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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS Perfil da microbiota de um serviço de alimentação e análise da eficácia dos métodos empregados no controle higiênico- sanitário. Aline Gomes de Mello de Oliveira 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS

Perfil da microbiota de um serviço de alimentação e análise da

eficácia dos métodos empregados no controle higiênico-

sanitário.

Aline Gomes de Mello de Oliveira

2014

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Perfil da microbiota de um serviço de alimentação e análise da eficácia dos

métodos empregados no controle higiênico-sanitário.

ALINE GOMES DE MELLO DE OLIVEIRA

.

Orientadores:

Profa. Dra. Selma Gomes Ferreira Leite Prof. Dr. Marco Antônio Lemos Miguel

Profa. Dra. Luciléia Granhen Tavares Colares

Rio de Janeiro

Março/2014

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciência de Alimentos, Instituto de Química, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Ciência de Alimentos.

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Oliveira, Aline Gomes de Mello de

Perfil da microbiota de um serviço e alimentação e análise da

eficácia dos métodos empregados no controle higiênico-sanitário / Aline

Gomes de Mello de Oliveira – Rio de Janeiro: UFRJ, 2014.

173fls.

Orientadores: Selma Gomes Ferreira Leite

Marco Antônio Lemos Miguel

Luciléia Granhen Tavares Colares

Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de

Química, 2014

1. Serviços de alimentação 2. Comunidade microbiana 3. Estudo de

validação 4. Microbiologia molecular – Tese. I. Leite, Selma G.

Ferreira. II. Miguel,Marco Antonio Lemos. III. Colares, Luciléia

Granhen Tavares. IV. Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Instituto de Química. Programa de Pós-Graduação em Ciência de

Alimentos. V. Título.

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Perfil da microbiota de um serviço de alimentação e análise da eficácia dos métodos empregados no controle higiênico-sanitário

Aline Gomes de Mello de Oliveira

Orientadores: Profa. Dra. Selma Gomes Ferreira Leite; Prof. Dr. Marco Antônio Lemos Miguel; Profa. Dra. Luciléia Granhen Tavares Colares Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos, Instituto de Química, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Ciência de alimentos. Aprovada por: _______________________________ Presidente, Profa. Selma Gomes Ferreira Leite – IQ/UFRJ _______________________________ Profa. Cristina Tristão de Andrade – IQ/UFRJ _______________________________ Prof. Sérgio Eduardo Longo Fracalanzza – IMPPG/UFRJ _______________________________ Profa. Rinaldini Coraline Philippo Tancredi - UNIRIO _______________________________ Profa. Arlene Gaspar – UFRJ/Macaé

Rio de Janeiro Março, 2014

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Dedicatória

À minha mãe Fátima,

ao meu tio-pai Jorge

e ao meu marido Carlos Henrique,

companheiros incansáveis.

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Agradecimentos

A caminhada foi longa e nem sempre fácil. Pedras apareceram ao longo

do caminho, mas muitas pessoas especiais estiveram ao meu lado, todo o

tempo, tornando a trajetória mais leve e doce. À essas pessoas, só posso

agradecer e dizer que sempre serão lembradas com muito carinho.

Agradeço à Deus por estar, sempre, ao meu lado, por ter colocado

pessoas especiais na minha vida, por me dar força. Sem Ele não teria

alcançado mais esta conquista.

Ao meu marido, Carlos Henrique, companheiro incansável, que esteve

ao meu lado todo este tempo, que entendeu minhas ausências, me consolou,

foi meu amigo e, principalmente, meu alicerce. Muito obrigada por sua

paciência e amor, te amo.

À minha mãe Maria Fatima, exemplo de força e coragem. Obrigada por

estar ao meu lado, por ter acreditado nas minhas escolhas e por me dar forças

para seguir em frente.

À minha irmã Alessandra Mello, pelo carinho, apoio e incentivo.

Ao meu querido e amado tio-pai Jorge, obrigada por tudo, pelo colo, por

financiar meus estudos, por acreditar nas minhas escolhas, por ter me

escolhido como filha do coração e, principalmente, por caminhar ao meu lado.

Aos meus queridos orientadores Luciléia Colares, Marco Miguel e Selma

Leite. Gratidão eterna! Vocês foram essenciais na realização deste estudo,

estiveram ao meu lado sempre e foram exemplos que pretendo reproduzir ao

longo da minha vida acadêmica.

Luciléia, minha querida amiga, mãe científica e orientadora, muito

obrigada por tudo: pelos ensinamentos, por estar comigo há anos me

auxiliando a alcançar degraus mais altos. Nunca vou me esquecer do seu

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carinho, das palavras de conforto e da sua dedicação. Muito obrigada de

coração.

Marco Miguel, a jornada não foi fácil. Aprendi muito ao seu lado.

Obrigada pela sua paciência, pela sua amizade, pelo profissionalismo e por ter

me mostrado outras formas de enxergar a vida. Muito obrigada pelas

conversas enriquecedoras e pelo carinho.

Selma Leite, muito obrigada por ter acreditado em mim, por ter estado

ao meu lado nas horas que mais precisei e por me dar forças para seguir.

Ao prof. Sérgio Fracalanzza muito obrigada por ter me recebido de

abraços abertos em todos os momentos que precisei, por ter me oferecido seus

conhecimentos, seu tempo, seu carinho e sua amizade.

À profa. Raquel Bonelli, obrigada pelas conversas enriquecedoras,

disponibilidade e orientações.

Às minhas três “anjinhas” Ana Luiza Favilla, Daniela Gomes, Eduarda

Mundy, obrigada por terem acreditado em mim, por terem sido amigas,

companheiras e dedicadas. Sem vocês, essa trajetória teria sido bem mais

árdua. Muito obrigada de coração.

Aos Técnicos Antônio e Marley por me ajudarem e auxiliarem na

execução desta pesquisa. Antônio, obrigada pela paciência e pelas conversas.

Aos amigos do laboratório de microbiologia de alimentos: Analy, Juliana

Furtado, Carolina Beres, Renata Rangel, Maria Leoniza, Bianca, Tayná

obrigada pelas conversas e pelos momentos de diversão.

Às queridas Larissa, Carol e Deborah por terem me auxiliado ao longo

desta tese.

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Ao corpo docente do curso de nutrição UFRJ - campus Macaé por terem

compreendido as minhas ausências e por me darem forças para continuar.

À Mariana, Camila Eliza, Kelse, Beatriz e Arlene pelo apoio, conversas e

conselhos.

Às amigas Ellen e Luciana pelo convívio, pelas conversas animadas e

por me darem força ao longo desta caminhada.

Aos meus queridos amigos, Aline Barros, Juliana Kuhne, Fabio

Machado, Artemis, Márcio, Isabel David e Fabiane Back pelo apoio, pelas

conversas, pelo carinho e principalmente por entenderem as minhas ausências.

À todos os docentes, servidores e funcionários do Programa de Pós

Graduação em Ciência de Alimentos pela oportunidade de crescimento e pelo

auxílio.

Ao Governo do Estado do Rio de Janeiro pela concessão da realização

da pesquisa.

À todos os funcionários (nutricionistas e manipuladores de alimentos) do

restaurante em que foi desenvolvimento este trabalho.

E a todos que não fiz menção, porém que contribuíram também para a

concretização deste trabalho, MUITO OBRIGADA!!!

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RESUMO

PERFIL DA MICROBIOTA DE UM SERVIÇO DE ALIMENTAÇÃO E ANÁLISE

DA EFICÁCIA DOS MÉTODOS EMPREGADOS NO CONTROLE HIGIÊNICO-

SANITÁRIO

Aline Gomes de Mello de Oliveira

Orientadores: Profa. Dra. Selma Gomes Ferreira Leite; Prof. Dr. Marco Antônio Lemos Miguel; Profa. Dra. Luciléia Granhen Tavares Colares

Resumo da Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós Graduação em Ciência de Alimentos - Instituto de Química, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Ciência de Alimentos.

O objetivo deste estudo foi caracterizar a microbiota e avaliar a eficácia dos métodos de controle higiênico-sanitário em um serviço de alimentação da cidade do Rio de Janeiro. Foram pesquisados microrganismos patogênicos e indicadores em utensílios como: bandejas, pratos, talheres e nas mesas do refeitório. As amostras dos utensílios foram coletadas por lavagem de superfície com solução salina e as mesas por esfregaço com “swab”. As estirpes de bacilos Gram negativos e de estafilococos foram identificadas por espectrometria de massa. O perfil da comunidade microbiana foi verificado pelas técnicas moleculares de reação de cadeia de polimerase e eletroforese em gel com gradiente desnaturante (PCR-DGGE) e sequenciamento do gene RNAr 16S. Foi investigado o perfil de suscetibilidade das estirpes isoladas aos antimicrobianos pelo método de disco-difusão, assim como a eficácia do hipoclorito de sódio na diluição de uso sobre as estirpes prevalentes no estabelecimento. Validou-se o conteúdo do roteiro para avaliação das condições higiênico-sanitárias de serviços de alimentação (RACHS-SA) pela técnica Delphi e verificou-se a confiabilidade interavaliadores, após a aplicação do instrumento por 4 nutricionistas em um serviço de alimentação. Todas as superfícies estavam em condições higiênico-sanitárias inadequadas. O método dependente de cultivo evidenciou a predominância de enterobactérias (Enterobacter sp e Klebsiella sp), Acinetobacter sp. e Staphylococcus sp. As técnicas moleculares também revelaram a prevalência de Klebsiella sp e Acinetobacter sp em todas as superfícies analisadas. Nenhum isolado de estafilococos coagulase positiva e negativa apresentou perfil de resistência à meticilina e a vancomicina, porém, três estirpes de bacilos Gram negativos revelaram resistência ao imipenem. O hipoclorito de sódio à 200ppm foi capaz de inibir todas as estirpes testadas. O RACHS-SA teve seu conteúdo validado e apresentou confiabilidade interavaliadores. Os métodos dependentes e independentes de cultivo mostraram resultados equivalentes, o que reforça a aplicabilidade da associação das técnicas PCR-DGGE em serviços de alimentação, pois oferece resultados rápidos quando comparada com os métodos tradicionais. O RACHS-SA com o conteúdo validado apresentou resultados que corroboraram com os métodos experimentais, sendo identificados menores percentuais de adequação para os blocos que avaliaram

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equipamentos e utensílios, assim como aquele que tratou da higiene das instalações e utensílios. Trata-se de uma ferramenta útil que pode ser utilizada pelos gestores dos serviços de alimentação para auxiliar na adoção das boas práticas e minimizar o risco de contaminação. Os dados obtidos mostraram que as estirpes prevalentes no serviço de alimentação, embora sensíveis ao desinfetante utilizado na rotina do estabelecimento, apresentavam resistência a alguns importantes antimicrobianos. Este dado evidencia a necessidade de um monitoramento mais abrangente do perfil da microbiota de serviços de alimentação, incluindo a busca por marcadores de resistência, favorecendo alterações eficientes nos protocolos de higiene.

Palavras chaves: Serviços de alimentação, Comunidade microbiana, Condições higiênico-sanitária, Estudo de validação, Biologia Molecular

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ABSTRACT

MICROBIAL PROFILE IN A FOOD SERVICE AND ANALYSIS OF THE

EFFECTIVENESS OF METHODS EMPLOYED IN CONTROL HYGIENE AND

SANITARY

Aline Gomes de Mello de Oliveira

Orientadores: Profa. Dra. Selma Gomes Ferreira Leite; Prof. Dr. Marco Antônio Lemos Miguel; Profa. Dra. Luciléia Granhen Tavares Colares

Abstract da Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós Graduação em Ciência de Alimentos – Instituto de Química, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de

Doutor em Ciência de Alimentos. The aim of this study was to characterize the microbial and to evaluate the effectiveness of methods of hygienic-sanitary control in a food service in the city of Rio de Janeiro. Pathogenic microorganism and indicators in trays, plates, cutlery and dining room tables were surveyed. The samples were collected by washing utensils surface with saline and the tables by smear “swab". Strains of Gram-negative bacteria and staphylococci were identified by mass spectrometry. The bacterial community structure was verified by polymerase chain electrophoresis in denaturing gradient gel (PCR-DGGE) and sequencing of the 16S rRNA gene. The profile of susceptibility of isolates to antimicrobial agents by the disk diffusion method was investigated as well as the effectiveness of sodium hypochlorite in the dilution of the use on the prevalent strains in the establishment. Validated the contents of the script to evaluate the sanitary conditions of food service (RACHS-SA) was conducted by Delphi technique and was verified the interrater reliability, after application of the instrument by 4 dietitians in a food service. All surfaces were in inadequate sanitary conditions. The culture-dependent method showed the predominance of Enterobacteriaceae (Enterobacter sp. and Klebsiella sp.), Acinetobacter spp . and Staphylococci. Molecular techniques have also revealed the prevalence of Acinetobacter sp., and Klebsiella sp. in all surfaces analyzed. No isolate of coagulase positive and negative staphylococci showed resistance to methicillin and vancomycin, however, three strains of Gram negative bacilli showed resistance to imipenem. Sodium hypochlorite at 200 ppm was able to inhibit all strains tested. The RACHS-SA validated content presented interrater reliability. The dependent- and independent-culture methods showed equivalent results, which reinforces the applicability of the association of PCR- DGGE techniques in food service, it offers fast results when compared with traditional methods. The RACHS-SA with validated content presented results that corroborated the experimental methods, smaller percentages of adequacy being identified for the blocks that evaluated equipment and utensils, as well as one that dealt with the cleanliness of the premises and utensils. This proved to be a useful tool that can be used by managers of food services to assist in the adoption of best practices and minimize the risk of contamination. The data showed that,

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although sensitive to the disinfectant used in the routine category, prevalent in the food service strains showed resistance to some important antimicrobials. This finding highlights the need for a more comprehensive monitoring of the profile of the microbioal of food services, including the search for markers of resistance, favoring efficient changes in hygiene protocols Keywords: Food service, Microbial community, sanitary conditions, Validation studies, Molecular Biology

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Diagrama explicativo das etapas realizadas na pesquisa.

52

Figura 2. Frequência das espécies de bacilos Gram negativos isoladas das superfícies das bandejas, talheres e mesas.

60

Figura 3. Perfil de bandas obtido por PCR-DGGE da região codificadora do RNAr 16S, das superfícies de mesas e utensílios. As setas indicam as bandas selecionadas para sequenciamento.

61

Figura 4. Ordenação multidimensional não métrica realizada a partir das matrizes obtidas do perfil de bandas da PCR-DGGE para as comunidades bacterianas presentes nos utensílios e mesas.

63

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Principais agentes etiológicos envolvidos em surtos de doenças transmitidas por alimentos no período de 2000/2011.

22

Quadro 2. Principais classes de antimicrobianos e seus, respectivos, mecanismos de ação e de resistência bacteriana.

27

Quadro 3. Propriedades dos diferentes princípios ativos utilizados em desinfetantes comerciais.

33

Quadro 4. Ação dos princípios ativos frente aos principais microrganismos.

34

Quadro 5. Relação das vantagens e desvantagens de cada técnica de análise microbiológica de superfície.

42

Quadro 6. Padrões Microbiológicos para avaliação das condições higiênico-sanitárias de equipamentos e utensílios de preparação, segundo organizadores oficiais e autores.

43

Quadro 7. Padrões microbiológicos para utensílios de mesa, segundo organizadores oficiais e autores.

43

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Contagem microbiana das superfícies dos utensílios e mesas previamente higienizados no primeiro dia de coleta, em três horários diferentes.

57

Tabela 2. Contagem microbiana das superfícies dos utensílios e mesas previamente higienizadas no segundo dia de coleta, em três horários diferentes.

58

Tabela 3. Identificação das bandas obtidas por PCR-DGGE baseada no BLAST (GenBank) usando primers universais para bactérias totais.

62

Tabela 4. Total de bacilos Gram negativos e estafilococos isolados das superfícies higienizadas do talher, bandejas e mesa do refeitório.

68

Tabela 5. Perfil de resistência das estirpes de Acinetobacter sp, Enterobacter sp. e Klebsiella sp. isoladas das superfícies higienizadas de em um serviço de alimentação.

73

Tabela 6. Perfil de resistência das estirpes de Staphylococcus aureus e estafilococos coagulase negativa isoladas das superfícies higienizadas de um serviço de alimentação.

74

Tabela 7. Alterações e discordâncias entre os especialistas, por bloco, nas três rodadas de avaliação do instrumento, Rio de Janeiro, 2013.

85

Tabela 8. Classificação dos itens quanto ao risco oferecido para a manutenção da qualidade higiênico-sanitária das refeições, conforme julgamento dos especialistas, Rio de Janeiro 2013.

86

Tabela 9. Percentual de adequação das condições higiênico-sanitárias do serviço de alimentação a partir da avaliação dos quatro nutricionistas, Rio de Janeiro 2013.

87

Tabela 10. Coeficiente de correlação intraclasse obtidos das respostas dadas pelos quatro nutricionistas para cada bloco do RACHS-SA, Rio de Janeiro 2013.

88

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABERC - Associação Brasileira de Refeições Coletivas

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ANOVA – Análise de variância

APHA – American Public Health Association

ARDRA Análise de Restrição de DNA Ribossomal Amplificado

ATCC - American Type Culture Colection

ATP – Adenosina Trifosfato

CCI - Coeficiente de Correlação Intraclasse

CHCA - Ácido α-hidroxi-ciano-cinâmico

CLSI - Clinical and Laboratory Standards Institute

CONSEA - Conselho Nacional de Segurança Alimentar

CVS - Centro de Vigilância Sanitária

DGGE - Eletroforese em Gel com Gradiente Desnaturante

DTA - Doença Transmitida por Alimentos

ECN - Estafilococos Coagulase Negativo

ECP - Estafilococos Coagulase Positivo

ESBL - Beta-Lactamase de Espectro Estendido

EUA - Estados Unidos da América

FDA - Food and Drug Administration

IRAs – Infecção relacionada à Assistência à Saúde

MRPP - Procedimento de Permutação de Múltipla Resposta

MRS - Staphylococcus metacilina resistente

MRSA - Staphylococcus aureus metacilina resistente

NMS - Escalonamento multidimensional não métrico

OMS - Organização Mundial de Saúde

ONG - Organizações Não Governamentais

OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde

PACHS - Percentual de Adequação das Condições Higiênico-Sanitárias

PAT - Programa de Alimentação do Trabalhador

PCR - Reação em Cadeia da Polimerase

PEAA - Programa Estadual de Acesso à Alimentação

PNAE - Programa Nacional de Alimentação Escolar

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POF - Pesquisa de Orçamento Familiar

RACHS-SA - Roteiro de Avaliação das Condições Higiênico-Sanitárias de

Serviço de Alimentação

RDC - Resolução da Diretoria Colegiada

RODAC - Replicate Organism Direct Agar Contact

RP - Restaurantes Populares

RU – Restaurante universitário

SAPS - Serviço de Alimentação da Previdência Social

SEASDH - Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos

UFC - Unidade Formadora de Colônia

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 16

2. REVISÃO DA LITERATURA 19

2.1 O setor de alimentação coletiva: aspectos históricos e evolução 19

2.2 Contaminantes microbianos em serviços de alimentação 21

2.2.1 Suscetibilidade dos microrganismos aos antimicrobianos 26

2.3 Monitoramento das condições higiênico-sanitárias em serviços de alimentação.

31

2.3.1 Roteiros de Avaliação das condições higiênico-sanitária de serviços de alimentação

36

2.3.2 Análises microbiológicas em serviços de alimentação 39

2.4 Estudo da comunidade microbiana por métodos dependentes e independentes de cultivos

44

3. JUSTIFICATIVA 48

4. OBJETIVOS 49

4.1 Objetivo geral 49

4.2 Objetivos específicos 49

5. ESTRATÉGIA EXPERIMENTAL 50

5.1 Local de estudo 50

5.2 Critérios para escolha dos pontos de coletas das amostras de superfícies. 50

5.3 Pontos de coleta das amostras. 51

6. CAPITULOS 53

6.1 Capitulo I: Caracterização da comunidade microbiana presente nas superfícies de serviços de alimentação

53

6.1.1 Material e métodos 53

6.1.1.1 Avaliação higiênico-sanitária das superfícies 53

6.1.1.2 Identificação das estirpes isoladas por espectrometria de massa do tipo MALDI-TOF

55

6.1.1.3 Caracterização da estrutura da comunidade microbiana presente na superfície

55

6.1.1.4 Análise estatística 56

6.1.2 Resultados 56

6.1.2.1 Características microbiológicas das superfícies do serviço de alimentação 56

6.1.3 Discussão 64

6.2 Capitulo II: Perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos e desinfetantes a base de cloro em estirpes de Acinetobacter sp., Enterobacter sp., Klebsiella sp. e Staphylococcus sp. isoladas de serviço de alimentação

68

6.2.1 Materiais e métodos 68

6.2.1.1 Teste de susceptibilidade aos antimicrobianos 68

6.2.1.2 Detecção fenotípica da produção de enzima β-lactamases de espectro estendido (ESBL).

70

6.2.1.3 Eficácia do desinfetante a base de hipoclorito de sódio frente às estirpes isoladas.

70

6.2.2 Resultados 72

6.2.3 Discussão 76

6.3 Capitulo III: Validação de conteúdo e confiabilidade de instrumento de avaliação higiênico-sanitária

79

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6.3.1 Materiais e métodos 79

6.3.1.1 Elaboração do RACHS-SA 79

6.3.1.2 Validação do conteúdo do RACHS-SA por comitê de especialistas 80

6.3.1.3 Análise da confiabilidade e reprodutibilidade do instrumento validado 82

6.3.2 Resultados 83

6.3.2.1 Elaboração do instrumento para avaliação das condições higiênico-sanitária 83

6.3.2.2 Validade do conteúdo do instrumento pela Técnica Delphi 83

6.3.2.3 Avaliação das condições higiênico-sanitárias do serviço de alimentação e análise da confiabilidade e reprodutibilidade interavaliadores

86

6.3.3 Discussão 89

7. CONCLUSÕES FINAIS 91

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 92

ANEXOS 109

APÊNDICES 113

Asdagfagfsdg

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INTRODUÇÃO

O setor de alimentação fora do lar tem crescido nas últimas décadas e

sua dimensão e importância na economia nacional podem ser medidas a partir

dos números gerados pelo segmento. No ano de 2013, o mercado de refeições

coletivas como um todo forneceu cerca de 18 milhões de refeições/dia,

ofereceu 195 mil empregos diretos e consumiu 11 mil toneladas de alimentos

(ABERC, 2013). No Brasil, os dados da Pesquisa Brasileira de Orçamentos

Familiares (POF) realizada entre 2008 e 2009 revelaram que na área urbana

31% do total médio da despesa familiar é gasto com alimentação fora do lar

(IBGE, 2010).

Este crescimento tem ocasionado o aumento dos surtos de doenças

transmitidas por alimentos (DTA) devido às falhas ocorridas durante o processo

produtivo de refeições, incluindo a deficiente higienização das superfícies

(OMS, 2006). As DTA podem gerar perdas econômicas para o

estabelecimento, além da morbidade e mortalidade do indivíduo (BENEVIDES

& LOVATII, 2004).

Entre os anos de 2000 e 2011 foram notificados 8.663 surtos, que

acometeram 163.425 pessoas e ocasionaram 112 óbitos (SVS, 2012), sendo

Salmonella spp., Staphylococcus aureus, Bacillus cereus e Escherichia coli os

principais microrganismos envolvidos nesses surtos.

A manutenção da qualidade higiênico-sanitária dos alimentos, assim

como das superfícies que entram em contato com os alimentos é necessária

para prevenir a disseminação destes microrganismos, uma vez que se

propagam com rapidez e alta patogenicidade.

Nas últimas décadas os patógenos alimentares como Salmonella spp.,

Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Listeria monocytogenes e Yersinia

enterololitica têm desenvolvido resistência a antimicrobianos, o que pode

comprometer o tratamento de infecções graves de origem alimentar (WHITE et

al., 2002).

O aumento da resistência das bactérias aos agentes antimicrobianos se

tornou um problema de saúde publica (OLIVEIRA & SILVA, 2008). Este fato

está associado ao uso extensivo dos antimicrobianos e às más condições de

higiene (VON NUSSBAUM et al., 2006).

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Embora a maioria dos estudos de resistência a antimicrobianos esteja

relacionado com amostras provenientes de infecções relacionadas à

assistência à saúde (IRAs), também é importante analisar as amostras do

ambiente a fim de verificar se estes isolados apresentam resistência aos

antimicrobianos (DÍAZ et al., 2006).

Considerando que a resistência aos antimicrobianos é um problema de

saúde pública é necessário controlar a disseminação dos agentes patogênicos,

através da adoção de métodos de controle higiênico-sanitário nos serviços de

alimentação.

O controle de microrganismos patogênicos e indicadores das condições

higiênico-sanitárias pode ser realizado a partir da adoção de procedimentos de

higienização, uma vez que, o contato dos alimentos com superfícies

contaminadas é um dos principais fatores para a ocorrência de surtos (OMS,

2006). A existência de resíduos alimentares associados à umidade nas

superfícies favorecem a multiplicação dos microrganismos e o aumento da

contaminação (SILVA JR., 2007; ICMSF, 1997).

Para que os procedimentos de higienização sejam eficazes é

fundamental a escolha correta dos agentes de limpeza e desinfecção, sendo

necessário analisar o tipo e o grau dos resíduos aderidos às superfícies, a

qualidade da água, a natureza da superfície a ser higienizada, os métodos de

higienização (físicos ou químicos) aplicados e o perfil microbiano da superfície

(ANDRADE, 2008).

A oferta de refeições dentro dos padrões higiênico-sanitários é uma

condição essencial para promoção da saúde e prevenção de DTA, sendo o

controle da qualidade nos serviços de alimentação importante e bastante

abrangente.

O controle da qualidade pode ser realizado por métodos não

experimentais (aplicação de roteiros de avaliação das condições higiênico-

sanitárias) e métodos experimentais (análises microbiológicas).

Os roteiros de avaliação das condições higiênico-sanitárias apresentam

baixo custo e podem ser aplicados tanto em instituições públicas como nas

privadas. Estes instrumentos reúnem os principais tópicos exigidos pela

legislação sanitária, permitindo observar se o serviço de alimentação se

encontra em adequação.

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Existem diversos roteiros disponíveis na literatura como: BRASIL,

(2002); AKUTSU et al. (2005); SACCOL et al. (2009), porém não há

informações sobre a validação de conteúdo dos mesmos. A validação de um

instrumento é importante, pois permite verificar se os resultados de uma

aferição se aproximam do estado verdadeiro dos fenômenos que estão sendo

medidos (PASQUALI, 2009)

De acordo com Pasquali (2009) a validação pode ser classificada como

critério, constructo e conteúdo. Esta última reflete a capacidade do instrumento

medir um conjunto de comportamentos relacionados entre si e que estão

associados ao que está sendo medido (SOUSA & TURRINI, 2012).

Desta forma, o uso de um roteiro de avaliação das condições higiênico-

sanitárias de serviços de alimentação com o conteúdo validado, associado às

análises microbiológicas complementa, comprova e assegura o nível higiênico-

sanitário do estabelecimento (TEBBUTT, 2007).

As análises microbiológicas do ambiente, superfície, manipuladores e

alimentos auxiliam na detecção das fontes de contaminação e na eficiência do

processo de higienização (ANDRADE, 2008). Estas análises podem ser

realizadas por técnicas dependentes e independentes de cultivo.

Os métodos dependentes de cultivo, embora confiáveis e eficientes

requerem vários dias e até mesmo semanas para obtenção dos resultados.

Além disso, as propriedades fenotípicas das bactérias podem não ser

expressas ou podem ser de difícil interpretação e classificação (MARIN et al.,

2006). Os métodos independentes de cultivo apresentam rapidez, maior

seletividade, especificidade, potencial para automação e a possibilidade de

analisar bactérias que não são cultiváveis em meios de cultura (BUSH &

NITSCHKO, 1999).

Sendo assim, quando os métodos dependentes de cultivo estão

associados aos métodos independentes podem gerar resultados mais

completos para estudos de caracterização da microbiota de um ambiente.

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19

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 O setor de alimentação coletiva: aspectos históricos e evolução.

As alterações ocorridas na economia brasileira foram causadas pelas

transformações dos modos de vida, principalmente a modificação da estrutura

familiar e dos comportamentos alimentares; o desenvolvimento da atividade, no

que diz respeito ao trabalho feminino e a transformação da ocupação espacial

através da urbanização crescente e da industrialização, foram os fatores que

contribuíram para o desenvolvimento do Setor de alimentação coletiva

(PROENÇA, 1997).

No final da década de 30 foi criado o Serviço de Alimentação da

Previdência Social (SAPS), com o intuito de melhorar as condições de trabalho,

que eram bastante precárias, devido às longas jornadas, aos baixos salários, a

falta de segurança e ao ambiente insalubre, sendo instituída a obrigatoriedade

das empresas com mais de 500 empregados instalarem refeitório. O SAPS

possuía como objetivo o fornecimento de refeições equilibradas do ponto de

vista higiênico-sanitário e nutricional, com intuito de melhorar a alimentação do

trabalhador e, conseqüentemente, sua resistência orgânica e capacidade de

trabalho (BRASIL, 1940). Este Serviço promoveu a administração de

restaurantes para trabalhadores, assim como do refeitório localizado na União

Nacional dos Estudantes, mas foi extinto em 1967 (BRASIL, 1940; BRASIL,

1967).

Em 1941 a primeira cozinha industrial de grande porte foi instalada na

Companhia Siderúrgica Nacional. Em 1947 foram inauguradas, na cidade de

São Paulo, as primeiras cozinhas industriais do Serviço Social da Indústria

(SESI) a fim de fornecer refeições transportadas para os trabalhadores

industriais e do Serviço Social do Comércio (SESC) que tinham refeitório

centralizado para atender aos comerciários.

A partir de 1955 foram implementadas as Políticas de Alimentação e

Nutrição como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que

visava o fornecimento de refeições a todos os estudantes da pré-escola e do

primeiro grau, matriculados na rede oficial de ensino e entidades filantrópicas,

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20

um complemento nutricional diário, durante o período das atividades escolares,

aos escolares frequentadores de estabelecimento oficiais e filantrópicos de

ensino (BRASIL, 2014).

Ainda na década de 50, surgiram os Restaurantes Universitários (RU),

em escolas e faculdades, que eram mantidos pela Universidade do Brasil, para

atendimento de funcionários e estudantes (BRASIL, 2008).

A partir da Consolidação do processo de industrialização do país, foi

instituído pelo Governo Federal o Programa de Alimentação do Trabalhador

(PAT), pela Lei. 6.321, de 1976, regulamentada somente em 1991. O PAT é

direcionado ao atendimento dos trabalhadores de baixa renda, ou seja, aqueles

que ganham até cinco salários mínimos mensais, visando a melhoria das

condições nutricionais, a promoção da saúde e prevenção de doenças

profissionais (BRASIL, 2008).

A alimentação fora do lar se transformou em prática cotidiana e sofreu

mudanças visíveis, visto que a maioria das refeições, no Brasil, passou a ser

realizada fora do lar (COLLAÇO, 2003).

