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NOTÍCIAS

04.nov.2014 N.638

www.aese.pt

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NOTÍCIAS PANORAMA DOCUMENTAÇÃO

A educação do caráter regressa à escola

Ficar em casa também é coisa de homens

AGENDA

Os males ocultos da economia alemã

“00:30 – A Hora Negra”

Internacionalização e Investimento Estrangeiro para o crescimento

Mães em casa: diferentes circunstâncias, mesmos motivos

A Indústria do Software: Sistemas de qualidade Lisboa, 6 de novembro de 2014

ESPECIAL

Média

“O Professor que manteve o arado atrelado a uma estrela” entre outros

Um sucesso de participação na busca dos roteiros para o crescimento de Portugal

Interação entre Gerações no Mundo Empresarial: Desafios e Oportunidades

A Comunicação nas Organizações Coimbra, 12 de novembro de 2014

Finanças para Executivos Não-Financeiros Lisboa, 10, 17, 24 de novembro e 1 de dezembro de 2014

Seminário PADIS Luanda, 18 de novembro de 2014

As novas diretivas sobre contratação eletrónica Lisboa, 13 de novembro de 2014

De técnico a dirigente Lisboa, 19 de novembro de 2014

PME’s – Desafio de crescimento e reindustrialização

O diálogo geracional e o crescimento: da desigualdade à oportunidade

A emocionada mudança geracional na AESE

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Um sucesso de participação na busca dos roteiros para o crescimento de Portugal

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13.ª Assembleia de Alumni AESE

Centro de Congressos do Estoril,17 de outubro de 2014

Com uma adesão muito elevada de 750 inscritos, a 13.ª Assembleia, que decorreu no passado dia 17 de outubro no Centro de Congressos do Estoril, lançou o debate sobre os roteiros de crescimento de Portugal para o Mundo. O dia de trabalho começou com a leitura da Mensagem do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, por parte de Suzana Toscano (31.º PADE) . Seguiu-se a apresentação dos dois estudos especialmente preparados para a ocasião e que traduzem visões positivas da realidade: um sobre a internacionalização das empresas portuguesas e o investimento direto estrangeiro em Portugal; o outro sobre o

protagonismo multiforme do talento das três gerações presentes nas empresas e como realizar a passa-gem do testemunho entre elas. Para consolidar esta visão positiva e otimista, a Assembleia teve em seguida a oportunidade de conhe-cer cinco experiências empresariais de sucesso em áreas e geografias diversificadas. Numa visão mais virada para o Mundo, as atenções concentraram--se depois em exemplos reais do novo investimento privado chinês no nosso País e das perspetivas que se abrem de aumento das trocas no eixo Atlântico, com especial foco no mercado dos EUA. Uma viagem, enfim, em busca de um Portugal mais próspero!

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A emocionada mudança geracional da AESE

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Introdução da13.ª Assembleia de Alumni AESE

Centro de Congressos do Estoril,17 de outubro de 2014

O Prof. José Ramalho Fontes acolheu os Alumni participantes na 13.ª Assembleia da AESE, agradecendo à Câmara Municipal de Cascais, representada pelo Vice-Presidente da Câmara, Miguel Luz, pela parceria na realização do evento. Recordando a conferência do Prof. Raul Diniz “O Núcleo da Cidade”, proferida na Assembleia anterior, o Prof. Ramalho Fontes apelou a tomar consciência de que é preciso “…passar da preocupação à ação. Inovar, contribuir para redefinir as melhores práticas..., contribuir para uma mudança de cultura empresarial, tendo em conta os valores que são o coração das culturas”. “Ora, sendo a AESE parte de uma rede, apraz-me dar-vos conta do

que fizemos nestes anos da nossa contribuição, quando passámos de cerca de 3500 para 5000 Alumni.”

“Como resultado do trabalho de um grupo alargado de Alumni, vamos

tratar hoje de 3 tópicos, que passo a enumerar: 1. Roteiros: percorridos com os pés na terra – a partir de Portugal – com determinação e com as Pessoas das três gerações, como »»

se verá num dos estudos do 1º Bloco; 2. Crescimento: de negócio, com criação de emprego, com mais valor acrescentado, analisado no outro estudo do 1.º Bloco, e exemplificado no Bloco 2 com alguns casos; 3. Em direção (partida e chegada) ao Mundo, a África, à China, à América: nos Blocos 3 e 4.” “Não posso deixar de agradecer, também, às empresas patrocina-doras, especialmente à Fidelidade / Fosun, todo o apoio recebido que permitiu oferecer-vos este pro-grama tão rico, assim como à equipa interna liderada por Raul Bessa Monteiro.

É devido, também, um agrade-cimento aos cinco mil líderes em-presariais, Alumni, que encarnam os valores da escola e estão comprometidos em desempenhar um papel vital, profundo, positivo e duradouro sobre as pessoas, organizações e comunidades que servem. Vocês, aqui presentes e

todos os outros são a imagem e o prestígio da AESE em todo o mundo. Ocorre-me a expressão angolana: estamos juntos!” O discurso do novo Presidente da AESE foi interrompido por um aplauso emocionado dos partici-

pantes em reconhecimento pelo seu trabalho como Diretor geral e professor da casa.

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Suzana Toscano (Presidência da República), José Ramalho Fontes (AESE), e José Luís Simões (Agrupamento de Alumni da AESE)

5 CAESE novembro 2014

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Internacionalização e Investimento Estrangeiro para o crescimento

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Competitividade e peso da China em crescendo

Coube a Adrián Caldart, Professor de Política de Empresa da AESE e do IESE, transmitir à Assembleia de Alumni da AESE as primeiras notí-cias otimistas extraídas das conclu-sões do estudo por si coordenado e subordinado ao tema “Internaciona-lização e Investimento Estrangeiro como ‘drivers’ do crescimento”. De facto, os dados analisados em relação à competitividade da eco-nomia portuguesa, das empresas e das estratégias com que estas estão a abordar a nova realidade económica do País, são positivos e permitem encarar o futuro com otimismo. “Observamos melhores expec-tativas da parte dos homens de negócios, uma confiança na maior competitividade nas empresas na-cionais e uma crescente sofistica-ção nas empresas, refletidas na

preocupação pelas melhorias da gestão e inovação e no interesse em novos mercados antes ‘ignorados’, nomeadamente no continente americano”. Para Adrián Caldart, o estudo confirma o aumento da competiti-vidade das empresas portuguesas nos mercados nacionais, em linha com a tendência já revelada pelo World Economic Forum (WEF), surgindo 68% dos empresários e executivos inquiridos a considerarem que a empresa portuguesa ganhou competitividade de 2012 para 2013, contra apenas 6% que indicam ter diminuído e 26% que não assinalam diferenças significativas. No entanto, importará sublinhar que entre as micro empresas, que constituem a base do nosso tecido empresarial, prevalece um acentuado pessimis-

