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Roteiro de Estudos Pós-Graduação Metodologia da Pesquisa Científica 3 a ETAPA

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Roteiro de Estudos

Pós-Graduação

Metodologiada Pesquisa Científica

3a ETAPA

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ÍNDICE - ETAPA 3

Etapa 03 - A escrita 03Baixe os slides, parte 1 e parte 2 para acompanhamento e faça uma síntese 04Assista a web aula 4, parte 1 e parte 2 04Leia a fundamentação desta aula através da “Palavra Digital 4” 05Responda as questões desta aula através da “Verificação de Leitura 4” 20Desenvolva o passo 1 - “Pré-Projeto”. Baixe o formulário Anexos 4 21Utilize a Biblioteca Virtual, a Base de Dados ou a biblioteca física de sua unidade 21Entenda o que é Plágio e suas implicações 22Acesse o Copyspider, baixe o aplicativo e analise a sua produção antes da entrega 22Conheça o SARE - Sistema Anhanguera de Revistas Eletrônicas. 23Referências 24Entregue a produção ao Tutor Presencial para analise, correção e atribuição de nota 25

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ETAPA 03A escritaNesta etapa, você será apresentado aos aspectos de construção textual do projeto de artigo e do artigo, bem como aos elementos próprios do discurso científico e à importância da revisão de todo o material escrito. Para tanto, a aula mostra-se composta pelos seguintes tópicos:

1. A escrita como meio de comunicação: estilo e variedade no discurso. O discurso científico: o caráter monográfico.

2. Discurso científico: clareza e objetividade.

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Baixe os slides, parte 1 e parte 2 para acompanhamento e faça uma síntese.

PARTE 1 PARTE 2

Assista a web aula 4, parte 1 e parte 2

PARTE 1 PARTE 2

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Leia a fundamentação desta aula através da “Palavra Digital 4”.

TEMA 4 - A ESCRITA

Início

Links Importantes

Pontuando

Vídeos Importantes

Referências

Vamos pensar

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Aula 04

A escritaObjetivos

• Apresentar o estilo de escrita, com foco no estilo científico.

• Refletir sobre a importância do caráter monográfico do discurso científico.

1. A escrita como meio de comunicação

As pressões por prazo e a necessidade de notas para que cumpramos os quesitos necessários para a aprovação em nossos exames, embora necessárias, provocam seus efeitos colaterais. Um deles é uma certa alienação da função fundamental da escrita – comunicar algo. Nesse tópico, a escrita não se difere muito da comunicação oral. Falamos

ou escrevermos a alguém, para dizermos alguma coisa.

Evidentemente, apesar deste tópico em comum, há diferenças marcantes entre ambas as formas de comunicação. Ter consciência dessas diferenças pode ser decisivo na hora da construção de um texto escrito. Como na oralidade, a escrita também possui vários estilos. Não usamos a mesma linguagem com familiares e colegas, em uma situação mais tensa de entrevista de emprego ou em uma reunião com nossos superiores. Do mesmo modo, certas gírias e expressões muito coloquiais, que usamos frequentemente com pessoas próximas, tendem a ser evitadas com pessoas que ainda não conhecemos bem, e optamos por um registro mais formal, que oferece maior segurança para evitar constrangimentos ou uma má impressão inicial. Um bom vendedor é uma pessoa capaz de moldar seu discurso rapidamente, “pescando” o que o comprador quer ouvir; da mesma forma, pessoas extremamente

agradáveis tendem a possuir um pouco dessa qualidade “camaleônica”, no interesse consciente ou inconsciente de causar uma boa impressão. Se prestarmos atenção ao modo como usamos nossa linguagem em diferentes situações, num mesmo dia, notaremos quão variados são os registrados usados, desde a escolha sintática e vocabular até alterações na entonação e no ritmo do discurso. Com a escrita, dadas as diferenças entre os meios de comunicação, a variedade de estilos também é marcante. Antes de prosseguirmos, seria interessante falarmos um pouco do conceito de estilo.

1.1. Estilo e Variedade no Discurso

Uma dificuldade com este termo advém do fato de ele comportar ideias que, se de uma perspectiva são semelhantes, de outra podem ser opostas. Se, por um lado, o estilo marca a recorrência de certas estruturas sintáticas, retóricas, semânticas, sonoras ou rítmicas em um texto, por outro lado essa recorrência ganha projeções bastante diversas caso

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estejam se referindo à obra de um escritor, por exemplo, ou a um gênero. Em ambos os casos, o mesmo termo pode ser empregado: falamos do estilo de Machado de Assis e do estilo jornalístico ou acadêmico.

Este uso do mesmo termo para ideias que guardam certa diversidade pode gerar ambiguidades. Quanto mais “literário” o estilo do texto, mas ele está livre nas convenções de gênero em que se encontra. Textos acadêmicos, por exemplo, podem ser escritos de formas bastante variadas, mas não possuem a gama de possibilidades que textos literários possuem, liberdades que justificam até mesmo desvios da gramática formal em prol da criação de um efeito estético. O que está por traz disso é o grau de importância da forma na mensagem comunicada. Um contrato é construído com jargões; qualquer desvio do significado tende a gerar ambiguidades que podem levar ao prejuízo financeiro. Não há espaço para o “belo”, para o trabalho sobre

a linguagem. Para escrever um bom contrato temos de conhecer o termo específico para uma determinada operação financeira ou para um determinado documento, com um espaço bastante reduzido para inovações. No outro extremo, a literatura trabalha com o manuseio estético da própria forma, o que abre possibilidades infinitas para o trabalho sobre a linguagem. Um texto acadêmico, entre ambos esses extremos, possui certas liberdades, mas deve obedecer a critérios por vezes bastante rígidos.

