PP_87

16
AUGUSTA GERN Brasil sem homofobia. Projeto aprovado pelo MEC gera polêmica na sociedade O projeto Escola sem Homofobia foi criado para abordar a questão da homossexualidade com alunos do ensino fundamental e médio. O kit composto por boletins e materiais audiovisuais será distribuído para professores de escolas publicas este ano. EDUCAÇÃO | PÁGINA 7 Inaugurada em 2004, a Arena Joinville aguarda a retomada para conclusão das obras ESPECIAL | PÁGINA 5 Os tablets possibilitam às pessoas carregarem verdadeiras bibliotecas Apaixonados pela leitura aderem cada vez mais aos livros digitais. Os e-books ficam populares e caem no gosto principalmente dos jovens. ESPECIAL | PÁGINAS 8 E 9 JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO BOM JESUS/IELUSC JOINVILLE, MAIO DE 2011 - EDIÇÃO 87 - GRATUITO Saiba como está o planejamento para a construção do parque municipal de Joinville A cidade possui diversos espaços possíveis para serem áreas de lazer como Morro do Finder e Boa Vista, porém os problemas burocráticos impedem o início dos projetos. MEIO AMBIENTE | PÁGINA 13 Conheça a origem do esporte que tem crescido no país, gerado investimento de times tradicionais e conquistado adeptos: o “football brasileiro” ESPORTE | PÁGINA 4 www.primeirapautaielusc.blogspot.com Organizações sem fins lucrativos buscam ajuda profissional para captação de recursos ONGs de Joinville têm dificuldades e dependem de doações e apoio da comunidade para sobreviverem. Feiras, bazares, caixas em pontos comerciais e parcerias com órgãos públicos são algumas das estratégias utilizadas para arrecadar verbas. ESPECIAL | PÁGINA 11 COMPORTAMENTO | PÁGINA 12 Tinta na agulha A tatuagem como forma de expressão é usada há mais de 3.500 anos. LUÍSA DESIDERÁ COMPORTAMENTO | PÁGINAS 14 E 15 O lado de Joinville que não costuma aparecer CHUMBINHO BECKER ENTREVISTA | PÁGINA 3 Um grande piloto é feito de uma soma de detalhes. É o preparo físico, mas também é olhar para a pista” DIVULGAÇÃO BÁRBARA ELICE

description

carregarem verdadeiras bibliotecas Saiba como está o planejamento para a construção do parque municipal de Joinville www.primeirapautaielusc.blogspot.com CHUMBINHO BECKER ESPECIAL | PÁGINAS 8 E 9 Brasil sem homofobia. Projeto aprovado pelo MEC gera polêmica na sociedade Um grande piloto é feito de uma soma de detalhes. É o preparo físico, mas também é olhar para a pista” JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO BOM JESUS/IELUSC JOINVILLE, MAIO DE 2011 - EDIÇÃO 87 - GRATUITO

Transcript of PP_87

Page 1: PP_87

AUGUSTA GERN

Brasil sem homofobia. Projeto aprovado pelo MEC gera polêmica na sociedade

O projeto Escola sem Homofobia foi criado para abordar a questão da homossexualidade com alunos do ensino fundamental e médio. O kit composto por boletins e materiais audiovisuais será distribuído para professores de escolas publicas este ano.

EDUCAÇÃO | PÁGINA 7

Inaugurada em 2004, a Arena Joinville aguarda a retomada para conclusão das obras

ESPECIAL | PÁGINA 5

Os tablets possibilitam às pessoas carregarem verdadeiras bibliotecasApaixonados pela leitura aderem cada vez mais aos livros digitais. Os e-books ficam populares e caem no gosto principalmente dos jovens.

ESPECIAL | PÁGINAS 8 E 9

JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO BOM JESUS/IELUSC JOINVILLE, MAIO DE 2011 - EDIÇÃO 87 - GRATUITO

Saiba como está o planejamento para a construção do parque municipal de JoinvilleA cidade possui diversos espaços possíveis para serem áreas de lazer como Morro do Finder e Boa Vista, porém os problemas burocráticos impedem o início dos projetos.

MEIO AMBIENTE | PÁGINA 13Conheça a origem do esporte que tem crescido no país, gerado investimento de times tradicionais e conquistado adeptos: o “football brasileiro”

ESPORTE | PÁGINA 4

www.primeirapautaielusc.blogspot.com

Organizações sem fins lucrativos buscam ajuda profissional para captação de recursosONGs de Joinville têm dificuldades e dependem de doações e apoio da comunidade para sobreviverem. Feiras, bazares, caixas em pontos comerciais e parcerias com órgãos públicos são algumas das estratégias utilizadas para arrecadar verbas.

ESPECIAL | PÁGINA 11

COMPORTAMENTO | PÁGINA 12

Tinta na agulhaA tatuagem como forma de expressão é usada há mais de 3.500 anos.

LUÍSA

DES

IDER

Á

COMPORTAMENTO | PÁGINAS 14 E 15

O lado de Joinville que não costuma aparecer

CHUMBINHO BECKER

ENTREVISTA | PÁGINA 3

Um grande piloto é feito de uma soma de detalhes. É o preparo físico, mas também é olhar para a pista”

DIVULGAÇÃO

BÁRB

ARA

ELICE

Page 2: PP_87

02 Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA Opinião

O show midiático na cobertura de RealengoNo mês passado foi comemorado o dia do jorna-

lista, e, este ano, o presente veio em forma de pauta. Todos os veículos de comunicação e seus profissionais se movimentaram de alguma maneira para contar o caso do atirador da escola de Realengo. A disputa pela informação em primeira mão entre as grandes corpo-rações lembrou o período da Guerra Fria, quando Es-tados Unidos e União Soviética travavam uma corrida armamentista. A comparação é possível: as potências — midiáticas ou bélicas — mostram ao que vieram, mas não chegam efeti-vamente ao seu objetivo, que no caso do jornalismo é levar a informação ao público. Tudo gira em torno de quem é melhor, ou parece ser.

As empresas de comunicação costu-mam se sustentar por três pilares: jor-nalístico, administrativo e comercial. Em teoria, são áreas independentes, mas quando acontecem fatos como o da es-cola do Rio de Janeiro tudo se mistura. O sensaciona-lismo que regeu a cobertura de Realengo dá o tom ao desenrolar dos fatos. A maior audiência das empresas estimula o comercial, que por sua vez faz com que o se-tor administrativo tome decisões que priorizem certas coisas. Tudo isso é rebocado pela força de trabalho jor-nalística. Quanto mais o jornalista produzir em menos tempo, mais lucro a empresa terá.

Pelo lado do público também há uma aparente

ganância pelo sensacionalismo. As empresas de co-municação sugerem o sensacionalismo e o público garante a audiência. Uma combinação quase perfeita para que esse ciclo não se modifique. E não importa a plataforma, seja ela TV, rádio, impresso ou internet. As pessoas recebem esse bombardeio de informações, sem saber o que selecionar nem como podem refletir sobre o fato.

É nesse contexto que muitos profissionais colocam de lado uma série de princípios éticos e morais de jornalismo e abraçam a corri-da frenética das empresas pela maior au-diência. Não importa o choque que as informações causam na sociedade, nem pela cena de um assassino morto sen-do mostrado ao vivo ou pela entrevista com uma criança ainda com as roupas sujas de sangue.

Isso tem que parar. Os jornalistas precisam ter autonomia e saber qual o

seu verdadeiro papel na sociedade. Os veículos de co-municação não precisam ser apenas um meio de deixar mais rico quem já é rico. O jornalismo se mostrou di-versas vezes na história como uma forma de levar cons-cientização até as pessoas, mas da forma como funcio-na hoje só ajuda a alienar ainda mais. Cabe também à sociedade que cobre mudanças. Não é mais admissível que as informações que recebemos pela imprensa sejam pautadas por outros interesses que não os da maioria.

editorial

É inadmissível que as informações que recebemos

sejam pautadas por interesses escusos

MANIPULAÇÃO

em foco

@twitter O que os jornalistas falam em 140 caracteres

@nilsonlage Em casos como o de Realengo, o certo é focar a cobertura nas vítimas. O foco no criminosos o torna modelo a ser copiado por outros malucos.Professor universitário (UFSC e UFRJ) aposentado compulsoria-mente em 2006. Doutor em Linguística, com ênfase em semântica.

@upiara O desarmamento é uma discussão válida, mas não tem nada a ver com o que aconteceu em Realengo. Já atuou no jornal A Notícia de Joinville e hoje está no Diário Catarinense, em Florianópolis.

@realwbonner Daqui a 50 anos, quando pesquisadores forem vasculhar arquivos da imprensa, terão um registro valioso da tragédia brutal que vimos ontem.Editor-chefe e apresentador do Jornal Nacional. Seu perfil no twitter tem quase 1,5 milhão de seguidores.

@ joseantoniobaco “Como todo jornalista é candidato a intelectual, abriga a ilusão de que tem poder. Mas, no jornal o poder é do dono”. Cláudio Abramo.Apresenta-se no twitter como jornalista e publicitário. Tem ligação com Joinville, mas atualmente reside em Lisboa.

@__MAG__ Será muito pedir um pouco de sobriedade da mídia na cobertura dessa tragédia já em si tão chocante? por que sempre exagerar o já exagerado?Jornalista da Folha de São Paulo.

@samucalima O impacto humano profundo da tragédia na escola mun. Tasso da Silveira expõe o despreparo da grande mídia para cobrir os fatos lamentáveis.Jornalista, professor da Faculdade de Comunicação da UnB e professor-visitante do curso de jornalismo da UFSC.

AO PÉ DA LETRA. Trauma no uniforme e trauma no corpo. São lances como o da foto que fazem do futebol ame-ricano um esporte de contato físico. As proteções dos jogadores não são à toa. As jogadas não poupam força e nem quem tem medo de se sujar na hora de garantir o ponto. Vale a pena conferir uma partida para conhecer um pouco melhor esse esporte importado.

DIRETOR GERAL DO BOM JESUS/IELUSC | Tito Lívio Lermen

COORDENADOR DO CURSO | Sílvio Melatti

DISCIPLINA | Jornal Laboratório II

PROFESSOR RESPONSÁVEL | Lucio Baggio

SECRETÁRIO DE REDAÇÃO | Eduardo Schmitz

EDITOR GRÁFICO | Edinei Schimieguel Knop

DIAGRAMADORES | Aline Seitenfus, Emanoele Girardi, Francine Ribeiro e Ronaldo Santos

EDITORES DE TEXTO | Ariane Pereira, Daiana Constantino, Fabiane Borges, Fernanda Rosa, Gustavo Cidral, Neyfi Müller e Tiffani dos Santos

REPÓRTERES | Ana Paula da Silva, Augusta Gern, Bárbara Elice da Silva, Diego Porcincula, Gabriel Fronzi, Jaqueline Dias, Lizandra Carpes da Silveira, Marlon de Souza, Matheus Mello, Mayara Silva, Patrícia Schmauch e Polianna Moraes.

EDITORA DE FOTOGRAFIA | Jéssica Michels

FOTÓGRAFOS | Ana Luiza Abdala, Augusta Gern, Camilla Gonçalves, Gisele Silveira, Jaqueline Dias, Jacqueline Mello, Luísa Desiderá e Polianna Moraes

IMPRESSÃO | A Notícia

TIRAGEM | 3 mil exemplaresContato com a redaçãoEndereço: Rua Princesa Isabel, 438 - Centro CEP 89201-270 | Joinville | Santa Catarina

Telefone: (47) 3026-8000 - Fax: (47) 3026-8090E-mail: [email protected]: primeirapautaielusc.blogspot.com

Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social - JornalismoAssociação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc

XXI Prêmio de Direitos Humanos de Jornalismo, MJDH - OAB/RS, 2004

EDIÇÃO 87 | MAIO DE 2011

@SergioRafael Jornalismo mesquinho disfarçado de informação, museu de curiosidades bizarras sobre a vida de pessoas, espetacularização da tragédia.Na descrição do seu twitter defende a liberdade de opinião como imprescindível. Tem simpatia por política, cultura e educação.

Diagramação de Ronaldo Santos | Edição de Ariane Pereira e Eduardo Schmitz

LUÍSA DESIDERÁ

Sugira tweets para a coluna do Twitter no jornal Primeira Pauta. Sua opinião é muito importante!

