Processos e situaçoes de ensino de percussao nas bandas marciais da rede municipal de ensino de...
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XX Congresso Nacional da Associação Brasileira de Educação Musical Educação Musical para o Brasil do Século XXI
Vitória, 07 a 10 de novembro de 2011
Processos e situações de ensino de percussão nas bandas marciais da rede
municipal de ensino de João Pessoa
Resumo: Este artigo apresenta alguns resultados parciais de uma pesquisa em andamento que vem sendo realizada entre os instrutores de música do projeto “Educar Crianças e Adolescentes Através da Música e Dança” desenvolvido pela Coordenação de Atividades Artísticas Escolares da Prefeitura de João Pessoa. Uma das ações do projeto é o fomento de bandas marciais, que se fazem presentes em 73 escolas municipais de João Pessoa e, utiliza um único professor de música para ensinar a parte musical das bandas. O objetivo do trabalho é compreender os processos e situações de ensino de percussão nas bandas marciais da rede municipal de ensino, levando em consideração a formação dos instrutores de música, os materiais didáticos e metodologia utilizada. Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados entrevista semiestruturada, aplicação de questionários, pesquisa bibliográfica e documental. Até o presente momento percebe-se que apesar do crescimento quantitativo de bandas, investimento de material e de pessoal, há um déficit de conhecimento no que se refere ao ensino de percussão por parte dos instrutores de música, que por sua vez, demonstram a necessidade de um material didático específico que possa auxiliá-los nas aulas.
Palavras chave: Ensino de Percussão, bandas marciais, música na escola básica.
Introdução
A Coordenação de atividades artísticas escolares, criada pela Lei municipal nº 7.132
de 5 de outubro de 19921, e vinculada ao Departamento de Ensino da Secretaria Municipal de
Educação e Cultura da Prefeitura Municipal de João Pessoa, iniciou suas atividades com a
criação do projeto “Educar a criança e o adolescente através da música e da dança”. Nesta
etapa inicial do projeto, além da Banda Marcial da Escola Municipal Castro Alves, que existe
desde 1992, foram criadas mais 10 novas bandas marciais, para a rede de ensino de João
Pessoa (JOÃO PESSOA, 1992). O referido projeto tem como objetivo utilizar a música como
ferramenta pedagógica contribuindo para a formação educacional das crianças e adolescentes.
Sua estratégia de ação se dar com a inserção da educação musical na formação escolar a partir
do ensino infantil junto aos Centros de Referência em Educação Infantil. No ensino
fundamental I e II, o projeto atua como atividades extracurriculares desenvolvidas nas bandas
e/ou em grupos de coral, violão, flauta doce, entre outras atividades diversas.
Com o crescimento notório, o projeto hoje atende todas 96 escolas e 35 Creis da
cidade, passando de 24 profissionais envolvidos no seu período inicial – entre instrutores de
1 A equipe inicial foi formada por coordenador; coordenador adjunto; 11 instrutores e 11 instrutores adjuntos de bandas marciais escolares.
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música e coordenadores –, para atualmente2 168 profissionais, sendo esses divididos entre
professores de música, dança e equipe administrativa. Este crescente investimento ocorreu a
partir de 2008 e se refere à criação de novas bandas marciais, grupos musicais (corais,
flautas), contratação de instrutores de música, aquisição de novos instrumentos de percussão
de marcha e sinfônicos e instrumentos de metais3.
Nesta pesquisa nos ateremos apenas às bandas marciais que fazem parte do projeto
“Educar a criança e o adolescente através da música e da dança” presentes em 734 escolas
municipais. A partir deste momento, referimo-nos ao projeto “Educar a criança e o
adolescente através da música e da dança” como projeto de bandas - maneira que é utilizado
durante as atividades diárias das pessoas envolvidas - os instrutores de música como regentes
e a Coordenação de atividades artísticas escolares como Coordenação de Bandas.
As bandas presentes nas escolas municipais são em sua maioria bandas marciais.
