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11 Universidade federal do rio grande do norte Centro de tecnologia Curso de arquitetura e urbanismo Trabalho final de graduação PORTO PIATÓ UMA REQUALIFICAÇÃO URBANA

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Universidade federal do rio grande do norte

Centro de tecnologia

Curso de arquitetura e urbanismo

Trabalho final de graduação

PORTO PIATÓ

UMA REQUALIFICAÇÃO URBANA

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Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio Grande

do Norte / Biblioteca Setorial de Arquitetura.

Souza, Carolina Santos de.

Porto Piató: uma requalificação urbana / Carolina Santos de Souza. – Natal, RN, 2016.

67f. : il.

Orientador: José Augusto de Oliveira Carvalho.

Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia.

Departamento de Arquitetura.

1. Planejamento urbano – Monografia. 2. Requalificação urbana – Monografia. 3. Porto Piató –

Assú/RN – Monografia. I. Carvalho, José Augusto de Oliveira. II. Universidade Federal do Rio Grande do

Norte.

III. Título.

CDU 711.4

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CAROLINA SANTOS DE SOUZA

ESTUDO PRELIMINAR

REQUALIFICAÇÃO DA PRAÇA DA

COMUNIDADE DO PORTO PIATÓ E SEU

ENTORNO

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso

de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, no semestre de 2016.1 como

requisito para obtenção de título de arquiteta e

urbanista.

Orientador: Prof. José Augusto de Oliveira Carvalho

Natal, Novembro de 2016

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Não gosto de quem não gosta

De doce do mocotó

Não gosto de gato preto

E nem de cachorro cotó

Não gosto de quem não gosta

Da lagoa do Piató

Vou pedir ao presidente

Que tenha da pobreza dó

Pode tirar-me a camisa

E rasgar-me o paletó

Mas deixe liberta as águas,

Da lagoa do Piató.

Elói Justo

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AGRADECIMENTOS

A todos aqueles que fizeram parte dessa graduação. Aos Bons

professores, que sempre me incentivaram a dar o melhor de mim, não para

obter um resultado que se espelha em notas, mas sim, para obter o melhor

resultado como futura arquiteta e urbanista. Aos maus professores, que mesmo

com palavras ferinas, me ensinaram o que não ser e o que não fazer.

Aos meus pais Maria da Conceição Santos de Souza e Edivar Gomes

de Souza, que em todo momento me apoiaram de todas as maneiras. À turma

“Boêmios” que me acolheu de forma extraordinária, onde todas as pessoas

agiram de forma única, fortalecendo não só as relações acadêmicas, mas

também (e principalmente) as de amizade. São eles: Karina Hatsue, Luiza de

Melo, Ingrid Soares, Rafaela Bulhões, Barbara Rocha, Gabrielle Barros, Filipe

Almeida, Rhenyara Lima, Larisse Ellen, Mateus Candido, Mateus Medeiros,

Alline do Vale, Alinne Alessandra, Maria Evane, Daniela Freitas e Tisbe

Machado.

Aos amigos Dmetryus Targino, Fernando Cortez, Marcela Scherr,

Manuela Carvalho, Rayanna Rodrigues e Jessica Bittencourt que também

fizeram parte dessa jornada e com palavras de apoio e troca de conhecimento

me incentivaram mais ainda a continuar essa graduação que se encerra hoje.

Ao meu orientador José Augusto, obrigada pela paciência e incentivo

precioso nessa reta final.

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RESUMO

O trabalho consiste em uma proposta de requalificação para a Praça da

comunidade Porto Piató e seu entorno, localizada na comunidade Porto Piató

na cidade de Assú. A localidade enfrenta, atualmente, uma situação de

abandono e carece de uma requalificação visando a revalorização dos

espaços. Sendo assim, o objetivo central é proporcionar um rearranjo

morfológico na praça, de forma a atender aos moradores da comunidade. Para

isso, foram estudados aspectos da morfologia urbana, projetos que tomam

como referência cursos d’água e rearranjo das funções visando o bem estar

dos usuários. O trabalho está estruturado de maneira a apresentar em

sequência: referencial teórico, e a sistematização de dados colhidos durante a

pesquisa; em seguida, estão os referenciais projetuais, as análises da área e

então o desenvolvimento e proposta final.

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ABSTRACT

This paperwork consists in a proposal of requalification for the Square of

the Porto Piató community and its surroundings, located in the Porto Piató

community in the city of Assú. The locality currently faces a situation of

abandonment and needs a requalification in order to revalorize the spaces.

Thus, the central objective is to provide a morphological rearrangement in the

square, in order to serve the residents of the community. For that, aspects of

urban morphology were studied, projects that take as reference water courses

and rearrangement of functions aiming the wellbeing of users. This paperwork

is structured in a way to present in this sequence: referential study,

systematization of data collected during the research, then, we got references

about similar projects, analyses of the area, site and around and finally de

development and the final Project.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – LAGOA DA PAMPULHA - 2016 ............................................................................. 23

FIGURA 2 – MAPA EXPLICATIVO PAMPULHA - 2014 ............................................................. 24

FIGURA 3 – CASA DO BAILE - 2016 ......................................................................................... 25

FIGURA 4 – IATE CLUB - 2012 .................................................................................................. 26

FIGURA 5 – CAPELA DA PAMPULHA -2016 ............................................................................ 26

FIGURA 6 – ESPÉCIES AUSTRALIANAS - 2013 ...................................................................... 27

FIGURA 7 – JARDIM BOTÂNICO DE MELBOURNE – MASTER PLAN 2013 .......................... 28

FIGURA 8 – PROJETO DO PARQUE - VISTA AÉREA ............................................................. 29

FIGURA 9 – MOBILIÁRIO – PARQUE SOLÓN – PROJETO 3D ............................................... 30

FIGURA 10: QUIOSQUES PARQUE SOLÓN - PROJETO 3D .................................................. 31

FIGURA 11 – PARQUE CONCORDIA TRECHOS 4 E 5 ........................................................... 33

FIGURA 12 – TRECHO 5 ............................................................................................................ 34

FIGURA 13 – LOCAÇÃO DO TERRENO EM RELAÇÃO AO MNICIPIO ................................... 38

FIGURA 14 – LOCAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS EXISTENTES .............................................. 39

FIGURA 15 – ENTORNO DA PRAÇA - 2016 ............................................................................. 40

FIGURA 16 – QUADRA ESPORTIVA -2016 .............................................................................. 40

FIGURA 17 – RESTAURANTE 2016 .......................................................................................... 41

FIGURA 18: PRAÇA – VISTA AÉREA - 2013 ............................................................................ 42

FIGURA 19 – IGREJA NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES -2016 ................................... 42

FIGURA 20 – ESCOLA MUNICIPAL ALFERES FILGUEIRA -2016 ........................................... 43

FIGURA 21 – ROSA DOS VENTOS DE ASSU .......................................................................... 44

FIGURA 22 – DIREÇÃO DOS VENTOS NO TERRENO............................................................ 45

FIGURA 23 – PADRÃO DE PISO TÁTIL E CORRIMÃO PARA RAMPAS E ESCADAS ........... 51

FIGURA 24 – SETORIZAÇÃO DO TERRENO DE PROJETO ................................................... 57

FIGURA 25 – PROPOSTA INICIAL DE PROJETO .................................................................... 58

FIGURA 26 – CROQUI PRAÇA DIVIDIDA EM DIFERENTES NÍVEIS ...................................... 59

FIGURA 27 – DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA - QUADRA ............................................ 60

FIGURA 28 – PROPOSTA FINAL - IMPLANTAÇÃO ................................................................. 60

FIGURA 29 – PROPOSTA FINAL QUADRA .............................................................................. 61

FIGURA 30 – DESENVOLVIMENTO DE CARAMANCHÃO ...................................................... 61

FIGURA 31 – CARAMANCHAO – PROPOSTA FINAL .............................................................. 62

FIGURA 32 - ZONEAMENTO ..................................................................................................... 63

FIGURA 33 – FIXAÇÃO DOS PILARES ..................................................................................... 65

FIGURA 34 – ENCAIXE DAS TERÇAS - CARAMANCHÃO ...................................................... 65

FIGURA 35 – TRELIÇA ESPACIAL - ESQUEMA ....................................................................... 66

FIGURA 36 – PEDRA FRIA ........................................................................................................ 66

FIGURA 37 – MADEIRA ANGELIM ............................................................................................ 67

FIGURA 38 – LIXEIRA AÇO INOX ............................................................................................. 70

FIGURA 39 – BANCO USADO NA PROPOSTA ........................................................................ 70

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FIGURA 40 –POSTE USADO NA PROPOSTA .......................................................................... 70

FIGURA 42 – RESTAURANTE PROPOSTA FINAL ................................................................... 71

FIGURA 41 – QUADRA ESPORTIVA - PROPOSTA FINAL ..................................................... 71

FIGURA 43 – RESTAURANTE – PROPOSTA FINAL 2............................................................. 72

FIGURA 44 – PRAÇA – PROPOSTA FINAL .............................................................................. 72

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... 11

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ 18

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 11

1 – ESPAÇOS LIVRES E DE LAZER E SEU PAPEL NO CONTEXTO URBANO DO

MUNICÍPIO ................................................................................................................................ 15

1.1 – ESPAÇOS LIVRES X ESPAÇOS PÚBLICOS ................................................. 15

1.2 – ESPAÇOS DE LAZER ............................................................................................... 18

1.3 – O LAZER E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO ........................................... 21

2 – ESTUDOS DE REFERÊNCIA ......................................................................................... 23

2.1 – ESTUDOS DIRETOS ................................................................................................. 23

2.1.1 – LAGOA DA PAMPULHA .................................................................................... 23

2.1.2 – JARDIM BOTÂNICO DE MELBOURNE .......................................................... 23

2.2 – ESTUDOS INDIRETOS ............................................................................................. 29

2.2.1 – PARQUE SOLÓN DE LUCENA ........................................................................ 29

2.2.2 – PARQUE URBANO NA CIDADE DE CONCÓRDIA...................................... 32

3 – CONDICIONANTES PROJETUAIS ................................................................................ 34

3.1 – TERRENO ................................................................................................................... 37

3.2 – CONDICIONANTES BIOCLIMÁTICOS .............................................................. 43

3.3 – CONDICIONANTES LEGAIS ................................................................................... 45

3.2.1 – PLANO DIRETOR E CÓDIGO DE OBRAS .................................................... 45

3.2.2 –CODIGO FLORESTAL ........................................................................................ 48

3.2.3 – NBR9050 – ACESSIBILIDADE ......................................................................... 49

4 – MÉTODOS DE PROJETO ............................................................................................... 51

4.1 – PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO .................. 52

5 – PROPOSTA FINAL ........................................................................................................... 56

5.1 – CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO ......................................................... 56

5.2 – EVOLUÇÃO DA PROPOSTA ................................................................................... 57

5.3 – ASPECTOS PROJETUAIS ....................................................................................... 62

5.3.1 – ZONEAMENTO ................................................................................................... 63

5.3.2 – ESTRUTURA ....................................................................................................... 64

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5.3.3 – MATERIAIS .......................................................................................................... 66

5.3.4 – PRESCRIÇÕES URBANÍSTICAS .................................................................... 68

5.3.5 – MOBILIÁRIO URBANO ...................................................................................... 70

5.3.6 – PERSPECTIVAS ................................................................................................. 71

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 73

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 74

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho consiste no Trabalho Final de Graduação (TFG)

como requisito para a obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista pela

Universidade Federal do Rio Grande do Norte e tem como objetivo colocar em

prática os conhecimentos adquiridos no decorrer da graduação. Trata-se da

proposta urbanística e arquitetônica à nível de estudo preliminar da reforma do

balneário localizado na comunidade do porto Piató na cidade de Assú, Rio

Grande do Norte.

Ao longo dos anos, a cidade de Assú vem sofrendo um processo de

crescimento descontínuo influenciado por diferentes fatores internos de

natureza política, socioeconômica e de infraestrutura. A divisão territorial, a

instalação do polo ceramista e a construção da barragem no Rio Piranhas na

cidade de Itajá afetaram de diversas formas o desenvolvimento econômico e

expansão urbana do município.