Siga: twitter.com/primeira_pauta

Page 3: PP_87

03Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTAEntrevista | Chumbinho Becker

Diagramação de Ronaldo Santos | Edição de Tiffani dos Santos

14 vezes campeão brasileiro e líder do campeonato 2011, Chumbinho faz do esporte uma metáfora da vida

Seu nome é Milton Becker, mas é como Chumbinho que ficou conhecido. O piloto de motocross lembra um daqueles personagens

tirados de um filme de ação, em que vive pela aventura. É a adrenalina que lhe dá o sentido da existência. Venceu mais de 14 competições nacionais de motocross.

No dia 29 de julho do ano passado, liderava novamente a competição nacional na categoria MX3 450 cilindradas (cc), quando sofreu um acidente no treino — quebrou quatro costelas e teve o baço perfurado. Ficou quatro dias internado na Unidade de Trata-mento Intensivo (UTI) do Hospital Dona Helena em Joinville. Depois de um processo de recuperação e treinamento, atualmente está em primeiro na classificação geral da categoria MX4 450 cc, na Super Liga Brasil de Motocross e também lidera o Campeonato Brasileiro de Motocross. Disputa seu 15º título. Chumbinho é um exemplo de su-peração.

Nasceu em 1967 em Ituporan-ga, cidade localizada a 167 km de Florianópolis. É filho de agricul-tores e, aos 9 anos, trabalhava na lavoura junto com os pais. Aos 16 anos começou a trabalhar em uma oficina de motos. Em 1983, com uma moto emprestada na própria oficina em que trabalhava — uma Yamaha DT 180 cc —, disputou a primeira corrida. “Andei bem, mas caí e me ralei um pouco”, recorda.

A família o incentivou. Seguiu no campeonato regional e naquele ano ficou em segundo na classifi-cação geral. No ano seguinte, dis-putou o campeonato catarinense e foi pela primeira vez campeão estadual. Na cidade de São Miguel do Oeste, correu pelo campeonato brasileiro, liderou parte da prova e terminou em segundo. Em Chape-có, no ano de 1989, em uma nova prova do Campeonato Brasileiro, liderou parte dela e terminou em primeiro. Daí em diante não parou mais. Em 1990, já corria profissio-nalmente por Chapecó.

Já consagrado campeão, em 2006, o piloto foi preso pela Polícia Federal acusado de contrabandear motos do Uruguai e de revender no Brasil. Ele nega e ainda hoje o Ministério Público não provou o seu envolvimento no caso. Foi durante um treino junto aos seus assistentes e mecânico que Chum-binho concedeu esta entrevista ao Primeira Pauta.

PRIMEIRA PAUTA - Quando você chegou à Joinville? CHUMBINHO BECKER - Vim para Joinville em 1992, para compe-tir no campeonato estadual onde moro até hoje, no bairro Floresta.

PP - O que você acha que o diferencia dos outros pilotos?CHUMBINHO - Mesmo aos 44 anos, pratico exercícios físi-cos diariamente na academia de casa. Treino quase todos os dias das 13 às 17 horas na pis-ta do Ipê, um terreno à beira da BR-101, no bairro Costa e Silva. Além disso, eu mesmo arrumo com a enxada a área de escape da pista e acerto os obstáculos de barro. Isso faz parte do meu exercício físico. O trabalho com a enxada dá calos na mão, isso é importan-te, pois se o piloto tiver a mão frágil no final de uma corrida, a mão fica em carne viva. (con-ta mostrando as mãos)

PP - O que move a sua vida?CHUMBINHO - O que me move é a possibilidade de ganhar. Uma corrida de moto é isso, é superar o outro e é se superar. É conse-guir achar o caminho para ser mais rápido e ganhar a corrida.

PP - E como você fez para ser tan-tas vezes campeão? CHUMBINHO - Tem que ser apai-xonado. Tem as coisas boas, mas também tem muita coisa ruim e diante das dificuldades não pode desistir. Aí é que tem que ter dedicação.

PP - O preparo da moto conta muito?CHUMBINHO - Muito. Desde como o piloto segura no guidão até mesmo como ele posiciona o pé na pedaleira. Uma boa es-colha do pneu também faz dife-rença. Para se ter uma ideia, só no suporte traseiro da moto há quatro regulagens diferentes.

PP - E o preparo físico? CHUMBINHO - O preparo físico conta e muito, mas também a estratégia adotada pelo piloto. Se o piloto usar toda a ener-gia no início da prova, antes da metade da corrida ele está exausto. Tem que saber distri-buir esse esforço físico.

PP - Você prefere a pista seca?CHUMBINHO - Eu prefiro a pista molhada. Com a pista úmida você usa mais o freio, mexe mais

Tem que ser apaixonado. Tem as coisas boas, mas também tem muita coisa ruim e diante das dificuldades não pode desistir. Aí é que tem que ter dedicação”

Marlon de [email protected]

Caçador de emoções sobre duas rodasa moto, o piloto aparece mais.

PP - Nunca se interessou pelo cir-cuito internacional?CHUMBINHO - Quando me mudei de Ituporanga para Joinville pra correr, minha mãe ficou triste. Eu era adolescente, de cidade pequena, foi difícil para minha família. Logo que eu comecei a me destacar no campeona-to nacional recebi um convite para ir aos EUA disputar o campeonato internacional por uma equipe de lá. Eu não fui porque fiquei preocupado com a minha mãe, se ela não recebeu bem quando vim para Joinville, imaginei como ela ficaria se eu fosse para fora do país. Mais tarde cheguei a correr uma eta-pa do mundial na França, mas caí logo nas primeiras voltas e não me classifiquei. A minha equipe e eu chegamos a pensar em correr o mundial, mas re-quer um investimento grande. Tem que levar toda a equipe, toda uma estrutura para vários países durante todo o ano e não há patrocínio. A única forma viável seria se eu me mudasse para um país que invista nessa modalidade, aí se tornaria viá-vel, mas isto não está nos meus planos atualmente.

PP - Se você fosse apresentar uma fórmula para alguém ser um gran-de piloto, qual seria?CHUMBINHO - Um grande piloto é feito de uma soma de deta-lhes. É o preparo físico, mas também é olhar para a pista e saber qual é a linha mais rá-pida e mesmo quando o pilo-to estiver na linha mais lenta, mesmo assim, ele tem como conseguir ser mais rápido que o adversário. A experiên-cia permite que o piloto saiba qual é a linha mais rápida. Por exemplo, quando há uma ram-pa tem aqueles que ao se apro-ximarem, param de acelerar e pulam a rampa apenas com o impulso. Eu ganho tempo aí, acelero até o mais próximo possível, então eu freio para dar o pulo. Há ainda formas de pular mais alto para ultra-passar no ar um adversário ou pular mais longe para quando tocar no solo já cair na frente. Isso tudo depende da corrida. É a corrida que vai determinar a ação do piloto.

O que me move é ganhar. Uma corrida de moto é conseguir achar o caminho para ser mais rápido”

FoToS: BÁRBARA ELICE

Page 4: PP_87

04 EsporteDiagramação de Francine Ribeiro | Edição de Fernanda da Rosa

Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA

Esporte popular nos EUA, o futebol americano cresce no país e ganha adeptos em diversos estados

O “football” ganha destaque no Brasil

Rúgbi também está crescendoSe o filho está se fortalecen-

do, o pai não fica atrás. O rúgbi, esporte que serviu de base para a criação do football na segunda metade do século XIX por univer-sidades americanas, aos poucos, ganha adeptos por todo o país. O segundo esporte mais praticado no mundo, apenas atrás do ‘nos-so’ futebol, tem menos apoio que seu descendente, contudo, vem fazendo história no cenário con-tinental. Na modalidade sevens, na qual são sete atletas em vez de quinze, a seleção brasileira femini-na conseguiu o hepta campeonato no início deste ano, no município de Bento Gonçalves- RS. Já entre os homens, o Brasil ficou em ter-ceiro lugar, melhor resultado da história, além de vencer a Argen-tina, potência do esporte, pela pri-

meira vez. Ambas estão classifica-das para os jogos pan-americanos em Guadalajara este ano e, a partir de 2016, nas olimpíadas do Rio de Janeiro, o rúgbi sevens será espor-te olímpico.

O cOmeçODentre muitas histórias sobre o

rúgbi, uma delas explica de forma curiosa a origem do esporte. Em um jogo de futebol na Inglaterra, um jovem estava achando aquele esporte monótono e sem graça. Em um ato de loucura, ele pegou a bola com as mãos e saiu corren-do em direção ao gol adversário. Seus oponentes teriam o agarra-do, tentando impedir sua corrida. Tal partida, segundo a história, ocorreu na Rugby School, em Rugby, Inglaterra. O nome deste

aluno era Willian Wabb Ellis, que dá nome ao troféu da IRB World Cup, a copa do mundo de rúgbi.

Já o futebol americano co-meçou a se desenvolver após um consenso de regras entre as uni-versidades de Yale e Harward, que jogavam o rúgbi de maneiras dife-rentes. Na década de 1870, ocor-reu a Massoit Convencion, que implantou as principais mudanças que distanciaram o football de seu ascendente. Uma das diferenças notáveis entre os dois esportes é o número de jogadores. No rúgbi, 15 jogadores ou sete em campo, no football, 11. Também se difere a duração de cada partida, no rúg-bi são dois tempos de 40 minutos, ação contínua; já no football são 4 tempos de 15 minutos, o relógio pode ser parado constantemente.

Que o Bra-sil é o país do futebol, todo mundo sabe. O que poucos têm

conhecimento é o crescimento considerável nos últimos anos de um esporte que movimenta a paixão de milhões de pessoas e ativa a circulação de bilhões de dólares: o futebol americano. O famoso jogo da bola oval possui confederação e ligas organizadas, tanto em nível es-tadual quanto na-cional. No entanto, o pouco incentivo financeiro faz com que os praticantes façam da modali-dade um hobby, e não uma profissão.

Se para nós é praticamente obri-gação escolher um time de futebol (o mesmo do pai, de preferência), assistir aos jogos, jogar com os amigos na escola desde peque-no, nos Estados Unidos não é diferente. O football é uma paixão nacional, o esporte mais popular da América. “Os milhões de fãs de costa a costa fazem do esporte o mais emocionante e incrível”, afirma Jason Tate, 24 anos, atleta recém contratado pelo Joinville Gladiators que, durante a facul-dade nos EUA, atuou na liga uni-

versitária de futebol americano, a NCAA. Apesar das diferenças técnicas nos dois países, Jason está extremamente eufórico com a oportunidade de trocar conhe-cimento com os praticantes bra-sileiros. “Joinville é uma grande cidade e estou ansioso para en-sinar e aprender sobre footbaal com meus companheiros de time. Quero fazer história na equipe e na cidade”, almeja.

O Gladiators é uma das re-ferências do esporte no Brasil.

Bicampeão catari-nense (e buscando o tricampeona-to), foi finalista da conferência Sul na segunda edição da Liga Brasileira de Futebol America-no (LBFA) no final do ano passado. A passos pequenos,

porém importantes, o número de adeptos deste futebol diferente do nosso aumenta, principalmen-te no sul e no sudeste do país. “Foi feita uma pesquisa durante a última LBFA na qual foi constata-da um enorme avanço do esporte no sul e no sudeste brasileiro.

Enquanto no sul comenta-se mais sobre futebol americano, o sudeste ganha em número de jo-gadores”, explica Romenito Silva, jogador e presidente do Gladiators. Além disso, outros fatores mos-

tram tamanho desenvolvimento: o último try out (seletiva de joga-dores) dos glads em Joinville reu-niu cerca de 400 pessoas; no eixo Rio- São Paulo, times de grande tradição do ‘nosso’ futebol estão patrocinando e apoiando clubes de FA. Santos Tsunamis, Corin-thians Steamrollers, Fluminense Imperadores e Vasco Patriotas são exemplos desta parceria.

Matheus [email protected]

No Sudeste, o futebol tradicional investe

no football, um exemplo disso é o time

Santos Tsunamis

EXPANSÃO

110 milhões de pessoas as-sistem pela televisão o Super Bowl, final da NFL. Dessa forma, tem os maiores índices de audi-ência no país. 232. É o número de países que o Super Bowl é transmitido, e é narrado em 30 idiomas. 300 mil pessoas estavam pre-sentes no último Super Bowl, que aconteceu em Arlington, no Texas.

