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MANUAL DE FONÉTICA ACÚSTICA EXPERIMENTAL APLICAÇÕES A DADOS DO PORTUGUÊS PLÍNIO A. BARBOSA | SANDRA MADUREIRA

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PLÍNIO A. BARBOSA

é doutor na área da fala

pelo INP de Grenoble,

França, e mestre em

Engenharia Eletrônica

pelo ITA. É livre-docente em Fonética e Fo-

nologia e professor do departamento de

Linguística do IEL, UNICAMP. Sua área de

atuação é a Fonética Experimental, com

ênfase em prosódia. É membro do con-

selho da International Phonetic Association,

do corpo editorial de Phonetica, DELTA,

IJST (Springer).

SANDRA MADUREIRA

é doutora em Linguística

Aplicada pela PUC-SP,

com estágio de pós-

-doutorado no LAFAPE-

-IEL-UNICAMP. Na PUC-SP é professora

titular do Departamento de Linguística,

docente e vice-coordenadora do PEPG

em Estudos da Linguagem e pesquisadora

do Laboratório Integrado de Análise Acús-

tica (LIAAC). É líder do Grupo de Estudos

sobre a Fala e editora da Revista Inter-

câmbio da PUC-SP e do Journal of Speech

Sciences da LBASS. Desenvolve pesquisa

em Fonética Experimental.

MANUAL DE FONÉTICA ACÚSTICA EXPERIMENTALAPLICAÇÕES A DADOS DO PORTUGUÊS

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PLÍNIO A. BARBOSA | SANDRA MADUREIRA

BARB

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| M

ADUR

EIRA Finalmente dispomos de um com-

pêndio completo, atual, ilustrativo e

esclarecedor que aproveitará a todos

os interessados em fonética.

J. Veloso, Universidade do Porto

O livro apresenta um teor técnico

raramente visto em livro introdutó-

rio, com ensino da análise acústica

apoiado em exercícios que será útil

em qualquer aula de Fonética.

P. Bertinetto, Scuola Normale Superiore, Pisa

A conhecida trajetória de pesquisa dos

autores e sua vocação para o ensino

fazem desta obra um manual-modelo

para se chegar a uma compreensão

sistemática e rigorosa dos conceitos,

métodos e ferramentas da fonética

acústica.

J. Llisterri, Universitat Autònoma de Barcelona

Este livro combina teoria e estudo

de casos práticos úteis para alunos,

professores e pesquisadores que tra-

balham com a fala. Notas nas margens

explicam como fazer as análises com

software apropriado.

P. Boula de Mareüil, LIMSI, Paris

Este Manual de Fonética Acústica Experimental destina-se a alunos de Graduação e Pós-Graduação de diversas áreas, entre elas Fonologia, Engenharia de Comunicações, Música, Física Acústica, Fonoau-diologia, entre outras. Partindo de uma apresentação dos aspectos teóricos e metodológicos da Fonética Acústica, que inclui um capítulo sobre metodologia experimental, passa a apresentar todas as classes de sons da fala a partir de análise acústica detalhada. De forma inédita, essa análise é ensinada passo a passo indicando o “como se faz” com o software mais usa-do pela comunidade internacional, o Praat. Os sons, disponíveis no site do livro, são todos exemplificados com dados tanto do português europeu quanto do por-tuguês brasileiro, de forma a atender mais diretamen-te às duas comunidades, embora os procedimentos sejam aplicáveis a qualquer língua. Vários exercícios propostos ao final de cada capítulo permitem ao pro-fessor avaliar o aprendizado do aluno.

ISBN 978-85-249-2421-7

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Sumário

Apresentação ......................................................................................... 23

Antífona ................................................................................................. 27

PARTE I

Aspectos teóricos e metodológicos em Fonética Acústica

Capítulo 1. Elementos de produção da fala ........................................ 35

1.1 O subsistema respiratório ........................................................ 36

1.2 O subsistema laríngeo ............................................................. 38

1.2.1 Modos de vibração das pregas vocais ........................ 42

1.3 O subsistema supralaríngeo .................................................... 45

1.4 A coarticulação por coprodução ............................................. 48

1.5 Para saber mais ........................................................................ 49

1.6 Questões propostas .................................................................. 50

1.6.1 Pontos para refl exão .................................................... 50

1.6.2 Recordando os conhecimentos da articulação ............ 51

1.6.3 Questões experimentais .............................................. 51

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Capítulo 2. Som e onda sonora ........................................................... 532.1 A onda sonora .......................................................................... 542.2 Tipos de onda sonora .............................................................. 56

2.2.1 Onda periódica simples ............................................... 562.2.1.1 Amplitude e intensidade de uma onda

periódica simples ......................................... 572.2.1.2 Frequência e comprimento de onda de

uma onda periódica simples ........................ 592.2.1.3 Fase de uma onda periódica simples .......... 60

2.2.2 Onda periódica complexa ........................................... 602.2.2.1 Representação espectral ou espectro de

uma onda sonora.......................................... 662.2.3 Onda aperiódica .......................................................... 68

2.3 A duração de uma onda sonora ............................................... 692.4 A ressonância ........................................................................... 702.5 Para saber mais ........................................................................ 732.6 Atividades propostas ............................................................... 73

2.6.1 Pontos para reflexão .................................................... 732.6.2 Atividades preparatórias ............................................. 742.6.3 Examinando características de onda glotal artificial .. 75

2.6.3.1 Finalidade .................................................... 752.6.3.2 Material ........................................................ 752.6.3.3 Procedimentos e questões............................ 75

Capítulo 3. Teoria Acústica de produção da fala ............................... 773.1 A fonte ..................................................................................... 773.2 O filtro ..................................................................................... 823.3 Teoria Acústica aplicada às vogais ......................................... 86

3.3.1 A vogal neutra ou shwa .............................................. 873.3.2 Vogais não altas não arredondadas ............................. 953.3.3 Vogais altas não arredondadas .................................... 993.3.4 Espaço acústico de vogais orais ................................. 103

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3.4 Teoria Acústica aplicada às consoantes .................................. 1053.4.1 Os antiformantes ......................................................... 1063.4.2 Teoria da Perturbação ................................................. 1063.4.3 Modelo de tubo acústico para fricativas..................... 1113.4.4 Modelo de tubo acústico para oclusivas..................... 1153.4.5 Modelo de tubo acústico para nasais .......................... 1183.4.6 Modelo de tubo acústico para laterais ........................ 122

3.5 Para saber mais ........................................................................ 1243.6 Questões propostas .................................................................. 125

3.6.1 Pontos para reflexão .................................................... 1253.6.2 Questões iniciais ......................................................... 1263.6.3 Questões experimentais .............................................. 127

Capítulo 4. Técnicas de análise acústica ............................................ 1294.1 Instrumentos de gravação e reprodução da fala ..................... 1294.2 Digitalização do sinal de fala .................................................. 134

4.2.1 Conversão temporal .................................................... 1344.2.2 Conversão de amplitude ............................................. 139

