POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

download POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

of 115

Transcript of POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    1/115

    ANLISE DE CONFIABILIDADE NA CRAVAO DE ESTACAS DE

    CONCRETO PR-MOLDADO

    EDIO SOARES PEREIRA JUNIOR

    Dissertao apresentada ao Centro de Cinciase Tecnologia, da Universidade Estadual do

    Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte

    das exigncias para obteno do ttulo de

    Mestre em Cincias de Engenharia no curso de

    Geotecnia.

    Orientador: Prof. Fernando Saboya Albuquerque Junior

    Campos dos Goytacazes

    Setembro de 2003

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    2/115

    A Deus e a minha famlia.

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    3/115

    Meus agradecimentos,

    Ao Prof. Fernando Saboya Albuquerque Jnior, orientador da dissertao,

    pelo apoio e a confiana depositada.

    FAPERJ, pelo apoio financeiro prestado.

    Aos meus pais pelo incentivo e apoio pesquisa realizada.

    Deus, por conceder sade e fora necessrias para o desenvolvimento

    deste trabalho.

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    4/115

    SUMRIO

    LISTA DE ILUSTRAES...............................................................................................IIILISTA DE TABELAS........................................................................................................V

    LISTA DE SMBOLOS....................................................................................................VI

    Captulo 1. INTRODUO................................................................................................1

    Captulo2. REVISO BIBLIOGRFICA........................... ................................................3

    2.1. Introduo .................................................................................................................3

    2.2. Anlises determinsticas........ ...................................................................................4

    2.2.1. Descrio dos mtodos determinsticos de capacidade de

    carga de fundaes profundas..........................................................................................4

    2.2.2. Mtodos tericos.....................................................................................................6

    2.2.2.1. Resistncia lateral (RL).........................................................................................7

    2.2.2.2. Mtodo em termos de tenses efetivas...............................................................8

    2.2.2.3. Mtodo em termos de tenses totais.................................................................11

    2.2.2.4. Resistncia de ponta (RP)..................................................................................15

    2.2.3. Mtodos semi-empricos.......................................................................................17

    2.2.4. Mtodo de controle de capacidade de carga in situ....................................... .......22

    2.3. Conceitos bsicos de probabilidade, estatstica e confiabilidade............................25

    2.3.1. Anlise probabilstica............................................................................................25

    2.3.1.1. Funo de probabilidade....................................................................................26

    2.3.1.2. Caracterizao da densidade pelo mtodo dos

    momentos.......................................................................................................................26

    2.3.1.3. Densidade normal..............................................................................................27

    2.3.2. Anlise estatstica.................................................................................................28

    2.3.2.1. Anlise grfica da amostra.................................................................................29

    2.3.2.2. Anlise aritmtica da amostra............................................................................30

    2.3.3. Aspectos conceituais de anlise de confiabilidade...............................................31

    I

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    5/115

    2.3.3.1. Aspectos conceituais da confiabilidade inerentes ao

    fator de segurana..........................................................................................................31

    2.3.4. Mtodo do Segundo Momento de Primeira Ordem..............................................35

    2.3.5. Estimativa de Probabilidade de Fracasso.............................................................37

    2.4. Risco admissvel......................................................................................................39

    2.5. Aplicaes de estatstica, probabilidade e confiabilidade em

    geotecnia.........................................................................................................................40

    3. MONITORAO DAS ESTACAS E O ENSAIO SPT.................................................45

    3.1. Introduo................................................................................................................45

    3.2. Localizao..............................................................................................................45

    3.3. Sondagens executadas............................................................................................45

    3.4. Determinao do repique elstico e nega................................................................54

    4. ANLISE DE CONFIABILIDADE EM FUNDAES PROFUNDAS...........................58

    4.1. Introduo................................................................................................................58

    4.2. Procedimentos da anlise de confiabilidade............................................................55

    4.2.1. Anlise estatstica dos parmetros geotcnicos...................................................58

    4.2.2. Anlises determinsticas.......................................................................................64

    4.2.3. Anlises das varincias dos fatores de segurana...............................................65

    4.2.3.1. Estudo da aproximao por difernas divididas...............................................65

    4.2.4. Estimativa da confiabilidade associada probabilidade de ruptura.....................67

    4.3. Interpretao dos resultados....................................................................................76

    4.4. Avaliao dos fatores de segurana referentes confiabilidade

    admissivel........................................................................................................................78

    5. CONCLUSES E CONSIDERAES.......................................................................80

    5.1. Concluses..............................................................................................................80

    5.2. Consideraes.........................................................................................................81

    5.3. Sugestes................................................................................................................81

    Referncias Bibliogrficas...............................................................................................82

    Anexo 1 Valores da funo distribuio acumulada normal........................................86

    Anexo 2 Tabelas referentes simulao do parmetro C3e Nspt................................87

    II

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    6/115

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 2.1 - Estaca carregada axialmente....................................................................6

    Figura 2.2 Estado de tenses do solo adjacente estaca,(a) antesda instalao e (b) aps a instalao...........................................................................8

    Figura 2.3 Fator de adeso (Tomlinson, 1957)....................................................12

    Figura 2.4 Fator de Adeso (Kulhawy e Phoon 1993).........................................14

    Figura 2.5 Superfcies de ruptura (vsic, 1967)......................................................16

    Figura 2.6 Fatores de capacidade de carga, Nq (Vsic, 1975)................................16

    Figura 2.7 Fator de correo de k para estacas metlicas tubulares cravadas

    em areia......................................................................................................................21Figura 2.8 Fator de correo de k para estacas quadradas de concreto

    cravadas em areia......................................................................................................22

    Figura 2.9 - Repique elstico e Nega para um golpe.................................................24

    Figura 2.10. Grfico de uma distribuio normal........................................................28

    Figura 2.11 - Exemplo de um histograma de uma varivel aleatria.........................29

    Figura 2.12. Relao x FSem funo do desvio padro ( DellAvanzi, 1995)........35

    Figura 2.13. Comparao entre duas situaes com mdias e distribuiesde FS diferentes (Christian, 1992)..............................................................................38

    Figura 2.14. Relao entre e para distribuio normal de FSPf

    (Christian, 1992).........................................................................................................39

    Figura 2.15. Valores usuais de probabilidade e conseqncias de ruptura

    (Whitman, 1984).........................................................................................................40

    Figura 2.16. Seo tpica do talude ( Sandroni e Sayo, 1992).................................41

    Figura 3.1 Localizao geogrfica de Campos dos goytacazes.............................46Figura 3.2 Disposio das sondagens na rea da obra..........................................47

    Figura 3.3 Perfil de sondagem................................................................................53

    Figura 3.4 Perfil composto da sondagem................................................................54

    Figura 3.5 - Medio do repique elstico e nega.......................................................55

    Figura 3.6 - Representao da medida do repique elstico e nega...........................56

    Figura 3.7 - Repique elstico e nega obtidos em um golpe do martelo.....................56

    Figura 4.1 Aparelho medidor de repique.................................................................59Figura 4.2 - Fator de segurana x ndice de confiabilidade........................................69

    III

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    7/115

    Figura 4.3 - Fator de segurana x ndice de confiabilidade para intervalos

    de variao de C3.......................................................................................................74

    Figura 4.4 - Fator de segurana x ndice de confiabilidade para

    Nsptem torno da regio da obra.................................................................................77

    Figura 4.5 - Porcentagem de influncia de cada parmetro na confiabilidade..........78

    IV

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    8/115

    LISTA DE TABELAS

    Tabela2.1 Valores tpicos de coeficientes de variao em solos (Lee et al., 1983)..5

