PRATICAS DE ENSINO VOLTADAS PARA TRABALHAR O … · 2014-04-22 · ... elaboração de um vídeo e...
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PRATICAS DE ENSINO VOLTADAS PARA TRABALHAR O ESPAÇO URBANO
NO ENSINO FUNDAMENTAL
AUTORA: Maria Aparecida Varoto
Orientadora: Prof: Ms Jully Gabriela Retzlaf de Oliveira
RESUMO
Este artigo é fruto do projeto de ensino apresentado no Programa de
Desenvolvimento Educacional PDE da Secretaria do Estado da Educação do
Paraná – SEED, e a finalidade do mesmo é apresentar o desenvolvimento do projeto
na Escola Estadual Imaculada Conceição, localizada na cidade de JacarezinhoPR,
destacando as propostas elaboradas para ensinar o espaço urbano nas aulas de
Geografia do Ensino Fundamental. Durante o desenvolvimento das propostas de
ensino buscouse destacar os diferentes atores sociais presentes no espaço urbano;
relacionar os conteúdos propostos pelas Diretrizes Curriculares Estaduais DCEs às
realidades dos alunos e tornar as aulas de Geografia mais atraentes para os alunos.
Para realização deste trabalho foi necessário: leituras e interpretação de textos
relacionados ao assunto; elaboração de propostas de ensino voltadas para ensinar o
espaço urbano e aplicação destas propostas nas aulas de Geografia do 7º ano do
Ensino Fundamental. As atividades foram elaboradas levando em consideração a
diversidade de instrumentos para trabalhar os conteúdos geográficos, sendo:
memória viva; discussão de uma obra literária; elaboração de um vídeo e música.
1. INTRODUÇÃO
Este artigo é fruto do projeto de ensino apresentado no Programa de
Desenvolvimento Educacional PDE da Secretaria do Estado do Educação do
Paraná – SEED, e a finalidade do mesmo é apresentar o desenvolvimento do projeto
na Escola Estadual Imaculada Conceição, localizada na cidade de JacarezinhoPR,
destacando as propostas elaboradas para ensinar o espaço urbano nas aulas de
Geografia do Ensino Fundamental. Durante o desenvolvimento das propostas de
ensino buscouse destacar os diferentes atores sociais presentes no espaço urbano;
relacionar os conteúdos propostos pelas Diretrizes Curriculares Estaduais DCEs às
realidades dos alunos e tornar as aulas de Geografia mais atraentes para os alunos.
Com base na experiência adquirida durante anos na sala de aula,
observase que o ensino de Geografia ficou desinteressante para grande parte dos
alunos, os mesmos se mostram pouco participativos e muitas vezes distantes da
aprendizagem deste conteúdo. Nesse sentido é importante levantar práticas de
ensino que motivam os alunos a participar das aulas de geografia de forma mais
ativa, critica e reflexiva.
O ensino de geografia escolar atualmente requer estudos que
priorizem um processo de ensinoaprendizagem que tornem as aulas mais
interessantes para os alunos e para os professores. Em virtude disso, o objetivo
deste trabalho foi o de elaborar praticas de ensino que colocam o aluno como sujeito
ativo no processo de ensino aprendizagem, enfocando especificamente a temática
urbana.
Para realização deste trabalho foi necessário: leituras e
interpretação de textos relacionados ao assunto; elaboração de propostas de ensino
voltadas para ensinar o espaço urbano e aplicação destas propostas nas aulas de
Geografia do 7º ano do Ensino Fundamental.
Aos dezoito dias do mês de agosto de dois mil e onze apresenteime a
direção, equipe pedagógica e corpo docente da Escola Estadual Imaculada
Conceição, com o projeto de Implementação pedagógica do curso PDE, com o
objetivo de socializar meus trabalhos e buscar parcerias dos colegas em ações que
se desenvolveram.
O Projeto foi apresentado aos professores na semana da Formação
continuada no mês de julho com a autorização da direção e colaboração da equipe
pedagógica.
Em agosto foi apresentada a Produção didático pedagógica em uma reunião
feita com os professores, equipe pedagógica e direção. Ainda no mês de agosto foi
conversado com os alunos a respeito do projeto e como seriam desenvolvidas as
atividades que seriam trabalhadas.
