Por uma maior interação com o cliente: um estudo baseado ... · 3.4 Outros componentes usuais da...

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Catarina Rosa e Silva de Albuquerque Por uma maior interação com o cliente: um estudo baseado no conceito de gestão do relacionamento com o cliente (CRM) Orientador: Dr. Jairo Simião Dornelas Dissertação apresentada como requisito complementar para obtenção do grau de Mestre/Doutor em Administração, área de concentração em Inovação, Informação e Tecnologia, do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2004.

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  • Catarina Rosa e Silva de Albuquerque

    Por uma maior interao com o cliente: um estudo baseado no conceito de gesto do relacionamento

    com o cliente (CRM)

    Orientador: Dr. Jairo Simio Dornelas

    Dissertao apresentada como requisito complementar para obteno do grau de Mestre/Doutor em Administrao, rea de concentrao em Inovao, Informao e Tecnologia, do Programa de Ps-Graduao em Administrao da Universidade Federal de Pernambuco.

    Recife, 2004.

  • Dedico esse trabalho a meu querido marido, amigo e companheiro, e a meus filhos, Matheus e Thas.

    Portanto, no vos inquieteis com o dia de amanh, pois o amanh trar os seus cuidados... Mt 6.34

  • Agradecimentos

    Ao meu bom Deus por ter estado comigo em todos os momentos, dando-me fora,

    pacincia, perseverana, coragem e f. Mostrando-me que a Sua vontade perfeita, boa e

    agradvel.

    Ao Professor Dr. Jairo Simio Dornelas por ter acreditado e participado deste trabalho,

    apoiando-me nos momentos mais difceis e me incentivando na busca do melhor. A nossa

    convivncia favoreceu o despertar da minha capacidade, at ento adormecida, contribuindo

    para o meu crescimento. E aos professores Dr. James Falk e Dra. Lurdes Froemming pela

    disponibilidade e contribuies ao estudo.

    minha me, pela presena constante, por sua fora, seu apoio, suas palavras de

    incentivo, enfim, por seu amor, que foram essenciais para esta conquista. s minhas irms,

    pelas oraes e palavras de carinho. A toda a minha famlia que me acompanhou e torceu por

    essa conquista.

    Aos meus amigos por terem me apoiado e incentivado, pela pacincia e pelas oraes.

    Especialmente Paulo Magalhes que me encorajou a aceitar esse desafio e Juliana Marinho,

    pelas doces palavras de incentivo na fase final. E aos meus colegas de turma, em especial:

    Ftima, Fred, Giuliana, Jorge e Thompson.

    A Milfont, Renata, Carolina e a todos os que fazem parte da Farmacontrol. Enfim, a

    todos que participaram de alguma forma desse objetivo.

  • Resumo

    Este trabalho verificou o uso da tecnologia da informao (TI) para estruturar a interao com

    o cliente com base no conceito de gesto do relacionamento com o cliente (CRM). Nesse

    contexto, buscou-se identificar as mudanas necessrias nos processos de trabalho em

    decorrncia do CRM, implementando uma nova estrutura tecnolgica e propondo uma nova

    abordagem de atendimento para a execuo das transaes. Tambm visou a avaliar a

    percepo do cliente em relao interao com base no uso das ferramentas de CRM e a

    indicar os benefcios gerados para a empresa a partir desta reestruturao tecnolgica e

    estratgica.A pesquisa utilizou a estratgia de estudo de caso numa empresa do ramo

    farmacutico, considerando a tipicidade do segmento e seus incipientes prticos ao tema

    proposto. Para implementar a pesquisa, alm de observaes diretas e exame documental,

    foram realizadas entrevistas com a liderana, as atendentes e os clientes a fim de colher

    impresses sobre os efeitos da mudana planejada. Foi utilizada a tcnica de anlise de

    contedo para exame dos dados coletados. Os resultados encontrados mostraram-se

    promissores e revelaram que os clientes atestam a possibilidade de intensificar a interao

    com a empresa por meio de um atendimento diferenciado baseado no conhecimento.

    Palavras-Chave: CRM. Marketing de Relacionamento. Tecnologia da informao. Anlise

    de contedo.

  • Abstract

    This work verified the use information technology (IT) to structure the interaction with the

    customer, based on the concept of customer relationship management (CRM). It sought to

    identify changes in the work processes due to CRM, implementing a new technological

    structure and proposing a new approach for the execution of the transactions. It also sought to

    evaluate the customer's perception in relation to the interaction with base in the use of the

    tools of CRM and to indicate the benefits generated for the company starting from this

    technological and strategic restructuring. The case study strategy was chosen for apply in a

    company of the pharmaceutical branch, considering the typical characteristic of the segment

    and its incipient ones practical to the proposed theme. To implement the research, besides

    direct observations and documental exam, interviews were accomplished with the leadership,

    the attendants and the customers in order to pick impressions on the effects of the planned

    change. The technique of content analysis was used for exam the collected data. The found

    results were shown promising and they revealed that the customers attest the possibility to

    intensify the interaction with the company by means of an attendance differentiated based on

    the knowledge.

    Key-words: CRM. Relationship marketing. Information technology. Content Analysis.

  • Sumrio

    1 Introduo 12

    2 A pesquisa: seu contexto, sua gnese e seu objetivo 162.1 Contexto e gnese 162.2 Justificativa 172.3 Objetivos 192.3.1 Geral 192.3.2 Especficos 20

    3 Referncias conceituais 213.1 Marketing 213.1.1 Eras do marketing 223.1.2 Marketing baseado em conhecimento e experincia 253.1.3 Registros internos 263.1.4 Comportamento de compra do consumidor 273.1.5 Satisfao 293.1.6 Lealdade 313.1.7 Marketing de relacionamento 343.2 Tecnologia da informao nas organizaes 393.2.1 O enfoque de tecnologia da informao 423.3 Sistemas de informao 443.3.1 Tipologia de sistemas de informao 453.4 Outros componentes usuais da TI 463.4.1 Redes 473.4.2 Banco de dados 493.4.3 Database marketing 503.4.4 Data warehouse 523.4. Datamining 553.5 Gesto do relacionamento com o cliente 573.5.1 Vises e impactos do CRM 593.5. Barreiras ao CRM 603.5.3 Implementao do CRM 613.6 Modelo da pesquisa 62

    4 Metodologia 644.1 Enfoque da literatura 644.2 Estratgia de pesquisa 654.3 O caso selecionado 674.4 Protocolo de estudo 694.4.1 Coleta 704.4.2 Anlise dos dados 734.4.3 Controles e cuidados 764.4.4 Desenho de pesquisa 784.4.5 Procedimentos iniciais 794.4.5.1 Estudo e planejamento das mudanas 79

  • 4.4.5.2 Seleo dos clientes 804.4.5.3 Reformulao do atendimento 814.4.5.4 Mudanas no sistema de informao 824.4.5.5 Esquema e coleta de dados 854.4.4.6 Pr-anlise 88

    5 Anlise dos resultados 905.1 As entrevistas com a liderana 905.1.1 Relacionamento e interao 905.1.2 Expectativas dos clientes 915.1.3 Gesto do relacionamento com o cliente 925.2 As entrevistas com as atendentes 945.2.1 Primeira fase de entrevistas 945.2.1.1 Bom atendimento 945.2.1.2 Informaes, benefcios e possveis barreiras 955.2.2 Segunda fase de entrevistas 965.3 As entrevistas com os clientes 975.3.1 Anlise descritiva das variveis demogrficas 975.3.2 Anlise da percepo dos clientes 1005.3.2.1 Comportamento de compra 1005.3.2.2 Expectativas dos clientes 1025.3.2.3 Percepo 1055.3.2.4 Satisfao do cliente 1075.3.2.5 Lealdade 1085.3.2.6 Relacionamento 1095.3.2.7 Percepo da mudana 1115.4 Sntese da anlise dos resultados 113

    6 Concluso 1156.1 Sntese do estudo 1156.1.1 Reviso dos objetivos propostos 1186.2 Limitaes 1206.3 Sugestes para estudos futuros 121

    Referncias 123

    APNDICE A - Contedos das entrevistas 129 APNDICE B - Acompanhamento das entrevistas 132 APNDICE C - Trechos significativos das entrevistas 133 APNDICE D - Categorizao 140

  • Lista de figuras

    Figura 1 (3) Marketing baseado em conhecimento e experincia 24Figura 2 (3) Modelo de estmulo e resposta do comportamento de compra

    do consumidor 26Figura 3 (3) Condutores-chave da lealdade do consumidor 32Figura 4 (3) O ciclo de vida do relacionamento com o cliente 34Figura 5 (3) Orientaes para a conquista do consumidor 37Figura 6 (3) Anlise centrada no trabalho 39Figura 7 (3) O efeito capacitador da tecnologia da informao (TI) 42Figura 8 (3) Tipos de sistemas de informao 44Figura 9 (3) Algumas topologia de redes 47Figura 10 (3) Arquitetura de banco de dados 49Figura 11 (3) Ciclo database marketing 50Figura 12 (3) Data Warehouse 53Figura 13 (3) Ciclo do datamining 55Figura 14 (3) Processo de gerenciamento da interao entre a empresa e o

    cliente 59

    Figura 15 (3) Convergncia de vrias fontes de evidncia 61Figura 16 (3) Modelo da pesquisa 62Figura 17 (3) Convergncia de vrias fontes de evidncia 73Figura 18 (3) Fases da anlise de contedo 75Figura 19 (3) Desenho da pesquisa 79Figura 20 (3) Tela do sistema de atendimento da Farmacontrol Figura 21 (3) Sntese do processo de coleta de dados Figura 22 (3) Sntese dos construtos e das variveis estudados 113

  • Lista de Quadros Quadro 1 (3) Evoluo do marketing 22Quadro 2 (3) Tipos de satisfao 29Quadro 3 (4) Protocolo do estudo de caso 70Quadro 4 (4) Tcnicas de coleta de dados empregadas 73

  • Lista de Grficos Grfico 1 (5) Faixa etria da amostra 97Grfico 2 (5) Clientes que se sentem leais 107

  • Lista de Tabelas Tabela 1 (5) Expectativa dos clientes na viso da liderana 91Tabela 2 (5) Noo do CRM na perspectiva da liderana 92Tabela 3 (5) Percepo de mudana no atendimento 95Tabela 4 (5) Faixa etria da amostra 97Tabela 5 (5) Ocupo dos clientes 98Tabela 6 (5) Consumo de medicamento contnuo 98Tabela 7 (5) Clientes que tambm compram na concorrncia 99Tabela 8 (5) Algumas justificativas de clientes que compram tambm na

    concorrncia 99Tabela 9 (5) Fatores determinantes para deciso de compra em uma farmcia 100Tabela 10 (5) Clientes que fazem pesquisa de preo 101Tabela 11 (5) Expectativa de atendimento 102Tabela 12 (5) Definio de bom atendimento 103Tabela 13 (5) Sentimentos despertados pelo bom atendimento 104Tabela 14 (5) Motivao para comprar na Farmacontrol 105Tabela 15 (5) Elementos de destaque da Farmacontrol 105Tabela 16 (5) Elementos condicionais qualidade 108Tabela 17 (5) Opinio dos clientes com relao gesto do relacionamento e ao

    uso mais intenso dos dados 110Tabela 18 (5) Percepo da mudana pelos clientes na 3a rodada de entrevistas 111Tabela 19 (5) Percepo da mudana pelos clientes na 4a. rodada de entrevistas 112

  • 12

    1 Introduo

    A partir dos anos 90 iniciou-se um processo de transformao no mercado. A

    globalizao eliminou as barreiras de negociao, a informao circulou instantaneamente

    e sem fronteiras, mudanas ocorreram rotineiramente, instalou-se um ambiente de

    incertezas obrigando as empresas a reformularem suas estruturas e estratgias

    (JARVENPAA e IVES, 1994).

