PROBLEMAS EM "MECANISMOS DA MEDIUNIDADE"

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PROBLEMAS EM “MECANISMOS DA MEDIUNIDADE” (*) José Edmar Arantes Ribeiro (**) INTRODUÇÃO O presente trabalho, neste ano memorável em que o livro “Mecanismos da Mediunidade” [1] completa seu cinquentenário, tem por objetivo apresentar, da forma mais completa possível, os erros da referida obra. Nossas notas referentes aos 4 primeiros capítulos do livro datam de 05/02/05, e as referentes aos capítulos 5-8, de 19/08/05, todas realizadas a lápis no próprio exemplar que possuímos. Somente agora, revisadas e acrescidas de comentários referentes ao restante da obra, estão a se tornar, finalmente, públicas. Do que temos notícia, somente em 2003 houve uma tentativa de levar a cabo um trabalho desse tipo [2], quando foi apresentada uma análise dos livros “Evolução em Dois Mundos” e “Mecanismos da Mediunidade”. Porém, tal empreendimento foi malsucedido. A responsável por ele, ironicamente, incorreu em mais erros do que os por ela apontados nas obras referidas, conforme mostramos em [3], além de não ter evidenciado a absoluta maioria dos reais problemas de “Mecanismos da Mediunidade”. Somente no que tange à análise deste livro, dos 21 comentários realizados, a autora incorreu em 13 erros, tanto interpretativos quanto históricos e epistemológicos. Antes de iniciarmos nossa análise, gostaríamos de ressaltar que, no início de “Mecanismos da Mediunidade”, o próprio André Luiz informa-nos que se utilizou de livros de divulgação científica para a elaboração da obra. Vejamos: Prevenindo qualquer observação da crítica construtiva, lealmente declaramos haver recorrido a diversos trabalhos de divulgação científica do mundo contemporâneo para tornar a substância espírita deste livro mais seguramente compreendida pela generalidade dos leitores (...) [1, p. 19] Assim, temos já em mãos uma das razões por que tantos erros foram cometidos pelo autor espiritual: ele não soube escolher livros idôneos para a confecção de sua obra. Infelizmente, é mesmo fato que boa parte dos chamados livros de divulgação científica são recheados de erros. * Este trabalho, com exceção de uma melhor caracterização de uma de suas referências e de certos pontos de sua "Introdução", levemente modificada, pois que originalmente dirigida ao público da revista Reformador, foi submetido em 09/07/10, uma sexta-feira, via e-mail, à Comissão Editorial da FEB, que dele tomou conhecimento. Como até a presente data desta publicação virtual (03/09/10, também uma sexta-feira, exatamente 8 semanas após a submissão do trabalho), o último retorno que obtivemos da referida Comissão Editorial aconteceu em 25/08/10, após solicitação, com uma mensagem na qual éramos informados de que o trabalho estava sob análise de dois avaliadores mas que, ainda assim, a Comissão não poderia estabelecer um prazo para o parecer final (!), achamos por bem não esperar mais para publicá-lo, pelo avançado processo de subinformação que "Mecanismos da Mediunidade" causou e vem causando no meio espírita desde a sua publicação, há 50 anos. ** Bacharel, Mestre e Ex-Doutorando em Física pelo IFUSP - Instituto de Física da Universidade de São Paulo. Responsável por um blog localizado em http://espiritismobrasileiro.blogspot.com .

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Este artigo foi disponibilizado em 03.09.2010 em outro repositório virtual (RapidShare). Entretanto, devido à política daquele hospedeiro de arquivos em excluir todos os documentos de contas gratuitas que fiquem por mais de 1 mês sem serem baixados, resolvemos disponibilizar nosso trabalho aqui, onde, felizmente, isso não acontece.

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PROBLEMAS EM “MECANISMOS DA MEDIUNIDADE”(*)

José Edmar Arantes Ribeiro(**)

INTRODUÇÃO

O presente trabalho, neste ano memorável em que o livro “Mecanismos daMediunidade” [1] completa seu cinquentenário, tem por objetivo apresentar, da formamais completa possível, os erros da referida obra. Nossas notas referentes aos 4primeiros capítulos do livro datam de 05/02/05, e as referentes aos capítulos 5-8, de19/08/05, todas realizadas a lápis no próprio exemplar que possuímos. Somente agora,revisadas e acrescidas de comentários referentes ao restante da obra, estão a se tornar,finalmente, públicas.

Do que temos notícia, somente em 2003 houve uma tentativa de levar a cabo umtrabalho desse tipo [2], quando foi apresentada uma análise dos livros “Evolução emDois Mundos” e “Mecanismos da Mediunidade”. Porém, tal empreendimento foimalsucedido. A responsável por ele, ironicamente, incorreu em mais erros do que os porela apontados nas obras referidas, conforme mostramos em [3], além de não terevidenciado a absoluta maioria dos reais problemas de “Mecanismos da Mediunidade”.Somente no que tange à análise deste livro, dos 21 comentários realizados, a autoraincorreu em 13 erros, tanto interpretativos quanto históricos e epistemológicos.

Antes de iniciarmos nossa análise, gostaríamos de ressaltar que, no início de“Mecanismos da Mediunidade”, o próprio André Luiz informa-nos que se utilizou delivros de divulgação científica para a elaboração da obra. Vejamos:

Prevenindo qualquer observação da crítica construtiva, lealmente declaramos haverrecorrido a diversos trabalhos de divulgação científica do mundo contemporâneo paratornar a substância espírita deste livro mais seguramente compreendida pelageneralidade dos leitores (...) [1, p. 19]

Assim, temos já em mãos uma das razões por que tantos erros foram cometidospelo autor espiritual: ele não soube escolher livros idôneos para a confecção de suaobra. Infelizmente, é mesmo fato que boa parte dos chamados livros de divulgaçãocientífica são recheados de erros.

*Este trabalho, com exceção de uma melhor caracterização de uma de suas referências e de certos

pontos de sua "Introdução", levemente modificada, pois que originalmente dirigida ao público da revista

Reformador, foi submetido em 09/07/10, uma sexta-feira, via e-mail, à Comissão Editorial da FEB, que

dele tomou conhecimento. Como até a presente data desta publicação virtual (03/09/10, também uma

sexta-feira, exatamente 8 semanas após a submissão do trabalho), o último retorno que obtivemos da

referida Comissão Editorial aconteceu em 25/08/10, após solicitação, com uma mensagem na qual

éramos informados de que o trabalho estava sob análise de dois avaliadores mas que, ainda assim, a

Comissão não poderia estabelecer um prazo para o parecer final (!), achamos por bem não esperar mais

para publicá-lo, pelo avançado processo de subinformação que "Mecanismos da Mediunidade" causou e

vem causando no meio espírita desde a sua publicação, há 50 anos. **Bacharel, Mestre e Ex-Doutorando em Física pelo IFUSP - Instituto de Física da Universidade de São

Paulo. Responsável por um blog localizado em http://espiritismobrasileiro.blogspot.com.

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Conforme pesquisa de Luciano dos Anjos, constante de sua obra “A Anti-História das Mensagens Co-Piadas” [4], um dos livros consultados por André Luiz foi“O Átomo”, publicado no Brasil pela Editora Melhoramentos e de autoria do alemão deascendência judia Fritz Kahn, médico e escritor.

Feito este breve preâmbulo, vamos à nossa análise de “Mecanismos daMediunidade”.

ANÁLISE

Conforme consta da obra [1, p. 18], os capítulos ímpares foram psicografadospor Waldo Vieira e os pares por Francisco C. Xavier. As seções e subseções queseguem terão, respectivamente, os mesmos títulos dos capítulos e seções de“Mecanismos da Mediunidade” cujos trechos nelas serão comentados. Após o nome decada seção do livro, apresentamos o número de parágrafos nela contidos, para que oleitor perceba mais nitidamente como os erros de certos capítulos de “Mecanismos daMediunidade” foram consecutivos. A ordem do(s) parágrafo(s) dada como referênciaapós a transcrição de cada trecho refere-se à posição do parágrafo na seção analisada.

I – Ondas e percepções

AGITAÇÃO E ONDAS (8 §’s)

(...) a inteligência do século XX compreende que a Terra é um magneto degigantescas proporções, constituído de forças atômicas condicionadas e cercado poressas mesmas forças em combinações multiformes, compondo o chamado campoeletromagnético em que o Planeta, no ritmo de seus próprios movimentos, se tipifica naImensidade Cósmica. (No 1º. §) [1, p. 21]

Três problemas estão presentes neste trecho de André Luiz:

1- A consideração da Terra como um enorme magneto já havia sido teorizada noséculo XVI, por William Gilbert;

2- Foi deveras imprecisa a passagem em que André Luiz fala que o magnetoterrestre seria “constituído de forças atômicas condicionadas e cercado por essasmesmas forças em combinações multiformes”;

3- Seria mais correto dizer que à Terra, considerada como um magneto, estáassociado um campo magnético.

Nesse reino de energias, em que a matéria concentrada estrutura o Globo denossa moradia e em que a matéria em expansão lhe forma o clima peculiar, a vidadesenvolve agitação (2º. §) [1, p. 21].

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4- Passagem destituída de maiores significados. O único recado foi que a vidadesenvolve agitação...

TIPOS E DEFINIÇÕES (8 §’s)

Nesta seção, André Luiz deixa muito a desejar, pois, além de não ter classificadocorretamente as várias classes de ondas, fornece uma definição inapropriada para“onda”. Vejamos:

As ondas são avaliadas segundo o comprimento em que se expressam,dependendo esse comprimento do emissor em que se verifica a agitação. (1º. §)[1, p. 22]

Conforme [4], este trecho é muito similar a uma passagem de “O Átomo”.Podemos apontar dois problemas nele:

5- Para caracterizar plenamente uma onda, antes de analisarmos seucomprimento, devemos avaliar qual a natureza da onda – se mecânica oueletromagnética –, qual a relação entre as direções de sua propagação e de sua vibração,e qual a forma de sua frente de onda, designação para os pontos atingidos por uma ondaem um mesmo instante;

6- O comprimento de uma onda depende não só do emissor, mas também domeio em que ela propaga-se.