4.3 Análise espectral ..................................................................... 1404.3.1 Espectrografia .............................................................. 1404.3.2 Análise de Fourier....................................................... 1464.3.3 Análise LPC ................................................................ 1544.3.4 Análise cepstral ........................................................... 162

4.4 Segmentação fonética .............................................................. 1674.4.1 A segmentação de oclusivas ....................................... 1734.4.2 A segmentação de fricativas ....................................... 1764.4.3 A segmentação de africadas ........................................ 1764.4.4 A segmentação de nasais ............................................ 1774.4.5 A segmentação de laterais .......................................... 1784.4.6 A segmentação de vibrantes e taps............................. 1784.4.7 A segmentação de aproximantes ................................ 180

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4.4.8 A segmentação de vocoides ........................................ 1804.4.9 A segmentação de unidades maiores que o fone ....... 182

4.5 Análise de intensidade ............................................................ 1834.5.1 Ênfase espectral .......................................................... 184

4.6 Para saber mais ........................................................................ 1864.7 Atividades propostas ............................................................... 187

4.7.1 Avaliando o efeito da digitalização em diferentes taxas de amostragem ................................................... 1874.7.1.1 Finalidade .................................................... 1874.7.1.2 Material ........................................................ 1874.7.1.3 Procedimentos e questões............................ 187

4.7.2 Avaliando o efeito da extensão da janela temporal para o espectrograma .................................................. 1884.7.2.1 Finalidade .................................................... 1884.7.2.2 Material ........................................................ 1884.7.2.3 Procedimentos e questões............................ 189

4.7.3 Avaliando o efeito da extensão da janela temporal para o espectro de Fourier .......................................... 1894.7.3.1 Finalidade .................................................... 1894.7.3.2 Material ........................................................ 1894.7.3.3 Procedimentos e questões............................ 190

4.7.4 Aprendendo a ajustar os parâmetros da análise LPC.... 1904.7.4.1 Finalidade .................................................... 1904.7.4.2 Material ........................................................ 1904.7.4.3 Procedimentos e questões............................ 191

4.7.5 Aprendendo a fazer uma análise cepstral ................... 1914.7.5.1 Finalidade .................................................... 1914.7.5.2 Material ........................................................ 1924.7.5.3 Procedimentos e questões............................ 192

4.7.6 Praticando a segmentação fonética ............................. 1934.7.6.1 Finalidade .................................................... 193

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4.7.6.2 Material ........................................................ 1934.7.6.3 Procedimentos e questões............................ 193

Capítulo 5. Experimentação em Fonética Acústica ............................ 1965.1 Prosódia ................................................................................... 197

5.1.1 Etapas experimentais na pesquisa prosódica .............. 2025.1.2 Variáveis experimentais .............................................. 2045.1.3 Correlatos acústicos de acento, proeminência

e fronteiras prosódicas ................................................ 2055.1.4 Análise duracional ...................................................... 2095.1.5 Análise entoacional ..................................................... 213

5.2 Montagem de corpora para análise da fala ............................ 2145.3 Montando um desenho experimental ...................................... 2185.4 Para saber mais ........................................................................ 224

5.4.1 A investigação de correlatos acústicos da percepção do acento em português .............................................. 224

5.4.2 Investigação sobre a percepção das vogais em português por falantes do espanhol ............................ 225

5.4.3 A investigação da produção e percepção de consoantes plosivas do português brasileiro por um deficiente auditivo................................................. 226

5.4.4 Investigação sobre expressividade de fala ................. 2265.4.5 Um experimento envolvendo análise de padrões

rítmicos ........................................................................ 2285.4.6 Análise de ajustes de qualidade de voz ...................... 2285.4.7 Análise de mudanças na expressividade da fala ........ 230

5.5 Questões propostas .................................................................. 2305.5.1 Questões iniciais ......................................................... 2305.5.2 Elaborando desenhos de pesquisa experimental em

Fonética Acústica ........................................................ 2315.5.2.1 Finalidade .................................................... 2315.5.2.2 Material ........................................................ 2315.5.2.3 Procedimentos e questões............................ 231

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PARTE II

Descriçãodesegmentosfônicosdoportuguês

Capítulo 6. Vogais e ditongos orais .................................................... 2356.1 Características básicas da produção das vogais e dos ditongos

orais do português ................................................................... 2356.2 Descrição de vogais e ditongos orais do português ............... 237

6.2.1 Descrição acústica de vogais orais do português ....... 2396.2.1.1 Descrição acústica de vogais orais tônicas

do português ................................................ 2396.2.1.2 Descrição acústica de vogais orais átonas

do português ................................................ 2606.2.2 Descrição acústica de ditongos orais do português.... 2716.2.3 Variação acústica condicionada à mudança na taxa

de elocução.................................................................. 2866.2.3.1 Variação duracional ..................................... 2896.2.3.2 Variação espectral ........................................ 2916.2.3.3 Sândi vocálico por elisão e ditongação ....... 2946.2.3.4 Ensurdecimento de vogal ............................ 296

6.2.4 Variação acústica condicionada ao acento e ao contexto fônico............................................................ 297

6.3 Para saber mais ........................................................................ 3026.3.1 A normalização de dados de frequência de formantes

pelo método de Lobanov ............................................ 3026.3.2 Análise acústica de vogais tônicas do português

brasileiro e europeu ..................................................... 3036.4 Exercícios propostos ............................................................... 308

6.4.1 Medição de frequências de formantes de vogais orais 3086.4.1.1 Finalidade .................................................... 3086.4.1.2 Material ........................................................ 3096.4.1.3 Procedimentos e questões............................ 309

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6.4.2 Medição de formantes de vogais orais ....................... 3096.4.2.1 Finalidade .................................................... 3096.4.2.2 Material ........................................................ 3096.4.2.3 Procedimentos e questões............................ 310

6.4.3 Variação na realização de núcleos silábicos ............... 3106.4.3.1 Finalidade .................................................... 3106.4.3.2 Material ........................................................ 3106.4.3.3 Procedimentos e questões............................ 310

6.4.4 Epêntese de semivogal ................................................ 3116.4.4.1 Finalidade .................................................... 3116.4.4.2 Material ........................................................ 3116.4.4.3 Procedimentos e questões............................ 311

6.4.5 Epêntese de vogal: vogal intrusiva ............................. 3126.4.5.1 Finalidade .................................................... 3126.4.5.2 Material ........................................................ 3126.4.5.3 Procedimentos e questões............................ 313

Capítulo 7. Oclusivas e africadas ....................................................... 3147.1 Características básicas da produção de oclusivas e africadas 3147.2 Descrição de oclusivas e africadas do português ................... 318

7.2.1 Descrição acústica de oclusivas e africadas do português ..................................................................... 3207.2.1.1 Diferenças na configuração formântica da

vogal devido às oclusivas e africadas ......... 3227.2.1.2 Diferenças no espectro do ruído de

explosão ....................................................... 3307.2.1.3 Diferenças duracionais das oclusivas

e africadas: duração total e VOT ................ 3397.2.2 Variação acústica condicionada à mudança na taxa

de elocução.................................................................. 3497.2.3 Variação acústica condicionada ao contexto fônico,

ao acento, aos dialetos e ao sexo ................................ 3577.2.3.1 Do contexto fônico ...................................... 357