A oferta de infraestrutura vem aos poucos se adaptando ao crescimento

rápido da população e o surgimento de novos bairros. Nos últimos cinco anos,

devido às políticas públicas de moradia do Governo Federal, loteamentos e

conjuntos habitacionais surgiram nas regiões periféricas da cidade a fim de

suprir o déficit habitacional. O crescimento populacional supõe um

acompanhamento do aumento da oferta de equipamentos urbanos como

escolas, hospitais, áreas de lazer e contemplação para a população, porém,

em contramão a isso, o que vem acontecendo atualmente no município é o

sucateamento desses espaços existentes devido à falta de manutenção por

parte do poder público, em especial as áreas destinadas ao lazer. As poucas

opções de espaços destinados à recreação conservados não conseguem

atender a demanda da população e ficam superlotadas nos finais de semana e

período de férias escolares.

Esta é uma realidade que abarca praças, complexos esportivos e

balneários existentes por toda região, ressaltando-se aqui por sua vez, o

balneário da Lagoa do Piató, objeto de intervenção utilizado neste trabalho. O

espaço possui infraestrutura básica, não atendendo à demanda dos usuários

nem oferecendo conforto em vários aspectos. A insatisfação de seus

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frequentadores se deve tanto a falta de equipamentos de apoio às atividades

praticadas no local (banheiros, depósitos, vestiários), quanto ao sucateamento

da pouca infraestrutura existente.

No período de cheia da Lagoa, o balneário proporcionava intensa

atividade comercial para a comunidade do Piató. Com a lagoa cheia, o poder

público investiu na construção de um complexo que conta com uma pequena

praça, igreja, escola e quadra esportiva, além de um restaurante administrado

pela comunidade local. Atualmente, devido à forte estiagem, a Lagoa do Piató

encontra-se seca. O restaurante já não funciona e os equipamentos do

complexo encontram-se deteriorados.

Toda a estrutura instalada no local foi prevista para atender às

necessidades da comunidade de pescadores fixada na região há mais de 50

anos, sendo realizada a manutenção por parte do poder público

periodicamente. Quando a lagoa estava no período de cheia, eram realizados

diversos eventos na comunidade que atraiam outros habitantes de outras áreas

do município, o que mantinha as atividades do balneário e incentivava

investimentos e a manutenção da praça. A comunidade se organizava para

promover atividades comerciais e uma rotina de eventos festivos e religiosos, o

que dava “vida” ao local e proporcionava urbanidade para seus moradores.

Com a seca da lagoa, houve diminuição dos eventos, o fechamento do

restaurante que atendia alguns turistas e posteriormente seu abandono pelas

pessoas e logo em seguida pela esfera pública. O pequeno complexo urbano

que proporcionava atividades tanto comerciais como de lazer transformou-se

em um grande terreno árido com equipamentos que não tem condições

mínimas de uso.

Em face da estiagem e suas consequências, o conjunto de

equipamentos previamente alocados às margens da lagoa se encontra

abandonado há quase três anos. Pensando na importância que um dia este

local teve para a comunidade, este trabalho propõe uma reforma de natureza

urbanística e arquitetônica. Desenvolvendo um projeto de reforma urbana e

melhoria dos equipamentos existentes no balneário da lagoa do Piató,

pretende-se trazer de volta a atenção para este local. Transformando o local

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abandonado novamente um espaço público de lazer este trabalho tem o

objetivo de atrair a população tanto na época das cheias quanto na seca, trazer

a urbanidade de volta à comunidade e seus moradores, incentivar a economia

local e a ocupação deste espaço de forma correta, conscientizando-os a

preservar o meio urbano e rural, além disso, chamar atenção do poder público

para a realização de manutenção periódica do espaço físico e da comunidade.

A fim de atingir os objetivos determinados para este trabalho, será

necessário seguir alguns procedimentos e técnicas metodológicas.

Inicialmente, será abordada uma revisão bibliográfica, através de leituras e

fichamentos, a fim de compreender o papel do espaço livre no desenho urbano,

como a atividade de lazer potencializa o uso destes espaços levando em

consideração seu caráter público e a influência que causam na interação social

de seus usuários com o espaço em questão.

Os procedimentos utilizados para o desenvolvimento deste trabalho

consistem em estudar as interações das relações socioespaciais que se

desenvolvem na comunidade do porto do Piató, destacando o uso da Lagoa do

Piató pela população da comunidade local, da comunidade da zona urbana do

município de Assú e possíveis turistas vindos de outros municípios em eventos

esporádicos. Foram realizadas visitas in-loco para medições e estudo das

características do lugar onde se propõe o projeto, consultas bibliográficas sobre

a historia e cultura local. Além disso, entrevistas diretamente com a

comunidade local e usuários do Porto Piató que também residem no município

de Assú auxiliaram na compilação de necessidades a serem supridas

definindo, assim, as diretrizes de projeto.

Serão abordados alguns aspectos do urbanismo e projeto arquitetônico,

em especial, o conceito de espaços públicos, apropriação e uso destes para o

lazer e como podem ser melhorados de forma a atender a população.

Inicialmente, será feita um breve estudo teórico explicando o que são espaços

livres urbanos e como estes se tornam espaços de uso público e lazer. Em

seguida, para o desenvolvimento do tema, serão estudados projetos que têm

cursos d’água como área de intervenção urbana proporcionando assim o

referencial projetual da proposta final.

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A delimitação espacial para este estudo é uma fração da zona rural do

município de Assú, distante 4,5km do centro no estado do Rio Grande do

Norte, onde se localiza o principal acesso para a lagoa do Piató. A localidade é

comumente conhecida como “O balneário da Lagoa do Piató” e a área total da

intervenção ocupará pouco mais de 8.800m² incorporando e conectando os

espaços livres e os equipamentos existentes.

Finalmente, para definir o programa de necessidades, foi indispensável a

compreensão das condicionantes projetuais de intervenções em complexos

urbanos semelhantes, a elaboração do anteprojeto e a descrição e justificativa

da proposta urbanística e arquitetônica através da análise dos dados recolhidos

e sistematizados. Este trabalho é dividido em dois volumes: O Volume I contém

cinco capítulos e é composto por: Referencial teórico e empírico (capítulo 01),

análise de estudos de referências (capítulo 02); análise da área de estudo,

normas e legislações que indicam como se deve projetar (capítulo 03), o

programa de necessidades, pré-dimensionamento e esquemas feitos para o

desenvolvimento da proposta (capítulo 04); e a descrição da proposta com

memorial descritivo e justificativo (capítulo 05). O Volume II é composto pela

representação gráfica do projeto que contempla as plantas, cortes, fachadas e

perspectivas desenvolvidas com a proposta.

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1 – ESPAÇOS LIVRES E DE LAZER E SEU PAPEL NO CONTEXTO

URBANO DO MUNICÍPIO

1.1 – ESPAÇOS LIVRES X ESPAÇOS PÚBLICOS

Atualmente, o ritmo de crescimento acelerado das cidades, motivado

pelo crescimento econômico e por programas de habitação do governo federal

fez surgir novas periferias. Flávio Villaça (2001) apresenta esse modelo de

crescimento como padrão de “segregação da metrópole brasileira” conhecida

como “centro x periferia”. Em diversas cidades, onde o centro dispõe da

maioria dos serviços públicos e privados, as periferias se tornam pequenas

“cidades dormitórios”. Localidades como essas, por serem afastadas do centro

da cidade, muitas vezes acabam sendo esquecidas pelo poder público,

recebendo pouco ou nenhum investimento com relação a seus espaços livres e

de lazer.

A forma urbana brasileira está em constante processo de transformação

e expansão. Cada ciclo socioeconômico gera manifestações associadas às

estruturas existentes e/ou criação de novos espaços. Nesse processo de

expansão e ocupação, além do aumento da área urbana, é possível observar o

aumento do número de espaços livres urbanos.

Podemos considerar que toda cidade tem um sistema próprio de

espaços livres, resultante de seu processo de formação, do desenvolvimento

de seu arruamento, formação de quarteirões e das demandas e processos de

produção da população que ocupa um determinado espaço. Por outro lado, a

estruturação da forma urbana das cidades também está vinculada às

condições socioeconômicas e ambientais de cada sociedade. O desenho

urbano e a distribuição dos espaços livres se moldam de acordo com as

limitações que são naturalmente estabelecidas no processo de expansão da

cidade, como distribuição de renda, acesso à terra urbana, gestão pública e até

mesmo padrões culturais.

O Espaço Livre é todo espaço não ocupado por um volume edificado

(espaço-solo, espaço-água, espaço-luz) ao redor das edificações e que as

pessoas têm acesso (MAGNOLI, 1982). Sendo assim, podemos definir que a

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diferença de um espaço livre para um espaço “não livre” é apenas a

inexistência de um volume edificado. Os espaços livres são elementos

fundamentais para o bom funcionamento da cidade, eles são responsáveis não

só pela livre circulação de veículos e pedestres, mas também pelo arejamento

da cidade, dando uma pausa na malha edificada urbana criando sistemas de

cheios e vazios comumente observados no processo de expansão urbana.

Nesse sistema de espaços livres que cada cidade possui, destacam-se

os espaços livres de caráter público. De acordo com a disponibilidade de

recursos e das políticas públicas adotadas, o “espaço livre público” é (ou pelo

menos deveria ser) um potencial alvo de ações da gestão urbana. A ação do

poder público nesses espaços poderia beneficiar a população de diversas

formas, sobretudo na melhor ocupação e formas de perceber a cidade. Porém,

isso acontece de forma pontual, onde o poder público, devido às pressões

tanto da população como do poder privado, faz pequenas intervenções que

nem sempre satisfazem seus usuários. Como, por exemplo, a colocação de

academias da terceira idade em espaços pouco atrativos ou “abandonados” ao

olhar da comunidade na tentativa de revitalizar ou dar um uso à localidade,

mas sem torna-los espaços ideais. Vê-se, dessa forma, a intervenção do poder

público de forma pontual e quantitativa, porém falta qualidade na produção

desses espaços.

Levando essa lógica em consideração, não há um controle para a

estruturação dos espaços livres dentro da malha urbana. Em constante

processo de transformação, o mercado imobiliário formal e informal, a

ocupação e apropriação da terra urbana e a não fiscalização por parte do poder

público, acabam por ditar de maneira descontrolada a formação desses

espaços. Dessa forma, diversas comunidades ou até bairros inteiros não

dispõem de “espaços livres” onde o poder público poderia atuar e criar pontos

atrativos para a população.

A distribuição dos espaços livres acaba por conduzir a forma urbana e,

por vezes, guiar a ocupação de certas localidades, direcionando a forma

espacial na cidade. Essa forma espacial é entendida como resultado de um

fator social, pois é oriunda do trabalho dos homens organizados em sociedade,

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é prenhe de intencionalidades e simbolismos; não é mera coisa, oriunda da

natureza (SANTOS, 2002, p. 64.). A forma espacial pode ser um edifício, rua,

praça, bairro, cidade, região metropolitana, metrópole, etc. A cidade contém

inúmeras formas e se trata de um sistema complexo de espaços. O sistema

complexo da forma da cidade compreende não só a complexidade funcional

(relativa à função que a forma desempenha), mas também a complexidade

estrutural (relativa ao conjunto de informações, de elementos que a compõe)

(MOLES, 1971).

Na determinação do espaço urbano, há três tipos de caracterização: o

público, semipúblico e privado. Os espaços públicos são aqueles administrados

pelo governo municipal, estadual ou federal e pertencem à população, sendo a

prefeitura responsável pela sua manutenção. Tais espaços são caracterizados

pelo livre acesso da população, acessibilidade é gratuita e não diferenciação

por classes sociais na sua utilização, por exemplo: as praças, quadras de

esportes, praias, ruas, parques e outros.

Os espaços semi-públicos possuem algumas restrições referentes ao

seu uso, como por exemplo: quiosques, onde a acessibilidade é livre, mas que

há uma cobrança na utilização do seu serviço. E o espaço privado é particular,

pertencem a um proprietário onde é responsável pela administração e

manutenção do espaço, restringe determinada camada da população para o

uso, visto que é cobrado uma taxa para sua utilização, como por exemplo, os

balneários, clubes, teatros, cinemas e outros (CARVALHO, 2012).

Ao colocar em prática as políticas de desenvolvimento determinadas

pelos Planos Diretores, cria-se uma visão de duplo significado sobre os

espaços públicos para a comunidade, ao mesmo tempo em que representa

apenas infraestruturas relativas ao embelezamento e mercadorização das

cidades, também é visto como um lugar para prática de atividades recreativas,

partindo da relação trabalho/lazer, um lugar de referência da cultura e

entretenimento proporcionando uma socialização da comunidade

(FIGUEIREDO, 2008).