Que é, no entanto, uma onda? À falta de terminologia mais clara, diremos queuma onda é determinada forma de ressurreição da energia, por intermédio do elementoparticular que a veicula ou estabelece (6º. e 7º. §’s) [1, p. 22].

7- O autor definitivamente não foi claro. Uma definição melhor de “onda” seriaa de uma perturbação que se propaga.

Partindo de semelhante princípio, entenderemos que a fonte primordial dequalquer irradiação é o átomo ou partes dele em agitação (...) (8º. §) [1, p. 22].

8- Uma coisa não implica na outra, e nem poderia implicar, pois não é verdadeque “a fonte primordial de qualquer irradiação é o átomo ou partes dele em agitação”.Vários tipos de ondas têm por fontes objetos macroscópicos.

HOMENS E ONDAS (4 §’s)

(...) oscilando de maneira integral, sacudidos simplesmente nos elétrons desuas órbitas ou excitados apenas em seus núcleos, os átomos lançam de si ondas queproduzem calor e som, luz e raios gama, através de inumeráveis combinações (No 1º.§)[1, p. 23].

9- Não faz sentido falar-se em “ondas que produzem calor e som, luz e raiosgama”. O autor certamente intentara dizer algo como “ondas na forma de calor e som,

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luz e raios gama”. Mas ainda neste caso ele estaria cometendo um equívoco, pois não érazoável supor-se a existência de sons em nível atômico.

E o homem, colocado nas faixas desse imenso domínio, em que a matériaquanto mais estudada mais se revela qual feixe de forças em temporária associação,sòmente assinala as ondas que se lhe afinam com o modo de ser (3º. §) [1, p. 23].

10- É bastante obscuro o trecho “a matéria quanto mais estudada mais se revelaqual feixe de forças em temporária associação”.

Temo-lo, dessa maneira, por viajante do Cosmo, respirando num vastíssimoimpério de ondas que se comportam como massa ou vice-versa (...) (Último §) [1, p. 23]

11- É um nonsense a afirmação de que as ondas comportam-se como massa ouvice-versa. Talvez a intenção do autor, visto que ele tratara de ondas eletromagnéticaspoucas linhas antes, tenha sido a de enfatizar a dualidade onda-partícula do fóton.

CONTINENTE DO “INFRA-SOM” (5 §’s)

Nesse domínio das correntes imperceptíveis, identificaremos as ondaseletromagnéticas de Hertz a se exteriorizarem da antena alimentada pela energiaelétrica e que, apresentando frequência aumentada, com o emprego do. chamados“circuitos oscilantes”, constituídos com o auxílio de condensadores, produzem asondas da telegrafia sem fio e do rádio comum, começando pelas ondas longas, atéaproximadamente mil metros, na medida equivalente à frequência de 300.000vibrações por segundo ou 300 quilociclos, e avançando pelas ondas curtas, além dasquais se localizam as ondas métricas ou decimétricas, disciplinadas em serviço doradar e da televisão (4º. §) [1, p. 24].

12- O trecho acima está completamente fora de contexto, pois o autor fala deondas eletromagnéticas, não de “infra-sons”! Além disso, foi tratado de ondaseletromagnéticas da ordem de 300 kHz, enquanto os “infra-sons” têm frequênciasabaixo de 40 Hz... Até a última edição de “Mecanismos da Mediunidade”, o trecho emquestão continuava onde esteve na primeira edição, ou seja, completamente fora decontexto. É curioso nestes 50 anos de publicação da obra ninguém ter denunciadopublicamente isto... E mais interessante ainda é observar que o trecho em questãoencaixa-se perfeitamente após o primeiro parágrafo da última seção deste capítulo queestamos a analisar, denominada “Outros Reinos Ondulatórios”...

OUTROS REINOS ONDULATÓRIOS (7 §’s)

Nesta seção, após tratar das várias classes de ondas eletromagnéticas, o autorarremata dizendo:

Semelhantes notas oferecem ligeira ideia da transcendência das ondas nosreinos do Espírito, com base nas forças do pensamento [1, p. 26].

13- Porém, este fecho não tem relação com o que fora apresentado.

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II – Conquistas da Microfísica

PRIMÓRDIOS DA ELETRÔNICA (7 §’s)

14- Esta seção, como pode ser notado a partir de sua leitura, passa longe de tratardos “primórdios da Eletrônica”.

Espíritos eminentes, atendendo aos imperativos da investigação científica entreos homens, volvem da Espiritualidade ao Plano Terrestre, incentivando estudos acercada natureza ondulatória do Universo (1º. §) [1, p. 27].

15- Natureza ondulatória do Universo? Ficou esquisito isso aí...

A Eletrônica balbucia as primeiras notas com Tales de Mileto, 600 anos antesdo Cristo (2º. §) [1, p. 27].

16- Bem, André Luiz deveria ter dito “Eletricidade” em vez de “Eletrônica”,uma vez que este último termo é utilizado para designar-se a ciência que estudacircuitos elétricos e eletrônicos com o objetivo de lidar com informações, ramo doconhecimento que somente surgiria quase 2500 anos depois dos trabalhos de Tales deMileto...

Seus apontamentos sobre as emanações luminosas são retomados, no curso dotempo, por Herão de Alexandria e outras grandes inteligências, culminando nosraciocínios de Descartes, no século 17, que, inspirado na teoria atômica dos gregos,conclui, trezentos anos antes da descoberta do eletrão, que na base do átomo deveriaexistir uma partícula primitiva, chegando a desenhá-la, com surpreendente rigor deconcepção, como sendo um «remoinho» ou imagem aproximada dos recursosenergéticos que o constituem. (4º. §) [1, p. 27]

Vários erros estão presentes neste trecho, que, a partir de “Descartes (...)”, éextremamente similar a uma passagem da obra “O Átomo”, conforme [4]. Vamos aeles:

17- Não nos consta que Tales de Mileto tenha produzido qualquer trabalho sobre“emanações luminosas”;

18- Os assuntos estudados por Heron de Alexandria no campo da Óptica foramantes perquiridos por Arquimedes, não por Tales de Mileto;

19- Tudo isso não teria coisa alguma que ver com um suposto modelo atômicoconjecturado por Descartes;

20- Trezentos anos antes da descoberta do elétron seria fins do séc. XVI. Masfins do séc. XVI foi quando Descartes nascera, de modo que André Luiz cometeu umerro ao afirmar que Descartes teria proposto o aludido modelo atômico 300 anos antesda descoberta do elétron;

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21- À época de Descartes, a ideia de átomo ainda estava ligada ao seu étimo, ouseja, à noção de indivisível, de modo que é inverídica a afirmação de André Luiz queDescartes teria concluído “que na base do átomo deveria existir uma partículaprimitiva”. Além disso, vale ressaltar que Descartes não aceitava a ideia de algoindivisível;

22- André Luiz finaliza a passagem com estas palavras: “(...) chegando adesenhá-la, com surpreendente rigor de concepção, como sendo um «remoinho» ouimagem aproximada dos recursos energéticos que o constituem”. Bem, é claramenteperceptível que este trecho ficou confuso. Talvez André Luiz tenha querido dizer algocomo: “(...) chegando a desenhar, com surpreendente rigor de concepção, como sendoum «remoinho» a imagem aproximada dos recursos energéticos que o constituiriam”.

(...) sem excluir a hipótese de ondas vibratórias (...) (No 5º. §) [1, pp. 27-28].

23- “Ondas vibratórias” é uma expressão bem esquisita...

Franklin teoriza sobre o fluido elétrico e propõe a hipótese atômica daeletricidade, tentando classificá-la como sendo formada de grânulos sutis,perfeitamente identificáveis aos remoinhos eletrônicos hoje imaginados. (Último §)[1, p. 28]

24- “Remoinhos eletrônicos”? André Luiz não se expressou bem...

CAMPO ELETROMAGNÉTICO (6 §’s)

25- Não há razão para que esta seção tenha aparecido em um capítulo sobre“conquistas da microfísica”.

Sucedem-se investigadores e pioneiros, até que, em 1869, Maxwell afirma, semque as suas asserções lograssem despertar maior interesse nos sábios de seu tempo,que as ondulações de luz nasciam de um campo magnético associado a um campoelétrico, (...) assegurando que as linhas de força extravasam dos circuitos, assaltando oespaço ambiente e expandindo-se como pulsações ondulatórias. (...) (2º. §) [1, p. 28]

26- Maxwell em momento algum afirmara que “as ondulações de luz nasciam deum campo magnético associado a um campo elétrico”, mesmo porque, segundo suadefinição de “campo”, isto não faria muito sentido. O que ele disse foi que a luz seriasimplesmente um “distúrbio eletromagnético”, e sua teoria fora publicada em um artigode 1864 [5, p. 499];

27- Que as “linhas de força” extravasavam dos circuitos já havia sido propostopor Faraday em 1831 [6, p. 190], e isto não tem relação direta com a postulação danatureza eletromagnética da luz;

28- “Pulsações ondulatórias”: mais dentre as tantas terminologias inadequadasutilizadas por André Luiz...

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Entretanto, certa indagação se generalizara. Reconhecido o mundo como vastomagneto, composto de átomos, e sabendo-se que as ondas provinham deles, comopoderiam os sistemas atômicos gerá-las, criando, por exemplo, o calor e a luz?(Últimos §’s) [1, p. 29]

29- O reconhecimento da Terra como um vasto magneto é um tópico que nãotem relação alguma com a pergunta apresentada;

30- André Luiz deveria ter dito explicitamente que as ondas das quais estáfalando são as eletromagnéticas;

31- As ondas eletromagnéticas que existem no planeta Terra não são todasproduzidas pelos átomos que o constituem. Além dos raios cósmicos e da própria luzsolar, apreciável parcela dos raios gama, raios X e ondas de rádio detectáveis em nossoplaneta são provenientes de fora dele. Ademais, grande parte das ondaseletromagnéticas que circulam a Terra é produzida artificialmente pelo homem;

32- A produção de calor e luz pelos átomos são fenômenos conhecidos com boaprecisão desde a primeira quinzena do século XX.