Porém, fazer tal definição não parece ser tarefa fácil, havendo uma gama de definições na
literatura de bandas, seja ela composta por civis ou militares. Este fato é demonstrado por
Nascimento (2007) que, após fazer um minucioso levantamento em obras que tratam do tema,
apresenta definições para banda sinfônica, banda de música, banda fanfarra e banda marcial.
A confusão na diferenciação dessas estruturas de bandas é algo comum.
Freire e Medeiros dividem as bandas marciais em três subcategorias,
A Banda de Desfile, que é encarregada de comportar os eventos de desfiles cívicos e festividades; a Banda de Campeonatos, que são bandas preparadas para competições onde são julgadas a partir de vários critérios, e as bandas Drum Corps e Brass Corps [banda que faz evoluções coreográficas concomitantemente com a execução instrumental das peças] (FREIRE; MEDEIROS, 2011).5
Com vista a tornar clara tal terminologia, definiremos bandas marciais como uma
corporação de civis formada por parte instrumental e coreográfica, que têm como uma de suas
características principais a marcha. A parte instrumental é dividida pela seção pela seção dos
metais composta pelas famílias dos trompetes, trombones, tubas e saxhorn e pela seção de
percussão que é composta por bombos, prato a dois, tenor e/ou surdo, caixa (tenor e/ou clara).
Em suas apresentações sem deslocamentos pode ser utilizados instrumentos de percussão
2 Dados referentes à Julho de 2011 3 RUFFO, Júlio César. Entrevista realizada em 16 de junho de 2011. 4 Dado referente à Julho de 2011. Segundo Júlio Cesar Ruffo, em dezembro de 2011 todas as 96 escolas serão contempladas com bandas marciais (entrevista). 5 Devido a organização do X Encontro Regional Nordeste da ABEM ainda não ter disponibilizado os anais, o artigo não possui uma página oficialmente definida. No entanto, a citação encontra-se na segunda página do artigo.
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sinfônicos e regionais. As apresentações das bandas em grande parte consistem em fazer
deslocamentos e evoluções (NASCIMENTO, 2007; FREIRE, MEDEIROS, 2010; CNBF
online, 2009).
O ensino de música nas bandas
Pesquisas anteriores já evidenciaram que muitos músicos que se profissionalizam
começam suas atividades musicais participando de bandas, manifestações estas que se fazem
presentes em vários eventos culturais, escolares, esportivos, cívicos, religiosos, entre outros.
(NASCIMENTO, 2006; BARBOSA, 1994; CISLAGHI, 2009).
No Brasil, a obra para o ensino de música em bandas mais difundida é o Método Da
Capo de Joel Barbosa6, resultante da sua pesquisa de doutorado, na qual o autor propõe uma
adaptação de métodos de ensino coletivo de bandas norte-americanas para a realidade das
bandas brasileiras, utilizando melodias e estéticas nacionais. A metodologia adotada por
Barbosa é o ensino coletivo de instrumento, que consiste em ministrar aulas para um
determinado grupo de alunos no mesmo instante. Sobre este tipo de metodologia, Barbosa
comenta que essa prática
[...] gera certo entusiasmo no aluno por fazê-lo sentir-se parte de um grupo, facilita o aprendizado dos alunos “menos talentosos” (grifo nosso), causa uma competição saudável entre os alunos em busca [de] sua posição musical no grupo, desenvolve as habilidades de se tocar em conjunto desde o início do aprendizado, e proporciona um contato exemplar com as diferentes texturas e formas musicais. (BARBOSA, 1996, p.41)
Apesar da grande contribuição das bandas marciais no aprendizado musical do aluno,
faz-se necessário um acompanhamento mais especializado. Nascimento (2006) ao aplicar o
método Da Capo em sua pesquisa de mestrado na Banda de Música 24 de Setembro, utiliza
como um dos fatores diferenciais a utilização de professores especialistas e comenta que
No método “Da Capo”, um único professor assume o papel de ministrar todos os instrumentos. [No entanto], segundo o professor Joel Barbosa [a] configuração de professores especialistas seria a ideal, porém um pouco mais onerosa. (NASCIMENTO, 2006, p.97)
O coordenador geral do projeto de bandas Júlio César Ruffo confirma em entrevista
(2011) a dificuldade em dispor de professores especialistas nas bandas do município de João
Pessoa, afirmando que a Secretaria de Educação e Cultura optou em fazer investimentos na 6 BARBOSA, Joel Luis S. Da Capo: Método elementar para ensino coletivo ou individual de instrumentos de banda. São Paulo: Keyboard, 2004.