Vejamos alguns exemplos. Se estivermos fechando um contrato para a aquisição de um imóvel, encontraremos cláusulas que podem ser reproduzidas infinitamente, algumas vezes apenas com a alteração dos dados dos envolvidos na transação. Um modelo disponível na internet oferece exemplos bastante evidentes dessas cláusulas fixas:

NOME DO VENDEDOR, nacionalidade, estado civil, profissão, CPF nº ???, cédula de identidade nº ??? expedida por ???, e sua mulher ???, estado civil, profissão, portadora do CPF nº ???, cédula de identidade de nº ??? expedida por ???, residentes e domiciliados à rua ???, bairro ???, na cidade de ???, CEP ???, a seguir denominados simplesmente VENDEDORES, e de outro lado NOME DO COMPRADOR, nacionalidade, estado civil, profissão, CPF nº ???, cédula de identidade nº ??? expedida por ???, e sua mulher ???, estado civil, profissão, portadora do CPF nº ???, cédula de identidade de nº ??? expedida por ???, residentes e domiciliados à rua ????, bairro ???, na cidade de ???, CEP ???, a seguir denominados simplesmente COMPRADORES, mediante cláusulas reciprocamente estipuladas, aceitas e a seguir articuladas:

I. OBJETO DA COMPRA E VENDA

É objeto da presente Promessa de Compra e Venda o imóvel constituído pelo (casa/lotes/apartamento) de número ???, sito à rua ???, no bairro ???, matrícula de nº

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???, constante do Cartório do ??? Ofício de Registro de Imóveis de Belo Horizonte, livre e desembaraçado de quaisquer ônus ou gravame.1

Neste exemplo, não se justificaria qualquer alteração que tivesse como preocupação a beleza do texto, uma vez que o que interessa é a mensagem, da qual o texto é apenas um veículo. Variantes como as seguintes:

André Luiz Glaser, bem casado e nascido neste país jovem e tão contraditório, possui duas profissões e tem interesse em fechar este contrato [...]

O interesse pela compra de um novo imóvel me move a redigir e assinar este contrato. Sou Brasileiro, tendo sempre vivido em São Paulo, mas sempre gostei do interior. Tenho condições de arcar com essa compra [...]

São, no mínimo, ridículas. Contudo, alterações consideráveis na forma não 1 “Modelo de Contrato Particular de Promessa de Compra e Venda de Imóvel”. Disponível em: http://www.consumidorbrasil.com.br/consumidorbrasil/textos/modelos/imoveis/compraevenda.htm

soam mais estranhas se estamos no campo literário. Tomemos um trecho de um texto de A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo2:

Ao escutar aquele aviso animador que, repetido pela boca de Filipe, tinha chegado até o gabinete onde conversavam Augusto e Fabrício, raios de alegria brilhavam em todos os semblantes. Cada cavalheiro deu o braço a uma senhora e, par a par, se dirigiram para a sala de jantar. Eram, entre senhoras e homens, vinte e seis pessoas.

Aqui, podemos realizar uma série de alterações que, se de um lado modificam o texto, de outro não se tornam “não-literárias” ou esquisitas. Por exemplo, podemos “modernizar” o texto, trazendo-o para uma linguagem mais próxima a nós:

Quando escutaram aquelas palavras animadoras que, repetidas por Filipe, tinham chegado até o quarto onde conversavam Augusto e Fabrício, todos os semblantes adquiriram expressões de alegria. Cada

2 Início do capítulo V. Disponível em: http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/moreninha.html#_Toc474512562

rapaz tomou o braço de uma moça e, pares em fila, se dirigiram para a sala de jantar. Ao todo, eram vinte e seis pessoas.

Ou, ainda, podemos alterar o próprio estilo do discurso, construindo, por exemplo, um texto em discurso indireto livre, assumindo a perspectiva de alguma personagem fictícia:

Havia escutado aquele aviso animador. Sabia que havia sido proferido pela boca de Filipe, aquela voz que tanto conhecia. Olhar fixo em Augusto e Fabrício, o ritmo de seu corpo se acelerava. Será que Augusto a escolheria? Será que a tomaria como seu par? Todos os semblantes brilhavam, mas apena o dela estava marcado pela preocupação. Os cavalheiros voltaram-se para as damas. Não pode acreditar ao ver Augusto tomar outra garota como par.

Entre esses extremos, tomemos um exemplo de um parágrafo em estilo acadêmico, retirado de uma Atividade preparada para alunos do Curso de Especialização em Estudos Literários:

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Fim do romance tradicional? Mundo digital mimetizando a realidade concreta? Ou uma nova forma convivendo com a antiga – ainda tão presente e, apesar de tantos augúrios, viva? Qual o lugar da hiperficção na literatura? As promessas e realizações pós-modernas, construindo-se ao lado da expansão da tecnologia digital, tornaram possível a prosa da ruptura, prosa da narrativa textual-imagética, formalização do labirinto como arte possível. Dentro desta dialética continuidade/ruptura, perguntas emergem: Quais os limites da abertura para a construção do sentido? Indo além, quais novos sentidos estão sendo criados por essas novas produções culturais que parecem atender à necessidade de representação de um momento específico das relações sociais modernas, cada vez mais dependentes da nova tecnologia digital? Como definir esta nova estética digital?

