Power point piaget-papert
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O conceito de construcionismo expande o conceito de construtivismo. Os modelos construtivistas da
psicologia do desenvolvimento vêm o sujeito como um activo construtor de conhecimento. Através do
construtivismo, teóricos como Jean Piaget, tentam descrever como é que esse processo de construção
acontece para melhor se entenderem a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças.
Em termos educacionais, este modelo contraria a ideia do estudante como tabula rasa e o professor como a
autoridade que leva o estudante a aprender, vertendo-lhe o conhecimento. Pelo contrário, o construtivismo argumenta que os professores devem compreender a natureza activa do processo de aprendizagem, no qual os estudantes já estão empenhados, de modo a estarem aptos a poderem
facilitar e enriquecer esse processo, ao invés de tentarem impor-lhes experiências que não fazem sentido.
Os construtivistas acreditam que todas as crianças estão empenhadas na criação de uma vasta cadeia
de estruturas intelectuais para darem ordem ao mundo em que vivem, e que essas estruturas devem
suportar níveis de complexidade cada vez mais elevados, à medida que a criança cresce e se
desenvolve.
O pensamento construcionista acrescenta algo ao ponto de vista construtivista. Onde o construtivismo indica o
sujeito como construtor activo e argumenta contra modelos passivos de aprendizagem e de desenvolvimento,
o construcionismo dá particular ênfase a construções particulares do indivíduo, que são externas e partilhadas.
“We understand ‘constructionism’ as including, but going beyond, what Piaget would call ‘constructivism’. The word with the v expresses the theory that knowledge is built by the learner, not supplied by the teacher. The
word with the n expresses the further idea that this happens especially felicitously when the learner is
engaged in the construction of something external or at least shareable ... a sand castle, a machine, a computer program, a book. This leads us to a model using a cycle of internalization of what is outside, then externalization
of what is inside and so on”**Papert (1990), in “Introduction”. Idit Harel (Ed.), Constructionist Learning.
Cambridge, MA: MIT Media Laboratory, p. 3.
Se olharmos a criança como um construtor, escreve Papert (1980) estamos no caminho de uma resposta. E, como qualquer outro construtor, a criança necessita de matéria-prima para a construção do seu conhecimento.
Piaget e Vygotsky, por exemplo, indicariam o meio cultural envolvente como fonte desse material cognitivo em bruto.
Para Papert, a barreira encontra-se mais no exterior que no interior das crianças, e se o exterior for enriquecido com os nutrientes cognitivos adequados, e as crianças expostas a esses nutrientes, elas poderão lidar, sob determinadas condições, com conceitos cuja abordagem puramente formal lhes estaria vedada.
“O Piaget da teoria dos estádios é essencialmente conservador, quase reaccionário, enfatizando o que as crianças não podem fazer. Eu me empenho em revelar
um Piaget mais revolucionário, cujas ideias epistemológicas podem expandir as fronteiras
conhecidas da mente humana” (Papert, 1980, p. 189).
Semelhanças e diferenças entre as posições de Piaget e de Papert segundo Edith Ackermann*.
Distinção entre a “criança” de um e a “criança” de outro:
* Ackermann, E. (1990). From Decontextualized to Situated Knowledge: Revisiting Piaget´s Water-Level Experiment. Epistemology and Learning Group Memo Nº 5. Cambridge: Massachusetts
Institute of Technology.
Piaget e Papert são ambos construtivistas porque partilham a opinião de que as crianças são as
construtoras das próprias ferramentas cognitivas bem como das suas realidades exteriores. Para ambos, o
conhecimento e o mundo são construídos e constantemente reconstruídos através da experiência
pessoal, em que cada qual ganha existência através da construção do outro.
Piaget e Papert, são desenvolvimentistas no sentido em que partilham uma visão incrementadora do desenvolvimento
cognitivo. Ambos definem inteligência como adaptação, ou como a habilidade de manter um equilíbrio entre estabilidade
e mudança, entre fechar-se e abrir-se, continuidade e diversidade. Na perspectiva de Piaget entre assimilação e
acomodação.
Piaget descreve como as crianças se tornam progressivamente separadas do mundo dos objectos concretos e das contingências locais, e gradualmente se tornam capazes de manipular mentalmente objectos simbólicos no interior de um reino de mundos hipotéticos.
Papert dá ênfase ao polo oposto: a sua maior contribuição é recordar-nos que a inteligência deve ser definida e estudada in situ, que ser inteligente é ser situado, ligado e sensível às variações do envolvimento. Tornar-se um com o fenómeno em estudo - eis a chave para a aprendizagem.
A criança de Piaget é uma espécie de Robinson Crusoe na conquista de uma ilha rica e deserta. A sua conquista é solitária ainda que extremamente excitante desde que o explorador seja guiado interiormente, muito curioso e de carácter independente. O principal objectivo da sua aventura não é a exploração pela exploração mas a alegria de, ao dar um passo atrás, ser capaz de construir mapas e outras ferramentas úteis para melhor controlar e dominar o território sob exploração.
A criança de Papert é um dominador suave. Como a de Piaget gosta de descobrir novidades, mas por sua vez prefere manter-se em contacto com as situações (pessoas e coisas) na procura do sentimento de se sentir una com elas. Gosta de estar vinculada às situações sem ter que recuar delas. Prefere compreender, ainda no contexto, a fazer uma retrospectiva da experiência. É uma praticante reflexiva.