No final dos anos 80 surgiu no Brasil os restaurantes à peso, sendo o

resultado da adaptação do sistema de buffet existente na Europa e nos

Estados Unidos da América. Também foram adotados outros tipos de

segmentos como o sistema de rodízios de carne, de comida oriental, italiana e

o sistema à peso. Há ainda os restaurantes do tipo self service, churrascarias,

lanchonetes, fast foods, restaurantes gastronômicos, restaurantes tradicionais,

cantinas, bistrôs, pizzarias e as barracas de rua (COLLAÇO, 2007).

A dimensão e a importância do Setor de alimentação coletiva na

economia nacional podem ser ressaltadas a partir dos números gerados pelo

segmento. No ano de 2013, o mercado de refeições coletivas como um todo

forneceu 18 milhões de refeições/dia, 195 mil empregos diretos e consumiu

cerca de 11 mil toneladas de alimentos (ABERC, 2013). No Brasil, os dados da

Pesquisa Brasileira de Orçamentos Familiares (POF) (IBGE, 2010) revelaram

que, o total médio da despesa familiar gasto com a alimentação fora do lar, na

área urbana, foi de 31%.

Os dados das pesquisas mostraram que os serviços de alimentação fora

do lar assumiram um papel importante na alimentação da população e a

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qualidade, passou a ser um atributo fundamental para o funcionamento destes

estabelecimentos (SOUSA & CAMPOS, 2003).

Com relação aos serviços de alimentação, a qualidade está associada

aos aspectos intrínsecos do alimento (qualidade nutricional e sensorial),

segurança (qualidade higiênico-sanitárias), atendimento (relação cliente-

fornecedor), e preço (AKUTSU et al., 2005). O aspecto da qualidade que será

tratado, ao longo desse estudo, está relacionado com as questões higiênico-

sanitárias, pois a ocorrência de doenças transmitidas por alimentos (DTA) é um

dos fatores que contribuem para morbidade, mortalidade e constituem-se em

um problema de saúde pública.

2.2 Contaminantes microbianos em serviços de alimentação.

A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2006) define doença

transmitida por alimentos como patologia de natureza infecciosa ou tóxica

causada pelo consumo de alimentos ou água contaminados. Os agentes de

contaminação podem ser físicos, químicos ou biológicos, sendo a causa mais

comum dessas doenças a contaminação microbiana, principalmente por

bactérias (SVS, 2012).

As DTA têm sido abordadas como um problema de saúde pública, que

podem causar a redução da produtividade, perdas econômicas e da

credibilidade do estabelecimento. Além disso, dependendo da quantidade

ingerida do alimento contaminado, do tipo de microrganismo ou toxina e do

estado de saúde do indivíduo acometido, as DTA, podem levar a morte

(BENEVIDES & LOVATTI, 2004).

Entre os anos de 2000 e 2011 foram notificados 8.663 surtos,

acometendo 163.425 pessoas e ocasionando 112 óbitos (SVS, 2012).

Registros epidemiológicos mostraram que os serviços de alimentação são

responsáveis pelos altos índices de surtos de doença transmitida por

alimentos. Acredita-se que esses estabelecimentos sejam responsáveis por

mais de 50% dos surtos (OMS, 2006).

Diversas causas estão relacionadas aos surtos de DTA como: falhas

durante a manipulação de alimentos, inadequação do planejamento físico-

funcional, assim como na higienização dos equipamentos (OMS, 2006). No

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Quadro 1 estão apresentados os principais agentes etiológicos e o percentual

de surtos de DTA ocorridos no Brasil entre 2000 e 2011.

Fonte: SVS, 2012.

Quadro 1: Principais agentes etiológicos envolvidos em surtos de doenças

transmitidas por alimentos no período ente 2000 e 2011.

Staphylococcus aureus é um dos principais microrganismos

patogênicos. Este microrganismo apresenta como reservatório os animais e o

homem, e pode colonizar as vias nasais, cabelos e pele de indivíduos

saudáveis. Há citação de 49 espécies e 26 subespécies incluídas no gênero

Staphylococcus spp (EUZÉBY, 2014) e são tradicionalmente divididos em dois

grupos: coagulase positiva e coagulase negativa de acordo com sua

capacidade de coagular o plasma de coelho (FORSYTHE, 2002).

Dentre os estafilococos coagulase positiva, Staphylococcus aureus é a

principal espécie podendo causar diversos tipos de infecções, incluindo

inflamações superficiais da pele, infecções sistêmicas e septicemia. Sua

presença é indicativa de falhas nos procedimentos de higienização

(JUNQUEIRA et al., 2009; MARTINS et al., 2009). Este microrganismo também

pode causar intoxicação alimentar estafilocócica que está associada à ingestão

de enterotoxinas produzidas pela espécie quando presentes nos alimentos

(HENNEKINNE et al., 2012).

A toxina estafilocócica é termoestável e, portanto, não pode ser inativada

por métodos de cocção comumente utilizados. Alimentos que requerem muita

Agente etiológico Surtos de DTA

N %

Salmonella spp. 1660 42,5 Staphylococcus aureus 799 20,5 Escherichia coli 411 10 Bacillus cereus 300 8 Clostridium perfringens 190 5 Outros 553 14

Total 3927 100

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manipulação e são mantidos em temperaturas favoráveis à multiplicação deste

pátogeno são aqueles frequentemente envolvidos em intoxicações

estafilocócicas (FORSYTHE, 2002; JAY, 2005).

Nos Estados Unidos da América, anualmente, em média 185.000 casos

de surtos alimentares envolvem a enterotoxina estafilocócica (MUSTAFA et al.,

2009). No Brasil, de acordo com a Secretaria de Vigilância Sanitária foram

notificados 799 surtos no período entre 2000 e 2011 (SVS, 2012).

Staphylococcus aureus estão frequentemente associados aos casos e

surtos de intoxicação alimentar (OMOE et al., 2005), mas outras espécies

também produzem enterotoxinas e estão envolvidas em surtos alimentares.

Entre esta espécies destacam-se os estafilococos coagulase negativa (ECN):

S. intermedius (KHAMBATY et al., 1994; BECKER et al., 2001) e S. hyicus

(ADESIYUN et al., 1984; STAMFORD et al., 2006 ).

Os ECN envolvem espécies do genêro que foram por muito tempo

considerados como não-patogênicas, podendo estabelecer uma relação

comensal com seres humanos e animais (FITZGERALD & PENADES, 2008;

OTTO, 2010).

No entanto, é crescente o envolvimento de espécies como

Staphylococcus epidermidis, S. haemolyticus e S. saprophyticus em infecções

hospitalares (OTTO, 2009; PIETTE & VERSCHRAEGEN, 2009; MAZZARIOL et

al., 2012), bem como S.chromogenes, S. simulans, S. xylosus em infecções de

origem animal (TAPONEN et al., 2006; UNAL & CINAR, 2012). Os ECN podem

ocorrer tanto no ambiente clínico, como também nos alimentos (CUNHA et al.,

2006; EVEN et al., 2010), por isso, também devem ser pesquisados e

controlados.

A pesquisa de patógenos envolvidos em surtos de DTA é difícil,

trabalhosa e não garante a inexistência de outros agentes. Por este motivo,

microrganismos indicadores (bactérias aeróbias mesófilas, bolores e leveduras,

coliformes, enterococos, enterobactérias e Escherichia coli) são utilizados para

verificar as condições de higiene dos alimentos, manipuladores de alimentos,

utensílios e ambientes dos serviços de alimentação. A presença destes

microrganismos sugere falhas nas condições higiênico-sanitárias, assim como

a probabilidade da existência de microrganismos patogênicos (SOUSA, 2008).

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A contagem de bactérias aeróbias mesófilas em alimentos tem sido um

dos indicadores de qualidade mais comumente utilizados. Apresentam

crescimento ótimo próximo à temperatura corporal (aproximadamente 37 °C)

(FERNANDES et al., 2000).

A alta contagem destes microrganismos é indicativa da deficiência da

qualidade higiênico-sanitária da matéria-prima e da produção ou conservação

dos alimentos; assim como da inadequação do processo de limpeza e

sanitização das superfícies e das condições de tempo/temperatura durante a

produção ou conservação dos alimentos (FRANCO & LANDGRAF, 2003;

FORTUNA & FORTUNA, 2008).

Além disso, a presença desses microrganismos em altas contagens

pode indicar também um perigo potencial da veiculação de patógenos, pois a

grande maioria das bactérias patogênicas pertence a este grupo. Mesmo que

os patógenos estejam ausentes e que não tenham ocorrido alterações nas

condições sensoriais do alimento, um número elevado destes microrganismos

indica que o alimento pode ser prejudicial à saúde (FRANCO & LANDGRAF,

2003; SILVA et al., 2007)

Os bolores e as leveduras constituem um grande grupo de

microrganismos, a maioria originária do solo ou ar. Sua temperatura de

crescimento ótima encontra-se na faixa de 25 a 28 °C, não crescendo bem em

temperaturas mesófilas (35 a 37 °C) e raramente em temperaturas acima de

45 °C. Os bolores e leveduras são bastante resistentes a condições adversas,

como pH ácido e baixa atividade de água (SILVA et al., 2007).

A detecção e quantificação de fungos é uma parte essencial da análise

microbiológica na avaliação das práticas de higiene, estocagem,

processamento e distribuição dos alimentos. A contagem de bolores e

leveduras é aplicável principalmente na análise de alimentos ácidos, com pH

inferior a 4,5 (HAJDENWURCEL, 1998). Embora a maioria das infecções

fúngicas não esteja relacionada ao sistema digestório como sítio de infecção,

em indivíduos imunocomprometidos pode ser importante causa de DTA.

Segundo Rodrigues (2005) altas contagens de bolores e leveduras indicam má

seleção da matéria-prima, deficiência no processamento do alimento e ou na

sanitização.

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Os coliformes são bactérias indicadoras de contaminação fecal e

pertencem à família Enterobacteriaceae. As bactérias pertencentes ao grupo

são bastonetes Gram-negativos, não produzem a enzima oxidase, não formam

esporos, são anaeróbios facultativos, capazes de fermentar a lactose com

produção de ácido e gás a 35-37ºC em 24/48 horas e apresentam atividade da

enzima β-galactosidase (LE CLERC, 2001). Os principais gêneros são:

Escherichia, Citrobacter, Enterobacter e Klebsiella. Na prática os coliformes

são divididos em totais e termotolerantes. Cerca de 20 espécies fazem parte do

grupo de coliformes totais, sendo elas encontradas em diversos ambientes

como: trato gastrointestinal de humanos e outros animais de sangue quente,

solos, vegetais e efluentes que contenham matéria orgânica.

Os coliformes termotolerantes, anteriormente chamado coliformes

fecais, formado por bactérias que podem ser diferenciadas pela capacidade de

fermentar a lactose com produção de gás na temperatura de 45 ºC em 24

horas. Dentre as bactérias de habitat reconhecidamente fecal, do grupo dos

coliformes termotolerantes, Escherichia coli é a mais conhecida e facilmente

diferenciada. Embora também possa ser introduzida em alimentos a partir de

fontes não fecais, é o melhor indicador de contaminação fecal conhecido até o

momento (LE CLERC, 2001).

Estudos têm sido realizados para verificar a presença desses

microrganismos nos serviços de alimentação. Andrade et al. (2003) e

Kochanski et al. (2009) analisaram o ar ambiente, as mãos dos manipuladores,

os equipamentos e utensílios de uma unidade de alimentação e nutrição e

Coelho et al. (2010) analisaram o ar ambiente e utensílios de um restaurante

comercial e em ambos os estudos foi relatada a existência de bactérias

mesófilas, bolores e leveduras e coliformes totais. Estes resultados mostram

que estes microrganismos podem ser isolados nos serviços de alimentação,

podendo contribuir com os surtos de DTA.

Nas últimas décadas, patógenos alimentares como Salmonella, S.

aureus, Campylobacter, Escherichia coli, Listeria monocytogenes e Yersinia

enterocolitica têm apresentado resistência a antibióticos, o que pode

comprometer ao tratamento das DTA graves (WHITE et al., 2002).

A maioria das infecções bacterianas de origem alimentar causa

processos de diarreia autolimitada e não necessita de tratamento com

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antibióticos. Infecções sistemáticas, incluindo bacteremia, ocorrem

especialmente nos casos que envolvem pacientes idosos e

imunocomprometidos (MENG & DOYLE, 2002).

Embora a resistência bacteriana a antimicrobianos seja realizada, na

maioria das vezes, em amostras provenientes de infecções relacionadas à

assistência à saúde, faz-se necessário a análise de amostras isoladas do

ambiente a fim de verificar a possibilidade dessas estirpes servirem como

reservatórios de genes codificadores de resistência a antimicrobianos (DÍAZ et

al., 2006).

2.2.1 Suscetibilidade dos microrganismos aos antimicrobianos.

O aumento da resistência das bactérias aos agentes antimicrobianos

se tornou um problema de Saúde Pública. Em várias partes do mundo foram

isolados microrganismos que apresentam resistência à maioria dos

antimicrobianos conhecidos (OLIVEIRA & SILVA, 2008). Este fato se deve ao

uso extensivo e muitas vezes inapropriado dos antibióticos, más condições de

higiene, ao fluxo contínuo de viajantes, aumento de pacientes

imunocomprometidos, entre outros (VON NUSSBAUM et al., 2006).

A administração de antimicrobianos em níveis sub terapêuticos para

promover o crescimento mais rápido de animais pode ser outra razão

encontrada para acelerar o surgimento de bactérias resistentes aos

antimicrobianos. Esta resistência é posteriormente transferida a partir dos

animais para seres humanos através da cadeia alimentar, se difundindo no

ambiente (WHITE et al., 2002).

Os mecanismos de resistência podem ser intrínsecos, adquiridos por

mutação genética e aquisição de genes de outros microrganismos, ou uma

associação de ambas (FORBES et al. 1998; DZIDIC & BEDEKOVIC, 2003).

Os genes para o mecanismo de resistência podem estar localizados no

cromossomo ou no plasmídeo. O DNA cromossômico é relativamente estável,

enquanto que o plasmidial pode ser facilmente mobilizado de uma estirpe para

outra, uma espécie para outra e até mesmo de um gene para outro (JAY,

2005).

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A conjugação é o mecanismo mais comum pelo qual o gene de

resistência é transferido para outro microrganismo. Recentemente, foi

delineado um novo modelo conhecido como transposon, que conseguem

transportar porções de plasmídeos (JAY, 2005). Os mecanismos de ação e de

resistência de cada classe de antimicrobiano estão descritos no Quadro 2.

Classe de antimicrobianos Mecanismo de

ação

Mecanismos de

resistência

Aminoglicosídeos: Amicacina;

Canamicina; Estreptomicina

Gentamicina; Netilmicina

Tobramicina.

Inibem a síntese

proteica, fixando-

se à

subunidade

ribossomal 30S

Alterações enzimáticas;

redução da captação da

droga pela célula devido

à perda de proteínas

porinas;

Alvos da célula

bacteriana alterados

por mutação.

β-lactâmicos: Cefalotina;

Cefotetan; Ceftazidima e

Cefepime.

Inibem a síntese

da parede

celular,

fixando-se às

proteínas

ligadoras de

penicilina,

impedindo a

produção de

peptideoglicanos.

Destruição enzimática

por β-lactamases;

Alvos da célula

bacteriana alterados

por mutação;

Redução da captação da

droga pela célula devido

à perda de proteínas

porinas.

Fenicóis: Cloranfenicol Inibe a síntese

proteica, fixando-

se à

Subunidade

ribosomal 50S.

Alterações enzimáticas;

Diminuição da captação

da droga pela célula

devido à perda de

proteínas porinas.

Fluoroquinolonas:Ciprofloxacina;

Norfloxacina; Ofloxacin.

Inibem a síntese

de DNA, fixando-

se às DNA-

girases.

Diminuição da captação

da droga pela célula

devido à perda de

proteínas porinas;

Fontes: FORBES et al 1998; KONEMAN et al. 2001.

Quadro 2: Principais classes de antimicrobianos e seus, respectivos,

mecanismos de ação e de resistência bacteriana.

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Classe de antimicrobianos Mecanismo de

ação

Mecanismos de

resistência

Glicopeptídeos: Vancomicina Inibem a síntese

da parede

celular.

Interagem com

precursores e

impedem sua

incorporação à

nova parede

celular.

Alvos da célula

bacteriana alterados

por mutação.

Macrolídeos, Lincosamidas e

Streptogramina (grupo MLS):

Azitromicina; Claritromicina;

Clindamicina e Eritromicina

Inibem a síntese

proteica, fixando-

se à

Subunidade

ribossomal 50S.

Alterações enzimáticas;

Alvo ribossomal alterado;

Sistema de efluxo da

droga pela célula,

reduzindo sua

concentração intracelular.

Sulfonamidas Interferem na via

do ácido fólico.

Alteração de alvos

enzimáticos.

Tetraciclinas Inibem a síntese

proteica, fixando-

se à

subunidade

ribossomal 30S

Sistema de efluxo da

droga pela célula,

diminuindo sua

concentração intracelular;

Inativação enzimática;

Alvo ribossomal alterado.

Inibidores da via Folato:

Trimetoprim

Interferem na via

do ácido fólico,

fixando-se

à enzima

diidrofolato-

redutase.

Alteração de alvos

enzimáticos.

Fontes: FORBES et al 1998; KONEMAN et al. 2001.

Continuação Quadro 2: Principais classes de antimicrobianos e seus,

respectivos, mecanismos de ação e de resistência bacteriana.

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Nas últimas décadas, a resistência a antimicrobianos β-lactâmicos tem

sido cada vez mais relatada. Em patógenos Gram-negativos, as β-lactamases

continuam sendo o fator mais importante que contribui para a resistência a β-

lactâmicos, e a sua prevalência é crescente, bem como a sua evolução

alarmante parece estar diretamente relacionada com a utilização clínica de

novas sub-classes de β-lactâmicos (MEDEIROS, 1997; VON NUSSBAUM et

al., 2006).

As β-lactamases são enzimas bacterianas capazes de clivar o anel β-

lactâmico, alterando a estrutura do antimicrobiano, que não consegue se ligar

efetivamente às proteínas ligadoras de penicilina (PBP), o que permite que a

síntese da parede celular bacteriana continue normalmente (FORBES et al.,

1998).

Algumas β-lactamases podem ser codificadas pelo cromossomo, de

forma constitutiva ou induzível e outras por plasmídeos, sendo estes também

portadores de genes para resistência a outros agentes antimicrobianos, tais

como aminoglicosídeos, tetraciclinas, sulfonamidas e cloranfenicol

(PATERSON, 2000; HARADA et al., 2008).

As β-lactamases de Espectro Estendido (ESBL) são, por definição,

enzimas da classe molecular A ou D (classificação de Ambler), ou das classes

2be ou 2d (classificação de Bush, Jacoby e Medeiros), possuem sítio de ação

contendo o aminoácido serina como resíduo catalítico principal, e têm a

capacidade de hidrolisar penicilinas, cefalosporinas de primeira, segunda e

terceira gerações e monobactâmicos, mas não cefamicinas ou carbapenemas.

Além disso, são inibidas por inibidores de β-lactamases, como o ácido

clavulânico ou tazobactam (STÜRENBURG & MACK, 2003; PFALLER &

SEGRETI, 2006). As ESBL e seus precursores têm localização plasmidial,

porém podem ter sido originadas nos cromossomos. Os plasmídeos que

carregam os genes codificadores das ESBL podem carrear também

determinantes de resistência a outros microbianos (BRADFORD 2001;

GNIADKOWSKI, 2001; COQUE et al., 2002; HERNÁNDEZ et al., 2003;

SAMAHA-KFOURY & ARAJ, 2003).

Mesa et al. (2006) relataram a presença de estirpes de enterobactérias

(K. pneumoneae, E. coli, K. oxytoca) produtoras de ESBL nos animais, fezes

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humanas, salada de cenoura com tomates e alimentos cozidos, sugerindo

disseminação dessas resistência.

A resistência aos antimicrobianos também foi verificada em estirpes de

S. aureus. A resistência é muitas vezes adquirida por transferência horizontal,

apesar da mutação cromossômica e da seleção de estirpes pela utilização de

antimicrobianos também apresentarem um papel importante no aparecimento

de estirpes resistentes (CHAMBERS & DELEO, 2009).

Um importante mecanismo para resistência de estirpes de

Staphylococcus aos antibióticos β-lactâmicos é uma alteração nas proteínas de

ligação à penicilina, de modo que o antibiótico não tenha mais acesso ao seu

alvo de ação, a cadeia de peptideoglicano em crescimento. Em S. aureus, esse

mecanismo de resistência se dá pela produção de uma variante da proteína de

ligação a penicilina 2 (PBP 2) que é designada PBP 2a, codificada pelo gene

mecA, e que confere resistência à meticilina (KONEMAN et al., 2001).

O gene mecA está localizado em um elemento genético móvel

denominado de staphylococcal cassete chromosome mec (SCCmec) e é

encontrado tanto em MRSA (methicillin resistant Staphylococcus aureus) como

em MRS (methicillin resistant Staphylococcus). A resistência a meticilina é

considerada o maior desafio atual, sendo MRSA altamente prevalente em

vários países do mundo, com taxas que muitas vezes ultrapassam 40% dos

isolados de S. aureus (ROSSOLINI et al., 2010).

Os estafilococos coagulase negativa (ECN) são responsáveis por

infecções, principalmente, em indivíduos imunocomprometidos. Além disso,

tem sido observada uma grande proporção de estirpes hospitalares desses

microrganismos resistentes à maioria dos antimicrobianos disponíveis. Esse

fato faz com que as infecções por ECN sejam difíceis de ser tratadas

(WIDERSTRÖM et al., 2012).

Estudo realizado por Rogers et al. (2009) revelou que as estirpes

nosocomiais de ECN geralmente possuem o gene mecA, que causa resistência

à meticilina e a outros antibióticos β-lactâmicos, como também a uma

variedade de outras classes de antimicrobianos.

A presença de estirpes de Staphylococcus aureus e ECN resistentes à

meticilina em sashimi foi verificado em estudo realizado por Hammada et al.

(2012), no Japão. Os autores relataram que o sashimi pode ser um veículo de

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transmissão de estirpes de Staphylococcus multirresistentes e ressaltaram a

importância desse resultado, uma vez que trata-se de um alimento composto

de peixe (salmão, atum ou haddock) e é consumido cru por grande parte da

população japonesa.

Segundo Kluytmans (2010), existem evidências de que estirpes de

Staphylococcus aureus meticilina resistente (MRSA) estão atualmente

presentes em alimentos, especialmente em carnes, e que isso representa um

risco potencial para a saúde humana. Não resta dúvida de que o risco principal

resultante da presença de Staphylococcus aureus em alimentos é o

desenvolvimento de intoxicação alimentar. Entretanto, independente desse

fato, fatores de risco relacionados à ingestão de alimentos contaminados por

MRSA estão relacionados ao desenvolvimento de doença invasiva após essa

ingestão e há possibilidade dos alimentos serem contaminados por estirpes de

MRSA durante o processamento ou consumo.

Considerando que a resistência bacteriana aos antimicrobianos é um

problema de saúde pública, algumas estratégias deveriam ser adotadas a fim

de evitar o desenvolvimento dessas resistências como: o uso racional de

antibióticos, desenvolvimento de novos antibióticos e o controle e prevenção da

disseminação de microrganismos resistentes (DZIDIC et al., 2008).

Dada a importância da disseminação de agentes patogênicos resistentes

ou não a antimicrobianos, medidas efetivas para o controle higiênico-sanitário

de serviços de alimentação devem ser adotadas, a fim de evitar danos à saúde

pública.

2.3 Monitoramento das condições higiênico-sanitárias de serviços de

alimentação.

Os procedimentos de higienização visam o controle dos microrganismos

patogênicos ou indicadores no ambiente e superfícies, garantindo a qualidade

e inocuidade dos alimentos (ICMSF, 1997). O contato dos alimentos com

superfícies contaminadas é um dos principais fatores que determinam a

ocorrência de surtos de DTA (OMS, 2006). Resíduos alimentares que não

forem removidos eficazmente das superfícies, associados à umidade ou

presença de água sobre as mesmas representam fontes de nutrientes para os

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32

microrganismos, propiciando a multiplicação destes e, consequentemente o

aumento da contaminação (SILVA JR, 2007; ICMSF, 1997).

A higienização divide-se em duas etapas: limpeza e desinfecção

(BRASIL, 2004). A limpeza se refere à operação de remoção de resíduos

orgânicos e minerais aderidos à superfície, constituídos principalmente por

proteínas, gorduras e sais minerais. A desinfecção é a operação de redução,

por método físico e/ou agente químico, do número de microrganismos a níveis

seguros do ponto de vista higiênico-sanitário.

Dentre os métodos físicos destaca-se o emprego do calor, nas formas

de água quente, vapor e a radiação ultravioleta. No caso de utilização de

métodos químicos, têm-se os produtos de limpeza e desinfecção como os -

detergentes e desinfetantes, que são denominados saneantes domissanitários,

produtos aplicados a ambientes domésticos e coletivos e que são

regulamentados pelo Ministério da Saúde, através da Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (BRASIL, 2001).

Os desinfetantes são capazes de eliminar, em curto espaço de tempo,

os microrganismos patogênicos presentes nos objetos e superfícies

inanimadas, no entanto os desinfetantes não eliminam esporos bacterianos,

que são mais resistentes (BRASIL, 2007).

Para que procedimentos de higienização sejam eficazes é fundamental a

escolha correta dos agentes de limpeza e desinfecção. Estes produtos devem

ser escolhidos considerando os seguintes aspectos: uso autorizado pela

legislação, grau de toxicidade, poder corrosivo e o efeito residual sobre os

alimentos e meio ambiente (ROSSONI & GAYLARDE, 2000).

Também deve ser considerado o tipo e grau dos resíduos aderidos às

superfícies, a qualidade da água empregada, a natureza da superfície a ser

higienizada, os métodos de higienização aplicados e os tipos e níveis de

contaminação microbiológica (ANDRADE, 2008; QUARENTEI et al., 2008).

Para que os agentes de limpeza e desinfecção atinjam a sua eficácia a

Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 216/2004, recomenda que a

diluição dos produtos de limpeza, o tempo de contato com a superfície a ser

higienizada, assim como o modo de uso e aplicação devem obedecer às

instruções recomendadas pelo fabricante (BRASIL, 2004).

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33

Há diferentes tipos de desinfetantes que podem ser utilizados em

indústria alimentícia e afins, ou seja, produtos químicos destinados a locais que

produzem, elaboram, fracionam ou manipulam alimentos (BRASIL, 2007).

De acordo com a Portaria 15/1988, os princípios ativos autorizados são:

quaternário de amônio, compostos inorgânicos liberadores de cloro ativo, iodo

e derivados, álcoois e biguanidas (BRASIL, 1988). No Quadro 3, estão

relacionadas as principais propriedades de cada desinfetante e no Quadro 4

estão relacionados os desinfetantes e ação contra os microrganismos.

Propriedades

Princípios ativos

Cloro Iodóforos Surfactante

catiônico

Surfactante

ácido

Aniônico

Corrosão Sim Levemente Não Levemente

Irritabilidade a tecidos

humanos

Sim Sim, em

algumas

Não Sim

Incompatibilidade Metais leves,

fenóis e aminas

Amido,

prata

Madeira,

roupa de

naylon

Detergente

alcalino e

surfactante

aniônico

Estabilidade em

soluções

Volatilização

rápida

Volatilizaç

ão lenta

Estável Estável

Estabilidade em

soluções aquecidas

acima de 66ºC

Instável Estável

acima de

45ºC

Estável Estável

Efetividade em pH

neutro

Sim Não Sim Não

Concentração máxima

permitida pelo USDA e

FDA

200ppm 25ppm

200ppm

_

Fonte: SHAPTON,1991

Quadro 3: Propriedades dos diferentes princípios ativos utilizados em

desinfetantes comerciais.

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Microrganismos

Princípios ativos

Cloro Iodóforos Surfactante

catiônico

Surfactante

ácido

Aniônico

Bactérias Gram

positivas

(láticas,

clostridios,

Bacillus,

Staphylococcus)

Boa Boa Boa Boa

Bactérias Gram

negativas (E.

coli,

Salmonella,

psicrotróficos)

Boa Boa Pobre Boa

Esporos Boa Pobre Regular Regular

Bacteriófagos Boa Boa Pobre Pobre

Adaptado de SHAPTON (1991)

Quadro 4: Ação dos princípios ativos frente aos principais microrganismos.

O cloro e suas várias formas (cloro líquido, hipocloritos, compostos

clorados orgânicos e inorgânicos), provavelmente, são os compostos mais

utilizados para a desinfecção em indústrias de alimentos e serviços de

alimentação. Apresentam baixo custo e amplo espectro germicida, devido à

sua ação sobre a membrana celular, inibição de enzimas envolvidas no

metabolismo da glicose, danos no DNA e oxidação de proteínas celulares

(SCHMIDT, 2003).

A quantidade de cloro livre que estará presente na solução dependerá

do pH. Em pH igual a 8,0, cerca de 22% do cloro está na forma ativa, enquanto

que, em pH igual a 6,0, cerca de 96% do cloro estará na forma ativa (SOUZA &

DANIEL, 2005). O Food and Drug Administration (FDA) recomenda a utilização

de cloro líquido e hipoclorito de sódio nas concentrações entre 50 a 200ppm,

com tempo de contato de 1 a 2 minutos para superfícies e equipamentos (FDA,

2001). Concentrações entre 100 e 200 ppm têm sido recomendadas para

desinfecção de utensílios e equipamentos no Brasil (ANDRADE, 2008).

Os álcoois como o etanol à 70% (vol/vol) apresentam atividade

antimicrobiana devido à sua capacidade de desnaturar proteínas e por serem

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35

solventes de lipídeos, provocando lesões na membrana citoplasmática. São

agentes altamente desidratantes em concentrações muito elevadas, podendo

retirar grandes quantidades de água das células microbianas, fato que vai

impedir a entrada do álcool na célula e afetar sua atividade germicida. Nessas

condições, as soluções alcoólicas apresentam apenas efeito bacteriostático.

Por isso, recomenda-se o uso de soluções contendo no máximo 70% de álcool

etílico, para minimizar seu efeito desidratante (ANDRADE, 2008).

O álcool etílico apresenta maior utilização como agente sanificante nos

serviços de alimentação, particularmente na desinfecção de mãos de

manipuladores e de algumas superfícies. Pode ser usado individualmente ou

em formulações, como por exemplo, com iodo. A concentração de 70% é mais

usada, apresentando uma boa ação sobre formas vegetativas, mas não contra

esporos bacterianos (ANDRADE, 2008).

Os quaternários de amônio são surfactantes catiônicos ativos em uma

ampla faixa de temperatura e apresentam melhor atividade em pH alcalino, não

tendo efeito corrosivo sobre superfícies (SCHMIDT, 2003). São amplamente

utilizados como antissépticos e desinfetantes (MCDONNEL & RUSSELL,

1999). Sua ação se dá pela atração por materiais carregados negativamente ou

estruturas como as proteínas bacterianas (SCHMIDT, 2003).