Um dos recursos mais valiosos na escrita acadêmica é o da variedade. No caso, o parágrafo foi construído com uma série de perguntas em seu início e em seu final. Trata-

se de uma escolha que pode ser alterada, por exemplo, se nos dermos conta que o parágrafo anterior ou posterior também contém perguntas. A monotonia formal pode destruir o prazer de uma leitura que, sob outros aspectos, pode se apresentar como bastante interessante. O texto, sem as perguntas, poderia ficar assim:

A discussão sobre o fim do romance tradicional, cedendo lugar ao mundo digital, ou da coexistência de ambos como formas diversas de mimetizar a realidade, está entre as questões-chave da crítica literária contemporânea. Ao lado das formas do mundo virtual, o estudo da hiperficção como literatura tem sua relevância. As promessas e realizações pós-modernas, construindo-se ao lado da expansão da tecnologia digital, tornaram possível a prosa da ruptura, prosa da narrativa textual-imagética, formalização do labirinto como arte possível. Dentro desta dialética continuidade/ruptura, pode-se perguntar quais seriam os limites da abertura para a construção do sentido, bem como quais novos sentidos estariam sendo

criados por essas novas produções culturais que parecem atender à necessidade de representação de um momento específico das relações sociais modernas, cada vez mais dependentes da nova tecnologia digital. Dentro desta temática, deparamo-nos com a necessidade de definição desta nova estética digital.

Outro recurso importante para variar o texto é deslocar seu tópico frasal, ou a frase que contém o centro do argumento do parágrafo. A tendência é que essa frase venha no início do parágrafo, mas, se isso se repete constantemente, pode-se causar monotonia ao leitor. O próximo exemplo traz um parágrafo curto, com seu tópico frasal deslocado do início para o centro e então para o final (o tópico frasal está em itálico):

A habilidade para produzir variedade em

um texto acadêmico pode garantir um

maior interesse por parte do leitor. Um texto formalmente monótono, mesmo que rico em conteúdo, tende a causar cansaço ao ser lido, mesmo que o leitor não identifique

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a causa deste aparente desinteresse. Alguns recursos, como inversão do tópico frasal e a alternância de períodos curtos e longos, podem contribuir para a solução deste problema.

Um texto formalmente monótono, mesmo que rico em conteúdo, tende a causar cansaço ao ser lido, mesmo que o leitor não identifique a causa deste aparente desinteresse. O recurso à variedade pode

ser decisivo para evitar este problema

e garantir um maior interesse por parte

do leitor. A inversão do tópico frasal e a alternância de períodos curtos e longos estão entre técnicas para a produção de um texto diversificado em sua forma.

Essa preocupação com o estilo está relacionada à qualidade comunicativa do texto escrito, como vimos acima. Em um diálogo, ficamos irritados ou desinteressados quando nosso interlocutor não articula as ideias ou as palavras de forma compreensível, mesmo que o que ele tenha a dizer seja relevante. Não cometamos o mesmo erro ao escrevermos

nossos trabalhos. O estilo é uma porta de entrada para conquistarmos nosso leitor. Passemos agora às características essenciais do discurso científico.

2. O discurso científico

Dentre as características do discurso científico, podemos citar a necessidade de clareza e de objetividade. Contudo, o discurso científico varia de acordo com a sua área de atuação. Não há um estilo que seja abrangente o suficiente para abarcar todas as áreas de pesquisa. Os critérios de objetividade de uma pesquisa de elementos químicos ou de uma pesquisa desenvolvida para a construção de uma ponte não são os mesmos dos de uma pesquisa sociológica. Quando entramos na esfera da literatura, da educação ou da política, a escrita pode tomar rumos bastante divergentes dos de uma pesquisa “exata”, pois interesses políticos ganham uma dimensão

explícita. Digo “explícita” porque sempre há interesses, mesmo quando o pesquisador se coloca como “neutro”. Toda pesquisa envolve atividades que têm alguma relevância social e que, desta forma, respondem por interesses, na grande maioria dos casos, do governo ou do mercado. Nós podemos nos “esquecer” destes interesses, ou não tomar conhecimento deles, mas os investimentos não são, nunca, despropositados.

2.1. Clareza

Alguns cuidados podem nos auxiliar muito na construção de um texto claro e objetivo. A clareza depende de, pelo menos, dois fatores: uma lucidez a respeito do que temos a comunicar e um bom controle da língua. Quanto ao primeiro, não é possível escrever bem sobre algo que não está claro em nossa mente. Uma ideia complexa depende de vários articuladores lógicos no discurso; se essa ideia não estiver madura na mente do

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escritor, o resultado será bastante confuso. Vejamos um exemplo com erros típicos no que se refere à organização das ideias:

Mudanças climáticas de grande porte ocorrem com frequência. Há hoje pesquisas e esforços por ações políticas que possam minimizar o impacto dos avanços tecnológicos no clima, e essa preocupação com as reservas naturais e com o futuro do planeta deixou de ser restrita a especialistas no assunto. Também temos de frear o consumismo, por causar danos em nosso ecossistema global. Mas há opositores à ideia do aquecimento global, pois não há unanimidade quanto às causas reais dessas mudanças. Para a grande mídia, o aquecimento global é considerado inquestionável. Vejamos abaixo alguns exemplos de posições radicalmente divergentes entre especialistas.