    Tabela2.2- Valores para o fator para estacas escavadas.......................................10

    Tabela 2.3 Valores para o fator para estacas cravadas.......................................10

    Tabela 2.4 Relao entre os ngulos / (Potyondy, 1961)...................................11

    Tabela 2.5 Fator de adeso .................................................................................13

    Tabela 2.6 Fator caracterstico do do solo C (Decourt e Quaresma, 1978)............18

    Tabela 2.7 Coeficientes k e (Aoki e Velloso, 1975).............................................20

    Tabela 2.8 Coeficientes de transformao F1e F2 (Aoki e Velloso, 1975)..............20

    Tabela 3.1 Valores do repique elstico e nega obtidos na cravao......................57

    Tabela 3.2 Valor do Nsptmdio por camada............................................................57

    Tabela 4.1 - Valores sugeridos para C3.....................................................................59

    Tabela 4.2 Dados do repique elstico e nega da obra............................................60

    Tabela 4.3 Anlise estatstica dos parmetros da obra..........................................61

    Tabela 4.4 Anlise estatstica das sondagens em torno da obra............................62

    Tabela 4 5 Intervalo de variao de C3 ..................................................................63

    Tabela 4.6 Anlise estatstica na variao do parmetro C3...................................64Tabelas 4.7 a 4.13 Clculo de com parmetros da obra......................................69

    Tabela 4.14 Fator de segurana e probabilidade de ruptura associada

    ao ndice de confiabilidade.........................................................................................73

    Tabela 4.15 Fator de segurana x ndice de confiabilidade....................................74

    Tabela 4.16 Relao entre a varincia e o ndice de confiabilidade.......................76

    V

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    9/115

    LISTA DE SIMBOLOS

    AL rea do fuste da estaca........................................................................... 6

    AP rea da ponta da estaca.................................................................6

    B largura ou dimetro da seo transversal do fuste da estaca..15

    C fator caracterstico do solo....................................................18

    c coeso efetiva do solo.............................................................8

    C1 constante emprica para determinao de .............................13

    C2 Compresso elstica da estaca....................................................20

    C3 Compresso elstica do solo................................................................. 20

    Cov (X) coeficiente de variao............................................................................34

    CPT ensaio de penetrao de cone (cone penetration test)

    eo Fator de correo................................................................................... 20

    ef Fator de correo....................................................................................20

    E Mdulo de Yong da estaca......................................................................23

    E[x] valor esperado.........................................................................................26

    f(x) funo densidade de probabilidade........................................................25

    F(t) funo de distribuio..............................................................................25

    FS fator de segurana..................................................................................33

    F1 coeficiente de transformao para a resistncia de ponta da estaca......19

    F2 coeficiente de transformao para a resistncia lateral da estaca..........19

    fs atrito lateral medido no cone....................................................................18

    G(X) funo de desempenho...........................................................................31

    k fator de correlao entre o tipo de solo e qc ...........................................19

    K Repique Elstico......................................................................................20Ka coeficiente de empuxo ativo.......................................................................9

    K0 coeficiente de empuxo no repouso.............................................................9

    Kp coeficiente de empuxo passivo..................................................................9

    L comprimento total da estaca....................................................................23

    N Valor mdio do SPT ao longo da estaca.................................................20

    NSPT ndice de resistncia a penetrao

    Nc, Nq, Ng fatores de capacidade de carga...................................................15pa presso atmosfrica................................................................................14

    VI

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    10/115

    Pf probabilidade de ruptura........................................................................32

    qL resistncia lateral unitria de uma estaca.................................................6

    qP resistncia de ponta unitria de uma estaca............................................6

    R capacidade de resistncia.......................................................................68

    _

    R capacidade de resistncia mdia............................................................19

    RL resistncia lateral de uma estaca............................................................15

    RP resistncia de ponta de uma estaca........................................................15

    Ru Resistncia ltima da Estaca..................................................................22

    S Nega........................................................................................................22

    S demanda de solicitao..........................................................................68

    SPT ensaio padronizado de penetrao (standard penetration test)

    s desvio padro da amostragem...............................................................30

    S demanda de solicitao.........................................................................17

    Su resistncia ao cisalhamento no-drenada..............................................12

    _

    S demanda de solicitao mdia...............................................................19

    t(x) funo de freqncia..............................................................................28

    T(x) funo de freqncia acumulada...........................................................29V[x] varincia da distribuio.........................................................................26

    V[fs] varincia do fator de segurana.............................................................37

    x varivel aleatria....................................................................................25

    mdia da amostragem............................................................................29

    Z varivel aleatria padronizada...............................................................27

    fator de adeso lateral em termos de tenses totais.............................12

    (%) fator de correlao entre o tipo de solo e a resistncia lateral...............19 fator de capacidade de carga lateral em termos de tenses efetivas..... 9

    ndice de confiabilidade..........................................................................18

    ngulo de atrito entre o solo e a estaca....................................................8

    () funo densidade acumulada aferida em ...........................................37

    ngulo de resistncia ao cisalhamento efetivo do solo..........................11

    peso especfico aparente do solo...........................................................15

    mdia da distribuio.............................................................................26G valor mdio da funo de desempenho.................................................31

    VII

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    11/115

    h tenso efetiva horizontal..........................................................................8

    v tenso efetiva vertical...............................................................................8

    desvio padro..........................................................................................26

    [x] desvio padro da distribuio..................................................................26G desvio padro da funo de desempenho..............................................31

    R desvio padro da capacidade de resistncia..........................................33

    S desvio padro da demanda de solicitao..............................................33

    FS desvio padro do coeficiente de segurana............................................34

    s tenso cisalhante.......................................................................................8

    VIII

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    12/115

    RESUMO

    As obras geotcnicas no geral tm sido estudadas tradicionalmente de forma

    determinstica. Contudo a engenharia geotcnica lida com uma gama de materiais

    com propriedades e parmetros altamente variveis e influenciados por diversos

    fatores. Visando quantificar a variabilidade inerente s previses determinsticas,

    conceitos de probabilidade e estatstica so utilizados como forma de racionalizar as

    incertezas ocasionadas.

    Neste mbito, torna-se possvel inferir sobre a confiabilidade dos resultados

    apresentados pelos procedimentos convencionais e estimar o risco de insucesso

    intrnseco ao projeto.

    Desta maneira, este trabalho prope um estudo do controle de cravao de

    estacas via repique elstico, enfocando aspectos probabilsticos das variveis

    envolvidas no clculo da capacidade de carga de estacas pr-moldadas. Apresenta

    um resumo com os conceitos bsicos de probabilidade e estatstica necessrios

    para a compreenso do assunto. Desenvolve-se o Mtodo do Segundo Momento de

    Primeira Ordem para quantificao da confiabilidade inerente ao desempenho de

    fundaes.

    Os clculos so apresentados com base no controle de cravao de estacas

    de concreto pr-moldado, numa obra localizada na regio central de Campos dos

    Goytacazes-RJ.

    IX

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    13/115

    ABSTRACT

    In general geotechnical analysis traditionally have been carried out in

    deterministic way. However geotechnical engineering deals with materials whose

    properties and parameters are strongly variables and influenced by several factors.

    Aiming to quantify the variability inherent to the deterministic approach, probability

    concepts are used as a tool to rationalize the associated uncertainties.

    In this way, it is possible to infer over reliability of results obtained by using

    conventional methods and estimate the intrinsic risk of failure.