Estudos realizados por Coelho et al. (2010), Veiros et al. (2009);

Aycicek et al. (2006); Kassa et al. (2001), relacionados à avaliação das

condições higiênico-sanitárias de serviços de alimentação evidenciaram a

presença de microrganismos sobre as superfícies analisadas revelando

inadequações com relação aos procedimentos de higienização, reforçando a

importância da efetividade do procedimento empregado para a saúde do

consumidor.

Patógenos alimentares que sobrevivem aos processos de desinfecção

empregados nos serviços de alimentação podem ocasionar graves problemas

de saúde pública (MACHADO et al., 2009). Por isso, é necessário monitorar as

condições higiênico-sanitárias dos serviços de alimentação, a fim de verificar

se os procedimentos de higienização estão sendo eficazes.

De acordo com o Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA,

1994) segurança alimentar consiste na realização do direito de todos ao acesso

regular e permanente a alimentos com qualidade nutricional, higiênico-sanitária

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36

e em quantidades adequadas para saudável reprodução do organismo humano

e existência digna, sem comprometer o acesso a outras necessidades

essenciais.

Para Oliveira et al. (2008) a oferta de refeições dentro dos padrões

higiênicos-sanitários é uma das condições essenciais para promoção,

manutenção da saúde e prevenção das DTA.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabelece normas e

procedimentos de boas práticas que devem ser adotados pelos Serviços de

Alimentação, a fim de reduzir o risco de contaminação e os surtos de DTA.

O monitoramento da adoção dos procedimentos de boas práticas pode ser

realizado por métodos não experimentais como: inspeções visuais, a partir da

aplicação de roteiros de avaliação das condições higiênico-sanitárias e por

métodos experimentais relacionados às análises microbiológicas.

2.3.1 Roteiros de Avaliação das condições higiênico-sanitária de serviços

de alimentação.

Para avaliação da adoção das boas práticas em serviços de alimentação

é comum a utilização de roteiros de inspeção, também denominados check list

ou lista de inspeção. O roteiro é um instrumento que pode ser utilizado para

verificação, avaliação e monitoramento de serviços de alimentação com

relação à legislação vigente (VEIROS et al., 2007).

Os roteiros apresentam como vantagens o baixo custo e a facilidade de

utilização. Além disso, reúnem os principais tópicos legalmente exigidos e

podem ser aplicados de forma sistemática e concisa, permitindo identificar e

assinalar os itens que estão ou não em conformidade com a legislação

sanitária (VEIROS et al., 2007).

Estes instrumentos propiciam a análise detalhada do processo produtivo

de refeições e dos procedimentos higiênico-sanitários adotados (VEIROS et al.,

2009). Na literatura há alguns roteiros disponíveis como os sugeridos pela

Legislação sanitária: CVS 5/2013 e RDC 275/2002, e por alguns autores como

Akutsu et al. (2005), Kassa et al. (2001), Mallon & Bortolozo (2004), Tomich et

al. (2005), Tancredi et al. (2006) e Saccol (2009) que têm sido aplicados nos

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37

serviços de alimentação a fim de fornecer diagnóstico higiênico-sanitário do

estabelecimento avaliado.

A partir da utilização de roteiro de inspeção sanitária em cinco creches

Oliveira et al. (2008) relataram não conformidades com relação a higiene dos

manipuladores, ao funcionamento e estrutura-física da cozinha. Poerner et al.

(2009) também identificaram não conformidades nos serviços de alimentação

localizados em Santa Rosa/RS, após a aplicação do check list. Machado et al.

(2009) aplicaram o roteiro em Serviços de Alimentação de Organizações Não

Governamentais (ONG) de Toledo/PR, sendo identificadas não conformidades

na estrutura física e instalações, equipamentos, móveis e utensílios e na

produção de refeições, o que facilitou a adoção de medidas corretivas.

Conforme observado nos estudos supracitados, os roteiros de inspeção

sanitária auxiliam na avaliação do serviço de alimentação, no entanto até o

momento não foi observada a existência de estudos que tratassem da

validação de conteúdo de instrumentos para avaliação das condições higiênico-

sanitárias de serviços de alimentação. A validação do instrumento é realizada

para verificar se os resultados de uma aferição se aproximam do estado

verdadeiro dos fenômenos que estão sendo medidos (PASQUALI, 2009).

Para Pasquali (2009) a validação pode ser classificada em: critério,

constructo e conteúdo. A validação de critério é realizada pela comparação de

um instrumento de medição com um critério externo, que representa o padrão

(HAYNES et al., 1995). Também chamada de preditiva ou concorrente, refere-

se ao grau de correlação entre os escores de um teste e outras medidas do

desempenho (critério) obtidas independentemente ou simultaneamente ao

teste. Quando o instrumento e o critério são aplicados simultaneamente, tem-

se validade concorrente; quando o critério é avaliado no futuro, refere-se como

validade preditiva (RAYMUNDO, 2009).

A validação de construto examina a definição e operacionalização de

variáveis que se encontram o mais próximo do significado teórico do conceito.

Um construto é a percepção formada a partir da relação entre as cognições e

variáveis observáveis. Refere-se à demonstração de que o instrumento

realmente mede aquilo a que se propõe medir. As evidências necessárias para

esse tipo de validação são obtidas a partir de uma série de estudos inter-

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relacionados, através de testes estatísticos, das construções teóricas sobre a

relação entre as variáveis a serem medidas (RAYMUNDO, 2009).

A validação de conteúdo reflete a capacidade do instrumento em medir

um conjunto de comportamentos relacionados entre si e que estão associados

ao que está sendo medido (SOUSA & TURRINI, 2012). Esta também avalia o

grau em que cada elemento de um instrumento de medida é relevante e

representativo de um específico constructo com um propósito particular de

avaliação (DINI & GUIARDELLO, 2013). Ainda, a avaliação resulta do

julgamento de diferentes examinadores especialistas, que analisam a

representatividade dos itens em relação às áreas de conteúdo e à relevância

dos objetivos a medir (RAYMUNDO, 2009).

Alguns instrumentos tiveram seu conteúdo validado conforme observado

nos estudos realizados por Almeida et al. (2009) que validaram um instrumento

para classificação do idoso quanto a capacidade de autocuidado; Sousa &

Turrimi (2012) que validaram material educativo para pacientes submetidos à

cirurgia ortognática e Dini & Guirardello (2013) que validaram um instrumento

para avaliação de pacientes pediátricos.

Alguns estudos da prática clínica utilizaram a Técnica Delphi para

validação do conteúdo de seus instrumentos (ALMEIDA et al., 2009; DINI &

GUIARDELLO, 2013) Essa técnica está baseada na reunião de especialistas

para buscar o consenso sobre determinado assunto a partir de uma sequencia

de rodadas com feedback controlado, sendo a única forma de comunicação

entre os especialistas (LINSTONE & TUROFF, 1975).

O anonimato dos especialistas é mantido, favorecendo a expressão de

opinião precisa, sem interferência (ROWE et al., 1991). A necessidade de longo

periodo de tempo para aplicação da técnica, pode desencorajar a participação

dos especialistas (WILLIAMS & WEBB, 1994). No entanto a técnica Delphi, é

uma estratégia apropriada para estabelecer a validade de conteúdo de

instrumentos, pois permite analisar, de forma sistemática, as opiniões dos

especialistas (FARO, 1997).

Um instrumento, mesmo tendo seu conteúdo validado, deve ser

reprodutível sendo o teste de confiabilidade um critério utilizado. Este teste se

baseia na verificação do grau de correspondência entre avaliações

independentes (GIOVANNETTI, 1979). A confiabilidade fornece fidedignidade

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39

ao instrumento de medida, que apresenta resultados consistentes daquilo que

pretende medir, sendo a condição necessária para a validade (RAYMUNDO,

2009).

A confiabilidade interavaliadores (interrater reliability) pode ser estimada,

possibilitando a verificação do grau de correspondência entre as avaliações

independentes de dois ou mais profissionais que classificam e avaliam uma

mesma situação, utilizando o mesmo instrumento de classificação (WHITNEY

& KILLIEN,1978).

A validação de instrumentos para o controle da qualidade higiênico-

sanitária de serviços de alimentação é útil e importante para auxiliar tanto aos

gestores dos serviços de alimentação com aos profissionais da área na

implantação das boas praticas de manipulação conforme prevê a legislação

vigente.

O uso de roteiro quando associado às análises microbiológicas dos

alimentos, superfícies, equipamentos e manipuladores complementam,

comprovam e asseguram o nível higiênico-sanitário do serviço de alimentação

avaliado (TEBBUTT, 2007).

2.3.2 Análises microbiológicas em serviços de alimentação

No serviço de alimentação a avaliação microbiológica fornece

informações importantes, que auxiliam na detecção de fontes de contaminação

e na eficiência dos processos de higienização adotados (ANDRADE et al.,

2003)

Em serviços de alimentação, o crescimento de microrganismos

patogênicos está associado à presença de umidade e material orgânico sobre

as superfícies que entram contato com alimentos e ao processo de

higienização inadequado (ZOTTOLA & SASAHARA, 1994; EVANCHO et al.,

2001; MOORE & GRIFFITH, 2002; ANDRADE, 2008; DOMÉNECH-SÁNCHEZ

et al., 2011). A higienização deficiente de equipamentos e utensílios tem sido

relatada como responsável, isoladamente ou associada a outros fatores, por

surtos de DTA (DOMÉNECH-SÁNCHEZ et al., 2011).

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40

A análise microbiológica das superfícies pode auxiliar na avaliação do

processo de higienização bem como na definição da frequência e na

identificação das fontes de contaminação (EVANCHO et al., 2001).

Diversos autores (KASSA et al., 2001; SAGGO et al., 2003; SOUZA et

al., 2004; LELES et al., 2005; STASKEL et al., 2007) têm realizado análises

microbiológicas das superfícies que entram em contato com alimentos em

serviços de alimentação. De forma geral, foram analisadas as superfícies de

equipamentos (mesa de preparo, moedor de carne, fatiador de carne, placa de

corte); da estrutura-física (torneira da pia e da maçaneta de freezeres e

refrigeradores) e dos utensílios (garfos, facas e pratos).

Alguns identificaram a presença de microrganismos patogênicos como:

Bacillus cereus, Staphylococcus aureus, Escherichia coli e outros sobre as

superfícies analisadas, apontando a necessidade do controle do processo de

higienização das superfícies (COELHO et al., 2010).

Diferentes técnicas de amostragem das superfícies podem ser aplicadas

como: a) remoção de microrganismos por contato direto; b) técnica de lavagem

das superfícies; c) técnica do “swab”; d) métodos rápidos, que detectam

resíduos de matéria orgânica e microrganismos oriundos de uma limpeza

deficiente como adenosina trifosfato (ATP) bioluminêscencia.

As placas de contato RODAC® (Replicate Organism Direct Agar

Contact) são utilizadas na metodologia de contato direto, por ter sua superfície

com meio de cultura em relevo, permitindo o contato (por pressão) com a

superfície a ser testada. O método de aplicação é simples, rápido e tem boa

precisão, porém são difíceis de ser utilizadas em superfícies úmidas, ásperas

ou irregulares e com contagens de microrganismos muito altas (KORNACKI,

2010).

A técnica de lavagem de superfícies consiste na lavagem, com líquido

estéril, que é agitado mecanicamente ou manualmente sobre a superfície. O

líquido coletado é então diluído e semeado nas superfícies de meios de cultura

para determinar a carga microbiana presente. O método pode ser empregado

em utensílios e equipamentos côncavos, mas não é adequado para superfícies

de grandes equipamentos. O método de lavagem é mais preciso e exato que a

técnica do “swab”, pois toda a superfície é amostrada (EVANCHO et al., 2001)

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A técnica do “swab” consiste na remoção de microrganismos de uma

área demarcada da superfície através de fricção com “swab” estéril umedecido

em uma solução. Em seguida, o “swab” é colocado em solução de diluição e

desta é feito o plaqueamento em meio de cultura para contagem de

microrganismos. Essa técnica possui como vantagem a capacidade de ser

empregada em superfícies com irregularidades, além de ser simples e rápida.

Ainda hoje ela tem se mostrado uma importante ferramenta na validação de

limpeza em diversas áreas, como na indústria de alimentos (KORNACKI,

2010).

Entre as técnicas de detecção rápida, podemos encontrar o sistema de

ATP-bioluminescência. Nessa técnica, as moléculas de ATP presentes na

superfície reagem com o complexo enzimático luciferina-luciferase e a reação

irá emitir uma intensidade de luz, que é expressa em URL (Unidade Relativa de

Luz) (COSTA et al., 2004). A rapidez da leitura dos resultados do método de

ATP-bioluminescência é uma das principais vantagens para sua aplicação

(OLIVEIRA et al.,1998).

Para escolher a técnica mais adequada alguns critérios devem ser

considerados como: o objetivo do teste, a composição das superfícies a serem

analisadas, assim como o nível e o tipo de contaminação que pode ser

encontrada sobre a superfície (ANGELOTTI et al.,1964; FAVERO et al., 1968;

FLISS et al., 1991). Além disso, as vantagens e desvantagens de cada técnica

devem ser consideradas. O Quadro 5 apresenta as vantagens e desvantagens

de cada técnica de análise microbiológica de superfície.

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Técnica de análise de superfície

Vantagens Desvantagens

Lavagem superficial

- Maior precisão que o swab e a placa de contato, pois toda a superfície pode ser imersa ou lavada na solução estéril.

- Não pode ser utilizada em superfícies grandes e/ou fixas; - O contaminante pode não ser solúvel na solução de lavagem ou pode estar ocluído na superfície.

Contato com esponjas de celulose

- Tende a capturar mais microrganismos da superfície do que a técnica do swab. - Boa sensibilidade em superfície seca.

- Em superfície úmida, tem limite de detecção mais baixo do que o swab teste e a placa de contato.

Esfregaço em superfície com Swab

- Facilidade de aplicação. - Baixo custo. - Pode ser utilizado em superfícies irregulares de difícil acesso para a higienização.

- Muito subjetiva. - Dificuldade no controle do ângulo, do grau da pressão empregado e a umidade da cabeça do swab, podendo influenciar na determinação do resultado.

Placas de contato em ágar do tipo “RODAC”

- Simplicidade e facilidade na aplicação. - Maior precisão que o swab.

- Não é possível realizar diluições. - Só deve ser utilizada em superfícies limpas, planas e lisas, caso contrário pode haver super crescimento de microrganismos, o que inviabilizará a contagem. - Não é recomendado o uso em superfícies rugosas, porosas e de difícil acesso.

Fonte: FAVERO et al., 1968; EVANCHO et al., 2001; FORSYTHE, 2002; AYCICEK et al., 2006

e MOORE & GRIFFITH, 2007, GLASEL 2011.

Quadro 5: Relação das vantagens e desvantagens de cada técnica de análise

microbiológica de superfície.

A legislação brasileira não estabelece critérios de padrão microbiológico

para as superfícies em ambientes processadores de alimentos. Por esse

motivo, os resultados obtidos com o monitoramento de superfícies são

normalmente comparados às especificações propostas por órgãos oficiais ou

entidades científicas, como a American Public Health Association (APHA) e à

Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) (ANDRADE et al., 2003). Nos

Quadros 6 e 7 estão descritos os padrões microbiológicos sugeridos por alguns

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autores para avaliar as condições higiênico-sanitárias de equipamentos e

utensílios.

Microrganismos Critério (UFC/cm²)2 Referência

Bactérias mesófilas

≤ 2 (satisfatório) > 2 ( insatisfatório)

American Public Health Association (Speck, 1984).

0-10 (excelente) 11-29 (ótimo) 30-49 (regular) 50-99 (mau) >100 (péssimo)

Organização Panamericana de Saúde (Moreno, 1982).

≤ 5 (satisfatório) 5-25 (lavar novamente) > 5 ( insatisfatório)

Harrigan e Maccange, 1976

≤ 50 (satisfatório) > 50 ( insatisfatório)

Silva Jr., 2007

Coliformes termotolerantes (fecais)

Ausência Silva Jr., 2007; Speck, 1984; Moreno, 1982; Harrigan e Maccange, 1976

Staphylococcus aureus Ausência

Silva Jr., 2007 Bacilus cereus Ausência

Pseudomonas aeruginosa

Ausência

1- Facas de manipulação, placas de altileno, monobloco, assadeira, panela, espátula,

escumadeira, concha, cuba do banho maria e bancada de manipulação; 2- Unidades

formadoras de colônias por centímetro quadrado.

Quadro 6: Padrões Microbiológicos para avaliação das condições higiênico-

sanitárias de equipamentos e utensílios de preparação1, segundo

organizadores oficiais e autores.

Microrganismos Critério (UFC/cm²)2 Referência

Bactérias mesófilas

Até 100/cm² (satisfatório) >100 ( insatisfatório)

Tiedman, 1944

≤ 100 (satisfatório) > 100 ( insatisfatório)

Silva Jr., 2007

1-Pratos, bandejas, garfos, facas, colheres, copos de vidros, potes plásticos; 2- Unidades

formadoras de colônias por centímetro quadrado.

Quadro 7: Padrões microbiológicos para utensílios de mesa, segundo

organizações oficiais e autores.

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Dependendo dos resultados obtidos, os procedimentos de higienização

adotados devem ser mantidos ou medidas corretivas devem ser aplicadas

(ANDRADE, 2008). Além disso, a fim de auxiliar na definição dos

procedimentos de higienização é necessário o estudo da comunidade

microbiana dos serviços de alimentação para conhecer os microrganismos

presentes nestes ambientes.

2.4 Estudo da comunidade microbiana por métodos dependentes e

independentes de cultivos.

O estudo da comunidade microbiana pode ser realizado por métodos

dependentes e independentes de cultivo.

Os métodos dependentes de cultivo ou tradicionais foram desenvolvidas

por Pasteur, Koch, Beijerinck e Winogradsky (apud TORSVIK et al., 1990).

Estes métodos de análise da comunidade microbiana estão relacionados com a

caracterização de culturas puras isoladas em laboratório e fundamentam-se na

utilização de testes morfológicos e bioquímicos para tipagem, subtipagem e

identificação de gêneros, espécies e subespécies microbianas. O isolamento

do microrganismo exige meios de cultura não-seletivos e/ou seletivos que

supram as necessidades metabólicas dos microrganismos (GANDRA et al.,

2008).

A identificação microbiana pelos métodos dependentes de cultivo inclui a

avaliação das características macroscópicas como: temperatura ótima de

crescimento e morfologia das colônias e microscópicas como: tamanho,

formato, padrões de agregação celular, mobilidade, presença ou ausência de

flagelos e coloração de Gram (HOLT, 1994)

Estes podem ser complementados pelos testes bioquímicos ou

fisiológicos, que também são relevantes para o estudo de microrganismos

cultiváveis. As reações bioquímicas são catalisadas por enzimas que têm a

capacidade de degradar carboidratos, lipídios, proteínas e aminoácidos. Os

testes bioquímicos podem apresentar interpretações errôneas, principalmente

se houver uma limitação do número de testes, além de possuir um custo de

análise muito elevado (FARBER et al., 2001).

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45

Os métodos dependentes de cultivo utilizados na detecção de

microrganismos, embora confiáveis e eficientes, podem requerer vários dias e

até mesmo semanas antes dos resultados serem obtidos (MARIN et al., 2006).

As propriedades fenotípicas dos microrganismos podem não ser expressas ou

podem ser de difícil interpretação e classificação. No ambiente a ser analisado

também pode haver células viáveis, porém não-cultiváveis (TORSVIK et al.,

1990; MARIN et al., 2006).

Dessa forma, dada às limitações dos métodos dependentes de cultivos,

quando estes são associados aos métodos independentes geram resultados

mais completos em estudos de comunidades.

Nas últimas décadas foi significativo o aumento do desenvolvimento dos

métodos moleculares para a detecção, identificação e caracterização de

bactérias patogênicas (DESTRO, 1995). Isso ocorreu porque se verificou a

existência de grande diversidade de microrganismos que até então não tinham

sido acessados pelos métodos dependentes de cultivo (TORSVIK et al., 1990;

TORSVIK et al., 2002). Os métodos independentes de cultivo permitem acesso

ao genoma de toda a comunidade microbiana de uma amostra

(HANDELSMAN, 2004).

Existem diversas técnicas moleculares como as baseadas na

amplificação das sequencia de DNA e RNA pela reação em cadeia da

polimerase (PCR), que tem se tornado uma ferramenta importante no estudo

taxonômico e de comunidades bacterianas (MUYZER et al, 1993). A reação,

em cadeia da polimerase, é uma técnica sensível, pela qual, pequenas

quantidades de seqüências de DNA ou RNA específicas podem ser

enzimaticamente amplificadas até que sejam obtidas milhões de cópias da

sequência alvo (KONEMAM et al., 2001).

A reação em cadeia de polimerase é realizada em equipamento

automatizado e computadorizado, denominado termociclador, que promove a

alternância de temperaturas por determinados períodos de tempo,

possibilitando a ocorrência de ciclos repetitivos de desnaturação e síntese do

DNA (KONEMAM et al., 2001).

O uso da PCR, para conhecer o perfil microbiano de um determinado

ambiente é uma alternativa viável aos métodos convencionais, dependentes de

cultivos microbianos (MARLONY et al., 2003). Como vantagens, a PCR

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apresenta maior rapidez, bom limite de detecção, maior seletividade,

especificidade, potencial para automação e a possibilidade de analisar

bactérias que não são cultiváveis em meios de cultura normalmente utilizados

(BUSH & NITSCHKO, 1999). Porém a desvantagem de sua utilização se refere

à incapacidade em diferenciar as células vivas, das mortas, a presença de

inibidores de enzima polimerase em alguns alimentos, o alto investimento em

equipamentos e reagentes e a falta de padronização e regulamentação por

parte dos órgãos oficiais (MARLONY et al., 2003).

Existem também as técnicas que diferenciam a comunidade microbiana

através do padrão de bandeamento do gene ribossomal, como a eletroforese

em gel com gradiente desnaturante (DGGE).

O DGGE se baseia na mobilidade eletroforética de fragmentos de DNA

com mesmo tamanho, mas com sequências diferentes de pares de base,

amplificados por PCR de uma mesma amostra ambiental. Isto ocorre à medida

que os fragmentos de DNA migram em um gel de poliacrilamida contendo

gradiente desnaturante composto por uréia e formanida, no qual os fragmentos

são separados baseados em seus diferentes perfis de desnaturação (MUYZER

et al., 1993). Quando as sequencias de mesmos pares de bases atingem a

temperatura de desnaturação, em uma determinada posição do gel, a migração

cessa.

Devido a variação do gradiente de desnaturação, sequências de pares

de bases diferentes irão parar de migrar em diferentes posições, podendo ser

separados por DGGE (MUYZER, 1993). O perfil de bandas de DNA pode ser

visualizado corando-se o gel de DGGE com brometo de etídio, ou nitrato de

prata (MUYZER, 1993).

O DGGE é uma técnica de fingerprinting, ou seja, as sequências de DNA

são reconhecidas e cortadas por enzimas de restrição, que dividem o DNA em

fragmentos cujas dimensões e composição em nucleotídeos variam de

microrganismos para microrganismo e refletem as diferenças entre os alelos

dos vários loci. Esta técnica é rápida e pouco onerosa que possibilita a análise

simultânea de amostras múltiplas, o que permite o estudo da comunidade

microbiana relacionando às alterações no tempo e ambiente (MUYZER et al.,

1993). Além disso, também permite a identificação dos membros da

comunidade a partir da excisão, purificação, reamplificação e sequenciamento

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das bandas obtidas com o DGGE. Esta técnica apresenta limitações pois

apenas fragmentos de até 500 pares de bases podem ser separados no gel de

poliacrilamida (CHANG et al., 2000).

Embora tenham sido verificadas limitações, o PCR-DGGE tem sido

amplamente utilizado associado ao sequenciamento das bandas (processo que

determina a ordem dos nucleotídeos de uma amostra) e tem se mostrado

bastante eficientes na identificação e caracterização bacteriana presentes nas

comunidades. Estas técnicas foram utilizadas por Vaerewijck et al. (2008) e

Tanaka et al. (2012) para avaliar, respectivamente, a comunidade de

protozoários em plantas de corte de carne e controlar as comunidades

microbianas envolvidas no processo de fabricação de molho de soja com o

intuito de obter uma melhor compreensão dos microrganismos presentes

nestes ambientes.

As informações obtidas pelas técnicas moleculares podem ser utilizadas

para determinar a comunidade microbiana, a presença de microrganismos

específicos ou dominantes, bem como verificar a presença de um determinado

gene. Além disso, podem ser complementares as técnicas dependentes de

cultivo, reduzindo o custo e o tempo das análises e aumentando a quantidade

de dados gerados.

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3. JUSTIFICATIVA

Devido ao elevado número de relatos de doenças transmitidas por

alimentos associados aos serviços de alimentação, e na necessidade de

redução destes, Mello (2009), com o objetivo de monitorar as práticas

higiênicas durante o processo produtivo de refeições, desenvolveu um roteiro

de avaliação das condições higiênico-sanitárias de serviço de alimentação

(RACHS-SA) que foi aplicado em dez serviços de alimentação localizados no

estado do Rio de Janeiro.

Verificou-se a existência de não conformidades durante o processo

produtivo de refeições como: a adoção de hábitos inadequados pelos

manipuladores de alimentos (uso de adorno e conduta inadequada durante o

preparo das refeições); inadequações durante a distribuição dos alimentos

prontos para consumo (abuso de tempo e temperatura e ausência de proteção

nos balcões de distribuição), além de utensílios enferrujados e mal

higienizados. Estas não conformidades colocam em risco a qualidade das

refeições servidas assim como a saúde da população atendida, uma vez que

podem favorecer a disseminação de microrganismos nosocomiais e contribuir

para o surto de DTA.

Desta forma, as falhas durante o processo produtivo de refeições devem

ser identificadas e corrigidas e a caracterização da microbiota do serviço de

alimentação pode viabilizar a adoção de procedimentos de controle higiênico-

sanitário adequados, sendo necessário o uso de análises microbiológicas a

partir de técnicas independes e dependentes de cultivo.

Além disso, a utilização de ferramenta da qualidade para avaliar e

monitorar as condições higiênico-sanitárias em serviços de alimentação,

também é uma alternativa de baixo custo que pode auxiliar a adoção das boas

práticas nestes estabelecimentos, tendo em vista que nem todos tem acesso

às análises microbiológicas. A validação permite verificar se o instrumento

mede o que realmente se propõe e, além disso, poderá ser utilizada por

gestores de serviços de alimentação, fiscais sanitários e profissionais que

atuem na área.

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4. OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Caracterizar o perfil da microbiota de um serviço de alimentação e

analisar a eficácia dos métodos empregados no controle higiênico-sanitário.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a. Pesquisar microrganismos patogênicos e indicadores das condições

higiênico-sanitárias das superfícies em um serviço de alimentação.

b. Identificar as espécies de bacilos Gram negativos e de Estafilococos

coagulase positivo e negativos isoladas das superfícies higienizadas do serviço

de alimentação.

c. Caracterizar o perfil da comunidade microbiana de um serviço de

alimentação através de técnicas moleculares.

d. Avaliar a eficácia do desinfetante a base de cloro sobre as estirpes

prevalentes nas superfícies do serviço de alimentação.

e. Verificar a presença de estirpes com perfil de resistência à antimicrobianos

de interesse para saúde pública.

f. Validar um roteiro para avaliação das condições higiênico-sanitárias de

serviços de alimentação.

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5. ESTRATÉGIA EXPERIMENTAL

5.1 Local de estudo:

O estudo foi realizado em um serviço de alimentação localizado no

município do Rio de Janeiro durante o horário do almoço. O serviço de

alimentação funciona diariamente e são servidos 1500 desjejuns e 3500

almoços por dia e está localizado próximo a algumas comunidades carentes,

hospitais e postos de saúde, sendo frequentado, principalmente por moradores

dessas comunidades e por população de rua, além de gestantes, idosos e

crianças.

O serviço de alimentação é administrado por empresa terceirizada

selecionada por processo de licitação que é responsável pelo preparo das

refeições e pela higienização das superfícies, como também a aquisição dos

produtos químicos de limpeza. Optou-se por desenvolver esta pesquisa no

restaurante que fica próximo ao laboratório de microbiologia de alimentos do

Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, a fim de viabilizar as análises das amostras coletadas.

O Estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa Parecer

118/2010 (Anexo I) e foi autorizado pela Secretaria de Estado de Assistência

Social e Direitos Humanos (SEASDH) (Anexo II).

5.2 Critérios para escolha dos pontos de coleta de amostras de

superfícies:

A escolha dos pontos de coleta das amostras foi baseada nos resultados

obtidos por Mello (2009) a partir da aplicação do roteiro de avaliação das

condições higiênico-sanitárias de serviços de alimentação (RACHS-SA) e da

observação direta do processo de higienização.

5.2.1 Observação direta do processo produtivo de refeições:

Durante um mês foram realizadas quatro visitas técnicas ao serviço de

alimentação a fim de conhecer o processo de higienização das superfícies. Foi

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verificado: (1) o procedimento adotado para higienização dos utensílios e da

mesa do refeitório (2) o princípio ativo utilizado para a higienização das

superfícies, (3) a frequência do processo de higienização, (4) a adoção de

medidas para evitar a recontaminação das superfícies e (5) o uso de etanol à

70% sobre os utensílios como pratos, talheres e bandejas mesmo após a

higienização em máquina de lavar, tendo em vista que a população que

frequenta este restaurante está em vulnerabilidade social e pode carrear

microrganismos patogênicos e resistentes a antimicrobianos. Durante a

observação direta foi realizado registro fotográfico e gravação em vídeo. Foram

obtidas informações com os manipuladores de alimentos e registradas em

diário de campo.

5.3 Pontos de coleta das amostras:

Foram analisadas amostras das superfícies incluindo: utensílios (pratos,

talheres e bandejas) e mesas do refeitório. A coleta foi realizada em 2 dias

distintos e em 3 horários diferentes: 10:00h (antes da abertura do restaurante),

12:00h (durante o horário de distribuição de refeições) e 14:00h (próximo ao

fechamento do restaurante). Para as análise moleculares foram empregados os

mesmo pontos, utilizando-se as amostras obtidas às 10:00h.

A higienização dos utensílios (pratos, bandejas e talheres) é realizada

com máquina de lavar em que é empregado detergente neutro e secante. Após

a lavagem os utensílios são retirados da máquina, ainda com resíduos de

alimentos e com umidade. O etanol a 70% é borrifado sobre os utensílios, mas

não entra em contato com toda a superfície.

Com relação às mesas do refeitório, as mesmas são higienizadas

manualmente pelos auxiliares de serviços gerais. Ao longo da distribuição das

refeições a higienização é realizada com pano úmido embebido em hipoclorito

de sódio. As mesas são constituídas de fórmica e apresentavatr5gf4m

ranhuras.

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Figura 1: Diagrama explicativo das etapas realizadas na pesquisa.