O espaço é percebido e interpretado pelo homem segundo três esferas

distintas: “os atributos físicos dos espaços, as atividades ou usos que lhe são

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atribuídos, e as concepções ou imagens geradas sobre estes espaços”

(HEPNER, 2010, p.51). Os espaços livres de caráter público representam para

a população, locais com funções culturais, sociais e ambientais,

proporcionando sociabilidade e convivência entre os indivíduos. Os espaços

públicos, mesmo sendo utilizados por toda população, diferem dos espaços

coletivos no que diz respeito às restrições de grupos sociais (RIBEIRO, 2008).

As percepções e estudos ambiente-comportamento relacionados à

psicologia e a sociologia, que são responsáveis por avaliar como o

comportamento humano e as relações sociais são afetados pelo espaço

segundo sua configuração formal, podem apontar causas e consequências

para a ocupação dos espaços livres na cidade. Além disso, a arborização de

ruas, como a vegetação de grande porte, matas, bosques, etc. são elementos

que sinalizam a utilização e valorização desses espaços do mesmo modo que

as edificações e equipamentos de suporte às atividades realizadas.

Portanto, podem-se categorizar os “espaços livres” como um dos

principais estruturadores urbanos, pois neles grande parte da vida cotidiana

tem lugar. O espaço livre público, tem papel estruturador na constituição da

forma urbana, pois reflete as formas de mobilidade, acessibilidade e circulação,

parcelamento e propriedade da terra urbana.

1.2 – ESPAÇOS DE LAZER

As cidades, ao longo do tempo, foram pensadas sob a ótica do trabalho,

em que indústrias e fábricas surgiram numa proporção bem superior à dos

espaços destinados para o lazer (TAVEIRA; GONÇALVES, 2012, p. 37).

Mesmo nos dias atuais, o investimento em espaços de lazer ainda não é tão

significante, deixando a população com opções escassas.

A prática recreativa proporciona dinâmica aos espaços urbanos e

equipamentos urbanos como escolas e bibliotecas, espaços livres de ruas,

praças, canteiros, dentre outros.

A Constituição de 1988 regulamenta o lazer como um direito do cidadão

brasileiro, o poder público buscando satisfazer as necessidades da população

e em conformidade com as leis federais, estaduais e municipais, delimitam

espaços públicos de lazer para o estímulo dessa atividade. Apesar de o lazer

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estar presente na constituição como direito do cidadão, ainda existem barreiras

no que diz respeito à sua prática nos espaços públicos disponíveis. Tal prática

tem como objetivo a melhoria da qualidade de vida da população.

Além disso, atividades que promovem o divertimento propiciam uma

socialização da comunidade fazendo com que os indivíduos possam entrar em

contato com diversos costumes, culturas, crenças e pensamentos. Essa

socialização e as atividades realizadas para o lazer acontecem no tempo

considerado livre, onde as pessoas deixam as “obrigações” de lado passam por

experiências que proporcionem prazer e bem estar. (Raquel Rolnik, 2000)

afirma que a concepção de lazer é contraditada pelo estilo de vida da nossa

época, onde prevalece a necessidade de conquistar o bem estar e um corpo

feliz a qualquer custo.

Diante dessa realidade, é de fundamental importância que se aborde o

desenvolvimento do lazer nos espaços livres de caráter público para ter

conhecimento de como é feita a apropriação desses espaços. Para tanto,

análises sobre o processo de apropriação e uso dos equipamentos existentes

podem identificar quais as necessidades da população com relação ao

divertimento e distração e ao espaço em questão.

Não é possível entender o lazer de forma isolada, pois é considerado um

fenômeno intrínseco às interações nas diversas esferas sociais. O campo do

lazer deve ter relação direta com as atividades da população no contexto da

cidade e deve considerá-las em suas várias áreas, não levando em conta

apenas uma das atividades humanas. Marcellino (2006, p. 15) compara tal

situação com a forma de conhecimento da humanidade, é “como entender o

homem de forma parcial”, ocasionando várias incógnitas na conceituação do

tema e impedindo a concepção de um conceito amplo e completo.

Porém, conceituar especificamente “espaços de lazer” é uma tarefa

difícil, visto que é uma atividade pessoal e pode ter percepções diferentes de

acordo com cada indivíduo ou grupo. Por vezes, o que é considerado lazer

para alguns pode ser apenas uma obrigação trabalhista para outros, como por

exemplo, cozinhar: muitos cozinham por prazer, sem nenhuma relação com

obrigação, já outros têm a cozinha como ambiente de trabalho, com obrigações

de cunho trabalhistas que desqualificam a atividade como um passatempo.

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Então como definir o que são atividades de lazer? E como essas atividades

podem caracterizar um espaço livre público num espaço de lazer?

Pode-se considerar o lazer como a relação do indivíduo com a

satisfação das necessidades pessoais que incluem o repouso, a diversão,

recreação e entretenimento. (Silva, Débora, 2011). Destacam-se ainda nessa

linha, a busca pela melhor qualidade no aproveitamento do tempo no espaço

em que se inserem essas atividades. Atividades essas, que além de buscar a

satisfação e prazer, demandam de um planejamento, local, espaço e esforço

na mesma dimensão ou maior do que, por exemplo, práticas trabalhistas.

Quando o espaço urbano é produzido levando em consideração a

recreação e o divertimento é possível observar que ele é fruto das dinâmicas

sociais, econômicas e culturais da população que ali se insere. Em geral, essas

dinâmicas são complexas e agregadas umas às outras, já que o espaço de

lazer é o que congrega todas as atividades ligadas a essas dinâmicas. Nos

últimos anos, é possível observar como a dinamização do espaço por meio

dessas atividades influencia a criação de centralidades. A prática do

entretenimento atrai a população da cidade para um determinado local que

centraliza funções e faz surgir outras, guiando a apropriação dos espaços

públicos e de seu entorno.

Em algumas localidades, os espaços livres públicos são geralmente as

únicas opções de espaços de lazer. Mas se levarmos em consideração seu

posicionamento na malha urbana e como o acesso é feito pela população

podemos levantar mais um questionamento: a cidade possibilita ou impede a

fruição do tempo livre? Já que o lazer é a busca de uma melhor qualidade e

aproveitamento do tempo num determinado espaço, é interessante destacar

quais os meios de se chegar a esse objetivo final.

Se, por exemplo, ao nos dirigirmos a um parque ficamos presos em um

congestionamento durante quatro horas, estamos diminuindo radicalmente o

tempo para o nosso relaxamento. Nesse sentido, quando a cidade se

transforma em um lugar caótico, sem possibilidade de prazer, ao invés de um

lugar onde as pessoas se sintam inseridas na harmonia de uma comunidade

urbana, o lazer estará restrito a espaços e tempos determinados.

Portanto, para considerarmos que um espaço livre de caráter público

tenha características suficientes para ser um espaço de lazer de boa qualidade

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temos que destacar alguns pontos: a proximidade e o fácil acesso da

população com a localidade onde se concentram as atividades recreativas, a

presença de equipamentos e mobiliário urbano que supram as necessidades

básicas de seus usuários e por fim, condições de limpeza e manutenção que

proporcionem um ambiente agradável para a população que irá usufruir do

espaço de lazer.

1.3 – O LAZER E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO

As atividades de lazer atuam como agente responsável pela produção

de polos de atração que redefinem o espaço urbano graças aos fluxos de

pessoas, estando profundamente ligadas ao consumo. Essa relação entre

espaço e consumo se dá pela tendência da produção de bens atrelada a

constante venda dos espaços, resultando numa relação que abrange desde os

espaços de consumo até o consumo do espaço.

Áreas verdes são exemplos de espaços livres que contribuem para o

processo de centralidade do espaço urbano uma vez que são equipamentos de

caráter público e de lazer que por sua vez refletem o modelo de sociedade em

que se originaram. Os antigos jardins, por exemplo, foram projetos

paisagísticos para cuja função “romântica” buscava aprazer sentidos como

olfato e visão. Com o passar do tempo à função desses espaços livres sofreu

alteração até chegar à conformação atual onde possuem funções de cunho

ecológico, social e econômico.

Dessa forma, essas funções são caracterizadas respectivamente pela

capacidade dos espaços verdes de funcionar como abrigo para a fauna e flora,

equilibrar o meio urbano com o natural e proporcionar conforto térmico e

permeabilidade dentro do cenário urbano denso e impermeável. Além disso,

são locais propícios para o ócio e são palcos de práticas socioespaciais de

diversos âmbitos. Portanto, como resultante da soma dessas duas principais

funções dentro da lógica contemporânea, surge o viés econômico que se

concretiza através do turismo, bem estar e especulação imobiliária.

A deterioração do espaço urbano unida ao estresse vivido pelos seus

cidadãos tem como causa maior a falta de qualidade de vida de seus

habitantes. Logo, o lazer surge como um fenômeno que estreita a relação entre

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alguns cidadãos e grupos, ou seja, possui uma função pontual a nível pessoal

e social dentro das áreas públicas de uma determinada cidade.

Consequentemente, podem-se classificar os espaços públicos como

heterogêneos, passíveis de deterioração quando suas funções se resumem a

servir de via de acesso e circulação para interligar ambientes privados,

independentemente de sua beleza ou segurança. Dentro desse se deve

garantir a acessibilidade, rápida, controlada, segura e exclusiva entre polos de

qualidade de vida. Intervenções urbanísticas e/ou arquitetônicas evidenciam o

contraste entre esses polos e o espaço urbano que os circunda.

Além disso, os gestores da cidade fogem de sua responsabilidade de

cuidar da qualidade de vida de seus habitantes em todos os contextos e focam

em desenvolver o sistema viário que desenha o parcelamento e conecta os

espaços privados, voltando-se especialmente para o transporte motorizado.

Esse tipo de administração reduz o papel da cidade a um espaço somente de

convivência entre pessoas de diferentes grupos, ignorando a participação delas

numa forma de contrato social de viés público.

A administração burocrática de sobrevivência imediata não contempla o

público (espaço, convívio ou identidade) em sua essência que se caracteriza

pelo permanente contrato composto de diferentes culturas, linguagens,

convivência e bens materiais e imateriais.

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2 – ESTUDOS DE REFERÊNCIA

2.1 – ESTUDOS DIRETOS

2.1.1 – LAGOA DA PAMPULHA

A Lagoa da Pampulha (figura 01) localiza-se na cidade de Belo

Horizonte, Minas Gerais, Brasil. O complexo da Pampulha, cartão postal de

Belo Horizonte, é considerado hoje, patrimônio cultural da humanidade pela

Unesco. O complexo, que é conhecido mundialmente, representa a

modernidade dos anos 1940 e é considerado por Oscar Niemeyer como “o

ensaio para Brasília”.

Ao longo dos anos, a Pampulha assumiu sua vocação natural para o

turismo e lazer. O conjunto de intervenções urbanísticas e belos edifícios ao

redor da lagoa revelam a interação harmônica que existe entre arquitetura,

artes plásticas e paisagismo atraindo milhões de turistas.

O entorno da Lagoa da Pampulha possui 18km de extensão, onde estão

distribuídos: A igreja de São Francisco de Assis, e Museu de Arte Moderna, a

Casa do Baile e diversos outros edifícios que foram construídos sob a

perspectiva desenvolvimentista do prefeito da época, Juscelino Kubitschek. As

FONTE : ACERVO PROPRIO

FIGURA 1 – LAGOA DA PAMPULHA - 2016

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atividades como: caminhada, ciclismo, e visita aos museus ali posicionados

proporcionam vitalidade ao local e intensificam a identidade de um espaço

público de lazer.

Com o objetivo de tornar a cidade de vanguarda mundial e desenvolver

as áreas mais afastadas da cidade, o prefeito solicitou o projeto de um conjunto

de edifícios que estariam no entorno da represa da Pampulha, que foi iniciada

em 1936, na gestão de Otacílio Negrão de Lima (1897–1960). As obras

ocorreram entre 1942 e 1945 e em torno da lagoa haveria Cassino, uma Igreja,

uma Casa de Baile, um Clube e um Hotel. (figura 02)

De acordo com Arnaldo Vianna, editor chefe do jornal Brasil 247:

“O objetivo do projeto era desenvolver uma parte da capital mineira,

então com pouco mais de 40 anos, para outras regiões. A norte, na

época, funcionava apenas como um centro abastecedor da região

centro-sul já desenvolvido. Quando conversou com Kubitschek,

Niemeyer já sabia que estava diante de uma oportunidade única. A meta

pretendida foi, é claro, alcançada. Mas obteve-se muito mais, e a capital

mineira entrou para a história da arquitetura mundial”.

FIGURA 2 – MAPA EXPLICATIVO PAMPULHA - 2014

FONTE : viajento.files.wordpress.com

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Para dar à cidade uma área de lazer, o espelho d’água da represa foi

ampliado e o complexo arquitetônico e paisagístico em seu entorno foi

completamente inaugurado em 1943.