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mo relativamente à evolução da competitividade no mercado nacio-nal. No que diz respeito ao investimento direto estrangeiro, o estudo salienta o crescente peso dos recentes investimentos chineses em grandes empresas portuguesas, concluindo que o volume e natureza dos investimentos estrangeiros têm contribuído para melhorar o pano-rama nacional no plano da sofisti-cação e da inovação, potenciando assim o aumento das exportações graças a produtos com maior incorporação tecnológica. Se compararmos com o ranking dos países investidores em 2009, verifica-se que o Brasil foi des-tronado do “Top 10” por países como a China e Angola, mas que países como a Espanha, a França e o Reino Unido continuam a totalizar mais de 50% do inves-timento realizado. Novidade há também quanto às áreas geográficas preferidas pelos empresários portugueses para

exportarem os seus produtos ou negócios, com a escolha dos países a recair naqueles que apresentem mercados que ofere-çam uma conjuntura económica e uma dimensão mais adequadas. Neste capítulo, Angola rendeu o Brasil como mercado prioritário, surgindo alguns pequenos países da América do Sul como novos focos de interesse, enquanto na Ásia é a China que merece maior atenção. Em conclusão, o coordenador do estudo considera que há motivos para otimismo e que é positivo verificar que o foco está cada vez mais nas suas competências. Interrogado, no final da apresentação, sobre se as “nuvens económicas” que surgiram no segundo semestre de 2014 não irão colocar em causa a leitura otimista que ressalta do estudo, Adrián Caldart confessou que está intrigado e curioso sobre o que se vai passar. Quanto à contradição de dizermos que a competitividade aumenta quando o emprego

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diminui, concordou que esse aumento da competitividade pode estar ligado a fatores como a baixa de salários, a sobrecarga de trabalho nas empresas ou a crédito mais barato, mas manifestou a esperança de que o aumento da competitividade nas empresas portuguesas venha a consolidar-se graças a fatores mais positivos.

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7 CAESE novembro 2014

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8 CAESE novembro 2014

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Interação entre Gerações no Mundo Empresarial: Desafios e Oportunidades

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Equipas de trabalho multigeracionais permitem melhor gestão do talento

Os objetivos do segundo estudo preparado para a 13.ª Assembleia de Alumni AESE eram conhecer as diferentes gerações de colaborado-res hoje presentes nas empresas portuguesas e compreender como convivem, colaboram e aprendem, em conjunto, no mundo do trabalho. Procurou-se assim, atra-vés de conjuntos de perguntas distintos colocados a 4150 pessoas empregadas, obter, por um lado, uma perspetiva geracional – caracterizar o perfil de cada geração e a forma como vê a sua envolvente – e, por outro lado, analisar a perspetiva intergera-cional, o que significa compreender as principais barreiras e oportu-nidades na colaboração entre gera-ções nas empresas. Este estudo, coordenado pela Professora Maria de Fátima

Carioca, Dean da AESE, assumiu as tradicionais três divisões geracionais – Millennials (< 35 anos), Geração X (35 < 50 anos) e BabyBoomers (> 50 anos) – e permitiu concluir, por exemplo, que “ao identificar as principais competências que cada geração aporta à sua empresa, torna-se evidente que os pontos fortes de uma geração correspondem tendencialmente aos pontos menos desenvolvidos das restantes, o que torna clara a riqueza e necessidade de constituir equipas de trabalho multigeracionais e de criar opor-tunidades de contacto que fomen-tem a entreajuda e aprendizagem mútua dentro da empresa”. E a Professora Fátima Carioca acrescenta: “Além destas vanta-gens, também o facto de existirem várias gerações presentes na

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empresa permite uma gestão do talento a longo prazo mais equili-brada e consistente e, prova-velmente, mais gratificante e desafiadora para a maioria dos colaboradores. Por último, o cres-cimento das empresas, o amadurecimento das organizações faz-se, sobretudo, através de uma cultura de encontro e de relacio-namento, de diálogo construtivo entre quem é memória do seu passado e quem tem capacidade para compreender a complexidade global das novas situações e revitalizar o pensamento e a estratégia em face do futuro”. Analisando as características específicas de cada geração, é possível verificar que, por exemplo, em relação às preocupações, as três gerações apresentam focos de preocupação semelhantes, com exceção das temáticas relativas a política e segurança nacional. A desigualdade social é a questão que apresenta um maior nível de coincidência nas preocupações sociais das várias gerações. A economia e o défice nacional

não se revelam focos de preocupação tão elevados para os Millennials, como para as restantes gerações. As gerações mais jovens evidenciam maiores sinais de preocupação pelas questões relacionadas com o ambiente. O principal foco de preocupação da

geração Baby-Boomers incide sobre os valores. As questões relacionadas com a família são uma temática de grande preocu-pação, tanto para a Geração X, como para os Millennials. A Geração X é aquela que mais se preocupa com questões relacio-nadas pela Segurança Social.

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Dados apresentados pela Prof. Maria de Fátima Carioca durante a sua intervenção

Temáticas como o emprego e finanças pessoais têm um foco de preocupação cada vez mais elevado por parte das gerações mais novas, como é o caso dos Millennials. Mais de metade dos Millennials acredita que estará a trabalhar noutra empresa num horizonte de 3 a 5 anos. As perspetivas de vir a trabalhar fora de Portugal são semelhantes para as gerações Baby-Boomers e Millenials. Em termos laborais, a geração Millennials é aquela que apresenta maior confiança nas suas capacidades e na flexibilidade do mercado de trabalho. Apesar de todas as gerações se revelarem seguras relativamente àquilo que desejam para o seu futuro, os Baby-Boomers são aqueles que apresentam um maior grau, tanto de autoconhecimento, como de autoconfiança.

Apesar de se verificar que todas as gerações demonstram interesse em atividades de lazer como a leitura, ir ao teatro ou cinema, os Baby-

-Boomers são aqueles que mais se destacam neste campo. Os Millennials são a geração que lê jornais e revistas com menor regularidade. Quase metade dos Millennials desloca-se para o trabalho de transportes públicos. A geração Baby-Boomer é aquela que costuma fazer voluntariado com maior frequência.

No final da apresentação, interrogada sobre a perspetiva das diferentes gerações relativamente ao Estado Social, Fátima Carioca

considerou que os “Millenials são os mais céticos sobre o Estado Social”, revelando, por isso, uma preocupação acrescida sobre o emprego e as finanças pessoais.

Quanto à apetência para emigrar, a coordenadora do estudo sublinhou que os mais disponíveis são os jovens e os mais velhos, revelando--se a Geração X menos aberta a sair para trabalhar no estrangeiro, talvez porque estão numa fase da vida que privilegia mais a estabilidade.

