtida
recorrendo às tabelas termodinâmicas de vapor saturado (pág 158 – 165 das “Tabelas”)
Na pág 158 das “Tabelas” (penúltima coluna) temos que:
C25º
V H∆ = 2442,5 kJ/kg = 43,965 kJ/mol = 10,508 kcal/mol
( ) 2 rT C4 rT C3 C2rV T - 1 C1 H ++=∆
líquido
vapor
Tref Tlíquido
vapor
Tref Tlíquido
vapor
Tref T
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
18
Este valor é mais correcto do que o valor obtido pela regra de Watson modificada (esta equação é
uma equação empírica enquanto que os valores das tabelas termodinâmicas referidas são valores
experimentais).
Existe ainda outro processo de cálculo das entalpias de vaporização, a partir das entalpias de
formação dos compostos gasosos e líquidos, que será abordado mais à frente neste capítulo.
Deste modo:
Qf = ∆H2 = 0,100 [43965 + 33,78 (100 - 25)] = 4649,9 kJ/min = 77,5 kW
(pág112 das “Tabelas”)
B3) Por fim vamos efectuar o cálculo de ∆H2 recorrendo às tabelas termodinâmicas de vapor
saturado das pág 158 – 165 das “Tabelas”.
A entalpia específica do vapor de água saturado, 2Η̂∆ , pode ser obtida na tabela da 156 das
“Tabelas”. Nesta tabela encontramos na 1ª coluna a temperatura, na 2ª coluna a pressão de
saturação, e nas 7ª e 9ª coluna as entalpias específicas da água líquida e do vapor saturado.
Para a temperatura de 100ºC e tendo em consideração as duas primeiras colunas, verificamos que a
pressão de saturação é de 1,0131 bar = 1,0 atm, como já havíamos concluído anteriormente.
Então para a temperatura de 100ºC tiramos que:
2Η̂∆ ,= 2676 kJ/kg = 639,6 cal/g = 48,168 kJ/mol = 11,512 kcal/mol
Deste modo:
Qf = ∆H2 = 0,100 2Η̂∆ = 0,100 x 48,168 = 4816,8 kJ/min No entanto o valor obtido não é comparável com os valores obtidos pelos dois processos anteriores
porque as condições de referência da tabela consultada não são as mesmas que nós estipulámos
inicialmente. Para a tabela consultada as condições de referência são: Tref = 0ºC e a água líquida,
quanto ao estado de agregação. Deste modo ∆H1 ≠ 0.
Então, o balanço entálpico será o seguinte: Qf = ∆H2 - ∆H1 = 0,100 ( 2Η̂∆ - 1Η̂∆ )
Qf = 0,100 [48168 - líquida águaPC (25 – 0)] = 0,100 (48168,0 – 75,3 x 25)
= 0,100 (48168,0 – 1882,5) = 4628,6 kJ/min
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
19
Os valores obtidos a partir das tabelas termodinâmicas de vapor saturado (ou sobreaquecido) são os
mais correctos, pois têm em consideração o efeito da pressão.
A entalpia específica da água líquida a 25ºC, 1Η̂∆ , pode também ser obtida na tabela da pág 158: 1Η̂∆ = 104,8 KJ/kg = 25,1 cal/g = 1886,4 kJ/mol e Qf = 0,100 (48168,0 – 1886,4) = 4628,2 kJ/min = 77,1 kW
C) Pretende-se obter vapor à temperatura de 150ºC e à pressão absoluta de 0,5 atm, de acordo com
o diagrama seguinte.
• Balanço entálpico:
Qf = ∆H2 - ∆H1 = 0,100 ( 2Η̂∆ - 1Η̂∆ )
• Tipo de vapor: vapor saturado ou vapor sobreaquecido?
Queremos obter um vapor a 0,50 bar. Este vapor apresenta uma temperatura de saturação de
81,3ºC (tabelas das pág 161 ou 166 das “Tabelas”). Com se pretende obter vapor à temperatura de
150ºC então este vapor encontra-se a uma temperatura superior à temperatura de saturação. Este
vapor é designado por vapor sobreaquecido. Deste modo, para um vapor sobreaquecido é necessário
sempre especificar uma temperatura e uma pressão.
A entalpia específica de um vapor sobreaquecido pode ser obtida através da tabela da pág 166 das
“Tabelas” (com as mesmas condições de referência das tabelas das pág 158 – 165). Nesta tabela é
indicada na 1ª coluna a pressão e a temperatura de saturação (entre parêntesis), e a temperatura na
1ª linha.
Deste modo: 2Η̂∆ = 2780 kJ/kg = 664,4 kcal/g = 50040,0 kJ/mol = 11960,0 kcal/mol Então: Qf = 0,100 (50040,0 – 1886,4) = 4815,4 kJ/min = 80,3 kW
Aquecimento
Vapor②①
Água líquida
25ºC100 mol/min
150ºC O,50 bar
Qf
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
20
EXEMPLO 1.8
Determinar a temperatura da água líquida obtida quando se misturam 2,0 kg de gelo a 0ºC com 1,0 kg
de água líquida a 15ºC e com 0,5 kg de vapor saturado a 100ºC.
Resolução
• Base de cálculo: 1,0 kg de água em ①
• Balanço Entálpico: ∆H1 + ∆H2 + ∆H3 = ∆H4
• Estado de referência: Tref = 25ºC
Pref = Pressão de trabalho
Estado de agregação: água líquida
• Cálculo das variações de entalpia:
∆H1 = Mágua1
líquida águaPC (T1 – 25) = 1,0 x 4,18 (15 – 25) = -41,8 kJ = - 10,0 kcal
∆H2 = Mgelo [ líquida águaPC (0 – 25) –
C0º
gelofusão H∆ ]
O caminho percorrido no cálculo desta variação de entalpia,
desde o estado de referência até ao estado da corrente ②,
está representado esquematicamente no diagrama ao lado.
Na pág 72 das “Tabelas” encontra-se que : C0º
gelofusão H∆ = 1436 cal/mol = 79,78 cal/g = 333,8 kJ/kg
Deste modo:
∆H2 = 2,0 [ 4,18 (0 - 25) – 333,8] = - 876,6 kJ = -209,5 kcal
MisturaÁgua líquida Água líquida
Gelo
Vapor de água saturado
④①
②
③ 0,50 kg100ºC
1,0 kg15ºC
2,0 kg0ºC
TMistura
Água líquida Água líquida
Gelo
Vapor de água saturado
④①
②
③ 0,50 kg100ºC
1,0 kg15ºC
2,0 kg0ºC
T
gelo
Líquido
0ºC 25ºC
Estado de Ref.
gelo
Líquido
0ºC 25ºC
Estado de Ref.
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
21
∆H3 = Mvapor [C25º
V H∆ + vaporPC (100 – 25)] = 0,50 [2442,5 + 1,877 (100 - 25)] = 1293,1 kJ
= 309,1 kcal
(no exemplo anterior calculámos que vaporPC = 33,78 kJ/(kmol ºC) = 1,877 kJ/(kg ºC) = 0,449 kca/(kg
ºC), e que a entalpia de vaporização da água , corrigida através das tabelas termodinâmicas, para a
temperatura de 25ºC, era C25º V H∆ = 2442,5 kJ/kg).
Substituindo as diferenças de entalpia calculadas no balanço entálpico obtém-se: ∆H4 = -41,8 – 876,6 + 1293,1 = 374,7 kJ
= Mágua4
líquida águaPC (T4 – 25) = (1,0 + 2,0 + 0,5) x 4,18 (T4 – 25) = 14,63 (T4 – 25)
(T4 – 25) = 25,6ºC T4 = 50,6ºC
EXEMPLO 1.9
Num determinado ponto do processamento industrial de espigas de trigo, obtém-se uma suspensão
de amido (1,0%) em solução aquosa de gluten (1,2%), que sofre evaporação sob vácuo para remoção
de grande parte da água. Neste evaporador remove-se 75% da água inicialmente presente, à
temperatura de 90ºC, obtendo-se uma solução saturada em gluten.
Sabendo que o aquecimento da suspensão de amido é efectuado com vapor saturado a 232ºC, de
acordo com a figura seguinte, e que existe uma perda de calor através das paredes do evaporador
correspondente a 10% do calor fornecido, determine o caudal deste fluido de aquecimento
necessário para o processamento de 1000 kg/h de suspensão inicial.
Evaporador
T = 90ºC25ºC
Corrente gasosa
Corrente líquida
Água
ÁguaGlutenAmido
Vapor saturado232ºC
Água líquida100ºC
ÁguaGluten - 1,2%Amido - 1,0%
⑤
①
②
③
④
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
22
Dados: • Capacidade calorífica (constante para a gama de temperaturas utilizadas):
Cp(amido) = 0,33 cal/(g ºC) Cp(gluten) = 0,25 cal/(g ºC)
Resolução
• Base de cálculo: 1000 kg/h em ①.
• Balanço de massa:
Corrente ① Corrente ③
Água = 978 kg/h Água = 978 x 0,75 = 733,5 kg/h = 40,75 kmol/h
Glúten = 12,0 kg/h
Amido = 10,0 kg/h
Corrente ②
Água = 978 – 733,5 = 244,5 kg/h
Glúten = 12,0 kg/h
Amido = 10,0 kg/h
• Balanço entálpico: ∆H1 + Qfornecido = ∆H2 + ∆H3 + Qperdido
Como Qperdido = 0,10 Qfornecido então podemos escrever o balanço entálpico na seguinte forma: ∆H1 + 0,9 Qfornecido = ∆H2 + ∆H3
• Estado de referência:
Tref = 25ºC
Pref = Pressão de trabalho
Estado de agregação: água - líquida
Amido, glúten - sólidos
• Cálculo das variações de entalpias:
∆H1 = 0 ∆H2 = [ 244,5
líquida águaPC + 12,0 glutenPC + 10,0
amidoPC ] (90 - 25)
= [244,5 x 1,0 + 12,0 x 0,25 + 10,0 x 0,33] (90 - 25) = 16,30 x 103 kcal/h
= 16,30 Mcal/h = 68,20 MJ/h
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
23
∆H3 = M3 [C25º
V H∆ + vaporPC (90 – 25)] = 733,5 3 Η̂∆
Recorrendo às tabelas de vapor saturado para a temperatura de 90ºC (pág 158 das “Tabelas”): 3 Η̂∆ = 2659,0 kJ/kg
No entanto a tabela consultada foi construída para um estado de referência diferente daquele que
estabelecemos inicialmente (Tref = 0ºC e água líquida). Deste modo é necessário efectuar uma
correcção ao valor lido ( corr Η̂∆ ). Esta correcção será dada por:
corr Η̂∆ =
liq águaPC (25 – 0) = 4,18 x 25 = 104,5 kJ/kg
e deste modo 3 Η̂∆ = 2659,0 - 104,5 = 2554,5 kJ/kg
donde: ∆H3 = 733,5 x 2554,5 / 1000 = 1873,7 MJ/h
• Cálculo do calor fornecido: Recorrendo ao balanço entálpico temos que:
Qfornecido = ( )1873,7 68,20 0,91 + = 2157,7 MJ/h
Este calor fornecido pode ser escrito do seguinte modo:
Qfornecido = 2157,7 MJ/h = ∆H4 - ∆H5 = Mvapor ( 4Η̂∆ - 5Η̂∆ ) Recorrendo à tabelas termodinâmicas: 4Η̂∆ = 419,1 kJ/kg (pág 159 das “Tabelas”)
5Η̂∆ = 2802,2 kJ/kg (pág 163 das “Tabelas”) Temos assim que:
2157,7 kJ/h = Mvapor [( 4Η̂∆ - corr Η̂∆ ) – ( 5Η̂∆ - corr Η̂∆ )]
Como se pode observar a corr Η̂∆ ir-se-á anular, donde:
2157,7 x 103 kJ/h = Mvapor (2802,2 – 419,1) Mvapor = 905,4 kg/h
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
24
EXEMPLO 1.10
O refrigerante R-125 inicialmente à pressão de 1,0 MPa e à temperatura de 240 K sofre uma
expansão isotérmica até à pressão de 0,03 MPa. Caracterizar o estado físico desde fluido para as
condições iniciais e a após a compressão. Calcular ainda a variação da entalpia específica associada a
esta expansão.
Resolução:
Para respondermos às questões colocadas neste exemplo referente ao refrigerante R-125
(pentafluoroetano, CHF2CF3) podemos recorrer ao diagrama de Mollier ou diagrama pressão-entalpia
(figura seguinte). Para além destas variáveis (pressão (em MPa) e entalpia específica em (kJ/kg)),
este diagrama também indica temperaturas (em K), entropias específicas (em kJ/kg.K) e densidades
(kg/m3). De notar que a pressão está representada numa escala logarítmica.
(Perry´s Chemical Engineers' Handbook (2008), Editores: R. H. Perry e D. W. Green, 8ª Edição, McGraw-Hill, Inc., New York) • Marcação do ponto (A) referente às condições iniciais:
Inicialmente o refrigerante R-125 encontrava-se à pressão de 1,0 MPa e à temperatura de 240 K
(-33,15ºC). Este ponto resultará da intersecção entre a linha de pressão constante (linhas
horizontais) e a linha de temperatura constante. Em função da localização deste ponto, podemos
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
25
concluir que, para estas condições operacionais, o refrigerante R-125 encontra-se no estado líquido.
As restantes variáveis apresentam os seguintes valores:
- Entalpia específica: ∆H = 160 kJ/kg
- Entropias específica: s = 1,64 kJ/kg.K
- Densidades: ρ = 1460 kg/m3
• Marcação do ponto (B) referente às condições finais:
O refrigerante líquido vai ser sujeito a uma expansão, mantendo-se a temperatura constante.
Seguindo a linha isotérmica de 240 K, desde a pressão inicial (1,0 MPa) e até à pressão de 0,2 MPa,
podemos concluir que o refrigerante continua no estado líquido, estando, para esta última pressão,
saturado (de notar que a entalpia específica mantem-se praticamente constante). Seguidamente, e
com a pressão a manter-se constante, o líquido vai progressivamente vaporizando (o título de vapor
(dado por massa de vapor / (massa de vapor + massa de líquido)) vai variando de 0,0 até 1,0). A
variação da entalpia específica associada a este processo irá depender do produto entre o título de
vapor e a entalpia de vaporização do refrigerante (calor latente). Quando o título de vapor é igual a
1,0 estamos em presença de vapor saturado (com ∆H = 316 kJ/kg). Deste modo a entalpia de
vaporização deste refrigerante, à temperatura de 240 K (-33,15ºC), é de (316 – 160) = 156 kJ/kg.
Após a obtenção de um vapor saturado, a pressão contínua a diminuir até à pressão final (0,03 MPa),
obtendo-se um vapor sobreaquecido. Os valores das restantes variáveis para este vapor
sobreaquecido são os seguintes:
- Entalpia específica: ∆H = 320 kJ/kg
- Entropias específica: s = 0,84 kJ/kg.K
- Densidades: ρ = 1,9 kg/m3
A variação de entalpia específica associada a este processo de expansão será dado por: (320 – 160)
= 160 kJ/kg
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
26
EXEMPLO 1.11
Considerar as 4 correntes gasosas com as características indicadas na tabela seguinte (não ocorre
mudança de estado):
Corrente MCP (kW/ºC) Tinicial (ºC) Tfinal (ºC)
A 0,10 327 40
B 0,16 220 160
C 0,10 100 300
D 0,20 140 300
(MCP é constante com a temperatura (em que M é o caudal da corrente))
A) Calcular a variação entálpica de cada corrente e indicar as necessidades entálpicas globais do
processo.
B) Indicar duas redes de permutadores de calor que interliguem as correntes do processo, com a
finalidade de diminuir o consumo de utilidades exteriores, sabendo que ∆Tmin = 10ºC. Calcular o
consumo de utilidades quentes e frias.
Resolução A)
Corrente MCp
(kW/ºC) Tinicial (ºC)
Tfinal (ºC)
∆H
(kW) A 0,10 327 40 Corr. quente + quente 28,7
B 0,16 220 160 Corr. quente + fria 9,6
C 0,10 100 300 Corr. fria + fria 20,0
D 0,20 140 300 Corr. fria + quente 32,0
Tendo em consideração das temperaturas iniciais e finais de cada uma das quatro correntes,
podemos concluir que as correntes A e B são correntes quentes (correntes que vão ser arrefecidas),
enquanto que as correntes C e D são correntes frias (correntes que vão ser aquecidas). Para as
correntes quentes, a corrente A é a mais quente enquanto que a corrente B é a corrente quente mais
fria. Por sua vez, a corrente C é a corrente fria mais fria e a corrente D é a corrente fria mais
quente.
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
27
O cálculo da variação entálpica de cada corrente, e uma vez que não há mudança de estado físico dos
componentes de cada corrente, pode ser caliculado por:
∆HA = M CP ∆T = 0,10 (327-40) = 28,7 kW
∆HB = M CP ∆T = 0,16 (220-160) = 9,6 kW
∆HC = M CP ∆T = 0,10 (300-100) = 20,0 kW
∆HD = M CP ∆T = 0,20 (300-140) = 32,0 kW
de notar que, como o M CP é constante para as quatro correntes o ∆T será simplesmente (Tinicial –
Tfinal) para as correntes quentes, ou (Tfinal – Tinicial) para as correntes frias.
Através de um balanço global pode-se calcular as necessidades entálpicas do processo.
(∆HA + ∆HB) - (∆HC + ∆HD) = (28,7 + 9,6) – ( 20,0 + 32,0) = -13,7 kW
Será então necessário fornecer 13,7 kW, ao conjunto destas quatro correntes, utilizando utilidades
exteriores.
B) Rede de permutadores: 1ª alternativa
Vamos iniciar o arrefecimento da corrente quente mais quente (A) à custa da corrente fria mais
quente (D).
