Plasticidade sináptica

3
Plasticidade Sináptica A conectividade entre os neurônios é constantemente alterada em resposta à atividade neural e outras influências. PLASTICIDADE SINÁPTICA DE CURTA DURAÇÃO: Duram poucos segundos ou menos. Existem quatro tipos de plasticidade sináptica de curta duração e elas diferem em seus cursos temporais e mecanismos subjacentes. Facilitação sináptica: Rápido aumento na eficácia sináptica que ocorre quando dois ou mais potenciais de ação invadem o terminal pré-sináptico de modo sucessivo, um a poucos milissegundos do outro. A facilitação dura dezenas de milissegundos. Ela é resultado do atraso nos mecanismos de retorno do cálcio aos níveis de repouso fora da célula, ocasionando em um acúmulo de cálcio no terminal pré-sináptico, permitindo que mais neurotransmissores sejam liberados por um potencial de ação subsequente. Depressão sináptica: Redução na liberação de neurotransmissor durante a atividade sináptica sustentada, devido ao esgotamento de vesículas dentro do terminal axônico. Aumentos sinápticos: Também causam aumento da quantidade de neurotransmissor liberada dos terminais pré-sinápticos por ações repetitivas. Contudo, após o estímulo, a liberação de neurotransmissor volta ao normal em poucos segundos. Potenciação: Basicamente igual ao aumento sináptico, mas o período de tempo para voltar ao normal dura de dezenas de segundos à minutos. Como resultado do seu curso mais lento, a potenciação pode durar por um tempo bem maior do que o tétano (muitos potenciais de ação em um curto período de tempo), sendo frequentemente denominada de potenciação pós-tetânica. PLASTICIDADE SINÁPTICA DE LONGA DURAÇÃO: Em função da sua maior duração, essas formas de plasticidade podem ser consideradas correlatos celulares do aprendizado e da memória. Podem ser do tipo: Potenciação de Longa Duração ou Depressão de Longa Duração. Ocorre em hipocampo, córtex, amígdala e cerebelo. Estudo feito in vitro de fatias do hipocampo vivo, local importante na formação e evocação de algumas formas de memórias. Regiões distintas dentro do hipocampo: CA1 e CA3, onde CA3 manda estímulos através dos Colaterais de Schaffer (axônios de CA3) para os neurônios de CA1. A estimulação dos Colaterais de Schaffer produz potenciais excitatórios pós-sinápticos nas células em CA1. Se os Colaterais de S. são estimulados duas ou três vezes por minuto, a amplitude dos potenciais excitatórios pós- sinápticos evocados nos neurônios de CA1 permanece constante. Contudo, quando um tétano atua sobre os mesmos, ocorre a produção de uma Potenciação de Longa Duração, que pode durar por mais de um ano (mecanismo de armazenamento de longa duração da informação).

Transcript of Plasticidade sináptica

Page 1: Plasticidade sináptica

Plasticidade Sináptica

A conectividade entre os neurônios é

constantemente alterada em resposta à

atividade neural e outras influências.

PLASTICIDADE SINÁPTICA DE CURTA DURAÇÃO:

Duram poucos segundos ou menos.

Existem quatro tipos de plasticidade sináptica

de curta duração e elas diferem em seus

cursos temporais e mecanismos subjacentes.

Facilitação sináptica: Rápido aumento na

eficácia sináptica que ocorre quando dois ou

mais potenciais de ação invadem o terminal

pré-sináptico de modo sucessivo, um a poucos

milissegundos do outro. A facilitação dura

dezenas de milissegundos. Ela é resultado do

atraso nos mecanismos de retorno do cálcio

aos níveis de repouso fora da célula,

ocasionando em um acúmulo de cálcio no

terminal pré-sináptico, permitindo que mais

neurotransmissores sejam liberados por um

potencial de ação subsequente.

Depressão sináptica: Redução na liberação de

neurotransmissor durante a atividade

sináptica sustentada, devido ao esgotamento

de vesículas dentro do terminal axônico.

Aumentos sinápticos: Também causam

aumento da quantidade de neurotransmissor

liberada dos terminais pré-sinápticos por

ações repetitivas. Contudo, após o estímulo, a

liberação de neurotransmissor volta ao

normal em poucos segundos.

Potenciação: Basicamente igual ao aumento

sináptico, mas o período de tempo para voltar

ao normal dura de dezenas de segundos à

minutos. Como resultado do seu curso mais

lento, a potenciação pode durar por um

tempo bem maior do que o tétano (muitos

potenciais de ação em um curto período de

tempo), sendo frequentemente denominada

de potenciação pós-tetânica.

PLASTICIDADE SINÁPTICA DE LONGA DURAÇÃO:

Em função da sua maior duração, essas

formas de plasticidade podem ser

consideradas correlatos celulares do

aprendizado e da memória.

Podem ser do tipo: Potenciação de Longa

Duração ou Depressão de Longa Duração.

Ocorre em hipocampo, córtex, amígdala e

cerebelo.