ESTRUTURA DO ÁTOMO (4 §’s)

Max Planck, distinto físico alemão, repara, em 1900, que o átomo, em lançandoenergia, não procede em fluxo contínuo, mas sim por arremessos individuais ou, maispropriamente, através de grânulos de energia, estabelecendo a teoria dos “quanta deenergia”. (1º. §) [1, p. 29]

33- Não foi bem essa a contribuição de Planck. Em seu artigo de dezembro de1900, ele postulou que “a energia dos osciladores da parede de um corpo negro seriaquantizada nos processos de absorção e de emissão de radiação” [7, pp. 38-45], não que“o átomo, em lançando energia, não procede em fluxo contínuo”, como dito por AndréLuiz. Uma coisa é bem diferente da outra.

Foi então que Niels Bohr deduziu que a descoberta de Planck somente seexplicaria pelo fato de gravitarem os elétrons, ao redor do núcleo, no sistema atômico,em órbitas seguramente definidas, a exteriorizarem energia, não girando como os pla-netas em torno do Sol, mas saltando, de inesperado, de uma camada para outra. (2º. §)[1, p. 29]

34- Na realidade, Bohr não deu contribuição teórica alguma à “descoberta” dePlanck. O que ele fez foi estender a proposta de Planck (quantização da energia dososciladores da parede de um corpo negro) também para a energia dos elétrons nosátomos.

ELETRÃO E RADIOATIVIDADE (6 §’s)

O jovem pesquisador francês Jean Perrin, utilizando a ampola de Crookes e oeletroscópio, conseguiu positivar a existência do eletrão, como partícula elétrica,

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viajando com rapidez vertiginosa. (...) Surge, todavia, José Thomson, distinto físicoinglês, que, estudando-a do ponto de vista de um projétil em movimento, conseguedeterminar-lhe a massa, que é, aproximadamente, 1.850 vezes menor que a do átomoconhecido por mais leve, o hidrogênio, calculando-lhe, ainda, com relativa segurança,a carga e a velocidade. (1º. e 3º. §) [1, p. 31]

35- Da maneira como André luiz redige este trecho, fica-se com a impressão quea obtenção por J. J. Thomson da massa do elétron precedera sua obtenção da carga e davelocidade do mesmo na ampola de Crookes. Isto não é verdade. Primeiro, em umtrabalho apresentado em 1895, Thomson propõe um valor para a velocidade doselétrons [6, p. 400]. Depois, em um trabalho de 1897, ele apresenta um novo valor paraa referida velocidade (bem maior) e também a relação massa/carga de cada elétron[6, pp. 405]. A magnitude da carga elétrica em íons de gases rarefeitos, o quepossibilitaria o cálculo da massa do elétron, só foi obtida com relativa precisão porThomson em 1898 [6, pp. 407-408].

A Ciência percebeu, afinal, que a radioatividade era como que a fala dosátomos, asseverando que eles nasciam e morriam ou apareciam e desapareciam noreservatório da Natureza. (Último §) [1, pp. 31-32]

36- Bem, se considerarmos que a Ciência teria percebido que a radioatividade écomo que a fala dos átomos, deveríamos concluir que ela percebera, também, que certosátomos seriam mudos, por não serem radioativos... Além disso, não faz o menor sentidofalar-se em átomos nascendo e morrendo. Mesmo no caso específico dos átomosradioativos, o que ocorre é que eles transformam-se em átomos de número atômico e,consequentemente, massa menores, não que desaparecem.

QUÍMICA NUCLEAR (6 §’s)

O contador de Geiger, emergindo no cenário das experimentações daMicrofísica, demonstrou que, em cada segundo, de um grama de rádio se desprendem36 bilhões de fragmentos radioativos da corrente mais fraca de raios emanantes desseelemento, perfazendo um total de 20.000 quilômetros de irradiação por segundo. (1º. §)[1, p. 32]

37- Mesmo levando-se em consideração que os valores numéricos mencionadossão dados da época (década de 50), no lugar de “... perfazendo um total de ...”deveríamos ler algo como “... na razão de ...”.

Apreendendo-se que a radioatividade exprimia a morte dos sistemas atômicos,(...) (3º. §) [1, p. 32]

38- Vide comentário 36.

Nossos apontamentos sintéticos objetivam apenas destacar a analogia do que sepassa no mundo íntimo das forças corpusculares que entretecem a matéria física edaquelas que estruturam a matéria mental. (Último §) [1, p. 33]

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39- Aqui, André Luiz menciona pela primeira vez a expressão “matéria mental”.Mas se nenhuma definição desta matéria havia sido dada, se nenhum de seus atributoshavia sido mencionado, então somos forçados a concluir que não houve qualquerdestaque das analogias entre as “forças corpusculares que entretecem a matéria física”(construção por sinal bastante obscura) e as que estruturariam a dita matéria mental.

III – Fotônios e fluido cósmico

40- Conforme pode ser notado da leitura deste capítulo de “Mecanismos daMediunidade”, além de André Luiz tratar de tópicos não relacionados aos fotônios(fótons) propriamente ditos, como “fórmula de de Broglie” e “mecânica ondulatória”,somente no último parágrafo da última seção é que alguma coisa foi dita sobre “fluidocósmico”.

ESTRUTURA DA LUZ (9 §’s)

Os físicos eram defrontados pelo problema, quando Einstein, estruturando asua teoria da relatividade, no princípio do século XX, chegou à conclusão de que a luz,nesse novo aspecto, possuiria peso específico. Isso implicava a existência de massapara a luz. Como conciliar vibração e peso, onda e massa? (3º., 4º. e 5º. §’s) [1, p. 34]

41- Em nenhum momento, na elaboração de sua teoria da relatividade restrita,Einstein falara que a luz teria um peso específico, uma massa!

Intrigado, o grande cientista voltou às experiências de Planck e Bohr e deduziuque a luz de uma lâmpada resulta de sucessivos arremessos de grânulos luminosos, emrelâmpagos consecutivos, a se desprenderem dela por todos os lados. (6º. §) [1, p. 34]

Neste trecho, André Luiz refere-se ao trabalho de Einstein enfeixado em [8].Porém:

42- O parágrafo transcrito não tem qualquer relação com a pergunta que oantecede;

43- Einstein em momento algum de seu artigo poderia ter se voltado àsexperiências de Planck e Bohr, uma vez que estes, como ele, eram físicos teóricos;

44- No artigo de Einstein, realmente foram feitas menções a Planck e seustrabalhos, mas vale ressaltar que Bohr, com 20 anos incompletos na data da publicaçãodo artigo, nem mesmo havia publicado qualquer trabalho científico até então, de modoque Einstein, que não se valeu das ideias do físico dinamarquês, nem mesmo poderia terse valido delas.

O aumento de intensidade da luz, por isso, não acrescenta velocidade aoseletrões expulsos, o que apenas acontece ante a incidência de uma luz caracterizadapor oscilação mais curta (9º. §)

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45- Melhor seria André Luiz ter se referido a “uma luz caracterizada por períodode oscilação mais curto”.

“SALTOS QUÂNTICOS” (6 §’s)

A teoria dos “saltos quânticos” explicou, de certo modo, as oscilaçõeseletromagnéticas que produzem os raios luminosos. (1º. §) [1, p. 35]

46- O que a referida teoria de certo modo explicou foi a produção de ondaseletromagnéticas por átomos, não “as oscilações eletromagnéticas que produzem osraios luminosos”, o que nem mesmo faz sentido dizer.

No átomo excitado, aceleram-se os movimentos, e os eletrões que lhecorrespondem, em se distanciando dos núcleos, passam a degraus mais altos deenergia. Efetuada a alteração, os eletrões se afastam dos núcleos aos saltos, de acordocom o quadrado dos números cardinais, isto é, de 1 para 2 no primeiro salto, de 2 para4 no segundo, de 3 para 9 no terceiro, de 4 para 16 no quarto, e assim sucessivamente.(2º. §) [1, p. 35]

47- Não há qualquer base científica em dizer-se que, no átomo excitado,“aceleram-se os movimentos”. Além disso, no primeiro período do parágrafo acima,deveria estar grafado “núcleo”, não “núcleos”, pois André Luiz inicia sua explanaçãofalando de um átomo excitado em particular;

48- O segundo período, que é quase uma transcrição de uma passagem da obra“O Átomo” (vide [4]), está despido de significado. Além de novamente falar em“núcleos” em vez de “núcleo”, André Luiz diz apenas que os elétrons afastam-se “deacordo com o quadrado dos números cardinais”. Ora, isto não diz nada! O autor deveriater explicado: a energia de cada órbita eletrônica, segundo o modelo de Bohr, éproporcional (com constante de proporcionalidade negativa) ao inverso do quadrado donúmero cardinal associado a ela.

Compreenderemos, portanto, que, quanto mais distante do núcleo, maiscomprido será o salto (...) (6º. §) [1, p. 36]

49- Esta ideia também está presente, de forma quase idêntica, em “O Átomo”,que diz: Quanto mais distante do núcleo, mais longo será o salto (...) (vide [4]). FritzKahn e André Luiz (que o repetiu) equivocaram-se. Quanto mais distante do núcleo,mais curto é o salto, pois, segundo o modelo de Bohr, as órbitas eletrônicas tornam-semais contíguas quanto mais afastadas do núcleo atômico.

“EFEITO COMPTON” (2 §’s)

Buscando um exemplo, verificaremos que a estimulação das órbitas eletrônicasexternas produzirá a luz vermelha, formada de ondas longas, enquanto que o mesmoprocesso de atrito nas órbitas que se lhe seguem, na direção do núcleo, originará airradiação azul, formada de ondas mais curtas (...) (1º. §) [1, p. 36]

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50- André Luiz expressou-se muito mal ao utilizar a expressão “processo deatrito” para expor sua ideia.