Como o ∆Tmin = 10ºC (diferença mínima entre a temperatura de uma corrente quente e uma corrente
fria no permutador) então a temperatura da corrente quente à saída do permutador PC1 terá de ser
de 150ºC
Balanço Entálpico ao permutador PC1:
(∆H1 - ∆H2) = (∆H4 - ∆H5) = Qt(PC1)
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
28
Em que Qt(PC1) é o calor transferido entre a corrente quente e a corrente fria. Deste modo:
0,10 (327 – 150) = 17,7 kW = 0,20 (T5 – 140) em que T5 = 228,5ºC
As necessidades entálpicas para os outros dois permutadores desta rede serão de:
Qt(PC2) = ∆H2 - ∆H3 = 0,10 (150 – 40) = 11,0 kW
Qt(PC3) = ∆H6 - ∆H5 = 0,20 (300 – 228,5) = 14,3 kW
Todos estes valores estão indicados no diagrama correspondente a esta rede.
Relativamente às duas restantes correntes podemos construir a seguinte rede de permutadores:
Em que:
Qt(PC4) = ∆H10 - ∆H11 = 0,16 (220 – 160) = 9,6 kW = 0,10 (T8 – 100)
em que T8 = 196ºC
e Qt(PC5) = ∆H9 - ∆H8 = 0,10 (300 – 196) = 10,4 kW Esta rede, constituída por estes dois conjuntos de permutadores, vai necessitar de cinco
permutadores de calor, com o seguinte consumo de utilidades externas:
Utilidades quentes (por exemplo vapor de água) = 14,3 + 10,4 = 24,7 kW
Utilidades frias (por exemplo água fria) = 11,0 kW
De notar que a diferença entálpica entre estas utilidades será de (24,7 – 11,0) = 13,7 kW
Rede de permutadores: 2ª alternativa
Uma outra possibilidade de construção de uma rede de permutadores de calor é a que está
representada na figura seguinte, em que inicialmente a corrente quente mais fria (B) é arrefecida à
custa da corrente fria mais fria (C).
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
29
As necessidades entálpicas de cada permutadores serão dadas por:
Qt(PC1) = ∆H4 - ∆H5 = 0,16 (220 – 160) = 9,6 kW = 0,10 (T2 – 100), em que T2 = 196ºC
Qt(PC2) = ∆H3 - ∆H2 = 0,10 (300 – 196) = 10,4 kW = 0,10 (327 – T7), em que T7 = 223ºC
No permutador PC3 desconhece-se duas temperaturas (T8 e T11). Tendo em consideração que ∆Tmin =
10ºC, podemos considerar que T8 = 150ºC (e calcular T11) ou que T11 = 213ºC (e calcular T8), com está
ilustrado na figura seguinte:
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
30
Vamos analisar a opção de T11 = 213ºC (e calcular T8)
Qt(PC3) = ∆H11 - ∆H10 = 0,20 (213 – 140) = 14,6 kW = 0,10 (223 - T8), em que T8 = 77ºC
Como se pode comprovar pela figura seguinte, esta hipótese não é viável pois ocorre um cruzamento
nos perfis de temperatura entre a corrente quente e a corrente fria.
Vamos assim optar por T8 = 150ºC (e calcular T11)
Qt(PC3) = ∆H7 - ∆H8 = 0,10 (223 – 150) = 7,3 kW = 0,20 (T11 – 140), em que T11 = 176,5ºC
Qt(PC4) = ∆H8 - ∆H9 = 0,10 (150 – 40) = 11,0 kW
Qt(PC5) = ∆H12 - ∆H11 = 0,20 (300 – 176,5) = 24,7 kW
A rede vai necessitar de cinco permutadores de calor, com o seguinte consumo de utilidades
externas:
Utilidades quentes = 24,7 kW
Utilidades frias = 11,4 kW
Mais uma vez, e como seria de esperar, a diferença entálpica entre estas utilidades será de (24,7 –
11,4 ) = 13,7 kW
100
T(ºC)
200213
140
223
77
100
T(ºC)
200
140150
223
176,5
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
31
PROBLEMAS PROPOSTOS
PROBLEMA 1.1
Leite de vaca (5000 L/h) à temperatura de 4,4°C é aquecido num permutador de calor até à
temperatura de 54,4°C. Este aquecimento é efectuado com água (1,2 L de água/L de leite) à
temperatura inicial de 80°C. Sabendo que se perde para o exterior 10,0 Mcal/h determine:
A) A temperatura da água à saída do permutador.
B) A potência útil de aquecimento, em kW.
PROBLEMA 1.2
Uma autoclave contém 100 latas de sopa de ervilhas, que foram aquecidas até à temperatura de
100ºC. Pretende-se arrefecer estas latas até à temperatura de 30ºC antes de deixarem a autoclave.
Este arrefecimento é efectuado com água fria que circula numa serpentina de refrigeração durante
45 min. Calcular o caudal volumétrico de água necessária para efectuar o arrefecimento pretendido,
sabendo que esta água de arrefecimento entra a 10ºC e sai a 22ºC.
Dados: Massa da lata vazia = 50 g/lata
Massa da sopa = 0,30 kg/lata
Capacidade calorífica da lata = 0,40 kJ/kgºC
Capacidade calorífica da sopa = 4,05 kJ/kgºC
Energia necessária para arrefecer a autoclave (paredes da autoclave e a água contida
nela) desde os 100 até aos 30ºC = 1500 kJ
Considerar que não há calor perdido para o exterior e que as capacidades caloríficas
indicadas são válidas para as gamas de temperaturas envolvidas neste processo.
PROBLEMA 1.3
Um caldo de fermentação de Escherichia coli a 30°C e com um caudal de 2000 kg/h é aquecido num
permutador de calor até à temperatura de 70°C, a pressão elevada. O aquecimento é efectuado, em
contracorrente, com água que entra no permutador de calor a 95°C. O calor perdido por radiação,
Qp, é dado por:
Aquecimento
Leite de vaca4,4ºC 54,4ºC
Água80ºC
ÁguaT = ?
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
32
Qp(MJ/h) = 0,20 T(°C) + 0,50 com 45°C < T < 85°C em que T é a temperatura da água de aquecimento à saída do permutador.
A) Estabeleça a relação entre o caudal de água utilizado e a temperatura T da água à saída do
permutador.
B) Calcule o caudal de água de aquecimento para as temperaturas de saída de 45°C e 65°C.
Dado para o caldo de fermentação: Cp = 4,06 kJ/(kg K)
PROBLEMA 1.4
Um meio de cultura, a ser utilizado na fermentação de uma bactéria, é continuamente aquecido num
permutador de calor até à temperatura de 37ºC, com vapor saturado a 165ºC. Este vapor condensa
totalmente à mesma temperatura. Sabendo que a temperatura inicial do meio de cultura era de 15ºC,
e que o seu caudal era de 3000 kg/h, calcular o caudal de vapor a utilizar.
Dados: Calor perdido = 3,0 kW
Capacidade calorífica do meio de cultura: Cp(cal/g ºC) = 0,850 + 0,0025 T(ºC)
PROBLEMA 1.5
Pretende-se aquecer ar húmido saturado com vapor de água de 25°C até 300°C, à pressão absoluta
de 2,0 atm. Calcular a quantidade de calor que é necessário fornecer por m3 de ar húmido a PTS.
PROBLEMA 1.6
Uma corrente gasosa (CH4 – 80% e C2H4 – 20%) com um caudal de 3,0 m3/h à temperatura de 25°C e
à pressão de –0,1 atm é misturada com uma outra corrente gasosa (CH4 – 40% e C2H4 – 60%) com um
caudal de 20 m3/h à temperatura de 100°C e à pressão de 1 atm. A corrente resultante desta
mistura é aquecida até à temperatura de 300°C. Calcular o calor que é necessário fornecer ao
aquecedor.
PROBLEMA 1.7
No processo de produção de tetracloreto de carbono faz-se reagir dissulfureto de carbono (CS2)
com cloro em fase gasosa. Estes reagentes (CS2 - 38%, Cl2 - 62%), antes de entrarem no reactor,
são pré-aquecidos até 200ºC. Sabendo que o caudal é de 1000 kmol/min e considerando que não se
perde calor por radiação, calcular a potência de aquecimento.
Dado: Cp(CS2) = 7,390 + 1,489 x 10-2 T – 1,096 x 10-5 T2 (Cp em cal/mol K e T em K)
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
33
PROBLEMA 1.8
Uma mistura gasosa constituída por 80% de N2, 12% de CO2 e 8% de O2 é arrefecida, à pressão
atmosférica, de 500 a 300°C. Sabendo que esta mistura gasosa transporta poeiras (grafite) na
proporção molar 1/9, relativamente mistura gasosa, calcular a potência de arrefecimento quando se
processam 2,0 m3/min de mistura gasosa com poeira.
PROBLEMA 1.9
Propano (C3H8) vai ser queimado com 20% de excesso de ar. Esta mistura é pré–aquecida de 25°C a
300°C antes de entrar na fornalha. Calcular a quantidade de calor que é necessário fornecer por m3
(PTS) de mistura, sabendo que 10% do calor fornecido é perdido para o exterior.
PROBLEMA 1.10
Calcular a quantidade de gelo a 0°C que é necessário adicionar a 50 kg de uma bebida a 25°C para
arrefecer a mistura a 15°C (admitir que não há perdas de calor e que as propriedades da bebida podem ser
consideradas iguais às da água).
PROBLEMA 1.11
A liofilização (criodessecação ou freeze-drying) é um processo de desidratação muito usado para
preservar alimentos perecíveis (frutas, ovos, carnes, etc.), sem destruir-lhe as propriedades
nutritivas desses alimentos. Este processo envolve a congelação dos alimentos até temperaturas
relativamente baixas, ao que se segue uma sublimação da água, por aumento da temperatura a uma
pressão muito reduzida. Este processo deverá ser iniciado para condições de pressão e temperatura
inferiores ao ponto triplo da água.
Pretende-se efectuar a secagem contínua de 100 kg/min de carne de porco (inicialmente à
temperatura de 15ºC e contendo 70% de água) por liofilização, de modo a que ocorra a remoção de
98% da água inicialmente presente. Esta carne é congelada até à temperatura de -26ºC, após o qual
é encaminhada para uma câmara de vácuo (pressão absoluta de 1 mmHg). Desta câmara saem duas
correntes a 50ºC, uma contendo vapor de água, e outra contendo a carne com a água líquida residual.
Calcular as potências de congelação e de sublimação deste processo de liofilização.
Dado: Capacidade calorifica da carne seca = 1,40 kJ/kgºC
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
34
PROBLEMA 1.12
Numa instalação de secagem de ervilhas o seu teor de água é reduzido de 74,3% para 14,0%. Esta
secagem é efectuada num secador de túnel adiabático, com 5000 m3(PTS)/h de ar seco fresco (ar
sem vapor de água), de acordo com o diagrama de blocos seguinte. Este ar seco é previamente
aquecido num permutador de calor também adiabático, em que o fluido de aquecimento é um óleo
(Cpóleo = 0,82 cal/(g °C); ρóleo (120ºC) = 930 kg/m3).
Determinar:
A) O caudal volumétrico de óleo utilizado no aquecimento de ar seco.
B) O caudal de ervilhas húmidas processadas.
PROBLEMA 1.13
Uma corrente gasosa de tetracloreto de carbono (CCl4) a 100°C e à pressão atmosférica é
condensada por arrefecimento contínuo até aos 25°C. Calcular a quantidade de calor que é
necessário remover por m3 (a PTS) de vapor.
PROBLEMA 1.14
Uma corrente líquida a 30°C contendo uma mistura de benzeno (50% molar) e tolueno é alimentada a
um evaporador contínuo que funciona à temperatura de 150°C. Sabendo que 60% do benzeno é
vaporizado e que a percentagem de tolueno na fase gasosa é de 36,9%, calcular a quantidade de
calor que é necessário fornecer por kg de alimentação.
PROBLEMA 1.15
O sistema apresentado no diagrama de blocos em anexo é constituído por dois permutadores de
calor onde circulam vapor de água e água líquida em circuito fechado, que funcionam como fluido de
arrefecimento/aquecimento. No permutador de calor PCI é efectuado o aquecimento de uma mistura
Permutadorde calor
Ar seco5000 m3(PTS)/h
25ºC 50ºC
Óleo120ºC
50ºC
Ervilhas (74,3% de água)15ºC
Ervilhas (14,0% de água)40ºC
Ar húmido25ºC
Secadoradiabático
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
35
de hidrocarbonetos enquanto que no permutador PCII é efectuado o arrefecimento de benzeno
inicialmente a 300°C e à pressão atmosférica.
De acordo com os dados fornecidos no diagrama e admitindo que não há trocas de calor com o
exterior, calcule:
A) O caudal de benzeno.
B) O caudal de vapor sabendo que ele se encontra:
1. saturado à temperatura de 250ºC.
2. sobreaquecido à temperatura de 250ºC e à pressão de 5,0 bar abs
3. à temperatura de 250ºC, apresentando um título de vapor de 0,70.
PROBLEMA 1.16
Acetona e butanol podem ser produzidos anaerobiamente por microrganismos da espécie
Clostridium, utilizando amido como fonte de carbono. Em determinado ponto deste processo uma
mistura liquida composta por butanol (75,4%) e acetona é alimentada a um evaporador a 25ºC e com
um caudal de 1000 moles/h, de acordo com a figura da página seguinte.
Vapor de Água
300ºC ; PatmBenzeno
60ºC
ÁguaLíquida
43,8ºC
PC I
PC II
200ºC
Metano – 40%Etano – 60%500 mol/min
25ºC
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
36
Sabendo que este evaporador funciona à temperatura de 90ºC e que o aquecimento da mistura
líquida é realizado com vapor de água que circula numa serpentina imersa, determine o caudal do
fluido de aquecimento.
Dados Capacidades caloríficas médias:
Acetona gasosa: Cp25,90 = 18,92 cal/(mol ºC)
Butanol gasoso: Cp25,90 = 25,85 cal/(mol ºC)
PROBLEMA 1.17
Num processo de condicionamento de ar, este é inicialmente sujeito a uma humidificação adiabática,
seguida de um aquecimento até à temperatura de 100ºC, de acordo com o diagrama seguinte.
Determine:
A) A fracção mássica de água no ar humidificado à saída do humidificador.
B) A potência de aquecimento, em kW sabendo que a potência perdida através das paredes do
aquecedor é de 8,0 kW.
Evaporador
T = 90ºC25ºC
Corrente gasosa
Corrente líquida
Butanol – 85,6%Acetona – 14,4%
Vapor de água(120,2ºC; 2,0 bar abs)
Água líquida98,0ºC
⑤
①
②
③
④
Butanol – 75,4%Acetona – 24,6%
Butanol – 51,0%Acetona – 49,0%
Humidificador
Água liq.25ºC
Água liq.25ºC
Ar
100 kg/min80ºC
ArÁgua (vapor)
25ºC
ArÁgua (vapor)
100ºC
Aquecedor
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
37
PROBLEMA 1.18
Uma corrente gasosa de metano (80% molar) e água, à temperatura de 300ºC e com um caudal de
1000 moles/min, é sujeita a uma compressão e a um arrefecimento, até à temperatura de 60ºC, com
a finalidade de remover grande parte da água inicialmente presente. Sabendo que a corrente gasosa
à saída do compressor/arrefecedor apresenta 0,034 moles de água/mole de metano, determine o
caudal do fluido de arrefecimento (água líquida e/ou vapor de água), tendo em consideração os dados
referidos para este fluido na figura seguinte.
Dado: trabalho de compressão, Wcomp = 10,0 kwatts
PROBLEMA 1.19
Pretende-se efectuar a diluição e o aquecimento de uma solução de sacarose utilizando um tanque de
mistura agitado, de acordo com os dados indicados no flowsheet seguinte. Determinar a potência de
cada bomba bem como a potência de aquecimento do tanque.
Vapor de água(150°C ; 1,0 bar abs)
Metano - 80%Água - 20%
1000 moles/min
300°C
MetanoÁgua
c. líquida
c. gasosa
Água
Água Líquida(25°C)
Compressor/Arrefecedor
T = 60°C
P-1 / V-101
Tanque de Mistura
P-2 / PM-101
Bomba Centrífuga
P-3 / PM-102
Bomba Centrífuga
P-4 / PM-103
Bomba Centrífuga
S-101 S-102
S-103 S-104 S-105
S-106
Sacarose - 30%
Água - 70%
1000 L /h 15ºC
5000 L/h 25ºC
Água
40ºC
(% m/m)
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
38
Dados:
• Potência de agitação = 1,5 kWatts
• Potência das bombas centrífugas: W = FV ∆P / η
em que FV é o caudal volumétrico, ∆P é a variação de pressão (100,0 kPa para cada uma das 3
bombas), e η é e eficiência daa bombas (igual a 70% para cada uma das 3 bombas).
• Densidade das soluções de sacarose, DS (considerar qua não varia com a temperatura)
• Capacidade calorífica das soluções de sacarose
Tabelas retiradas de “Beet-Sugar Handbook”: (http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/9780471790990.oth1/pdf )
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
39
PROBLEMA 1.20
Uma coluna de destilação é utilizada para entre a separação entre o n-butano (C4H10) e o n-pentano
(C5H12), de acordo com a informação indicada na figura seguinte.
A) Calcular as necessidades energéticas desta coluna.
B) Verificar se, com a integração de processos, esta unidade poderá ser energeticamente auto-
suficiente.
PROBLEMA 1.21
Num determinado ponto de um processo, uma corrente quente (vapor saturado a 318ºC) terá de ser
arrefecido até à temperatura de 40ºC (água líquida), enquanto que uma corrente fria terá de ser
aquecida desde os 18ºC até os 300ºC (vapor sobreaquecido a 1,0 bar abs). De forma a reduzir os
consumos energéticos foi estabelecido a seguinte rede’ de permutadores de calor (PC), constituída
por três permutadores com funcionamento em contracorrente.
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
40
Tendo em consideração os dados incluídos na diagrama anterior, determinar:
A) O caudal mássico da água líquida a 18ºC.
B) O caudal volumétrico (PTT) do vapor sobreaquecido a 20 bar abs.
C) A temperatura da água líquida à saída do permutador PC1. Verificar se a arquitectura desta rede
de permutadores poderá funcionar adequadamente sabendo que ∆Tmin = 10ºC.
