PREVALÊNCIA DE CEFALEIA EM ADOLESCENTES E SUA … · A meu avô e padrinho, Walter Victor, que...
Transcript of PREVALÊNCIA DE CEFALEIA EM ADOLESCENTES E SUA … · A meu avô e padrinho, Walter Victor, que...
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO - FOP
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HEBIATRIA
MESTRADO EM HEBIATRIA
MICHELLE KATHERINE ANDRADE XAVIER
PREVALÊNCIA DE CEFALEIA EM ADOLESCENTES E SUA ASSOCIAÇÃO COM USO DE COMPUTADOR E JOGOS ELETRÔNICOS
Camaragibe -PE
2014
MICHELLE KATHERINE ANDRADE XAVIER
PREVALÊNCIA DE CEFALEIA EM ADOLESCENTES E SUA ASSOCIAÇÃO COM USO DE COMPUTADOR E JOGOSELETRÔNICOS
Camaragibe-PE
2014
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Hebiatria daFaculdade de Odontologia dePernambuco da Universidade dePernambuco, como requisito parcial paraobtenção do título de Mestre em Hebiatria. Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Cappato de Araújo
“Aos adolescentes”.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pelos dons que me deste, por dar a mim e a
toda minha família saúde, por me amparar nos meus momentos tristes e por me tornar
uma pessoa melhor através da fé.
Em especial aos meus pais, David Victor e Nelma Maria, pela minha vida, pelo
exemplo de dedicação e perseverança, pela compreensão, carinho e amor. Pelo
encorajamento que me deram durante toda a vida e em especial durante este momento
tão difícil e importante.
Agradeço ao meu orientador, Professor Dr. Rodrigo Cappato de Araújo, por
ser um exemplo a ser seguido na vida acadêmica,pela paciência e brilhantismo ao
ensinar.
Ao meu filho amado, Emerson Victor, que apesar de ainda estar no meu ventre,
em meus sonhos e planos já agrega a importância de completar minha vida.
À minha irmã, Marjore Emanuelle, esta eu não pude escolher, mas com certeza
não saberia escolher melhor. Amo você!
Ao meu marido, Emerson Costa,pelo apoio, companheirismo e, sobretudo, pelo
amor que me reconforta e me dá forças para superar obstáculos.
Ao meu sobrinho e afilhado, Cauã Victor, por seu jeitinho inocente e carinhoso
que alimenta meu lado infantil e maternal.
À minha amiga, Rachel Mola, pelo carinho e pelo companheirismo nesta fase da
minha vida.
A minha avó e madrinha, Rita Gomes, por todo seu amor, positivismo e torcida
pela minha felicidade e principalmente por ter me abençoado todos os dias, mesmo de
longe. Acredite, isso sempre fez com que eu me sentisse mais forte para galgar meus
objetivos.
A meu avô e padrinho, Walter Victor, que mesmo não estando mais entre nós,
não poderia deixar de ser mencionado, por todos os valores morais que deixou para
nossa família. E por ter me proporcionado momentos inesquecíveis. Saudades!
À toda minha família, em especial a tio Humberto Victor, tia Rosilene Gomes e tia Risoneide Gomes, que me acompanharam desde o início da minha formação
profissional, sempre me apoiando.
À professora Ana Carolina Pitangui, pelo exemplo de dedicação e pelo
incentivo.
Aos colegas de pós-graduação pelos momentos de estudos, trocas de
experiências e conhecimentos.
A colega, GeorgiaRodrigues, por toda ajuda dada durante a produção deste
trabalho.
Aos professores do mestrado pelas aulas ministradas, ensinamentos e
aprendizados proporcionados.
Enfim, agradeço a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para
realização desta pesquisa.
Sonhos determinam o que você quer. Ação determina o que você conquista.
Aldo Novak
RESUMO
XAVIER, M. K. A. Prevalência de cefaleia em adolescentes e sua associação com uso de computador e jogos eletrônicos. 2014. 85f. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Odontologia de Pernambuco, Universidade de Pernambuco, Recife, 2014. Introdução: Os adolescentestem utilizado regularmente o computador e os jogos eletrônicos para os mais diversos fins.Contudo, o uso excessivo desses equipamentos tem sido associado a vários problemas de saúde, dentre eles a cefaleia. Objetivo: Verificar a prevalência de cefaleia em adolescentes de escolas estaduais do Ensino Médio do Recife e sua associação com o uso excessivo de computador e jogos eletrônicos e outros fatores associados. Métodos:Foi realizado um estudo descritivo e correlacional de corte transversal em 23 escolas estaduais do Ensino Médio da cidade do Recife - PE. A amostra foi composta por 954 adolescentes de ambos os sexos, com idade entre 14 e 19 anos, que responderam a um questionário com dados sobre o uso de computadores e jogos eletrônicos, questões sobre presença de cefaleia e atividade física. Os dados foram analisados no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20. A análise descritiva incluiu apresentação dos valores de frequência absoluta e relativa para as variáveis categóricas, e médias e desvio-padrão para as variáveis numéricas. Na análise inferencial foram utilizados os testes de Qui-quadrado e teste t para amostras independentes a fim de analisar as diferenças existentes entre os sexos. Para testar a associação entre as variáveis foi utilizada a regressão logística binária e multinomial. Para todos os testes foi utilizado um nível de significância de 5%.Resultados: A prevalência de cefaleia entre os adolescentes foi de 80,6%, sendo 82,3% no sexo feminino e 79,5% no masculino.O tempo médio utilizando o computador e jogos eletrônicos foi de 1.720 e 583 minutos por semana, respectivamente. Em relação à associação entre a presença de cefaleia e as variáveis analisadas, foi possível observar que o uso excessivo dos dispositivos eletrônicos mostrou-se como fator de risco, sendo que os adolescentes que fazem uso de aparelhos eletrônicos (>4 horas/dia) tem maior probabilidade (OR = 1,52) de apresentar cefaleia. Os sujeitos com idade entre 14 e 16 anos, assim como estudantes do primeiro ano do ensino médio apresentaram menor chance de relatar a cefaleia (OR ≤ 0,68). Não foram observadas associações significativasentre a presença de cefaleia e as demais variáveis analisadas. Em relação à classificação, 17,9% dos adolescentes apresentaram cefaleia do tipo tensional, 19,3% migrânea e 43,4% outros tipos de cefaleia. O modelo de regressão multinomial revelou que os adolescentes com faixa etária entre 14 e 16 anos apresentam menor chance (OR = 0,55) de relatar a cefaleia do tipo tensional e outros tipos de cefaleia. Em relação à migrânea, o uso excessivo de equipamentos digitais, jogos eletrônicos e cursar o terceiro ano do ensino fundamental se mostraram como fatores de risco para o seu desenvolvimento (OR ≥ 1,21). Conclusão: Evidenciou-se alta prevalência de cefaleia nos adolescentes e elevado tempo de uso dos dispositivos eletrônicos. Foi possível observar associação entre o uso excessivo desses dispositivos e a presença de cefaleia, sendo esse hábito considerado fator de risco, principalmente, para o desenvolvimento da migrânea. Palavras-chave: cefaleia, adolescente, computador, jogos de vídeo.
ABSTRACT
XAVIER, M. K. A.Prevalence of headache among adolescents and their association with use of computer and video games.2014.85p. Dissertation (Master). Faculty ofDentistry ofPernambuco, University ofPernambuco, Recife, 2014. Background:Adolescents have regularly used the computer and video games for various purposes. However, excessive use of these devices has been associated with several health problems, including headache. Objective:Determine the prevalence ofheadachein adolescents frompublic schoolsof the High Schoolof Recifeand its associationwith excessive useofcomputer andvideo gamesandother associated factors.Methods: A descriptive correlational cross-sectional study was conducted in 23 state schools in the Eastern School of Recife - PE. The sample consisted of 954 adolescents of both sexes, aged between 14 and 19 years who answered a questionnaire with data on the use of computers and electronic games, questions about the presence of headache and physical activity. Data were analyzed using the Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) version 20. Descriptive analysis included presentation of the values of absolute and relative frequencies for categorical variables and mean and standard deviation for numeric variables. In inferential analysis, the Chi-square and t test for independent samples were used to analyze the differences between the sexes. To test the association between the variables to binary and multinoial logistic regression was used. For all tests a significance level of 5% was used. Results: The prevalence of headache among adolescents was 80.6%, with 82.3% female and 79.5% male. The average time using the computer and electronic games was 1,720 and 583 minutes per week, respectively. Regarding the association between the presence of headache and the variables analyzed, we observed that the overuse of electronic devices proved to be a risk factor, although adolescents who use electronic devices (> 4 hours / day) has more likely (OR = 1.52) to present headache. Subjects aged between 14 and 16 years, as well as students of the first year of high school were less likely to report headache (OR ≤ 0.68). No significant associations were observed between the presence of headache and other variables. Regarding classification, 17.9% of adolescents had tension-type headache, migraine 19.3% and 43.4% other types of headache. The multinomial regression model revealed that teenagers aged between 14 and 16 years have lower odds (OR = 0.55) to report the tension-type headache and other types of headache. Regarding migraine, excessive use of digital equipment, electronic games and attending the third year of elementary school proved to be risk factors for its development (OR ≥ 1.21). Conclusion: There was a high prevalence of headache in adolescents and high-time use of electronic devices. We observed association between excessive use of these devices and the presence of headache, and this habit isconsidered a risk factor, especially for the development of migraine. Keywords: headache, adolescent, computer,video games.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Escolas selecionadas para o estudo 33
Quadro 2 - Critérios Diagnósticos da cefaleia de acordo com a CIC 37
Quadro 3 – Categorização das variáveis utilizadas no presente estudo 39
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Valores de referência para classificação de sobrepeso e obesidade
em adolescentes
38
Tabela 2 - Características sociodemográficas, antropométricas, estado
nutricional, nível de atividade física e atividade profissional dos adolescentes de
escolas públicas estaduais do Recife, estratificadas por sexo.
43
Tabela 3 - Características relacionadas ao uso dos dispositivos eletrônicos
entre adolescentes de escolas públicas estaduais do Recife, estratificadas por
sexo.
45
Tabela 4 - Descrição, em frequências absolutas, da presença de cefaleia e sua
classificação em adolescentes do sexo feminino e masculino de escolas
públicas estaduais de Recife, PE.
46
Tabela 5 - Associação das variáveis independentes com a presença e ausência
de de cefaleia nos adolescentes de escolas públicas estaduais de Recife, PE.
47
Tabela 6- Associação das variáveis independentes com os diferentes tipos de
cefaleias nos adolescentes de escolas públicas estaduais de Recife, PE.
48
Tabela 7– Fatores associados à presença de cefaleia em adolescentes de
escolas públicas estaduais de Recife, PE.
49
Tabela 8– Fatores associados à presença dos diferentes tipos de cefaleia em
adolescentes de escolas públicas estaduais de Recife, PE.
50
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
PROUCA- Programa Um Computador por Aluno
CIC – Classificação Internacional de Cefaleias
CIC II – Classificação Internacional de Cefaleias 2° edição
OMS – Organização Mundial de Saúde
ECA - Estatuto da criança e do adolescente
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
SPSS - Statistical Package for the Social Sciences
GREs – Gerências Regionais de Educação
IPAQ - Questionário Internacional de Atividade Física
EVN - Escala Visual Numérica
EVA - Escala Visual Analógica
ISAK – International Society for the Advancement of Kinanthopometry
WHO – World Health Organization
IMC - Índice de Massa Corporal
OR - Odds Ratio
NAF – Nível de Atividade Física
SM – Salários Mínimos
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 14
2 REVISÃO TEÓRICO............................................................................................ 18
2.1 Cefaleias........................................................................................................... 18
2.1.1 Definição e classificação................................................................................ 18
2.1.2 Cefaleias primárias......................................................................................... 19
2.2 Adolescência .................................................................................................. 22
2.3 Prevalência de cefaleias primárias entre adolescentes............................... 23
2.4 Uso de dispositivos eletrônicos e sua associação com a presença de cefaleia em adolescentes......................................................................................
25
3 OBJETIVOS.......................................................................................................... 29
3.1 Objetivo Geral................................................................................................... 29
3.2 Objetivos específicos....................................................................................... 29
4 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................... 31
4.1 Delineamento do estudo.................................................................................. 31
4.2 Considerações éticas....................................................................................... 31
4.3 População do estudo...................................................................................... 31
4.4 Amostra............................................................................................................ 31
4.5 Critérios de inclusão e exclusão..................................................................... 33
4.6 Coleta de dados................................................................................................ 34
4.7 Instrumentos de medida.................................................................................. 35
4.7.1 Questionário.................................................................................................... 35
4.7.2 Avaliação antropométrica ............................................................................... 37
4.8 Variáveis analisadas........................................................................................ 38
4.9Análise de dados.............................................................................................. 40
5 RESULTADOS...................................................................................................... 42
5.1 Análise descritiva e comparação entre sexos............................................... 42
5.1.1 Dados sociodemográficos............................................................................... 42
5.1.2 Dados antropométricos, Estado Nutricional e Nível de Atividade Física......... 42
5.1.3 Características do uso de dispositivos eletrônicos.......................................... 43
5.1.4 Queixas de cefaleia......................................................................................... 46
5.2 Análise univariada de fatores associados à presença de cefaleia..................... 46
5.3 Análise univariada de fatores associados aos diferentes tipos de cefaleia........ 48
5.4 Análise de Regressão Logística Múltipla para presença de cefaleia................. 49
5.5 Análise de Regressão Multinomial para presença dos diferentes tipos de
cefaleia.....................................................................................................................
49
6 DISCUSSÃO....................................................................................................... 52
7 CONCLUSÃO..................................................................................................... 61
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 63
APÊNDICE A........................................................................................................... 73
APÊNDICE B........................................................................................................... 75
ANEXO 1.................................................................................................................. 85
INTRODUÇÃO
Introdução _____________________________________________________________________ 15
1 INTRODUÇÃO
Atividades cotidianas relacionadas ao trabalho, educação e lazer têm sido
reconfiguradas por meio da inserção de aparelhos eletrônicos. Esse processo atingiu
todas as faixas etárias, inclusive os adolescentes, que atualmente têm mostrado
ascensão no uso desses aparelhos(COSTIGAN et al., 2013; HAKALA et al., 2012).
Nesse contexto, a televisão, o celular, o videogame, e o computador estão entre as
mídias que os adolescentes mais têm acesso, com destaque para os dois últimos
(BARBOSA FILHO; DE CAMPOS; LOPES, 2014), sendo geralmente utilizados para fins
de socialização, diversão, aprendizagem, trabalho, inclusão e aceitação social (RIZZINI
et al., 2005).
No que se refere à educação, a modernização ou inovação tecnológica está
relacionada à perspectiva de um processo contínuo de progresso e melhoria. Políticas
públicas têm sido desenvolvidas para garantir a inclusão digital para todos os
estudantes, independente da classe socioeconômica.Nas escolas públicas estaduais foi
realizada a distribuição de laptops educacionais entre professores e alunos visando
ampliar a qualidade da educação e o processo de inclusão digital. Esse projeto que
aconteceu em várias partes do mundo, também aconteceu no Brasil no qualfoi intitulado
Programa Um Computador por Aluno(PROUCA), e Pernambuco foi o primeiro Estado
brasileiro a aderir a esta política (CARVALHO; ALVES, 2011).
No entanto, a inserção desses programas pode favorecer o aumento do tempo
gasto pelos adolescentes com os aparelhos eletrônicos. Alguns estudos têm
demonstrado que o uso excessivo de aparelhos eletrônicos entre os adolescentes
apresenta associação com a diminuição dos níveis de atividade física, obesidade,
queixas de cansaço, estresse, dificuldade de concentração, surgimento de dores
musculoesqueléticas e cefaleia (ALEXANDER; CURRIE, 2004; MILDE-BUSCH et al.,
2010b; TORSHEIM et al., 2010). Esses dados indicam que a inserção de tais
tecnologias no cotidiano dos adolescentes não é um processo neutro, nem está isento
de conflitos e contradições, pois mesmo alcançando o objetivo de inclusão digital, esse
processo pode trazer repercussões negativas à saúde dessa população. Diante disso,
esse quadro tem sido descrito como um potencial fator de contribuição para o
Introdução _____________________________________________________________________ 15
surgimento de diferentes problemas de saúde (HAKALA et al., 2012; TORSHEIM et al.,
2010).
A associação entre o uso excessivo de aparelhos eletrônicos e repercussões
negativas à saúde, fez com que a Academia Americana de Pediatria propusesse um
limite de duas horas para ser despendido com estes equipamentos por dia (VILLAGE,
2013). Mesmo com essa recomendação, estudos têm mostrado que crianças e
adolescentes têm passado tempo superior ao preconizado fazendo uso de aparelhos
eletrônicos (BARBOSA FILHO; DE CAMPOS; LOPES, 2014; CASIANO et al., 2012;
HAKALA et al., 2010).
No Brasil, foi verificado que a taxa de prevalência do uso do computador e vídeo
game por mais de quatro horas ao dia teve um aumento relativo entre 44,4 % e 110,1 %
depois de uma década, variando de acordo com sexo e dias da semana, demonstrando
uma mudança no comportamento dos adolescentes no que diz respeito ao tempo e aos
padrões de uso (LOPES et al., 2014).