Embora o argumento acima seja relevante, a confusão na sua organização torna a sua leitura difícil, transparecendo ao leitor a falta de domínio na organização de seu pensamento. O argumento se move

do geral para o particular, e poderíamos “arrumá-lo” reorganizando a ordem dos períodos e modificando os articuladores, quando necessário. Uma possibilidade seria colocarmos, primeiramente, a ideia mais geral – o fato da preocupação com as reservas naturais e com o futuro do planeta ter deixado de ser assunto de especialistas. Movendo-se para o particular, o ponto seguinte seria a existência de pesquisas e ações políticas para diminuir o impacto sobre o planeta. Depois, teríamos a questão da falta de unanimidade sobre as causas, já apontando para questões acadêmicas a serem tratadas no artigo. O novo texto ficaria assim:

A preocupação com as reservas naturais e com o futuro do planeta deixou de ser restrita a especialistas no assunto. Mudanças climáticas de grande porte têm ocorrido com frequência, levando a pesquisas e esforços por ações políticas que possam minimizar o impacto dos avanços tecnológicos e, sobretudo, do consumismo no ecossistema

global. Contudo, ainda não há unanimidade quanto às causas reais dessas mudanças. O próprio aquecimento global, considerado inquestionável pela grande mídia, possui seus opositores no campo científico, pesquisadores que têm apresentado outras teorias para o fenômeno. Vejamos abaixo alguns exemplos de posições radicalmente divergentes entre especialistas.

Em muitos casos, textos problemáticos podem ser resolvidos com uma nova disposição dos períodos ou parágrafos. Organizar os tópicos antes de escrever, em forma de itens ou de fluxograma, pode ser bastante útil para evitar a construção de textos confusos, como vimos na aula passada. Uma leitura atenta após a escrita nunca é dispensável, e em geral é mais produtiva se não for realizada logo após a escrita. Um ou dois dias de intervalo é um tempo razoável para uma leitura mais distante de um texto produzido por nós. Outro recurso é pedirmos para outras pessoas lerem o que escrevemos. Uma crítica honesta e bem

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recebida pode nos poupar muitos transtornos futuros.

O outro aspecto fundamental para um texto claro, como colocado acima, é o bom controle da língua. Aqui há uma dificuldade das mais sérias. Quem não possui esse controle precisa ter em mente que, quando o que está em jogo é a linguagem, nada acontece de forma rápida. A maturidade com a escrita vem de anos de leitura e produção de textos, experiência que gera uma familiaridade com este discurso. Se o aluno apresenta dificuldades muito grandes nessa área, a leitura e o estudo da língua, embora fundamentais, não surtirão um efeito imediato, às vezes necessário devido aos prazos para a entrega de trabalhos. Nesse caso, uma revisão por um colega ou mesmo por um profissional, para TCCs, por exemplo, pode ser de grande valia.

Podemos discutir a questão da especificidade

do texto acadêmico por dois vieses: o primeiro, mais geral, se refere à diferença entre o discurso escrito e o discurso falado; o segundo refere-se ao discurso científico dentro do campo da escrita. Quanto ao primeiro tópico, a interferência do discurso falado no escrito pode gerar um texto bastante pobre. Não se trata aqui do escrito ser superior ao falado, mas do fato de ambos possuírem especificidades bastante diversas. No discurso falado, temos o interlocutor à nossa frente, ou do outro lado da linha telefônica. Se houver algum problema de entendimento, nosso interlocutor poderá nos interromper e pedir para repetirmos o que foi dito. Da mesma forma, se percebemos que a pessoa com quem conversamos não nos entendeu, podemos imediatamente reformular o que foi dito. No texto escrito esse diálogo instantâneo não ocorre. Por outro lado, há tempo para a elaboração do texto, de forma que podemos refletir sobre eventuais problemas de entendimento que o leitor venha

a ter. A ausência deste tempo de reflexão no discurso falado gera a presença de repetições e de palavras e sons “desnecessários” do ponto de vista do que está sendo dito, mas instrumentais para nos dar o tempo necessário para a organização das ideias. Essas marcas não podem estar presentes em um texto escrito, salvo se for uma mimetização do falado, como no discurso direto. Vejamos um exemplo:

Então, acontece que, como eu havia falado, o discurso oral difere do escrito. O discurso oral é mais informal e depende mais da atenção do leitor.

Se esse trecho for “traduzido” para a linguagem escrita, deverá ser “enxugado”. Numa escrita mais formal, a expressão “então, acontece que” desapareceria. Também poderia ser retirado o “eu”, do “como eu havia falado”, e o tempo verbal poderia ser substituído pela segunda pessoa do plural ou pelo impessoal. Outra alteração bem-vinda seria a remoção

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da repetição de “discurso oral” no trecho “o discurso oral difere do escrito, o discurso oral é mais informal”. Poderíamos, ao invés disso, dizer:

O discurso oral, mais informal, difere do escrito.

O resultado final ficaria assim:

Como havíamos falado, o discurso oral, mais informal, difere do escrito, e depende mais da atenção do leitor.

Isso não quer dizer que as marcas apagadas no segundo exemplo estão erradas. Elas são um erro quando aparecem em um discurso de caráter predominantemente escrito, e, sobretudo, de caráter mais formal.