PROBLEMA 1.22
Num determinado processo, podemos considerar a existência de 4 correntes líquidas com as
características indicadas na tabela seguinte:
Corrente MCP (kW/ºC) Tinicial (ºC) Tfinal (ºC)
A 1,125 180 100
B 3,00 150 70
C 4,50 20 80
D 1,00 60 120
(MCP é constante com a temperatura (em que M é o caudal da corrente))
A) Indicar quais as correntes quentes e as correntes frias. Calcular a variação entálpica de cada
corrente e indicar as necessidades entálpicas globais do processo.
B) Considerar as duas redes de permutadores de calor seguintes, funcionando em contracorrente,
obtidas após integração de processos.
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
41
Para cada rede, calcular as temperaturas desconhecidas, bem como o consumo de utilidades
exteriores quentes e frias.
C) Para a seguinte rede de permutadores de calor, também em contracorrente, calcular as
temperaturas desconhecidas, bem como o consumo de utilidades quentes e frias, sabendo que ∆Tmin =
10ºC.
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
42
PROBLEMA 1.23
Considere duas correntes líquidas (a corrente A necessita de ser aquecida enquanto que a corrente
B necessita de ser arrefecida) tal como se apresentam na tabela seguinte.
Corrente Componentes (composição)
Caudal (kg/h)
Tinicial (ºC) Tfinal (ºC)
A C6H6 500 20 60
B C6H14 (85%)
C6H6 (15%) 1500 70 50
C6H6 - benzeno; C6H14 - hexano
A) Calcular o consumo de utilidades exteriores necessário para aquecer e arrefecer estas duas
correntes.
B) Proponha uma hipótese de integração destas correntes em contracorrente, considerando uma
diferença mínima de temperaturas de 10ºC. Calcular o consumo de utilidades exteriores.
C) Calcular a poupança energética correspondente à implementação da hipótese B).
D) Calcular os custos energéticos anuais correspondentes às hipóteses das alíneas A) e B).
Dados:
Capacidade calorífica: CP(C6H6) = 1,8 kJ/kg K; CP(C6H14) = 2,4 kJ/kg K (considerar como constantes na
gama de temperaturas utilizadas)
Utilidade fria exterior: água de arrefecimento de 25ºC � 30ºC; custo = 0,05 €/ton
Utilidade quente exterior: vapor saturado a 10 bar; custo = 10,0 €/ton (considerar que o
aquecimento é efectuado à custa do calor latente do vapor).
Tempo de operação anual: 8000 h
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
43
PROBLEMA 1.24
Água à pressão absoluta de 10,0 MPa e à temperatura de 200ºC sofre uma expansão isotérmica até
à pressão absoluta de 0,1 MPa. Indicar os estados físicos inicial e final da água, bem como as
respectivas entalpias específicas.
Dado: Diagrama de Mollier para a água.
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
44
PROBLEMA 1.25
O agente de refrigeração Suva 95 (ou R-508B), encontrando-se inicialmente à pressão absoluta de
0,02 MPa e à temperatura de -50ºC, sofre uma compressão isotérmica até à obtenção de um líquido
saturado, seguida de uma expansão isoentálpica até à pressão absoluta de 0,2 MPa. Determinar:
A) A pressão após a compressão.
B) O título de vapor do fluido obtido após a expansão.
C) A variação da entalpia específica resultante deste processo.
Dado: Diagrama de Mollier para refrigerante Suva 95
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
45
PROBLEMA 1.26
Na figura seguinte está representada esquematicamente um ciclo ideal de refrigeração por
compressão do vapor (que poderá ser utilizado em condicionamento de ar, na refrigeração de
alimentos, etc.)
Neste ciclo de refrigeração, o líquido refrigerante proveniente do reservatório sofre inicialmente
uma expansão isentálpica. A mistura líquido/vapor obtida passa através de um evaporador aonde é
completamente vaporizada (obtendo-se um vapor saturado à mesma pressão). Nesta unidade, o ar
quente que é forçado a circular sobre os tubos do evaporador (pela acção de um ventilador) é
arrefecido, fornecendo energia ao refrigerante. O vapor do refrigerante que sai do evaporador é
sujeito seguidamente a uma compressão isentrópica. O vapor quente obtido passa através de um
condensador aonde é arrefecido e condensado a pressão constante, obtendo-se um líquido saturado
que retorna ao reservatório.
Sabendo que o refrigerante utilizado é o R-22 (clorodifluorometano), e tendo em consideração a
informação indicada na figura anterior, traçar o ciclo ideal de refrigeração no diagrama de Mollier
(ou diagrama pressão-entalpia) em anexo, indicando a pressão e a temperatura de cada corrente.
Calcular ainda:
A) O caudal mássico do fluido refrigerante, sabendo que a energia removida ao ar quente é de 2,4
MJ/h.
B) A energia removida no condensador.
C) A potência de compressão (em kWatts).
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
46
Dado: Diagrama de Mollier para refrigerante R-22 (Perry´s Chemical Engineers' Handbook (2008), Editores: R.
H. Perry e D. W. Green, 8ª Edição, McGraw-Hill, Inc., New York)
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
47
SOLUÇÕES DOS PROBLEMAS
PROBLEMA 1.1 PROBLEMA 1.2
A) T = 38,4°C FV = 4,5 L água/min
B) Potência útil = 278 kW
PROBLEMA 1.3
A) FM (ton/h) = (77,82 + 0,0478 T) / (95 – T)
B) T = 45°C : FM = 1,6 ton/h
T = 65°C : FM = 2,7 ton/h
PROBLEMA 1.4 PROBLEMA 1.5
FM = 123 kg/h Qf = 362 kJ/m3 AH
PROBLEMA 1.6 PROBLEMA 1.7
Qf = 16,1 MJ/h Potência = 117 MW
PROBLEMA 1.8 PROBLEMA 1.9
Potência = 3,30 kW Qf = 433 kJ/m3
PROBLEMA 1.10 PROBLEMA 1.11
Mgelo = 5,3 kg Potência de congelação = 530 kW
Potência de sublimação = 3440 kW
PROBLEMA 1.12 PROBLEMA 1.13
A) FV = 724 L/h Qretirado = 1,73 MJ/m3
B) FM = 92 kg/h
PROBLEMA 1.14 PROBLEMA 1.15
Qf = 388 kJ/kg A) FM = 6,0 kg/min
B) 1. FM = 1,81 kg/min
PROBLEMA 1.16 B) 2. FM = 1,71 kg/min
FM. = 10,1 kg/h B) 3. FM = 2,26 kg/min
PROBLEMA 1.17
A) xágua = 0,022
B) Waq = 140 kWatts
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
48
PROBLEMA 1.18 PROBLEMA 1.19
FM. = 6,7 kg/min Potência = 121 kW
PROBLEMA 1.20
A) Qret = Qforn = 1,88 MJ/min
B) A coluna não é energeticamente auto-suficiente, pois não é possível fornecer energia de uma
fonte mais fria para uma mais quente.
PROBLEMA 1.21
A) FM = 97,7 kg/h
B) FV = 8,0 m3/min
C) Sim, pode funcionar adequadamente (traçar os perfis de temperatura para as correntes
quente e fria para cada permutador) pois ∆T > 10ºC
PROBLEMA 1.22
A) Correntes A e B– correntes quentes; Correntes C e D– correntes frias
∆HA = 90 kW ; ∆HB = 240 kW ; ∆HC = 270 kW ; ∆HD = 60 kW
B) Rede 1 :T4 = 126,6ºC ; T7 = 26,67ºC ; consumo de utilidades exteriores é nulo
Rede 2 :T4 = 73,33ºC ; T7 = 153,33ºC ; consumo de utilidades exteriores é nulo
C) T4 = 40ºC ; T7 = 90ºC ; T11 = 80ºC ; T8 = 83,33ºC ;
Consumo de utilidades exteriores: quentes = 40kW ; frias = 40 kW
PROBLEMA 1.23
A) ∆HA = 10,0 kW ; ∆HB = 19,3 kW
B) T4 = 59,6ºC ; Consumo de utilidades exteriores frias = 9,3kW
C) Poupança energética =68,4%
D) Hipótese da alínea A: custos = 2758 euros/ano
Hipótese da alínea B: custos = 332 euros/ano
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
49
PROBLEMA 1.24
Estado inicial: água líquida, Η̂∆ = 850 kJ/kg
Estado final: vapor sobreaquecido, Η̂∆ = 2880 kJ/kg
PROBLEMA 1.25 PROBLEMA 1.26
A) 0,6 MPa A) FM = 15,2 kg/h
B) x = 0,19 B) Qret = 3,2 MJ/h
C) Η̂∆ = 148 kJ/kg C) Potência de compressão = 292 kW
Nota:
Alguns dos exemplos resolvidos e dos problemas propostos foram adaptados das seguintes referências: R. M. Felder e R. W. Rousseau (2000)“Elementary Principles of Chemical Processes”, 3ª edição, John Wiley, New York P. M. Doran (2013) “Bioprocess Engineering Principles”, 2ª edição , Academic Press, New York D. M. Himmelblau (1996) “Basic Principles and Calculations in Chemical Engineering”, 6ª edição, Prentice Hall PTR, New Jersey T. C. Ducan e J. A Reimer, (1998) “Chemical Engineering Design and Analysis – An Introduction”, Cambridge University Press
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
51
1.4 Balanços de Energia em Processos com Reacção Química/Biológica
EXEMPLOS RESOLVIDOS
EXEMPLO 1.12
Calcular o calor de reacção padrão para as seguintes reacções:
A) 2 FeO + 21 O2 → Fe2O3
B) Combustão do n-pentano líquido, assumindo a água líquida, como produto de combustão.
C) Desidrogenação do etano.
Resolução
A) A variação de energia padrão (temperatura de 25ºC) associada a uma reacção em que os
reagentes e os produtos da reacção se encontram no estado padrão, pode ser calculada a partir da
seguinte equação:
∑∑=
=
∆∆=∆ υυ s
1ii
1j jj
agenteReodutosProoo
R ifΗ̂-fΗ̂ Η̂
em que o
jfΗ̂∆ e o
ifΗ̂∆ são as entalpias de formação padrão (é uma entalpia específica) e jυ e iυ são os
coeficientes estequiométricos da reacção para os produtos e para os reagentes, respectivamente.
Uma entalpia de reacção depende da natureza dos produtos e reagentes da reacção, mas também
das condições de referência para as quais é calculada. Torna-se por isso necessário especificar o
estado de referência antes de calcular uma entalpia de reacção.
Para a reacção em análise: 2 FeO + 21 O2 → Fe2O3
vamos considerar que no estado de refrência o FeO e o Fe2O3 são sólidos e o O2 é gasoso. Deste
modo devemos indicar a reacção do seguinte modo:
2 FeO(s) + 21 O2(g) → Fe2O3(s)
Os estados físicos indicados na reacção correspondem ao estado de referência, podendo não
coincidir com os estados físicos dos compostos aquando da reacção.
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
52
Vamos então ter que o calor (ou entalpia) padrão desta reacção será:
oRΗ̂∆ =
32OFe
ofΗ̂
∆ - 2
FeO
ofΗ̂
∆ -
2O
ofΗ̂2
1
∆ = -198,5 – (2 x (–64,62) + 0) = -69,26 kcal/mol
(ver pág 144 das “Tabelas”) = -289,78 kJ/mol
Por convenção todos as substâncias elementares no seu estado normal de agregação (O2(g), N2(g),...),
à pressão de 1 atm absoluta, têm entalpia de formação nula. Para o caso das espécies químicas que
apresentam várias formas alotrópicas (alotropia - propriedade que certos elementos manifestam e
que se caracteriza pela possibilidade de existirem sob mais do que uma forma estável) convencionou-
se atribuir apenas a uma dessas formas a entalpia de formação nula. Por exemplo o carbono
apresenta pelo menos três formas alotrópicas principais: diamante, grafite (ou C(β)) e coque
(carbono amorfo), apresentando as seguintes entalpias de formação padrão:
)(C
ofΗ̂
β
∆ = 0 ;
diamante
ofΗ̂
∆ = 0,4532 kcal/mol ;
coque
ofΗ̂
∆ = 2,6 kcal/mol
Existem ainda outras formas alotrópicas do carbono, designadamente o C-60 (designada por vezes
por “futeboleno”, e pertencentes a uma nova classe de substâncias chamadas fulerenos), que
apresentam também uma entalpia de formação padrão diferente de zero.
O calor padrão reacção obtido para a reacção em análise foi de -69,26 kcal/mol (-289,78 kJ/mol),
ou de uma forma mais explícita -69,26 kcal/mol de Fe2O3 formado. Para referirmos esta entalpia a
outro produto ou reagente deveríamos indicar: -69,26 kcal/2 mol de FeO consumido (ou –34,63
kcal/mol de FeO consumido) ou -69,26 kcal/0,5 mol de O2 consumido (-138,52 kcal/mol de O2
consumido). Concluímos ainda que, como o calor de reacção é negativo a reacção em causa é
exotérmica.
B) Outro processo de calcular as entalpias de reacção padrão consiste em recorrer às entalpias de
combustão padrão, segundo a equação seguinte:
∑∑==
∆∆=∆ υυodutosPragentesRe
1jj
j1i
iooo
R cΗ̂-icΗ̂ Η̂
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
53
Neste tipo de cálculo as condições de referência são 25ºC e 1 atm absoluta, sendo os produtos finais
de combustão CO2(g), SO2(g), H2O(gasoso ou liquido), etc. Aos produtos da combustão (ou oxidação),
bem como ao O2(g) são atribuídas entalpias de combustão nulas.
A reacção de combustão do n-pentano líquido será a seguinte:
C5H12(g) + 8 O2(g) → 5CO2(g) + 6 H2O(l)
Deste modo:
oRΗ̂∆ =
(g)HC 125
ocΗ
∆ ˆ + 8
2O
ocΗ̂
∆ - 5
2CO
ocΗ̂
∆ - 6
)l(OH5
ocΗ̂
∆ =
(g)HC 125
ocΗ
∆ ˆ
= -845,16 kcal/mol = -3356,15 kJ/mol (ver pág 152 das “Tabelas”)
C) A reacção de desidrogenação do etano é a seguinte:
C2H6 → C2H4 + H2
O calor de reacção padrão (para todos os compostos gasosos) pode ser calculado a partir dos
calores de combustão do reagente e dos produtos:
oRΗ̂∆ =
62HC
ocΗ̂
∆ -
42HC
ocΗ̂
∆ -
2H
ocΗ̂
∆ = -372,820 – (-337,234 – 68,317) = 32,731 kcal/mol
(ver pág 152 das “Tabelas”) = 136,95 kJ/mol
Como se pode concluir pelo sinal do calor de reacção, esta reacção é endotérmica.
EXEMPLO 1.13
Determinar o calor de reacção global a 25ºC e a 300ºC para a reacção de oxidação da amónia,
sabendo que 100 mol NH3/h reagem completamente com 125 mol O2/h. Os reagentes encontravam-
-se inicialmente à temperatura de 25ºC.
Dado: C)(25;300ºNOPC = 29,53 J/(mol K)
Resolução
• Reacção de oxidação da amónia:
4 NH3(g) + 5 O2(g) → 4 NO(g) + 6 H2O(g)
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
54
onde todos os compostos foram considerados como gasosos no estado de referência.
• Calor padrão de reacção:
∑∑==
∆∆=∆ υυs
1ii
1j jj
agenteReodutosProoo
R ifΗ̂-fΗ̂ Η̂ = 4
NO
ofΗ̂
∆ + 6
OH2
ofΗ̂
∆ - 4
3NH
ofΗ̂
∆
= 4 x 21,60 + 6 x (-57,7979) – 4 X (-11,04) = -216,227 kcal/4 mol de NH3
(pág 135 a 139 das “Tabelas”)
• Calor global padrão de reacção: oQR = n Η̂o
R∆ = 100 x (-216,227/4) = -5405,68 kcal/h = -5,406 Mcal/h = -22,62 kJ/h
• Calor global de reacção a 300ºC O calor de reacção a uma temperatura diferente da temperatura padrão (25ºC) pode ser calculado
através da equação de Kirchoff:
QR = n Η̂o
R∆ + ∆Hprodutos - ∆Hreagentes = n Η̂oR∆ + ∆Hprodutos
Pois para o estado de referência (25ºC e todos os compostos no estado gasoso) ∆Hreagentes = 0
Como produtos de combustão iremos ter 100 moles de NO e 46 x100 = 150 moles de H2O. Deste
modo:
∆Hprodutos = [100 NOPC + 150
O2HPC ] (300-25) = (100 x 29,53 + 150 x 34,65) x 275
= 2241,39 kJ/h = 0,536 Mcal/h
Então: QR = n Η̂o
R∆ + ∆Hprodutos = -5,406 + 0,536 = -4,870 Mcal/h = -20,38 MJ/mol
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
55
EXEMPLO 1.14
O metanol pode ser obtido através da seguinte reacção:
CO2 + 3H2 → CH3OH + H2O Antes de entrar no reactor a alimentação (CO2 – 25%; H2 – 75%) sofre um pré–aquecimento
(potência de aquecimento de 30 kW). Apesar da reacção ser exotérmica, para que a temperatura de
reacção seja de 600°C, o reactor tem de ser aquecido. Este aquecimento é efectuado com um óleo
térmico que circula em contracorrente, de acordo com o diagrama seguinte.
Determine o caudal mássico do óleo de aquecimento do reactor. Dado: capacidade calorífica do óleo = 0,641 cal/g°C (válida para a gama de temperaturas utilizada)
Resolução
• Base de cálculo: 1000 mol/min na corrente ①.