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expansão de bandas na rede municipal de ensino e na aquisição de novos instrumentos. Com
isso, a equipe de professores de cada banda escolar passou a ser formada por um regente e um
coreógrafo.
Sabendo da realidade das bandas na grande João Pessoa, é fato que a maior parte delas
não dispõe de recursos para a utilização de professores especialistas, tornando-se
característica a presença de um profissional responsável por todo parte instrumental.
Contudo, muitas vezes a formação desses profissionais não abrange por completo a
necessidade do ensino de instrumento na banda. Uma das áreas mais prejudicadas é a da
percussão, pois, na maioria dos casos, o regente da banda é especialista em instrumento de
sopro, conforme resultado parcial de dados colhidos em questionários com os regentes, em
que apenas 6,8% do quadro de regentes da rede municipal são especialistas em percussão. No
mesmo questionário, a fala do regente “U”7 ilustra o cenário acima quando informa utilizar o
ensino coletivo e o método Da Capo, mas o mesmo demonstra possuir pouco conhecimento
sobre percussão, o que pode acarretar em um ensino técnico-interpretativo equivocado, além
de má utilização da metodologia de Joel Barbosa.
Vecchia (2008) ao tratar do método Da Capo, diz que o regente deve ter uma formação
adequada para iniciar o aluno no instrumento, pois não compete ao método suprir a falta de
conhecimentos dos aplicadores.
Para Cislagui “[...] a aplicação do método de ensino coletivo esbarra na formação do
professor, [... que precisa] ter formação musical e pedagógica especifica para trabalhar nesse
contexto.” (2009; p.24). Desta forma, fica perceptível que as experiências exitosas de ensino
dependerão além de um conhecimento metodológico, para consistir em uma boa formação do
profissional de bandas.
O ensino de percussão nas bandas escolares municipais de João Pessoa
O interesse em realizar esta pesquisa surgiu a partir do nosso conhecimento sobre a
difícil realidade no ensino de percussão nas bandas marciais das escolas municipais de João
Pessoa, fato percebido através da participação como jurado na II etapa da I Copa de Bandas
Marciais do Município de João Pessoa (2010), XVII Campeonato Paraibano de Bandas e
Fanfarras (2010), em cursos oferecidos aos alunos de diversas bandas (2009; 2010) e em
conversas informais com os regentes.
7 Os nomes dos regentes serão mantidos em anônimo.
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O objetivo da pesquisa é compreender os processos e situações de ensino de percussão
nas bandas marciais da rede municipal levando em consideração a formação dos regentes, os
materiais didáticos e metodologia utilizada. O universo de pesquisa é formado pelo
coordenador geral de bandas e pelos regentes das bandas marciais que, nesse primeiro
momento, atuam na Banda Marcial Municipal Radegundis Feitosa Nunes8.
Para se obter os resultados preliminares, utilizamos com o coordenador o recurso da
entrevista semiestruturada e com os regentes questionários contendo 30 questões abertas,
semi-abertas e fechadas. Na pesquisa documental foram colhidos documentos através da
coordenação de bandas, que correspondem à lei de criação do projeto, o plano de ensino 2011
e outros documentos com dados atuais do projeto. Está sendo realizada também, pesquisa
bibliográfica, baseada em obras que tratem sobre o ensino e práticas em bandas marciais e em
obras de educação musical.
Como foi dito anteriormente, o conhecimento empírico da realidade do ensino de
percussão nas bandas marciais, tem contribuído na realização da pesquisa, além da nossa
participação como regente do projeto por um determinado período. Para compreendermos os
processos e situações de ensino de percussão, optamos em considerar também o motivo pela
qual se deu a formação dos regentes.