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7.2.3.2 Da variação interdialetal.............................. 3617.2.3.3 Das diferenças condicionadas ao sexo ........ 3647.2.3.4 Diferenças com relação à prosódia lexical ... 365

7.3 Para saber mais ........................................................................ 3687.3.1 A relevância do início de F1 e F0 no contraste de

vozeamento ................................................................. 3687.3.2 O VOT em falantes brasileiros do inglês ................... 3707.3.3 O VOT do PB na deficiência auditiva ........................ 3717.3.4 O VOT no PE em duas crianças da 3ª série............... 372

7.4 Exercícios propostos ............................................................... 3737.4.1 Enfraquecimento articulatório .................................... 374

7.4.1.1 Finalidade .................................................... 3747.4.1.2 Material ........................................................ 3747.4.1.3 Procedimentos e questões............................ 374

7.4.2 Resistência à coarticulação ......................................... 3757.4.2.1 Finalidade .................................................... 3757.4.2.2 Material ........................................................ 3757.4.2.3 Procedimentos e questões............................ 375

7.4.3 Grau de africação entre falantes ................................. 3767.4.3.1 Finalidade .................................................... 3767.4.3.2 Material ........................................................ 3767.4.3.3 Procedimentos e questões............................ 377

7.4.4 Voice Onset Time: produções em língua materna e língua estrangeira ..................................................... 3777.4.4.1 Finalidade .................................................... 3777.4.4.2 Material ........................................................ 3787.4.4.3 Procedimentos e questões............................ 378

7.4.5 Voice Onset Time: pontos de articulação e posição acentual ....................................................................... 3797.4.5.1 Finalidade .................................................... 3797.4.5.2 Material ........................................................ 3797.4.5.3 Procedimentos e questões............................ 379

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7.4.6 Africadas e oclusivas .................................................. 3807.4.6.1 Finalidade .................................................... 3807.4.6.2 Material ........................................................ 3807.4.6.3 Procedimentos e questões............................ 380

Capítulo 8. Fricativas .......................................................................... 3818.1 Características básicas da produção de fricativas ................... 3818.2 Descrição de fricativas do português ...................................... 384

8.2.1 Descrição acústica de fricativas do português ........... 3858.2.1.1 Diferenças na configuração formântica da

vogal devido às fricativas ............................ 3878.2.1.2 Diferenças no ruído de fricção: energia

por faixa espectral e energia total ............... 3958.2.1.3 Diferenças duracionais das fricativas .......... 406

8.2.2 Variação acústica condicionada à mudança na taxa de elocução.................................................................. 409

8.2.3 Variação acústica condicionada ao contexto fônico, ao acento, aos dialetos e ao sexo ................................ 4168.2.3.1 Do contexto fônico e da variação

interdialetal .................................................. 4168.2.3.2 Das diferenças condicionadas ao sexo ........ 4318.2.3.3 Da fricatização de oclusivas no PE.. ........... 433

8.3 Para saber mais...................... .................................................. . 4368.3.1 Descritores estatísticos e diferença de energia entre

bandas para a caracterização de fricativas ................. 4368.3.2 Caracterização de fricativas em crianças no PB ........ 4368.3.3 Diferenciação espectral de sibilantes no PE

setentrional .................................................................. 4378.4 Exercícios propostos ............................................................... 437

8.4.1 Examinando a coarticulação antecipatória vogal a fricativa .................................................................... 4378.4.1.1 Finalidade .................................................... 437

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8.4.1.2 Material ........................................................ 4388.4.1.3 Procedimentos e questões............................ 438

8.4.2 Examinando diferenças coarticulatórias entre duas fricativas ...................................................................... 4398.4.2.1 Finalidade .................................................... 4398.4.2.2 Material ........................................................ 4398.4.2.3 Procedimentos e questões............................ 440

8.4.3 Examinando diferenças acústicas por conta de graus de proeminência distintos ........................................... 4418.4.3.1 Finalidade .................................................... 4418.4.3.2 Material ........................................................ 4418.4.3.3 Procedimentos e questões............................ 441

8.4.4 Fricativas e coarticulação com vogais ........................ 4428.4.4.1 Finalidade .................................................... 4428.4.4.2 Material ........................................................ 4438.4.4.3 Procedimentos e questões............................ 443

8.4.5 Características do espectro do ruído das fricativas .... 4448.4.5.1 Finalidade .................................................... 4448.4.5.2 Material ........................................................ 4448.4.5.3 Procedimentos e questões............................ 444

8.4.6 Fricativas, redução vocálica e gradiência ................... 4458.4.6.1 Finalidade .................................................... 4458.4.6.2 Material ........................................................ 4458.4.6.3 Procedimentos e questões............................ 445

Capítulo 9. Nasais, laterais, vogais e ditongos nasalizados ............... 4479.1 Características básicas da produção de sons nasais,

nasalizados e laterais ............................................................... 4479.2 Descrição da nasalização e lateralidade no português ........... 450

9.2.1 Descrição acústica das nasais e laterais do português 4529.2.1.1 Consoantes nasais ........................................ 4529.2.1.2 Consoantes laterais ...................................... 455

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9.2.1.3 Caracterização espectral de nasais .............. 4609.2.1.4 Caracterização espectral de laterais ............ 4689.2.1.5 Diferenças duracionais de consoantes nasais

e laterais no português ................................. 4729.2.2 Descrição acústica de vogais e ditongos nasalizados 474

9.2.2.1 Caracterização da configuração formântica e de duração das fases de produção de vogais nasalizadas ....................................... 476

9.2.2.2 Caracterização da configuração formântica e de duração das fases de produção de ditongos nasalizados .................................... 493

9.2.2.3 Diferenças de duração total em vogais e ditongos nasalizados no português ........... 505

9.2.3 Variação acústica condicionada à mudança na taxa de elocução.................................................................. 508

9.2.4 Variação acústica condicionada ao contexto fônico, acento lexical e à natureza dos segmentos ................. 5179.2.4.1 Do contexto fônico e do acento, considerando

as variedades brasileira e portuguesa ............. 5179.2.4.2 Da natureza dos segmentos: alveolar nasal

versus lateral ................................................ 5249.3 Para saber mais ........................................................................ 526

9.3.1 Da velarização da lateral em português europeu ....... 5269.3.2 Da coordenação gestual do véu palatino com os gestos

orais no português ....................................................... 5279.3.3 Nasalização contextualmente condicionada no PB .... 529

9.4 Exercícios propostos ............................................................... 5309.4.1 Efeito de tonicidade sobre vogal nasalizada

e consoante nasal ........................................................ 5309.4.1.1 Finalidade .................................................... 5309.4.1.2 Material ........................................................ 5319.4.1.3 Procedimentos e questões............................ 531

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9.4.2 Medidas de frequências de formantes suplementares 5329.4.2.1 Finalidade .................................................... 5329.4.2.2 Material ........................................................ 5329.4.2.3 Procedimentos e questões............................ 532