Dentre os edifícios em seu entorno podemos destacar a casa do baile

(figura 03). Tombada nas esferas federal, estadual e municipal, a edificação

sedia hoje o Centro de Referência em Arquitetura, Urbanismo e Design de Belo

Horizonte. Inaugurada em 1943, a casa está situada em uma pequena ilha

artificial às margens da Pampulha e foi concebida para ser um espaço de

dança popular abrigando um restaurante e um salão de dança em 300m² de

área construída. A casa foi fechada e reinaugurada diversas vezes e só então

em 1996 reabriu definitivamente e recebe o público com entrada gratuita.

Outra obra que merece destaque é o Iate Tênis Clube (figura 04). A

edificação seria um espaço para a prática de esportes e para o entretenimento

da população. Inaugurado em 1943, a obra chegou a abrigar a sede do clube

de regatas de belo horizonte. O edifício tem o formato de um barco, que se

lança pelo espelho d’água, o paisagista Burle Marx deu o tom colorido ao iate

ao planejar os jardins. Depois de 17 anos administrados pelo poder público, o

FIGURA 3 – CASA DO BAILE - 2016

FONTE: Acervo próprio

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iate clube foi vendido em 1960 para arrecadação de dinheiro e financiamento

de obras.

Ainda podemos citar a Capela de São Francisco de Assis (figura 05), a

obra mais polêmica do Conjunto Arquitetônico da Pampulha. Ela foi a primeira

igreja em estilo moderno construída no Brasil. A igreja projetada por Oscar

Niemeyer é composta por uma sequência de cinco “cascas” articuladas, com

diferentes alturas. Na edificação, a entrada da luz destaca a pintura de

Portinari, no altar mor, enquanto a fachada voltada para a Praça Dino Barbieri,

apresenta o belíssimo painel em azulejos.

FIGURA 4 – IATE CLUB - 2012

FONTE: www.iatebh.com.b

FIGURA 5 – CAPELA DA PAMPULHA -2016

FONTE: Acervo Próprio

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Embora a proposta desse trabalho se restrinja apenas ao espaço já

existente e não a lagoa como um todo, o complexo da Pampulha dá bons

exemplos de intervenção tanto na arquitetura como no meio urbanístico. A

conexão entre os espaços através de caminhos que convidam o usuário a

visitar os equipamentos presentes na proposta é um ponto que será rebatido

na proposta deste trabalho. Além disso, o fato de todos os equipamentos

seguirem o mesmo estilo arquitetônico fazendo com que eles tenham uma

relação formal mesmo que distantes uns dos outros também é um ponto a ser

levado em consideração. A proposta para a requalificação do balneário da

Lagoa do Piató busca não só na conexão dos espaços através de caminhos,

mas também na conexão plástica e formal através do uso de materiais e cores

semelhantes nos diferentes equipamentos.

2.1.2 – JARDIM BOTÂNICO DE MELBOURNE

Localizado na cidade de Melbourne, no estado de Victoria, Austrália, o

Royal Botanical Gardens é considerado um dos melhores jardins botânicos do

mundo e é uma das atrações mais gloriosas da cidade de Melbourne. As obras

tiveram início em 1846 na gestão do governador tenente Charles La Trobe,

numa área onde antes era um sítio pantanoso.

FIGURA 6 – ESPÉCIES AUSTRALIANAS - 2013

FONTE : Acervo Próprio

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Assinado pelo botânico Ferdinand von Mueller, nomeado diretor, com o

auxílio dos curadores John Arthur e John Dallachy o complexo de 38 hectares

é rico em flora local e um exemplo de preservação de espécies Australianas

(figura 6). O jardim, além de possuir vastos canteiros com vegetação local,

dispõe de inúmeros equipamentos como informações turísticas, restaurante,

pavilhões para eventos, loja de presentes, além de banheiros, bicicletário,

ponto de ônibus e espaços para descanso distribuídos em lugares estratégicos

com entrada franca à população (figura 7). O parque dispõe de um grande

lago, onde é possível fazer passeios de pedalinhos e canoa, mas não é

permitido a pratica da natação. A proposta urbanística diferenciada, incentiva o

usuário a fazer longas caminhadas enquanto contempla a paisagem.

FIGURA 7 – JARDIM BOTÂNICO DE MELBOURNE – MASTER PLAN 2013

FONTE : www.rbg.vic.gov.a

FONTE : www.rbg.vic.gov.au

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2.2 – ESTUDOS INDIRETOS

2.2.1 – PARQUE SOLÓN DE LUCENA

Antes Lagoa dos Irerês, hoje, depois de drenada, destruída e

recuperada, apresenta-se como parque Solón de Lucena no centro de João

Pessoa (figura 8) sendo um ponto turístico e uma área de lazer para a

população da cidade. Até a recuperação, o local era um misto de pântano,

vegetação e água acumulada das chuvas e em seu entorno eram visíveis

inúmeros sítios e chácaras.

O projeto teve como objetivo recuperar a vegetação de baixo e médio

porte, promovendo o plantio de novas árvores, criar condições de

acessibilidade aos portadores de necessidades especiais recuperando os

caminhos internos do parque e gerar atrativos que fomentem a permanência do

público na Lagoa durante dia e noite por todos os dias da semana.

A revitalização do parque contou com a ampliação da área verde com

espaço para práticas esportivas e opções de lazer no Centro de João Pessoa.

Segundo informações da SEPLAN (Secretaria de Planejamento e

Desenvolvimento Econômico), a proposta tem soluções projetuais que unificam

Figura 8 – Projeto do parque - vista aérea

FONTE : www.joaopessoa.pb.gov.br

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30

o Parque e disciplinam a ocupação do comércio interno, além de viabilizar

soluções para o tráfego de veículos em seu entorno.

Os equipamentos que estão contidos na proposta urbanística foram

organizados em grupos de equipamentos de esporte e recreação, e,

equipamentos de apoio. No primeiro grupo, o projeto previa oferecer ao público

visitante uma pista de Cooper, pedalinho, caiaques, ciclovia, pista de skate e

bicicletário. Já as áreas gramadas serão destinadas às atividades ao ar livre,

como ginástica e ioga, além de parquinhos infantis. O grupo de equipamentos

de apoio conta com banheiros femininos e masculinos, quiosques (FIGURA 10)

que oferecem o serviço de lanchonete e posto policial.

Em nota, o Prefeito Luciano Cartaxo ressalta:

“A Secretaria de Planejamento fez um grande esforço para elaborar um

projeto criterioso, que atendesse às exigências de conservação do Patrimônio, mas,

ao mesmo tempo, conseguisse desenvolver uma nova ideia de parque, apto para

receber as famílias e virar um espaço de lazer e prática esportiva”.

FIGURA 9 – MOBILIÁRIO – PARQUE SOLÓN – PROJETO 3D

FONTE : www.joaopessoa.pb.gov.b

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A primeira parte do projeto de revitalização do espaço contou com o

desassoreamento da lagoa do parque, que ganhou cerca de 3,5 m em

profundidade. O reservatório também ganhou um túnel de escoamento, que vai

redirecionar o excesso de água para o Rio Sanhauá e um anel sanitário, que

tem como função desviar as redes clandestinas de esgotos, impedindo assim a

poluição das águas. Já a segunda etapa do projeto tem como foco o esporte,

recreação, cultura e artes. Essa fase de projeto tem por objetivos criar espaços

de lazer e unificar o parque, organizando melhor as áreas destinadas ao

comércio, viabilizando novos fluxos de pedestres e soluções para o tráfego

local.

A revitalização da lagoa dos Irerês que resultou no projeto do Parque

Solón de Lucena apresenta boas soluções urbanísticas e arquitetônicas que

podem ser rebatidas no projeto do balneário do Porto Piató. O bom

entendimento do fluxo de pedestres e veículos no local direcionou o projeto e

setorizou os espaços de forma clara e objetiva. A solução dada para o uso dos

quiosques é interessante e uso do caramanchão para sombrear parte do

entorno é algo que poderá ser usado na proposta para a lagoa do Piató. O

mobiliário simples, e a escolha dos materiais baratos e acessíveis será um forte

ponto levado em consideração neste trabalho. Assim como no projeto do

FIGURA 10: QUIOSQUES PARQUE SOLÓN - PROJETO 3D

FONTE : www.joaopessoa.pb.gov.b

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Parque Solón, na requalificação do Balneário do Porto Piató será levado em

conta a praticidade, de forma que torne agradável a experiência dos usuários

no espaço, de forma a promover lazer e sociabilidade, fazendo com que os

usuários retornem ao lugar.

2.2.2 – PARQUE URBANO NA CIDADE DE CONCÓRDIA

O parque urbano para a cidade de Concórdia é uma proposta de

Trabalho final de graduação da estudante Franciele Bervian da Universidade

Federal da Fronteira Sul - campus Erechim. A proposta de intervenção tem

como objeto, como o próprio trabalho cita, as margens do Rio dos Queimados

e tem como objetivo principal a qualificação da relação do espaço urbano de

Concórdia-SC com o Rio dos queimados, contemplando a drenagem urbana

por meio de uma rede de espaços públicos.

Em seu projeto, Franciele enfatiza que a degradação dos leitos de rios

se tornou um problema mundial, e que a evolução urbana transformou a vida

nas cidades ao longo do tempo, alterando sua relação com os corpos d’água.

Na era da modernidade os rios que se inserem no meio urbano, em sua

maioria ficam restritos à esgoto, poluição e enchentes. Não obstante, pouco a

pouco os rios que eram razão da existência das cidades, passaram a oferecer

obstáculos para o seu crescimento. (BERVIAN, 2015).

O projeto tem como objetivos principais resgatar a apropriação do rio

pela população; propor reconciliação entre o rio e a cidade; amenizar os

impactos das enchentes que ocorrem na orla do rio; propor a construção de um

espaço público beira-rio, enquanto lugar de socialização, convivência e

exercício de cidadania; trazer a vivência do espaço público para a cidade,

realizando a integração dos espaços da rede proposta tanto na mobilidade,

conforto e uso dos espaços e, por fim, propor equipamentos urbanos

juntamente com a proposta de um parque urbano, que agreguem qualidade e

usos diversos ao espaço proposto.

Devido à grande dimensão de espaço que a autora escolheu para inserir

a proposta, destacam-se as diversas oportunidades de intervenção: calçadas,

ruas, vazios urbanos e o entorno das margens do Rio dos Queimados. Além

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disso, o projeto propõe diretrizes para mudanças na legislação local que

incentivem o uso do espaço pela população, demarquem a área de mata ciliar

regulamentada por lei e definam critérios mais rigorosos quanto à implantação

de indústrias e a expansão urbana.

O programa de necessidades do projeto inclui áreas para feira e

comércio, áreas de contemplação, áreas voltadas para recreação infantil, pista

de caminhada e ciclovia, quadra esportiva, pontos de táxi e ônibus, entre

outros.

Propondo quebrar a rotina da cidade e de seus usuários, o projeto

relaciona o comunitário com o incentivo a atividades noturnas promovendo

olhos para a cidade. A partir de uma linguagem que se apropria de linhas

diagonais (FIGURA 11) propõe-se encontros e enquadramentos da paisagem

que se cria entre o parque e a cidade.

FONTE : Franciele Bervian

FIGURA 11 – PARQUE CONCORDIA TRECHOS 4 E 5

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O projeto é dividido em cinco trechos. Nos trechos 01 e 02, que se

relacionam com a presença de duas escolas em seus entornos, foram criadas

áreas infantis e áreas semicobertas para feiras temporárias e outras

apropriações. O trecho 03 tem como principal característica: áreas com função

de lazer esportivo, recreação e áreas de contemplação a fim de aproximar

dinâmicas entre as mais diversas faixas etárias, possibilitando a multiplicidade

de usos e apropriações dos espaços criados. O trecho 4 abriga um centro

cultural voltado para atividades de conscientização de proteção ao meio

ambiente. O trecho 05 (FIGURA 12) tem relação com o eixo de comércio e

serviço, abriga um restaurante, centro de informações turísticas e é o único

trecho em que a ciclovia passa próximo ao rio.

O projeto do parque urbano para a cidade de Concórdia contribui para o

este trabalho principalmente por ser um projeto que busca conciliar um corpo

d’água (rio) com o restante da cidade através da criação de um espaço público.

Além disso o zoneamento que divide o projeto em cinco setores, ajudou a

pensar em formas de subdividir a área de intervenção do trabalho a fim de

harmonizar as diferentes funções dos equipamentos que coexistem dentro do

projeto.

