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Maria Inês Ferreira Lourenço França Pereira
Plantas e o Cancro: Riscos de Interações quePodem Comprometer a Terapêutica
Monografia realizada no âmbito da unidade Estágio Curricular do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, orientadapela Professora Doutora Maria da Graça Campos e apresentada à Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra
Setembro 2015
Maria Inês Ferreira Lourenço França Pereira
Plantas e o Cancro: Riscos de Interações que Podem Comprometer a Terapêutica
Monografia realizada no âmbito da unidade Estágio Curricular do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, orientada
pela Professora Doutora Maria da Graça Campos e apresentada à Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra
Setembro 2015
Eu, Maria Inês Ferreira Lourenço França Pereira, estudante do Mestrado Integrado em
Ciências Farmacêuticas, com o nº 2010125151, declaro assumir toda a responsabilidade pelo
conteúdo da Monografia apresentada à Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra,
no âmbito da unidade de Estágio Curricular.
Mais declaro que este é um trabalho original e que toda e qualquer afirmação ou expressão,
por mim utilizada, está referenciada na Bibliografia desta Monografia, segundo os critérios
bibliográficos legalmente estabelecidos, salvaguardando sempre os Direitos de Autor, à
exceção das minhas opiniões pessoais.
Coimbra, 11 de Setembro de 2015.
___________________________________
(Maria Inês Ferreira Lourenço França Pereira)
A Tutora
______________________________________
(Professora Doutora Maria da Graça Campos)
A Aluna
__________________________________________
(Maria Inês Ferreira Lourenço França Pereira)
Agradecimentos
Quero agradecer de forma muito especial, à Professora Doutora Maria da Graça
Campos, pela disponibilidade e apoio demonstrado durante a realização deste trabalho.
Agradeço-lhe por ter confiado em mim e nas minhas capacidades, deixando-me
preparar a monografia ao meu ritmo e segundo a minha organização de tempo.
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Monografia de Maria Inês Ferreira Lourenço França Pereira
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Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra
Índice
Abreviaturas ................................................................................................................................................. 2
Resumo ......................................................................................................................................................... 3
Abstract ........................................................................................................................................................ 4
1. Introdução ........................................................................................................................................... 5
2. Angiogénese ........................................................................................................................................ 6
2.1 O papel da angiogénese no crescimento de tumores ....................................................... 6
2.2 Plantas com atividade pró-angiogénica .................................................................................. 8
3. Tumores hormono-dependentes ................................................................................................. 13
3.1 Vias de sinalização dos recetores estrogénicos ................................................................ 14
3.2 Plantas com atividade estrogénica ........................................................................................ 15
4 Conclusão .......................................................................................................................................... 25
5 Referências bibliográficas ............................................................................................................... 26
Índice de Tabelas
Tabela 1. Compostos derivados de plantas com atividade angiogénica e seus mecanismos ... 12
Tabela 2. Compostos derivados de plantas com atividade estrogénica e seus mecanismos ... 20
Índice de Figuras
Figura 1. Angiognese tumoral e metastização. ..................................................................................... 7
Figura 2. Via de sinalização dos recetores estrogénicos .................................................................. 15
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Abreviaturas
ADN – Ácido desoxirribonucleico
bFGF (ou FGF-2) – Fator de crescimento fibroblástico básico
CAM – Membrana corioalantóica
E2 – 17β-estradiol
eNOS – Sintetase do óxido nítrico endotelial
ERE – Elemento de resposta ao estrogénio
ERK1/2 – Cinases 1 e 2 reguladas por sinais extracelulares
HIF-1α – Fator indutor de hipóxia 1-α
HUVEC – Células endoteliais da veia umbilical humana
IGF-1 – Fator de crescimento insulínico do tipo 1
IGFR-1 – Recetor do fator de crescimento insulínico do tipo 1
JNK1/2 – Cinases 1 e 2 do terminal amínico (N) da proteína c-Jun
MAPK – Cinases de proteínas ativadas por mitogénios
MMP – Metaloproteinases da matriz
mRNA – RNA mensageiro
PCR – Reação em cadeia da polimerase
PI3k – Fosfatidilinositol-3-cinase
RE – Recetor estrogénico
REα – Recetor estrogénico do tipo α
REβ – Recetor estrogénico do tipo β
RE+ – Recetor estrogénico positivo
RNA – Ácido ribonucleico
VEGF – Fator de crescimento do endotélio vascular
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Resumo
Nos doentes oncológicos, o uso de suplementos ou outros produtos à base de plantas
pode dar origem a interações de grande complexidade que comprometem a eficácia dos
tratamentos preconizados pela medicina convencional.
A presente monografia tem como objetivo sinalizar as plantas que possam interagir
diretamente com os processos tumorais e tumores hormono-dependentes, pelas suas
propriedades angiogénicas e estrogénicas, respetivamente.
A angiogénese constitui uma etapa crítica no crescimento tumoral, contribuindo não só
para a sua proliferação, mas também para a sua capacidade invasiva, possibilitando a migração
para outros tecidos e órgãos.
Entre as 14 plantas referidas com atividade pró-angiogénica, encontram-se o Aloe
barbadensis, Panax ginseng, Hippophae rhamnoides, Angelica sinensis, Astragalus membranaceus e
Cinnamomum cassia.
Os fitoestrogénios, que incluem isoflavonas, cumestanos, linhanos e fitoesteróis, são
capazes de se ligar a recetores estrogénicos (RE) e consequentemente induzir e modular as
vias de sinalização dos mesmos, demonstrando-se que estes compostos podem ativar os
REs, estimulando o crescimento de células do cancro da mama positivo para recetor
estrogénico (RE+).
Encontram-se neste trabalho 30 espécies de plantas com propriedades estrogénicas,
entre elas Glycine max, Glycyrrhiza uralensis, Humulus lupulus, Panax ginseng e Vitex agnus-castus.
Como resultado da pesquisa e análise dos dados, é possível constatar a complexidade de
compostos presentes nos extratos das plantas abordadas, muitos deles, exercendo efeitos
distintos de acordo com a sua concentração.
Assim, estes resultados estabelecem fortes indícios de que as plantas com propriedades
pró-angiogénicas interagem com os processos tumorais e, desta forma, o seu consumo por
doentes oncológicos deve ser avidamente desaconselhado. O mesmo princípio pode ser
aplicado às plantas com propriedades estrogénicas, que não devem ser consumidas por
mulheres com tumores hormono-dependentes, como cancro da mama positivo para o
recetor estrogénico (RE+), cancro dos ovários e cancro do endométrio.
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Abstract
The use of dietary supplements or other plant-based products by oncologic patients can
lead to major interactions that can compromise the conventional therapy.
The purpose of this monography is to point out plants that may interact directly with
tumours and hormone-dependent cancers, due to its angiogenic or estrogenic properties,
respectively.
Angiogenesis has a pivotal role in tumour growth, progression, invasiveness and
metastasis.