9.4.3 Nasalização em vogais e ditongos e consoantes nasais 5329.4.3.1 Finalidade .................................................... 5329.4.3.2 Material ........................................................ 5339.4.3.3 Procedimentos e questões............................ 533

9.4.4 Consoantes e ditongos em final de palavra ................ 5349.4.4.1 Finalidade .................................................... 5349.4.4.2 Material ........................................................ 5349.4.4.3 Procedimentos e questões............................ 534

Capítulo 10. Sons “R” ........................................................................... 53510.1 Características básicas da produção dos sons “R” ou róticos 53510.2 Descrição dos sons “R” no português .................................... 536

10.2.1 Descrição acústica dos sons “R” do português .......... 53810.2.1.1 Diferenças acústicas de róticos em posição

intervocálica ................................................. 53810.2.1.2 Diferenças acústicas de róticos em posição

inicial de ataque complexo .......................... 54110.2.1.3 Diferenças acústicas de róticos em posição

de coda ......................................................... 54410.2.1.4 Diferenças duracionais dos róticos ............. 549

10.2.2 Variação acústica condicionada à mudança na taxa de elocução.................................................................. 550

10.2.3 Variação acústica condicionada ao contexto fônico, ao acento e à posição silábica (o caso do R caipira) ... 55310.2.3.1 Do contexto fônico ...................................... 55410.2.3.2 Do efeito de variação da saliência .............. 55610.2.3.3 Da variação na posição silábica: o caso

do R caipira ................................................. 561

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10.3 Para saber mais ........................................................................ 56710.4 Exercícios propostos ............................................................... 568

10.4.1 O “R” caipira do interior paulista............................... 56810.4.1.1 Finalidade .................................................... 56810.4.1.2 Material ........................................................ 56810.4.1.3 Procedimentos e questões............................ 569

10.4.2 O “r” posterior de falante português .......................... 56910.4.2.1 Finalidade .................................................... 56910.4.2.2 Material ........................................................ 57010.4.2.3 Procedimentos e questões............................ 570

10.4.3 Variabilidade dos sons róticos .................................... 57110.4.3.1 Finalidade .................................................... 57110.4.3.2 Material ........................................................ 57110.4.3.3 Procedimentos e questões............................ 571

10.4.4 Características acústicas de róticos ............................ 57210.4.4.1 Finalidade .................................................... 57210.4.4.2 Material ........................................................ 57210.4.4.3 Procedimentos e questões............................ 572

Referências ............................................................................................. 573

Índice Remissivo .................................................................................... 587

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Parte I

Aspectos teóricos e metodológicos em Fonética Acústica

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Capítulo 1

ELEMENTOSDEPRODUÇÃODAFALA

Interessa-nos aqui compreender em linhas gerais como ocorre a pro-dução dos sons da fala a partir de nossas estruturas corpóreas. É importan-te salientar que o som exteriorizado é o resultado fi nal de um complexo processo de produção da fala, processo esse que, da conceitualização à articulação, vai transformando representações abstratas em níveis inferiores de abstração (Levelt, 1989) até chegar aos comandos neuromotores e em seguida aos articuladores da fala (Denes & Pinson, 1963). É a movimenta-ção desses articuladores que modula o fl uxo de ar, produzindo o som. É a intenção de comunicar que, analisada e esmiuçada em tarefas menores automatizadas, representa o controle por excelência do processo. A etapa fi nal desse processo, a movimentação dos articuladores da fala, só é possí-vel graças à atuação de três subsistemas, o respiratório, o laríngeo e o su-pralaríngeo.

A variedade dos sons da fala produzida nas línguas do mundo deriva das múltiplas possibilidades de combinação de mecanismos que envolvem o uso egressivo ou ingressivo da corrente de ar, diferentes câmaras de ini-ciação da corrente de ar, modos de vibração das pregas vocais e a plastici-dade de certos órgãos do aparelho fonador em formar confi gurações de trato vocal diferenciadas que provocam efeitos de ressonância específi cos.

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1.1 O SUBSISTEMA RESPIRATÓRIO

A fonte de energia necessária à produção sonora é representada pelo fluxo de ar governado pelos movimentos da cavidade torácica, dos músculos respiratórios, do diafragma e dos pulmões.

As correntes de ar inspiratória e expiratória são resultantes da alternân-cia de expansão e redução do volume pulmonar, alternância devida à inte-ração de forças elásticas do pulmão e da caixa torácica, de forças gravita-cionais e de forças provindas da atividade dos músculos da respiração.

Os sons da fala são comumente produzidos com a corrente de ar expi-ratória (sons egressivos), embora algumas línguas tenham sons produzidos com a corrente de ar inspiratória (sons ingressivos).

As correntes inspiratória e expiratória podem ser iniciadas por três tipos de câmaras: os pulmões, a laringe e o véu palatino. A combinação da direção do movimento e da iniciação da corrente de ar produz os seguintes meca-nismos: pulmonares egressivos (corrente de ar egressiva e câmara iniciado-ra pulmonar), pulmonares ingressivos (corrente de ar ingressiva e câmara iniciadora pulmonar), ejetivos (corrente de ar egressiva e câmara iniciadora laríngea ou glótica), implosivos (corrente de ar ingressiva e câmara inicia-dora laríngea ou glótica), vélicos egressivos (direção de ar egressiva e câ-mara iniciadora vélica) e cliques (direção de ar ingressiva e câmara inicia-dora vélica).

Na produção dos sons da fala, a corrente expiratória é comumente utilizada, embora haja muitas línguas que utilizem sons implosivos (hindi, língua oficial da Índia), cliques (línguas bantu, faladas na África) e ejetivos (hausa, falada na Nigéria e queqchi, falada na Guatemala, línguas quéchua, faladas na Argentina, Bolívia, Peru, Colômbia e Chile e lakota, uma língua ameríndia), conforme apontam Ladefoged e Maddieson (1996) e Laver (1994) ao descreverem a produção desses sons. Não se encontram nas línguas sons produzidos com os mecanismos pulmonares ingressivos e vélicos egressivos. Laver (1994) menciona que a corrente de ar pulmonar ingressiva é usada apenas com função paralinguística, e Catford (1977) aponta dois usos do mecanismo vélico egressivo: paralinguístico em francês e modo de produção

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de sons em uma língua aborígene australiana, hoje extinta, o damin, ensina-da aos homens da tribo em rituais de iniciação.

Na respiração normal, a fase expiratória é completamente passiva, isto é, os músculos inspiratórios voltam à sua posição não contraída original. Além disso, a duração das fases inspiratória e expiratória é praticamente a mesma. O mesmo não acontece com a respiração na fala. Não somente a inspiração é mais rápida e captura mais ar em relação à respiração normal, como também a duração da fase expiratória relativamente à inspiratória é bem maior e variável do que na respiração normal.