• Balanço de Massa:
Para a base de cálculo escolhida, sabemos que na corrente ① (bem como a corrente ②) teremos 250
mol CO2/min e 750 mol H2/min. Tendo em consideração o caudal molar de CO2 na corrente ③,
calcula-se que vão reagir 150 mol CO2/min. Pela estequiometria da reacção concluímos que a corrente
③ apresenta os seguintes caudais molares parciais:
H2O - 150 mol/min
CH3OH - 150 mol/min
CO2 - 100 mol/min
H2 - 750 – 450 = 300 mol/min
600ºC
Óleo650ºC
Óleo120ºC
Reactor
H2OCH3OHCO2 - 100 mol/minH2
Aquecedor
CO2 - 25%H2
25ºC1000 mol/min
Óleo650ºC
Óleo120ºC
Reactor
H2OCH3OHCO2 - 100 mol/minH2
Aquecedor
CO2 - 25%H2
Óleo650ºC
Óleo120ºC
Reactor
H2OCH3OHCO2 - 100 mol/minH2
Aquecedor
30 kW
CO2 - 25%H2
⑤
① ② ③
④
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
56
• Balanço Entálpico:
Para calcularmos o caudal de óleo de aquecimento poderíamos fazer um balanço entálpico ao reactor.
No entanto, neste balanço teríamos duas incógnitas (caudal de óleo e temperatura da corrente ②).
Deveríamos então fazer também um balanço ao aquecedor, onde seria determinada a temperatura da
corrente ② (ou ∆H2). No entanto, da soma dos dois balanços referidos obtém-se o balanço global ao
processo, que será:
∆H1 + (∆H4 - ∆H5) + Qfornecido1 = ∆H3 + oQR
ou ∆H1 + Qfornecido2 + Qfornecido1 = ∆H3 + oQR
em que: Qfornecido1 – é o calor fornecido no aquecedor
e Qfornecido2 = ∆H4 - ∆H5
• Estado de referência:
Tref = 25ºC
Pref = Pressão de trabalho
Estado de agregação: todos os compostos gasosos (será que é adequado?)
• Cálculo do calor global de reacção padrão:
oQR = n Η̂oR∆ = 150
∆
2H
ocΗ̂ 3 -
∆
OHCH3
ocΗ̂ =
∆
2H
ocΗ̂ 504 - 150
∆
OHCH3
ocΗ̂
Nas “Tabelas” a entalpia de combustão padrão para o metanol poderá ser obtida nas pág 153 e 157.
Nestas tabelas, os produtos finais de combustão são o CO2 gasoso e a H2O líquida. Optando por
utilizar estas tabelas, e como o calor de reacção padrão é calculado para as condições do estado de
referência, termos de alterar o estado de agregação do estado de referência: todos os compostos
gasosos, com excepção da água que estará líquida.
A entalpia de combustão padrão para o hidrogénio também pode ser obtida nas pág 149 e 152. Na
tabela da pág 149 já seria possível obter a entalpia de combustão padrão para o hidrogénio com a
água gasosa no estado de referência. Só que esta tabela não apresenta o valor para metanol.
Deste modo:
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
57
oQR = 450 x (-68,3174) – 150 (-182,59) = -3354,3 kcal/min = 14034,3 kJ/min
• Cálculo das diferenças de entalpias:
∆H1 = 0
∆H3 = (150 gasosa águaPC + 150
OH3CHPC + 100 2COPC + 300
2HPC )(600 – 25) + 150
C25º águaV H∆
As capacidades caloríficas médias entre 25 e 600ºC podem ser retiradas da pág 112 e 113 das
“Tabelas”, ou calculadas recorrendo aos dados indicados nas pág 106 a 111. Para o caso do metanol
(pág 109) seria:
C1 = 0,39252 x 105
C2 = 0,879 x 105
C3 = 1,9165 x 103
C4 = 0,53654 x 105
C5 = 896,7 valores válidos para 200 K < T < 1500 K
Como a capacidade calorífica média é dada pela equação:
_Cp = 65,22 J/(mol K) = 7,02 cal/(mol K)
A entalpia de vaporização da água pode ser obtida a partir das tabelas de vapor saturado (pág 158
das “Tabelas”): C25º
V H∆ = 2442,5 kJ/kg = 43965 kJ/mol.
Deste modo:
∆H3 = (150 x 36,29 + 150 x 65,22 + 100 x 46,25 + 300 x 29,30) (600 – 25) + 150 x 43985
= 2306,6 kJ/mol = 5512,3 kcal/min
• Cálculo dos calores fornecidos: Calor fornecido ao aquecedor:
Qfornecido1 = 30 kW = 30 kJ/s = 1800 kJ/min
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
58
Recorrendo ao balanço entálpico temos que: Qfornecido2 = ∆H4 - ∆H5 = 2306,6 + (-14034,4) - 18006 = 7229,3 kJ/min = 1727,8 kcal/min Em:
∆H4 - ∆H5 = Móleo ( 4Η̂∆ - 5Η̂∆ ) = Móleo [ ()25;600(
óleoPC (650 – 25) - ()25;120(
óleoPC (120 – 25)]
= Móleo 2,68 (650 – 120) = 1420,4 Móleo
pois )25;600(
óleoPC ≈ )25;120(
óleoPC = constante = 0,641 cal/(g ºC) = 2,68 J/(g ºC)
Donde: Móleo = 7229,3 / 1420,4 = 5,1 kg/min
EXEMPLO 1.15
O ácido cítrico [C3H4(OH)(CO2H)3] pode ser obtido por fermentação descontínua da glucose através
de um fungo (CH1,8O0,5N0,2) à temperatura de 25°C, segundo a reacção:
C6H12O6 + 2,22 O2 + 0,29 NH3 → 1,46 CH1,8O0,5N0,2 + 1,54 CO2 + 3,12 H2O + 0,50 C3H4(OH)(CO2H)3
Foram introduzidos no fermentador inicialmente 1500 kg de glucose e, durante as 36 horas de
fermentação, 41,0 kg de amónia e 3800 kg de ar seco, com um caudal constante.
A) Antes de ser introduzido no fermentador, o ar, que se encontrava inicialmente à temperatura de
15°C sofreu um pré–aquecimento até à temperatura de fermentação (ver diagrama). Determine a
potência de aquecimento, em kWatt.
B) Sabendo que as correntes gasosas que entram e saiem do fermentador se encontram à
temperatura de fermentação, e que durante o processo se perdem 50 kg de água por evaporação,
determine o calor que é necessário remover durante a fermentação, por kg de ácido cítrico
produzido.
④
①
②
③
Aquecimento
Ar seco – 3800 kg
Fermentação
NH3
41,0 kg25ºC
25ºC15ºC Tferm. = 25ºC
CO2N2O2H2O – 50,0 kg
AquecimentoAquecimento
Ar seco – 3800 kg
Fermentação
NH3
41,0 kg25ºC
25ºC15ºC Tferm. = 25ºC
CO2N2O2H2O – 50,0 kg
25ºC
⑤
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
59
Resolução:
A)
• Balanço entálpico ao aquecedor: ∆H1 + Qfornecido = ∆H2
• Estado de referência:
Tref = 25ºC
Pref = Pressão de trabalho
Estado de agregação: ar gasoso
• Cálculo das variações de entalpia:
∆H2 = 0
∆H1 = Mar arPC (15 – 25) = 131,49 x 28,99 (15 – 25) = -38,12 MJ/36h de fermentação
pois: Mar = (3800 /28,9 = 131,49 kmol
em que o _Cp do ar será dada pela equação:
com o seguinte valor para as constantes:
C1 = 0,28958 x 105
C2 = 0,0939 x 105
C3 = 3,012 x 103
C4 = 0,0758 x 105
C5 = 1484 valores válidos para 50 K < T < 1500 K
(pág 111 das “Tabelas”)
donde: _Cp = 28,99 J/(mol K) = 28,99 kJ/(kmol K)
Deste modo:
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
60
Qfornecido = -∆H1 = 38,12 MJ/36h = 0,29 kW
B) • Balanço entálpico ao fermentador:
∆H2 + ∆H3 = ∆H4 + Qretirado + oQR
• Estado de referência:
Tref = 25ºC
Pref = Pressão de trabalho
Estado de agregação: ar, CO2 e NH3 – gasoso H2O – líquida Biomassa, glucose e ácido - sólido
• Cálculo das variações de entalpia: ∆H2 = ∆H3 = 0
∆H4 = 50C25º
águaV H∆ = 50 x 2442,5 = 122,1 MJ (da pág 158 das “Tabelas”)
• Cálculo do calor global de reacção padrão:
biomassa
ocΗ̂
∆ = ? (ver pag 161 dos slides de Matéria Teórica)
Equação elementar da biomassa (fungo): CH1,8O0,5N0,2
Factor de redução: γ = (4 x 1) + (1 x 1,8) + (-2 x 0,5) + (0 x 0,2) = 4,8
(calculado relativamente ao N2)
biomassa
ocΗ̂
∆ = -115 x 4,8 x 1 = -552,0 kJ/mol
oRΗ̂∆ =
glucoe
ocΗ̂
∆ + 0,29
amónia
ocΗ̂
∆ - 1,46
biomassa
ocΗ̂
∆ - 0,50
ácido
ocΗ̂
∆
= - 2805,0 + 0,29 x (-382,6) – 1,46 x (-552,0) – 0,50 x (-1962,0) (pág 156 das “Tabelas”)
= -1129,0 kJ/mol = -1129,0 MJ/kmol
e:
oQR = 8,333 o
Η̂R∆ = -9408,0 MJ (em que 1500 / 180 = 8,333 kmoles de glucose consumida)
Então o calor retirado durante a fermentação será igual a:
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
61
Qretirado = 9408,0 – 122,1 = 9285,9 MJ/800 kg de ácido cítrico obtido
= 11,6 MJ/ kg de ácido cítrico obtido
EXEMPLO 1.16
Considere o processo de produção de benzeno, apresentado na figura seguinte.
No reactor, onde existe um excesso de 20% de hidrogénio, dá-se a desalquilação do tolueno
(C6H5CH3), segundo a reacção:
C6H5CH3 + H2 → C6H6 + CH4
com uma conversão de 90%.
Parte da mistura reaccional é condensada à temperatura de 62,5 ºC (removendo-se todo o tolueno e
grande parte do benzeno), sendo a corrente gasosa (com 5% de benzeno e 15% de hidrogénio)
reciclada para o reactor, depois de sofrer uma purga (fracção de purga de 0,65). A corrente líquida
(com 89,5% de benzeno) é destilada, sendo a corrente da base da coluna de destilação reciclada
para o reactor.
No condensador é utilizado, como fluido de arrefecimento, água à temperatura de 25ºC, obtendo-se,
à saída deste um vapor húmido à temperatura de 100ºC, com um título de 0,10.
Para uma produção de 1,0 ton de benzeno/dia, determinar o caudal horário do fluido de
arrefecimento.
Reactoradiabático
Condensador62,5ºC
C6H6 – 5%H2 - 15%CH4
CO2
H2
CO2
C6H5CH3
C6H5CH3C6H6
⑩
①
②
③
④
⑤
⑥⑦
C6H5CH3 – 10,5%C6H6 – 89,5%
⑧
C6H5CH3 – 1,5%C6H6 – 98,5%
⑨
11
25ºC
25ºC
Colu
na d
eD
esti
laçã
o
Água25ºC
Vapor húmidoTítulo = 0,10
100ºC
35ºC
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
62
Resolução
• Balanço de massa:
O primeiro passo da resolução deste problema deverá ser a resolução do balanço de massa do
processo. Esta resolução já foi efectuada em PEQB (EXEMPLO 4.6), para uma base de cálculo de
100 moles de C6H5CH3 na corrente ①. Os resultados obtidos estão indicados na tabela seguinte.
moles ① ② ③ ④ ⑤ ⑥ ⑦ ⑧ ⑨ ⑩
H2 -- 120 30,0 30,0 19,5 10,5 109,5 -- -- -- --
CO2 -- 21,5 21,5 21,5 14,0 7,5 14,0 .. -- -- --
C6H5CH3 100 -- 10,0 -- -- -- -- 10,0 1,3 8,7 91,3
CH4 -- 48,5 138,5 138,5 90,0 48,5 -- -- -- -- --
C6H6 1,7 3,5 95,2 10,0 6,5 3,5 -- 85,2 83,5 1,7 --
Total 101,7 198,5 295,2 200,0 130,0 70,0 123,5 95,2 84,8 10,4 91,3
• Balanço entálpico:
Em primeiro lugar há que identificar a zona do processo onde vamos efectuar o balanço entálpico.
Tendo em consideração que só poderá existir uma incógnita, o balanço entálpico deverá ser
efectuado à zona do processo indicada na figura seguinte:
Reactoradiabático
Condensador62,5ºC
C6H6 – 5%H2 - 15%CH4
CO2
H2
CO2
C6H5CH3
C6H5CH3C6H6
⑩
①
②
③
④
⑤
⑥⑦
C6H5CH3 – 10,5%C6H6 – 89,5%
⑧
C6H5CH3 – 1,5%C6H6 – 98,5%
⑨
11
25ºC
25ºC
Colu
na d
eD
esti
laçã
o
Água25ºC
Vapor húmidoTítulo = 0,10
100ºC
35ºC
11
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
63
Deste modo o balanço será o seguinte:
∆H7 + ∆H10 + ∆H11 + ∆Hágua = ∆H5 + ∆H8 + ∆Hvapor + oQR
ou: ∆H7 + ∆H10 + ∆H11 = ∆H5 + ∆H8 + (∆Hvapor - ∆Hágua) + oQR
A coluna de destilação não foi incluída no balanço pois não é conhecida a temperatura da corrente ⑨
nem são conhecidos os calores envolvidos no ebulidor e no condensador da referida coluna.
• Estado de referência:
Tref = 25ºC
Pref = Pressão de trabalho
Estado de agregação: H2, CO2 e CH4 – gasoso
Benzeno, tolueno e H2O – líquida
• Cálculo do calor global de reacção padrão:
o
Η̂R∆ = .)liq(tolueno
ocΗ̂
∆ + 2H
ocΗ̂
∆ - .)liq(benzeno
ocΗ̂
∆ - 4CH
ocΗ̂
∆
= (-934,50) + (–68,3174) – ((-780,98) - (–212,798)) = -9,04 kcal/mol = -37,82 kJ/mol
(pág 145-150 das “Tabelas”) Deste modo:
oQR = (100 – 10) o
Η̂R∆ = -3403,80 kJ
• Cálculo das variações de entalpia:
∆H7 = ∆H11 = 0
∆H10 = (8,7
toluenoPC + 1,7 benzenoPC )(35 – 25)
em que, para os compostos líquidos:
K) J/(mol 204,02 K) J/(kmol 10 x 2,0402
3
298,15 298,15 x 308,15 308,15 0,695
2
298,15 308,15 152,3 140140
_C
5
(tolueno)
22
p
==
+
+++
+−=
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
64
K) J/(mol 137,01 K) J/(kmol 10 x ,37011
3
298,15 298,15 x 308,15 308,15 0,85562
2
298,15 308,15 344,94 162940
_C
5
(benzeno)
22
p
==
+
+++
+−=
(pág 92-97 das “Tabelas”)
deste modo:
∆H10 = (8,7 x 204,02 + 1,7 x 137,01)(35 – 25) = 20,12 kJ
e utilizando as equações das capacidades caloríficas médias anteriores, mas com T = (62,5+273,13) K ∆H8 = (10,0
toluenoPC + 85,2 benzenoPC )(62,5 – 25) = (10,0 x 210,02 + 85,2 x 139,65)(62,5 – 25)
= 524,94 kcal
• ∆H5 = ( 19,5
2HPC + 14,0 2COPC + 90,0
4CHPC + 6,5 s.)benzeno(gaPC )(62,5 – 25) + 6,5 C25º
bezenoV H∆
A temperatura desta corrente será de 62,5ºC pois ela resulta da divisão da corrente ④
(consideramos as correntes termicamente bem isoladas do exterior), e esta última está em
equilíbrio com a corrente ⑧, estando ambas à temperatura de 62,5ºC.
O caminho escolhido para a contribuição do
benzeno para a variação de entalpia da corrente
⑤ está representada na figura ao lado.
A entalpia de vaporização do benzeno pode ser obtida a partir da equação de Watson modificada:
estando as constantes da equação anterior indicadas na pág. 77 das “Tabelas”:
C1 = 4,5346 x 107
C2 = 0,39053
C3 = 0
C4 = 0 valores válidos para 278,68 K < T < 562,05 K
e Tr = (25 + 273,15) / 562,05 = 0,530
deste modo: C25º V H∆ = 3,3753 x 107 J/kmol = 33,753 kJ/mol
( ) 2 rT C4 rT C3 C2rV T - 1 C1 H ++=∆
líquido
vapor
25 62,5
TPCs.)benzeno(ga
∆
C25º bezenoV H∆
líquido
vapor
25 62,5líquido
vapor
25 62,5
TPCs.)benzeno(ga
∆
C25º bezenoV H∆
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
65
A capacidade calorífica média do benzeno gasoso, entre 25 e 62,5ºC, será obtida a partir dos dados
da tabela da pág 106 das “Tabelas”, em que:
com o seguinte valor para as constantes:
C1 = 0,44767 x 105
C2 2,3085 x 105
C3 = 1,4792 x 103
C4 = 1,6836 x 105
C5 =677,66 valores válidos para 200 K < T < 1500 K
donde: _Cp = 88,13 J/(mol K)
As capacidades caloríficas médias para os outros compostos podem ser obtidas a partir da tabela da
pág 112 das “Tabelas”, efectuando uma interpolação linear.
Deste modo:
∆H5 = (19,5 x 29,14 + 14,0 x 38,16 + 90,0 x 36,46 + 6,5 x 88,13)(62,5 – 25) + 6,5 x 33753
= 405,27 kJ
Por substituição no balanço entálpico, obtém-se: (∆Hvapor - ∆Hágua) = 20,12 – 405,27 – 524,94 – (-3348,0) ) = 2437,91 kJ É sabido que à saída do condensador se obtém um vapor húmido (ou seja vapor saturado + água
líquida à temperatura de saturação) à temperatura de 100ºC e com um título de 0,10. O título de
vapor é definido do seguinte modo:
Título de vapor = líquida) água (vapor de moles ou massa
vapor de moles ou massa+
Então, na corrente de saída do condensador teremos 90% de água líquida e 10% de vapor, ambos a
100ºC. O calor retirado à corrente ③ foi utilizado para aquecer a água de 25 a 100ºC e para
vaporizar somente 10% desta água.