Dentre as potenciais queixas associadas com o uso excessivo de aparelhos
eletrônicos entre adolescentes,destaca-se a cefaleia (ALEXANDER; CURRIE, 2004;
OKSANEN et al., 2005; TORSHEIM et al., 2010) que é considerada um dos problemas
de saúde mais importantes do mundo (STOVNER et al., 2007),poisestá associada ao
aumento dastaxas de depressão e ansiedade (EDWARDS, 2005). Existem várias
classificaçõespara as cefaleias, sendo que na população de adolescentes as mais
prevalentes são as cefaleias primárias do tipo migrânea e tensional (RHO et al., 2012).
Estudos recentes têm demonstrado que essa condição tem crescido
consideravelmente nos últimos anos, sendo observada, entre os adolescentes, uma
prevalência de 70 % de pelo menos um episódio de cefaleia a cada três meses. Além
disso, cerca de 40 % dessa população relata apresentar esse sintoma semanalmente
(STRAUBE et al., 2013). Em relação à prevalência dos subtipos das cefaleias primárias,
cerca de 10%dos adolescentes apresentam migrânea e 20% apresentam cefaleia do
tipo tensional (FENDRICH et al., 2007). No Brasil, um estudo de base populacional
realizado na cidade de Campinas - SP mostrou que 24,83%dos adolescentes avaliados
apresentavamqueixas de cefaleia frequente, sendoo segundo problema de saúde mais
Introdução _____________________________________________________________________ 15
relatado, perdendo apenas para os problemas alérgicos(BRAZ; BARROS FILHO;
BARROS, 2013).
Dessa maneira, considerando a alta prevalência de cefaleia em adolescentes e
os diferentes fatores de risco que predispõem a essa condição, principalmente no que
se refere ao frequente uso dos meios eletrônicos, faz-se necessário investigar os
grupos de risco para cefaleia, para que sejam formuladas estratégias que possam
garantir aos adolescentes políticas de inclusão digital que estejam ligadas a menores
agravos à saúde.
Além disso, uma revisão recente mostrou que a maioria dos estudos sobre
comportamentos de risco entre adolescentes foi realizada nas regiões Sul e Sudeste do
Brasil, apontando a necessidade do desenvolvimento de investigaçõesrelacionadas a
esse tema em outras regiões do país(BARBOSA FILHO; DE CAMPOS; LOPES,
2014).Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo verificar a prevalência
de cefaleia em adolescentes de escolas estaduais do Ensino Médio do Recife e sua
associação com o uso excessivo de computador e jogos eletrônicos e outros fatores
associados.
REFERENCIAL TEÓRICO
Referencial teórico ______________________________________________________________________________ 18
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Cefaleias
2.2.1 Definição e classificação
A cefaleia, caracterizada por uma dor na região da cabeça, é um fator importante
que tem contribuído para o aumento do absenteísmo escolar e piora daqualidade de
vida, não só na infância, mas também na adolescência (KIENBACHER et al., 2006).A
adequada classificação das doenças e dos critérios diagnósticos é de fundamental
importância para condução do processo terapêutico,principalmente no que diz respeito
a cefaleia, devido a seu impacto na saúde. Dessa maneira, considerando a alta
prevalência de cefaleia e a diversidade deformas de manifestação dos sintomas foi
criada a Classificação Internacional das Cefaleias (CIC), que atualmente está disponível
em todo o mundo (LEVIN et al., 2013).
Nessa classificação, todos os tipos de cefaleia estão divididos em grandes
grupos que por sua vez, são subdivididos em diferentes tipos, subtipos e subformas.
Dessa forma, tanto na pesquisa científica, quanto na prática clínica tem sido utilizada a
CIC, uma vez que esta possui alto grau de confiabilidade e validade (CIC, 2007).
Em 1988 foi lançada a primeira versão da CIC, em 2016 deverá ser finalizada a
terceira versão. Os estudos realizados até então tem utilizado a CIC-II, que está dividida
em três partes: cefaleias primárias,cefaleias secundárias, neuralgias cranianas, dor
facial e outras cefaleias. A versão beta da terceira edição foi publicada em 2013 e
trouxe como principal mudança em relação à classificação anterior (CIC-II) a
incorporação do diagnóstico de migrânea crônica (definida como dor característica de
migrânea, por pelo menos 15 dias ao mês, por pelo menos três meses), assim como já
acontece com a cefaleia tensional, que pode ser episódica ou crônica(LEVIN et al.,
2013).
A cefaleia é classificada em dois grandes grupos: as cefaleias primárias e
secundárias. Ressalta-se que tanto a classificação quanto os critérios diagnósticos
podem ser etiológicos (como no caso das cefaleias secundárias) ou descritivos (como
nas cefaleias primárias). Nesse último tipo, a classificação baseia-se nos sintomas,
Referencial teórico ______________________________________________________________________________ 19
entretanto, esse cenário pode ser mudado a partir do conhecimentoda sua
etiopatogenia que até então não está esclarecida(LEVIN et al., 2013).
2.2.2 Cefaleias primárias
A cefaleia primária é definida como uma dor na cabeça que não apresenta
relação temporal com qualquer outro transtorno que poderia ser considerado como
causa. Existe também, a cefaleia secundária, que é a dor na cabeça que apresenta
estreita relação temporal com outro transtorno que é causa reconhecida de cefaleia,
portanto, trata-se de cefaleia secundária a este transtorno. Dentre as cefaleias
primárias, a migrânea e cefaleia do tipo tensional são as mais frequentes (CIC, 2007).
A migrânea é um tipo de cefaleia primária que pode ser dividida em dois
subtipos: a migrânea sem aura,que é caracterizada por cefaleia com características
específicas e sintomas associados; e a migrânea com aura caracterizada por sintomas
neurológicos focais que precedem ou acompanham a cefaleia. Este tipo de cefaleia
apresenta elevada prevalência e constitui grande impacto do ponto de vista social e
econômico (CIC, 2007). Sua fisiopatologia ainda não está totalmente esclarecida, sabe-
se que há influência de fatores genéticos, hábitos alimentares, estresse físico e
psicológico, que desencadeiam uma disfunção cerebral que, por sua vez, causam
reações em cadeia resultando na migrânea. Isso implica em alterações transitórias na
atividade neuronal que migram pelas áreas corticais, em geral a partir do lobo occipital.
Também há alterações nas terminações trigeminais dos vasos meníngeos, com
liberação de vários mediadores vasoativos, que produzem vasodilatação com
extravasamento plasmático que libera várias substâncias pró-inflamatórias. Essas
substâncias são responsáveis por uma inflamação local causando ativação dos
nociceptores meníngeos e vasculares, queacarretam no surgimento da sintomatologia
dolorosa(BUZZI; MOSKOWITZ, 2005).
No que se refere ao impacto da migrânea na vida dos indivíduos, essa é
considerada como sinônimo de cargas pessoais no que concerne a baixa qualidade de
vida, por apresentar alto nível de dor incapacitante (OZGE et al., 2013).Menos de 10%
dos indivíduos que apresentam migrânea relatam estarem aptos para o trabalho ou
Referencial teórico ______________________________________________________________________________ 20
estudo durante as crises, ou seja,essa condição contribuipara a diminuição da
produtividade e aumentodo absenteísmo no trabalho e nas escolas, gerando prejuízos
para o sistema de saúde, para as empresas e no aprendizado dos estudantes (LIPTON;
BIGAL, 2007).
A migrânea sem aura era conhecida anteriormente como migrânea comum ou
hemicrania simples e é o subtipo mais comum, sendo definida como uma cefaleia
recorrente caracterizada por crises com duração de quatro até setenta e duas horas e
que geralmente apresenta localização unilateral e dor pulsátil. Em geral, apresenta
intensidade que pode variar de moderada a forte, podendo estar associada à ocorrência
de náuseas, fotofobia e fonofobia. Esse tipo de migrânea é exacerbado pela prática de
atividades físicas, como caminhar e subir escadas, fato que muitas vezes leva o
indivíduo a evitar atividades de vida diária. Ressalta-se que esse tipo apresenta crises
mais frequentes e em geral é mais incapacitante, e que frequentemente tem grande
relação com a menstruação (CIC, 2007).
A migrânea com aura é definida como um transtorno de caráter recorrente
manifestado com crises de sintomas neurológicos focais reversíveis que se
desenvolvem de forma gradual de 5 a 20 minutos e apresentam duração inferior a 60
minutos. Geralmente, é antecedida por uma cefaleia com características da migrânea
sem aura. O termo aura refere-se a um complexo de sintomas neurológicos que
acontece imediatamente antes ou no início do sintoma de dor (CIC, 2007).
A cefaleia tensional é o mais frequente tipo de cefaleia e foi inicialmente
subdividida em dois subtipos principais: episódico e crônico, sendo que esse último
geralmente acarreta em maior comprometimento na qualidade de vida e está associado
à incapacidade funcional, maior impacto social e econômico. Na atual classificação a
cefaleia tensional episódica foi subdivida em infrequente e frequente, sendo que nesse
último caso geralmente demanda o uso de medidas farmacológicas (CIC, 2007).
Assim como na migrânea, a fisiopatologia da cefaleia do tipo tensional ainda não
está bem elucidada, e os mecanismos parecem ser semelhantes. A dor localizada nos
tecidos miofasciais é capaz de ativar outras vias de condução, sensibilizando e
instabilizando centros da dor, resultando em cefaleia do tipo tensional (FUMAL;
SCHOENEN, 2008). Recentemente, tem se postulado que mecanismos miofasciais
Referencial teórico ______________________________________________________________________________ 21
pericranianos provavelmente estão mais relacionados à cefaleia do tipo tensional
episódica, enquanto que a sensibilização das vias nociceptivas centrais e inadequados
circuitos antinociceptivos endógenos parecem estar mais relacionados à cefaleia do tipo
tensional crônica (KANIECKI, 2012).
A cefaleia tensional episódica infrequente caracteriza-se por episódios
infrequentes com duração que pode variar de minutos a dias (30 minutos a sete dias) e
em geral menos de um dia por mês. Geralmente é bilateral, não pulsátil, com
intensidade fraca a moderada e não sofre influência de atividades rotineiras. Além
disso, não é acompanhada por náuseas ou vômitos(Classificação Internacional das
Cefaleias, 2007).
A cefaleia tensional episódica frequente apresenta características semelhantes
ao subtipo infrequente, diferindo em relação à primeira pela ocorrência dos episódios
das crises. Caracteriza-se, por episódios frequentes que podem durar de minutos a
dias, porém apresenta pelo menos 10 crises que ocorrem no intervalo entre um e 15
dias por mês, durante pelo menos três meses. A cefaleia do tipo tensional
frequentemente coexiste muitas vezes com a migrânea sem aura (CIC, 2007).
O diagnóstico de cefaleia do tipo tensional e migrânea se dão pela combinação
de sintomas. No entanto, essa combinação pode ser inespecífica e gerar uma
subestimação ou superestimação das prevalências destes dois tipos de cefaleia. Diante
disso, foi realizado um estudo para sugerir combinações de diagnóstico dos sintomas
de migrânea e cefaleia do tipo tensional.A combinação entre localização unilateral,
intensidade severa e agravamento pela atividade física demonstrou 100 % de
especificidade para a migrânea,enquantoque a combinação entre a localização
bilateral, sintomas com características de aperto ou pressão, intensidade leve
eausênciade agravamento pela atividade física obteve 100 % de especificidade para
cefaleia do tipo tensional(PACHEVA et al., 2013).
Em crianças e adolescentes a cefaleia é uma queixa comum e pode estar
relacionada a diferentes fatores sociais, familiares, ambientais e psicológicos, bem
como, tem sido frequente associada ao uso excessivo dos dispositivos eletrônicos
(BENER,1999). Dessa maneira tem-se a necessidade de uma adequada identificação
de fatores que predisponham ou contribuam para o agravamento dos sintomas
Referencial teórico ______________________________________________________________________________ 22
relacionados às cefaleias, de modo a proporcionar adequada intervenção, tendo em
vista que a migrânea está associada com um elevado número de comorbidades, tais
como asma, alergias, sono, doenças, problemas emocionais, comportamentais,
depressão e ansiedade (WÖBER-BINGÖL, 2013).
2.2 Adolescência Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) a adolescência é o período que
compreende de 10 aos 19 anos. O Estatuto da criança e do adolescente (ECA lei n°
8.069 de 13/07/1960) considera adolescente, oindivíduo de 12 a 18 anos de idade
(Brasil, 1990). Não existe um consenso quanto os limites da faixa etária que
compreende essa fase, no entanto, isso se torna sem importância frente às importantes
transformações físicas, biológicas, psicológicas, emocionais e sociais que acontecem
nesse período.
O início da adolescência pode ser caracterizado biologicamente pelo processo
de maturação sexual, ou seja,a puberdade, enquanto seu fim não possui limite preciso,
podendo ser delimitado por aspectos socioeconômicos, uma vez que o indivíduo deixa
de ser criança e passa a ser adulto quando consegue se manter economicamente
independente da família. Por isso a adolescência pode ser mais curta em indivíduos
mais pobres, no qual o jovem começa a trabalhar precocemente e mais longa nas áreas
em que os jovens têm mais tempo para se preparar para a inserção no mercado de
trabalho (KLEINERT, 2007).
É nessa fase que há grande necessidade pessoal de alcançar os objetivos
relacionados às expectativas culturais da sociedade. Por outro lado, todas essas
transformações e pressões tornam os adolescentes mais susceptíveis a problemas
físicos e emocionais. A vulnerabilidade dos adolescentes tem aumentado nas últimas
décadas devido a alterações do núcleo familiar, à violência, às rápidas transformações
sociais, políticas, econômicas, históricas, científicas e culturais, como o aumento da
urbanização, a alta tecnologia e a informação (CARVALHO, 2003). Nesse contexto há
um senso de urgência que é necessário agir para garantir a promoção da saúde e a
prevenção de doenças entre os adolescentes. Clareza sobre como os diferentes
Referencial teórico ______________________________________________________________________________ 23
determinantes afetam a saúde dos adolescentes é essencial para o desenvolvimento de
intervenções apropriadas e eficazes (RESNICK; BOWES, 2007).
A falta de conhecimento das mudanças e das características intrínsecas da
adolescência traz um falso conceito de que os adolescentes não ficam doentes ou que
problemas de saúde são normais para essa etapa da vida, tendo, frequentemente,
dificultado a atenção à saúde e avanços de pesquisas nessa área (BRAZ et al., 2013).
Esse fato faz um alerta para o conhecimento das reais necessidades dessa fase, para
que possam ser traçadas metas que visem uma melhor abordagem com os
adolescentes.
2.3. Prevalência de cefaleias primárias entre adolescentes
As cefaleias primáriasconstituema grande maioria dasdores de cabeçana
infância e adolescência e sua frequência aumenta com o avançar da idade(LEWIS,
2010) . Para classificar a cefaleia os estudos têm utilizado os critérios baseados na CIC
II (“The International Classification of Headache Disorders: 2nd edition.,” 2004). No
entanto, observa-se diferenças nos critérios utilizados para verificar a presença ou
ausência de cefaleia, pois alguns estudos têm considerado como presença de cefaleia
a resposta positiva de alguma das seguintes perguntas “Você apresentou cefaleia nos
últimos três meses?”, “Você apresentou cefaleia nos últimos seis meses?” ou até “Você
apresentou cefaleia no último ano?”, e talvez por isso tem-se verificado diferentes
dados de prevalência.
Em estudo realizado com adolescentes alemães, a prevalência de cefaleia foi
estimada em 69,4% dos estudantes avaliados, considerando a queixa de pelo menos
um episódio nos últimos três meses (FENDRICH et al., 2007). Outro estudo mais
recente considerou a presença de cefaleia em adolescentes que tivessem apresentado
pelo menos um episódio nos últimos seis meses, e encontrou uma prevalência de
83,1% (BLASCHEK et al., 2014). Além disso, foi verificado que apenas 18% dos
adolescentes avaliados, quanto a presença de cefaleia, apresentavam essa queixa
como única (LEHMANN et al., 2013). Em estudo realizado na Croácia foi observada
uma prevalência de cefaleia de 30,1% dos adolescentes, porém utilizou-se nesse
Referencial teórico ______________________________________________________________________________ 24
estudo um critério de confirmação que considerava apenas os sujeitos que
apresentassem episódios recorrentes e que apresentassem dor considerada
incapacitante(CVETKOVIC et al., 2013). No Brasil, adolescentes foram questionados se
apresentavam cefaleia frequente e/ou enxaqueca, e esta queixa foi encontrada em
24,83% dos avaliados (BRAZ; BARROS FILHO; BARROS, 2013).
As cefaleias são comuns em crianças e adolescentes e estão frequentemente
associadas a outras queixas físicas e emocionais (STRAUBE et al., 2013). Cefaleia
frequente, dor nas costas, insônia e tontura podem ser sintomas resultantes do contexto
social ao qual o adolescente está inserido (BRAZ; BARROS FILHO; BARROS,
2013),podendo afetaras atividades da vida diária, o meio escolar (LIMA et al., 2014) e a
qualidade de vida dos adolescentes (GENIZI et al., 2013).