Durante a fase expiratória para a fala, a ação passiva do diafragma e ativa dos músculos abdominais e torácicos é primordial para a manutenção de uma pressão subglotal constante durante a produção da fala. A pressão subglotal é um dos fatores mais importantes na produção da fala e afeta a frequência fundamental e a intensidade (Laver, 1994). Os movimentos de expansão e redução do volume pulmonar possibilitam respectivamente a entrada e a saída do ar dos pulmões, obedecendo a uma lei física, a Lei de Boyle-Mariotte, que estabelece o que é expresso pela equação 1.1.

Pressão x Volume = Constante (1.1)

Assim, quando da expansão do tórax, o volume torácico aumenta, e por conta dessa lei a pressão cai, tornando-se menor do que a do meio exterior, e o ar entra. Por outro lado, quando o tórax diminui em volume na expiração, a pressão aumenta e o ar é expulso. Isso vale tanto para a respiração na fala quanto para a respiração normal. Na fala, no entanto, a pressão é maior e dura mais tempo sob a glote, fornecendo assim o flu-xo de ar para a imensa maioria dos sons da fala das línguas do mundo1. A produção de sílabas ou palavras proeminentes no enunciado exige a participação de musculatura expiratória e inspiratória complementar. Nes-se último caso, inclusive de musculatura do pescoço, como as fibras do esternocleidomastóideo.

1. No caso do português, todos os sons são produzidos com a corrente egressiva ou expiratória.

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A taxa de movimento inspiratório durante a fala é de cerca de 4 a 20 tomadas de ar por minuto, mas isso não significa dizer que, de alguma for-ma, a tomada de ar atrapalha a produção dos enunciados, muito pelo con-trário. Os resultados de diversos estudos experimentais sobre a organização temporal do discurso, especialmente os de François Grosjean e colaborado-res (Grosjean & Collins, 1979; Grosjean, 1983; Grosjean & Dommergues, 1983; Grosjean, Grosjean & Lane, 1979; Monnin & Grosjean, 1993), mos-traram que a variação observada na distribuição das pausas inspiratórias na fala não viola a análise sintática dos enunciados, tendo atividade pré-plane-jada com condicionamento influenciado em parte por fatores linguísticos.

Quando o fluxo de ar se dirige à região suprapulmonar, é modulado por uma ou mais constrições. A primeira estrutura pela qual o fluxo passa é o subsistema laríngeo.

1.2 O SUBSISTEMA LARÍNGEO

A laringe é uma estrutura constituída por cartilagens, ligamentos, mús-culos e tecido membranoso. Encontra-se ligada a estruturas ósseas superio-res e inferiores por meio de musculatura extrínseca. Essa musculatura ex-trínseca pode ser vista na figura 1.1, exibindo o osso hioide e faixas de dois conjuntos musculares, o tireo-hióideo e o cricotireóideo.

O esqueleto cartilaginoso da laringe é constituído sobretudo pelas car-tilagens tireoide, cricoide e o par de aritenoides, que podem ser vistas nas figuras 1.2 e 1.4. As pregas vocais são controladas pela musculatura intrín-seca da laringe, musculatura constituída pelo par de músculos tiroaritenói-deos e pelos ligamentos vocais. São esses últimos que vibram por excelên-cia. As cartilagens, ligamentos e músculos da laringe são cobertos por uma membrana mucosa que é inervada por dois nervos principais: o laríngeo superior e o laríngeo recorrente. O superior responde pela inervação da epiglote até as pregas vocais e o recorrente pela região abaixo das pregas vocais. A membrana mucosa laríngea tem um papel mais importante do que os músculos internos na produção da voz, sendo a principal responsável

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FIGURA 1.1 Modelo ilustrando o osso hioide e músculos extrínsecos tireo-hióideo (1) e cricotireóideo (15).

pelas características essenciais do movimento vibratório. A inserção das pregas vocais com relação à localização da língua e outras estruturas pode ser vista na figura 1.3.

FIGURA 1.2 Modelo ilustrando a cartilagem tireoide (B), vista da parte frontal do pescoço.

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FIGURA 1.3 Modelo ilustrando posição do ponto de inserção das pregas vocais (24/28).

FIGURA 1.4 Modelo ilustrando o par de cartilagens aritenoides (4) e a cartilagem cricoide que as sustenta, visto da parte de trás do pescoço.

A adução das pregas vocais, que produz o fechamento da glote, é rea-lizada pela ação dos músculos cricoaritenóideos laterais (cf. figura 1.5) e pela ação dos músculos interaritenóideos, que produzem tensão suplementar nas pregas. Os primeiros músculos fazem girar as aritenoides para dentro, fechando as pregas. Se for necessário aumentar a tensão longitudinal das pregas vocais, entram em ação os músculos cricotiróideos. A abdução das

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pregas vocais, que produz a abertura da glote, é também realizada pela ação dos músculos cricoaritenóideos posteriores (cf. figura 1.5).

A vibração das pregas vocais se dá de forma bem complexa, havendo várias teorias que procuram explicar seu movimento, entre elas a teoria aerodinâmica mioelástica da fonação. Segundo essa teoria, se as pregas têm o grau de tensão necessário e estão aduzidas pela ação das aritenoides, elas podem entrar em atividade por ação de forças aerodinâmicas e elásticas. Para tanto, a diferença de pressão entre as regiões subglotal e supraglotal deve ser suficiente, em geral maior do que 3 cm de água. A pressão maior abaixo da glote deve assim vencer a resistência das pregas e a pressão supraglotal.

Quando o fluxo de ar vence essas resistências, passando por uma cons-trição estreita da ordem de 0,1 a 0,2 cm2, ele se acelera localmente, o que faz sua pressão abaixar para um valor inferior à pressão atmosférica, pelo efeito de Bernoulli. Esse abaixamento súbito de pressão provoca um efeito rápido de sucção das pregas, fazendo-as se fecharem para que o ciclo recomece. Gera-se assim a chamada onda glotal, cuja fase de abertura dura bem mais que a fase de fechamento. A geração da onda glotal é o resultado de uma complexa com-binação de forças musculares, elásticas e aerodinâmicas que envolvem o funcionamento valvular da laringe. As pregas vocais vibram em faixas de

FIGURA 1.5 Modelo ilustrando a musculatura intrínseca da laringe vista de trás, mostrando o músculo cricoaritenóideo posterior (17) e os músculos cricoaritenóideos laterais (18 e 19).

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frequência bem extensas, desde frequências muito baixas da ordem de 50 Hz até valores altos como 700 Hz em mulheres adultas sob certas emoções.

A vibração das pregas vocais em crianças é mais rápida, uma vez que a taxa de vibração é favorecida pelo menor comprimento, espessura e pro-fundidade das camadas das pregas vocais.