Outra interferência bastante comum da oralidade no discurso escrito, embora também faça parte do discurso escrito informal, mais próximo do registro falado, são os pressupostos que o emissor da mensagem

assume serem conhecidos pelo receptor. Em um texto formal, situações familiares ou que envolvem círculos pequenos de amigos jamais serão generalizadas como de conhecimento do leitor. Podemos visualizar nosso leitor como conhecedor do assunto do qual falamos, mas nunca como alguém que vivencia situações particulares de nossa vida. Vejamos um exemplo: pode-se escrever um email para um amigo com as seguintes palavras:

Então, aquela festa rolou legal. E ela tava lá! Você acredita? Disse que tinha que estudar para a prova de amanhã, mas no fim acabou indo.

Contudo, se formos escrever sobre o mesmo assunto para uma pessoa que não nos conhece e que não sabe nada da situação descrita, haverá a necessidade de adicionar mais informações sobre o evento:

Ontem à noite houve uma festa na casa de uma amiga minha, a Carla. Foi seu

aniversário. Eu estava animado para ir porque encontraria a Márcia, uma garota da minha sala que me interessa. Mas naquela manhã, na faculdade, ela me disse que não iria, porque não havia estudado o suficiente para a prova de cálculo que seria realizada no dia seguinte. Qual foi a minha surpresa quando a encontrei na festa!

Há a necessidade, aqui, de explicar o que não precisaria ser explicado para uma pessoa que conhece a situação. Isso, que parece tão óbvio, é bastante difícil de ser realizado na prática. Quando escrevemos para alguém que não nos conhece, as informações precisam ser trabalhadas de forma tão clara que dependem da construção de uma distância com o nosso próprio texto, para que o leiamos como se fôssemos este leitor distante.

O assunto ganha uma dimensão ainda mais séria quando o que temos a comunicar é, por si só, complexo – quando não se trata de ter ido ou não a uma festa, mas dos resultados de uma pesquisa realizada por todo um ano,

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ou de uma análise complexa que nos tomou um tempo imenso para ser realizada. Em casos com esses, não basta dizer apenas os resultados. O leitor não acompanhou o processo da pesquisa e não sabe o que foi feito. É tão prejudicial aqui escrever menos do que o mínimo necessário para comunicar a pesquisa quanto escrever demais, cansando o leitor com informações desnecessárias.

Há vários modos, ou estilos, de escrita. No exemplo do email ao amigo, trata-se de uma escrita informal, que pressupõe uma intimidade com a pessoa com quem nos comunicamos. Já o texto acadêmico é construído mais formalmente. Muito do vocabulário e das construções sintáticas que são comuns em um discurso informal, não cabem no discurso acadêmico. Tomando o mesmo exemplo, podemos imaginar que ele agora seja parte de um relato em um estudo de caso. Uma possibilidade para o texto seria:

O adolescente Marcelo havia sido

convidado para uma festa que se realizaria na noite do dia 3 de setembro, na residência de uma amiga da faculdade de nome Carla, por conta do aniversário da moça. Marcelo relatou que estava bastante animado a ir, pois se encontraria, em um ambiente fora da faculdade, com Márcia, uma estudante de sua classe por quem estava se apaixonando. Mas na manhã do dia da festa, ao perguntar à sua colega se ela estaria lá, Márcia respondeu que não, pois teria que estudar para a prova de cálculo a ser realizada no dia seguinte. O adolescente ficou bastante alterado com a notícia, mas foi à festa mesmo assim. Lá, teve a surpresa de encontrar a colega de classe que, de última hora, decidiu distrair-se um pouco antes da prova do dia seguinte.

2.1. Objetividade

Com relação à objetividade, o problema da definição do conceito é primordial. Estamos falando do discurso científico ou da ciência propriamente dita, com seus métodos, pesquisas e resultados? A ciência, sobretudo

as ciências naturais, sempre teve como ideal a objetividade. Contudo, não existe a menor possibilidade da objetividade plena em atividades humanas. O que há é um cuidado para que haja a menor interferência possível do observador no fato observado, vinculado ao interesse por uma análise investigativa, a mais exaustiva possível no campo delimitado de observação. Mas, principalmente com o desenvolvimento de metodologias próprias às ciências sociais, fica cada vez mais evidente a distância entre a aspiração pela objetividade e a sua efetiva concretização.

Não discutiremos essa questão aqui, já de certa maneira abordada na aula I, quando discutimos as ciências naturais e as ciências humanas. Focaremos no discurso escrito, ou seja, focaremos na objetividade na escrita. Como no caso anterior, devemos ter em mente que essa objetividade é sempre parcial. Ela responde por um interesse de isolamento do objeto, um distanciamento

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do sujeito observador com relação ao fato descrito. É como se fosse possível dizer algo sem um envolvimento com o que se diz. Antes de tratarmos do estilo objetivo, é produtivo discutirmos um pouco essa ilusão da objetividade que, em seu ideal de apreensão desinteressada de um evento, não se dá conta muitas vezes da própria mediação da experiência, realizada através da linguagem e da cultura. Como vimos na aula I, o mero interesse por investigar algo não pode ser entendido como individual, mas parte de um impulso histórico-cultural que nos faz “ver” certas manifestações humanas e naturais como de interesse para o estudo, e outras não.