Estudo da ecologia microbiana

Pesquisa de microrganismos

indicadores e patogênicos

(métodos convencionais)

Bact. Mesófilas, fungos e leveduras, estafilococos,

coliformes termotolerantes,

E. coli e bacilos Gram negativos.

Isolamento de bacilos Gram negativos e

Estafilococos

Identificação das amostras isoladas

(MALDI-TOF)

Estabelecer o perfil de suscetibilidade aos

antimicrobianos

Determinação da diversidade microbiana e de microrganismos prevalentes

PCR-DGGE e Sequenciamento

Método experimental

Método não experimental

Observação direta Observação direta

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6. CAPÍTULOS

O presente estudo será apresentado em três diferentes capítulos. O

primeiro capítulo trata da caracterização da comunidade microbiana das

superfícies de serviços de alimentação. O segundo refere-se ao perfil de

suscetibilidade das estirpes de bacilos Gram negativos e estafilococos isoladas

de um serviço de alimentação e a ação do desinfetante e o terceiro reporta a

validação do conteúdo do roteiro para avaliação das condições higiênico-

sanitárias de serviços de alimentação.

6.1 CAPÍTULO I: Caracterização da comunidade microbiana presente nas

superfícies de serviços de alimentação.

6.1.1 Materiais e métodos

O estudo foi conduzido no período de fevereiro de 2012 a agosto de

2013 em um serviço de alimentação, localizado na cidade do Rio de Janeiro,

Brasil. O Serviço de alimentação serve aproximadamente 3500 refeições no

período do almoço e atende, principalmente, à população em vulnerabilidade

social, composta, principalmente, por população de rua e população de baixa

renda.

6.1.1.1 Avaliação higiênico-sanitária das superfícies:

Técnica de amostragem: Para os utensílios utilizou-se a técnica de

lavagem de superfície com 50 mL de solução salina estéril a 0,85%. Cada

amostra era composta de 5 unidades de um dos utensílios analisados. As

amostras das mesas foram coletadas pelo método de esfregaço em superfície

com swab com molde estéril de 100 cm², que foi diluído em 10 ml de salina

estéril a 0,85% (EVANCHO et al, 2001).

Análise microbiológica: Foram realizadas, segundo os métodos

descritos por Evancho et al. (2001). As suspensões iniciais foram

homogeneizadas, diluídas decimalmente e semeadas em triplicata nos meios

de cultivo apropriados. Foram pesquisados bolores e leveduras (agar batata

dextrose, pH 3,5, Himedia, Mumbai, Índia); assim como bactérias heterotróficas

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aeróbias mesófilas totais (agar padrão para contagem, Himedia);; coliformes

totais (Caldo Lactose Bile Verde brilhante, Himedia); coliformes termotolerantes

(Caldo EC, Himedia); Escherichia coli (IDEXX Laboratories, EUA); Bactérias

Gram negativas totais (agar eosina azul de metileno, Himedia) e Estafilococos

(agar Baird-Parker, Himedia). Para micobactérias de crescimento lento,

incluindo Mycobacterium tuberculosis e de crescimento rápido foi utilizado o

método de Petroff e a amostra foi inoculada em (agar Löwenstein-Jensen, BD,

Curitiba, Brasil) Kent & Kubica (1985). A semeadura foi realizada em triplicata e

as placas de petri foram incubadas em tempo e temperatura específicos para o

crescimento de cada microrganismo analisado. Os resultados obtidos foram

expressos em unidade formadora de colônia por centímetro quadrado

(UFC/cm²) e número mais provável por centímetro quadrado (NMP/cm²). A

área aproximada dos utensílios foi calculada.

As estirpes de estafilococos foram presuntivamente caracterizadas pela

coloração de Gram e teste de produção das enzimas catalase, coagulase e

oxidase (FDA, 2001). Foram isoladas 5 estirpes de cada placa de agar Baird

Parker identificadas como estafilococos e Bactérias Gram negativas totais

foram selecionadas estirpes com diferentes morfologias. Todas as estirpes

foram criopreservadas à -20 ºC em caldo Brain Heart Infusion (BHI, Himedia)

com 20% de glicerol.

Análise das condições higiênico-sanitárias: Para a avaliação das

condições higiênico-sanitárias dos utensílios e mesas foram consideradas as

recomendações nacionais baseadas nos critérios estabelecidos por Silva Jr.

(2007) e também as recomendações internacionais, conforme critérios

estabelecidos pela APHA. Como não há uma legislação brasileira que defina os

padrões higiênico-sanitários para análise microbiológica de superfícies, utilizou-

se os parâmetros sugeridos por Silva Jr. (2007) que admite contagens de até

10² UFC/cm2 para bactérias mesófilas e ausência para Coliformes

termotolerantes e Staphylococcus aureus. De acordo com a APHA (EVANCHO

et al., 2001), os utensílios e mesa do refeitório devem ser considerados em

condições higiênico-sanitárias adequada quando forem obtidas contagens de 2

UFC/cm2 para bactérias mesófilas aeróbias.

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6.1.1.2 Identificação das estirpes isoladas por espectrometria de massa

do tipo MALDI-TOF: Foi realizado em um espectrômetro de massa – Microflex

LT (Brucker, Germany), segundo as especificações do fabricante. As estirpes

criopreservadas foram ativadas em placas de Petri contendo Tripticase soy

agar (TSA) (Biomerieux, Brasil) e incubadas à 37 ºC/18h. Uma fração da

colônia de Bactérias Gram negativas totais ou Staphylococcus sp. foi

depositada, em triplicata, em uma placa de metal, sendo adicionado 1 µl de

matriz composta da solução saturada de ácido α-hidroxi-ciano-cinâmico

(CHCA). O espectro de massa gerado foi analisado e comparado com banco

de dados MALDI Biotyper (Bruker Daltonik, United Kingdom). Como calibrante

utilizou-se uma colônia de E. coli DH5α (LARTIGUE et al., 2009; PAIM et al.,

2013). Os critérios de identificação utilizados foram baseados na confiabilidade

fornecida pelo equipamento, sendo considerados scores ≥ 2.000 em que há a

identificação em nível de gênero e espécie.

6.1.1.3 Caracterização da estrutura da comunidade microbiana presente

na superfície: Foi realizada a extração de DNA, em que três mililitros dos

lavados e swab das amostras originais de superfícies foram removidos e

filtrados em membrana de celulose 0,22µm, que foram criopreservadas a -20

oC. A extração do DNA total da amostra foi realizada utilizando-se o FastDNA®

SPIN Kit for Soil (MP Biomedicals), segundo as recomendações do fabricante.

Foi utilizado o par de iniciadores U968f GC e L1401 r para o gene que codifica

a subunidade 16S do RNA ribossomal (gene rrs) (HEUER & SMALLA, 1997).

Os fragmentos amplificados foram separados pela técnica de DGGE (MUYZER

et al.,1993), com a utilização do equipamento Dcode™ Universal Mutation

Detection System (BioRad, Richmond, USA), em géis de poliacrilamida que

foram submetidos à eletroforese a 75 V durante 16 horas a 60 oC.

Excisão e sequenciamento das bandas: Para identificar as

sequências de DNA obtidas, as bandas que foram detectadas em todas as

superfícies analisadas foram selecionadas e excisadas do gel de

poliacrilamida. As amostras foram enviadas para sequenciamento (Macrogen,

Seoul, Korea). Os resultados obtidos foram comparados com as sequencias de

gene depositadas no GeneBank.

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6.1.1.4 Análise estatística: Para análise das condições higiênico-sanitárias foi

empregada a Análise de Variância (ANOVA), seguida de teste de Tukey, para a

verificação de diferenças estatísticas entre as médias da contagem dos

horários, para cada microrganismo pesquisado e para um mesmo dia de

análise (nível de significância de 5%). Foi utilizado o software XLSTAT

(addinsoft, versão 2013.4).

Para avaliar o perfil de bandas do PCR-DGGE, foram geradas matrizes

utilizando o programa Bionumerics (Applied Maths, versão 6.5) de acordo com

as instruções do fabricante, transformando os perfis de bandas em valores

quantitativos relativos. As diversas matrizes foram ordenadas pela análise de

escalonamento multidimensional não métrico (NMS) (KRUSKAL, 1964) com a

distância de matrizes de Sørensen com o auxílio do programa PC-ORD

statistical package (MjM Software, Gleneden Beach, OR, versão 5). A

ordenação do NMS foi restringida a duas dimensões, com o objetivo de

simplificar a análise e a discussão dos dados. Também foi executado o

Procedimento de Permutação de Múltipla Resposta (MRPP) a fim de verificar

se havia diferença entre as superfícies analisadas.

6.1.2 Resultados

6.1.2.1 Características microbiológicas das superfícies do serviço de

alimentação

Superfícies dos utensílios e mesas do refeitório

Foram analisadas 462 amostras: 32,5% (n=150) provenientes dos

pratos, 32,5% (n=150) dos talheres, 32,5% (n=150) das bandejas e 2,5%

(n=12) amostras das mesas do refeitório. Na Tabela 1 e 2 pode-se verificar que

tanto no primeiro como no segundo dia de coleta 100% das amostras estavam

fora dos padrões higiênico-sanitários internacionais e dos sugerido por Silva Jr.

(2007).

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Tabela 1: Contagem microbiana das superfícies dos utensílios e mesas previamente higienizados no primeiro dia de coleta, em

três horários diferentes.

Microrganismos Prato Talher Bandeja Mesa do refeitório

10h00 12h00 14h00 10h00 12h00 14h00 10h00 12h00 14h00 10h00 12h00 14h00

Bactérias

mesófilas

UFC*/cm²

7,8x104A

4,2x104AB

2,3x103B

4,5x100B

1,1x102AB

5,0x102A

6,1x104 4,3x10

4 4,8x10

4 1,5x10

3 1,6x10

4 1,8x10

4

Bolores e

leveduras

UFC/cm²

4,6x101 8,0x10

3 1,5x10

1 1,0x10

2 2,0x10

2 1,4x10

2 1,4x10

3 1,7x10

2 2,0x10

2 3,9x10

4 3,0x10

5 3,6x10

4

Coliformes

termotolerantes

NMP*/cm²

1,3x101 1,1x10

1 2,3x10

0 5,0x10

1A 1,1x10

0B 0,6x10

0B 5,9x10

0 5,6x10

0 4,3x10

0 3,4x10

1 6,7x10

1 1,3x10

1

Staphylococcus

aureus UFC/cm²

nd**** nd nd nd nd nd nd nd nd 3,2x102**

5,4x103 5,5x10

3

Estafilococos

coagulase

negativa

UFC/cm²

3,9x102 1,8x10

2 7,9x10

1 1,5x10

2 8,3x10

1 2,5x10

2 2,2x10

4 8,2x10

3 1,1x10

4 nd nd nd

*UFC: Unidades Formadoras de Colônias; **Número mais provável por centímetro quadrado; **** Não detectado.

Padrão: Bactérias aeróbias mesófilas: 10²UFC/cm² (Silva Jr., 2007) e 2UFC/cm² (Evancho, Sveum, Moberg, & Frank, 2001); Bolores e leveduras:

10²UFC/cm² (Silva Jr., 2007); Coliformes termotolerantes e Staphylococcus aureus: Ausência (Silva Jr., 2007).

Nota: Itens que apresentaram a mesma letra na coluna não são significativamente diferentes ao nível de 5%.

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Tabela 2: Contagem microbiana das superfícies dos utensílios e mesas previamente higienizadas no segundo dia de coleta, em

três horários diferentes.

Microrganismos Prato Talher Bandeja Mesa do refeitório

10h00 12h00 14h00 10h00 12h00 14h00 10h00 12h00 14h00 10h00 12h00 14h00

Bactérias

mesófilas

UFC*/cm²

3,1x105 5,1x10

4 7,2x10

4 1,6x10

3 7,8x10

2 2,0x10

2 2,6x10

4 3,9x10

4 3,0x10

4 7,7x10

4 1,1x10

4 3,6x10

5

Bolores e

leveduras

UFC/cm²

2,6x102 4,8x10

1 4,2x10

1 6,4x10

2 7,0x10

2 2,0x10

2 9,3x10

1 1,1x10

2 1,3x10

2 2,0x10

2 6,2x10

2 1,0x10

2

Coliformes

Termotolerantes

NMP*/cm²

1,5x101 1,4x10

1 8,2x10

0 5,7x10

1A 0,6x10

0B 2,0X10

0B 7,0x10

0 7,0x10

0 5,7x10

0 1,0x10

0 2,4x10

0 7,9x10

0

Staphylococcus

aureus UFC/cm²

nd**** Nd nd nd nd nd nd nd nd 1,4x101**

3,9x101 7,0x10

1

Estafilococos

coagulase

negativa

UFC/cm²

2,7x102 2,2x10

4 2,6x10

0 1,6x10

3A 1,3x10

1B 2,5X10

1B 4,5x10

3 1,1x10

3 3,8x10

3 nd nd nd

*UFC: Unidades Formadoras de Colônias; **Número mais provável por centímetro quadrado; **** Não detectado.

Padrão: Bactérias aeróbias mesófilas: 10²UFC/cm² (Silva Jr., 2007) e 2UFC/cm² (Evancho, Sveum, Moberg, & Frank, 2001); Bolores e leveduras:

10²UFC/cm² (Silva Jr., 2007); Coliformes termotolerantes e Staphylococcus aureus: Ausência (Silva Jr., 2007).

Nota: Itens que apresentaram a mesma letra na coluna não são significativamente diferentes ao nível de 5%.

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59

Houve diferença significativa (p≤0,05) no primeiro dia de coleta entre a

média das contagens dos diferentes horários de coletas na pesquisa de

bactérias mesófilas aeróbicas nos pratos (p=0,045) e talheres (p=0,019)

(Tabela 1). No segundo dia, houve diferença significativa (p=0,024) entre a

média das contagens dos diferentes horários para pesquisa de estafilococos na

superfície dos talheres (Tabela 2).

Com relação à pesquisa de coliformes termotolerantes houve diferença

significativa nos dois dias entre a média das contagens dos diferentes horários

de coletas dos talheres (Dia 1: p=0,002 e Dia 2: p=0,014) (Tabelas 1 e 2). Não

houve diferença significativa entre a média das contagens de bolores e

leveduras nos três horários de coletas dos dois dias para todas as superfícies

analisadas (Tabelas 1 e 2). Em nenhuma amostra analisada foi detectada a

presença de micobactérias.

Identificação das estirpes de bacilos Gram negativos e estafilococos

isolados.

Foram isoladas um total de 239 estirpes de bactérias Gram negativas

com morfologia diferenciada das superfícies das bandejas, talheres e mesas do

refeitório. Na Figura 2, pode-se verificar a frequência e a superfície em que a

espécie isolada foi detectada.

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60

Figura 2. Frequência das espécies de bacilos Gram negativos isoladas das

superfícies das bandejas, talheres e mesas.

Quanto aos Staphylococcus sp. foram isoladas 152 estirpes; destes, 27

(17,8%) foram identificados como S. aureus, sendo isolados da mesa do

refeitório e 125 foram classificados como estafilococos coagulase negativo: S.

cohnii (2%) e S. saprophyticus (0,7%) isolados das bandejas; S. pasteuri

(2,6%) dos talheres; S. epidermidis (3,9%); S. hemoliticus (1,3%); S. hominis

(0,7%) e S. warneri (71%) isolados dos talheres e bandejas.

Mesa do refeitório

Bandeja

Talher

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61

Perfil da comunidade microbiana dos utensílios e mesas do refeitório.

Utilizando-se a técnica de sequenciamento das bandas de PCR-DGGE

(Figura 3) foram identificados microrganismos presentes nas superfícies

analisadas como pode ser observado na Tabela 3. Foram selecionadas para

sequenciamento as bandas que eram mais frequentes nas superfícies

analisadas.

Legenda: B: bandeja; P: prato; T: talher; M: mesa. i: dia 1; ii: dia 2 e iii: dia 3 de coleta.

Figura 3. Perfil de bandas obtido por PCR-DGGE da região codificadora do

RNAr 16S, de microrganismos isolados das superfícies dos utensílios e das

mesas. As setas indicam as bandas selecionadas para sequenciamento.

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62

Tabela 3. Identificação das bandas obtidas por PCR- DGGE baseada no

BLAST (GenBank) usando primers universais para bactérias totais.

Banda Espécie de Referência Porcentagem de

similaridade (%)

Nº de acesso

GenBank

Nº de bases

analisadas (bp)

1 Klebsiella pneumoniae 100 JN969334 361

2 Aeromonas caviae 100 JF920476 385

3 Micrococcus luteus 99 JX262404 345

4 Acinetobacter

calcoaceticus subsp.

anitratus

99 AB302132 471

5 Micrococcus luteus 99 JX262404 387

6 Micrococcus luteus 99 JX262404 405

7 Acinetobacter sp. 99 JF772529 509

8 Acinetobacter

baumannii 99 HE978267 405

9 Klebsiella sp. 98 GQ416644 387

10 Acinetobacter sp. 98 AM412161 248

11 Citrobacter sp. 98 HM536988 424

12 Aeromonas hydrophila 98 JX262991 357

13 Acinetobacter sp. 98 HM366447 345

14 Acinetobacter

calcoaceticus subsp.

anitratus

97 AB302132 370

15 Acinetobacter rudis 97 FR773879 353

16 Acinetobacter

calcoaceticus subsp.

anitratus

97 AB302132 465

17 Acinetobacter sp. 97 HM366447 317

Na Figura 4 pode-se verificar que os grupos propostos pela análise de

escalonamento multidimensional não métrico (NMS) apresentaram diferenças

significativas quando realizado o procedimento de permutação de múltipla

resposta (PPMR) (A = 0,28; p < 0,01). A Figura 4 mostra que a partir a

ordenação das bandas foi possível verificar há existência de comunidades

diferentes para cada superfície analisada, com também comunidades comuns

compostas por Klebsiella sp. e Acinetobacter sp.

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63

Figura 4. Ordenação multidimensional não métrica realizada a partir das

matrizes obtidas do perfil de bandas da PCR-DGGE para as comunidades

bacterianas presentes nos utensílios e mesas.

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64

6.1.3 Discussão

Com relação à avaliação das condições higiênico-sanitárias dos

utensílios e mesas do refeitório, a legislação brasileira não estabelece padrões

microbiológicos e as recomendações microbiológicas americanas são

consideradas rígidas demais para o Brasil, devido às altas temperaturas

ambientais médias anuais em nosso país, sendo admitidas contagens de até

10²UFC/cm² para bactérias mesófilas e bolores e leveduras, considerando a

recomendação de Silva Jr. (2007).

Verificou-se, portanto, que em 100% das amostras a contagem de

bactérias mesófilas, bolores e leveduras, Staphylococcus sp. e Coliformes

termotolerantes (Tabela 1 e 2) não atendiam as recomendações de Silva Jr.

(2007) e nem a internacional.

Os resultados do presente estudo corroboram com aqueles obtidos por

Staskel et al. (2007) que realizaram estudo em cozinhas escolares localizadas

no Texas (EUA), relataram que em 41% das superfícies analisadas foram

detectados com microrganismos da família Enterobacteriaceae. Yoon et al.

(2008) que avaliaram as superfícies de cozinhas escolares de Jinju, South

Korea relataram a presença de Escherichia coli e Staphylococcus aureus.

Apesar de não ter sido detectada a presença de micobactérias de

crescimento lento ou rápido, a pesquisa deste microrganismo é necessária, já

que estão associados a graves patologias. Estes microrganismos apresentam

uma grande resistência às condições ambientais, sendo reconhecidos por

permanecer viável por longos períodos no ambiente (FIJAN et al., 2007). Os

serviços de alimentação, que apresentam falhas no processo de higienização

podem viabilizar a presença de micobactérias, principalmente os que atendem

populações em vulnerabilidade social que podem estar mais expostos a este

tipo de contaminação. No entanto a presença de Mycobacterium foi detectada

por Franco et al. (2013) no leite de vaca.

Para o controle microbiológico em serviços de alimentação é comum o

uso das técnicas dependentes de cultivo, que estão relacionadas com a

caracterização de culturas puras isoladas em laboratório e fundamentam-se na

utilização de testes morfológicos e bioquímicos para tipagem, subtipagem e

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65

identificação de gêneros, espécies e subespécies microbianas. Os métodos

dependentes de cultivo utilizados na detecção de microrganismos, embora

confiáveis e eficientes, requerem vários dias e até mesmo semanas antes que

os resultados sejam obtidos (GANDRA et al., 2008).

Além disso, as propriedades fenotípicas das bactérias podem não ser

expressas ou podem ser de difícil interpretação, classificação e no ambiente a

ser analisado podem haver células viáveis, porém não-cultiváveis (TORSVIK et

al., 1990).

A maioria dos bacilos Gram negativos são frequentemente isolados nos

serviços de alimentação (STASKEl et al., 2007; YOON et al., 2008), mas

Wautersiella falsenii foi descrita por Kämpfer et al. (2006) a partir de 26

amostras clinicas obtidas de laboratórios Belgas no período de 1980 a 2004

como sendo não fermentadores, oxidase e catalase postivos, imóveis e

apresentam pigmentação amarelada quando submetidos a longo período de

incubação. Até o momento, não foram encontrados relatos deste

microrganismo em serviços de alimentação ou indústria de alimentos. Neste

estudo Wautersiella falsenii foi isolada em todas as superfícies do restaurante

(Figura 1).

Além disso, nas mesas do refeitório foram identificados Staphylococcus

aureus, o que sugere que o método de higienização manual utilizado não é

capaz de eliminar estes microrganismos. A presença de altas concentrações de

estafilococos coagulase negativa nas superfícies analisadas também

representa um risco à saúde da população que frequenta o restaurante. Estes

microrganismos têm sido reconhecidos como agentes etiológicos de processos

infecciosos, principalmente em indivíduos imunocomprometidos e podem

causar infecções cutâneas e oculares como furúnculos, conjuntivite purulenta e

blefarite, um processo inflamatório das pálpebras, comumente associada à

infecção por estafilococos (BARRETO & PICOLI, 2008).

Staphylococcus warnerii foi o ECN mais frequente nas superfícies dos

talheres e bandejas. Este microrganismo é encontrado na pele humana e na

cavidade nasal e na boca (OHARA-NEMOTO et al., 2008), podendo causar

bacteremia, infecção na pele, olhos e trato urinário (TAN et al., 2006). Podem

formar biofilmes nas superfícies (MARQUES et al., 2007).

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66

Em associação às técnicas dependentes de cultivo utilizou-se as

técnicas independentes de cultivo como as análises moleculares para conhecer

a comunidade microbiana dos serviços de alimentação e orientar a escolha do

princípio ativo do produto químico de limpeza, assim como na técnica de

higienização empregada.

Dentre as técnicas moleculares, tem-se a reação em cadeia de

polimerase (PCR), que é uma alternativa viável aos métodos convencionais

dependentes de cultivo microbiano, para conhecer o perfil microbiano de um

ambiente (MALORNY et al., 2003). Para a diferenciação de comunidades

microbianas tem sido utilizado o padrão de bandeamento do gene ribossomal

por eletroforese em gel com gradiente desnaturante (DGGE) (MUYZER et al.,

1993). O PCR-DGGE tem sido amplamente utilizado associado ao

sequenciamento das bandas obtidas, e tem se mostrado bastante eficiente na

identificação e caracterização bacteriana presente nas comunidades

(Vaerewijck et al., 2008). Zhao et al. (2012) utilizaram a técnica para

caracterizar a comunidade microbiana do solo e Al-Radha et al. (2012) para

identificar bactérias associadas a doenças peri-implante, no entanto, não foram

encontrados relatos do emprego do PCR-DGGE para a caracterização da

comunidade microbiana de serviços de alimentação.

No presente estudo, a partir do emprego do PCR-DGGE pode-se

observar não só a presença de uma comunidade bacteriana especifica em

cada superfície, como também representantes distribuídos em todas as

superfícies estudadas, a exemplo dos gêneros Klebsiella e Acinetobacter.

Não há relatos na literatura da detecção de Acinetobacter sp. em

serviços de alimentação. No entanto, trata-se de uma bactéria de grande

importância clínica, sendo causa de diversas infecções hospitalares, incluindo

bacteremia, pneumonia e meningite e está envolvido com infecções

relacionadas à assistência à saúde (IWASHKIW et al., 2012). Desta forma, o

predomínio destes microrganismos nas superfícies analisadas indica falhas no

processo de higienização e contaminação cruzada.

A presença de enteropatógenos na microbiota dos utensílios e mesas do

restaurante evidencia o risco a que são expostos os comensais. Estes achados

reforçam a necessidade de rigoroso controle microbiológico nos serviços de

alimentação a fim de analisar se os procedimentos empregados na

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67

higienização das superfícies estão adequados, de forma a evitar a

multiplicação e a disseminação desses microrganismos para outros ambientes.

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68

6.2 CAPÍTULO II. Perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos e

desinfetante a base de cloro em estirpes de Acinetobacter sp.,

Enterobacter sp., Klebsiella sp. e Staphylococcus sp. isoladas de serviço

de alimentação

6.2.1 Materiais e métodos

O procedimento de cultura, seleção das colônias e identificação das

estirpes foi realizado conforme descrito no item 6.1.1.

6.2.1.1 Teste de susceptibilidade aos antimicrobianos: A partir da

identificação e quantificação dos gêneros presentes nas superfícies dos

serviços de alimentação, selecionou-se as estirpes que se apresentavam em

maioria nas superfícies, para a realização do teste de susceptibilidade aos

antimicrobianos. Utilizou-se as estirpes de Staphylococcus sp. e bacilos Gram

negativos (Acinetobacter sp., Enterobacter sp. e Klebsiella sp.) isoladas dos

utensílios (bandejas e talheres) e das mesas do refeitório. Ao todo foram

analisadas 391 estirpes sendo, 239 bacilos Gram negativos e 152 de

estafilococos. As fontes de isolamento das estirpes estão apresentadas na

Tabela 4.

Tabela 4. Total de bacilos Gram negativos e estafilococos isolados das

superfícies higienizadas de talher, bandejas e mesa do refeitório.

Superfícies

Bacilos Gram negativos

Staphylococcusa sp

n % N %

Talher 131 55.0 113 74.3

Bandeja 97 40.4 15 10.0

Mesa do refeitório 11 4.6 24 15.7

Total 239 100 152 100

a Estafilococos coagulase positiva e negativa

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69

A susceptibilidade dos isolados de Staphylococcus sp e bacilos Gram

negativos aos agentes antimicrobianos foi determinada pelo método de disco-

difusão segundo a metodologia proposta por Clinical and Laboratory Standards

Institute (CLSI, 2012).

A partir de culturas recentes em Trypticase soy agar - TSA (Biomérieux-

Rio de Janeiro-Brasil), foram preparadas suspensões em salina a 0,85% (p/v)

contendo 1,5x108 unidades formadoras de colônias - UFC/mL, semeadas com

swab em agar Mueller-Hinton (Himédia-Mumbai-Índia). Os discos impregnados

com antimicrobianos foram colocados sobre a superfície do meio de cultura e

incubados a 37 °C por 16 a 18 horas.

Para Staphylococcus coagulase negativa foram utilizados discos

contendo os seguintes antimicrobianos (Sigma-Aldrich-St.Louis-USA):

Eritromicina (15µg), Cefoxitina (30µg), Penicinilina (10units), Trimetoprim-

sulfamethoxazole (1.25/23.75µg), Linezolida (30µg), Tetraciclina (30µg) e

Ciprofloxacina (30µg) e para staphylococcus coagulase positiva, além dos

discos citados anteriormente, também utilizou-se Vancomicina (30µg). A estirpe

Staphylococcus aureus American Type Culture Colection (ATCC) 25923 foi

utilizada como controle.

Para bacilos Gram negativo os antibióticos utilizados foram: ácido

nalidíxico (30µg); amoxicilina - ácido clavulânico (20/10µg); ampicilina (10µg);

aztreonam (30µg); cefepime (30µg); cefotaxima (30µg); cefoxitina (30µg);

ceftazidina (30µg); cefuroxima (30µg); ciprofloxacina (5µg); cloranfenicol (30

µg); gentamicina (10µg) imipenem (10µg); tetraciclina (30µg) e

trimetoprim/sulfametoxazol (1,25/23,75µg). Como controle de qualidade do

teste utilizou-se a estirpe Escherichia coli ATCC 25922.

A interpretação dos halos formados seguiu as recomendações do CLSI

(2012). As estirpes, que apresentaram susceptibilidade intermediária ao

antimicrobiano, foram consideradas resistentes para fins de interpretação de

resultados.

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70

6.2.1.2 Detecção fenotípica da produção de enzima β-lactamases de

espectro estendido (ESBL).

As estirpes de Escherichia coli, Klebsiella pneumonie e Klebisiella oxytoca

foram testadas com relação à produção de ESBL pela técnica de difusão em

disco, como descrito acima, utilizando os seguintes antimicrobianos:

cefuroxima (30µg), cefoxitina (30µg), ceftazidima (30µg), aztreonam (30µg) e

cefepime (30µg) (Sensifar®), que foram aplicados a uma distância de 2,5cm, de

centro a centro, de um disco de amoxicilina-clavulanato (20/10µg) (Sensifar)

(JARLIER et al., 1988). As placas contendo os antimicrobianos foram

incubadas a 37 °C por 18 a 24 horas. Para o teste presuntivo da produção de

ESBL foi medido o tamanho dos halos conforme CLSI (2012) e para

confirmação da produção de ESBL, foi verificado se as amostras apresentaram

distorção nos halos de inibição para qualquer um dos cinco antimicrobianos β-

lactâmicos. O fato de que a partir de 2010 o CLSI indicar que não há

necessidade de realizar este teste para fins de diagnóstico da resistência, este

ainda é preconizado para fins epidemiológicos, e foi realizado no presente

estudo com esta finalidade.

6.2.1.3 Eficácia do desinfetante a base de hipoclorito de sódio frente às

estirpes isoladas.

Para avaliação da atividade bactericida do desinfetante a base de cloro

foi empregado o método da diluição de uso (FIOCRUZ/INCQS, 2004),

utilizando cilindros de aço inox, polidos na parte interna e externa, com 8 mm

de diâmetro externo, 6mm de diâmetro interno e 10mm de comprimento. Para

cada análise foram utilizados 60 cilindros estéreis que foram previamente

tratados em solução de hidróxido de sódio 1N por 18 horas, transferidos para

solução de asparagina a 0,1%.

Foram escolhidas para teste 3 estirpes de Acinetobacter sp. e 3 de

Klebsiella sp. isoladas das superfícies do restaurante, além das culturas padrão

Staphylococcus aureus ATCC 6538, Salmonella enterica subsp. enterica

serovar Choleraesuis ATCC 10708 e Escherichia coli ATCC 25922. A partir de

cultura recente (24 horas), foi feito inóculo de aproximadamente 108 UFC/mL,

para tubos contendo 10 mL de caldo nutriente (Merck-Rio de Janeiro-Brasil),

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71

sendo realizadas 3 incubações consecutivas por 24 horas a 37 ºC e 1

incubação por 48 horas a 37 ºC.

Posteriormente, os cilindros foram transferidos para o tubo contendo o

inóculo que foi incubado por 48 horas e mantidos por 15 minutos à 25 °C. Após

este período, os cilindros foram colocados na posição vertical em placas de

Petri estéreis contendo papel de filtro e mantidos em estufa a 35 °C por 40

minutos.

O desinfetante a base de cloro utilizado foi coletado no serviço de

alimentação no dia da realização do experimento. Para a determinação da

concentração de cloro livre da solução foi utilizado o kit teste cloro livre

(Hidroall-São Paulo-Brasil).