    Thus, this work proposes a study regarding the control of pile driving by the

    elastic rebound method, focusing specifically probabilistic aspects of the variables

    involved in the bearing capacity prediction of driven piles. This work also presents a

    brief discussion regarding basic concepts of statistics and probability, which are

    considered important to the understanding of the subject. It is also shown the

    formulation of First Order Second Moment for the assessment of reliability of the

    deep foundation.

    Results are presented based on controlling of pre-cast pile driving in a building

    construction work in Campos dos Goytacazes, RJ, Brazil.

    X

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    14/115

    Captulo 1

    INTRODUO

    As obras geotcnicas no geral tm sido estudadas tradicionalmente de forma

    determinstica. Contudo, atravs de estudos, constatou-se que a engenharia

    geotcnica lida com uma gama de materiais com propriedades e parmetros

    altamente variveis e influenciados por diversos fatores. Estas variaes podem ser

    observadas atravs da grande disperso nos resultados de ensaios ou pelas

    diferenas apresentadas entre o desempenho prtico das obras com valores

    previstos por ensaios de laboratrio e de campo. Visando quantificar a variabilidade

    inerente s previses determinsticas, introduziram-se no meio geotcnico, conceitos

    de probabilidade e estatstica. Neste mbito, tornou-se possvel inferir sobre a

    confiabilidade dos resultados apresentados pelos procedimentos convencionais e

    estimar o risco de insucesso intrnseco ao projeto.

    Como maneira de racionalizar as incertezas e deixar subjetividade pessoal

    em plano secundrio, conceitos de probabilidade e estatstica foram sendo

    introduzidos gradativamente no meio geotcnico a partir da dcada de 80. No

    entanto, as anlises probabilsticas devem ser aplicadas em conjunto com as

    anlises determinsticas, inferindo sobre a confiabilidade desta ltima, como forma

    de contribuio e no como forma de substituio. O estudo da confiabilidade

    fornece meios de se avaliarem os efeitos combinados das incertezas dos parmetros

    envolvidos no clculo, oferecendo um suplemento til nas anlises convencionais.

    O principal propsito deste presente estudo portanto, fornecer um estudo

    do controle de cravao das estacas baseado no repique elstico, enfocando

    aspectos probabilsticos das variveis envolvidas no clculo da capacidade de carga

    de estacas pr-moldadas e uma avaliao da compatibilidade atravs do mtodo

    FOSM.

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    15/115

    Captulo 1 Introduo 2

    Desta maneira, visando uma compreenso mais simplificada, o trabalho se

    subdividiu da seguinte forma:

    Captulo 1 - Introduo

    Captulo 2 - Apresenta uma reviso bibliogrfica dos mtodos determinsticos

    usualmente utilizados na obteno da capacidade de carga de estacas, e

    tambm do mtodo de controle de capacidade de carga via repique elstico.

    E, por fim, faz uma descrio sucinta dos aspectos conceituais de

    probabilidade, estatstica e confiabilidade e o desenvolvimento do mtodo

    segundo momento de primeira ordem.

    Captulo 3 - Para aplicar os conceitos de confiabilidade e probabilidade em

    uma configurao bem documentada, so apresentados neste captulo

    informaes gerais sobre a campanha experimental realizada, em torno dos

    resultados do ensaio SPT, nega e repique elstico.

    Captulo 4 - Apresentam-se anlises de confiabilidade associadas ao controle

    da capacidade de carga in situ das fundaes pelo mtodo baseado no

    repique elstico descrito no captulo 2. Neste ensejo, so contemplados

    alguns fatores que influenciam a quantificao da confiabilidade e, finalmente,

    so feitas consideraes sobre a adoo de fatores de segurana.

    Captulo 5 Concluses e consideraes pertinentes ao trabalho.

    Referncias Bibliogrficas.

    Anexos

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    16/115

    Captulo 2

    REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 - Introduo

    Este captulo se subdividiu em quatro partes bsicas. Na primeira, apresenta-

    se uma breve reviso sobre os procedimentos determinsticos usualmente utilizados

    na prtica de fundaes e, ainda, do controle de cravao via repique elstico

    necessrios para a verificao dos critrios de capacidade de carga e pertinentes ao

    projeto geotcnico de fundaes profundas.

    Na segunda parte, so demonstrados conceitos bsicos de probabilidade e

    estatstica fundamentais para compreenso das metodologias de anlise de

    confiabilidade comumente utilizadas no meio geotcnico. Na seqncia apresenta-

    se os aspectos conceituais de confiabilidade e o mtodo do Segundo Momento de

    Primeira Ordem, amplamente utilizado em anlises probabilsticas.

    Na terceira parte, apresenta-se o complemento da anlise de confiabilidade,

    que se constitui na estimativa da probabilidade de fracasso inerente ao projeto.

    Neste mbito, so feitas algumas consideraes sobre o risco admissvel.

    Finalmente, na quarta parte, contemplam-se alguns trabalhos que utilizaram

    conceitos de estatstica, probabilidade e confiabilidade que, adaptados, vieram

    constituir a metodologia adotada no presente trabalho.

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    17/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 4

    2.2 - Anlises Determinsticas

    Na engenharia em geral, as anlises determinsticas so realizadas

    considerando todos parmetros e propriedades com valores fixos. Em geotecnia de

    fundaes, as anlises determinsticas procuram viabilizar, economicamente, a

    aplicao de cargas estruturais ao terreno, sem que ocorram deformaes

    excessivas. No projeto, existem critrios que devem ser considerados e satisfeitos

    separadamente; um deles margem de segurana quanto ruptura por perda de

    capacidade de suporte.

    Neste mbito, apresentam-se alguns mtodos determinsticos tradicionais,

    utilizados nas estimativas de capacidade de suporte de fundaes profundas.

    2.2.1 - Descrio dos mtodos determinsticos de capacidade de carga de

    fundaes profundas

    Apesar de muito difundido no meio geotcnico, o dimensionamento de

    fundaes em estaca ainda preserva diversos princpios empricos. Uma das

    grandes dificuldades na previso do comportamento de estacas est relacionada

    com a avaliao dos parmetros do solo que podem ser estimados em ensaios de

    laboratrio ou de campo. Existem inmeras correlaes que procuram determinar de

    forma emprica os parmetros geotcnicos a partir de ensaios de campo. Essas

    formulaes no possuem nenhum fundamento terico e so totalmente empricas,

    mas so ferramentas de grande valor quando no h possibilidade de realizar-se

    ensaios de laboratrio, o que comum na prtica de fundaes em estacas.

    Portanto, com relao aos parmetros geotcnicos, eles tambm apresentam errose incertezas, necessitando tambm de um tratamento estatstico.

    Atravs de anlises estatsticas realizadas por vrios pesquisadores, em

    diferentes tipos de solos, Lee et al., (1983) reuniram valores tpicos de coeficientes

    de variao de diversos parmetros do solo, como mostrado na Tabela 2.1.