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
66
Deste modo podemos escrever que: ∆Hvapor = Mfluido [ 0,10 vaporΗ̂∆ + 0,90 líq. águaΗ̂∆ ] em que Mfluido é a massa (ou moles) do vapor húmido (ou da água da corrente de entrada), líq. águaΗ̂∆ é
a variação de entalpia específica da água líquida a 100ºC e vaporΗ̂∆ é a variação de entalpia específica
do vapor saturado a 100ºC. Através das tabelas de vapor saturado (pág 159 das “Tabelas”) temos
que:
líq. águaΗ̂∆ = 419,1 kJ/kg vaporΗ̂∆ = 2676 kJ/kg
donde: ∆Hvapor = Mfluido [ 0,10 x 2676 + 0,90 x 419,1] = 644,79 Mfluido
e para a corrente de água líquida à entrada do condensador (25ºC): líq. águaΗ̂∆ = 104,8 kJ/kg
então: Mfluido = 2437,91 / (644,79 - 104,8) = 4,51 kg de vapor húmido = 4,51 kg de água líquida a 25ºC
(para a tabela de vapor de água as condições de referência são: Tref = 0ºC e a água líquida)
O resultado obtido reporta-se à base de cálculo utilizada. Como se pretende o caudal horário do
fluido de arrefecimento para uma produção diária de 1,0 ton de benzeno, então o factor de
conversão entre a base de cálculo utilizada e a base real será:
fc = 1,0x106/(83,5 x 78,1) = 153,3 dia-1 Deste modo: Mfluido = 4,51 x 153,3 = 691,4 kg/dia
EXEMPLO 1.17
Uma corrente gasosa contendo metano, amoníaco e algum coque (*) sólido arrastado, é sujeita a uma
combustão. Os gases quentes provenientes desta operação são de seguida arrefecidos até à
temperatura de 100ºC, segundo o diagrama de blocos seguinte:
(*) carvão amorfo resultante da calcinação do carvão mineral, em que o seu principal componente é o carbono.
Vapor300ºF (148,9ºC)40 psia
100ºC
Água líq.
Permutador
CO2 - 3.735%NON2
NH3 - 1,245%H2O
QueimadorCH4 - 28%NH3 – 64%Coque – 8%
°
①
③
④25ºC
25ºC Ar
Gases de combustão
100ºC
Água líq.15,0ºC
Permutador
CO2 - 3.735%NON2
NH3 - 1,245%H2O
QueimadorCH4 - 28%NH3 – 64%Coque – 8%
°
①
③
④25ºC
25ºC Ar
Gases de combustão
200ºC5,0 bar
⑥ ⑤
②
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
67
Determinar a massa de água de arrefecimento, por cada 100 moles de corrente gasosa inicial
processada.
Resolução
• Balanço de massa:
Base de cálculo = 100 moles na corrente ① Reacções que ocorrem no queimador:
CH4 + 2 O2 → CO2 + 2 H2O
C + O2 → CO2
NH3 + 5/4 O2 → NO + 3/2 H2O
Tendo em consideração o número de moles na corrente de alimentação e tendo ainda em
consideração os componentes constituintes da corrente de gases efluente do queimador, sabemos
que:
CH4 + 2 O2 → CO2 + 2 H2O 28 56 28 56 moles
C + O2 → CO2 8 8 8 moles
Deste modo, iremos ter (28 + 8) = 36 moles de CO2 nas correntes ③ e ④. O número de moles de
NH3 nestas correntes será de (36 x 1,245 / 3,735) = 12 moles. Podemos concluir que na reacção de
combustão do NH3 foram consumidas (64 – 12) = 52 moles.
NH3 + 5/4 O2 → NO + 3/2 H2O 52 65 52 78 moles
Como mas correntes ③ e ④. não se encontra O2, então na corrente ② só foi introduzido (56 + 8+
65) = 129 moles de O2 e 485,3 moles de N2.
Os resultados do balanço de massas estão indicados na tabela da página seguinte.
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
68
moles ① ② ③ ④ ⑤ ⑥
CH4 28,0 -- -- -- -- --
NH3 64,0 -- 12,0 12,0 -- --
C 8,0 -- -- -- -- --
O2 -- 129,0 -- -- -- --
N2 -- 485,3 485,3 485,3 -- --
H2O -- -- 134,0 134,0 Mágua ? Mágua ?
CO2 -- -- 36,0 36,0 -- --
NO -- -- 52,0 52,0 -- --
Total 100,0 614,3 719,3 719,3 ?? ??
• Balanço entálpico ao queimador + permutador:
∆H1 + ∆H2 = ∆H4 + Qretirado + oQR
em que:
Qretirado = ∆H6 - ∆H5
• Estado de referência:
Tref = 25ºC
Pref = Pressão de trabalho
Estado de agregação: CH4, NH3, O2, N2, CO2 e NO – gasosos H2O – gasosa C – sólido, grafite (β)
De notar que o estado de agregação escolhido para o carbono foi o da forma alotrópica grafite (ou
forma β), pois é a forma alotrópica do carbono utilizada como padrão. De notar, no entanto que o
carbono presente na corrente ① é o coque (ou carbono amorfo).
• Cálculo do calor global de reacção padrão:
Vamos agora calcular os calores de reacção padrão, para as três reacções, a partir dos calores de
formação dos produtos e dos reagentes, para o estado de agregação indicado no estado de
referência.
R1) CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(g)
R2) C(β) + O2(g) → CO2(g)
R3) NH3(g) + 5/4 O2(g) → NO(g) + 3/2 H2O(g)
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
69
422 CH
of
OH
of
CO
of
oR1 Η-Η2Η Η
+
∆∆∆=∆ ˆˆˆˆ
= -94,0518 + 2x(-57,7979) – (-17,889) = -191,759 kcal/mol (págs 135-139 das “Tabelas”)
2CO
of
oR2 Η Η
∆=∆ ˆˆ = -94,052 kcal/mol
32 NH
of
OH
of
NO
of
oR3 Η-Η
23
Η Η
+
∆∆∆=∆ ˆˆˆˆ
= +21,600 + 3/2x(-57,7979) – (-10,96) = -54,137 kcal/mol
Nota: os calores de reacção poderiam também ter sido calculados a partir das entalpias de combustão padrão. Assim, o calor de reacção total ou global será:
kcal 8936,79- oΗ 52 oΗ 8 oΗ 28 oQ R3R2R1R =∆+∆+∆ = ˆˆˆ = 37,392 MJ
Como alternativa poderíamos calcular o calor de reacção total ou global tendo em consideração a
quantidade dos produtos efectivamente formados e dos reagentes efectivamente consumidos no
queimador, isto é:
3422 NH
ofCH
ofNO
ofOH
ofCO
of
oR Η 12)-(64 - Η 28 -Η 52 Η 134 Η 36 Q
∆
∆
∆+
∆+
∆= ˆˆˆˆˆ
= 36 x (-94,0518) + 134 x (-57,7979) + 52 (+21,600) – 28 x (-17,889) – 52 x (-10,96)
= -8936,78 kcal = 37,391 MJ
• Cálculo das variações de entalpia:
∆H1 = 8 x oΗ grafite)( →β∆ tˆ = 8 x 2,6 = 20,8 kcal = 87,03 kJ
em que: oΗ grafite)( →β∆ tˆ =
coque
ofΗ
∆ ˆ -
grafite
ofΗ
∆ ˆ = 2,6 – 0 = 2,6 kcal/mol (pág 132 das “Tabelas”)
∆H2 = 0 ∆H4 = (12
3NHPC + 485,3
2NPC + 134
O2HPC + 36
2COPC + 52 NO
PC )(100 – 25) = 1654,94 kJ
36,70 29,16 33,78 39,02 29,67 J/(mol K)
(pág 112 das “Tabelas”)
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
70
Para o cálculo da capacidade calorífica média do NO foi utilizada a seguinte equação polinomial:
NO
PC
= 29,67 J/(mol k) (ver pág 105 das “Tabelas”)
Qretirado = ∆H1 + ∆H2 - ∆H4 - oQR = 35,823 MJ
• Cálculo da massa de água:
Qretirado = 35,823 MJ = ∆H6 - ∆H5 = Mágua ( 6Η̂∆ - 5Η̂∆ )
em que 6Η̂∆ e 5Η̂∆ são as entalpias específicas das duas correntes.
Corrente ⑤: água líquida a 15ºC
5Η̂∆ = 63,0 kJ/kg (por interpolação dos valores da pág 158 das “Tabelas”)
Para a tabela de vapor de água as condições de referência são: Tref = 0ºC e a água líquida
Corrente ⑥: Vapor a 200ºC e 5,0 bar (vapor sobreaquecido)
6Η̂∆ = 2855 kJ/kg (pág 166 das “Tabelas”)
E então:
kg 12,8 63,0 - 2855
10 x 35,823 3
águaM == / 100 moles de mistura gasosa inicial
( ) ( )
++
−
+
+++
+−=
4
T x T 2 - T T T T 10 x5,7357
3
TT x T T 0,07729
2
T T 35,32 34980
212
2121
2221
2121
5-
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
71
EXEMPLO 1.18
Um combustível gasoso, composto por 60% de H2 e 40% de CH4, é alimentado a um queimador com
um caudal de 100 moles/min. Este combustível é completamente queimado com um excesso de 50%
de ar. As perdas caloríficas por radiação através das paredes do queimador são de 20% da entalpia
global de reacção.
Sabendo que o combustível e o ar se encontram inicialmente a 25ºC, determinar, para a mistura de
gases de combustão efluente do queimador:
A) A temperatura teórica de chama máxima, no ar.
B) A temperatura teórica de chama, no oxigénio.
C) A temperatura real de chama.
Dados: capacidade calorífica a pressão constante (cal/(mol K) aplicável para temperaturas elevadas
(273-3880 K):
C 2Np = -6,529 + 0,1488x10-2 T – 0,02271x10-5 T
C O2Hp = -6,970 + 0,3464x10-2 T – 0,04833x10-5 T
C 2Op = -6,732 + 0,1505x10-2 T – 0,01791x10-5 T
C 2COp = 18,036 + 0,004474x10-2 T (com T em K)
Resolução
A) Pretendemos calcular a temperatura teórica máxima dos gases de combustão (a temperatura
destes gases irá ser igual à temperatura à qual ocorre a combustão), em que o comburente é o ar.
Esta temperatura é calculada considerando o processos adiabático (não ocorrem troca de calor com
o exterior, QP = 0), a combustão completa, ausência de trabalho e utilização do comburente na
proporções estequiométricas exigidas pela combustão completa do combustível. Para estes
pressupostos vamos efectuar o balanço de massas.
Queimador ③①
②
H2 - 60%CH4 – 40%
O2
N2
O2N2CO2H2O25ºC
25ºC
T = ??
QP = 0
Queimador ③①
②
H2 - 60%CH4 – 40%
O2
N2
O2N2CO2H2O25ºC
25ºC
T = ??
QP = 0
Queimador ③①
②
H2 - 60%CH4 – 40%
O2
N2
O2N2CO2H2O25ºC
25ºC
T = ??
QP = 0
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
72
• Balanço de massa:
Base de cálculo = 100 moles/min na corrente ①
Sabendo que na corrente ① temos 60 moles/min de H2 e 40 moles/min de CH4, e tendo em
consideração as reacções de combustão que ocorrem no queimado, então:
H2 + ½ O2 → H2O
60 30 60 moles/min
CH4 + 2 O2 → CO2 + 2 H2O
40 80 40 80 moles/min
Como para o cálculo da temperatura teórica de chama máxima considera-se que o excesso de O2 é
nulo, então na corrente ② teremos (30 + 80) = 110 moles de O2/min e 110 x79/21 = 413,8 moles de
N2/min. O balanço de massa para o cálculo pretendido está indicado na tabela seguinte.
Moles/min ① ② ③
H2 60 -- --
CH4 40 -- --
O2 - 110 --
N2 -- 413,8 413,8
H2O -- -- 140
CO2 -- -- 40
Total 100 523,8 593,8
• Balanço entálpico ao queimador:
∆H1 + ∆H2 = ∆H3 + oQR
• Estado de referência:
Tref = 25ºC
Pref = Pressão de trabalho
Estado de agregação: H2, CH4, O2, N2 e CO2 – gasosos H2O – gasosa
Deste modo: ∆H1 + ∆H2 = 0 e ∆H3 = - oQR
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
73
• Cálculo do calor global de reacção padrão:
kcal/min 10 x -11,14 kJ/min x10 46,61- (-802,62) 40 ) (-241,82 60
cΗ 0 cΗ 60 Q
33
CHooo
R (g)4(g)2H
==+=
∆+
∆= ˆ4ˆ
(ver pág 149 das “Tabelas”)
Assim ∆H3 = 11,14 Mcal/min
• Cálculo de ∆H3:
∆H3 = ( 413,8
2NPC + 140
O2HPC + 40
2COPC ) (T – 25) = 11,14 Mcal/min
Pretendemos saber o valor de T. No entanto não é uma tarefa fácil de executar pois os PsC também
dependem da temperatura.
As capacidades caloríficas médias a pressão constante serão dadas pelas equações seguintes (pág
116 das “Tabelas”):
3
T(K) T(K) x 298,15 298,15 x100,02271
2
T(K) 298,15 0,1488x10 6,529
_C
225-
2-p
2N
++−
++−=
3
T(K) T(K) x 298,15 298,15 x100,04833
2
T(K) 298,15 0,3464x10 6,970
_C
225-
2-p O2H
++−
++−=
2
T(K) 298,15 00,004474x1- 18,036
_C 2-
p 2CO
+=
A resolução de ∆H3 pode ser efectuada por um processo iterativo. Este modo de resolução consiste
em atribuir um valor a T para calcularmos os valor dos sPC e, a partir da equação do ∆H3, obtermos
novo valor de T (a partir de (T-25)). Com este novo valor de T recalculamos novamente novos sPC .
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
74
Este procedimento deverá prosseguir até que a diferença entre o valor de T obtido em duas
iterações consecutivas seja inferior ao erro que deveremos previamente definir.
Um outro processo de cálculo será através de uma resolução gráfico de ∆H3 em função de T (para 4
diferentes temperaturas foi calculado o valor de ∆H3, e feita a sua representação gráfica),
utilizando os valores das capacidades caloríficas médias a pressão constante indicados na pág 117
das “Tabelas”). Essa representação está indicada na figura seguinte.
Através da representação gráfica obtida poderemos tirar que, para que ∆H3 seja igual a 11,14
Mcal/min, a temperatura deverá ser de 2040ºC (que é a temperatura teórica máxima dos gases de
combustão).
B) Pretendemos agora calcular a temperatura teórica dos gases de combustão em que o
comburente considerado é o O2 (e não o ar). Esta temperatura é calculada considerando o processos
adiabático (não ocorrem troca de calor com o exterior, QP = 0), a combustão completa e ausência
de trabalho. A quantidade de comburente (O2) considerado deverá inclui a percentagem de
excesso existente no processo. Para estes pressupostos vamos efectuar novo balanço de massas.
4
6
8
10
12
14
16
1000 1500 2000 2500
T(ºC)
Ent
alpi
a (M
cal/m
in)
≈11,14 Mcal/min≈11,14 Mcal/min
2040ºC2040ºC
Queimador ③①
②
H2 - 60%CH4 – 40%
O2
N2
O2N2CO2H2O25ºC
25ºC
T = ??
QP = 0
Queimador ③①
②
H2 - 60%CH4 – 40%
O2
N2
O2N2CO2H2O25ºC
25ºC
T = ??
QP = 0
Queimador ③①
②
H2 - 60%CH4 – 40%
O2
N2
O2N2CO2H2O25ºC
25ºC
T = ??
QP = 0
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
75
Como sabendo que o excesso de O2 é de 50%, então na corrente ② teremos 110 x 1,5 = 165 moles de
O2/min, e na corrente ③ teremos (165 - 110) = 55 moles de O2/min . O balanço de massa para o
cálculo pretendido está indicado na tabela seguinte.
Moles/min ① ② ③
H2 60 -- --
CH4 40 -- --
O2 - 165 55
N2 -- -- --
H2O -- -- 140
CO2 -- -- 40
Total 100 523,8 593,8
• Balanço entálpico ao queimador:
Para o mesmo estado de referência utilizado na alínea anterior termos que:
∆H3 = - oQR = 11,14 Mcal/min • Cálculo de ∆H3:
∆H3 = (55
2OPC + 140
O2HPC + 40
2COPC ) (T – 25) = 11,14 Mcal/min
As capacidades caloríficas médias a pressão constante para o CO2 e para a H2O serão dadas pelas
equações referida na alínea anterior, sendo para o O2 a seguinte equação:
3
T(K) T(K) x 298,15 298,15 x100,01791
2
T(K) 298,15 0,1505x10 6,732
_C
225-
2-p
2O
++−
++−=
Ou através dos valores das capacidades caloríficas médias a pressão constante indicados na pág 117
das “Tabelas”.
Da representação gráfica de ∆H3 em função de T. (resolução gráfico) obtemos a seguinte figura:
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
76
Para que ∆H3 seja igual a 11,14 Mcal/min a temperatura deverá ser de 3925ºC (que é a temperatura
teórica dos gases de combustão, considerando o O2 com o único gás existente na mistura
comburente). Esta elevada temperatura obtido deve-se ao facto de não se gastar energia a aquecer
o N2.
C) O cálculo da temperatura real de chama vai ser efectuado para as condições reais em que
ocorre a combustão. Relativamente à alínea anterior, o balanço de massas será semelhante (pois em
condições reais a combustão é completa). A única diferença deve-se à presença do N2 (165 x 79/21 =
620,7 moles), para além do calor perdido que dever ser incluído no balanço entálpico.
• Balanço entálpico ao queimador:
∆H1 + ∆H2 = ∆H3 + QP + oQR
como ∆H1 = ∆H2 = 0
6
8
10
12
14
16
18
2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500
T(ºC)
Ent
alpi
a (M
cal/m
in)
≈11,14 Mcal/min
3925ºC
Queimador ③①
②
H2 - 60%CH4 – 40%
O2
N2
O2N2CO2H2O25ºC
25ºC
T = ??