U$ 10 bilhões foram gasta-dos aproximadamente pelos visitantes do evento. U$1 milhão é o preço por se-gundo cobrado para exibir um comercial durante o intervalo do Super Bowl. A rede Pizza Hut de-sembolsou U$30 milhões para um comercial de 30 segundos U$9 milhões é o faturamento anual da NFL

Os números do esporte

FuteBOl ameRicanO

Joinville Gladiators (esquerda) enfrenta Jaraguá Breakers (direita) pela terceira rodada do campeonato catarinense de futebol americano

Shoulder Pads: R$200*

Capacete: R$610**

Proteção para coxas, joelho e quadril: R$50

*Este valor refere-se ao fabricante importado. O preço do pad feito no Brasil é similar.

**O artigo mais caro entre todos os artigos de proteção. Este valor é referente ao fabricante importado, pois não há produção de capacetes no território brasileiro.

luísa DEsiDERá

No Brasil, o futebol americano não é muito divulgado, por isso muitos brasileiros não sabem o

que o esporte representa para a economia dos EUA. Abaixo, dados que mostram a força do football:

Page 5: PP_87

Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTAEspecial 05

Diagramação de Francine Ribeiro | Edição de Fabiane Borges

O sonho join-vilense de c o n s t r u i r um estádio M u l t i u s o parecia en-

caminhar para um final feliz. A Arena Joinville estava comple-tamente planejada, e tinha bons indícios de que daria certo. Mas poucos se deram conta de que se tratava de uma obra política, o resultado do atropelamento das situações é o que se vê atualmen-te. Ainda hoje, o prefeito de Join-ville, Carlito Merss, afirma ter perdido a eleição de 2004 devido à inauguração do estádio. “Eu es-tava eleito e a Arena Joinville me derrubou”, garante.

O projeto do gigante de con-creto, construído na época do mandato do prefeito Marco Tebal-di, foi gerenciado pela Excem, em-presa de Curitiba responsável por fazer o investimento dar certo, na medida em que o custo-benefício fosse mútuo. A Excem cuidaria dos camarotes para licitação e dos espaços que poderiam ser comer-cializados no interior do estádio, como lojas, praça de alimentação e agências bancárias. Entretanto, a empresa paranaense deparou-se com um problema.

No projeto inicial da Arena Joinville, constava a abertura da Rua Coronel Francisco Gomes para que a torcida visitante e o clube adver-sário pudessem entrar pelos fundos do estádio. Porém, esse terreno, que

hoje é propriedade da Comfloresta, contém 40 mil toneladas de entu-lho que não podem ser retiradas do local. Com isso, essa parte da obra também parou e não existe previsão de progresso. O empresário Nival-do Scremin, diretamente ligado à prefeitura, garante que o local do lixo não pode ser alterado, pois não existe estrutura física na cidade para abrigar o que hoje se encontra aos fundos do estádio municipal.

A Excem tinha como ideia ven-der o “nome” da Arena Joinville. Algo parecido com o que foi feito na Arena da Baixada, em Curitiba, que tem o nome social Kyocera Arena, devido à comercialização realizada junto à empresa japone-sa Global Kyocera. Naturalmente,

como não houve conclusão do pro-jeto, não houve compradores inte-ressados em pagar os valores exigi-dos pela empresa curitibana, cujos números não foram revelados.

Outro projeto vinculado à Are-na Joinville, que também não se-guiu em frente, foi o da construção de um elevado entre a saída do está-dio e a Rua Nacar, no bairro Guana-bara, para desafogar o trânsito nas horas de pico. Desde aquele tempo, em 2004, o local já apresentava pro-blemas. Além disso, o estádio, em 2008, começou a preocupar. Logo após a conclusão da segunda parte da obra, as rachaduras começaram, o terreno cedeu e as infiltrações tornaram-se frequentes. “Talvez o tipo de cimento utilizado na obra

não tenha sido o adequado. Natu-ralmente que por se tratar de uma obra política também houve um atropelamento no planejamento, o que dificultou ainda mais as coi-sas. O estádio é construído em uma área de mangue. Era óbvio que isso aconteceria”, garante o engenheiro Fernando Simas.

Deste modo, acabou o dinhei-ro. Faltam ainda cerca de 20 mi-lhões para a conclusão total do pro-jeto, e sem um retorno em médio prazo, a empresa curitibana decidiu abandonar o restante das obras. Em 2009, Jorge Luis do Nascimento, presidente da Fundação Municipal de Esportes e Lazer de Joinville, a Felej, garantiu que a prefeitura iria atrás da verba para a conclusão da

obra. “Vamos atrás do valor para a terceira parte. Precisamos de apoio político”, destacou.

Em maio do ano passado, o então governador Luiz Henrique da Silveira alegou, em entrevista à Rádio Cultura de Joinville, que fal-tava humildade para os políticos da cidade em pedir auxílio. “Querem terminar a Arena, mas ninguém nos comunica, ninguém nos pro-cura para falar sobre isso. Se fize-rem um levantamento completo, levaremos os valores até o governo federal para que essa obra possa ser concluída”, garantiu.

Apenas um ano depois, prati-camente, o governo do estado vi-sitou a Arena. Na ocasião, estava o deputado estadual Darci de Mattos e o secretario do Turismo, Esporte e Cultura do Estado, César Souza Júnior, que se assustou com a situ-ação do complexo esportivo. “O estádio sequer completou dez anos e já esta neste estágio. Consigo per-ceber várias infiltrações e problemas primários. Já existem rachaduras em um projeto que deveria estar próxi-mo às obras de primeiro mundo”, salientou o secretário.

Até o momento, não há novi-dades em termos de investimentos para a conclusão da obra. O maior estádio de Santa Catarina permane-ce inacabado e segue com diversos problemas estruturais e em cons-tante degradação.

Gabriel [email protected]

Oito anos depois da inauguração, o estádio já apresenta diversos problemas, como rachaduras e infiltrações

A paralisação das obras na Arena Joinville

ESTÁDIO MUNICIPAL, DO MODELO AO REFUGO

FOTOS: pOLIANNA mORAES

O abandono e o descaso pode ser percebido através das infiltrações e rachaduras presentes em todo a estrutura. Nas três primeiras fotos, as rachaduras são visíveis nas arquibancadas. A última imagem mostra o entulho acumulado nos fundos do estádio

MAIO

A paralisação das obrasJUNHO

O abandonoABRIL

A promessa

Inaugurada em 2004, a Arena Joinville aguarda pela finalização das obras

Page 6: PP_87

06 EducaçãoDiagramação de Francine Ribeiro | Edição de Daiana Constantino

Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA

As chances de ingressar em universidades privadas aumen-taram no Brasil. Isso porque, os programas de incentivo à Educação como o Artigo 170, o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) oferecem ajuda financei-ra aos acadêmicos.

O ProUni e o Artigo 170, por exemplo, disponibilizam benefícios aos estudantes sem renda familiar suficiente para pagar as mensalidades. Gabriela Roberta dos Santos conseguiu uma bolsa e garantiu a vaga no curso de Pedagogia. “Com a bolsa de estudos pude alcançar meu objetivo de entrar na facul-

dade. Muitos alunos, inclusive eu, não têm condições de pagar um curso superior no valor in-tegral”, relata.

Já o Fies possibilita o finan-ciamento parcial ou integral das faturas mensais das graduações. Para ter acesso ao benefício, os alunos matriculados em cursos superiores precisam fazer a ava-liação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). Segundo informações do Ministério da Educação, to-das as instituições particulares de Joinville estão dentro dos critérios para oferecer o auxílio.

Com bom desempenho no ensino médio, Angélica Peccher Glen, conseguiu uma bolsa inte-

gral para cursar Direito na Uni-versidade da Região de Joinville (Univille). A seleção foi feita por meio do histórico escolar dela. Nesse caso, o benefício é oferecido pela própria faculda-de. “Sem a bolsa não teria como fazer um curso superior, pois a renda da minha família não per-mite pagar o valor da mensali-dade que é de R$900”.

Mais informações sobre os programas e bolsas de estudos devem ser obtidas junto ao setor de Serviço de Apoio ao Estudan-te (SAE) ou a Assistência Social das instituições de ensino.

Diego [email protected]

Dia 21 de maio é o dia da lín-gua nacional. Aqui no Bra-sil e em mais sete países

homenageamos a língua portu-guesa, a sexta mais falada no mun-do. O português já sofreu muitas alterações como o surgimento de neologismos (expressões novas) e gírias, mas a mais significativa foi a reforma ortográfica, assinada em 1º de janeiro de 2009. A nova regra ainda está em fase de adap-tação e começa a valer a partir de janeiro de 2013.

No entanto, há especialistas da língua portuguesa que criticam o uso das novas regras da língua nacional. De acordo com a escritora joinvi-lense Ana Ribas Diefenthaeler, os dialetos regionais do Brasil deve-riam ser levados em consideração em algumas mudanças da refor-ma ortográfica. “No país existem muitas falas e regionalismos. São mundos bem diferentes que pos-sibilitam várias versões da língua portuguesa”, observa.

Mesmo que aos poucos a escri-tora esteja adotando as mudanças

na escrita da língua portuguesa, ela insiste em usar alguns acen-tos. Ela lamenta a perda do tre-ma, por exemplo. “Ainda não me acostumei com a ideia de escrever palavras sem alguns acentos, em especial o trema. Vou sentir sau-dades de acentuar as palavras que levavam trema”, declara.

No Brasil, as mudanças fo-ram poucas em relação ao nú-mero de palavras. Com o novo acordo, o Ministério da Educa-ção informa que será alterado somente 0,5% do vocabulário brasileiro. “A supressão do tre-

ma e do acento di-ferencial, do acento agudo e circunfle-xo em alguns ca-sos, e alterações quanto ao uso do hífen, são altera-ções consideradas mais importantes”, segundo o MEC. Além disso, foram

incorporadas as letras k, w e y ao alfabeto. Nos outros países a reforma foi maior, abrange 1,5% das palavras usadas.

O novo acordo foi elabora-do para uniformizar a grafia das palavras dos países lusófonos, ou seja, os que têm o português como língua oficial. Já houve várias tentativas para esta unifi-

cação, a primeira delas ocorreu em 1911 e culminou na primei-ra grande reforma em Portugal. Depois existiram várias tentati-vas, sendo a mais importante a de 1990, a qual levantou toda a discussão da atual reforma.

No Brasil, quatro anos é o período para começar a valer a aplicação das novas regras. Já em Portugal, o prazo transitó-rio é de seis anos, pela mudança no maior número de palavras. Hoje, após dois anos do perío-do de adaptação, já foram toma-das várias medidas para garantir a aplicação do acordo. Tanto no Brasil como em Portugal a ado-ção das novas regras pelos ór-gãos de comunicação tem con-tribuído para a familiarização da população com o acordo.

Conforme Preciosa Pais, che-fe de divisão da Secretaria Geral do Ministério de Educação de Portugal, a Resolução do Conse-lho de Ministros n°08/2011, de 25 de janeiro, instituiu a aplica-ção do novo acordo no sistema educativo deste ano e estabele-ceu que a partir de 2012 todos os serviços, organismos e entidades na dependência do governo tam-bém estejam adequados.

Com o novo acordo ortográfico, somente 0,5% do vocabulário

brasileiro será alterado

MUDANÇAS

Sem desculpas para não iniciar um curso de ensino superiorOpOrtunidade

Bolsas de auxílio financeiro são oferecidas para facilitar a permanência de estudantes nas faculdades particulares do Brasil

Com o novo acordo, o Ministério da Educação afirma que 0,5% do vocabulário será alterado

Com dois anos de acordo, especialistas ainda criticam as mudanças impostas para a escrita

nem todos são favoráveis a nova grafiaLÍnGua MÃe

JaquElinE MEllo

A língua portuguesa é a sexta mais falada no mundo e um patrimônio comum de mais de 200 milhões de falantes.