FÓRMULA DE DE BROGLIE (5 §’s)

A evidência do fotônio vinha enriquecer a teoria corpuscular da luz. Entretanto,certos fenômenos se mantinham à margem, sòmente explicáveis pela teoria ondulatóriaque a Ciência não aceitara até então. (1º. §) [1, p. 37]

51- Informação errada. A teoria ondulatória era muito bem aceita pela Ciênciana época em questão (primeira vintena do século XX), e isto desde a primeira vintenado século XIX, após trabalhos de Young, Arago e Fresnel. Deve ser notado, também,que o que seguiu nesta seção (a peculiar ideia de de Broglie sobre o caráter ondulatóriode todos os corpúsculos) não tem relação com os esforços que foram envidados nosentido de se adaptar a teoria corpuscular da luz aos fenômenos então somenteexplicáveis pela teoria ondulatória.

MECÂNICA ONDULATÓRIA (6 §’s)

Mais da metade do Universo foi reconhecido como um reino de oscilações,restando a parte constituída de matéria igualmente suscetível de converter-se em ondasde energia. (4º. §) [1, p. 38]

52- Não há qualquer base científica para essa afirmação, que, aliás, ao utilizar-seda expressão “ondas de energia”, é por si mesma problemática.

O mundo material como que desapareceu, dando lugar a tecido vasto decorpúsculos em movimento, arrastando turbilhões de ondas em frequênciasinumeráveis, cruzando-se em todas as direções, sem se misturarem. (5º. §) [1, p. 38]

53- O mesmo problema do item anterior repete-se aqui. Além de não haverqualquer base científica para a afirmação que “o mundo material como quedesapareceu”, a própria consideração de um “tecido vasto de corpúsculos emmovimento” já contradiz a afirmação que o mundo material teria como quedesaparecido!

O homem passou a compreender, enfim, que a matéria é simples vestimenta dasforças que o servem nas múltiplas faixas da Natureza (...) (6º. §) [1, p. 38]

54- Essa afirmação, do ponto de vista científico, é nula. Além disso, se AndréLuiz quis passar a ideia que o homem enfim reconhecera o lado “espiritual”, digamosassim, da Natureza, podemos dizer que esse reconhecimento, cientificamente, narealidade não aconteceu.

“CAMPO” DE EINSTEIN

55- O título desta seção deveria ser outro, pois em momento algum foi tratado dealgo como um “campo de Einstein”.

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(...) não ignoramos que o átomo é um remoinho de forças positivas e negativas,cujos potenciais variam com o número de elétrons ou partículas de força em torno donúcleo, informamo-nos de que a energia, ao condensar-se, surge como massa paratransformar-se, depois, em energia; entretanto, o meio sutil em que os sistemasatômicos oscilam não pode ser equacionado com os nossos conhecimentos. Até agora,temos nomeado esse «terreno indefinível» como sendo o «éter»; contudo, Einstein,quando buscou imaginar-lhe as propriedades indispensáveis para poder transmitirondas características de bilhões de oscilações, com a velocidade de 300.000quilômetros por segundo, não conseguiu acomodar as necessárias grandezasmatemáticas numa fórmula, porquanto as qualidades de que essa matéria devia estarrevestida não são combináveis, e concluiu que ela não existe, propondo abolir-se oconceito de «éter», substituindo-o pelo conceito de «campo». (1º. §) [1, pp. 38-39]

Neste parágrafo temos vários problemas. Devemos ressaltar, também, que, apartir de “Einstein (...)”, todo o trecho é quase cópia de uma passagem de “O Átomo”,que diz: Quando porém Einstein procurou calcular quais devem ser as propriedadesdesse “éter” para poder transmitir ondas de bilhões de oscilações com a velocidade de300.000 km por segundo sobre distâncias da luz, as necessárias grandezas matemáticasnão puderam ser reduzidas a uma fórmula. As qualidades que tal matéria devia possuirnão são combináveis. Ela não pode existir. Foi porque Einstein propôs abandonar-se oconceito do éter e substituí-lo pelo de “campo”. Chama-se de campo o espaçodominado pelas energias de uma partícula de massa (vide [4]). Vamos aos erros doparágrafo de André Luiz:

56- Dizer que “o átomo é um remoinho de forças positivas e negativas” é utilizarterminologias completamente alheias ao discurso científico moderno e contemporâneo;

57- Não é que “a energia, ao condensar-se, surge como massa para transformar-se, depois, em energia”, mas que existe uma interdependência entre massa e energia;

58- É historicamente inverídica a afirmação de que Einstein, quando buscouimaginar as propriedades do éter que o possibilitaria transmitir as ondaseletromagnéticas, “não conseguiu acomodar as necessárias grandezas matemáticasnuma fórmula”. Em momento algum das reflexões do físico alemão que culminaram emseu artigo de 1905 sobre a eletrodinâmica dos corpos moventes houve algo como uma“dificuldade de acomodação de grandezas matemáticas numa fórmula”. Mas o que seseguiu no trecho de André Luiz foi ainda pior...

59- “(...) porquanto as qualidades de que essa matéria devia estar revestida nãosão combináveis (...)”: não tem qualquer sentido esta passagem;

60- “(...) e concluiu que ela não existe, propondo abolir-se o conceito de «éter»,substituindo-o pelo conceito de «campo»”: Einstein, em 1905, realmente propôs aabolição do conceito de “éter”, mas é um grande erro afirmar que ele teria entãosubstituído este conceito pelo de “campo”.

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Campo, desse modo, passou a designar o espaço dominado pela influência deuma partícula de massa. Para guardarmos uma ideia do princípio estabelecido,imaginemos uma chama em atividade. A zona por ela iluminada é-lhe o campopeculiar. (...) (2º. e 3º. §) [1, p. 39]

61- Várias são as definições utilizadas em Física para “campo”, mas aquelaassociada à ideia de “espaço” não surgiu com Einstein, mas com Faraday, vários anosantes [9, pp. 33-36], e poderia ser descrita como “porção de espaço que, de acordo coma natureza das influências que exerce, recebe nomes como campo gravitacional, campoelétrico, campo magnético, etc.”.

IV – Matéria mental

PENSAMENTO DO CRIADOR (3 §’s)

(...) E superpondo-se-lhe à grandeza indevassável, encontraremos a matériamental que nos é própria, em agitação constante, plasmando as criações tempo rárias, adstritas à nossa necessidade de progresso. (1º. §) [1, p. 40]

62- O trecho sublinhado, como pode ser percebido da leitura da seção seguintedo livro (“Pensamento das Criaturas”), deveria ter aparecido algo como “a matériamental própria das criaturas, em agitação constante, plasmando as criações tempo-rárias, adstritas à geral necessidade de progresso”.

CORPÚSCULOS MENTAIS (5 §’s)

63- Como veremos da discussão desta seção, seu título deveria ter sido outro.Talvez “Corpúsculos Extrafísicos”.

(...) Entretanto, ele [o pensamento] ainda é matéria, — a matéria mental, emque as leis de formação das cargas magnéticas ou dos sistemas atômicos pre valecem sob novo sentido, compondo o maravilhoso mar de energia sutil em que todos nosachamos submersos e no qual surpreendemos elementos que transcendem o sistemaperiódico dos elementos quí micos conhecidos no mundo . (1º. §) [1, p. 42]

64- O primeiro trecho grifado é ininteligível, e o segundo deveria ter sidosubstituído por algo como “tudo o que é conhecido no mundo físico”.

Temos, ainda aqui, as formações corpusculares, com bases nos sistemasatômicos em diferentes condições vibratórias, considerando os átomos, tanto no planofísico, quanto no plano mental, como associações de cargas positivas e negativas.(2º. §) [1, p. 42]

Isso nos compele naturalmente a denominar tais princípios de «núcleos,protões, neutrões, positrões, eletrões ou fotônios mentais», em vista da ausência de

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terminologia analógica para estruturação mais segura de nossos apontamentos. (3º. §)[1, p. 42]

65- É perceptível, uma vez que André Luiz trata nos trechos acima da matériaem seu mundo de ação, que no lugar de plano mental e fótons mentais deveria teraparecido plano extrafísico e fotônios extrafísicos, terminologias analógicas maisapropriadas.

Assim é que o halo vital ou aura de cada criatura permanece tecido decorrentes atômicas sutis dos pensamentos que lhe são próprios ou habituais (...) (4º. §)[1, p. 42]

66- A primeira passagem grifada não tem razão de existir, e a segunda deveriaser substituída apenas por “correntes sutis”.

Essas forças, em constantes movimentos sincrônicos (...) (5º. §) [1, p. 42]

67- André Luiz falava antes em “correntes”, agora se refere a elas como “essasforças”. Para que acompanhemos certos pontos de suas elucubrações, precisamos ter emmente que o autor espiritual utiliza terminologias próprias da Física de maneira muitoplástica, nada rigorosa.

MATÉRIA MENTAL E MATÉRIA FÍSICA (2 §’s)

Em posição vulgar, acomodados às impressões comuns da criatura humananormal, os átomos mentais inteiros, regularmente excitados, na esfera dospensamentos, produzirão ondas muito longas ou de simples sustentação daindividualidade, correspondendo à manutenção de calor. Se forem os eletrões mentais,nas órbitas dos átomos da mesma natureza, a causa da agitação, (...) (1º. §)[1, pp. 42-43]

68- No lugar de átomos mentais inteiros deveria ter aparecido algo como átomosextrafísicos, no lugar de manutenção de calor, algo como produção de calor, e no lugarde eletrões mentais, algo como eletrões extrafísicos.

Assim considerando, a matéria mental, embora em aspectos fundamentalmentediversos, obedece a princípios idênticos àqueles que regem as associações atômicas, naesfera física, demonstrando a divina unidade de plano do Universo. (2º. §) [1, p. 43]

69- Em lugar de matéria mental deveria ter aparecido algo como matériaextrafísica.