Desse modo, o estilo de vida, a escola e os aspectos psicológicos têm sido
apontados como fatores de risco associados com o aparecimento de cefaleia na
adolescência. Entre os adolescentes é verificado maior agravo da cefaleia com a
prática de atividade física (47,2%) e naqueles indivíduos que apresentam histórico
familiar de migrânea (46,5%)(STRAUBE et al., 2013). Além disso, em relação à
prevalência das cefaleias primáriasconforme o sexo, também tem-se verificado
divergências entre os valores encontrados. A frequência de qualquer tipo de cefaleia é
maior em adolescentes do sexo feminino em comparação ao sexo masculino
(LEHMANN et al., 2013). Contudo, essa diferença não é encontrada nos indivíduos
antes da puberdade, podendo ainda verificarleve predominância de episódios de
cefaleia no sexo masculino (GUIDETTI; LUCCHESE; BELLINI, 2012). Após a
puberdade, tanto a prevalência quanto a gravidade e a duração da cefaleia é superior
no sexo feminino (RHO et al., 2012).
Diante do impacto negativo e da associação com diversas cormobidades que as
cefaleias primárias, principalmente a migrânea,ocasionam na vida dessa população,
faz-se necessário a realização de estudos que investiguem a prevalência de cefaleia e
os possíveis fatores associados, bem como, que avaliem o impacto dos hábitos de vida
e de comportamentos dos adolescentes. Para que possa ser planejada e realizada
futuras intervenções que (STOVNER et al., 2007).
Referencial teórico ______________________________________________________________________________ 25
2.4 Uso de dispositivos eletrônicos e sua associação com a presença de cefaleia em adolescentes
A inserção dos dispositivos eletrônicos no trabalho, lazer e educação tem
proporcionado modificações nos diversos setores da sociedade, constituindo um
processo contínuo de progresso. Esse processo de inovação tecnológica proporciona a
percepção de uma dimensão ampla quanto ao uso da tecnologia, bem como, da sua
utilização em diferentes situações cotidianas(CARVALHO; ALVES, 2011). O uso dos
dispositivos eletrônicos é bastante frequente, sobretudo entre adolescentes, sendo que
suafrequênciaaumenta proporcionalmente com a idade e está relacionada também ao
status socioeconômico. Dessa maneira, diversos fatores, tais como, a procura de
socialização e aceitação social, ou mesmo a busca de diversão e aprendizagem tem
contribuído para alta frequência do uso dos games e da internet entre os
adolescentes(CASIANO et al., 2012).
RIZZINI et. al (2005) realizaram uma pesquisa com uma população jovem de
ambos os sexos, pertencente a grupos etários de 11 a 14 anos e de 15 a 17 anos, e
verificaram que os principais equipamentos utilizados são a televisão, o videogame, o
telefone celular e o computador, e que a frequência do uso de alguns desses
equipamentos diferem em relação ao sexo. Contudo, o uso dos aparelhos eletrônicos
não é apenas prejudicial, podendo apresentar diferentes desfechos em relação à
saúde, dependendo do tipo de utilização. Nesse contexto, o uso frequente de televisão
pode estar associado com aumento da obesidade, porém, o acesso a outros meios de
comunicação pode estarassociadoa redução de comportamentos sexuais de risco e o
uso abusivo de álcool. Além disso, tem sido descrito que usuários de vídeo game estão
menos propensos a desenvolver depressão (CASIANO et al., 2012).
A televisão é um meio que possibilita tanto a comunicação quanto o acesso à
informação, sendo o equipamento mais difundido e utilizado entre os diferentes setores
sociais, grupos etários e sexos, geralmente com o objetivo de obter informação e uma
melhor compreensão da realidade. Jogos de computador foi a segunda atividade mais
comum para os meninos, enquanto para as meninas, o uso do computador foi a
segunda atividade mais prevalente (TORSHEIM et al., 2010).
Referencial teórico ______________________________________________________________________________ 26
Em outro estudo foi verificado que tanto os meninos quanto as meninas que
fizeram possuíam aparelho celular, sendo esse equipamento predominantemente mais
utilizado pelos adolescentes do sexo feminino. Além disso, foi constatado que o
computador foi apontado como o dispositivo mais utilizado nas escolas (RIZZINI, 2005).
O computador é um meio que facilita o acesso à informação, eque tem sido
utilizado nas escolas com o intuito de auxiliar no processo de educação, tanto para
melhora do desempenho dos professores como no processo de aprendizagem dos
alunos. Para que estes objetivos fossem contemplados também na rede estadual de
ensino, surgiu, no Brasil, um programa de inclusão digital no qual foram distribuídos
laptops a cada aluno, que passavam dessa maneira a ter o controle do equipamento e
da acessibilidade. O projeto ficou conhecido como Programa Um Computador por Aluno
(PROUCA)(CARVALHO; ALVES, 2011).
Nesse sentido, o crescente desenvolvimento tecnológico e socioeconômico do
país, somado à implantação do PROUCA, contribuem para que seja cada vez mais
frequente do uso dos equipamentos eletrônicos entre os jovens. Entretanto, sabe-se
que o uso excessivodestes dispositivos tem sido comumente associado a efeitos
adversos no comportamento e, sobretudo no que se refere à saúde de crianças e
adolescentes(RIZZINI, 2005). Diante dessa realidade muitos questionamentos têm
surgido, buscando uma reflexão no que diz respeito ao processo de transformação
social e para identificação das repercussões referentes ao uso frequente dos
dispositivos eletrônicos entre os adolescentes da rede pública de ensino que se utilizam
do PROUCA, principalmente quando relacionadas às influências sobre o estilo de vida,
o comportamento e saúde dos adolescentes.
A presença das cefaleias em adolescentes pode estar associada a diversos
fatores, fato que dificulta o diagnóstico e consequentemente o tratamento. É importante
considerar que diferentes aspetos psicológicos e socias vão exercer influência
importante tanto para o surgimento da cefaleia, quanto na sua progressão. O aumento
do tempo de tela leva ao aumento do comportamento sedentário e colabora para a
diminuição do nível de atividade física, que tem sido apontada como um fator de risco
para o surgimento de cefaleia em adolescentes (STRAUBE et al., 2013).
Referencial teórico ______________________________________________________________________________ 27
Diversos estudos têm sido realizados na tentativa de investigar e esclarecer
possíveis associações entre o uso de diferentes dispositivos eletrônicos e apresença de
cefaleia entre adolescentes. Em geral, observa-se que os diferentes tipos de
dispositivos eletrônicos causam diferentes repercussões a saúde (CASIANO et al.,
2012). No que concerne ao uso de telefones sem fio e celulares, verificou-se que o
número e duração das chamadas realizadas apresentam associação significativa com a
presença de cefaleia, sendo considerado fator de risco para o desenvolvimento dessa
queixa(REDMAYNE; SMITH; ABRAMSON, 2013;SÖDERQVIST; CARLBERG;
HARDELL, 2008).
O uso excessivo de computadores tem sido descrito como determinante para
presença de altas prevalências de migrânea e cefaleia tipo tensional em adolescentes
(ALEXANDER et al, 2004), sendo que achados prévios demonstraram que a migrânea
se apresentou associada ao uso excessivo de computadores em 45,9% dos casos
avaliados (BENER et al., 2000). Por outro lado, outro estudo encontrou
associaçõesinconsistentes entre o usodos dispositivos eletrônicoseos diferentes tipos
de cefaleia (MILDE-BUSCH et al., 2010b).Diante dos resultados apresentados pode-se
perceber que o uso dos diversos equipamentos eletrônicos, sobretudo de maneira
excessiva, pode acarretarem repercussões prejudiciais tanto a saúde, quanto em
aspectos relacionados à vida pessoal e social das crianças e adolescentes.
________________________________________________________________________________________ Objetivos
OBJETIVOS
Objetivos _____________________________________________________________________________________ 29
3 OBJETIVOS
3.1Objetivo Geral
Verificar a presença de cefaleia em adolescentes de escolas estaduais do Ensino
Médio regular do Recife e sua associação com o uso de computador e jogos eletrônicos
e outros fatores associados.
3.2 Objetivos específicos
Identificar os tipos de cefaleia mais frequentes nos estudantes de escolas
estaduais do Ensino Médio regular do Recife;
Verificar o tempo despendido pelos adolescentes utilizando o computador e
jogos eletrônicos;
Avaliar se existe associação entre o nível de atividade física e a presença de
cefaleia e suas diferentes classificações;
Analisar se existe associação entre sobrepeso, obesidade e a presença de
cefaleia e suas diferentes classificações;
Verificar se existe associação entre gênero, idade e a presença de cefaleia e
suas diferentes classificações.
Materiais e Métodos _____________________________________________________________________________ 30
MATERIAIS E MÉTODOS
Materiais e Métodos _____________________________________________________________________________ 31
4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1. Delineamento do estudo
Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo, correlacional de corte
transversal e de base escolar.
4.2 Considerações éticas
O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade de Pernambuco sob o protocolo CAAE 13598313.5.0000.5207, de acordo
com as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (Anexo I). Todos
os voluntários que aceitaram participar do presente estudo assinaram (maiores de 18
anos) ou trouxeram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido – TCLE assinado
pelos pais ou responsáveis (Apêndice A).
4.3 População do estudo
A população alvo desse estudo foi formada por adolescentes, com idade entre 14
e 19 anos, matriculados em escolas do ensino médio da rede pública estadual,
circunscritas às Gerências Regionais de Educação (GREs), Recife Norte e Recife Sul
da cidade do Recife. Conforme dados fornecidos pela Secretaria de Educação do
Estado de Pernambuco, em 2012, a estimativa de adolescentes matriculados era de
55.058 sujeitos distribuídos em 108 escolas estaduais.
4.4 Amostra
Para quantificação do tamanho da amostra no programa WinPepi (ABRAMSON,
2004) foram utilizados os seguintes critérios: população estimada em 55.058 alunos;
intervalo de confiança de 95%; erro amostral de cinco pontos percentuais; prevalência
estimada em 50%; perda amostral de 20% e efeito de delineamento amostral
estabelecido em duas vezes o tamanho mínimo da amostra.
Materiais e Métodos _____________________________________________________________________________ 32
O procedimento de seleção da amostra obedeceu a uma sequência de etapas,
na tentativa de se obter uma amostragem representativa de escolares quanto à
distribuição conforme região geográfica e porte de escolas.
Na primeira etapa foi observado o número total de escolas que apresentavam
turmas de ensino médio. Posteriormente, essas escolas foram divididas em cada uma
das Gerências Regionais de Educação, sendo a cidade do Recife dividida em Recife
Norte e Sul. Com o objetivo de auxiliar o planejamento amostral, as escolas foram
organizadas em três categorias: pequeno porte (até 200 alunos), médio porte (201 a
499 alunos) e grande porte (superior a 500 alunos)(CARVALHO et al., 2011; TENÓRIO
et al., 2010).
Na segunda etapa foi realizado o procedimento de amostragem por
conglomerados em dois estágios, considerando a escola e a turma como unidades
amostrais no primeiro e segundo estágio, respectivamente. No primeiro estágio foi
aplicado o critério de estratificação considerando a proporcionalidade de escolas por
porte. No segundo estágio, foi aplicado o critério de estratificação considerando a
proporcionalidade das turmas (CARVALHO et al., 2011).
Após todas as etapas, chegou-se ao número mínimo de 23 escolas e 96 turmas,
o que representa 20% das escolas estaduais da cidade do Recife e um total de 954
adolescentes, conforme descrito no quadro 1.
Materiais e Métodos _____________________________________________________________________________ 33
Quadro 1. Escolas selecionadas para o estudo
REGIÂO PORTE ESCOLAS
RECIFE SUL
Pequeno Porte
Escola do Recife- FCAP UPE
Médio Porte
Escola de Referencia Joaquim Nabuco Escola de Referencia Apolônio Sales Escola Laudelino Rocha Escola José Mariano Escola Martins Junior Escola de Referencia Aníbal Falcão
Grande Porte
Escola de Referencia Senador Paulo P. Guerra Escola Alberto Torres Escola Vidal de Negreiros Escola Assis Chateaubriand Escola Mariano Teixeira
RECIFE NORTE
Pequeno Porte
Escola Nossa Senhora de Fátima Escola São Miguel
Médio Porte
Escola de Referencia Silva Jardim Escola Maria Amália Escola Rotary de Nova Descoberta Escola Almirante Tamandaré Escola Jarbas Pernambucano
Grande Porte
Escola Prof. Mardonio de A. Lima Coelho Escola de Referencia Sizenando Silveira Escola Sylvio Rabelo Escola Padre Machado
4.5 Critérios de Inclusão e Exclusão
Os critérios de inclusão adotados foram: ser estudante das escolas selecionadas,
ter idade entre 14 e 19 anos e entregar Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
devidamente datado e assinado. Os critérios de exclusão recaíram no preenchimento
inadequado do questionário, nos adolescentes com idades menores que 14 anos e
Materiais e Métodos _____________________________________________________________________________ 34
maiores que 19 anos, na ausência no dia da aplicação do instrumento ou na recusa em
fazer as medidas antropométricas. Além disso, gestantes e estudantes que possuíam
dores ou lesões musculoesqueléticas por doenças infecciosas, onco-hematológicas,
genéticas e traumáticas recentes foram excluídos do estudo.
4.6 Coleta de dados
O período de coleta dos dados ocorreu durante os meses de Abril à Agosto de
2013 e com o objetivo de padronização dos procedimentos foi realizado por uma única
pesquisadora. Inicialmente, após a autorização da Secretaria de Educação do Estado
de Pernambuco e a aprovação do projeto no Comitê de Ética e Pesquisa da
Universidade de Pernambuco, foi realizado contato com direção e coordenação das
escolas para autorização e programação da coleta dos dados.
No primeiro contato, a pesquisadora apresentava-se aos alunos e esclarecia os
objetivos e a importância da realização da pesquisa. Além disso, era entregue aos
mesmos o TCLE, que explicava detalhadamente sobre a pesquisa e deveria ser
entregue aos pais ou responsável, para que os mesmos assinassem autorizando a
participação dos adolescentes na pesquisa.
Após 48 horas, a pesquisadora retornava à escola para recolher os TCLE’s,
aplicar o questionário e realizar as medidas antropométricas. Momento antes da
aplicação do questionário era realizado breve explicação do questionário aos
estudantes, desde o seu preenchimento adequado até o significado de alguns termos,
visando à compreensão e utilização adequada do instrumento.
O instrumento foi aplicado no horário da aula determinado pela coordenação da
escola, sendo disponibilizados 50 minutos para seu preenchimento. A pesquisadora
responsável pela aplicação do questionário esteve sempre presente no momento da
aplicação em todas as escolas e turmas para esclarecer as possíveis dúvidas dos
alunos. Em seguida foi realizada a avaliação antropométrica dos adolescentes, de
forma individual utilizando o estadiômetro e balança.
Materiais e Métodos _____________________________________________________________________________ 35
4.7 Instrumentos de medida
4.7.1 Questionário
Os dados desse estudo foram coletados por meio de um questionário construído
e adaptado, com o objetivo de avaliar variáveis sociodemográficas (idade; sexo; série
cursada na escola; presença de atividade remunerada; renda familiar em salários
mínimos); dados sobre o uso de computador e jogos eletrônicos; presença de dor
musculoesquelética; nível de atividade física (Apêndice B).
Dados sobre uso do computador, jogos eletrônicos
No presente estudo foram utilizadas as questões referentes ao uso de
computador e jogos eletrônicos, do questionário: Síndromes e lesões
musculoesquelética em crianças e adolescentes e sua relação com computador e vídeo
games (JANNINI, 2011). Esse instrumento inclui também aspectos sobre sintomas
dolorosos do sistema musculoesquelético presentes nos últimos três meses (que não
foram analisadas nesse estudo) e questões relacionadas ao uso do computador e jogos
eletrônicos. No entanto, foram realizadas adaptações em algumas questões para
facilitar a compreensão e abrangência do estudo, como a utilização de Notebook e
Tablet, no lugar de Laptop e jogos eletrônicos no lugar de videogames (Apêndice B).
Com relação à utilização do computador foram avaliados os seguintes aspectos:
uso de computadores (tipos), disponibilidade domiciliar, aparelho próprio, utilização de
teclado, mouse ou outro, idade de início do uso em anos, frequência de uso em dias de
semana, tempo de uso (durante a semana de segunda a sexta-feira, no sábado e no
domingo), tempo de uso no dia anterior a pesquisa, local de sua utilização e atividades
realizadas neste aparelho. Além disso, foi avaliado a utilização dos computadores do
colégio e o tempo de uso na sala de aula.
Já com relação aos jogos eletrônicos foram avaliados os seguintes aspectos: uso
dos jogos eletrônicos, disponibilidade domiciliar, aparelho próprio, frequência de uso e
tempo de uso (durante a semana de segunda a sexta-feira, no sábado e domingo),
Materiais e Métodos _____________________________________________________________________________ 36
utilização dos jogos no dia anterior a pesquisa, tempo de uso e local de utilização.
Todos os dados baseiam-se no relato dos adolescentes.
Avaliação do nível de atividade física
O nível de atividade física foi avaliado a partir das respostas à versão curta do
Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) (MATSUDO et al., 2001), por
meio de quatro questões com duas perguntas cada. De forma a avaliar os seguintes
aspectos: frequência de caminhada na última semana por pelo menos 10 minutos,
tempo médio gasto por dia realizando a caminhada, frequência de atividade moderada
na última semana por pelo menos 10 minutos, tempo médio gasto realizando atividade
moderada, frequência de atividade vigorosa por pelo menos 10 minutos na última
semana, tempo médio gasto por dia realizando atividade vigorosa, tempo gasto sentado
por um dia de semana e tempo gasto sentado em um dia de final de semana.