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    18/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 5

    Parmetro do Solo (x) Faixa usual cov (x)% * Valor recomendado cov

    (x)%

    Peso Espe. Aparente 1 a 10 3

    Teor de Umidade 6 a 63 15ndice de Vazios e 13 a 42 25

    Limite de Liquidez LL 2 a 48 10

    Limite de Plasticidade LP 9 a 29 15

    Coefi. de Compressibilidade Cc 18 a 73 30

    Mdulo de Yong E 2 a 42 30

    Coefi. de permeabilidade K 200 a 300 300

    Coeficiente de Adensamento Cv 25 a 100 50Resistncia no Drenada Su 20 a 50 30

    ngulo de Atrito (areias) 5 a 15 10

    ngulo de Atrito (argilas) 12 a 56 30

    * Cov(x) = s/x

    Tabela2.1 Valores tpicos de coeficientes de variao em solos (Lee et al., 1983)

    Na fundao por estacas, parte da carga transmitida ao solo por meio doatrito da superfcie do fuste e o terreno e, parte, pela reao de ponta, que a

    resistncia que o solo oferece penetrao dessa ponta em sua massa. Portanto, a

    metodologia convencional de anlise da capacidade de suporte de fundaes

    profundas consiste na soma de duas parcelas de resistncia, a resistncia de ponta

    (RP) e a resistncia lateral (RL), como ilustrado na Figura 2.1. Pode ainda ocorrer,

    quando no h resistncia de ponta, que toda a carga seja transmitida por atrito

    lateral ao solo, diz-se ento que a fundao por estacas flutuantes; em casocontrrio, trata-se de uma fundao por estacas de reao de ponta. Essas duas

    parcelas no so completamente independentes. A interao entre elas depende de

    um grande nmero de fatores, como o estado de tenses atuantes, o tipo de solo e a

    forma da estaca. Porm, no se conhece uma anlise que defina a extenso dessa

    interao satisfatoriamente.

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    19/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 6

    Q

    P

    RL RLh h

    Rp

    p

    Figura 2.1 - Estaca carregada axialmente

    A resistncia lateral e de ponta de uma estaca so expressas como:

    RL= ALqL (2.1)

    RP= APqP (2.2)

    onde;AL a rea lateral;

    qL a resistncia lateral por unidade de rea;

    AP a rea da base;

    qP a resistncia de ponta por unidade de rea.

    Para determinao da resistncia unitria lateral e de ponta existem mtodos

    tericos e empricos. Alguns desses mtodos so apresentados superficialmenteneste captulo.

    2.2.2 - Mtodos tericos

    A base dos mtodos tericos considerar o problema como um caso de

    cisalhamento simples entre a estaca e o solo ao seu redor. Nesses mtodos preciso analisar os parmetros de resistncia ao cisalhamento dos materiais

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    20/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 7

    envolvidos e o estado de tenses ao qual esto submetidos. Consideraes a

    respeito do efeito de instalao da estaca so feitas, em geral, atravs de fatores de

    corre

    ado de

    tense

    anlise usada depender principalmente

    do tipo

    . As vantagens e desvantagens de cada uma delas sero

    discutidas mais adiante.

    .2.2.1 Resistncia lateral (RL)

    so de estacas

    escavadas, a perturbao pequena em relao a estacas cravadas.

    o empricos.

    Durante a instalao da estaca, o solo ao seu redor sofre uma considervel

    perturbao provocando deformaes cisalhantes tanto na ponta da estaca quanto

    ao longo do seu fuste. Ocorre tambm uma compresso do solo abaixo da ponta da

    estaca e seu deslocamento para os lados. Esse processo ocasiona uma

    remoldagem do material em torno da estaca, levando a uma mudana no est

    s e dependendo do tipo de solo, pode haver gerao de poro-presso.

    No caso de materiais coesivos, no incio do carregamento o solo ao redor da

    estaca encontra-se numa condio no-drenada devido a poro-presso gerada pela

    instalao da estaca. Neste momento o problema considerado de carregamento

    no-drenado. Com o passar do tempo ocorre a dissipao da poro-presso. Neste

    momento o problema passa a ser considerado de carregamento drenado. Assim,

    torna-se possvel analisar o problema em termos de tenses totais ou em termos de

    tenses efetivas. A escolha de qual ser a

    de material envolvido no problema.

    Para problemas que envolvem materiais granulares utilizada a anlise em

    termos de tenses efetivas. No caso de materiais coesivos possvel a utilizao

    dos dois tipos de anlises

    2

    Os processos de instalao das estacas causam alterao no estado detenses na regio prxima interface solo e estaca (FIGURA 2.2). A variao da

    tenso efetiva vertical muito pequena, e por isso acaba sendo negligenciada.

    Porm a variao da tenso efetiva horizontal deve ser avaliada a partir de

    consideraes a respeito do mtodo de instalao da estaca. No ca

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    21/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 8

    adjacente estaca,(a) antes

    da instalao e (b) aps a instalao.

    .2.2.2 - Mtodo em termos de tenses efetivas

    ra de Mohr-

    Coulomb, a resistncia lateral unitria (qL) pode ser considerada como:

    qL= f (c+ htan) (2.3)

    ;

    o

    es devem ser feitas para o uso do mtodo

    em termo de tenses efetivas, tais como:

    1. nte a instalao totalmente

    Estaca

    v

    ho ho h h

    vo sv

    (a) (b)

    svo

    Elementode solo

    Elementode solo

    Figura 2.2 Estado de tenses do solo

    2

    Em geral, o mtodo terico em termos de tenses efetivas utilizado para a

    avaliao do atrito lateral de estacas em materiais granulares. Mas, tambm

    possvel o uso dessa metodologia no caso de materiais coesivos. Porm,

    complexa a determinao do estado de tenses efetivas para esses tipos de

    materiais. Numa condio drenada, considerando o critrio de ruptu

    onde;

    c a coeso efetiva;

    ha tenso efetiva horizontal atuante no fuste

    ngulo de atrito entre a estaca e o solo.

    A partir disso, algumas considera

    O excesso de poro-presso gerado dura

    dissipado antes do carregamento da estaca;

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    22/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 9

    2. O carregamento ocorre em condio drenada, uma vez que a zona que sofre

    3. instalao, costuma-se assumir que

    o solo passa a no possuir coeso efetiva. Assim sendo, o atrito lateral ao

    4. Assume-se que a tenso efetiva horizontal (h) proporcional tenso efetiva

    vertica

    Essa ltima considerao possivelmente a mais questionvel, mas serve

    como p

    qL= K vtan = v (2.5)

    K o coeficiente de empuxo lateral;

    o f

    a. Tanto pode ser estimado

    teorica

    xo passivo (KP). J a escavao de um fuste causa um alvio de

    tense

    maior distoro em torno do fuste relativamente fina;

    Devido ao amalgamento ocasionado pela

    longo do fuste pode ser expresso como

    qL= f (htan ) (2.4)

    l (v), (sobrecarga das camadas sobrejacentes);

    onto de partida. Dessa maneira a Equao (2.4) torna-se;

    onde;

    ator de capacidade de carga.

    Essa formulao tambm conhecida como mtodo . Sendo que o fator

    adimensional e depende da avaliao do estado de tenses, da compressibilidade

    do solo, das dimenses da estaca e de sua form

    mente atravs dos princpios da mecnica dos solos como tambm pode ser

    determinado a partir de dados de provas de cargas.

    Para a determinao terica assume-se que funo do coeficiente de

    empuxo que representa o estado de tenses de campo. Partindo-se da idia que

    antes da instalao da estaca existia uma condio geosttica, pode-se dizer que a

    cravao de uma estaca levaria a uma condio intermediria entre a condio K0e

    a condio de empu

    s que pode levar ao estabelecimento de uma condio prxima condio de

    empuxo ativo (Ka).

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    23/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 10

    Vrias propostas para o valor de so encontradas na literatura, tanto para

    estacas escavadas quanto para cravadas em diversos materiais, como mostrado nas

    Tabelas (2.2) e (2.3).