QP
Queimador ③①
②
H2 - 60%CH4 – 40%
O2
N2
O2N2CO2H2O25ºC
25ºC
T = ??
QP
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
77
∆H3 = -( QP + oQR ) = - ( 0,20 -11,14 – ( -11,14) ) = 8,91 Mcal/min
No balanço, o calor perdido foi colocado no lado das saídas, logo deverá apresentar um valor positivo (sendo
assim 20% do módulo do calor global de reacção padrão).
• Cálculo de ∆H3:
∆H3 = (55
2OPC + 620,7
2NPC + 140
O2HPC + 40
2COPC ) (T – 25) = 8,91 Mcal/min
Da representação gráfica de ∆H3 em função de T. (resolução gráfico) obtemos a seguinte figura:
Para que ∆H3 seja igual a 8,91 Mcal/min a temperatura deverá ser de 1250ºC (temperatura real de
chama).
NOTA: As temperaturas das 3 alíneas anteriores, depois de obtidas pelo método gráfico, foram
confirmadas através do cálculo do ∆H3.
4
5
6
7
8
9
10
11
12
500 1000 1500
T(ºC)
Ent
alpi
a (M
cal/m
in)
≈8,91 Mcal/min≈8,91 Mcal/min
1250ºC1250ºC
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
78
PROBLEMAS PROPOSTOS
PROBLEMA 1.27
Calcule a entalpia de reacção padrão, em kcal/mol, para as seguintes reacções:
A) H2(g) + Cl2(g) → 2 HCl(g)
B) 2 NH3(g) + 23 O2(g) → N2(g) + 3 H2O(g)
C) CH4(g) + O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(g)
D) CH4(g) + H2O(liq) → CO(g) + 3 H2(g)
E) C6H12O6(s) → 2 C2H5OH(liq) + 2 CO2(g)
F) C16H34(liq) + 12,5 O2(g) + 2,13 NH3(g) → 10,6 CH1,66O0,27N0,20(s) + 5,37 CO2(g) + 11,4 H2O(liq)
em que: hexadecano - C16H34 ; biomassa - CH1,66O0,27N0,20
PROBLEMA 1.28
A decomposição térmica do éter dimetílico:
(CH3)2O(g) → CH4(g) + H2(g) + CO(g) kcal/mol 1,25- HoR =∆
é realizada num reactor contínuo à temperatura de 600°C. Sabendo que se alimentam ao reactor
1000 mol/min de éter a 25°C, calcule a potência de aquecimento, para conversão completa.
PROBLEMA 1.29
No processo de produção de SO3 segundo a reacção:
SO2 + 21 O2 → SO3
são alimentados ao reactor SO2 e ar (com um excesso de 150%) obtendo-se uma conversão de 90%.
Sabendo que os reagentes são introduzidos no reactor à temperatura de 25°C, determine o calor a
remover, por kmole de SO2 convertido, para que a temperatura da mistura reaccional não seja
superior a 300°C.
Dado: C)(25;30ºSO3PC = 59,31 J/(mol K)
PROBLEMA 1.30
Na fermentação contínua anaeróbia de uma levedura, realizada à temperatura de 25°C, obtêm-se
como produtos glicerol e etanol. A fonte de carbono é a glucose enquanto que a fonte de azoto é o
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
79
amónia (NH3). Tendo em consideração a tabela seguinte, onde estão indicados os caudais mássicos
das entradas e saídas (ambas à temperatura de fermentação), calcule o calor que é necessário
remover do fermentador.
kg/h Entradas Saídas
Glucose 36,0 --
Amónia 0,40 --
Células -- 2,81
Glicerol -- 7,94
Etanol -- 11,9
Água -- 0,15
Dióxido de carbono
-- 13,6
Dado: kJ/g 21,2- H célulasoc =∆
PROBLEMA 1.31
Penicillium chrysogenum é utilizado para produzir penicilina num fermentador com um volume útil de
100 m3. Sabendo que o OUR é de 0,85 mmoles de O2/(L min), e que a potência de agitação é de 2,5
W/L, determinar a potência de arrefecimento.
PROBLEMA 1.32
No processo de produção do ácido cítrico por fermentação descontínua de um fungo (Aspergillus
niger), são consumidas 5000 kg de glucose e 1720 kg de oxigénio para ser obter 3000 kg de produto.
Calcular o calor que é necessário remover neste processo, por kg de produto obtido, sabendo que a
fermentação decorre durante 2 dias a 30ºC, que a potência de agitação é de 50 kW e que 100 kg de
água são evaporados durante este processo.
Considerar que H H oRR
C30º ∆≅∆ e que a corrente de ar (para fornecimento do oxigénio) à entrada e a
corrente de gases á saída (contendo a água evaporada) se encontram à temperatura de fermentação.
PROBLEMA 1.33
A produção industrial de ácido propiónico (C3H6O2) pode ser efectuada por fermentação descontínua
anaeróbia da bactéria Propionibacterium sp. (CH1,81 O0,41N0,20), utilizando sacarose como fonte de
carbono e amónia como fonte de azoto. Em simultâneo dá-se a formação de outros ácidos,
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
80
designadamente ácido acético (C2H4O2), ácido butírico (C4H8O2) e ácido láctico (C3H6O3), de acordo
com a seguinte reacção:
C12H22O11 + 0,32 NH3 → 1,59 CH1,81 O0,41N0,20 + 1,85 C3H6O2 +
+ 1,14 C2H4O2 + 0,19 C4H8O2 + 0,13 C3H6O3 + 1,43 CO2 + 0,74 H2O
Durante a fermentação, que decorre durante 6 dias a 25ºC, são consumidos 1500 kg de sacarose.
Sabendo que a potência de agitação é de 6,0 kW, determinar a potência de arrefecimento
necessária, por kg de ácido propiónico produzido.
PROBLEMA 1.34
Um bioreactor contínuo, para digestão anaeróbia de resíduos domésticos, é instalado numa
residência. Este processo, aonde se produz etanol (C2H6O), pode ser descrito pela seguinte equação:
C6H12O6 + 0,13 NH3 → 0,72 CH1,75 O0,58N0,18 + 1,76 C2H6O + 1,76 CO2 + 0,29 H2O
em que CH1,75 O0,58N0,18 é a biomassa.
Com a finalidade de efectuar um aproveitamento energético, o bioreactor é arrefecido com água
(com um caudal de 16 L/h e inicialmente a 10ºC) que depois é incorporada na rede doméstica de
aquecimento. Determinar a temperatura da água à saída do bioreactor, sabendo que a produção de
etanol é de 0,50 kg/h.
Dados: Potência de agitação = 0,5 kW
CP(efluente) = 3,7 kJ/(kgºC)
Considerar que H H oRR
C42º ∆≅∆
Considerar que a corrente gasosa está isenta de vapores de água e de etanol.
PROBLEMA 1.35
Em muitos processos biológicos a lactose (C12H22O11) é utilizada como nutriente, sofrendo oxidação
(combustão) segundo a reacção:
C12H22O11 + 12 O2 → 12 CO2 + 11 H2O
Calcule o valor das trocas de calor com o exterior, por grama de lactose consumida, para conversão
completa e quando se utiliza oxigénio em quantidade estequiométrica. Considere que a temperatura
de todas as correntes é de 37°C (temperatura à qual ocorrem muitos dos processos biológicos).
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
81
PROBLEMA 1.36
Células de uma bactéria geneticamente modificada, imobilizadas em k-carragénio, são utilizadas para
converter glucose em ácido glutâmico (C5H9NO4). As células imobilizadas não crescem mas
conseguem metabolizar a glucose à temperatura de 25°C, de acordo com a reacção:
C6H12O6 + NH3 + 23 O2 → C5H9NO4 + CO2 + 3 H2O
O fermentador utilizado, com um volume de 25 m3, é alimentado continuamente por uma corrente
líquida, a 25°C, com um caudal de 200 kg/min de uma solução aquosa de glucose (4% mássica), e por
uma corrente gasosa, a 15°C e 2 atm abs, com um caudal de 10 m3/min de ar e amónia (12% molar). O
arrefecimento do fermentador é efectuado através da circulação de água numa camisa de
refrigeração.
Sabendo que a glucose é completamente convertida, que o calor perdido através do topo e da base
do fermentador é 10% do calor de reacção e que a potência de agitação é de 30 kW, calcule o caudal
horário da água de refrigeração.
PROBLEMA 1.37
No processo de fabrico de ácido nítrico, amoníaco é sujeito a uma oxidação catalítica a 900°C,
segundo a reacção seguinte:
NH3 + 45 O2 → NO +
23 H2O
O amoníaco é alimentado ao reactor, à temperatura de 25°C juntamente com ar pré-aquecido, de
acordo com o diagrama seguinte.
Camisa de refrigeração
Solução aquosade glucose a 4%200 kg/min25ºC
Ar + NH3 (12%)10 m3/min15ºC ; 2 atm abs
Gases
Solução aquosa deácido glutâmico
Água de refrigeração12ºC
Água de refrigeração20ºC
25ºC
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
82
Sabendo que são fornecidos ao pré-aquecedor 200 kcal/m3 ar seco (PTS), e que quando se utiliza um
excesso de 20% de ar a conversão da reacção é de 90%, determine o calor que é necessário remover
no reactor, por kmole de NH3 convertido.
PROBLEMA 1.38
Na produção contínua de formaldeído, metano é oxidado em presença de ar, à temperatura de
200°C. Não é possível evitar, no entanto, a reacção de combustão do metano formando CO2:
CH4 + O2 → CH2O + H2O
CH4 + 2O2 → CO2 + 2 H2O
Tendo em consideração o diagrama de blocos seguinte, determine a temperatura de fluido de
arrefecimento (Cpfluido de arrefec. = 0,75 cal/(g ºC)) à saída do reactor.
PROBLEMA 1.39
Calcular a quantidade de vapor de água a 150ºC que é possível produzir a partir da combustão
completa de 100 moles de uma corrente gasosa de propano a 45ºC, sabendo que os gases efluentes
do reactor são arrefecidos até à temperatura de 200ºC, de acordo com a figura seguinte.
AquecedorAr seco
25ºC 900ºCReactor
NH3
25ºC
④
③
②①
ReactorCH4 – 100 mol/min
25ºC
CH4 – 60 mol/minCH2OCO2 - 10 mol/minH2OO2N2
200ºC
Fluido de Arrefecimento
1,5 kg/molde CH4 convertidoT = ?
Ar – 476,2 mol/min100ºC
25ºC
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
83
PROBLEMA 1.40
A) Vapor saturado a 300ºC é utilizado para aquecer e vaporizar 1000 moles/min de metanol (CH3OH)
de 25ºC a 200ºC, num permutador de calor em contracorrente. Determine o caudal de vapor sabendo
que este condensa totalmente, deixando o permutador de calor como água líquida à temperatura de
80ºC.
B) O metanol gasosa a 200ºC é posteriormente sujeito a uma combustão completa, utilizando-se ar a
25ºC e na proporção de (Ar/CH3OH)entrada do reactor = 10. Determine o calor perdido através das
paredes do reactor sabendo que os gases de combustão (compostos por N2 (7900 moles/min), O2
(600 moles/min), CO2 (1000 moles/min) e vapor de água (2000 moles/min)) saiem à temperatura de
1200ºC.
PROBLEMA 1.41
Considere o processo muito simplificado de produção de 1.2-dicloroetano, a partir do etileno e do
cloro, de acordo com a seguinte reacção:
C2H4 + Cl2 → C2H4Cl2
C3H8 – 100 mol
25ºC
CO2 - 300 molH2O – 400 molO2 - 88 molN2 - 2212 mol
200ºCQueimador
Ar – 2800 mol25ºC
25ºC
Permutadorde calor
Água líquidaVapor de água(saturado) 150ºC
Gases decombustão
Metanol1000 moles/min 200ºC
Vapor saturado300ºC
Água líquida80ºC
Permutadorde Calor
Reactor
Ar25ºC
15200ºC25ºC
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
84
Sabendo que as perdas caloríficas globais no processo são de 20 Mcal/kmol condensado, calcule o
consumo de água de refrigeração, por kmol de 1.2-dicloroetano condensado, tendo em consideração
os dados incluídos no diagrama de blocos seguinte.
PROBLEMA 1.42
Considere o processo de produção de ácido acético a partir do etileno e do ar. Estes reagentes são
alimentados ao reactor onde se dá a formação de ácido acético por oxidação do etileno:
C2H4 + O2 → CH3COOH
dando-se simultaneamente a combustão do etileno: C2H4 + 3O2 → 2CO2 + 2H2O A corrente gasosa que abandona o reactor é arrefecida pela adição de água, considerando-se que
todos o ácido acético é condensado a 25°C.
Tendo em consideração o diagrama de blocos seguinte determine o calor retirado no condensador,
por mole de ácido produzido.
ReactorCondensador
50ºCC2H4 - 150 mol
50ºC
Cl2 – 100 mol
100ºC
Água
15ºC
Água
40ºC
corrente líquida
corrente gasosa
C2H4Cl2 – 90 mol
C2H4 - 50 molC2H4Cl2 – 10 mol
Arrefecedor25ºC C. líquida
CH3COOH – 80 molH2O - 1990 mol
H2O – 50 molN2 - 790 molCO2 – 40 molO2 – 70 mol
C. gasosa
H2O – 2000 mol10ºC
Reactor
C2H4 – 100 mol
60ºC
Ar – 1000 mol
100ºC
Arrefecedor25ºC C. líquida
CH3COOH – 80 molH2O -
H2O – 50 molN2 - 790 molCO2 – 40 molO2 – 70 mol
C. gasosa
H2O – 2000 mol10ºC
Reactor
C2H4 –
60ºC
Ar – 1000 mol
100ºC
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
85
PROBLEMA 1.43
No processo de produção de vapor (350ºC e a 10 bar abs) a partir de água líquida a 25C, o
aquecimento da caldeira é efectuado pelos gases quentes provenientes da combustão de carvão
(hulha), em presença de ar, de acordo com a figura seguinte:
Determinar o caudal de vapor obtido, quando o caudal de carvão alimentado á fornalha é de 100
kg/min.
Dados: Massa de ar = 14 kg / kg de carvão alimentado à fornalha
Calor perdido na fornalha = 20% do calor de reacção global
Entalpia de transição do carbono (grafite, ou β) para o carbono (coque): ∆Ht25ºC = 905,8 J/g
PROBLEMA 1.44
No processo de produção de carboneto de cálcio (CaC2), é alimentado ao reactor óxido de cálcio e
coque (considerado sem sílica), dando-se a seguinte reacção à temperatura de 400ºC:
CaO + 3 C → CaC2 + CO
com conversão total. O carbono (coque) é alimentada ao reactor em quantidade estequiométrica.
Fornalha
Gases decombustão
C - 80%SiO2 - 6%S - 4%H2O – 10%(% mássicas)
25ºC
Ar
25ºC
Água líq.25ºC
Vapor de água700ºF (371,1ºC)160 psia
CO2SO2N2O2H2OC - 10%
SiO2 - 90%(% mássicas)
500ºC
CaldeiraGases400ºC
Fornalha
Gases decombustão
C - 80%SiO2 - 6%S - 4%H2O – 10%(% mássicas)
25ºC
Ar
25ºC
Água líq.25ºC
Vapor de água700ºF (371,1ºC)160 psia
CO2SO2N2O2H2OC - 10%
SiO2 - 90%(% mássicas)
500ºC
CaldeiraGases400ºC
Vapor de Água
350ºC
10 bar abs
⑦
①
②
③
④
⑤
⑥
Fornalha
Gases decombustão
C - 100 molSiO2 - 4,2 mol
(carvão)
25ºC
Ar – 381 mol25ºC
CaO25ºC
CO2 – 40 molCO - 50 molN2O2
C - 10 molSiO2 – 4,2 mol
Reactor
500ºC
400ºCCO
C25ºC
CaC2
400ºC
FornalhaC - 100 molSiO2 - 4,2 mol
(carvão)
25ºC
Ar – 381 mol25ºC
CaO25ºC
CO2 – 40 molCO - 50 molN2O2
C - 10 molSiO2 – 4,2 mol650ºC
ReactorCO
C25ºC
CaC2
⑨
①
②
③
④
⑤ ⑥
⑦
⑧
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
86
O reactor é aquecido através dos gases quentes resultantes da queima incompleta de coque numa
fornalha, de acordo com o diagrama de blocos seguinte:
Tendo em consideração o balanço de massa parcial ao processo indicado no diagrama de blocos,
calcular a produção de CaC2.
Dados: Calor perdido na fornalha = 5% do calor de reacção na fornalha
Capacidade calorífica do CaC2 = 9,80 cal/(mol ºC)
Capacidade calorífica do coque (21 - 800ºC) = 0,359 cal/(g ºC)
Entalpia de transição do carbono (grafite, ou β) para o carbono (coque): ∆Ht25ºC = 905,8 J/g
Entalpia de transição do SiO2 (quartzo α) para o SiO2 (quartzo β) ∆Ht575ºC = 10,45 J/g
PROBLEMA 1.45
Determinar a temperatura real de chama quando coque seco é queimado em presença de 20% de
excesso de ar, nas seguintes condições:
A) O combustível e o ar são alimentados a 25ºC.