FIGURA 12 – TRECHO 5

FONTE : Franciele Bervian

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3 – CONDICIONANTES PROJETUAIS

Este tópico trata dos aspectos referentes à caracterização da cidade de

Assú, no Rio Grande do Norte, e das margens da Lagoa do Piató, local

escolhido para receber a proposta de requalificação do complexo urbano Porto

Piató, bem como dos aspectos referentes à legislação que indica as

necessidades e limitações da área.

3.1 – CARACTERIZAÇÃO E UM BREVE HISTÓRICO

O que um dia foi o maior reservatório natural do Rio Grande do norte, a

Lagoa do Piató apresenta hoje um cenário de seca. Depois de passar por

diversas revoltas por posse de terra, enfrentar um período de estiagem por 50

anos, recuperar-se estar enfrentando novamente “tempos difíceis”, o

moradores da comunidade Porto Piató ainda resistem e buscam manter vivo o

orgulho de sua história e dos que ali viveram.

Um dos primeiros relatos da existência de índios na região do Assú é

feito por Ferreira Nobre, 1877 (apud LIMA). Segundo o Autor, “No ano de 1650,

uma tribo de numerosos índios levantou seus fundamentos na cidade, dando-

lhe o nome Taba-Assú, que quer dizer Aldeia Grande”. As primeiras ocupações

se deram na margem esquerda do rio Piranhas-Assú onde hoje se encontra o

centro do município. “A colonização da ribeira denominada Assú tem início em

1668. Tendo sob o comando do Cap. João Fernandes Vieira guia uma

expedição de homens, incluindo os índios potyguara e funda o arrayal à

margem esquerda do rio Assú” (Almeida, 2006).

Logo após as primeiras ocupações às margens do Rio Piranhas-Assú,

outros cursos d’água da região começaram a ser explorados e ocupados pelos

portugueses invasores que travavam guerras contra a população indígena a fim

de ocupar territórios com potencial pesqueiro e agrícola. Diversos historiadores

comentam como a região da lagoa do Piató, antes chamada de Bavatagh pelos

indígenas, foi disputada em diversos conflitos devido seu grande potencial

pesqueiro e agrícola. Segundo Almeida (2006), a história considerada oficial é

traçada a partir do registro dos historiadores Lima (1929), Medeiros Filho

(1984) e Taunay (1936). O registro dos historiadores comenta a luta das

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populações indígenas entre si e com os colonizadores, conhecida como Guerra

dos Bárbaros.

Em relação às lagoas da região, a maior é a do Piató com 18 km de

extensão por 3 km de largura medidas em sua maior cheia e capacidade de

96.000.000m³ de água, (Almeida, 2006). Nas suas várzeas, além da atividade

pesqueira, plantavam-se cereais, algodão, frutas e hortaliças que supram a

agricultura de subsistência. O relato dos pescadores diz respeito a um tempo

em que a terra era somente dos moradores e dos que dela vivem. Se nem

todos tinham terra, todos tinham o direito de plantar.

Após diversas guerras, o povoado às margens da Lagoa do Piató se

estabelece e no ano de 1920 contava com 2.101 habitantes. Devido o período

de seca em 1923 que durou de 50 anos, diversas fazendas não prosperaram e

seus moradores migraram para o centro urbano de Assú e municípios vizinhos.

Atualmente estima-se que a comunidade possua pouco mais de 750 habitantes

distribuídos em 146 residências.

Hoje a população tenta timidamente sobreviver das pequenas lavouras

que ainda restam nos arredores, e as famílias que ainda permanecem são

filhos e netos dos primeiros moradores. “A fartura, o sentido do comum, a

pequena propriedade familiar estão cada vez mais ameaçadas. Tudo isso pode

virar apenas lembranças.” (Almeida, 2006).

Nesse sentido, é importante perceber que os moradores q ainda

resistem na comunidade do Porto Piató valorizam suas raízes e buscam

reafirmar sua identidade. A luta da associação de moradores trouxe o grupo

escolar, hoje Escola Municipal Alferes Soares Filgueira, em 1994, a construção

da Praça Porto Piató em 2008, a reforma da capela Nossa Senhora dos

Navegantes em 2011 e a construção da quadra esportiva em 2013. A proposta

de requalificação do complexo urbano da Lagoa do Piató traz consigo não só a

melhoria da qualidade de vida dos moradores, mas também a reafirmação da

identidade da comunidade e um reforço à sua historia.

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3.2 – TERRENO

O universo de estudo será a cidade de Assú, situada no interior do

estado do Rio Grande do Norte, e o recorte específico será a praça da

comunidade Porto Piató e seu entorno imediato. A cidade de Assú se situa na

microrregião do Oeste Potiguar a 207 km de Natal, capital do estado.

Assú apresenta uma área total de 1.303,442km² e 53.245 habitantes, de

acordo com censo do IBGE/2010, com estimativa de 57.743 habitantes para o

ano de 2016. Seus limites se dão com as seguintes cidades: ao Norte, com

Carnaubais e Serra do Mel, ao Sul, São Rafael, Espírito Santo do Oeste e

Jucurutu, a Leste, Ipanguaçu, Alto do Rodrigues, Afonso Bezerra e Itajá e a

Oeste, Upanema, Mossoró e Espírito Santo do Oeste.

O acesso principal ao terreno de projeto se dá por uma estrada

carroçável ao sul, e dá acesso à RN 016 em direção ao centro urbano de Assú.

De acordo com a assessoria de impressa da prefeitura, através da Lei

Municipal nº 367 do dia 20 de maio de 2011 o Departamento de Estradas e

Rodagens do Rio Grande do Norte (DER/RN) concebeu projeto de engenharia

para pavimentação asfáltica dos trechos de acesso à comunidade do Porto

Piató sendo previsto o asfaltamento a partir da BR-304, com 4,5 quilômetros de

extensão, e a partir da RN-016 até Porto Piató, com 4,4 quilômetros de

extensão (figura 13). Ou seja, compreende-se que existem intenções, esforços

por parte do poder público que denotam o reconhecimento da importância em

prover acesso ao local, viabilizando a mobilidade.

O terreno onde será feita a intervenção localiza-se na área Rural no

município de Assú às margens da Lagoa do Piató. O referido terreno já possui

diversos equipamentos, são eles: A Praça Porto Piató, A escola municipal

Alferes Soares Filgueira, a Igreja católica Nossa Senhora dos Navegantes, um

quadra esportiva e um restaurante. (figura14).

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38

Figura 13 – LOCAÇÃO DO TERRENO EM RELAÇÃO AO MNICIPIO

FONTE : GOOGLE MAPS MODIFICADO PELA AUTORA

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39

Figura 14 – LOCAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS EXISTENTES

FONTE: GOOGLE MAPS – MODIFICADO PELA AUTORA

A partir de levantamento, constatou-se que a praça atual possui pouco

mais de 1700m², distribuídos de forma irregular, encontra- se há poucos metros

da Lagoa do Piató e o terreno do entorno apresenta topografia em declínio em

direção à Lagoa. No entorno da praça é observado à presença de diversos

equipamentos públicos e privados, são eles: A Escola Municipal Alferes Soares

Filgueira, uma quadra de esportes, um restaurante e a Igreja Católica de Nossa

Senhora dos Navegantes (FIGURA 15).

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QUADRA ESPORTIVA

A quadra esportiva, construída com recursos da prefeitura municipal do

Assú através da empresa Covale –Const. E Com. Do Vale LTDA foi inaugurada

em 2013. Na construção da quadra não foram previstas áreas para banheiros,

vestiários e cobertura, atualmente é usada em período noturno, pois o clima

árido e quente da cidade, juntamente com o piso de cimento queimado pintado

de azul, que esquenta muito, impossibilita que ela seja usada em períodos

diurnos. (FIGURA 16)

FIGURA 15 – ENTORNO DA PRAÇA - 2016

FONTE : ACERVO PROPRIO

FONTE : ACERVO PRÓPRIO

FIGURA 16 – QUADRA ESPORTIVA -2016

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41

RESTAURANTE

O restaurante existente não possui cobertura total para o espaço onde

as mesas estão distribuídas, e muitas delas estão deterioradas com a ação do

tempo, (figura 17). Uma vez que a edificação do restaurante está consolidada,

a proposta desse trabalho irá intervir apenas na área destinada as mesas,

proporcionando sombreamento e mais conforto ao usuário. Além disso, o dono

do estabelecimento não foi encontrado para dar informações mais precisas ou

autorizar um levantamento do interior da edificação.

PRAÇA

Segundo moradores, a Praça do Porto Piató teve sua construção

finalizada no ano de 2008 dispondo de dois quiosques com o uso de

lanchonetes, estacionamento com oito vagas para carros de passeio, três

canteiros e pouco mobiliário urbano. Uma das maiores reclamações dos

moradores, além do abandono, é a falta de sombreamento da praça. A grande

área pavimentada em granilite acumula a energia e reflete o calor para o

usuário alí presente, o que transforma a praça em uma ilha de calor.

FIGURA 17 – RESTAURANTE 2016

FONTE : ACERVO PRÓPRIO

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FIGURA 18: PRAÇA – VISTA AÉREA - 2013

FONTE: BLOG.PORTOPIATO.COM

IGREJA

A Igreja Católica de Nossa Senhora dos Navegantes é um importante

ponto atrativo da comunidade. São realizadas missas dominicais e promove

eventos em datas comemorativas católicas. (figura19)

FIGURA 19 – igreja nossa senhora dos navegantes -2016

FONTE : acervo próprio

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ESCOLA MUNICIPAL ALFERES SOARES FILGUEIRA

A Escola Municipal Alferes Filgueira, inaugurada a titulo de creche em

1991, oferece hoje educação infantil e ensino fundamental I (do 1º ao 5º ano), é

um edifício de extrema importância tanto para a comunidade quanto para a

proposta de projeto. (figura 20)

3.3 – CONDICIONANTES BIOCLIMÁTICOS

A cidade de Assú possui clima semiárido seco e ventilação

predominante oriunda das direções Leste e Nordeste (Figura 21). Tal clima

propicia uma sensação térmica de calor ao longo de todo o dia e de

temperaturas mais amenas ao entardecer e a noite. Dessa forma, de suma

importância colocar como prioridade no processo projetual a criação de áreas

verdes para o plantio de vegetação nativa, além de pensar em abrigos que

possam sombrear a área impermeável da Praça e possa amenizar o calor

durante o dia. Para análise utilizou-se da técnica do georeferenciamento e

estudo de insolação através do software Sketchup e posteriormente convertido

em arquivo de REVIT, sendo possível a confirmação da superfície topográfica

para o terreno de projeto, esta informação será útil na definição do partido

arquitetônico.

FIGURA 20 – Escola Municipal Alferes Filgueira -2016

FONTE : acervo próprio

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44

.

Observado a direção dos ventos, é possível perceber como a ventilação

se comporta dentro do terreno de projeto (figura22), para que não haja

barreiras para o vento é importante que na proposta projetual não haja

equipamentos que o impeçam de fluir de forma natural. Portanto, os abrigos

que serão projetados criar área sombreadas serão projetados de tal forma que

não impeçam a fluidez do vento, e que, com a presença de áreas verdes,

deixem a brisa mais fresca.

FIGURA 21 – rosa dos ventos de assu

FONTE : bing maps – modificado pela autora

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3.4 – CONDICIONANTES LEGAIS

Este item trata da compilação de itens de importância para o

desenvolvimento da proposta a partir das seguintes legislações: o Código

Florestal Lei 12.651, de 25 de Maio de 2012, o Plano Diretor de Assú, o Código

de Obras da cidade do Assú, e a NBR 9050.

3.4.1 – PLANO DIRETOR E CÓDIGO DE OBRAS

O Plano Diretor de Assú, 2006, tem como objetivo geral orientar,

promover e direcionar o desenvolvimento do município, preservando suas

características naturais, segundo um projeto sustentável, dando prioridade à

função social da propriedade e atendendo ao conjunto de normas e princípios

inseridos na lei orgânica do município de Assú, às determinações da

Constituição Federal, bem como ao Estatuto da Cidade Lei Federal 10.257, de

10 de Julho de 2001.