    Referncia MaterialFatorMcClelland (1974) 0,15 a 0,35 (compresso)

    0,10 a 0,24 (trao)Areias com predominncia

    de slica

    Meyerhof (1976)Areias com predominncia

    de slica0,44 para = 280,75 para = 351,2 para = 37

    Stas e Kulhawy (1984)

    (K/K0 /)/depende dos materiais

    na interface (entre 0,5 a 1,0)k/k0 depende do mtodo de

    instalao (entre 0,5 a 2,0)

    Areias com predominncia) . k0. tan (.de slica

    Poulos (1978) 0,10 Areias calcrias nocimentadas

    0,05 a

    Burland (1973) (1-sen).tan.(OCR)0,5 Argilas

    LuOCR .4,0

    onde uL=2,215+L

    tan'

    1

    '1

    +

    sen

    sen

    Flaate e Selnes (1977)

    2,2152 +L

    Argilas

    Parry e Swain (1977) Argilas NA

    Tabela 2.2- Valores para o fator p vada

    Referncia

    ara estacas esca s

    Fator Material,10 para = 33,20 para = 35

    para = 3F.tan (- 5)

    (compresso)de slica

    Poulos (1988) 0,5 a 0,8pa a

    Areias calcrias nocimentadasra qL= 60 a 100 K

    K.tanmenor que K0ou

    (1+K0)(k/k0).K0.tan(./)

    Meyerhof (1976) 000,35 7

    Areias com predominnciade slica

    Kraft e Lyons (1974)Onde F = 0,7

    F = 0,5 (trao)

    Areias com Predominncia

    Fleming et al. (1985)K 0,5

    Argilas

    Stas e Kulhawy (1984)/depende dos

    materiais na interface

    0

    1,0)

    Argilas

    (entre 0,5 a 1,0)K/K depende do mtodode instalao (entre 2/3 a

    Tabela 2.3 Valores para o fator para estacas cravadas.

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    24/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 11

    Quanto ao ngulo de atrito entre o solo/estaca (), ele pode ser considerado

    como aproximadamente igual ao valor de (Tomlinson, 1957; Burland, 1973; entre

    outros). Ou ainda, pode-se assumir que proporcional a , como a proposio de

    Meyer izou uma sriede ensaios de cisalhamento direto com diversos materiais e solo (TABELA 2.4).

    =2/3 (+ 5) (2.6)

    Material da estaca Areia seca Areia saturada

    hof (1959) expressa pela Equao (2.6). Potyondy (1961) real

    Acabamento daSuperfcie

    Ao Lisa (polida)

    spera (oxidadas)

    0,54

    0,76

    0,64

    0,80Madeira Paralela s fibrasNormal s fibras

    0,760,88

    0,850,89

    Concreto Lisa (forma metlica) 0,76spera (forma de madeira)

    Rugosa (sem forma)0,880,98

    0,800,880,90

    do material da estaca podendo ser

    onsiderado como igual ao ngulo de resistncia ao cisalhamento efetivo residual

    res). Segundo Coyle e Castello (1981), a diferena entre as proposies de

    .

    onsiderado que durante o carregamento existir gerao de poro-

    presso. Desta forma, a resistncia lateral considerada uma funo da resistncia

    ao cisa ca representada

    quao;

    Tabela 2.4 Relao entre os ngulos / (Potyondy, 1961)

    Vesic (1977) apresentou uma aproximao diferente para considerando queo solo localizado na interface entre a massa de solo e a estaca estaria num estado

    de ruptura. Como conseqncia o ngulo de atrito entre a estaca e o solo, , seria

    independente das propriedades iniciais do solo e

    c

    (

    Potyondy e Vsic no aparenta ser significante

    2.2.2.3 - Mtodo em termos de tenses totais

    A capacidade de carga da estaca deve ser estimada com base em tenses

    totais se for c

    lhamento no-drenado do (s) material (is) em torno da esta

    pela e

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    25/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 12

    qL= Su (2.7)

    L: resistncia lateral mdia ao longo do fuste da estaca;

    o f

    e o fator de adeso varia entre 0,3 e 0,6 para estacas

    instala

    at cerca de 0,33

    para a e

    mero de ensaios, tem sido possvel determinar faixas de valores de para tipos

    particulares de estacas em diversas condies de carregamento.

    Tomlinson (1957) sugeriu algumas propostas de , mostrada na Figura 2.3.

    onde

    q

    ator de adeso entre o solo e a estaca;Su a resistncia ao cisalhamento no-drenada dos solos.

    O fator de adeso introduzido para a correo da influncia dos fatores

    como a resistncia ao cisalhamento da argila, o mtodo de instalao da estaca, a

    tenso de sobreadensamento e o tipo de estaca. Os primeiros estudos de Skempton

    (1959) mostram qu

    das na argila de Londres. Sua determinao feita pela correlao entre

    provas de carga e dados de resistncia no-drenada, determinada em laboratrio ou

    ensaios de campo.

    Dependendo do solo e do tipo de estaca, o valor de pode variar de 1 a

    pouco mais que 1 para argilas normalmente adensadas moles

    rgilas rijas a duras fortemente sobreadensadas. Com base em um grand

    n

    755025

    1,25

    100 125 150

    1,00

    0,75

    0

    0,50

    0,25

    Curva mdiapara todas as

    estacas

    curva mdiapara estacasde concreto

    Su (Kpa)

    Fator

    deAdeso

    Figura 2.3 Fator de adeso (Tomlinson, 1957)

    Para estacas cravadas em argila, McClelland (1974) apresentou uma coleo

    de vrios grficos de fator de adeso em funo da resistncia no drenada, obtida

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    26/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 13

    por vrios autores. Estas curvas mostram que o fator de adeso decresce com o

    aumento da resistncia da argila, tanto para estacas escavadas como cravadas. Em

    todos os casos, h uma larga disperso na variao observada do fator de adeso

    com a res -drenada. N esto in de

    encontrados por outros autores.

    ia Su= 50 (Kpa) Su= 150 (kpa)

    istncia no a Tabela 2.5 dicados valores

    ReferncPeck (1958) 0,90 0,45Woodward & Boitano (1961) 0,86 0,32Kerisel (1961) 0,72 0,35Tomlinson (1970) 0,72 0,25

    Randolph e Murphy (1985) estimaram valores de a partir de provas de

    carga em estacas cravadas baseados na relao mdia de resistncia in situ.

    Baseando-se numa anlise de regresso linear desses dados foi estabelecido que

    =

    Tabela 2.5 Fator de adeso

    ( ) 25,0'/

    5,0

    vuS

    1

    '

    v

    uS

    quando (2.8)

    e

    ( )'/

    5,0

    S v

    S

    5,0vu

    = quando 1'

    >u

    (2.9)

    Estas observaes parecem concordar bem com Sladen (1992) que sugere a

    seguinte relao para a avaliao de :

    45,0

    1 '

    = vC

    uS

    (2.10)

    onde

    viamente definido.

    C1 uma constante emprica,

    ve Suso como pre

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    27/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 14

    Para estacas escavadas, C1situa-se em torno de 0,4 a 0,5. As informaes

    tornam-se mais escassas para o valor de para estacas escavadas em comparao

    a estacas cravadas.

    Kulhawy e Phoon (1993) propem a seguinte correlao (Equao 2.11) para

    baseada em 127 casos estudados de estacas escavadas com provas de carga

    levadas ruptura em a

    rgila (FIGURA 2.4).