Além do Brasil, confira os países onde o português é o idioma oficial:

Saiba maisArtigo 170 O que é: bolsa do Governo do

Estado que dá desconto de 50 a 100 % do valor da mensalidade Onde e como fazer: Procurar o Serviço de Apoio ao Estudante (SAE). Apresentar a documen-tação exigida Obs.: É necessário fazer a reno-vação da documentação semes-tralmente.

Prouni O que é: programa do Governo Federal que oferece bolsas inte-grais e parciais

Onde e como fazer:Preencher cadastro no www.prouniportal.mec.gov.br. É obrigatório apre-sentar a nota do Exame Nacio-nal do Ensino Médio (Enem). Aguardar a seleção feita pela instituição

Fies O que é: utilizado pelos estu-dantes como financiador de 50 a 100% do valor de sua gradu-ação Onde e como fazer: Fazer o cadas-tro no site e aguardar avaliação www.sisfiesportal.mec.gov.br .

GuinÉ-BiSSau

A sexta mais falada

pOrtuGaL

anGOLa

CaBO Verde

SÃO tOMÉ e prÍnCipe

Augusta [email protected]

MOÇaMBiQue

Page 7: PP_87

M edo, insegu-rança, mo-dernidade, direitos hu-manos, re-ligião, opi-

nião pública, violência, liberdade de expressão e um assunto que sempre gera polêmica: a homos-sexualidade. Pela primeira vez, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estaística (IBGE) levantou o número de casais gays em todo o país. Sessenta mil brasileiros declararam viver com pessoas do mesmo sexo no Censo 2010. Só na região sul do Brasil, existem 8.034 casais. Junto com o cresci-

mento de homossexuais que assu-mem sua opção, tem crescido na mesma proporção a homofobia, ou seja, aversão a gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais.

Em uma entrevista concedida em 27 de abril ao Portal Infonet, o fundador do Grupo Gay e pro-fessor titular da Universidade da Bahia, Luiz Mott, apresenta um relatório anual sobre assassinatos de homossexuais no Brasil, que aponta 260 casos de assassinatos em todo o país. Ele ainda afirma que o país registra o maior número de homicídios no mundo.

Para criar um diálogo sobre o assunto, o Governo Federal e a

Sociedade Civil Organizada desen-volveu um programa de combate à homofobia. O nome da articulação é “Brasil sem Homofobia” e tem como objetivo a educação. A ex-pectativa da organização segundo o ex - Secretário Especial dos Direi-tos Humanos, Nilmário Miranda, é que as propostas avancem na im-plementação de novos parâmetros para definição de políticas públicas. O programa está em trâmite na As-sembleia Federal como Projeto de lei 122, mas por falta de pressão ao governo, ainda não foi aprovado.

Outro projeto é Escola sem Homofobia, apoiado pelo Minis-tério da Educação/Secretaria de

Educação Continuada, Alfabeti-zação e Diversidade (MEC/SE-CAD), tem como objetivo “con-tribuir para a implementação do Programa Brasil sem Homofobia pelo Ministério da Educação”. Ele nasceu a partir da constatação de que as escolas brasileiras são, em geral, ambientes hostis para ado-lescentes homossexuais. O projeto foi desenvolvido com a proposta de ajudar a contornar o problema, e recebeu o sugestivo nome de Kit contra a homofobia e apelidado de Kit Gay. A previsão é que sua distribuição ocorra inicialmente em seis mil escolas públicas a par-tir deste ano. Mesmo sem ter sido lançado pelo MEC, o material di-dático já provoca polêmicas. O de-putado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) sugeriu “couro” para corrigir filho “meio gayzinho”. Em sessão realizada no Plenário da Câmara, criticou a iniciativa e desencadeou ataques ao projeto.

O material é composto de um caderno, seis boletins, três audiovi-suais, um cartaz e cartas de apresen-tação para o gestor e para o educador. Professores e gesto-res de ensino funda-mental e médio se-rão capacitados com seminários e pales-tras e o kit será sub-sídio para abordar o assunto da homos-sexualidade. Para o professor de administração e coor-denador do Núcleo de Diversidade Sexual da Grande Florianópolis, Fabrício Lima, a implantação desse trabalho resultará em mais facilida-de para convivência entre héteros e homossexuais. Profissionais que trabalham na área social em Join-ville dizem que o kit é um avan-ço na democracia. “É importante para a sociedade abrir esse assunto para discussão, que seja pautado nas escolas e igrejas, porque é um tabu ainda hoje em dia”, salienta a Diretora dos Direitos Humanos de Joinville, Irma Kniess.

A homossexualidade é um fato, mas encontrar um ponto de equilíbrio para falar do assunto parece estar longe. O pedagogo

e professor de ensino religioso José Ivonildo de Oliveira, afirma que dentro das escolas a questão da religiosidade é muito forte. “Aceitar o kit é aceitar o pecado”. Ivonildo acredita que será difícil não encontrar dificuldades.

Dentro do serviço social que precisa de material para trabalhar a questão da homossexualidade, acredita-se que o kit nasceu de um estudo entre profissionais gabarita-dos sobre o assunto e querem que a situação seja enfrentada sem pre-conceito. “É importante porque é uma luta em favor da diversidade”, explica a Assistente Social Silvana Aparecida Bernardino de Oliveira.

De acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, no artigo três, toda pessoa tem di-reito à vida, à liberdade e à seguran-ça pessoal. No site do Vaticano na página de instrução acerca de pes-soas homossexuais, existe uma dis-tinção de atos e tendências homos-sexuais. Quanto aos atos, ensina que, na Sagrada Escritura, esses são apresentados como pecados graves. A tradição considera imorais e con-trários à lei natural. Já as tendências homossexuais devem ser acolhidas com respeito e delicadeza. Essas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus.

O vice-presidente do conselho de pastores da igreja evangélica de Joinville, pastor Marcos Coelho Ra-mos, relata que o tema tem causado grande preocupação e o kit escolar do projeto Brasil sem Homofobia é tendencioso, incentivando ao homossexualismo. “Deus ama o homossexual e abomina o homos-sexualismo”, completa o pastor, ele acredita que faltou diálogo entre os

criadores do projeto e as igrejas.

Para a igreja ca-tólica, Deus ama o pecador e não o pecado e a relação entre homossexuais nunca será aceita porque o homem não foi criado para esse tipo de relacio-

namento. Para o padre da Diocese de Joinville, Ivanor Macieski não se pode fugir da realidade, principal-mente no sentido de acolher o dife-rente, mas não se deve transformar o homossexualismo em algo banal e natural. “Essas pessoas carecem de apoio para superar essa dificuldade”, enfatiza o padre.

Seja nas igrejas, escolas e insti-tuições se percebe a necessidade de ver a homossexualidade como uma manifestação humana que precisa de cuidados ao ser questionada e tra-tada. “A questão não é saber se o kit é bom ou não, se a igreja está certa ou não, a questão está em chegar a um consenso,” diz Irma Kniess.

Educação Joinville - Maio 2011PRIMEIRA PAUTA

Diagramação de Francine Ribeiro | Edição de Fabiane Borges

07

HSH: Sigla da expressão “Ho-mens que fazem Sexo com Ho-mens. Utilizada principalmente por profissionais da sáude, na área da epidemiologia.

Homossexuais: São aqueles que têm orientação sexual afetiva por pessoas do mesmo sexo.

Gays: São indivíduos que, além de se relacionarem afeti-va e sexualmente com pessoas do mesmo sexo, têm um estilo

de vida de acordo com essa sua preferência, vivendo aber-tamente a sexualidade.

Bissexuais: São indivíduos que se relacionam sexual e/ou afetivamente com qualquer dos sexos. Alguns assumem a sua sexualidade abertamente, enquanto ou-tros vivem sua conduta sexual de forma fechada.

Transgêneros: Terminologia utilizada que engloba tanto as

travestis quanto as transexuais.

Transexuais: São pessoas que não aceitam o sexo que ostentam anatomicamente. Sendo o fato psicológico pre-dominante na transexualidade, o indivíduo identifica-se com o sexo oposto, embora dotado de genitália externa e interna de um único sexo.

Lésbicas: Terminologia utili-zada para designar a homosse-xualidade.

Escolas do país irão receber material aprovado pelo Ministério da Educação ainda este ano e professores serão capacitados para utilizá-lo

Alguns conceitos, segundo material “Brasil sem homofobia”

GisElE silvEiRa

Instituições buscam a melhor forma de abordar o assunto sobre orientação sexual nas escolas, mas, é difícil chegar a um consenso

A homossexualidade em discussão no Brasil

POLÊMICA

Segundo pastor evangélico,

quem tem que educar sobre orientação

sexual são os pais

CUIDADO

Lizandra [email protected]

Page 8: PP_87

Especial08 Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA

Diagramação de Emanoele Girardi | Edição de Gustavo Cidral

No bolso do je-ans, ele carre-ga um smar-tphone. Na escrivaninha do escritório,

um laptop. Dentro da mochila, um iPad. Os equipamentos ao re-dor de Mauro Gonçalves Pinhei-ro o conectam 24 horas por dia às informações e às redes sociais. O diretor de operações de uma agência de conteúdo digital arti-cula o trabalho e os afazeres pes-soais por meio dos aparelhos.

Apesar de ser um usuário das tecnologias, há uma controvérsia na rotina de Mau-ro. Possui um ta-blet desde o início do ano, mas ainda não leu um livro inteiro no formato digital. A preferên-cia dele ainda é por livros impres-sos, com o cheiro do papel .

O futuro da literatura não pa-

rece ter lugar para o tradicional papel, mas sim, para os e-papers e e-books — arquivos digitais de publicações. Apesar da leitura di-gital ainda ser pouco abordada no Brasil, é inevitável o rumo que o desenvolvimento dos meios di-gitais vêm tomando nos últimos anos, sobretudo entre os jovens.

Henrique Puccini, por exem-plo, é gerente de conteúdo digital. Possui smartphone, tablet e tem contato diário com computado-res. Porém, continua preferindo a leitura impressa. Os dispositivos

tecnológicos são usados nos estudos e na atualização profissional. “Uti-lizo basicamente o iPad, onde a maioria dos conteúdos está no formato PDF e consigo manipular os textos”, afirma.

Segundo Mauro, a vantagem que os softwares de leitura exclusivos apresentam nos e-books, como o Kindle, é a edi-

ção dos livros, com a possibilidade de riscos, grifos e anotações. “Os e-books nasceram exclusivamente para a leitura eletrônica, e depois evoluíram para os tablets”, conta, abrindo uma edição de “A arte da Guerra”, em língua japonesa. Mau-ro possui poucos livros digitais no aparelho, mas espera aumentar a coleção em breve. “Consigo baixar livros do mundo inteiro e depois traduzo com o dicionário”, relata.

Uma pesquisa realizada em maio de 2010 pela GfK, empresa de pesquisa de mercado, indica que aproximadamente 67% da população brasileira ainda desco-nhece os livros digitais. A resis-tência das pessoas não para por aí: 71% dos entrevistados disse-ram que o meio eletrônico não ameaça o impresso e 56% consi-deram o alto custo o motivo para a falta de acesso a esses equipa-

mentos tecnológicos. Eles com-prariam um e-book se os preços fossem mais acessíveis.

Henrique comprou um Ipad no Brasil quando o produto ain-da era novidade, oito meses de-pois do lançamento nos Estados Unidos. Apesar de ter amigos que trariam do exterior, ele op-tou pela compra nacional devido à ausência de questões burocráti-cas e à praticidade. “Já pude sair

usando”, conta entusiasmado. Mesmo assim, Henrique acredita que em pouco tempo o livro di-gital também será uma realidade no Brasil. “Há anos que muitos usuários virtuais disseminam os livros em formatos digitais, mas isso era um consumo de nicho”, explica. “Hoje, com o crescimen-to de equipamentos móveis mais velozes e adaptados para leitura, esse mercado novamente cresce

e ganha adeptos”.Outra pesquisa denominada

“Os leitores brasileiros e o livro digital”, divulgada em abril deste ano pela Imprensa Oficial do Es-tado de São Paulo e Câmara Brasi-leira do Livro (CBL), mostra que a maior parte da população brasilei-ra aposta que a funcionalidade dos aparelhos tecnológicos será fator decisivo para vencer a resistência atual da população com os livros digitais. Afinal, o leitor poderá le-var a sua biblioteca a qualquer lu-gar sem utilizar espaço físico.