No mês de setembro foi iniciadas as atividade propriamente ditas com os
alunos, tendo o envolvimento de todos nos trabalhos.
Segundo Cavalcanti(1998) a geografia escolar tem procurado pensar seu
papel nessa sociedade em mudança, indicando novos conteúdos e reafirmando
outros. O trabalho de educação geográfica na escola consiste em levar as pessoas
em geral, cidadãos, a uma consciência da espacialidade das coisas, dos fenômenos
que elas vivenciam direta ou indiretamente como parte da história social.
Para Callai (1998, p.56) a geografia é a ciência que estuda, analisa e
tenta explicar conhecer, o espaço produzido pelo homem e enquanto matéria de
ensino, ela permite que o aluno se perceba como participante do espaço que estuda,
onde os fenômenos que ali ocorrem são resultados da vida e do trabalho dos
mesmos e estão inseridos num processo de desenvolvimento.
As orientações atuais para o ensino de geografia têm dado ênfase à
necessidade de trabalhar com os conhecimentos prévios dos alunos, de considerar
os alunos como sujeito ativo do processo de ensino aprendizagem, de buscar a
geografia do cotidiano (Kaercher, 2002; Callai, 1998; Cavalcanti, 1998). Um dos
modos de captar a geografia do cotidiano pode ser o trabalho com as
representações sociais dos alunos, e buscar essas representações tem se revelado
um caminho com bons resultados para permitir o dialogo entre o emocional, o
verbalizado e o não verbalizado, entre a ciência e o senso comum, entre o
concebido e o vivido.
Hoje não se acentua mais o papel do professor enquanto agente único do
processo de ensino, como aquele detentor do conhecimento geográfico que
apresenta ou que “repassa” o conteúdo para o aluno, que por sua vez o assimila
sem maiores questionamentos. Há muito tempo não se defende mais essa atuação
do professor, embora ela ainda continue ocorrendo nas salas de aula.
Se o professor de geografia é o mediador no processo de formação do
aluno, se a qualidade dessa mediação interfere nos processos intelectuais, afetivos
e sociais do aluno, ele tem tarefas importantes a cumprir.
2. Relato das atividades Desenvolvidas para Ensinar o conteúdo de Espaço
Urbano
As atuais propostas de ensino de geografia voltamse para a formação de
cidadãos críticos, reflexivos, considerando a perspectiva sócioconstrutivista, que o
professor é o mediador e o aluno um sujeito ativo no processo de construção do
conhecimento e, a geografia do aluno e os conceitos cotidianos trazidos na sala de
aula (OLIVEIRA; LUZ, 2010). As autoras destacam que existem vários instrumentos
de ensino, que podem ser utilizados nas aulas de geografia, tais como:
instrumento de campo: (trabalho de campo, estudo de caso, estudo do
meio, aula de campo para percepção, memória viva);
instrumentos de leituras (livros didáticos, obras literárias, enciclopédias,
bíblias, revistas, jornais, hemeroteca);
com figuras (fotografias, imagens de satélite, charge, historias em
quadrinhos, embalagens, painel, pinturas, quadrinhos de jornal, desenhos);
com utilização de equipamento da escola (quadro, retro projetor, data
show, recursos de multimídia, TV, vídeos, programas de vídeo, filmes, animações,
documentários,cinema,musica,parodia ,musicas com poemas informática,
programas de computador, internet, webquest).
de localização (representação cartográfica, bússola, mapas, mapas com
maquetes, alfabetização cartográfica, geoatlas, planta de lista telefônica, Atlas
interativo, mapa mental, globo terrestre).
materiais lúdicos batalha naval, quebra cabeça, reboliço, bingo
geográfico, perguntas/respostas, autódromo, boa viagem, jogos de atividades
econômicas, campo, conexões geográficas, jogo da velha, trilha geográfica, dominó
dos estados brasileiros;
O uso dos variados tipos de recursos didáticos requer um planejamento
adequado, considerando sua ligação ao conteúdo trabalhado e sua eficácia para
abordagem da temática estudada. Para tanto é preciso seguir uma metodologia para
utilização de qualquer instrumento de ensino, sendo: 1º preparação previa do
instrumento verificando sua eficácia no ensino do tema e o interesse do aluno pelo
mesmo; 2º aplicação do instrumento elegendo formas de aplicação do instrumento
considerando o interesse dos alunos e o assunto abordado; 3º preparação de
atividade depois da aplicação do instrumento para verificar a eficácia do mesmo no
ensino do conteúdo exposto (OLIVEIRA; LUZ, 2010).