INDUÇÃO MENTAL (4 §’s)

Recorrendo ao “cam po” de Einstein , imaginemos a mente humana no lugar dachama em atividade. Assim como a intensidade de influência da chama diminui com adistância do núcleo de energias em combustão, demonstrando fração cada vez menor,

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sem nunca atingir a zero, a corrente mental se espraia, segundo o mesmo princípio,não obstante a diferença de condições. (1º. §) [1, p. 43]

70- Como já afirmado anteriormente (comentário 61), a idéia de “campo”utilizada para o exemplo da chama em atividade não foi devida a Einstein;

71- Sobre a expressão corrente mental, durante toda a presente seção e aseguinte (“Formas-Pensamentos”) aparece um ponto aparentemente em desacordo comas três anteriores: enquanto nestas André Luiz trata da propagação do pensamento combase na ideia de onda mental, na presente e na próxima seção ele utiliza a expressãocorrente mental (também corrente de partículas mentais e corrente de matéria mental)para descrever o processo. Sendo assim, se não queremos tomar por erro este fato,devemos considerar que, para André Luiz, as expressões onda mental e corrente mentaltêm significados estritamente próximos.

Tanto quanto, no domínio da energia elétrica, a indução significa o processoatravés do qual um corpo que detenha propriedades eletromagnéticas podetransmiti-las a outro corpo sem contacto visível, no reino dos poderes mentais aindução exprime processo idêntico (...) E tanto na eletricidade quanto no mentalismo, ofenômeno obedece à conjugação de ondas, enquanto perdure a sustentação do fluxoenergético. (3º. §) [1, p. 44]

72- Em lugar de “propriedades eletromagnéticas” deveria ter aparecido“propriedades elétricas”;

73- Não é verdade que em Eletricidade o fenômeno da indução estejarelacionado a ondas.

FORMAS-PENSAMENTOS (3 §’s)

Pelos princípios mentais que influenciam em todas as direções, encontramos atelementação e a reflexão comandando todos os fenômenos de associação (...) (1º. §)[1, p. 44]

74- André Luiz utiliza o neologismo “telementação” sem tê-lo definido antes e,também sem as devidas explicações, fala em “reflexão” comandando os fenômenos deassociação.

Emitindo uma ideia, passamos a refletir as que se lhe assemelham, ideia essaque para logo se corporifica, com intensidade correspondente à nossa insistência emsustentá-la, mantendo-nos, assim, espontâneamente em comunicação com todos os quenos esposem o modo de sentir. (2º. §) [1, pp. 44-45]

75- Não é difícil observar que este parágrafo fora mal estruturado. Ele deveriater sido redigido mais ou menos assim: “Emitindo uma ideia, passamos também aassimilar as que se lhe assemelham, e a ideia emitida, que para logo se corporifica, com

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intensidade correspondente à nossa insistência em sustentá-la, mantém-nos, assim,espontâneamente em comunicação com todos os que nos esposem o modo de sentir”.

V – Corrente elétrica e corrente mental

GERADOR MEDIÚNICO (3 §’s)

Estabelecido um fio condutor de um para o outro que, em nosso problema,representa o pensamento de aceitação ou adesão do médium (...) (2º. §) [1, p. 48]

76- Analogia imprópria. Isto pode ser constatado inclusive do próximo parágrafoda seção, onde André Luiz informa-nos que o pensamento de aceitação ou adesão domédium na realidade seria análogo a um gerador de força.

ÁTOMOS E ESPÍRITOS (4 §’s)

77- Esta seção é um desastre completo, como poderá ser constatado a seguir.

Para entendermos com mais segurança o problema da compensação vibratóriana produção da corrente elétrica e (de outro modo) da corrente mental, lembremo-nosde que, conforme a lei de Coulomb, as cargas de sinal contrário ou de força centrípetaatraem-se, contrabalançando-se essa atração com a repulsão por elas experimentada,ante as cargas de sinal igual ou de força centrífuga. (1º. §) [1, p. 48]

78- A passagem grifada não é clara. Nunca se falou em nada parecido emEletricidade;

79- É incorreta a afirmação que cargas de sinal contrário são de força centrípetae que cargas de sinal igual são de força centrífuga.

A harmonia eletromecânica do sistema atômico se verifica toda vez que seencontre neutro ou, mais propriamente, quando as unidades positivas ou unidades donúcleo são em número idêntico ao das negativas ou aquelas de que se constituem oseletrões, estabilidade essa que decorre dos princípios de gravitação nas linhas domicrocosmo. (2º. §) [1, pp. 48-49]

80- “Unidades positivas” não é o mesmo que “unidades do núcleo”, pois neste,além das unidades positivas (prótons), existem unidades neutras (nêutrons);

81- “Unidades negativas” não é o mesmo que “aquelas de que se constituem oseletrões”, pois os elétrons são as próprias unidades negativas;

82- O equilíbrio dos sistemas atômicos não decorre de forças gravitacionais, quesão as menos relevantes nestes domínios;

83- Por fim, o parágrafo não tem relação direta nem com o parágrafo anteriornem com o posterior.

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Afirma-se, desse modo, que existe uma unidade de diferença de potencial entredois pontos de um campo elétrico, quando a ação efetuada para transportar umaunidade de carga (ou 1 coulomb), de um ponto a outro, for igual à unidade de trabalho.(3º. §) [1, p. 49]

84- Além de não ter qualquer razão de ser o “desse modo”, o que foi dito acimanão é exatamente o que se afirma em Física. Deveria ter aparecido algo como: “existe 1volt de diferença de potencial entre dois pontos de um campo elétrico quando a açãoefetuada para transportar 1 coulomb de carga de um ponto a outro for igual à 1 joule detrabalho”.

Entendendo-se que os mesmos princípios pre dominam para as correntes de matéria mental , embora as modalidades outras de sustentação e manifestação, somos induzidos a asseverar, por analogia, que existe capacidade de afinização entre umEspírito e outro, quando a ação de plasmagem e projeção da matéria mental naentidade comunicante for, mais ou menos, igual à ação de receptividade e expressão napersonalidade mediúnica (4º. §) [1, p. 49]

85- O trecho grifado, como pode ser percebido do contexto em que está inserido,não tem qualquer razão de ser, pois o que fora escrito nos parágrafos anteriores nãoserviu de base analógica à conclusão emitida por André Luiz.

VI – Circuito elétrico e circuito mediúnico

RESISTÊNCIA (3 §’s)

Igualmente no circuito mediúnico, a resistência significa a dissipação deenergia mental, destinada à sustentação de base entre o Espírito comunicante e omédium. (3º. §) [1, p. 53]

86- Aqui, a falta de um artigo definido e a existência de uma vírgula colocadaerroneamente modificam completamente o sentido que deveria ter o parágrafo, que,reescrito corretamente, ficaria assim: “Igualmente, no circuito mediúnico, a resistênciasignifica a dissipação da energia mental destinada à sustentação de base entre o Espíritocomunicante e o médium”.

INDUTÂNCIA (2 §’s)

(...) para que se impossibilite a formação de extra-correntes magnéticas,capazes de operar desajustes e perturbações físicas, perispiríticas e emocionais, deresultados imprevisíveis para o médium, quanto para a entidade em processo decomunicação. (2º. §) [1, p. 54]

87- O correto, pelo contexto, seria “correntes mentais extras”.

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CAPACITÂNCIA (6 §’s)

Os elementos suscetíveis de condensar essas possibilidades, no campomagnético da conjunção mediúnica, expressam-se (...) (5º. §) [1, p. 55]

88- Melhor seria algo como “campo de realização”, para se evitar confusões coma expressão “campo magnético” utilizada em Física.

VII – Analogias de circuitos

VELOCIDADE ELÉTRICA (4 §’s)

Entretanto, devemos considerar que a veloci dade dos eletrões depende dos recursos imanentes da pressão elétrica e da resistência elétrica do ele mento condutor (...) (4º. §) [1, p. 56]

89- André Luiz deveria ter sido mais claro. O trecho em destaque deveria tersido escrito algo como “a velocidade dos eletrões propriamente ditos é bem menor, edepende dos recursos imanentes da pressão elétrica (força eletromotriz) e da resistênciaelétrica do elemento condutor”.

CONTINUIDADE DE CORRENTES (4 §’s)

Assim como se faz necessária uma corrente líquida, em circulação e massaconstantes, é imperioso se façam cargas de bilhões de eletrões, por segundo, para quese mantenha a produção de correntes elétricas de valores contínuos. (4º. §) [1, p. 57]

90- Faltaram algumas palavras no início deste parágrafo. O correto seria algocomo “Assim como se faz necessária uma pressão contínua sobre o montante de águapara que haja uma corrente líquida, em circulação e massa constantes, é imperioso(...)”.

EXPRESSÕES DE ANALOGIA (1 §)

Aplicando os conceitos expendidos atrás, aos nossos estudos da mediunidade,recordemos a analogia existente entre os circuitos hidráulico, elétrico e mediúnico, nasseguintes expressões: a) Curso dágua — fluxo elétrico — corrente mediúnica.b)Pressão hidráulica — diferença de potencial elétrico, determinando harmonia —sintonia psíquica. (...) [1, p. 57]

91- No lugar de fluxo elétrico deveria ter aparecido corrente elétrica, pois fluxoelétrico é outra coisa;

92- É no mínimo esquisita a colocação de André Luiz de que as diferenças depotencial elétrico determinam harmonia.

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VIII - Mediunidade e eletromagnetismo

CORRENTE ELÉTRICA (9 §’s)

93- Os três últimos parágrafos desta seção fugiram ao seu tema, e, além disso, háproblemas no quinto e no último. Vejamos:

Nessa mesma condição entendemos a corrente mental, também corrente denatureza elétrica, embora menos ponderável na esfera física. (5º. §) [1, p. 62]

94- Isto, além de ir contra à idéia de correlação entre “ondas mentais” e“corrente mental” (vide comentário 71), contradiz também o que fora dito poucas linhasantes no mesmo livro, a saber: “Cabe considerar que as analogias de circuitosapresentadas aqui são confrontos portadores de justas limitações (...) Recorremos àscomparações em foco apenas para lembrar aos nossos companheiros de estudo aimagem de «correntes circulantes» (...)” [1, p. 59].