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10 CAESE novembro 2014

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Esquema do Prof. Luís Cabral sobre a estratificação das gerações

11 CAESE novembro 2014

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PME’s – Desafio de crescimento e reindustrialização

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Fatores críticos de sucesso em cinco exemplos

Centro de Congressos do Estoril, 17 de outubro de 2014

Cinco dirigentes de topo de outras tantas empresas de sucesso expuseram aqueles que consi-deram ser os fatores críticos das bem-sucedidas experiências em setores tão diversificados como o agro-industrial, o alimentar, a saúde ou a construção. A frescura do caso Vitacress Luís Mesquita Dias, Diretor-Geral da Vitacress, empresa que produz por ano, por exemplo, 5000 toneladas de saladas diversas e 1200 toneladas de batatas, coloca à frente na listagem dos fatores críticos de sucesso, o know-how e a qualidade, sublinhando a elevada formação dos seus técnicos e a ligação íntima aos mundos da Ciência e da Academia como garantes de uma produção mais eficiente e de qualidade extra. Será este conhecimento aprofundado que permite à empresa “praticar

uma agricultura de precisão e muito intensiva, facultando cinco a seis colheitas por ano nos cerca de 300 hectares de terrenos explorados na região de Odemira, 30 dos quais em estufas”. Controlo de gestão, exportação, inovação, desenvolvi-mento de marcas, integração vertical (da sementeira à emba-lagem) e política de recursos huma-nos são outros dos fatores que Luís Mesquita Dias realça para

explicar os elevados índices de produtividade que permitem exportações na ordem dos 40%, nomeadamente para Angola – que começa a ser agora explorado, - “o que levanta exigentes desafios logísticos, já que o prazo de validade da maioria dos produtos não ultrapassa nove dias”. O Diretor-Geral da Vitacress salientou ainda a atenção dada às novas ten- dências de consumo, dando como

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exemplo “a preparação de produtos adaptáveis ao regresso das lancheiras, motivado pela crise económica, ou a resposta à luta contra a obesidade infantil”. Um caso de boa saúde Isabel Vaz, Presidente da Comissão Executiva da nova Luz Saúde, justificou o sucesso num setor tão sensível como a Saúde com “a capacidade de ousar pensar de forma diferente, de sonhar as coisas diferentes do que elas foram”. Recordando que a empresa tem crescido a um ritmo superior a 35% ao ano e que acaba de protagonizar uma das mais bem- -sucedidas OPA na Bolsa de Valores de Lisboa, Isabel Vaz apresentou como fatores críticos de sucesso em Saúde, o combate ao desperdício com recurso a técnicas de gestão já testadas noutras indústrias, a transformação dos utentes em clientes, a valorização das capacidades dos profissionais de Saúde em trabalharem numa equipa e de forma vertical à volta do doente, alinhados com a relação custo/benefício. Em suma, a

responsável pela Luz Saúde fala de engenharia de processos tendentes à redução dos custos, em novos modelos de governação clínica em que a eficiência e a rentabilidade são sinónimos de qualidade extra de serviço. E conclui: “Um Hospital é hoje uma grande e lindíssima fábrica onde é imperioso fazer as coisas benfeitas e sem desper-dício”. O caso Imperial Manuela Tavares de Sousa, CEO da Imperial, o maior fabricante português de chocolate, não tem dúvidas que o sucesso atual desta empresa, fundada em 1932, passa pela sua permanente capacidade em reinventar-se, pela constante modernização tecnológica e por uma exigente adaptação às tendências do mercado. Presente em todos os segmentos do concor-rencial mercado de chocolates, a Imperial soube, segundo a respon-sável, “construir marcas com fortes ligações emocionais aos consu-midores, confirmando uma grande apetência para colocar uma qualidade exigente e uma grande

12 CAESE novembro 2014

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Isabel Vaz, Luz Saúde »»

inovação na captação de tendên-cias de diferenciação ao serviço a longo prazo”. Capaz de inovar com a marca premium Jubileu, por exemplo, com 40% das vendas no exterior, ou de recuperar, numa onda de revivalismo, as célebres caixas de furos da Regina, a Imperial aposta na exportação para ganhar dimensão e superar cons-trangimentos, como a sazo-nalidade. Hoje, o mercado externo representa já 20% do volume de negócios e novas geografias estão em estudo, como o Médio e o Extremo Oriente, “mercados estra-tégicos para quem queira crescer e que exigem uma oferta adaptada”, segundo Manuela Tavares de Sousa. Prefabricats Planas: um caso replicável Francesc Planas, Conselheiro Delegado da Prefabricats Planas, empresa de pré-fabricados para construção civil da região de Girona, em Espanha, é um exemplo flagrante do recurso à inovação sistemática com o apoio da Universidade para responder às

alterações drásticas do mercado de construção e obras públicas veri-ficadas nos últimos anos na Península Ibérica. “Antecipámos a queda do betão, que atingiu 90% nos últimos anos, e começámos a pensar e desejar o impossível, para chegarmos ao produto utópico possível”, explicou Frances Planas, recordando a transformação de uma empresa de pré-fabricados que tinha produtos em catálogo, para uma unidade que passou a fabricar por medida, respondendo às necessidades específicas de cada cliente e incorporando novas soluções tecnológicas que nada têm a ver com o cimento, como sejam painéis fotovoltaicos ou outras. Os novos processos permitiram fabricar novos produtos e atingir novos clientes cada vez mais exigentes, o que possibilitou que a empresa tivesse invertido a queda das vendas a partir de 2012, isto quando mais de 70% das empresas deste setor de pré- -fabricados em Espanha já fecharam as portas. King Oscar: o segredo das

sardinhas Geir Arne Asnes, CEO da King Oscar, uma empresa de conservas

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Geir Arne Asnes, King Oscar »»

de frutos do mar de origem norueguesa, começou por elogiar a boa sardinha portuguesa, bem melhor do que a do seu país, antes de explicar como é que uma empresa de nicho de mercado sobreviveu ao longo de 140 anos, tendo sempre conseguido adaptar- -se às condições do mercado, incluindo através de uma deslocalização de grande parte da produção para a Polónia, motivada também pela enorme disparidade dos custos de mão de obra relativamente à Noruega. Os fatores de sucesso da King Oscar, que comercializa, entre outras, conservas de sardinha, atum, salmão, arenque, cavala e anchovas, não são muito diferentes, segundo o seu CEO, daqueles que foram enunciados pelos seus colegas das quatro outras empresas deste painel, a saber: uma legislação estável; o desenvolvimento de produtos adaptados ao gosto dos clientes; estabilidade financeira; explorar todas as oportunidades de inovação; uma gestão apaixonada pelo negócio; e acionistas

apostados em investir na companhia. Se a isto juntarmos bons níveis de competitividade, capacidade para dar dinheiro a ganhar aos distribuidores de cada vez mais países e a garantia da sustentabilidade dos recursos piscícolas, teremos a chave total do sucesso.