1.2.1 Modos de vibração das pregas vocais

As pregas vocais coordenam-se com outras estruturas laríngeas produ-zindo um grande número de modos de vibração, que podem ser usados pelas línguas do mundo em contrastes fonológicos e fonéticos. Os sons vozeados produzidos com algum modo de vibração das pregas vocais contrastam com os não vozeados, os quais são produzidos com ausência de qualquer modo de vibração das pregas vocais. Os modos de vibração das pregas vocais mais comumente descritos para fazer distinções fonológicas nas línguas são:

• voz modal, em que as pregas vocais vibram em toda a extensão com as aritenoides aproximadas. Na voz modal a fase de fechamen-to é menor do que a fase de abertura, mas a diferença entre elas é pequena;

• voz soprosa (breathy2 voice), em que as pregas vocais estão um pouco afastadas, mas vibram integralmente ou apenas na parte anterior e deixam passar a corrente de ar na parte posterior da glo-te onde as aritenoides estão afastadas, causando em ambos os casos um ruído de aspiração. Na voz soprosa as fases de abertura e fe-chamento são equivalentes, e praticamente não há fechamento. Há muita energia na frequência fundamental, o primeiro harmônico da voz, que apresenta habitualmente mais intensidade do que o segun-do harmônico;

2. A tradução de voz soprosa pode compreender também o termo whispery voice em inglês. Alguns autores consideram breathy e whispery como sinônimos, mas Laver (1980), entre outros, faz uma distinção descrevendo breathy voice como tendo menor compressão e tensão longitudinal do que a whispery voice.

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• voz crepitante ou laringalizada (creaky voice), em que as aritenoides estão sob forte compressão e a vibração das pregas vocais é parcial. A principal característica da voz crepitante é a irregularidade do intervalo entre os pulsos glotais consecutivos. Essa irregularidade é referida na literatura fonética como jitter. Na voz crepitante os pulsos glotais apresentam fechamento abrupto que contribui para intensificar as frequências altas.

A voz modal ocorre habitualmente para todos os sons vozeados do português em falantes sem patologias. A fricativa glotal vozeada [ɦ] em palavras como ahead no inglês, é um exemplo de som produzido com modo de fonação de voz soprosa. Também dentro da normalidade podemos elencar os sons produzidos com voz laringalizada em final de enunciado assertivo e às margens de fronteiras prosódicas fortes, como ilustra a figura 1.6.

O traçado, um espectrograma de banda larga (cf. seção 4.3.1 para ex-plicação de como obter esse traçado e o que ele representa), mostra um exemplo de voz crepitante pela laringalização na pós-tônica da palavra “seguida” e na primeira vogal da palavra “apareceu” no trecho “(Em) segui-da ap(areceu)” em um falante paulista. No espectrograma é possível ver o maior afastamento entre as estrias verticais que marcam o vozeamento nes-se tipo de traçado nas duas vogais assinaladas por [ɐ ] e [a ]. O detalhe abai-xo mostra a forma de onda do final da palavra “seguida” com forte redução de intensidade e aumento do período glotal no trecho marcado pelo segmen-to horizontal.

É importante fazermos uma consideração sobre o comportamento da laringe durante a produção das oclusivas e fricativas vozeadas. Devido à constrição, a diferença de pressão entre as regiões subglotal e supraglotal é pequena. Por conta disso, é difícil manter a vibração das pregas nessas con-dições, sendo necessário usar recursos para aumentar o volume da região supraglotal a fim de diminuir a pressão na região e permitir o vozeamento. Isso pode ser feito expandindo as paredes do trato ou abaixando a laringe. Pode-se ver facilmente esse tipo de ajuste ao produzirmos lentamente uma oclusiva como [b]. Observe, à medida que realiza esse som, como sua larin-ge abaixa ao colocar previamente sua mão na região frontal do pescoço, em

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torno da cartilagem tireoide3. Por outro lado, durante a produção de con-soantes nasais e laterais, a vibração das pregas vocais é bem mais simples de ser mantida, visto que o fl uxo de ar pode passar livremente pelo trato nasal e pela abertura lateral, respectivamente.

3. No homem a cartilagem tireoide tem uma protuberância, o pomo de adão.

FIGURA 1.6 Espectrograma de banda larga (janela de 5 ms) e segmentação (acima) e detalhe da vogal pós-tônica laringalizada na palavra “seguida” do trecho “(Em) seguida ap(areceu)” em um falante paulista.

Freq

uenc

y (H

z)

4000

00.003728

0.2768

-0.1968ɐ

ã

s e i d ɐ a pga

0

0 0.1126

0.7241

Time (s)

Time (s)

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No entanto, a laringe não é a única responsável em modular o fluxo de ar e produzir som. A região supraglotal pode modular o som produzido na glote ou ser a principal fonte de som, como no caso de fricativas e oclusivas não vozeadas.

1.3 O SUBSISTEMA SUPRALARÍNGEO

O subsistema supralaríngeo estende-se das pregas vocais às aberturas da boca e das narinas, conforme se vê na figura 1.7. Compreende a faringe, a língua, as bochechas, os maxilares, os lábios, o palato (duro e véu) e a cavidade nasal. É também conhecido como trato vocal, constituído do trato oral, das pregas vocais, passando pela orofaringe até a boca e do trato nasal, das pregas vocais, passando pela nasofaringe até as narinas.

FIGURA 1.7 Modelo ilustrando os tratos oral e nasal (a-e). São mostrados a inserção das pregas vocais (VII e VIII), o palato duro (G-H), o véu palatino (i), além das demais estruturas.

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O trato vocal é responsável em modular a energia sonora dos dois outros subsistemas, respiratório e laríngeo, produzindo a fonodiversidade da fala. O trato vocal, tanto interna como externamente, é crucial para a comu-nicação verbal e visual e importantes regiões do cérebro estão envolvidas em sua movimentação. Não nascemos com a posição de laringe que temos como adultos, pois o trato vocal é remodelado durante os primeiros meses de vida, após um período em que tem uma configuração semelhante ao trato de um antropoide.

Os sons da fala são modulados pela ação de articuladores e de resso-nâncias ou podem ainda ser formados e depois modulados no próprio trato, como no caso dos ruídos turbulentos das fricativas e oclusivas. Enquanto os ruídos turbulentos contínuos (fricativas) e transientes (oclusivas) são gerados pelo estreitamento por constrição de uma região do trato vocal que pode ir da glote até os lábios, os demais sons são modulados por cavidades resso-antes que modificam o som provindo da laringe.

Há, portanto, dois tipos de fontes na produção dos sons da fala: a fon-te de voz relacionada com a vibração das pregas vocais e as fontes de ruído transiente e contínuo. Essas fontes podem ocorrer isoladamente ou se com-binar. Na produção dos sons obstruintes (oclusivos, fricativos e africados), há ruído provocado ou pela soltura de uma obstrução total formada pelo contato entre articuladores e/ou ruído causado pela turbulência gerada por passagens estreitadas entre os articuladores. Acompanhe na figura 1.8 ilus-trando forma de onda (acima) e espectrograma de banda larga (meio) da palavra “covarde”, os tipos de fonte sonora e sua combinação, indicados pelas siglas. Na produção de um som oclusivo não vozeado, temos como fonte acústica o ruído transiente (FRT), ao passo que nos oclusivos vozeados há uma combinação de fonte de ruído transiente e de fonte de voz (FRT + FV). Na produção de fricativas não vozeadas só há fonte de ruído contínuo (FRC), enquanto que na produção das vozeadas o ruído aparece combinado com a fonte de voz (FRC + V). Nas africadas podemos ter dois ou três tipos de fontes conjugadas: fonte de ruído transiente, fonte de ruído contínuo (FRT + FRC) e fonte de voz (no caso das vozeadas) (FRT + FRC + FV). Nos demais sons os ressoantes ou soantes (vogais, líquidas e nasais), há fonte de voz (FV), mas ausência de fontes de ruído que sejam provenientes de ajus-tes dos articuladores.