Para ensinar o conteúdo de espaço urbano no 7º ano do Ensino
Fundamental foram elaboradas e aplicadas atividades de ensino utilizando os
seguintes instrumentos de ensino: memória viva, literatura, vídeo e musica. A seguir
serão apresentadas as atividades:
Atividade 01: Memória Viva
Esta atividade propõe trabalhar com a técnica da memória Viva para
compreensão das transformações espaciais ocorridas durante o processo de
formação da cidade de Jacarezinho. Inicialmente foram trabalhados em sala de aula
as transformações espaciais decorrentes da urbanização e em seguida os alunos
saíram a campo fazendo o levantamento de informações relevantes para a
compreensão do processo de formação da cidade de Jacarezinho e as
transformações espaciais decorrentes do mesmo. Forma realizadas entrevistas nos
órgãos públicos e com antigos moradores da cidade. Também foi observados a
paisagem urbana com destaque para os tipos de construções, infraestrutura básica
de saneamento e tratamento de água, rede de transporte, saúde e educação.
Diante dos dados levantados os alunos fizeram uma exposição de
fotografias e cartazes que evidenciou as transformações espaciais ocorridas em
Jacarezinho desde o seu surgimento até os dias atuais.
Esta atividade visou propiciar a discussão e resgate da memória viva
de JacarezinhoPr, realizando pesquisa de campo tendo como ponto de partida o
período de sua colonização ate os tempos atuais. Na pesquisa de campo observou
se a arquitetura presente na cidade desde sua fundação, como se iniciou as
construções históricas que existe ate hoje em nossa cidade, assim como a
contribuição da imigração de diferentes etnias para o nosso município.
Nessa atividade os alunos se empenharam bastante, pois a mesma
resgatou as memórias de seus familiares que muitos não conheciam e também os
lugares onde os mesmos moravam.
Atividade 02 – Discussão de Uma Obra Literária
As obras literárias são fontes de informação e conhecimento sobre
os diversos lugares do planeta. Nesta atividade propomos a utilização do livro “O
Cortiço” de Aluisio de Azevedo com a finalidade de refletir sobre os principais
problemas urbanos encontradas na periferia dos grandes centros urbanos.
Após a abordagem do conteúdo “problemas enfrentadas nos centros
urbanos” os alunos fizeram uma leitura em casa do livro “O Cortiço” e em equipe
apresentaram em sala de aula os capítulos do livro. Após a apresentação da obra foi
realizada uma discussão e comparação do assunto abordado com os principais
problemas vividos e percebidos no espaço urbano de Jacarezinho.
Houve nessa atividade um certo tumulto, pois a realidade
apresentada pela obra foi de encontro com a realidade de muitas pessoas
conhecidas e dai todos queriam falar ao mesmo tempo, mas ouve tempo suficiente
para todos falar alguns minutos. Essa experiência foi muito proveitosa.
Atividade 03 – Elaboração de um Vídeo
Nessa atividade cada equipe fez seu próprio vídeo, ressaltando um
aspecto da realidade ambiental do município de jacarezinho, como hidrografia,
solos, entre outros. Em seguida, em sala de aula os vídeos foram apresentados e na
seqüência foi feito um diagnóstico ambiental da cidade. Houve a participação de
quase todos porque alguns alunos foram transferidos do colégio para outras
cidades, assim algumas equipes ficaram em desvantagens, mas mesmo assim o
trabalho foi bem sucedido.
Atividade 04 Música
A musica é um instrumento que vai servir de fixação dos conteúdos
trabalhados, geralmente será escolhida a musica que tiver uma relação com os
conteúdos trabalhados em forma de poema, reescrevendo a letra de acordo com o
assunto trabalhado em sala de aula e fazendo uma comparação com a realidade
local, condições de vida na periferia.