Entre os vários pontos positi-vos da leitura digital, pode-se des-tacar a mobilidade, praticidade, busca rápida e a sustentabilidade. Um e-book economiza toneladas de papel e, com isso, reduz o des-matamento de árvores. Mauro conta que o dele pode ter mais de mil títulos baixados da Internet. “O número varia de acordo com a capacidade de memória do apa-relho”, diz. “E ainda há a função multimídia, que dá a opção de in-teragir com os livros”, destaca.

Henrique enxerga a tecnolo-gia digital como uma forma mais rápida e prática de estudar e man-ter a leitura em dia. “No meu ta-blet, faço anotações, rabisco, su-blinho, copio e até deixo notas de voz nas páginas e marcados mais importantes de um livro”, conta. Para ele, a questão da praticidade é fundamental: “Posso carregar milhares de títulos sem acres-centar peso na bagagem e poder compartilhar de informações va-liosas com amigos e professores sempre que necessário”.

tecnologia

Uma biblioteca inteira na ponta dos dedos

Leitura digital ainda é novidade no país, mas está ganhando espaço entre os jovens amantes da tecnologia

Os hábitos ainda resistem às mudanças tecnológicas, mas não à indústria. Prova disso é que há alguns anos muitos jornais, livros e revistas já nascem e cir-culam em formato digital. Assim como uma razoável parcela de conhecimento que a humanida-de imprimiu sobre o papel ao longo do tempo está digitalizada e disponível na Internet.

No Brasil, o impacto com a chegada das novas tecnologias ainda não foi tão grande, nem todos estão ligados às novas pla-taformas de leitura. Joel Gehlen, proprietário de uma editora ale-ga que não teme o fim dos livros impressos. “Os formatos digitais contribuem na distribuição, mas nada substitui o livro”, afirma. São muitas as editoras que ale-gam que o sucesso desta nova plataforma depende do público-alvo, que é formado principal-mente por jovens que estão mais ligados às novas tecnologias. Mas nem todos pensam assim. Joel, por exemplo, diz que a chamada geração “Y” lê pouco e assegura que “a Internet não vai fazer as pessoas gostarem mais ou me-nos do impresso”.

O crescimento do número de publicações digitais na web e sua consequente populariza-ção tem despertado a polêmica do fim do papel. O jornal ame-ricano The New York Times já se rendeu ao formato digital. As estimativas são que a edição impressa deixe de circular em

2015. Um caso semelhante faz a ameaça do livro digital parecer mais real — o fim da circulação impressa do Jornal do Brasil, um dos diários mais antigos do Brasil, em setembro de 2010.

Apesar da ascensão dos meios digitais, o mercado de pu-blicações impressas deve mudar, e para melhor. É o que diz Joel,

que acredita que o livro vai virar um produto de época. “Livros serão feitos de forma mais arte-sanal, serão considerados obje-tos raros e requintados”, opina. Joel ainda enfatiza que a impres-são de livros não vai ser uma ne-cessidade, “o impresso será um diferencial”. Ele acredita na di-minuição das tiragens, mas acha que os preços continuarão os mesmos. “O que vai importar é o objeto, não mais o conteúdo”, conclui. Atualmente, os livros di-gitais têm quase o mesmo preço do impresso. Com o tempo, a ex-pectativa é que eles devem ficar entre 20 e 30% mais baratos do que os de papel.

De acordo com estudo realizado pela International Data Corporation (IDC), a Apple e a Amazon são as maio-res vendedoras de tablets e leitores di-gitais.. A pesquisa também revelou que, no terceiro trimestre de 2010, foram vendidos 4,8 milhões de tablets, 90% dos quais eram iPads, e 2,7 milhões de leitores digitais — o mercado norte-americano consome 75% do total. Isso presenta crescimentos de 45,1% e 40%, respectivamente, em relação ao trimes-tre anterior. As vendas de tablets totali-zam 17 milhões e as de leitores digitais, 10,8 milhões em 2010. Já para 2011, a previsão é que esses números subam para 44,6 milhões e 14,7 milhões.

Um levantamento realizado pelo banco canadense Royal Bank of Cana-da que mostra que 99,7% das pessoas

não têm um tablet. Ou seja, menos de 1% da população mundial possui um tablet. Para calcular a quantidade de aparelhos vendidos, a pesquisa teve de unir os tablets aos smartphones, então chegou à constatação de que os dois juntos representam apenas 394 milhões de usuários.

Como efeito comparativo, no mun-do, mais de 5 bilhões de pessoas pos-suem serviço de celular, usuários de internet chega a 2 bilhões, 1,2 bilhão possuem PCs, 1 bilhão têm acesso à linhas telefônicas, assinantes de TV são 600 milhões, jornais em circulação che-gam a 513 milhões, e usuários de ban-da larga são 555 milhões.

Os consultores do Royal Bank of Ca-nada, estimam que, em 2014, 400 mi-lhões de pessoas possuirão um tablet.

evolução: do papiro ao silício

Vendas aceleradas, mas o privilégio é de poucos

Livros serão feitos de forma mais artesanal, serão considerados objetos raros

“Joel geHlenproprietário de editora

Equipamentos digitais conectam as pessoas o tempo inteiro, mas

ainda são de difícil acesso no Brasil

OFFLINE

Joel é adepto dos impressos e afirma que os formatos digitais não substituem os livros

Page 9: PP_87

Especial

Apesar de úteis e divertidos para usuários como Mauro, os aparelhos tecnológicos para a leitura digital ainda deixam a de-sejar quando o quesito é acessi-bilidade. Osmar Pavesi é enfáti-co quanto ao assunto. “Ela não existe”, afirma.

Da caixa de som do compu-tador, ouve-se um emaranhado de vozes. Logo se veem dedos digitando fervorosamente no teclado como se estivessem con-

versando com o computador. E de fato estão. Cada vez mais rápido. Coordenador do setor braile da Biblioteca Pública de Joinville há 14 anos, Osmar é de-ficiente visual e tem nos tradicio-nais computadores a forma mais simples de se comunicar. Através de comandos de voz, ele conse-gue ler qualquer tipo de e-mail, texto e mensagem. “Menos as imagens”, lamenta.

O software responsável

pela leitura se chama Jaws e ainda é recente no Brasil. Para Osmar, o programa apresenta muita praticidade e oferece ser-viços de manuseio e marcações, além de facilitar a produção de material em braile e acelerar a produção do trabalho e leitu-ra — tudo em um computador normal. O software, voltado para a conversão de texto e áudio não pode ser encontra-do nos e-readers. Uma grande perca, segundo Osmar.

Em Joinville, cerca de 60 pessoas, a maioria estudante, procuram com frequência o acervo didático ou obras literá-rias em formato braile ou digi-tal. Na biblioteca, há livros fala-dos, fitas cassetes e CDs, todos no padrão internacional. Quan-do não há material disponível nesse formato, um grupo de ledores voluntários transforma os impressos em digital. “São as pessoas cegas sendo inseridas na tecnologia e no ensino supe-rior”, comenta Osmar.

Fã de literatura brasileira, Osmar costuma realizar trocas de materiais escaneados com grupos de todo o Brasil. Assim, ele consegue ter acesso a obras de diversos gêneros, principal-mente de suspense e drama, seus prediletos. Para a leitura no formato digital, basta que os arquivos estejam em editores de texto como o word. “Mas as editoras não oferecem essa abertura”, lamenta.

09Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA

Diagramação de Emanoele Girardi | Edição de Gustavo Cidral

No bolso do je-ans, ele carre-ga um smar-tphone. Na escrivaninha do escritório,

um laptop. Dentro da mochila, um iPad. Os equipamentos ao re-dor de Mauro Gonçalves Pinhei-ro o conectam 24 horas por dia às informações e às redes sociais. O diretor de operações de uma agência de conteúdo digital arti-cula o trabalho e os afazeres pes-soais por meio dos aparelhos.

Apesar de ser um usuário das tecnologias, há uma controvérsia na rotina de Mau-ro. Possui um ta-blet desde o início do ano, mas ainda não leu um livro inteiro no formato digital. A preferên-cia dele ainda é por livros impres-sos, com o cheiro do papel .

O futuro da literatura não pa-

rece ter lugar para o tradicional papel, mas sim, para os e-papers e e-books — arquivos digitais de publicações. Apesar da leitura di-gital ainda ser pouco abordada no Brasil, é inevitável o rumo que o desenvolvimento dos meios di-gitais vêm tomando nos últimos anos, sobretudo entre os jovens.

Henrique Puccini, por exem-plo, é gerente de conteúdo digital. Possui smartphone, tablet e tem contato diário com computado-res. Porém, continua preferindo a leitura impressa. Os dispositivos

tecnológicos são usados nos estudos e na atualização profissional. “Uti-lizo basicamente o iPad, onde a maioria dos conteúdos está no formato PDF e consigo manipular os textos”, afirma.

Segundo Mauro, a vantagem que os softwares de leitura exclusivos apresentam nos e-books, como o Kindle, é a edi-

ção dos livros, com a possibilidade de riscos, grifos e anotações. “Os e-books nasceram exclusivamente para a leitura eletrônica, e depois evoluíram para os tablets”, conta, abrindo uma edição de “A arte da Guerra”, em língua japonesa. Mau-ro possui poucos livros digitais no aparelho, mas espera aumentar a coleção em breve. “Consigo baixar livros do mundo inteiro e depois traduzo com o dicionário”, relata.

Uma pesquisa realizada em maio de 2010 pela GfK, empresa de pesquisa de mercado, indica que aproximadamente 67% da população brasileira ainda desco-nhece os livros digitais. A resis-tência das pessoas não para por aí: 71% dos entrevistados disse-ram que o meio eletrônico não ameaça o impresso e 56% consi-deram o alto custo o motivo para a falta de acesso a esses equipa-

mentos tecnológicos. Eles com-prariam um e-book se os preços fossem mais acessíveis.

Henrique comprou um Ipad no Brasil quando o produto ain-da era novidade, oito meses de-pois do lançamento nos Estados Unidos. Apesar de ter amigos que trariam do exterior, ele op-tou pela compra nacional devido à ausência de questões burocráti-cas e à praticidade. “Já pude sair

usando”, conta entusiasmado. Mesmo assim, Henrique acredita que em pouco tempo o livro di-gital também será uma realidade no Brasil. “Há anos que muitos usuários virtuais disseminam os livros em formatos digitais, mas isso era um consumo de nicho”, explica. “Hoje, com o crescimen-to de equipamentos móveis mais velozes e adaptados para leitura, esse mercado novamente cresce

e ganha adeptos”.Outra pesquisa denominada

“Os leitores brasileiros e o livro digital”, divulgada em abril deste ano pela Imprensa Oficial do Es-tado de São Paulo e Câmara Brasi-leira do Livro (CBL), mostra que a maior parte da população brasilei-ra aposta que a funcionalidade dos aparelhos tecnológicos será fator decisivo para vencer a resistência atual da população com os livros digitais. Afinal, o leitor poderá le-var a sua biblioteca a qualquer lu-gar sem utilizar espaço físico.

Entre os vários pontos positi-vos da leitura digital, pode-se des-tacar a mobilidade, praticidade, busca rápida e a sustentabilidade. Um e-book economiza toneladas de papel e, com isso, reduz o des-matamento de árvores. Mauro conta que o dele pode ter mais de mil títulos baixados da Internet. “O número varia de acordo com a capacidade de memória do apa-relho”, diz. “E ainda há a função multimídia, que dá a opção de in-teragir com os livros”, destaca.

Henrique enxerga a tecnolo-gia digital como uma forma mais rápida e prática de estudar e man-ter a leitura em dia. “No meu ta-blet, faço anotações, rabisco, su-blinho, copio e até deixo notas de voz nas páginas e marcados mais importantes de um livro”, conta. Para ele, a questão da praticidade é fundamental: “Posso carregar milhares de títulos sem acres-centar peso na bagagem e poder compartilhar de informações va-liosas com amigos e professores sempre que necessário”.

tecnologia

Uma biblioteca inteira na ponta dos dedos

Leitura digital ainda é novidade no país, mas está ganhando espaço entre os jovens amantes da tecnologia

De acordo com estudo realizado pela International Data Corporation (IDC), a Apple e a Amazon são as maio-res vendedoras de tablets e leitores di-gitais.. A pesquisa também revelou que, no terceiro trimestre de 2010, foram vendidos 4,8 milhões de tablets, 90% dos quais eram iPads, e 2,7 milhões de leitores digitais — o mercado norte-americano consome 75% do total. Isso presenta crescimentos de 45,1% e 40%, respectivamente, em relação ao trimes-tre anterior. As vendas de tablets totali-zam 17 milhões e as de leitores digitais, 10,8 milhões em 2010. Já para 2011, a previsão é que esses números subam para 44,6 milhões e 14,7 milhões.