Estudo feito in vitro de fatias do hipocampo

vivo, local importante na formação e

evocação de algumas formas de memórias.

Regiões distintas dentro do hipocampo: CA1 e

CA3, onde CA3 manda estímulos através dos

Colaterais de Schaffer (axônios de CA3) para

os neurônios de CA1.

A estimulação dos Colaterais de Schaffer

produz potenciais excitatórios pós-sinápticos

nas células em CA1. Se os Colaterais de S. são

estimulados duas ou três vezes por minuto, a

amplitude dos potenciais excitatórios pós-

sinápticos evocados nos neurônios de CA1

permanece constante. Contudo, quando um

tétano atua sobre os mesmos, ocorre a

produção de uma Potenciação de Longa

Duração, que pode durar por mais de um ano

(mecanismo de armazenamento de longa

duração da informação).

Page 2: Plasticidade sináptica

As potenciações de Longa Duração tem três

propriedades:

Dependentes do estado: o grau de

despolarização da célula pós-sináptica

determina se a Potenciação irá ocorrer ou

não.

Especificidade aos sinais de entrada:

quando a Potenciação é induzida pela

estimulação de uma sinapse, ela não

ocorre nas outras sinapses inativas que

contatam o mesmo neurônio (isso

determina a seletividade que temos para

armazenar informações específicas).

Associatividade: essa propriedade é

esperada em qualquer rede neuronal que

associe um conjunto de informações ao

outro.

Mecanismos moleculares de Potenciação de

Longa Duração:

Dois tipos de receptores na membrana do

neurônio pós-sináptico: receptores AMPA

(permeáveis ao Ca²+ através da ligação

com o neurotransmissor) e NMDA (canal

dependente de voltagem não é

permeável ao Ca²+ somente pela ligação

com o neurotransmissor; ele é bloqueado

por concentrações fisiológicas de Mg²+).

Durante transmissões sinápticas de baixa

frequência, o glutamato liberado

(neurotransmissor) pelos Colaterais de

Schaffer liga-se a ambos os tipos de

receptores. Contudo, se o neurônio

estiver em seu potencial de membrana de

repouso normal, os canais de NMDA

permanecerão fechados, bloqueados pelo

Mg²+. Nessas condições, a Potenciação

não ocorre, já que o influxo de Ca²+ é

mediada somente pelos receptores

AMPA. Contudo, quando a célula pós-

sináptica está despolarizada (seja pela

aplicação direta de uma corrente induzida

ou por outro mecanismo natural –

convergência de estímulos de vários

neurônios para um só), os receptores

NMDA perdem a conexão com o Mg²+ e

ficam liberados para a passagem de Ca2+

O aumento resultante na concentração de

Ca²+ dentro dos espinhos dentríticos da

célula pós-sináptica é o fator fundamental

para o disparo da Potenciação de Longa

Duração.

Mais receptores AMPA podem ser

adicionados à membrana do neurônio pós

sináptico através da ativação das

proteínas-cinases dependentes de Ca²+ /

calmodulina e proteína-cinase C.

Depressão a Longo Prazo:

Se as sinapses continuassem a ter sua

eficácia aumentada como resultado

da Potenciação de Longa Duração,

elas atingiriam um nível máximo de

eficácia, tornando difícil a codificação

de novas experiências. Assim, para

que o aumento da eficácia sináptica

seja útil, outros processos devem

enfraquecer, de forma seletiva,

conjuntos específicos de sinapses. A

depressão de longa duração é um

desses processos.

Ocorrem quando as Colaterais de

Schaffer são estimuladas em uma

frequência mais baixa e por períodos

mais longos.

Aumentos pequenos e lentos de Ca²+

levam à depressão, enquanto que

aumentos rápidos de Ca²+ levam à

potenciação.

Está associada à perda de receptores

AMPA sinápticos da membrana do

neurônio pós-sináptico.

Plasticidades dependentes de tempo de

disparo:

Outro determinante importante para

a ocorrência de Potenciação ou da

Depressão, além da frequência de

disparos, é a relação temporal de

Page 3: Plasticidade sináptica

atividade nas células pré e pós-

sinápticas.

A depressão ocorre se a antes da

atividade pré-sináptica, ocorrer a

aplicação de um potencial de ação na

célula pós-sináptica se o potencial

de ação pós-sináptico ocorre antes do

potencial de ação pré-sináptico, então

a despolarização associada ao

potencial de ação pós-sináptico terá

cessado no momento em que ocorrer

o potencial excitatório pré-sináptico.

Isso reduzirá a quantidade de Ca²+ que

entra através dos receptores NMDA,

levando à depressão.

A potenciação ocorre se o potencial

de ação pós-sináptico se segue à

atividade pré-sináptica Se o

potencial de ação pós-sináptico

ocorrer após a atividade pré-sináptica,

a despolarização resultante retirará o

bloqueio dos receptores NMDA,

provocando um influxo de Ca²+

relativamente, ocasionando a

potenciação.