Hoje, por exemplo, há um interesse bastante acentuado, difundido nos Estados Unidos e exportado para o mundo, em explicar propensões a doenças e ao humor (e mesmo à felicidade) por meio da genética. Esse

interesse vincula-se ao interesse maior por pesquisas no campo genético, que movimentam bilhões de dólares ao ano na produção e venda de novos medicamentos. A difusão generalizada de uma concepção que vincula a genética ao humor, e mesmo ao nosso sucesso ou fracasso na vida, faz com que muitos de nós tomemo-la como “objetiva”, próxima à realidade dos fatos. No entanto, basta nos distanciarmos um pouco dessas teorias para nos darmos conta da existência de outras teorias de peso, que trabalham sobre uma infinidade de outros fatores tão ou mais importantes na determinação de nosso humor, como condições econômicas, preconceitos sociais ou a construção do consumidor no mundo moderno (o verdadeiro consumidor é o eterno insatisfeito, uma realidade psicológica que contribui muito para o estresse e a frustração, por exemplo). Qual teoria seria mais “objetiva”? Talvez a pergunta seja menos relevante do que a investigação

dos interesses político-econômicos que as movem. Desse ponto de vista, mais importante do que um critério de “objetividade plena”, seria o desenvolvimento de um olhar crítico e não preconceituoso.

Dito isso, podemos afirmar que, no que tange à escrita, o estilo objetivo é um estilo, uma forma convencional de dizer algo que pode ser verdadeiro ou não. O estilo acadêmico é um jeito de dizer algo, e como tal, possui as suas características próprias. Essas características devem ser incorporadas à escrita de quem busca escrever um bom texto acadêmico, pois contribuem tanto para uma melhor exposição das ideias quanto para uma maior aceitação do trabalho no meio acadêmico. Entre elas podemos citar:

• Economia no uso de adjetivos. Os adjetivos têm grande poder de expressão em nossas opiniões pessoais. Como o texto acadêmico não é sustentado pela

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retórica, mas pelo que é mostrado e logicamente construído, os adjetivos, mesmo que estejam corroborando o que está sendo dito, tendem a enfraquecer o discurso. Se, por outro lado, os adjetivos não estiverem nem mesmo expressando algo que esteja sendo provado, seu uso configura-se como um erro crasso. Uma frase como “A pesquisa a ser discutida neste trabalho ilustra de forma excelente as terríveis consequências desumanas dos usos indevidos da tecnologia para fins movidos por uma ética duvidosa” soaria muito melhor com a remoção de vários adjetivos: “A pesquisa a ser discutida neste trabalho ilustra as consequências dos usos da tecnologia para fins movidos por uma ética duvidosa.”

• Persuasão pela descrição e por citações, não pela retórica. Aspecto relacionado ao exposto no item anterior, um problema comum em textos acadêmicos de

alunos é estarem mais próximos de um estilo jornalístico do que de um estilo acadêmico propriamente dito. Não se trata, evidentemente, de um critério de valor, mas sim de um critério de adequabilidade. O texto jornalístico possui um forte elemento retórico-persuasivo, baseado na escolha de palavras fortes ou com forte carga persuasiva. O texto acadêmico, embora deva também ser persuasivo (afinal, quem escreve está defendendo uma opinião), deve ser legitimado, não pela força de sua retórica, mas pela qualidade das descrições, pela fundamentação teórica-prática e pela articulação lógico-racional do argumento. Ao invés de “dizer”, a prioridade deve estar no “mostrar”; ao invés de tentar persuadir o leitor, a preocupação deve estar em apresentar um argumento coerente o suficiente para passar pelo seu crivo. Os dois exemplos abaixo mostram a mesma

ideia, em um estilo mais jornalístico e em um estilo mais acadêmico:

(1) Não podemos mais nos orientar pelas estratégias administrativas anteriores ao mercado mais agressivo dos últimos vinte anos, baseadas numa burocracia vertical. Embora isso pareça óbvio, muitas empresas têm encontrado dificuldades sérias de gestão por não terem se modernizado, mantendo técnicas de planejamento a curto, médio e longo prazo arcaicas e ações para lidar com a concorrência que não dão conta da dinâmica do mercado atual.

(2) A insistência na manutenção de técnicas de gestão antigas engessa a burocracia de uma empresa em uma verticalização que não mais responde pelas necessidades do mercado atual. A visão sistêmica oferecida pelo planejamento estratégico, sobretudo a baseada na quinta disciplina de Senger, oferece recursos para uma avaliação crítica da empresa no novo mercado. As discussões teóricas a seguir, perseguindo os trabalhos de Peter Senge, R. L. Ackoff e Robert L. Flood, buscam clarificar a ideia desses autores e como podem contribuir

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para técnicas eficientes de planejamento a curto, médio e longo prazos, bem como com ações capazes de lidar com a nova dinâmica da concorrência no mercado atual.

• Marcas linguísticas de formalidade. Vimos que as marcas da oralidade não devem estar presentes no discurso acadêmico-científico. Pelo mesmo motivo, deve-se evitar trata o leitor com intimidade. Alguns acadêmicos aproximam-se do leitor em alguns momentos, para conseguir um efeito persuasivo maior. Isso não é proibido, mas devemos estar bem cientes dos limites desses recursos estilísticos antes de fazermos uso deles. Uma dúvida vinculada a este tópico está na exigência ou na proibição da primeira pessoa do plural e, mesmo, da primeira pessoa do singular no discurso acadêmico. Alguns livros de metodologia, acompanhando a sugestão da própria ABNT, defendem que somente o impessoal seja usado.