    Nesta reformulao, a flexibilidade e o domnio de informaes se tornam

    componentes-chave por permitirem uma postura organizacional gil e ativa, no sentido de

    adaptao s mudanas e rapidez no processo decisrio.

    Gerenciar essas informaes seria o novo desafio enfrentado pelas organizaes

    que buscam na tecnologia o apoio para este fim (OBRIEN, 2002). Esta tecnologia,

    denominada tecnologia da informao (TI), sofre inovaes constantes que permitem o

    acompanhamento das mudanas contingenciais e refere-se a aplicaes computacionais

    para suportar operaes e gerenciamento de atividades.

    As organizaes tambm enfrentam a nova postura do cliente contemporneo que

    assume um posicionamento ativo perante as negociaes, no se restringindo s a

    aquisio do produto que pela pequena diferena, enfraqueceu o apego marca - mas se

    preocupando com o conjunto agregado de fatores que envolvem a negociao e abrangem

    preo, qualidade, servios e suporte.

    OBrien (2002) defende que as empresas esto transpondo um perodo onde pairava

    um ambiente competitivo, no qual os produtos e servios do mercado de massa eram

    padronizados, de vida longa, pobres em informaes e negociados em transaes unitrias,

  • 13

    para um ambiente onde a concorrncia se d em nvel mundial com produtos e servios

    pertencentes a nichos de mercados individualizados, com uma boa base de informaes e

    negociados a partir de uma base contnua de clientes.

    Diante de um mercado volvel, sujeito s presses mundiais, de concorrncia voraz

    e com um cliente orientado a informaes e conhecimento, as empresas precisam se

    reposicionar para sobreviver, no sentido de buscar uma estratgia que garanta o fluxo dos

    negcios.

    A pea chave seria o cliente. Percebeu-se a necessidade de se ter clientes fiis

    empresa, garantindo o fluxo de negcios e a existncia da empresa. O objetivo

    determinado seria desenvolver um relacionamento mais estreito com este cliente, similar

    quele mantido no comrcio antigo, para conhecer suas necessidades e procurar satisfaz-

    las, podendo at mesmo antecipar-se a elas. A idia interagir de forma personalizada com

    cada cliente e cativ-lo com este tipo de atendimento, tornando-lhe conveniente ser e

    permanecer fiel empresa. Essa postura, em princpio, destaca a chance do cliente poder

    ser identificado e conhecido dentre tantos outros clientes que a empresa possui e corrobora

    para que o mesmo se sinta importante e estimulado a manter essa relao.

    Este modelo de negcios tende a se apoiar em um sistema de gerenciamento do

    relacionamento com o cliente (Customer Relationship Management CRM) que apresenta

    em seus princpios bsicos as atitudes e processos que devem ser desenvolvidos para que a

    empresa tenha seu foco centrado no cliente. O CRM tem componentes para produzir e

    gerenciar relaes individuais desenvolvidas a partir das contnuas interaes

    colaborativas. A essncia deste processo a informao obtida em cada transao que o

    cliente tenha com a empresa ao longo de seu relacionamento.

    A TI surge, ento, como meio de operacionalizar a proposta de melhor gerenciar

    informaes, oferecendo estrutura tecnolgica para captar, transformar, organizar e

  • 14

    distribuir a informao aos pontos onde o cliente poder se comunicar com a empresa.

    Qualquer agente que atender este cliente poder identific-lo e prestar-lhe um atendimento

    personalizado.

    Mas conseguir um relacionamento duradouro e lucrativo com clientes impe

    remodelar a estrutura organizacional visando satisfazer os clientes. Assim, os gestores das

    empresas empenham-se em uma dupla busca: um novo relacionamento com os clientes e

    implementar a estrutura tecnolgica necessria para que se possa lhes atender bem. Diante

    desse novo contexto organizacional, percebeu-se a necessidade de averiguar o movimento

    de mudana mencionado, propondo-se realizar um estudo sobre a mudana gerada na

    interao com os clientes a partir de uma adequao tecnolgica baseada no conceito

    global de CRM.

    A organizao escolhida insere-se no comrcio farmacutico que configura um

    segmento organizacional marcado pelo atendimento despersonalizado prestado aos

    clientes, alm de no haver uma prtica de armazenagem dos registros transacionais para o

    desenvolvimento de perfis de clientes.

    O propsito seria adequar o sistema de informaes da farmcia de modo que as

    informaes obtidas nas transaes com os clientes fossem armazenadas em locais

    especficos, possibilitando, ao longo do tempo, a construo do perfil de cada cliente para

    que o atendimento fosse personalizado.

    Sendo assim, esperou-se identificar os clientes e segment-los de acordo com o

    grau de relacionamento desenvolvido para estabelecer a interao adequada com cada tipo

    de cliente. As necessidades dos clientes tambm poderiam ser identificadas previamente e

    um contato ativo por parte da farmcia poderia ser realizado, garantindo a venda do

    produto e desestimulando o contato do cliente com a concorrncia.

  • 15

    A apresentao do estudo se inicia pela definio do problema de pesquisa que

    consta no captulo 1, englobando os objetivos e a justificativa da pesquisa.

    A pesquisa se desenvolveu a partir de referencias conceituais listadas no captulo 2,

    que se divide em trs dimenses de estudo inter-relacionadas: marketing, tecnologia da

    informao e sistema de gesto do relacionamento com o cliente (CRM).

    O estudo constou de uma fase exploratria, para estudar e verificar as

    possibilidades de mudanas necessrias nos procedimentos, processos de atendimento e

    contato com os clientes. As mudanas foram ento planejadas, geradas e implantadas a

    partir dos preceitos definidos pelo referencial terico adotado e das peculiaridades do

    empreendimento. A partir da implementao, fez-se o acompanhamento longitudinal com

    um conjunto definido de clientes visando apurar o fenmeno da interao.

    A metodologia adotada est descrita no captulo 3, onde constam a escolha

    metodolgica, estratgias e tcnicas e suas razes, o delineamento da pesquisa e o

    protocolo de estudo que engloba a coleta, anlise, controles e cuidados.

    A anlise dos resultados desenvolvida no captulo 4 e, no captulo 5, a concluso

    do estudo que envolve uma sntese, a reviso dos objetivos, as limitaes e as sugestes

    para estudos futuros.

  • 16

    2 A pesquisa: seu contexto, sua gnese e seu objetivo

    O presente captulo destina-se a abordar o processo de escolha do problema de

    pesquisa, as justificativas e a diretriz para a qual se conduziu o esforo de estudo.

    2.1 Contexto e gnese

    Considerando o ambiente contingencial no qual as empresas esto inseridas,

    destaca-se como recurso crtico ter uma base de clientes duradoura obtida atravs de

    relacionamentos estreitos e individualizados. Para este feito as empresas cogitam usar o

    CRM, uma estratgia de negcio voltada para o cliente baseada em tecnologia da

    informao (TI).

    O CRM uma estratgia que vislumbra uma reestruturao na maneira de se

    relacionar com os clientes usando a tecnologia como aliada para implementar tal estratgia,

    objetivando o entendimento e antecipao das suas necessidades, procurando desenvolver

    a lealdade destes com a empresa. Deve-se, portanto, considerar que apenas adotar

    tecnologia no provocar aquela mudana: h que se adequar os processos organizacionais.

    mister que haja uma mudana de postura com relao aos clientes, colocando-os no

    centro do negcio.

    Venkatraman (1994) defende que os benefcios da TI sero marginais se apenas

    forem sobrepostos s condies organizacionais pr-existentes (estratgias, cultura,

  • 17

    processos e estrutura). Os benefcios viro nos casos em que os investimentos em TI forem

    acompanhados de mudanas nas caractersticas organizacionais.

    A TI redefine os fundamentos dos negcios, incluindo o atendimento a clientes,

    materializando-se fortemente nos sistemas de informao (SI) - artefatos que se

    responsabilizam pela captura, processamento, organizao e distribuio das informaes

    de acordo com as necessidades para as quais foram construdos.

    neste contexto que o problema de pesquisa se define na seguinte feio: como

    usar a TI para maximizar a interao com o cliente utilizando o conceito de CRM.

    O estudo considera que h necessidade de estreitar o relacionamento com o cliente

    para assegurar o fluxo de negcios, procurando intuir como o cliente se sente ao ser

    identificado e conhecido pela empresa, buscando auferir quais as expectativas deste. O

    sistema de informao organizacional existente foi alterado para moldes de CRM, a fim de

    que as transaes com os clientes capturassem as informaes necessrias possibilitando

    um atendimento diferenciado, com base nas informaes armazenadas. Aderindo

    mudana do sistema e do atendimento, admitiu-se que a empresa pesquisada j tem

    definido em sua estratgia o cliente como papel central no negcio.

    Por fim, o que se pretendeu avaliar foi a percepo do cliente diante da

    implementao de um atendimento personalizado, que demonstre um maior conhecimento

    das suas necessidades, aumentando a noo de interao percebida.

    2.2 Justificativa

    O contexto no qual as organizaes se inserem induz a uma reestruturao na

    estratgia do negcio, na qual a tecnologia da informao se torna uma aliada do

  • 18

    marketing, que passa a ter, agora, o seu enfoque no desenvolvimento de relaes com os

    clientes, assumindo a denominao de marketing de relacionamento.

    A juno entre o marketing de relacionamento e a tecnologia da informao deu

    origem ao sistema de gerenciamento das relaes com clientes (CRM), o qual vem sendo

    implantado de modo crescente nas organizaes. No entanto, no se verifica uma sinergia

    entre o uso do CRM e estudos relacionados com este tema. Eis um dos fatores que

    justificam o estudo em tela, cujo objetivo reside no exame de uma vertente conceitual do

    tema atravs de uma aplicao prtica.