Um levantamento realizado pelo banco canadense Royal Bank of Cana-da que mostra que 99,7% das pessoas

não têm um tablet. Ou seja, menos de 1% da população mundial possui um tablet. Para calcular a quantidade de aparelhos vendidos, a pesquisa teve de unir os tablets aos smartphones, então chegou à constatação de que os dois juntos representam apenas 394 milhões de usuários.

Como efeito comparativo, no mun-do, mais de 5 bilhões de pessoas pos-suem serviço de celular, usuários de internet chega a 2 bilhões, 1,2 bilhão possuem PCs, 1 bilhão têm acesso à linhas telefônicas, assinantes de TV são 600 milhões, jornais em circulação che-gam a 513 milhões, e usuários de ban-da larga são 555 milhões.

Os consultores do Royal Bank of Ca-nada, estimam que, em 2014, 400 mi-lhões de pessoas possuirão um tablet.

Digital, mas sem acessibilidade(nem sempre) ecologicamente correto

Houve um grande salto no de-senvolvimento dos equipamentos para a leitura digital durante os úl-timos anos, mesmo assim, ainda não não se tem conhecimento se realmente eles são uma alternati-va mais ecologicamente correta que o papel. Em contrapartida, é um dos principais resíduos ge-rados pelas pessoas. Na questão ambiental, cultivar árvores, derru-bá-las, processá-las e transportar a madeira é considerado um pro-blema. São gastos de combustível e energia desnecessários quando há a opção de distribuir o mesmo conteúdo de forma digital.

Por outro lado, os livros di-gitais são visualizados em dis-positivos eletrônicos fabricados com peças que dificilmente são recicladas, além de precisarem de energia para funcionar. Um estu-do realizado pelo Centro KTH de Comunicação Sustentável, em Estocolmo, concluiu que, no caso dos jornais, o melhor é ler na internet se olhar apenas o ge-ral das notícias. Para quem leva mais de 30 minutos, o jornal ain-da é a escolha mais ecológica.

O Kindle, um dos leitores de conteúdo digital, substitui uma es-tante com cerca de uma tonelada de papel impresso. O aparelho dura em média dez anos, com leitura de 260 livros em sua tela, levando em conta o fato de as pessoas não le-rem todos os livros que adquirem.

Vendas aceleradas, mas o privilégio é de poucos

No tablet, faço anotações, rabisco e deixo notas de voz nas páginas mais importantes

“HenRiQUe PUccinijornalista

Henrique Puccini está sempre conectado ao trabalho, estudos e lazer através do seu Ipad

Osmar é deficiente visual e usa os computadores como principal forma de se comunicar

fotos: ana luiza abdala

Ana Paula da [email protected]

Patrícia [email protected]

Page 10: PP_87

10 EconomiaDiagramação de Ronaldo Santos | Edição de Ariane Pereira

Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA

Atividades do cônsul honorário Não é funcionário de carreira, mas é nomeado pelo país que representa por reconhecida-mente ter um vínculo com aquele país

O cônsul honorário estabelece a relação diplomática do país que representa com a cidade e o estado em que está sediado no Brasil.

Observa também a oportunida-de de investimento e a troca de experiências culturais e científi-cas entre os dois países.

Auxilia o imigrante ou descen-dente com informações sobre questões jurídicas internacio-nais como passaporte e requi-sição de dupla cidadania

FRANÇAFrancisco Borghoff

SuíÇAAlberto Holderegger

AlemANhA Udo Döhler

eSlovÁQuIA Ernesto Heinzelmann

RepúblIcA TchecA Ingo Doubrawa

ITÁlIAMoacir Bogo

Cônsules de Joinville

Você já parou para pensar no que faz um cônsul honorário? As funções são as mesmas do côn-

sul de carreira, mas sem receber salário e sem imunidade diplomá-tica permanente. O cônsul hono-rário é geralmente um cidadão do país em que reside, e representa os interesses de outra nação, com a qual tem algum tipo de ligação. Entre os papéis do cônsul hono-rário estão estabelecer a relação di-plomática do país que representa com a cidade e o estado em que está sediado e observar oportuni-dades de investimento e a troca de experiências culturais e científicas entre os dois países. Em Joinville, não há embaixadas nem consula-dos oficiais, mas como a cidade é um pólo industrial e tem muitos imigrantes e descendentes de vá-rios países, conta com seis cônsu-les honorários.

O presidente da representa-ção consular de Santa Catarina é Francisco Borghoff, que também é cônsul honorário da França em Joinville. Borghoff faz questão de dizer que a função não é remune-rada: “A pessoa que é nomeada cônsul honorário não é alguém necessariamente daquela nacio-nalidade ou descendente, mas já

tem um forte relacionamento com aquele país e é um profissional al-tamente capacitado”.

A argumentação do presiden-te consular se evidencia quando se observa os outros cônsules de Joinville: todos eles são, ou foram, presidentes de grandes empresas da cidade: o cônsul da Alema-nha é Udo Döhler (presidente da Döhler), o da República Tcheca é Ingo Doubrawa (presidente da Docol), o da Eslováquia é Ernes-to Heinzelmann (ex-presidente da Embraco) e o da Itália é Moacir Bogo (diretor geral da Gidion).

ASSeSSoRIA INTelecTuAl O cônsul da França lembra que

quando o governo municipal de Joinville (gestão anterior) pensou em instituir uma empresa pública municipal de saneamento, Borgho-ff trouxe para a discussão a análise e o estudo da empresa pública da cidade francesa Joinville-Epon que fica a 15 km de Paris. “O cônsul honorário atua como um assessor intelectual, um assessor de assun-tos internacionais dos governos municipal e estadual”, observa.

Em 2008, um convênio foi assi-nado pelo governo de Santa Cata-rina, a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e a Escola Nacional de Administração Públi-ca Francesa (ENA), para capacitar

o funcionalismo público daqui. O acordo resultou do trabalho do cônsul honorário francês em conjunto com o embaixador da França no Brasil.

A importância da ação do cônsul é reconhecida pelos ges-tores públicos. “Acho até que nós acionamos pouco os cônsules ho-norários. Aqui em Joinville, eles têm nos auxiliado muito junto às autoridades federais para conse-guirmos a ampliação da infraes-trutura necessária para a região, como é o caso dos portos e ae-roportos, um ponto que interessa tanto a nós como aos países que eles representam”, ressalta o se-cretário municipal de integração e desenvolvimento econômico, Rodrigo Thomazi.

RepReSeNTAÇão dIplomÁTIcA“Nosso poder legal é limitado.

Porém, quando há um interesse do embaixador, posso fazer uma intermediação junto ao governa-dor ou ao prefeito”, pondera o cônsul honorário da Eslováquia, Ernesto Heinzelmann.

Em Joinville, não há registro de descendentes de eslovacos, mas empresas do setor plástico, metalúrgico e térmico da cidade têm negócios com a Eslováquia.

Profissionais capacitados exercem relações diplomáticas e incrementam a balança comercial do município

cônsules honorários ajudam a economiacomÉRcIo eXTeRIoR

Francisco Borghoff, cônsul da França em Joinville, destaca que a função não tem salário

Nos consulados honorários, cidadãos brasileiros e estrangeiros podem ter acesso a informações e documentos para pedidos de dupla cidadania

FOTOS: CAMILLA GONÇALVES

Marlon de [email protected]

Page 11: PP_87

11Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTAEspecial

Diagramação de Emanoele Girardi | Edição de Neyfi Müller

ONGs buscam apoio na sociedadeAçãO SOciAl

Organizações sem fins lucrativos dependem de doações e eventos para sustentar a causa que defendem

Nem sempre só a vontade é suficiente para realizar boas ações. As Organi-

zações Não Governamentais (ONGs) são criadas pela vonta-de, mas necessitam de recursos para a sua sustentação.

O termo ONG surgiu nos anos 60 e popularizou-se no Brasil nos anos 90, está liga-do ao Terceiro Setor dentro da sociedade civil e são iniciativas privadas de utilidade pública. Estas organizações sem fins lu-crativos atuam em diversas áre-as, tais como: meio ambiente, combate à pobreza, assistência social, saúde, educação, recicla-gem, desenvolvimento susten-tável, entre outras. Em Joinville estão credenciadas 16 ONGs que recebem incentivos públi-cos dividindo-se entre ações sociais ou ambientais.

Locais ou nacionais, todas as ONGs enfrentam alguma difi-culdade na captação de recursos, seja por despreparo da direção ou excesso de burocracias. Algu-mas fazem campanha nacional para arrecadar dinheiro, como o Criança Esperança que distribui o valor arrecadado entre 75 pro-jetos formados por ONGs, ou-tras se engajam em festas locais e garantem um espaço para arre-cadar alimentos, como a Funda-ção Padre Luiz Fachini.

Leandro Schmitz, assessor de imprensa da ONG Impacto So-cial, acredita que este é um pro-blema geral: “Mesmo as ONGs que crescem e aparecem acabam tendo dificuldades financeiras, ou porque a imagem de quem fi-nancia será diluída ou porque os financiadores acham que essas ONGs já têm o bastante”. A Im-pacto Social é formada por edu-cadores, engenheiros, jornalistas, publicitários, administradores, pais, mães, avós, filhos.

Sobre a liberação de verbas

Muitas ONGs no Brasil des-conhecem a legislação que regu-lamenta a possibilidade de libera-ção de verbas e têm dificuldades para arrecadar recursos.

Um exemplo de especialização para auxiliar nessa área é Fernan-da Dearo, que trabalha no ramo de assessoria para ONGs há 16 anos. A motivação dela para tra-balhar com esse assessoramento veio através da procura por au-xílio: “As pessoas acreditam que abrir uma ONG é uma realização, pois é grande o desafio de fazer dar certo em nome de uma cau-sa. A intenção é nobre e louvável, porém, abrir um empreendimen-to sem entender do assunto pode gerar problemas”.

Fernanda conta que no Brasil existem cerca de 400 mil ONGs e muitas precisam de ajuda. “Al-gumas estão literalmente falidas, passando o chapéu a todo custo, confessando sua má administra-ção e certamente colocando em risco pessoas, comunidades e causas”, afirma a profissional.

A dificuldade de conseguir patrocínio no Brasil ocorre por-que a captação de recursos deve ser feita por um profissional, pois é complexa, exige dedica-ção integral, conhecimento de mercado, técnico e prático.

A estratégia de arrecadação deve ir além dos adesivos de car-ro, cartazes e camisetas. Fernanda diz convicta que tudo e todos são passíveis de captar recursos, basta transformar a ideia em produto e oferecer contrapartidas. Outra opção de capitalizar verbas vem de agentes financiadores interna-cionais disponíveis em sites espe-cializados no Terceiro Setor.

Documentação necessária para montar uma ONG

captação de recursos para entidades exige capacitação

através de órgãos públicos, o governo apenas libera verba para entidades públicas, e como a organização tem um tempo de vida menor que um ano, eles ainda não possuem as creden-ciais necessárias para este título, portanto, as doações que eles recebem são somente de pesso-as físicas e jurídicas.

Com dez projetos em anda-mento, eles estão na fase de bus-car parcerias com empresas para apoiar suas campanhas.