De acordo com os resultados, os adolescentes foram classificados em: ativo
(caso tenha realizado atividade física: 1. vigorosa ≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por
sessão; 2. moderada ou caminhada ≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão ou 3.
qualquer atividade somada ≥ 5 dias/sem e ≥ 150 minutos/semana (caminhada +
moderada + vigorosa); irregularmente ativo, aquele que não atingir nenhum dos critérios
da recomendação quanto à frequência nem quanto à duração; e sedentário quando não
realizar nenhuma atividade física por pelo menos 10 minutos contínuos durante a
semana (IPAQ, 2002).
Dados sobre cefaleia
Para o diagnóstico da cefaleia foi utilizado o questionário elaborado por Lima et
al (2014). Esse instrumento avalia a presença de cefaleia e classifica a dor segundo os
critérios determinados pela CIC (Apêndice B). As questões avaliaram: intensidade da
dor mensurada pela Escala Visual Numérica (EVN) e categorizada como leve,
moderada e grave; duração da dor; interferência nas AVD sendo considerada pelos
descritores sim e não e classificada em pouco, significante e incapacitante;
característica da dor, qualificada como latejante ou não; localização da dor sendo
Materiais e Métodos _____________________________________________________________________________ 37
caracterizada em unilateral ou bilateral; e sintomas associados a cefaleia, tais como
fotofobia, fonofobia, náuseas e vômitos. As cefaleias foram categorizadas em Migrânea,
cefaleia tensional e outras tipos de cefaleias (Quadro 2).
Quadro 2 – Critérios Diagnósticos da cefaleia de acordo com a CIC
Critérios Diagnósticos
Migrânea Sem Aura Cefaleia Tensional
Critério A Pelo menos 5 crises, preenchendo critérios de B à D
Pelo menos 10 crises, preenchendo critérios de B à D
Critério B Duração de 4 a 72 horas Duração de 30 min a 7 dias Critério C Ao menos 2:
Localização unilateral Caráter pulsátil Intensidade moderada a
forte Exacerbada por ativ. Física
ou evita a prática
Ao menos 2: Localização bilateral Caráter de
pressão/aperto (não pulsátil)
Intensidade fraca a moderada
Não é agravada por ativ. física
Critério D Durante a cefaleia, pelo menos um: 1. Náusea e/ou vômito 2. Fotofobia e fonofobia
Ambos os seguintes: 1. Ausência de náusea ou
vômito 2. Fotofobia ou fonofobia
*CIC – Classificação Internacional de Cefaleia
4.7.2 Avaliação antropométrica
Para a coleta da massa corporal e da estatura, foi utilizada balança eletrônica
portátil com capacidade de 150 Kg, modelo G-THEC – Glass 6 (Camry Electronic,
China) e estadiômetro portátil, modelo Econômico Wood-WCS(Cardiomed Comercio de
Equipamentos Medicos LTDA, Brasil) respectivamente, de acordo com a padronização
da International Society for the Advancement of Kinanthropometry - ISAK (MARFELL-
JONES et al., 2006).
Os dados foram utilizados como subsídio para o cálculo do índice de massa
corporal (IMC), por meio da divisão da massa corporal pela estatura elevada ao
quadrado (kg/m²) (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1995). Para a classificação do
Materiais e Métodos _____________________________________________________________________________ 38
sobrepeso foram utilizados os critérios sugeridos por Cole et al. (2000). Na tabela 1,
estão apresentados os valores de referência para classificação dos casos de sobrepeso
e obesidade a partir do valor do IMC.
Tabela 1.Valores de referência para classificação de sobrepeso e obesidade em
adolescentes.
Idade (anos)
Sobrepeso Obesidade
Meninos Meninas Meninos Meninas
14 22,6 23,3 27,6 28,6
14.5 23,0 23,7 28,0 28,9
15 23,3 23,9 28,3 29,1
15.5 23,6 24,2 28,6 29,3
16 23,9 24,4 28,9 29,4
16.5 24,2 24,5 29,1 29,6
17 24,5 24,7 29,4 29,7
17.5 24,7 24,8 29,7 29,8
18 25 25 30 30
19 25 25 30 30
Adaptado de Cole et al. (2000).
4.8 Variáveis Analisadas
Para realização desse estudo foram consideradas nove variáveis independentes
(sexo, idade, nível socioeconômico, atividade profissional, nível de atividade física,
estado nutricional, tempo de uso de computadores, tempo de uso de jogos eletrônicos e
tempo total de tela) e uma variável dependente (presença de cefaleia). No entanto, para
diferenciação dos diferentes tipos de cefaleia foram consideradas mais três variáveis
dependentes:Cefaleia do tipo tensional, migrânea e outros tipos. Todas as variáveis
foram categorizadas conforme o quadro 3.
Materiais e Métodos _____________________________________________________________________________ 39
Quadro 3. Categorização das variáveis utilizadas no presente estudo
Fatores Variáveis Categorias de análise Demográficos
Sexo
Masculino Feminino
Idade
14 – 15 anos 16 – 17 anos 18 – 19 anos
Socioeconômicos
Nível socioeconômico
Até 2 Salários mínimos Acima de 2 Salários mínimos
Trabalho Possui atividade laboral Não possui atividade laboral
Atividade Física Nível de Atividade Física
Ativo: Ser fisicamente ativo por um total de pelo menos 60 minutos em 5 (cinco) ou mais dias na semana Insuficientemente ativo: Ser fisicamente ativo por um total de pelo menos 60 minutos em menos de 5 (cinco) dias na semana
Estado Nutricional Índice de Massa Corporal
Eutrófico Sobrepeso e Obesidade
Uso dos dispositivos eletrônicos
Tempo de uso de computadores
Alto – Acima de 3 horas diárias Baixo – Abaixo de 3 horas diárias
Tempo de uso de jogos eletrônicos
Alto – Acima de 1 hora diária Baixo – Abaixo de 1 hora diária
Tempo total de uso
Alto – Acima de 4 horas diárias Baixo – Abaixo de 4 horas diárias
Dor Presença de cefaleia
Sim Não
Tipo de cefaleia
Tipo tensional - Episódiosfrequentes decefaleia com duração entre 30min a 7 dias.A dor étipicamentebilateral, não pulsátil, podendo ser em pressão edeintensidade leve a moderada, e não pioracomatividade física rotineira. Não hánáuseas nemfotofobia oufonofobia. Migrânea – Cefaleia recorrente manifestando-se emataquesque duram4-72horas.As características típicassão a localizaçãounilateral, qualidadepulsátil, de intensidade moderadaou grave, agravamentopela atividade físicarotineira eassociação comnáusea e/oufotofobiaefonofobia. Outros – as cefaleias que não se enquadrarem em tipo tensional e migrânea.
Materiais e Métodos _____________________________________________________________________________ 40
4.9 Análise de Dados
O procedimento de tabulação dos dados foi efetuado no programa Microsoft
Excel, utilizando procedimento de dupla entrada dos dados. A análise de dados foi
realizada no pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences(SPSS)
(versão 20). A análise descritiva incluiu para as variáveis categóricas a distribuição de
frequência (relativa e absoluta) e intervalos de confiança (IC95%) para proporções.
Para as variáveis numéricas foram calculados valores de média e desvio-padrão.
Na análise inferencial, foram utilizados os testes de Qui-quadrado de Pearson e
teste t para amostras independentes a fim de analisar as diferenças existentes entre as
variáveis analisadas nos sujeitos do sexo masculino e feminino.
Foram construídos modelos de regressão logística univariada para testar a
associação isolada entre as variáveis dependentes e cada variável independente, além
de analisar as variáveis que entraram no modelo, explorar os possíveis fatores de
confusão e identificar a necessidade de ajustamento estatístico das análises. Recorreu-
se à regressão logística múltipla, através da estimativa da razão de chances (odds ratio
= OR) e intervalos de confiança de 95%, para expressar o grau de associação entre as
variáveis independentes e a presença de cefaleia, recorrendo-se ao ajustamento para
potenciais fatores de confusão. Além disso, utilizou-se um modelo de regressão múltipla
multinomial para verificar a associação das variáveis independentes e os diferentes
tipos de cefaleia.
Em ambos os modelos, após a obtenção das variáveis preditivas, testou-se a
ocorrência de interação. Para o modelo final múltiplo foram selecionadas as variáveis
cuja significância do p foi menor que 0,20 na regressão univariada. Por fim, foi aplicado
o teste de Hosmer-Lemeshow para descrever o poder explicativo do modelo final. Em
todos os testes aplicados foi considerada significância estatística como valor de p <
0,05.
RESULTADOS
Resultados ____________________________________________________________________________________ 42
5 RESULTADOS
5.1 Análise Descritiva e Comparação entre Sexos
5.1.1 Dados Sociodemográficos
Inicialmente, foram incluídos no presente estudo 1020 adolescentes. No entanto,
66 sujeitos foram excluídos por apresentarem questionários contendo erros de
preenchimento ou incompletos. Sendo assim, a amostra final dessa pesquisa foi
definida em 954 adolescentes com idade média geral de 16,5 ± 1,3 anos.
Em relação à distribuição por sexo, 586 (61,4 %) [IC95% 58,5 % - 64,7 %] eram do
sexo feminino e 368 (38,4 %) [IC95% 35,4 % - 41,6 %] eram do sexo masculino (razão
F:M = 1,59). Quanto à escolaridade, 324 (34,0 %) [IC95% 30,7 % - 36,8 %] sujeitos
estudavam no primeiro ano, 269 (28,2 %) [IC95% 25,6 % - 31,4 %] no segundo ano e 361
(37,8 %) [IC95% 34,8 % - 41,0 %] no terceiro ano do ensino médio. Dos participantes,
170 (17,8 %) [IC95% 15,4% - 20,4 %] relataram desempenhar atividades profissionais
remuneradas e/ou possuir vínculo empregatício.
Com relação à renda familiar, 222 (23,3 %) [IC95% 20,8% - 26,3 %] sujeitos
relataram viver com um SM (Salário Mínimo), 475 (49,8 %) [IC95% 46,5% - 53,0 %] entre
um e dois SM, 149 (15,6 %) [IC95% 13,3 % - 17,9 %] entre dois e cinco SM, 25 (2,6 %)
[IC95% 1,7 % - 3,8 %] entre cinco e 10 SM, 11 (1,2 %) [IC95% 0,5 % - 1,9 %] com renda
superior à 10 SM e 72 (7,5 %) [IC95% 5,9 % - 9,3 %] não souberam responder.
5.1.2 Dados Antropométricos, Estado Nutricional e Nível de Atividade Física
Os adolescentes avaliados apresentaram massa corporal média de 59,45 ±
12,64 Kg, estatura média de 1,64 ± 0,08 m e índice de massa corporal (IMC) médio de
21,74 ± 4,09 Kg/m2. No entanto, para caracterização do estado nutricional foram
utilizados os valores de referência determinados por (COLE et al., 2000), com base na
idade e sexo. Desse modo, foi possível observar que 200 (21,0 %) [IC95% 18,5 % - 23,7
%] adolescentes apresentavam sobrepeso ou obesidade e 754 (79,0 %) [IC95% 76,3 % -
81,5 %] eram eutróficos.
Resultados ____________________________________________________________________________________ 43
Em relação ao nível de atividade física (NAF), a amostra estudada foi composta
por 231 (24,2 %) [IC95% 21,6 % - 27,1 %] sujeitos inativos ou insuficientemente ativos e
723 (75,8 %) [IC95% 72,9 % - 78,4 %] ativos ou muito ativos.
Na tabela 2 são apresentados os dados referentes à comparação das variáveis
entre sexos, na qual é possível observar que os adolescentes do sexo masculino
apresentaram maiores valores nas variáveis idade, massa corporal e estatura (p ≤
0,014). Além disso, foi possível observar que a maior parte dos sujeitos do sexo
feminino relataram possuir menor renda familiar (p = 0,001). Nas demais variáveis
analisadas não foram observadas diferenças significativas (p ≥ 0,514).
Tabela 2. Características sociodemográficas, antropométricas, estado nutricional, nível
de atividade física e atividade profissional dos adolescentes de escolas públicas
estaduais do Recife, estratificadas por sexo. Variáveis Masculino Feminino Valor de p
Idade 16,61 ± 1,35 16,40 ± 1,23 0,014* Massa Corporal 64,68 ± 13,60 56,15 ± 10,79 0,001* Estatura 1,71 ± 0,07 1,60 ± 0,06 0,001* Renda Familiar
1 a 2 Salários Mínimos Acima de 2 Salários Mínimos
236 94
461 91
0,001*
Estado Nutricional Eutrófico Sobrepeso e Obesidade
295 73
459 127
0,514 Nível de Atividade Física
Ativo Inativo
282 86
441 145
0,642 Atividade Profissional
Sim Não
64
304
106 480
0,795
* Diferença estatística significativa (p < 0,05)
5.1.3 Características do uso de dispositivos eletrônicos
Em relação ao uso de dispositivos eletrônicos, 846 (88,7 %) [IC95% 86,6 % - 90,6
%] adolescentes afirmaram utilizar o computador, 712 (74,6 %) [IC95% 71,5 % - 77,1 %]
referiram possuir esse equipamento em casa e 562 (58,7 %) [IC95% 55,4 % - 61,7 %]
Resultados ____________________________________________________________________________________ 44
relataram possuir computador próprio. Além disso, 710 (74,4 %) [IC95% 71,3 % - 76,9 %]
adolescentes confirmaram possuir e utilizar notebook e/ou tablet. Quanto ao uso dos
dispositivos, 411 (43,1 %) [IC95% 40,1 % - 46,5 %] sujeitos relataram utilizar mais o
computador, 413 (43,3 %) [IC95% 39,9 % - 46,3 %] utilizam com maior frequência o
notebook/tablet e 103 (10,8 %) [IC95% 8,8 % - 12,9 %] informaram que utilizam os
dispositivos de maneira similar.
A idade de início do uso de computadores foi, em média, 11,3 ± 2,6anos. Em
média, os adolescentes relataram utilizar esses dispositivos em 5,53 ± 2,09 dias por
semana, totalizando cerca de 1.728,14 ± 1.511,23 minutos de tempo de uso semanal.
Referente ao uso de jogos eletrônicos, 605 (63,4 %) [IC95% 60,0 % - 66,2 %]
adolescentes afirmaram utilizar jogos eletrônicos e 513 (53,8 %) [IC95% 50,4 % - 56,8 %]
relataram possuir algum tipo de jogo eletrônico. Em média, a frequência de uso foi de
2,37 ± 2,50 dias por semana, com um tempo total de 584,54 ± 931,35 minutos.
Na tabela 3 estão apresentadas as comparações entre sexos, das variáveis
relacionadas ao uso dos dispositivos eletrônicos. Foi possível observar diferença
significativa em relação ao tipo de equipamento utilizado, sendo verificado que as
meninas utilizam mais o notebook e tablet, enquanto os meninos relataram preferência
pelo uso do computador. Nas demais variáveis relacionadas ao uso de computadores,
notebooks e tablets não foram observados diferenças estatisticamente significativas.
No entanto, para as variáveis relacionadas ao uso de jogos eletrônicos foi
possível observar um predomínio do uso desse equipamento nos sujeitos do sexo
masculino, o que acarretou também em um maior tempo total de uso desses indivíduos.
Resultados ____________________________________________________________________________________ 45
Tabela 3. Características relacionadas ao uso dos dispositivos eletrônicos entre
adolescentes de escolas públicas estaduais do Recife, estratificadas por sexo. Variáveis Masculino Feminino Valor de p
Uso de Computador Sim Não
331 37
515 71
0,347
Possui Computador em Casa Sim Não
281 87
431 155
0,359
Possui Computador Próprio Sim Não
222 145
340 245
0,499
Possui Notebook/Tablet Sim Não
263 103
447 133
0,076
Uso dos Dispositivos Eletrônicos Computador Notebook/Tablet Similar
174 136 50
237 277 53
0,002*
Idade de início do uso (anos) 11,29±2,85 11,29±2,45 0,985 Frequência de uso (dias/semana)
5,52±2,13 5,53±2,07 0,931
Tempo semanal de uso (minutos)
1.705,30±1.358,85 1.742,73±1.600,49 0,712
Uso de jogos eletrônicos Sim Não
296 72
309 274
0,001*
Possui Jogos Eletrônicos Sim Não
232 136
281 304
0,001*
Frequência de uso (dias/semana)
3,24±2,55 1,82±2,30 0,001*
Tempo semanal de uso (minutos)
950,72±1.145,17 354,58±673,06 0,001*
Tempo total semanal de uso (minutos)
2653,21±2125,98 2086,67±1955,69 0,001*
* Diferença estatística significativa (p < 0,05)
Resultados ____________________________________________________________________________________ 46
5.1.4 Queixas de Cefaleia
A presença de cefaleia foi relatada por 769 (80,6 %) [IC95% 77,9 % - 83,1 %]
adolescentes, sendo essa queixa bastante prevalente na amostra avaliada. Em relação
à classificação do tipo de cefaleia, 171 (17,9 %) [IC95% 15,5 % - 20,5 %] adolescentes
apresentaram cefaleia do tipo tensional, 184 (19,3 %) [IC95% 16,8 % - 21,9 %]
apresentaram migrânea e 414 (43,4 %) [IC95% 40,2 % - 46,6 %] adolescentes
apresentaram outros tipos de cefaleia. Por outro lado, apenas 185 (19,4 %) [IC95% 16,9
% - 22,1 %] adolescentes relataram nunca ter apresentado sintomas de dor de cabeça.