Os dados mostram que 48% dos regentes cursam ou cursaram a graduação em música
na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), divididos em 24% bacharéis e 24% licenciados.
Os licenciados, diferentemente dos bacharéis, estão com seus cursos em andamento e
possuem menos tempo no projeto. A opção pela licenciatura dos novos regentes que se
habilitam em participar do projeto, certamente é devido à UFPB oferecer o curso de
licenciatura em práticas interpretativas com habilitação em diversos instrumentos. A
escolaridade seguinte é o ensino médio, seguida de curso técnico em música e mestrado em
música aparecendo apenas em um único caso.
Quanto ao tempo de participação, cerca de 60% fazem parte do projeto há três anos ou
menos, 36% há um ano ou menos e 4% há seis anos ou menos, isso está diretamente ligado
com a expansão do número de bandas que vem ocorrendo nos últimos anos. Com base nos
dados, 92% dos regentes afirmam ter tocado em bandas antes de participar do projeto, 52%
por mais de sete anos, 64% não mudaram de instrumento e 68% aprenderam ler partitura
durante a participação na banda. Isto mostra que “[...] um grande número de músicos
profissionais recebe alguma influencia por meio da banda de música em sua formação
musical” (NASCIMENTO, 2007, p.2), e que as bandas no seu contexto escolar, nosso caso, 8 Banda marcial da secretaria de educação e cultura da Prefeitura Municipal de João Pessoa.
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funcionam além de uma mera atividade extracurricular, passando a atuar também como uma
escola específica de música na comunidade.
Na segunda parte do questionário, relacionamos questões que evidenciam as situações
de ensino, considerando os instrumentos disponíveis, materiais didáticos, metodologia de
ensino, local de aulas, pontos fortes e fracos no ensino de percussão na banda, entre outros.
Empiricamente sabe-se que em banda marcial é comum os alunos de metais levarem
os instrumentos para praticarem em casa e os de percussão apenas na escola durante os
ensaios e aulas. Na realidade do projeto isso se confirma quando 68% dos regentes afirmam
que os alunos de percussão não podem levar os instrumentos para casa, ocorrendo a prática do
instrumento apenas nas aulas, ensaios e apresentações.
Quanto a outros fatores que podem influenciar diretamente a execução musical dos
alunos, cerca de 40% dos regentes dizem que os instrumentos não estão adequados para a
faixa etária dos alunos, pois, como a aquisição de instrumentos é feita de forma padrão e
contemplam escolas de ensino fundamental I e II, não são feitas distinções entre as faixas
etárias. Por isso, acreditamos que nos casos em que a escola possua apenas o ensino
fundamental I, é necessário que a coordenação de bandas procure em novas aquisições,
adequar os instrumentos para uma banda mirim. A aquisição de novos instrumentos para as
bandas marciais como vem sendo feito pela Secretaria de Educação é de grande importância
para a qualidade sonora das bandas
[...] pois instrumentos muito usados, mal conservados ou de qualidade ruim não proporcionam uma afinação correta ou requerem um esforço físico exagerado por parte do instrumentista para executar certas notas. (NASCIMENTO, 2007, p.32)
Nas bandas marciais do projeto, o estado de conservação e a qualidade dos
instrumentos são avaliados pelos regentes como ‘bom’ para 40%, ‘regular’ para 32%,
excelente para 24% e ruim para 4%. Segundo Júlio César Ruffo, a cada aquisição de
instrumentos feitos pela Secretaria de Educação, além dos novos instrumentos destinados as
novas bandas, as bandas mais antigas são contempladas com novos instrumentos. Os regentes
ainda afirmam que apesar de haver recursos nas escolas para a manutenção dos instrumentos,
eles não são suficientes para suprir a manutenção regular dos mesmos, então procurando
reduzir o déficit de instrumentos e aumentar sua vida útil, os regentes afirmam em 96% dos
casos ensinarem durante as aulas e ensaios questões sobre manutenção e conservação dos
instrumentos.