    Percebe-se tambm a ocorrncia de equvocos nos processos de implantao do

    CRM, pois as organizaes concentram a ateno apenas sob o enfoque tecnolgico do

    sistema, como alertado por Peppers e Rogers (2000), que ilustram que:

    a) O CRM no uma soluo apenas tecnolgica. Ele abrange a cultura, os

    processos e a estrutura organizacional, necessitando de um planejamento prvio

    e adequao da empresa, em seus diversos nveis, proposta desse sistema de

    gerenciamento;

    b) preciso haver conscincia que o mercado exige um tratamento diferenciado,

    atravs da personalizao, e o desenvolvimento de uma base contnua de

    clientes, o que muda a viso comercial vigente, a qual deve considerar, agora,

    mais lucrativo vender o maior nmero de produtos a um cliente especfico a

    partir do conhecimento de suas necessidades. Este sim o diferencial

    competitivo que garantir o lucro.

    Diante desses fatos, verificou-se a necessidade de se desenvolver um estudo no

    referido contexto com a finalidade de contribuir para o uso coerente da estratgia de CRM

    nas organizaes e difundir esse conceito, por supor que o seu uso otimize as modernas

  • 19

    prticas de negcio, agilizando os processos transacionais e difundindo as informaes dos

    clientes na organizao, viabilizando um atendimento personalizado aos mesmos.

    Escolheu-se, ento, o ramo farmacutico para este feito por que este segmento no

    apresenta aes configuradas na identificao e desenvolvimento de relaes com o

    cliente, ou seja, no prima por prticas envoltas em CRM, traduzindo-se em um cenrio

    propcio para o desenvolvimento da pesquisa, na qual se espera avaliar a percepo do

    cliente sobre o atendimento aps a introduo e uso das ferramentas de CRM, visando

    maior interao.

    Supe-se que o caso em questo poderia ser considerado como representativo

    devido a pouca distino, sob o enfoque de condutas e da organizao estrutural,

    apresentada entre as unidades que compe o segmento farmacutico. um estudo que se

    mostrou pioneiro e que pode resultar em indcios fundamentados para posteriores estudos e

    prticas no ramo de farmcias, alm de compilar evidncias concretas sobre o conceito de

    CRM, a partir dos dados empricos obtidos.

    2.3 Objetivos

    A presente seo destina-se a apresentao do objetivo viabilizando a compreenso

    da inteno da pesquisa.

    2.3.1 Geral

    A pesquisa se realizou em uma farmcia, com duas unidades, e teve como objetivo

    geral verificar como usar a tecnologia da informao (TI) para estruturar a interao com o

    cliente, com base no conceito de gesto do relacionamento com o cliente (CRM).

  • 20

    2.3.2 Especficos

    a) Identificar as mudanas necessrias nos processos de trabalho em decorrncia

    do uso do CRM;

    b) Implementar uma nova estrutura tecnolgica para o contexto em estudo;

    c) Propor novos mtodos de abordar o cliente para os atores envolvidos nas

    transaes;

    d) Avaliar a percepo do cliente em relao interao com base no uso das

    ferramentas de TI que propiciem explorar a prtica de CRM;

    e) Identificar os benefcios gerados para a empresa a partir da reestruturao

    tecnolgica e estratgica baseadas no CRM.

  • 21

    3 Referncias conceituais

    Neste captulo apresentada uma reviso da literatura que fundamenta os conceitos

    empregados neste trabalho. O objetivo foi de verificar os temas essenciais construo da

    pesquisa, as intenes e as idias que permitiram mobilizar e operacionalizar o estudo.

    A fim de se dedicar pesquisa em CRM foi conveniente estudar dois elementos

    fundamentais: o marketing e a tecnologia da informao. O marketing tratado no mbito

    das transaes, do comportamento do consumidor e em seu aspecto relacional. A

    tecnologia da informao destacada a partir do exame das tcnicas que suportam e

    possibilitam a implementao da estratgia de CRM. Estes dois temas so tratados de

    forma abrangente objetivando a construo de uma bagagem conceitual para o estudo, a

    qual convergiu na emerso do conceito simbitico de CRM.

    3.1 Marketing

    O marketing se define como um processo social e gerencial atravs do qual

    indivduos obtm o que desejam e necessitam, criando e trocando produtos e valores um

    com os outros (KOTLER e ARMSTRONG, 1998).

    Esse conceito operacionalizado atravs da articulao do marketing mix (produto,

    preo, praa e promoo), para viabilizar a conquista do objetivo de marketing: gerar

    receita atravs de vendas rentveis (SEMENIK e BAMOSSY, 1995).

  • 22

    Em termos de estrutura organizacional, h um departamento de marketing,

    geralmente isolado das atividades de design, produo, entregas, servios tcnicos e de

    apoio ao cliente, que fica responsvel por gerir os elementos do marketing mix

    (GRNROOS, 1994).

    Esse paradigma caracterizado pelo marketing de transaes, focado nas trocas, e

    pelo marketing mix dominou o marketing por pelo menos 40 anos, mas tem perdido o seu

    espao devido s mudanas ambientais decorrentes da globalizao de mercados e do

    reconhecimento da importncia de reter clientes, caracterizando uma transio do

    marketing de transaes para o marketing centrado no cliente que ocorreu de forma

    evolutiva ao longo desses 40 anos (BRETZKE, 1999).

    Essa transio evolutiva ocorreu pelo que se convencionou chamar de eras do

    marketing.

    3.1.1 Eras do marketing

    Cada uma das eras representa a conduta de marketing seguida pelas organizaes

    em um determinado perodo, caracterizando a atuao da organizao frente s conjunturas

    de mercado, conforme apresentado no quadro 1 (3).

  • 23

    Era Perodo Orientao

    Marketing de massa Anos 50 e 60 aps a 2a grande

    guerra

    Produo em massa e busca por um maior nmero de

    consumidores

    Segmentao Dcada de 70 Esforo de marketing para

    grupos de consumidores mais homogneos

    Nicho Dcada de 80 Foco em mercados especficos

    para vencer a barreira de entrada no mercado.

    Cliente Dcada de 90 Individualizao no tratamento

    do consumidor; produtos e servios com mais qualidade.

    Tempo real Atual

    Ampliao do escopo do marketing, facilitando

    informaes para o cliente, estabelecendo um

    relacionamento duradouro. Quadro 1 (3): Evoluo do marketing.

    Baseado em Bretzke (1999).

    No marketing de massa, os produtos eram fabricados em grande quantidade

    impelindo a um foco excessivo na quantidade de vendas. Havia a presso para se

    conseguirem altos volumes de vendas e os vendedores abarcavam cargas maiores de

    trabalho. Ao departamento de marketing, cabia a funo de divulgao do produto no

    ponto de venda e a realizao de promoes. Esse tipo de marketing ainda impera em

    alguns ramos de negcio, onde existe a produo em srie e h consumidores para esta

    proposta (KOTLER e ARMSTRONG, 1998).

    A segmentao de mercado enfocava a idia de que todo mercado formado por

    grupos de clientes com necessidades e anseios diferentes (XAVIER, 2003). O produto

    ainda ocupava o papel principal do processo, havendo a nfase da venda e de promoes

    para a realizao de vendas lucrativas.

    Na era do nicho, buscava-se, atravs de pesquisa, ampliar a segmentao do

    mercado em nichos e o vendedor se tornava um especialista neste nicho, concentrando seus

  • 24

    esforos para concretizar vendas direcionadas ao grupo selecionado. Concentrando o

    atendimento nos nichos de clientes, era possvel identificar necessidades latentes e

    potencializar as vendas neste sentido, obtendo, assim, altas margens de lucro, j que a

    percepo de se ter uma necessidade conhecida pela empresa encantava os clientes que se

    dispunham a pagar mais por isso.

    A era do cliente se destacou pelo cuidado e importncia dedicados ao cliente nas

    aes das empresas, sendo essa a vantagem competitiva desse perodo (BRETZKE, 1999).

    Novas tcnicas de assistncia e de vendas foram implantadas, buscando-se uma maior

    proximidade com o cliente atravs da prtica do dilogo. Os vendedores passavam a ser

    consultores de vendas, com o propsito de solucionar as necessidades do cliente antes,

    durante e depois da venda.

    No cenrio de sade, esse cuidado com o cliente se manifesta atravs de canais

    abertos de comunicao, como os servios de atendimento ao cliente e pginas na internet,

    onde os laboratrios de medicamentos favorecem um ambiente de interao que viabiliza

    um conhecimento maior dos usurios de seus produtos.

    O marketing em tempo real corresponde a um perodo onde a tecnologia e a internet

    permitem um acesso rpido e instantneo informao diminuindo o tempo de resposta e

    agilizando os processos de atendimento. Os clientes tm acesso ao produto ou servio nos

    horrios que lhe forem mais convenientes. Nesta fase, a tecnologia oferece a otimizao da

    capacidade de adaptao, a programao e a customizao (confeco de produtos de

    acordo com as necessidades do cliente). O marketing dever fazer uso desses atributos e

    aliar a estratgia do negcio ao desenvolvimento de relaes com os clientes, abrindo

    vrios canais de acesso empresa.

  • 25

    2.1.2 Marketing baseado em conhecimento e experincia

    McKenna (1992) descreve uma nova abordagem para o marketing em um cenrio

    onde as empresas esto se voltando para os mercados, adaptando os seus produtos s

    necessidades dos clientes. Permite-se uma co-participao do cliente no processo de

    criao de produtos atravs da modelagem personalizada, conduzindo a um novo

    paradigma baseado em conhecimento e experincia.

    Assim, a empresa dever desenvolver uma infra-estrutura e ter uma base de

    conhecimento da tecnologia (em uso e novas), da concorrncia, de seus clientes e de sua

    prpria organizao (recursos, planos e formas de fazer negcios).

    J a experincia enfatiza a interatividade, a conectividade e a criatividade como

    componentes fundamentais no propsito de dedicao aos clientes, monitorao dos

    concorrentes e adoo de um sistema de anlise e feedback que transforme a informao

    adquirida do mercado e da concorrncia em uma nova fonte de informao sobre o

    produto.Essa nova abordagem do marketing sintetizada na figura 1 (3).