Among the 14 plants showed as pro-angiogenic agents, are found Aloe barbadensis, Panax
ginseng, Hippophae rhamnoides, Angelica sinensis, Astragalus membranaceus and Cinnamomum
cassia.
Phytoestrogens, including the non-steroidal isoflavones, coumestans, lignans and the
steroidal phytosterols, are able to bind to oestrogen receptors (ER) and thereby induce or
modulate the oestrogen signalling pathway. The ER activation by these compounds has also
been demonstrated to stimulate the growth of ER-positive breast cancer cells.
In this paper there were reviewed 30 species of plants with estrogenic properties,
between them Glycine max, Glycyrrhiza uralensis, Humulus lupulus, Panax ginseng and Vitex
agnus-castus.
As result of the research and data analysis, it is possible to verify the complexity of
compounds present in the plant extracts, in which, many of them, exert opposite effects in a
dose-dependent manner.
Therefore, the results establish that plants with pro-angiogenic properties promote
tumour growth and, for this reason, its use is not recommended to oncologic patients. The
intake of phytoestrogens should also be discouraged to women with ER-positive breast
cancer, ovarian cancer and endometrial cancer.
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1. Introdução
Assiste-se na atualidade à emergência no mercado de cada vez mais suplementos
alimentares à base de plantas que cativam os consumidores com a premissa de melhorar ou
resolver todo o tipo de enfermidades.
Nos doentes oncológicos, o uso de suplementos ou outros produtos à base de plantas
pode dar origem a interações de grande complexidade que comprometem a eficácia dos
tratamentos preconizados pela medicina convencional e, em algumas situações, ameaçam a
vida do doente.
Esta problemática surge com a agravante de que, a estes doentes, a informação pode
chegar manipulada por parte de quem promove as vendas destes produtos e por isso, na
maioria das vezes, isenta de rigor. Como consequência, um consumo baseado em
informação não fidedigna pode culminar numa decisão insensata e precipitada, que acarreta
riscos para a saúde dos consumidores.
Mesmo com a existência de estudos científicos que atribuam propriedades
anticancerígenas a determinados compostos derivados de plantas, o consumo destes
produtos constitui sempre um risco para a saúde dos doentes pela inexistência de ensaios
clínicos que garantam a sua segurança e, consequentemente, pela imprevisibilidade dos seus
efeitos.
A presente monografia tem como objetivo sinalizar as plantas que possam interagir
diretamente com os processos tumorais e tumores hormono-dependentes, pelas suas
propriedades angiogénicas e estrogénicas, respetivamente, condicionando a eficácia da
terapêutica quimioterápica.
Com este trabalho pretende-se, também, alertar para as consequências do consumo
destas plantas por doentes oncológicos, salientando a inexistência, até ao momento, de
evidências científicas a seu favor.
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2. Angiogénese
A angiogénese é o processo de formação de novos vasos sanguíneos a partir da
vasculatura pré-existente. Este processo envolve a migração, crescimento e diferenciação de
células endoteliais, que forram a parede interna dos vasos sanguíneos.
Podemos considerar 10 etapas sequenciais que descrevem como se processa a
angiogénese (Fan et al., 2006):
i. Em resposta a condições de hipóxia, os tecidos danificados ou afetados
sintetizam e libertam fatores angiogénicos;
ii. Estes fatores ligam-se aos seus respetivos recetores nas células endoteliais;
iii. Desta ligação decorre a ativação das células endoteliais;
iv. São libertadas proteases para dissolver a membrana basal;
v. Ocorre a migração e proliferação das células endoteliais;
vi. As moléculas de adesão (integrina, avb3 e avb5) auxiliam a formação dos vasos
sanguíneos em desenvolvimento;
vii. São produzidas metaloproteinases da matriz (MMPs) para dissolver a membrana
extracelular e iniciar a sua remodelação;
viii. A interação entre a angiopoietina e o seu recetor Tie-2 medeia a formação de
túbulos;
ix. A interação entre a efrina B e o seu recetor EphB regula a formação do loop dos
capilares;
x. São incorporados pericitos de forma a estabilizar os vasos sanguíneos recém-
formados.
A angiogénese está envolvida em numerosos processos fisiológicos e patológicos no
nosso organismo como o desenvolvimento embrionário, cicatrização de feridas, crescimento
de capilares sanguíneos em tecidos isquémicos, bem como no desenvolvimento de tumores
e de patologias angioproliferativas (Folkman, 2002).
Em condições normais, os indutores e inibidores da angiogénese encontram-se em
equilíbrio para que os vasos sanguíneos se formem apenas onde e quando são necessários
(Fan et al., 2006).
2.1 O papel da angiogénese no crescimento de tumores
A angiogénese constitui uma etapa crítica no crescimento tumoral, contribuindo não só
para a sua proliferação, mas também para a sua capacidade invasiva, possibilitando a migração
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para outros tecidos e órgãos. É através do fluxo sanguíneo que o tumor recebe oxigénio e
nutrientes para que as suas células proliferem, permitindo a invasão de tecidos adjacentes e a
progressão para outros locais do corpo onde formam novas colónias de células
cancerígenas, as metástases (Dimova et al., 2014).
É um processo complexo que envolve a ativação de vias de sinalização, nas quais o fator
de crescimento do endotélio vascular (VEGF) assume um papel de destaque (Fan et al.,
2006).
O VEGF atua nas células endoteliais através de dois recetores: Flt-1 (ou VEGFR1) e
KDR/Flk-1 (ou também denominado VEGFR2) (Majewska e Gendaszewska-Darmach, 2011).
Nas cascatas de sinalização do VEGF participam grupos de moléculas como Src, Akt e a
família das cinases de proteínas ativadas por mitogénios (MAPK). São conhecidas 3
subfamílias das MAPK: cinases 1 e 2 reguladas por sinais extracelulares (ERK1/2); cinases 1 e
2 do terminal N (amínico) da proteína c-Jun (JNK1/2) e a proteína p38.
Em doenças como o cancro, uma excessiva estimulação da angiogénese (Figura 1)
ocorre quando as células cancerígenas produzem quantidades anormais de fatores pró-
angiogénicos, tais como o VEGF, o fator de crescimento fibroblástico básico (bFGF ou FGF-
2) e o fator de crescimento de hepatócitos (HGF), sobrepondo-se aos efeitos dos inibidores
endógenos da angiogénese (angiostatina, endostatina e trombospondina) (Fan et al., 2006).
O principal motor da angiogénese é a hipóxia, levando à secreção de VEGF e outras
moléculas pró-angiogénicas por células hipóxicas (Majewska e Gendaszewska-Darmach,
2011).
Figura 1. Angiogénese tumoral e metastização. HIFα - fator indutor de hipóxia 1α; MMP - metaloproteinases da matriz; VEGF - fator de crescimento do endotélio vascular. Adaptado de Fan
et al., 2006.