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Em bandas, alunos com diferente tempo de participação tocam em conjunto, havendo
a cada ano novos alunos que passam a tocar com os alunos mais antigos. Isso gera diferentes
níveis de conhecimentos e resta ao regente nivelar o grupo. No entanto, pode ocorrer que
certos alunos fiquem frustrados por não conseguir um “bom” desempenho como de seu
colega. Fatores como esse são colocados como um dos pontos negativos à educação musical
através de bandas marciais por Nascimento, pois “se tal atividade não tiver um
acompanhamento atento por parte do educador, os alunos mais iniciantes poderão ficar
frustrados por não conseguirem tocar como os alunos mais adiantados [...]” (2007, p.6). Como
uma forma de minimizar o problema o regente “I” diz que “para não desestimular o aluno
com deficiências na aprendizagem passo lições e músicas mais simples”. Há práticas também
em que o regente utiliza os alunos antigos como instrutores, colocam os alunos do naipe para
estudarem juntos e outros optam em dividir os alunos de acordo com o tempo de banda e a
facilidade em tocar o instrumento. Cerca de 80% dos regentes abordam nas bandas outros
aspectos importantes no ensino da música como a apreciação - feita através de audição de
grupos de câmara em vídeos; de performances ao vivo de outras bandas; de CDs relacionados
à música de bandas e a percepção, ensinando solfejo, além de outras atividades como
exercício de pesquisa sobre o instrumento.
Na parte em que se tratou mais estritamente do ensino técnico de percussão, foi
verificado que há uma grande dificuldade dos regentes em lhe dar com a situação de ensino. A
caixa clara, ponto inicial de todo aprendizado técnico em percussão, é considerada também,
por tradição, como o principal instrumento que representa a família da percussão
(ROSAURO, 1996). Porém, apenas em 20% das bandas são feitos estudos do instrumento9
com todos os alunos de percussão. Logo, 84% dos alunos estão aptos a tocarem apenas um
único instrumento de percussão. Algumas bandas, cerca de 24%, quando fazem apresentações
sem deslocamento costumam utilizar instrumentos de percussão sinfônicos na execução das
peças. Diante disso, os regentes quando questionados como se dá a orientação dos alunos no
ensino desses instrumentos, considerando suas especificidades, abordagens e maneiras de
execução, não apresentaram explicações consistentes. Tal afirmativa pode ser ilustrada pela
fala do regente “J” quando diz que: “no máximo utilizo glockenspiel e tímpano, sem nenhuma
técnica devida”.
Procurando minimizar as dificuldades encontradas pelos regentes, com o ensino dos
diversos instrumentos da banda, a coordenação de bandas tem incentivado o intercâmbio entre
9 O estudo de caixa se refere ao estudo de técnica de mão e pode ser feito em outros instrumentos de percussão semelhantes ou em praticáveis.
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os regentes do mesmo pólo de ensino10. O intercâmbio consiste na visita do regente a uma
escola, onde o regente da mesma não possui grande familiaridade com o instrumento do
regente visitante. (RUFFO, 2011). Outro ponto positivo é a previsão de implantação no
segundo semestre de 2011 da formação continuada para os regentes, pois ela irá contribuir
diretamente para a formação dos profissionais, diferentemente do que acontece com o
intercâmbio que apesar de não deixar de ser um ponto positivo age diretamente no alunado,
deixando o professor sempre dependente da presença de um profissional especialista, que
apesar de ser o modelo ideal, não corresponde à realidade da maioria das bandas brasileiras.
Ao tratar da necessidade da elaboração de um método que aborde o ensino técnico de
percussão em suas várias possibilidades dentro do universo de bandas marciais para que possa
auxiliar tantos os regentes como os alunos, 100% dos regentes afirmam sentirem a
necessidade do material com essas características. O regente “F” diz que o método “é
necessário para expandir nossos conhecimentos, até porque em alguns casos como o meu,
instrumentos percussivos não é o meu forte”. O regente “D” afirma que a elaboração de um
método seria “[...] muito bom. Porque vai motivar o aluno e, com isso, fazer com que ele
melhore na parte prática e também, na parte teórica”. E para “B” o método vai suprir a
“falta de direcionamento de técnicas” (regente).