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14 CAESE novembro 2014

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15 CAESE novembro 2014

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O diálogo geracional e o crescimento: da desigualdade à oportunidade

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Os complexos desafios da Geração D

Centro de Congressos do Estoril, 17 de outubro de 2014

O Professor Luís Cabral, docente de Economia na Universidade de Nova Iorque e na AESE, cativou a audiência com uma intervenção repleta de fino humor sobre a análise das características e dos desafios que se colocam à geração nascida já depois do 25 de Abril de 1974, que batizou de “Geração D”, diferenciando-a das gerações anteriores: a nascida entre 1940 e 1955, classificada de Geração Ultramar, e a nascida entre 1955 e 1975, denominada de Geração Europa (Geração E). Segundo o conferencista, ao contrário das gerações anteriores, a Geração D já encontrou o sistema democrático e a integração europeia como realidades ad-quiridas em Portugal. No entanto, chegou ao mercado de trabalho

numa fase em que a economia portuguesa entrou em estagnação e é, por isso, a geração do desemprego, ainda por cima de um desemprego jovem e muito qualificado, pois o número de universitários cresceu neste período como nunca (de 75 para 400 mil) – “Portugal é o segundo país europeu com mais arquitetos por mil habitantes” –, o mesmo tendo sucedido com o número de doutorados, cujo crescimento foi ainda mais brutal (dez vezes mais). Perante este enquadramento, o Professor Luís Cabral sustenta que a Geração D é a da “Diáspora”, assistindo-se à emigração de jovens para a Europa e temendo-se que o pior ainda esteja para vir; é a geração da “Dependência”, já que a relação entre trabalhadores e

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reformados é o dobro do resto do mundo; é a geração da “Desigual-dade”, dadas as diferenças de condições com as gerações ante-riores; é a geração do “Desin-teresse”, tal é o seu alheamento em relação à política e aos atos eleitorais; é a geração da “Descon-fiança”, para quem os sistemas da Política e de Justiça não têm credibilidade; é a geração da “Desilusão”, porque o sonho parece inalcançável. Percebe-se pois a complexidade dos desafios a enfrentar pela Geração D, embora subsista uma luz de esperança, tanto mais que os elementos desta geração mais jovem se apresentam com um maior espírito e capacidade de empreendedorismo, embora revelem de forma também elevada, um individualismo militante – “a média de arquitetos por ‘atelier’ em Portugal é de 2,5” – o que dificulta a hipótese de os projetos ganharem escala numa economia globalizada. Daí que o Professor Luís Cabral conclua que a Geração D precisa,

urgentemente, de cultivar a escola do associativismo, única forma de se afirmar com a dimensão neces-sária perante os desafios que se lhe colocam. E a última palavra é também de esperança: a Geração D – de despertar, de desafio e de descobrimento - mostra-se convicta de que estará melhor em 2020 e que então Portugal terá encurtado distâncias para o resto da Europa.

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16 CAESE novembro 2014

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Sessão de Continuidade A Indústria do Software: Sistemas de qualidade Lisboa, 6 de novembro de 2014 Saiba mais >

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AGENDA

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17 CAESE novembro 2014

Seminários

Sessão de Continuidade A Comunicação nas Organizações Coimbra, 12 de novembro de 2014 Saiba mais >

Seminário PADIS | Gestão de equipas Lisboa, 25 e 26 de novembro de 2014 Saiba mais >

Sessão de Continuidade De técnico a dirigente Lisboa, 19 de novembro de 2014 Saiba mais >

Sessão de Continuidade As novas diretivas sobre contratação eletrónica Lisboa, 13 de novembro de 2014 Saiba mais >

Seminário Finanças para Não- -Financeiros Lisboa, 10, 17 e 24 de novembro e 1 de dezembro de 2014 Saiba mais >

Sessões de continuidade

AESE Business School Diário Económico, 27.10.2014 Atrair os melhores a nível global Diário Económico, 27.10.2014 Aluna da Nova vence prémio com caso da TIMWE Diário Económico, 27.10.2014 Água, resíduos e energia vão ter comentadores residentes no Ambiente Online Ambiente Online, 29.10.2014 Mercados e solidariedade Expresso, 25.10.2014 O Professor que manteve o arado atrelado a uma estrela Canal de Negócios, 24.10.2014 Transferências Human Resources, 1.10.2014

AESE nos Media

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De 24 a 31 de outubro de 2014

18 CAESE novembro 2014

PANORAMA

A educação do caráter regressa à escola A obsessão em educar sem imposições de nenhum tipo, levou a uma situação paradoxal: enquanto as crianças se tornam fortes em casa e na escola, ficam igualmente sem critérios que as ajudem a orientar-se numa socie-dade nada complacente com elas. Este contraste é preocupante na Suécia, Grã-Bretanha e Estados Unidos, que começaram a debatê--lo. Um estilo muito liberal de edu-cação dos filhos, conduziu a que fosse criada na Suécia uma geração de crianças mimadas e centradas em si mesmas, que não augura nada de bom para o seu futuro. Este é o diagnóstico do psiquiatra David Eberhard no seu

novo livro “Como as crianças tomaram o poder”, que desde a sua publicação no ano passado, desencadeou opiniões opostas e fez do seu autor, um protagonista de entrevistas na televisão e de editoriais – em grande parte críticos – nos jornais. Se existe algum país onde a educação das crianças se centra no respeito do seu modo de ser e das suas preferências, é a Suécia. Em 1979, foi proibido qualquer tipo de palmada para impor disciplina a uma criança, e qualquer acusação deste tipo pode desencadear uma investi-gação por uma equipa de psicólo-gos e polícias, e terminar numa forte multa. Daí que a crítica de

Eberhard tenha sido recebida como uma bofetada no sistema. Não é que Eberhard proponha regressar à palmada. O que diz é que, ao abrigo da ideia do respeito pela criança, muitos pais renun-ciaram a estabelecer regras e disciplina aos seus filhos, os quais assumiram o comando e não só o da televisão. “À partida, deve-se ouvir as crianças”, admite Eberhard, “mas na Suécia foi-se demasiado longe. Elas tendem a decidir tudo nas famílias: quando ir para a cama, o que comer, aonde ir de férias, o que ver na televisão”. “Vivemos numa cultura onde os chamados ‘especialistas’ dizem que a criança

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19 CAESE novembro 2014

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é ‘competente’ e a conclusão é que as crianças decidem”. Isto fez com que a educação do caráter das crianças deixe muito a desejar. Para Eberhard, são sim-plesmente mal educadas e teimo-sas. Numa reunião, interrompem constantemente, querem ser o centro das atenções e reclamam o mesmo espaço que os adultos. Não se comportam melhor na escola. As crianças foram educa-das numa atitude muito anti-autoritária, e isso nota-se no modo de responder na escola aos professores. Estes têm de conver-sar com elas para que deixem de utilizar o telefone na aula e, segundo um exemplo citado por Eberhard, um professor que se atreveu a confiscar o telefone de uma criança, teve de enfrentar

depois as críticas dos pais que o acusavam de não respeitar os direitos da criança. As crianças de hoje são os filhos de uma geração que não conhe-ceu muita disciplina, e que não sabe como impô-la. Agora, o ministro da Educação pede mais disciplina na escola. O que fez soar os sinais de alarme foi a descida das classificações dos alunos suecos de 15 anos nos testes PISA. As suas competên-cias estão abaixo da média da OCDE, tanto em matemática, co-mo em leitura e ciências, com re-trocessos em todas elas. Não es-tranha que olhem com inveja para a vizinha Finlândia, onde os pro-fessores têm uma autoridade que perderam na Suécia e cujos resul-tados académicos são excelentes.