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Em resposta a uma elevada exigência metabólica e baixa pressão de oxigénio, as células
tumorais expressam o fator indutor de hipóxia 1α (HIF-1α), levando a uma superprodução
de fatores angiogénicos (por exemplo: VEGF-A, FGF-2 e angiopoietinas) e dos seus
recetores nas células endoteliais. A concomitante subprodução de inibidores angiogénicos
endógenos (angiostatina, trombospondina) e dos seus recetores leva a um desequilíbrio a
favor da angiogénese. Após a rutura da membrana basal pela ação das proteases, as células
endoteliais migram e proliferam, dando origem a uma neovascularização descontrolada.
Eventualmente as células tumorais escapam através dos novos vasos e metastizam outros
órgãos (Fan et al., 2006).
2.2 Plantas com atividade pró-angiogénica
Verifica-se uma tendência cada vez mais evidente de que muitos doentes com patologia
oncológica recorrem frequentemente ao uso de suplementos alimentares à base de plantas
(Cheng et al., 2010).
É conhecida a complexidade destas preparações, uma vez que as plantas contêm
inúmeros compostos ativos, transformando os suplementos à base de plantas em autênticos
cocktails químicos (Fan et al., 2006).
Na Tabela 1 encontram-se sinalizadas várias plantas com atividade angiogénica que, pela
probabilidade de promoverem o crescimento de tumores, não devem ser consumidas por
doentes oncológicos.
Aloe barbadensis
O Aloé Vera contém mais de 100 compostos entre os quais glicoproteínas, sacarídeos,
antraquinonas e outras substâncias com baixo peso molecular. Entre estas últimas o β-
sitosterol foi identificado como tendo propriedades angiogénicas. Moon et al. (1999)
demonstraram que o extrato bruto desta planta, contendo β-sitosterol, promovia a
migração das células endoteliais da veia umbilical humana (HUVECs) e exercia atividade
angiogénica potente na membrana corioalantóica (CAM) de embriões de galinha,
estimulando a neovascularização. Este componente revelou também aumentar a expressão
de proteínas relacionadas com a angiogénese, tais como o fator von Willebrand (vWF),
VEGF, Flk-1 e laminina, constituinte da matriz dos vasos sanguíneos (Choi et al., 2002).
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Panax ginseng
O ginseng é um componente chave na medicina tradicional chinesa, sendo uma das
plantas mais utilizadas em todo o mundo, com inúmeras propriedades distintas. No entanto,
no que diz respeito à angiogénese a sua atividade é ambígua, na medida em que apresenta
simultaneamente propriedades pró-angiogénicas e antiangiogénicas, dois efeitos
completamente opostos (Majewska e Gendaszewska-Darmach, 2011).
Os dois compostos predominantes na composição do ginseng são os ginsenósidos Rg1 e
Rb1. Através de extratos com diferentes rácios dos dois ginsenósidos demonstrou-se que
naqueles cuja porção de Rg1 era prevalente, verificava-se atividade pró-angiogénica,
enquanto que, com a prevalência de Rb1, o extrato revelava propriedades antiangiogénicas.
O Rg1 promoveu também a neovascularização num excerto polimérico in vivo e a
proliferação de HUVECs in vitro. Observou-se que esta atividade era mediada pela expressão
da sintetase endotelial do óxido nítrico (eNOS) e pela via fosfatidilinositol-3-cinase
(PI3K)/Akt (Sengupta et al., 2004).
O Re e o Rg2, outros ginsenósidos isolados de diferentes espécies do género Panax,
podem também ser considerados agentes pró-angiogénicos, devido aos seus efeitos na
promoção da proliferação, migração e formação de túbulos nas HUVECs (Huang et al.,
2005).
Pelo contrário, o Rb1 e os seus metabolitos, Rb2 e Rg3, inibem as etapas primordiais da
angiogénese e da proliferação de células endoteliais, podendo impedir assim a angiogénese
tumoral e o seu processo de metastização, possivelmente pela inibição da libertação de
VEGF pelas células tumorais. Sengupta et al. (2004) explicaram, desta forma, a ambiguidade
no que respeita aos efeitos contraditórios do ginseng na fisiopatologia vascular, realçando a
necessidade de uma regulamentação que uniformize os extratos usados em fitoterapia.
Hippophae rhamnoides
As folhas, os frutos maduros e as sementes do espinheiro-marítimo mostraram ser uma
fonte rica em flavonódes (isoramnetina, quercetina, miricetina, camferol e os seus derivados
glucósidos), carotenoides (alfa-, beta- e delta-caroteno e licopeno), vitaminas (A, C, E e K),
taninos, triterpenos, glicerídeos dos ácidos palmítico, esteárico e oleico e alguns aminoácidos
essenciais (Majewska e Gendaszewska-Darmach, 2011). Os estudos Gupta et al. (2008) e
Upadhyay et al. (2010) revelaram que o espinheiro-marítimo estimulou a angiogénese em
ambos os modelos in vitro e in vivo e promoveu a formação de novos vasos sanguíneos na
CAM de embriões de galinha. O mecanismo desta planta envolve o aumento da expressão
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do VEGF, bem como das MMP-2 e MMP-9. Um dos compostos responsáveis pela ação
angiogénica poderá ser o sitosterol que constitui 57-76% e 61-83% dos esteróis da semente
e da polpa, respetivamente (Majewska e Gendaszewska-Darmach, 2011).
Angelica sinensis
A angélica, tal como o ginseng, é uma das plantas mais populares na medicina tradicional
chinesa. Até à data, os estudos sobre esta planta revelaram algumas discrepâncias. Meng et al.
(2008) reportaram que os extratos de angélica promoviam a proliferação de células
endoteliais e aumentavam o número de vasos sanguíneos na CAM de embriões de galinha,
sugerindo que esta planta possui atividade angiogénica.
Também Lam et al. (2008) indicaram que os extratos aquosos da raiz de angélica
aumentavam a proliferação, a migração e invasão de HUVECs, bem como promoviam a
angiogénese in vivo em peixes-zebra. A atividade angiogénica é atribuída ao referido extrato
devido a se ter verificado um aumento da expressão de VEGF e estimulação da via de
sinalização da p38 e da JNK1/2.
Pelo contrário, Yeh et al. (2011) demonstraram que o óleo volátil da raiz de angélica
tinha propriedades antiangiogénicas pela inibição da progressão do ciclo celular e indução da
apoptose. No entanto, é importante referir que o extrato aquoso da raiz de angélica, que foi
o centro dos dois primeiros estudos, tinha maioritariamente polissacarídeos (60%), sendo
também detetados o ácido ferrúlico, ligustilido e n-butilideneftalido. Por outro lado, o óleo
volátil analisado no terceiro estudo era composto por monoterpenos e sesquiterpenos, não
sendo detetada a presença de ácido ferrúlico nem polissacarídeos. As diferenças na
composição dos dois extratos evidenciam que a presença de distintos constituintes é a
principal razão para que se verifique este contraste de efeitos na angiogénese.