    Marketing

    Conhecimento Experincia

    TecnologiConcorrnc

    ClienteOrganiza

    InteratividaConectividaCriativida

    - Integrao e

    - Desenvolvimende -estrutur

    -Dedicao aos - Monitoramento

    concorrent-Sistema de

    feedbac

    Figura 1 (2): Marketing baseado em conhecimento e experincia. Baseado em McKenna (1992)

    Marketing

    Conhecimento Experincia

    TecnologiaConcorrncia

    ClientesOrganizao

    Interatividade Conectividade Criatividade

    Integrao cliente e empresa

    Desenvolvimento de infra - estrutura

    Dedicao aos clientes Monitoramento dos

    concorrentes

    Sistema de anlise e feedback

    Figura 1 (3): Marketing baseado em conhecimento e experincia. Baseado em McKenna (1992)

  • 26

    Caber ao marketing, envolver a organizao por completo, na proposta

    integrada e dinmica de desenvolver relaes com esses clientes atravs de interaes mais

    intensas e ricas em conhecimento, adquirido em todo e qualquer contato, por qualquer

    canal de comunicao disponibilizado pela organizao. Os dados resultantes desse contato

    sero armazenados sobre a forma de registros internos para serem explorados no futuro.

    3.1.3 Registros Internos

    A tecnologia trouxe organizao a capacidade de armazenar os dados resultantes

    de interaes com clientes, sejam essas decorrentes de transaes comerciais ou de

    contatos atravs de algum canal de comunicao disponibilizado pela empresa.

    No incio do desenvolvimento do marketing, a tecnologia utilizada para dar suporte

    ao marketing era o sistema de informaes de marketing (SIM) calcado em uma base

    contnua de informaes internas e externas empresa (SEMENIK e BAMOSSY, 1995;

    KOTLER e ARMASTRONG, 1998). Hoje, esse sistema incorpora ferramentas mais

    sofisticadas e um grau de abrangncia maior, possibilitando empresa articular

    informaes, estabelecendo estratgias atravs da identificao do perfil dos clientes.

    Dessa forma, constata-se que para o contexto emergente do marketing de tempo

    real, a organizao deve contar com uma estrutura organizacional que oferea tanto o

    suporte tecnolgico para lidar com o fluxo de informaes, quanto uma estrutura que

    favorea o comprometimento das pessoas envolvidas no negcio nessa busca do

    conhecimento do cliente e de como ele se comporta no mercado.

  • 27

    3.1.4 Comportamento de compra do consumidor

    Estudar o comportamento de compra do consumidor permite conhecer as

    necessidades, motivaes e preferncias dos clientes e tambm estudar os processos que

    um consumidor percorre para tomar decises de compra, bem como para usar e dispor de

    bens ou servios, incluindo os fatores que influenciam todos estes atos.

    Um modelo indicado na figura 2 (3) para uma melhor compreenso desse

    fenmeno.

    Estmulos internos ou fisiolgicos Fome, sede, doena.

    Caractersticas do consumidor Culturais, sociais, pessoais e psicolgicas

    Estmulos externos Marketing: Produto, preo, praa, promoo. Outros: social, econmico, tecnolgico, poltico, cultural.

    Processo de deciso Necessidades, informaes, alternativas, freqncia de compra,

    comportamento aps a compra.

    Decises do consumidor

    Figura 2 (3): modelo de estmulo e resposta do comportamento de compra do consumidor.

    Baseado em Kotler (2000) e Lamb, Hair e McDaniel (2004).

    Assim, o comportamento do consumidor motivado atravs de estmulos que

    podem ser externos, como o caso do composto de marketing, e internos. Nesse caso,

    pressupe-se que o estmulo se manifesta a partir do organismo do consumidor, podendo se

    consolidar atravs de necessidades fisiolgicas (fome, sede, cansao, abrigo), onde se

    destaca a falta de sade.

    Nesse contexto em particular, os consumidores de medicamentos podem receber

    estmulos fisiolgicos do seu prprio organismo (dor de cabea) ou ele pode se dirigir a um

    mdico e uma doena ser detectada. O mdico, que parte integrante do composto de

    marketing, receitar um medicamento, indicando diretamente o produto e o fabricante

  • 28

    (medicamentos de marca), ou pode permitir a escolha do medicamento pela sua substncia,

    como ocorre na compra de medicamentos similares e genricos.

    Aps o estmulo, o consumidor com base nas suas caractersticas culturais, sociais,

    pessoais e psicolgicas, dar incio ao processo de deciso que se inicia com o

    reconhecimento de suas necessidades. A busca por informaes ocorre em seguida atravs

    de recursos internos (armazenados na memria) ou externos (informaes no ambiente

    externo) e so essas informaes que configuram as expectativas iniciais em atingir as

    necessidades identificadas (SOLOMON, 2002). Aps obter as informaes e selecionar o

    produto, a marca e o revendedor ele est em condies de decidir a compra, utilizando as

    informaes coletadas e avaliando alternativas.

    Na compra de produtos, os consumidores esperam certos resultados baseados na

    expectativa da compra. A percepo do consumidor referente experincia de compra

    comparada com as expectativas iniciais e que vai definir a sua satisfao. Acompanhar o

    comportamento ps-compra permite monitorar a satisfao, as aes ps-compra do cliente

    e a utilizao do produto adquirido, bem como favorece a organizao na anlise de como

    est estruturado o processo de vendas e como o mesmo percebido pelos consumidores

    facilitando possveis correes ou adaptaes.

    Os estgios de consumo formam um processo dinmico que engloba anlise do

    antes, durante e depois da experincia de compra, procurando compreender como as

    pessoas interagem com o sistema de marketing estruturado para aquele produto.

    Compreender esses estgios e conhecer algumas facetas do comportamento dos

    consumidores facilita a descoberta de formas mais efetivas de buscar influenciar esse

    comportamento para a realizao de trocas de valor que tragam benefcios mtuos

    (FARIAS, 1999).

  • 29

    3.1.5 Satisfao

    A busca da construo de relacionamentos com os clientes aumenta os esforos na

    busca da reteno desses. Estudos indicam certa influncia da satisfao neste movimento

    (GARBARINO e JOHNSON, 1999; LEMON et al, 2002).

    Satisfao pode se definir como uma resposta de realizao do cliente a partir do

    julgamento de que uma caracterstica de um produto ou servio ofereceu (ou est

    oferecendo) um nvel de contentamento prazeroso relativo ao consumo, abrangendo nveis

    maiores ou menores de contentamento (ESPINOZA, 2002b).

    Solomon (2002) define satisfao como o julgamento formado durante ou aps o

    uso ou consumo de um produto ou servio de um determinado fornecedor, sendo, ento,

    uma reao ou sentimento em relao a uma expectativa.

    Lovelock (2003) atesta que os clientes experimentam vrios nveis de satisfao ou

    descontentamento aps experincias vivenciadas atravs de produtos ou servios,

    conforme o nvel de atendimento de suas expectativas. Destaca tambm o papel crtico da

    satisfao em ramos competitivos, devido existncia de diferenas entre a fidelidade de

    clientes meramente satisfeitos ou completamente satisfeitos.

    Esses nveis de satisfao esto intimamente relacionados s dimenses da

    satisfao (SEMENIK e BAMOSSY, 1995) que so diferentes tipos de satisfao que os

    clientes poderiam experimentar aps o contato com um produto ou servio conforme

    quadro 2 (3).

  • 30

    SATISFAO ATRIBUTOS

    Funcional Refere-se a atributos tangveis que podem ser

    mensurados, como: preo, garantia e desempenho.

    Emocional So atributos intangveis e no mensurveis, como: status, prestgio e segurana.

    Benefcios de uso Abrange os benefcios recebidos pela propriedade e uso de um produto ou servio.

    Quadro 2 (3): Tipos de satisfao. Baseado em Semenik e Bamossy (1995).

    As definies e caractersticas do conceito satisfao geralmente abrangem

    aspectos relacionados a experincias passadas ou presentes do consumidor com respeito a

    produtos ou servios. Baseado nessas anlises, presentes e passadas, que as empresas

    estabelecem as estratgias de conquista e reteno dos clientes.

    Nesta direo, Lemon et al (2002) acrescentam que as orientaes e predisposies

    futuras dos clientes devem ser incorporadas aos modelos correntes de reteno de clientes.

    J Kotler (2001) associa satisfao obteno de vantagem competitiva ao projetar essa

    satisfao no futuro.

    Oliver (1999) destaca a satisfao decorrente de uma transao, que um

    sentimento transitrio referente quele momento, e a satisfao acumulada, que se refere a

    uma avaliao geral da experincia de compra e consumo de um bem ou servio no

    decorrer de certo tempo, sendo esta ltima um dos componentes para se chegar lealdade

    pelo desenvolvimento de relaes com clientes.

    Conforme estudos referentes ao conceito em tela (MCKENNA, 1992; OLIVER,

    1999; ESPINOZA, 2002a), parece inquestionvel a relao positiva e causal entre

    satisfao e lealdade, sendo a primeira tida como meio para se chegar e manter a lealdade.

    Reitera-se que a dita satisfao, que conduz lealdade, a satisfao acumulada, aquela

  • 31

    que decorre da rotina das interaes entre a empresa e o cliente seja qual for o canal de

    comunicao.

    3.1.6 Lealdade 1

    Um novo cenrio permeia as relaes mercantis predominando a disseminao de

    ofertas estimuladas pela globalizao econmica, uma sensibilidade maior aos preos em

    funo de um oramento domstico restrito, uma saturao s campanhas publicitrias e a

    internet como meio de comunicao e espao de negcios. O consumidor se insere nesse

    contexto e o seu comportamento influenciado pelos fatores citados, forando a empresa a

    se reposicionar para manter sua base negocial: seus clientes (MARQUES e COELHO,

    2001). A busca pela lealdade dos clientes aponta como uma sada para esse contexto.

    Oliver (1999) considera que a lealdade um comprometimento profundo em

    recomprar ou priorizar um produto/servio de maneira consistente no futuro, causando a

    repetio de compras de um mesmo conjunto de marcas, desconsiderando influncias

    situacionais e esforos de marketing que possam induzir a um comportamento de troca.

    Essa definio apresenta elementos que transcendem seu aspecto funcional e

    remetem a uma anlise subjetiva da questo. Quando Oliver (1999) se refere a

    compromisso de recompra, de maneira consistente e desconsiderando influncias

    situacionais, induz a uma anlise evolutiva da lealdade, apresentada atravs de fases:

    a) Fase cognitiva: ocorre a lealdade com base na informao percebida pelo

    consumidor, como preo, benefcios e qualidade;

    1 No decorrer da pesquisa, lealdade e fidelidade sero tratadas como termos sinnimos.

  • 32

    b) Fase afetiva: o afeto determina a lealdade. sustentada pela satisfao,

    envolvimento, preferncia e conscincia cognitiva;

    c) Fase conativa : o comprometimento j se manifesta sob a forma de inteno

    para recompra;

    d) Fase de ao: a lealdade se manifesta em comportamento.

    Muito embora se conhea o comportamento leal de um cliente e as fases pelas quais

    se submete esse comportamento, ainda no se tem uma base concreta e desenvolvida de

    estudos a respeito dos fatores que influenciam a manifestao da lealdade, tanto que vai se

    observar quo curioso o conceito de lealdade no segmento pesquisado.