Eberhard pensa que a educação recebida pelas crianças suecas não as prepara para as frus-trações inevitáveis da vida. “As suas expectativas são muito altas e a vida é demasiado dura para elas. Daí terem crescido muito os casos de ansiedade e de jovens que se mutilam a si próprios”. Que propõe Eberhard para corrigir esta situação? Que os pais voltem a assumir o seu papel de edu-cadores, acabando com a tirania da criança. “Tem de se assumir o controlo na família. A família não é uma democracia”. O diagnóstico do psiquiatra dividiu o país. Uns veem confirmadas as suas preocupações, e apoiam que os pais coloquem mais limites às crianças. Outros dizem que o tipo de criação dos filhos corresponde

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à ênfase que o país deposita na democracia e na igualdade. Há quem veja o lado positivo de uma atitude antiautoritária, que favore-ceria uma maior criatividade dos jovens quando se vão incorporar no mundo laboral. Nos EUA, a “mãe tigre” suscita a interrogação sobre quais os motivos porque certos grupos de imigrantes prosperam mais do que outros. A educação do caráter também é uma ideia na moda na Grã- -Bretanha. A jornalista do “Guar-dian”, Gaby Hinsliff, associa-a à capacidade de “se recuperar dos fracassos, enfrentar novos desa-fios com otimismo, ser perseve-rante e centrar-se em objetivos a longo prazo”.

Que a escola deve contribuir para forjar o caráter, não é ideia revolu-cionária na Grã-Bretanha. “As es-colas privadas de elite sempre apostaram em produzir estudan-tes ambiciosos e seguros de si mesmos”, afirma Hinsliff. E não é difícil encontrar por todo o país escolas estatais que oferecem “educação baseada em valores”, como a paciência e o respeito. Mas é inovador que a educação do caráter se tenha convertido num tema que junta políticos de diferentes correntes, como o ministro da Educação Michael Gove, do Partido Conservador, e o responsável da oposição traba-lhista para temas educativos, Tristram Hunt. De facto, a educação do caráter é uma das prioridades de um grupo

de parlamentares britânicos (The all-party parliamentary group on Social Mobility) de todos os par-tidos, criado em 2011 para impul-sionar a mobilidade social no país. O seu diretor, o deputado conser-vador Damian Hinds, defende que a resiliência – a capacidade de enfrentar com flexibilidade adver-sidades e de superá-las – às ve-zes, pode ser mais útil do que as classificações escolares para pro-gredir na escala social. “Todos conhecemos pessoas que não tiveram grandes notas na escola e que, no entanto, se impuseram com estímulos, deter-minação, esforço e o convenci-mento de que podiam conseguir coisas”. Acrescenta: “É importante saber-mos que algumas coisas fazemos

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bem e outras não. Que tiremos partido das nossas forças e que enfrentemos as nossas fraquezas. O fracasso vai suceder em algum momento da nossa vida. O fundamental é saber em que altura vamos começar a preparar- -nos para a sua chegada”. A educação do caráter vinculada à resiliência também encontrou eco nos Estados Unidos, devido ao último livro de Amy Chua, “The Triple Package”, escrito em cola-boração com o seu marido, Jed Rubenfeld. Chua, uma professora de origem chinesa da Universidad de Yale, tornou-se famosa com o seu anterior livro “Battle Hymn of the

Tiger Mother”, no qual explicava o severo estilo educativo que pro-punha… e que pratica conscien-temente com as suas filhas. Desde então, é conhecida nos meios de comunicação norte- -americanos, como a “mãe tigre”. Em “The Triple Package”, Chua e Rubenfeld defendem que, nos EUA, certos grupos de imigrantes progridem mais do que outros, graças a três traços de perso-nalidade: o complexo de superiori-dade, a capacidade para se so-breporem à insegurança e o controlo dos seus impulsos. A combinação destes traços, constitui um autêntico trampolim na escala social: “Os cubanos em

Miami ascenderam da pobreza para a prosperidade numa única geração. Os nigerianos obtêm doutoramentos em taxas assom-brosamente altas. Os indianos e os chineses norte-americanos têm rendimentos muito mais elevados do que outros norte-americanos. E os judeus talvez tenham os mais altos”. Mas a boa notícia – acrescentam – é que os cidadãos de outros grupos também podem adquirir estes traços de caráter. De facto, houve uma época não muito lon-gínqua, em que o sonho ameri-cano não fazia distinções e era aberto a todos.

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Para Gaby Hinsliff, jornalista do “Guardian”, parece que o novo livro de Chua sofre do mesmo voluntarismo de que fez gala Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook, no seu polémico livro “Lean In”. Segundo Sandberg, se as mulheres não chegam aos postos de trabalho mais elevados, é por falta de ambição e não tanto devido a um problema na organização do mercado laboral. “Não importa que o chefe seja machista ou que a baixa por maternidade nos EUA seja exaus-tivamente curta”, escreve Hinsliff. “Sandberg diz-nos que apenas é necessário ‘levantar mais a mão’ e

haverá a ascensão social. Não interessa que os grupos de imi-grantes que mais progridem ten-dam a ser aqueles que já eram melhor educados antes de terem chegado: há que ensinar os filhos a controlarem-se a si próprios e irão prosperar, diz Chua”. A crítica de Hinsliff baseia-se na presunção de que os jovens criados em meios sociais difíceis, tendem a enfrentar os fracassos de modo mais negativo. Mas, por isso mesmo, a educação do caráter pode ser um bom trunfo para multiplicar as oportunidades. Assim o defende o britânico Iam Morris, professor numa escola

pública de gestão autónoma: “Os alunos desfrutam realmente des-tas lições e os seus benefícios são concretos e dignos de nota, incluindo a competência para aceitar e gerir as emoções difí-ceis; a serenidade perante situa-ções duras; o apreço pelo que significam a simpatia e a gentileza na vida quotidiana e a capacidade de aprender com os desafios e a pressão desse dia a dia”.

(com autorização de www.aceprensa.pt)

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PANORAMA

Os males ocultos da economia alemã Os países europeus descontentes com a amarga receita de auste-ridade da médica Merkel, têm agora um advogado na própria Alemanha. Marcel Fratzscher, pre-sidente do Instituto Alemão de Investigação Económica (DIW), faz uma séria advertência ao go-verno no livro “Die Deutschland- -Illusion”, para retificar o rumo. O aviso caiu bem na ala esquerda do executivo. Na apresentação da obra, a 19 de setembro, o autor foi acompanhado pelo ministro da Economia, o social-democrata Sigmar Gabriel, que a qualificou de “leitura obrigatória”. Mas a ala direita não dava indícios de vir a mudar de política.

Na Alemanha, o crescimento do PIB e dos salários é inferior à média da zona euro, e a expansão do emprego esconde um aumento do trabalho precário ou de jornada parcial. Fratzscher, economista de 43 anos com experiência internacio-nal (trabalhou no Banco Central Europeu - BCE, em Harvard e no Banco Mundial), quer tirar os alemães da complacência com as suas realizações e do seu exces-so de confiança. A “ilusão” em que vivem, diz, baseia-se em três méritos que lhes permitiram resis-tir firmes à crise. São: a reforma laboral da década anterior, que ao flexibilizar o mercado, trouxe um

aumento do emprego; as abun-dantes exportações da competiti-va indústria nacional, e o equilíbrio orçamental, tão diferente do irres-ponsável endividamento dos paí-ses resgatados. Moral da história: se os vizinhos em apuros querem manter-se à tona de água, terão de submeter-se à mesma doloro-sa cura, e não ficar à espera que a Alemanha lhes tire as castanhas do fogo. Mas, segundo Marcel Fratzscher, a Alemanha não vai tão bem como parece. Apresenta sintomas preo-cupantes: três anos a crescer me-nos de 1%, incluindo três trimes-tres negativos (-0,6% é o dado mais recente); salários quase