Astragalus membranaceus
O astrágalo é uma das 50 ervas fundamentais da medicina tradicional chinesa, sendo
usado para reforçar o sistema imunitário e para o tratamento de hemorragias uterinas
anormais, diabetes mellitus e doenças cardiovasculares, no entanto, os efeitos do extrato da
raiz desta planta na angiogénese e o mecanismo pelo qual atua, ainda não estão
completamente elucidados (Majewska e Gendaszewska-Darmach, 2011). Os principais
constituintes do extrato desta planta incluem isoflavonóides (formononetina, calicosina,
ononina e seus glucósidos), saponinas triterpénicas (astragalósidos I-IV) e polissacarídeos
(Ma et al., 2002).
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Segundo Zhang et al. (2009) o extrato da raiz de astrágalo estimulou a proliferação de
HUVECs devido ao aumento da expressão de mRNA de VEGF e à ativação da via PI3K-Akt-
eNOS. Este estudo evidenciou que os inibidores do recetor KDR/Flk-1 diminuíram o efeito
do extrato da raiz de astrágalo, sugerindo que esta via está envolvida na sua atividade
angiogénica. Apesar dos vários constituintes presentes no extrato, a calicosina demonstrou
ter o efeito pró-angiogénico mais potente entre todos. Tang et al. (2010) provaram que a
calicosina induzia a angiogénese em HUVECs in vitro e em embriões de peixe-zebra in vivo, via
estimulação da expressão de mRNA de VEGF, Flt-1 e KDR/Flk-1. Adicionalmente, no
mesmo estudo, a calicosina promoveu a angiogénese via ativação da via de sinalização da
MAPK com envolvimento das ERK1/2.
Cinnamomum cassia
Segundo Choi et al. (2009) o extrato de canela da China, cujo constituinte ativo é o
ácido cinâmico, tem propriedades pró-angiogénicas. Os principais resultados deste estudo
foram os seguintes:
i. No Matrigel plug model, a capacidade do extrato de canela da China e do ácido
cinâmico para promoverem a formação de vasos sanguíneos foi comparável à
do fator angiogénico VEGF165;
ii. Com o ensaio in vitro da angiogénese foi revelado que o extrato da planta e o
ácido cinâmico levaram a um aumento na proliferação celular em HUVECs e
em células endoteliais aórticas bovinas (BAECs);
iii. O extrato da planta e o seu constituinte ativo induziram a mobilidade
quimiotática, bem como a formação da rede de túbulos nas células endoteliais;
iv. Os anticorpos anti-VEGF inibiram a indução da proliferação e migração das
células endoteliais pelo extrato de canela da China;
v. O mecanismo pelo qual o extrato desta planta e o ácido cinâmico induzem a
angiogénese é similar ao do VEGF, o que requer uma sobreprodução de VEGF
e do seu recetor KDR/Flk-1.
Em conjunto, estes resultados revelaram a capacidade do extrato de canela da china e
do ácido cinâmico de induzirem significativamente a angiogénese, promovendo a expressão
de VEGF e do recetor KDR/Flk-1 nas HUVECs.
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Tabela 1. Compostos derivados de plantas com atividade angiogénica e seus mecanismos
Planta Composto Mecanismo Referências
Aloé vera Aloe barbadensis
β-sitosterol
Promove a migração de HUVECs e
revela atividade angiogénica potente
na CAM de embriões de galinha,
estimulando a neovascularização.
Aumenta a expressão do fator de von
Willebrand, do VEGF, do seu recetor
Flk-1 e de laminina.
Moon et al.,
1999
Choi S et al.,
2002
Angélica Angelica sinensis
Desconhecido
Promove a proliferação de células
endoteliais na CAM de embriões de
galinha e aumenta a proliferação, a
migração e invasão de HUVECs, bem
como promove a angiogénese in vivo
em peixes-zebra.
Aumenta a expressão de VEGF, da
p38 e da via de fosforilação JNK1/2.
Meng et al., 2008
Lam et al., 2008
Género
Artemisia Jaceosidina
Ativa o VEGFR2 (ou FLk-1/KDR) e a
via Pl3K/Akt, promovendo a
proliferação, migração e diferenciação
de células endoteliais.
Lee et al., 2014
Astrágalo Astragalus
membranaceus
Calicosina
Induz a angiogénese em HUVECs in
vitro e em embriões de peixe-zebra in
vivo. Aumenta a expressão do VEGF e
ativa as vias PI3k-Akt-eNOS,
VEGF/KDR-Flk e a via de sinalização
das MAPK.
Zhang et al.,
2009
Tang et al., 2010
Canela da
China Cinnamomum
cassia
Ácido cinâmico
Aumenta a expressão do VEGF e Flk-
1/KDR em HUVECs, induzindo
significativamente a angiogénese.
Choi et al., 2009
Espinheiro-
marítimo Hippophae
rhamnoides
Sitosterol Aumenta a expressão do VEGF, bem
como do MMP-2 e MMP-9.
Upadhyay et al.,
2010
Gupta et al.,
2008
Ginseng
Asiático Panax ginseng
Ginsenósido Rg1
Aumenta a expressão da sintetase do
NO endotelial (eNOs), ativando a via PI3K-Akt.
Sengupta et al.,
2004
Ginseng
Asiático Panax ginseng
Ginsenósidos
Rg2 e Re
Estimula a proliferação, migração e formação tubular de HUVECs.
Ativação da via de sinalização PI3k-
Akt-eNOS.
Huang et al.,
2005
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Planta Composto Mecanismo Referências
Patrinia
villosa Desconhecido
Ativação da cinase de adesão focal
(FAK) e via de sinalização da Akt. Jeon et al., 2010
Pueraria montana
Desconhecido Ativação da via PI3K/Akt/eNOS, sem alterar a expressão de VEGF.
Chung et al.,
2010
Rehmannia
glutinosa Catalpol
Aumenta a expressão do VEGF em
células endoteliais capilares cerebrais
(BCECs), promovendo a angiogénese.
Zhu et al., 2010
Sálvia
Vermelha Salvia miltiorrhiza
Ácido
salvianólico B
Aumenta a expressão de genes que
codificam as seguintes moléculas:
MMP-2, VEGF, VEGFR2 e TIE-1.
Lay et al., 2003a,
2003b
Stewartia
koreana Desconhecido
O extrato das folhas da planta
aumenta a proliferação e migração de
células endoteliais humanas via
estimulação da fosforilação da ERK e
das cinases Akt.
Lee et al., 2010
Uncaria
rhynchophylla Desconhecido
Aumenta a expressão de VEGF e
bFGF.
Estimula a proliferação e migração de
HUVECs.
Indução significativa da angiogénese in
vitro e in vivo.
Choi et al., 2005
Uva Vitis spp
Resveratrol Aumenta a expressão do VEGF e Flk-
1. Fukuda et al.,
2006
3. Tumores hormono-dependentes
Os tumores sensíveis a hormonas são definidos como aqueles em que a expressão dos
recetores de estrogénio ou progesterona se encontra acima de um limite detetável pré-
estabelecido (Goldhirsch et al., 2005). Doentes com expressão inferior a este valor
estabelecido são considerados recetor hormonal negativo ou independente (Huang et al.,
2000).