    Brei e Rossi (2001) desenvolveram um modelo terico no qual atestaram que a

    lealdade positivamente influenciada pela confiana que os clientes tm em relao

    empresa. Tambm a varivel valor percebido pelos clientes no relacionamento com a

    empresa, mostrou-se significante ao se relacionar diretamente com a lealdade.

    Parasuraman e Grewal (2000) constroem uma representao dos componentes-

    chave para se chegar lealdade do consumidor e destacam que o valor percebido atua

    como varivel mediadora entre a qualidade do servio, a qualidade do produto, o preo e a

    lealdade, sendo dinmico e influenciado pelas aes antes, durante e depois da compra,

    conforme ilustrado na figura 3 (3).

  • 33

    Qualidade do servio

    Valor percebido

    Na dimenso exibida acima, legtimo falar que o composto qualidade do produto

    e preo so variveis de domnio comum ao mercado, ainda mais no segmento estudado. O

    diferencial em uma estratgia para se obter a lealdade dos clientes ser atuar com base na

    prestao de servios. nesse escopo que os atributos que podem ser articulados e

    operacionalizados pela empresa devem ser transferidos ao cliente.

    A conquista da lealdade do consumidor um processo dinmico e relacional, que se

    constri durante a histria e do relacionamento do cliente com a empresa. Nesse contexto,

    as organizaes contam com o marketing de relacionamento para estruturar e apoiar as

    interaes com os clientes.

    Lealdade

    Qualidade do produto

    Preo

    Relativamente fcil de ser imitado pelos concorrentes.

    Figura 3 (3): Condutores-chave da lealdade do consumidor. Fonte: Parassuraman e Grewall (2002).

  • 34

    3.1.7 Marketing de relacionamento

    O marketing se defronta com uma mudana de paradigma (GRNROOS, 1994;

    MARQUES e COELHO, 2001; GUMMESSON, 2002), na qual o foco se transfere da

    busca por atrair mais clientes para uma preocupao de manter e cuidar desses clientes. O

    cerne do marketing, dito marketing de relacionamento, est nas relaes, na manuteno

    das relaes entre a empresa e os seus atores (fornecedores, intermedirios, colaboradores,

    e o cliente), onde o cliente assume o papel principal (RAVALD e GRNROOS, 1996). A

    estratgia desta nova modalidade de marketing consiste no esforo para desenvolver a

    lealdade dos clientes atravs de um relacionamento estvel e duradouro.

    Morgan e Hunt (1994) atestam que o marketing de relacionamento se refere a todas

    as atividades de marketing dirigidas ao estabelecimento, desenvolvimento e manuteno

    das relaes, envolvendo trocas relacionais entre as diversas entidades de negcios:

    empresas, governos, clientes e funcionrios.

    Para Palmer (1996), marketing relacional no um novo conceito, mas uma nova

    estrutura para trocas cujos benefcios so enfatizados pela intensa competitividade dos

    mercados e pelas crescentes habilidades da tecnologia da informao em desenvolver um

    dilogo entre a empresa e uma grande quantidade de clientes.

    Pelo exposto, percebe-se que o marketing de relacionamento constri uma teia

    relacional, que transcende a relao dual entre vendedor e cliente, para exercer uma

    mudana na natureza de toda a organizao cuja estratgia constar de uma liderana

    efetiva que incentive a inter-relao entre os componentes do ambiente externo e entre os

    departamentos, demonstrando as vantagens que advm, para cada rea, de trabalhar

    integrados na construo da vantagem competitiva para a empresa (BRETZKE, 1999).

    O desenvolvimento departamental do marketing est assim por se inverter buscando

    organizar relaes, em vez de organizar tarefas, e desenvolver a organizao orientada para

  • 35

    o marketing, em vez de desenvolver os departamentos da organizao. Assim, toda a

    organizao estar responsvel, globalmente, pelas respostas s solicitaes dos clientes

    (MARQUES e COELHO, 2001).

    Grnroos (1995) representa a dinmica do marketing de relacionamento no ciclo de

    vida do relacionamento com o cliente, reunindo todo o caminho percorrido pelo cliente

    durante o seu relacionamento com a empresa.

    Figura 4 (3): O ciclo de vida do relacionamento com o cliente Fonte: Grnroos, 1995.

    O estgio inicial permeado pelo esforo do marketing em despertar o interesse na

    empresa e em seus servios. O cliente potencial, caso se interesse parte para o processo de

    compra onde ocorrer a tentativa de transformar o interesse geral em vendas. Nesse

  • 36

    momento um enfoque nas interaes entre a empresa e o cliente potencial realado. Caso

    a estratgia tenha xito e o cliente tenha aceitado a promessa feita pela empresa com

    relao ao que lhe oferecido, inicia-se o estgio de consumo. O objetivo do marketing

    nesse processo seria o de desenvolver vendas repetidas e relacionamentos duradouros com

    seus clientes. Os clientes prosseguiro com a anlise do produto adquirido em funo da

    qualidade percebida do servio em seu aspecto holstico englobando toda a experincia

    vivenciada durante o processo.

    Esse aspecto holstico repousa sobre o desaparecimento da fronteira entre produtos

    e servios, conforme defende McKenna (1992), e na constatao que os clientes

    demandam servios holsticos (GRNROOS, 1996) que lhes ofeream um agregado de

    benefcios que incluam: informaes de uso do produto (ou servio), entrega, instalao,

    suporte ps-compra, atualizaes. O produto ou servio apenas um elemento no escopo

    de servios que podem ser oferecidos. So esses servios extras que geram valor para o

    cliente e influenciam na percepo que este tem da empresa. Quando a competio atravs

    de servios a chave para o sucesso, o produto deve ser definido como um servio e todo

    negcio deve ser considerado uma prestao de servios (GRNROOS, 1996).

    Para que se consiga reestruturar a empresa em nvel destes novos valores e da

    prpria concepo de prestao de servios, convm perceber todo este movimento em

    uma perspectiva de processo (PALMER, 1996).

    A perspectiva de processo congrega a ocorrncia de aes dinmicas e graduais,

    onde para se chegar a um objetivo vrias etapas coordenadas devem ser transpostas. De

    fato, o cliente no analisa a empresa a partir de departamentos isolados, mas sim como um

    composto que deve estar orientado para um nico caminho.

    Esta nova perspectiva de marketing orienta um posicionamento centrado no cliente

    com base no conhecimento acumulado proveniente da relao. Para isso, necessrio

  • 37

    considerar trs pontos bsicos: a busca por contato direto com os clientes, o

    desenvolvimento de um banco de dados que armazene e disponibilize o conhecimento

    acumulado do cliente e o desenvolvimento de um sistema orientado ao cliente.

    Concretamente, o marketing de relacionamento e suas aplicaes no sero

    desenvolvidos alm das tcnicas, se forem tratados como mais um mdulo a ser acrescido

    ao gerenciamento de marketing tradicional. Em sua implantao, a preferncia ser pelas

    interaes, pelo desenvolvimento de teias relacionais e por redes de trabalho

    (GUMMESSON, 2002).

    E assim, para alcanar a desejada orientao para o mercado, o marketing de

    relacionamento dever ter seus processos apoiados na tecnologia. Essa permitir o

    manuseio com a informao e o seu uso efetivo na ponta do relacionamento com o cliente.

    Em direo oposta, Garbarino e Johnson (1999) exibem o erro de se comear a

    estratgia relacional com todos os clientes, porque nem todos tm o desejo de manter

    relaes com a empresa. Aqueles defendem a co-existncia do marketing transacional e do

    marketing relacional para atingir diferentes tipos de clientes. Essa distino se d porque

    no marketing transacional (clientes que esto no incio do relacionamento com a empresa)

    se deve trabalhar a satisfao e no relacional (clientes que j mantm um relacionamento

    longo) a confiana e o compromisso.

    No sentido das duas estratgias argidas, a transacional e a relacional, Godin

    (2000b) acrescenta a importncia de orientar o marketing apenas para as pessoas que o

    desejam quando se refere ao marketing de permisso. Essa abordagem tem como objetivo

    estimular os consumidores a aumentar gradualmente a permisso concedida s empresas, a

    fim de transformar estranhos em amigos, amigos em clientes e estes em clientes fiis. A

    cada grau que os clientes sobem na escala de permisso, cresce a confiana, a

    responsabilidade e os lucros da empresa.

  • 38

    Conquistando a ateno dos clientes, espera-se que esses passem a interagir e a

    participar da empresa, procurando-a por iniciativa prpria. Godin (2000a) apresenta

    algumas orientaes para a conquista do consumidor, que so graficamente representadas

    na figura 5 (3).

    Cliente potencial

    Empresa Mercado consumidor

    Dados

    II I

    Permisso Incentivos Parcerias

    Figura 5 (3): Orientaes para a conquista do consumidor Baseado em Godin (2000a)

    Godin (2000a) se refere primeiramente a uma interao da empresa com o mercado

    consumidor visando aos clientes potenciais que sero trabalhados no enfoque do marketing

    de permisso. Agora que o cliente potencial foi identificado, recomendando-se um trabalho

    com base num pacote de benefcios que estimule o cliente a se apresentar voluntariamente

    empresa com o intuito de compartilhar informaes, aproveitando desse momento para

    ensinar-lhe sobre os produtos e servios da empresa. Esse pacote de incentivos deve ser

    trabalhado tambm com uma perspectiva de longo prazo, a fim de manter a permisso

    concedida por esses clientes. Com o tempo, deve-se aproveitar esse canal para mudar o

    comportamento do consumidor, adicionando novos hbitos de consumo.

    Conclue-se que o marketing de permisso antecipado, pessoal e relevante porque

    as pessoas esperam ser procuradas pela empresa, as mensagens so diretamente

  • 39

    relacionadas a cada pessoa e o marketing diz respeito a algo que o cliente potencial est

    interessado (GODIN, 2000a).

    O marketing de relacionamento um mecanismo de colaborao e co-produo de

    valor e o seu foco reside no desenvolvimento de relaes duradouras com base nas trocas

    de informaes com os clientes, que para o foco em estudo auxilia na identificao do que

    os clientes compram e precisam atravs de suas compras continuadas e emergenciais.

    Ento, para que essa estratgia seja praticada requisitada uma estrutura tcnica e

    informacional apropriada para o manuseio dessas informaes, sendo desenvolvida com o

    suporte da tecnologia da informao.

    3.2 Tecnologia da informao nas organizaes

    Motta (1997) diz que a intensidade da presente mudana vivenciada pelas

    organizaes aparece no s como inevitvel, mas necessria sobrevida das empresas. Os

    fatos se alteram rapidamente, encurtando o tempo para planejar, experimentar e agir. As

    alteraes provenientes deste novo ambiente tero que ser perseguidas e introduzidas antes

    de se saber o seu total sentido e sem garantia de xito.