Para o experimento foram distribuídos 10 mL do desinfetante em 60

tubos estéreis e 10 mL de caldo nutriente (Merck, Brasil) adicionado de 0,6%

de tiossulfato de sódio em 120 tubos estéreis. O experimento foi realizado em

seis etapas, sendo cada etapa composta de uma série de 10 tubos contendo

desinfetante e 2 séries de 10 tubos contendo caldo nutriente.

Foi colocado um cilindro inoculado com o microrganismo a ser testado

em cada tubo contendo desinfetante a base de cloro, com intervalo de 1

minuto. No décimo minuto, o cilindro do primeiro tubo contendo desinfetante foi

retirado e transferido para o tubo contendo caldo nutriente da primeira série e o

mesmo procedimento foi seguido com os demais cilindros, com 1 minuto de

intervalo. Dessa forma, cada cilindro permaneceu em contato com o

desinfetante por 10 minutos. Após esta etapa, todos os tubos das duas séries

foram incubados a 37 ºC por 24 horas.

Para que a ação bactericida do desinfetante fosse considerada eficaz,

ele deveria ser capaz de inibir o crescimento bacteriano sobre pelo menos 59

dos 60 cilindros utilizados, conferindo um nível de confiança de 95%. O

controle positivo foi feito com a inoculação de um cilindro contaminado, sem

que houvesse contato com desinfetante, em um tubo contendo caldo nutriente

adicionado de 0,6% de tiossulfato e o controle negativo com a inoculação de

um cilindro que não foi contaminado em outro tubo contendo caldo nutriente

adicionado de 0,6% de tiossulfato.

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72

6.2.2 Resultados

Nas Tabelas 5 e 6 estão descritos os resultados da avaliação da

susceptibilidade das estirpes aos antimicrobianos. Verificou-se que duas

estirpes de Enterobacter asburiae, uma de Enterobacter clocae e uma

Klebsiella pneumoniae foram resistentes ao imipenem (Tabela 5). Das estirpes

de Acinetobacter sp. a única característica significativa foi a resistência de

72,3% à cefoxitina.

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73

Tabela 5. Perfil de resistência das estirpes de Acinetobacter sp, Enterobacter sp e Klebsiella sp isoladas das superfícies

higienizadas de em um serviço de alimentação.

Microrganismo

Antimicrobianos

AMC CRX CFO CAZ ATM CPM AMP IMP TET CLO CIP NAL CTX SUT GEN

% % % % % % % % % % % % % % %

Acinetobacter baumannii (n=47) nt nt 73 2,4 nt 0 12,2 0 0 nt 0 nt nt 39 0

Acinetobacter baylyi (n=5) nt nt 80 20 nt 20 0 0 0 nt 0 nt nt 0 0

Acinetobacter tondoii (n=1) nt nt 0 0 nt 0 0 0 0 nt 0 nt nt 0 0

Enterobacter asburiae (n=31) 67,7 9,7 87 3,2 9,7 0 38,7 6,4 3,2 0 0 3, 6,4 3,2 0

Enterobacter clocae (n=58) 77,6 20,7 89,6 12 3,4 0 62 1,7 1,7 0 0 0 3,4 0 0

Enterobacter cowanii (n=2) 100 0 0 0 0 0 100 0 0 0 0 0 0 0 0

Enterobacter gergoviae (n=1) 100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Entorobacter kobei (n=4) 25 0 75 0 0 0 50 0 0 0 0 0 0 0 0

Klebsiella oxytoca (n=3) 33,3 0 33,3 33,3 66,6 0 66,6 0 0 0 0 0 0 33,3 0

Klebsiella pneumoniae (n=56) 12,5 3,6 7,1 5,4 5,4 0 94,6 1,8 1,8 0 0 3,6 0 1,8 0

AMC: Amoxicilina; CRX: Cefuroxima; CFO: Cefoxitina; CAZ: Ceftazidima; ATM: Aztreonam; CPM: Cefepime; AMP: Ampicilina; IMP: imipenem; TET: Tetraciclina; CLO: cloranfenicol; CIP: ciprofloxacina; NAL: ácido nalidíxico; CTX: Cefotaxima; SUT: trimetoprim-sulfametoxazol; GEN: Gentamicina. Nt: não testado

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74

Das estirpes de Enterobacter sp. isoladas, 3 possuíam resistência

múltipla (resistência a três ou mais antimicrobianos), 35 estirpes apresentaram

multirresistência (resistência a 3 ou mais classes de drogas) e 8 tinham

multirresistência e resistência múltipla. Com relação às estirpes de Klebsiella

sp. uma apresentou resistência múltipla e quatro estirpes eram

multirresistentes. Das 47 estirpes do Gênero Acinetobacter sp., 2 estirpes

apresentaram resistência múltipla. Das 59 estirpes de Klebsiella sp. nenhuma

produziu a enzima β-lactamase de espectro estendido (ESBL).

Das 152 estirpes de Staphylococcus sp., 27 foram identificadas como

estafilococos coagulase positiva e 125 como coagulase negativa, o perfil de

resistência desses isolados pode ser observado na Tabela 3. Nenhuma das

estirpes de estafilococos coagulase positivaapresentou resistência à

vancomicina. Staphylococcus epidermidis apresentou resistência à meticilina

(Tabela 6).

Tabela 6. Perfil de resistência das estirpes de Staphylococcus aureus e

estafilococos coagulase negativa isoladas das superfícies higienizadas de um

serviço de alimentação.

Microrganismos

Antimicrobianos

CFO CIP ERI GEN LIN PEN TET SUT VAN

% % % % % % % % %

Staphylococcus warneri (n=108) 0,9 0,9 3,7 0 0,9 23 0,9 0,9 -

Staphylococcus epidermidis (n=6) 66,6 0 83 50 0 83 17 0 -

Staphylococcus hominis (n=1) 0 0 0 0 0 0 0 0 -

Sthapylococcus haemolyticcus (n=2) 0 0 0 0 0 0 0 0 -

Staphylococcus saprophyticus (n=1) 0 0 0 0 0 0 0 0 -

Staphylococcus cohnii (n=3) 0 0 33 0 0 0 0 0 -

Staphylococcus pasteuri (n=4) 0 0 0 0 0 75 25 0 -

Staphylococcus aureus (n=27) 0 2 0 0 0 2 1 1 0

CFO: Cefoxitina; CAZ: Ceftazidima; CPM: Cefepime; AMP: Ampicilina; IMP: imipenem; TET: Tetraciclina;CIP: ciprofloxacina; SUT: trimetoprim-sulfametoxasol; GEN: Gentamicina; ERI: eritromicina; LIN: linezolida; PEN: Penicilina; VAN: vancomicina

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75

Após testar o desinfetante a base de cloro na diluição de uso (200ppm)

utilizada no serviço de alimentação de estudo nos isolados de Klebsiella

pneumoniae e Acinetobacter baumannii e nas estirpes padrão Staphylococcus

aureus, Salmonella sp e Escherichia coli, foi constatado que nenhuma das

estirpes testadas apresentou resistência ao cloro.

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76

6.2.3 Discussão

A frequência de microrganismos resistentes tem aumentado de forma

constante nos Estados Unidos da América, Europa e em países em

desenvolvimento. Este aumento pode estar relacionado com uma combinação

de características microbianas: a pressão seletiva pela utilização de agentes

antimicrobianos, mudanças sociais e nas técnicas de uso dos antimicrobianos

(LIVERMORE, 2012).

Embora a resistência bacteriana aos antimicrobianos seja observada,

na maioria das vezes, em amostras provenientes de infecções relacionadas à

assistência à saúde, estas também podem estar presentes em isolados

ambientais (DÍAZ et al., 2006),

As estirpes selecionadas foram caracterizadas em um estudo prévio

como as frequentes em um serviço de alimentação, conforme pode ser

observado no capitulo 6.1, Figura 2. A presença destas estirpes pode ser

explicada por se tratar de microrganismos associados a manipulação

inadequada de alimentos como os estafilococos, microrganismos indicadores

de falhas em condições higiênico sanitárias como os coliformes entre eles

Klebsiella sp. e Enterobacter sp., assim como um microrganismo com

reconhecida capacidade de adesão em superfícies sólidas como Acinetobacter

sp. (KARSLIGIl et al., 2004).

No presente estudo, o perfil de resistência mais significativo foi a

resistência de uma estirpe de K. pneumoniae e duas de E. asburiae e uma de

E. cloacae ao imipenem.

As carbapenemases constituem uma familia de beta-lactamases e são

utilizados no tratamento de infecções graves causadas por Enterobacteriaceae

produtoras de beta-lactamases de espectro-extendido (ESBL). Estes

antimicrobianos são estáveis à hidrólise por β-lactamases e sua

susceptibilidade à maioria das estirpes os torna geralmente favorável no

tratamento contra microrganismos multirresistentes. Logo, a presença de

estirpes de bacilos Gram negativos resistentes ao imipenem reforça a

importancia de monitorar a multiplicação e a disseminação desses

microrganismos.

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77

K. penumoniae é um dos patógenos nosocomiais mais importante e

possui a capacidade de desenvolver e/ou adquirir novos mecanismos de

resistência e podem se tornar uma reservatório de gene de resistência aos

antimicrobianos (PATERSON et al., 2004). Mesa et al. (2006) detectaram a

presença de K. pneumoniae produtora de ESBL em alimentos. No presente

estudo embora seis estirpes de K. pneumoniae tenham apresentrado

resistência às cefalosporinas de terceira geração (ceftazidima e cefotaxima),

não foi observada distorção no halo de inibição no teste de sinergismo, o que

sugere que estas estirpes não sejam produtoras de ESBL.

Levando-se em consideração a ocorrência de casos de infecções

comunitárias causadas por Acinetobacter baumannii, a presença deste

microrganismo como prevalente no serviço de alimentação demostra a

exposição de uma população em vulnerabilidade social ao risco de infecções

de pele e respiratória por este microrganismo, que tem uma propensão para

desenvolvimento de resistência antimicrobiana extremamente rápida,

principalmente resistência múltipla (PONTES et al., 2006). Entretanto, no

presente estudo, nenhuma estirpe de Acinetobacter apresentou resistência

significativa aos antimicrobianos.

Entre os estafilococos, o fenótipo encontrado mais significativo foi a

resistência à cefoxitina detectada em 66,6% das estirpes de Staphylococcus

epidermidis, caracterizadas como estafilococos coagulase negativos (ECN)

resistentes à meticilina. ECN resistentes à meticilina tem sido isolado de

diversas fontes, Vyletělová et al. (2011) que avaliaram a produção de leite cru

isolaram estirpes de S. epidermidis resistentes à meticilina. Huber et al. (2011)

isolaram estes microrganismos de carcaças de frango e carne picada e Mayer

& Hörner (2009) isolaram em um Hospital universitário.

Segundo Tavares (2000) o isolamento dessas estirpes em ambiente

não hospitalar pode estar relacionado com o uso prévio de antibióticos,

internação recente e atendimento diário em centros médicos. Uma forma de

minimizar a multiplicação e a disseminação destes microrganismos é utilizar

processos de desinfecção de forma adequada a fim de minimizar a

sobrevivência desses patógenos nas superfícies dos serviços de alimentação

(MACHADO et al., 2010).

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78

O fato dessas estirpes terem sido isoladas em um serviço de

alimentação é um aspecto importante que deve ser destacado, pois as

refeições produzidas neste ambiente, assim como as superfícies podem servir

de veículo de disseminação de microrganismos com resistências importantes

aos antimicrobianos. Sendo assim, para tentar minimizar a multiplicação e a

disseminação desses microrganismos é importante utilizar produtos químicos

de limpeza com princípios ativos eficazes.

O Food and Drug Administration (FDA, 2013) recomenda o uso do

hipoclorito de sódio como agente desinfetante para superfícies que entram em

contato com alimentos em concentrações acima de 200ppm. Concentrações

entre 100 e 200ppm têm sido recomendadas para desinfecção de utensílios e

equipamentos no Brasil (ANDRADE & MACEDO, 1996). A Portaria CVS5/2013

(São Paulo, 2013) recomenda as concentrações de 1 a 2,5% de hipoclorito de

sódio para a desinfecção de frutas e vegetais.

No presente estudo o uso de hipoclorito de sódio à 200ppm apresentou

ação bactericida sobre as estirpes testadas, porém Machado et al. (2010) que

isolaram estirpes de Salmonella typhimurium e Salmonella bredeney, de fezes

de suínos e de um embutido, respectivamente e Salmonella enteritidis isoladas

de salmoneloses investigadas pela Vigilância Sanitária do RS, verificaram que

o Hipoclorito de sódio só foi eficaz em concentrações superiores a 200ppm.

Estudos realizados por Coelho et al. (2010), Veiros et al. (2009);

Aycicek et al. (2006); Kassa et al. (2001), relacionados à avaliação das

condições higiênico-sanitárias de serviços de alimentação evidenciaram a

presença de microrganismos sobre as superfícies analisadas revelando

inadequações com relação aos procedimentos de higienização, reforçando a

importância da efetividade do procedimento empregado para a saúde do

consumidor.

As estirpes que se apresentavam em maior quantidade no ambiente

dos serviços de alimentação de estudo, não foram resistentes ao cloro, no

entanto, estes microrganismos foram isolados de superfícies higienizadas o

que sugere que o procedimento de higienização adotado não é adequado ou

que ocorre a recontaminação.

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79

6.3 CAPÍTULO III. Validação de conteúdo e confiabilidade de instrumento

de avaliação higiênico-sanitária.

6.3.1 Materiais e métodos

Tratou-se de um estudo descritivo, não experimental com delineamento

transversal realizado no período de fevereiro de 2011 a junho de 2012.

Amparou-se em princípios éticos, da Resolução 016/2000 do Conselho Federal

de Psicologia e pela Resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde, com

aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Estudos em Saúde

Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (parecer 118/2010) e

constou das seguintes etapas: 1ª) Elaboração do roteiro; 2ª) Submissão do

roteiro ao comitê de especialistas para validação do conteúdo e 3ª) Avaliação

do roteiro validado quanto a reprodutibilidade e confiabilidade.

6.3.1.1 Elaboração do RACHS-SA.

O instrumento foi elaborado a partir da pesquisa e análise de

ferramentas disponíveis na literatura para avaliação das condições higiênico-

sanitárias de estabelecimentos que manipulam, preparam, armazenam e/ou

comercializam alimentos, tomando por base a Resolução RDC 216/2004

(BRASIL, 2004) e as exigências da Norma Brasileira ABNT/NBR 15635/2008

(ABNT, 2008), que estabelece os requisitos e controles operacionais essenciais

para adoção das boas práticas.

Na elaboração do roteiro foram considerados os seguintes aspectos

relacionados às boas práticas: estrutura físico-funcional; recebimento e

armazenamento de alimentos, pré-preparo, preparo e distribuição de refeições;

higiene pessoal e ambiental, e documentação.

Foi proposto o cálculo do percentual de adequação das condições

higiênico-sanitárias (PACHS) parcial, para cada bloco que compõe o

instrumento, ou total, levando em consideração todos os blocos como mostram

as equações 1 e 2.

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80

Equação 1: ACH bloco

Equação 2: ACH total

Para a classificação qualitativa das condições higiênico-sanitárias do

serviço de alimentação foi proposta a categorização adaptada da Resolução

275/2002, sendo classificadas como condições adequadas quando o PACHS

apresentar ≥76% de conformidade; parcialmente adequadas quando o ACH

ficar entre 51 e 75% e inadequadas quando o ACH for ≤ 50% (BRASIL,

2002).

6.3.1.2 Validação do conteúdo do RACHS-SA por comitê de especialistas.

Para estabelecer a validação do conteúdo do instrumento foi utilizada a

técnica Delphi, que consistiu em três fases: 2.1) seleção dos especialistas; 2.2)

apresentação do instrumento e orientação para avaliação do conteúdo do

roteiro quanto à aplicabilidade, relevância, pertinência e clareza e 2.3)

classificação dos itens dos instrumento de acordo com o risco oferecido à

qualidade higiênico-sanitária das refeições prontas.

Seleção do comitê de especialistas.

Foram convidados para o processo de validação dez especialistas que

atendiam a, pelo menos, dois dos seguintes critérios de inclusão, comprovados

pelo Curriculum vitae baseado na plataforma Lattes do CNPQ: a) experiência

profissional ou acadêmica mínima de cinco anos em segurança dos alimentos

e vigilância sanitária; b) possuir publicação e desenvolver pesquisas sobre

boas práticas em serviços de alimentação; c) conhecimento metodológico

sobre a construção de instrumentos de boas práticas em serviços de

alimentação, e d) pós-graduação Strictu e/ou Lato sensu em vigilância sanitária

ou áreas afins. Priorizou-se a escolha de profissionais de diferentes áreas da

saúde para que a avaliação do instrumento fosse realizada de forma

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81

complementar. Após o aceite, foi enviado aos dez especialistas uma carta

explicativa sobre o processo de validação de conteúdo do instrumento

elaborado por correio eletrônico. Todos os dez participantes do comitê de

especialistas assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

Apresentação do instrumento e orientação para avaliação do

conteúdo quanto à aplicabilidade, relevância, pertinência e clareza.

Considerada como uma fase exploratória, o RACHS-SA foi apresentado

aos especialistas acompanhado de formulário de orientação para análise do

mesmo quanto à aplicabilidade, relevância e pertinência para a avaliação

higiênico-sanitária de SA, bem como clareza dos itens quanto à forma de

redação dos mesmos (TILDEN et al., 1990; ALEXANDRE & COLUCI, 2011). O

julgamento dos especialistas foi tabulado em planilha do Excel®, levando em

consideração seus comentários e sugestões.

Classificação dos itens do instrumento elaborado de acordo com o

risco oferecido à qualidade higiênico-sanitária das refeições prontas.

Essa fase, seguindo o preconizado na Técnica Delphi, foi composta de

rodadas para a análise do instrumento pelos especialistas, a fim de classificar

cada item do RACHS-SA de acordo com o risco oferecido à manutenção da

qualidade higiênico-sanitária das refeições prontas, conforme recomendações

do Ministério da Saúde (2012) em: Imprescindível (I), Necessário (N),

Recomendável (R), quando esses contribuíssem, respectivamente, de forma

crítica, menos crítica e não crítica para a contaminação dos alimentos. Ainda

nessa fase, os especialistas puderam sugerir a inclusão, modificação ou

eliminação de itens. Foi recomendado que o instrumento fosse avaliado em

ambiente tranquilo e sem interrupções de outras pessoas, de forma a não

interferir na qualidade da análise.

Os resultados foram escrutinados e as tendências centrais, assim como

as dispersões calculadas, foram enviadas por correio eletrônico aos

especialistas para que eles pudessem ver as respostas dos demais conforme

sugerido por Jairath & Weinstein (1994). Os itens que não obtiveram

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82

concordância, assim como os novos itens inseridos, foram reavaliados pelo

comitê em uma nova rodada, como prevê a Técnica Delphi, até que fosse

obtida concordância interespecialista mínima de 70% na classificação de cada

item, sendo considerado validado o conteúdo do instrumento.

6.3.1.3 Análise da confiabilidade e reprodutibilidade do instrumento

validado.

Para medir a qualidade do RACHS-SA, foram convidadas quatro

nutricionistas que atuavam na área de Alimentação Coletiva, para aplicar o

roteiro com o conteúdo validado em um serviço de alimentação localizado na

cidade do Rio de Janeiro que produzia e distribuía 3.500 almoços de segunda a

sexta-feira para a coletividade sadia, tendo como objetivo a avaliação das

condições higiênico-sanitárias do serviço de alimentação, sua classificação

segundo o PACHS por bloco e total e analisar a confiabilidade e

reprodutibilidade do instrumento.

A aplicação do RACHS-SA foi realizada por todos os nutricionistas no

mesmo dia, entre as 8h e as 12h. Os avaliadores foram orientados a não

consultarem as demais colegas durante a aplicação do RACHS-SA e para não

comunicarem os resultados obtidos, a fim de evitar influência nas respostas.

Para comparar os percentuais de adequação das condições higiênico-

sanitárias do serviço de alimentação, obtidos a partir da avaliação dos quatro

nutricionistas, foi utilizada a análise de variância não paramétrica, sendo

aplicado o Teste de Kruskal-Wallis, sendo considerado o nível de significância

de 5% em todas as análises.

Para a análise dos dados, foi utilizado o pacote estatístico SPSS (versão

20). O coeficiente de correlação intraclasse (CCI), que avalia a homogeneidade

de duas ou mais medidas, foi utilizado para verificar a confiabilidade e a

reprodutibilidade do instrumento. Quando o CCI foi ≥0,75, a confiabilidade foi

considerada excelente, entre 0,4 e 0,75 houve confiabilidade satisfatória e

confiabilidade pobre quando o CCI foi < 0,4. O nível de significância de 5% foi

considerado em todas as análises (STREINER & NORMAN, 2008).

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83

6.3.2 Resultados

6.3.2.1 Elaboração do instrumento para avaliação das condições

higiênico-sanitária.

O RACHS-SA foi desenvolvido tomando como base a estrutura do

roteiro disponível na legislação vigente, sendo composto inicialmente por 103

itens com variáveis dicotômicas para avaliação (conforme = 1 e não conforme =

0), que foram agrupados em 12 blocos: I. Armazenamento dos alimentos; II.

Estrutura física; III. Equipamentos e utensílios; IV. Higiene ambiental; V.

Manejo de resíduos sólidos; VI. Manipuladores de alimentos; VII. Preparo de

alimentos; VIII. Distribuição; IX. Controle integrado de vetores e pragas

urbanas; X. Abastecimento de água; XI. Documentação e XII. Capacitação dos

manipuladores de alimentos.

6.3.2.2 Validade do conteúdo do instrumento pela Técnica Delphi.

Caracterização do comitê de especialistas.

O comitê de especialistas composto pelos dez profissionais que

aceitaram participar dessa etapa da pesquisa possuía, em média, 18 anos de

experiência em uma das seguintes áreas: segurança dos alimentos e vigilância

sanitária. Com relação à formação acadêmica, 60% eram nutricionistas 10%,

pedagogas 10%, químicas e 10%, farmacêuticas. Dos especialistas, 40%

possuíam doutorado, 40%, mestrado e 20%, especialização em vigilância

sanitária ou áreas afins. Quanto à área de atuação, 40% trabalhavam como

docente, 40% eram consultores em serviços de alimentação e 20%

trabalhavam na Vigilância Sanitária.

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84

Análise dos itens quanto à aplicabilidade, relevância, pertinência e

clareza.

O RACHS-SA foi avaliado positivamente por 100% dos especialistas

com relação à clareza na leitura, objetividade e relevância dos itens, sendo o

conteúdo do instrumento considerado adequado para avaliar as condições

higiênico-sanitárias de serviços de alimentação.

Com relação à aplicabilidade e relevância, os especialistas julgaram que

o RACHS-SA é uma ferramenta útil para visitas fiscais e para a avaliação dos

serviços de alimentação, sendo de simples aplicação e relevante, visto que

engloba os principais aspectos relacionados à inspeção sanitária, podendo

auxiliar os profissionais da área, estudantes e gestores na avaliação do

estabelecimento quanto aos aspectos sanitários.

Classificação dos itens do instrumento elaborado de acordo com o

risco oferecido à qualidade higiênico-sanitária das refeições prontas.

Para essa fase da pesquisa, foram realizadas três rodadas de avaliação

pelo comitê de especialistas, até que houvesse concordância entre os mesmos.

Na primeira rodada, dos 103 itens avaliados, de acordo com o risco oferecido

para a manutenção da qualidade higiênico-sanitária, 90% obtiveram consenso

entre os especialistas (Tabela 7), sendo 80% dos itens classificados como

imprescindíveis. O Comitê de especialistas solicitou a inclusão de 17 itens

(35% no bloco 1) e a subdivisão de 5 itens resultando em 15 novos itens de

avaliação (Tabela 7).

Os especialistas apontaram a necessidade de incluir a aferição das

temperaturas de armazenamento e distribuição dos alimentos, assim como a

periodicidade de troca de filtros de água e limpeza da caixa d’agua e dos

condicionadores de ar, medidas necessárias para orientar a adoção das boas

práticas. Além disso, 17 itens sofreram alteração quanto à sintaxe, para torná-

los mais objetivos. As sugestões dos especialistas foram incorporadas no

instrumento.

Na segunda rodada, os especialistas receberam o instrumento contendo

135 itens (Tabela 7), no entanto foram orientados a avaliarem os 27 itens

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(referente aos itens incluídos e aqueles sem concordância) (Tabela 7). Dos 135

itens avaliados, 100% obtiveram consenso entre os especialistas, no entanto o

comitê solicitou a inclusão de 20 novos itens (Tabela 7).

Tabela 7: Alterações e discordâncias entre os especialistas, por bloco, nas três

rodadas de avaliação do instrumento, Rio de Janeiro 2013.

Blocos

1ª Rodada

2ª Rodada

3ª Rodada

Itens N

I¹ D² SC³ Itens N

I D SC Itens n n n n n n n

I. Armazenamento de alimentos 15 6 6 0 27 3 0 0 30

II. Estrutura física 29 1 4 1 34 2 0 0 36

III. Equipamentos e utensílios 6 0 0 0 6 0 0 0 6

IV. Higiene ambiental 4 1 0 1 5 8 0 0 13

V. Manejo de resíduos sólidos 5 0 1 1 6 2 0 0 8

VI. Recursos humanos 11 0 3 2 14 0 0 0 14

VII. Preparo de alimentos 5 1 0 1 6 1 3 0 10

VIII. Distribuição de refeições 12 2 0 1 14 0 0 0 14

IX. Controle integrado de vetores e pragas urbanas 3 1 0 0 4 0 1 0 5

X. Abastecimento de água 6 0 1 1 7 4 0 0 11

XI. Documentação 5 2 0 2 7 0 0 0 7

XII. Capacitação dos manipuladores de alimentos 2 3 0 0 5 0 0 0 5

Total 103 17 15 10 135 20 4 0 159 1. I = Total de Itens incluídos; ². D= Total de itens divididos; ³. SC: Total de itens sem

concordância.

Conforme sugerido por um dos especialistas, foi inserida a instrução de

utilização e preenchimento do RACHS-SA para orientar a inspeção sanitária e

a avaliação quali-quantitativa do serviço de alimentação, a fim de auxiliar na

aplicação do mesmo.

Na terceira e última rodada, para a classificação dos itens conforme o

risco oferecido à qualidade das refeições servidas, os especialistas receberam

o instrumento contendo 159 itens, mas foram orientados a julgarem apenas os

20 itens incluídos na segunda rodada (Tabela 8), assim como a instrução de

utilização e preenchimento do RACHS-SA. Nesta rodada, a maioria dos itens

(58,5%) foi classificada como imprescindível e não foram solicitadas alterações

(Tabela 8). Todos os especialistas julgaram a instrução de preenchimento

adequada.

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Tabela 8: Classificação dos itens quanto ao risco oferecido para a manutenção

da qualidade higiênico-sanitária das refeições, conforme julgamento dos

especialistas, Rio de Janeiro 2013.

Blocos Itens

Classificação dos itens

Imprescindível Necessário Recomendado

N N % N % N %

I. Armazenamento de alimentos

30 20 66,7 10 33,3 0 0,0

II. Estrutura física 36 12 33,3 22 61,1 2 5,6

III. Equipamentos e utensílios 6 4 66,7 2 33,3 0 0,0

IV. Higiene ambiental 13 7 53,8 6 46,2 0 0,0

V. Manejo de resíduos sólidos

8 4 50,0 4 50,0 0 0,0

VI. Recursos humanos 17 13 76,5 4 23,5 0 0,0

VII. Preparo de alimentos 6 6 100,0 0 0,0 0 0,0

VIII. Distribuição de refeições 19 11 57,9 6 31,6 2 10,5

IX. Controle integrado de vetores e pragas urbanas

4 4 100,0 0 0,0 0 0,0

X. Abastecimento de água 8 6 75,0 2 25,0 0 0,0

XI. Documentação 7 3 42,9 4 57,1 0 0,0

XII. Capacitação dos manipuladores de alimentos

5 3 60,0 2 40,0 0 0,0

Total 159 93 58,5 62 39,0 4 2,5

O comitê avaliou os itens do instrumento e sugeriu as alterações

necessárias para que o conteúdo do RACHS-SA pudesse se tornar o mais

objetivo e compreensível possível.

6.3.2.3 Avaliação das condições higiênico-sanitárias do serviço de

alimentação e análise da confiabilidade e reprodutibilidade

interavaliadores.

O percentual de adequação das condições higiênico-sanitárias do

serviço de alimentação (PACHS total) foi considerado parcialmente adequado

(Tabela 9). Já o PACHS dos blocos III, IV e VI respectivamente: Equipamentos

e utensílios, Higiene ambiental e Preparo de alimentos foram classificados

como inadequados (Tabela 9). Ressalta-se que o bloco VI possui 100% dos

itens classificados como imprescindíveis (Tabela 8).

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O teste de Kruskal-Wallis mostrou que não houve diferença estatística

significativa entre as avaliações obtidas, tanto para o PACHS total, como para

o PACHS dos blocos (Tabela 9).

Tabela 9: Percentual de adequação das condições higiênico-sanitárias do

serviço de alimentação a partir da avaliação dos quatro nutricionistas, Rio de

Janeiro 2013.

Bloco Nutricionistas

A (%)

B (%)

C (%)

D (%)

p-valor²

I. Armazenamento de alimentos 76 76 70 53 0,12

II. Estrutura física 41 55 41 39 0,34

III. Equipamentos e utensílios 33 16,6 0 0 0,55

IV. Higiene ambiental 54 46 46 39 0,84

V. Manejo de resíduos sólidos 62,5 87,5 62,5 50 0,23

VI. Recursos humanos 71,4 71,4 71,4 71,4 1,00

VII. Preparo de alimentos 33,3 50 33,3 33,3 0,78

VIII. Distribuição de refeições 72,2 55,5 66,6 44,4 0,33

IX. Controle integrado de vetores e pragas urbanas 50 75 50 50 0,67

X. Abastecimento de água 57 100 100 100 0,66

XI. Documentação 77,7 66,6 66,6 66,6 0,87

XII. Capacitação dos manipuladores de alimentos 60 80 80 80 0,82

PACHS¹ 59,2 58 58 51 0,64 1. Percentual de adequação das condições higiênico-sanitárias: Adequado ≥76%;

parcialmente adequado 51-75%; inadequado ≤50%

2. Não foram obtidas diferenças estatisticamente significativas pelo teste de Kruskal-Wallis.

Após o cálculo do coeficiente de correlação intraclasse (CCI), encontrou-se

75% dos CCI classificados como excelentes, 8% como satisfatórios e 17%

como pobres (Tabela 10).

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Tabela 10: Coeficiente de correlação intraclasse obtidos das respostas dadas

pelos quatro nutricionistas para cada bloco do RACHS-SA, Rio de Janeiro

2013.