Na comparação entre os sexos foi não foram evidenciadas diferenças significativas em
relação a prevalência de cefaleia e seus diferentes tipos (Tabela 4).
Tabela 4. Descrição, em frequências absolutas, da presença cefaleia e sua
classificação em adolescentes do sexo feminino e masculino de escolas públicas
estaduais de Recife, PE. Variáveis Masculino Feminino Valor de
p Cefaleia Sim Não
303 65
466 120
0,284
Classificação da cefaleia Tensional Migrânea Outros tipos Sem cefaleia
65 73
165 65
106 111 249 120
0,723
5.2 Análise univariada de fatores associados à presença de cefaleia
Os resultados da análise de regressão univariada demonstraram que somente as
variáveis idade, uso de jogos eletrônicos e tempo total de uso dos dispositivos
eletrônicos apresentaram associação com a presença de cefaleia, sendo que os
adolescentes com idade entre 14 e 16 anos apresentaram menor chance para
apresentar tal queixa. Por outro lado, o uso excessivo dos jogos eletrônicos e o elevado
Resultados ____________________________________________________________________________________ 47
tempo de uso dos dispositivos eletrônicos se mostraram como fatores de risco para o
relato da cefaleia (Tabela 5).
Tabela 5. Associação das variáveis independentes com a presença e ausência de
cefaleia nos adolescentes de escolas públicas estaduais de Recife, PE. Variáveis Independentes Presença
de cefaleia Ausência
de cefaleia OR [IC 95%] p
Sexo Feminino Masculino
466 303
120 65
0,83
1
0,60 – 1,16
0,285
Idade 14 a 16 anos 17 a 19 anos
361 403
109 81
0,67
1
0,48 – 0,92
0,016*†
Série 1º. Ano 2º. Ano 3º. Ano
261 226 282
63 43 79
1
0,862 1,27
0,59 – 1,25 0,83 – 1,99
0,175†
Nível socioeconômico Até dois SM Acima de dois SM
555 156
142 29
0,73
1
0,47 – 1,13
0,174†
Atividade Profissional Trabalha Não trabalha
134 635
36 149
0,87
1
0,58 – 1,32
0,522
Estado Nutricional Sobrepeso e Obesidade Eutrófico
161 608
39 146
0,99
1
0,67 – 1,47
0,965
Nível de Atividade Física Inativo Ativo
185 584
46 139
0,96
1
0,66 – 1,39
0,848
Uso do Computador Tempo alto (>3 horas/dia) Tempo baixo (< 3 horas/dia)
385 384
81 104
1,29
1
0,93 – 1,78
0,125†
Uso de Jogos Eletrônicos Tempo alto (>1 hora/dia) Tempo baixo (<1 hora/dia)
398 371
79 106
1,44
1
1,04 – 1,99
0,033*†
Tempo Total de Uso Tempo alto (>4 horas/dia) Tempo baixo (< 4 horas/dia)
401 368
76 109
1,56
1
1,13 – 2,16
0,009*†
*diferença estatística significativa (p < 0,05); †variável inserida no modelo de regressão múltipla (p < 0,20)
Resultados ____________________________________________________________________________________ 48
5.3. Análise univariada de fatores associados aos diferentes tipos de cefaleia
Os resultados da análise de regressão univariada demonstraram que a variáveis
série, estado nutricional, uso de computador, uso de jogos eletrônicos e tempo total de
uso dos dispositivos eletrônicos apresentaram associação com os diferentes tipos de
cefaleia (Tabela 6).
Tabela 6. Associação das variáveis independentes com os diferentes tipos de cefaleia
nos adolescentes de escolas públicas estaduais de Recife, PE. Variáveis Independentes Tensional Migrânea Outros p
Sexo Feminino Masculino
106 65
111 73
249 165
0,723
Idade 14 a 16 anos 17 a 19 anos
80 91
89 95
202 212
0,263
Série 1º. Ano 2º. Ano 3º. Ano
53 46 72
79 44 61
129 136 149
0,018*†
Nível socioeconômico Até dois SM Acima de dois SM
118 39
134 37
303 80
0,373
Atividade Profissional Trabalha Não trabalha
26 145
35 149
73 342
0,722
Estado Nutricional Sobrepeso e Obesidade Eutrófico
24 147
32 152
105 309
0,011*†
Nível de Atividade Física Inativo Ativo
39 132
45 139
101 313
0,971
Uso do Computador Tempo alto (>3 horas/dia) Tempo baixo (< 3 horas/dia)
89 82
103 81
193 221
0,047*†
Uso de Jogos Eletrônicos Tempo alto (>1 hora/dia) Tempo baixo (<1 hora/dia)
79 92
105 79
214 200
0,028*†
Tempo Total de Uso Tempo alto (>4 horas/dia) Tempo baixo (< 4 horas/dia)
90 81
109 75
202 212
0,005*†
*diferença estatística significativa; †variável inserida no modelo de regressão multivariado
Resultados ____________________________________________________________________________________ 49
5.4. Análise de Regressão Logística Múltipla para presença de cefaleia
A análise de regressão múltipla demonstrou que as variáveis idade, série e
tempo total de uso dos dispositivos eletrônicos mantiveram-se no modelo final, sendo
sujeitos mais jovens e que cursavam o primeiro ano apresentaram menor chance de
apresentar cefaleia. Por outro lado, o uso elevado dos dispositivos eletrônicos se
mostrou como fator de risco para o relato da queixa de cefaleia (Tabela 7). O resultado
do teste de Hosmer-Lemeshow foi de 74,7 %.
Tabela 7. Fatores associados à presença de cefaleia em adolescentes de escolas
públicas estaduais do Recife, PE. 2013. Variáveis OR [IC 95%] p
Idade (14 – 16 anos) 0,68 0,49 – 0,95 0,025* Série (1º. Ano) 0,60 0,43 – 0,84 0,017* Tempo Total de Uso (Tempo alto - > 4 horas) 1,52 1,08 – 2,13 0,015* *diferença estatística significativa 5.5. Análise de Regressão Multinomial para presença dos diferentes tipos de cefaleia
A análise de regressão multinomial demonstrou que somente a variável idade se
mostrou associada à cefaleia do tipo tensional, sendo que os sujeitos mais novos (14 a
16 anos) demonstraram menor chance de apresentar esse tipo de cefaleia. Já a
migrânea se mostrou associado às variáveis série, uso de jogos eletrônicos e tempo
total de uso dos dispositivos eletrônicos. Nesse caso, foi possível observar que
adolescentes que cursavam o terceiro ano e que relataram fazer uso semanal elevado
de jogos eletrônicos e dos demais dispositivos eletrônico apresentaram maior chance
de relatar sintomas relacionados à migrânea.
Para os demais tipos de cefaleia observou-se que o uso elevado dos dispositivos
eletrônicos é um fator de risco e que sujeitos mais novos tem menor chance de
apresentar esse sintoma (Tabela 8).
Resultados ____________________________________________________________________________________ 50
Tabela 8. Fatores associados à presença dos diferentes tipos de cefaleia em
adolescentes de escolas públicas estaduais do Recife, PE. 2013. Variáveis OR [IC 95%] p
Cefaleia Tensional Sexo (Feminino) 1,22 0,75 – 1,99 0,421 Idade (14 – 16 anos) 0,55 0,33 – 0,90 0,019* Série (3º. Ano) 1,09 0,67 – 1,80 0,722 Atividade Profissional (Trabalha) 0,70 0,39 – 1,25 0,227 Nível Socioeconômico (até 2 SM) 0,62 0,36 – 1,07 0,087 Nível de Atividade Física (Inativo) 0,99 0,58 – 1,69 0,980 Estado Nutricional (Sobrepeso/Obesidade) 0,59 0,33 – 1,07 0,084 Uso do Computador (Uso Elevado) 0,78 0,38 – 1,61 0,496 Uso de Jogos Eletrônicos (Uso Elevado) 0,87 0,51 – 1,48 0,612 Tempo Total de Uso (Tempo alto - > 4 horas) 2,04 0,92 – 4,53 0,722
Migrânea Sexo (Feminino) 1,21 0,75 – 1,95 0,438 Idade (14 – 16 anos) 0,83 0,51 – 1,34 0,441 Série (3º. Ano) 1,80 1,10 – 2,94 0,018* Atividade Profissional (Trabalha) 0,94 0,54 – 1,63 0,827 Nível Socioeconômico (até 2 SM) 0,74 0,42 – 1,28 0,283 Nível de Atividade Física (Inativo) 1,26 0,76 – 2,10 0,373 Estado Nutricional (Sobrepeso/Obesidade) 0,84 0,49 – 1,45 0,537 Uso do Computador (Uso Elevado) 0,75 0,37 – 1,52 0,425 Uso de Jogos Eletrônicos (Uso Elevado) 2,27 1,04 – 4,95 0,039* Tempo Total de Uso (Tempo alto - > 4 horas) 1,80 1,10 – 2,94 0,018*
Outros Tipos Sexo (Feminino) 1,22 0,75 – 2,00 0,421 Idade (14 – 16 anos) 0,55 0,33 – 0,91 0,019 Série (3º. Ano) 1,09 0,67 – 1,80 0,722 Atividade Profissional (Trabalha) 0,70 0,39 – 1,25 0,227 Nível Socioeconômico (até 2 SM) 0,62 0,36 – 1,07 0,087 Nível de Atividade Física (Inativo) 0,99 0,58 – 1,69 0,980 Estado Nutricional (Sobrepeso/Obesidade) 0,59 0,33 – 1,07 0,084 Uso do Computador (Uso Elevado) 0,77 0,38 – 1,61 0,496 Uso de Jogos Eletrônicos (Uso Elevado) 0,87 0,51 – 1,48 0,612 Tempo Total de Uso (Tempo alto - > 4 horas) 1,21 1,00 – 1,80 0,048* Variável de referência para o modelo multinomial: Sem queixa de cefaleia
DISCUSSÃO
Conclusões ____________________________________________________________________________________ 52
6 DISCUSSÃO
O presente estudo avaliou 954 adolescentes do ensino médio do Recife, no qual
se verificou uma alta prevalência de cefaleia. Sua relevância está no fato de ser uma
pesquisa de base populacional que abrange a cefaleia, um problema de saúde tão
frequente que apresenta repercussões na qualidade de vida dos adolescentes (MILDE-
BUSCH et al., 2010b),bem como, possibilitar a ampliação do conhecimento sobre as
condições de saúde nessa população.
A prevalência de cefaleia na população estudada foi de 80,6%, indo ao encontro
dos resultados relatados por Straube e colaboradores (2013), que encontraram na
literatura taxas de prevalência que variaram entre 66% e 71% entre adolescentes de 12
a 15 anos, que relataram a presença de pelo menos um episódio nos últimos três
meses. Segundo os autores, a frequência de cefaleia entre crianças e adolescentes
vem aumentando nos últimos anos, provavelmente em decorrência da adolescência
ser um período de transformação complexo de maturação emocional (STRAUBE et al.,
2013).
Recentemente, Blaschek et al. (2014) encontraram taxa de 83,1% de prevalência
de cefaleia entre adolescentes com faixa etária de 12 a 19 anos que relataram
apresentar pelo menos um episódio nos últimos seis meses. Desse modo, acredita-se
que essas divergências de valores encontradas nas prevalências de cefaleia entre os
estudos, provavelmente podem ser justificadas em decorrência das diferenças
geográficas e principalmente pelo critério de tempo utilizado para a confirmação da
presença de cefaleia (STEINER et al., 2013).
Em relação ao sexo e a presença de cefaleia em adolescentes, diversos estudos
apontam que as meninas apresentam maior prevalênciaem comparação aos
meninos(BAHRAMI et al., 2012; CVETKOVIC et al., 2013; FENDRICH et al., 2007),
possivelmente explicado pelas variações hormonais inerentes desse
período(MONTEITH; SPRENGER, 2010). Contudo, no presente estudo não foi
verificada associação entre o sexo e a presença de cefaleia.
De acordo com a literatura, a cefaleia do tipo tensional e a migrânea são as
cefaleias primárias mais frequentes entre os adolescentes(BLASCHEK et al., 2012;
Conclusões ____________________________________________________________________________________ 53
FEARON; HOTOPF, 2001; FENDRICH et al., 2007). No presente estudo verificou-se
que quanto à classificação, houve uma prevalência de 17,9% de adolescentes com o
tipo tensional, 19,3% de migrânea e 43,4% com outros tipos de cefaleia, não sendo
verificada associação entre os diferentes tipos de cefaleia e o sexo.
Genizi et al. (2013) realizaram um estudo com indivíduos entre 6 e 18 anos e
encontraramtaxas de prevalência mais elevadas em relação ao presente estudo,sendo
observado uma prevalênciade 44% de migrânea (35,8% de homens e 64,2%de
mulheres) e 47,7% (50,4% de homens, 49,6% de mulheres) da cefaleia do tipo
tensional.Além disso, esses mesmos autoresevidenciaram associação positiva da
cefaleia do tipo migrânea com o sexo feminino (GENIZI et al., 2013). Tonini;
Frediani(2012) encontraram 45 % dos indivíduos com migrânea e 27 % com cefaleia
tipo tensional entre adolescentes de 17 a 20 anos,demonstrando que em relação a
prevalência dos diferentes tipos de cefaleia observa-se resultados variados, que
possivelmente devem estar relacionados às diferenças existentes na população
estudada, critérios de amostragem e aos parâmetros diagnósticos adotados por cada
estudo (STEINER et al., 2013).
Quanto ao estado nutricional, foi observado, no presente estudo, que a maioria
dos adolescentes avaliados eram eutróficos (79%), corroborando os resultados
relatados na literatura. Em estudo desenvolvido no município de Pelotas (RS) com
adolescentes com faixa etária entre 15 e 18 anos foi verificada prevalência de 74,1% de
sujeitos eutróficos (TERRES et al., 2006). Da mesma forma, constatou-se dados
semelhantes em pesquisa realizada em escolas particulares da cidade do Recife, com
adolescentes de 10 a 19 anos, no qual verificou-se a prevalência de 75,5% de sujeitos
eutróficos (ABRANTES, MARCELO MILITÄO; LAMOUNIER, JOEL ALVES;
COLONISMO, 2002).
Estudos populacionais têm identificado a associação entre obesidade e cefaleia,
principalmente no que se refere à migrânea (CHAI et al.,2014; PETERLIN et al., 2013),
bem como, o excesso de peso tem se mostrado associado à cefaleia recorrente entre
adolescentes (ROBBERSTAD et al., 2010). No entanto, o presente estudo não
encontrou associação entre a presença de cefaleia, seus diferentes tipos e o excesso
Conclusões ____________________________________________________________________________________ 54
de peso, o que pode ser justificado pelo fato da maior parte da amostra ter sido
classificada como eutrófica.
Paralelamente ao elevado índice de adolescentes eutróficos, foi observado no
presente estudo que o nível de atividade física (NAF) apresentou valores de prevalência
de 75,8 % de sujeitos classificados como ativos ou muito ativos, corroborando os
achados do estudo de Gordia et al. (2010) realizado no interior do Paraná, com
adolescentes entre 14 e 19 anos.
No entanto, recente revisão sistemática verificou que a prevalência da inatividade
física em adolescentes brasileiros varia entre 2,3 % e 93,5 % (BARBOSA FILHO et al.,
2014), sendo que a maior parte dos estudos relatam predominância de inatividade física
nessa população, divergindo dos resultados encontrados no presente estudo.Segundo
os autores, a grande variação em relação ao NAF está relacionada provavelmente à
utilização de diferentes instrumentos de investigação (BARBOSA FILHO et al., 2014),
somado a isso, ainda se sabe que durante a adolescência, fatores como sexo, condição
socioeconômica, escolaridade, ordem de nascimento, local de moradia e tipo de escola
podem influenciar diretamente no NAF (HALLAL et al., 2006a; HALLAL et al., 2006b;
HELENA et al., 2004; NELSON et al., 2006; RIVERA et al., 2010). Nesse sentido,
acreditamos que a maneira com que os adolescentes avaliados se deslocavam até a
escola (caminhando ou utilizandoa bicicleta) pode explicar os elevados índices de NAF
encontrados no presente estudo, visto que osadolescentesavaliados eram estudantes
de escolas estaduais e apresentavam baixo nível socioeconômico.
Semelhante ao ocorrido com a variável peso, a conjunção desses fatores (alto
NAF e baixa renda) pode ter contribuído para a não identificação de associação entre
os fatores inatividade física, baixo nível socioeconômico e presença de cefaleia, o que
mais uma vez diverge da literatura, na qual aponta-se que a inatividade física é um fator
de risco para a presença de cefaleia (MILDE-BUSCH et al., 2010c), bem como, sujeitos
com níveis socioeconômicos mais baixos apresentam-se duas vezes mais propensos a
ter cefaleia, possivelmente, devido as dificuldades vivenciadas por quem tem menor
poder aquisitivo(MOLARIUS, TEGELBERG, OHRVIK, 2008).