Além do movimento de translação ou de saltos, em derredor do núcleo, oseletrões caracterizam-se igualmente por determinado movimento de rotação sobre oseu próprio eixo, se podemos referir-nos desse modo às partículas que os exprimem,produzindo os efeitos conhecidos por «spins». (9º. §) [1, p. 62]

95- É claramente perceptível que a passagem “se podemos referir-nos dessemodo às partículas que os exprimem” está completamente fora de contexto;

96- O chamado “spin do elétron” não é um efeito, mas apenas uma quantidadefísica associada àquela partícula.

“SPINS” E “DOMÍNIOS” (4 §’s)

Geralmente, nas camadas do sistema atômico, os chamados «spins» oudiminutos vórtices magnéticos, revelando natureza positiva ou negativa, se compensamuns aos outros, mas não em determinados elementos, como seja o átomo de ferro, noqual existem quatro «spins» ou efeitos magnéticos desajustados nas camadasperiféricas (...) (1º. §) [1, p. 63]

97- Sobre o primeiro grifo, não é lícito considerar os “spins dos elétrons” como“diminutos vórtices magnéticos”. Se quisermos estabelecer alguma correlação dessetipo, diríamos que o “spin” do elétron é uma quantidade característica dele, que, porsua vez, poderia ser descrito, figuradamente, como um diminuto vórtice magnético;

98- Sobre o segundo grifo, vide comentário 96. Além disso, ali, deveria teraparecido simplesmente “elétrons”.

Esses «domínios» se expressam de maneira irregular ou desordenada,guardando, contudo, a tendência de se alinharem, como, por exemplo, no mesmo átomode ferro a que nos reportamos. (2º. §) [1, p. 63]

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99- A passagem grifada fora mal estruturada, pois não tem sentido frente ao quefora reportado antes.

(...) mas sofrem obstrução oferecida pelas energias interatômicas, afuncionarem como recursos de atrito contra a mudança provável da condiçãomagnética que lhes é característica. (...) (3º. §) [1, p. 63]

100- André Luiz não se expressou corretamente ao falar em “recursos de atrito”no trecho acima. Uma boa opção seria “recursos de resistência”.

CAMPO MAGNÉTICO ESSENCIAL (7 §’s)

101- Somente os 2 primeiros parágrafos desta seção dizem respeito ao seu título.E há também problemas no penúltimo parágrafo:

Fácil reconhecer que, em todos os elementos atômicos nos quais os efeitosmagnéticos ou «spins» se revelam compensados, os «domínios» ou ímãs microscópicosse equilibram na constituição inter-atômica, com índices de harmonia ou saturaçãoadequados, pelos quais o campo magnético se mos tra regular (...) (6º. §) [1, p. 64]

102- No lugar do primeiro grifo deveria ter aparecido somente “efeitosmagnéticos” (vide comentário 96);

103- O segundo trecho grifado deveria ser substituído por algo como “nãosurgem quando da reunião de um conjunto de tais elementos”.

FERROMAGNETISMO E MEDIUNIDADE (2 §’s)

(...) Perceberemos nas mentes ajustadas aos imperativos da experiênciahumana, mesmo naquelas de sensibilidade mediúnica normal, criaturas em que os«spins» ou efeitos magnéticos da atividade espiritual se evidenciam necessàriamenteharmonizados, presidindo a formação dos «domínios» ou ímãs diminutos do mundoíntimo em processo de integração, através do qual o campo magnético se mostraentrosado às emoções comuns, ao passo que, nas organizações mentais em que os«spins» ou efeitos magnéticos do pensamento apareçam descontrabalançados, aspropriedades magnéticas patenteiam teor avançado (...) Vemos, pois, que as mentesintegralmente afinadas com a esfera física possuem campo magnético reduzido, aopasso que aquelas situadas em condições anômalas guardam consigo campo mag nético mais vasto (...) (1º. e 2º. §’s) [1, pp. 65-66]

104- Sobre o primeiro e o quarto grifos, deveria ter aparecido somente efeitosmagnéticos (vide comentário 102), e naturalmente entre aspas, por tratar-se apenas deuma analogia;

105- As outras passagens grifadas deveriam ter aparecido, igualmente, entreaspas, por tratar-se também de meras expressões analógicas.

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«DESCOMPENSAÇÃO VIBRATÓRIA» (1 §)

Sem obstáculo, reconhecemos que a mediunidade ou capacidade de sintoniaestá em todas as criaturas, porque todas as criaturas são dotadas de campo magnéticoparticular (...) [1, p. 66]

106- A expressão grifada deveria ter aparecido entre aspas (vide comentárioanterior).

IX - Cérebro e energia

107- Durante todo este capítulo, André Luiz utiliza-se de expressões comocorrente no campo, resistência do campo, campo «shunt» e circuito do campo.Devemos ter em vista, porém, que “campo” aí não significa o mesmo que fora definidopor André Luiz no cap. 3 [1, p. 39], mas que aparece de maneira figurada, sem sentidomuito claro, ainda que as expressões referidas tenham significado definido e sejamcomumente utilizadas nas subáreas da Engenharia que tratam de geradores e motores.

GERADOR DO CÉREBRO (5 §’s)

Nessas províncias-fulcros da individualidade, circulam as correntes mentaisconstituídas à base dos átomos de matéria da mesma grandeza, qual ocorre na matériafísica, em que as correntes elétricas resultam dos átomos físicos excitados, formando,em sua passagem, o consequente resíduo magnético, (...) (5º. §) [1, p. 70]

108- O trecho “circulam as correntes mentais constituídas à base dos átomos dematéria da mesma grandeza, qual ocorre na matéria física, em que as correntes elétricasresultam dos átomos físicos excitados” deveria ter sido escrito como “circulam ascorrentes mentais constituídas de partículas da mesma natureza, qual ocorre na matériafísica, em que as correntes elétricas resultam do movimento de partículas elétricas”.

(...) pelo que depreendemos, sem dificuldade, a existência do eletromagnetismotanto nos sistemas interatômicos da matéria física, como naqueles em que se evidenciaa matéria mental. (5º. §) [1, p. 70]

109- O que foi dito anteriormente não permite diretamente esta conclusão.

X - Fluxo mental

PARTICULA ELÉTRICA (5 §’s)

Por anotações ligeiras, em torno da Microfísica, sabemos que toda partícula sedesloca, gerando onda característica naturalmente formada pelas vibrações do campoelétrico, relacionadas com o número atômico dos elementos. (1º. §) [1, p. 72]

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110- Este parágrafo, além de mal escrito, contém várias informações erradas.Certamente o que André Luiz quis dizer foi o seguinte: “Por anotações ligeiras em tornoda Microfísica, sabemos que toda partícula elétrica, quando se desloca aceleradamente,gera ondas eletromagnéticas”.

Em conjugando os processos termoelétricos e o campo magnético, a Ciênciapode medir com exatidão a carga e a massa dos elétrons, demonstran do que a energia se difunde, através de movimento simultâneo, em partículas infra-atômicas e pulsa ções eletromagnéticas correspondentes. (2º. §) [1, p. 72]

111- O techo grifado é ininteligível.

Informamo-nos, ainda, de que a circulação da corrente elétrica num condutor éinvariavelmente seguida do nascimento de calor, formação de um campo magnético aoredor do condutor, produção de luz e ação química. (3º. §) [1, p. 72]

112- Não há invariavelmente produção de luz e ação química quando dapassagem de corrente elétrica em um condutor.

Deve-se o aparecimento do calor às constantes colisões dos elétrons livres,espontâneamente impe lidos a se moverem ao longo do condutor, associando avelocidade de transferência ou desloca mento à velocidade própria, no que tange à translação sobre si mesmos, o que determina a agitação dos átomos e das moléculas,provocando aquecimento. (4º. §) [1, p. 72]

113- Os trechos sublinhados são simplesmente absurdos.

A constituição de um campo magnético, ao redor do condutor, é induzida pelomovimento das correntes corpusculares a criarem forças ondulatórias de imanização.A produção de luz decorre da corrente elétrica do condutor. E a ação química resultade circulação da corrente elétrica, através de determinadas soluções. (5º. §) [1, p. 73]

114- Trecho também muito problemático. Além de apresentar terminologiasobscuras ("correntes corpusculares", "forças ondulatórias de imanização"), contém umainformação completamente absurda (a de que a produção de luz decorre de correnteselétricas em condutores) e uma passagem mal escrita (vide grifo).

PARTÍCULA MENTAL (1 §)

Em identidade de circunstâncias, apesar da diversidade dos processos, todapartícula da corrente mental (...) se desloca, produzindo irradiações eletromagnéticas,cuja frequência varia conforme os estados mentais do emissor (...) [1, p. 73]

115- O parágrafo deveria ter aparecido algo como: “As correntes de partículasmentais deslocam-se quais ondas eletromagnéticas, com uma frequência associadavariando conforme os estados mentais do emissor (...)” (vide comentário 94). O títuloda seção, dessa forma, deveria ter sido algo como “Corrente Mental”.

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CORRENTE MENTAL SUB-HUMANA (2 §’s)

Em todas as criaturas sub-humanas, os agentes mentais, na forma de impulsosconstantes, são, desse modo, empregados na manutenção de calor e magnetismo,radiação e atividade química nos processos vitais dos circuitos orgânicos (...) (2º. §)[1, p. 73]

116- Ora, reduzir completamente a manutenção de calor e a atividade químicados processos vitais das criaturas sub-humanas a nebulosos “agentes mentais” étremendo exagero.

FUNÇÃO DOS AGENTES MENTAIS (3 §’s)

Por intermédio dos agentes mentais ou ondas eletromagnéticas incessantes,temos (...) (1º. §) [1, p. 74]

117- Os agentes mentais, segundo a seção anterior, seriam as correntes mentais,não ondas eletromagnéticas!