Das diretrizes básicas citadas no Art.3º dessa lei que influenciam a

execução do projeto, incluem-se: 1) compatibilizar o uso e a ocupação do solo

com a proteção ao meio ambiente natural e construído, reduzindo a

Figura 22 – DIREÇÃO DOS VENTOS NO TERRENO

FONTE : GOOGLE MAPS – MODIFICADO PELA AUTORA

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especulação imobiliária e orientando a distribuição de infraestrutura básica e de

equipamentos urbanos; 2) definir critérios de controle do impacto urbanístico

dos empreendimentos públicos e privados; e 3) promover o turismo,

respeitando e priorizando o meio ambiente, e observando as peculiaridades

locais, bem como o cuidado especial com a população.

O Art. 6º frisa que a sustentabilidade urbana é entendida como o

desenvolvimento local equilibrado nas dimensões sociais, econômicas e

ambientais, embasado nos valores culturais e no fortalecimento político-

institucional, orientado para a melhoria contínua da qualidade de vida das

gerações presentes e futuras, apoiando-se: 1) na promoção da cidadania,

justiça social e inclusão social; e 2) na valorização e requalificação dos

espaços públicos, da habitabilidade e da acessibilidade para todos;

fortalecendo a proposta de projeto deste trabalho final de graduação.

O Cap. IV do Plano Diretor de Assú que trata do patrimônio cultural e

paisagístico tem o objetivo de incorporar ao processo permanente de

planejamento urbano e ambiental o pressuposto básico do respeito à memória

construída e à identidade das comunidades e locais aprazíveis, estabelecendo

duas diretrizes: 1) formulação e execução de projetos e atividades visando à

preservação de áreas características como de ambiente paisagístico, tais como

Lagoa do Piató, Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, Açude Medubim,

margem do Rio Piranhas - Açu; e 2) destinação de áreas para instalação de

espaços culturais e artísticos;

As margens da lagoa do Piató é uma área considerada de interesse

turístico e valor histórico em até um quilômetro após a reserva da área especial

de interesse ambiental, de acordo com o mapa 02 anexo do plano diretor, a

área do terreno de projeto não se encontra na área de interesse ambiental e

nem na área de interesse turístico e valor histórico. Ainda assim, as margens

da Lagoa são consideradas reservas ecológicas e áreas de proteção ambiental

e permanente – APA e APP. O art. 32, inciso I cita que nas áreas de reserva

ecológica não serão permitidas qualquer atividade modificadora do meio

ambiente, porém o Cód. Florestal de 2012 que também trata de áreas de

reserva ecológica, APA e APP cita que são permitidas intervenções de

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interesse social e utilidade pública em localidades como essa, e será mais bem

explicado no tópico 3.4.2 desse trabalho. Dessa forma, o estudo preliminar aqui

proposto levará em consideração a lei federal 12.651 – Cód. Florestal para que

haja possibilidade de intervenção na área. Devido o plano diretor de Assú ter

sido aprovado ainda em 2006, é sensato dizer que este se encontra defasado e

carece de revisão textual para que entre em comum acordo com o Cód.

Florestal 2012 e as demais leis ambientais.

De acordo com o código de obras do município de Assú, a proposta de

requalificação do balneário do Porto Piató pode é classificada como Ampliação,

pois é uma obra de substituição parcial dos elementos construtivos e/ou

estruturais de uma edificação, que altera sua área, forma ou altura, que por

acréscimo ou decréscimo. O item III do Art. 41 classifica esse tipo de

intervenção como edificação especial: aquelas destinadas às atividades de

educação, pesquisa e saúde e locais de reunião que desenvolvam atividades

de cultura e religião, recreação e saber. Uma vez que diversos equipamentos

presentes no terreno de projeto já possuem essas funções e os espaços a

serem projetados se destinam ao lazer e recreação, a legislação regente para

edificações especiais deverá ser seguida.

O Art. 50 trata dos passeios e vedações e ilustra que os padrões de

projeto para os passeios devem adequar-se às condições geoclimáticas da

região e a garantir trânsito, acessibilidade e seguridade às pessoas sadias ou

deficientes, além de durabilidade e fácil manutenção. Além disso, o piso do

passeio deverá ser de material resistente, antiderrapante e não interrompido

por degraus ou mudanças abruptas de nível e que todos os passeios deverão

possuir rampas de acesso junto às faixas de travessia. Dessa forma, o material

a ser escolhido e forma como serão compostos os passeios será definido

levando essas questões em consideração.

Também foi levado em consideração o pé direito mínimo para

compartimentos de permanência transitória de 2.40m, a área de mínima de

abertura para ventilação de 1/8 do piso total para projetar os banheiros e

vestiários junto à quadra. Além disso, é valido salientar que é permitida a área

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mínima de 6m² para cozinha, já que um dos quiosques será lanchonete (e pode

ser considerado com cozinha), essa premissa também deverá ser seguida.

De acordo com o Art. 69, as de As áreas de recreação descobertas

deverão ser arborizadas e orientadas de forma a garantir incidência solar por,

pelo menos, um período de duas horas diárias durante todo o ano. Dessa

forma, o mobiliário que promova sombreamento e as áreas arborizadas devem

ser posicionadas para estarem de acordo com essa exigência do código. Para

o dimensionamento das arquibancadas, o Art. 73 menciona que deve ser

considerado para cada um metro quadrado, duas pessoas sentadas ou três de

pé, sem computar áreas de circulação. Considerando o tamanho da quadra

esportiva atual que mede 18m x 30m, 540m², e considerando que cada pessoa

sentada ocupe um espaço de retangular de 0,5m x 0,5m serão necessários,

540 lugares sentados totalizando uma área mínima de 135m².

3.4.2 – CÓDIGO FLORESTAL

A Lagoa do Piató é citada pelo IDEMA como um dos pontos de interesse

turístico ambiental no estado do Rio Grande do Norte em uma cartilha

educativa disponível em seu site oficial denominada “Cartilha de sensibilização

ambiental – Ecossistemas do Rio Grande do Norte”.

Para o código florestal vigente (lei 12.651, de maio de 2012), são

considerados áreas de preservação permanente (APP) em zonas rurais ou

urbanas faixas de curso d’água perene ou intermitente (excluindo-se os

efêmeros) e áreas de entorno de lagos e lagoas naturais. A faixa de largura

mínima nas margens é de 100 metros para zona rural e 30 metros para a zona

urbana se considerado a margem atual destes.

A Lagoa do Piató é considerada intermitente pelo fato de não possuir um

ciclo regular de secas e cheias. É valido salientar que o código florestal não

possui diretriz específica para essas situações, além disso, a faixa de largura

mínima para novas edificações é considerada a partir da margem atual da

lagoa no momento de sua construção. Dessa forma, considerando a Lagoa do

Piató como intermitente, ela ainda encontra-se seca, portanto a faixa de 100

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metros prevista no código florestal pode ser atendida, uma vez que a margem

não está definida.

Porém, o plano diretor do município de Assú considera as margens da

Lagoa (onde se encontra o terreno de projeto) como Área de Proteção

Permanente (APP), conceituada no Cód. Florestal como “área protegida,

coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os

recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade,

facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar

das populações humanas”. Para a construção de novas edificações e

realização de atividades o Cód. Florestal prevê instrumentos econômicos e

financeiros para a proteção e preservação dessas áreas, tendo o objetivo do

desenvolvimento sustentável, um de seus princípios é a criação e mobilização

de incentivos econômicos para fomentar a preservação e a recuperação da

vegetação nativa promovendo o desenvolvimento de atividades sustentáveis. A

proposta urbana aqui apresentada tem como um de seus objetivos a

preservação e a recuperação da vegetação nativa a partir da criação de

canteiros para o plantio de arvores típicas da região.

Tendo em vista que a proposta de projeto aqui apresentada busca a

implantação pública destinada a esportes, lazer, atividades educacionais e

culturais ao ar livre numa área rural, pode-se classifica-la como obra de

interesse social de acordo com o inciso IX do Art. 3º. Além disso, também

podemos classificar com utilidade pública já que as atividades proporcionarão

melhoria das funções ambientais destinadas a uma APP. Dessa forma,

podemos enfatizar que o Cód. Florestal prevê no § 2º do Art. 8º intervenção

e/ou supressão da vegetação nativa em APP na hipótese de intervenção de

interesse social ou utilidade pública, portanto, para os termos do Cód. Florestal

a intervenção proposta para este estudo de projeto é permitida na APP às

margens da Lagoa do Piató.

3.4.3 – NBR9050 – ACESSIBILIDADE

Com o intuito de garantir acessibilidade a todos no uso da proposta foi

consultada a NBR9050-2015 que identifica quais os critérios e parâmetros

técnicos a serem observados para o desenvolvimento do projeto acessível. Um

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projeto acessível é aquele que permite o livre fluxo de pessoas e o uso de todo

o tipo de mobiliário existente por estas. Algumas das principais exigências da

NBR9050 foram listadas abaixo: Nas áreas de acessos e circulação os pisos

devem ter superfície regular, firme, estável e antiderrapante sob qualquer

condição, que não provoque trepidação em dispositivos com rodas. É admitida

inclinação longitudinal de 5%, sendo considerada rampa acima deste valor, e

inclinação transversal da superfície até 2% para pisos internos e 3% para

externos.

Rampas devem ser calculadas a partir da fórmula i=hx100/c, onde i é a

inclinação em porcentagem, h é a altura do desnível e c o comprimento da

projeção horizontal. A inclinação de rampas acessíveis pode variar de 5 a

8,33% dependendo do desnível a ser vencido. Devem ser previstas áreas de

descanso nos patamares, a cada 50 m de percurso em inclinações maiores

que 6,25%. Quando não houver paredes laterais as rampas devem incorporar

guias de balizamento com altura mínima de 0,05 m, instaladas ou construídas

nos limites da largura da rampa e na projeção dos guarda-corpos. No início e

no término da rampa devem ser previstos patamares com dimensão mínima

recomendável de 1,50m e o mínimo admissível é de 1,20m, sendo esta

também a indicação para largura das rampas.

A fim de respeitar a topografia acidentada do terreno e atender as

premissas da NBR 9050, foi necessário projetar rampas com índices de

inclinação diversos que pudessem conectar os diferentes níveis de passeio

presentes na proposta. Ao total, a proposta conta com cinco rampas inclinadas

a 8,33% e mais nove passeios com inclinações que variam de 1 a 4.97%. As

rampas com inclinação de 8.33% estão presentes na lateral do restaurante, na

Via Projetada 02, na lateral direita da quadra esportiva, e nos acessos aos

quiosques no centro da praça. Os nove passeios inclinados estão distribuídos

na proposta (PRANCHA 3/7), essa solução foi adotada para termos o mínimo

uso do corrimão, uma vez percursos com inclinação de a partir de 5% são

considerados rampas e por sua vez necessitam de corrimão duplo, o uso de

percursos inclinados abaixo de 5% foram usados pra conectar os espaços sem

a presença de um corrimão que poluiriam visualmente a proposta e não

deixaria o espaço fluido.

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Com relação ao piso tátil é importante informar que, se tratando de um

estudo preliminar, optou-se por não representa-lo na proposta como um todo.

O detalhamento do padrão de piso tátil será representado na proposta de

reforma do restaurante (PRANCHA 4/7), dessa forma é possível observar como

o padrão da norma para escadas, rampas, corrimãos (FIGURA),

estacionamento e calçadas (FIGURA 22) foi seguido nesse trecho da proposta

e que deverá ser executado para os outros trechos em possíveis estudos

futuros.

Além da padronização para escadas e rampas, é valido salientar que os

banheiros a serem projetados também deverão seguir a NBR9050. Serão

projetados ao todo seis banheiros acessíveis, sendo três de uso feminino e três

de uso masculino. Um par de banheiros estará localizado no centro da praça, e

os outros no bloco de apoio à quadra esportiva, sendo dois deles de acesso

direto ao vestiário geral.

Figura 23 – padrão de piso tátil e corrimão para rampas e escadas

FONTE : NBR 9050- 2015

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4 – MÉTODOS DE PROJETO

4.1 – PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO

Este tópico consiste na apresentação de planilhas e tabelas geradas

para o Pré- dimensionamento da proposta. A partir do programa de

necessidades foi feita uma análise da quantidade de ambientes, da área útil e

da área necessária para a construção.

ESTACIONAMENTOS

A praça atual dispõe de oito vagas para estacionamento. Levando em

consideração a presença dos equipamentos existentes no local é possível

constatar que o número de vagas não supre a necessidade estipulada pelo

Plano Diretor de Assú. O quadro 04 do PDA especifica que para área especial

histórica, onde está inserido o terreno de projeto, deve haver 01 vaga para

cada 100m² de área construída em edificações de uso não residencial.