Referente ao uso dos dispositivos eletrônicos, foi observado elevada prevalência
de adolescentes (88,7 %) que afirmaram fazer uso do computador, corroborando os
Conclusões ____________________________________________________________________________________ 55
achados anteriores(JANNINI, 2011; LOPES et al., 2014; MATHERS et al., 2009;
MILDE-BUSCH et al., 2010c). Esses achados demonstram que odesenvolvimento
tecnológico e econômico tem permitido, aos adolescentes, o maior acesso à
informática, os quais tem utilizado o computador como meio de comunicação, fonte de
pesquisa, educação e lazer (LOPES et al., 2014). Além disso, esse resultado pode ser
um reflexo do programa implementado pela Secretaria Estadual de Educação que
distribuiu esses equipamentos a todos os alunos do ensino médio da rede estadual e
contribuiu para o aumento do acesso a essa tecnologia, antes somente acessível a
famílias com um maior nível socioeconômico (SILVA et al., 2006).
Ao analisar o uso de jogos eletrônicos,o presente estudo encontrou prevalência
(63,4%) superior a estudos prévios, que relataram taxas variando entre 27 % (MILDE-
BUSCH et al., 2010b) e 50,3 % (MATHERS et al., 2009), sugerindo quea frequência de
uso desses equipamentos, entre os adolescentes, pode estar aumentando a medida em
que se observa o crescimento econômico e tecnológico do Brasil. Concomitante a esse
crescimento econômico, observa-se um acelerado processo de urbanização das
cidades, muitas vezes acompanhado do aumento dos índices de violência, que ao
longo dos anos veem reconfigurando o estilo de vida e as atividades de lazer de
crianças e adolescentes, tornando o uso de jogos eletrônicos cada vez mais comum,
principalmente emgrandes centros urbanos(BARBOSA FILHO et al., 2014). Nos
resultadosdeste estudo, foi possível observar o predomínio do uso de jogos eletrônicos
nos sujeitos do sexo masculino, o que acarretou em um maior tempo total de uso de
equipamentos eletrônicos por parte desses indivíduos, corroborando os achados de
outros estudos (MATHERS et al., 2009; VASCONCELLOS; ANJOS; VASCONCELLOS,
2013).
Referente ao uso dos dispositivos eletrônicos, pode-se verificar uma alta
prevalência (50%) de adolescentes cujo o tempo total despendido com uso de
dispositivos eletrônicos foi superior a 4h/ dia (considerando a soma do tempo gasto com
o uso de computadores e jogos eletrônicos). Segundo Barbosa Filho et al. (2014), a
prevalência de uso excessivo de dispositivos eletrônicos por parte dos adolescentes
varia entre 28,1% e 88%. Essas altas frequências se devem ao aumento das atividades
que são possíveis através dos dispositivos eletrônicos,bem como pela maior
Conclusões ____________________________________________________________________________________ 56
disponibilidade desses equipamentos nos mais diversos locais(BARBOSA FILHO et al.,
2014). Por outro lado, é importante destacar que existe uma grande variação nas taxas
de prevalência descritas na literatura, fato quepode ser justificadopela divergência
observada no que se refere aos valores utilizados como ponto de referência para a
caracterização do tempo de uso elevado (variando entre 2 – 5 h/dia).
Em estudo realizado no Irã(JARI et al., 2014), com indivíduos de 6 a 18 anos,
verificou-se um tempo total de uso de aparelhos eletrônicos inferior aos encontrados
nos demais países, sugerindo que as diferenças entre os estudos também podem estar
relacionadas a fatores culturais presentes em cada país. Considerando que o Brasil é
um país com dimensões continentais e que apresenta uma grande variedade de
culturas e costumes, bem como, consideráveis níveis de desigualdade social,
considera-se importante a realização pesquisas que visem compreender melhor os
hábitos relacionados ao uso dos dispositivos eletrônicos e suas repercussões.
Dentre as repercussões apontadas como negativas, a cefaleia tem recebido
considerável atenção, devido a seu impacto na saúde e qualidade de vida dos
indivíduos. No presente estudo foi possível observar que embora várias variáveis
tenham apresentado, nas análises univariadas, associação com a presença de cefaleia,
apenas a idade (14 – 16 anos), série (1° Ano) e o tempo total de uso dos dispositivos
eletrônicos se mantiveram nos modelos estatísticos finais.Desse modo,foi verificado
que indivíduos mais jovens que cursam o1° Anodo ensino médio apresentam menor
chance de manifestarqueixas de cefaleia, provavelmente pelo menor estresse que
estão sujeitos quando comparados ao anos finais(EUSTÁQUIO et al., 2012).
De maneira diferente, estudantes que cursam o 3º ano do ensino médio ou
cursos pré-vestibularespodem apresentar níveis mais elevados de estresse,que
refletem a fragilidade das pressões inerentes desse período como, a concorrência cada
vez maior, cobranças sociais e familiares, dúvidas quanto à escolha profissional e
outras ansiedades que podem estar relacionadas à idade e a outros fatores
(EUSTÁQUIO et al., 2012). Neste sentido, um estudo recente demonstrou associação
entre cefaleia e estresse em crianças e adolescentes verificando que o estresse é a
principal causa de crises de migrânea (NEUT et al., 2012). Além disso, a depressão e
transtornos de ansiedade, tão frequentes entre adolescentes com maior idade, estão
Conclusões ____________________________________________________________________________________ 57
entre as principais doenças neurológicas e psiquiátricas que estão associadas com a
migrânea (BELLINI et al., 2013). Ainda fortalecendo essa associação, estudos postulam
que a depressão é um sintoma mais prevalente em pacientes de cefaleia do que na
população que não apresenta essa queixa (SCHMID et al., 2013).
Quanto ao o uso excessivo de dispositivos eletrônicos (>4 horas/dia)os dados do
presente estudo se mostraram associados à presença de cefaleia, corroborandoos
achados de um estudo realizado com adolescentes nórdicos, no qual foi verificado que
o uso excessivo e combinado do computador, televisão e jogos eletrônicos apresentou-
se como fator de risco para o surgimento de episódios de cefaleia(TORSHEIM et al.,
2010). Provavelmente, o elevado tempo despendido nesses dispositivos leva a
diminuição do tempo livre para realização de atividades de lazer, proporciona a
manutenção de posturas inadequadas por períodos prolongados e aumenta a
sobrecarga do sistema visual em decorrência do elevado tempo de tela, proporcionando
o desencadeamento de episódios de cefaleia (GASSMANN et al., 2009; HAKALA et al.,
2012; OKSANEN et al., 2005; SMITH et al., 2009).
Embora seja reconhecido que o alto tempo de uso de aparelhos eletrônicos está
associado com repercussões negativas à saúde (CASIANO et al., 2012), ainda são
escassas as publicações que avaliam a associação desse fator com a presença de
cefaleia.Porém nossos achados parecem concordar e reforçar os dados apresentados
pela maior parte dos estudos existentes na literatura acerca da associação ao uso
excessivo de aparelhos eletrônicos e repercussões negativas à saúde.Contudo, é
possível observar na literatura dados contrastantes, sendo verificado estudo que não
encontrou associação entre o uso excessivo de diversos aparelhos eletrônicos e a
presença de cefaleia(MILDE-BUSCHet al., 2010a).
Assim, acredita-se que uma possível explicação para tal divergência pode estar
relacionada aosdiferentes critérios adotados para caracterização dos adolescentes que
apresentavam a cefaleia, uma vez que no presente estudo consideramos a cefaleia
presente em todos os sujeitos que relataram pelo menos um episódio nos últimos 12
meses, enquanto, Milde-Busch et al. (2010b) incluíram indivíduos que relataram pelo
menos um episódio por mês, durante os últimos seis meses, fato que pode ter
Conclusões ____________________________________________________________________________________ 58
subestimado a prevalência de cefaleia e, consequentemente afetado os graus de
associação com outras variáveis.
Em relação ao uso isolado do computador e associação com cefaleia, nossos
resultados corroboram os achados de um estudo prévio, que também não verificou
associação entre a presença de cefaleia e o uso excessivo do computador entre os
adolescentes(SMITH et al., 2009).Em contrapartida, Torsheim et al. (2010) verificaram
que o uso isolado e excessivo de computadores aumenta as chances das meninas
apresentarem episódios de cefaleia. Talvez, essa diferença de resultados se deva a
metodologia utilizada por Torsheim et al. (2010), que não controlaram fatores
desencadeantes de cefaleia no sexo feminino e que consequentemente podem ter
superestimado a relação entre as queixas álgicas e o uso do computador(BAHRAMI et
al., 2012; CVETKOVIC et al., 2013; FENDRICH et al., 2007; STEINER et al., 2013).
Shantakumari et al. (2014), avaliaram estudantes universitários com idade entre
17 e 31 anos e verificaram que o uso de computadores provoca alterações na saúde
visual, sendo a cefaleia é a queixa mais comum (53,3%) entre os usuários. Ainda
constatou-se que essa manifestação acontece principalmente no sexo feminino
aumentando em 78% as chances de mulheres desenvolverem cefaleia em relação aos
homens. Nesse caso, os autores sugerem que o aumento da prevalência de cefaleia
entre os usuários de computador provavelmente pode ser consequênciade dores
musculares decorrentesde posturas inadequadas adotadas durante o uso desses
equipamentos(HAKALA et al., 2012), visto queos estudantes universitários tendem a
fazer maior uso de computadores em comparação aos estudantes de ensino
médio,justificando portanto o relato de associação positiva entre esses fatores. Contudo
cabe enfatizar que, Shantakumari et al. (2014) avaliaram sujeitos em uma faixa etária
superior ao presente estudo, o que pode justificar os diferentes resultados, visto que
com o avançar da idade ocorre o aumento da prevalência de cefaleias.
Por fim, o presente estudo demonstrou não existir associação entre a presença
de cefaleia e o uso excessivo de jogos eletrônicos (> 1 hora/dia), visto que embora essa
variável tenha apresentado associação significativa na análise univariada, a mesma não
permaneceu associada ao desfecho no modelo final. Esses achados corroboram os
dados encontrados por Grassi (2011), que não identificou relação entre o uso de jogos
Conclusões ____________________________________________________________________________________ 59
eletrônicos e o aumento da frequência de episódios de cefaleia. Entretanto, é
importante destacar que na análise referente aos diferentes tipos de cefaleia, nossos
resultados revelaram que o uso excessivo de jogos eletrônicos se manteve associado
com a presença da migrânea, sendo considerado um fator de risco que aumenta em
cerca de duas vezes a chance dos adolescentes apresentarem tal disfunção. Embora
exista uma escassez de dados referentes à influência dos jogos eletrônicos nos
sintomas de cefaleia, nossos dados reforçam os achados da literatura, que relatam que
o uso excessivo de videogames, por parte de crianças e adolescentes, foi identificado
como o quarto principal fator responsável pelo desencadeamento de episódios de
migrânea (NEUT et al., 2012).
Em suma, os resultados do presente estudo sugerem que o desenvolvimento
tecnológico e as mudanças de comportamentos pelo qual a sociedade vem enfrentando
podem afetá-la significativamente, sendo necessário o acompanhamento constante dos
indicadores de saúde e seus fatores associados. Contudo, este estudo apresenta
algumas limitações tais como, ter sido realizado em apenas uma capital brasileira,
dessa forma os resultados não podem ser generalizados para outras populações e ter
avaliado somente estudantes de escolas públicas, excluindo a realidade das escolas
particulares.Outra limitação foi a utilização de questionários auto-aplicados como meio
diagnóstico para cefaleia, fato que pode ter sido influenciado pelo viés de memória.
Enfim, sugere-se que sejam realizados mais estudosque avaliem de forma
longitudinal as repercussões do uso dos aparelhos eletrônicos e sua relação com a
presença de cefaleia, pois dessa forma será possívelaproveitar todo o seu potencial
como meio facilitador no processo educacional, comunicação e lazer, sem que
necessariamenteestejam associados a repercussões negativas à saúde dos
adolescentes.
Conclusões ____________________________________________________________________________________ 60
CONCLUSÕES
Discussão _____________________________________________________________________________________ 61
7 CONCLUSÃO
Os resultados desta pesquisa evidenciaram alta prevalência de cefaleia entre os
adolescentes matriculadosnas escolas estaduais do Ensino Médio regular do Recife,
sendo que o tipo de cefaleia primária mais prevalente foi a migrânea, seguida da
cefaleia tipo tensional. Além disso, foi observado que a maior parte dos adolescentes
avaliados despende muito tempo utilizando dispositivos eletrônicos, caracterizando-se
como uso excessivo, sendo esse comportamento mais elevado nos meninos, em
decorrência do maior uso dos jogos eletrônicos.
O uso excessivo dos aparelhos eletrônicos mostrou-se associado com a
presença de cefaleia, sendo considerado um fator de risco para o seu desenvolvimento.
Por outro lado, os fatores idade e série (1º. Ano) se mostraram como fatores atenuantes
para a presença de cefaleias. As demais variáveis analisadas não apresentaram
associações significativas.Por fim, em relação aos diferentes tipos de cefaleia, foi
evidenciado que o uso excessivo de dispositivos eletrônicos somente se apresentou
como fator de risco para a presença de migrânea.
Referências ____________________________________________________________________________________ 62
REFERÊNCIAS
Referências ____________________________________________________________________________________ 63
REFERÊNCIAS
ABRAMSON, J.H. WINPEPI (PEPI-for-Windows): computer programs for epidemiologists. Epidemiologic Perspectives & Innovations, v. 1, n.1, p. 1-6, 2004. ABRANTES, MARCELO MILITÄO; LAMOUNIER, JOEL ALVES; COLONISMO, E. A. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes das regiões Sudeste e Nordeste from Northeast and Southeast regions of Brazil. Jornal de Pediatria, v. 78, n. 4, p. 335–340, 2002. ALEXANDER, L. M.; CURRIE, C. Young people ’ s computer use : implications for health education. Health Education, v. 104, n. 4, p. 254–261, 2004. BAHRAMI, P. et al. Prevalence and characteristics of headache in Khoramabad, Iran. Pain physician, v. 15, n. 4, p. 327–32, 2012. BARBOSA FILHO, V. C.; DE CAMPOS, W.; LOPES, A. D. S. Epidemiology of physical inactivity, sedentary behaviors, and unhealthy eating habits among Brazilian adolescents: a systematic review. Ciência & saúde coletiva, v. 19, n. 1, p. 173–93, jan. 2014. BELLINI, B. et al. Headache and comorbidity in children and adolescents. The journal of headache and pain, v. 14, n. 1, p. 79, jan. 2013. BENER, A. et al. Genetic and Environmental Factors Associated With Migraine in Schoolchildren. Headache, v. 40, p. 152–157, 2000. BLASCHEK, A. et al. Self-reported muscle pain in adolescents with migraine and tension-type headache. Cephalalgia : an international journal of headache, v. 32, n. 3, p. 241–9, fev. 2012. BLASCHEK, A. et al. Self-reported neck pain is associated with migraine but not with tension-type headache in adolescents. Cephalalgia : an international journal of headache, v. 0, n. 0, p. 1–9, 19 fev. 2014. BRAZ, M.; BARROS FILHO, A. A.; BARROS, M. B. A. Saúde dos adolescentes: um estudo de base populacional em Campinas, São Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 29, n. 9, p. 1877–1888, set. 2013.
Referências ____________________________________________________________________________________ 64
BUZZI, M. G.; MOSKOWITZ, M. A. The pathophysiology of migraine: year 2005. The journal of headache and pain, v. 6, n. 3, p. 105–11, jun. 2005. CARVALHO, A. B.; ALVES, T. P. Apropriação tecnológico e cultura digital : O programa “ Um computador por aluno ” no interior do nordeste brasileiro computer per student ” program in northeast countryside. LOGOS, v. 01, n. 34, p. 88–101, 2011. CARVALHO, P. D. DE et al. Condutas de risco à saúde e indicadores de estresse psicossocial em adolescentes estudantes do Ensino Médio Health risk behaviors and psychosocial distress indicators in high school students. Cadernos de Saúde Pública, v. 27, n. 11, p. 2095–2105, 2011. CASIANO, H. et al. Media use and health outcomes in adolescents: findings from a nationally representative survey. Journal of the Canadian Academy of Child and Adolescent Psychiatry = Journal de l’Académie canadienne de psychiatrie de l'enfant et de l'adolescent, v. 21, n. 4, p. 296–301, nov. 2012. CHAI, N. C. et al. Epidemiology of Obesity and Headache. v. 54, n. 2, p. 219–234, 2014. COLE, T. J. et al. Establishing a standard definition for child overweight and obesity worldwide: international survey. v. 320, n. table 1, p. 1240–3, 2000. COSTIGAN, S. A et al. The health indicators associated with screen-based sedentary behavior among adolescent girls: a systematic review. The Journal of adolescent health : official publication of the Society for Adolescent Medicine, v. 52, n. 4, p. 382–92, abr. 2013. CVETKOVIC, V. V. et al. Prevalence and clinical characteristics of headache in adolescents: A Croatian epidemiological study. Cephalalgia : an international journal of headache, v. 0, n. 0, p. 1–9, 14 out. 2013. EDWARDS, R. R. Individual differences in endogenous pain modulation as a risk factor for chronic pain. Neurology, n. Ar 051315, p. 437–443, 2005. EUSTÁQUIO, E. Frequência do uso de psicofármacos entre jovens estudantes que cursam. Adolescência & Saúde, v. 9, n. 4, p. 27–36, 2012.