Blocos CCI¹ IC 95% p-valor

I. Armazenamento de alimentos 0,872 0,777 - 0,933 0,000

II. Estrutura física 0,784 0,635 - 0,882 0,000

III. Equipamentos e utensílios 0,667 -0,374 - 0,962 0,063

IV. Higiene ambiental 0,769 0,420 - 0,930 0,001

V. Manejo de resíduos sólidos 0,346 -0,108 - 0,874 0,225

VI. Recursos humanos 0,822 0,586 - 0,939 0,000

VII. Preparo de alimentos 0,957 0,847 - 0,993 0,000

VIII. Distribuição de refeições 0,918 0,824 - 0,968 0,000

IX. Controle integrado de vetores e pragas urbanas 0,941 0,701 - 0,996 0,000

X. Abastecimento de água 0,000 -0,851 - 0,737 0,455

XI. Documentação 1 - -

XII. Capacitação dos manipuladores de alimentos 0,933 0,725 - 0,992 0,000

¹. Coeficiente de correlação intraclasse: CCI>0,75 excelente; 0,4-0,75 satisfatória; <0,4 pobre.

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6.3.3 DISCUSSÃO

A elaboração de instrumento para a avaliação das condições higiênico-

sanitárias de serviços de alimentação viabiliza a uniformização da identificação

das não conformidades e auxilia os gestores na implantação das normas

sanitárias vigentes (KOOPMANS & DUIZER, 2004).

O RACHS-SA foi avaliado por um comitê de especialistas que possuía

formação acadêmica e profissional heterogênea, com experiência necessária

para a avaliação do instrumento já que o sucesso da Técnica Delphi depende

do conhecimento e habilidade desse grupo (JONES et al., 1999).

O comitê de especialistas classificou todos os itens dos blocos VI e VII

respectivamente, Manipuladores de alimento e Preparo de alimentos como

imprescindíveis, ou seja, podem influenciar de forma critica na qualidade das

refeições servidas e causar danos à saúde do consumidor.

Estudos realizados por Kassa et al. (2001); Yoon et al. (2008) e Veiros et

al. (2009) têm relatado que a adoção de condutas inadequadas de higiene

pessoal pelos manipuladores de alimentos, assim como a existência de não

conformidades durante a etapa de preparo de refeições podem colocar em

risco a qualidade das refeições servidas. Yoon et al. (2008) verificaram a

presença de micro-organismos patogênicos como Salmonella e

Staphylococcus aureus nas mãos dos manipuladores de alimentos e

Cunningham et al. (2011) verificaram a existência de bactérias mesófilas na

área de preparo de refeições. Esses estudos reforçam a necessidade de um

controle rigoroso desses blocos e a classificação dos mesmos como

imprescindível pelo comitê de especialistas é necessária para auxiliar na

manutenção da saúde pública.

O RACHS-SA permite avaliar se o serviço de alimentação está em

adequação com a legislação vigente de forma direta, através da classificação

dos itens que compõem o instrumento em conformes e não conformes. A

classificação qualitativa das condições higiênico-sanitárias do serviço de

alimentação está baseada no percentual de adequação das condições

higiênico-sanitárias (PACHS).

Para Veiros et al. (2007) a possibilidade de pontuar e classificar os

blocos e o serviço de alimentação como um todo torna-se necessário, já que se

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pode obter uma análise detalhada – o que torna a avaliação objetiva,

ressaltando as necessidades de correção das não conformidades, a fim de

cumprir as exigências legais.

Após o cálculo do percentual de adequação das condições higiênico-

sanitárias do serviço de alimentação e de cada bloco de avaliação, verificou-se

que o RACHS-SA foi capaz de identificar os itens que necessitam de medidas

corretivas imediatas, uma vez que podem interferir de forma crítica na

qualidade das refeições servidas. Os resultados obtidos com a aplicação do

RACHS-SA corroboraram com as análises microbiológicas realizadas que

também identificaram inadequações na higienização dos utensílios e mesas do

serviço de alimentação (Tabelas 1 e 2).

Não houve diferença significativa entre as avaliações dos nutricionistas,

mostrando que há existência de confiabilidade e reprodutibilidade do

instrumento. De acordo com Streiner & Normann (2008), para que um

instrumento apresente confiabilidade o valor do CCI deve ser ≥ 0,75. Como a

maioria dos blocos (75%) apresentou CCI acima de 0,75, reforça a existência

de confiabilidade do instrumento. No bloco X, o CCI ficou instável devido à

ocorrência de muitos valores iguais, dificultando o cálculo da variância dos

itens.

Os resultados obtidos indicam que o RACHS-SA pode ser aplicado com boa

reprodutibilidade pelos profissionais que atuam na área de segurança dos

alimentos e vigilância sanitária a fim de avaliar as condições higiênico-

sanitárias dos serviços de alimentação, auxiliar na adoção das boas práticas de

manipulação, favorecendo a manutenção da saúde pública.

A contribuição do estudo foi colocar à disposição de profissionais um

instrumento para a avaliação das condições higiênico-sanitárias de serviços de

alimentação com o conteúdo validado e reprodutível.

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7. CONCLUSÕES

Todas as superfícies analisadas estavam em condições higiênico-

sanitárias inadequadas.

Os métodos dependente e independente de cultivo mostraram

compatibilidade, uma vez que detectaram a prevalência de Klebsiella

pneumoniae e Acinetobacter baumannii sobre as superfícies analisadas.

A presença de espécies microbianas relacionadas com infecções

clinicas sugere a necessidade de melhor controle higiênico-sanitário no

restaurante estudado.

Mesmo nos serviços de alimentação em que os métodos químicos

apresentam eficácia na redução da população microbiana, os

microrganismos remanescentes, que podem inclusive dominar a

microbiota do serviço, podem possuir um importante perfil de resistência

a outras substâncias, como aos antimicrobianos.

Além do monitoramento da microbiota de serviços de alimentação, é

necessário realizar o estudo do perfil de susceptibilidade destes aos

antimicrobianos, pois uma vez que microrganismos resistentes estejam

distribuídos em número significativo no ambiente, métodos alternativos

de controle para sua erradicação devem ser adotados.

O RACHS-SA possibilita o controle dos itens imprescindíveis, que

podem contribuir de forma mais crítica na qualidade das refeições

servidas, a fim de orientar a adoção das boas práticas de manipulação.

O RACHS-SA com conteúdo validado possui reprodutibilidade e

confiabilidade para a avaliação das condições higiênico-sanitárias.

O roteiro com conteúdo validado se mostrou adequado na avaliação

geral das condições higiênico-sanitárias do serviço de alimentação

estudado, porém as falhas específicas na higienização devem ser

estudas a partir de métodos experimentais (análises microbiológicas).

A existência de microrganismos de importância para saúde pública

reforça a necessidade de adoção de boas práticas em serviços de

alimentação, que melhorem as condições higiênico-sanitárias utilizando

os métodos experimentais e não experimentais de forma complementar.

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ANEXOS

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111

ANEXO I. Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

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ANEXO II. Autorização do Governo do Estado do Rio de Janeiro para

realização da pesquisa

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APÊNDICES

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APÊNDICE I: Roteiro de avaliação higiênico-sanitária com conteúdo validado.

Roteiro de Avaliação das Condições Higiênico-sanitárias de Serviços de

Alimentação (RACHS-SA)

_______________________________________________________________

Responsável pela aplicação do RACHS-SA

Nome:_________________________________________________________

Cargo: _________________________________________________________

Data de aplicação: _______________________________________________

Caracterização do restaurante

Nome do restaurante:

Endereço completo:

Telefones:

Serviço próprio: ( ) sim ( ) não

Nome da concessionária que administra

Número de refeições servidas:

Número de pavimentos:

Número de manipuladores de alimentos:

Identificação dos recursos humanos

Nome do nutricionista fiscal de contrato: CRN:

Nome do nutricionista responsável técnico: CRN:

Nome dos demais nutricionistas e função:

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Instrução para preenchimento e aplicação do instrumento:

1. Inicie a inspeção sanitária pela área de recebimento e armazenamento e

siga o fluxo do processo produtivo até a distribuição das refeições.

2. O serviço de alimentação deve ser avaliado como um todo, por exemplo, no

bloco II, item 8, caso o teto de um setor esteja não adequado, classifique o item

como não conforme. O mesmo critério deve ser adotado para outros itens.

3. No bloco IV, item 2 se um dos utensílios de limpeza apresentar-se em

condições inadequadas, classifique o item como não.

4.Caso os registros de aferição de tempo e temperatura, de capacitação e de

higienização de equipamentos não sejam apresentados, classifique o item

como não conforme.

5. Ao quantificar o total de itens e subitens do bloco, desconsidere os itens não

aplicáveis (NA), caso existam.

6. Todas as informações relevantes devem ser registradas na observação.

7. Após a aplicação do RACHS-SA, calcule o percentual de adequação das

condições higiênico-sanitárias (PACHS) de cada bloco e do estabelecimento,

conforme orientação no bloco XIII.

8. Classifique o PACHS dos blocos e PACHS Total conforme a categorização

descrita no bloco XIII.

9. Os itens foram classificados de acordo com o risco oferecido à manutenção

da qualidade higiênico-sanitária das refeições prontas em: Imprescindível (I),

Necessário (N), Recomendável (R), quando esses contribuíssem,

respectivamente, de forma crítica, menos crítica e não crítica para a

contaminação dos alimentos.

10. Se os itens imprescindíveis apresentarem não conformidades, deverão ser

adotadas medidas corretivas imediatas.

12. Legenda: C (conforme); NC (Não conforme) e NA (Não se aplica).

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BLOCO I. Recepção e armazenamento dos alimentos

Classificação

C NC NA

Recebimento de matéria-prima

1 A recepção de matéria-prima, dos ingredientes e de embalagens é realizada em área protegida e limpa.

I

2 Na área de recebimento há ausência de insetos e roedores.

I

3 Em relação ao transporte das matérias-primas, ingredientes e embalagens, o caminhão de entrega apresenta-se:

3.1 Em condições adequadas de higiene. I

3.2 Em adequado estado de conservação. N

3.3 Com temperatura adequada, de acordo com o

tipo de matéria-prima transportada. I

4 O entregador das matérias-primas, ingredientes e embalagens apresenta-se:

4.1 Com uniforme completo. I

4.2 Com uniforme limpo e em prefeito estado de

conservação. I

5

Os lotes de matérias-primas, dos ingredientes ou das embalagens reprovadas ou com prazo de validade vencida são identificadas e armazenadas separadamente.

I

6 As matérias-primas, ingredientes e embalagens são encaminhados imediatamente para o estoque.

N

7 A temperatura das matérias-primas refrigeradas é verificada na etapa de recepção.

N

Estoque seco

8

As matérias-primas, os ingredientes e as embalagens são armazenados em local limpo e organizado, de forma a garantir proteção contra contaminantes.

I

9 O armazenamento das matérias-primas respeita o prazo de validade. ( Sistema primeiro que vence, primeiro que sai (PVPS))

I

10 As matérias-primas são armazenadas sobreas prateleiras, estrados ou paletes.

I

11 As embalagens são armazenadas sobre as prateleiras, estrados ou paletes.

I

12 Os ingredientes são armazenados sobre as prateleiras, estrados ou paletes.

I

13 As prateleiras estão em perfeito estado de conservação.

N

14 As prateleiras são de material liso, resistente, impermeável e lavável.

N

15 Os estrados estão em perfeito estado de N

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117

conservação.

16 Os estrados são de material liso, resistente, impermeável e lavável.

N

17 Os paletes se encontram em perfeito estado de conservação.

N

18 Os paletes são de material liso, resistente, impermeável, lavável.

N

19

As matérias-primas e os ingredientes armazenados apresentam espaçamento mínimo necessário para garantir a adequada ventilação e, quando for o caso, a desinfecção do local. Distante do piso no mínimo 25 cm, separados da parede e entre pilhas no mínimo 10 cm e distante do forro 60 cm.

I

20

As embalagens armazenadas apresentam espaçamento mínimo necessário para garantir a adequada ventilação e, quando for o caso, a desinfecção do local. Distante do piso no mínimo 25 cm, separados da parede e entre pilhas no mínimo 10 cm e distante do forro 60 cm.

I

21 Os produtos de limpeza são armazenados em local separado dos alimentos.

I

22 Os descartáveis são armazenados em local separado dos alimentos.

I

Estoque refrigerado e congelamento

23 As unidades de frio como: freezers, câmaras, geladeiras são mantidas limpas e organizadas.

I

24 As unidades de frio são dotadas de termômetros ou termostatos em perfeito funcionamento.

I

25 Há controle periódico e diário da temperatura das unidades de frio.

I

26

As câmaras estão em perfeito estado de conservação: sem rachadura, parede descascando, azulejo quebrado e cortina de ar em perfeito estado de conservação e limpeza.

I

27 As canaletas das câmaras frigoríficas possuem proteção contra a entrada de vetores e acúmulo de resíduos de alimentos.

N

Total de itens= (Itens do bloco-NA)

Total de itens em conformidade

% itens em conformidade do bloco

Observações:

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118

BLOCO II. Estrutura física Classificaçã

o C NC NA

Área Física

Edificações

1 O acesso às instalações é controlado e independente, não comum a outros usos.

N

2 As áreas externas e internas do restaurante estão livres de objetos em desuso ou estranhos ao ambiente e não há presença de animais.

I

Piso, parede, teto e portas

3 Os pisos possuem revestimento liso, impermeável e lavável.

N

4 Os pisos são mantidos livres de rachaduras, trincas, goteiras, vazamentos, infiltrações, bolores, descascamentos.

N

5 As paredes possuem revestimento liso, impermeável e lavável.

N

6

As paredes são mantidas livres de rachaduras, trincas, goteiras, vazamentos, infiltrações, bolores, descascamentos, dentre outros e não transmitem contaminantes aos alimentos.

N

7 Os tetos possuem revestimento liso, impermeável e lavável.

N

8

Os tetos são mantidos livres de rachaduras, trincas, goteiras, vazamentos, infiltrações, bolores, descascamentos, dentre outros e não transmitem contaminantes aos alimentos.

N

9 As portas são mantidas ajustadas aos batentes. N

10 As portas da área de armazenamento de alimentos são dotadas de fechamento automático (molas ou similares).

I

11

As aberturas de comunicação externa das áreas de armazenamento e preparação de alimentos, inclusive o sistema de exaustão são providos de telas milimétricas para impedir o acesso de vetores e pragas urbanas.

I

12 As telas são removíveis para facilitar a limpeza periódica.

I

13 As telas são mantidas em bom estado de conservação.

N

14 Os ralos possuem dispositivos que permitem seu fechamento.

N

15 As caixas de gordura estão localizadas fora da área de preparo e armazenamento de alimentos.

N

16 As caixas de gordura são limpas periodicamente. N

Instalações sanitárias dos funcionários

17 As instalações sanitárias e os vestiários não se comunicam diretamente com a área de preparo e

I

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119

armazenamento de alimentos ou refeitórios.

18 As instalações sanitárias e os vestiários são mantidos organizados e limpos.

N

19 As instalações sanitárias e os vestiários estão em adequado estado de conservação.

N

20 As instalações sanitárias e vestiários possuem porta com fechamento automático (mola ou similar).

R

21

As instalações sanitárias possuem lavatórios e estão supridas de produtos de higiene pessoal tais como: papel higiênico, sabonete liquido inodoro anti-séptico ou inodoro e produto anti-séptico e toalhas de papel não reciclado ou outro sistema de secagem das mãos.

I

Lavatório de mãos na área de preparo

22 Existe lavatório exclusivo para higiene das mãos, em localização estratégica com relação ao fluxo de preparo dos alimentos.

N

23

Os lavatórios possuem sabão inodoro anti-séptico ou sabão líquido inodoro e produto anti-séptico e toalhas de papel não reciclado ou outro sistema de secagem das mãos.

R

24 Os lavatórios apresentam coletores de resíduos dotados de tampas e acionados sem contato manual.

I

25 Nos lavatórios há instrução sobre a forma correta de higienização das mãos.

I

Instalações sanitárias dos clientes

26 As instalações sanitárias são mantidas organizadas e em adequado estado de conservação.

I

27 As instalações sanitárias possuem porta com fechamento automático.

N

28

Os lavatórios estão supridos de produtos de higiene pessoal tais como: papel higiênico, sabão líquido inodoro anti-séptico ou sabão líquido inodoro e produto anti-séptico e toalhas de papel não reciclado ou outro sistema de secagem das mãos.

I

Ambiência

29

A edificação e as instalações são projetadas de forma a evitar a contaminação cruzada, a possibilitar um fluxo ordenado e sem cruzamento das etapas de preparo dos alimentos.

N

30 A edificação e as instalações são projetadas de forma a facilitar as operações de manutenção, limpeza e desinfecção.

N

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120

Iluminação Classificação C NC NA

31

A iluminação da área de preparo proporciona a visualização de forma a não comprometer a higiene dos alimentos, sem ofuscamento, reflexos fortes, sombras e contrastes excessivos.

N

32 As luminárias da área de preparo e armazenamento estão protegidas contra explosão e quedas acidentais.

I

Fluxo de ar artificial - ar condicionado.

33 O fluxo de ar artificial não incide diretamente sobre os alimentos.

I

34 É realizada a limpeza do filtro de ar, a cada seis meses ou sempre que estiverem sujos.

N

35 Existe planilha de controle das trocas dos filtros de ar.

N

36 Existe planilha de controle das limpezas realizadas nos componentes dos sistemas de climatização.

N

Total de itens=Itens do bloco-NA

Total de itens em conformidade

% itens em conformidade do bloco

Observações:

BLOCO III. Equipamentos e utensílios Classificação C NC NA

1 Os equipamentos utilizados no preparo de alimentos estão em adequado estado de conservação.

I

2

As superfícies dos equipamentos utilizados no preparo, armazenamento, transporte e distribuição são lisas, impermeáveis, laváveis e estão isentas de rugosidades, frestas e outras imperfeições que possam comprometer a higienização dos mesmos e serem fontes de contaminação de alimentos.

I

3 É realizada manutenção periódica dos equipamentos.

N

4

Os equipamentos estão instalados em local adequado de forma a prevenir a ocorrência de contaminação cruzada e permitir o funcionamento adequado.

N

5 Os utensílios utilizados no preparo dos alimentos estão em adequado estado de conservação.

I

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121

6

As superfícies dos utensílios utilizados no preparo, armazenamento, transporte e distribuição são lisas, impermeáveis, laváveis e estão isentas de rugosidades, frestas e outras imperfeições que possam comprometer a higienização dos mesmos e serem fontes de contaminação de alimentos.

I

Total de itens= (Itens do bloco-NA)

Total de itens em conformidade

% itens em conformidade do bloco

Observações:

BLOCO IV. Higiene das instalações e utensílios Classificaçã

o C NC NA

1 As instalações físicas são mantidas em condições higiênico-sanitárias apropriadas.

I

2 Os utensílios de limpeza (vassouras, esfregões, esponjas e panos) são mantidos em condições higiênico-sanitária apropriadas.

N

3 Os produtos saneantes utilizados na higienização estão regularizados pelo Ministério da Saúde.

I

4 São utilizados produtos de limpeza sem odor. N

5

Os funcionários responsáveis pela atividade de higienização das instalações utilizam uniformes apropriados e diferenciados daqueles utilizados na manipulação de alimentos.

N

Área de higienização mecânica de utensílios.

6 A área de higienização mecânica de utensílios é mantida limpa.

I

7 A área de higienização mecânica de utensílios é mantida organizada.

N

8 A área de higienização mecânica de utensílios apresenta exaustão adequada.

N

9 A máquina de higienização de utensílios está em adequado estado de conservação.

I

10 A temperatura da máquina de higienização de utensílios está adequada. Lavagem: 55 a 65ºC; Enxágue: 80 a 90ºC.

I

Área de higienização manual de utensílios.

11 A área de higienização manual é mantida limpa. I

12 A área de higienização manual é mantida organizada.

N

13 Os itens são guardados de forma a evitar a recontaminação.

I

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122

Total de itens= (Itens do bloco-NA)

Total de itens em conformidade

% itens em conformidade do bloco

Observações:

BLOCO V. Manejo de resíduos sólidos Classificação C NC NA

1 Os coletores de resíduos sólidos são mantidos limpos e íntegros.

N

2 Os coletores de resíduos são dotados de tampas acionadas sem contato manual.

I

3

Os coletores de resíduos sólidos são mantidos fechados para evitar a atração de vetores e pragas urbanas e a contaminação do ar ambiente.

I

4 Os resíduos são frequentemente coletados da área de preparo.

I

5

O local de armazenamento temporário dos resíduos é isolado da área de preparo e armazenamento dos alimentos, de forma a evitar focos de contaminação e atração de vetores e pragas urbanas.

I

6 O local de armazenamento temporário dos resíduos é mantido fechado.

N

7 O local de armazenamento temporário dos resíduos é mantido limpo e organizado.

N

8 O acondicionamento do óleo até a sua retirada é feita em recipientes com tampa.

N

Total de itens= (Itens do bloco-NA)

Total de itens em conformidade

% itens em conformidade do bloco

Observações:

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123

BLOCO VI. Recursos humanos Classificação C NC NA

1 Há um coordenador de boas práticas de manipulação.

N

2 O coordenador é devidamente capacitado para implantação das boas práticas de manipulação.

N

3 Há documento que comprove a capacitação do coordenador.

N

Saúde dos manipuladores

4 É realizado controle da saúde dos manipuladores de alimentos conforme descrito na NR7.

I

5 Há registro do controle da saúde dos manipuladores.

I

6 É fornecido equipamento de proteção individual (EPI) ao trabalhador.

I

7 O manipulador é treinado quanto ao uso adequado do EPI.

I

8 Há controle do uso de EPI pelo manipulador. I

9

Os manipuladores que apresentam lesões e ou sintomas de enfermidades que possam comprometer a qualidade higiênico-sanitária dos alimentos são afastados da atividade de preparo dos alimentos enquanto persistirem essas condições de saúde.

I

Higiene pessoal

10 Os manipuladores apresentam-se com uniformes compatíveis à atividade desempenhada, conservados e limpos.

I

11

Os manipuladores apresentam comportamento adequado: evitam falar desnecessariamente, cantar, assobiar e outros, de forma que não contaminem os alimentos, durante o desempenho das atividades.

I

12 Os manipuladores usam cabelos presos e protegidos por redes, toucas ou outro acessório apropriado para este fim.

I

13 As unhas dos manipuladores são mantidas curtas e sem esmalte ou base.

I

14 Os manipuladores apresentam-se sem barba por fazer.

I

15 Os manipuladores retiram todos os objetos de adorno pessoal e a maquiagem durante o horário de trabalho.

I

16

Os manipuladores lavam cuidadosamente as mãos ao chegar ao trabalho, antes e após manipular alimentos, após qualquer interrupção do serviço, após tocar materiais contaminados, após usar os sanitários e sempre que se fizer necessário.

I

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124

17

Estão afixados cartazes de orientação aos manipuladores sobre lavagem correta e anti-sepsia das mãos e demais hábitos de higiene, em locais de fácil visualização, inclusive nas instalações sanitárias e lavatórios.

N

Total de itens= (Itens do bloco-NA)

Total de itens em conformidade

% itens em conformidade do bloco

Observações:

BLOCO VII. Preparo dos alimentos Classificaçã

o C NC NA

1 Os alimentos são submetidos ao descongelamento, sob refrigeração inferior à 5ºC.

I

2

Os alimentos que serão consumidos crus são submetidos a processo de higienização em solução clorada, quando necessário e enxágue em água potável.

I

3 Há planilha de controle da higienização dos alimentos que serão consumidos crus.

I

4 O processo de higienização dos alimentos é realizado de forma que não ocorra a contaminação cruzada.

I

5

Os óleos e gorduras são substituídos imediatamente sempre que houver alteração evidente das características fisico-químicas ou sensoriais, tais como aroma, formação de espuma e fumaça.

I

6 O estabelecimento mantém planilha de controle de temperatura, para o controle e a garantia da qualidade dos alimentos preparados.

I

Total de itens= (Itens do bloco-NA)

Total de itens em conformidade

% itens em conformidade do bloco

Observações:

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125

BLOCO VIII. Distribuição dos alimentos prontos para consumo

Classificação C NC NA

Exposição do alimento

1 Os alimentos preparados são armazenados sob temperatura adequada até o momento de sua distribuição.

I

2 Os alimentos que serão consumidos quentes são mantidos a temperatura acima de 60C por até 6h.

I

3 Os alimentos que serão consumidos frios são mantidos a temperatura entre 5 e 10C.

I

4 Os equipamentos de conservação de temperatura de alimentos prontos estão em adequado estado de higiene.

I

5

A temperatura dos equipamentos de conservação de alimentos prontos para consumo como: pass through e banho-maria é regularmente monitorada.

I

6 É mantido documento de controle da temperatura dos equipamentos de conservação.

N

7 As áreas de distribuição dos alimentos são mantidas organizadas e em adequada condições higiênicas.

I

8 Os manipuladores utilizam utensílios diferenciados para distribuição das preparações.

I

9 Os manipuladores utilizam luvas descartáveis para minimizar a contaminação dos alimentos.

R

10 Os balcões térmicos estão em adequado estado de higiene.

I

11

Os balcões térmicos dispõem de barreiras de proteção que previnam a contaminação das preparações em decorrência da proximidade ou da ação do consumidor e manipulador.

I

12 A temperatura do balcão é regularmente monitorada.

N

13 É mantido o documento de controle da temperatura do balcão de distribuição.

I

14 A troca dos utensílios utilizados na distribuição das refeições, como conchas e colheres de servir, é realizada a cada 4 horas.

I

15 Há termômetros disponíveis para o monitoramento das temperaturas dos alimentos e dos equipamentos de conservação.

N

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126

Refeitório Classificação C NC NA

16 As mesas do refeitório são higienizadas durante a distribuição das refeições.

R

17 Os recipientes contendo farinha, vinagre, azeite e outros condimentos são higienizados diariamente.

N

18 Os utensílios (pratos, garfos, facas, sopeiras, saladeiras) utilizados no consumo dos alimentos estão sem sujidades.

N

19

Os utensílios (pratos, garfos, facas, sopeiras, saladeiras) que foram higienizados são armazenados em local protegido, na área de distribuição, de forma que não sejam contaminados.

N

Total de itens= (Itens do bloco-NA)

Total de itens em conformidade

% itens em conformidade do bloco

Observações:

BLOCO IX. Controle integrado de vetores e pragas urbanas

Classificação C NC NA

1 A edificação, as instalações, os equipamentos, os móveis e os utensílios estão livres de vetores e pragas urbanas.

I

2 É realizada a desinsetização do serviço de alimentação por empresa especializada.

I

3 Há planilhas de controle de desinsetização das instalações realizada por empresa especializada.

I

4

É feito o controle preventivo ao abrigo e infestação de vetores e pragas urbanas como por exemplo: emprego de telas nas aberturas, ralos com fechamento automático e limpeza das imediações.

N

Total de itens= (Itens do bloco-NA)

Total de itens em conformidade

% itens em conformidade do bloco

Observações:

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127

BLOCO X. Abastecimento de água Classificação C NC NA

1 É utilizada somente água potável para a manipulação de alimentos.

I

2

Os reservatórios de água estão em estado adequado de conservação sem rachadura, vazamentos, infiltrações e outras não conformidades.

I

3 Há registro da higienização do reservatório de água com um intervalo máximo de seis meses.

I

4 É mantida a planilha de controle da higienização do reservatório de água.

I

5 A potabilidade da água é atestada a cada seis meses.

I

6 É mantida a planilha de controle da potabilidade da água.

N

7 Há filtro nas torneiras de água da área de preparo.

I

8 Há registro de troca periódica do elemento filtrante das torneiras de água da área de preparo, de acordo com o fabricante.

N

Total de itens= (Itens do bloco-NA)

Total de itens em conformidade

% itens em conformidade do bloco

Observações:

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128

BLOCO XI. Documentação Classificação C NC NA

1 O serviço de alimentação dispõe de manual de boas práticas impresso.

I

2 O manual de boas práticas retrata a realidade do serviço de alimentação.

I

3

O serviço de alimentação dispõe dos procedimentos operacionais padronizados (POP) exigidos pela legislação como: higienização das instalações, equipamentos, móveis e utensílios; controle de potabilidade da água; higiene e saúde dos manipuladores de alimentos e manejo de resíduos sólidos.

I

4 Aos POP são aplicados os princípios: monitorização, ação corretiva, verificação e registro.

N

5 Os POP são revisados periodicamente. N

6 Os POP estão escritos em linguagem acessível e de acordo com a Resolução - RDC 216 / 2004.

N

7 Os POP estão em locais acessíveis aos funcionários e à vigilância sanitária.

N

Total de itens= (Itens do bloco-NA)

Total de itens em conformidade

% itens em conformidade do bloco

Observações:

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129

BLOCO XII. Capacitação dos manipuladores Classificação C NC NA

1

Os serviços de alimentação possuem programa de capacitação dos manipuladores sobre, no mínimo, os seguintes temas: contaminantes alimentares, higiene pessoal, doenças transmitidas por alimentos e manipulação higiênica dos alimentos.

I

2

Os manipuladores são capacitados quanto aos procedimentos para Garantia da Qualidade como: uso de termômetro, anotação em planilhas, diluição de produtos para higienização e itens necessários a implantação das boas práticas de manipulação.

I

3 São realizadas capacitações dos manipuladores quando há troca de função.

I

4 São realizados programas de capacitação periodicamente, pelo menos a cada seis meses.

N

5 Há planilha de controle da capacitação dos manipuladores.

N

Total de itens= (Itens do bloco-NA)

Total de itens em conformidade

% itens em conformidade do bloco

Observações:

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130

Cálculo do percentual de adequação das condições higiênico-sanitária

(PACHS) dos blocos e total.

Equação 1: ACH bloco

Equação 2: ACH total

1. Instruções para cálculo do percentual de adequação das condições higiênico-sanitárias por bloco e total.

2. Critérios para classificação qualitativa dos blocos e do estabelecimento. Adequado ACH ≥ 76% dos itens imprescindíveis. Parcialmente adequado = PACHS entre 51-75% dos itens imprescindíveis

Inadequado ACH ≤ 50% dos itens imprescindíveis.

Blocos avaliados Total de Itens (n)

Total de Itens

Conformes (n)

PACHS (%)

Classificação do PACHS

Bloco I. Recepção e armazenamento dos alimentos

Bloco II. Estrutura física

Bloco III. Equipamentos e utensílios

Bloco IV. Higiene das instalações e utensílios

Bloco V. Manejo de resíduos sólidos

Bloco VI. Recursos humanos

Bloco VII. Preparo dos alimentos

Bloco VIII. Distribuição dos alimentos prontos para consumo

Bloco IX. Controle integrado de vetores e pragas urbanas

Bloco X. Abastecimento de água

Bloco XI. Documentação

Bloco XII. Capacitação dos manipuladores

PACHS total

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131

Apêndice I- Artigo 1.