Os estrogénios são necessários para o normal crescimento e desenvolvimento de vários
tecidos, no entanto, também são responsáveis pela promoção de certos tumores
especialmente, na mama, mas também no endométrio e na próstata (Pearse e Jordan, 2004).
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3.1 Vias de sinalização dos recetores estrogénicos
A atividade hormonal depende dos recetores estrogénicos (RE), pelo que, conhecer o
seu mecanismo de ação é fundamental para avaliar a sua influência em tumores estrogénio-
dependentes, em especial no cancro da mama estrogénio-dependente.
O 17β-estradiol (E2) regula o crescimento e diferenciação celular e outros processos
fisiológicos na mama, no tecido ósseo, fígado, cérebro e sistema cardiovascular (Pearse e
Jordan, 2004). Muitos genes regulados pelo estrogénio estão envolvidos na proliferação
celular, inibição da apoptose, promoção de angiogénese, estimulação de invasão das células
tumorais e respetiva metastização (Osborne e Schiff, 2005). A figura 2 sumariza as múltiplas
vias de sinalização do recetor estrogénico, realçando os efeitos associados ao aumento da
proliferação celular e inibição da apoptose.
O RE atua através de três mecanismos distintos: genómico, não genómico e mitocondrial
(Figura 2).
Na via genómica, o mecanismo clássico da ação direta do estrogénio no ADN do núcleo
envolve a ligação da hormona aos RE nucleares. Seguidamente, o dímero RE liga-se ao
promotor, o elemento de resposta ao estrogénio (ERE), nas regiões de ADN que regulam
os respetivos genes, induzindo o recrutamento de co-ativadores e a respetiva transcrição de
genes envolvidos na proliferação celular e de co-repressores, diminuindo a ativação de genes
pró-apoptóticos ou anti-proliferativos (Yager e Davidson, 2006).
A via não genómica é um mecanismo muito mais rápido que o genómico e envolve a
ativação de várias proteínas cinases, como as MAPK, aumentando também os níveis de
outros intermediários como o AMP cíclico (AMPc) (Yager e Davidson, 2006). Esta via,
independente da transcrição génica, decorre da ligação dos REs (REα, REβ ou ambos) à
membrana plasmática, através de moléculas lipídicas como a caveolina-1 e flotilina-2,
facilitando uma interligação com outras vias de sinalização associadas a recetores de
membrana, como o recetor do fator de crescimento insulínico tipo 1 (IGFR-1), recetor do
fator de crescimento epidérmico (EGFR) e recetor do fator de crescimento epidérmico
humano do tipo 2 (HER2) ou a moléculas adaptadoras de sinalização como Shc (Arpino et
al., 2008).
Com a ligação do estrogénio ao RE, este liga-se na forma de dímero a proteínas
adaptadoras, o que induz ativação de recetores de fatores de crescimento, cinases
citoplasmáticas e moléculas de sinalização (Marino e Ascenzi, 2008).
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15
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As cinases fosforilam o RE e seus co-reguladores o que resulta na ativação da
transcrição nuclear conduzida pelo RE. Assim, pode concluir-se que as vias de sinalização
genómica e não genómica do RE são complementares e podem até atuar de forma sinérgica.
Esta interligação entre as duas vias está envolvida no controlo da proliferação celular e
inibição da apoptose mediada pelo estrogénio, evidenciando o seu papel no crescimento de
tumores estrogénio-dependentes (Yager e Davidson, 2006).
3.2 Plantas com atividade estrogénica
Existem na natureza vários tipos de moléculas com atividade estrogénica e que são
compostos químicos derivados de plantas com conhecidos efeitos estrogénicos em animais,
entre as quais os fitoestrogénios, que incluem isoflavonas, cumestanos, linhanos e
fitoesteróis. Estes compostos foram encontrados em pelo menos 300 plantas, onde as
isoflavonas e os cumestanos foram identificados como os mais comuns (Helferich et al.,
2008).
De uma forma geral, os fitoestrogénios são capazes de se ligar a recetores estrogénicos
(RE) e consequentemente induzir e modular as vias de sinalização dos mesmos, incluindo a
Figura 2. Via de sinalização dos recetores estrogénicos. AMPc – AMP cíclico; E2 – 17β-estradiol; 4-OH-E2 – 4-hidroxiestradiol; EGF – fator de crescimento epidérmico; EGFR – recetor do fator de crescimento
epidérmico; IGF-1 – fator de crescimento insulínico do tipo 1; IGFR-1 – recetor do fator de crescimento
insulínico do tipo 1. MAPK –cinases de proteínas ativadas por mitogénios; mRNA – RNA mensageiro; pShc –
proteína Shc fosforilada. Adaptado de Yager e Davidson, 2006.
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ativação de cinases e a regulação da transcrição de genes. Através destes mecanismos, a via
de sinalização dos REs estimula o crescimento de células do cancro da mama positivo para
recetor estrogénico (RE+). Assim sendo, a segurança do consumo de fitoestrogénios,
presentes em preparações à base de plantas, é uma preocupação para a saúde humana
(Helferich 2008). Na Tabela 2 estão identificadas algumas plantas e respetivos compostos
que demonstraram ter atividade estrogénica e, como tal, o seu consumo por parte de
doentes com tumores hormono-dependentes é avidamente desaconselhado.
Glycine max
As isoflavonas de soja (Glycine max) são comercializadas na forma de suplementos
alimentares ou em produtos à base de soja para o alívio dos sintomas da menopausa (Allred
et al., 2001).
As principais isoflavonas presentes na soja são a genisteína e a daidzeína, sendo a
primeira a mais abundante (Dweck, 2006).
Alguns estudos sugerem que a genisteína (ou o consumo de isoflavonas de soja)
reduzem o risco de cancro da mama e diminuem a mortalidade ou a recidiva da doença em
doentes tratadas e outros indicam que o mesmo composto a concentrações entre 0,1-10µM
estimula a proliferação de células de uma linha celular do cancro da mama estrogénio-
dependente, designada MCF-7, sendo este um efeito mediado pelo REα (Gaete et al., 2011).
Apesar destes resultados, Allred et al. (2001) verificaram que a uma concentração
superior a 10µM, a genisteína inibia a proliferação celular em vários tipos de células,
incluindo de cancro da mama estrogénio-dependente (MCF-7) e estrogénio-independente
(MDA-468). Ainda no mesmo estudo, demonstraram que a concentrações entre 20-90µM, a
genisteína inibiu a síntese de ADN em células MCF-7, mas entre 0,1-10µM estimulou. Estes
resultados controversos evidenciam que este composto não deve ser usado em suplementos
alimentares e preparações à base de plantas com o objetivo de aliviar os sintomas da
menopausa, pela dualidade de efeitos.