    5,0

    5,0

    =

    u

    a

    S

    P (2.11)

    onde, Pa a presso atmosfrica (aproximadamente 100 kPa para simplificao em

    lugar de 101,4 kPa) e Su a resistncia ao cisalhamento no-drenada, obtida

    travs do ensaio triaxial consolidado hidrostaticamente no-drenado. Baseados nos

    dados das provas de carga, esta relao foi julgada como sendo prxima a outras

    relaes para estacas cravadas.

    a

    Adeso (Kulhawy e Phoon 1993)Figura 2.4 Fator de

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    28/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 15

    2.2.2.4

    formulao mais geral para a determinao de resistncia de ponta unitria

    (qP)

    qP= BN+ cNc+ vNq (2.12)

    da estaca;

    a) na cota da ponta da estaca;

    o peso especfico aparente do solo;

    N, Nc

    confinante do solo. Nenhuma teoria considera a

    resist

    o caso de materiais granulares o primeiro e segundo termo da Equao

    (2.8) s

    Vsic (1967) mostra uma srie de proposies para o valor de Nqem funo

    da superfcie de ruptura (FIGURA 2.5) e do ngulo de atrito do material (FIGURA

    2.6).

    - Resistncia de ponta (RP)

    A

    a expresso:

    onde

    qPresistncia de ponta da estaca;

    B a menor dimenso

    v a tenso efetiva vertical (sobrecarg

    c a coeso do solo;

    e Nqso os fatores de carga.

    Na maioria das teorias encontradas, os parmetros bsicos, alm da

    geometria da estaca, o , o qual usado para determinar o fator de capacidade de

    carga, Nq, e a tenso efetiva

    ncia lateral do solo ao longo do fuste, ou uma possvel interdependncia entre

    a resistncia lateral e de ponta.

    N

    o negligenciados e a equao torna-se ento

    qP= vNq (2.13)

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    29/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 16

    Prandtl Debeer Berezantsev and Bishop, Hil andRessner Jky Yaroshenko MottCaquot Meyerhof Vsic SkemptonBuisman Yassim

    Terzaghi GibsonFigura 2.5 Superfcies de ruptura (Vsic, 1967)

    Figura 2.6 Fatores de capacidade de carga, Nq (Vsic, 1967)

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    30/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 17

    Como mostram as figuras (2.5) e (2.6), evidente que existem grandes

    variaes entre uma teoria e outra, o que leva concluso de que o mecanismo de

    ruptura ainda no bem compreendido.

    Para solos coesivos a Equao 2.12 reduzida para

    qP= NcSu (2.14)

    O valor do fator Nc, em geral, considerado 9,0 e Su a resistncia no

    drenada da argila abaixo da base da estaca.

    2.2.3 - Mtodos semi-empricos

    Os mtodos semi-empricos esto baseados em relaes diretas entre os

    resultados de ensaios de campo com as parcelas de resistncia e dependem de

    ajustes com dados de provas de carga. Os mtodos semi-empricos brasileiros mais

    conhecidos certamente so os mtodos apresentados por Aoki e Velloso (1975) e o

    de Dcourt e Quaresma (1978, 1982).

    Mtodos que relacionam diretamente o nmero de golpes do SPT com o atrito

    lateral so muito difundidos por sua simplicidade. Porm, o uso dessas metodologias

    deve ser realizado com cautela, uma vez que est baseada em experincias

    regionais. So apresentadas da forma

    qL= A + B . NSPT (2.15)

    onde A e B so constantes que dependem dos dados do solo e do tipo de estaca

    que deram origem formulao.

    O mtodo de Dcourt e Quaresma foi desenvolvido com base na experincia

    dos autores e resultados de provas de carga. Essas provas de carga foram

    realizadas em estacas pr-moldadas de concreto, porm no foram levadas

    ruptura e utilizou-se a carga de ruptura convencional correspondente a um recalque

    de 10% do dimetro da estaca.

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    31/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 18

    A resistncia lateral unitria apresentada como uma funo apenas do

    nmero de golpes do SPT mdio ao longo do fuste (Equao 2.16). No h

    nenhuma considerao a respeito do tipo solo ou do tipo de estaca.

    qL

    + 13

    10 2N

    = (2.16)

    onde

    qL expresso em kPa,

    N2 o valor mdio do N ao longo do fuste.

    Sendo que os valores N devem estar no intervalo 3 N 50, valores maiores

    que 50 devem ser igualados a 50 e valores menores que 3 devem ser igualados a 3.

    Para a resistncia unitria de ponta j houve uma considerao do tipo de

    solo onde a estaca se apia atravs do fator caracterstico do solo C (TABELA 2.6).

    qP= C . N1(kpa) (2.17)

    onde N1 a mdia de 3 valores correspondentes ao N na ponta da estaca (Nn),

    imediatamente superior (Nn+1) e imediatamente inferior (Nn-1).

    3

    111

    + ++= nnnNNN

    N (2.18)

    Tipo de Solo C (Kpa)Argilas 120Siltes Argilosos 200Siltes Arenosos 250Areias 400

    Tabela 2.6 Fator caracterstico do do solo C (Decourt e Quaresma, 1978)

    Devido ao desenvolvimento contnuo da mecnica dos solos e engenharia de

    fundaes, uma necessidade na melhoria da diversidade e qualidade de ensaios de

    campo para a caracterizao do subsolo tornou-se imprescindvel. Cientes dessa

    necessidade, os estudiosos concentraram-se no desenvolvimento de ensaios que

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    32/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 19

    representassem de maneira mais coerente as caractersticas do substrato. Dentre os

    ensaios desenvolvidos, destaca-se o ensaio de penetrao de cone (Dutch

    Sounding Test), idealizado na Holanda na dcada de 1930 por Barentsen e Boonstra

    (1936). O princpio do ensaio de cone consiste na cravao no terreno de uma

    ponteira cnica a uma velocidade constante. Apesar dos procedimentos de ensaio

    serem padronizados, h diferenas entre os equipamentos, que podem ser

    classificados em cone mecnico, cone eltrico e piezocone. Os principais atrativos

    do ensaio so o registro contnuo da resistncia penetrao, fornecendo uma

    descrio detalhada da estratigrafia do subsolo, informao essencial composio

    de custos de um projeto de fundaes, e a eliminao de qualquer influncia do

    operador nas medidas do ensaio, atrito lateral fs e resistncia de ponta qc. Desde

    ento, inmeros mtodos vem sendo desenvolvidos para a determinao do atrito

    lateral unitrio (qL) e da resistncia de ponta unitria (qP) a partir dos resultados de

    resistncia de ponta (qc) e/ou do atrito lateral (fs). A maioria desses mtodos procura

    determinar fatores redutores para a resistncia de ponta (qc) e assim determinar as

    duas parcelas de resistncia. Essa aplicao de fatores de reduo deve-se a uma

    combinao de influncias como o efeito de escala, o efeito da velocidade de

    carregamento, as diferenas nas tcnicas de instalao, as variaes no valor dos

    deslocamentos de solo, entre outras, Briaud (1988). So poucos os mtodos que

    utilizam os valores de atrito lateral medidos no ensaio de cone (fs), como Nottingham

    (1975).

    A metodologia desenvolvida por Aoki e Velloso (1975) est baseada em

    resultados de ensaios de penetrao de cone em diversos solos brasileiros. Os

    autores tambm sugerem a adaptao do mtodo para o uso de valores de NSPT. As

    Equaes 2.19 e 2.20 foram estabelecidas para as resistncias unitria de ponta e

    lateral, respectivamente. Para considerar a influncia do tipo de estaca os autoresanalisaram provas de carga em alguns tipos de estacas e estabeleceram os

    coeficientes de transformao F1e F2(TABELA 2.8).

    qp1

    1

    1

    .