Algumas entidades até rece-bem incentivos públicos para manutenções, como é o caso do Abrigo Animal de Joinville, mas não é o suficiente. A organiza-ção, que completará dez anos em julho, firmou um convênio com a Prefeitura em 2003, com res-paldo na Lei 24.645/1938, que pronuncia o Estado como tutor dos animais. “O dinheiro que re-cebemos da prefeitura não cobre nem os gastos com a alimentação

Cartão de CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica); Atas e Estatutos; Certidão Negativa de Débitos; FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço); Inscrição Estadual; Ficha de Inscrição de Cadastro (FAC); Alvará de Licença para Localização e Funcionamento;

Documento de Inscrição do Imóvel no Município ou do IPTU; Vistoria do Corpo de Bombeiros; Ficha de Inscrição Cadastral, fornecido pela prefeitura do município; Pagamento da taxa para concessão do Alvará de Licença para Localização e Funcionamento.FoNtE: SEBRAE/SC

dos animais”. Osnilda Bachtold, presidente da entidade.

O terreno no qual está locali-zado o Abrigo Animal no bairro Vila Nova em Joinville, foi adqui-rido com as economias e aposen-tadoria da presidente e seu marido. A organização se mantém com doações de cidadãos, bazares e feiras organizadas por voluntá-rios. “Meu sonho é construir no terreno ao lado um ambulatório próprio, pois gastamos em média de seis a sete mil reais por mês em clínicas veterinárias”, conta Osnil-da. Ela comenta ainda que paga quatro funcionários, compra ração e medicamentos que não podem faltar no dia a dia. Recentemente eles firmaram um convênio com a Celesc: “Se todos contribuírem com R$1,00 será ótimo, levando em conta uma cidade com 500 mil habitantes como é Joinville”, de-clara Osnilda. Polianna [email protected]

Feiras, bazares e caixas em pontos comerciais são algumas das estratégias utilizadas pelas ONGs para arrecadações de doações

FotoS: PoliANNA MoRAES

O dinheiro da prefeitura não cobre nem os gastos com a alimentação dos animais

“OSNilDA BAcHTOlDpresidente do Abrigo Animal

Page 12: PP_87

12 Comportamento

Desenhos, li-nhas e muita cor estão ga-nhando cada vez mais es-paço no cor-

po humano. A tatuagem, a arte sobre a pele, já ultrapassou mui-tas barreiras do preconceito e a cada dia adquire mais adeptos de diferentes idades, sexos e classes sociais. Conforme o tatuador joinvilense Sandro Chaves, o in-teresse das pessoas por esta arte aumentou muito nos últimos anos, tanto dos clientes como dos próprios tatuadores: “há dez anos só havia dois estúdios no centro de Joinville”. Hoje o nú-mero já chega a dez. Segundo o tatuador André Pereira o interes-se também aumentou em Itapoá. “Não trabalho com divulgação e a cada ano há mais clientes, prin-cipalmente na temporada”, afir-ma ele que trabalha há mais de cinco anos e já fez mais de duas mil tatuagens.

Este tipo de arte já faz par-te da sociedade há muito tempo, mas por que as pessoas se tatu-am? Para os estudantes de en-genharia Diego Leandro da Sil-va, 21 anos, e Cristiano Wagner Rissi, 24 anos, fazer tatuagem é viciante. “Existe a famosa filoso-fia, ninguém consegue fazer uma só”, afirmam. Conforme eles, a vontade é inexplicável, mas é difícil ver uma pessoa com ape-nas uma tattoo e sem vontade de fazer outras. Até o momento os dois estudantes têm cinco dese-nhos, mas querem fazer mais. Já

para a estudante de jornalismo Adriele Evarini, 21 anos, o fazer tatuagem está muito mais ligado à valorização do trabalho artístico: “há pessoas que compram qua-dros, eu faço tatuagens”. Adriele tem dez tattoos e, segundo ela, cada uma tem um significado.

Além do significado, cada ta-tuagem carrega características de um estilo. Existem várias catego-rias e, conforme o tatuador André Pereira, as principais são: tradicio-nal, realismo, oriental, new scho-ol, old school, comics e maori, também chamada de tribal. Para reunir todos esses estilos estam-pados na pele humana, os tatua-dores criaram as convenções. O evento acontece com frequência em diferentes cidades e é orga-nizado por um único estúdio ou uma equipe deles. As convenções são um espaço para os tatuadores mostrarem seu trabalho, conhecer as técnicas dos outros profissio-nais e comprarem material. “Para os que buscam tatuar ou participar de competições é preciso alugar um stand, o que geralmente cus-ta mil reais”, explica André que sempre prestigia as convenções de Curitiba e São Paulo e já foi para uma em Ibiza, na Espanha. Segundo ele, na última convenção que ocorreu em Curitiba, nos dias 22, 23 e 24 de abril, havia mais de 100 expositores. Além dos stands o espaço geralmente tem outras atrações como exposição de obras de arte, shows e pistas de skate. Os eventos reúnem tatuadores de todas as regiões do país.

Mas para conseguir se susten-

tar da arte é preciso investir um bom dinheiro. Segundo Chaves, para montar um estúdio profissio-nal de qualidade é necessário in-vestir cerca de 100 mil reais. O ta-tuador também deve estar atento à legislação. A resolução estadual da Vigilância Sanitária nº 0004, de 15 de fevereiro deste ano, regula-menta toda a execução do serviço e institui que qualquer estabeleci-mento só poderá funcionar me-diante o alvará sanitário.

QUASE “PARA SEMPRE”Apesar de todas as técnicas e

expressão de personalidade é im-portante lembrar que esta é uma arte praticamente permanente. Quando bate o arrependimento, existem sim, maneiras de substituí-

las ou até removê-las, mas segun-do os tatuadores esses trabalhos são mais caros e muitas vezes mais doloridos. Atualmente o processo de remoção mais utilizada é a la-ser, que pode eliminar tatuagens com efeitos colaterais mínimos. O tempo que se leva para remover depende do tamanho e das cores

utilizadas na tatuagem. Conforme Chaves o preço de uma sessão chega a 300 reais. Outra forma de remoção é a técnica denominada cover-up, que é cobrir a tatuagem antiga por outra com a forma, de-senho e cores diferentes.

Uma homenagem, lembrança ou a simples vaidade são alguns dos requisitos para aderir a tatuagem

A arte gravada e estampada na peleEXPRESSÃO

Joinville - Maio de 2011 PRIMEIRA PAUTA

Diagramação de Aline Seitenfus | Edição de Tiffani dos Santos

A palavra tatuagem origina-se do inglês “tatoo”. O pai desta pa-lavra inglesa foi o capitão James Cook, que escreveu em seu diário a palavra “tattow”, também conhecida como “tatau”, uma onomatopeia do som feito quando a tatuagem era feita, em que se utilizavam finos ossos e agulhas, no qual batiam com uma espécie de martelinho de madeira para introduzir a tinta na pele.

Palavra surgiu de uma onomatopeia

Apesar de todos os registros, pesquisadores alegam que é difícil afirmar a origem da tatuagem, pois ela foi in-ventada muitas vezes, em diferentes momentos e partes

do mundo. Alguns fatos, objetos e resquícios encontrados sugerem que a tatuagem é tão antiga quanto o surgimen-to do homem.

A descontração e um bom relacionamento do profissional são aliados para o resultado de uma boa tatuagem e satisfação do cliente

Conheça um pouco da história

5000 20004000 3000 2000 1000 0 1000

A múmia mais antiga do mundo, com 5.300 anos antes de Cristo, encontrada na Itália em 1991, conservou-se congelada em um bloco de gelo e tinha tatuagens sobre toda a espinha dorsal, além de uma cruz em uma das coxas e desenhos tribais por toda a perna.

3.500 anos atrás – Os primitivos (Idade do Bronze e Idade do Ferro) se tatuavam para marcar fatos da vida biológica e da vida social. Nesta época a tatuagem já expressa a personalidade de um indivíduo ou comunidade tribal.

No século XVIII a tatuagem chega ao Ocidente, com as explorações que colocaram o europeus em contato com as culturas do Pacífico. Nessa época não existiam tatuadores profissionais, mas alguns amadores já estavam a bordo dos navios e em grandes portos.

No século XIX vira moda entre a realeza européia e vira febre na Inglaterra pelos marinheiros ingleses. Em 1920 ela come-ça a ficar mais comercial na América e na Europa.

Em 1959 ela chega ao Brasil. Aqui o pre-cursor foi o dinamarquês Knud Harald Lu-cky Gegersen. Conhecido popularmente como Lucky ou Mr. Tattoo, foi considerado durante um bom tempo o único tatuador profissional da América do Sul.

Augusta [email protected]

AuguSTA gErn

D.C.A.C.

Page 13: PP_87

13Meio AmbienteDiagramação de Aline Seitenfus | Edição de Fernanda da Rosa

Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA

Ar e i v i n d i c a -ção antiga dos j o i nv i l e n s e s por um espa-ço público de lazer resultou

no Programa Linha Verde, ação proposta pelo Instituto de Pes-quisa e Planejamento Urbano de Joinville (Ippuj) que visa implan-tar parques em diferentes pontos da maior cidade do estado, com objetivo de apoiar seu desenvol-vimento. Além disso, também está no projeto a construção de uma rede de aproximadamente 60 quilômetros de ciclovias e ci-clofaixas urbanas. Oitenta por cento do financiamento dos parques contemplados pelo programa já estão garantidos devido a uma parceria com o Fundo Financeiro para o De-senvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata). O 20% res-tantes são da Prefeitura Mu-nicipal, que entra com ações como: desapropriação de ter-renos, saneamento básico, e projetos de arquitetura e enge-nharia. O que ainda impede a

visitação dos parques é a falta de interesse das construtoras em participar das licitações.

Vários editais foram lançados e encerrados, sem que nenhuma empresa demonstrasse vontade de tirar os projetos do papel. Foi o que aconteceu há pouco tem-po com o edital para o Parque Natural Municipal Morro do Finder, por exemplo. Os editais dos par-ques Morro do Boa Vista, Porta do Mar e as obras do Ciclo Viário também foram lançados sem re-torno das empre-sas. ‘‘Várias construtoras vieram aqui buscar os editais, mas até agora nenhuma se habilitou’’, afirma Vânio Lester, diretor executivo do Ippuj. Lester ain-da antecipou que os editais de-vem ser reavaliados e relança-dos, até que haja interesse em realizar as obras.

O Fonplata, responsável pela execução do programa, contribui

com a concessão de empréstimos e financiamentos para obras que promovam o desenvolvimento dos países que fazem parte do sistema hidrográfico do Prata. Países como Argentina, Uruguai e Paraguai também contam com ajuda desse agente financeiro. A parceria da Prefeitura com

o Fonplata exis-te desde 2006, quando o con-trato foi assinado pelo então prefei-to, Marco Tebal-di. A partir dessa data o programa foi desenvolvido e as obras foram sendo estudadas.

Elas começariam pelo Parque do Morro do Boa Vista, mas segundo o Ippuj, tiveram que ser canceladas na metade por problemas de licitação, e com a construtora, que não estava cumprindo os prazos definidos inicialmente. Por conta disso, o contrato ainda está em proces-so administrativo. O próximo a entrar na linha de execução foi

o Parque da Cidade, único que atualmente está com as obras adiantadas. Anexo à Arena Join-ville, na zona sul, o espaço já está com o asfalto da ciclovia pron-to, e não houve problemas de licitação. Segundo o Ippuj, até o fim do ano a construção deve estar concluída.

Além do Parque da Cidade, outros nove espaços ainda deve-rão ser contemplados: Porta do Mar, Morro do Boa Vista, Parque Kaesemodel, Parque das Nas-centes, Parque das Águas, Parque Morro do Finder, Parque Caieira, Morro do Amaral, e Eixo Ecoló-gico Leste. Segundo Vânio Lester , o próximo espaço de lazer a ser executado é o Parque das Águas.

INICIATIVASDesde o ano de 1992, o Par-

que Zoobotânico é uma das únicas áreas em bom estado da cidade. Ele surgiu através de um decreto municipal, e com 17 mil metros quadrados pretendia su-prir as necessidades de lazer de uma população de quase 500 mil habitantes. O parque incentiva a

valorização da Mata Atlântica e sua fauna, em um espaço com aproximadamente 200 animais, sem contar os que co-habitam a região do Morro do Boa Vista, em plena área urbana da maior cidade do estado. A 56 km de Joinville, um outro exemplo de sucesso data da década de 70. A cidade de Jaraguá do Sul pos-sui um parque público de lazer desde o ano de 1978, quando o Parque Malwee foi inaugura-do. No início o parque era um espaço privado, e foi fundado pelo primeiro dono da empre-sa. Mais tarde ele foi cedido aos funcionários e só então, foi aberto ao público. O espa-ço possui um milhão e meio de metros quadrados e está situa-do no interior da cidade. Além das mais de 35 mil árvores plantadas ao longo do parque, o espaço também conta com um museu, que contém arte-fatos dos primeiros habitantes do norte catarinense.