CAMPO DA AURA (3 §’s)

(...) a alma encarnada ou desencarnada está envolvida na própria aura outúnica de for ças eletromagnéticas , em cuja tessitura circulam as irradiações que lhesão peculiares. (1º. §) [1, p. 76]

118- A expressão grifada, conforme outros trechos da obra, deveria ter aparecidocomo “forças mentoeletromagnéticas”.

E, desse modo, estende a própria influência que, à feição do campo propostopor Einstein, diminui com a distância do fulcro consciencial emissor, tornando-se cadavez menor, mas a espraiar-se no Universo infinito. (3º. §) [1, p. 76]

119- Como já dissemos (comentário 61), o que André Luiz chama de “campo deEinstein” na realidade não foi proposto pelo físico alemão. Além disso, conforme aprópria definição fornecida por André Luiz, “campo” estaria relacionado à noção de“espaço de influência”, de modo que não faz sentido falar-se que o campo diminuiriacom a distância do fulcro emissor; o que diminui é a intensidade da influência, não ocampo propriamente dito.

XI - Onda mental

ONDA HERTZIANA (2 §’s)

Examinando sumàriamente as forças corpusculares de que se constituem todasas correntes atômicas do Plano Físico, podemos compreender, sem dificuldade, nopensamento ou radiação mental, a substância de todos os fenômenos do espírito, aexpressar-se por ondas de múltiplas frequências. [1, p. 77]

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120- Passagem mal estruturada. O trecho grifado não diz nada com nada, demodo que nem mesmo poderia ajudar a compreender o “pensamento ou radiaçãomental”.

PENSAMENTO E TELEVISÃO (12 §’s)

Nos transmissores dessa espécie, é imperioso conjugar a aparelhagemnecessária à captação, transformação, irradiação e recepção dos sons e das imagensde modo simultâneo. (2º. §) [1, p. 77]

121- Como pode ser notado, em lugar do trecho grifado deveria ter aparecidosomente “e irradiação”.

XII - Reflexo condicionado

USO DO DISCERNIMENTO (2 §’s)

(...) de vez que se a vida física está cercada de correntes eletrônicas por todosos lados, a vida espiritual, da mesma sorte, jaz imersa em largo oceano de correntesmentais (...) (2º. §) [1, p. 87]

122- No lugar de “correntes eletrônicas”, é facilmente perceptível que o autorintentou dizer “ondas eletromagnéticas”.

XIII - Fenômeno hipnótico indiscriminado

Neste capítulo da obra não encontramos problemas.

XIV - Reflexo condicionado específico

MECANISMO DO FENÔMENO HIPNÓTICO (9 §’s)

(...) por favorecer a passividade dos núcleos receptivos do cérebro, provocando,ao mesmo tempo, a atenção ou o circuito fechado no campo magnético do paciente (...)(3º. §) [1, pp. 95-96]

123- Em lugar de campo magnético, para que não haja confusão com aexpressão utilizada em Física, deveria ter aparecido algo como campo de integraçãomagnética, conforme início da seção “Conceito de Circuito Mediúnico” do capítulo VIda obra [1, p. 51].

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XV - Cargas elétricas e cargas mentais

EXPERIÊNCIA VULGAR (4 §’s)

Contudo, para gravar as linhas básicas de nosso estudo, recordemos apropagação indeterminada dos eletrões nas faixas da Natureza. (2º. §)

De semelhante propagação, qualquer pessoa pode retirar a prova evidente comvários objetos como, por exemplo com a experiência clássica da caneta-tinteiro que,friccionada com um pano de lã, nos deixa perceber que as bolhas de ar existentes entreas fibras do pano fornecem os eletrões livres a elas agregados, eletrões que seacumulam na caneta mencionada, por suas qualidades dielé tricas ou isolantes. (3º. §)[1, p. 100]

Esta passagem é também quase uma cópia de um trecho de “O Átomo”, que diz:Da propagação geral dos elétrons qualquer um de nós poderá convencer-seexecutando a pequena experiência pela qual o grego Tales, da cidade de Mileto, naÁsia Menor, descobriu a eletricidade, cerca de 600 anos A. C. Friccionando-se umacaneta-tinteiro com um pano de lã, as bolhas de ar existentes entre as fibras do tecidocedem os elétrons livres a elas aderentes, e estes últimos acumulam-se na caneta-tinteiro, por ser esta um dielétrico (vide [4]). Os problemas do parágrafo de Fritz Kahne, consequentemente, daquele de André Luiz são os seguintes:

124- Propagação de elétrons definitivamente não é uma boa expressão paracaracterizarmos fenômenos como o referido, de eletrização por atrito;

125- Em lugar de eletrões livres a elas agregados, deveria ter aparecido eletrõesagregados às suas moléculas;

126- Os elétrons não se acumulam na caneta-tinteiro pelas “qualidadesdielétricas” dela, mas simplesmente porque, no caso particular do atrito de um pano delã com a caneta, o pano tem maior facilidade em doar elétrons do que em receber.

Efetuada a operação, elementos leves, portadores de cargas elétricas positivasou, mais exatamente, muito pobres de eletrões, como sejam pequeninos fragmentos depapel, serão atraidos pela caneta, então negativamente carregada. (4º. §) [1, p. 100]

Em “O Átomo” lemos: Corpos leves e eletricamente com “carga positiva”, istoé, pobres em elétrons, tais como cabelos, pequenas aparas de papel, etc., serão agoraatraídos pela caneta-tinteiro “negativamente carregada” (vide [4]). Fritz Kahn e AndréLuiz cometem o seguinte erro:

127- Pequeninos fragmentos de papel não são naturalmente “muito pobres deeletrões”. O que acontece é que os papeizinhos ficam polarizados eletricamente quandoda aproximação de um objeto negativamente carregado, com a região positivamentecarregada mais próxima do objeto, naturalmente. Daí, por serem leves, os pequeninosfragmentos de papel são atraídos como um todo pelo objeto, que, no caso, é uma

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caneta-tinteiro.

MÁQUINA ELETROSTÁTICA (3 §’s)

Na máquina eletrostática ou indutora, utilizada nas experiências primárias deeletricidade, a ação se verifica semelhante à experiência da caneta-tinteiro. (1º. §)[1, p. 101]

128- André Luiz fala em “máquina eletrostática ou indutora” como se todamáquina eletrostática fosse indutora e, pior, como se houvesse apenas um tipo demáquina indutora, o que é um erro. Veremos, a seguir, que a máquina eletrostáticadescrita é uma máquina de influência denominada, em homenagem a seu inventor,“máquina de Wimshurst”. O título desta seção, inclusive, deveria ter sido este;

129- André Luiz deveria ter acrescentado que, nas máquinas eletrostáticasindutoras, a ação se verifica semelhante à experiência da caneta-tinteiro com ospequeninos fragmentos de papel, relacionada ao processo de eletrização por indução,pois ele havia relatado também uma experiência da referida caneta com um pano de lã,em que a eletrização ocorria por atrito.

Os discos de ebonite em atividade rotatória como que esfarelam as bolhas dear, guardadas entre eles, comprimindo os eletrões que a elas se encontram frouxamenteaderidos. (2º. §) [1, p. 101]

Esta passagem é, também, quase uma cópia de um trecho de “O Átomo”, quediz: Os seus discos de ebonite em rotação “esmagam” como mós as bolhas de arexistentes entre eles, espremendo assim os elétrons frouxamente a elas aderentes(vide [4]). E o erro de Fritz Kahn e de André Luiz é este:

130- A máquina eletrostática que se utiliza de discos de ebonite em atividaderotatória é a “máquina de Wimshurst” [10], e seu processo de funcionamento não temnada parecido com um “esfarelamento” de bolhas de ar acarretando “compressões” deelétrons, o que nem mesmo faz sentido dizer, mas está baseado no fenômeno daindução elétrica [11].

Com o auxílio de escovas, esses eletrões se encaminham às esferas metálicas,onde se aglomeram até que a carga se faça suficientemente elevada para que sejaextraída em forma de centelha. (3º. §) [1, p. 101]

Mais uma passagem similar a “O Átomo”, que diz, em continuidade ao trechoque transcrevemos antes do comentário anterior, o seguinte: Por intermédio de escovas,esses elétrons são conduzidos a esferas metálicas onde se acumulam até que a “carga”seja suficientemente grande para poder-se extrair em forma de centelha (vide [4]). E oerro de Fritz Kahn e de André Luiz são estes:

131- As escovas da “máquina de Wimshurst” não têm função coletora, masneutralizadora. Os coletores de carga utilizados na máquina nem mesmo tocam nos

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discos. Aliás, o toque acidental das pontas dos coletores nos discos é a principal causade destruição deste tipo de máquina de influência [11];

132- Se os elétrons encaminhassem-se igualmente para ambas as esferasmetálicas do faiscador, não haveria qualquer centelha entre elas! As centelhas, quecaracterizam o processo de obtenção do equilíbrio elétrico, e não uma aludida “extraçãode carga”, como dito por André Luiz, ocorrem justamente pela diferença de polaridadeelétrica entre as esferas.

NAS CAMADAS ATMOSFÉRICAS (6 §’s)

Todavia, as gotas que vertem de cima, sem chegarem ao chão, por seevaporarem na viagem de retorno, são surpreendidas em caminho pelas correntes dear aquecido em ascensão e, atritando os elementos nesse encontro, o ar quente, nasubida, extrai das moléculas dágua os eletrões livres que a elas se encontramfracamente aderidos (...) (4º. §) [1, p. 101]

Em “O Átomo” aparece: (...) A gota que cai sem atingir a terra, por evaporar-seno meio do caminho, encontra-se com correntes ascendentes de ar quente. Pelo atritoque aí ocorre, são extraídos das moléculas de água os eletrões livres a elas aderentes(vide [4]).

133- Em ambos os livros deveria ter aparecido apenas eletrões. Seria maiscorreto.