    F

    NK

    F

    qc == (2.19)

    onde;

    N1 o nmero de golpes na ponta da estaca;

    K o fator de correlao entre o tipo de solo e qc(Tabela 2.7);F1 o coeficiente de transformao para a resistncia de ponta da estaca (tabela2.8)

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    33/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 20

    Para a resistncia unitria lateral (qL), a correlao estabelecida a partir da

    resistncia de ponta medida no cone expressa por

    qL2

    2..F

    NK= (2.20)

    onde

    N2 o nmero de golpes mdio ao longo do fuste da estaca;

    F2 o coeficiente de transformao para a resistncia lateral (Tabela 2.8);

    (%) o fator de correlao entre o tipo de solo e a resistncia lateral (Tabela 2.7).

    Tipo de solo K (Mpa) (%)Areias 1,00 1,4Areia Siltosa 0,80 2,0Areia Silto argilosa 0,70 2,4Areia argilosa 0,60 3,0Areia argilo siltosa 0,50 2,8Silte 0,40 3,0Silte arenoso 0,55 2,2Silte arenoso argiloso 0,45 2,8Silte argiloso 0,23 3,4Silte argilo siltoso 0,25 3,0

    Argila 0,20 6,0Argila arenosa 0,35 2,4Argila areno siltosa 0,30 2,8Argila siltosa 0,22 4,0Argila silto arenosa 0,33 3,0

    Tabela 2.7 Coeficientes k e (Aoki e Velloso, 1975)

    Tipo de estaca F1 F2Franki 2,50 5,0

    Metlica 1,75 3,5Pr-moldada 1,75 3,5Escavada 3,50 7,0

    Tabela 2.8 Coeficientes de transformao F1e F2 (Aoki e Velloso, 1975)

    O mtodo de Nottingham (1975), apresentado pela equao 2.21, baseado

    em detalhados estudos de provas de carga instrumentadas. Utiliza um fator de

    correo K para considerao de diversos efeitos como a forma da seo

    transversal, relao D/B, o material da estaca e o tipo de cone utilizado no ensaio

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    34/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 21

    experimental de campo. O mtodo ainda pouco difundido por utilizar a medida de

    atrito lateral no fuste do cone para determinao da resistncia lateral da estaca.

    ==

    +=L

    Bd

    B

    d

    SSSSs AKfAKfBdF

    8

    8

    08

    (2.21)

    onde

    k o fator de correo (figura 2.7 e 2.8);

    fs o atrito lateral medido no cone;

    B a dimenso da seo transversal da estaca;

    L o comprimento da estaca;As rea lateral da estaca.

    1,00

    10

    3,02,0

    20

    5

    30

    25

    15

    K

    D/B

    Os pontos que somostrados so apenaspara correlao comcone eltrico

    cone mecnico

    cone eltrico

    estacas cravadas

    Figura 2.7 - Fator de correo dek para estacas metlicastubulares cravadas em areia.

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    35/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 22

    2,01,0

    10

    0

    30

    0

    20

    K

    D/B

    cone eltrico

    cone mecnico

    (a) estaca com fuste liso.

    2,01,0

    10

    0

    30

    0

    20

    K

    D/B

    cone eltrico

    conemecnico

    3,0

    (b) estaca com fuste rugoso

    Figura 2.8 Fator de correo de k para estacas quadradas de concretocravadas em areia.

    2.2 4 Mtodo de controle de capacidade de carga in situ

    Tradicionalmente o controle da capacidade de carga de estacas durante a

    cravao, feito adotando-se o valor da nega (deslocamento permanente, quegeralmente corresponde mdia dos 10 ltimos golpes do sistema de cravao), que

    interpretada luz das chamadas frmulas dinmicas de cravao.

    Vrias crticas vm sendo feitas aplicao destas frmulas, e dentre elas

    pode-se destacar a incompatibilidade da teoria do choque de Newton de dois corpos

    para simular o fenmeno de cravao das estacas e tambm no fato da variao da

    resistncia do solo durante a cravao (cicatrizao e relaxao).

    No incio da dcada de 80, a tcnica de monitorao da cravao de estacas

    comeou a se expandir em termos de pesquisa, desenvolvimento de equipamentos e

    interpretao de dados de cravao pela teoria da equao da onda. Assim a

    observao sistemtica dos resultados obtidos com a instrumentao da cravao

    aliada ao relato dos japoneses Yokoyama e Kusakabe (1985), vem demonstrando

    uma tendncia de mudana na determinao da resistncia ltima de uma estaca

    cravada de concreto. Portanto, uma substituio do controle de cravao in situ

    baseado na nega, pelo controle de cravao baseado no repique elstico.

    Da mesma forma que os mtodos empricos tradicionais de estimativa de

    capacidade de carga, os mtodos de capacidade de carga in situesto baseados em

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    36/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 23

    relaes direta com resultados de prova de carga e de ensaios de campo, como o

    ensaio de cone e o ensaio SPT. Portanto, o uso dessas metodologias deve ser

    realizado com cautela, uma vez que ainda esto baseadas em experincias ainda

    restritas.

    Uto et al., (1985), propuseram uma frmula dinmica de clculo de

    capacidade de carga in situ para estacas cravadas, que recomendada pela

    Specification for Bridge Substurcture Design (1980) representada pela Equao

    (2.22).

    Ru =( )

    fe

    NlU

    Le

    CCsEA ..

    ..2

    .2..

    0

    23 +++

    (2.22)

    onde;

    Ru = Resistncia ltima da Estaca (tf)

    A = rea da seco transversal da estaca (m2)

    E = Mdulo de Yong da estaca (tf/m2)

    l = Comprimento cravado da Estaca (m)

    U = Permetro da Estaca

    L= Comprimento total da estaca(m)

    S= Nega para um golpe do pilo(m)

    N= Valor mdio do SPT ao longo da estaca

    K = (C2+C3) = Repique Elstico (m)

    C2= Compresso elstica (repique) da estaca (m)

    C3= Compresso elstica (repique) do solo (m)

    O valor de K = C2+ C3 determinado atravs de medidas do repique elstico

    durante a cravao da estaca, de acordo com a Figura (2.9)

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    37/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 24

    Figura 2.9 - Repique elstico e Nega para um golpe

    eo = 2 x 3 , WH = Peso do martelo (tf) e WP = Peso da Estaca (tf)2WP

    WH

    ef = eficincia do martelo (fator de correo) = 2,5

    De acordo com Chellis (1951), a parcela C2devido s deformaes elsticas

    da estaca valeria:

    C2=EA

    lRu

    7,0 (2.23)

    Portanto;

    Rul

    EAC

    7,02 (2.24)

    Desta maneira, a capacidade de carga ltima Ru diretamente proporcional

    ao valor de C2, e C3quake dado em funo do tipo de solo.

    Diante da experincia de controle em algumas centenas de estacas pr-

    moldadas de concreto, concluiu-se que a frmula de Chellis, em muitos casos,

    conduz a cargas mobilizadas superiores s reais para estacas com comprimentos

    cravados menores ou iguais a 20m, que vo diminuindo medida que os

    comprimentos das estacas se aproximam da fronteira dos 20m; a partir de 20m h

    uma tendncia de Chellis subestimar as cargas mobilizadas.

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    38/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 25

    Na aplicao de Uto observou-se o oposto: h uma tendncia de Uto

    subestimar as cargas mobilizadas para estacas com comprimentos menores ou

    iguais a 20m e superestimar a partir deste valor.