Contudo, livros e artigos de grande alcance são publicados com o uso da primeira pessoa, tanto do plural como do singular. Vale aqui o bom senso e o meio em que e pesquisador se encontra. Se a exigência for pelo impessoal, ela deve ser respeitada. Se há espaço para uma maior liberdade, não há por que se limitar apenas ao impessoal. Em geral, quanto mais a pesquisa pertence a áreas exatas, mais se faz uso do impessoal, ao passo que em pesquisas no campo das ciências humanas a primeira pessoa é mais frequente. O que não devemos ter é uma visão preconceituosa do uso da primeira pessoa do plural, preconceito que não condiz com a quantidade de material de excelente qualidade que se utiliza desse recurso. Quanto à primeira pessoa do singular, mais agressiva, deve ser reservada, quando seu uso não é questionado, para momentos em que

o autor expressa uma opinião bastante clara de suas escolhas ou quando defende um ponto de vista definitivamente seu (situação bastante rara, pois depende de uma maturidade e experiência enormes do pesquisador).

2.3. O caráter monográfico do discurso acadêmico

Não só aquela monografia que tivemos que escrever na graduação, mas quase a totalidade dos textos acadêmicos é monográfica, incluindo aqui dissertações de mestrado e teses de doutorado. Também será monográfico o artigo a ser escrito como atividade final deste curso de especialização. Isso significa que o argumento deve restringir-se ao assunto tratado, que precisa ser específico. Devemos tratar de um único tema que pode, de acordo com a complexidade e os objetivos do texto, ser abordado a partir de perspectivas diversas.

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Ao ler um texto monográfico, o leitor deverá “sentir”, a cada parágrafo, o pulso do tema do trabalho. Não é que não possam haver digressões, mas elas necessitam de uma razão para existirem, e devem estar sempre articuladas com o argumento central. Em suma, a cada momento o texto é preciso responder, implícita ou explicitamente, à questão central – ao problema – que motivou a pesquisa. Se o autor tiver o cuidado de manter sua linha de raciocínio bem construída, terá mais chance de sucesso na construção de um bom artigo.

3. REVISÃO DO MATERIAL ESCRITO

O processo de revisão do material escrito não deve ser negligenciado. Ao escrevermos, como temos uma imagem mental forte sobre o assunto com o qual estamos trabalhando, só com muita prática conseguiremos a distância necessária do texto para corrigirmos deslizes em sua execução. Uma primeira revisão deve

ser feita no próprio ato da escrita, relendo os períodos ou parágrafos que acabamos de escrever. Mas outra revisão, mais cuidadosa, se faz necessária. Para esta, é preciso uma distância do texto, de pelo menos um dia, para que possamos lê-lo “como leitores”, e não “como autores”.

Discutiremos alguns dos principais itens que devem fazer parte de uma revisão:

• O argumento está bem construído? Ao contrário do que muitos pensam, a revisão não é apenas “gramatical”. Às vezes, durante a escrita, achamos que estamos sendo claros. No entanto, uma leitura posterior pode evidenciar problemas na organização do argumento que tornam sua compreensão difícil. Pedir a outras pessoas para lerem ajuda bastante, inclusive pessoas fora da área que, como não têm formação no assunto tratado, dependem da clareza do texto

para saber do que ele se trata.

• Ligado ao tópico anterior, podemos citar problemas na ordem do texto. As ideias devem ser amarradas umas às outras e possuem, dentro do argumento, tanto uma posição espacial (início, centro ou finalização do argumento) quanto uma posição hierárquica (ideias centrais ou periféricas). Uma leitura atenta, após a escrita do texto, pode revelar problemas na disposição das ideias, tanto em seu nível espacial quanto em seu nível hierárquico. Em geral, a correção é feita com alterações na organização do texto. Um texto “ilegível” não é, necessariamente, um texto sem conteúdo. Pode ser que o problema esteja na sua organização lógico-racional.

• Fiquemos atentos ao registro da língua. A redação final é formal? O registro informal não é bem vindo no texto acadêmico. Muitos alunos que dominam bem a

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escrita informal podem ter problemas com o estilo mais formal. Como vimos acima, devemos remover as marcas de oralidade de nosso texto e verificar se há termos que poderiam ser substituídos por outros mais adequados. A escrita formal não é um sinônimo de artificialismo. Pode-se escrever um texto bastante fluente sem a necessidade de recorrer a marcas de oralidade.

• Quanto à revisão gramatical, pode ser feita pelo autor ou, se este julgar necessário, por um profissional da área. Entregar versões ao orientador, e, principalmente, a versão final do artigo, com problemas graves de pontuação e de ortografia pode causar uma péssima impressão, além da perda de pontos na nota final. Os corretores automáticos ajudam, mas se fossem suficientes não haveria tanto problema com textos mal revisados.

• Também é importante realizar uma revisão da formatação.

Para que essas revisões tenham sucesso, é necessário que estejamos com “olhos frescos”. Olhos e mente cansados não podem oferecer a atenção necessária para uma leitura atenta do texto. Algumas pessoas conseguem um maior grau de atenção ao lerem textos impressos, sobretudo devido à luminosidade das telas. Neste caso, vale à pena, para versões que serão entregues, imprimir o material a ser revisado.