Relativamente à segunda isoflavona mais abundante na soja, a daidzeína (Dweck, 2006),
esta revelou aumentar de forma dramática o crescimento de células MCF-7, sendo este
aumento maior do que o provocado sob estimulação das mesmas células com E2, sugerindo
que este composto pode estar envolvido no aumento do risco de cancro da mama (Gaete et
al., 2011).
Outro dado preocupante relacionado com a daidzeína é a evidência de que este
composto potencia em larga escala a atividade do E2 no epitélio luminal e glandular do útero
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de rato. Gaete et al. (2011) revelaram que a daidzeína, apesar de não induzir, por si só,
hipertrofia celular no epitélio luminal do útero de rato como o E2, ela potenciou o efeito
deste, apontando para um possível risco de crescimento de células malignas após
administração conjunta destes dois agentes.
Com base nestes resultados, futuras investigações devem ser direcionadas no sentido de
averiguar as condições necessárias para a segura utilização da genisteína, daidzeína e outras
isoflavonas de soja na composição de suplementos e preparações à base de plantas (Gaete et
al., 2011).
Glycyrrhiza glabra, Glycyrrhiza uralensis e Glycyrrhiza inflata
No estudo realizado por Hajirahimkhan et al. (2013) foram examinados os extratos
brutos de 3 espécies de alcaçuz: Glycyrrhiza glabra (GG), Glycyrrhiza uralensis (GU) e
Glycyrrhiza inflata (GI); bem como dos seus compostos ativos liquiritigenina (LigF) e
isoliquiritigenina (LigC).
Para avaliar as afinidades in vitro dos compostos ativos destas plantas aos recetores
estrogénicos REα e REβ, foram realizados ensaios de ligação competitiva a estes recetores.
Ambos os compostos, LigF e LigC demonstraram afinidade semelhante para o REβ. No
entanto, relativamente ao REα, o Lig F revelou fraca afinidade para este recetor, enquanto
que o LigC apresentou uma afinidade maior para este recetor do que para o REβ.
Outro ensaio realizado neste estudo teve o objetivo de avaliar o efeito dos compostos
acima citados sobre a transcrição de genes mediada pelos REs, através da interação destes
com o elemento de resposta ao estrogénio (ERE). Assim, recorreram ao ensaio do gene
reportador da luciferase e observaram que as espécies do género Glycyrrhiza induziram
significativamente o complexo ERE-luciferase nas células MCF-7, em que o composto LigC
revelou um nível de indução superior ao LigF e, consequentemente, no extrato com a
espécie GU observou-se a maior indução, seguida da GI e, por fim, a GG.
No mesmo estudo foi ainda realizado um ensaio recorrendo ao PCR quantitativo em
tempo real (qRT-PCR), de forma a avaliar a indução do gene responsivo ao estrogénio Tff1
em células T47D. A indução do fator trefoil 1 (Tff1) em células do cancro da mama RE+ é
uma ferramenta útil para avaliar a atividade estrogénica de xenobióticos. Os resultados
revelaram que as três espécies de Glycyrrhiza (GG, GU e GI), a 10µg/ml, induziram a
expressão do Tff1 nas células T47D. No entanto, o LigF demonstrou fraca indução da
expressão deste gene, enquanto que o LigC induziu significativamente a expressão do
mesmo.
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Foi também demonstrado por Hajirahimkhan et al. (2013), que a espécie GG apresentou
atividade estrogénica inferior à das GU e GI, sendo que a GU foi a que revelou a maior
atividade estrogénica das 3. O conteúdo em LigF e LigC nos extratos de GU é superior, em
mais do dobro, ao das restantes espécies GI e GG.
Humulus lupulus
O Lúpulo (Humulus lupulus) é uma planta comummente incorporada em suplementos
alimentares, particularmente na Europa (Hajirahimkhan et al., 2013).
Milligan et al. (1999) conduziram um ensaio em células Ishikawa, linha celular do cancro
do endométrio, no qual isolaram e caracterizaram o composto 8-prenilnaringenina (8-PN)
como a substância, presente no extrato de lúpulo, com maior atividade estrogénica e como
um dos mais potentes fitoestrogénios.
Estudos mais recentes têm demonstrado que o 8-PN mimetiza a ação do E2 in vitro e
estimula a produção da fosfatase alcalina (AP) em células Ishikawa, bem como estimula o
crescimento de células MCF-7, sendo um ligando com potente afinidade para o REα
(Chadwick et al., 2006).
O composto 8-PN assume protagonismo nos estudos que têm como objetivo avaliar a
atividade estrogénica do extrato de lúpulo e dos seus constituintes isolados. Outro
composto da mesma planta, o xantohumol (XH), apesar de não ter afinidade para os REs,
nem exibir atividade estrogénica, é também importante, uma vez que é precursor do 8-PN.
Assim, para além das quantidades de 8-PN presentes no extrato de lúpulo, quantidades
adicionais deste composto podem ser biossintetizadas in vivo a partir do XH (Overk et al.,
2008).
Hajirahimkhan et al. (2013) suportaram os resultados obtidos em estudos anteriores,
demonstrando que o lúpulo e o seu constituinte 8-PN exercem uma potente atividade
estrogénica, aumentando a produção de fosfatase alcalina (AP) nas células Ishikawa,
induzindo a ERE-luciferase no ensaio com o gene reportador da luciferase em células MCF-7
transfetadas com esta enzima e estimulando a transcrição do gene dependente do
estrogénio, Tff1, em células T47D do cancro da mama RE+.
Panax ginseng
Segundo Lee et al. (2003), o ginsenósido Rg1 atua como um ligando estrogénico
funcional nas células MCF-7 através de vários ensaios. Um deles, efetuado com recurso ao
gene reportador luciferase, revelou que o Rg1 medeia a interação entre o RE e o ERE na
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ativação de genes estrogénio-dependentes nas células MCF-7. Após 48 horas de tratamento
das células com 50µM de Rg1, a atividade da luciferase alcançou níveis de atividade
semelhantes aos verificados com 1-10µM de E2. A confirmação de que o Rg1 interage com o
RE, foi obtida através da adição de um composto anti-estrogénico puro, tendo-se verificado
o bloqueio da transcrição de genes estrogénio-dependentes.
No estudo realizado por Lau et al. (2008), recorreram ao ensaio com o gene reportador
da luciferase para avaliar se o Rg1 apresenta capacidades de ativação distintas para o REα e
REβ. Os resultados revelaram que o ginsenósido Rg1 ativava preferencialmente o REα,
induzindo significativamente a atividade da luciferase nas células HEK293 transfetadas com
este recetor. Pelo contrário, a indução da atividade da luciferase em células transfetadas com
REβ foi muito fraca, observando-se apenas uma indução significativa com concentrações
elevadas do ginsenósido (1µM), contrastando com as baixas concentrações a que se detetou
uma forte atividade do Rg1 nas células transfetadas com REα (1pM).