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As formas pelas quais a língua e outros articuladores, como o palato mole e os lábios, se configuram para a produção das vogais e consoantes nas línguas naturais determinam tubos de diferentes áreas de seção transver-sal por conta da aproximação entre articuladores ativos (língua, lábio inferior, véu palatino e mandíbula) e passivos (véu palatino, palato duro, lábio supe-rior e dentes) para formar a constrição. Essas cavidades ressoantes no trato oral, para obstruintes, laterais e vocoides orais, e nos tratos nasal e oral, para consoantes nasais e vocoides nasalizados, modificam o som laríngeo, a voz, através da formação de ondas estacionárias que aumentam a energia forne-cida pela fonte sonora, como se verá em detalhe na seção 3.2.

O controle dos articuladores da fala para a produção da fala não é realizado sob a forma de uma sequência de unidades isomorfas ao fonema, mas envolve a coordenação de gestos articulatórios que se orquestram para a produção dos sons numa janela temporal da ordem de até 1 a 2 segundos. Essa coordenação gestual ou coprodução afeta a produção dos sons da fala, pois um gesto produzido afeta seus vizinhos. A esse fenômeno se dá o nome de coarticulação.

FIGURA 1.8 Forma de onda, espectrograma de banda larga e segmentação da palavra “co-varde” ilustrando tipos de fonte sonora e sua combinação: FV (Fonte de Voz), FRT (Fonte de Ruído Transiente), FRC (Fonte de Ruído Contínuo).

0.2381FRT FV FV

FRTFRCFRC+FV FRC+FV

–0.21015000 Hz

20.73 Hz

1(1/8) 1 C O V a r de

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1.4 A COARTICULAÇÃO POR COPRODUÇÃO

Os efeitos do contexto segmental se fazem sentir porque a fala é co-produzida, ou seja, os movimentos dos articuladores para a produção de um mesmo som modificam-se em função dos sons adjacentes. A fonologia gestual (Browman & Goldstein, 1989) entende essa coprodução como re-sultado da sobreposição dos gestos associados com segmentos em adjacên-cia, os quais se manifestam nas dimensões articulatórias e acústicas do fluxo contínuo da fala.

Quando produzimos uma sílaba como /gu/, por exemplo, envolvemos o corpo da língua para a produção do /g/ e do /u/ como também os lábios, para a produção do /u/. Esse arredondamento labial, irrelevante em português para a produção da consoante velar, antecipa-se durante a produção desse som, produzindo, na verdade, uma consoante velar labializada: [gw]. O mes-mo fenômeno ocorre, em grau menor, para /go/ e /g/, produzindo [gwo] e [gw]. Esse fenômeno é chamado de coarticulação antecipatória, porque um traço fonético da vogal que segue a consoante velar, o arredondamento labial, antecipa-se na consoante. O mesmo fenômeno antecipatório do arredonda-mento de vogal posterior ocorre em todas as consoantes precedentes. Quan-do o efeito se dá no sentido oposto, como no caso da labialização de uma consoante como /s/ em sílabas como /us/ ([usw]) (no artigo “os”, por exem-plo) por conta da persistência do arredondamento labial na consoante se-guinte, chama-se o fenômeno de coarticulação perseveratória.

A coarticulação sempre existe, em menor ou maior grau, e é essencial para entender as características acústicas de vogais e consoantes na fala. Ela pode se estender a grandes distâncias, como no caso da coarticulação ante-cipatória de abertura vocálica em posição pré-tônica em palavras como “menino” e “perigo”, pronunciadas como [mininU] e [piRigU]4. Em português europeu, devido à grande redução vocálica, a coarticulação pode ser às vezes o único índice de distinção entre algumas palavras, como nas palavras “bate” versus “bato”, pronunciadas respectivamente [bat] e [batw].

4. Nesses casos a coarticulação pode ter se lexicalizado.

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1.5 PARA SABER MAIS

Uma introdução aos estudos sobre a fala e aos sons do português pode ser encontrada em Albano (1985). Barbosa e Albano (2004), por sua vez, apresentam os fonemas vocálicos e consonantais do português brasileiro.

Dois livros primordiais para um aprofundamento do mecanismo de produção da fala são o de Kent (1997), com uma descrição completa dos três subsistemas, bem como com uma série de pranchas mostrando as estru-turas corpóreas responsáveis pela produção do som, e o livro de Ladefoged e Maddieson (1996), com uma descrição detalhada da articulação, sobretu-do supralaríngea, dos sons de várias línguas do mundo.

Em relação às correlações entre os aspectos fisiológicos do aparelho fonador e seu papel na realização dos alvos fonéticos, Marchal (2009) apre-senta-nos uma obra que conjuga simplicidade de exposição com uma des-crição bem cuidadosa dos aspectos fonéticos e fonológicos fundamentada em bases biológicas e articulatórias.

Sobre questões de coarticulação, consultar Hardcastle e Hewlett (1999), obra que aborda desde a conceituação de coarticulação até teorias, modelos, dados e técnicas utilizadas para analisá-la.

Os estudos realizados por John Esling e seus colaboradores (Esling, Dickson & Snell, 1992; Esling & Harris, 2005) são muito importantes para uma compreensão aprofundada da fonação e dos modos de vibração das pregas vocais. Há vários livros e autores clássicos sobre o assunto, bem como os de Titze (2000), Stevens e Hirano (1981), Fujimura (1988), Fujimura e Hirano (1995) e o recente livro de Kreiman e Sidtis (2011).

Em estudo sobre laringalização, Lima-Gregio (2011) avaliou a produção de falantes normais e com fissura de palato operada em português brasileiro quanto à frequência e condições de produção da laringalização. Mostrou que os fissurados produzem laringalizações e oclusivas glotais que funcionam para marcar a oclusão funcional independentemente de fronteira prosódica, enquanto os falantes normais fazem a laringalização (mas não a oclusiva glotal) próxima a fronteiras prosódicas fortes.

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1.6 QUESTÕES PROPOSTAS

1.6.1 Pontos para reflexão

1. A cadeia da fala, conforme argumentam Denes e Pinson (1963), inicia- -se no cérebro do falante e termina no cérebro do ouvinte, abrangen-do nesse percurso os níveis linguístico, fisiológico e acústico.

2. Os sons oclusivos, fricativos e africados são produzidos com dife-rentes modos de articulação, mas têm como característica comum o fato de serem obstruintes, opondo-se aos sons soantes por se caracterizarem os primeiros por obstruções parciais ou totais e os segundos por uma vibração das pregas vocais em condições seme-lhantes às das vogais.