Alguns “truques” colaboram para uma boa revisão. Um deles é separar os períodos, pressionando <enter> após cada ponto final, ou mesmo no meio de períodos longos. O texto assim “quebrado” desvia um pouco nossa atenção da organização das ideias, ajudando-nos a concentrar nos problemas de revisão mais pontuais. Ler os períodos do final do texto para o seu início também traz

bons resultados.

Falamos um pouco, na aula passada, sobre gerenciamento do tempo. Terminar as tarefas com antecedência é fundamental para que tenhamos disponibilidade para realizar uma boa revisão, oferecendo como artigo final um texto apresentável e digno de um curso de pós-graduação.

Vamos pensar

Para esta última aula, prepare a versão final do seu projeto de pesquisa, seguindo as especificações descritas em seu Desafio.

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Pontuando

Você conferiu nesta aula os seguintes tópicos:

• A escrita: estilo e variedade no discurso

• Estilo de escrita do discurso científico

• O discurso científico: o caráter monográfico

Responda as questões desta aula através da “Verificação de Leitura 4”.

Olá, você já navegou pelo AVA e acessou o “Caderno da ETAPA 3” da disciplina Metodologia da Pesquisa Científica. Agora, apresentaremos algumas questões para reforçar o seu conhecimento no tema. Para respondê-las você poderá utilizar a síntese que desenvolveu durante a aula. Para acessar as questões da “Verificação de Leitura”, retorne ao AVA e acesse a “ETAPA 3 - Verificação de Leitura 4”.

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BAIXAR ANEXO

Inicie o seu projeto através de um pré-projeto. Baixe o formulário, clicando no ícone ao lado e desenvolva este passo para entregar ao Tutor Presencial. Para facilitar a atividades, assista a Web Aula II.

Desenvolva o passo 1 - “Pré-Projeto”. Baixe o formulário Anexos 4.

Utilize a Biblioteca Virtual, a Base de Dados ou a biblioteca física de sua unidade.

Para utilizar a Biblioteca Virtual e as Bases de Dados disponibilizadas pela Anhanguera, faça o seu acesso através de área restrita utilizando seu RA e senha. Assim que estiver logado clique em BIBLIOTECA e conheça os conteúdos científicos disponíveis, como livros, periódicos e outros materiais que poderão lhe auxiliar em suas pesquisas. Você ainda poderá explorar os conteúdos da biblioteca física da unidade mais próxima a você. Bons Estudos!

http://pos_aedu.s3.amazonaws.com/Metodologia_Presencial/material/Passo4_Formulario_para_elaboracao_do_pre_projeto.docx

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Entenda o que é Plágio e suas implicações.

Acesse o Copyspider, baixe o aplicativo e analise a sua produção antes da entrega.

http://pos_aedu.s3.amazonaws.com/Metodologia_Presencial/Plagio/index.html

http://copyspider.com.br/main/

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Conheça o SARE - Sistema Anhanguera de Revistas Eletrônicas.

O SARE (Sistema Anhanguera de Revistas Eletrônicas) é um portal que hospeda e gerencia as Revistas Científicas da Anhanguera. Seguindo tendências modernas de publicação científica e mantendo o padrão anterior das revistas impressas, o SARE possui conteúdo eletrônico totalmente aberto e pode ser facilmente utilizado pelos alunos e professores como fonte de pesquisa. Para auxiliar seu projeto nesta disciplina, explore os conteúdos científicos disponíveis acessando sare.anhanguera.com.

ACESSAR O VÍDEO TUTORIAL

ACESSAR O SAREhttp://sare.anhanguera.com/

http://sare.anhanguera.com/

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Referências

ALVES, Rubem. Filosofia da ciência. São Paulo, Ars Poética, 1996.

BUENO, Marco. Monografia sem segredo: Algumas dicas importantes (Texto extraído da revista Nova Escola, abril de 2004). GO: CESUC, 2004. Disponível em: http://www.simaodemiranda.com.br/Dicas_Importantes.pdf Acesso em: 12 abr 2010.

DANTON, Gian. Metodologia Científica. MG: Virtual Books, 2002. Disponível em: http://virtualbooks.terra.com.br/osmelhoresautores/Metodologia_cientifica.htm . Acesso em: Acesso em: 12 abr 2010.

FURTADO, José Augusto P. X. Trabalhos acadêmicos em Direito e a violação de direitos autorais através de plágio. Site: Jus Navigandi, 09/2002. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3493 . Acesso em: 12 abr 2010.

GÜNTHER, Hartmut. Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa: esta é a questão? Psicologia: Teoria e Pesquisa, Mai-Ago 2006, Vol. 22 n. 2, pp. 201-210. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-37722006000200010&script=sci_arttext&tlng=em#nt02 . Acesso em: 12 abr 2010

LAKATOS, E. Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 1991.

RODRIGUES, André Figueiredo. Como elaborar citações e notas de rodapé. SP: Humanitas, 2007.

______ . Como elaborar e apresentar monografias. SP: Humanitas, 2008.

______ . Como elaborar referência bibliográfica. SP: Humanitas, 2008.

SIMÕES, Darcília. Trabalho acadêmico. O que é? Como se faz? Rio de Janeiro: Dialogarts, 2004. Disponível em: http://www.dialogarts.uerj.br/arquivos/trabalhoacademico2004.pdf . Acesso em: 12 abr 2010.

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Entregue a produção ao Tutor Presencial para analise, correção e atribuição de nota.

Bons estudos!

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