B) O combustível é alimentado a 25ºC e o ar pré-aquecido até 125ºC. Dados: Composição do coque: 90% de carbono e 10% de inertes (%m/m)
Poder calorífico do coque = 5000 kcal/kg de coque
CP(inerte) = 0,80 kcal/(kg ºC)
Calor perdido = 0,20 oQR
Considerar a combustão completa
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
87
SOLUÇÕES DOS PROBLEMAS PROBLEMA 1.27
A) ∆HoR = –92,3 KJ/mol HCl B) ∆Ho
R = –316,9 kJ/mol NH3
C) ∆HoR = –802,8 kJ/mol CH4 D) ∆Ho
R = 250,2 kJ/mol CH4
E) ∆HoR = –1438,2 kJ/mol C6H12O6 F) ∆Ho
R = –3807,9 kJ/mol C16H34
PROBLEMA 1.28 PROBLEMA 1.29
Potência = 979 kW Qretirado = 30,7 MJ/kmol SO2 convertido
PROBLEMA 1.30 PROBLEMA 1.31
Qretirado = 14,0 MJ/h Qarrefecimento = 902 kW
PROBLEMA 1.32 PROBLEMA 1.33
Qretirado = 11,0 MJ/kg ác cítrico Qretirado = 16,2 W/kg ác propiónico
PROBLEMA 1.34 PROBLEMA 1.35
T = 33,8ºC Qretirado = 16,5 kJ/g lactose
PROBLEMA 1.36 PROBLEMA 1.37
FV= 70,5 m3 água/h Qretirado = 109 kJ/kmole de NH3 convertido
PROBLEMA 1.38 PROBLEMA 1.39
T = 104°C Mvapor = 65,4 kg
PROBLEMA 1.40 PROBLEMA 1.41
Qperdido = 4,9 MW Mágua = 973 kg/ kmol condensado
PROBLEMA 1.42 PROBLEMA 1.43
Qretirado = 865,5 kJ/mol ác produzido FM = 521 kg vapor/min
PROBLEMA 1.44 PROBLEMA 1.45
MCaCl2 = 1,8 kg TRC = 1188ºC
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
88
Nota:
Alguns dos exemplos resolvidos e dos problemas propostos foram adaptados das seguintes referências: R. M. Felder e R. W. Rousseau (2000)“Elementary Principles of Chemical Processes”, 3ª edição, John Wiley, New York P. M. Doran (2013) “Bioprocess Engineering Principles”, 2ª edição , Academic Press, New York D. M. Himmelblau (1996) “Basic Principles and Calculations in Chemical Engineering”, 6ª edição, Prentice Hall PTR, New Jersey T. C. Ducan e J. A Reimer, (1998) “Chemical Engineering Design and Analysis – An Introduction”, Cambridge University Press
89
1.5 Balanços de Energia Envolvendo Entalpias de Solução e de Mistura
EXEMPLOS RESOLVIDOS
EXEMPLO 1.19
Determinar a temperatura da solução aquosa de KOH obtida quando se dissolve 77 g de KOH sólido
em:
A) 1000 g de água.
B) 3000 g de água.
Nota: a água e o KOH iniciais encontram-se a 25ºC.
Resolução
A)
• Balanço mássico: Base de cálculo = 77 g de KOH
O balanço de massas está indicado na figura seguinte:
(MKOH = 56,1 g/mol)
• Balanço entálpico ao misturador: ∆H1 + ∆H2 = ∆H3 • Estado de referência:
Tref = 25ºC
Pref = Pressão de trabalho
Estado de agregação: KOH – sólido, livre H2O – líquida No estado de referência, o estado de agregação do KOH poderia ser escolhido de acordo com o
estado do composto na corrente ③ (KOH aquoso) ou na corrente ① (KOH sólido). Optou-se por esta
última hipótese, pois torna os cálculos mais simples (como será abordado no exemplo seguinte, nem
MisturaKOH = 77 g
= 1,373 moles
H2O = 1000 g= 55,56 moles
KOH = 77 g = 1,373 moles
H2O = 1000 g = 55,56 moles
solução
25ºC
25ºC T = ??③①
②
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
90
sempre se encontram os dados necessários ao cálculo de um ∆H, quando se considerada como estado
de referência o composto em solução aquosa). Quando se pretende indicar no estado de referência
que o composto sólido não se encontra em solução é necessário indicar que ele se encontra “livre”.
• Cálculo das variações de entalpia:
➔ ∆H1 = ∆H2 = 0 ⇒ ∆H3 = 0
Tal como acontece quando da existência de outras entalpias de transição de fase ou de estado, ao
escrevermos a variação de entalpia de uma solução aquosa, quando o soluto está livre no estado de
referência, deveremos de ter em consideração, para além do calor sensível, o calor de transição do
composto livre para solução, isto é, tendo em consideração o diagrama seguinte:
∆Hsolução = Msolução soluçãoPC (T – 25) + nsolutoo
sΗ solutoˆ∆
em que:
soluçãoPC - capacidade calorífica média da solução a pressão constante;
o sΗ ˆ∆ - calor integral de solução (ou de dissolução ou de mistura) padrão (tabelado para a
temperatura de 25ºC).
Para as tabelas e gráficos que se encontram disponíveis nas “Tabelas” o soluçãoPC e a o sΗ ˆ∆ vêm
expressos e cal/(g de solução ºC), e kcal/(mol de soluto), respectivamente. Assim, Msolução e nsoluto
são a massa de solução e o número de moles de soluto, respectivamente.
Os valores de soluçãoPC e de o sΗ ˆ∆ que se encontram disponíveis para as diversas soluções
dependendo da proporção molar entre o solvente e o soluto, definida por:
soluto de moles água de moles
R =
Composto livre
Solução
25 T
ΔT PC solução
0 S H∆
Estado de referência
Estado da corrente
Composto livre
Solução
25 T
ΔT PC solução
0 S H∆
Estado de referência
Estado da corrente
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
91
Deste modo:
➔ ∆H3 = Msolução soluçãoPC (T – 25) + nKOHo
sΗ KOHˆ∆
Para a corrente ③ temos que: 40,5 1,373
55,56
soluto de moles água de moles
R3 ===
O valor do soluçãoPC pode ser obtido recorrendo ao gráfico da pág 120 das “Tabelas”,
enquanto que o valor de o sΗ KOH
ˆ∆ pode ser obtido recorrendo ao gráfico da pág 133 das “Tabelas”.
Nota: atenção às unidades indicadas no gráfico anterior (o valor obtido é de -12,8 kcal/mol, ou -12.800
kcal/kmol, pois mole-quilograma ≡ kmole).
(cal/gºC)
Ccal/gº 0,90 CsoluçãoP =
R = 40,5
(cal/gºC)(cal/gºC)
Ccal/gº 0,90 CsoluçãoP =
R = 40,5
soluto de kcal/mol 12,8- H os =∆
R = 40,5
soluto de kcal/mol 12,8- H os =∆
R = 40,5
C20º
solução solução PC PC =
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
92
Assim:
➔ ∆H3 = Msolução soluçãoPC (T – 25) + nKOHo
sΗ KOHˆ∆
1077 g 1,373 moles
0,90 cal/(g solução ºC) -12,8 x103 cal/(mol soluto)
∆H3 = 969,3 (T-25) – 17574,4 = 0
(T – 25) = 18,1 ⇒ T = 43,1ºC
NOTA: Se o soluçãoPC não se encontrasse tabelado então deveria de ser calculado a partir dos PC
dos componentes da solução, isto é:
PC x PC x PC solutosoluto águaágua solução +=
em que xágua e xsoluto são as fracções mássicas ou molares (dependendo das unidades do CP)
Para soluções muito diluídas podemos ainda considerar que: águaágua solução PC x PC ≅
B)
• Balanço mássico:
Se as 77 g de KOH forem agora dissolvidas em 3000 g de água, o balanço de massas será o indicado
na figura seguinte:
em que: 121 1,373166,7
soluto de moles
água de moles R3 ===
• Balanço entálpico ao misturador: ∆H1 + ∆H2 = ∆H3
MisturaKOH = 77 g
= 1,373 moles
H2O = 3000 g= 166,7 moles
KOH = 77 g = 1,373 moles
H2O = 3000 g = 166,7 moles
solução
25ºC
25ºC T = ??③①
②
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
93
• Estado de referência: igual ao da alínea anterior
• Cálculo das variações de entalpia:
➔ ∆H1 = ∆H2 = 0 ∆H3 = 0
e
➔ ∆H3 = Msolução soluçãoPC (T – 25) + nKOHo
sΗ KOHˆ∆
Para R = 121, podemos obter o soluçãoPC do gráfico seguinte,
enquanto que o valor de o sΗ KOH
ˆ∆ não poderá ser obtido da figura utilizada na alínea anterior, pois o
valor máximo de R é de 50.
Quando o valor de R é elevado (> 100) podemos dizer que estamos em presença de uma solução
aquosa de diluição infinita (∞∞∞∞). Deste modo o valor de o sΗ KOH
ˆ∆ a utilizar deverá se o obtido para
diluição infinita (que será o valor limite da curva da figura da pag 133). Deste modo:
o
sΗ KOHˆ∆ (∞) = -13,22 kcal/mol de soluto (pág 138 das “Tabelas”)
Assim: ∆H3 = Msolução soluçãoPC (T – 25) + nKOHo
sΗ KOHˆ∆ (∞)
3077 x 0,96 (T - 25) – 1,373 x 13,22x103 = 2954 (T – 25) – 18151 = 0
(T – 25) = 6,1ºC T = 31,4ºC
(cal/gºC)
Ccal/gº 0,96 CsoluçãoP =
R = 121
(cal/gºC)(cal/gºC)
Ccal/gº 0,96 CsoluçãoP =
R = 121
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
94
EXEMPLO 1.20
O ácido orto-fosfórico existente numa solução aquosa diluída (1% molar), à temperatura de 25ºC, é
completamente neutralizado com uma solução aquosa de hidróxido de sódio (1,5% molar), à
temperatura de 15ºC, de acordo com a seguinte reacção:
H3PO4 + 3 NaOH → Na3PO4 + 3 H2O
Sabendo que se utilizou uma quantidade estequiométrica de hidróxido de sódio e que o neutralizador
é adiabático, determine a temperatura no final deste processo.
Resolução
• Balanço mássico: Base de cálculo = 1000 moles de solução de ácido orto-fosfórico. Deste modo, para a corrente do ácido orto-fosfórico (corrente ①) iremos ter 10 moles de ácido e
990 moles de água. Tendo em consideração a reacção de neutralização, e sabendo que se utiliza
quantidade estequiométrica de hidróxido de sódio para neutralizar o ácido:
H3PO4 + 3 NaOH ⇒ Na3PO4 + 3 H2O
10 30 10 30 moles
podemos obter o balanço de massas indicado na figura seguinte:
• Balanço entálpico:
∆H1 + ∆H2 = ∆H3 + oQR
Vamos apresentar duas resoluções do problema, considerando dois estados de referência
diferentes.
NeutralizadorH3PO4 = 1% → 10 molesH2O = 99% → 990 moles
NaOH = 1,5% → 30 molesH2O = 98,5% → 1970 moles15ºC
25ºC T = ??③①
②
Na3PO4 → 10 molesH2O → 2990 moles
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
95
RESOLUÇÃO A) • Estado de referência:
Tref = 25ºC
Pref = Pressão de trabalho
Estado de agregação: H3PO4, NaOH, Na3PO4, – sólidos, livres
H2O – líquida
• Cálculo do calor global de reacção padrão:
➔ NaOH4PO 3HO2H4PO 3Na
of
of
of
of
oR Η 3-Η-Η3Η Η
+
∆∆∆∆=∆ ˆˆˆˆˆ
= -460,0 + 3x(-68,317) – (-306,2) - 3(-101,99) = -52,781 kcal/mol x (págs 135-139 das “Tabelas”)
kcal/min 527,81- oΗ 10 oQ RR =∆ = ˆ
• Cálculo das variações de entalpia: Nota: são indicadas as páginas da “Tabelas” onde foram retirados as constantes utilizadas nos cálculos seguintes.
➔ ∆H1 = Msolução soluçãoPC (25 – 25) + nH3PO4o sΗ H3PO4
ˆ∆
= 0
99 10
990
soluto de Moles água de Moles
R1 === ⇒ diluição infinita
o sΗ H3PO4
ˆ∆ (∞) = -3,2 kcal/min (pág 138)
∆H1 = 10 x (-3,2) = -32,0 kcal
➔ ∆H2 = Msolução soluçãoPC (T – 25) + nNaOHo sΗ NaOH
ˆ∆
65,7 30
1970
soluto de Moles água de Moles
R2 ===
o sΗ NaOH
ˆ∆ (∞) = -10,246 kcal/mol (pág 138)
soluçãoPC = 0,955 cal/(g ºC) (pág 120)
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
96
Como podemos constatar através do gráfico da pág 129, o valor máximo de R é de 50, pelo
deveremos utilizar o valor do calor integral de solução padrão a diluição infinita.
Msolução = (30 x 40 + 1970 x 18)/1000 = 36,66 kg (MNaOH = 40 g/mol) ∆H2 = 36,66 x 0,955 (15-25) + 30 x (-10,246) = -657,48 kcal
kg kcal/(kgºC) mol kcal/mol
➔ ∆H3 = Msolução soluçãoPC (T – 25) + nNa3PO4osΗ Na3PO4
ˆ∆
299 10
2990
soluto de Moles água de Moles
R3 === ⇒ diluição infinita
o sΗ Na3PO4
ˆ∆ (∞) = -13,9 kcal/mol (pág 138)
soluçãoPC = 0,970 cal/(g ºC)
Como nas “Tabelas” não se encontra o valor o soluçãoPC , e como estamos em presença de uma solução
aquosa com diluição infinita, podemos utilizar a seguinte aproximação:
soluçãoPC = 0,970 x 1 = 0,970 cal/gºC com: xágua = (2990 x 18)/(2990 x 18 + 10 x 164)
(MNa3PO4 = 164 g/mol)
Msolução = (2990 x 18 + 10 x 164)/1000 = 55,46 kg
∆H3 = 55,46 x 0,970 (T-25) + 10 x (-13,90) = 53,796 (T – 25) – 139,0 kcal
Voltando ao balanço entálpico:
∆H3 = ∆H1 + ∆H2 - oQR
= 53,796 (T – 25) – 139,0 = (-32,0) + (-657,483) - (-527,822) = –161,67 kcal
(T – 25) = -0,4 ºC ⇒ T = 24,6ºC
águaáguasolução P x PC x P CC ii ≈= ∑
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
97
RESOLUÇÃO B) • Estado de referência:
Tref = 25ºC
Pref = Pressão de trabalho
Estado de agregação: H3PO4, NaOH, Na3PO4, – solução aquosa (a diluição infinita)
H2O – líquida (para além de indicar que os compostos estão em solução aquosa é necessário indicar qual é a diluição dessa solução)
• Cálculo do calor global de reacção padrão:
O calor de reacção padrão deverá ser calculado para as condições do estado de referência, pelo que
se deverá utilizar o calor de formação dos compostos em solução aquosa a diluição infinita. Assim:
NaOH(aq)(aq)4PO 3HO2Haq4PO 3Na
of
of
of
of
oR Η 3-Η-Η3Η Η
+
∆∆∆∆=∆ ˆˆˆˆˆ
)(
= -471,9 + 3x(-68,317) – (-309,32) – 3x(-112,193) = -30,952 kcal/mol (págs 141 e 148 das “Tabelas”)
Os valores utilizados foram para uma diluição (R) de 400, o que poderemos considerar como diluição
infinita.
kcal/min 309,52- oΗ 10 oQ RR =∆ = ˆ
• Cálculo das variações de entalpia: Nota: são indicadas as páginas da “Tabelas” onde foram retirados as constantes utilizadas nos cálculos seguintes.
➔ ∆H1 = Msolução soluçãoPC (25 – 25) = 0
De nota que a contribuição energética da entalpia de solução padrão (nNaOHo sΗ NaOH
ˆ∆ ) é nula pois ,
tal como no estado de referência, estamos em presença de diluição infinita (R = 65,7 ≈ ∞). Caso
contrário deveria ter-se em consideração o termo nNaOHo sΗ NaOH
ˆ∆ , em que o o sΗ NaOH
ˆ∆ seria obtida
para a diferença entre a diluição do estado de referência e da corrente. Este cálculo sem sempre é
simples, ou mesmo possível de efectuar, o que dificulta a escolha do estado “solução aquosa” como
estado de agregação no estado de referência. Outra dificuldade que pode surgir tem a ver com a
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
98
necessidade em encontrar tabelado os valores de ofΗ̂∆ para a diluição do estado de referência, o
que nem sempre é possível.
➔ ∆H2 = Msolução soluçãoPC (T – 25)
65,7 30
1970
soluto de Moles água de Moles
R2 === soluçãoPC = 0,955 cal/(g ºC) (pág 120)
∆H2 = 36,66 x 0,955 (15 – 25) = -350,103 kcal
➔ ∆H3 = Msolução soluçãoPC (T – 25)
299 10
2990
soluto de Moles água de Moles
R3 === ⇒ diluição infinita
soluçãoPC = 0,970 x 1 = 0,970 cal/(g ºC)
com: xágua = (2990 x 18)/(2990 x 18 + 10 x 164) ∆H3 = 55,46 x 0,970 (T-25) = 53,796 (T – 25) kcal
Voltando ao balanço entálpico:
∆H3 = ∆H2 - oQR
= 53,796 (T – 25) = (-350,103) - (-309,52) = - 40,571kcal
(T – 25) = -0,8 ºC ⇒ T = 24,2ºC
águaáguasolução P x P CC ≈
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
99
EXEMPLO 1.21
O diagrama de blocos seguinte representa uma pequena secção do processo de produção de cloro
gasoso. Nessa secção uma solução parcialmente purificada, com um caudal de 100 kg/min e contendo
10,6% de NaCl, 3,6% de MgCl2 e H2O, é alimentada a um tanque de precipitação onde, por adição de
uma solução aquosa de NaOH a 10%, se dá a precipitação total do magnésio, na forma de hidróxido
de magnésio insolúvel, obtido segundo a reacção:
MgCl2 + 2 NaOH ➙ Mg(OH)2 + 2 NaCl
A suspensão obtida é centrifugada, obtendo-se um precipitado húmido (que contem 0,3 kg de
solução/kg de lama) e uma solução límpida.
Tendo em consideração o diagrama de blocos e o respectivo balanço de massas, calcule a
temperatura da corrente de solução de hidróxido de sódio (corrente ②).
DADOS: Balanço de massas
kg/min Massa Molar
(g/mol) ① ② ③ ④ ⑤
NaCl 58,5 10,60 -- 15,02 0,11 14,91
MgCl2 95,2 3,60 -- -- -- --
Mg(OH)2 58,3 -- -- 2,20 2,20 --
NaOH 40,0 -- 3,03 -- -- --
H2O 18,0 85,80 27,27 113,07 0,83 112,24
TOTAL 100,0 30,30 130,29 3,14 127,15
Centrífuga
NaCl
H2O①
②
③
④
NaClMgCl2H2O
NaOH
H2O
PrecipitadoHúmido
25ºC
30ºC
⑤
30ºC
T = ?