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estagnados, mais baixos do que no princípio do século para dois em cada três trabalhadores. Nesses dois capítulos, a Alemanha está abaixo da média da zona euro. Que está então a acontecer? Fratzscher explica que os êxitos alemães são significativos, mas têm um lado escuro. A reforma laboral reduziu o desemprego, mas à custa do aumento dos empregos a tempo parcial ou precários. Assim, embora em 2013 houvesse mais 4 milhões de pessoas empregadas do que em 2005, as horas de trabalho totais subiram muito pouco, e propor-cionalmente, baixaram de 1.431 para 1.388 por trabalhador e ano. O poder exportador não se deve a ter subido a produtividade, mas ao

facto da Alemanha vender agora mais barato, graças aos custos salariais contidos e ao euro. E o défice orçamental reduziu-se, so-bretudo, porque com dois milhões a menos de desempregados do que em 2005, se recolheram mais impostos. Depois de chamar à realidade os compatriotas, Fratzscher salienta aquilo que, na sua opinião, é o problema de fundo da economia alemã: a falta de investimento e uma poupança desproporcionada. Os investimentos baixaram de 23% para 17% do PIB, desde os anos noventa até hoje. O inves-timento público, equivalente a 1,6% do PIB, situa-se bastante abaixo da média da UE, que é de 2,2%. Mostra disso é o mau esta-do das outrora exemplares infra-

estruturas alemãs, dizia há pouco tempo a revista “Der Spiegel”. Contra isso, Fratzscher recomen-da o mesmo que pedem os governos europeus que se opõem à co n t i n u a çã o da cu ra d e austeridade: aumentar a despesa pública, ainda que à custa de mais défice. Também o FMI o disse esta semana, ao rever para a baixa a previsão de crescimento da zona euro, porque vê perigo de r e g re s so à re ce s s ã o . E o presidente do BCE, Mario Draghi, repetiu a mesma mensagem porque teme uma deflação à japonesa. Fratzscher acrescenta que o governo alemão deveria estimular o investimento privado, porque o baixo nível atual impede que aumente a produtividade. Pelo contrário, se os alemães, em

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vez de pouparem tanto e colo-carem tanto dinheiro no estran-geiro, investissem mais no seu próprio país, obteriam maiores receitas e impulsionariam o cres-cimento. Outra parte da atual pou-pança deveria ser gasta em importar mais dos países vizinhos, que é uma maneira de fazer cres-cer a economía alemã e, simulta-neamente, um benefício para os parceiros da UE. Por último, há que liberalizar o setor dos serviços, pouco produ-tivo e competitivo, porque numa parte relevante está submetido a organizações profissionais e a regulamentações protecionistas. As teses de Fratzscher provoca-ram viva discussão. A 20 de se-tembro, a chanceler Angela Merkel deu a dica, afirmando que

para crescer há que investir. Mas Fratzscher reprova ao governo que empreenda um plano de infra-estruturas e não apoie a mesma política em França ou em Itália. Nestes e noutros países há um surto de rebelião contra as exigên-cias alemãs. O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, anunciou um “orçamento contra a austeri-dade”. Já o ministro das finanças alemão, o democrata-cristão Wolfgang Schäuble, insiste em baixar o défice, o que para Fratzscher é “objetivo muito estra-nho nas atuais circunstâncias”. Por fim, a 9 de outubro, Merkel fez a primeira insinuação de que poderia haver uma mudança de política. No mesmo dia, a Agência Estatística Federal acrescentou outro dado inquietante: em agosto

passado, as exportações alemãs baixaram 5,8% em relação ao mês anterior, a maior descida desde 2009. A chanceler, reconhe-cendo a deterioração das previ-sões económicas, disse que o governo examina o estímulo aos investimentos, especialmente nos setores digital e energético. Decla-ração considerada significativa, mas não envolve uma renúncia formal ao princípio de não aumen-tar o défice. Não se sabe se para moderar expectativas, Schäuble, que estava em Washington, disse nesse dia 9, que “passar cheques” não é a maneira de impulsionar o crescimento da zona euro.

R. S.

(com autorização de www.aceprensa.pt)

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PANORAMA

“00:30 – A Hora Negra” Zero Dark Thirty Realizador: Kathryn Bigelow Atores: Jessica Chastain;

Joel Edgerton Duração: 157 min. Ano: 2012 Este filme retrata a captura de Bin Laden e os esforços para o encontrar desde o 11 de Setembro de 2001 até à sua morte em maio de 2011. É bastante realista e cru, também pela inclusão das polé-micas cenas de tortura aos prisioneiros da Al Qaeda.

O enredo acompanha uma agente da CIA, “Maya”, e a sua persis-tência em se manter focada nesse objectivo durante todos esses anos. Ela não desiste apesar da morte de vários colegas em emboscadas. Não desanima ape-sar das pistas incorretas que a enganam em várias ocasiões e aprende com os erros. Não se desconcentra com os atentados em Londres e noutros locais que desviam as atenções para a bus-ca de soluções que evitem mais ataques. Ela permanece no seu posto, embora veja colaboradores preferirem ocupar outras posições

menos desgastantes. Ela insiste e dá-se a conhecer a todos os novos colegas. Procura envolvê- -los. Não hesita em falar com os superiores para deixar claro o que está em jogo. Pede conselhos, investigando as informações que lhe dão e que considera válidas. Ela sabe o que quer e todos sabem o que ela quer. Todos sabem o que procurar, o que evita distraírem-se com o acessório… e as possibilidades de êxito au-mentam. Ela triunfa, confirmando que focar--se com disciplina e método

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naquilo que pode levar à reso-lução do problema, já é parte essencial da solução. Tópicos de análise: 1. Ter bem presente o valor de um

objetivo fortalece a motivação.

2. Dar a conhecer o que se pro-cura, facilita que os outros saibam o que pesquisar.

3. Com método e disciplina evita-

-se a dispersão e concentra-se a atenção.

Hiperligação para o filme: http://www.imdb.com/title/tt1790885/

Paulo Miguel Martins Professor da AESE

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DOCUMENTAÇÃO

Ficar em casa também é coisa de homens Nos Estados Unidos, foi divulgado que houve um aumento do número das mães e dos pais que decidem não trabalhar fora de casa para cuidar dos filhos. Isto pode parecer um retrocesso - para as mães – ou uma audaciosa inovação – para os pais; todavia, a análise desses casos mostra mais outra coisa. As famílias têm diferentes situações e preferên-cias, e o mais importante não é que sigam determinados tópicos ideológicos, mas que tenham a maior liberdade possível para se organizarem como melhor lhes convier. Há pouco mais de 40 anos, as donas de casa já eram menos frequentes nos Estados Unidos,

mas constituíam ainda metade das mães, e a maioria entre as que tinham filhos pequenos. Os “donos de casa”, por seu lado, eram uma raridade sem relevân-cia estatística. Nessa altura, quase metade das crianças vivia com uma mãe que não tinha trabalho remunerado. 90% desses lares eram susten-tados com o salário do marido. Uma ascensão recente A crescente entrada das mulheres no mercado laboral fez baixar a percentagem de mães sem salário. Em 1999, as mães que ficavam em casa, estavam redu-zidas a 23%. Foi o mínimo histó-

rico: depois a percentagem come-çou a subir e, em 2012, atingiu 29%, a taxa mais elevada desde meados dos anos 80. Os pais que ficavam em casa também aumentaram em número até alcançarem valores apreciá-veis. De 1,1 milhões em 1989 (4% dos pais), passaram para 2 milhões (7%), depois de um pico de 2,2 milhões em 2010. Embora a grande maioria dos progenitores que trabalha somente em casa continue a ser de mães, os pais passaram de 10% para 16%. Todos esses dados, e os que se vão citar em seguida, provêm de dois estudos em separado sobre mães e pais donos de casa nos