Caracterização da comunidade microbiana das superfícies de serviços de

alimentação

Characterization of surface´s microbial community in a food service

Aline Gomes de Melloa*; Lauro Melob; Raquel Silva Peixotoc; Deborah

Catharine de Assis Leitec; Sergio Eduardo Longo Fracallanzac; Selma Gomes

Ferreira Leiteb; Luciléia Granhen Tavares Colarese; Marco Antônio Lemos

Miguelc,

a. Curso de Nutrição - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Campus

Macaé;

b. Escola de Química - Universidade Federal do Rio de Janeiro

c. Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes - Universidade Federal

do Rio de Janeiro

d. Instituto de Nutrição Josué de Castro - Universidade Federal do Rio de

Janeiro

* Corresponding autor: Curso de nutrição UFRJ-Campus Macaé. Email:

[email protected] (AG Mello)

Acknowledgments

Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (FAPERJ)

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132

RESUMO

O objetivo deste estudo foi caracterizar a comunidade microbiana das

superfícies de um serviço de alimentação, localizado no Rio de Janeiro- Brasil.

Através de métodos dependentes e independentes de cultivo. Pelo método

dependente de cultivo foram analisados swabs e lavados de 462 superfícies,

de talheres, pratos, mesas e bandejas, obtidas em diferentes momentos da

distribuição de refeições. Todas as amostras encontravam-se em condições

higiênico-sanitárias insatisfatórias. O método dependente de cultivo mostrou

que na comunidade de bactérias aeróbias cultiváveis, não fastidiosas havia a

predominância de enterobactérias (Enterobacter spp. e Klebsiella spp.) 47%,

Acinetobacter spp. (13%) e estafilococos (40%). Não foram detectadas

Micobactérias nas superfícies analisadas. As estirpes isoladas foram

identificadas por associação de métodos convencionais e espectrometria de

massa. Na caracterização da microbiota por métodos independentes de cultivo,

36 das 462 amostras foram analisadas por Polymerase Chain Reaction (PCR) -

Eletroforese em Gel com Gradiente Desnaturante (DGGE). As bandas

predominantes foram selecionadas e submetidas ao sequenciamento de RNAr

16s, em que foi detectada a predominância de Klebsiella pneumoniae e

Acinetobacter baumannii em todas as superfícies analisadas. Acinetobacter

baumannii é um microrganismos de importância clinica e está envolvido em

infecções relacionadas à assistência à saúde. A presença de Klebsiella

pneumoniae e Acinetobacter baumannii em todas as superfícies analisadas

sugere a ocorrência de contaminação cruzada, ou falhas pós-higienização no

serviço de alimentação. Os métodos dependentes e independentes de cultivo

mostraram resultados equivalentes, o que reforça a aplicabilidade da

associação das técnicas PCR-DGGE em ambientes de serviços de

alimentação, uma vez que esta técnica oferece resultados rápidos e um menor

volume de trabalho e de reagentes, quando comparadas com os métodos

tradicionais.

Keywords: food microbiology; food safety; foodborne pathogens; molecular

biology; mass espectrometry, Mycobacterium

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133

1. INTRODUÇÃO

As doenças transmitidas por alimentos (DTA) têm sido consideradas um

problema de Saúde Pública devido à facilidade de disseminação dos

microrganismos (Bolton, Meally, Blair, McDowell, & Cowan, 2008). A ocorrência

de DTA vem aumentando de modo significativo em nível mundial, e alguns

fatores têm contribuído para isto, como o aumento da produção de alimentos

em grande escala, o crescimento populacional e a deficiência na fiscalização

dos serviços de alimentação (estabelecimentos que produzem e comercializam

alimentos e refeições) (Brasil, 2010). Governments’ attention to food safety has

been increased due to the potential health and economic impact of foodborne

outbreaks (Albrecht & Nagy-Nero, 2009; WHO, 2008).

Especialmente nos serviços de alimentação, a grande disponibilidade de

material orgânico contribui para a complexidade da ecologia microbiana destes

estabelecimentos. Falhas no processo produtivo de refeições podem acarretar

na manutenção de microrganismos indesejáveis, podendo ocasionar em

perdas ou surtos de DTA (OMS, 2006; Ebone, Cavalli, & Lopes, 2011).

A comunidade microbiana encontrada com maior frequência no serviço

de alimentação é composta por microrganismos que resistem aos tratamentos

empregados na higienização, assim como, por aqueles que entram no sistema

através da inadequação do procedimento de higienização.

A adequação da frequência e eficácia dos procedimentos de

higienização adotados podem ser verificados através de métodos dependentes

(culturas) e independentes de cultivo (microbiologia molecular), que fornecem

informações sobre a caracterização da microbiota do ambiente.

Embora os métodos dependentes de cultivo sejam mais difundidos por

não necessitarem de pessoal especializado, os métodos independentes vêm se

tornando mais frequentes nas rotinas de controle microbiológico, e trazem

como vantagem a possibilidade de detecção de microrganismos não cultiváveis

(Gandra, Gandra, de Mello & Godoi, 2008). Os métodos moleculares

possibilitam uma visão global da diversidade microbiana presente na amostra.

Entre eles destaca-se a Eletroforese em Gel com Gradiente Desnaturante

(DGGE) que vem sendo utilizada para a caracterização de comunidades

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134

microbianas ambientais (Brons & Elsas, 2008; Bresolin, Bustamante, Krüger,

Silva, & Perez, 2010; Zhao et al., 2012; Meynet et al.,2012). Até o momento

não foram encontrados estudos utilizando esta metodologia em serviços de

alimentação.

Levando-se em consideração a necessidade de detectar a presença de

microrganismos indesejáveis, em serviços de alimentação, localizado no

município do Rio de Janeiro-Brasil, este estudo teve como objetivo caracterizar

a microbiota de um serviço de alimentação e avaliar o uso da Polymerase

Chain Reaction - Denaturing Gradient Gel Electrophoresis (PCR-DGGE) e

sequenciamento do RNA ribossomal 16S como ferramentas alternativas aos

métodos convencionais.

2. Material e métodos

O estudo foi conduzido no período de fevereiro de 2012 a agosto de

2013 em um serviço de alimentação, localizado na cidade do Rio de Janeiro,

Brasil. O Serviço de alimentação serve aproximadamente 3500 refeições no

período do almoço e atende, principalmente, à população em vulnerabilidade

social, composta, principalmente, por população de rua e população de baixa

renda.

2.1 Avaliação higiênico-sanitárias das superfícies

Foram analisadas amostras das superfícies incluindo: utensílios (pratos,

talheres e bandejas) e mesas do refeitório. A coleta foi realizada em 2 dias

distintos e em 3 horários diferentes: 10:00 h (antes da abertura do restaurante),

12:00 h (durante o horário de distribuição) e 2:00 h (próximo ao fechamento do

restaurante). Para as análise moleculares foram empregados os mesmo

pontos, utilizando-se as amostras obtidas às 10:00 h.

2.1.1 Métodos de coleta de amostra: Para os utensílios utilizou-se a técnica

de lavagem de superfície com 50 ml de solução salina estéril a 0.85%. Cada

amostra era composta de 5 unidades de um dos utensílios analisados. As

amostras das mesas foram coletadas pelo método de esfregaço em superfície

com swab com molde estéril de 100 cm², que foi diluído em 10 ml de salina

estéril a 0.85% (Evancho, Sveum, Moberg, & Frank, 2001).

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135

2.1.2 Métodos para teste microbiológico: Foram realizadas, segundo

(Evancho, Sveum, Moberg, & Frank (2001) e Kent & Kubica, (1985). As

suspensões iniciais foram homogeneizadas, diluídas decimalmente e

semeadas em triplicata nos meios de cultivo apropriados. Foram pesquisados

bolores e leveduras (agar batata dextrose, pH 3.5, Himedia, Mumbai, India);

assim como bactérias heterotróficas aeróbias mesófilas totais (agar padrão

para contagem, Himedia); micobactérias de crescimento lento, incluindo

Mycobacterium tuberculosis e de crescimento rápido (agar Löwenstein-Jensen,

BD, Curitiba, Brasil); coliformes totais (Caldo Lactose Bile Verde brilhante,

Himedia); coliformes termotolerantes (Caldo EC, Himedia); Escherichia coli

(IDEXX Laboratories, EUA); Bactérias Gram negativas totais (agar eosina azul

de metileno, Himedia) e Estafilococos (agar Baird-Parker, Himedia). A

semeadura foi realizada em triplicata e as placas de petri foram incubadas em

tempo e temperatura específicos para o crescimento de cada microrganismo

analisado. Os resultados obtidos foram expressos em unidade formadora de

colônia por cm² (UFC/cm²) e número mais provável (MPN/cm²). A área

aproximada dos utensílios foi calculada.

As estirpes de estafilococos foram presuntivamente caracterizadas pela

coloração de Gram e teste de produção das enzimas catalase, coagulase e

oxidase (FDA, 2006). Os isolados de estafilococos e Bactérias Gram negativas

totais foram criopreservadas à -20ºC em caldo Brain Heart Infusion (BHI,

Himedia) com 20% de glicerol.

2.1.3 Análise das condições higiênico-sanitárias: Para a avaliação das

condições higiênico-sanitárias dos utensílios e mesas foram consideradas as

recomendações brasileiras e internacionais. Conforme recomendação da

APHA (Evancho, Sveum, Moberg, & Frank, 2001), foram consideradas em

condições higiênico-sanitárias adequada os utensílios e mesa do refeitório

quando foram obtidas as seguintes contagens de 2 UFC/cm2 para bactérias

mesófilas aeróbias. Como não há uma legislação brasileira que defina os

padrões higiênico-sanitários para análise microbiológica de superfícies, utilizou-

se os parâmetros sugeridos por Silva Jr. (2007) que admite contagens de até

10² UFC/cm2 para bactérias mesófilas e ausência para Coliformes

termotolerantes e Staphylococcus aureus.

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136

2.1.4 Identificação das estirpes isoladas por espectrometria de massa do

tipo MALDI-TOF: Foi realizado em um espectrômetro de massa – Microflex LT

(Brucker, Germany), segundo as especificações do fabricante. As estirpes

criopreservadas foram ativadas em placas de petri contendo Tripticase soy

agar (TSA) (Biomerieux, Brazil) e incubadas à 37ºC/18h. Uma fração da colônia

de Bactérias Gram negativas totais ou Staphylococcus sp foi depositada, em

triplicata, em uma placa de metal, sendo adicionado 1 µl de matriz composta da

solução saturada de ácido α-hidroxi-ciano-cinâmico (CHCA). O espectro de

massa gerado foi analisado e comparado com banco de dados MALDI Biotyper

(Bruker Daltonik, United Kingdom). Como calibrante utilizou-se uma colônia de

E. coli DH5α (Lartigue et al., 2009; Paim, Reiter, Oliveira, & Azevedo, 2013). Os

critérios de identificação utilizados foram baseados na confiabilidade fornecida

pelo equipamento, sendo considerados scores ≥ 2.000 em que há a

identificação em nível de gênero e espécie.

2.2 Caracterização da estrutura da comunidade microbiana presente na

superfície: Foi realizada a extração de DNA, em que três mililitros dos lavados

e swab das amostras originais de superfícies foram removidos e filtrados em

membrana de celulose 0.22µm, que foram criopreservadas a -20oC. A extração

do DNA total da amostra foi realizada utilizando-se o FastDNA® SPIN Kit for

Soil (MP Biomedicals), segundo as recomendações do fabricante. Foi utilizado

o par de iniciadores U968f GC e L1401r para o gene que codifica a subunidade

16S do RNA ribossomal (gene rrs) (Heuer & Smalla, 1997). Os fragmentos

amplificados foram separados pela técnica de DGGE (Muyzer, Waal, &

Uitterlinden, 1993), com a utilização do equipamento Dcode™ Universal

Mutation Detection System (BioRad, Richmond, USA), em géis de

poliacrilamida que foram submetidos à eletroforese a 75 V durante 16 horas a

60oC.

Excisão e sequenciamento das bandas: Para identificar as sequências de

DNA obtidas, as bandas que foram detectadas em todas as superfícies

analisadas foram selecionadas e excisadas do gel de poliacrilamida. As

amostras foram enviadas para sequenciamento (Macrogen, Seoul, Korea). Os

resultados obtidos foram comparados com as sequencias de gene depositadas

no GeneBank.

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137

2.3 Análise estatística:

Para análise das condições higiênico-sanitárias foi empregada a Análise

de Variância (ANOVA), seguida de teste de Tukey, para a verificação de

diferenças estatísticas entre as médias da contagem dos horários, para cada

microrganismo pesquisado e para um mesmo dia de análise (nível de

significância de 5%). Foi utilizado o software XLSTAT (addinsoft, versão

2013.4).

Para avaliar o perfil de bandas do PCR-DGGE, foram geradas matrizes

utilizando o programa Bionumerics (Applied Maths, versão 6.5) de acordo com

as instruções do fabricante, transformando os perfis de bandas em valores

quantitativos relativos. As diversas matrizes foram ordenadas pela análise de

escalonamento multidimensional não métrico (NMS) (Kruskal, 1964) com a

distância de matrizes de Sørensen com o auxílio do programa PC-ORD

statistical package (MjM Software, Gleneden Beach, OR, versão 5). A

ordenação do NMS foi restringida a duas dimensões, com o objetivo de

simplificar a análise e a discussão dos dados. Também foi executado o

Procedimento de Permutação de Múltipla Resposta (MRPP) a fim de verificar

se havia diferença entre as superfícies analisadas.

3.Resultados

3.1 Características microbiológicas das superfícies do serviço de

alimentação

3.1.1 Superfícies dos utensílios e mesas do refeitório

Foram analisadas 462 amostras: 32.5% (n=150) provenientes dos

pratos, 32.5% (n=150) dos talheres, 32.5% (n=150) das bandejas e 2.5%

(n=12) amostras das mesas do refeitório. Na Tabela 1 e 2 pode-se verificar que

tanto no primeiro como no segundo dia de coleta 100% das amostras estavam

fora dos padrões higiênico-sanitários internacionais e os sugerido por Silva Jr.

(2007).

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138

Tabela 1: Contagem microbiana das superfícies dos utensílios e mesas previamente higienizados no primeiro dia de coleta, em

três horários diferentes.

Microrganismos Prato Talher Bandeja Mesa do refeitório

10h 12h 14h 10h 12h 14h 10h 12h 14h 10h 12h 14h

Bactérias

mesófilas

UFC*/cm²

7.8x104A

4.2x104AB

2.3x103B

4.5x100B

1.1x102AB

5.0x102A

6.1x104 4.3x10

4 4.8x10

4 1.5x10

3 1.6x10

4 1.8x10

4

Bolores e

leveduras

UFC/cm²

4.6x101 8.0x10

3 1.5x10

1 1.0x10

2 2.0x10

2 1.4x10

2 1.4x10

3 1.7x10

2 2.0x10

2 3.9x10

4 3.0x10

5 3.6x10

4

Coliformes

termotolerantes

NMP*/cm²

1.3x101 1.1x10

1 2.3x10

0 5.0x10

1A 1.1x10

0B 0.6x10

0B 5.9x10

0 5.6x10

0 4.3x10

0 3.4x10

1 6.7x10

1 1.3x10

1

Staphylococcus

aureus UFC/cm²

nd**** nd nd nd nd nd nd nd nd 3.2x102**

5.4x103 5.5x10

3

Estafilococos

coagulase

negativa

UFC/cm²

3.9x102 1.8x10

2 7.9x10

1 1.5x10

2 8.3x10

1 2.5x10

2 2.2x10

4 8.2x10

3 1.1x10

4 nd nd nd

*UFC: Unidades Formadoras de Colônias; **Número mais provável por centímetro quadrado; **** Não detectado.

Padrão: Bactérias aeróbias mesófilas: 10²UFC/cm² (Silva Jr., 2007) e 2UFC/cm² (Evancho, Sveum, Moberg, & Frank, 2001);

Bolores e leveduras: 10²UFC/cm² (Silva Jr., 2007); Coliformes termotolerantes e Staphylococcus aureus: Ausência (Silva Jr.,

2007).

Nota: itens com a mesma letra na coluna denota que não houve diferença significativa a nível de 5%.

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139

Tabela 2: Contagem microbiana das superfícies dos utensílios e mesas previamente higienizadas no segundo dia de coleta, em

três horários diferentes.

Microrganismos Prato Talher Bandeja Mesa do refeitório

10am 12am 14pm 10am 12am 14pm 10am 12am 14pm 10am 12am 14pm

Bactérias

mesófilas

UFC*/cm²

3.1x105 5.1x10

4 7.2x10

4 1.6x10

3 7.8x10

2 2.0x10

2 2.6x10

4 3.9x10

4 3.0x10

4 7.7x10

4 1.1x10

4 3.6x10

5

Bolores e

leveduras

UFC/cm²

2.6x102 4.8x10

1 4.2x10

1 6.4x10

2 7.0x10

2 2.0x10

2 9.3x10

1 1.1x10

2 1.3x10

2 2.0x10

2 6.2x10

2 1.0x10

2

Coliformes

Termotolerantes

NMP*/cm²

1.5x101 1.4x10

1 8.2x10

0 5.7x10

1A 0.6x10

0B 2.0X10

0B 7.0x10

0 7.0x10

0 5.7x10

0 1.0x10

0 2.4x10

0 7.9x10

0

Staphylococcus

aureus UFC/cm²

nd**** nd nd nd nd nd nd nd nd 1.4x101**

3.9x101 7.0x10

1

Estafilococos

coagulase

negativa

UFC/cm²

2.7x102 2.2x10

4 2.6x10

0 1.6x10

3A 1.3x10

1B 2.5X10

1B 4.5x10

3 1.1x10

3 3.8x10

3 nd nd nd

*UFC: Unidades Formadoras de Colônias; **Número mais provável por centímetro quadrado; **** Não detectado.

Padrão: Bactérias aeróbias mesófilas: 10²UFC/cm² (Silva Jr., 2007) e 2UFC/cm² (Evancho, Sveum, Moberg, & Frank, 2001);

Bolores e leveduras: 10²UFC/cm² (Silva Jr., 2007); Coliformes termotolerantes e Staphylococcus aureus: Ausência (Silva Jr.,

2007).

Nota: Itens com a mesma letra na coluna denota que não houve diferença significativa a nível de 5%.

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140

Houve diferença estatística significativa ( ≤0.05) no primeiro dia de coleta

entre a média das contagens dos diferentes horários de coletas na pesquisa de

bactérias mesófilas aeróbicas nos pratos (p=0.045) e talheres (p=0.019) (Tabela 1).

No segundo dia, houve diferença estatística significativa (p=0.024) entre a média das

contagens dos diferentes horários para pesquisa de estafilococos na superfície dos

talheres (Tabela 2).

Com relação à pesquisa de coliformes termotolerantes houve diferença

estatística significativa nos dois dias entre a média das contagens dos diferentes

horários de coletas dos talheres (Dia 1: p=0.002 e Dia 2: p=0.014) (Tabelas 1 e 2).

Não houve diferença estatística significativa entre a média das contagens de bolores

e leveduras nos três horários de coletas dos dois dias para todas as superfícies

analisadas (Tabelas 1 e 2).

Apenas no primeiro dia de coleta foi detectada a presença de Escherichia coli

nas bandejas e pratos antes da abertura do restaurante (10:00h) e nos talheres ao

longo dos três horários de coleta. Em nenhuma amostra analisada foi detectada a

presença de Micobactérias.

3.1.2 Identificação das estirpes de bacilos Gram negativos e

estafilococos isolados.

Foram isoladas um total de 239 estirpes de bactérias Gram negativas com

morfologia diferenciada das superfícies das bandejas, talheres e mesas do refeitório.

Na Figura 1, pode-se verificar a frequência e a superfície em que a espécie isolada

foi detectada.

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Figura 1. Frequência das espécies de bacilos Gram negativos isoladas das superfícies das

bandejas, talheres e mesas.

Quanto aos Staphylococcus sp, foram isoladas 152 cepas, destes 27 (17.8%)

foram identificados como S. aureus, sendo isolados da mesa do refeitório e 125

foram classificados como estafilococos coagulase negativo: S. cohnii (2%) e S.

saprophyticus (0.7%) isolados das bandejas; S. pasteuri (2.6%) dos talheres; S.

epidermidis (3.9%); S. hemoliticus (1.3%); S. hominis (0.7%) e S. warneri (71%)

isolados dos talheres e bandejas.

Mesa do refeitório

Bandeja

Talher

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142

3.2 Perfil da comunidade microbiana dos utensílios e mesas do refeitório.

Utilizando-se a técnica de sequenciamento das bandas de PCR-DGGE

(Figura 2) foram identificados microrganismos presentes nas superfícies analisadas

como pode ser observado na Tabela 3.

Legenda: B: bandeja; P: prato; T: talher; M: mesa. i: dia 1; ii: dia 2 e iii: dia 3 de coleta.

Figura 2. Perfil de bandas obtido por PCR-DGGE da região codificadora do RNAr 16S, das

superfícies de mesas e utensílios. As setas indicam as bandas selecionadas para

sequenciamento.

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143

Tabela 3. Identificação das bandas obtidas por PCR- DGGE baseada no BLAST

(GenBank) usando primers universais para bactérias totais.

Banda Espécie de Referência Porcentagem de

similaridade (%)

Nº de acesso

GenBank

Nº de bases

analisadas (bp)

1 Klebsiella pneumoniae 100 JN969334 361

2 Aeromonas caviae 100 JF920476 385

3 Micrococcus luteus 99 JX262404 345

4 Acinetobacter

calcoaceticus subsp.

anitratus

99 AB302132 471

5 Micrococcus luteus 99 JX262404 387

6 Micrococcus luteus 99 JX262404 405

7 Acinetobacter sp. 99 JF772529 509

8 Acinetobacter baumannii 99 HE978267 405

9 Klebsiella sp. 98 GQ416644 387

10 Acinetobacter sp. 98 AM412161 248

11 Citrobacter sp. 98 HM536988 424

12 Aeromonas hydrophila 98 JX262991 357

13 Acinetobacter sp. 98 HM366447 345

14 Acinetobacter

calcoaceticus subsp.

anitratus

97 AB302132 370

15 Acinetobacter rudis 97 FR773879 353

16 Acinetobacter

calcoaceticus subsp.

anitratus

97 AB302132 465

17 Acinetobacter sp. 97 HM366447 317

As superfícies dos utensílios e mesas do refeitório apresentaram perfil

microbiano semelhante (Figura 3), sendo observada a persistência de Klebsiella sp.

e Acinetobacter sp. Os grupos propostos pela análise de escalonamento

multidimensional não métrico (NMS) apresentaram diferenças significativas quando

realizado o procedimento de permutação de múltipla resposta (PPMR) (A = 0.28; p <

0.01).

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144

Figura 3. Ordenação multidimensional não métrica (NMS) realizada a partir das matrizes

obtidas do perfil de bandas da PCR-DGGE para as comunidades bacterianas presentes nos

utensílios e mesas.

4. Discussão

Com relação à avaliação das condições higiênico-sanitárias dos utensílios e

mesas do refeitório, a legislação brasileira não estabelece padrões microbiológicos e

as recomendações microbiológicas americanas são consideradas, devido às altas

temperaturas ambientais médias anuais, rígidas demais para o Brasil. Desta forma,

foram admitidas contagens de até 10²UFC/cm² para bactérias mesófilas e bolores e

leveduras, considerando a recomendação de Silva Jr. ( 2007).

Verificou-se, portanto, que em 100% das amostras a contagem de bactérias

mesófilas, bolores e leveduras, Staphylococcus sp, Coliformes termotolerantes e

Escherichia coli (Tabela 1 e 2) não atendiam as recomendações de Silva Jr. (2007) e

nem a internacional.

Corroborando com os resultados obtidos no presente estudo, Staskel, Briley,

Leanne, Field, & Barth, (2007) realizaram estudo em cozinhas escolares localizadas

no Texas (EUA), relataram que em 41% das superfícies analisadas foram

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145

detectadas com microrganismos da família das Enterobacteriaceae. Yoon et al.

(2008) que avaliaram as superfícies de cozinhas escolares de Jinju, South Korea

relataram a presença de Escherichia coli e Staphylococcus aureus.

Apesar de não ter sido detectada a presença de micobactéria de crescimento

lento ou rápido, a pesquisa deste microrganismo é necessária, já que estão

associados a graves patologias. Este microrganismo apresenta uma grande

resistência às condições ambientais, sendo reconhecido por permanecer viável por

longos períodos no ambiente (Fijan, Koren, Cencic, & Sostar-Turk, 2007). Os

serviços de alimentação, que apresentam falhas no processo de higienização podem

viabilizar a presença de micobactérias, principalmente os que atendem populações

em vulnerabilidade social que podem estar mais expostos a este tipo de

contaminação.

Para o controle microbiológico em serviços de alimentação é comum o uso

das técnicas dependentes de cultivo, que estão relacionadas com a caracterização

de culturas puras isoladas em laboratório e fundamentam-se na utilização de testes

morfológicos e bioquímicos para tipagem, subtipagem e identificação de gêneros,

espécies e subespécies microbianas (Gandra, Gandra, Mello, & Godoi, 2008). Os

métodos dependentes de cultivo utilizados na detecção de microrganismos, embora

confiáveis e eficientes, requerem vários dias e até mesmo semanas antes que os

resultados sejam obtidos (Gandra, Gandra, Mello, & Godoi, 2008). Além disso, as

propriedades fenotípicas das bactérias podem não ser expressas ou podem ser de

difícil interpretação, classificação e no ambiente a ser analisado podem haver

células viáveis, porém não-cultiváveis (Torsvik, Goksøyr, & Daae, 1990).

A maioria dos bacilos Gram negativos são frequentemente isolados nos

serviços de alimentação (Staskel, Briley, Leanne, Field, & Barth, 2007; Yoon et al.,

2008), mas Wautersiella falsenii foi descrita por Kämpfer et al. (2006) a partir de 26

amostras clinicas obtidas de laboratórios Belgas no período de 1980 a 2004 e até o

momento, não foram encontrados relatos deste microrganismo em serviços de

alimentação ou indústria de alimentos. Neste estudo Wautersiella falsenii foi isolada

em todas as superfícies do restaurante (Figura 1). Além disso, nas mesas do

refeitório foram identificados Staphylococcus aureus, o que sugere que o método de

higienização manual utilizado não é capaz de eliminar estes microrganismos.

A presença de altas concentrações de estafilococos coagulase negativa nas

superfícies analisadas também representa um risco à saúde da população que

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146

frequenta o restaurante. Estes microrganismos têm sido reconhecidos como agentes

etiológicos de processos infecciosos, principalmente em indivíduos

imunocomprometidos e podem causar infecções cutâneas e oculares como

carbúnculos, furúnculos, conjuntivite purulenta e blefarite, um processo inflamatório

das pálpebras, comumente associada à infecção por estafilococos (Barreto & Picoli,

2008)

Em associação às técnicas dependentes de cultivo utilizou-se as técnicas

independentes de cultivo como as análises moleculares para conhecer a

comunidade microbiana dos serviços de alimentação e orientar a escolha do

princípio ativo do produto químico de limpeza, assim como na técnica de

higienização empregada.

Dentre as técnicas moleculares, tem-se a reação em cadeia de polimerase

(PCR), que é uma alternativa viável aos métodos convencionais dependentes de

cultivo microbiano, para conhecer o perfil microbiano de um ambiente (Marlony et

al.,2003). Para a diferenciação de comunidades microbianas tem sido utilizado o

padrão de bandeamento do gene ribossomal por eletroforese em gel com gradiente

desnaturante (DGGE) (Muyzer, Waal, & Uitterlinden, 1993). O PCR-DGGE tem sido

amplamente utilizado associado ao sequenciamento das bandas obtidas, e tem se

mostrado bastante eficiente na identificação e caracterização bacteriana presente

nas comunidades (Vaerewijck, Sabbe, Baré, & Houf, 2008). Zhao et al. (2012)

utilizaram a técnica para caracterizar a comunidade microbiana do solo e Al-Radha,

Pal, Pettemerides, & Jenkinson (2012) para identificar bactérias associadas a

doenças peri-implante, no entanto, não foram encontrados relatos do emprego do

PCR-DGGE para a caracterização da comunidade microbiana de serviços de

alimentação.

No presente estudo, a partir do emprego do PCR-DGGE pode-se observar

não só a presença de uma comunidade bacteriana especifica em cada superfície,

como também representantes distribuídos em todas as superfícies estudadas, a

exemplo dos gêneros Klebsiella e Acinetobacter.

Não há relatos na literatura da detecção de Acinetobacter sp. em serviços de

alimentação. No entanto, trata-se de uma bactéria de grande importância clínica,

sendo causa de diversas IRAs, incluindo bacteremia, pneumonia e meningite e está

envolvido com infecções nosocomiais (Iwashkiw et al., 2012). Desta forma, o

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147

predomínio destes microrganismos nas superfícies analisadas indica que há falhas

no processo de higienização e que ocorre contaminação cruzada.

A presença de enteropatógenos na microbiota do restaurante evidencia o

risco a que são expostos os comensais. Estes achados reforçam a necessidade de

rigoroso controle microbiológico nos serviços de alimentação a fim de analisar se os

procedimentos empregados na higienização das superfícies estão adequados, de

forma a evitar a multiplicação e a disseminação desses microrganismos para outros

ambientes.

5. Conclusão

As superfícies do serviço de alimentação estudado estavam acima dos

valores máximos recomendados quantos aos microrganismos indicadores de

condições higiênico-sanitárias. Através dos métodos dependentes e independentes

de cultivo pôde-se detectar que a microbiota prevalente do restaurante era composta

por bastonetes Gram negativos. Acinetobacter, uma bactéria frequentemente

associada a infecções relacionadas à assistência à saúde foi um dos

microrganismos predominantes nas superfícies do SA. O resultado obtido com a

técnica de PCR-DGGE apresentou resultados equivalentes aos obtidos pela técnica

dependente de cultivo.

O emprego das técnicas moleculares permitiu a obtenção de resultados de

forma rápida e precisa, favorecendo a adoção de medidas de controle mais rápidas

do que as técnicas convencionais, o que pode auxiliar na redução da disseminação

de microrganismos patogênico no ambiente.

Por fim, vale ressaltar a importância da caracterização da microbiota de

serviços de alimentação, seja por métodos convencionais ou moleculares, uma vez

que neste ambiente podem estar presentes microrganismos patogênicos de

interesse para saúde pública, com possibilidade de serem disseminados para outros

ambientes.

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APÊNDICE II – ARTIGO 2

Validação de conteúdo e Confiabilidade de Instrumento de Avaliação

Higiênico-sanitária

Content Validation and Reliability of the Instrument to Assessment Hygienic-

Sanitary

Validação conteúdo e confiabilidade de instrumento

Aline Gomes de Mello1, Cleber Nascimento do Carmo¹; Selma Gomes Ferreira

Leite2, Marco Antônio Lemos Miguel3, Luciléia Granhen Tavares Colares4

1. Universidade Federal do Rio de Janeiro - Campus Macaé;

2. Universidade Federal do Rio de Janeiro - Programa de pós-graduação em

Ciência de Alimentos;

3. Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes - Universidade Federal do Rio

de Janeiro;

4. Universidade Federal do Rio de Janeiro - Instituto de Nutrição Josué de Castro

Endereço

1. Avenida do Aloizio, 50. Glória, Macaé. CEP. 27930-560. E-mail:

[email protected]

2.Avenida Athos da Silveira Ramos 149 Bloco A, 7° andar, CEP 21941-909

Cidade Universitária - Rio de Janeiro - RJ.