Se tomarmos como referência as áreas construídas da quadra esportiva,

restaurante, igreja, escola, o pré-dimensionamento de vagas pode ser ilustrado

na tabela 01. A área da praça também será levada em consideração, por ser

relativamente extensa, serão propostas áreas cobertas ao longo da praça

contando, portanto como área construída de fato.

TABELA 01: DIMENSIONAMENTO DOS ESTACIONAMENTOS

EDIFICAÇÃO ÁREA VAGAS EXIGIDAS

ESCOLA 490 m² 5

QUADRA 380m² 4

RESTAURANTE 280m² 3

IGREJA 247m² 3

PRAÇA 1740m² 17

TOTAL 3137 32

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Além dos estacionamentos, foi pensada uma área para carga e

descarga nas proximidades do restaurante. Uma vez que o pico de

funcionamento do restaurante se dá nos finais de semana e o regime de

entregas se dá em horários comerciais e dias úteis, não houve necessidade de

uma vaga de estacionamento específica para caminhão, pois este não ocupa o

espaço por muito tempo.

QUIOSQUES

Os dois quiosques existentes na praça serão reconstruídos, onde, um

quiosque comportará a lanchonete com 18.80m², e o outro comportará dois

banheiros acessíveis: cada um com 9.20m². Totalizando 37.20m² de área para

os quiosques.

ÁREA PARA MESAS

O restaurante existente já possui uma área destinada para mesas que

possui aproximadamente 150m², essa área será mantida e as mesas

rearranjadas. Uma vez que o restaurante está consolidado, e possui um

proprietário particular, a proposta desse estudo não irá interferir nas áreas

internas do estabelecimento. Além disso, não foi possível localizar seu

proprietário para levantamentos, portanto, o edifício do restaurante apresenta-

se somente com seu contorno externo onde foi possível a medição.

O quiosque da lanchonete foi pensado para atender no máximo 32

pessoas de uma vez, distribuídos em oito mesas com quatro cadeiras cada.

Para que as mesas fossem harmonizadas com o caramanchão que serve de

cobertura para esta área, elas foram distribuídas num espaço de 86m² nas

laterais do quiosque lanchonete. Totalizando 286m² de área para mesas.

MOBILIÁRIO URBANO

Tendo em vista a necessidade de mobiliários como bancos, postes de

iluminação e lixeiras, estes serão colocados estrategicamente em locais que se

fazem necessários. Os postes de iluminação serão colocados a entre 20 e 30m

de distância entre si ao longo de calçadas e caminhos, os banco e lixeiras

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serão posicionados em conjunto em lugares sombreados onde a permanência

das pessoas seja de média e longa duração.

CARAMANCHÃO

As áreas destinadas para caramanchão estarão distribuídas em diversos

trechos da praça e na área de mesas do restaurante. Serão 110m² para a área

de mesas do restaurante, 312m² para a cobertura ao redor dos novos

quiosques, 362m² nas proximidades da escola e finalmente 268m² ao longo de

calçadas. Totalizando 1049m² de caramanchão.

PRÉDIO DE APOIO À QUADRA ESPORTIVA

Para dar apoio às atividades esportivas da quadra, se fez necessária a

concepção de um projeto que abrange vestiários, banheiros e uma pequena

enfermaria. Os vestiários puderam ser dimensionados de acordo com a NR 24

que trata do dimensionamento de instalações sanitárias para diversos

estabelecimentos e NR 32 cita riscos biológicos no local de trabalho. A NR 24

cita que para funcionário que trabalhe dois turnos (8h) são necessários 1,5m²

de vestiário, considerando metade da área para apenas um turno (4h).

Trazendo esse principio para o uso esportivo, podemos considerar que um

jogador use o vestiário por apenas um turno, será necessário 0,75m²,

totalizando uma área mínima de 9m² se contarmos 11 jogadores mais um

responsável técnico. Já NR 32 regulamenta que um vestiário deve possuir pelo

menos um chuveiro, um vaso sanitário e uma pia, mas não leva em

consideração o numero de usuários. Para tanto, os vestiários do bloco de apoio

À quadra esportiva possuem a área de 14,94m² e 14,21m² e dispõem duas

cabines com chuveiros e duas cabines com bacia sanitária. Além disso, o

vestiário proposto está em conformidade com o modelo ideal para apoio

logístico apresentado no portal do ministério do esporte do Governo Federal.

Além disso, foram projetados mais dois banheiros para que, tanto o público que

foi assistir a um jogo quanto os usuários da praça que estão fazendo outras

atividades, possam ter acesso ao banheiro.

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A enfermaria foi pensada para prestar atendimento rápido em caso de

acidentes durante as práticas esportivas da quadra. O atendimento ali realizado

se restringiria a execução de pequenos curativos e administração de

medicamentos necessários àquela situação. Para atendimentos mais

complexos o paciente deve ser transferido para o hospital mais próximo. Dessa

forma o ambiente da enfermaria é na verdade classificado como sala de

curativos e deve seguir o tamanho mínimo de 10m² de acordo com a portaria n.

44 – Hospital Dia para o Sistema Único de Saúde, 2001.

As arquibancadas foram dimensionadas seguindo as premissas do

Código de Obras do município de Assú, citado no item 3.4.1, estas foram

posicionadas na lateral esquerda da quadra (sul) e tem capacidade para 540

pessoas sentadas totalizando 140m² onde 10% dos lugares são destinados

para cadeirantes, o que corresponde a 6 lugares, distribuídos de forma que

cada cadeirante sente ao lado de seu acompanhante.

Page 57: PORTO PIATÓ - Federal University of Rio Grande do …...11 Universidade federal do rio grande do norte Centro de tecnologia Curso de arquitetura e urbanismo Trabalho final de graduação

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5 – PROPOSTA FINAL

Este capítulo se caracteriza como memorial descritivo e justificativo e

contém todas as informações do processo de projeto para a concepção do

produto final. Além disso, aborda o partido arquitetônico, a definição

volumétrica de elementos construídos, acessos e especificações mais

detalhadas de revestimentos, métodos construtivos, entre outros.·.

5.1 – CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO

Todo projeto de arquitetura possui, ou deveria possuir dois princípios

básicos: conceito e partido arquitetônico. O conceito está relacionado à

essência do projeto. Ele é algo abstrato e envolve a criatividade do arquiteto e

urbanista. Já o partido está relacionado com as soluções formais adotadas a

fim de se alcançar o objetivo do conceito.

Ao observar o terreno de projeto e entender as necessidades da

comunidade, ficou claro como a desconexão dos equipamentos era o maior

problema da localidade. A falta de comunicação entre os edifícios e a não

fluidez dos caminhos dificultam a ocupação dos espaços e causam o abandono

dos locais. Dessa forma, o conceito de projeto está na palavra fluidez.

Objetivando um complexo urbano onde as pessoas possuam liberdade de

movimentar-se e sentirem-se conectados na proposta de projeto, um espaço

fluido. Para proporcionar fluidez à proposta, o estudo formal teve como foco

principal a forma da curva, por esta ser uma linha continua e que não

apresenta paradas como em outros polígonos os princípios de projeto partem

da forma curva para tornar os espaços conectados de forma fluida e suave.

Além disso, a curva apresentada na praça atual do terreno de projeto

norteia o estudo formal das curvas. Para entrar em conformidade com a praça

existentes a proposta usa a forma curva para também reforçar a identidade da

comunidade espelhada na praça.

A fluidez não está presente somente na forma curva da implantação do

projeto, mas também na forma de caminhar do usuário. A concepção dos

caminhos sem obstáculos horizontais ou verticais conferem fluidez ao usuário.

A conexão dos diferentes níveis através de rampas e escadas permite que o

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usuário caminhe e seja convidado a conhecer cada passeio, cada espaço e

senti-lo como seu.

5.2 – EVOLUÇÃO DA PROPOSTA

Num primeiro momento, a proposta projetual estava focada para o

público turístico. Visto que o Plano Diretor de Assú define as proximidades da

Lagoa do Piató como área de interesse turístico e valor histórico, as ideias

iniciais de projeto focavam em atender as necessidades do público turista,

dando pouca importância ao valor histórico e comunitário do local. A ideia

inicial de projeto dava prioridade ao veículo em diversos pontos da proposta,

que foi apresentada na Pré-banca (Figura 25).

Além disso, a integração dos equipamentos não estava sendo

promovida de forma adequada. O terreno de projeto foi setorizado num

primeiro momento pensando em polos culturais, canteiros e estacionamentos

sem reforma dos quiosques nem do desenho original da praça. (Figura 24)

Figura 24 – SETORIZAÇÃO DO TERRENO DE PROJETO

FONTE: ACERVO PRÓPRIO

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58

Após entrevistas com a população da comunidade do Porto Piató,

constatou-se que a necessidade de integração de todos os equipamentos com

a comunidade era de suma importância para o desenvolvimento de uma boa

proposta.

As entrevistas mostraram que grande parte da população que ali

mora almeja um espaço de lazer seguro e iluminado durante a noite. Os

entrevistados também demonstraram grande preocupação com o abandono e a

falta de cobertura tanto para os quiosques como para a praça. Além disso a

falta de pavimentação das ruas de acesso (que está em fase de licitação de

obra na prefeitura) era um quesito de grande insatisfação dos moradores da

comunidade local.

Dessa forma, a reforma que aconteceria majoritariamente sobre a

praça se estendeu para os outros equipamentos e para as vias de acesso,

conectando todos os espaços e criando um grande complexo urbano. A nova

proposta consiste em ampliar a área da praça criando caminhos e conexões

fluidas possibilitando que o usuário se sinta dentro de um único espaço que foi

pensado para atender as necessidades de lazer, segurança e recreação das

pessoas que ali frequentam (ver prancha1/7)

Para que a reforma pudesse respeitar a topografia em declínio em

direção à lagoa e conectasse os diferentes níveis em que os equipamentos

FIGURA 25 – proposta inicial de projeto

FONTE : ACERVO PRÓPRIO

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59

estão alocados, foi preciso que a praça existente, incluindo seus quiosques

originais, fosse completamente demolida, sobrando desta, o desenho de seu

contorno que guiou as formas das demais calçadas propostas. A partir dessa

ideia, a proposta foi dividida em diferentes níveis (figura 26) de passeio tendo

4m de diferença de altura do nível mais baixo para o nível mais alto.

As áreas destinadas à vegetação foram posicionadas em lugares

estratégicos para que pudessem tanto sombrear áreas que mais levam sol no

período da tarde, como também entrar em comum acordo com os ventos

majoritários que incidem sobre o terreno fazendo refrescar a brisa. Como

resultado na proposta final (PRANCHA 1/7 e figura 27) temos caminhos fluidos

e conectados permeados por áreas de vegetação e sombreamento.

Figura 26 – croqui praça dividida em diferentes níveis

FONTE : acervo próprio

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60

A cobertura da quadra esportiva seguiu a forma curva e de material

leve, resultando num ponto forte de atração do meio urbano em que está

inserido, mas que conversa totalmente com o resto da proposta.

FONTE : ACERVO PRÓPRIO

FIGURA 27 – DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA - QUADRA

FONTE : acervo próprio

Figura 28 – proposta final - implantação

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É válido salientar que a curvatura da cobertura da quadra foi um desafio

no quesito projeto x construtibilidade. Um sistema construtivo que fosse capaz

de vencer o vão da quadra e contemplasse a forma curva da telha metálica não

poderia ser convencional, de modo que, diversas soluções foram pensadas

(FIGURA 28) até a escolha final pela treliça espacial e telha metálica. (FIGURA

29)

Para o desenvolvimento dos caramanchões, foi primeiramente

pensado para serem colocados em lugares onde a população almejava

sombreamento: nas proximidades dos quiosques e restaurante. (FIGURA 30)

FIGURA 29 – PROPOSTA FINAL QUADRA

FIGURA 30 – DESENVOLVIMENTO DE CARAMANCHÃO

FONTE : ACERVO PRÓPRIO

FONTE : ACERVO PRÓPRIO

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Porém, devido à grande incidência solar no terreno, constatou-se

que o sombreamento ainda deixaria a desejar em diversos pontos da praça e

que somente a locação de árvores nos canteiros não satisfaria o conforto

almejado nessa proposta. Portanto, diversos caramanchões foram colocados

ao longo da praça e proporcionaram ainda mais sombreamento (FIGURA 31).

Por fim, a proposta resultou num complexo urbano totalmente

conectado com caminhos fluídos, acessíveis e que permite que o usuário se

sinta seguro e usufrua o bem estar e recreação necessários para o melhor

aproveitamento do espaço e melhoramento da qualidade de vida. (PRANCHA

1/7)

5.3 – ASPECTOS PROJETUAIS

A concepção do estudo de requalificação tem como base os

estudos de referencial metodológico demonstrados no tópico 2 deste trabalho.