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29 CAESE novembro 2014 »»

Estados Unidos, publicados pelo Pew Research Center em abril e em junho deste ano (D’Vera Cohn, Gretchen Livingston e Wendy Wang, 2014, “After Decades of Decline, A Rise in Stay-at-Home Mothers”. Washington, D.C.: Pew Research Center’s Social & Demographic Trends project, April. Gretchen Livingston, 2014, “Growing Number of Dads Home with the Kids: Biggest increase among those caring for family. Washington, D.C.: Pew Research Center’s Social and Demographic Trends project, June). Devemos advertir que quando aqui falamos de “mães” ou “pais”, sem outras caraterísticas adicio-nais, estamos a referir-nos a pes-soas que vivem com filhos meno-res de 18 anos. Se se tiver isto em conta, o número de pais que ficam

em casa é mais significativo, pois nos Estados Unidos, 16% dos homens com filhos menores não vivem com nenhum deles. Por outro lado, a condição de mãe ou pai que fica em casa não é definitiva na maioria dos casos. A taxa de atividade feminina con-soante a idade, nos EUA e em muitos outros países, forma uma curva parecida com um M: baixa nos anos em que costuma ter filhos pequenos, e sobe depois. Ficam em casa porque querem As duas tendências detetadas nos estudos são dignas de considera-ção. Mas os últimos anos têm sido de crise económica. Se o cres-cimento do número de mães e pais a ficar em casa é um simples efeito do desemprego, carece de

relevância do ponto de vista da sociologia familiar. A recessão certamente que teve influência, mas não é a principal causa do fenómeno. Tanto entre as mães como entre os pais sem trabalho remunerado, a maior par-te do aumento deve-se aos que decidiram ficar em casa para atender a família. Entre as mães a ficar em casa, as que afirmam estar assim por não terem podido encontrar emprego passaram de 1% no ano 2000, para 6% em 2012. No entanto, essas mulheres equivalem a somente 25% do aumento do número de mães que ficam em casa. Pelo contrário, são ainda maioria, 73%, as que afirmam estar em casa para atender a família.

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Também o incremento do número de pais a ficar em casa é mais notório entre os que estão assim porque querem (ver Gráfico 1, publicado em “Aceprensa”). E isto é uma novidade absoluta. Até agora, o mais comum se um pai não saía de casa para trabalhar, era que estivesse doente ou fosse deficiente: em 1989, era o caso de 56%. Em 2012, ainda se encontra nessa situação a maior parte (35%), mas a seguir deparamos com os que não conseguem encontrar emprego, cujo número subiu de 15% para 23%: claro efeito da crise. No entanto, essa não é a maior alteração. Cresceu muito mais o número dos pais que ficam em casa para cuidar da família: de escassos 5% em 1989, para 21%, em 2012.

Gráfico 1

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As casadas têm uma margem maior Vemos assim que está a aumentar o número das mães e dos pais que ficam em casa por escolha própria. Mas, naturalmente, as pessoas escolhem entre as opções disponíveis, e entre elas pode não estar a que consideram melhor de todas. De facto, o número das mães a ficar em casa para as quais a sua situação é a ideal, baixou de 48% em 2007, para 36% em 2012. Isto reflete sem dúvida o aumento do número das que não conseguem encon-trar trabalho remunerado. Portan-to, para saber que tendências de fundo fazem mexer o fenómeno das mães e dos pais que ficam

em casa, precisamos de observar que oportunidades e limitações estão a ter as famílias. No aspeto económico, os lares com um progenitor sem trabalho remunerado, seja a mãe ou o pai, têm, em média, menos rendi-mentos do que os outros. Mas não se trata apenas de que com dois salários entra mais dinheiro em casa. Como era de esperar, as mães com menor taxa de pobreza (3%) são as casadas que traba-lham e cujos maridos também trabalham. Mas em seguida não figuram outras que são remune-radas, mas as donas de casa com marido que trabalha (15%). As taxas de pobreza para as mães com trabalho, mas que vivem sós

ou em união de facto, rondam os 30%. As mais pobres de todas são as que vivem em união de facto e não trabalham fora de casa (88%), seguidas pelas mães sozinhas sem trabalho (71%). De modo que o casamento está associado a um maior bem-estar familiar. Talvez por isso, a percen-tagem de mães casadas sem trabalho externo que afirma estar assim para cuidar da família – não porque não tenha outra alternativa – é elevada, 85%, bastante mais do que a média (73%). As mães casadas têm uma maior margem para decidir se trabalham fora de casa ou não.

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Casamento e bem-estar Mais ou menos o mesmo acon-tece com o nível de instrução, que se relaciona com a probabilidade de obter emprego e a remunera-ção que se pode receber. Em média, as mães que ficam em ca-sa têm formação académica infe-rior (ver Gráfico 2, publicado em “Aceprensa”). Aparentemente, é lógico: as licenciadas tenderão a conservar os empregos de cate-goria e salário superiores a que têm acesso. Mas também entre as mães sem trabalho remunerado, as casadas são as que mais passaram pela universidade: 58% das que têm marido a trabalhar e 42% das que têm marido sem emprego. Já as mães não casa-das têm as menores taxas, tanto entre as que estão em casa, como entre as que trabalham.

Gráfico 2

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33 CAESE novembro 2014 »»

Novamente, parece que o ca-samento é acompanhado por maior estabilidade económica. Ao mesmo tempo, observa-se o reflexo de um problema detetado nos Estados Unidos: casar-se tornou-se menos frequente em extratos populacionais com rendi-mentos inferiores aos da classe média. Assim, mães solteiras ou em união de facto costumam coincidir com situações de menor nível de instrução e mais pobreza. Uma evolução semelhante veri-fica-se em França, segundo um

estudo do INSEE – Institut National de la Statistique et des Études (Zohor Djider, “Huit femmes au foyer sur dix ont eu un emploi par le passé”. INSEE Première, n. 1.463; août 2013): antes, as mulheres com menor percentagem de casadas eram as de nível educativo superior. Já não acontece essa diferença e, pelo contrário, aumentou muito mais o número das mães solteiras entre as que têm menor formação académica.

Quando os filhos são pequenos Portanto, comprova-se a tese de que as mães que ficam em casa o fazem na sua maior parte para cuidar da família, sobretudo quan-do os filhos são pequenos. A percentagem de mães com filhos pequenos situa-se nos 40% entre as que trabalham, e nos 51% entre as que estão em casa.