3. Avenida Carlos Chagas Filho, 373. Centro de Ciências da Saúde, Bloco I, 2°

andar, Laboratório 224, Ilha do Fundão, Cep: 21941-902. Rio de Janeiro, RJ.

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4. Avenida Carlos Chagas Filho, 373. Centro de Ciências da Saúde, Bloco J, 2°

andar, Ilha do Fundão, Cep: 21941-902. Rio de Janeiro, RJ.E-mail:

[email protected].

Colares LGT e Mello AG participaram da concepção, tabulação, análise e

interpretação dos dados, elaboração e análise critica do artigo; Carmo CN participou

da análise estatística; Miguel MAL e Leite SGF participaram da análise dos dados e

análise crítica do artigo. Todos os autores leram e aprovaram a versão final do

artigo.

Artigo elaborado a partir da tese de AG, MELLO, intitulada “Perfil da microbiota de

um serviço de alimentação e análise da eficácia dos métodos empregados no

controle higiênico-sanitário”. UFRJ: rograma de ós-Graduação em Ciência de

alimentos. Com previsão de defesa para 2014.

AGRADECIMENTOS

À Favilla, AL pelo apoio técnico.

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RESUMO

OBJETIVO: elaborar, validar o conteúdo deum roteiro de avaliação das condições

higiênico-sanitárias em Serviço de Alimentação (RACHS-SA) e verificar a

confiabilidade interavaliadores.

MÉTODOS: A elaboração do RACHS-SA baseou-se na legislação sanitária vigente,

sendo submetido aos especialistas para validação do conteúdo pela Técnica Delphi.

Foram selecionados os especialistas que tinham experiência e/ou desenvolviam

pesquisas em segurança dos alimentos e vigilância sanitária e conhecimento sobre

a construção de instrumentos de boas práticas. O conteúdo foi validado quando

houve concordância entre especialistas ≥70% na classificação dos itens em

imprescindível ou necessário ou recomendável. Depois de ter o conteúdo validado, o

RACHS-SA foi aplicado por quatro nutricionistas em um Serviço de Alimentação. As

condições higiênico-sanitárias do Serviço de Alimentação foram classificadas em

adequada, parcialmente adequada ou inadequada, de acordo com o percentual de

conformidade observado. A comparação da variância entre as respostas foi

realizada pelo teste Kruskal-Wallis. A confiabilidade interavaliadores foi verificada

pelo cálculo do coeficiente de correlação intraclasse (CCI), ao nível de significância

de 5%.

RESULTADOS: O RACHS-SA contém 12 blocos e 159 itens. Dos itens, 58.5% foram

classificados como imprescindíveis. O serviço de alimentação foi avaliado com

condições higiênico-sanitárias parcialmente adequadas, não havendo diferença

estatística significativa (p-valor= 0,457). Foi obtido CCI acima de 0,75 para 75% dos

blocos, indicando excelente concordância entre os avaliadores.

CONCLUSÃO: O RACHS-SA com o conteúdo validado atende a legislação vigente e

possui confiabilidade para avaliação das condições higiênico-sanitárias em serviços

de alimentação.

Termos de indexação: Estudos de validação; Condições sanitárias; Serviços de

alimentação; Confiabilidade e validade

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ABSTRACT

OBJECTIVE: It was development and content validity of the script on evaluation of

the sanitary conditions in Foodservice (SESC-FS) and also verify interrater reliability.

METHODS: The development of the SESC-FS was based on the current legislation

of public health. The instrument was value by experts to content validity by Delphi

technique. Experts were selected by experience in food safety and knowledge on

development in good practice instruments. The content was validated when there

was agreement among experts ≥70% in the classification of essential or necessary or

recommended items. After content had been validated the SESC-FS was applied by

4 dietitians in a restaurant. The food service sanitary conditions were evaluated and

classified as adequate, or partially adequate, or inadequate. The Kruskal-Wallis test

was conducted to compare the variance between responses. The interrater reliability

was analyzed by Intraclass Correlation Coefficient (ICC) were used and significance

level of 5% was adopted.

RESULTS: The SESC-FS made of 12 blocks and 159 items. From those items

58.5% were classified as essential. The food service was reported with partially

adequate sanitary conditions. No statistically significant difference was observed (p-

value= 0,457). The 75% of the blocks showed ICC above 0.75, this indicating

excellent interrater reliability.

CONCLUSION: The content of SESC-FS was validated and could be a reliable

instrument to assessing the hygienic and sanitary conditions in food service.

Index terms: Validation studies; sanitary conditions; Food services; Reliability and

validity

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INTRODUÇÃO

As doenças transmitidas por alimentos (DTA) têm sido consideradas um

relevante problema de saúde pública. Diariamente ocorrem diversos casos de DTA,

porém muitos não são notificados, fato que reduz a verdadeira dimensão do

problema.29

No Brasil, entre 2010 e 2011, foram registrados 8663 surtos de DTA, com 112

óbitos. Destes, 15,4% estavam relacionados com os alimentos consumidos em

serviços de alimentação.5

Alguns fatores estão associados aos surtos de DTA como: adoção de

procedimentos inadequados durante o preparo das refeições, deficiência na

higienização de equipamentos e inadequação da higiene pessoal dos

manipuladores.15

A importância do setor de alimentação fora do lar está relacionada com a

geração de empregos, com estimativa em 2013 de 195 mil postos de trabalho

diretos e indiretos, com o consumo de alimentos (11 mil toneladas) e a produção de

refeições (18milhoes/dia).3 A Pesquisa de orçamento familiares (POF)

2008/200910revelou que 31% dos gastos com alimentação do brasileiro são

realizados fora do lar. Sendo necessário adotar procedimentos de boas práticas (BP)

durante o processo produtivo de refeições para minimizar os surtos de DTA e os

danos à saúde pública.

Para avaliação da adoção das BP em serviços de alimentação é comum a

utilização de roteiros de inspeção, pois propiciam análise detalhada dos aspectos

relativos ao processo produtivo de refeições e aos procedimentos higiênico-

sanitários adotados.4

Há alguns instrumentos disponíveis como os sugeridos pela Legislação

sanitária: CVS 5/201322 e RDC 275/200224, e por alguns autores como Akutsu et al.8

e Kassa et al.13,porém,são necessários estudos de validação para estabelecer a

confiabilidade e relevância dos instrumentos.

A validação de um instrumento indica se os resultados de uma aferição se

aproximam do estado verdadeiro dos fenômenos que estão sendo medidos14 e pode

ser classificada em: critério, constructo e conteúdo.16

A validação de critério é realizada pela comparação de um instrumento de

medição com um critério externo, que representa o padrão.16 A de construto examina

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a definição e operacionalização de variáveis que se encontram o mais próximo do

significado teórico do conceito e a de conteúdo avalia o grau em que cada elemento

do instrumento de medida é relevante e representativo de um específico constructo

(neste caso, as condições higiênico-sanitárias) com um propósito particular de

avaliação.9

Alguns estudos da prática clínica utilizaram a Técnica Delphi para validação do

conteúdo de seus instrumentos.2,25,7 Essa técnica está baseada na reunião de

especialistas para buscar o consenso sobre determinado assunto a partir de uma

sequencia de rodadas com feedback controlado, sendo a única forma de

comunicação entre os especialistas.20

O anonimato dos especialistas é mantido, favorecendo a expressão de opinião

precisa, sem interferência.20 A necessidade de longo periodo de tempo para

aplicação da técnica, pode desencorajar a participação dos especialistas.27 No

entanto a técnica Delphi, é uma estratégia apropriada para estabelecer a validade de

conteúdo de instrumentos, pois permite analisar, de forma sistemática, as opiniões

dos especialistas.28

Um instrumento, mesmo tendo seu conteúdo validado, deve ser reprodutível

sendo o teste de confiabilidade um critério utilizado. Este teste se baseia na

verificação do grau de correspondência entre avaliações independentes.8

Considerando que a validação de conteúdo representa a associação de

conceitos abstratos com indicadores observáveis e mensuráveis, os objetivos deste

trabalho foram elaborar e validar o conteúdo de um roteiro de avaliação das

condições higiênico-sanitárias em Serviços de alimentação (RACHS-SA) e verificar a

confiabilidade interavaliadores.

MÉTODOS

Tratou-se de um estudo descritivo, não experimental com delineamento

transversal realizado no período de fevereiro de 2011 a junho de 2012. Amparou-se

em princípios éticos, da Resolução 016/2000 do Conselho Federal de Psicologia e

pela Resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde, com aprovação do Comitê de

Ética em Pesquisa do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade

Federal do Rio de Janeiro (parecer 118/2010) e constou das seguintes etapas: 1ª)

Elaboração do roteiro; 2ª) Submissão do roteiro ao comitê de especialistas para

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157

validação do conteúdo e 3ª) Avaliação do roteiro validado quanto a reprodutibilidade

e confiabilidade.

1ª) Elaboração do RACHS-SA:

O instrumento foi elaborado a partir da pesquisa e análise de ferramentas

disponíveis na literatura para avaliação das condições higiênico-sanitárias de

estabelecimentos que manipulam, preparam, armazenam e/ou comercializam

alimentos, tomando por base a Resolução RDC 216/200423 e as exigências da

Norma Brasileira ABNT/NBR 15635/200819, que estabelece os requisitos e controles

operacionais essenciais para adoção das boas práticas.

Na elaboração do roteiro foram considerados os seguintes aspectos

relacionados às boas práticas: estrutura físico-funcional; recebimento e

armazenamento de alimentos, pré-preparo, preparo e distribuição de refeições;

higiene pessoal e ambiental, e documentação.

Foi proposto o cálculo do percentual de adequação das condições higiênico-

sanitárias (PACHS) parcial, para cada bloco que compõe o instrumento, ou total,

levando em consideração todos os blocos como mostram as equações 1 e 2.

Equação 1: ACH bloco

Equação 2: ACH total

Para a classificação qualitativa das condições higiênico-sanitárias do serviço

de alimentação foi proposta a categorização adaptada da Resolução 275/200224,

sendo classificadas como condições adequadas quando o ACH apresentar ≥76%

de conformidade; parcialmente adequadas quando o PACHS ficar entre 51 e 75% e

inadequadas quando o ACH for ≤ 50%.

2ª) Validação do conteúdo do RACHS-SA por comitê de especialistas:

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158

Para estabelecer a validação do conteúdo do instrumento foi utilizada a

técnica Delphi, que consistiu em três fases: 2.1) seleção dos especialistas; 2.2)

apresentação do instrumento e orientação para avaliação do conteúdo do roteiro

quanto à aplicabilidade, relevância, pertinência e clareza e 2.3) classificação dos

itens dos instrumento de acordo com o risco oferecido à qualidade higiênico-

sanitária das refeições prontas.

2.1) Seleção do comitê de especialistas:

Foram convidados para o processo de validação dez especialistas que

atendiam a, pelo menos, dois dos seguintes critérios de inclusão, comprovados pelo

Curriculum vitae baseado na plataforma Lattes do CNPQ: a) experiência profissional

ou acadêmica mínima de cinco anos em segurança dos alimentos e vigilância

sanitária; b) possuir publicação e desenvolver pesquisas sobre boas práticas em

serviços de alimentação; c) conhecimento metodológico sobre a construção de

instrumentos de boas práticas em serviços de alimentação e d) pós-graduação

Strictu e/ou Lato sensu em vigilância sanitária ou áreas afins. Priorizou-se a escolha

de profissionais de diferentes áreas da saúde para que a avaliação do instrumento

fosse realizada de forma complementar. Após o aceite, foi enviado aos dez

especialistas uma carta explicando sobre o processo de validação de conteúdo do

instrumento elaborado por correio eletrônico. Todos os dez participantes do comitê

de especialistas assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

2.2) Apresentação do instrumento e orientação para avaliação do conteúdo

quanto à aplicabilidade, relevância, pertinência e clareza:

Considerada como uma fase exploratória, o RACHS-SA foi apresentado aos

especialistas acompanhado de formulário de orientação para análise do mesmo

quanto à aplicabilidade, relevância e pertinência para avaliação higiênico-sanitária

de serviços de alimentação, bem como clareza dos itens, quanto à forma de redação

dos mesmos.1 O julgamento dos especialistas foi tabulado em planilha eletrônica do

Excel®, sendo considerados os comentários e sugestões.

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159

2.3) Classificação dos itens do instrumento elaborado de acordo com o risco

oferecido à qualidade higiênico-sanitária das refeições prontas:

Esta fase, seguindo o preconizado na Técnica Delphi, foi composta de

rodadas para análise do instrumento pelos especialistas, a fim de classificar cada

item do RACHS-SA de acordo com o risco oferecido à manutenção da qualidade

higiênico-sanitária das refeições prontas, conforme recomendações do Ministério da

Saúde18 em: Imprescindível (I), Necessário (N), Recomendável (R), quando esses

contribuíssem, respectivamente, de forma crítica, menos crítica e não crítica para a

contaminação dos alimentos. Ainda nessa fase, os especialistas puderam sugerir a

inclusão, modificação ou eliminação de itens. Foi recomendado aos especialistas

que esta etapa fosse realizada em ambiente tranquilo e sem interrupções de outras

pessoas de forma a não interferir na qualidade da análise.

Os resultados foram escrutinados e as tendências centrais, assim como as

dispersões calculadas foram enviadaspor correio eletrônico aos especialistas, para

que eles pudessem ver as respostas dos demais, conforme sugerido por Jairath &

Weinstein.11 Os itens que não obtiveram concordância, assim como os novos itens

inseridos foram reavaliados pelo comitê em uma nova rodada, até que fosse obtida

concordância interespecialistas mínima de 70% na classificação de cada item, sendo

considerado validado o conteúdo do instrumento.

3ª)Análise da confiabilidade e reprodutibilidade do instrumento validado.

Para medir a qualidade do RACHS-SA foram convidadas quatro nutricionistas

que atuavam na área de Alimentação Coletiva, para aplicar o roteiro com o conteúdo

validado em um serviço de alimentação localizado na cidade do Rio de Janeiro que

produzia e distribuía 3500 almoços de segunda a sexta-feira para coletividade sadia,

tendo como objetivo a avaliação das condições higiênico-sanitárias do serviço de

alimentação, sua classificação segundo o PACHS por bloco e total e analisar a

confiabilidade e reprodutibilidade do instrumento.

A aplicação do RACHS-SA foi realizada por todos os nutricionistas no mesmo

dia entre 8h00min e 12h00min. Os avaliadores foram orientados a não consultarem

as demais colegas durante a aplicação do RACHS-SA e para não comunicarem os

resultados obtidos, a fim de evitar influência nas respostas.

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160

Para comparar os percentuais de adequação das condições higiênico-

sanitárias do serviço de alimentação, obtidos a partir da avaliação dos quatro

nutricionistas, foi utilizada a análise de variância não paramétrica, sendo aplicado o

Teste de Kruskal-Wallis. O nível de significância de 5% foi considerado em todas as

análises.

Para análise dos dados foi utilizado o pacote estatístico SPSS, versão 20. O

coeficiente de correlação intraclasse (CCI),26 que avalia a homogeneidade de duas

ou mais medidas, foi utilizado para verificar a confiabilidade e a reprodutibilidade do

instrumento. Quando o CCI foi ≥0,75, a confiabilidade foi considerada excelente,

entre 0,4 e 0,75 houve confiabilidade satisfatória e confiabilidade pobre quando o

CCI foi < 0,4. O nível de significância de 5% foi considerado em todas as análises.

RESULTADOS

Elaboração do instrumento para avaliação das condições higiênico-sanitária.

O RACHS-SA foi desenvolvido tomando como base a estrutura do roteiro

disponível na legislação vigente,24 sendo composto inicialmente por 103 itens com

variáveis dicotômicas para avaliação (conforme= 1 e não conforme= 0), que foram

agrupados em 12 blocos: I. Armazenamento dos alimentos; II. Estrutura física; III.

Equipamentos e utensílios; IV. Higiene ambiental; V. Manejo de resíduos sólidos; VI.

Manipuladores de alimentos; VII. Preparo de alimentos; VIII. Distribuição; IX.

Controle integrado de vetores e pragas urbanas; X. Abastecimento de água; XI.

Documentação e XII. Capacitação dos manipuladores de alimentos.

Validade do conteúdo do instrumento pela Técnica Delphi.

Caracterização do comitê de especialistas.

O comitê de especialistas composto pelos dez profissionais que aceitaram

em participar dessa etapa da pesquisa possuía, em média, dezoito anos de

experiência em uma das seguintes áreas: segurança dos alimentos e vigilância

sanitária. Com relação à formação acadêmica, 60% era nutricionista, 10%

pedagoga, 10% química e 10% farmacêutica. Dos especialistas, 40% possuíam

doutorado, 40% mestrado e 20% especialização em vigilância sanitária ou áreas

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161

afins. Quanto à área de atuação, 40% trabalhavam como docente, 40% eram

consultores em serviços de alimentação e 20% trabalhavam na Vigilância Sanitária.

Análise dos itens quanto à aplicabilidade, relevância, pertinência e clareza.

O RACHS-SA foi avaliado positivamente por 100% dos especialistas com

relação à clareza na leitura, objetividade e relevância dos itens, sendo o conteúdo do

instrumento considerado adequado para avaliar as condições higiênico-sanitárias de

serviços de alimentação.

Com relação à aplicabilidade e relevância os especialistas julgaram que o

RACHS-SA é uma ferramenta útil para visitas fiscais e para avaliação dos serviços

de alimentação, sendo de simples aplicação e relevante, visto que engloba os

principais aspectos relacionados à inspeção sanitária, podendo auxiliar os

profissionais da área, estudantes e gestores na avaliação do estabelecimento

quanto aos aspectos sanitários.

Classificação dos itens do instrumento elaborado de acordo com o risco

oferecido à qualidade higiênico-sanitária das refeições prontas.

Para essa fase da pesquisa foram realizadas três rodadas de avaliação pelo

comitê de especialistas, até que houvesse concordância entre os mesmos. Na

primeira rodada, dos 103 itens avaliados, de acordo com o risco oferecido para a

manutenção da qualidade higiênico-sanitária, 90% obtiveram consenso entre os

especialistas (Tabela 1), sendo 80% dos itens classificados como imprescindíveis. O

Comitê de especialistas solicitou a inclusão 17 itens (35% no bloco 1) e a subdivisão

de 5 itens resultando em 15 novos itens de avaliação (Tabela 1).

Os especialistas apontaram a necessidade de incluir a aferição das

temperaturas de armazenamento e distribuição dos alimentos, assim como a

periodicidade de troca de filtros de água e limpeza da caixa d’agua e dos

condicionadores de ar, medidas necessárias para orientar a adoção das boas

práticas. Além disso, 17 itens sofreram alteração quanto à sintaxe, para torná-los

mais objetivos. As sugestões dos especialistas foram incorporadas no instrumento.

Na segunda rodada, os especialistas receberam o instrumento contendo 135

itens (Tabela 1), no entanto foram orientados a avaliarem os 27 itens (referente aos

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162

itens incluídos e aqueles sem concordância) (Tabela 1). Dos 135 itens avaliados,

100% obtiveram consenso entre os especialistas, no entanto, o comitê solicitou a

inclusão de 20 novos itens (Tabela 1).

Conforme sugerido por um dos especialistas, foi inserida a instrução de

utilização e preenchimento do RACHS-SA para orientar a inspeção sanitária e a

avaliação quali-quantitativa do serviço de alimentação, a fim de auxiliar na aplicação

do mesmo.

TABELA 1

Na terceira e última rodada, para a classificação dos itens conforme o risco

oferecido à qualidade das refeições servidas, os especialistas receberam o

instrumento contendo 159 itens, mas foram orientados a julgarem apenas os 20

itens incluídos na segunda rodada (Tabela 2), assim como a instrução de utilização

e preenchimento do RACHS-SA. Nesta rodada, a maioria dos itens (58,5%) foi

classificada como imprescindível e não foram solicitadas alterações (Tabela 2).

Todos os especialistas julgaram a instrução de preenchimento adequada.

O comitê avaliou os itens do instrumento e sugeriu as alterações necessárias

para que o conteúdo do RACHS-SA pudesse se tornar o mais objetivo e

compreensível possível.

TABELA 2

Avaliação das condições higiênico-sanitárias do serviço de alimentação e

análise da confiabilidade e reprodutibilidade interavaliadores.

O percentual de adequação das condições higiênico-sanitárias do serviço de

alimentação (PACHS total) foi considerado parcialmente adequado (Tabela 3). Já o

PACHS dos blocos III, IV e VI, respectivamente, Equipamentos e utensílios; Higiene

ambiental e Preparo de alimentos foram classificados como inadequados (Tabela 3).

Ressalta-se que o bloco VI possui 100% dos itens classificados como

imprescindíveis (Tabela 2).

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163

O teste de Kruskal-Wallis mostrou que não houve diferença estatística

significativa entre as avaliações obtidas tanto para PACHS total, como para o

PACHS dos blocos (Tabela 3).

TABELA 3

Após o cálculo do coeficiente de correlação intraclasse, encontrou-se que 75%

dos CCI foram classificados como excelente, 8% como satisfatórios e 17% como

pobre (Tabela 4).

TABELA 4

DISCUSSÃO

A elaboração de instrumento para avaliação das condições higiênico-

sanitárias de serviços de alimentação viabiliza a uniformização da identificação das

não conformidades e auxilia aos gestores na implantação das normas sanitárias

vigentes.15

O RACHS-SA foi avaliado por um comitê de especialistas que possuía

formação acadêmica e profissional heterogênea, com experiência necessária para

avaliação do instrumento já que o sucesso da técnica Delphi depende do

conhecimento e habilidade deste grupo.12,21

O comitê de especialistas classificou todos os itens dos blocos VI e VII,

respectivamente, manipuladores de alimento e preparo de alimentos como

imprescindíveis, ou seja, aqueles que podem influenciar de forma critica na

qualidade das refeições servidas e causar danos à saúde do consumidor.

Estudos realizados por Yoon et al;30 Veiros et al;27 Cunningham et al6 e Kassa

et al¹3 têm relatado que a adoção de condutas inadequadas de higiene pessoal pelos

manipuladores de alimentos, assim como a existência de não conformidades

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durante a etapa de preparo de refeições podem colocar em risco a qualidade das

refeições servidas. Yoon et al30 verificaram a presença de microrganismos

patogênicos como Samonella e Staphylococcus aureus nas mãos dos

manipuladores de alimentos e Cunningham et al6 verificaram a existência de

bactérias mesófilas na área de preparo de refeições. Estes estudos reforçam a

necessidade de um controle rigoroso destes blocos e a classificação dos mesmos

como imprescindível, pelo comitê de especialistas, é necessária para auxiliar na

manutenção da saúde pública.

O RACHS-SA permite avaliar se o serviço de alimentação está em adequação

com a legislação vigente de forma direta, através da classificação dos itens que

compõem o instrumento em conformes e não conformes. A classificação qualitativa

das condições higiênico-sanitárias do serviço de alimentação está baseada no

percentual de adequação das condições higiênico-sanitárias (PACHS).

Para Veiros et el,27 a possibilidade de pontuar e classificar os blocos e o

serviço de alimentação como um todo torna-se necessário, já que se pode obter

uma análise detalhada, o que torna a avaliação objetiva, sendo ressaltadas as

necessidades de correção das não conformidades, a fim de cumprir as exigências

legais.

Após o cálculo do percentual de adequação das condições higiênico

sanitárias do serviço de alimentação e de cada bloco de avaliação, verificou-se que

o RACHS-SA foi capaz de identificar os itens que necessitam de medidas corretivas

imediatas, uma vez que podem interferir de forma crítica na qualidade das refeições

servidas. Além disso, não houve diferença estatística significativa entre as

avaliações dos nutricionistas, mostrando que existência de confiabilidade e

reprodutibilidade do instrumento.

De acordo com Streiner & Normann26 para que um instrumento apresente

confiabilidade o valor do CCI deve ser ≥ 0,75. Como a maioria dos blocos (75%)

apresentou CCI acima de 0,75, reforça a existência de confiabilidade do instrumento.

No bloco X, o CCI ficou instável devido à ocorrência de muitos valores iguais,

dificultando o cálculo da variância dos itens.

Os resultados obtidos indicam que o RACHS-SA pode ser aplicado com boa

reprodutibilidade pelos profissionais que atuam na área de segurança dos alimentos

e vigilância sanitária, a fim de avaliar as condições higiênico-sanitárias dos serviços

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de alimentação, auxiliar na adoção das boas práticas de manipulação, favorecendo

a manutenção da saúde pública.

A contribuição do estudo foi colocar à disposição de profissionais um

instrumento para avaliação das condições higiênico-sanitárias de serviços de

alimentação com o conteúdo validado e reprodutível.

CONCLUSÃO

Além disso, o RACHS-SA da forma como foi elaborado reúne os principais

tópicos exigidos pelas normas sanitárias (Resolução RDC 216/2004 e da NBR

15635/2008) e pode ser aplicado de forma sistemática, concisa e possibilita o

controle dos itens imprescindíveis, que podem contribuir de forma mais critica na

qualidade das refeições servidas, a fim de orientar a adoção das boas praticas de

manipulação.

Os resultados obtidos pelos testes estatísticos permitem concluir que o

RACHS-SA com conteúdo validado possui reprodutibilidade e confiabilidade para

avaliação das condições higiênico-sanitárias.

A heterogeneidade do comitê de especialistas foi de fundamental importância,

pois permitiu um olhar diversificado e complementar a cerca da análise do

instrumento elaborado.

Dentre as limitações da pesquisa, pode-se destacar a carência de estudos de

validação de conteúdo sobre o tema que pudessem alimentar a discussão.

O RACHS-SA com o conteúdo validado pode auxiliar os profissionais da área

de segurança dos alimentos e vigilância sanitária e gestores de serviços de

alimentação na avaliação da adoção das boas práticas nestes estabelecimentos,

contribuído para a melhoria das Boas práticas e oferta de alimentação segura.

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Tabela 1. Alterações e discordância entre os especialistas, por bloco, nas três rodadas de avaliação do instrumento, Rio de Janeiro 2013.

Blocos

Rodada

Rodada

Rodada

Itens

N

I¹ D² SC³ Itens

N

I D SC Itens

n n n n n n n

I. Armazenamento de alimentos 15 6 6 0 27 3 0 0 30

II. Estrutura física 29 1 4 1 34 2 0 0 36

III. Equipamentos e utensílios 6 0 0 0 6 0 0 0 6

IV. Higiene ambiental 4 1 0 1 5 8 0 0 13

V. Manejo de resíduos sólidos 5 0 1 1 6 2 0 0 8

VI. Recursos humanos 11 0 3 2 14 0 0 0 14

VII. Preparo de alimentos 5 1 0 1 6 1 3 0 10

VIII. Distribuição de refeições 12 2 0 1 14 0 0 0 14

IX. Controle integrado de vetores e pragas urbanas 3 1 0 0 4 0 1 0 5

X. Abastecimento de água 6 0 1 1 7 4 0 0 11

XI. Documentação 5 2 0 2 7 0 0 0 7

XII. Capacitação dos manipuladores de alimentos 2 3 0 0 5 0 0 0 5

Total 103 17 15 10 135 20 4 0 159

1. I = Total de Itens incluídos; ². D= Total de itens divididos; ³. SC: Total de itens sem

concordância.

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170

Tabela 2. Classificação dos itens quanto ao risco oferecido para a manutenção da qualidade higiênico-sanitária das refeições, conforme julgamento dos especialistas,

Rio de Janeiro 2013.

Blocos Itens

Classificação dos itens

Imprescindível Necessário Recomendado

N N % N % N %

I. Armazenamento de alimentos

30 20 66,7 10 33,3 0 0,0

II. Estrutura física 36 12 33,3 22 61,1 2 5,6

III. Equipamentos e utensílios

6 4 66,7 2 33,3 0 0,0

IV. Higiene ambiental 13 7 53,8 6 46,2 0 0,0

V. Manejo de resíduos sólidos

8 4 50,0 4 50,0 0 0,0

VI. Recursos humanos 17 13 76,5 4 23,5 0 0,0

VII. Preparo de alimentos 6 6 100,0 0 0,0 0 0,0

VIII. Distribuição de refeições

19 11 57,9 6 31,6 2 10,5

IX. Controle integrado de vetores e pragas urbanas

4 4 100,0 0 0,0 0 0,0

X. Abastecimento de água 8 6 75,0 2 25,0 0 0,0

XI. Documentação 7 3 42,9 4 57,1 0 0,0

XII. Capacitação dos manipuladores de alimentos

5 3 60,0 2 40,0 0 0,0

Total 159 93 58,5 62 39,0 4 2,5

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Tabela 3. Percentual de adequação das condições higiênico-sanitárias do serviço de alimentação a partir da avaliação dos quatro nutricionistas, Rio de Janeiro, 2013.

Bloco

Nutricionistas

A

(%)

B

(%)

C

(%)

D

(%)

p-valor²

I. Armazenamento de alimentos 76 76 70 53 0,12

II. Estrutura física 41 55 41 39 0,34

III. Equipamentos e utensílios 33 16,6 0 0 0,55

IV. Higiene ambiental 54 46 46 39 0,84

V. Manejo de resíduos sólidos 62,5 87,5 62,5 50 0,23

VI. Recursos humanos 71,4 71,4 71,4 71,4 1,00

VII. Preparo de alimentos 33,3 50 33,3 33,3 0,78

VIII. Distribuição de refeições 72,2 55,5 66,6 44,4 0,33

IX. Controle integrado de vetores e pragas urbanas 50 75 50 50 0,67

X. Abastecimento de água 57 100 100 100 0,66

XI. Documentação 77,7 66,6 66,6 66,6 0,87

XII. Capacitação dos manipuladores de alimentos 60 80 80 80 0,82

PACHS¹ 59,2 58 58 51 0,64

3. Percentual de adequação das condições higiênico-sanitárias: Adequado ≥76%; parcialmente adequado 51-75%; inadequado ≤50%

4. Não foram obtidas diferenças estatisticamente significativas pelo teste de Kruskal-Wallis.

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Tabela 4. Coeficiente de correlação intraclasse obtidos das respostas dadas pelos quatro nutricionistas para cada bloco do RACHS-SA, Rio de Janeiro 2013.

Blocos CCI¹ IC 95% p-valor

I. Armazenamento de alimentos 0,872 0,777 - 0,933 0,000

II. Estrutura física 0,784 0,635 - 0,882 0,000

III. Equipamentos e utensílios 0,667 -0,374 - 0,962 0,063

IV. Higiene ambiental 0,769 0,420 - 0,930 0,001

V. Manejo de resíduos sólidos 0,346 -0,108 - 0,874 0,225

VI. Recursos humanos 0,822 0,586 - 0,939 0,000

VII. Preparo de alimentos 0,957 0,847 - 0,993 0,000

VIII. Distribuição de refeições 0,918 0,824 - 0,968 0,000

IX. Controle integrado de vetores e pragas urbanas 0,941 0,701 - 0,996 0,000

X. Abastecimento de água 0,000 -0,851 - 0,737 0,455

XI. Documentação 1 - -

XII. Capacitação dos manipuladores de alimentos 0,933 0,725 - 0,992 0,000

¹. Coeficiente de correlação intraclasse: CCI>0,75 excelente; 0,4-0,75 satisfatória; <0,4 pobre.