    Assim, de acordo com Filho e Abreu (1989), visando obter um equilbrio entre

    esses dois mtodos a determinao da resistncia ltima in situ de uma estaca

    cravada tomada como a mdia aritmtica das formulaes feitas por Uto et al., e

    Chellis.

    2.3 - Conceitos bsicos de probabilidade, estatstica e confiabilidade

    Apresentam-se a seguir, de forma sucinta, os conceitos bsicos de

    probabilidade e estatstica necessrios para a compreenso dos aspectos

    conceituais de anlise de confiabilidade.

    2.3.1 - Anlise probabilstica

    A anlise probabilstica pode ser entendida como o estudo sobre a previso

    comportamental de uma determinada experincia. A caracterstica de interesse de

    uma experincia que assume valores diferentes e no previsveis como resposta

    denominada de varivel aleatria. A varivel aleatria pode ser considerada discreta,

    quando assume apenas certos valores especficos, ou contnua, quando pode

    assumir qualquer valor dentro de um intervalo. Em uma experincia, o conjunto de

    todas as respostas denominado de espao amostral. Em geral, o espao amostral

    dito discreto se possui um nmero contvel de elementos. Se os elementos de umespao amostral constituem um contnuo (por exemplo, todos os pontos de uma reta

    ou plano) o espao amostral dito contnuo. A caracterizao de um espao

    amostral em discreto ou contnuo determinada atravs do tipo de varivel aleatria

    em questo. Qualquer subconjunto de um espao amostral definido como evento,

    enquanto que o conjunto de todas as observaes realizadas denominado de

    populao.

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    39/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 26

    2.3.1.1 - Funo de probabilidade

    Sendo x uma varivel aleatria contnua qualquer, o comportamento

    probabilstico do fenmeno aleatrio pode ser descrito por uma funo matemtica

    conhecida por funo densidade de probabilidade f(x). Objetivamente, a funo

    densidade de probabilidade descreve a forma da curva de distribuio da

    probabilidade de ocorrncia de cada valor da varivel aleatria. Dentre as formas

    mais usuais, podem-se citar as distribuies normal ou gaussiana, lognormal, gama

    e beta, entre outras.

    Para a estimativa da probabilidade de ocorrncia da varivel aleatria (x)ser

    menor ou igual a um certo valort, utiliza-se a funo de distribuio F(t)definida por:

    ( ) ( )dxxftFtxP t == ][ (2.25)

    A estimativa da probabilidade de ocorrncia da varivel x em um certo

    intervalo [a, b], dada por:

    ( ) ( ) ( )==

    ^

    Figura 2.10. Grfico de uma distribuio normal

    Devido ao fato da Equao (2.30) no poder ser integrada de uma forma

    fechada entre um intervalo qualquer, as probabilidades relacionadas distribuio

    normal so obtidas a partir de integrao numrica, sendo os resultados dispostos

    em forma de tabelas especiais padronizadas para uma densidade normal com mdia

    = 0 e desvio padro = 1 (ANEXO 1).

    Substituindo na Equao (2.30) os valores de e utilizados para

    padronizao (Equaes (2.27) e (2.29), respectivamente), a probabilidade de umavarivel aleatria (x)ser menor ou igual a Z dada por:

    ( ) dteZF zt

    =2

    2

    1

    2

    1

    (2.31)

    onde Z uma varivel aleatria padronizada definida por:

    [ ]xx

    Z

    = (2.32)

    2.3.2. Anlise estatstica

    O tratamento estatstico est relacionado anlise de uma coleo de

    observaes, denominada amostra ou conjunto amostral, que visa caracterizar um

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    42/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 29

    fenmeno aleatrio de interesse e no prever o comportamento do fenmeno em si

    (anlise probabilstica). O tratamento do conjunto amostral pode ser realizado a

    partir de anlise grfica ou aritmtica. A anlise grfica da amostra compreende a

    classificao da varivel aleatria segundo a sua freqncia de valores assumidos e

    a montagem de um grfico freqncia x valor, denominado histograma (FIGURA

    2.11). A anlise aritmtica da amostra realizada atravs da determinao de

    parmetros estatsticos que visam caracterizar a distribuio.

    2.3.2.1. Anlise grfica da amostra

    Dado um histograma, o comportamento de uma varivel aleatria xem uma

    amostra pode ser caracterizado pela sua funo de freqncia t(x). A funo de

    freqncia entendida como a funo matemtica que descreve a freqncia de

    valores assumidos pela varivel aleatria no mbito amostral, ou seja, a funo

    que melhor caracteriza a forma do histograma da varivel aleatria. A funo de

    freqncia anloga funo de densidade de probabilidade f(x) da populao

    correspondente, embora estas funes sejam conceitualmente diferentes. A

    populao da varivel aleatria possui uma funo densidade de probabilidade

    definida, mas caso sejam realizadas diversas amostragens desta mesma populao,

    pode-se encontrar diversas funes de freqncia diferentes entre si.

    2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120

    0,5

    1

    1,5

    2

    2,5

    3

    3,5

    Valor da Varivel Aleatria

    Frequn

    cia

    Figura 2.11 - Exemplo de um histograma de uma varivel aleatria

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    43/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 30

    Um complemento da anlise grfica a definio da funo de freqncia

    acumulada T(x), anloga funo de distribuio da populao F(x). Em termos

    matemticos, escreve-se:

    ( ) ( )

    =xy

    ytxT (2.33)

    onde x e y so variveis discretas. A funo de freqncia acumulada pode ser

    interpretada como a soma das freqncias relativas de todos os valores menores ou

    iguais a x.

    2.3.2.2. Anlise aritmtica da amostra

    Os parmetros mais comumente utilizados so a mdia amostral (mdia

    aritmtica) e a varincia amostral. A mdia amostral de uma varivel aleatria x

    definida por:

    =

    =n

    i

    ixn

    x1

    1 (2.34)

    Deve-se atentar para a diferena entre a mdia amostral e a mdia da

    distribuio de probabilidade (). Enquanto a primeira relaciona os valores de um

    determinado conjunto de observaes, a segunda indica a mdia de toda a

    populao do fenmeno aleatrio.A varincia amostral relaciona-se com os quadrados dos desvios da varivel x

    em relao mdia x , sendo definida por:

    =

    =

    n

    t

    i

    n

    xxs

    1

    22

    1

    )( (2.35)

    O desvio padro amostral definido como a raiz quadrada da varincia. Em

    termos matemticos temos:

  • 7/26/2019 POS-ENGPRODUCAO_2397_1213622733

    44/115

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 31

    ( )=

    =

    n

    t

    i

    n

    xxS

    1

    2

    1 (2.36)

    2.3.3 Aspectos conceituais de anlise de confiabilidade

    A quantificao da confiabilidade obtida atravs da utilizao de uma

    relao entre os estados que limitam o insucesso e o sucesso associados previso

    comportamental de uma determinada varivel aleatria. Apresentam-se a seguir, os

    aspectos conceituais de confiabilidade, correspondente a varivel aleatria fator de

    segurana.

    2.3.3.1. Aspectos conceituais da confiabilidade inerente ao fator de segurana

    A relao entre os estados que limitam o sucesso e o insucesso definida

    como a diferena entre as densidades de probabilidade da capacidade de

    resistncia (R)e da demanda de solicitao (S).Matematicamente tem-se:

    G(X) = R S (2.37)

    onde G(X) uma funo que descreve o desempenho da diferena R - S, e X o

    vetor de parmetros necessrios para clculo de G(X). A funo de desempenho

    pode ser subdividida em uma regio segura (G(X) > 0)e uma regio instvel (G(X)