3. Do ponto de vista articulatório, as consoantes são usualmente clas-sificadas de acordo com três critérios: modo de articulação, ponto de articulação e vozeamento.

4. Do ponto de vista articulatório, as vogais são usualmente descritas de acordo com a altura da língua, avanço ou recuo da língua, esti-ramento ou arredondamento dos lábios, grau de abertura e presen-ça ou ausência de nasalidade.

5. A classificação acústica refere-se aos efeitos acústicos causados pelas modificações da corrente de ar nas cavidades ressoadoras (oral, nasal e faríngea), cujas configurações são modificadas pela dinâmica dos articuladores.

Acesse Interactive Saggital Section, criado por Daniel Currie Hall e disponível na rede no endereço http://homes.chass.utoronto.ca/~danhall/phonetics/sammy.html para verificar os pontos de articulação e a represen-tação dos sons vozeados e não vozeados. Observe os diagramas faciais apresentados na figura abaixo e identifique os sons a que se referem.

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MANUALDEFONÉTICAACÚSTICAEXPERIMENTAL 51

1.6.2 Recordando os conhecimentos da articulação

Leia a descrição das características acústicas e articulatórias e transcre-va foneticamente cada um dos sons de fala descritos abaixo.

1. Presença de ruído turbulento contínuo causado pelo estreitamento por constrição entre a lâmina da língua e os alvéolos, não acompa-nhado de vozeamento.

2. Subdivisão do trato vocal propiciada pelo abaixamento do véu palatino e saída da corrente de ar pela cavidade nasal causando ressonância nasal. Lâmina da língua em contato com os alvéolos e pregas vocais em vibração.

3. Presença de silêncio, ruído transiente e ruído contínuo causado por obstrução total que se desfaz parcialmente. O ruído contínuo, cau-sado por estreitamento por constrição entre o dorso da língua e a região palatoalveolar, é acompanhado de vozeamento.

4. Presença de ressonância oral causada pela ausência de obstruções à passagem da corrente de ar na cavidade oral. Dorso da língua elevado na região anterior da cavidade oral e lábios estirados.

5. Presença de ruído transiente causado pela liberação momentânea do contato entre o dorso da língua e a região velar, acompanhado de vozeamento.

1.6.3 Questões experimentais

1. Quantas inspirações por minuto um colega seu faz ao respirar? Grave a fala desse colega e procure descobrir de quanto em quan-to tempo ele inspira o ar (só não conte a ele que o objetivo da gravação é exatamente esse, pois isso perturba sua produção natu-ral). Quais as diferenças entre a frequência das tomadas de ar e a extensão da fase expiratória na respiração normal e na fala? Obser-ve que, na respiração normal, ela é cerca de metade do tempo entre duas inspirações.

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2. Coloque sua mão no pescoço, na altura da cartilagem tireoide, eproduza alternadamente fricativas sonoras como /v z Z/ e surdascomo /f s S/. O que você constata pelo tato?

3. Na comunicação natural, que usos podem ser feitos para os dife-rentes modos de fonação, especialmente a voz soprosa e a vozcrepitante? Dê exemplos de personagens que fazem uso de diferen-tes vozes na indústria do entretenimento.

4. Em um número considerável de línguas a duração de fricativas eoclusivas sonoras é significativamente menor que a duração dasfricativas e oclusivas surdas homorgânicas. Dê uma razão em termosde diferenças de esforço articulatório que justifique que as línguaspreferiram selecionar em sua evolução uma duração menor aoproduzir obstruintes sonoras.

5. Pense em produzir a palavra “custo”, mas realize apenas a explosãoda primeira consoante /k/ prestando atenção no som. Faça o mesmopensando em produzir a palavra “quisto”, mas realize apenas aexplosão da primeira consoante prestando atenção no som. Quediferença auditiva você nota entre os dois sons que realizou? Dêrazões para essa diferença.

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PLÍNIO A. BARBOSA

é doutor na área da fala

pelo INP de Grenoble,

França, e mestre em

Engenharia Eletrônica

pelo ITA. É livre-docente em Fonética e Fo-

nologia e professor do departamento de

Linguística do IEL, UNICAMP. Sua área de

atuação é a Fonética Experimental, com

ênfase em prosódia. É membro do con-

selho da International Phonetic Association,

do corpo editorial de Phonetica, DELTA,

IJST (Springer).

SANDRA MADUREIRA

é doutora em Linguística

Aplicada pela PUC-SP,

com estágio de pós-

-doutorado no LAFAPE-

-IEL-UNICAMP. Na PUC-SP é professora

titular do Departamento de Linguística,

docente e vice-coordenadora do PEPG

em Estudos da Linguagem e pesquisadora

do Laboratório Integrado de Análise Acús-

tica (LIAAC). É líder do Grupo de Estudos

sobre a Fala e editora da Revista Inter-

câmbio da PUC-SP e do Journal of Speech

Sciences da LBASS. Desenvolve pesquisa

em Fonética Experimental.

MANUAL DE FONÉTICA ACÚSTICA EXPERIMENTALAPLICAÇÕES A DADOS DO PORTUGUÊS

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EIRA Finalmente dispomos de um com-

pêndio completo, atual, ilustrativo e

esclarecedor que aproveitará a todos

os interessados em fonética.

J. Veloso, Universidade do Porto

O livro apresenta um teor técnico

raramente visto em livro introdutó-

rio, com ensino da análise acústica

apoiado em exercícios que será útil

em qualquer aula de Fonética.

P. Bertinetto, Scuola Normale Superiore, Pisa

A conhecida trajetória de pesquisa dos

autores e sua vocação para o ensino

fazem desta obra um manual-modelo

para se chegar a uma compreensão

sistemática e rigorosa dos conceitos,

métodos e ferramentas da fonética

acústica.

J. Llisterri, Universitat Autònoma de Barcelona

Este livro combina teoria e estudo

de casos práticos úteis para alunos,

professores e pesquisadores que tra-

balham com a fala. Notas nas margens

explicam como fazer as análises com

software apropriado.

P. Boula de Mareüil, LIMSI, Paris

Este Manual de Fonética Acústica Experimental destina-se a alunos de Graduação e Pós-Graduação de diversas áreas, entre elas Fonologia, Engenharia de Comunicações, Música, Física Acústica, Fonoau-diologia, entre outras. Partindo de uma apresentação dos aspectos teóricos e metodológicos da Fonética Acústica, que inclui um capítulo sobre metodologia experimental, passa a apresentar todas as classes de sons da fala a partir de análise acústica detalhada. De forma inédita, essa análise é ensinada passo a passo indicando o “como se faz” com o software mais usa-do pela comunidade internacional, o Praat. Os sons, disponíveis no site do livro, são todos exemplificados com dados tanto do português europeu quanto do por-tuguês brasileiro, de forma a atender mais diretamen-te às duas comunidades, embora os procedimentos sejam aplicáveis a qualquer língua. Vários exercícios propostos ao final de cada capítulo permitem ao pro-fessor avaliar o aprendizado do aluno.

ISBN 978-85-249-2421-7