    Face a essas alteraes, a tecnologia passou a participar dos processos operacionais

    das empresas atravs dos computadores, com o intuito de automatizar esses processos

    permitindo agilidade e maior rapidez (STAIR, 2002).

    Com a abertura dos mercados e o desenvolvimento tecnolgico, as organizaes

    tiveram que assumir uma postura ativa perante esse novo contexto mercantil. As decises

    tinham que ser tomadas rapidamente e, para isso, as informaes tinham que circular pela

    empresa e estarem disponveis para a pessoa certa, no momento certo. Esse perodo

  • 40

    denominado de era da informao (TAPSCOTT e CASTON, 1995; PEPPERS e ROGERS,

    2000).

    Dentro desta nova era, a tecnologia assume uma posio estratgica relevante por

    ser dotada da capacidade de armazenar e distribuir informaes, alm de agilizar as

    atividades operacionais, concedendo-lhes maior rapidez e preciso.

    A estrutura empresarial se reconfigura, aderindo flexibilidade e a uma atitude

    colaborativa interdepartamental viabilizando o compartilhamento de informaes. Logo, a

    tecnologia passa a ser o meio pelo qual, nesta conjuntura, a nova estratgia empresarial

    pode emergir.

    Alter (1999) estabelece um quadro referencial que posiciona a organizao frente

    conjuntura que se ergue. Ele o denomina de anlise centrada no trabalho que insere a

    tecnologia e a informao no contexto organizacional.

    Clientes

    Produtos

    Funcionrios Informao

    Tecnologia

    Processos organizacionais

    Figura 6 (3): Anlise centrada no trabalho. Fonte: Alter, 1999.

    A estrutura demonstrada na figura 6 (3) foi concebida para viabilizar um padro de

    anlise e estruturao das organizaes, aonde se percebe o papel ativo da informao e da

    tecnologia nos processos organizacionais, posicionando-as como peas articulveis em

    busca de melhores prticas para atingir um resultado pleno.

  • 41

    De fato, a tecnologia surge como uma poderosa forma de se obter um aumento na

    produtividade, impulsionando as empresas a buscarem continuamente novas solues. Os

    processos de obteno e manipulao das informaes so beneficiados pela rapidez de

    tratamento.

    Todavia, para uso desse ferramental, vinculado chamada tecnologia da

    informao, direcionam-se altos investimentos (OBRIEN, 2002). Mas esses investimentos

    tm causado um certo desapontamento por parte de seus investidores devido tendncia de

    uso da tecnologia para mecanizar processos configurados sob moldes antigos.

    Hammer (1990) explica que muitos dos escopos de tarefas, fluxo de trabalho,

    mecanismo de controle e estruturas organizacionais, vm de uma poca anterior ao advento

    do computador que foi gerado para buscar eficincia e controle. Na atual conjuntura, alm

    disso, precisa-se de inovao, velocidade, servio e qualidade.

    Venkatraman (1994) diz que os benefcios da tecnologia de informao sero

    marginais se houver uma sobreposio desta s condies organizacionais pr-existentes,

    como: estratgias, estruturas, processos e cultura. Ele acredita que o poder da TI, em

    qualquer empresa, reside na reestruturao dos relacionamentos nas redes de trabalho do

    negcio para alavancar um vasto arranjo de competncias que propiciaro melhores

    produtos e servios.

    Ento, a tecnologia per si no conseguir garantir a sobrevida da empresa. Ela sim

    um meio para isso, mas os processos organizacionais precisam ser revistos e adequados.

    As pessoas (funcionrios) precisam estar envolvidas neste processo e assumir uma postura

    colaborativa, compartilhando informaes e comprometendo-se com a reestruturao

    organizacional.

  • 42

    As empresas de sucesso sero aquelas que se diferenciarem pela habilidade de

    visualizar a lgica do novo mundo de negcios e alavancar a TI para criar uma estrutura

    organizacional apropriada para dar suporte a essa nova lgica (VENKATRAMAN, 1994).

    3.2.1 O enfoque de tecnologia da informao

    Alter (1999) define a tecnologia da informao como sendo os componentes de

    hardware e software envolvidos no processamento de informaes. Esse processamento

    comportaria seis funes: obteno, transmisso, armazenagem, recuperao, manipulao

    e exibio dos dados. Acrescenta, ainda, que a histria da computao no sculo XX se

    concentrou na busca de uma alta performance dessas seis funes.

    Esta grande meta, autocontida, tende a se exaurir. Tapscott e Caston (1995)

    constatam a chegada de uma nova era de negcios, onde as aplicaes de computao, a

    natureza da prpria tecnologia e a liderana no uso da tecnologia passam por profundas

    alteraes, transformando-se em componentes necessrios para a execuo de estratgias

    empresariais. A fim de consagrar esses trs novos direcionamentos, parecem crticas trs

    significativas mudanas na aplicao da TI: computao em grupo, integrada e

    interempresarial como exibido na figura 7 (3).

  • 43

    A Tecnologia Capacitadora A MudanaA Promessa

    O efeito capacitador proposto implica em reformulao plena. De fato, no uma

    simples adequao, pois engloba, alm de fatores tecnolgicos, o potencial humano e a

    cultura da empresa, fatores esses enraizados na organizao e bem complexos para serem

    articulados.

    Outro enfoque que mudou, foi o processo de desenvolvimento de sistemas

    tecnolgicos. Antes, cabia a especialistas todo o trato com os computadores, desde a

    aquisio do equipamento, controle, coordenao e gerncia da infra-estrutura

    computacional at ao desenvolvimento de sistemas. Neste novo contexto, os usurios

    desses sistemas so co-desenvolvedores do software inserindo ferramentas especficas para

    a aplicao em suas tarefas.

    A tecnologia da informao chega para conduzir a empresa a um posicionamento

    estratgico perante o mercado globalizado, mudando o perfil competitivo da empresa,

    estabelecendo interconexes com os clientes e outras empresas, assessorando na

    operacionalizao de tarefas e organizando as informaes de forma a criar um fluxo que

    Equipe de alto desempenho

    Organizao integrada

    EmpresaampliadaComputao

    interempresarial

    Sistemasintegrados

    Computao emgrupo de trabalho

    Reformulao dosrelacionamentos

    externos

    Transformaoda organizao

    Redesenhodo processoempresarial

    FiFo

    A Tecnologia Capacitadora A MudanaA Promessa

    Equipe de alto desempenho

    Organizao integrada

    EmpresaampliadaComputao

    interempresarial

    Sistemasintegrados

    Computao emgrupo de trabalho

    Reformulao dosrelacionamentos

    externos

    Transformaoda organizao

    Redesenhodo processoempresarial

    A Tecnologia Capacitadora A MudanaA Promessa

    gura 7 (2): O efeito capacitador da tecnologia da informao.nte: Tapscott e Caston, 1995.

    Equipe de alto desempenho

    Organizao integrada

    EmpresaampliadaComputao

    interempresarial

    Sistemasintegrados

    Computao emgrupo de trabalho

    Reformulao dosrelacionamentos

    externos

    Transformaoda organizao

    Redesenhodo processoempresarial

    FiFo

    gura 7 (2): O efeito capacitador da tecnologia da informao.nte: Tapscott e Caston, 1995.

    Figura 7 (3): O efeito capacitador da tecnologia da informao. Fonte: Tapscott e Caston, 1995.

  • 44

    as conduza pessoa que precisa tomar alguma deciso. O foco visvel desta trama

    organizacional materializa-se nos sistemas de informao.

    3.3 Sistemas de informao

    Para Laudon e Laudon (1999) um sistema de informao (SI) um conjunto de

    componentes inter-relacionados que coleta, manipula e dissemina dados e informao,

    proporcionando um mecanismo de retroinformao para atender a um objetivo.

    Enfaticamente, em um SI os dados so capturados e direcionados a um processo de

    transformao, no qual se aplica conhecimento pela seleo, organizao e manipulao

    desses dados. O resultado desse processo se expressa em informaes que serviro de base

    para anlises e tomada de decises.

    J Stair (2002) incorporou ao conceito e ao uso exibidos a chance de a resposta ser

    utilizada para fomentar mudanas nas entradas ou atividades de processamento. OBrien

    (2002), por sua vez, acrescenta que o SI constitudo por recursos humanos (usurios e

    especialistas em SI), software, hardware, recursos de rede (comunicao e suporte de rede)

    e dados (banco de dados e bases de conhecimento). Nesta tica, os SI so determinantes

    para a constituio de uma organizao scio-tcnica.

    Desse modo, os sistemas de informao disponibilizam informaes para a empresa

    bem como agilizam a obteno das mesmas, facilitando a interao com o ambiente.

    Assim, a tecnologia fornece a estrutura necessria, ao suporte das necessidades

    organizacionais, desenvolvendo software apropriado a essas necessidades. Esse suporte

    melhor visto em uma tipologia de sistemas largamente aceita e exibida a seguir.

  • 45

    3.3.1 Tipologia de sistemas de informao

    Como dito, vislumbram-se os sistemas de informao em organizaes em funo

    do apoio que estes emprestam s atividades operacionais e gerenciais.

    OBrien (2002) mostra esses tipos de sistemas de informao na figura 8 (3).

    A modelagem apresentada por OBrien (2002), centrada no enfoque

    organizacional, parece ser abrangente e equilibrada no foco de apoio s atividades. Em

    essncia, os tipos so:

    a) Sistemas de processamento de transaes (SPT) so suportes para as

    atividades rotineiras da organizao, tornando-as mais eficientes. Pode-se

    consider-los como o alicerce de todos os outros sistemas em especial pela

    capacidade de armazenar dados;

  • 46

    b) Sistemas de informaes gerenciais (SIG) com base nos dados do SPT,

    trabalham as informaes e as consolidam em relatrios, telas e respostas que

    ajudaro na atividade gerencial tpica;

    c) Sistemas de apoio deciso (SAD) so sistemas capazes de dar apoio direto a

    tipos especficos de decises e a estilos e necessidades particulares de cada

    decisor;

    d) Sistemas de informao executiva (SIE) desenvolvidos para satisfazer as

    necessidades de informao da alta administrao.

    Perottoni et al (2001), em reforo abordagem scio-tcnica, enfatizam a

    existncia de trs dimenses bsicas para o entendimento completo de um SI: a humana, a

    tecnolgica e a organizacional. Ento, no basta apenas a existncia de um bom e completo

    aparato tecnolgico, sem existir um alinhamento dinmico entre essas trs dimenses. A

    tecnologia precisa das pessoas para a expresso de seu potencial e precisa tambm que a

    organizao tenha um posicionamento estratgico perante o mercado que possa ser

    operacionalizado atravs das ferramentas tecnolgicas disponveis.