Para essa atividade selecionamos a música ”Alagados”, com o
objetivo de entender através da musica as condições de vida na periferia.
Alagados Os Paralamas do Sucesso
Composição: Herbert Viana/ Bi Ribeiro
Todo dia o sol da manhã
Vem e lhes desafia
Traz do sonho pro mundo
Quem já não o queria
Palafitas, trapiches, farrapos
Filhos da mesma agonia
E a cidade que tem braços abertos
Num cartão postal
Com os punhos fechados na vida real
Lhe nega oportunidades
Mostra a face dura do mal
Alagados, Trenchtown, Favela da Maré
A esperança não vem do mar
Nem das antenas de TV
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
Todo dia o sol da manhã
Vem e lhes desafia
Traz do sonho pro mundo
Quem já não o queria
Palafitas, trapiches, farrapos
Filhos da mesma agonia
E a cidade que tem braços abertos
Num cartão postal
Com os punhos fechados na vida real
Lhe nega oportunidades
Mostra a face dura do mal
Alagados, Trenchtown, Favela da Maré
A esperança não vem do mar
Nem das antenas de TV
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
Alagados, Trenchtown, Favela da Maré
A esperança não vem do mar
Nem das antenas de TV
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
Alagados, Trenchtown, Favela da Maré
A esperança não vem do mar
Nem das antenas de TV
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
Alagados, Trenchtown, Favela da Maré
A esperança não vem do mar
Nem das antenas de TV
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé
Mas a arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé.
Após a apresentação do clipe os alunos ficaram indignados com
uma realidade até então desconhecidas por eles, pois o mundo em que vivem é
totalmente diferente da realidade apresentada no vídeo. Foi um momento de
reflexão, de questionamentos sobre nossas vidas, sobre as nossas atitudes e como
poderemos e contribuir para que essa realidade seja transformada.
Considerações Finais
Em alguns momentos da implementação tivemos dificuldades em coletar
dados, entrevistas com moradores antigos, alguns alunos não se empenharam nas
tarefas desenvolvidas pelo grupo, mas, por outro lado a comunidade foi bem
receptiva e assim o projeto pode ser desenvolvido e continuará a ser trabalhado
também por outros colegas.
Estiveram presentes na implementação do projeto a coordenadora do PDE e
do Núcleo regional de Educação de Jacarezinho Miriam Olivieri juntamente com sua
equipe e assistiram as apresentações realizadas pelos alunos do 7º ano da escola
estadual Imaculada Conceição de Jacarezinho.
Finalizamos nossas atividades com a alegria de ter partilhado um pouco de nosso
projeto, agradecendo a todo(as) pela colaboração, onde a sociedade será
beneficiada com esse processo de tornar nossos educandos cidadãos críticos,
reflexivos, atuantes na sociedade.
Para mim foi uma experiência totalmente diferente participar desse projeto, a cada
nova atividade pude ver a alegria, a curiosidade de cada um em saber como iria se
dar os trabalhos propostos e também como seria a apresentação para a
comunidade, a direção da escola e o pessoal do NRE que estiveram presentes.
Mudando assim nossa visão de que todos foram capazes de dar sua contribuição
tornando um projeto enriquecedor e que outras disciplinas também fizeram parte
ajudando na elaboração e aplicação do mesmo.
Referencias
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reflexões. Porto Alegre: Editora da UFRGS: Associação dos Geógrafos Brasileiros,
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CAVALCANTI, L.S. Geografia, escola e construção de conhecimentos. Campinas:
Papirus,1998.
OLIVEIRA, J . G.R; LUZ, C. E. O Ensino de Geografia Frente a Multiplicidade de
Recursos dos tradicionais às novas Tecnologias .In: XVI ENCONTRO NACIONAL
DE GEOGRAFOS ‘CRISE, PRAXIS e AUTONOMIA: Espaços de Resistência e de
Esperanças Espaço de Diálogos e Praticas,”2010,Porto Alegre/RS. Anais...Porto
Alegre/RS,2010.
KAERCHER, N. A. O gato comeu a geografia critica? Alguns obstáculos a superar
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(Org.) Geografia em perspectiva. São Paulo: Contexto, 2002.