Quando as correntes eletrônicas aí agregadas tiverem atingido certo valor,assemelham-se as nuvens a máquinas indutoras, em que a tensão se eleva a milhões devolts, das quais os elétrons em massa, na forma de relâmpagos, saltam para outrasnuvens ou para a terra (...) (5º. §) [1, p. 101]

134- Em lugar de correntes eletrônicas, é claramente perceptível, pelo contexto,que deveria ter aparecido algo como cargas eletrônicas. Em “O Átomo”, o equívo foioutro. Fritz Kahn diz o seguinte: Quando a carga, ou seja, o número de elétrons, tiveratingido determinado valor, os elétrons saltam em forma de centelhas (relâmpagos)para outras nuvens ou para a terra (vide [4]). O problema aí é que, em lugar de acarga, ou seja, o número de elétrons, deveria ter aparecido algo como a carga total, ouseja, o número de elétrons multiplicado por 1,6 x 10-19 C.

Em identidade de circunstâncias, quando o planeta terrestre se encontra nadireção de explosões eletrônicas partidas do Sol, cargas imensas de elétrons perturbamo campo terrestre (...) (6º. §) [1, p. 102]

135- A primeira passagem grifada não teve qualquer razão de ser;

136- O segundo trecho grifado deveria ter sido modificado para algo comodireção de propagação de explosões partidas do Sol.

É interessante que, se André Luiz tivesse seguido Fritz Kahn, não teria incorrido

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em erro no trecho que acima transcrevemos, pois em “O Átomo” consta: Explosõessemelhantes àquelas das bombas atômicas rompem o invólucro do Sol e são por nóspercebidas como manchas solares. Devido à sua carga elétrica, os elétrons perturbamo campo magnético da Terra (...) (vide [4]).

CORRENTES DE ELETRÕES MENTAIS (8 §’s)

137- Eletrões Mentais deveria ter aparecido entre aspas neste título, pois trata-sede uma analogia muito distante com a ideia de elétrons físicos.

Dentro de certa analogia, temos também as correntes de eletrões mentais, portoda a parte, formando cargas que aderem ao campo magnético dos indivíduos, ou quevagueiam, entre eles, à maneira de campos elétricos que acabam atraídos por aquelesque, excessivamente carregados, se lhes afeiçoem à natureza. (1º. §) [1, p. 102]

138- As duas primeiras expressões grifadas deveriam ter aparecido entre aspas,por tratar-se de meras analogias;

139- Não faz qualquer sentido falar-se em “campos elétricos sendo atraídos”.

E para estampar, com mais segurança, a nossa necessidade de equilíbrio,perante a vida, recordemos que à maneira das correntes incessantes de força, quesustentam a Natureza terrestre, também o pensamento circula ininterrupto, no campomag nético de cada Espírito (...) (6º. §) [1, p. 103]

140- A primeira expressão grifada não é de uso corrente na ciência terrestre, e asegunda deveria ter aparecido entre aspas.

Correntes vivas fluem do íntimo de cada Inteligência, a se lhe projetarem no«halo energético», estruturando-lhe a aura ou fotosfera psíquica, à base de cargasmagnéticas constantes, conforme a natureza que lhes é peculiar, de certa formasemelhantes às correntes de força que partem da massa planetária, compondo aatmosfera que a envolve. (8º. §) [1, p. 103]

141- A primeira expressão grifada deveria ter aparecido entre aspas, e o segundogrifo destaca uma passagem onde André Luiz não foi claro.

CORRENTES MENTAIS CONSTRUTIVAS (3 §’s)

Quanto mais enobrecida a consciência, mais se lhe configurará a riqueza deimaginação e poder mental, surgindo portanto mais complexo o cabedal de suas cargasmagnéticas ou correntes mentais (...) (2º. §) [1, p. 104]

142- Vide primeira observação do comentário anterior.

CORRENTES MENTAIS DESTRUTIVAS (5 §’s)

Os referidos estados de tensão, devidos a «núcleos de força na psicosferapessoal», procedem, quase sempre, à feição das nuvens pacíficas repentinamente

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transformadas pelas cargas anormais de elétrons livres em máquinas indutoras,atraindo os campos elétricos com que se fazem instrumentos da tempestade. (1º. §)[1, p. 104]

143- A primeira expressão grifada (em máquinas indutoras) está fora decontexto e deveria ter sido substituída por algo como levados até elas, e a segunda,como já dissemos no comentário 139, não tem qualquer sentido.

(...) se as criaturas conscientes não se dispõem à distribuição natural daspróprias cargas magnéticas (...) (3º. §) [1, p. 105]

144- Vide primeira observação do comentário 141.

XVI- Fenômeno magnético da vida humana, XVII- Efeitos físicos, XVIII- Efeitosintelectuais, XIX- Ideoplastia, XX- Psicometria, XXI- Desdobramento

Não encontramos problemas dignos de nota nestes capítulos da obra.

XXII – Mediunidade curativa

MENTE E PSICOSSOMA (6 §’s)

Compreendendo-se o envoltório psicossomático por templo da alma,estruturado em bilhões de células a se caracterizarem por atividade incessante, énatural imaginemos cada centro de força e cada órgão por departamentos de trabalho,interdependentes entre si, não obstante o caráter autônomo atribuível a cada um. (1º. §)[1, p. 144]

145- Pode ser percebido pelo próprio contexto que em lugar da expressãogrifada deveria ter aparecido algo como envoltório fisiopsicossomático.

XXIII – Animismo

MEDIUNIDADE E ANIMISMO (4 §’s)

Alinhando apontamentos sobre a mediunidade, não será licito esquecer algumasconsiderações em torno do ani mismo ou conjunto dos fenômenos psíquicos produ zidos com a cooperação consciente ou inconsciente dos médiuns em ação. (1º. §) [1, p. 150]

146- A definição que André Luiz fornecera de “animismo” não condiz com seuemprego no contexto espírita. Tal conceito seria melhor definido por estado em que aprópria Inteligência encarnada, consciente ou inconscientemente, é a principalresponsável pelos fenômenos psíquicos produzidos.

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ANIMISMO E HIPNOSE (2 §’s)

Nas ocorrências várias da alienação mental, encontramos fenômenos assimtipificados, reclamando larga dose de paciência e carinho, porquanto as vítimas dessesprocessos de fixação não podem ser categorizadas à conta de mistificadores incons-cientes, pois representam, de fato, os agentes desencarnados a elas jungidos por teiasfluídicas de significativa expressão, tal qual acontece ao sensitivo comum, mentalmentemodificado, na hipnose de longo curso, em que demonstra a influência domagnetizador. (2º. §) [1, p. 153]

147- Em lugar do trecho grifado, é perceptível, pelo contexto, que deveria teraparecido algo como: foram, de fato, quem dizem ser, permanecendo estacionadasneste quadro mental devido a.

XXIV- Obsessão, XXV- Oração, XXVI- Jesus e mediunidade

Não encontramos problemas nestes capítulos da obra.

CONCLUSÃO

Emmanuel, guia espiritual de Francisco C. Xavier, no fim de sua apresentaçãode “Mecanismos da Mediunidade” diz o seguinte:

Em nosso campo de ação, temos livros que consolam e restauram, medicam ealimentam, tanto quanto aqueles que propõem e concluem, argumentam e esclarecem.

Nesse critério, surpreendemos aqui um livro que estuda. (...) [1, p. 16]

Infelizmente, não foi isso o que pudemos constatar. Malgrado os elucidativoscapítulos XII-XIV e XVI-XXVI da obra, “Mecanismos da Mediunidade”, notadamenteem seus capítulos I-V, VIII, X e XV, é um livro que deturpa e desinforma.

REFERÊNCIAS

[1] “Mecanismos da Mediunidade”, pelo Espírito André Luiz, psicografia de FranciscoCândido Xavier e Waldo Vieira. Rio de Janeiro: FEB, 1960.

[2] A Física no Espiritismo, trabalho apresentado por Érika de Carvalho Bastone noVIII Simpósio Brasileiro de Pensamento Espírita, ocorrido de 17 a 19.10.2003 emSantos-SP. Os simpósios brasileiros do pensamento espírita, eventos bienais, sãoorganizados pelo Instituto Cultural Kardecista de Santos (ICKS).

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[3] Sobre “A Física no Espiritismo”, artigo de nossa autoria enviado por e-mail em31.05.2010 a alguns colegas e ao ICKS. Os interessados podem contatar-nos quedisponibilizamos.

[4] “A Anti-História das Mensagens Co-Piadas”, Luciano dos Anjos. Rio de Janeiro:Leymarie, 2a. ed., 2007. Pp. 169-175.

[5] “The Scientific Papers of James Clerk Maxwell”, W. D. Niven (ed.). New York:Dover, 1965 (unabridged and unaltered republication of the work first published byCambridge University Press in 1890).

[6] “A History of the Theories of Aether and Electricity – vol. I”, Edmund T. Whittaker.Dublin: Hodges, Figgis, & Co., 1910.

[7] “Planck’s Original Papers in Quantum Physics”, Hans Kangro (ed.). London: Taylor& Francis, 1972.

[8] Concerning an Heuristic Point of View Toward the Emission and Transformation ofLight (English version), Albert Einstein. A versão original deste artigo, em alemão, foirecebida pela revista “Annalen der Physik” em março de 1905.

[9] The Field Concepts of Faraday and Maxwell, A. K. T. Assis, J. E. A. Ribeiro, andA. Vannucci, pp. 31-38 de “Trends in Physics – Festschrift in homage to Prof. JoséMaria Filardo Bassalo”, S. Paulo: Editora Livraria da Física, 2009.

[10] Máquinas Eletrostáticas - http://www.coe.ufrj.br/~acmq/eletrostatica.html,Antonio Carlos M. de Queiroz. Acesso em 05/07/10.

[11] A Máquina de Wimshurst - http://www.coe.ufrj.br/~acmq/wimport.html, AntonioCarlos M. de Queiroz. Acesso em 05/07/10.