O mesmo estudo revelou ainda uma descoberta importante relacionada com o facto de
o Rg1 ter demonstrado um perfil de ativação da fosforilação do resíduo de serina 118 do
domínio AF-1 do REα, diferente do demonstrado pelo estradiol.
A transcrição de genes mediada pelos REs apenas se realiza se os ativadores de função 1
(AF-1) ou 2 (AF-2) se encontrarem ativados. O AF-2 é ativado apenas na presença de
ligando, contrariamente ao AF-1 que, na ausência de estrogénio, é ativado através da
fosforilação de resíduos específicos de serina, seguida da ativação de vias de cinases, como,
p42/p44 (MAPK), fosfatidilinositol-3-cinase (PI3K), proteína cinase B (AKT) e p38 (MAPK)
(Thomas et al., 2008).
Este aspeto poderá evidenciar que o Rg1 ativa o REα por uma via independente da
presença do ligando, à semelhança do mecanismo de ativação da fosforilação deste recetor
pelos fatores de crescimento, como o fator de crescimento insulínico (IGF-1) (Lau et al.,
2008).
Vitex agnus-castus
No estudo realizado por Liu et al. (2004), verificou-se que o extrato alcoólico desta
planta ligou-se a ambos os REs, REα e REβ, e o seu constituinte ácido linoleico foi
identificado como o ligando responsável pelo estabelecimento da ligação.
De forma a avaliar se o extrato de Vitex agnus-castus e o ácido linoleico puro, para além
da ligação aos recetores estrogénicos, também induziam a expressão de genes mediados por
estes recetores, realizaram-se ensaios com recurso à técnica de transcrição reversa-PCR
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(RT-PCR), usando células T47-A18 do cancro da mama. Verificou-se que ocorreu
estimulação da expressão de mRNA dos REα e REβ nestas células, tanto na amostra com o
extrato da planta como com o composto isolado (Liu et al., 2004).
Num estudo previamente realizado, Liu et al. (2001) já tinham demonstrado que o
extrato de Vitex agnus-castus estimulou a expressão do gene presenelina-2 (pS2), cuja
expressão é mediada pelos REs, em células S30 de cancro da mama.
Outro ensaio realizado no estudo de Liu et al. (2004) envolveu a utilização das células
Ishikawa, que correspondem a uma linha celular do adenocarcinoma do endométrio
hormono-dependente, para avaliar a expressão de mRNA do recetor de progesterona (RP).
A expressão deste recetor nas referidas células é induzida na presença de compostos que se
ligam aos REs e ativam o elemento de resposta ao estrogénio (ERE). Os resultados deste
ensaio demonstraram que o extrato de Vitex agnus-castus a 10µg/ml e o ácido linoleico
isolado, a uma concentração de 3,6µM, estimularam a expressão de mRNA do RP nas células
Ishikawa.
Tabela 2. Compostos derivados de plantas com atividade estrogénica e seus mecanismos.
Planta Composto Mecanismo Referências
Aletris
farinosa Desconhecido Desconhecido.
Montbriand,
2004
Anagálide Anagallis
arvensis
Desconhecido Desconhecido. Montbriand,
2004
Angélica Angelica sinensis
Desconhecido
Estimula a proliferação de células de
cancro da mama hormono-
dependente, MCF-7, bem como a proliferação de células de cancro da
mama hormono-independente, BT-
20.
Powers e
Setzer, 2015
Lau et al., 2005
Piersen, 2003
Chá preto Camellia
sinensis
Desconhecido
Aumento significativo do risco de
cancro da mama e de tumores RE+
e RP+, com base em dados do
Swedish Mammography Cohort.
Montbriand,
2004
Larsson et al.,
2009
Caulophyllum
thalictroides Desconhecido Desconhecido.
Montbriand,
2004
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Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra
Planta Composto Mecanismo Referências
Erva-de-São-
Cristóvão Cimicifuga
racemosa
Ácido cimicifúgico
G
Actaealactona
Induzem uma ligeira proliferação de
células MCF-7, possivelmente devido
às semelhanças estruturais do ácido
cimicifúgico G com o ácido
fukinolico e da actaealactona com a
enterolactona.
Nuntanakorn et
al., 2006
Fritz et al., 2014
Açafrão-da-
índia Curcuma longa
Curcumina
Mimetiza os efeitos estrogénicos do
E2 na transcrição génica,
possivelmente pela sua ligação ao
REα.
Bachmeier et al.,
2010
Inhame Dioscorea villosa
Desconhecido Desconhecido. Montbriand,
2004
Funcho Foeniculum
vulgare
Anetol
O metabolito do anetol, 4-hidroxi-1-
propenilbenzeno (4OHPB), induz a
proliferação de células MCF-7 a
concentrações entre 10-8M e 10-6M.
No entanto, o anetol isolado não
exerce o mesmo efeito in vitro. Este
facto pode ser explicado pela
incapacidade desta linha celular
transformar o anetol no seu
metabolito 4OHPB.
Nakagawa et al.,
2003
Soja Glycine max
Genisteína
Daidzeína
A genisteína estimula a proliferação
de células MCF-7, a baixas
concentrações.
A daidzeína estimula a proliferação
de células MCF-7 e antagoniza a
inibição da proliferação causada pelo
E2 em células do cancro da mama
estrogénio-independente (MDA-
MD-231). No útero de rato, a
daidzeína potencia o efeito do
estrogénio na indução da
proliferação de células do epitélio
glandular e do miométrio.
Allred et al.,
2001
Gaete et al.,
2011
Alcaçuz Glycyrrhiza
glabra
Glycyrrhiza
uralensis
Glycyrrhiza
inflata
Liquiritina
Liquiritigenina
(LigF)
Isoliquiritigenina
(LigC)
Indução do ERE nas células MCF-7 e
do gene Tff1 nas células T47D. O
composto LigC interage com o REα.
Hajirahimkhan
et al., 2013
Hu et al., 2009
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22
Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra
Planta Composto Mecanismo Referências
Lúpulo Humulus lupulus
8-
prenilnaringenina
(8-PN)
Estimula o crescimento de células
Ishikawa, linha celular do cancro do
endométrio e de células MCF-7,
linha celular do cancro da mama.
Revela uma potente afinidade ao
REα, evidenciando as suas propriedades estrogénicas.
Chadwick at al.,
2006
Hajirahimkhan
et al., 2013
Overk et al.,
2008
Anis-
estrelado Illicium verum
Desconhecido Desconhecido. Montbriand,
2004
Linho Linum
usitatissimum
Linhanos
O secoisolariciresinol induz a
proliferação de células MCF-7 a
100µM, no entanto o
anidrosecoisolariciresinol exerce o
efeito contrário, inibindo a
proliferação de células MCF-7.
Lehraiki et al.,
2009
Alfafa Medicago sativa
Cumestrol
Formononetina
Induz a proliferação de células MCF-7 numa concentração de 100µg/ml.
Demonstra fraca afinidade para o
REβ e apenas se liga ao REα a uma
concentração superior a 200µg/ml.