Referências ____________________________________________________________________________________ 65
FEARON, P.; HOTOPF, M. Relation between headache in childhood and physical and psychiatric symptoms in adulthood: national birth cohort study. BMJ (Clinical research ed.), v. 322, n. 7295, p. 1145, 12 maio 2001. FENDRICH, K. et al. Headache prevalence among adolescents - the German DMKG headache study. Cephalalgia, v. 27, p. 347–354, 2007. FUMAL, A.; SCHOENEN, J. Tension-type headache: current research and clinical management. Lancet neurology, v. 7, n. 1, p. 70–83, jan. 2008. GASSMANN, J. et al. Risk factors for headache in children. Deutsches Ärzteblatt international, v. 106, n. 31-32, p. 509–16, jul. 2009. GENIZI, J. et al. Primary headaches, attention deficit disorder and learning disabilities in children and adolescents. The journal of headache and pain, v. 14, n. 1, p. 54, jan. 2013. GORDIA, A. P.; MARIA, T.; QUADROS, B. DE. Nível de atividade física em adolescentes e sua associação com variáveis sociodemográficas. Rev Port Cien Desp, v. 10, n. 1, p. 172–179, 2010. GRASSI, L. E. V. Prevalência de cefaleia relacionada com alguns hábitos de vida em escolares do ensino fundamental e médio de Ribeirão Preto ( SP ). [s.l: s.n.]. GUIDETTI, V.; LUCCHESE, F.; BELLINI, B. Is the migrainous female brain different? Some new evidence. Brain : a journal of neurology, v. 135, n. Pt 8, p. 2311–3, ago. 2012. JANINII, S. N. Dor, lesões e síndromes músculo-esqueléticas em adolescentes obesos versus eutróficos e sua relação com o uso de computadores e vídeogames. 2011. 72f. Dissertação (Mestrado em Ciências). Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. HALLAL, P. C. et al. Prevalência de sedentarismo e fatores associados em adolescentes de 10-12 anos de idade Prevalence of sedentary lifestyle and associated factors in adolescents 10 to 12 years of age. Cad. Saúde Pública, v. 22, n. 6, p. 1277–1287, 2006a.
Referências ____________________________________________________________________________________ 66
HALLAL, P. C. et al. Early determinants of physical activity in adolescence: prospective birth cohort study. BMJ (Clinical research ed.), v. 332, n. 7548, p. 1002–7, 29 abr. 2006b. HAKALA, P. T. et al. Computer-associated health complaints and sources of ergonomic instructions in computer-related issues among Finnish adolescents : A cross-sectional study. BMC Public Health, v. 10, p. 1–8, 2010. HAKALA, P. T. et al. Musculoskeletal symptoms and computer use among Finnish adolescents--pain intensity and inconvenience to everyday life: a cross-sectional study. BMC musculoskeletal disorders, v. 13, p. 41, jan. 2012. HELENA, M. et al. Prevalência e fatores associados ao sedentarismo em adolescentes de área urbana Prevalence of sedentarism and its associated factors among urban adolescents. Revista de Saúde Pública, v. 38, n. 2, p. 157–63, 2004. JARI, M. et al. A Nationwide Survey on the Daily Screen Time of Iranian Children and Adolescents: The CASPIAN - IV Study. International Journal of Preventive Medicine, v. 5, n. 2, p. 224-9, 2014 KANIECKI, R. G. Tension-type headache. Continuum (Minneapolis, Minn.), v. 18, n. 4, p. 823–34, ago. 2012. KIENBACHER, C. et al. Clinical features , classification and prognosis of migraine and tension-type headache in children and adolescents : a long-term follow-up study. Cephalalgia, v. 26, n. 7, p. 820–830, 2006. KLEINERT, S. Adolescent health: an opportunity not to be missed. Lancet, v. 369, n. 9567, p. 1057–8, 31 mar. 2007. LEHMANN, S. et al. How specific are risk factors for headache in adolescents? Results from a cross-sectional study in Germany. Neuropediatrics, v. 44, n. 1, p. 46–54, fev. 2013. LEVIN, M. et al. The International Classification of Headache Disorders, 3rd edition (beta version). Cephalalgia : an international journal of headache, v. 33, n. 9, p. 629–808, jul. 2013.
Referências ____________________________________________________________________________________ 67
LEWIS, D. W. Headaches in children and adolescents. Pediatric annals, v. 39, n. 7, p. 388–90, jul. 2010. LIMA, A.S. et al. Prevalência de cefaleia e sua interferência nas atividades de vida diária em adolescentes escolares do sexo feminino. Revista Paulista de Pediatria, (Impresso), 2014. LIPTON, R. B.; BIGAL, M. E. Ten lessons on the epidemiology of migraine. Headache, v. 47 Suppl 1, p. S2–9, abr. 2007. LOPES, A. S. et al. Trends in screen time on week and weekend days in a representative sample of Southern Brazil students. Journal of public health (Oxford, England), p. 1–7, 5 fev. 2014. MARFELL-JONES, M. et al. International standards for anthropometric assessment. Potchefstroom, South Africa: International Society for the Advancement of Kinanthropometry, 2006. MATHERS, M. et al. Electronic media use and adolescent health and well-being: cross-sectional community study. Academic pediatrics, v. 9, n. 5, p. 307–14, 2009. MATSUDO, S. et al.Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ): Estudo de Validade e Reprodutibilidade no Brasil. Atividade Física e Saúde, v. 6, n. 2, p.5-18, 2001. MILDE-BUSCH, A. et al. The association between use of electronic media and prevalence of headache in adolescents: results from a population-based cross-sectional study. BMC neurology, v. 10, p. 12, jan. 2010a. MILDE-BUSCH, A. et al. Quality of life in adolescents with headache: results from a population-based survey. Cephalalgia : an international journal of headache, v. 30, n. 6, p. 713–21, jun. 2010b. MILDE-BUSCH, A. et al. Associations of diet and lifestyle with headache in high-school students: results from a cross-sectional study. Headache, v. 50, n. 7, p. 1104–14, jul. 2010c.
Referências ____________________________________________________________________________________ 68
MOLARIUS, A.; TEGELBERG, A.; OHRVIK, J. Socio-economic factors, lifestyle, and headache disorders - a population-based study in Sweden. Headache, v. 48, n. 10, p. 1426–37, 2008. MONTEITH, T. S.; SPRENGER, T. Tension type headache in adolescence and childhood: where are we now? Current pain and headache reports, v. 14, n. 6, p. 424–30, dez. 2010. NELSON, M. C. et al. Built and social environments associations with adolescent overweight and activity. American journal of preventive medicine, v. 31, n. 2, p. 109–17, ago. 2006. NEUT, D. et al. The prevalence of triggers in paediatric migraine: a questionnaire study in 102 children and adolescents. The journal of headache and pain, v. 13, n. 1, p. 61–5, jan. 2012. OKSANEN, A. et al. Leisure activities in adolescents with headache. Acta Paediactric, v. 98, n. 1, p. 609–615, 2005. OZGE, A et al. The prevalence of chronic and episodic migraine in children and adolescents. European journal of neurology : the official journal of the European Federation of Neurological Societies, v. 20, n. 1, p. 95–101, jan. 2013. PACHEVA, I. H. et al. Diagnostic value of combinations of symptoms of migraine and tension-type headache included in the diagnostic criteria for children and adolescents in the International Classification of Headache Disorders 2nd Edition. Folia medica, v. 55, n. 3-4, p. 46–55, 2013. PETERLIN, B. L. et al. Episodic migraine and obesity and the influence of age, race, and sex. Neurology, v. 81, n. 15, p. 1314–21, 8 out. 2013. REDMAYNE, M.; SMITH, E.; ABRAMSON, M. J. The relationship between adolescents’ well-being and their wireless phone use: a cross-sectional study. Environmental health : a global access science source, v. 12, n. 1, p. 90, 22 out. 2013. RESNICK, M. D.; BOWES, G. Us and them: worldwide health issues for adolescents. Lancet, v. 369, n. 9567, p. 1058–60, 31 mar. 2007.
Referências ____________________________________________________________________________________ 69
RHO, Y. et al. Prevalence and Clinical Characteristics of Primary Headaches Among School Children in South Korea : A Nationwide Survey. Headache, v. 52, p. 592–599, 2012. RIVERA, I. R. et al. Artigo Original Atividade Física , Horas de Assistência à TV e Composição Corporal em Crianças e Adolescentes. Arq Bras Cardiol, v. 95, n. 2, p. 159–165, 2010. RIZZINI, I. et al. Adolescentes brasileiros, mídia e novas tecnologias. Revista ALCEU, v. 6, n. 11, p. 41–63, 2005. ROBBERSTAD, L. et al. An unfavorable lifestyle and recurrent headaches among adolescents: the HUNT study. Neurology, v. 75, n. 8, p. 712–7, 24 ago. 2010. SCHMID, C. W. et al. Prevalence of medication overuse headache in an interdisciplinary pain clinic. The journal of headache and pain, v. 14, n. 1, p. 4, dez. 2013. SHANTAKUMARI, N. et al. Computer use and vision-related problems among university students in ajman, United arab emirate. Annals of medical and health sciences research, v. 4, n. 2, p. 258–63, mar. 2014. SMITH, L. et al. Prevalence of neck pain and headaches: impact of computer use and other associative factors. Cephalalgia : an international journal of headache, v. 29, n. 2, p. 250–7, fev. 2009. SILVA, C.A. et al. Utilização do computador e de jogos eletrônicos e avaliação da ergonomia com uso do computador em adolescentes de uma escola privada na cidade de São Paulo. Revista Paulista de Pediatria, v. 24, p.104-110, 2006. SÖDERQVIST, F.; CARLBERG, M.; HARDELL, L. Use of wireless telephones and self-reported health symptoms: a population-based study among Swedish adolescents aged 15-19 years. Environmental health : a global access science source, v. 7, p. 18, jan. 2008. STEINER, T. J. et al. Improving quality in population surveys of headache prevalence, burden and cost: key methodological considerations. The journal of headache and pain, v. 14, n. 1, p. 87, 25 out. 2013.
Referências ____________________________________________________________________________________ 70
STOVNER, L. J. et al. The global burden of headache : a documentation of headache prevalence and disability worldwide. Cephalalgia, v. 27, p. 193–210, 2007. STRAUBE, A. et al. Headache in school children: prevalence and risk factors. Deutsches Ärzteblatt international, v. 110, n. 48, p. 811–8, 29 nov. 2013. TENÓRIO, M. C. M. et al. Atividade física e comportamento sedentário em adolescentes estudantes do ensino médio Physical activity and sedentary. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 13, n. 1, p. 105–117, 2010. TERRES, N. G. et al. Prevalência e fatores associados ao sobrepeso e à obesidade em adolescentes Prevalence and factors associated to overweight and obesity in. Revista de Saúde Pública, v. 40, n. 4, p. 627–633, 2006. The International Classification of Headache Disorders: 2nd edition. Cephalalgia : an international journal of headache, v. 24 Suppl 1, p. 9–160, jan. 2004. TONINI, M. C.; FREDIANI, F. Headache at high school: clinical characteristics and impact. Neurological sciences : official journal of the Italian Neurological Society and of the Italian Society of Clinical Neurophysiology, v. 33 Suppl 1, p. S185–7, maio 2012. TORSHEIM, T. et al. Screen-based activities and physical complaints among adolescents from the Nordic countries. BMC public health, v. 10, p. 324, jan. 2010. VASCONCELLOS, M. B. DE; ANJOS, L. A. DOS; VASCONCELLOS, M. T. L. DE. Estado nutricional e tempo de tela de escolares da Rede Pública de Ensino Fundamental de Niterói , Rio de Janeiro , Brasil Nutritional status and screen time among public school students in Niterói , Rio de Janeiro State , Brazil Estado nutricional y tiem. Cadernos de Saúde Pública, v. 29, n. 4, p. 713–722, 2013. VILLAGE, E. G. Children, Adolescents, and the Media. Pediatrics, v. 132, n. 5, p. 958–961, 28 out. 2013. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Expert Committee on Physical Status. Physical status, the use and interpretation of anthropometry. 854 ed. Geneva: World Health Organization, 1995.
Referências ____________________________________________________________________________________ 71
WÖBER-BINGÖL, Ç. Epidemiology of Migraine and Headache in Children and Adolescents. Current Pain & Headache Reports, v. 17, p. 341, 2013.
Apêndices e Anexos _____________________________________________________________________________ 72
APÊNDICES E ANEXOS
Apêndices e Anexos _____________________________________________________________________________ 73
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Convidamos V.Sa. a participar da pesquisa Dores musculoesqueléticas e Cefaleia em adolescentes e sua correlação com o uso de computador e jogos eletrônicossob responsabilidade dos pesquisadores Rodrigo Cappato de Araújo e Georgia Rodrigues Reis e Silva que tem por objetivo verificar a presença de dores musculoesqueléticas e de cefaleia em adolescentes de escolas do Ensino Médio regular e sua correlação com o uso de computador e jogos eletrônicos de uma amostra de escolares com idades entre 14 e 19 anos.
Para a realização deste trabalho será utilizado o seguinte método: Após a assinatura do termo de consentimento, você responderá a um Questionário, com questões relacionadas à prática de exercícios físicos e presença de queixas dolorosas. Sendo então submetido a exame para medição do peso e da altura. Todos os procedimentos serão realizados por avaliadores devidamente treinados para a realização destas tarefas. Esclarecemos ainda que após a conclusão da pesquisa todo material a ela relacionado será destruído, não restando nada que venha a comprometer o anonimato de sua participação agora ou futuramente.
Quanto aos riscos e desconfortos, a presente pesquisa não oferece prejuízos à saúde do participante. Considera-se nesta pesquisa o risco mínimo de alguns participantes sentirem vergonha durante a coleta de dados, portanto pretendemos reduzir estes riscos realizando exames de forma individual, em salas destinadas unicamente a esta finalidade. Além de assegurar sobre a confidencialidade dos dados e das informações coletadas, e garantidos de que os resultados serão obtidos apenas para alcançar os objetivos da pesquisa, incluindo a sua publicação na literatura científica especializada. Como possíveis benefícios,esta pesquisa contribui para verificar a prevalência de dores musculoesqueléticas e os possíveis prejuízos do uso excessivo de computadores e de jogos eletrônicos à saúde e qualidade de vida dos adolescentes, além de implicações sociais e econômicas para os mesmo e o Estado.Podendo assim, posteriormente levantar possibilidades para minimizar essas consequências.
O (A) senhor (a) terá os seguintes direitos: a garantia de esclarecimento e resposta a qualquer pergunta; a liberdade de abandonar a pesquisa a qualquer momento sem prejuízo para si ou para seu tratamento (se for o caso); a garantia de privacidade à sua identidade e do sigilo de suas informações; a garantia de que caso haja algum dano a sua pessoa (ou o dependente), os prejuízos serão assumidos pelos pesquisadores ou pela instituição responsável inclusive acompanhamento médico e hospitalar. Caso haja gastos adicionais, os mesmos serão absorvidos pelo pesquisador.
Nos casos de dúvidas e esclarecimentos o (a) senhor (a) deve procurar os pesquisadores: Rodrigo Cappato de Araújo - Br 203 Km02 S/N, Cidade Universitária – Petrolina-PE ou pelo telefone (87) 9633-4858; Georgia Rodrigues Reis e Silva - Av. Gal. Newton Cavalcanti, nº 1650 - Camaragibe/PE ou pelo telefone (81) 9142-4890. Caso suas dúvidas não sejam resolvidas pelos pesquisadores ou seus direitos sejam negados, favor recorrer ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Pernambuco, localizado à Av. Agamenon Magalhães, S/N, Santo Amaro, Recife-PE ou pelo telefone 81-3183.3775 ou através do e-mail comitê[email protected]
Apêndices e Anexos _____________________________________________________________________________ 74
Consentimento Livre e Esclarecido Eu ______________________________________, após ter recebido todos os esclarecimentos e ciente dos meus direitos, concordo em participar desta pesquisa, bem como autorizo a divulgação e a publicação de toda informação por mim transmitida em publicações e eventos de caráter científico. Desta forma, assino este termo, juntamente com o pesquisador, em duas vias de igual teor, ficando uma via sob meu poder e outra em poder dos pesquisadores. Local: __________________________ Data: ____/____/____ Assinatura do aluno:___________________________________________________ Assinatura do Responsável:_____________________________________________ Assinatura do Pesquisador:______________________________________________
Apêndices e Anexos _____________________________________________________________________________ 75
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO
PROJETO: “Dores musculoesqueléticas em adolescentes e sua correlação com o uso de computador e jogos eletrônicos”.