Além disso, o entendimento sobre espaços livres e públicos, o espaço de lazer

e seu papel no crescimento urbano da cidade levando em consideração o

contexto em que está inserida na área de estudo explicitados no tópico 1.

Dessa forma, os elementos essenciais para a proposta foram definidos

com base em algumas diretrizes:

Ampliação das funções de lazer, esporte e bem estar identificados

na área.

FONTE : ACERVO PRÓPPRIO

FIGURA 31 – CARAMANCHAO – PRoPOSTA FINAL

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Melhoria do conforto térmico com a ampliação e melhoramento

dos canteiros e jardins, incentivando o plantio de árvores de

grande porte nativas da região.

Estimulo à população para a utilização dos espaços em diferentes

dias e horários por meio de uma proposta que promova

multiplicidade de usos.

Incentivar a valorização do espaço como bem público de valor

cultural e histórico.

5.3.1 – ZONEAMENTO

Para o zoneamento da proposta, foi levado em consideração todos os

equipamentos existentes e as atividades que a população exerce nestes e na

praça. A proposta foi dividida em diversos polos, onde o lazer está inserido em

todos eles: Esportivo e recreação, educacional, serviço, religioso e

contemplação.

Os polos esportivos estão localizados em dois pontos do projeto: na

quadra esportiva existente em parte da praça no lado leste, pois foi ali

identificado à atividade de dança de zumba todas as terças e quintas à noite,

sendo estes também considerados recreativos. Além destes, mais um polo

recreativo está localizado na lateral da escola, nas imediações do

caramanchão e no canteiro destinado à colocação de um playground.

FIGURA 32 - zoneamento

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O polo religioso se concentra na igreja, os polos de serviço são o

restaurante e os quiosques, o educacional se concentra na escola, e, por fim,

lugares de contemplação da vista da lagoa estão distribuídos em toda a

proposta (Figura 32). É valido salientar que bolsões de estacionamento estão

localizados nas proximidades da escola, quadra e restaurante, totalizando 30

vagas, sendo quatro reservadas à cadeirantes e quatro reservadas à idosos.

Todos os espaços estão conectados através de caminhos e calçadas fluídas,

que vão totalmente de acordo com a proposta de projeto e a topografia local.

5.3.2 – ESTRUTURA

No projeto foram utilizados dois tipos de estruturas: estrutura em

madeira para o caramanchão e estrutura em aço galvanizado para a cobertura

da quadra.

Serão construídos quatro caramanchões em diferentes tamanhos,

distribuídos em: um para a cobertura da área de mesas do restaurante, um ao

longo da praça abrigando também a área para mesas dos quiosques, um ao

lado da escola e por fim um grande caramanchão ao longo de uma calçada no

lado oeste do terreno.

A madeira escolhida para a construção desses caramanchões foi a

Angelim–Pedra. Este tipo de madeira é classificado pelo instituto de pesquisas

tecnológicas (IPT) como durável, alta resistência a fungos e cupins, é

moderadamente resistente a brocas de perfuração e de fácil trabalhabilidade

(IPT,2006).

Os caramanchões terão pilares de Angelim que serão fixados no piso

cerâmico da praça através de uma chapa metálica, em áreas de canteiros os

pilares serão fixados através de chapas metálicas em pequenas sapatas

moldadas in loco nos canteiros e áreas com vegetação (Figura 33).

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FIGURA 33 – FIXAÇÃO DOS PILARES

FONTE: acervo próprio

As terças se apoiarão nos pilares e serão fixadas através de chapas e

parafusos, os caibros se apoiarão nas terças com o sistema de encaixe simples

ilustrados na (figura 34).

Para a estrutura de cobertura da quadra será usada treliça metálica

espacial. Para abrigar a atual quadra que mede 18m x 21m e a ampliação

desta com a construção de arquibancadas, a cobertura da quadra mede 19m x

21m. Foi escolhida uma forma curva com a altura máxima de 7.80m entre o

piso da quadra e treliça. Para que a cobertura pudesse vencer o vão de 19m e

atendesse a forma curva, foi escolhida treliça metálica espacial feita de aço

galvanizado, arranjada em quadrado sobre quadrado com defasagem de meio

módulo (FIGURA 35).

FIGURA 34 – ENCAIXE DAS TERÇAS - CARAMANCHÃO

FONTE : IMAGEM RETIRADA DO SOFTWARE SKETCHUP

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66

A treliça espacial metálica é capaz de vencer grandes vãos e não requer

apoio intermediário, possui baixo valor de peso próprio, é capaz de ser utilizada

em flechas curvas e apresenta alta resistência global face às cargas de ruptura.

(Portal Metálica, 2016). A treliça metálica se mostra, portanto, a solução ideal

para a cobertura da quadra.

5.3.3 – MATERIAIS

De maneira geral, houve a preocupação de adotar materiais de fácil

execução e que sejam duráveis já que terão de suportar as intempéries e

longos períodos sem manutenção.

Para o piso da praça foi escolhido pedra fria, também conhecida como

pedra São Tomé. Esse tipo de pedra é naturalmente antiderrapante, é uma

rocha flexível muito absorvente e que não propaga calor, sua limpeza é feita

usando apenas água e sabão. (FIGURA 36)

FONTE : metalica.com.br

FIGURA 35 – TRELIÇA ESPACIAL - ESQUEMA

FIGURA 36 – PEDRA FRIA

FONTE : blog.pisotermico.com.br

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67

Como já citado no item 5.3.2, o material escolhido para compor o

caramanchão é a madeira Angelim-Pedra (figura 32), serão utilizadas também

chapas e parafusos metálicos nas fixações pilares-piso e pilares-terças.

FIGURA 37 – MADEIRA ANGELIM

FONTE: www.ipt.br

Para a cobertura da quadra será utilizada treliça espacial feita em aço

galvanizado pintado com tinta eletrostática na cor cinza e telha metálica.

A reconstrução dos quiosques no centro da praça e a construção do

novo bloco de apoio à quadra esportiva serão feitas em alvenaria convencional.

A cobertura dos quiosques será estruturada em sistema de caibros e ripas

cobertas com telha colonial, já a cobertura do bloco de apoio à quadra será em

telha metálica sob a estrutura de barras metálicas próprias para este tipo de

telha.

O piso interno de todos os novos ambientes será de piso cerâmico fosco

de cor clara PEI 4. As paredes de todos os novos ambientes terão revestimento

cerâmico na cor clara no acabamento tipo brilho PEI 3 do lado interno. No lado

externo as paredes serão pintadas na cor clara com tinta de acabamento semi-

brilho. A mesma configuração se aplica aos quiosques, mas com um, porém,

as tintas externas variam em: azul claro para os banheiros e azul escuro para a

lanchonete.

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68

5.3.4 – PRESCRIÇÕES URBANÍSTICAS

O Art. 47 do plano diretor de Assú relata que: Todo projeto de construção

deverá apresentar local para acomodação de veículos dentro do imóvel urbano

na seguinte proporção, de acordo com as finalidades abaixo definidas:

IV Serviço: 01 (uma) vaga por cada 7.000,00 m² (sete mil metros quadrados)

de área construída;

IV Serviço: 01 (uma) vaga por cada 7.000,00 m² (sete mil metros quadrados)

de área construída;

Parágrafo único. Qualquer empreendimento de uso público deverá atender às

Normas de acessibilidade, em especial ao decreto 5.300 e NBR 9.050 ou

normas que os substituam.

Pode –se observar que a proposta final atende à essas necessidades de

vagas de estacionamento exigidas pelo plano diretor. Elas estão distribuídas

em nove vagas para o restaurante, nove vagas nas proximidades da quadra e

doze vagas no acesso principal do complexo, totalizando 30 vagas para toda a

proposta.

No Art. 57 do Plano Diretor de Assú são classificados como empreendimentos

de impactos aqueles que geram uma demanda de atrativos de veículos

superior ao uso predominante da área em questão. Para efeito desta Lei,

considera-se como empreendimento gerador de tráfego:

II qualquer empreendimento para fins não residenciais com área de construção

Superior a 1.000,00 m² (hum mil metros quadrados);

IV qualquer empreendimento destinado a abrigar atividades de lazer e

entretenimento, tais como clubes, cinemas, teatros, bares, boates,

restaurantes, e similares;

Para o Art. 58 Os empreendimentos classificados como de impacto ao seu

entorno, no âmbito do meio ambiente, do sistema viário, nos termos desta Lei,

deverão: Apresentar justificativa técnica em forma de documento encaminhado

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ao Poder Executivo, com adequações viáveis, elaborado por profissional

habilitado, de acordo com a legislação federal.

§1º A justificativa técnica deverá obrigatoriamente informar:

I estimativa de fluxo de veículos privados adicionais ao sistema viário da

vizinhança pelo empreendimento, levando em conta os períodos críticos de

trânsito;

V demonstração da disponibilidade de vagas de estacionamento, internas ao

lote ou nas vias públicas próximas, tendo em vista o atendimento de demanda.

gerada pelo empreendimento;

VII descrição de condições de melhoramento da infraestrutura viária pública,

adequada para minimizar os eventuais impactos negativos do empreendimento

sobre a fluidez e segurança do tráfego;

A proposta de projeto comporta perfeitamente as vagas destinadas a

estacionamento exigidas pelo plano diretor e como ação obrigatória, para um

estudo posterior, devem ser apresentadas as devidas justificativas sobre a

fluidez e segurança no tráfego.

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70

5.3.5 – MOBILIÁRIO URBANO

O mobiliário urbano sugerido na

proposta final é feito de materiais

simples e que exemplares semelhantes

podem ser encontrados no mercado para

facilitar a execução da proposta. A lixeira

deverá ser feita em aço inox com

diâmetro entre 65 cm e 75 cm, com 1m

de altura. (FIGURA 38)

O banco utilizado em toda

proposta é feito de madeira com dois

apoios rígidos de concreto que podem

ser moldados in loco (FIGURA 39)

Os postes serão de médio porte

com mastro em aço galvanizado e

lampadas de LED na cor branca

(FIGURA 40)

Figura 39 – BANCO USADO NA PROPOSTA

Figura 38 – lixeira aço inox

FONTE: acervo própio

FONTE : acervo proprio

Figura 40 –poste usado na proposta

FONTE : acervo próprio

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5.3.6 – PERSPECTIVAS

FIGURA 42 – RESTAURANTE PROPOSTA FINAL

FONTE: ACERVO PRÓPRIO

Figura 41 – quadra esportiva - proposta final

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FIGURA 43 – RESTAURANTE – PROPOSTA FINAL 2

FONTE: ACERVO PROPRIO

FIGURA 44 – PRAÇA – PROPOSTA FINAL

FONTE: ACERVO PRÓPRIO

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73

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como elemento norteador o interesse pessoal

pelos espaços públicos e pelo terreno de projeto em que a proposta se insere.

No intuito de provocar uma reflexão sobre os usos e apropriações que foram

apresentadas pela praça da comunidade do Porto Piató, foi-se necessário um

estudo mais de perto com a comunidade e sua rotina. A dinâmica praticada

pelos moradores foi refletida como propostas de projeto para atender as

necessidades de seus moradores, comprovando carência da requalificação do

espaço atual.

Alterar um quadro já firmado não é uma tarefa fácil, a rejeição iminente é

sempre uma possibilidade. A requalificação de complexos urbanos que

apresentam identidade para a sua população exige a reinterpretação do lugar,

do usuário e da função. Ou seja, se considerando que um complexo de

realidades acontece naquele lugar, é preciso adaptar-se a esses critérios para

ter como o resultado, o melhor aproveitamento possível.

Das dificuldades encontradas nas etapas iniciais de projeto o desafio foi

pensar em como seria a relação entre equipamentos de diferentes funções que

pudessem conversar com a topografia acidentada. As soluções encontradas

para satisfazer questões normativas que fossem ao encontro da proposta

pensada com o conceito e partido de projeto foi satisfatória.

Por fim, como fechamento de um ciclo acadêmico, acredita-se que o

presente trabalho atingiu plenamente os objetivos a que se dispôs. Não só

cumprindo os objetivos de um estudo preliminar da requalificação do balneário

da Lagoa do Piató, este trabalho (e a correção dele) também cumpriu o objetivo

de demonstrar que as aptidões de um arquiteto vão muito além de um simples

projeto. Saber atender às necessidades do público alvo com os conhecimentos

adquiridos com teoria foi um desafio vencido e que será colocado em prática

em projetos futuros.

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