Montbriand,
2004
Boué et al.,
2003
Ginseng
Asiático Panax ginseng
Ginsenósido Rg1
Estimula a transcrição de genes
mediada pela interação entre o RE e
o ERE em células MCF-7.
Induz a expressão de mRNA dos
genes c-fos e pS2, ativando a
transcrição de genes mediada pelos
REs.
Lee et al., 2003
Lau et al., 2008
Anis Pimpinella
anisum
Trans-anetol (ver mecanismo do funcho) Nakagawa et al.,
2003
Feijão-de-
lima Phaseolus
lunatus
Genistina
Daidzeína
Genisteína
Estimulam o crescimento de células
da linha celular MCF-7/BOS de
cancro da mama RE+.
Aumentam a expressão de mRNA do recetor de progesterona (RP).
Este efeito é mediado pelo RE, uma
vez que, adicionando ao extrato da
planta um composto com atividade
anti-estrogénica, verificou-se a
inibição da expressão de mRNA do
RP.
Zhao et al.,
2007
Plantas e o Cancro: Riscos de Interações que Podem Comprometer a Terapêutica
Monografia de Maria Inês Ferreira Lourenço França Pereira
23
Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra
Planta Composto Mecanismo Referências
Podophylum
peltatum Desconhecido Desconhecido. Zava et al., 1997
Pueraria
mirifica
Genisteína Daidzeína
Puerarina
Miroestrol
Desoxi-
miroestrol
Estimulam a proliferação de células MCF-7 a diferentes concentrações.
O desoxi-miroestrol e o miroestrol
promovem este efeito a
concentrações baixas, 10-9M e 10-8M,
respetivamente, seguidos da
daidzeína (10-8–10-5M), da genisteína
(10-8–10-6M) e, por fim a puerarina
(10-6M).
Sookvanichsilp
et al., 2008
Cherdshewasart
et al., 2008
Folha de
Framboesa Rubus idaeus
Desconhecido
Aumenta a atividade oxidativa sérica da ceruloplasmina, indicando uma
possível atividade estrogénica no
fígado (estudos em animais).
Montbriand,
2004
Feno-grego Trigonella
foenum graecum
Desconhecido
O extrato da planta estimula a
proliferação de células MCF-7 e
estabelece ligação ao RE. Atua como
agonista na transcrição de genes
mediada pelo RE via ERE. Induz a
transcrição do gene pS2 em células
MCF-7.
Sreeja et al.,
2010
Cardo
Mariano Silybum
marianum
Silimarina
Estimula o crescimento de células
MCF-7 do cancro da mama, aumenta
a fase S do ciclo celular numa razão
proporcional ao aumento da sua
concentração e promove a
transcrição do gene c-Myc, via
ativação do RE. Em associação com
o E2 verifica-se um efeito aditivo na
estimulação do crescimento das
células MCF-7.
Malewicz et al.,
2006
Tomilho Thymus vulgaris
Desconhecido Desconhecido. Zava et al., 1997
Trevo
vermelho Trifolium
pratense
Daidzeína
Formononetina
Biochanina A
Genisteína
Induzem a proliferação celular de
células MCF-7 com uma extensão semelhante ou até superior à do
composto de referência, E2. A
atividade dos extratos da planta é
inibida com a adição de um
antagonista do RE, sugerindo que
estes compostos atuam nos REs.
Spagnuolo et al.,
2014
Overk et al.,
2008
Plantas e o Cancro: Riscos de Interações que Podem Comprometer a Terapêutica
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24
Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra
Planta Composto Mecanismo Referências
Verbena azul Verbena hastata
Desconhecido Desconhecido. Zava et al., 1997
Anho-casto Vitex agnus-
castus
Ácido linoleico
O ácido linoleico e o extrato
alcoólico da planta ligam-se aos
recetores REα e REβ, aumentam a
expressão de genes estrogénio-dependentes em células T47:A18 e
estimulam a expressão de mRNA do
recetor de progesterona nas células
Ishikawa.
O extrato da planta estimula
também a expressão do gene pS2
em células S30 do cancro da mama.
Liu et al., 2004
Liu et al., 2001
Videira Vitis vinifera
Resveratrol
Estimula a proliferação de células
MCF-7, mesmo em concentrações
baixas e na presença de E2.
Aumenta a expressão da PI3K e da
Akt nas células MCF-7.
Verificou-se a ativação do REα em células tratadas com E2 e resveratrol
em combinação. No entanto, este
efeito não se verificou em células
tratadas com o resveratrol isolado.
Chen et al.,
2015
Plantas e o Cancro: Riscos de Interações que Podem Comprometer a Terapêutica
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25
Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra
4 Conclusão
Como resultado da pesquisa e análise dos dados relativos às atividades angiogénica e
estrogénica das plantas sinalizadas, é possível constatar a complexidade de compostos
presentes nos extratos das mesmas, muitos deles, exercendo efeitos distintos de acordo
com a sua concentração. Exemplos desta variabilidade foram demonstrados pela genisteína,
cujas propriedades estrogénicas diferem consoante está presente em concentração alta ou
baixa e também, pelos diferentes rácios dos ginsenósidos Rg1 e Rb1 na atividade angiogénica
dos extratos de ginseng.
Assim, estes resultados sugerem-nos que a inclusão destes compostos em suplementos
ou outros produtos à base de plantas deveria ser acompanhada por um rigoroso controlo de
qualidade no que respeita à sua quantificação nos extratos das plantas, uma vez que
pequenos desvios em relação à concentração desejada, podem surtir efeitos contrários aos
esperados.
Os mecanismos que justificam as propriedades pró-angiogénicas das plantas abordadas
neste trabalho estabelecem fortes indícios de que estas interagem com os processos
tumorais e, desta forma, o seu consumo por doentes oncológicos deve ser avidamente
desaconselhado.
O mesmo raciocínio pode ser aplicado às plantas com propriedades estrogénicas, que
não devem ser consumidas por mulheres com tumores hormono-dependentes, como
cancro da mama RE+, cancro dos ovários e cancro do endométrio.
É imprescindível que os profissionais de saúde detetem estes focos de interação e
assumam a responsabilidade de consciencializar os doentes e os respetivos familiares, para
os riscos associados ao consumo destas plantas.
São inegáveis as potencialidades da fitoterapia e o estudo de plantas medicinais, sendo
promissoras as suas capacidades no tratamento de diversos processos patológicos. No
entanto, existe ainda um longo caminho a percorrer de forma a garantir a segurança destes
produtos para os consumidores, não podendo ser ignorados os seus efeitos colaterais.
Subsistem ainda vários mecanismos por elucidar, compostos por identificar e caracterizar
e, certamente, mais plantas a sinalizar, sendo neste sentido que a investigação científica em
fitoterapia deve traçar o seu percurso.
Plantas e o Cancro: Riscos de Interações que Podem Comprometer a Terapêutica
Monografia de Maria Inês Ferreira Lourenço França Pereira
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