Conclusão
É nítido que o ambiente de bandas marciais em João Pessoa está em amplo
desenvolvimento desde 2008. Em suma, os presentes dados evidenciam que a maior parte dos
regentes cursa ou cursaram a graduação em música, porém mesmo para os graduados, as
dificuldades de atuação continuam.
O quadro de regentes é formado em sua maioria por profissionais que um dia já foram
alunos em bandas marciais e continuam tocando o mesmo instrumento que iniciaram na
banda.
O ensino coletivo é predominante nas bandas, pois é uma maneira viável de um único
professor conseguir ensinar uma banda com 30 alunos em média, além de contribuir de
maneira satisfatória para o nivelamento dos alunos. Além do ensino para toda a banda ao
mesmo tempo os regentes utilizam o ensino coletivo por naipe, e em alguns casos o ensino
individual.
10 Divisão das escolas municipais feita pela secretaria de educação e cultura de acordo com a região das mesmas.
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Os dados evidenciam ainda que os regentes precisam de cursos de formação
continuada e há necessidade urgente em materiais didáticos que contemplem as características
e especificidades do ensino e aprendizagem de percussão. Ou seja, um método que abarque
questões sobre a parte técnica e prática dos diversos instrumentos de percussão marciais e
sinfônicos. Por fim, esta pesquisa só apresentará um resultado mais consistente quando todos
os dados colhidos forem categorizados e analisados.
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Referências
BARBOSA, Joel Luís da Silva . An adaptation of American band instruction methods to Brazilian music education, using Brazilian melodies. University of Washington-Seattle. Tese de Doutorado. 1994. _____. Considerando a Viabilidade de Inserir Musica Instrumental no Ensino de Primeiro Grau. Revista da ABEM, Associação Brasileira de Educação Musical, nº 3, junho, p.39-49, 1996. CISLAGHI, Mauro César. Concepções e ações de educação musical no projeto de bandas e fanfarras de São José – SC: Três estudos de caso. Florianópolis, SC, 2009. Dissertação (mestrado em música) - Programa de Pós-Graduação em música, Centro de Artes, Universidade do Estado de Santa Catarina, Santa Catarina. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BANDAS E FANFARRAS. Regulamento do campeonato 2009. [online] Disponível em <http://www.cnbf.org.br/regulamento_2009.pdf > Acesso em 14 de julho de 2011. FREIRE, Pedro H. Machado; MEDEIROS, Wênia X. de. Transmissão Musical na Banda Marcial Nazinha Barbosa de João Pessoa. In: X ENCONTRO REGIONAL NORDESTE DA ABEM, 2011, Recife, Anais... Recife: ABEM, 2011. JOÃO PESSOA. Lei municipal nº 7.132 de 5 de outro de 1992. Cria a coordenação de atividades artísticas e dá outras providências. Documento. NASCIMENTO, Marco Antônio Toledo. O ensino coletivo de instrumentos musicais na banda de música. In: CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA, 16, 2006, Brasília. Anais...Brasília: ANPPOM, 2006. P. 94 – 98. _____. Método Elementar para o Ensino Coletivo de Instrumentos de Bandas de Música “Da Capo”: Um estudo sobre sua aplicação. Rio de Janeiro, RJ, 2007. Dissertação (mestrado em música) – Programa de Pós-Graduação em música, Centro de Letras e Arte, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. ROSAURO, Ney. Complete Method for Snare Drum. Levels I, II, III and IV. USA: Pró-Percussão, 1996. VECCHIA, Fabrício Dalla. Iniciação ao trompete, tropa, trombone, bombardino e tuba: Processo de ensino e aprendizagem dos fundamentos técnicos na aplicação do método Da Capo. Salvador, BA, 2008. Dissertação (mestrado em música) – Programa de Pós Graduação em Música, Escola de Música, Universidade Federal da Bahia, Bahia.