    3.4 Outros componentes usuais da TI

    A composio usual da TI em uma organizao enfatiza os recursos de redes e de

    dados que sero descritos a seguir, buscando delinear um perfil de suas aplicabilidades aos

    negcios.

  • 47

    3.4.1 Redes

    Distribuir informaes requisito fundamental para a estrutura informacional da

    empresa (TAPSCOTT e CASTON, 1995). Para esta funo, usar uma rede de

    computadores uma exigncia moderna. As redes propiciam o compartilhamento de

    dados, informaes e recursos, dinamizando o modelo operacional das organizaes. As

    barreiras fsicas para a gesto da informao e dos recursos de TI ficam superadas.

    Genericamente, uma rede de computadores um conjunto de dispositivos,

    softwares e meios de comunicao que conectam dois ou mais sistemas de um computador

    (STAIR, 2002). Ela pode ser utilizada para compartilhar hardware, programas e bancos de

    dados em uma organizao e seu uso permite que grupos de trabalho separados

    geograficamente compartilhem documentos e informaes promovendo uma troca de

    experincias e idias, alavancando a excelncia dos servios.

    Sendo assim, as redes so mais que um mero suporte tecnolgico, hoje, elas

    representam um conjunto de pessoas, grupos, empresas, organizaes ou mesmo

    sociedades, com interesses comuns e conhecimento/informaes relevantes (MARQUES e

    COELHO, 2001). O modo como so distribudos os computadores no espao delimitado

    pela organizao chamado convencionalmente de topologia de redes.

    As principais configuraes so exibidas a seguir, na figura 9 (3):

  • 48

    Rede Estrela

    Rede Barramento Rede Anel

    A rede anel

    estrela til para aplic

    parte possa ser execut

    de autonomia e comun

    No que concer

    como locais (Local r

    rea geogrfica de pou

    distncia (Wide rea N

    A escolha da

    confiabilidade, segura

    Figura 9 (3): Algumas topologias de redesFonte: OBrien (2002)

    considerada como mais confivel e menos dispendiosa. J a rede

    aes em que algum processamento precisa ser centralizado e outra

    ada localmente. Por fim, a rede em barramento apresenta vantagens

    icao (LAUDON e LAUDON, 1999).

    ne distncia das conexes, as redes podem ainda ser classificadas

    ea Network - LAN), quando so privadas e situadas em uma nica

    cos quilmetros, o que fortalece o conceito de intranet, e de longa

    etwork - WAN) quando abrangem uma grande rea geogrfica.

    topologia a ser usada considera diversos fatores, entre os quais:

    na, tempo de resposta e privacidade alm de servios e suporte do

  • 49

    fabricante. Estas consideraes devem ser balanceadas luz do custo, controle e

    complexidade.

    Percebe-se como uso efetivo das redes a possibilidade de disseminao do

    conhecimento e informao no contexto organizacional e a potencializao da

    comunicao (intra, inter e extra-organizacional), sendo eles o meio para a execuo dos

    sistemas que visem circulao de informaes.

    3.4.2 Banco de dados

    Banco de dados (BD) uma coleo estruturada de dados armazenada, controlada e

    acessada atravs de um computador e baseada em relacionamentos pr-definidos entre

    dados vinculados a uma situao especfica (ALTER, 1999).

    Date (2000) acrescenta a essa definio as noes fundamentais de integrao e

    compartilhamento, com garantia de acessibilidade e uso sncrono ou concorrente por

    diversos usurios.

    Um sistema de gerenciamento do banco de dados (SGBD) aquele que permite que

    os dados sejam armazenados num nico lugar, tornando-os disponveis a diversas

    aplicaes e serve de interface entre o banco de dados comum e diversos programas

    aplicativos (LAUDON e LAUDON, 1999).

    A arquitetura geral dos SGBDs exibida a seguir, demonstrando a nfase nas

    funes de eliminao de redundncia e independncia de programas.

    A figura 10 (3) expressa a existncia de diversos programas aplicativos que so

    considerados como mltiplas formas de interpretao dos dados a partir de um nico banco

    de dados. A forma como o dado apresentado ao usurio denomina-se viso lgica e a

  • 50

    forma como os dados so armazenados chama-se viso fsica, de forma que uma viso

    fsica pode suportar diversas vises lgicas (LAUDON e LAUDON, 1999; ALTER, 1999).

    Banco de dados Programas aplicativos

    Interface Usurios

    SGBD

    Programa A

    Programa B

    Programa C

    Programa D

    Grfico

    Relat.

    Exib. em tela

    Tabela

    Dados A

    Dados C

    Dados D

    Dados B

    Figura 10 (3): arquitetura de banco de dados. Baseado em: Laudon e Laudon, 1999 e Stair, 2002.

    Tais vises expressam a extenso dados necessrios organizao tal que seja

    configurado um modelo flexvel que se adeqe a requisitos futuros mantendo boa

    performance operacional.

    3.4.3 Database Marketing

    Gonalves e Gonalves Filho (1995, p. 32) defendem que h um banco de dados

    que se refere utilizao de bases de dados (informaes armazenadas em mdia

    eletrnica) e de sistemas de informao para otimizar os resultados de marketing. Este

    banco especializado o que se convenciona chamar de Database marketing (DBM) e

  • 51

    equipara-se a uma ferramenta para articular uma estratgia de vendas de acordo com o

    perfil de clientes indicado por esse processo.

    Esse movimento de captar os dados dos clientes, armazenar em uma base de dados

    e utilizar esses dados para a estratgia de marketing da empresa representado atravs do

    ciclo do database marketing conforme figura 11 (3).

    Ret

    roal

    imen

    ta

    o

    Cliente

    Coleta

    Concorrentes Fabricantes Fornecedores Pesquisas

    pblicas...

    Bases externas

    Perfis de consumidores

    Promoes Desenvolvimento de produto

    Publicidade Comunicao por perfis

    Processo de agregar, comparar e classificar

    os dados

    Aes organizacionais

    Figura 11 (3): Ciclo database marketing. Baseado em Berry et al (1994).

    O ciclo do database marketing operacionalizado em cinco etapas (BERRY et al,

    1994; GONALVES e GONALVES FILHO, 1995), com destaque para a agregao e

    consolidao de dados e indicao de perfis teis s aes organizacionais.

    Essa proposta tecnolgica, aliada a uma mudana cultural da organizao, permite

    que o empresrio defina mais detalhadamente quem so os seus clientes, com base no

  • 52

    conhecimento de suas prticas individuais e preferncias, e o que deve ser feito para

    assegurar a lealdade desses para com a empresa.

    Zenone (2001) defende que, por si s, o database marketing no trar benefcios

    para a empresa. Para isso, dever ocorrer uma mudana na cultura da organizao e a

    integrao do banco de dados estratgia de marketing, que ser configurada para captar

    dados relevantes e ntegros sobre os clientes, estabelecer a fidelidade, incentivar a

    freqncia de compras, envolver os representantes e a equipe de vendas no processo de

    promover servios centrados no cliente.

    Desai et al (2001) acrescentam que o DBM um capacitador por permitir a

    aquisio, armazenagem e uso de informaes crticas para o marketing de forma efetiva.

    Mas necessrio que a empresa adote uma orientao para o marketing e para a

    informao para que se possa garantir o potencial prometido.

    O que os autores citados defendem que o DBM fornece o suporte tecnolgico,

    mas a organizao precisa desenvolver uma estratgia e um comportamento condizente

    com a proposta de diferenciar os clientes e atend-los de acordo com o perfil identificado.

    A tecnologia dar a empresa uma capacidade maior de percepo (FIELD, 1996), cabendo

    a ela a ao mercadolgica fundamentada na base de conhecimento desenvolvida.

    3.4.4 Data Warehouse

    A armazenagem dos dados em banco de dados tradicional comeou a no suprir as

    necessidades organizacionais dado ao aumento na quantidade de dados e necessidade de

    uma anlise desses com um maior grau de complexidade.

    Paralelamente, o processo decisrio tambm passou por modificaes devido

    mudana no cenrio organizacional, exigindo decises rpidas e fundamentadas. Ento se

  • 53

    tornou mister precaver-se com registros histricos acumulados e integrados em toda a

    organizao, a fim de prover o fundamento necessrio para a tomada de decises: a

    informao tratada.

    A tecnologia, em resposta ao dito cenrio, desenvolveu a estrutura de data

    warehouse (DW), que nasceu da idia de criar um grande armazm onde os dados estariam

    organizados de forma que o acesso, a anlise e a gesto desses se procedesse de forma

    efetiva e dinmica.

    Conforme Elmasri e Navathe (1999), o DW supre a organizao, atravs de uma

    complexa anlise dos dados, gerao e descoberta de conhecimento e apoio tomada de

    deciso, caractersticas obtidas pelo desenvolvimento preciso de um artefato

    computacional capaz de realizar uma eficiente extrao de dados, processamento e

    apresentao para propostas analticas e de deciso.

    Stair (2002) acrescenta que a tecnologia de data warehouse trata de um sistema de

    gerenciamento de banco de dados relacional projetado para dar suporte ao processo

    decisrio, coordenando o fluxo de informao dos atuais bancos de dados corporativos e de

    fontes externas, para a aplicao em suporte deciso que atenda aos usurios finais.

    Nessa direo, Laudon e Laudon (1999 e 2000) enfatizam a capacidade desse banco

    de dados para processamento das principais transaes da organizao, quando

    informaes so reorganizadas e combinadas com outras informaes de modo que possam

    ser utilizadas para a tomada de decises gerenciais. Tal estratgia listada na figura 12 (3).

  • 54

    Extrao, limpeza e transformao

    dos dados

    Data Warehouse

    (DW)

    Consulta e relatrios OLAP Datamining

    Diretrio de informaes

    Dados Externos

    Dados Operacionais

    (Transacionais)

    Fontes externas de

    dados

    Fontes internas de

    dados Dados

    Histricos Acesso e anlise

    dos dados

    Figura 12 (3): Data Warehouse. Fonte: adaptada de Laudon e Laudon (2000).

    O DW utiliza dados referentes s transaes rotineiras da organizao (compras,

    vendas, atendimento a clientes pelo telemarketing e outros), dados histricos da empresa e

    dados externos adquiridos atravs de bancos de dados externos empresa (geralmente

    acessveis on-line atravs da internet). Esses dados so examinados e extrados para serem

    adequados ao modelo de dados configurado para uso pelo DW. Isso corresponde a um

    processo de limpeza e transformao dos dados. Nessa fase, os dados so classificados,

    editados, padronizados e integrados. Em seguida so disponibilizados para anlise atravs

    de ferramentas de consultas, relatrios, e tcnicas de anlise on line (OLAP) e aes de

    datamining.