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34 CAESE novembro 2014 »»

Naturalmente, isto é um reflexo em parte das mulheres que deixam o trabalho, por mais ou menos tempo, depois do nas-cimento de um filho. Fizeram-no, também para cuidar de um familiar adulto, 27% das mães (neste caso, as que têm filhos de qualquer idade). Ora, é inte-ressante que também os pais, em percentagens claramente meno-

res mas apreciáveis, afirmam ter reduzido o tempo que dedicam ao trabalho pelo mesmo motivo (ver Gráfico 3, publicado em “Ace-prensa”). O aumento do número de pais a ficar em casa responde a essa atitude, sinal de uma mudança social que pode ser muito importante. Pelo menos, isso é defendido num estudo recente sobre o fenómeno nos

Estados Unidos (Karen Z. Kramer e Amit Kramer, 2014, “The Rise of Stay-at-Home Father Families in the US: The Role of Gendered Expectations, Human Capital, and Economic Downturns”. University of Illinois, School of Labor and Employment Relations, Working Paper).

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Gráfico 3

Mudança de mentalidade Para os autores, a percentagem de pais em casa, relaciona-se com dois fatores: sobe com a taxa de desemprego e nível de instru-ção das mães. O primeiro aspeto não precisa de comentários. O se-gundo mostra que a opção de dei-xar o trabalho já não é unívoca. As mulheres nos EUA são metade da população ativa e obtêm a maioria dos títulos universitários. A cres-cente vantagem feminina na edu-cação é fator crucial para ser ele e não ela quem ficará em casa. No estudo, a taxa de pais que ficam em casa tem tendência de fundo para aumentar, não explicá-vel por esses ou outros fatores. Nela, os autores veem a mudança de mentalidade na distribuição de responsabilidades na família. De 1965 a 2010, período do estudo,

as mães casadas trabalharam me-nos horas em casa e mais horas fora. Os pais casados fizeram o inverso, embora ainda com gran-des diferenças das mulheres: no lar dedicam pouco mais de metade do tempo que elas, e para o trabalho fora, 75% mais. Como era de esperar, há maior percentagem de pais a ficar em casa entre os que não comple-taram o ensino secundário (14%), do que entre os licenciados. Mas, a taxa nestes últimos cresceu, enquanto que nos primeiros, não. O estudo do Pew acrescenta re-sultados interessantes de um in-quérito. A opinião pública é favorá-vel às donas de casa. 51% pen-sam que um filho fica melhor se a sua mãe se encontrar em casa, e 34%, que fica igualmente bem se ela trabalhar fora. Quando se per-

gunta a mesma coisa sobre o pai, só 8% consideram que o filho fica melhor e 76%, que é igual. Mas se se consultar os diretamente inte-ressados, mães e pais respondem em percentagens muito parecidas que sofrem dificuldades para con-ciliar trabalho e família, e estão dispostos quase por igual a ficar em casa para atender os filhos (52% as mães, 48% os pais). As mulheres estão presentes co-mo nunca no trabalho, e a vanta-gem que adquiriram em educa-ção augura que chegarão cada vez mais alto. Já passou a altura de apresentar como opção vergo-nhosa para elas o trabalhar a tempo inteiro no lar, por mais ou menos tempo, como coisa de tempos obscuros. Falta que com os homens se passe o mesmo.

R. S.

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36 CAESE novembro 2014 »»

DOCUMENTAÇÃO

Mães em casa: diferentes circunstâncias, mesmos motivos Diversamente dos EUA, em França, a percentagem de mães sem trabalho externo tem conti-nuado a baixar: de 31% das mães em 1991 (percentagem mais elevada do que a norte- -americana do mesmo ano) para 20% em 2011, segundo se deduz do estudo citado no artigo anterior (Cfr. Zohor Djider, ob. cit. O autor fornece as percentagens de donas de casa entre o total de mulheres não estudantes dos 20 aos 59 anos; as percentagens entre as que são mães podem-se calcular a partir de outros dados incluídos no mesmo estudo). Mas, em conjunto, a taxa de atividade feminina (2010) é quase igual nos

dois países (73% em França, 72% nos EUA). O que seguiu evolu-ções díspares é a fecundidade: de 2002 a 2012, a francesa subiu de 1,88 filhos por mulher para 2,01, enquanto a norte-americana fez justamente o caminho inverso, de 2,02 para 1,88. E na recuperação francesa, as donas de casa são as que mais filhos geraram em percentagem. Na Alemanha, a taxa de atividade feminina é ligeiramente superior: 75%. Pelo contrário, a fecundi-dade é muito mais baixa, e a recente subida (2002-2012), insi-gnificante: de 1,34 para 1,38. Algo peculiar da Alemanha é que a

contribuição das donas de casa para a natalidade é muito elevada em percentagem, pois grande par te das mães com f i lhos pequenos não trabalha fora de casa. De facto, a taxa de atividade das mulheres sem filhos é muito semelhante – 80% ou mais – à dos homens. A grande diferença – até 40 pontos – está nas mães, que somente se aproximam da taxa geral por volta dos 40 anos, quando os f i lhos já não são pequenos (Cfr. Matthias Keller, Thomas Haustein sowie Mitarbei-terinnen und Mitarbeiter. “Verein-barkeit von Familie und Beruf. Ergebnisse des Mikrozensus 2010”. Statistisches Bundesamt,

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Wirtschaft und Statistik, Januar 2012. Ver especialmente págs. 32ss). Outra peculiaridade alemã é que, das mães com emprego, grande parte trabalha a tempo parcial: 70% ou mais entre as que têm filhos menores de 10 anos. Em grande parte, os contrastes explicam-se pelas condições em que as mães têm de escolher. Nos EUA, a lei federal estabelece 12 semanas de licença de mater-nidade, mas não obriga a que sejam pagas. Seguir em casa até ao termo da licença significa renunciar ao posto de trabalho, mas a situação económica não muda. Em França, a baixa pós- -natal paga dura de 10 a 22 semanas, segundo o número total de filhos, e todas as famílias

recebem subsídios pelos filhos a seu cargo. Na Alemanha, mais decisivo do que a licença de maternidade (8 semanas), é que as mulheres têm direito a um período de licença acrescido e não pago, com reserva do posto de trabalho, por três anos, e as donas de casa recebem ajudas similares às concedidas às mães que trabalham e necessitam de creches; e também tem muita influência que as creches e as escolas não abrem durante as tardes. Mas também a maioria das mães francesas e alemãs que ficam em casa, afirma fazê-lo por vontade própria. Em França, 90% alegam que ficam em casa, entre outras razões, para se dedicarem à cria-

ção e educação dos seus filhos. Na Alemanha, os motivos pes-soais e familiares são os primeiros para 80% das mães sem emprego a tempo inteiro, enquanto que não ter podido encontrar outro é a razão alegada por 10%. Concluindo, acima das diferenças de circunstâncias e possibilidades entre os países, ficar em casa para atender a família não é algo de uma época já superada, mas uma opção de muitas mães de hoje. Todavia, na maioria dos ca-sos já não é uma situação perma-nente, durando mais ou menos tempo, consoante as condições de cada sociedade.

R. S.

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38 CAESE novembro 2014

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