Tanque de
Precipitação
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
100
Resolução
• Balanço entálpico global:
∆H1 + ∆H2 = ∆H4 + ∆H5 + oQR
• Estado de referência:
Tref = 25ºC
Pref = Pressão de trabalho
Estado de agregação: NaCl, MgCl2, NaOH – sólidos, livres H2O – líquida Ma(OH)2 – sólido (este composto é insolúvel não fazendo parte da solução).
• Cálculo do calor global de reacção padrão:
NaOH2MgClNaCl2Mg(OH)
of
of
of
of
oR Η 2-Η-Η2Η Η
+
∆∆∆∆=∆ ˆˆˆˆˆ
= -221,00 + 2x(-98,232) – (-153,4) - 2(-101,99) = -60,084 kcal/mol (págs 137-138 das “Tabelas”)
kcal/min 2272,08- oΗ 95,2
)(3,60x10 oQ RR
3=∆ = ˆ
• Cálculo das variações de entalpia: Nota: são indicadas as páginas das “Tabelas” onde foram retiradas as constantes utilizadas nos cálculos seguintes.
➔ ∆H1 = Msolução soluçãoPC (25 – 25) + nNaClo sΗ NaCl
ˆ∆ + nMgCl2o sΗ MgCl2
ˆ∆
= 0
26,3 181,2
4766,7
58,5 / 10,60x10
18 / 85,80x10
soluto de Moles água de Moles
R3
3
NaCl ====
infinita diluição 126 37,8
4766,7 95,2 / 3,60x10
18 / 85,80x10 soluto de Moles
água de Moles R
3
3
MgCl2⇒====
o sΗ NaCl
ˆ∆ = +1 kcal/min (pág 134)
o s
Η MgCl2
ˆ∆ = -37,06 kcal/min (pág 137)
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
101
∆H1 = 181,2 x (+1) + 37,8 x (-37,06) = -1219,67 kcal/min
➔ ∆H2 = Msolução soluçãoPC (T – 25) + nNaOHo sΗ NaOH
ˆ∆
20,0 75,8
1515,0
40 / 3,03x10
18 / 27,27x10 R
3
3
NaOH===
o sΗ NaOH
ˆ∆ = -10,3 kcal/min (pág 133)
soluçãoPC = 0,88 kcal/(kg ºC) (pág 120)
∆H2 = 30,30 x 0,88 (T – 25) + 75,8 x (-10,3) kcal/min
∆H2 = (26,66 T – 1447,24) kcal/min
➔ ∆H4 = Msolução soluçãoPC (30 – 25) + nNaClo sΗ NaCl
ˆ∆ + nMg(OH)2 Mg(OH)2PC (30 – 25)
Nesta correntes temos uma solução composta por água e NaCl (0,83 + 0,11 = 0,94 kg/min) e por
Mg(OH)2 insolúvel (2,20 kg/min = 37,74 moles/min = 0,03774 kmole/min).
24,5 1,88 46,1
58,5 / 0,11x10
18 / 0,83x10 R
3
3
NaCl ===
o sΗ NaCl
ˆ∆ = +1 kcal/min (pág 129)
soluçãoPC = 0,87 kcal/(kg ºC) (pág 116)
Mg(OH)2PC = 18,2 cal/(mol ºC) (pág 39)
∆H4 = 0,94 x 0,87 (30 – 25) + 1,88 x (+1) + 0,03774 x 18,2 (30 – 25)
∆H4 = 9,40 kcal/min
➔ ∆H5 = Msolução soluçãoPC (30 – 25) + nNaClo sΗ NaCl
ˆ∆
24,5 254,9 6235,6
58,5 / 14,91x10
18 / 112,24x10 R
3
3
NaCl ===
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
102
O valor de RNaCl obtido é igual ao da corrente ④ pois a solução apresenta a mesma composição nas
duas correntes.
o sΗ NaCl
ˆ∆ = +1 kcal/min (pág 133)
soluçãoPC = 0,87 kcal/(kg ºC) (pág 120)
∆H5 = 127,15 x 0,87 (30 – 25) + 254,9 x (+1)
∆H5 = 808,00 kcal/min
Voltando ao balanço de energia temos que:
∆H2 = ∆H4 + ∆H5 - ∆H1 + oQR
∆H2 = 9,40 + 808,00 – ( -1219,67) + (-2272,08) = - 235,01 kcal/mol Mas como:
∆H2 = (26,66 T – 1447,24) = - 235,01 então: T = 45,5ºC
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
103
PROBLEMAS PROPOSTOS
PROBLEMA 1.46
Pretende-se preparar10 litros de uma solução de hidróxido de sódio a 10% (considerar que ρ = 1,10
g/cm3) para ser utilizada no controle de pH de um fermentador. Sabendo que o NaOH e a água se
encontravam inicialmente a 25 e 18ºC, respectivamente, determine a temperatura final da solução,
sabendo que a energia perdida por radiação durante a operação foi de 30 kcal.
PROBLEMA 1.47
Ácido clorídrico comercial pode ser produzido pordissolução de HCl gasoso em água líquida. Calcular
a quantidade de calor que será necessário fornecer ou retirar do absorvedor, por tonelada de HCl a
16,5% produzido, a partir de HCl gasoso a 120ºC. Considere que a solução aquosa é obtida a 40ºC e
que a água líquida se encontra a 25ºC.
PROBLEMA 1.48
Pretende-se preparar uma solução aquosa de sacarose a 20% (% mássica). Sabendo que inicialmente
a sacarose e a água se encontravam às temperaturas de 15 e 25ºC, respectivamente, determine a
temperatura final de uma solução de 2 litros. Esta temperatura depende do volume da solução?
Dado: o) sΗ (sacarose
ˆ∆ (dil. ∞) = 1,319 kcal/mol
PROBLEMA 1.49
Durante uma fermentação contínua, uma solução aquosa de lactose (C12H22O11) (10%) e peptona (5%)
é alimentada continuamente a um fermentador à temperatura de 37ºC e com um caudal de 150 kg/h.
Esta solução é preparada e aquecida num misturador de acordo com a figura na página seguinte.
Antes de ser introduzida no fermentador esta solução é esterilizada por filtração.
Sabendo que no filtro se perde por radiação 2 kcal/kg de solução filtrada, determine:
A) O caudal volumétrico de água de aquecimento.
B) A temperatura à saída do misturador.
Dados: • peptona (extracto de carne liofilizado, obtido pela acção da pepsina e da pancreatina)
Cp(22ºC) = 0,301 cal/(g ºC) ∆Hso (dil. ∞) = 3,85 cal/g
• lactose: ∆Hso (dil. ∞) = 3,705 cal/g
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
104
PROBLEMA 1.50
Uma solução aquosa de ácido cítrico a 10% (% mássica), com um caudal de 100 kg/h, é concentrada a
40% (% mássica) num evaporador funcionando à temperatura de 100ºC, de acordo com a figura
seguinte:
Sabendo que alimentação se encontra a 25ºC e que o aquecimento é efectuado com vapor à pressão
de 6,5 bar abs e à temperatura de 162,0ºC, determinar o caudal mássico do vapor utilizado no
aquecimento (corrente ④).
Dados:
• Massa molecular do ácido cítrico (C6H8O7) = 192,12 g/mol
• Capacidade calorífica do ácido cítrico: Cp(cal/(g ºC)) = 0,135 + 0,000640 T(ºC)
• Calor integral de dissolução padrão do ácido cítrico:
R = 10 – 50: ∆Hos = 3,40 + 0,03 (R – 10) kcal/mol ácido
R = dil. ∞ ∆Hos = 5,401 kcal/mol ácido
Misturador
Água – 85%Lactose – 10%Peptona – 5%(% mássica)
37ºC
Água70ºC
Água50ºC
Água 25ºC
Lactose
18ºC
Peptona
20ºC
Filtro
④
EVAPORADOR100ºC
Ác cítrico - 10%Água
c. gasosa
Água
Água líquida
T = 118,6ºCT = 162,0ºC ; P = 6,5 bat abs
① ②
③
⑤
25ºC
Vapor de água
Ác cítrico - 40%Água
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
105
PROBLEMA 1.51
Na obtenção de cloreto de sódio a partir de água do mar, esta solução (contendo 2,8% (% mássica)
de NaCl) é sujeita a uma evaporação sob vácuo a 82ºC, para remoção de grande parte da água,
obtendo-se uma salmoura com 14% (% mássica) de NaCl. A água removida sob a forma de vapor é
utilizada no pré- aquecimento da água do mar, de acordo com o diagrama de blocos seguinte.
Para um caudal inicial de 1000 kg/h de água do mar, determinar o caudal de vapor (a 150ºC e 1,0 bar
abs) utilizado no evaporador.
PROBLEMA 1.52
Pretende-se neutralizar uma solução aquosa de hidróxido de sódio (ρ = 1157 kg/m3) com uma solução
aquosa de HCl a 5% (m/m), de acordo com a seguinte reacção:
NaOH + HCl → NaCl + H2O
Sabendo que ambas as soluções se encontravam a 15ºC, e que se utilizou uma quantidade
estequiométrica de HCl, determine a concentração (em % mássica) e a temperatura da solução de
NaCl no final deste processo.
Evaporador
70ºC
Pré--Aquecedor
Água do mar1000 kg/h 25ºC
ÁguaNaCl – 2,8%
Água
NaCl – 14%
Salmoura
Vapor – 90%Água líq. – 10%(% mássicas)
Vapor
Vapor(150ºC ; 1,0 bar abs)
Água líq
85ºC
82ºC
⑦
① ②
③
④
⑤
⑥
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
106
PROBLEMA 1.53
Uma corrente gasosa, composta por N2, O2 e NH3, à temperatura de 100ºC, antes de seguir para a
unidade seguinte deverá sofrer a remoção total do amoníaco presente, de acordo com a figura
seguinte.
O amoníaco é completamente neutralizado, à pressão absoluta de 2 atm, com uma quantidade
estequiométrica de ácido sulfúrico, de acordo com a seguinte reacção:
2 NH3 + H2SO4 → (NH4)2SO4
obtendo-se uma corrente gasosa saturada em vapor de água e uma solução aquosa com 10% de
sulfato de amónia.
Tendo em consideração a tabela de balanço de massas seguinte, determinar a quantidade de calor
que é necessário retirar do neutralizador, por kmole de mistura gasosa inicial.
(Moles) ① ② ③ ④
N2 700,0 -- 700,0 --
O2 180,0 -- 120,0 --
NH3 120,0 -- -- --
H2O -- 3976,8 13,8 3963,0
H2SO4 -- 60,0 -- --
(NH4)2SO4 -- -- -- 60,0
Total 1000 4036,8 833,8 4023,0
Dados: • Massas molares (g/mol): H2SO4= 98,1; (NH4)2SO4 = 132,1
Solução aquosa deácido sulfúrico
15ºC
N2 - 70%O2 - 18%NH3 - 12%
100ºC
Corrente gasosasaturado em vaporde água
25ºC
25ºC
Solução aquosade sulfato deamónia a 10%
①
②
③
④
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
107
PROBLEMA 1.54
No processo de produção de carbonato de cálcio (CaCO3) e de hidróxido de sódio (NaOH) (ver
diagrama de blocos na página seguinte), óxido de cálcio impuro (contendo 18,2% de sílica) reage
completamente com água pura formando-se cal apagada (Ca(OH)2), de acordo com a reacção:
CaO (s) + H2O (liq.) → Ca(OH)2 (s) ∆HºR = -15,6 kcal/mol
(s ≡ sólido, livre)
A corrente efluente deste reactor alimenta uma centrífuga onde é removida toda a sílica e o
hidróxido de cálcio não dissolvido.
A corrente límpida alimenta o reactor II juntamente com uma solução aquosa de carbonato de sódio.
O carbonato de sódio é totalmente convertido, de acordo com a reacção:
Na2CO3 (s) + Ca(OH)2 (s) → 2 NaOH (s) + CaCO3 (s) ∆HºR = 13,7 kcal/mol
A mistura reaccional é aquecida no reactor até 60ºC por injecção directa de vapor de água a 5,0 bar
e 250ºC. A elevação de temperatura produzida origina a precipitação total do carbonato de cálcio.
Tendo em consideração o balanço de massas indicado na tabela da página seguinte, calcular o caudal
mássico de vapor a injectar no reactor II.
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
108
(kg/h) M (g/mol) ① ② ③ ④ ⑤ ⑥ ⑦ ⑧
CaO sólido 56,1 90,0 -- -- -- -- -- -- --
SiO2 sólido 60,1 20,0 -- 20,0 20,0 -- -- -- --
H2O 18,0 -- 71851,0 71822,1 60,6 71761,5 1416,0 73177,5 + MH20 MH20
Ca(OH)2 solúvel
74,1 -- -- 118,5 0,1 118,4 -- 2,2 --
sólido -- -- 0,4 0,4 -- -- -- --
Na2CO3 solúvel 106 -- -- -- -- -- 166,3 -- --
NaOH solúvel 40,0 -- -- -- -- -- -- 125,5 --
CaCO3 sólido 100 -- -- -- -- -- -- 157,0 --
TOTAL -- 110,0 71851,0 71961,0 81,1 71879,9 1582,3 73462,2 + MH20 MH20
Centrífuga③
④Ca(OH)2
SiO2
+Solução
Reactor I①
②
CaO – 81,8%
SiO2
H2O
25ºC
22ºC
25ºC
⑤
SoluçãoReactor II
60ºC
Vapor de água5,0 bar abs; 250ºC
Solução aquosa de Na2CO3
25ºC
Suspensão
⑥
⑦
⑧
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
109
PROBLEMA 1.55
No processo de produção de fenol e acetona, o cumeno (ou isopropilbenzeno) sofre oxidação em
presença de ar, de acordo com o diagrama de blocos seguinte.
O Reactor I é alimentado com cumeno líquido e com ar húmido, ocorrendo a formação de
hidroperóxido de cumeno:
C9H12 + O2 → C9H12O2
cumeno hidroperóxido de cumeno
A corrente líquida efluente deste reactor vai alimentar o Reactor II, onde ocorre a formação do
fenol e da acetona, na presença de uma solução de ácido sulfúrico:
C9H12O2 → 42SOH C6H5OH + CH3COCH3
hidroperóxido de cumeno fenol acetona
A corrente efluente deste reactor é sujeita a uma decantação. A fase aquosa obtida é evaporada,
sendo a solução aquosa de ácido sulfúrico que é reciclada ao Reactor II.
Água
H2SO4
⑦
⑨
⑧
Decantador
⑩
Reactor I①
②
Ar húmido
25ºC
25ºC 100ºC
Vapor húmido
140ºC; título = 0,4
③
④
⑤
⑥Reactor II
O2
N2
H2O
Cumeno
Vapor de água
5,0 bar abs
200ºC
Ác. SulfúricoÁguaFenolAcetonaCumeno
FenolAcetonaCumeno
Evaporador90ºC
Água
Água
Acetona
Acetona
Água
H2SO4
90ºC
60ºC
⑫⑪
⑬
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
110
(moles/min) ① ② ③ ④ ⑤ ⑥ ⑦ ⑧ ⑨ ⑩ ⑪
Cumeno 100,0 -- -- 40,0 40,0 40,0 -- -- -- -- --
Oxigénio -- 150,0 90,0 -- -- -- -- -- -- -- --
Azoto -- 564,3 564,3 -- -- -- -- -- -- -- --
Hidrox. cumeno -- -- -- 60,0 -- -- -- -- -- -- --
Fenol -- -- -- -- 60,0 60,0 -- -- -- -- --
Acetona -- -- -- -- 60,0 13,0 47,0 47,0 -- -- --
Água -- 2,3 2,3 -- 48,0 -- 48,0 21,6 26,4 21,6 48,0
Ácido Sulfúrico -- -- -- -- 1,2 -- 1,2 -- 1,2 -- 1,2
Tendo em consideração o balanço de massas indicado na tabela anterior, calcular:
A) O caudal de vapor de aquecimento do Reactor I.
B) O calor fornecido ou retirado no Evaporador, por mole de acetona evaporada.
Dados:
• Massas molares (g/mol): cumeno = 120,2; acetona = 58,1; hidrperóx. de cumeno = 152,2;
ác. sulfúrico = 98,1
• Capacidades caloríficas médias de líquidos (cal/(gºC)):
hidroperóx. de cumeno = 0,459; ác. sulfúrico = 0,340
(valores médios para as condições processuais)
• Entalpia de solução padrão da acetona, em água = -0,64 kcal/mol de acetona
Processos em Engenharia Biológica – Capítulo 1
111
SOLUÇÕES DOS PROBLEMAS PROBLEMA 1.46 PROBLEMA 1.47
T = 43,9ºC Qret = 65 Mcal/ton solução
PROBLEMA 1.48 PROBLEMA 1.49
T = 23,3ºCºC A) FV = 103 L água/h
T não depende do volume B) T = 39,4ºC
PROBLEMA 1.50 PROBLEMA 1.51
FM = 87,8 kg vapor/h FM = 773 kg vapor/h
PROBLEMA 1.52 PROBLEMA 1.53
[NaCl] = 5,8% Qret = 2,1 Mcal/kmol gás inicial
T = 29,2ºC
PROBLEMA 1.54 PROBLEMA 1.55
FM = 4,26 Ton vapor/h
Nota:
Alguns dos exemplos resolvidos e dos problemas propostos foram adaptados das seguintes referências: R. M. Felder e R. W. Rousseau (2000)“Elementary Principles of Chemical Processes”, 3ª edição, John Wiley, New York P. M. Doran (2013) “Bioprocess Engineering Principles”, 2ª edição , Academic Press, New York D. M. Himmelblau (1996) “Basic Principles and Calculations in Chemical Engineering”, 6ª edição, Prentice Hall PTR, New Jersey T. C. Ducan e J. A Reimer, (1998) “Chemical Engineering Design and Analysis – An Introduction”, Cambridge University Press