    Para dispor dessas facilidades oferecidas pela tecnologia em debate, caber

    empresa tomar certas precaues. Dever existir uma combinao compatvel de servios

    que no comprometa a produtividade do trabalho e existir um alinhamento entre a

    estratgia do negcio e a tecnologia (VILAROUCA JNIOR, 2000).

    Em adio, para o pleno funcionamento do data warehouse so necessrias boas

    ferramentas de explorao, como o datamining, que possibilitam empresa a definio de

    estratgias e direcionamento do negcio.

  • 55

    3.4.5 Datamining

    Datamining (DM) uma tcnica que surge com a funo principal de extrair e

    analisar os dados armazenados em um banco de dados ou mesmo em um DW. As anlises

    se realizam com a funo de gerar conhecimento e so configuradas atravs de modelos

    preditivos e padres, o que torna a consulta mais independente.

    Swift (2001, p.107) define DM como sendo um processo de anlise detalhada de

    dados, para extrair e apresentar informaes recentes, implcitas e que possam ser

    utilizadas para resolver um problema de negcios. Ainda acrescenta que um processo

    que abrange uma srie de etapas inter-relacionadas viabilizando a extrao de dados,

    definindo-se como um esforo analtico na busca por informaes ocultas.

    Para Elsmasri e Navathe (1999), datamining se refere minerao ou descoberta de

    novas informaes, em termos de padres ou regras, a partir de uma grande quantidade de

    dados. O DM ajuda na extrao de novos padres de significados que no poderiam ser

    acessados atravs das consultas tradicionais.

    Almeida et al (2002) acrescentam s definies anteriores a noo de regras de

    produo latentes e potencialmente teis sobre o comportamento dos clientes a partir de

    grande base de dados organizacionais. O objetivo criar modelos que auxiliem no

    processo decisrio por permitir a previso do comportamento futuro do cliente baseado em

    atividades passadas.

    Assim, o datamining se posiciona em um processo dinmico e evolutivo em busca

    de conhecimento a partir da extrao de dados. Modelos, ditos preditivos, so

    estabelecidos com forte suporte da estatstica com a finalidade de prever padres. Esse

    processo comentado por vrios autores visando expressar as etapas que ocorrem no uso

    dessa ferramenta, enfatizando o processo ciclo e dinmico do DM, conforme exibido na

    figura 13 (3).

  • 56

    Baseado em Fayyad et al

    Sinalizam-se como ino

    modelos. Na fase de transform

    a tratamentos estatsticos, q

    significado especfico. O resu

    modelos de DM, quando estes

    modelos alternativos so exp

    problema proposto. A aplica

    determinam o ciclo de DM

    processo.

    A diferena significativ

    modo de explorar as inter-r

    dispem de um mtodo basea

    inter-relaes especficas e e

    sistemtica se torna depende

    hipteses consistentes, na man

    da anlise com base nos resul

    Figura 13 (3): Ciclo do datamining. (1996), Almeida et al (2002), Edelstein (2002), e OBrien 2002).

    vaes as etapas de transformao de dados e concepo de

    ao de dados em resultados discutveis, estes so expostos

    ue os transformam em variveis mensurveis com um

    ltado desta transformao auxilia na concepo e uso dos

    modelos so concebidos atravs de um processo interativo,

    lorados e validados para se achar aquele que resolver o

    o do modelo e a interpretao e anlise dos resultados

    , dando seqncia ao desenvolvimento evolutivo desse

    a entre o datamining e outras ferramentas de anlise est no

    elaes entre os dados. As usuais ferramentas de anlise

    do na verificao, onde o usurio estabelece hipteses sobre

    m seguida procede a uma anlise crtica das mesmas. Tal

    nte da intuio e habilidade do analista na proposio de

    ipulao da complexidade do espao e atributos, e no refino

    tados de consultas ao banco de dados. J o datamining pode

  • 57

    gerar hipteses automaticamente, o que muda drasticamente a relao de descoberta

    (MIRANDA e CAZARINI, 2002).

    O uso do datamining tem se expandido nas organizaes abrangendo um nmero de

    reas crescente. Dentre os exemplos de aplicaes de negcios que podem se beneficiar da

    minerao de dados se destacam os seguintes (SWIFT, 2001):

    a) uso de modelos preditivos para marketing dirigido a aes de reteno de

    clientes pela identificao das suas necessidades;

    b) anlise de afinidade, identificando afinidades de compra de produtos (produtos

    comprados na mesma transao);

    c) identificao prvia de clientes que apresentam propenso a deixar de se

    relacionar com a empresa, bem como aqueles que esto propensos a aplicar

    fraudes.

    Tentar-se-o explorar os indcios destas trs frentes nesta investigao.

    3.5 Gesto de relacionamento com o cliente

    O sistema de gesto do relacionamento com o cliente (CRM) resultado da

    integrao entre o marketing de relacionamento e a tecnologia da informao para prover a

    empresa de meios mais eficazes e integrados para atender, reconhecer e cuidar do cliente

    em tempo real, transformando dados em informao que seja distribuda por toda

    organizao, permitindo que o cliente seja conhecido e cuidado por todos (BRETZKE,

    2000).

    O CRM traz empresa o conceito de uma estrutura centrada no cliente em busca de

    interaes colaborativas e formativas de um relacionamento, onde as duas partes, o cliente

    e a empresa, sero beneficiadas. Os clientes pelo fato de serem reconhecidos pela empresa

  • 58

    e terem as suas necessidades identificadas e satisfeitas. A empresa se beneficia por ter uma

    estratgia fundamentada, o que acarretar um direcionamento de esforos para clientes

    especficos, tornando o esforo de marketing eficiente e aumentando a lucratividade.

    Swift (2001, p.12) define o CRM sob um enfoque funcionalista quando o

    caracteriza como uma abordagem empresarial destinada a entender e influenciar o

    comportamento dos clientes, por meio de comunicaes significativas para melhorar as

    compras, a reteno, a lealdade e a lucratividade deles.

    J Lopes (2001) afirma que CRM uma estratgia que envolve tecnologia da

    informao, processos de negcios e atitude empresarial que somam foras para gerar um

    diferencial competitivo por meio do relacionamento com clientes.

    O CRM se vale da tecnologia da informao que lhe serve como meio para

    implementar as estratgias vislumbradas e potencializar o uso das informaes. Abarca

    processos de negcio, por se apresentar como um evento dinmico que envolve a

    organizao por completo em todas as suas atividades e envolve atitude empresarial,

    porque CRM no significa apenas uma soluo tecnolgica, j que se recomenda um

    envolvimento completo por parte da liderana da organizao, a fim de incentivar os

    funcionrios a aderirem nova viso e nova estratgia do negcio.

    Ento, no apenas um plano de marketing. a proposta de mudana no foco da

    empresa, que passa de foco no produto para foco no cliente, a partir do envolvimento de

    todos os colaboradores, setores e integrao dos dados de clientes, a fim de desenvolver

    um relacionamento duradouro e de aprendizagem contnua, na busca por um alinhamento

    estratgico das informaes com a tecnologia utilizada.

  • 59

    3.5.1 Vises e impactos do CRM

    As empresas que aderem estratgia do CRM visam a uma maior participao no

    relacionamento com o cliente, em vez da tradicional busca pela participao no mercado.

    O cliente o alvo das organizaes, uma pessoa que tem desejos e necessidades que

    precisam ser satisfeitos.

    O relacionamento com o cliente se inicia a partir de uma interao desse com a

    empresa. A partir desse momento um canal de comunicao aberto, cabendo empresa

    gerenciar essa situao, e efetuar contnuas e perspicazes anlises e refinamento dos dados

    obtidos em todos os contatos. A proposta que mimetiza esta viso exibida na figura 14

    (3).

    ANLISE

    SERVIOS

    MARKETING

    VENDAS

    GERAO DE NOVOS NEGCIOS

    Ao

    Aprendizado Descoberta

    do conhecimento

    Diretrio de informaes

    Planejamento de

    mercado

    Interao com os clientes

    Figura 14 (3): Processo de gerenciamento da interao entre a empresa e o cliente.

    Baseado em: Swift, 2001; Xavier, 2003.

    Destaca-se, aqui, o uso de um ciclo que contempla todo o percurso do

    relacionamento do cliente com a empresa, iniciando-se pelo marketing, que engloba

    pesquisa de mercado, planejamento, controle e avaliao de campanhas, venda, servios,

    gerao de novos negcios, anlise estratgica dos processos anteriores e retorno a novas

  • 60

    campanhas de marketing. Esse ciclo deve ser contnuo e dinmico transportando a

    empresa, a cada ciclo completo, a um nvel superior de qualidade, flexibilidade,

    produtividade e competitividade (XAVIER, 2003). Os ciclos tambm propiciaro o

    aprendizado contnuo com a construo de conhecimento a respeito dos clientes, para

    atingir objetivos e obter mais lucratividade em longo prazo.

    As empresas se enganam ao potencializar o CRM como a soluo de todos os seus

    problemas ou ao reduzi-lo a um aparato tecnolgico que integra os dados dos clientes. A

    estratgia apropriada requer uma mobilizao envolvendo a organizao por completo e

    tendo a tecnologia como aliada para esse feito, mas requer tambm mudana de foco,

    envolvendo, segundo Anton (1995), trs vrtices da organizao: pessoas, processos e

    tecnologia.

    De incio, seria um trabalho mais estratgico orientado a processos e prpria

    organizao em si. Aps uma adequao estratgica, implanta-se o CRM. Aps a

    implantao, deve-se estabelecer um programa de mensurao dos resultados para que a

    performance, em nvel qualitativo e quantitativo, do programa possa ser acompanhada por

    toda a organizao (PEPPERS e ROGERS, 2000). Nota-se que um processo corporativo

    e no departamental, que deve envolver e comprometer toda a organizao, inclusive os

    altos executivos, pois esto sendo mudados suaves, mas drasticamente, processos,

    tecnologias, estruturas e filosofia empresarial (MANZIONE JNIOR, 2001).

    2.5.2 Barreiras ao CRM

    Uma das principais barreiras erguidas ao CRM a falta de comprometimento da

    alta direo da empresa, que no se envolve no processo de planejamento e implantao,

  • 61

    dificultando a mudana da cultura para um posicionamento voltado ao cliente (PEPERS e

    ROGERS, 2000).

    Outra barreira seria a falha na comunicao durante o processo de implantao.

    Costumeiramente, as razes da mudana no so claramente comunicadas ou as alteraes

    nos processos de trabalho so efetivadas sem o pleno conhecimento dos funcionrios

    afetados.

    O fato de ter que lidar com a mudana complexo quando se analisa ao nvel de

    pessoas. O ser humano tem medo do desconhecido e de falhar em situaes novas,

    preferindo permanecer na situao atual, da qual j tem um certo controle, assumindo uma

    postura defensiva