Empresas da construção civil não demonstram interesse em tirar o Programa Linha Verde do papel

Parques Municipais buscam construtorasLAZER

Com 17 mil metros quadrados, o Parque Zoobotânico de Joinville é a principal área de lazer da cidade. Lá, a população pode encontrar aproximadamente 200 animais e também, admirar a Mata Atlântica que constitui o espaço

Ciclovias e ciclofaixas também estão nos

planos para trazer mais segurança ao cidadão no momento de lazer.

FUTURO

Mayara [email protected]

AnA LuizA AbDALA

Page 14: PP_87

14 ComportamentoDiagramação de Aline Seitenfus| Edição de Gustavo Cidral

Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA

Se Juliano se diferencia nos passos da dança, Adriano Luís José destoa com a camisa do time de futebol. Não é o Join-ville Esporte Clube que faz bater mais forte o coração do mecânico em dia de campeo-nato. Os ingressos ganhos de um primo para assistir ao jogo do Caxias Futebol Clube, em 2003, revelou uma paixão que permanece até hoje. Os gritos de gol são reservados ao clube que nasceu muito antes do JEC

(1920), mas não é tão conheci-do como o tricolor. Após o pri-meiro contato com o alvi-negro joinvilense, Adriano encontrou mais torcedores pela internet e hoje comanda um blog e par-ticipa da torcida organizada do Caxias, a Legião Alvi-negra. “Alguns consideram o Caxias o segundo time da cidade, por isso torcem para os dois. Mas torcedor que é torcedor tem só um no coração e até certa riva-lidade”, fala.

Ele explica que o time não é tão reconhecido na cidade porque parou de competir di-versas vezes e tem uma torcida ainda jovem, com apenas dez anos. “Eu sei que daqui a uns anos teremos muita credibili-dade e reconhecimento. Agora contamos com um assessor de imprensa, mas não há muito es-paço na mídia”. Atualmente, o clube disputa a divisão de aces-so para a série A do Campeo-nato Catarinense.

Era um domingo típico na vida de “João Ville”. Nada de novo, apenas aquela rotina obriga-

tória na vida de qualquer joinvi-lense. Durante a tarde, antes do jogo de futebol, foi até a Empa-das Jerke, tradicional estabeleci-mento da cidade, tomar seu cho-pe gelado e comer as deliciosas empadinhas que nunca faltam na lista de preferências. Uma des-cansadinha e logo partiu para arena assistir ao jogo do time do coração: o Joinville Esporte Clu-be, carinhosamente chamado de JEC. Durante 90 minutos, gritou vibrou com milhares de torce-dores. Para fechar a noite, levou a família ao último dia do Festi-val de Dança, evento que invade a cidade todo ano e “não deixa ninguém parado”.

“João Ville” não tem nada de incomum. Ele faz as mes-mas coisas que todo morador de Joinville costuma fazer. Será?! Ao contrário do nosso típico joinvi-lenese, Alexandre Ricardo nunca foi ao Festival de Dança. Não que ele não goste de apresenta-ções culturais ou que seja contra. O motivo que deixa o motorista longe das salas do Centreventos Cau Hansen (local em que acon-tece o evento) é financeiro. Para ele, a semana de dança na cidade, ao contrário do que se propõe, não atinge a todos os habitantes. “O Festival de Dança é feito para ricos”, afirma. Ele comenta que

Cidade dos Príncipes, da Dança e das Flores? Conheça o município sem realeza, bailarinos ou jardins perfumados

Joinville lado B: um lugar “desconhecido”IDENTIDADE

é uma boa iniciativa, mas que é feito para empresários, políticos e pessoas diretamente ligadas à arte. “Nos dias do festival falam que a cidade para, mas na minha rotina não muda nada. Nunca fui ao evento com minha esposa e meus filhos”.

A imagem de Joinville vem sendo construída em cima de

rótulos estendidos aos quatro cantos, mas a cidade mais po-pulosa de Santa Catarine não é feita apenas de dança, flores e príncipes. Os símbolos que re-presentam os bairros mais eli-tizados não são os mesmo que definem os mais retirados. No Jarivatuba, por exemplo, não é o balé da Escola de Teatro Bolshoi

que dá ritmo ao dia-a-dia, mas a capoeira de Juliano Diettrich Ra-mos. Há 14 anos, ele começou a frequentar grupos que ensinavam a mistura de arte marcial e música e hoje é professor no Grupo Be-ribazu, presente desde 1997 em Joinville. Segundo Ramos, no mo-vimento capoeirista há cerca de dez grupos na cidade. “Os primei-

ros registros de capoeira em Join-ville tem mais ou menos 35 anos e, desde que comecei, vejo mais valorização e participação. Há vá-rios festivais para mostrar a arte, além de apresentações em escolas, eventos públicos e festas”, relata.

Coração preto e branco, mas não vermelho. O outro time da cidade

Juliano Diettrich Ramos (segundo da esquerda para direita) participa há 14 anos de grupos de capoeira no bairro Jarivatuba. Hoje ele é professor do Grupo Beribazu

O Caxias é mais antigo que o Jec, mas tem conquistado torcedores jovens nos últimos 10 anos

DIVULGAÇÃO

ARQUIVO PESSOAL

Jaqueline [email protected]

Page 15: PP_87

15Comportamento Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA

No Festival de Dança ou na capoeira, jogos do JEC ou do Caxias, é impossível imaginar uma Joinville sem itens básicos como água encanada, energia elétrica, telefone. Mas no alto da cidade ainda há pessoas que vivem sem isso. No Morro do Boa Vista, próximo ao Zoo-botânico, cerca de 150 pessoas moram sem televisão, banho quente, internet e nem mesmo aguá e luz. Nas palavras de Je-noveva Sabina Vicente, uma das moradoras do lugar, vivem “como coruja”. “Há cinquenta anos vejo políticos vindo aqui em época de eleição prometen-do luz e uma vida melhor, mas nunca mais aparecem depois que conseguem os votos”, desa-bafa. Ela veio para Joinville após perder tudo o que tinha numa enchente em Balneário Cambo-riú e comprou a casa para morar com mais oito filhos. “No início não tinha nada, era um caminho de roça. Depois de 20 anos que eu tava aqui, passaram as má-quinas pra fazer estrada”.

Segundo a Prefeitura, a indi-ferença com os moradores do Morro do Boa Vista é justificada legalmente. A lei 1410 (cota 40)

proíbe a construção de casas no morro acima de 40 metros do nível do mar. O neto de de Jeno-veva, Ivan Hiller, protesta: “Tem muita construção em lugares mais altos, mas como são edifí-cios de luxo, vivem bem. Aqui, a prefeitura nunca pôs o pé. É descaso mesmo”. Ele conta que o poder público quer tirar os habitantes do morro, mas sem pagar indenização ou dar outro lugar como moradia. “Eles vão colocar energia elétrica pra cons-truir um parque e querem todo esse espaço, aí lembram que esse lugar existe”, finaliza.

Os banhos são tomados com bacia na água gelada, mes-mo em épocas de frio. A água vem do morro através de uma mangueira que passa em meio às árvores e às vezes tem o flu-xo interrompido pela passagem das pessoas. A comida é feita no fogão à lenha. Os alimentos são conservados em caixas de isopor e tudo o que se compra deve ser consumido no dia.

A aposentada não recebe o que é de direito de todo cida-dão, mas mantém em dia os im-postos que chegam sempre na sua porta.

Estilo de vida bemdiferente do europeu

JAQUELINE DIAS

Há cinquenta anos, a aposentada Jenoveva Ivan Hiller espera por luz elétrica e água encanada em sua casa no Morro do Boa Vista

Não é à toa que Joinville re-cebe o título de Manchester Ca-tarinense. As inúmeras empre-sas, sejam grandes, médias ou pequenas estão espalhadas por toda cidade. Assim também es-tão os cursos de Ciências Exa-tas, maioria dentro das facul-dades públicas ou privadas. O objetivo é formar profissionais para manter a polo industrial. Mas nem todo cidadão joinvi-lense quer ser engenheiro. Em todo território do municípo, existe apenas uma faculdade de comunicação social.

Estafania Del Valle e Karina Gonçalves iniciaram juntas o curso de Publicidade e Propa-ganda em 2009, no Ielusc. Para elas, achar emprego na área é fácil. “As pessoas se restringem apenas às agências publicitárias, mas comunicação social abran-ge muitos caminhos”, explica Karina, que trabalha no marke-ting de uma construtora desde o primeiro ano da faculdade. Estafania também trabalha na

comunicação de uma empresa há dois anos e concorda com a amiga. Ela só lamenta a dife-rença entre os salários dos es-tudantes de cursos diferentes.

Nos mesmos corredores, circula Johanes Halter. Ele está no primeiro período de Jornalismo. Ao contrário das colegas publicitárias, ele diz que é difícil encontrar empre-go. “Procurei por três semanas algo mais próximo ao jornalis-mo, mas não consegui. Como as contas me esperavam, tive que embarcar em outro ramo”, relata. Johanes trabalha na prestação de serviço de uma agência bancária.

Porém, o jornalista e as pu-blicitárias consentem em um ponto: a indignação em haver apenas um curso de Comuni-cação Social na maior cidade do estado. “Além de não existir concorrência, ficamos limita-dos a um serviço, sem poder reclamar e procurar por outro”, concordam.

Um novo perfil no mercado de trabalho joinvilense

Karina Gonçalves, Estafania Del Valle, Leonardo e Johanes Halter são estudantes dos cursos de Comunicação Social no Bom Jesus/Ielusc

JAQUELINE DIAS

Diagramação de Aline Seitenfus| Edição de Gustavo Cidral

Page 16: PP_87

Joinville - Maio 2011 PRIMEIRA PAUTA16

Diagramação de Edinei S. Knop | Edição de Eduardo Schmitz

Crônica fotográfica

Não que eu não seja uma dama, longe disso. Mas eu não me permito a falso moralismo, isso

eu não faço. Não importa como o corpo se delineia, mas devemos ser

no mínimo sensuais. No entan-to, algumas de nós mulheres so-mos marginalizadas. Isso porque

somos são pagas pelo sexo, quer dizer, existem clientes que alugam

o quarto, o corpo e a paciência atrás apenas de uma conversa.

Durante a tarde de uma terça-feira, as luzes da casa de show estão apagadas, as mesas limpas, a barra de pole dance sem nenhum corpo esguio e ninguém está bebendo. Na verdade, estamos todas lá, mas len-do revista e conversando sentadas em poltronas na sacada da casa de show. Somos prostitutas de luxo.

Enquanto isso, num outro dia, em outro lugar, a casa está vazia

e não estamos trabalhando. Ho-rário comercial é depois das 18h. Não leve a mal, sexo cansa tam-bém. Precisamos cuidar da pele, das unhas, da alimentação e beber a nossa própria cuba libre tam-bém. Por que não? Nossa vida não gira só ao redor do sexo.

Em pé, debruçada sobre a mesa, Marta, de 36 anos, segura um por-ta moedas e afirma que o troco dela é de pelo menos mil reais por noi-te. Ela é puta há uns 7 anos, agora

sua prima está começando. Somos muito competentes na nossa área, admitimos reclamações e quere-mos sempre dar o melhor de nós. Custa respeitar? Uma profissão tão antiga, tão popular e tão usu-fruída! Entenda que é uma relação meramente profissional. Por uma conversa, não custa nada. Por um serviço, consulte o cardápio.

Uma vida nem tão clandestina e que vai além do sexo profissional por dinheiroMuito mais que mero prazer

Fetiche é a essência que alimenta a profissão

Prazer, sotisficação e luxo: conceitos de um bordel requintado

Cuidados de miss e nenhum reconhecimento

Durante o trabalho o DJ é instigado ao voyeurismo; ele tem vista para o quarto

Bárbara [email protected]

bárbara ElicE

bárbara ElicE

KaUaNE MEllOKaUaNE MEllO