Roteiro de questionário nº:_____________ Data de Avaliação: ___/___/___
Dados Demográficos
Idade:______anos
Sexo: F ( ) M ( )
Dados Socioeconômicos
Nome da Escola que estuda:____________________________________________ Série que cursa atualmente: ____________ Renda familiar em R$ ___________ ou (em salários mínimos – SM) [ ] Inferior a 1 salário mínimo (R$ 622,00) [ ] Entre 1 e 2 salários mínimos (R$ 622,00 e R$ 1.244,00) [ ] Entre 2 e 5 salários mínimos (R$ 1.244,00 e R$ 3.110,00) [ ] Entre 5 e 10 salários mínimos (R$ 3.110,00 e R$ 6.220,00) [ ] Mais de 10 salários mínimos (R$ 6.220,00) Nº de pessoas que residem na sua casa:_________
Trabalha: [ ] Não [ ] Sim [ ] de forma voluntária [ ] é pago (remunerada) [ ] apenas ajuda em casa
Dados sobre frequência e rendimento escolar
Nº de disciplinas reprovadas no ano anterior:___________ Nº de disciplinas com notas abaixo da média no semestre anterior:________ Nº de faltas no semestre anterior:_______________ Nº de faltas no último mês:_______________
DOMÍNIO 1: INFORMAÇÕES PESSOAIS
Apêndices e Anexos _____________________________________________________________________________ 76
COMPUTADOR
1)Você usa computador? [ ] Sim [ ] Não 2)Tem computador na sua casa? [ ] Sim [ ] Não 3) Você tem seu próprio computador? [ ] Sim [ ] Não 4) Desde que idade você usa computador? _______ 5) Você usa Notebook ou Tablet? [ ] Sim [ ] Não 6) Qual você usa mais? [ ] Computador [ ] Notebook/Tablet [ ] Igual 7) O que você usa mais para entrar os dados do computador? [ ] Teclado [ ] Mouse Outros:__________ 8) Quanto dias por semana você fica no computador ou Notebook/Tablet em qualquer lugar, mesmo que seja só um pouquinho?
0 1 2 3 4 5 6 Todos 9)Quanto tempo por dia, em média, você fica no computador ou Notebook/Tablet durante a semana?_______ 10) E no sábado? ___________ 11) E no domingo?___________ 12) Você ficou no computador ou Notebook/Tablet ontem? [ ] Sim [ ] Não 13) Onde? [ ] Casa [ ] Colégio Outros:______________ 14) Quanto tempo você ficou?__________ 15) Marque o que você ficou fazendo ontem no computador ou Notebook/Tablet: [ ] Tarefas escolares [ ] Usando a internet [ ] Jogos eletrônicos [ ] Redes Sociais [ ] Outros: __________
Avaliação do índice de massa corporal (IMC) MASSA CORPORAL TOTAL (kg)
Medida:_________Kg
ESTATURA (cm)
Medida:_________cm
DOMÍNIO 2: DADOS SOBRE USO DE COMPUTADOR E JOGOS ELETRÔNICOS
Apêndices e Anexos _____________________________________________________________________________ 77
16) Você usou, na semana passada, os computadores da sala de informática do colégio? [ ] Sim [ ] Não 17) Se sim, quanto tempo foi?______________
JOGOS ELETRÔNICOS
18) Você usa jogos eletrônicos? [ ]Sim [ ]Não 19) Tem jogo eletrônico na sua casa? [ ]Sim [ ]Não 20) Você tem seu próprio jogo eletrônico? [ ]Sim [ ]Não 21)Quantos dias por semana você joga jogos eletrônicos, em qualquer lugar, mesmo que seja só um pouquinho?
0 1 2 3 4 5 6 Todos 22) Quanto tempo por dia, em média, você fica jogando jogos eletrônicos durante a semana?___________ 23) E no sábado?______________
24) E no domingo?_____________ 25)Você jogou algum tipo de jogo eletrônico ontem? [ ]Sim [ ]Não 26)Onde? [ ] Casa [ ] Colégio Outros:______________ 26) Quanto tempo você jogou?_______________
PRESENÇA DE SINAIS OU SINTOMAS
Agora vamos lhe perguntar de algumas dores ou outras coisas que você sente ou sentiu. Você pode tentar lembrar? E por favor fale a verdade, combinado? 27)Você tem tido alguma dor, que não seja por algum machucado, nos últimos três meses? [ ]Sim [ ]Não 28)Foi por alguma doença? [ ]Sim [ ]Não Se sim, qual doença?___________________ 29)Quando acorda você se sente cansado? [ ]Nunca [ ] Às vezes [ ] Muitas vezes [ ] Sempre 30) Você se sente cansado, sem ter feito esforço físico, durante o dia? [ ]Nunca [ ] Às vezes [ ] Muitas vezes [ ] Sempre
Apêndices e Anexos _____________________________________________________________________________ 78
31)Você tem problemas ou dificuldades para dormir? [ ]Nunca [ ] Às vezes [ ] Muitas vezes [ ] Sempre Se você tem dor escolha no máximo 3, que não sejam por machucado, e marque no boneco o lugar onde elas doem com cores diferentes para cada uma. Não valem a dor de cabeça nem a dor de barriga!
Direita Direita 32) Algumas dessa dores andam? [ ] Sim [ ] Não 33) Quais? [ ] Vermelha [ ] Azul [ ] Verde Se você tiver dores que andam, desenhe o caminho na figura acima com a mesma cor. Por favor, deixe claro onde começa e termina a dor. 34)Lembra de mais alguma dor? [ ] Sim [ ] Não Se você lembra, por favor, marque-a na figura acima. Sem passar de três dores. Nesta parte queremos saber de algumas características dessas dores que você sente, pode ser?
a.Dor de cor: VERMELHA
b.Dor de cor: AZUL c. Dor de dor: VERDE
35.Quanto tempo faz que você tem esta dor?
[ ]Um mês ou menos [ ]De um a três meses [ ]De três a seis meses [ ]De seis meses a um ano [ ]Mais de um ano [ ]Não sabe
[ ]Um mês ou menos [ ]De um a três meses [ ]De três a seis meses [ ]De seis meses a um ano [ ]Mais de um ano [ ]Não sabe
[ ]Um mês ou menos [ ]De um a três meses [ ]De três a seis meses [ ]De seis meses a um ano [ ]Mais de um ano [ ]Não sabe
36.Quando esta dor vem quanto tempo dura?
[ ] Alguns minutos [ ]Uma a várias horas [ ]Um a vários dias [ ]Mais de uma semana [ ]Não sabe
[ ] Alguns minutos [ ]Uma a várias horas [ ]Um a vários dias [ ]Mais de uma semana [ ]Não sabe
[ ] Alguns minutos [ ]Uma a várias horas [ ]Um a vários dias [ ]Mais de uma semana [ ]Não sabe
Esquerda
Apêndices e Anexos _____________________________________________________________________________ 79
37.De quanto em quanto vem esta dor?
[ ]Todos ou quase todos dias [ ]Uma ou duas vezes por semana [ ]Uma vez por mês [ ]Mais de uma vez por mês [ ]Uma vez por ano [ ]Não sabe
[ ]Todos ou quase todos dias [ ]Uma ou duas vezes por semana [ ]Uma vez por mês [ ]Mais de uma vez por mês [ ]Uma vez por ano [ ]Não sabe
[ ]Todos ou quase todos dias [ ]Uma ou duas vezes por semana [ ]Uma vez por mês [ ]Mais de uma vez por mês [ ]Uma vez por ano [ ]Não sabe
a.Dor de cor:
VERMELHA b.Dor de cor: AZUL c. Dor de dor: VERDE
38.Geralmente está dor dá em que horário?
[ ]De manhã [ ]À tarde [ ]À noite [ ]Não tem horário [ ]Não sabe
[ ]De manhã [ ]À tarde [ ]À noite [ ]Não tem horário [ ]Não sabe
[ ]De manhã [ ]À tarde [ ]À noite [ ]Não tem horário [ ]Não sabe
39.Que nota você dá para sua dor, segundo a escala ao lado?
Hoje Nota:
Geralmente Nota:
Hoje Nota:
Geralmente Nota:
Hoje Nota:
Geralmente Nota:
40.Algumas das seguintes coisas fazem aparecer sua dor?
[ ]Frio [ ]Preocupação [ ]Jogar vídeo game [ ]Atividade física [ ]Ficar no computador [ ]Não sabe Outros:____________
[ ]Frio [ ]Preocupação [ ]Jogar vídeo game [ ]Atividade física [ ]Ficar no computador [ ]Não sabe Outros:____________
[ ]Frio [ ]Preocupação [ ]Jogar vídeo game [ ]Atividade física [ ]Ficar no computador [ ]Não sabe Outros:____________
41.Algumas das seguintes coisas fazem piorar sua dor?
[ ]Jogar jogos eletrônicos [ ]Frio [ ]Preocupação [ ]Atividade física [ ]Ficar no computador [ ]Repouso [ ]Não sabe Outros:__________
[ ]Jogar jogos eletrônicos [ ]Frio [ ]Preocupação [ ]Atividade física [ ]Ficar no computador [ ]Repouso [ ]Não sabe Outros:__________
[ ]Jogar jogos eletrônicos [ ]Frio [ ]Preocupação [ ]Atividade física [ ]Ficar no computador [ ]Repouso [ ]Não sabe Outros:__________
42.Algumas das seguintes coisas fazem melhorar sua dor?
[ ]Calor [ ]Frio [ ]Atividade física [ ]Massagem [ ]Repouso [ ]Não sabe Outros:____________
[ ]Calor [ ]Frio [ ]Atividade física [ ]Massagem [ ]Repouso [ ]Não sabe Outros:____________
[ ]Calor [ ]Frio [ ]Atividade física [ ]Massagem [ ]Repouso [ ]Não sabe Outros:____________
43.Junto com a dor você sente alguma das seguintes coisas?
[ ]Formigando/dormente [ ]Inchado [ ]Não sinto
[ ]Formigando/dormente [ ]Inchado [ ]Não sinto
[ ]Formigando/dormente [ ]Inchado [ ]Não sinto
Sem dor0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Dor máxima
Apêndices e Anexos _____________________________________________________________________________ 80
44.Pense em algumas palavras para descrever sua dor? Como é? Como que se parece? Que sentimentos lhe traz?
45.Esta dor atrapalha para alguma das seguintes coisas?
[ ]Estudar [ ]Dormir [ ]Brincar [ ]Passear/sair [ ]Fazer esporte [ ]Ir ao colégio [ ]Te deixa nervoso Outros:_____________
[ ]Estudar [ ]Dormir [ ]Brincar [ ]Passear/sair [ ]Fazer esporte [ ]Ir ao colégio [ ]Te deixa nervoso Outros:_____________
[ ]Estudar [ ]Dormir [ ]Brincar [ ]Passear/sair [ ]Fazer esporte [ ]Ir ao colégio [ ]Te deixa nervoso Outros:_____________
46.Você toma algum remédio quando está com a dor?
[ ]Sempre [ ]Às vezes [ ]Muitas vezes [ ]Nunca
[ ]Sempre [ ]Às vezes [ ]Muitas vezes [ ]Nunca
[ ]Sempre [ ]Às vezes [ ]Muitas vezes [ ]Nunca
As perguntas estão relacionadas ao tempo que você gasta fazendo atividade física na
última semana. As perguntas incluem as atividades que você faz no trabalho, para ir
de um lugar a outro, por lazer, por esporte, por exercício ou como parte das suas
atividades em casa ou no jardim.
Para responder as questões lembre que:
Atividades físicas VIGOROSAS são aquelas que precisam de um grande esforço
físico e que fazem respirar MUITO mais forte que o normal
Atividades físicas MODERADAS são aquelas que precisam de algum esforço físico
e que fazem respirar UM POUCO mais forte que o normal
Para responder as perguntas pense somente nas atividades que você realiza por pelo menos 10 minutos contínuos de cada vez.
47a Em quantos dias da última semana você CAMINHOU por pelo menos 10 minutos
contínuos em casa ou no trabalho, como forma de transporte para ir de um lugar para
outro, por lazer, por prazer ou como forma de exercício?
dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum
DOMÍNIO 3: ATIVIDADE FÍSICA ATIVIDADE FÍSICA
Apêndices e Anexos _____________________________________________________________________________ 81
47b Nos dias em que você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos quanto
tempo no total você gastou caminhando por dia?
horas: ______ Minutos: _____
48a. Em quantos dias da última semana, você realizou atividades MODERADAS por
pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo pedalar leve na bicicleta, nadar,
dançar, fazer ginástica aeróbica leve, jogar vôlei recreativo, carregar pesos leves, fazer
serviços domésticos na casa, no quintal ou no jardim como varrer, aspirar, cuidar do
jardim, ou qualquer atividade que fez aumentar moderadamente sua respiração ou
batimentos do coração (POR FAVOR NÃOINCLUA CAMINHADA) dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum
48b. Nos dias em que você fez essas atividades moderadas por pelo menos 10 minutos
contínuos, quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia? horas:
______ Minutos: _____
49a Em quantos dias da última semana, você realizou atividades VIGOROSAS por pelo
menos 10 minutos contínuos, como por exemplo correr, fazer ginástica aeróbica, jogar
futebol, pedalar rápido na bicicleta, jogar basquete, fazer serviços domésticos pesados
em casa, no quintal ou cavoucar no jardim, carregar pesos elevados ou qualquer
atividade que fez aumentar MUITO sua respiração ou batimentos do coração.
dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum
49b Nos dias em que você fez essas atividades vigorosas por pelo menos 10 minutos
contínuos quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia?
horas: ______ Minutos: _____
Estas últimas questões são sobre o tempo que você permanece sentado todo dia, no
trabalho, na escola ou faculdade, em casa e durante seu tempo livre. Isto inclui o tempo
sentado estudando, sentado enquanto descansa, fazendo lição de casa visitando um
Apêndices e Anexos _____________________________________________________________________________ 82
amigo, lendo, sentado ou deitado assistindo TV. Não inclua o tempo gasto sentando
durante o transporte em ônibus, trem, metrô ou carro.
50a. Quanto tempo no total você gasta sentado durante um dia de semana?
______horas ____minutos
50b. Quanto tempo no total você gasta sentado durante em um dia de final de semana? ______horas ____minutos
51. Quantas crises de dor de cabeça você teve, aproximadamente, após os 10 anos? 52. No último ano, por quantos dias você teve dor de cabeça? 1 – ( ) 0 dias 4 – ( ) 15 a 30 dias 2 – ( ) 1 a 7 dias 5 – ( ) 31 a 180 dias 3 – ( ) 8 a 14 dias 6 – ( ) mais de 180 dias 53. Quanto tempo dura, usualmente, sua dor de cabeça, se você toma medicamento ou se ele não funciona? 1 – ( )Menos de 30min 6 – ( )Mais de 7 dias 2 – ( )de 30min a 4 horas 7 – ( )Varia de menos de 30 min a mais de 7 dias 3 – ( )entre 4h e 24hs 8 – ( )Não se aplica 4 – ( )entre 24h e 72hs 9 – ( )Ignorado 5 – ( )entre 3 e 7 dias 54. Qual a sua localização usual? 1=Sim 2=Não 8=NSA 9=Ignorado 1.Somente no lado direito da cabeça 2.Somente no lado esquerdo da cabeça 3.Sempre bilateral 4.Alternadamente bilateral e unilateral 5.Alternamente lado direito e lado esquerdo 6.Varia muito Preencha os itens abaixo (55 a 58) se cefaleia unilateral: a cefaleia é unilateral se uma das respostas 1,2 ou 5 da questão acima for positiva. 55. 1.Sim 2.Não 8. Não se aplica 9. Ignorado
DOMÍNIO 4: PRESENÇA DE CEFALÉIA ATIVIDADE FÍSICA
Apêndices e Anexos _____________________________________________________________________________ 83
1. No Olho(orbital) 2. Acima do olho(supraorbital) 3. Supraorbital e ou temporal
56. Acompanhada de: 1.Sim 2.Não 8. Não se aplica 9. Ignorado 1. Olho vermelho 2. Suor no rosto, na
testa
3 Lágrimas no olho 4. Nariz entupido 5. Inchaço na pálpebra 6. Nariz escorrendo 7. Pupila pequena 8. Olho caído 57. Sua dor de cabeça ocorre 1vez a cada 2 dias ou até 8 vezes por dia?
( )1=Sim; ( )2=Não; ( )8=Não se Aplica; ( )9=Ignorado
58. Qual dos seguintes tipo de dor descreve melhor a sua dor de cabeça? 1.Sim 2.Não 8. Não se
aplica 9. Ignorado
1. Dor púlsatil 2. Pressão em aperto 3. Dor em facada 59. Como é a sua dor de cabeça, usualmente, quando, não toma medicamentos ou estes não funcionam?
1. ( )Dor leve, não interfere nas atividades diárias 2. ( )Dor moderada, interfere, mas não impede as atividades diárias 3. ( )Dor severa, impede as atividades diária 4. ( )Não se aplica
A sua dor de cabeça piora ao subir e descer escadas? 60. ( )1=Sim; ( )2=Não; ( )8=Não se Aplica; ( )9=Ignorado 61. A sua dor de cabeça é acompanhada por: 1.Sim 2.Não 8. Não se
aplica 9. Ignorado
1. Naúseas 2. Vômitos 3. Perda de apetite 4. A luz lhe incomoda 5 O barulho lhe incomoda
Apêndices e Anexos _____________________________________________________________________________ 84
62. Sua dor de cabeça é precedida ou acompanhada por um dos seguintes sintomas abaixo, com duração entre 4 min e 60 min(1h)? 1.Sim 2.Não 8. Não se
aplica 9. Ignorado
1. Alterações visuais 2. Alterações de
sensibilidade
3. Alterações motoras
Apêndices e Anexos _____________________________________________________________________________ 85
ANEXO 1
APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA